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Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande nº 467 fev/mar de 2017 - ISSN 2178-3403 PÁGINAS 4 e 5 Dia Internacional da Mulher PÁGINA 2 EDITORIAL O significado do Dia Internacional da Mulher PÁGINA 6 OPINIÃO Previdência: “o objetivo desta reforma é desamparar as mulheres”, diz professora da UFRJ PÁGINA 3 ENTREVISTA MARÇO DE LUTA

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Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande nº 467 fev/mar de 2017 - ISSN 2178-3403

PÁGINAS 4 e 5

Dia Internacional da MulherPÁGINA 2

EDITORIALO significado do Dia Internacional da MulherPÁGINA 6

OPINIÃOPrevidência: “o objetivo desta reforma é desamparar as mulheres”, diz professora da UFRJ PÁGINA 3

ENTREVISTA

MARÇO DE LUTA

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APROFURG2 pódegiz

Diretoria biênio 2016/2018Presidente: Rodnei Valentin Pereira NovoVice-presidente: Elmo Swoboda1ª Secretária: Marlene Teda Pelzer2ª Secretária: Maria Mirta Calhava de Oliveira1º Tesoureiro: Humberto Calloni2ª Tesoureira: Carla Teresinha do Amaral Rodrigues1º Suplente: Antônio Libório Philomena2º Suplente: Milton Luiz Paiva de Lima3º Suplente: Cassius Rocha de Oliveira4º Suplente: Adriana Ladeira Pereira

Assessoria de ImprensaJornalista Juliana Rodrigues – MTB/RS 15.625([email protected])

Revisão de Texto: Eliza Braga

Redação: Av. Itália s/nº. sede da APROFURGCampus Carreiros FURGContato: (53) 3230 1939

Projeto gráfico, diagramação e impressão: Editora Casaletras – [email protected]

Tiragem: 1500 exemplares

Impresso em papel imune conforme inciso VIArtigos assinados são de responsabilidade dos autoresDistribuição gratuita

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Dia Internacional da Mulher

FEVEREIRO01- CLAUDINEI TERRA BRANDAO02 - ANDRE RICARDO ROCHA DA SILVA02 - CELSO LUIZ LOPES RODRIGUES03 - OTACILIO LUIZ DE MELLO04 - UBYRAJARA VAZ SENNA05 - MOACIR LANGONI DE SOUZA05 - PEDRO E. ALMEIDA DA SILVA05 - NELTON FERNANDES BONILHA06 - NELSON PONTES RIET CORREA06 - RODRIGO DA ROCHA GONCALVES06 - HUGO OLIVEIRA07 - JORGE ALBERTO VIEIRA COSTA07 - SEBASTIAO CICERO P. GOMES07 - JUARENZE CARDOSO NEVES07 - ERNESTO LUIZ GOMES ALQUATI07 - JOSE LUIS GIOVANONI FORNOS08 - VITOR IRIGON GERVINI08 - EDUARDO NUNES BORGES08 - ELMO SWOBODA08 - MARIA DE LOURDES DA R. PIRAGINE09 - NILO CARDOSO DORA10 - ANTONIO DOS SANTOS10 - MARCELO DUTRA DA SILVA10 - MARIA MERCEDES SOLIS RIVERO

10 - DECIO BITTENCOURT DOLCI11 - ANDREA BENTO CARVALHO11 - ANTONIO OLIVIO V.12 - RUBELISE DA CUNHA14 - MARCELO G. MONTES DOCA14 - VANISE DOS SANTOS GOMES14 - IRAHY BRAUN FOSSATI15 - IONE FRANCO NUNES15 - RICARDO CLAUDIO S. OLIVERI16 - TANIA REGINA VENSKE DE ALMEIDA16 - ANA NELI MENDONCA PINHEIRO17 - VINICIUS TEIXEIRA SUCENA18 - CLEUSA HELENA G. P. CASTELL18 - GRACIELA HUECU M.LOCH19 - FERNANDO PAULO CUNHA20 - LAURO ROBERTO WITT DA SILVA20 - FRANCISCO JOSE S. DE MATTOS21 - PAULO ROBERTO DA SILVA DUARTE21 - MARIA ANGELA VAZ DOS SANTOS21 - MARCOS ALEXANDRE GELESKY21 - ALFREDO GUILLERMO MARTIN22 - JOAO MANOEL DE MORAES23 - RITA DE CASSIA G.DOS SANTOS23 - RENATA BRAZ GONCALVES24 - JOAQUIM A. DA SILVA AMARAL

24 - ROBERT BETITO24 - RICARDO LEONARDIS LOUREIRO25 - JOSE MILTON DE ARAUJO25 - FELIPE KESSLER26 - MARIA IZABEL FERREIRO LLOPART26 - ALEXANDRE COSTA QUINTANA27 - NILZA RITA L. DA FONTOURA27 - LIZANDRA JAQUELINE ROBE27 - ANTONIO C. DA ROCHA COSTA29 - VITOR JOSE FRAINER

MARÇO01 - SIMONE GROHS FREIRE02 - VALTER ALBERTO AYRES SEIBEL02 - ELTON PINTO COLARES02 - ROSELY DINIZ DA SILVA MACHADO02 - CARLA VITOLA GONCALVES03 - MARIA C.DOS S. CORDENUNSI04 - FERNANDO MARTINEZ CARDONE04 - TALES LUIZ POPIOLEK05 - MARISA VALESELA05 - LEONIR ANDRE COLLING05 - ELVIRA DO CARMO PEREIRA LUCAS05 - ANITA URSULA GUDRUN GORGEN05 - PATRIZIA RAGGI ABDALLAH

06 - HENRI CHAPLIN RIVOIRE06 - OILSON R. DA ROCHA REINBRECHT07 - SOLISMAR FRAGA MARTINS07 - MARA REGINA SANTOS DA SILVA07 - NUBIA T. JACQUES HANCIAU07 - ALBERTO J. B. MEIRELLES LEITE07 - STELLA EMILIA PEIXE NADER08 - CARLA IMARAYA MEYER DE FELIPPE09 - OSMAR OLINTO MOLLER JUNIOR09 - JOAO POZZOLO09 - CARLOS ANDRE VEIGA BURKERT10 - CAROLINA ROSA GIODA10 - FRANCISCO MILITAO MENEGHINI10 - ANA PRISCILA CENTENO DA ROSA11 - DORVALINA SOLANO DE MEDEIROS11 - GERSON NEI LEMOS SCHULZ12 - LUIS FELIPE HAX NIENCHESKI13 - ANETTE KUMMEL DUARTE14 - DARIO DE ARAUJO LIMA15 - FLAVIA REGINA COSTA CZARNESKI15 - RENATO DUTRA PEREIRA FILHO16 - JAQUELINE GARDA BUFFON16 - ELISA HELENA LEAO FERNANDES17 - CLELIA MARIA PAIXAO PEREIRA18 - CLAUDIO OMAR IAHNKE NUNES

18 - EDUARDO RESENDE SECCHI18 - JOSE AFONSO FEIJO DE SOUZA18 - JOAO MARINONIO C. LAGES18 - MARCIO WRAGUE MOURA19 - RITA PATTA RACHE19 - MARILIA RACHE FARAL19 - SIMONE BARRETO ANADON19 - LUIS SUAREZ HALTY20 - LUIZ ANTONIO B. DA CUNDA20 - MICHAEL JOHN CHAPMAN20 - MARCELO V. DE LA R. DOMINGUES21 - ALEXANDRE MIRANDA GARCIA21 - SUZANA GUERRA ALBORNOZ21 - WALKIRIA P. COSTA DE CALAZANS21 - ELIANA BADIALE FURLONG21 - CESAR AUGUSTO AVILA MARTINS21 - ALINE C.CALCADA DE OLIVEIRA22 - MARGARETH DA SILVA COPERTINO22 - ELISANGELA MARTHA RADMANN22 - LEILA CRISTIANE PINTO FINOQUETO22 - CARLOS RONEY ARMANINI TAGLIANI23 - FERNANDO AMARANTE SILVA23 - BARBARA TAROUCO DA SILVA23 - GIANPAOLO KNOLLER ADOMILLI23 - IVONE REGINA PORTO MARTINS

24 - GIOVANNI BARUFFA24 - MILTON LAFOURCADE ASMUS24 - VERA LUCIA DE OLIVEIRA GOMES24 - ADRIANA KIVANSKI DE SENNA24 - ANA PAULA HORN25 - RAUL TORRES DE BEM JUNIOR25 - JULIANE VENTURA LIMA25 - ROSA MARIA F. DE ALBERNAZ26 - CESAR SERRA BONIFACIO COSTA26 - CARLOS ALBERTO F. D. PEREIRA26 - ISABEL CRISTINA T. BELMONTE27 - JULIO CESAR T. DE ALMEIDA27 - ALMIRA LIMA ALMEIDA27 - SILVANA MARIA BELLE ZASSO28 - ODORICO MACHADO MENDIZABAL28 - ANDRE PRISCO VARGAS28 - JORGE ALBERTO ALMEIDA29 - JOAQUIN A. MORON VILLARREYES30 - ANTONIO DOMINGUES BRASIL30 - VERA TERESA SPEROTTO BEMFICA30 - CARMEN VERA JULIANO PRADO31 - ADILSON SCOTT HOOD DO AMARAL31 - BRUNO MARIANO DA SILVA SCHMIDT

aniversariantes de fevereiro e março

“É pelo trabalho que a mulher vem di-minuindo a dis-tância que a se-

parava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta”. A frase proferida pela escritora, filósofa e ativista francesa Si-mone Beauvoir, ainda nos anos 1960, certamente representou a antecipação das enormes con-quistas que as mulheres iriam alcançar nas décadas seguintes. Aproveito a data para homena-geá-las, resgatando um pouco da história de brasileiras ilustres que ajudaram a construir o nos-so país.

É fundamental reconhecer que nas atividades que participam, as mulheres têm se destacado pela competência, pelo talento e, sobretudo pelo cuidado em fazer bem feito qualquer atri-buição ou tarefa. Talvez pouca gente saiba, mas a Imperatriz do Brasil, Dona Maria Leopol-dina, exerceu a Regência interi-namente, em 1822, na ausência de D.Pedro I, que encontrava-se em viagem a São Paulo. Numa correspondência ao marido, ela exigiu que o marido proclamas-se a independência do Brasil. Com uma metáfora o advertiu:

“O pomo está maduro, colhe-o senão apodrece”.

Já no início do Século XX, em 1917, a professora Deolinda Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino, liderou uma passeata exigindo a exten-são do voto às mulheres, mesmo tendo ferrenha oposição das oli-garquias à época. Em 1932, Ge-túlio Vargas, asseguraria o voto feminino nas eleições. A luta da professora Deolinda Daltro contribuiu para que as mulheres pudessem exercer o direito de escolher os seus representantes.

Em 1933, elege-se a primeira mulher e única mulher parla-mentar, entre os 214 deputados eleitos, Carlota Pereira de Quei-roz. Ela abriu caminho para a participação efetiva da mulher na vida política brasileira. É fato que ainda hoje o número de mulheres no parlamento é bem aquém do desejado, mas os es-paços estão sendo preenchidos com muita qualidade.

No esporte o protagonismo das mulheres começou a ser destacado nos anos 1960, com a ascensão da tenista Maria Esther Bueno ao seleto panteão das campeãs dos grandes torneios internacionais de tênis, como Rolan Garros, Wimbledon e o

US Open. Atualmente uma ge-ração fantástica de atletas nos orgulham nos mais variados es-portes, quer sejam individuais ou coletivos.

Nos anos 1970, tempos di-fíceis, denominados “anos de chumbo”, teve a participação efetiva das mulheres no comba-te à ditadura militar. A estilista, Zuzu Angel, denunciou as arbi-trariedades cometidas pelos mi-litares ficando conhecida inter-nacionalmente por atribuir aos militares o “desaparecimento” do filho, Stuart Angel, que in-gressou na luta armada contra o regime autoritário.

Em 1983, em pleno processo de abertura política e redemo-cratização do país, é aberto em São Paulo os primeiros Con-selhos Estaduais da Condição Feminina, com a finalidade de traçar políticas públicas para as mulheres. Em resposta à pressão dos movimentos femininos, o governo federal criou o Progra-ma Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM).

Nos anos 1990 foram de im-portantes conquistas para as mulheres. Em 1990 Júnia Marise foi eleita a primeira mulher Se-nadora da República do Brasil. Em 1994 elege-se no Maranhão,

Roseana Sarney, a primeira mu-lher governadora de um estado brasileiro.

Os anos 2000 estão sendo mar-cados por vitórias importantes, como a nomeação de Marina Silva, em 2003, para o cargo de Ministra do Meio Ambiente. E para finalizar esse breve his-tórico sobre as conquistas das mulheres, destaco a eleição de Dilma Rousseff para o mais im-portante cargo do Executivo, a Presidência da República.

Enfim, sem dúvida alguma ainda há muito a ser conquis-tado e muitos preconceitos a serem vencidos e derrubados. Todavia, quis enfatizar, em tom de homenagem, a história ex-traordinária de tantas mulheres que ajudaram e ainda cooperam para tornar a nossa sociedade mais igual, tolerante e democrá-tica.

Fica aqui o meu reconheci-mento e gratidão a todas as mu-lheres, professoras, funcionárias públicas e privadas, ativistas, mães, esposas, companheiras. Todas guerreiras!

* Prof. Enio Pontes de Deus é secretário Geral da ADUFC- Sindicato e coordenador Estadual do Nú-cleo da Auditoria Cidadã da Dívida – Ceará

Por Enio Pontes*

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Previdência: “O objetivo desta reforma é desamparar as mulheres”,

diz professora da UFRJ

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O ANDES-SN entrevistou Denise Gentil, professora e pesquisadora do Instituto de Economia da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre os ataques contidos na contrarreforma da Previdência - Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16 - enviada pelo governo Temer ao Congresso no final do ano passado.A proposta atingirá diretamente as mu-lheres ao igualar as idades e tempo de contribuição de mulheres e homens, por ignorar a jornada de trabalho, a ro-tatividade e as oportunidades no mer-cado de trabalho. Além de desamparar as mulheres viúvas e que cuidam de pessoas com deficiência nas famílias.

ANDES-SN: A PEC 287 preten-

de igualar a idade e tempo de con-tribuição a Previdência Social de homens e mulheres. Essa mudança aumentará a desigualdade de gêne-ro?

Denise Gentil: A PEC 287 é ma-chista, ela aumenta o tempo de con-tribuição das mulheres e, particu-larmente, das trabalhadoras rurais em 10 anos e fará com que muitas delas não consigam se aposentar. A justificativa para essa medida é que as mulheres não desejam mais ca-sar, não tem filhos, o seu nível de escolaridade aumentou, elas estão ganhando mais do que ganhavam antes. São informações que não são integralmente verdadeiras.

ANDES-SN: As mulheres tra-

balham, em média, 8 horas a mais que os homens ao longo de uma semana, juntando com o trabalho doméstico.

Denise Gentil: Em 2014, as mulheres trabalharam, em média, 35,5 horas semanais para o merca-do de trabalho e eles 41,6 horas. E as mulheres trabalham menos no mercado de trabalho, porque elas trabalham nas tarefas domésticas, 19,2 horas por semana e os homens apenas 5,1 horas, segundo dados do Pnad de 2014. A taxa de desem-prego das mulheres é o dobro dos homens. E hoje elas ganham 70% dos salários dos homens, tempo de trabalho mais elevado.

Se uma mulher e um homem co-meçarem a trabalhar aos 16 anos quando ambos se aposentarem aos

75 anos de idade, as mulheres terão trabalhado 9,6 anos a mais que os homens. A nova regra é punitiva para as mulheres, pois elas terão trabalhado quase 10 anos a mais que os homens em função da jor-nada total de trabalho feminina, que é mais alta.

Em média, uma mulher ocupada acima dos 16 anos, trabalha quase 73 dias a mais que um homem em um ano. Claro que tem mulheres que trabalham muito mais que isso, como as trabalhadoras da área rural. É algo absolutamente cho-cante. E como a reforma atingirá, também, as pensões, as mulheres serão muito atingidas.

ANDES-SN: Muitas mulheres

abdicaram de uma carreira, por qu-estões culturais e machistas, e a fa-mília era sustentada pelos maridos. Com o falecimento do provedor da casa, muitas mulheres dependem das pensões para se sustentar e a seus filhos.

Denise Gentil: Nós estamos indo na contramão do que está acontecendo no resto do mundo. O resto do mundo não está olhan-do para os dados demográficos, dizem que a expectativa de vida das mulheres é maior que a dos homens e, portanto, elas preci-sam trabalhar por mais tempo. O que o resto do mundo está olhan-do é para o mercado de trabalho, na Suíça, na França e demais paí-ses europeus, quando a mulher - mesmo solteira - demonstrar que cuidou de idosos, de crianças da família, ela terá um abono na re-dução da idade para se aposentar.

Se ela provar que ficou muito tempo desempregada, também terá um abono e o estado pagará a contribuição por ela. Então, no resto do mundo, o que você vê é um amparo às mulheres. Aqui no Brasil, o governo Michel Temer, é tão conservador e retrógrado, que o objetivo da reforma é desampa-rar as mulheres. As pensões serão reduzidas para um valor inferior ao salário mínimo, em algumas situ-ações. O valor passa a ser de 50% do benefício recebido pelo segura-do falecido, acrescido de 10 pon-tos porcentuais por dependente, que inclui ela também, até o limite máximo de 100%.

ANDES-SN: E para as mulheres do campo?

Denise Gentil: Essa pensão é muito importante para as mul-heres rurais. Pois no campo, nor-malmente, quem contribui para a Previdência é o homem. A tra-balhadora rural não precisa con-tribuir para ter acesso à aposen-tadoria, que era igual ao salário mínimo. Agora, com a nova regra, o trabalhador e trabalhadora do campo terão que contribuir. Como não será possível dois, da mesma família, contribuírem, por conta da renda familiar baixa, será priori-zada a contribuição do marido. É muito punitivo para as mulheres.

ANDES-SN: Como a mulher

do campo será afetada no seu dia a dia?

Denise Gentil: Se o marido fa-lecer, a mulher não conseguirá vi-ver da pensão, porque ela será in-ferior ao salário mínimo, podendo ser 60% do salário mínimo. Pelas novas regras, para a mulher rece-ber 100% da pensão, ela precisa ter quatro filhos, para ela ganhar o que ganhava nas regras de hoje. E como as mulheres têm uma expec-tativa de vida maior que a dos ho-mens, elas irão receber uma pensão inferior ao salário mínimo. A renda familiar cairá demais. Quem sofrerá com isso também? As crianças e os jovens, pois a renda do lar caindo, elas terão menos acesso a alimen-tação, saúde, vestimentas...

O êxodo rural será grande, tere-mos uma reversão. A taxa de jovens que permaneciam no campo tinha subido para 85%, com a reforma haverá uma reversão, porque as condições de vida no campo ficarão insustentáveis e isso desarticulará a agricultura familiar, que fornece alimentos para o país inteiro, o que poderá levar a subida no preço dos alimentos.

O governo brasileiro não fez nenhum estudo das consequên-cias dessa medida. A única visão que ele tem é uma visão de gas-tos. Não há nenhum estudo sobre os impactos socioeconômico, na vida das mulheres, dos jovens e crianças. Você está precarizando uma renda familiar, vai atingir a infância e a juventude.

Então, não podemos analisar a expectativa de vida das mulheres, mas sim as condições do mercado de trabalho, ainda mais quando esse mercado está em crise. Quanto maior a taxa de desemprego, maior é para as mulheres, quando maior a crise, maior a distância salarial

entre homens e mulheres e quanto maior o nível de escolaridade das mulheres é maior a distância entre o salário delas e dos homens, nas mesmas condições, isso é um absur-do.

Isso é uma luta de poder, os ho-mens se sentem ameaçados, elas são juízas, médicas, campos ditos masculinos, e há uma reação viabi-lizada pelo estado, porque a expec-tativa da mulher é mais elevada.

A maioria das mulheres se apo-sentam por idade, 64,5% das apo-sentadorias concedidas por idade é para as mulheres, o restante para os homens. 83% das aposentadorias concedidas por idade as mulheres, é de apenas um salário mínimo. E o que esse dado revela é que as mulheres não conseguem contribu-ir por muito tempo, porque se não fosse assim, elas se aposentariam por tempo de contribuição. Já as aposentadorias por tempo de con-tribuição são concedidas, princi-palmente, aos homens. O homem tem uma estabilidade no mercado de trabalho que a mulher não tem.

ANDES-SN: Como você analisa

o argumento defendido pelo gover-no, para aprovar contrarreforma, de que a expectativa de vida das mulheres aumentou e que nos ou-tros países homens e mulheres se aposentam com a mesma idade?

Denise Gentil: Essa reforma é feita pelos engravatados que trabal-ham no ar-condicionado, que não entendem nada do país, não enten-dem nada da pobreza e ficam usan-do as estatísticas demográficas.

O argumento do governo é que no resto do mundo, homens e mulheres estão se aposentando com 65 anos de idade. Mas isso é uma meia verdade, para não dizer que é uma mentira completa. Em vários países da OCDE, as mulhe-res com filhos, podem diminu-ir a idade para se aposentar com relação ao número de filhos que têm, ou se provarem que cuidaram de idosos ou de crianças na fa-mília. Elas também recebem uma bonificação, e as que ficaram mui-to tempo desempregadas também recebem, porque lá se olha para o mercado de trabalho, lá se sabe que as mulheres ficam muito tempo desempregadas e o estado passa a contribuir com ela. Estamos retro-cedendo e, nós, mulheres seremos punidas, porque vivemos mais.

Com imagem de Auditoria Cidadã da DívidaFonte ANDES-SN

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APROFURG4 pódegiz

Milhares de mulheres sa-íram às ruas do Brasil na quarta-feira (8), Dia Internacional de Mobi-

lização e Paralisação das Mulheres Trabalhadoras. Tendo como pauta a luta contra a retirada de direitos e, especificamente, contra a Pro-posta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16 – da contrarreforma da Previdência – as mulheres brasi-leiras deram uma aula de poder de mobilização.

Houve manifestação em todas as grandes e médias cidades no país. Em Brasília (DF), mais de 10 mil pessoas tomaram a Esplanada dos Ministérios e caminharam até a Praça dos Três Poderes, centro polí-tico do país. Antes da manifestação houve aulas públicas sobre temas como racismo, legalização do abor-to, violência contra as mulheres, e como as contrarreformas atingem a vida das mulheres.

Durante o ato, diversas artistas se apresentaram no carro de som, enquanto mulheres puxavam pa-lavras de ordem como “Fora, Te-mer!” e também contra a PEC 287. O ato caminhou tranquilamente pela Esplanada, e reuniu mulheres das mais diferentes idades, etnias e categorias profissionais.

Olgaíses Maués, 3ª vice-presi-dente do ANDES-SN, representou o Sindicato Nacional na manifes-tação na capital federal e avaliou positivamente o ato. “Foi uma ma-nifestação significativa, com abran-gência nacional. A conjuntura vem contribuindo para isso. A popula-ção perdeu quase 10% do poder de compra nos últimos tempos, e vi-vemos um clima de instabilidade.

A manifestação foi importante, é um momento em que as mulheres procuram, mais do que nunca, lu-tar por seus direitos. Reivindicar o fim da violência, do estupro, do as-sédio, e também a saída do Temer e a rejeição à contrarreforma da Pre-vidência”, afirmou.

A diretora do ANDES-SN também criticou o presidente Michel Temer por seu discurso sobre o 8 de mar-ço, no qual reiterou que cabem às mulheres as tarefas domésticas e reprodutivas. “Curioso é que, em meio a esse clima, o presidente da República faz um discurso defasado sobre as mulheres. Isso mostra um descompasso desse governo com seu tempo”, critica Olgaíses.

Outros atosEm São Paulo (SP), houve ma-

nifestação na avenida Paulista com o mote “Previdência fica e Temer sai! Paramos todas pela vida das mulheres!”. Mais de 20 mil pesso-as participaram. O ato concentrou na Praça da Sé e seguiu trajeto pela rua Brigadeiro Luiz Antônio, onde se unificou com o ato da paralisa-ção dos professores municipais e estaduais, e se encerrou em frente à prefeitura de São Paulo, onde hou-ve protesto contra o prefeito João Dória (PSDB).

Em Campinas (SP) o ato reuniu mais de mil pessoas, e caminhou da Catedral até a frente da prefei-tura. As mulheres gritaram palavras de ordem contra a violência que atinge as mulheres e contra a reti-rada de direitos, reivindicando o direito ao próprio corpo, por mais segurança contra os estupros, pelo

direito ao aborto e contra a aprova-ção da reforma da Previdência.

Em Porto Alegre (RS), foram mais de 5 mil mulheres nas ruas do cen-tro da cidade. Houve grande apoio popular à manifestação, com bu-zinas de apoio e boa receptivida-de nas paradas de ônibus. O ato caminhou pela avenida Borges de Medeiros. Também houve mani-festações em cidades gaúchas como Santa Maria, Pelotas e Bagé.

Em Curitiba (PR) a manifestação saiu da Praça Santos Andrade e ca-minhou pela rua XV de Novembro até a Boca Maldita. Mais de 5 mil mulheres estiveram presentes para reivindicar seus direitos e lutar para barra a contrarreforma da Previ-dência.

Já em Belém (PA), mais de 2 mil pessoas caminharam pelas princi-pais ruas da cidade entoando pala-vras de ordem contra a violência à mulher, qualquer forma de opres-são e contra a exploração. As mu-lheres da capital paraense também se posicionaram contra o governo de Michel Temer, e contra os pro-jetos que retiram direitos, como a PEC 287.

No Rio de Janeiro (RJ) foram mais de 15 mil mulheres na manifesta-ção. Entidades, coletivos, movi-mentos sociais somaram ao chama-do internacional e levantaram as

bandeiras contra a Reforma da Pre-vidência, por Nem Uma a Menos e pelo Fora Temer. Com concentra-ção na Candelária, as mulheres saí-ram em caminhada até a Praça XV, onde fecharam o dia com interven-ções artísticas femininas.

Em Salvador (BA) a passeata que demonstrou o caráter de luta da cidade mais negra do mundo fora da África. Participaram quase 2 mil mulheres, que ecoaram seus cantos coletivamente com pautas feminis-tas como a cultura do estupro, li-berdade sexual e violência contra a mulher. A PEC 287 também esteve no centro da pauta da manifesta-ção.

Na cidade de Fortaleza (CE) mais de 3 mil mulheres participaram da mobilização. Já na madrugada, as mulheres rodoviárias realizaram panfletagem. As operárias da con-fecção feminina realizaram um ato de 1 hora em uma das maiores fábricas do setor, e as operárias da construção civil paralisaram suas atividades pela manhã para parti-cipar do ato unificado. A manifes-tação foi encerrada com um ato cultural em frente ao prédio da Pre-vidência Social.

Com informações de CSP-Conlutas, Carta Maior, EBC e Esquerda Online.

Fonte: ANDES-SN

8 de Março: uma faísca de esperança contra a retirada de direitos

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APROFURG 5pódegiz

#15M: o Brasil parou contra a Reforma da Previdência

Foi uma mobilização como há muito tempo não se via. Milha-res de pessoas paralisaram suas atividades na última quarta (15), Dia Nacional de Greves, Protestos e Paralisações contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, da contrarreforma da Pre-vidência. Os atos de rua também ti-veram grande adesão. Em São Pau-lo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), mais de 100 mil pessoas participaram. Em Belo Horizonte (MG) foram 60 mil, e, em Curitiba (PR), 50mil.

Além do combate à PEC 287/16, também estava na pauta dos ma-nifestantes o rechaço à contrarre-forma Trabalhista, Projeto de Lei (PL) 6787/16, e aos demais ataques que os governos federal, estaduais e municipais tentam desferir aos direitos dos trabalhadores. A data marcou, ainda, a deflagração de

greve dos professores de educação básica. De acordo com a Confede-ração Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), professores de 13 estados e do Distrito Federal estão em greve desde a quarta-feira (confira a lista ao final da matéria).

Em São Paulo, a maior manifesta-ção do dia lotou a avenida Paulista. Mais de 100 mil pessoas se mani-festaram contra os ataques à Pre-vidência pública e contra o gover-no de Michel Temer. Mesmo com as ameaças de retaliação por parte dos governos paulista e paulistano, houve paralisação dos metroviários e de parte dos rodoviários. O apoio popular à luta contra a PEC 287 foi tão grande que chegou a furar o bloqueio da imprensa hegemônica.

No interior paulista, na região metropolitana, e no litoral houve forte mobilização operária. Em São

José dos Campos, os trabalhadores da GM atrasaram a entrada ao tra-balho em 3 horas. Na Embraer tam-bém houve atraso na entrada e ato público. E em Jacareí os metalúrgi-cos da montadora chinesa Cherry decretaram greve por 24 horas. Foi realizada uma greve da Volks em São Bernardo do Campo, e os pe-troleiros da Refinaria de Capuava, em Mauá, também cruzaram os braços. Em Santos, os portuários pararam e tiveram que enfrentar a repressão da Polícia Militar. Os mo-toristas de ônibus pararam 100% das linhas nas cidades de Santos, Guarujá, Praia Grande e Cubatão.

No Rio de Janeiro, a manifestação foi a maior desde junho de 2013, levando mais de 100 mil pessoas ao centro da cidade. Uma das faixas da ponte Rio-Niterói foi bloqueada logo cedo e os trabalhadores dos correios do município do Rio não entraram para trabalhar. Um ato de mulheres ocupou a sede do INSS na capital fluminense durante o dia, com ativa participação da base do ANDES-SN.

Houve grande repressão policial após a dispersão do ato carioca. A professora e ativista da Aldeia Ma-racanã, Mônica Lima, sofreu três fraturas na perna e deve passar por cirurgia após agressão da Guarda Municipal. A Polícia Militar tam-bém lançou bombas de gás nas de-pendências do prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e do Instituto de História da Universida-de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em Belo Horizonte, 60 mil pesso-as participaram de um ato pela ma-nhã. Paralisaram suas atividades os professores estaduais e municipais, metroviários, servidores públicos federais e estaduais, eletricitários e correios. Houve, ainda, atos e manifestações em Uberaba, Uber-lândia, Varginha, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Governador Valada-res, Montes Claros e São Francisco. Em Juiz de Fora, o ato unificado contou com cerca de 30 mil mani-festantes.

Em Curitiba, 50 mil pessoas pro-testaram no Centro Cívico. Cru-zaram os braços metalúrgicos, motoristas e cobradores, carteiros, bancários, servidores das universi-dades federais, servidores munici-pais, professores e funcionários da educação estadual, professores da rede municipal, agentes penitenci-

ários, policiais civis, servidores da saúde estadual e petroleiros.

Em Recife (PE), 40 mil pessoas saíram às ruas. Em Fortaleza (CE) e Salvador (BA), os números de ma-nifestantes chegaram a 30 mil. Em Goiânia (GO), foram 13 mil e, em Belém (PA), 6 mil. 10 mil pessoas se reuniram em Porto Alegre (RS) para lutar contra a PEC 287, e 5 mil em Brasília (DF), onde os manifestan-tes ocuparam durante quase todo o dia a sede do Ministério da Fazen-da.

AvaliaçãoEblin Farage, presidente do AN-

DES-SN, afirma que houve grande adesão das seções sindicais à para-lisação e às manifestações contra a PEC, e ressalta a importância do Sindicato Nacional na construção dos atos unificados. “A participa-ção do ANDES-SN foi muito positi-va. Fomos protagonistas na articu-lação nos estados, sempre prezando pela construção da unidade com as centrais, sindicais e movimentos sociais”, diz.

“A avaliação é muito positiva. Fi-camos animados com as mobiliza-ções, porque elas mostraram que, quando a classe trabalhadora quer, as entidades sindicais são capazes de construir lutas unificadas. Foi a maior manifestação desde 2013, com diferença fundamental, que é que as manifestações de ontem fo-ram organizadas por entidades da classe”, completa a docente.

Sobre as próximas ações, a presi-dente do ANDES-SN afirma que é necessário construir, ainda no mês de março, um grande ato nacional em Brasília contra a PEC 287. “Ago-ra não podemos esmorecer. Temos que intensificar a mobilização nas ruas, porque essa é a única lingua-gem que o governo entende. No dia 14, o relator da PEC 287 deveria ter divulgado o cronograma de vo-tação da proposta, mas ainda não o fez. Nossa avaliação é que o gover-no está inseguro, e sua base come-ça a se dividir. A nossa pressão está surtindo efeito, e temos que seguir pressionando os deputados nos es-tados”, conclui Eblin Farage.

Com informações de CSP-Conlutas, Aduff-SSind, EBC, Mídia Ninja e CNTE. Imagens de Mídia Ninja.

Fonte: ANDES-SN

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O significado do Dia Internacional da Mulher

APROFURG6

Professor dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em História ICHI/FURG. Doutor em História. Escreve mensalmente no Pó de Giz.

Rodrigo Santos de Oliveira

Se a função da fêmea não basta para definir a mulher, se nos recusamos também explicá-la pelo ‘eterno fe-minino’ e se, no entanto, admitimos, ainda que provisoriamente, que há mulheres na terra, teremos que for-mular a pergunta: que é uma mu-lher?

Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo

A frase acima nos remonta a uma série de questionamentos, muitos respondidos e outros que ainda aguardam para serem solu-cionados. Mas o fato fundamen-tal é que a mulher é um dos dois gêneros que compõe o ser huma-no. Apesar de diferenças fisiológi-cas ambos são iguais na perpetua-ção de nossa espécie.

No mito fundador de nossa so-ciedade judaico-cristã tanto a mu-lher como o homem foram cria-dos ao mesmo tempo. Quando o deus único dos hebreus tentou impor à primeira mulher que de-veria ser subserviente ao homem ela questionou: ‘eu fui criada do mesmo pó e no mesmo instan-te, por que eu devo ser inferior?’. Esta história mítica se tornou tão perigosa para os detentores do poder patriarcal que quando houve a transposição deste mito das escritas cabalísticas para a Bí-blia, a primeira mulher, Lilith, foi retirada. Ao invés disto, aparecia apenas a segunda mulher, Eva, esta sim criada de uma costela de Adão.

A ordem ‘natural’ do mundo pa-triarcal estava salva com apenas um ‘recorta’, mas sem o ‘cola’. A mulher mesmo colocada no seu ‘lugar’ subserviente era temida e injustiçada como sendo respon-sável pelo pecado original. Por centenas de anos esta mentira foi

sendo repetida, de geração em geração até que começou a ser contestada a partir de um acon-tecimento.

Todo o dia 8 de março celebra-mos o Dia Internacional da Mu-lher, é uma data que costuma ser comemorada em praticamente todo o mundo ocidental. Como tudo se torna objeto de consumo, o 8 de Março também se mercan-tilizou. Cosméticos, roupas, aces-sórios, e tudo o que faz uma mu-lher ser bela, são vendidos como refrigerantes em um dia de calor. A mulher, que deveria ser o cen-tro de reflexões, se transformou no mercado. A mulher no seu próprio dia não passa de ‘uma cliente’. Mas o que esquecemos ao longo do caminho? A resposta é simples: a própria identidade da mulher.

O 8 de Março não é um dia de estética, é um dia de luta pela igualdade entre os gêneros. É um dia contra o patriarcalismo que está arraigado em nossa socieda-de há milênios. Se retornarmos um pouco no tempo, veremos que a mulher só conseguiu o di-reito de cidadania no Brasil em 1946. Até então a mulher não ti-nha direito ao voto. Não apenas isto, como o seu caráter jurídico era o mesmo de uma criança. O que quer dizer que até 1946 era considerada uma criança perante a sociedade, passando do poder do pai para o marido.

À mulher cabia apenas obe-decer, baixar a cabeça, ‘aceitar’ o destino cruel que lhe era im-posto e nada mais. Mas a tirania não podia durar para sempre. E as próprias mulheres que fo-ram rompendo os grilhões que às prendiam ao poder patriarcal. Não foi uma luta fácil e as resis-tências foram das mais violen-tas. Na primeira greve feminina cento e vinte e nove mulheres

operárias morreram queimadas dentro de uma fábrica. O crime foi pedir igualdade aos homens e melhores condições de vida e tra-balho. Milhares outras morreram desde então e ainda morrem pela violência doméstica, apedrejadas por pseudo-crimes, como falsas alegações de adultério (quando foi mesmo que um homem foi apedrejado por adultério?), etc.

As condições mudaram nos últi-mos anos e muitas coisas melho-raram. Uma verdadeira revolução aconteceu, mas esta ainda não está consolidada e muito menos longe de ser acabada. A mulher nos dias de hoje enfrenta pre-conceitos, têm salários inferiores aos homens, sofre violências das mais variadas, possui longas jor-nadas de trabalho. Além disso, a sociedade ainda impõe à mulher que ela deve ser eternamente jo-vem, desta forma, elimina a pos-sibilidade da existência de uma verdadeira sabedoria feminina, advinda da idade e da experiên-cia. A igualdade, tão aclamada ainda não foi conquistada. Este é o desafio da nossa geração, ga-rantir a igualdade respeitando as diferenças. Evitando desta forma que a mulher, referenciada ini-cialmente por Simone de Beau-voir, tenha que se masculinizar para enfrentar a selva de pedra. Devemos garantir que suas qua-lidades e mesmo as suas fragili-dades sejam peças fundamentais para a construção de um novo mundo, melhor e sustentável.

O 8 de Março não é uma data qualquer: é um dia de luta, de re-flexão e de respeito. O 8 de Mar-ço serve para nos mostrar que os outros trezentos e sessenta e qua-tro devem ser de igualdade e não de domínio, tirania e opressão.

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APROFURG 7pódegiz

Reitores articulam inclusão da PEC 395 na ordem do dia da Câmara dos Deputados

Reitores das instituições públi-cas estaduais e federais de ensino estão articulando politicamente a inclusão na pauta da Câmara dos Deputados e a aprovação, em segundo turno, da Propos-ta de Emenda à Constituição (PEC) 395/14, que permite às universidades públicas cobrar pelos cursos de extensão e de pós-graduação lato sensu. A PEC põe fim ao princípio constitu-cional da gratuidade das ativida-des de cursos de especialização oferecidas pelas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, alterando o inciso IV do artigo 206 da Constituição Federal, so-bre os princípios do ensino, que garante “gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”. A proposta teve o seu texto-base aprovado em 2015, já os destaques da matéria foram aprovados em fevereiro de 2016.

Após a visita aos gabinetes dos deputados, os reitores, junto com o autor da proposta o de-putado Alex Canziani (PTB-PR), foram recebidos pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no úl-timo dia 7 de março, e ouviram do parlamentar que a PEC seria inserida na pauta do plenário. Devido à proximidade do tér-mino da duração regimental da sessão, no dia 15, a PEC 395 não foi votada.

Francisco Jacob Paiva da Silva, 1º secretário do ANDES-SN e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho Política Educacional (GTPE) do Sindicato Nacional, alerta os docentes sobre a impor-tância de estarem atentos não apenas para a tramitação das contrarreformas da Previdência e Trabalhista, como também para os projetos de privatização dos serviços públicos que trami-tam no Congresso Nacional.

“A reapresentação da PEC, posta no governo Dilma Rous-

seff, mostra a determinação do governo Michel Temer em dar mais uma passo para a privatiza-ção do ensino superior público brasileiro. Quando articulamos todos esses ataques do Executi-vo e de grande parte do Legis-lativo, fica claro que o que está em curso é um projeto de Estado mínimo, e a desobrigação deste com a manutenção dos serviços públicos. Desde o início, o AN-DES-SN se colocou contrário a esta PEC, temos deliberações de congressos contrários à propos-ta, realizamos ações e mobiliza-ções no sentido de esclarecer a população sobre os efeitos dela, como também atos e campa-nhas para conscientizar os par-lamentares a votarem contra a PEC, que ameaça o princípio constitucional da gratuidade do ensino superior no Brasil”, disse.

PEC 395O texto-base da PEC 395/14 foi

aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados, por 318 votos a 129, no dia 21 de outu-bro de 2015. No dia 7 de feverei-ro de 2016, os deputados vota-ram os destaques, e retiraram do texto a possibilidade de cobran-ça pelo mestrado profissional. Entretanto, as instituições pode-

rão taxar os cursos de extensão e de pós-graduação lato sensu, com exceção para os progra-mas de residência (em saúde) e de formação de profissionais na área de ensino, que continuarão gratuitos.

O 1º secretário do ANDES-SN relembra que a retirada da co-brança do mestrado profissio-nal, só foi possível devido ao trabalho desempenhado pelo ANDES-SN durante todas as au-diências públicas que ocorreram para debater a PEC e na aborda-gem junto aos deputados e sena-dores.

Outros ataquesO diretor do Sindicato Nacio-

nal ressalta que a PEC 395 não anda só. Tanto a aprovação do Marco Legal de Ciência, Tec-nologia e Inovação - que apro-funda a privatização da ciência e tecnologia públicas, legalizan-do parcerias público-privadas na área e possibilitando trans-ferência de recursos, estrutura, propriedade intelectual e pesso-al de instituições públicas para usufruto da iniciativa privada -, quanto do projeto que altera a carreira dos docentes federais e prevê reajuste na tabela salarial que não repõe as sucessivas per-

das inflacionárias, e acaba des-caracterizando o regime de De-dicação Exclusiva (DE).

“Esse conjunto de ações leva a destruição dos modelos de uni-versidade pública, carreira do-cente e de financiamento destas instituições. O Estado terá me-nos presença e menos obrigato-riedade na manutenção destas instituições e, cada vez mais, o mercado será chamado para ser a fonte deste financiamento e, em última instância, vai signifi-car o aprofundamento da auto-nomia universitária que passará a ser controlada por empresas que, por ventura, venham com-prar esses cursos e os voltará para o mercado”, criticou.

Durante o 36º Congresso do Sindicato Nacional, realizado em janeiro deste ano em Cuiabá (MT), os docentes deliberam por intensificar a luta e as ações con-juntas com os trabalhadores da educação e com os estudantes, nacionalmente e nos estados, na perspectiva de ampla mobi-lização em defesa da educação pública, contra a PEC 395/2014, o Marco Legal da Ciência e Tec-nologia (Lei nº 13.243/2015) e o PLS 782/15, que prevê cobran-ça de anuidade em instituições públicas de ensino superior a estudantes cuja renda familiar mensal seja superior a 30 salá-rios-mínimos. E, também, con-tra os cortes orçamentários na educação pública e a transferên-cia de recursos públicos para a iniciativa privada, que atacam o caráter público das IES públicas.

Com informações da Associação Brasileira dos Rei-tores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem)

Fonte: ANDES--SN

Proposta, já aprovada em 1° turno na Casa, acaba com gratuidade em cursos de especialização e extensão

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APROFURG8 pódegiz

AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO DO PROFESSOR E MÉDICO DA FURG

O professor que também pos-sui o cargo de médico da FURG (ou seja, possui duas matrícu-las, uma de professor e outra de técnico administrativo mé-dico), pode não estar receben-do corretamente o benefício do auxílio alimentação quan-do vem a se aposentar em uma das matrículas.

O Decreto n. 3.887/2001 ga-rante o pagamento aos servi-dores públicos federal o auxí-

lio-alimentação.No artigo 3º, §Ú do referido

Decreto está disposto que os servidores que ocupam dois cargos (exemplo: professor e médico), como permite a Constituição Federal, somen-te farão jus ao pagamento de uma única parcela de auxílio, em apenas uma das matrículas.

Entretanto, caso o servidor venha a se aposentar em um dos cargos (seja no de pro-

fessor ou no de médico), per-manecendo em atividade no remanescente, o pagamento deve ser automaticamente re-alocado para a matrícula que ainda estiver em ativa.

Portanto, depois de aposen-tado em um dos cargos, no cargo remanescente em ativi-dade, deve ser pago o auxílio alimentação.

Não obstante a regra, identi-ficamos caso em que a FURG

não efetuou o pagamento de forma automática no cargo da ativa após a aposentadoria no outro cargo.

Para maiores informações a assessoria jurídica da Aprofurg atende na sede do sindicato as terças e quintas pela manhã.

Lindenmeyer Advocacia & AssociadosOAB/RS 819

JUR

ÍDIC

OS

DE

Profa. Dra. Enfa. Marlene Teda Pelzer Escola de Enfermagem

Para se alimentar bem e ter uma rotina mais saudável é vital consumir alimentos não industrializados. Priorizar a comida “de verdade”, preparada a partir de ingredientes naturais. Esta é uma das formas mais gos-tosas de se manter saudável. Afinal todos sabem que uma comidinha feita em casa, com cuidado e afeto vai ser sempre mais especial do que qualquer prato produzido industrialmente, com poucos ou nenhum, componentes naturais.

Ao mesmo tempo em que mais pessoas to-mam consciência disso, a correria da rotina nos faz buscar alternativas fáceis pensando em manter a saúde. É aí que entram alguns vilões disfarçados, como os sucos industria-lizados.

O EXCESSO DE AÇÚCAR NOS SUCOS INDUSTRIALIZADOS

Há hoje no mercado uma infinidade de sucos de frutas que se dizem saudáveis e que possuem algumas vitaminas e, às vezes, al-guma porcentagem real de propriedades da fruta. No entanto, a grande maioria possui açúcares e conservantes que, quando con-sumidos em excesso, são altamente prejudi-

ciais à saúde. É o que provou uma pesquisa realizada

pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Con-sumidor. O estudo analisou algumas das mais populares marcas de sucos vendidos em supermercados revelando a pobreza nu-tricional desses produtos. O grande proble-ma é que eles são frequentemente vendidos e divulgados como opções saudáveis. Muita gente acaba comprando por achar que es-tão escolhendo uma boa alternativa a refri-gerantes e outras bebidas.

Estes sucos contém conservantes, coran-tes, aromatizadores e alta quantidade de açúcar - que não raro, é maior do que a de algumas marcas famosas de refrigerantes.

A melhor forma de não cair nessa arma-dilha é sempre optar por sucos que são, de fato, naturais, feitos com a fruta fresca - ou com polpa - sem açúcar e outros aditivos.

SUCOS NATURAIS DE VERDADE Os sucos feitos com frescas, além de ser

muito mais gostosos, mantém os nutrientes e vitaminas dos alimentos. O ideal é que se-jam consumidos assim que feitos para que as propriedades não se percam.

As receitas de sucos são infinitas e vale usar a criatividade para combinar as suas preferidas. Procure evitar adoçantes, mas

se não quiser abrir mão deles, prefira mel e açúcar menos industrializados, como o açú-car mascavo.

Também vale incrementar o suco com outros ingredientes saudáveis, como farelo de aveia (para aumentar a quantidade de fi-bras), farinha de linhaça, sementes de chá, substituir a água por algum chá diurético (como o chá verde ou branco) ou água de coco e incrementar com especiarias como gengibre, que além de muito saudável, dá um gostinho especial ao suco.

SUCO DE MELANCIA COM LINHAÇA

2 fatias de melancia; suco de limão; 1 colher de café de gengibre ralado; 1 colher de chá de linhaça triturada; mel.Bata tudo no liquidificador e sirva imediata-mente com gelo a gosto.

SUCO VERDE DETOX1 punhado de gengibre ralado; 2 folhas de couve cortada; meia maçã cortada em cubos, 300ml de água, folhas de hortelâ a gosto; suco de meio limão. Bata tudo no liquidificador por cerca de 3 mi-nutos e sirva com gelo.

Sucos INDUSTRIALIZADOS