MARGENS EXTENSIVAS, INTENSIVAS E QUALIDADE DOS...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA
MONOGRAFIA DE BACHARELADO
MARGENS EXTENSIVAS, INTENSIVAS E QUALIDADE DOS PRODUTOS DO BRASIL, CHINA E MÉXICO NO MERCADO IMPORTADOR DOS EUA,
NO PERIODO DE 1996 - 2008
FELIPE SANTIAGO MONTENEGRO Matrícula nº: 107385737
ORIENTADOR: Prof. Jorge Chami Batista E-mail: [email protected]
DEZEMBRO 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA
MONOGRAFIA DE BACHARELADO
MARGENS EXTENSIVAS, INTENSIVAS E QUALIDADE DOS PRODUTOS DO BRASIL, CHINA E MÉXICO NO MERCADO IMPORTADOR DOS EUA,
NO PERIODO DE 1996 - 2008
__________________________________ FELIPE SANTIAGO MONTENEGRO
Matrícula nº: 107385737
ORIENTADOR: Prof. Jorge Chami Batista
DEZEMBRO 2010
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AGRADECIMENTOS Gostaria primeiramente de agradecer a meus pais, Eduardo e Monica, que não
mediram esforços para que eu chegasse a esta etapa da minha vida. Agradeço também a
toda minha família, que me deu oportunidades para que eu conseguisse me tornar a
pessoa que sou hoje.
Ao professor Jorge Chami Batista, não só pela atenção e paciência durante a
orientação desde trabalho, mas por ter ministrado uma das disciplinas que sem dúvida
teve uma contribuição fundamental para minha formação como economista. Suas aulas
de Comércio e Crescimento introduziram debates e pensamentos que expandiram minha
visão acerca da economia e do desenvolvimento econômico.
Aos meus amigos pelos momentos de alegria e descontração marcando essa
faculdade como um dos melhores períodos da minha vida. Com certeza sem a ajuda de
muitos deles, não estaria hoje me formando.
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RESUMO
O objetivo deste trabalho é mostrar como se comportaram as exportações do
Brasil, da China e do México com destino aos Estados Unidos, determinando quais
setores e produtos tiveram maior influência. Por meio de indicadores desenvolvidos por
Hummels e Klenow (2005) examinar-se-á de que modo a evolução da participação de
cada um desses países nas importações dos Estados Unidos entre 1996 e 2008 se
decompõe em termos de diversificação, penetração de produtos, preços e quantidades.
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SÍMBOLOS, ABREVIATURAS, SIGLAS E CONVENÇÕES
Setor 0 – Comidas e Animais Vivos Setor 1 – Bebidas e Tabaco Setor 2 – Materiais Brutos (exceto combustíveis) Setor 3 – Combustíveis Minerais Setor 4 – Óleos Animais e Vegetais Setor 5 – Produtos Químicos Setor 6 – Bens Intermediários Setor 7 – Máquinas e Equipamentos de Transporte Setor 8 – Bens Manufaturados Variados
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... - 6 -
CAPÍTULO I – FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CONTEXTUALIZAÇÃ O .... - 7 -
I.1– Alguns modelos de Comércio Internacional e suas Limitações. ....................... - 7 -
I.1.1 - Armington .................................................................................................. - 7 -
I.1.2 - Acemoglu e Ventura ................................................................................... - 7 -
I.1.3 - Krugman ..................................................................................................... - 8 -
I.2 – Metodologia de Hummels e Klenow (2005) .................................................... - 8 -
I.3 – Breve Contextualização dos Países ................................................................ - 10 -
I.3.1 - China ........................................................................................................ - 10 -
I.3.2 - México ...................................................................................................... - 11 -
I.3.3 - Brasil ........................................................................................................ - 12 -
CAPÍTULO II – O PADRÃO DE EXPORTAÇÃO DOS PAÍSES ... .................. - 14 -
II.1 - Brasil .............................................................................................................. - 14 -
II.2 - China .............................................................................................................. - 17 -
II.3 - México ........................................................................................................... - 20 -
CAPÍTULO III - MARGENS EXTENSIVA, INTENSIVA E ÍNDIC ES. ........... - 22 -
III.1 - Margem Total ............................................................................................... - 22 -
III.2 - Margem Extensiva ........................................................................................ - 25 -
III.3 - Margem Intensiva ......................................................................................... - 28 -
III.4 - Índice de Preços ............................................................................................ - 31 -
III.5 - Índice de Quantidade .................................................................................... - 34 -
CONCLUSÃO ........................................................................................................... - 38 -
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... - 39 -
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LISTAGEM DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Brasil: Taxa de Câmbio Real (R$/US$) – Jan/1994 a Dez/2008
Gráfico 2: Exportações dos países (em milhões) no período de 1996 – 2008.
Gráfico 3: Distribuição das exportações do Brasil pelos setores
Gráfico 4: Distribuição das exportações do Brasil pelos setores ao longo dos anos
Gráfico 5: Distribuição das exportações da China pelos setores
Gráfico 6: Distribuição das exportações da China pelos setores ao longo dos anos
Gráfico 7: Distribuição das exportações do México pelos setores
Gráfico 8: Distribuição das exportações do México pelos setores ao longo dos anos
Gráfico 9: Margem Total Agregada
Gráfico 10: Margem Total dos bens primários
Gráfico 11: Margem Total dos bens manufaturados
Gráfico 12: Margem Extensiva Agregada
Gráfico 13: Margem Extensiva dos produtos primários
Gráfico 14: Margem Extensiva dos produtos manufaturados
Gráfico 15: Margem Intensiva Agregada
Gráfico 16: Margem Intensiva dos produtos primários
Gráfico 17: Margem Intensiva dos produtos manufaturados
Gráfico 18: Índice de preços Agregado
Gráfico 19: Índice de preços para os produtos primários
Gráfico 20: Índice de preços para os produtos manufaturados
Gráfico 21: Índice de Quantidade Agregado
Gráfico 22: Índice de Quantidade dos produtos primários
Gráfico 23: Índice de Quantidade dos produtos manufaturados
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INTRODUÇÃO
Os Estados Unidos atualmente têm uma importância na economia mundial que
não pode ser subestimada. Seu mercado importou mais que um trilhão de dólares ao ano
em média, no período de 1996 a 2008. Desta maneira, ele é um mercado muito atrativo,
podendo contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento e acumulação de
capital de seus parceiros comerciais.
A China, com seu notável crescimento econômico ao longo dos anos recentes,
aumentou suas exportações reais em mais de 500% ao longo dos últimos 15 anos
(Amiti, 2008). O México, com o surgimento do NAFTA, obteve uma expansão de suas
exportações em cerca de 23,4% entre 1994 e 1998 (Schatan, 2000). E o Brasil, por fim,
com sua oscilação cambial e efeitos negativos provenientes do próprio NAFTA, teve
um desempenho exportador mais modesto.
O trabalho a seguir visa desmembrar as exportações do Brasil, da China e do
México para os Estados Unidos, identificando os setores que tiveram maior participação
nessas exportações ao longo do período de 1996 até 2008. Através da metodologia de
Hummels e Klenow (2005), essas exportações serão desmembradas em indicadores de
variedade, intensidade, quantidade e qualidade, de modo a caracterizar como elas
evoluíram. Os cálculos dos indicadores serão realizados por produto e a analise
abrangerá tanto o grupo de produtos primários quanto o de manufaturados, assim como
os principais setores desses grupos.
No primeiro capítulo, serão apresentadas a metodologia de Hummels e Klenow
(2005) e uma breve contextualização do período para países. O segundo capítulo será
destinado ao padrão de exportação dos países, identificando os principais setores e
produtos exportados. No terceiro capítulo serão apresentados os resultados da aplicação
da metodologia de Hummels e Klenow (2005).
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CAPÍTULO I – FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CONTEXTUALIZAÇÃO
Serão apresentados a seguir alguns modelos de comércio internacional,
enfatizando as limitações desses modelos em explicar como economias maiores são
capazes de exportar mais; a metodologia proposta por Hummels e Klenow (2005) para
se calcular um índice de variedade, quantidade e qualidade das exportações dos países; e
por fim, uma breve contextualização relativa à China, ao México e ao Brasil, no
período.
I.1– Alguns modelos de Comércio Internacional e sua s Limitações.
I.1.1 - Armington
No modelo de Armington (1969) de diferenciação nacional, há um número fixo
de produtos e cada país produz uma variedade de cada produto. Dessa forma, nesse
modelo, não se considera a criação de novos e a conseqüente ampliação do número total
de produtos. A qualidade dos produtos, nesse modelo, também não varia entre países, já
que os produtos são diferenciados apenas horizontalmente. Supondo um país que possua
um maior número de trabalhadores, ou uma maior produtividade, ele simplesmente irá
exportar uma maior quantidade de uma determinada variedade. Isso implicará em
menores preços para cada variedade. Nesse modelo, economias maiores exportarão uma
quantidade maior a um menor preço. Ou seja, uma economia com o dobro do tamanho
que outra, irá exportar duas vezes mais, entretanto, não exportará um maior número
variedades.
I.1.2 - Acemoglu e Ventura
Acemoglu e Ventura (2002) modificaram o modelo de Armington, adicionando
acumulação de capital endógena e algumas outras variáveis também endógenas. Esse
modelo considera retornos constantes de capital na produção de cada variedade. O
número de variedades que cada país produz é proporcional ao emprego. Um país que
tenha uma maior produtividade, irá então produzir mais de cada variedade. Desse modo,
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o modelo não considera qualquer efeito de produtividade sobre o número de variedades
do país. A maior produtividade se reflete em menores preços para cada variedade.
I.1.3 - Krugman
No modelo de Krugman (1979, 1980, 1981), países produzem um número
endógeno de variedades. Considerando custos fixos de produção para cada variedade, o
número de variedades produzidas é proporcional ao tamanho da economia. Nesse
modelo, todos os países exportam a mesma quantidade por variedade a um mesmo
preço unitário. Nem o preço unitário, nem a quantidade por variedade variam conforme
o produto por trabalhador.
O modelo de Krugman tem a propriedade de que quando um país produz uma
determinada variedade, ele a exporta para todos os mercados.
I.2 – Metodologia de Hummels e Klenow (2005)
Hummels e Klenow (2005) propõem um método de cálculo da margem
extensiva, uma medida de diversificação das exportações do país, da margem intensiva,
uma medida da quantidade exportada, e do índice de preço relativo das exportações de
um determinado país em relação aos seus concorrentes em um mercado importador.
Considera-se j como sendo o país exportador, m como o país importador e k
como o “resto do mundo”, que também exporta para o país m. I seriam as categorias de
produtos. P é o preço dos produtos e X a quantidade.
A margem extensiva (ME) pode ser definida como uma medida da variedade de
produtos que são exportados, no caso, do país j para o país m. O cálculo da margem
extensiva é definido como:
Ou seja, a margem extensiva das exportações do país j para o país m pode ser calculada
como o somatório do valor total das exportações do resto do mundo para o país m, nas
∑ p kmi. x kmi
i ϵ I jm
∑ p kmi. x kmi
i ϵ I
MEjm =
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categorias em que o país j exporta para o país m, dividido pelo somatório do valor total
das exportações do resto do mundo para o país m, em todas as categorias I .
A margem intensiva (MI) é definida como uma medida da participação em valor
do país exportador nas importações do mercado, excluindo-se do cálculo os produtos
que o país não exporta para o mercado. O cálculo da margem intensiva é definido como:
Ou seja, a margem intensiva das exportações do país j para o país m, pode ser calculada
como o somatório do valor total das exportações do país j para o país m, nas categorias
em que o país j exporta para o país m, dividido pelo somatório do valor total das
exportações do resto do mundo para o país m, nas categorias em que j exporta para m.
O índice de preços relativos pode ser considerado um indicador de qualidade dos
produtos exportados por um país, em relação aos exportados pelo resto do mundo.
Considera-se que, se um exportador vende uma grande quantidade de um produto, a um
preço relativamente alto, presume-se que ele produza produtos de maior qualidade do
que seus concorrentes.
Onde Wjmi é a participação da média logarítmica entre de Sjmi (percentual das
categorias I, nas exportações de j para m) e Skmi (percentual das categorias I, nas
exportações de k para m) de cada produto no total.
Pjm = ∏
i ϵ I jm
w jmi
p jmi
p kmi )(
∑ p jmi. x jmi
i ϵ I jm
∑ p kmi. x kmi
i ϵ I jm
∑ p jmi. x jmi
i ϵ I jm
p jmi. x jmi
∑ p kmi. x kmi
i ϵ I jm
p kmi. x kmi
S jmi = S Kmi =
MIjm =
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As expressões acima (para a margem intensiva e extensiva) são uma
decomposição da participação das exportações de um determinado país j em um
mercado m.
Por fim, pode ser decompor a equação de margem intensiva no índice de preços
e em um índice de quantidade implícito.
I.3 – Breve Contextualização dos Países
I.3.1 - China
A China no final do século XX teve um desenvolvimento extraordinário, que
somente se tornou possível devido a reformas e mudanças estruturais no país. Um dos
fatores mais visíveis dessas reformas sofridas pela China foi possivelmente, as
mudanças regulatórias em relação ao Investimento Externo Direto (IED). Este, sendo
uma parte fundamental da estratégia de desenvolvimento chinesa, teve uma grande
expansão a partir de 1991 quando representava apenas 1% do PIB. Em 1995, o IED
passou a representar 5% do PIB chinês.
Em 2001, a China passou a fazer parte da Organização Mundial do Comércio
(OMC), tendo assim que cumprir algumas exigências. Essas incluíam a redução das
W jmi =
S jmi - S Kmi
ln S jmi - ln S Kmi
S jmi - S Kmi
ln S jmi - ln S Kmi∑
I
∑ p jmi. x jmi
i = 1
I
∑ p kmi. x kmi
i = 1
= MIjm MEjm
MIjm = Pjm Xjm
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tarifas de importação, concessão de permissão para que firmas estrangeiras pudessem
comercializar diretamente no mercado interno chinês e a abertura do setor financeiro e
de telecomunicações para mais competidores estrangeiros. A intenção do Premier Zhu
Rongji ao promover a entrada do país na OMC era utilizar competidores estrangeiros
para acelerar a reforma econômica tanto no setor industrial como no setor de serviços
(Chow, 2001).
Apesar de a China ter sido um dos maiores destinos do IED no período em
questão, as estatísticas oficiais podem estar superestimadas. Isso ocorre devido ao efeito
“round tripping”, um mecanismo utilizado pelos residentes chineses, que transferem
seu capital tipicamente para Hong Kong, trazendo-o de volta para a China como
investimento estrangeiro a fim de se beneficiar de incentivos e escapar de regulações. O
resultado foi: no período de 1992 - 2002, Hong Kong aparece como representando 45%
do total de IED na China, enquanto no mesmo período, os Estados Unidos, Japão e
União Européia representaram respectivamente 8,8%, 7,8% e 6,4% (Chami Batista,
2006).
I.3.2 - México
Implementado em 1994, o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
(NAFTA) reduziu tarifas comerciais, eliminou cotas e provocou um aumento
substancial no investimento externo direto (principalmente dos EUA), entre outras
conseqüências. Com isso, o México teve um significativo aumento de exportações,
principalmente para os EUA. Segundo Chami Batista (2006) os setores que mais se
beneficiaram do NAFTA foram o automotivo e de eletro-eletrônicos.
“Exports of México to the U.S., especially of products from the automotive and the
electrical-and-electronic industries, have clearly benefited from NAFTA, largely due to
foreign direct investments from North America and, to a much lesser extent, from Japan.”
(pp.19)
No período de 1994-1998 as exportações do México cresceram em média
23,4%, tendo as exportações do setor de manufaturados crescido anualmente 24% e o
setor de produtos primários crescido 14,5% (Schatan, 2000). Entretanto, é difícil se
apurar em que medida cada um dos eventos ocorridos em 1994 – a crise mexicana e sua
- 12 -
conseguinte desvalorização cambial ou a implementação do NAFTA e sua isenção
tarifária – foi responsável por essa performance nas exportações.
I.3.3 - Brasil
O Brasil, durante o período analisado, teve grandes flutuações cambiais, as quais
tiveram um grande efeito sobre suas exportações. A partir de 1994, a taxa de câmbio
real da moeda brasileira em relação ao dólar sofreu uma apreciação partindo de um
nível 100 e atingindo seu auge em julho de 1996 a um nível de 68, tendo o Brasil na
época motivos políticos e econômicos para manter o câmbio sobrevalorizado
(Giambiagi, 2004). Entretanto, após a liberalização do câmbio no final de 1998, devido
à impossibilidade de se manter o câmbio fixo, este sofreu uma rápida depreciação,
mantendo a tendência de alta pelos anos seguintes até seu pico em outubro de 2002,
como mostra o gráfico.
Gráfico 1
Brasil: Taxa de Câmbio Real (R$/US$) – Jan/1994 a Dez/2008
Fonte: Banco Central do Brasil
O NAFTA também teve um papel importante na redução das exportações
brasileiras para os EUA, visto que, além dos países membros se beneficiarem da isenção
- 13 -
das tarifas de importação, mesmo nos produtos que não possuem tarifas de importação
para qualquer país, o NAFTA gerou um efeito positivo para os países membros, devido
a economias de escopo, economias de escala e externalidades. No Brasil os efeitos
negativos do NAFTA foram maiores que os antecipados (Chami Batista, 2006).
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CAPÍTULO II – O PADRÃO DE EXPORTAÇÃO DOS PAÍSES
Este capítulo visa apresentar o padrão de exportação por setor do Brasil,
China e México para os Estados Unidos. Será analisado o quadro de exportações no
período de 1996 – 2008 de maneira estática (o período como um todo) e dinâmica
(evolução ao longo dos anos). A análise será feita em termos do valor das exportações
de cada categoria de produto (setores da Classificação Uniforme de Comércio
Internacional). O Gráfico, a seguir, objetiva fornecer uma visão geral da evolução do
valor total das exportações desses países para os EUA ao longo do período que será
analisado.
Gráfico 2
Exportações dos países (em milhões) no período de 1996 – 2008.
II.1 - Brasil
Partindo de uma visão estática, durante o período de 1996 – 2008, o Brasil
exportou majoritariamente bens intermediários (setor 6) e Maquinas e equipamentos de
transporte (setor 7) para os Estados Unidos. Esses setores representaram
respectivamente 26% e 27% das exportações totais. Os produtos manufaturados (setores
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5 - 8) corresponderam a 68% da totalidade das exportações contra 32% dos produtos
primários (setores 0 - 4).
No caso do setor 6, a categoria que teve maior peso foi a de ferro semi-acabado1
representando cerca de 27% das exportações do setor. No setor 7, as exportações de
aeronaves equivaleram a 31%, sendo esta a categoria com maior peso no setor.
Outros setores, entretanto, tiveram suas exportações concentradas em uma única
categoria. No caso do setor relativo a tabaco e bebidas (setor 1), o tabaco representou
aproximadamente 94% das exportações do setor2, enquanto no setor de artigos
manufaturados variados (setor 8), os calçados representaram cerca de 75% das
exportações.
O gráfico a seguir mostra como se distribuem as exportações do período entre os
setores, sendo possível observar uma relativa diversificação entre os setores3.
Gráfico 3
Distribuição das exportações do Brasil pelos setores
1 Foi somente considerado para esse dado duas categorias de exportação de ferro: “NONALLOYED PIG
IRON, WITH NOT OVER 0.50% (WT.) PHOSPHORUS, IN PRIMARY FORMS” e ”IRON OR NONALLOY STEEL SEMIFINISHED SHAPES, UNDER .25% (WT.) CARBON, WITH A NONSQUARE RECTANGULAR CROSS SECTION”. Apesar de existirem diversas outras categorias que envolvam ferro, essas foram as que tiveram maior peso. 2 O que pode ser explicado tanto pelo pela baixa quantidade de categorias no setor como pelo fato de tabaco envolver três categorias. 3 Esta relativa diversificação ficará mais clara após o exame do mesmo gráfico para as economias mexicana e chinesa.
Sob a ótica de produ
comércio com os EUA. O petróleo e minerais betuminosos
(3%), aeronaves (9%), calçados (6%), ferro semi
pauta exportadora do Brasil.
Partindo para uma visão dinâmica, o gráfico a seguir mostra a participação de
cada setor nas exportações daquele ano.
Distribuição das exportações do Brasil pelos setores ao longo dos anos.
Observando o gráfico, percebe
estaticamente mantiveram uma participação significativa (em média de 53% da
exportações) ao longo de todo o período. Também
do setor de combustíveis minerais, especialmente em 2008. Isso foi devido a um
crescimento expressivo da exportação de petróleo bruto, que no próprio ano de 2008,
teve um crescimento de 142% em relação ao ano de 2007, exportando aproximadamente
o equivalente aos três anos anteriores juntos. Esse aumento pode ser explicado em parte
pela valorização do barril do petróleo ao longo do período, entretanto, houve também
um aumento relevante nas quantidades exportadas. Como os outros setores não tiveram
um crescimento tão expressivo no ano
participação desse setor nas exportações totais.
produtos, pode se perceber quais os que têm maior peso no
. O petróleo e minerais betuminosos (7%), óleos combustíveis
, aeronaves (9%), calçados (6%), ferro semi-acabado (6%), representam 31% da
pauta exportadora do Brasil.
Partindo para uma visão dinâmica, o gráfico a seguir mostra a participação de
cada setor nas exportações daquele ano.
Gráfico 4
Distribuição das exportações do Brasil pelos setores ao longo dos anos.
Observando o gráfico, percebe-se que os setores definidos como os maiores
estaticamente mantiveram uma participação significativa (em média de 53% da
ações) ao longo de todo o período. Também se verifica o aumento significativo
do setor de combustíveis minerais, especialmente em 2008. Isso foi devido a um
crescimento expressivo da exportação de petróleo bruto, que no próprio ano de 2008,
mento de 142% em relação ao ano de 2007, exportando aproximadamente
o equivalente aos três anos anteriores juntos. Esse aumento pode ser explicado em parte
pela valorização do barril do petróleo ao longo do período, entretanto, houve também
vante nas quantidades exportadas. Como os outros setores não tiveram
um crescimento tão expressivo no ano de 2007 – 2008, o resultado foi
participação desse setor nas exportações totais.
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tos, pode se perceber quais os que têm maior peso no
(7%), óleos combustíveis
(6%), representam 31% da
Partindo para uma visão dinâmica, o gráfico a seguir mostra a participação de
Distribuição das exportações do Brasil pelos setores ao longo dos anos.
se que os setores definidos como os maiores
estaticamente mantiveram uma participação significativa (em média de 53% das
o aumento significativo
do setor de combustíveis minerais, especialmente em 2008. Isso foi devido a um
crescimento expressivo da exportação de petróleo bruto, que no próprio ano de 2008,
mento de 142% em relação ao ano de 2007, exportando aproximadamente
o equivalente aos três anos anteriores juntos. Esse aumento pode ser explicado em parte
pela valorização do barril do petróleo ao longo do período, entretanto, houve também
vante nas quantidades exportadas. Como os outros setores não tiveram
2008, o resultado foi um aumento na
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No setor de bens intermediários, o ferro semi-acabado se manteve como o
principal produto exportado. É interessante destacar o crescimento de cerca de 70% das
exportações desse setor em 2004, em relação a 2003. Apesar de seu principal produto
exportado ter tido um papel relevante nesse crescimento, diversos outros produtos
tiveram um crescimento significativo, contribuindo para o bom desempenho do setor.
No setor de máquinas e equipamentos de transporte, as aeronaves passaram a
liderar as exportações do setor a partir de 1998.
II.2 - China
Em comparação com o Brasil, a China durante o período de 1996 – 2008 teve
suas exportações mais concentradas em menos setores. De forma estática, mais de 95%
das exportações da China para os EUA foram concentradas nos três últimos setores
analisados, o que significa uma grande concentração em produtos manufaturados.
O gráfico abaixo mostra como se distribuíram as exportações da China para os
EUA no período em questão.
Gráfico 5
Distribuição das exportações da China pelos setores
Observando o gráfico, fica clara a dominância dos setores de maquinas e
equipamentos de transporte e bens manufaturados variados. Nesse primeiro, incluem-se
entre os produtos mais exportados máquinas digitais de processamento de dados,
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unidades de entrada e saída4, telefones, gravadores e reprodutores de vídeos, e unidades
de armazenamento. Nesse segundo setor, encontram-se entre os produtos mais
exportados calçados (representando quase 20%), camisas, estojos5, calças e shorts.
Diferente do Brasil, não há categorias com um peso muito relevante para as
exportações da China em setores diferentes do 7 e 8. Até o setor bens intermediários,
que tem uma participação significativa nas exportações, não possui uma única categoria
com um grande peso em relação às exportações totais (a principal categoria exportada
possui uma participação inferior a 0,7% das exportações totais chinesas). Ou seja, é o
conjunto das categorias do setor de bens intermediários que o torna relevante, não sendo
somente uma categoria isolada que possui um grande peso. Nos setores de maquinas e
equipamentos e de bens manufaturados variados, tem se produtos como máquinas
digitais de processamento de dados e calçados com participações superiores a 4% das
exportações totais. Portanto, em termos de produtos, as exportações chinesas são menos
concentradas que as brasileiras.
Em uma análise dinâmica do período, observa-se que os três setores
mencionados já eram os mais importantes desde o início do período, mantendo essa
dominância ao longo do mesmo. Contudo, verifica-se que o setor de máquinas e
equipamentos de transporte e, secundariamente, o setor de bens intermediários
ampliaram suas participações no total exportado pela China, conforme o gráfico à
seguir.
4 “INPUT OR OUTPUT UNITS WHETHER OR NOT PRESENTED WITH THE REST OF A SYSTEM AND WHETHER OR NOT CONTAINING STORAGE UNITS IN ONE HOUSING IN DATA PROCESSING”. 5 Para armazenamento de binóculos, câmeras, instrumentos musicais etc.
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Gráfico 6
Distribuição das exportações da China pelos setores ao longo dos anos.
Embora o crescimento significativo da participação do setor de máquinas e
equipamentos de transporte nas exportações da China para os EUA, não possa ser
atribuído a nenhum produto específico, algumas categorias de produtos podem ser
destacadas pelo seu desempenho. Máquinas digitais de processamento de dados, por
exemplo, teve um crescimento muito expressivo em termos de valor exportado. Nos
primeiros 6 anos do período, essa categoria tinha um valor exportado médio de 11
milhões de dólares. A partir de 2002, teve um crescimento médio de 2.8 bilhões de
dólares ao ano, chegando em 2008 a 19 bilhões de dólares em valor exportado (15,6%
das exportações do setor e 7,3% das exportações totais do ano). Aparelhos de telefonia é
outra categoria que merece destaque. Em 2007 e 2008 a China exportou nessa categoria
acima de 14 e 15,9 bilhões de dólares respectivamente. Unidades de entrada e saída
também tiveram um desempenho muito forte até 2006, chegando a 11,5 bilhões de
dólares em exportações nesse ano (5% do total exportado no ano).
Apesar de ao longo do período o setor de bens manufaturados variados ter
crescido a uma média de 11% ao ano, o setor de maquinas e equipamentos de transporte
teve um crescimento médio de 23% ao ano, conseguindo assim obter a maior
participação nas exportações da China para os EUA.
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II.3 - México
Novamente partindo de um quadro estático do período, as exportações do
México para os EUA, assim como a China, tiveram uma forte concentração em
produtos manufaturados (apesar de que os produtos primários tiveram um peso maior
no México em relação à China) conforme o gráfico abaixo.
Gráfico 7
Distribuição das exportações do México pelos setores
O petróleo bruto dominou claramente as exportações do setor de combustíveis
minerais, tendo essa categoria representado 88,8% das exportações totais do setor no
período. No setor de máquinas e equipamentos de transporte, o de maior peso, as
categorias que dominaram o setor foram as de veículos a motor para transporte de
passageiros6 e veículos a motor para transporte de mercadorias, com 18,9% e 9,7% das
exportações do setor respectivamente. Partes e acessórios de veículos a motor também
tiveram uma alta participação no setor.
Em termos de categorias em relação às exportações gerais do México, como era
de se esperar, o petróleo e veículos a motor tanto de transporte de pessoas como de
mercadorias tiveram grande relevância nas exportações no período, representando
6 Excluindo-se transportes públicos.
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14,6%, 11,1% e 5,7% das exportações totais do período. Televisores também tiveram
uma relevante participação nas exportações gerais do México (4,6%).
Observando agora a evolução da participação dos setores ao longo do período, o
setor máquinas e equipamentos de transporte manteve uma forte participação ao longo
de todos os anos analisados, conforme mostra o gráfico a seguir.
Gráfico 8
Distribuição das exportações do México pelos setores ao longo dos anos.
Iniciando a análise a partir do setor de bens manufaturados diversos, observou-se
um crescimento desse setor até o ano de 2000, com um crescimento médio de 20% ao
ano. A partir desse ano houve uma contração do setor. O oposto ocorreu com o setor 3,
onde até 1998 constatou-se uma contração do setor, e então uma forte expansão de 26%
em média ao ano, tanto pela quantidade quanto pela variação do preço do barril de
petróleo. É interessante ressaltar que ao longo do período, o setor de bens intermediários
manteve uma participação relativamente constante nas exportações do México para os
EUA. O setor de máquinas e equipamentos de transporte não teve um padrão de
crescimento bem definido, tendo tido em alguns anos uma performance positiva, e em
outros uma performance negativa ou muito próxima a zero (2001 – 2003). Apesar disso,
esse setor foi determinante para o crescimento das exportações do México do ano de
2004 em diante.
- 22 -
CAPÍTULO III - MARGENS EXTENSIVA, INTENSIVA E ÍNDIC ES.
Esse capítulo visa apresentar os resultados obtidos após a aplicação da
metodologia de cálculo proposta por Hummels e Klenow (2005), para o cálculo da
margem extensiva, margem intensiva, índice de preços e índice de quantidade. A análise
começa com a margem total e seu desmembramento nas margens extensiva e intensiva
de cada país. Segue-se a análise da decomposição da margem intensiva nos índices de
preço e quantidade. Cada indicador será examinado por grupos de produtos, sendo
identificados aqueles que tiveram maior contribuição para cada indicador.
III.1 - Margem Total
A margem total indica qual é a participação das exportações de um país A nas
importações de um país (ou grupo de referência) B. Os resultados da margem total, para
todos os setores, demonstram um crescimento muito próximo, tanto da participação do
México, sendo esta maior, como da participação da China nas importações dos EUA.
Isso ocorreu até o ano de 2001. A partir desse ano, com a ascensão da China como
membro da OMC, a margem total da China passou a ter um crescimento expressivo,
dobrando seu valor em 2007 em relação a 2001. O México por sua vez, a partir de 2001,
passa a perder participação nas importações dos EUA. O Brasil manteve uma
participação relativamente baixa durante todo o período, apresentando um ligeiro
crescimento de 1,3% para 1,6% entre 1996 e 2008. O gráfico a seguir mostra como se
comportou a margem total dos três países, no período de 1996 – 2008, para todos os
setores.
- 23 -
Gráfico 9
Margem Total Agregada.
Decompondo a margem total (MT) para os produtos primários e manufaturados,
o país que teve o melhor desempenho para os produtos primários (setores 0 – 4) foi o
México, tendo tido uma média de 10,6% durante o período. Já o Brasil e a China
atingiram médias de 2% e 1,4% respectivamente.
Nas exportações mexicanas de produtos primários, o setor de combustíveis
minerais demonstrou ter o maior peso, devido à grande semelhança de resultados desse
setor com o resultado geral dos bens primários, para este país.
A China teve um crescimento bastante acentuado no setor de comidas e animais
vivos e no de materiais brutos, enquanto os demais setores se mantiveram constantes.
Esses setores que se mantiveram constantes têm um maior peso nas exportações de
produtos primários chinesas, pois a margem total dos produtos primários manteve-se
relativamente constante durante o período.
No Brasil, o setor que mais contribuiu para a MT foi o de combustíveis minerais,
o que era esperado devido ao grande peso que possui nas exportações brasileiras. Pode-
se destacar também com variação positiva o setor de materiais brutos, contribuindo para
o crescimento das exportações dos bens primários. Os outros setores demonstram
oscilações sem padrão definido.
O gráfico a seguir mostra como se comportou a margem total dos três países, no
período de 1996 – 2008, para os produtos primários.
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
16,0%
18,0%
20,0%
Brasil China Mexico
- 24 -
Gráfico 10
Margem Total dos bens primários
Nos produtos manufaturados (setores 5 – 8), a China se destacou pelo seu
crescimento durante todo o período analisado. Em 1996, a China apresentava uma MT
de 8,4%, tendo tido um crescimento médio de 0,6% ao ano até 2001. Após essa data, o
crescimento médio passou a ser de 2,3%, finalizando o período com uma MT de 27,7%.
O México iniciou o período com uma MT de 9,2% e até 2001, manteve um crescimento
a uma taxa pouco superior à da China. Entretanto, a partir desse ano, a margem total
mexicana passou a cair, terminando o período em 2008 com 11%. O Brasil manteve sua
margem relativamente constante, variando entre 1,1% e 1,6%.
Todos os setores contribuíram para a margem total do Brasil de manufaturados,
com exceção do setor de produtos químicos. Na China, novamente todos os setores dos
produtos manufaturados, com exceção do setor de produtos químicos, contribuíram para
essa margem total, reforçando a menor influência desse setor, vista anteriormente no
segundo capítulo. O México apresentou na margem total dos produtos manufaturados
uma influência maior do setor de máquinas e equipamentos para transportes, seguido
em menor escala do setor de bens manufaturados variados. A seguir tem-se o gráfico da
margem total dos três países para os produtos manufaturados.
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
Brasil China Mexico
- 25 -
Gráfico 11
Margem Total dos bens manufaturados
Para se determinar o grau de influência da margem extensiva e da margem
intensiva sobre a margem total, aplicou-se a fórmula ∆LN(MT) =∆LN(ME) + ∆LN(MI).
O resultado revelou que para o Brasil, tanto a margem intensiva como a margem
extensiva contribuem com 50% da variação da margem total. Na China, a margem
intensiva responde por 97% dessa variação enquanto a extensiva 4%. Já a margem
extensiva do México respondeu por -27% da variação da margem total e a margem
intensiva por 127%. Esse resultado contrasta com o obtido por Hummels e Klenow
(2005) que detectam um maior peso para a margem extensiva na análise transversal por
país. Portanto, este resultado indica que a margem intensiva tem um papel maior nas
séries temporais de cada país.
III.2 - Margem Extensiva
A margem extensiva funciona com um indicador da variedade de produtos que
são exportados pelo país para o mercado, ponderado pelo valor das importações do
mercado.
Em um quadro geral (considerando-se todas as categorias de produtos), pode se
observar o México, apresentando a maior margem extensiva (ME) no período como um
todo. O mesmo teve uma ME superior a 92% durante quase todo o período analisado.
Após o México, a China foi o país com a maior ME, obtendo um aumento da mesma ao
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
Brasil China Mexico
- 26 -
longo do período, e tendo no geral um resultado muito próximo ao do país
anteriormente citado. A ME do Brasil, a menor dentre esses países, mostrou
crescimento, se aproximando dos outros dois países em 2008. O gráfico a seguir mostra
como se comportou a ME dos três países ao longo do período em questão,
considerando-se todos os setores.
Gráfico 12
Margem Extensiva Agregada.
Decompondo a ME geral pelo tipo de produto, verifica-se nos produtos
primários, que o México permaneceu com o resultado mais alto, mantendo uma média
de 91%. A China demonstrou ter uma menor ME nos produtos primários, apresentando
média de 78%. O Brasil também apresentou resultados menores, em relação a ME geral.
Tendo em vista o grande peso das importações de combustíveis minerais do EUA, esse
item tem muita importância para a ME dos países em primários. O fato do Brasil não ter
exportado petróleo em 1998, por exemplo, foi decisivo para a queda da sua ME naquele
ano. O gráfico a seguir mostra como se comportou a margem extensiva dos três países,
para os produtos primários.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Brasil China Mexico
- 27 -
Gráfico 13
Margem Extensiva dos produtos primários.
Nos produtos manufaturados, o México e a China obtiveram margens extensivas
muito semelhantes, com média de 94% para ambos, com anos em que a China
apresentou a maior ME, e anos em que foi o México. O Brasil teve uma ME inferior a
ambos os países, mas ela aumentou de 78%, no início do período, para 90% no final.
No Brasil, os setores que demonstraram exercer maior influência na ME dos
produtos manufaturados foram o setor de máquinas e equipamentos de transporte e o
setor de bens intermediários.
Os setores que aparentaram afetar mais a margem extensiva da China também
foram os de máquinas e equipamentos de transporte e o de bens intermediários.
No México, todos os setores, com exceção do de produtos químicos, tiveram
resultados relativamente constantes, sem grandes variações, assim como a curva
agregada dos bens manufaturados.
O gráfico a seguir mostra como se comportou a margem extensiva dos três
países, somente nos produtos manufaturados.
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
Brasil China Mexico
- 28 -
Gráfico 14
Margem Extensiva dos produtos manufaturados
Esses resultados mostram que o México possui uma diversificação maior de
exportação, do que os outros países, tendo apresentado uma alta margem extensiva tanto
em produtos manufaturados como em produtos primários. A China, por sua vez, tem
maior variedade nas exportações de produtos manufaturados em relação aos primários,
estes últimos demonstrando uma maior diversificação ao decorrer do período analisado.
O Brasil conseguiu evoluir em termos de margem extensiva tanto nos produtos
primários como nos produtos manufaturados.
III.3 - Margem Intensiva
A margem intensiva atua como um indicador da intensidade com a qual um país
exporta para o outro. Em outras palavras, esse indicador mostra o quanto suas
exportações representam nos mercados em que participa.
Em termos de margem intensiva (MI), o México, até o ano de 2002, apresentou a
maior MI dentre os três países, seguido da China e, em um patamar significativamente
inferior, o Brasil. Até 2001, o México e a China tiveram um crescimento positivo, muito
próximo (0,6% e 0,5% ao ano respectivamente). A partir desse ano, o México
apresentou um crescimento negativo, enquanto a China passou a ter um crescimento
médio 1,3%. O Brasil se manteve na faixa de 1% de MI durante todo o período. O
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
Brasil China Mexico
- 29 -
gráfico a seguir mostra como se comportou a margem intensiva dos três países no
período de 1996 – 2008.
Gráfico 15
Margem Intensiva Agregada
Analisando somente os produtos primários, é clara a dominância do México em
termos de intensidade, no período entre 1996 - 2008. Nem o Brasil e nem a China
conseguiram obter uma margem intensiva tão alta quanto à do México, que variou entre
10% e 12%. O Brasil ainda apresentou margem intensiva um pouco maior que a da
China durante todo o período. O gráfico a seguir mostra como se comportou a margem
intensiva dos três países, restrito aos produtos primários.
O setor que mais responde pela margem intensiva dos três países, nos produtos
primários, é o setor de combustíveis minerais. No México, o setor de bebidas e tabaco
afetou a margem intensiva, em pequena escala, devido às oscilações mais fortes que
esse setor teve durante o período. Na China, o setor de bebidas e tabaco também
influenciou essa margem em questão.
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
Brasil China Mexico
- 30 -
Gráfico 16
Margem Intensiva nos produtos primários
Nos resultados de MI somente para os produtos manufaturados, a China
demonstrou um crescimento vigoroso a partir de 2001, com média de 2,4% ao ano,
atingindo em 2008 a margem de 29%. O México apresentou, assim como a China uma
margem intensiva de 9% em 1996, tendo o primeiro crescido em média 0,8% ao ano até
2001, contra 0,6% relativo ao crescimento Chinês. A partir desse ano, a margem
intensiva do México passou a diminuir pelos quatro anos seguintes. O Brasil
demonstrou um desempenho de cerca de 1% em termos de margem intensiva durante
todo o período, bem abaixo dos outros dois países analisados.
Na China, todos os setores de produtos manufaturados, com exceção do setor de
produtos químicos, mostraram crescimento vigoroso a partir de 2001. O México e o
Brasil aparentam ter tido maior influência dos setores de máquinas e equipamentos de
transporte, sendo esta inicialmente positiva tornando-se negativa durante o período, e
bens manufaturados variados. Nesse segundo setor, para o México, houve um
crescimento até 2001 e uma queda a partir de então. Para o Brasil a influência desse
setor foi negativa durante todo o período.
O gráfico a seguir mostra a evolução da margem intensiva dos três países,
restrito aos produtos manufaturados.
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
Brasil China Mexico
- 31 -
Gráfico 17
Margem Intensiva dos produtos manufaturados
Pode se concluir após analisar os resultados da margem intensiva, que o México,
nos mercados em que ele exportou para os EUA, teve um valor exportado relativamente
alto tanto nos produtos primários como nos manufaturados, enquanto a China teve um
maior valor exportado nos produtos manufaturados somente, participando relativamente
pouco dos produtos primários. O Brasil teve uma participação nas importações dos
EUA um pouco maior nos produtos primários em relação aos manufaturados tendo
atingindo, entretanto, a participação geral de somente 2% de MI, muito inferior a dos
outros dois países analisados.
III.4 - Índice de Preços
O índice de preços pode atuar como um indicador de qualidade dos produtos
exportados de um país para o outro. Isso porque, apesar de não ser um indicador direto
de qualidade dos produtos, pode-se supor que se um produto for vendido em grande
quantidade, a um preço mais alto que o dos seus concorrentes de forma recorrente, que
ele tenha um grau de qualidade mais alto.
Aplicando a metodologia de cálculo do índice de preços (IP) para todos os
setores, tem se que o Brasil manteve o resultado mais alto dos três países durante quase
todo o período. Apesar de ter iniciado o período com um índice de preços inferior ao
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
Brasil China Mexico
- 32 -
médio, o Brasil conseguiu manter a partir de 1998 um IP pelo menos 9% superior ao
médio (IP = 1). O México teve um comportamento similar ao do Brasil, iniciando o
período com um índice de preços abaixo da média, mas conseguindo a partir de 1999,
apresentar um resultado superior. A China, por outro lado, apresenta um IP médio de
56%, bem inferior aos demais países. O gráfico a seguir mostra como se comportou o
índice de preços dos três países, para todos os setores.
Gráfico 18
Índice de preços Agregado.
Restringindo a análise somente aos produtos primários, o Brasil durante quase
todo o período, manteve um índice de preços acima do médio. Assim como o Brasil, a
China também apresentou um índice de preços acima do médio durante quase todo o
período. Por outro lado, o México teve um desempenho inferior ao longo de todo o
período, com média de 90%.
No Brasil, os setores de combustíveis minerais, e em menor escala de materiais
brutos, tiveram as maiores influências sobre o índice de preços dos produtos primários.
O IP da China também teve influência dos setores de combustíveis minerais, mas
também aparentou ter sido influenciado pelo setor de comida e animais vivos, e de
tabaco e bebidas. No caso do México, o IP foi quase que inteiramente influenciado pelo
setor de combustíveis minerais.
O gráfico a seguir mostra como se comportou o índice de preços dos três países,
para os produtos primários.
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
1,400
Brasil China Mexico
- 33 -
Gráfico 19
Índice de preços para os produtos primários.
Analisando agora somente os produtos manufaturados, os resultados tiveram um
comportamento muito próximo aos resultados gerais. O Brasil manteve durante a maior
parte do período o índice de preços mais alto em relação aos outros dois países, tendo
conseguindo a partir de 1998, um resultado acima do médio. O mesmo “pico”
observado em 1998 nos resultados gerais, pode ser observado nos resultados para os
produtos manufaturados. Isso porque esse evento teve origem no setor máquinas e
equipamentos de transporte, não sendo atribuído a somente uma categoria de produto7.
O México manteve o mesmo padrão observado no IP de todos os setores, no entanto
superior. A China manteve um índice de preços significativamente abaixo da média
durante todo o período, apresentando uma média de 52%.
No IP da China e do México os setores de máquinas e equipamentos de
transporte e de bens intermediários tiveram maior influência sobre o IP dos produtos
manufaturados desses países. No Brasil, o setor de máquinas e equipamentos de
transporte é o setor que mais explica a variação no IP de seus produtos manufaturados,
devido a sua evolução que ocorreu de maneira semelhante.
O gráfico a seguir mostra a evolução no índice de preços dos três países, para os
produtos manufaturados
7 As categorias que mais contribuiram foram as de partes e acessórios para veículos a motor, veículos a
motor para transporte de pessoas e motores elétricos.
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
Brasil China Mexico
- 34 -
Gráfico 20
Índice de preços para os produtos manufaturados.
Esses resultados sugerem que as exportações chinesas de produtos
manufaturados caracterizam se por ter um padrão de qualidade inferior à média dos
demais países, o que não se aplica aos produtos primários. Ao contrário da China, o
México apresenta um IP inferior ao dos demais nos produtos primários mas não nos
manufaturados, o que sugere produtos com um grau de qualidade mais elevado nesse
segundo tipo de produto. O Brasil exportou para os Estados Unidos a um elevado índice
de preço tanto nos produtos primários como nos manufaturados, o que pode indicar uma
qualidade mais elevada nas exportações gerais do Brasil.
III.5 - Índice de Quantidade
O índice de quantidade completa o índice de preços na determinação da margem
intensiva.
Os resultados de índice de quantidade, ao se considerar todos os setores,
demonstram uma superioridade do volume das exportações chinesas em relação aos
outros dois países, tendo um intenso crescimento a partir de 2001, com crescimento
médio de 1% até esse ano e 2,3%8 a partir dele. Tanto o México como o Brasil
mantiveram um índice de quantidade relativamente estável durante o período, com
médias de 11% e 1% respectivamente. O gráfico a seguir mostra como se comportou
esse índice durante o período, para todos os setores.
8 3,1% se não considerarmos a queda ocorrida em 2008.
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
1,400
1,600
Brasil China Mexico
- 35 -
Gráfico 21
Índice de Quantidade Agregado.
Nos produtos primários, o México apresentou um índice de quantidade
significativamente superior ao outros dois países. A China manteve um índice
relativamente constante, variando entre 1% e 2%. O Brasil também teve um resultado
relativamente constante durante a maior parte do período, com um “pico” no ano de
1998. Excetuando esse ano, o IQ do Brasil manteve-se em 2% aproximadamente.
Os índices de quantidade de todos os países, nos produtos primários, foram
fortemente influenciados pelas oscilações no setor de combustíveis minerais,
principalmente no México. É interessante notar que a China teve um grande
crescimento no índice de quantidade do setor de comidas e animais vivos, triplicando o
índice do início para o final do período, de 4% para 12%. O México teve um forte
crescimento no setor de bebidas e tabaco, saindo de um índice de quantidade de 17% em
1996, e atingindo 30% em 2008. No Brasil, o “pico” de 1998 teve origem no setor de
combustíveis minerais. O crescimento do setor de materiais brutos também contribuiu
para o aumento do índice de quantidade do Brasil nos produtos primários de 2% para
2,7%.
O gráfico a seguir mostra como se comportou o índice de quantidade, somente
para os produtos primários.
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
Brasil China Mexico
- 36 -
Gráfico 22
Índice de quantidade dos produtos primários.
Como era de se esperar, o índice de quantidade para os produtos manufaturados
teve um padrão muito semelhante ao geral. A China demonstrou um crescimento ao
longo do período, intensificando-o a partir de 2001. O México e o Brasil mantiveram
um índice relativamente constante ao longo do período, com médias muito semelhantes
as dos resultados gerais.
No índice de quantidade do Brasil para os produtos manufaturados, o setor que
teve maior contribuição para a formação desse índice foi o de máquinas e equipamentos
de transporte, também demonstrando ser influenciado pelas grandes oscilações do setor
de bens intermediários. Para as exportações chinesas, todos os setores mostram um
aumento no índice de quantidade, principalmente o setor de máquinas e equipamentos
para transporte. No México, esse mesmo setor de máquinas e equipamentos de
transporte foi o que mais afetou o IQ dos produtos manufaturados no geral
O gráfico a seguir mostra como se comportou o índice de quantidade, somente
para os produtos manufaturados.
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
0,100
0,120
0,140
0,160
Brasil China Mexico
- 37 -
Gráfico 23
Índice de quantidade dos produtos manufaturados.
Pode-se perceber a semelhança do padrão do índice de quantidade e da
margem intensiva. Ao se comparar a margem intensiva geral da China, com o índice de
quantidade do mesmo, percebe-se que devido ao baixo índice de preços, seu índice de
quantidade eleva-se bastante em relação a MI. Com o México, ocorre o inverso, pois
devido ao alto índice de preços de seus produtos, seu índice de quantidade contribuiu
negativamente para a MI. Isso indica que a China ao longo do período obteve uma
maior margem intensiva, e portanto uma participação mais expressiva no mercado dos
EUA, devido ao grande volume de suas exportações. O México por outro lado, ao
manter um índice de preços mais alto, consegue ter um market share expressivo,
exportando um volume menor de produtos. É importante ressaltar que o índice de
quantidade da China é em quase sua totalidade um reflexo dos produtos manufaturados,
indicando novamente a importância que esse tipo de produto tem para as exportações
chinesas.
Aplicando a mesma metodologia de cálculo utilizada para averiguar a
contribuição das margens intensiva e extensiva para a variação da margem total, foi
verificado o quanto os índices de preço e quantidade contribuíram para a variação da
margem intensiva. No Brasil, o índice de preços respondeu por 221% da variação na
margem intensiva, enquanto o índice de quantidade responde por -121%. O índice de
preços da China por sua vez contribuiu com -8% e o índice de quantidade com 108%. O
índice de preços do México contribuiu com 159% da variação na margem intensiva,
enquanto o índice de quantidade contribuiu com -59%.
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0,600
0,700
Brasil China Mexico
- 38 -
CONCLUSÃO
O crescimento das exportações chinesas, especialmente a partir do ano de 2002,
se deu integralmente devido ao aumento de suas quantidades exportadas, mantendo sua
estrutura de produção baseada em produtos com preço e qualidade inferiores em relação
à de seus concorrentes. Dessa forma, a China explora suas vantagens comparativas.
Esse crescimento das exportações foi baseado em aparelhos eletrônicos e máquinas,
com as exportações de produtos primários sendo insignificantes.
Essa inundação de produtos chineses no mercado norte-americano afetou as
exportações mexicanas, que eram as maiores entre os três países até o ano de 2002. O
padrão de exportação do México caracteriza-se pelo grande peso da indústria
automotiva, que se beneficiou do NAFTA, e da indústria petrolífera. As exportações
mexicanas tiveram preços mais alto nos produtos manufaturados, liderado pelo setor de
máquinas e equipamentos de transporte. Assim como a China, o México apostou na
intensidade das exportações, em oposição ao aumento da variedade.
As exportações brasileiras basearam-se em preço e qualidade superiores aos das
demais importações dos EUA. Não apenas isso, mas o aumento das exportações
brasileiras se deu tanto em intensidade como em variedade. Apesar disso, o Brasil não
foi capaz de ser um exportador tão relevante quanto os demais países analisados,
respondendo ainda por um percentual muito baixo das importações norte-americanas.
- 39 -
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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