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Quando nos perguntamos qual a maior de todas as virtudes que podem qualificar a alma humana, vem-nos a resposta óbvia de que é a divina dig- nidade que poderia colocar o pobre mortal nos páramos celestes. Mas, feita a mesma pergunta aos Lumina- res espirituais (veja questão 893 de O Livro dos Espíritos), aprendemos que a virtude pode ser alcançada tam- bém pelo Espírito enquanto na carne, porque – dizem eles – “o sublime da virtude consiste no sacrifício do inte- resse pessoal para o bem do próximo, sem oculta intenção”, lição que nos devolve a cotidiana impressão de que o homem pode, sim, ser virtuoso mes- mo no plano formal. Podemos nutrir a certeza de que também nós, enquan- to encarnados, com esforço próprio, fazemo-nos contemplados pela quali- ficação das virtudes da Terra, obvia- mente distantes das do céu. Observam, ainda, os Codificado- res espirituais que todas as virtudes, ainda que terrenas, têm mérito, por- que todas são sinais de progresso no caminho do bem. E, na mesma questão do LE, ex- primem eles outra observação que é extremamente desejável que arquive- Março/2017 - Nº 59 - Ano VI Virtude mos na memória para pronta disponi- bilização, visto que a todo momento somos solicitados a violentar a retidão da conduta. Aponta para esta frase: “Há virtude toda vez que há resistên- cia voluntária ao arrastamento das más tendências.” Vê-se que, se a vir- tude não está apenas nos Espíritos pu- ros, também não qualifica apenas um Chico Xavier, uma Madre Tereza de Calcutá. Veja o que a mesma fonte nos in- forma, provocada por esta pergunta: Há pessoas que fazem o bem por um gesto espontâneo, sem que tenham a vencer algum sentimento contrário; têm elas igual mérito que as que têm de lutar contra sua própria natureza e que a superam? A resposta: “As que não têm que lutar é porque nelas o progresso está realizado, já lutaram outrora e triunfaram. Por isso, os bons sentimentos não lhes custam nenhum esforço, e suas ações parecem todas simples: o bem tornou-se para elas um hábito. Deve-se honrá-las como ve- lhos guerreiros que conquistaram suas posições.” E continuam eles: “Como estais ainda longe da perfeição, esses exemplos vos espantam pelo contras- te e os admirais tanto mais porque são raros. Mas, sabei bem, nos mundos mais avançados que o vosso, o que entre vós é uma exceção, lá é uma regra. Ali, o sentimento do Bem é es- pontâneo em todos, porque não são habitados senão por bons Espíritos, e uma só má intenção ali seria uma exceção monstruosa. Eis porque os homens lá são felizes e o será assim sobre a Terra quando a Humanidade estiver transformada, e quando com- preender e praticar a caridade na sua verdadeira acepção.” Quando o Espírito Joanna de Ân- gelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco (Antologia espiritual – Editora Alvorada), diz que “o ser nobre é aquele que reúne ao conheci- mento o sentimento superior, à cultu- ra o amor, de modo que os impulsos do primitivismo, que nele remanes- cem, sejam conduzidos pela bonda- de e contornados pela grandeza das conquistas morais”, está dizendo que pode ser virtuoso também aquele que, conquanto não tenha ainda vencido de todo suas tendências inferiores, empenha-se e consegue superá-las. Sermos virtuosos, contudo, re- quer que sejamos, sobretudo, bons, desapegados, caridosos. O Espírito Emmanuel, pela psicografia de Chi- co Xavier, (Alma e coração – Editora Pensamento), esclarece que “todas as virtudes, a rigor, têm a sua raiz no ato de dar.” E alinha: “Beneficência, doa- ção de recursos. Paciência, doação de tranquilidade. Tolerância, doação de entendimento. Sacrifício, doação de si mesmo.” E termina a sábia obser- vação, avisando que “em todo o Uni- verso, as Leis Divinas se baseiam em Amor, que é a onipresença de Deus em doações eternas.” João Batista Vaz “O ser nobre é aquele que reúne ao conhecimento o sentimento superior”

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Quando nos perguntamos qual a maior de todas as virtudes que podem qualificar a alma humana, vem-nos a resposta óbvia de que é a divina dig-nidade que poderia colocar o pobre mortal nos páramos celestes. Mas, feita a mesma pergunta aos Lumina-res espirituais (veja questão 893 de O Livro dos Espíritos), aprendemos que a virtude pode ser alcançada tam-bém pelo Espírito enquanto na carne, porque – dizem eles – “o sublime da virtude consiste no sacrifício do inte-resse pessoal para o bem do próximo, sem oculta intenção”, lição que nos

devolve a cotidiana impressão de que o homem pode, sim, ser virtuoso mes-mo no plano formal. Podemos nutrir a certeza de que também nós, enquan-to encarnados, com esforço próprio, fazemo-nos contemplados pela quali-ficação das virtudes da Terra, obvia-mente distantes das do céu.

Observam, ainda, os Codificado-res espirituais que todas as virtudes, ainda que terrenas, têm mérito, por-que todas são sinais de progresso no caminho do bem.

E, na mesma questão do LE, ex-primem eles outra observação que é extremamente desejável que arquive-

Março/2017 - Nº 59 - Ano VIVirtude

mos na memória para pronta disponi-bilização, visto que a todo momento somos solicitados a violentar a retidão da conduta. Aponta para esta frase: “Há virtude toda vez que há resistên-cia voluntária ao arrastamento das más tendências.” Vê-se que, se a vir-tude não está apenas nos Espíritos pu-ros, também não qualifica apenas um Chico Xavier, uma Madre Tereza de Calcutá.

Veja o que a mesma fonte nos in-forma, provocada por esta pergunta: Há pessoas que fazem o bem por um gesto espontâneo, sem que tenham a vencer algum sentimento contrário; têm elas igual mérito que as que têm de lutar contra sua própria natureza e que a superam? A resposta: “As que não têm que lutar é porque nelas o progresso está realizado, já lutaram outrora e triunfaram. Por isso, os bons sentimentos não lhes custam nenhum esforço, e suas ações parecem todas simples: o bem tornou-se para elas um

hábito. Deve-se honrá-las como ve-lhos guerreiros que conquistaram suas posições.” E continuam eles: “Como estais ainda longe da perfeição, esses exemplos vos espantam pelo contras-te e os admirais tanto mais porque são raros. Mas, sabei bem, nos mundos mais avançados que o vosso, o que entre vós é uma exceção, lá é uma regra. Ali, o sentimento do Bem é es-pontâneo em todos, porque não são habitados senão por bons Espíritos, e uma só má intenção ali seria uma exceção monstruosa. Eis porque os homens lá são felizes e o será assim sobre a Terra quando a Humanidade estiver transformada, e quando com-preender e praticar a caridade na sua

verdadeira acepção.”Quando o Espírito Joanna de Ân-

gelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco (Antologia espiritual – Editora Alvorada), diz que “o ser nobre é aquele que reúne ao conheci-mento o sentimento superior, à cultu-ra o amor, de modo que os impulsos do primitivismo, que nele remanes-cem, sejam conduzidos pela bonda-de e contornados pela grandeza das conquistas morais”, está dizendo que pode ser virtuoso também aquele que, conquanto não tenha ainda vencido de todo suas tendências inferiores, empenha-se e consegue superá-las.

Sermos virtuosos, contudo, re-quer que sejamos, sobretudo, bons, desapegados, caridosos. O Espírito Emmanuel, pela psicografia de Chi-co Xavier, (Alma e coração – Editora Pensamento), esclarece que “todas as virtudes, a rigor, têm a sua raiz no ato de dar.” E alinha: “Beneficência, doa-ção de recursos. Paciência, doação de tranquilidade. Tolerância, doação de entendimento. Sacrifício, doação de si mesmo.” E termina a sábia obser-vação, avisando que “em todo o Uni-verso, as Leis Divinas se baseiam em Amor, que é a onipresença de Deus em doações eternas.”

João Batista Vaz

“O ser nobre é aquele que reúne

ao conhecimento o sentimento superior”

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Pergunta: Prezado Felipe, já conversamos sobre culpa e remorso, em casos de cremação, comércio ilegal de órgãos,

esquartejamento, etc. Mas, desta vez, eu pergunto: o que acontece ao perispírito da pessoa carregada de culpa e remorso? Em que condições ela reencarnaria? – (Maura)

Resposta: Minha prezada amiga Maura, o espírito que assume, pelos seus atos

negativos, compromissos conscienciais, deverá se acertar com a própria consciência, conforme nos asseverou o Mestre Jesus: “A cada um, segundo as suas obras”. Portanto, de uma maneira ou de outra, haverá de, ele mesmo, criar os mecanismos pelos quais possa se ajustar perante a Lei de Deus. Cada um o fará de acordo com a gravidade do ato cometido e em conformidade com o mal que haja causado.

Como nos ensina o livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, três são as etapas no processo de resgate: arrependimento, expiação e reparação. Entretanto, a Misericórdia Suprema nos dá inúmeras maneiras de acerto, não necessariamente pela dor. Divide tudo em muitas reencarnações a fim de que o peso do nosso remorso não seja maior que as nossas forças. Sim, porque a Lei não quer cobrar por cobrar. Quer reeducar o faltoso. Assim, cuida de que

Você perguntaFelipe Salomão

Esta seção responde a perguntas dos leitores?haja mecanismos os mais diversos para que possamos quitar nossos débitos perante nós mesmos. Como disse o Apóstolo Pedro, em sua Epístola: “O amor cobre a multidão dos pecados.”

Por outro lado, como já lhe disse em outra oportunidade, os planejadores divinos têm recursos, que sequer desconfiamos, para recompor (ainda que provisoriamente) o corpo espiritual do reencarnante permitindo-lhe, por enquanto, a formação de um corpo material com as mínimas condições de vida.

Abraços.

Envie sua pergunta: [email protected].

Como Kardec recomendouOrson Peter Carrara - [email protected]

Como se sabe, Allan Kardec, na Codificação da Doutrina Espírita, procedeu com espírito investigativo, utilizando método científico de obser-vação, comparação, para expor suas conclusões e os resultados com base

na lógica, no bom senso, e na univer-salidade dos ensinos, isto é, na coe-rência e concordância das informa-ções recebidas em diversos lugares, simultaneamente, por médiuns desco-nhecidos entre si. Isto garantiu a soli-dez das revelações e sempre expondo tudo à luz do raciocínio.

Esse sábio critério utilizado pelo Codificador, que igualmente afirmou que quando alguma informação con-trariasse as conquistas da ciência, deveríamos abandonar esse ponto e ficar com a ciência, ao mesmo tempo que deveremos incorporar ao conhe-cimento as mesmas conquistas cien-tíficas, é insuperável, pois que a ciên-cia, ao longo do tempo, somente tem confirmado o que a Doutrina Espírita contém em seus fundamentos.

Eis que o pesquisador Dermeval Carinhana Jr., de Campinas, integran-te da ADE – Associação dos Divul-gadores do Espiritismo e do portal www.radioespirita.org.br , fez como

recomendou Kardec. No belo livro Confrontando a razão, assinado por Cairbar Schutel, atualmente esgota-do na editora, na psicografia de Alaor Borges Jr., Carinhana comentou capí-

tulo por capítulo (são capítulos bem compactos no conhecido estilo daque-le autor que, quando encarnado, pu-blicou obras de alto nível doutrinário), analisando o conteúdo psicografado e formando uma obra de referência para estudo e pesquisa do Espiritismo.

Buscando na fonte da Codificação e da Revista espírita, nos argumentos apresentados para comentar os capí-tulos psicografados, Dermeval faz um autêntico curso de Espiritismo, em seu caráter doutrinário de buscar as causas de determinadas afirmações e sua coerência com a realidade do espírito imortal, nas considerações apresentadas pelo espírito autor.

Ficou mesmo uma obra empol-gante. Toda a grandeza dos textos do Codificador, tanto na visão do espírito autor, como na análise dou-trinária de Carinhana, formou uma obra de referência, pelas indicações, pelas pequenas transcrições que em-basam os argumentos e comentários, como igualmente pela oportunidade de compreender ainda mais os fun-damentos doutrinários e os critérios do Codificador. Isso tudo sem falar, é lógico, na consistência do texto psico-grafado que forma o livro. Esperamos que breve esteja novamente disponí-vel.

A prudência é reco-mendada no velho

quesito das consultas espirituais

Há dois mil anos, Jesus, o Mes-tre incondicional, denotava um dos pilares de seu Evangelho, quando encontrou-se com a mulher adúltera, trazida pelos fariseus. Segundo a Lei mosaica, a mulher deveria ser ape-drejada até a morte. No entanto, Jesus

começou a escrever na areia e os fa-riseus instigaram-no a cumprir a Lei, para que caísse em contradição com seu Evangelho. O Mestre não podia ir contra a lei, mas também não po-deria aceitar que uma mulher, filha de Deus, fosse executada. Então Jesus disse-lhes: “Aquele que não tiver ne-nhum pecado, que atire a primeira pe-dra” e continuou escrevendo na areia. Os homens, começando pelos mais velhos, foram se afastando, um a um. Todos pecadores. O Mestre levantou--se e perguntou a ela onde estavam seus acusadores, dizendo-lhe: “Eu também não te condeno, vai e não peques mais” (Evangelho de João, Capítulo VIII, V. 1 a 11). Essa é uma profunda lição do perdão. E quem de nós nunca cometeu um pecado, um erro?

Na condição de Espíritos imper-feitos que somos, erramos e acerta-mos quando nos relacionamos com os outros. Mas, ainda temos dificuldades para assumir nossos erros. Temos di-ficuldades para enfrentar o orgulho e o egoísmo, os alvos contra os quais devemos dirigir nossas armas, nossas forças e nossa coragem.

Quando conseguimos assumir

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O orgulho e o egoís-mo (são) os alvos con-tra os quais devemos dirigir nossas armas

Remorso, arrependimento e misericórdia divinaAdolfo de Mendonça Junior

um erro, vêm o remorso e/ou arre-pendimento. O remorso é o prelúdio do castigo, do lamento, da penitên-cia. Ele determina o surgimento do complexo de culpa, levando a pessoa que tenha errado a crises nervosas, chegando até mesmo à loucura (Cf. MOTA JR, 1995).

Aquele que não se perdoa, que sente remorso de um erro que come-teu, se atormenta e sofre ainda mais, se sente perdido na escuridão do so-frimento. Não se perdoa, vivendo o complexo de culpa. Não contém suas emoções. Tem vergonha de si mes-mo. Vive no umbral de sua consci-ência. A culpa não equaciona nossos conflitos, ao contrário, o sentimento de culpa é somatizado, causando do-enças físicas. “O Espírito é quem dá à carne as qualidades correspondentes

ao seu instinto, tal como o artista que imprime à obra material o cunho do seu gênio” (KARDEC, 2013, p.81).

O remorso é um tormento, sen-timento que faz mal à alma. O arre-pendimento é o primeiro passo para a reabilitação diante de um erro co-metido. Ele é o reconhecimento de que se deve buscar uma nova postura, corrigir os caminhos, porque, ao re-conhecermos que erramos, nos arre-pendemos, tomando consciência da autoria maldosa. Mas, é preciso que expiemos e reparemos nossos erros. Allan Kardec definiu expiação como os sofrimentos físicos e morais, ou seja, uma espécie de autocastigo pe-noso, enquanto reparação é fazer o bem a quem se fez mal. Arrependi-mento é, porquanto, uma caracterís-tica da evolução espiritual.

A prece é um valioso instrumento de apoio a quem se arrependeu. Mas, é preciso ter fé, coragem, humildade e vontade de mudar. Não precisamos sofrer. A misericórdia divina sempre nos oferece novas oportunidades de reparar o mal cometido, sempre com amor.

Consoante João, o discípulo “O arrependimento sobe a Deus; e lhe é mais agradável que o fumo dos sacri-fícios e mais precioso que o incenso espalhado nos recintos sagrados. Se-melhante às tempestades que varam o ar, purificando-o, o arrependimento é um sofrimento fecundo, uma força reativa e atuante. Jesus santificou sua virtude, e as lágrimas de Madalena se espalharam como orvalho sobre os corações endurecidos que ignoravam a graça do perdão [...]” (KARDEC, 2007, p.306).

Santo Agostinho nos ensina que devemos todos os dias, antes de dor-mir, refletir sobre nossos atos, o que fizemos ou deixamos de fazer de bom ou ruim e repetir sempre aquilo que foi bem feito e corrigir todo mal. Pre-cisamos cultivar o arrependimento, orar mais, desenvolver nossa fé e sor-rir.

Referências bibliográficas:

KARDEC, Allan. Revista espírita - Jornal de estudos psicológicos, 1863. Tradução de Evandro Noleto. Rio de Janeiro: FEB, 2007.__________. O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo. Tradução de Manuel Justiniano Quin-tão, Brasília: FEB, 2013.MOTA JR., Eliseu Florentino da. Aborto sob a luz do Espiritismo. Casa Ed. O Clarim, 1995.

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Ei-lo!... Bocas de lodo espreitam-lhe o caminho,E enquanto vazam fel, achincalhe e veneno,Grita a inveja: “maldigo!” e a treva diz “condeno!”...Ele chega e faz luz, fatigado e sozinho.

Arde-lhe o peito opresso em férvido cadinho,Sofre a conflagração do chavascal terreno...Cai sustentando o bem, ferido, mas sereno,– Clarão acorrentado a torvo pelourinho.

Por amar e servir aos sonhos redentores,Tem chagas por lauréis e escárnios por louvores,E morre esfrangalhado a repelão perverso...

Mas do corpo tombado a vida se derrama!Ei-lo!... O herói redivivo – estrela, nume, flama! –,Bravo conquistador das glórias do Universo!...

Vencedor

O canto da poesia

Carlos BittencourtLivro: Poetas redivivos, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

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