Marcus Prado - Redação Discursiva - Ano 2012

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7/14/2019 Marcus Prado - Redação Discursiva - Ano 2012 http://slidepdf.com/reader/full/marcus-prado-redacao-discursiva-ano-2012 1/104 Marcus Prado EDITORA Sin t a g m a

Transcript of Marcus Prado - Redação Discursiva - Ano 2012

  • Marcus Prado

    EDITORASin t a g m a

  • Ed it o r aSINTAGMAB raslia l2012

  • 04/2012 - Editora Sintagma

    Ed it o r aSin ta g m a

    P896Prado, Marcus.

    Redao discursiva / Marcus Prado. - Braslia : Sintagma, 2012.

    116 p . ; 23 cm.

    1. Redao - Lngua portuguesa -Brasil. 2. Redao - Lngua portuguesa- Problemas, questes, exerccios - Brasil. I. Ttulo.

    CDU: 808.1(079.1)(81) CDD: 808.06634

    CapaGuilherme Alcntara

    Reviso Liv Chamma

    Ficha catalogrfica Kassandra Trindade - CRB - 1/1979

    Designer de livros Raquel Simon

    Editora Sintagma - SIG, Quadra 01, Lote 495, Braslia/DF Ed. Baro do Rio Branco - Sala 110 - CEP: 70610-410 - Tel.: (61) 3033 8475

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - De acordo com a Lei n 9.610, de 19.02.1998, nenhuma parte deste livro pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperao de informaes ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrnico ou mecnico sem o prvio consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor.

    EditorMarcos Pacco

    Conselho Editorial Liv Chamma Renata Ribeiro Ricardo Arajo Lucas Ribeiro

  • com m uito carinho e adm irao que dedico este livro

    m inha companheira, amante e amada esposa, Adriana do Prado, que

    sempre fo i uma pessoa que acreditou em rneu potencial de trabalho

    e na m inha capacidade de querer mais conhecimento, e aprimor-lo

    cada vez mais, alm de ter sido ju n to a m ini a idealizadora da teoria

    e de todo o material deste livro. No posso deixar tambm de dedi

    c-lo ao meu filh o amado, Marcus Levi, o meu m enininho garoto:

    um filh o abenoado de Deus em minha vida e de minha esposa; filh o

    este que o meu grande estmulo ao trabalho, que rejuvenesceu meu

    corao, deixando-m e como aquele hom em que vive o primeiro amor.

    Dedico ainda aos meus estimados alunos que admiram m eu trabalho

    e podero, atravs deste livro, ter sucesso nas provas de redao que

    forem prestar. Antes de tudo e de todos, esta obra uma dedicatria ao

    meu Deus, que m eperm itiu e me deu como presente e responsabilidade

    a minha bela fam lia. Toda a honra e toda a glria a Deus!

  • elato inicialmente que antes de comear, em cada dia

    de trabalho, a confeco desta obra, prostrava-me em orao a D eus,

    dizendo: Eis-me aqui, toma-me, pois estou rendido tua vontade.

    Faa com que eu seja instrumento em tuas mos e que minhas mos

    sejam instrumentos de bnos na vida daquele que precisar do con

    hecim ento contido nesta obra para conseguir o to almejado sonho:

    fa zer um timo texto em uma prova de c o n c u r so R e la to isso, pois

    a D eus a quem agradeo o conhecim ento dado a mim, os professores

    - i n s t r u m e n t o s q u e Ele usou para que eu soubesse o que sei hoje,

    as vrias horas e dias de estudo que m e Ele me perm itiu ter para que

    pudesse aprimorar m eu conhecimento. Agradeo a E le as pessoas to

    importantes que contriburam para que eu chegasse at aqui, como

    meus pais - Valdir Coelho e Maria Auxiliadora minha tia Beth,

    m eus amigos insubstituveis, como o Fagner Ribeiro, que est hoje na

    Austrlia. Em especial, agradeo a D eus a fam lia que Ele me perm itiu

    formar, a minha av Rosa Amlia, os meus sogros - M arques D ias e

    A lzira - e um grande cunhado e sua fam lia , que ajudaram a m im e

    a m inha fam lia em momentos de grande importncia e de dificuldades:

    Cristovam do Esprito Santo. Agradeo aos meus queridos alunos de

    G oinia-G O e Palmas-TO, que sempre me receberam to bem., alm

    dos alunos de outros estados, como os do Rio Grande do Sul. Agradeo

    a D eus a vida de todos.

  • Sumrio

    Apresentao, 11

    Prefcio, 13

    CAPTULOS

    1. O que necessrio para dissertar de forma argumentativa?, 15

    2. A e s tru tu ra tex tual dissertativa, 23

    3. O estudo dos pargrafos, 31

    4. O que necessrio para dissertar de forma argumentativa?, 39

    5. A diferena entre fato e tese (opinio), 45

    6. Estudo da tese, 51

    7. Como posso enriquecer o m eu texto dissertativo, 57

    8. D iferentes formas de se comear um a redao, 69

    9. Como desenvolver pargrafos, 73

    10. As falcias, 91

    11. Propostas de redao com texto elaborado pelo professor, 97

    12. Exercitando a redao, 105

  • Apresentao

    Por que devo aprender o bsico para depois aperfeioar a minha escrita?

    Estimado concursando, tudo tem um incio e nada se constri sem termos uma boa base para nos apoiar. Assim com a escrita, principalmente dos textos mais cobrados nos concursos. O que propomos oferecer-lhe o necessrio para que voc crie seu estilo prprio, mas consciente de que sua criao foi feita com base em outras criaes.

    preciso ler outros textos para encontrarmos o caminho, por isso, neste material, h vrios textos de diversas fontes para serem estudados e pesquisados. H tambm fontes do seu orientador, eu, como exemplos didticos, visto que na fonte miditica tm-se muitos equvocos quanto estrutura discursiva. . ;

    Alm de textos, teremos modalidades de exerccios e parte tericas para entendermos o porqu de tudo. Em nenhum momento tem-se a pretenso da perfeio, mas, sim, a busca do suficiente para sermos concorrentes nessa briga por um vaga pblica.

    O que preciso entender primeiro?a) Que tipo de texto cobrado nos concursos?

    b) Como reconhecer essa estrutura e saber conduzi-la (identificar realmente uma introduo dissertativa-argumentativa, desenvolvimento compatvel com a introduo e concluso compatvel com o desenvolvimento, que est automaticamente amarrado introduo, como se fosse algo cclico.)

  • c) Como enriquecer seus textos?

    d) E como reconhecer outros textos dentro do seu texto?

    e) Como utilizar as tcnicas das aulas expositivas, correo de redao as do professor?

  • Prefcio

    A ntes de falar sobre os objetivos desta obra, gostaria de compartilhar parte de minha vida para que entendam o que me levou a criar este livro. Comecei minha vida acadmica cursando Odontologia e paralelamente lecionava, na rede Anglo de Ensino, aulas de Lngua Portuguesa, matria esta que sempre amei e que tive prazer em ensinar. medida que dava mais aulas, adentrava outras redes particulares de ensino e ia me embrenhando na vida em sala de aula, tal amor foi aumentando e a necessidade de buscar mais conhecimento tomava conta de meus pensamentos. Deixei a Odontologia, depois de dois anos de curso, e fui cursar Letras Portugus/Ingls, que conclu. Tal mudana no foi bem aceita pelos meus pais e parentes, pois a ideia de que um curso de Letras no poderia trazer muito sucesso e prosperidade financeira era o maior preconceito que enfrentava todos os dias. Entretanto, eu acreditava que dar aulas com dedicao, com a busca cada vez maior pelo aperfeioamento de contedo e pela didtica, poderia me dar o que me completaria plenamente: a satisfao profissional e a prosperidade financeira. E foi o que trilhei em minha vida acadmica e profissional. Os anos foram se passando. Frustraes e alegrias ocorreram simultaneamente. A alegria e o sofrimento foram caminhos justapostos que percorri durante anos: lidar com educao no fcil no Brasil devido a fatores ligados ao governo , estrutura da escola, famlia do aluno e ao prprio aluno. Mas continuei minha busca e as alegrias se tornaram mais freqentes que as decepes e as frustraes. Depois de anos no ensino mdio e em pr- -vestibular lecionando gramtica, interpretao, literatura e redao, surgiu a oportunidade inesperada de dar aulas de gramtica em um preparatrio para concursos pblicos em um ms em que eu estava em frias. Era algo novo e bem diferente de tudo o que eu havia trabalhado - inclusive de aulas

  • que havia dado tambm na universidade mas estimulante e desafiador, pois eu me deparei com um pblico diversificado quanto a cultura e a necessidades. A vontade de ensinar passou rapidamente em meu esprito, levando-me a um rejuvenescimento; o Portugus, para muitos, era uma barreira intransponvel, que poderia afast-los de um cargo pblico. Sempre gostei do que era desafio e me prontifiquei a estudar provas de concursos e a prpria lngua quanto norma, interpretao e escrita como nunca havia feito antes. Queria criar uma metodologia que fizesse meu aluno alcanar os objetivos to almejados: cargos pblicos. Foi ento que durante meses de dedicao e com a experincia adquirida no ensino mdio criei uma metodologia muito fcil e inovadora de ensinar gramtica, interpretao e redao,

    Esta obra que trata da Redao Discursiva especificamente fruto de vrios anos de estudo de autores renomados na rea de anlise de texto e produo textual e de ministrao de cursos especficos de redao para concursos. um contedo projetado por mim e pela minha esposa - tambm formada em minha rea que visa levar o aluno a criar um texto a partir de um projeto textual bem direcionado, controlado, criativo e com caractersticas distintas de tudo o que h no mercado de preparatrio em Redao para concursos. Isso levar voc, meu estimado concursando, a criar um texto diferenciado de seu concorrente, um texto inovador, de tamanha dimenso, que o examinador do concurso que voc ir prestar ser satisfatoriamente obrigado a dar a voc a pontuao to buscada depois de semanas de estudo. Tenha cincia de que a arte da escrita no fcil, mas nada melhor do que um bom livro e um professor dedicado para lev-lo quilo a que aspira tanto: ter o governo como patro.

    Siga todos os caminhos programados e explicados a voc neste livro, no se desviando hora alguma do que foi determinado e ensinado a voc, mesmo nos momentos em que as dificuldades parecerem intransponveis. Alis, nesses momentos que dever se lembrar das dificuldades que enfrentei, e que cada uma delas serviu para que eu quisesse mais. E foi na busca do mais que hoje consegui chegar minha realizao pessoal em todos os mbitos. Voc tambm ser capaz! Tenho f em Cristo que aquele que busca passa a ser merecedor daquilo que almeja para a sua vida.

    Vamos trabalhar!

  • O que necessrio para dissertar de

    forma argumentativa?

    A dissertao o texto mais exigido, pois nela pde-se perceber se o' t ' r

    candidato tem autonomia no que pensa e no que escreve. E preciso contedo e uma boa base. Mas o que a dissertao como tipo de texto?

    Dissertao um texto que se caracteriza pela exposio, defesa de uma ideia que ser analisada e discutida a partir de um ponto de vista. Para tal defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com dados, os quais utiliza para reforar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias. Organiza-se, geralmente, em trs partes:

    Introduo - Onde voc apresentar uma tese em que ir defend-lar

    at o fim de seu texto. E no pargrafo introdutrio que voc criar o caminho dos argumentos, direcionando-os para que no percam o foco.

  • Marcus Prado

    Desenvolvimento ou argumentao - Pargrafo em que ir desenvolver seu ponto de vista. Para isso, deve argumentar, fornecer dados, trabalhar exemplos, se necessrio, ou seja, devem-se apresentar as tcnicas para enriquecer os argumentos.

    Concluso - Pargrafo em que dar um fecho coerente com o desenvolvimento e com os argumentos apresentados. Em geral, a concluso uma retomada da ideia apresentada na introduo, agora com mais nfase, de forma mais conclusiva, onde no deve aparecer nenhuma ideia nova, uma vez que voc est fechando o texto.

    O texto dissertativo argumentativo destina-se ao chamado "leitor universal" ou seja, a qualquer pessoa que tenha acesso a ele. Por Isso recomenda-se o uso da terceira pessoa, a no ser que a proposta deixe claro que deva-se usar a primeira pessoa, como o caso de um artigo de opinio.

    E o gnero argumentativo?

    No texto dissertativo, o autor discorre sobre determinado tema explicando cada parte. Geralmente, a dissertao est relacionada com a transmisso de conhecimento, e no com a persuaso sobre um ponto de vista. De outro lado, encontram-se os textos argumentativos que, como veremos, visam primordialmente defesa de uma opinio. O texto disser- tativo-argumentativo aquele que, alm de trazer informaes e explicaes sobre determinado assunto, traz tambm o posicionamento do autor no sentido de persuadir o interlocutor. Para isso, tm-se as tcnicas para a persuaso.

    Assim como os textos argumentativos, convencionalmente, dividem-se em trs partes (introduo, desenvolvimento e concluso). H o predomnio da linguagem clara, objetiva e impessoal apresentada com o uso do padro culto e formal.

    O texto dissertativo faz parte da tipologia textual e possui caractersticas prprias que o torna um gnero opinativo. Mas antes mesmo de enten-

    16\StN TAM A

  • Redao Discursiva

    dermos o todo, preciso conceituar o bsico. Nossos compndios e manuais da lngua portuguesa no costumam distinguir a dissertao da argumentao, considerando esta apenas momentos daquela. No entanto, uma e outra tm caractersticas prprias. Se a primeira tem como propsito principal expor ou explanar, explicar ou interpretar ideias, a segunda visa sobretudo a convencer, a persuadir ou a influenciar o leitor ou o ouvinte. Tentamos fazer com que o outro acredite em ns, para isso usamos do recurso da argumentao.

    Na dissertao podemos expor, sem combater ideias de que discordamos ou que nos so indiferentes. Podemos explanar sobre as questes do trnsito brasileiro sem contudo analisar verdades ou falsidades, sem pensarmos em convencer algum de alguma coisa dentro do tema analisado.O caminho ento ficaria aberto ao leitor para decidir. J na argumentao, apresentam-se as razes, as vantagens ou as desvantagens, as evidncias das provas, tudo luz de um raciocnio coerente e consistente.

    Agora vejamos as palavras-chave dentro de um texto dissertativo:

    O Trem Pequi

    A recente notcia sobre a implantao de uma linha ferroviria de mdia velocidade entre Goinia e Braslia, (tema do texto) bucolicamente denominada Trem Pequi, merece aplauso em sua inteno, mas recomendaes aos gestos que doravante sero necessrios materializao da ideia (tese do autor).

    COMENTRIO

    17 ' iS5NTA V.A

  • Marcus Prado

    A primeira questo que se apresenta para ser superada de ordem econmica, pois qualquer proposta de infraestrutura ferroviria atraiautomtica resistncia do poderoso setor industrial automobilstico e de

    t

    seus derivados (autopeas, borracha, vidros, lubrificantes, combustveis, betumes, minrios etc.). Basta recorrermos histria, especialmente a partir de 1950, e verificar que foi este o setor que mereceu incentivos prioritrios no ps-guerra para que fosse consolidado como base do novo modelo econmico brasileiro, at hoje predominante como opo nas polticas de transportes brasileiras, (veja que ainda dissertativo, constri a defesa de sua tese)

    Este molde de gesto, desde ento adotado como indutor do desenvolvimento econmico brasileiro, resultou em dois vetores diametralmente opostos, hoje consolidados e em contnua progresso. De um lado incrementou magnificamente o sistema rodovirio brasileiro, que passou de aproximadamente 38 mil (1950) para 1,6 milho de quilmetros de extenso (2000). Na outra ponta> a mesma poltica desestimulou o sistema ferrovirio, que regrediu de 35 mil (1945) para 29,7 mil quilmetros de extenso em rede (2000), conforme anota Juciara Rodrigues em seu 500 Anos de Trnsito no Brasil - praticamente a mesma quilometragem ferroviria do Japo que, alm de ser 23 vezes menor que o Brasil, possui topografia adversa, montanhosa em 71% de seu territrio.

    A segunda questo que se nos apresenta tem nuana cultural. No Brasil, transporte sobre trilhos pouco aceitvel porque remete ideia de velocidade moderada, custos vultosos, esttica proletria, ambiente rural, filmes western e cheiro de carvo, tipo coisa ultrapassada. Trata-se de incul- cao ideolgica competentemente construda pelo marketing da indstria sobre rodas, cuja ao inicial se notabilizou com a deliberada destruio{Ejgk

    f q 8tINITACWA

  • Redao Discursiva

    dos sistemas de bondes urbanos de So Paulo e Rio de Janeiro, culminando com o sucateamento da indstria de vages e locomotivas e a privatizao de seus setores estatais, (veja que o pargrafo apresenta argumentao, pois diferencia seu pensamento para que o leitor pense na situao, logo podemos refutar com facilidade)

    Essa aparente obsolescncia muda um pouco na medida em que se popularizam as novas tecnologias de transportes sobre trilhos, sobretudo os europeus e asiticos - o trem-bala, o shinkansen japons e outros sofisticados de altas velocidades e designers arrojados, (ainda dissertativo). De fato, esses modernos modais nos permitem retomar a simpatia pelo sistema, cuja eficincia j experimentada nos ambientes urbanos metrovirios existentes nas grandes cidades brasileiras, (finalizou como dissertativo)

    Portanto, a proposta do Trem Pequi surge nesse contexto ftico , num pas que continua priorizando o transporte rodovirio, sobretudo o individual, com sucessivas isenes tributrias e fiscais, e com menos trilhos hoje que h 50 anos. A isso se agregam as demandas acumuladas dos transportes sobre rodas, espelhadas nas rodovias mal conservadas, nos altos custos sociais traduzidos na expressiva acidentalidade viria, mas tambm na capital do Estado, cujas polticas de mobilidade ainda tangem a improvisao.' (texto dissertativo com suaves pinceladas de argumentao)

    Como te r am os um p a r g ra fo in t ro d u t r io d is se r ta - t ivo-argum enta tivo?

    O Trem Pequi (ttulo sugestivo argumentao)

    A recente notcia sobre a implantao de uma linha ferroviria de mdia velocidade entre Goinia e Braslia, antigo projeto de empresrios italianos, mostra que a ideia de ligar as duas cidades em alta velocidade uma utopia realizvel - assim como a soluo do problema de saneamento bsico em guas Lindas. Bucolicamente denominada Trem Pequi, merece

    ' Antenor Pinheiro jornalista e presidente do Conselho Estadual deTrnsito!Cetran-GO

    19

  • Marcus Prado

    aplauso em sua inteno, mas recomendaes aos gestos que doravante sero necessrios materializao da ideia. No bastam discursos politiqueiros e motivos de campanhas, preciso o esprito do bom selvagem de Rousseau para pensar no coletivo sem paixes e interesses unvocos.

    COMENTRIO: : : interessante notar que, no ltimo perodo, optou-se por no usar uma :

    Outra:

    FOLHETIM POLTICO

    O fantasma

    provvel que a maioria dos jovens, hoje, nem tenha ouvido falar da comunicao por telex. Pois bem: ela era grande novidade no incio da dcada de 1960. Um dos primeiros aparelhos de telex instalados em Goinia

    S IN T A G V .A

  • Redao Discursiva

    destinou-se a servir secretaria do Governo, que funcionava em sala anexa ao gabinete do ento governador Mauro Borges, no Palcio das Esmeraldas. Numa das primeiras madrugadas aps a instalao do aparelho, um policial que estava de guarda no Palcio percebeu um barulho e foi ver de que se tratava. O barulho originava-se da sala em que estava o telex, que ele no conhecia ainda. Entrou na sala e viu a mquina escrevendo sozinha. Saiu correndo, esbaforido, supondo que acabara de presenciar a invaso, do Palcio, por um fantasma.

    COMENTRIO * * * : S*!.* > * . . # . . . * v . . , . * , * * I A M M V ............ ...y. ,

  • A estrutura textualdissertativa

    BASES CONCEITUAIS

    Apresentao textual

    Legibilidade e erro

    Escreva sempre com letra legvel. Prefira a letra cursiva. A letra imprensa poder ser usada desde que se distingam bem as iniciais maisculas e minsculas. No caso de erro, risque com um trao simples o trecho ou o sinal grfico e escreva o respectivo substituto. Lembre-se de que a rasura pode ser tratada como erro por parte dos analisadores de sua redao.

    iINTAMA

  • Marcus Prado

    Respeito s margens e indicao dos pargrafos

    Para dar incio aos pargrafos, d o espao de mais ou menos dois centmetros, pois suficiente. Observe as margens esquerda e direita na folha para o texto definitivo. No crie outras. No deixe buracos no texto. Na transiineao, obedea s regras de diviso silbica.

    Limite mximo de linhas

    Alm de escrever seu texto em local devido (folha definitiva), respeite o limite mximo de linhas destinadas a cada parte da prova, conforme orientao da banca. As linhas que ultrapassarem o limite mximo sero desconsideradas e at mesmo ser penalizado o aluno na nota conforme o que estiver especificado em edital.

    Eliminao do candidato

    Seu texto poder ser desconsiderado nas seguintes situaes:- ultrapassagem do limite mximo de linhas;- ausncia de texto: quando o candidato no faz seu texto na folha

    oficial;- fuga total ao tema: analise cuidadosamente a proposta apresentada.

    Estruture seu texto m conformidade com as orientaes explicitadas no caderno da prova discursiva.

    Registros indevidos: anotaes do tipo fim, the end, O senhor meu pastor, nada me faltar ou recados ao examinador, rubricas e desenhos.

    E S T R U T U R A TEXTUAL DISSERTATIVA

    No d ttulo ao texto (a no ser que a folha de instrues da prova pea o ttulo a voc); logo, comece na lnha 1 da folha definitiva o seu pargrafo de introduo.

    SlfTAtM A

  • Redao Discursiva

    Estrutura clssica do texto dissertativo

    In t ro d u o a d e q u a d a ao te m a 1 p o s ic io n a m e n to

    Apresenta a ideia que vai ser discutida, a tese a ser defendida. Cabe introduo situar o leitor a respeito da postura ideolgica de quem o redige acerca de determinado assunto. Deve conter a tese e as generalidades que sero aprofundadas ao longo do desenvolvimento do texto. O importante que a sua introduo seja completa e esteja em consonncia com os critrios de paragrafao. No misture as ideias que usar para provar a sua tese, caso seja um principiante na arte da argumentao (veremos mais frente uma proposta estrutural para seu texto).

    D esenvo lv im en to

    Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detidamente as ideias e exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento. No desenvolvimento, organizamos o pensamento em favor da tese. Cada pargrafo (e o texto) pode ser organizado de diferentes maneiras:

    estabelecimento das relaes de causa e efeito: motivos, razes, fundamentos, alicerces, os porqus/consequncias, efeitos, repercusses, reflexos;

    estabelecimento de comparaes e contrastes: diferenas e semelhanas entre elementos - de um lado, de outro lado, em contraste, ao contrrio;

    enumeraes e exemplificaces: indicao de fatores, funes ou elementos que esclarecem ou reforam uma afirmao.

    F e c h a m e n to do tex to de fo rm a co e re n te

    Retoma ou reafirma todas as ideias apresentadas e discutidas no desenvolvimento, tomando uma posio acerca do problema, da tese, ou seja, uma retomada direta ou indireta da introduo. tambm um momento de expanso, desde que se mantenha uma conexo lgica entre as ideias.

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    SlNTAM A

  • Marcus Prado

    . ..

    indicam ao

    portav>s.crey flU^.escritorprQfiie

    Desenvolvimento do tema

    E stab e lec im en to de conexes lgicas e n tre os a r g u m entos

    Apresentao dos argumentos de forma ordenada, com anlise detida das ideias e exemplificao de maneira rica e suficiente do pensamento. Para garantir as devidas conexes entre perodos, pargrafos e argumentos, devemos empregar os elementos responsveis pela coerncia e unicidade, tais como operadores de sequenciao, conectores, pronomes. Procure garantir a unidade temtica.

    O bjetiv idade de a rg u m e n ta o f re n te ao tem a 1 posic io n am en to

    O texto precisa ser articulado com base nas informaes essenciais que desenvolvero o tema proposto. Dispensar as ideias excessivas e perifricas. Planejar previamente a redao definindo antecipadamente o que deve ser feito. Recorrer ao banco de ideias um passo importante. Listar as ideias que lhe vier cabea sobre o tema. Estabelecer a tese que ser defendida. Selecionar cuidadosamente entre as ideias listadas aquelas que delimitaro o tema e defendero o seu posicionamento.

  • Redao Discursiva

    E stab e lec im en to de u m a p ro g re ss iv id a d e te x tu a l em re lao seq n c ia lgica do p e n sa m e n to

    O texto deve apresentar coerncia seqencial satisfatria. Quando se proceder seleo dos argumentos no banco de ideias, deve-se classific-los segundo a fora para convencer o leitor, partindo dos menos fortes para os mais fortes.

    Carssimos, possvel (e bem mais tranqilo) desenvolver um texto dissertativo a partir da elaborao de esquemas. Por mais simples que lhes parea, a redao elaborada a partir de esquema permite-lhes desenvolver o texto com seqncia lgica, de acordo com os critrios exigidos no comando da questo (nmero de linhas, por exemplo).

    S ugesto de p ro d u o de te x to com base em esquem as

    ESQUEMA BSICO DA DISSERTAO

    Io pargrafo: TESE + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3

    2o pargrafo: desenvolvimento do argumento 1

    3o pargrafo: desenvolvimento do argumento 2

    4o pargrafo: desenvolvimento do argumento 3

    5o pargrafo: retomada da tese + reafirmao do tema + observao final

    TEMA: Chegando oo terceiro milnio, o homem ainda no conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.

    POR QU? No com intuito de prestar causas e conseqncias, mas apenas para incentivar o raciocnio.

    arg. 1: Existem populaes imersas em completa misria. arg. 2: A paz interrompida frequentemente por conflitos internacionais. arg. 3: O meio ambiente encontra-se ameaado por srio desequilbrio

    ecolgico.

    27

    ta

    * i

    Sintagma.

  • Marcus Prado

    Veja um exemplo de introduo com um pargrafo de desenvolvimento com base no tema dado anteriormente.

    O Serto vai virar mar, e o mar virar serto? Previses catastrficas em livros e filmes tm aproximado a fico da realidade. O desequilbrio ecolgico evidente e amendrontador. Como se no bastasse, o acmulo de tantas misrias poder desencadear com rapidez o que o mundo teme: a extino total do pouco que ainda resta de civilidade. Com certeza conflitos internacionais so um sinal de que no h dilogos para amenizarem tantas diferenas. natureza vai recebendo tantas agresses, mas a resposta pode estar prxima ao que a fico chamou de 2012.

    Lotam-se as salas de cinemas para o lanamento de um dos filmes mais esperados pelo pblico. A crtica demonstra empolgao quanto ao roteiro e efeitos especiais, e aqueles que assistem ao filme se sentem impotentes ao que para muitos est prximo a acontecer. Os desequilbrios ambientais j no so novidade e mesmo assim tanta tecnologia no consegue superar o medo de que ainda h de um colapso ambiental.

    SlNTAOMA

    28

  • Redao Discursiva

    Como forma de exerccio, construa o restante dos pargrafos de desenvolvimento e a concluso com base na introduo e no primeiro pargrafo de desenvolvimento dados a voc.

  • O estudo dos pargrafos

    Alm da estrutura global do texto dissertati vo-argumentati vo, importante conhecer a estrutura de uma de suas unidades bsicas: o pargrafo.

    Pargrafo uma unidade de txto organizada em torno de uma ideia- -ncleo, que desenvolvida por ideias secundrias. O pargrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho varivel. No texto d i ssertati vo-argumentati vo os pargrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na introduo. Embora existam diferentes formas de organizao de pargrafos, os textos dissertativos-argumentativos e alguns gneros jornalsticos apresentam uma estrutura padro. Essa estrutura consiste em trs partes: a ideia-ncleo, as ideias secundrias (que desenvolvem a ideia-ncleo) e a concluso. Em pargrafos curtos, raro haver concluso.

  • Marcus Prado

    Outro aspecto que merece especial ateno so os elementos rela- cionadores, isto , os conectores ou conetivos. Eles so responsveis pela coeso do texto e tornam a leitura mais fluente; visam estabelecer um encadeam ento lgico entre as ideias e servem de elo entre os pargrafos, ou entre as ideias no interior do perodo e entre o tpico que o antecede. Saber us-los com preciso, tanto no interior da frase quanto ao passar de um enunciado para outro uma exigncia tambm para a clareza do texto. Sem esses conectores - pronomes relativos, conjunes, advrbios, preposies, palavras denotativas - as ideias no fluem; muitas vezes, o pensamento no se completa e o texto torna-se obscuro, sem coerncia.

    /

    Os elementos relacionadores no so, todavia, obrigatrios; geralmente esto presentes a partir do segundo pargrafo. No exemplo a seguir, o pargrafo demonstrativo certamente no constitui o Io pargrafo de uma redao.

    E x em p lo de u m p a r g ra fo e su as d iv ises

    Nesse contexto, um grave erro a liberao da maconha. Provocar de imediato violenta elevao do consumo. O Estado perder o precrio controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrpicas e nossas instituies de recuperao de viciados no tero estrutura suficiente para atender a demanda. Enfim, viveremos o caos.

    (Alberto Corazza, Isto , com adaptaes)

    Elemento relacionador: Nesse contexto, (os elementos sublinhados trabalham a relao coerente entre as ideias).

    Tpico frasal: ... um grave erro a liberao da maconha.

    Desenvolvimento: Provocar de imediato violenta elevao do consumo. O Estado perder o precrio controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrpicas e nossas instituies de recuperao de viciados no tero estrutura suficiente para atender demanda.

    9 Concluso: Enfim, viveremos o caos.

  • Redao Discursiva

    A estruturao do pargrafo

    P a r g ra fo -p a d r o

    O pargrafo-padro uma unidade de composio constituda por um ou mais de um perodo, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundrias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

    O pargrafo indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua composio, permitindo ao leitor acom- panhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estgios.

    O ta m a n h o do p a r g ra fo

    Os pargrafos so moldveis como a argila, podem ser aumentados ou diminudos conforme o tipo de redao, o leitor e o veculo de comunicao em que o texto ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos pargrafos, dar colorido especial ao texto, captando a ateno do leitor, do comeo ao fim. Em princpio, o pargrafo mais longo que o perodo e menor que uma pgina impressa no livro, e a regra geral para determinar o tamanho o bom senso.

    Pargrafos curtos - prprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formao cultural. A notcia possui pargrafos curtos em colunas estreitas, j artigos e editoriais costumam ter pargrafos mais longos. Revistas populares, livros didticos desti-

    *

    nados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam pargrafos curtos. Quando o pargrafo muito longo, o escritor deve dividi-lo em pargrafos menores, seguindo critrio claro e definido. O pargrafo curto tambm empregado para movimentar o texto, no meio de longos pargrafos, ou para enfatizar uma ideia,

    Pargrafos mdios - comuns em revistas e livros didticos destinados a um leitor de nvel mdio (2o grau). Cada pargrafo mdio construdo com trs perodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada pgina de livro cabem cerca de trs pargrafos mdios.

    S i n t a g m a

    33

  • Marcus Prado

    Pargrafos longos - em geral, as obras cientficas e acadmicas possuem longos pargrafos, por trs razes: os textos so grandes e consomem muitas pginas; as explicaes so complexas e exigem vrias ideias e especificaes, ocupando mais espao; os leitores possuem capacidade e flego para acompanh-los.

    Tpico frasa l

    A ideia central do pargrafo enunciada atravs do perodo denominado tpico frasal (tambm chamado de frase-sntese ou perodo tpico). Esse perodo orienta ou governa o resto do pargrafo; dele nascem outros perodos secundrios ou perifricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construo do pargrafo; ele o perodo mestre, que contm a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a ateno do leitor diretamente para o tema central, o tpico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocnio do escritor; como a tese, o tpico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a ideia central com o potencial de gerar ideias-filhote; como a tese, o tpico frasal enunciao argumentvel, afirmao ou hegao que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicao, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o pargrafo ou apresentar um raciocnio completo. Assim, o tpico frasal enunciao, supe desdobramento ou explicao.

    A ideia central ou tpico frasal geralmente vem no comeo do pargrafo, seguida de outros perodos que a explicam ou a detalham.

    Ao cuidar do gado, o peo monta e governa os cavalos sem maltrat-los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que pacincia e muitos exerccios so os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que no se pode exigir mais do que esperado.

    34 i\SlNTACMA

  • Redao Discursiva

    A distribuio de renda no Brasil injusta. Embora a renda per capita brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de

    vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salrio mnimo, que vale U $ $ 112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salrio

    mnimo. Dividindo essa pequena quantia por uma famlia onde h crianas e mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o nmero de desempregados, a renda diminui um pouco mais. H pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras

    ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuio de renda em nosso pas injusta.

    Tpico frasa l desenvolv ido p o r e n u m e ra o

    Trata de enumerar os elementos concretos da discusso ou que ainda podem ser discutidos.

    A televiso, apesar das crticas que recebe, tem trazido muitos benefcios s pessoas, tais como: informao por meio de noticirios que mostram o que acontece de importante em qualquer parte do mundo; diverso atravs de programas de entretenimento (shows, competies esportivas); cultura por meio de filmes, debates, cursos.

    Tpico frasa l desenvolv ido p o r con fron to

    Trata-se de estabelecer um confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenas, seja do paralelo das semelhanas.

    35

  • Marcus Prado

    Embora a vida real no seja um jogo, mas algo muito srio, o xadrez

    pode ilustrar o fato de que, numa relao entre pais e filhos, no se

    pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta anterior, pois o jogador no pode seguir

    seu plano sem considerar os contra-ataques do adversrio, seno ser

    prontamente abatido. 0 mesmo acontecer com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de agir s respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanas da situao

    geral, na medida em que se apresentam.

    Tpico f ra s a l d esen v o lv id o p o r razes = c a u sa e c o n se q n c ia ou c a u sa e efeito

    No desenvolvimento apresentamos as razes, os motivos que comprovam o que afirmamos no tpico frasal.

    As adivinhaes agradam particularmente s crianas. Por que

    isso acontece de maneira to generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simblica, da experincia infantil de conquista da realidade. Para uma criana, o mundo est cheio de objetos m isteriosos, de acontecimentos incom preensveis, de figuras indecifrveis. A prpria presena da criana no mundo , para ela, uma adivinhao a ser resolvida. Da o prazer de expe

    rimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoo da

    procura da surpresa.

    T pico f ra sa l d esen v o lv id o p o r an lise

    a diviso do todo em partes.

    S i n t a g m a

    36

  • Redao Discursiva

    Quatro funes bsicas tm sido atribudas aos meios de comunicao: informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito difuso de notcias, relatos e comentrios sobre a realidade. A segunda atende procura de distrao, de evaso, de divertimento por parte do pblico. A terceira procura persuadir o indivduo, convenc-lo a adquirir certo produto, A quarta realizada de modo intencional ou no, por meio de material que contribui para a formao do indivduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos.

    Tpico fra sa l desenvo lv ido pe la exem plificao

    Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tpico frasal por meio de exemplos.

    A imaginao utpica e inerente ao homem sempre existiu e continuar existindo. Sua presena uma constante em diferentes momentos histricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenas que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraso a alcanar; nas teorias de filsofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que sejamos realistas, exijamos o impossvel.

    U N TA C M A

  • O que necessrio para dissertar de forma

    argumentativa?

    O QUE PR E C ISO SABER PARA DISSERTAR?

    1. Dissertao: dialogar com o outro numa tentativa de se mostrar

    presente quanto opinio. No h aqui uma tentativa de persuaso,

    somente uma expresso como resposta ao outro que provocou uma

    tomada de posio.r

    2. Argumentao: E tambm um dilogo, mas numa presena impo-

    sitiva, insistente, s vezes, autoritria, religiosa, machista, feminista

    etc. Tudo com o objetivo de convencer o outro. Existem vrios

    recursos para movimentar o convencimento.

    39

  • Marcus Prado

    3. Dissertao-argumentativa: a exposio de uma opinio com objetivos claros para tentar convencer algum de algo exposto no possvel conflito.

    4. Assunto: Para uma boa compreenso do que se leu em uma coletnea ou trecho em sua prova, deve-se perceber do que se trata de modo geral.

    5. Tema: Aps a leitura do assunto, devemos especificar esse assunto, aquilo que realmente usaremos para iniciar a tese.

    6. Tese: Pegue o tema e acrescente sua opinio sobre ele, posicionando-se, mas sem explicaes ou exemplos. Seria um raciocnio diferente sobre o que pedido, um olhar diferenciado, menos comum possvel, mas lgico e interessante de se pensar.

    C onceitos bsicos e necess rio s

    Aps a leitura de uma coletnea ou trecho da prova dissertativa, preciso pensar no assunto, tema e tese antes mesmo de iniciarmos nossa introduo. Isso uma forma de organizar nosso raciocnio.

    Yejainos:

    Texto 1

    Corrupo cultural ou organizada?I *

    Renato Janine Ribeiro2

    Precisamos evitar que a necessria indignao com as microcor- rupes culturais nos leve a ignorar a grande corrupo, Ficamos muito atentos, nos ltimos anos, a um tipo de corrupo que muito freqente em nossa sociedade: o pequeno ato, que muitos praticam, de pedir um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum para obter uma vantagem pessoal. Foi e importante prestar ateno a essa responsabilidade que temos, quase todos, pela corrupo poltica- por sinal, praticada por gente eleita por ns.

    2 (Renato Janine Ribeiro, 59, professor titular de tica e filosofia poltica do Departamento de Filosofia da USP. autor, entre outras obras, de Repblica (Publifolha. Coleo Folha Explica).

    40S lN TA tiM A

    CflCiv sm

  • VRedao Discursiva

    (

    (

    Esclareo que, por corrupo, no entendo sua definio legal, mas tica. Corrupo o que existe de mais antirrepublicano, isto , mais contrrio ao bem comum e coisa pblica. Por isso, pertence mesma famlia que trafegar pelo acostamento, furar a fila, passar na frente dos outros. s vezes proibida por lei, outras, no. Mas, aqui, o que conta seu lado tico, no legal. Deputados brasileiros e britnicos fizeram despesas legais, mas no ticas. E desse universo que trato.

    O problema que a corrupo cultural, pequena, disseminada - que a,.; . . /.

    l '' ^ < .... - ^ ' .-.V > < . .....- - - ' - ..... Ipara estendermos argumentos a dois ou mais piarqrafs. Trecho: "ateno a

    .: .~ .............. : . : ........ -J / ' ^ . \

    43n?n of/&o

    V I\JtfTAMA

  • Marcus Prado

    lpiEPppF

    epens::esses p *m m0 partir ice ao outro!

    insp rpo difernttW plagio!)

    m mM .V T A W A

    4 4*1 \

  • A diferena entre fato e tese (opinio)

    Problemas comuns encontrados:

    A tese no exatamente uma tese. O aluno costuma confundir o posicionamento com o fato constatado. Temos assim um desenvolvimento e no uma introduo com um objetivo persuasivo, como pedido na proposta.

    Exemplo de uma introduo com fato constatado e no com tese.Observe que fato constatado algo que no pertence minha criao; temos os j ditos. Podemos utilizar os j ditos como recurso e no como meu absoluto, pois tais j ditos se tornaram domnio de todos.

    Assunto: tica e Moral

    Tema: A tica e a moral na relao com a ordem social.

    & 6 h4 5

    i \SlCTAMA

  • Marcus Prado

    Tese: No h um posicionamento de tese, pois os fatos so expo- sitivos, retratam um acontecimento constatado. Ningum duvida desses fatos.

    tica e moral

    tica tem origem no grego ehos, que significa modo de ser. A palavra moral vem do latim mos ou mores, ou seja, costume ou costumes. A primeira uma cincia sobre o comportamento moral dos homens em sociedade e estrelacionada Filosofia. Sua funo a mesma de qualquer teoria: explicar,

    /esclarecer ou investigar determinada realidade, elaborando os conceitos corespondentes, A segunda, como define o filsofo Vzquez, expressa um conjunto de normas, aceitas livre e concientemente, que regulam o comportamento individual dos homens.

    COMENTRIO

    E xem plo de In t ro d u o com a te se

    Tese: devemos reescrev-la, visto que copiar impossvel. Ela est diluda na introduo.

    Ao campo da tica, diferente do da moral, no cabe formular juzo valorativo, mas, sim, explicar as razes da existncia de determinada realidade e proporcionar a reflexo acerca dela. A moral normativa e se manifesta concretamente nas diferentes sociedades como resposta a necessidades sociais; sua funo consiste em regulamentar as relaes entre indivduos e entre estes e a comunidade, contribuindo para a estabilidade da ordem social.

    (Inteniet:www.espacoacadmico.com.br (coin adaptaes)

    SINTAGM A

  • Redao Discursiva

    Tese reescrita: A moral um regulador das necessidades sociais, enquanto que a tica no se valoriza, e sim, explica o porqu das tais necessidades. Observe que a proposta para o desenvolvimento foi traada: enumerao de temas importantes: tica e moral.

    O Eu se mostra nas escolhas pessoais tais como: diferente da moral, no cabe formular juzo valorativo , necessidades sociais , contribuio para estabilidade social.

    Muitos filsofos discordam desse tipo de divisa quanto questo da tica e da moral, ento temos a manifestao do E u num todo. Mas cuidado esse tipo de tese est praticamente em cima do muro, pois aponta para dois lados e quase no se revolve num ponto. A Numerao de itens tende a nos prejudicar caso no tenhamos domnio desse tipo de recurso. Tambm no recomendvel iniciar com ao campo da tica.

    Mas mesmo com o exemplo dado acima, o aluno possui grande dificuldade em diferenciar um fato de uma opinio que ele possa criar em uma introduo ou ao longo do desenvolvimento. Como saber quando fato e opinio? Como transformar um fato em opinio diferenciada? Ou seja, como fugir do senso comum? Veja a anlise desse texto e observe como ele foi construindo a opinio atravs do fato, mas sem entrar demasiadamente no senso comum, o que todos esperam sem questionar.

    Texto p a r a an lise

    O nmero de acidentes de trnsito caiu drasticamente aps a aprovao da lei seca. Este um fato. O nmero de vtimas decorrentes dos acidentes tambm caiu. Este tambm um fato. Os defensores da lei seca diro: contra fatos no h argumentos. verdade, contra fatos no h argumentos. Contudo, a interpretao dos fatores que geraram os fatos sim sujeita a questionamentos.

    Para ilustrar o pargrafo acima imagine que Janjo diga: Vai chover amanh. E no dia seguinte efetivamente ocorre uma chuva. Janjo disse que iria chover e choveu, isso um fato. Contudo podemos interpretar o resultado de pelo menos trs maneiras distintas:

    4 7

    SINTAGMA

  • Marcus Prado

    1. Janjo veio do futuro, e assim sabia o que aconteceria no dia seguinte;

    2. Janjo era um excelente cientista e por meio de anlises estatsticas previu corretamente a chuva; ou

    3. Janjo apenas deu um palpite que se realizou.

    Assim, da prxima vez que voc ouvir algum dizer que os acidentes de trnsito se reduziram aps a lei seca, lembre-se de que isso um fato. Mas, existem vrias interpretaes sobre o que gerou talfato. Talvez a proibio de beber e dirigir (lei seca) deva receber esse crdito. Talvez essa reduo tenha se originado apenas por causa do aumento da fiscalizao que se seguiu aps a aprovao da lei seca.

    Alguns podem argumentar que no importa o motivo, o fato que os acidentes se reduziram e assim devemos manter a lei seca. Discordo dos que pensam assim. Meu argumento simples: que tal proibirmos o uso de rdio dentro do carro? Afinal, ouvir msica enquanto se dirige a terceira causa de acidentes por distrao nos Estados Unidos. Alm disso, mudar de estao de rdio a primeira causa de acidentes por distrao nos EUA. Nada mais natural do que proibirmos o uso do rdio nos carros. Ou seja, fato que rdio no carro aumenta o risco de acidentes. Contudo, a interpretao dos fatores importante. Afinal, por que impedir TODOS de ouvirem msica no carro?

    Quanto lei seca, meu ponto o mesmo. O problema no est no casal que saiu para tomar uma jarra de vinho. Tambm no est no pai de famlia que tomou uma latinha de cerveja na festa junina da escola. So os excessos que devem ser coibidos.

    I

    Para finalizar quero deixar duas perguntas;

    a) algum se lembrou de analisar o efeito substituio? Ou seja, talvez alguns troquem o consumo de lcool pelo consumo de drogas. Outros podem substituir o lcool pela violncia. Afinal, se voc limita uma veia de escape (chope com os amigos) outras veias de escape iro surgir.

    48

  • Redao Discursiva

    b) Minha pergunta parece estpida, mas tente responder a ela e voc ver quo difcil ela : ser justo condenarmos algum por antecipao? Quando a polcia prende um bbado dirigindo, ela o fez por ASSUMIR que ele no tem condies de dirigir. No fundo, ele est sendo condenado por antecipao. Assume-se que um bbado ir provocar um acidente de trnsito, mas isso apenas uma suposio. Experimente expandir esse argumento para o resto da sociedade e voc ver o quo perigoso ele . Essa segunda pergunta me foi feita pelo Daniel Marchi, e confesso que eu gastei um bom tempo tentando responder a ela. Note que essa segunda pergunta muito semelhante ao argumento central de um filme com Tom Cruise (Minority Report). Assista a esse filme para que possa despertar suas ideias...

  • Estudo da tese

    Na dissertao, podemos expor um tema sem tentar convencer o leitor. Quando temos o objetivo de convencer, o texto pass a ser uma argumentao. Se o texto dissertativo tem como propsito principal explicar ideias, a argumentao procura formar a opinio do leitor ou do ouvinte. No texto dissertativo, apresentamos ideias para serem desenvolvidas. J no texto argumentativo, apresentamos argumentos com provas completas. Logo, o fato uma realidade desse tipo de texto.

    Assunto

    Aps a leitura do texto fonte como motivador, tem-se a presena da ideia geral de que se trata o texto. Mas de forma alguma inicie seu pargrafointrodutrio com a ideia geral apenas. O assunto prepara a temtica.

    .1 > V V =1

    51 \S IN TA G M A

  • Marcus Prado

    Tema

    Ideia principal concernente ao verdadeiro propsito do autor no texto.Mais especfico. Prepara o ambiente para a chegada da tese.

    Tese

    Dentro da dissertao argumentatva: TEMA + EU (POSICIONAMENTO) = TESE

    Assunto: As pessoas no ambiente de trabalho.

    Tema: O pseudopoder e a sabedoria no ambiente profissional.

    Tese: Os pseudopoderosos mascaram a hipocrisia do manda quem pode; obedece quem tem juzo na fragilidade da no convivncia harmoniosa com o outro no ambiente profissional.

    Tese diluda na introduo: A tese no ir aparecer exatamente na forma de tpico frasal como acima, mas envolvida num todo para a construo de uma introduo dissertativa argumentativa.

    Exemplo de Introduo Completa

    comum no ambiente profissional ouvirmos o dito popular "manda quem pode; obedece quem tem juzo". Na definio de fluxos de trabalho, bem possvel que essa frase tenha sua serventia e sua dose de verdade. No entanto, o poder, seja o verbo ou seja o substantivo, exercido, em maioria, por pessoas inbeis e presunosas. So os pseudopoderosos. Uma turma mesquinha e apequenada que, por pura insegurana, escreve na testa "quem manda aqui sou eu" e desfila por nossas vidas diariamente, sem a menor noo do quo pattica e cafona nos parece e, de fato, . (Tese diluda com o raciocnio complementar para o enriquecimento dela).

    C i - i T * r : u .

  • Redao Discursiva

    Assunto: Poltica

    Tema: A imagem dos polticos brasileiros

    Tese: O mundo poltico vive em queda livre

    Tese mais explcita : O mundo poltico vive em queda livre

    Introduo com Tese Explcita

    O mundo poltico vive em queda livre. A capacidade de decepcionar parece ser rotina em todas as esferas do setor pblico brasileiro. Os exemplos esto estampados diariamente na mdia e fazem com que a maioria dos cidados, indignada, se afaste da poltica.

    Outro exemplo de Tese explcita, mais fcil de identificar.

    Assunto: O funcionrio pblico

    Tema: A relao entre o funcionalismo e a funcionabilidade do servio pblico.

    Tese: Por que os servidores pblicos insistem em ser incompetentes quando se trata de compromisso com a pontualidade e da qualidade dos servios prestados aqueles que necessitam?

    Por que os servidores pblicos insistem em ser incom petentes quando se trata de compromisso com a pontualidade e a q u a lid ad e dos servios prestados queles que necessitam? Pelo visto, tudo o que no corre riscos de mudanas torna-se porto seguro de maus empregados. E os reflexos no podiam ser diferentes: burocracia e exemplos de andorinhasquetentam m ostrarveresetm suas"asinhas cortadas bem rapidinho".

    53S lN lA M A

  • Marcus Prado

    Formas de tese a serem construdas na introduo dissertativa argumen- tativa

    TESE = Tema 4- En 4- Outro 4- Eu (como reforo, caso seja necessrio)

    O ltimo gargalo Bem Sangari

    Se sobreviver s mudanas, o vestibular completar cem anos em/

    2011 (TEMA). No de admirar que ainda gere algum apego e defesa,

    por parte de interesses ligados sua existncia e subsistncia.

    (PRESENA DO OUTRO) Mas no deveria ser assimAO EU PRESENTE) O

    vestibular o ltimo gargalo que impede o desenvolvimento da quali

    dade na educao brasileira, entre vrias razes, porque simboliza tudo o

    que agora considerado obsoleto na era do conhecimento. Sua extino

    inevitavelmente introduziria uma nova etapa de mudanas, cuio impacto

    chegaria at o ensino fundamental. Um eventual fim do vestibular

    merece, portanto, ser reconhecido como marco histrico, a preparar o

    terreno para que o Brasil trilhe mais celerementeo longo caminho rumo

    a um sistema educacional compatvel com as exigncias e os desafios

    que a juventude enfrenta no sculo 21. (REFORO DO EU)

    Outro Exemplo:

    Assunto: corrupo

    Tema: A corrupo no Brasil

    Tese: A maldita herana do jeitinho

  • Redao Discursiva

    "De tanto ver triunfar as nulidades. de tanto ver crescer as in justias. de tanto ver agigantarem -se os poderes nas mos dos maus, o homem chega a desanim ar-se da virtude, a rir-se da hora, e ter vergonha de ser honesto". (Rui Barbosa). H sculos tem-se a maldita herana num dos traos mais marcantes da identidade brasileira: o famoso "jeitinho brasileiro", (PRESENA DO EU) definido por Loureno Stelio Rega (Dando um ieito no Je itinho) como "a im posio do conveniente sobre o certo", ou seia, uma forma malandra de se resolver um problema, ainda que sob a forma de burla de algum a norma oreestabelecida. Apesar de nem sem pre m anifestar-se de forma negativa, (PRESENA BEM LEVE DO OUTRO, MAS IMPORTANTE) o "je itin h o "a fora m otriz de um dos m aiores problem as da p o lt ica b rasile ira : a corrupo. (REFORO DO EU)

    TESE = Tema + Eu+ Eu (reforo, caso necessrio)

    Veja que utilizaremos o ltimo exemplo dado para demonstar a primeira forma de se fazer uma tese, s que desta vez sem a presena do OUTRO.

    "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustias, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da hora, e ter vergonha de ser honesto". (Rui Barbosa). H sculos tem -se a m aldita herana num dos tracos mais marcantes da identidade brasileira: o famoso "ieitinho brasileiro", (PRESENA DO EU) definido por Loureno

    Stelio Rega (Dando um jeito no Jeitinho) como "a imposio do conve

  • Marcus Prado

    niente sobre o certo", ou seja, uma forma malandra de se resolver um problema, ainda que sob a forma de burla de alguma norma preesta- belecida. O "jeitinho" a fora motriz de um dos maiores problemas da poltica brasileira: a corrupo. (REFORO DO EU)

    COMENTRIO

    Outro Exemplo:

    Assunto: A corrupo

    Tema: A corrupo no Brasil

    Tese: O Brasil no um pas srio.

    A corrupo no Brasil um problema que est longe de ser resolvido, (PRESENA DO EU) pois, ao que parece, esse pas s ter jeito quando esse ciclo for quebrado; quando os brasileiros decidirem trocar o discurso hipcrita pela prtica coerente e admitirem que as razes da corrupo esto nos valores que eles prprios transmitem a seus filhos. At l, faz-se jus concordar com o que diz Charles de Gaulle:"o Brasil no um pas srio". (PRESENA DO EU).

    S i n t a g m a

  • Como posso enriquecer o meu texto dissertativo?

    O objetivo deste captulo ensin-lo a fazer a produo de pargrafos mais criativos e argumentos para serem desenvolvidos com uma viso diferenciada da do seu concorrente.

    Como posso pensar em enriquecer minha introduo?

    1. Pense num projeto em que sua tese dever ser rodeada por temas transversais = tudo aquilo de que preciso para poder relacionar argumentos novos minha tese, que o centro para as justificativas, ou seja, tudo deve justificar-se na tese, por isso devem estar relacionados, interligados.

    57SINTAUM

  • Marcus Prado

    As setas poderiam relacionar:

    Educao familiar;

    Permissividade e liberdade

    Autoridade versus educao

    Mdia versus famlia

    - Sociedade consumista

    Punio versus maus tratos

    Tese: A disciplina o aspecto mais estudado e pouco

    praticado por todos num meio social

    que necessita de ajustes rpidos

    ante um clima de total desordem e descontrole

  • Redao Discursiva

    Recursos ricos e interessantes que podem ser usados para montar a introduo

    S is tem a polifnico

    r

    E um recurso que nos mostra formas marcadas (discurso direto, indireto, aspas, negrito, travesses ) tomados como se fossem a presena de outros no enunciado. Tambm chamados de vozes no texto . Isso acontece automaticamente, sem nos atermos a sua presena. Vamos escrevendo e acrescentando os outros lados da moeda.

    Vejamos:

    (Introduo com base no projeto de temas transversais dado anteriormente com o recurso da polifonia)

    A disciplina o aspecto mais estudado e pouco praticado por todos num meio social que necessita de ajustes rpidos ante um clima de total desordem e descontrole. A educao familiar tem que se fazer presente nos ditos " preciso proibir" corno forma de amor preventivo. Caso contrrio, a turma do "deixa disso, vamos l, bacana" trar memrias de como deveria ter feito de outra forma. A mdia mostra, mas a famlia permite. H limites para tudo debaixo do cu e da terra e punir o melhor caminho, mesmo que contrarie "ele precisa se desenvolver em suas capacidades". O melhor produto de consumo que no gera idas s delegacias ou o infortuno de"era to bonzinho..."

    omento, h nterfernci;-y K V - Y f - -Jf.T -O i-V .,-'- V.?i> f f

    y

    iscusso>

    ,

    recursos c !. . . . ..

    - v ......................

    fSrSfperviro ao meu props ................1 1

    S lN TA O M A

    59

  • Marcus Prado

    (Trecho de texto que tambm utiliza tais recursos)

    Artigo da Veja: "O agito na rua do Senhor", (o ttulo do artigo j nos mostra o tom implcito do posicionamento do autor diante do comrcio de artigos evanglicos).

    Durante a semana, o maior movimento na rua de lojistas de todo o pas em busca de mercadorias. No sbado a vez do comprador individual. "Vim com a famlia comprar peas de vesturio para o novo grupo de jovens da igreja", diz o paulistano Valteci Figueiredo dos Santos, que no resistiu pechincha de trs gravatas por 10 reais. O burburinho na Conde de Sarzedas similar ao das vias de comrcio popular das proximidades. A peculiaridade que nela os camels e as barraquinhas de comida dividem as caladas com pregadores e cantores gospel. Naturalmente, os ambulantes vendem produtos pirateados, s que autenticamente evanglicos. Por enquanto, o negcio prspero para todos. "A pirataria ainda no conseguiu nos incomodar" diz Renato Fleischner, editor-chefe da Editora Mundo Cristo, com estimativa de venda de 1,5 milho de livros neste ano.

    (Introduo dissertativa sobre o assunto beleza)

    Elas no passam em branco. Cabelo grisalho bacana-para as mulheres fortes, bonitas, interessantes, bem cuidadas, elegantes e psicologicamente preparadas para serem chamadas de senhoras o tempo todo.

  • Redao Discursiva

    P r im e iro p a r g ra fo de d esenvo lv im en to do p a r grafo ac im a

    Cabelo branco pode ser chique, autntico e libertador, mas na maior parte do planeta continua vetado, sinnimo de desleixo, preguia 011, antema supremo, velhice. As mulheres pintam os cabelos porque querem se ver e ser vistas como detentoras de pelo menos alguns traos de juventude. E tambm porque culturalmente isso aceitvel e desejvel - ao contrrio dos homens, nos quais a artificialidade capilar evoca comparaes com Silvio Berlusconi, Josc Sarney ou Manuel Zelava. (interferncias com citaes) Em compensao, a explicao evolutiva, que virou o manual universal de respostas fceis para questes complexas, estabelece que as mulheres grisalhas evidenciam a perda dos atributos reprodutivos, enquanto os homens nas mesmas condies emanam poder e distino, caractersticas evidentemente desejveis. O que nos leva de volta s personagens iniciais: ser que s mulheres muito poderosas se sentem livres para assuinir a brancura dos cabelos?

    COMENTRIO

    Outro recurso interessante e que alm de demonstrar criatividade na feitura do pargrafo ainda serve como autoridade textual(caracterstica obrigatria em um texto argumentativo) daquilo que se discute no desenvolvimento da tese, a comparao de realidades diferentes da que est

    /

    (

    61

    i

    S IN TA G M A

  • Marcus Prado

    sendo discutida. Em um contexto bem trabalhado, confirmam no s a nossa discusso (autoridade textual), como tambm ser mostrado ao seu anali- sador de prova que voc possui uma leitura atualizada e de boa qualidade.

    Vejamos um exemplo de introduo que tem por objetivo discutir a regulamentao do diploma de jornalismo para o exerccios da profisso. Logo aps a introduo, teremos um pargrafo de desenvovimento com o recurso de autoridade textual por comparao de realidades diferentes da discutida em questo.

    In t ro d u o/

    O decreto-lei n 972/69, que estabelece que o diploma necessrio para o exerccio da profisso de jornalista, no atende aos critrios da Constituio de 1988 para a regulamentao de profisses. Tal lei apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informaes e afastar da redao dos veculos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulao.

    S eg u n d o p a r g ra fo

    Ao se ler uma notcia no verdica, percebe-se que ela no ser evitada pela exigncia de que os jornalistas freqentem um curso de formao. Dife- rentimente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A profisso d jornalista no oferece perigo de dano coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia. Nesse sentido, por no implicar tais riscosTno poderia exigir um diploma para exercer a profisso, (fato constatado, real e aceitvel na sociedade, sem refutao) No h razo para se acreditar que a exigncia do diploma seja a fonna mais adequada para evitar o exerccio abusivo da profisso. (No restante do pargrafo, tivemos a opinio.)

    COMENTRIO

    mm ' i 1SlNTAiMA

    62

  • Redao Discursiva

    Recapitulando o que j foi trabalhado em todos os captulos anteriores

    Vamos agora observar uma proposta de redao, fazendo parte a parte toda a produo de um texto dissertativo argumentativo, seguindo o contedo dos captulos j trabalhados

    Devemos observar a coletnea, o texto ou apenas um fragmento a partir deles, organizar as ideias para que, ao construir sua introduo, no tenhamos a decepo de perceber que camos apenas em redundncias e fatos/acontecimentos apenas constatados e a tese com certeza no existir.

    Coletnea:

    Maioria dos ministros do STF vota contra a exigncia de diploma de jornalista

    MRCIO FALCO da Folha Online, em Braslia Atualizado s 18h43.

    Sete ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votaram contra a exigncia do diploma de jornalista para exerccio da profisso. Dois dos 11 ministros - Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezeis Direito - no esto na sesso.

    Histrico

    O Ministrio Pblico Federal entrou com ao em outubro 2001 para que no seja exigido o diploma de jornalista para exercer a profisso. Uma liminar editada ainda em outubro de 2001 suspendeu a exigncia do diploma de jornalismo. A Fenaj (Federao Nacional dos Jornalistas) e a Unio entraram com um recurso. Em outubro de 2005, a 4a Turma do Tribunal Regional Federal da 3a Regio entendeu que o dioloma necessrio para o exerccio do jornalismo. A deciso provocou um novo

  • Marcus Prado

    recurso do Ministrio Pblico Federal no STF e, em seguida, com a ao para garantir o exerccio da profisso por quem no tem diploma at que o tema seja definido pelo Supremo. Em novembro de 2006, o STF decidiu liminarmente pela garantia do exerccio da atividade jornalstica aos que j atuavam na profisso independentemente de registro no Ministrio do Trabalho ou de diploma de curso superior na rea.

    Como m otivao de su a re d a o faa u m a d is se r ta o em p ro sa sobre o a s su n to exposto

    Vamos analisar ponto a ponto:

    Raciocnio: Percebemos que se trata do seguinte assunto: Regulamentao do jornalismo.

    Direcionamento do tema: A obrigatoriedade do diploma para o exerccio da profisso de jornalista. (No temos a tendenciosa, pois o pensamento abrangido na coletnea), ua 4a Turma do Tribunal Reviortal Federal da 3aRcziw entendeu que o diploma necessrio para o exerccio do jornalismo. (Nada sugeriu como uma espcie de voz a opinar e me direcionar na problemtica. Ela , ento, abrangente e explanada a todos.)

    Recordando os modos infalveis de garantir uina boa tese: A tese pode ser construda de dois tipos, que vo lhe dar xito quanto

    ' construo de uma introduo dissertativa.

    Primeiro modo: EU + EU = TESE

    Apenas um lado avaliado; no interessa ao construtor da tese a exposio de outro lado da situao, ou seja, o recurso de persuaso de mostrar o outro no utilizado. Com isso teremos um gnero chamado Artigo de Opinio.

    O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma necessrio para o exerccio da profisso de jornalista, no atende aos critrios da Constituio de 1988 para a regulamentao de profisses. Tal lei

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  • Redao Discursiva

    apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura m ilitar a controlar as informaes e afastar da redao dos veculos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer m anipulao. (EU - em nenhum momento analisei o outro lado)

    * Segundo modo: Como analisar ento o outro lado: EU + OUTRO + EU = TESE

    O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma necessrio para o exerccio da profisso de jornalista, no atende aos critrios da Constituio de 1988 para a regulamentao de profisses. Mesmo sabendo que a regulamentao ajudar em vrios aspectos positivos quanto ao que se refere ao interesse busca do conhecimento atravs de uma formao universitria, (manifestao do OUTRO) tal lei apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informaes e afastar da redao dos veculos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulao.(EU)

    * Tese sugerida: O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma necessrio para o exerccio da profisso de jornalista, no atende aos critrios da Constituio de 1988 para a regulamentao de profisses (veja que temos a exposio de uma opinio sem interesse por enquanto de argumentar-persuadir: sem interesse de busca pelas estratgias para que o texto se torne hiais apelativo e interessante.) o colocarmos a persuaso, automaticamente construiremos nossa introduo de forma dissertativo-argumen- tativa. Observe:

    O decreto-lei 972/69, que estabelece que o diploma necessrio para o exerccio da profisso de jornalista, no atende aos critrios da Constituio de 1988 para a regulamentao de profisses. Tal lei apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informaes e afastar da redao dos veculos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulao. (Aqui est algo a mais que ao todo complementa nossa ideia em torno da tese. Fiz ento minha introduo quase sem esforo em pensar como preencher o pargrafo!!!)

    SlKTA.OA

    65

  • Marcus Prado

    E como desenvolver essa introduo?

    Pense em qual posicionamento voc quer assumir e fique firme; busque levar o leitor a pensar em tal situao: "Tal lei apenas mais um entulho do autoritarismo da ditadura militar a controlar as informaes e afastar da redao dos veculos os intelectuais e pensadores isentos de qualquer manipulao". Vejamos:

    S eg u n d o p a rg ra fo

    Ao se ler uma notcia no verdica, percebe-se que ela no ser ev itad a pela exigncia de que os jornalistas freqentem um curso de formao. Diferentemente de um motorista, que coloca em risco a coletividade. A profisso de jornalista no oferece perigo de dano coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia. Nesse sentido, por no implicar tais riscos, no se poderia exigir um diploma para exercer a profisso (fato constatado, real e aceitvel na sociedade, sem refutao). No h razo para se acreditar que a exigncia do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exerccio abusivo da profisso, (o restante do pargrafo tivemos a opinio).

    T erce iro p a rg ra fo

    Um excelente chefe de cozinha poder ser formado numa faculdade de culinria (comparao do que tratado com outra realidade distinta),o que no legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeio seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa rea. O Poder Pblico no pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no mbito da culinria. Disso ningum tem dvida, o que no afasta a possibilidade do exerccio abusivo e antitico dessa profisso, com riscos eventualmente at sade e vida dos consumidores. (Pargrafo dedicado a explanao de exemplos: comparao de um cliefe de cozinha (real) ao ato de praticar o jornalismo).

  • Redao Discursiva

    Q u a r to p a r g ra fo

    A queda do diploma de jornalista no fechar as faculdades de comunicao. Tais cursos so importantes e exizem preparo tcnico e tico dos pro fissionais para atuarem. Os jornalistas se dedicam ao exerccio pleno da liberdade de expresso.(fato constatado, real, ningum duvida) O jornalismo e a liberdade de expresso, portanto, so atividades imbricadas por sua prpria natureza e no podem ser pensados e tratados de forma separada, (fora o fato constatado, temos a opinio individual e persuasiva, estrategicamente a convencer o leitor).

    Q uin to parg rafo : concluso

    A Constituio bem clara quanto ao exerccio da liberdade: querer destituir o direito do cidado crime e viola todo um principio tico. Regulamentar algo que j est explicitamente regulamentado como revogar direitos j adquiridos, pois, alm de absurdo, retrgado ideia do autoritarismo. Uma experincia amarga e nada salutar na prtica da democracia. (Observe que na concluso temos apenas uni retorno s minhas ideias expostas na introduo. A concluso serviria ate mesmo de introduo e vice-versa).

    O pargrafo, na sua construo, pede um fato/acontecimento + ooino. I : ' . [

    Dessa forma, no desperdiaremos a chance de tentar convencer a bancaa acreditar que sou politizado e conhecedor do que dito. ; . - 1 I xO- . . . . . . :

    67

  • /I

    /

    Diferentes formas de se comear uma redao

    it

    . . ( Diviso (tema: excluso social)

    Predominam ainda no Brasil duas convices errneas sobre o problema da excluso social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder pblico e a de que sua superao envolve muitos recursos e esforos extraordinrios. Experincias relatadas em diversos jornais renomados como New York Times mostram que o combate marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforos do poder pblico e ampla participao da iniciativa privada.

    COMENTRIO

    dffe* aa'569 H

    SINTAGMA

  • Marcus Prado

    A lu s o H ist r ica (aluso a fatos histricos, lendas, tradies crendices, anedotas ou a acontecimentos de que o autor tenha participado ou que testemunhado)

    Conta uma tradio, cara ao povo americano, que o Sino da Liberdade, cujos sons anunciaram, Filadlfia, o nascimento dos Estados Unidos, inopina- damente se fendeu, estalando, pelo pensamento de Marshall. Era uma dessas casualidades eloqentes, em que a alma ignota das coisas parece lembrar misteriosamente aos homens grandes verdades esquecidas.

    COMENTRIO

    Outro tema: Desinteresse pela condio das crianas

    s crianas nunca foi dada a importncia devida. Em Canudos e em Palmares no foram poupadas. Na Candelria ou na praa da S continuam no sendo.

    COMENTRIO

    Outro tema: Globalizao

    Aps a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste/ oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalizao. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competio.

    COMENTRIO

    5 lNTAViA

  • Redao Discursiva

    A introduo tem o dever de criar uma perspectiva textual no leitor; deve lev-lo a imaginar o contexto da discusso, mas claro que ser o escritor do texto que ir surpreender o leitor com ideias criativas e inusitadas daquilo que ele esperava como discusso.

    C o m p a ra o - p o r s e m e lh a n a ou oposio

    Tema: Reforma agrria

    O tema da reforma agrria est presente h bastante tempo nas discusses sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparao entre o movimento pela abolio da escravido no Brasil no final do sculo passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrria, podemos perceber algumas semelhanas. Da mesma forma que na poca da abolio da escravido existiam elementos favorveis e contrrios a ela, tambm hoje h os que so a favor e os que so contra a implantao da reforma agrria.

    COM ENTRIO

    O posio

    Tema: A educao no Brasil

    De um lado, professores mal pagos, desestimnlados, esquecidos pelogoverno. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parablicas,

    /aparelhos de videocassete. E este o paradoxo que vive hoje a educao no Brasil.

    COM ENTRIO

    SlMTAM

  • Marcus Prado

    N a r ra o

    Tem a: Maltrato aos animais

    Foi numa tarde dessas que Preta, a velha cadela do bairro, gestante de dez filhotes, teve sua pequenina vida de marginalizada ceifada por bandidos quase diplomados, universitrios que a arrastaram pela ruas da Moca, na grande So Paulo. A mdia pouco noticiou uma narrativa de uma cadela apenas. Da mesma forma, esqueceram-se dos Joes Hlios, tambm arrastados pelas grandes cidades. Por no diplomados, mas formados na necessidade de sofrimento absurdamente angustiante e ponto final.

    COM ENTRIO

    * w * * , . r i i 2 ^ \ j * Veja que a introduo acima foi realizada predominantemente pelo uso da :: . J * ................. . 1 >, .. is:. .. . . ......... >. . .

    : _ . . ' T ' ' " : V ' ..... is is :

    72\SINTAGMA

  • JSfiLI v ; , ' ;

    Como desenvolverpargrafos

    Recordando o que um pargrafo

    O pargrafo-padro uma unidade de composio constituda por um ou mais de um perodo, em que se desenvolve determinada ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundrias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

    O pargrafo indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua composio, permitindo ao leitor acompa- nhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estgios.

    73 * V \

    SINTAGMA

  • Marcus Prado

    Mas por que pargrafo-padro?

    muito comum nos textos de natureza dissertativa, que trabalham com ideias e exigem maior rigor e objetividade na composio, a estrutura do pargrafo-padro.Observem que o pargrafo pode ser dividido na seguinte estrutura:

    introduo - tambm denominada tpico frasal, constituda de uma ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sinttica, a ideia principal do pargrafo, definindo seu objetivo;

    desenvolvimento corresponde a uma ampliao do tpico frasal, com apresentao de ideias secundrias que o fundamentam ou esclarecem;

    concluso - nem sempre presente, especialmente nos pargrafos mais curtos e simples, a concluso retoma a ideia central, levando em considerao os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento.

    A im p o r t n c ia de u m t p ico f ra sa l n o p a r g r a f o

    A ideia central do pargrafo enunciada atravs do perodo denominado tpico frasal. Esse perodo orienta ou governa o resto do pargrafo; dele nascem outros perodos secundrios ou perifricos; ele ser o roteiro do

  • Redao Discursiva

    escritor na construo do pargrafo; o perodo mestre, que contm a frase- -chave. Como o enunciado da tese, que dirige a ateno do leitor diretamente para o tema central, o tpico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocnio do escritor. Como a tese, o tpico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a ideia central com o potencial de gerar ideias- -filhote; ainda como a tese, o tpico frasal enunciao argumentvel, afirmao ou negao que leva o leitor a esperar mais do escritor (explicao, prova, detalhes, exemplos) para completar o pargrafo ou apresentar um raciocnio completo. Assim, o tpico frasal enunciao, supe desdobramento ou explicao.

    A ideia central - ou tpico frasal - geralmente vem no comeo do pargrafo, seguida de outros perodos que a explicam ou detalham.

    Teremos uma redao cujos pargrafos analisaremos.

    Tema: A Energia Nuclear e o Brasil

    0 Tese: A energia nuclear no a melhor opo ou soluo para o problema energtico brasileiro.

    Introduo: Deve por obrigao apresentar uma tese para ser desenvolvida nos pargrafos seguintes.

    O pargrafo-padro foi res se um toptco n o in ic ioI f ,mais alquns periodc

    de fe c h a r oraciocnio fotalecido ria . Jam ais se esquc ib lem a, porque a

    n decorrer dos par;raciocnio

  • Marcus Prado

    Apesar de muitos cientistas defenderem a energia nuclear como se ela fosse a soluo para o aquecimento global, ela no a melhor soluo para o problema energtico brasileiro, (tpico-frasai constitudo por uma tese que abre o pargrafo e logo depois vem o raciocnio em torno dela para enriquecimento e fecham ento do pargrafo) Ambientalistas, como o criador da teoria de Gaya, James Lovelook, defendem a energia nuclear, porm, parecem esquecer-se de dois aspectos negativos, extremamente relevantes: o risco de acidentes em usinas nucleares e o acmulo de lixos txicos altamente perigosos. Com certeza, o uso desse tipo de energia no trar solues seguras para o Brasil. O risco no vale a pena! (fechamento do pargafo com reforo da ideia - problema).

    S e g u n d o p a r g r a f o

    necessrio explanar sua opinio. Para no se perder, siga a ordem de suas ideias expostas na introduo.

    At hoie nenhum cientista ou equipe do mundo preparada para previnir acidentes nucleares conseguiram simular a extenso de uma catstrofe que um vazamento radioativo poderia causar no globo terrestre (Raciocnio chave que abre o pargrafo e que desenvolve a ideia inicial da introduo: o perigo que a energia nuclear pode gerar). Mesmo assim, produzem em grande escala energia nuclear e, como tudo que produzido gera restos, os resduos nucleares so colocados em minas de sal ou em grandes piscinas com gua pesada; parece ser simples assim, sem pensar num retom o previsvel. Mas so seguros!, discursam os que deveriam ser preventivos. Seguros podem estar de que uma bomba-problema teremos. (.Fechamento e reforo da ideia frasa l que iniciou o pargrafo)

    esquem m ha p r t ic o ; d e p o is v o c e . te ra m a is l ib e rd a d e para cn a r, m a s e: :S ' ' j RS rtlpreciso , antes de tudo, d isc ip lin a r as ideias. -

  • Redao Discursiva

    Na possvel c o n c lu so

    m m m mfflemr grafe

    Possvel concluso

    No preciso um boom para aprendermos a lidar decentemente com o meio ambiente e respeitar as limitaes que temos quanto ao conhecimento de manipulao de uma energia to perigosa para ser tratada por um simplesmente assim. Se perguntssemos a um antigo morador de Chernobyl, ser que ele apoiaria construo de novas usinas nucleares? A resposta seria bvia. Infelizmente, talvez sejam necessrios outros desastres como o de Chernobyl para que nosso pas veja, finalmente, que esta no uma boa sada para a produo de energia.

    Esqueminha:

    7 7 - tp-\S i n t a g m a

  • Marcus Prado

    Exemplo 2 com o mesmo tema:

    Tema: A energia nuclear e o Brasil

    Tese: Goinia. Chermobyl. Hiroshima.Passagens da histria que demonstram que a energia nuclear desde o comeo da sua utilizao causa destruio no mundo.

    Introduo

    Goinia. Chermobyl. Hiroshima. Passagens da histria que demonstram que a energia nuclear desde o comeo da sua utilizao causa destruio no mundo. E, de fato, at mesmo a cultura popular, como os gibis americanos, reproduziram este medo da sociedade contempornea em heris e viles poderosos. Mas, ser que a energia realmente uma vil? E em aspectos econmicos vivel para o Brasil?

    78

  • Redao Discursiva

    Como organizar esse pargrafo para que ele seja padro?

    Vamos aplicar o esqueminha:

    Goinia. ChermobvI. I-Iiroshima. Passagens da histria que demonstram que a energia nuclear desde o comeo da sua utilizao causa destruio no mundo ( ideia inicial = tpico-frasal). E, de fato, at mesmo a cultura popular como os gibis americanos reproduziram este medo da sociedade contempornea de uma catstrofe sem precedentes com relao a radiotividade exposta. Mas nas estrias em quadrinhos o heroi salva a nao, o que na realidade isso no ocorrer, a sociedade perecer, (finaliza e feclia o raciocnio no esquecendo o reforo de seu posicionamento)

    S e g u n d o p a r g ra fo

    Os estudiosos, a princpio, dizem que a energia atmica pode vir a se tomar uma das grandes aliadas no combate ao aquecimento global. Porm essa luta irrisria (tpico-frasal que pu xa o desenvolvimentodo pargrafo), pois alm de ser dependente do urnio minrio o qual\no se encontra abundante no territrio tupiniquim produz o famoso lixo radioativo - o plutnio - ainda sem destino apropriado e correto cuidado. Consequentemente, a poluio atmosfrica trocada pelo cncer e por danos ambientais aqui mesmo na terra. Levando-se em conta, ainda, que os desastres provocados por um acidente nuclear so gigantescos e irreversveis (desenvolvimento da ideia inicial), pergunta-se agora: vale a pena a energia nuclear? (pergunta retrica acrescida por mim para fechar a ideia e ao mesmo tempo reforar a tese. A pergunta no precisa ser respondida, pois o prprio contexto j criou a resposta.)

  • Marcus Prado

    T e rc e iro p a r g ra foj

    O Brasil no necessita desta fonte energtica (tpico-frasal em forma de retomada^ - pois, naturalmente, possui em seu territrio um imenso potencial hidreltrico. Ademais, com os investimentos governamentais em prol do lcool extrado da cana-de-acar e, do biodiesel advindo da mamona, da soja e do olo-de-dend e das futuras aplicaes em energias limpas e renovveis; como a elica - j utilizada no nordeste - a solar e a biomassa, (desenvolvimento, explanao) o pas no enfrentar uma crise energtica nem contribuir com o aquecimento global, (fechamento do pargrafo com uma concluso do tpico frasal: assim o Brasil no necessita dessa fonte de energia)

    Q u a r to p a r g ra fo

    Em termos sociais, seria muito prejudicial. Algumas produes familiares usam da extrao e da agricultura de certos recursos - como o caso da mamona no Norte do pas - como venda de matria-prima para as indstrias para que estas possam transform-los em combustvel, garantindo, assim, o seu sustento.

    Como deveria ser usando o esqueminha:

    SINTAGMA

  • Redao Discursiva

    Haveria sim uma crise na vida de pequenos agricultores (ideia inicial = tpico-frasal em forma de retomada, sem necessidade de retomar toda a ideia do pargrafo anterior) que usam da agricultira de certos recursos - leo de momona no Norte do pas como venda de matria prima para as indstrias de combustveis, garantindo assim seu sustento/desenvolvimento ) Ou seja, o que natural, alternativa vivel e sem prejuzo ao meio ambiente cederia lugar a uma produo altamente lesiva populao, (concluso da ideia com reforo na tese, pois todo pargrafo deve se justificar nela)

    Q u in to p a r g ra fo - c o n c lu s o

    tese - justifica-a.

    A energia nuclear desnecessria para a nao (ideia que retoma e d incio explanao). E, na verdade, os gastos feitos a favor das usinas de Angra poderiam ter sido para inmeras outras reas, seja de manuteno ou criao de fontes energticas, configurando um investimento mais lucrativo, alm de mais seguro ambiental e socialmente. O mito da energia atmica e de heris super-poderosos sobreviventes de acidentes nucleares permanece no gibi. (desenvolve a ideia a ainda justifica a relao quando usa o intertexto das histrias em quadrinhos feita na introduo) N a realidade. ainda temos melhores opees. (conclui, retomando e justificando a tese, posicionamento projetado desde o incio)

    J foi citada a questo da concluso; esta deve sempre, no texto dissertativo-argum entativo, ser uma retomada direta ou indireta da introduo. Vejamos o texto da renomada escritora Lya Luft. Peo-lhes que tentem localizar as ideias da introduo na concluso do texto, pois esto todas bem trabalhadas e explcitas, tanto na introduo como na concluso.

    8i \5INTA0 M

  • Marcus Prado

    Artigo

    Ponto de vista: Lya Luft

    Dedo no gatiiho

    Da primeira vez em que estive nos Estados Unidos, a trabalho, no comeo da dcada de 80, hospedada com minha tradutora e amiga, comentei com ela e suas filhas adolescentes que estranhava que l, bairro residencial bastante isolado em Athens, na Gergia, praticamente no meio de um bosque, nem ao menos trancavam a porta a chave. Minha casa no Brasil tinha grades nas janelas. Uma das meninas me olhou, espantada: Nossa! Eu teria medo de ficar numa casa gradeada. Ia pensar: de que tenho de me proteger dessa maneira?. (Introduo feita por narrao. porm sua tese no ficou perdida em meios narrativos, houve claros traos objetivos com o uso desse tipo de texto)

    No sei como andam as coisas por l. Aqui, esto inimaginveis, No existe segurana nas ruas, no h bairros tranqilos nem condomnios ou edifcios prova de assalto. Quem pode investe em proteo particular, cara, melanclica e tambm duvidosa. Antigamente, narcotrfico e bandidagem era coisa remota, aconteciam em outros estados, em grandes cidades. Meus filhos, h trinta e poucos anos, no bairro onde ainda moro aqui no Sul, jogavam bola com a meninada da vila prxima at o escurecer, e ningum se preocupava. Eram amigos: pobres e remediados, brancos, pretos e pardos, os filhos do verdureiro ou do professor, como os meus. Era apenas a turma. Entre outras razes, os movimentos contra a discriminao racial ainda no tinham comeado a promover o dio racial, e a politicagem ainda no fomentava o rancor de classes como se faz agora - pelos piores motivos. Bandos de jovens desempregados, drogados e bandidos no vagavam por nossas ruas, crianas pedintes no rolavam em nossas esquinas, nossa meninada brincava na calada e as casas no tinham cerca. Os primeiros que botaram cerca ou muro em torno de sua casa, no meu bairro, foram considerados antipticos. Compramos a nossa j com janelas gradeadas. Plantamos uma sebe florida anos depois, por razes de privacidade. Hoje, eu possivelmente teria cerca, e eletrificada. Com mais grana, at um guarda no porto. Que tristeza.

  • Redao Discursiva

    Vivemos numa Idade Mdia higienizada e ciberntica: os feudos so os edifcios e condomnios fechados, guardas nas cabines, bandidagem rondando. Cada dia mais gente com carros blindados, crianas com motorista que tem curso de direo defensiva, gente armada sempre por perto. Ns que no temos dinheiro para esses recursos andamos mais do que inquietos. Outro dia, o neto de uma amiga foi assaltado. Seu carrinho foi fechado por um carro (roubado, claro): trs homens armados saltaram revlver na cabea dele e de seus dois amigos. As vtimas eram estudantes tranqilos, saudveis, tipo famlia. Os bandidos levaram carro, celulares, carteiras. (A vida, ah, essa lhes deixaram. A gente ainda tem de agradecer?) No almoo do dia seguinte, na casa deles, tensos e tristes comentaram o assunto, e algum disse: Bastava um deles ter dobrado um pouco o dedo, apertado o gatilho, e em lugar de almoo em famlia estaramos num velrio. verdade. Teria bastado um pequeno movimento de um dedo indicador na noite para que tudo fosse destroado.

    Alguma coisa mudou nessa famlia, e mais uma vez se acendeu em mim o doloroso alerta: no podemos colocar filhos e netos debaixo de nossa asa protetora. No h como erguer uma cerca, nem metafrica, de amor e cuidados. No podemos - nem devemos - tentar impedir que vivam, cresam, saiam pelo mundo, batalhem suas batalhas, construam sua famlia. E bom que faam isso. Mas, ao mesmo tempo, ficamos mais vulnerveis diante deste mundo nosso.

    Mundo besta: por um lado produz esses jovens que fazem a vida valer mais a pena, por outro lado cria uma sociedade na qual no valemos nada. Quer dizer: s vezes temos um preo. No cenrio (e no Senado) brasileiro, neste momento em que escrevo, um homem pode valer 40 bilhes, pode valer a CPMF (que s para os muito bobos imposto de rico). Entre ns, cidados que usamos a canga, puxamos a carroa e pagamos as contas, o valor da vida pode ser uma bala, o mnimo movimento de um dedo 110

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    gatilho. E a total banalizao da morte, que se tornou um mero incidente cotidiano. E ningum faz nada?

    Depois de tudo que foi apresentado at agora neste livro, importante analisarmos a redao elaborada por um aluno com base em um tema solicitado pela banca de concursos para uma nova prova da PRF, em um concurso realizado em 2008, cuja proposta levou vrios candidatos desclassificao. Um aluno gentilmente permitir-me colocar a sua redao neste material para total anlise e recontruo feita passo a passo.

  • Marcus Prado

    P ro p o s ta

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