Maria Heloisa de Faria Gebran - Centro de Referência e ... e a oferta de testes anti-HIV em suas...
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Maria Heloisa de Faria Gebran
Aconselhamento na Atenção Básica de Saúde: As Possibilidades e Limites para Prevenção ao HIV/AIDS
Monografia apresentada no Curso de Especialização em Prevenção ao HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos da Faculdade de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo. Orientador: Profª Drª. Luzia Aparecida Oliveira
São Paulo 2011
Maria Heloisa de Faria Gebran
Aconselhamento na Atenção Básica de Saúde: As Possibilidades e Limites para Prevenção ao HIV/AIDS
Monografia apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Especialista em Prevenção ao HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos. Programa de: Medicina Preventiva Orientadora: Profª Drª Luzia Aparecida Oliveira
São Paulo 2011
DEDICATÓRIA
Ao Mauro, meu esposo pela dedicação, compreensão, que mesmo diante
das dificuldades esteve sempre presente, incentivando, colaborando e orando.
A minha filha Deborah e a minha neta Marinah que são únicas, mas que dispensam um amor imenso e incondicional à minha vida.
APRESENTAÇÃO E AGRADECIMENTOS
Durante a minha graduação no curso de enfermagem, o interesse em
conhecer estratégias de prevenção foi motivado pela oportunidade de estar
na condição de estagiária no setor de internações do Centro de Referência e
Treinamento de São Paulo (CRT-SP) e ainda em outro período no Instituto
de Infectologia Dr.Emilio Ribas, em ambos pude dimensionar o quanto era
necessário a militância, o aprimoramento, a capacitação e o
comprometimento que cada profissional envolvido deveria estar, frente a
epidemia de AIDS.
Os anos se passaram, vivenciando novas infecções pelo HIV, ainda
convivendo com mortalidade por AIDS, que é um desafio que está pautado
em nosso cotidiano, assim concluo esse estudo agradecendo a:
Deus, por fortalecer a minha fé e acrescentar esperança em meus dias.
Ao Mauro meu esposo, pela dedicação, pelo convívio com amor e
muita paciência.
A minha filha Deborah e ao Rodrigo meu genro, pelo incentivo,
companheirismo e compreensão.
A minha neta Marinah pela alegria de sua chegada em minha vida no
decorrer do curso.
A minha mãe pelo carinho e pelas suas orações.
A Profª Dra. Luzia A. Oliveira, orientadora competente, dedicada,
comprometida e que só foi possível a conclusão desse estudo pela sua
contribuição tão acertada em momentos difíceis e de indecisões.
A Profª Dra. Vera S. F. Paiva pela sua excelência na coordenação do
curso.
Ao grupo de monitoria em especial Gabriela Calazans pelo empenho em
mostrar os caminhos do aprendizado com dedicação e cumplicidade.
A todos os colegas da turma, pelos momentos de aprendizado que
vivenciei com vocês.
A todo corpo docente que esteve presente, e que trouxe valiosas
contribuições.
.
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta
e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem”.
Guimarães Rosa
SUMÁRIO
Lista de Siglas
Resumo
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 1
2 OBJETIVOS...................................................................................... 3
2.1 Objetivos Gerais............................................................................ 3
2.2 Objetivos Específicos.................................................................... 3
3 REVISÃO DA LITERATURA........................................................... 4
3.1 Atenção Básica de Saúde............................................................. 4
3.2 Aconselhamento............................................................................ 6
3.3 Aconselhamento em DST/AIDS.................................................... 6
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................... 9
4.1Local de Estudo.............................................................................. 10
4.2 Pesquisa Bibliográfica.................................................................... 10
5 RESULTADOS.................................................................................. 11
5.1 O Aconselhamento das DST/AIDS na Atenção Básica de Saúde
como uma das propostas para o enfrentamento da
epidemia.............................................................................................
11
5.2 A Campanha “Fique Sabendo” e a Atenção Básica de Saúde.... 13
6 DISCUSSÃO.................................................................................... 15
7 CONCLUSÕES................................................................................ 16
8 REFERÊNCIAS................................................................................ 18
LISTA DE SIGLAS ABS ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE AIDS SINDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA BVS BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE CTA CENTRO DE TESTAGEM E ACONSELHAMENTO CRT/SP CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO SÃO PAULO CN/DST AIDS COORDENAÇÃO NACIONAL DE DST / AIDS DST DOENÇA SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL HIV VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA LILACS LITERATURA LATINO AMERICANA E DO CARIBE EM
CIÊNCIAS DA SAÚDE MS MINISTÉRIO DA SAÚDE PN-DST/AIDS PROGRAMA NACIONAL DE DST/AIDS PVHA PESSOAS VIVENDO COM HIV E/OU AIDS SUS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE UBS UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE USP UNIVERSDADE DE SÃO PAULO
RESUMO
Gebran, MHF. Aconselhamento na Atenção Básica de Saúde: As Possibilidades e Limites para Prevenção ao HIV/AIDS. [Monografia] São Paulo: Faculdade de Medicina – Departamento de Medicina Preventiva /Núcleo de Estudos para Prevenção da AIDS (NEPAIDS), Universidade de São Paulo; 2011. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa e descritivo utilizando
pesquisa bibliográfica para identificar as possibilidades e limites das ações
de prevenção à DST/AIDS na Atenção Básica de Saúde em relação ao
aconselhamento e a oferta de testes anti-HIV em suas rotinas sendo que a
sua incorporação efetiva é de fundamental importância para a promoção
dessas ações, uma vez que possui uma rede de serviços capilarizada em
todo o território nacional. O acesso ao aconselhamento e ao diagnóstico
precoce é o que possibilita uma assistência adequada às pessoas vivendo
com HIV/AIDS e outras DST contribuindo para a redução do impacto da
epidemia na população, e ainda possibilita conhecer, aprofundar,
dimensionar e mapear a população de maior vulnerabilidade e, com isso,
reformular estratégias de prevenção. O presente estudo, descreveu ,partindo
da literatura brasileira e recomendações do Ministério da Saúde, as práticas
de aconselhamento sorológico para detecção de anticorpos para o HIV como
estratégia de prevenção às DST/HIV/AIDS e suas possibilidades e limites de
implementação na Atenção Básica de Saúde. Conclui-se que a Atenção
Básica de Saúde possui papel importante na sensibilização, informação,
orientação e avaliação de riscos do usuário, através da realização da prática
do aconselhamento coletivo e individual e que tem contribuído de maneira
favorável e participativa na redução da vulnerabilidade ao HIV/AIDS à
medida que incorpora de forma sistematizada novas tecnologias de
trabalho..
Descritores: Aconselhamento; Atenção Básica; Prevenção; HIV/AIDS.
1
1 INTRODUÇÃO
A epidemia do HIV/AIDS, desde seu início, nos anos 80, vem exigindo
esforços e envolvimento de todo o sistema de saúde, para a implementação
de estratégias de controle que viabilizem seu enfrentamento, em nosso país.
As iniciativas e os esforços do sistema de saúde que buscam promover
prevenção às DSTs/AIDS, têm gerado a necessidade de inovação e
ampliação das abordagens com vistas a aplicação e desenvolvimento de
estratégias cada vez mais eficazes.
Ferraz (2008) descreve que a partir dos anos de 1990 com aproximação
do movimento feminista da temática da AIDS e a necessidade de ampliação
da cobertura das ações de prevenção das DST/AIDS fizeram com que o
debate sobre a atribuição dos serviços de Atenção Básica em relação a
essas ações ocupasse importante papel na política nacional e no controle
desses agravos.
Nesse sentido, uma das prioridades da Coordenação Nacional de
DST/AIDS (CN-DST/AIDS) é incluir práticas de prevenção nas atividades
assistenciais já existentes na rede de serviços de saúde, especialmente na
rede de Atenção Básica, que tem como principal atributo ser porta de
entrada no sistema de saúde e responsável por ações de promoção
prevenção e de assistência à saúde (BRASIL, 2006).
O Aconselhamento em HIV/AIDS, conforme as recomendações do
Programa Nacional de DST/AIDS devem configurar-se como um diálogo
entre profissionais de saúde e usuários que visa estabelecer uma relação de
confiança possibilitando ao usuário condições para que avalie sua condição
de vulnerabilidade e riscos pessoais de portar o Vírus da Imunodeficiência
Adquirida (HIV) ou de já ter desenvolvido a Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (AIDS) devendo tomar decisões e encontrar maneiras realistas, ou
seja, maneiras viáveis de enfrentar seus problemas relacionados à HIV/AIDS
(BRASIL, 2000).
Dessa forma, as concepções que fundamentam o aconselhamento em
saúde enxergam sua ação como uma postura frente ao cliente, que pretende
propiciar o resgate da integralidade da pessoa que busca os serviços de
saúde. Assim sendo, pretende ser uma forma de atendimento que facilite o
2
aparecimento do indivíduo enquanto pessoa integral, em suas diferentes
dimensões, e não somente enquanto portador de uma doença ou alvo de
uma intervenção de saúde. Propõe-se a enxergar o indivíduo enquanto um
sujeito ativo, capaz de tomar decisões e fazer escolhas em direção ao seu
próprio bem estar (PUPO, 2007).
Em citação do Ministério da Saúde (2005), considera-se a importância
de reconhecer a inserção do aconselhamento, oferta da testagem anti-HIV e ao diagnóstico do HIV tanto nas rotinas dos serviços da Atenção Básica de Saúde de forma permanente ou na Campanha “FIQUE SABENDO” como estratégia de prevenção, mas a saber que essas ações implicam em uma reorganização do processo de trabalho e do serviço como todo (BRASIL, 2005).
E nesse sentido o acesso ao aconselhamento e ao diagnóstico precoce
é o que possibilita uma assistência adequada às pessoas vivendo com
HIV/AIDS e outras DST e essas ações são as que permitem a redução do
impacto da epidemia na população e ainda se faz conhecer, aprofundar,
dimensionar e mapear a população de maior vulnerabilidade e com isso,
reformular estratégias de prevenção (BRASIL, 2005).
3
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Descrever a partir da literatura brasileira e recomendações do
Ministério da Saúde as práticas de aconselhamento sorológico para
detecção de anticorpos para o HIV como estratégia de prevenção às
DST/HIV/AIDS e suas possibilidades e limites de implementação na
Atenção Básica de Saúde.
2.2 Objetivos Específicos
Discutir o aconselhamento como uma estratégia de prevenção das
DST/HIV/AIDS, na Atenção Básica de Saúde, em consonância com
os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), utilizando
os manuais técnicos, artigos e periódicos nacionais, para fundamentar
as possibilidades e os limites dessa prática.
Verificar as possibilidades e limites de implementação dessa prática
na Atenção Básica de Saúde.
4
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Atenção Básica de Saúde
Na história da organização dos serviços públicos de saúde a Atenção
Básica de Saúde caracteriza-se por desenvolver um conjunto de ações que
abrangem a promoção, a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a
reabilitação, tem sua origem ligada aos chamados centros de saúde que
foram implantados a partir da década de 1920, segundo afirmações de
Merhy (1997).
É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias,
democráticas e participativas, sob a forma de trabalho multiprofissional e
interdisciplinar, dirigidas a populações de territórios bem delimitados
(território-geográfico), considerando a dinamicidade existente nesse
território-processo, pelas quais assume a responsabilidade sanitária. Deve
resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância dessas
populações a partir da utilização de tecnologias de elevada complexidade
(conhecimento) e baixa densidade (equipamentos) (BRASIL, 2006).
Em se tratando do assunto Atenção Básica em Saúde, destaca-se o
estudo de Paim (2003)1, citado na obra de Rouquayrol (2003) quando diz
que:
[...] durante a 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, os principais problemas identificados no âmbito da prestação da atenção foram: desigualdade no acesso aos serviços de saúde, inadequação dos serviços às necessidades, qualidade insatisfatória dos serviços e ausência de integralidade das ações (CNS, 1987). A partir de então, diversas iniciativas têm sido empreendidas em universidades e algumas instituições de saúde no sentido de superar tais problemas e construir modelos de atenção mais coerentes com o corpo doutrinário da Reforma Sanitária Brasileira [...] (PAIM, 2003, p.567 ).
1 Paim JS. Modelos de Atenção e Vigilância da Saúde.
5
A Atenção Básica de Saúde se constitui como o primeiro contato do
usuário com o Sistema Único de Saúde (SUS), e para essa organização e
desenvolvimento, orienta-se pelas diretrizes da universalidade,
acessibilidade (ao sistema), continuidade, integralidade, responsabilização,
humanização, vínculo, eqüidade e participação social sendo que esses
princípios são reconhecidos internacionalmente. E deve contribuir, ainda
para o reordenamento dos demais níveis de complexidade, de forma que se
mantenha o compromisso com o acesso da população a todos os níveis de
assistência (BRASIL, 1999).
Com a publicação da Portaria nº 648/GM de 28 de março de 2006 no
capitulo I
[..] Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sócio-cultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL, 2007, p10 ).
É importante salientar que ofertar uma Atenção Básica de qualidade não
é uma tarefa simples, até porque não quer dizer de baixa complexidade. Tais
cuidados são realizados de forma individual e/ou coletiva, utilizando meios
ou técnicas que dispensam equipamentos sofisticados e de alto custo. Ainda
assim, são considerados de alta complexidade, porque necessitam de uma
abordagem ampliada dos indivíduos, da família, da comunidade, enfim, do
contexto que as pessoas vivem (BRASIL, 2010).
A Atenção Básica de Saúde é uma espaço de alta resolutividade e
privilegiado para identificação de pessoas em risco, tem capacidade
tecnológica para intervir nos problemas de saúde da população, atuar na
prevenção e na implementação do aconselhamento e a realização da
testagem sorológica para o HIV, buscando assim a integração das ações
das DST/AIDS, como preconiza o Ministério da Saúde (BRASIL, 1998).
6
3.2 Aconselhamento
Segundo definição encontrada no Dicionário Aurélio de Língua
Portuguesa, o termo aconselhamento está relacionado ao “ato ou efeito de
aconselhar, etapa do processo de orientação educativa em que o orientador
auxilia o orientando nas decisões que deve tomar com referência à escolha”
(HOLANDA, 2010).
Entende-se o termo aconselhamento como um processo de escuta
ativa, individualizado e centrado no cliente. Pressupõe a capacidade de
estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, visando ao
resgate dos recursos internos do cliente para que ele mesmo tenha
possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e
transformação (BRASIL, 1999).
O aconselhamento, por ser uma prática que oferece as condições
necessárias para a interação entre as subjetividades, isto é, a
disponibilidade mútua de trocar conhecimentos e sentimentos, permite a
superação da situação de conflito (BRASIL, 1999).
3.3 Aconselhamento em DST/AIDS
As etapas do aconselhamento especialmente desenhado para as
abordagens em prevenção das DST/AIDS são compostas de fases
preestabelecidas e interligadas que visam: a quebra da cadeia de
transmissão; o auxílio à busca de alternativas para a prevenção das
DST/HIV e AIDS e a adesão ao tratamento e o atendimento de parceiros(as)
sexuais (BRASIL, 1999). Ainda seguindo as informações do Ministério da
Saúde (MS), o aconselhamento é definido como:
[...] um diálogo baseado em uma relação de confiança que visa proporcionar à pessoa condições para que avalie seus próprios riscos, tome decisões e encontre maneiras realistas de enfrentar seus problemas relacionados às DST/HIV/AIDS [..] (BRASIL,2005, p.9)
7
Para Souza (2008), o aconselhamento é constituído por um conjunto de
intervenções que busca interferir nas condutas da vida cotidiana dos
sujeitos. Isso aponta para uma relação dialógica entre usuários e
profissionais do serviço e sinaliza a existência de um jogo entre
necessidades democraticamente contempladas e modos tecnológicos de
agir.
Pupo (2007), em sua Dissertação de Mestrado, “Aconselhamento em
DST/AIDS: uma análise crítica de sua origem histórica e conceitual e de sua
fundamentação teórica” destaca que:
[...] O aconselhamento em DST/AIDS tem sido visto como uma prática de atendimento em saúde que pressupõe uma disposição para escutar e acolher com atenção as demandas e necessidades do cliente, e um interesse em envolvê-lo em todas as etapas de seu tratamento, tornando-o um participante ativo e consciente, tanto de seu problema e dos riscos reais a que está submetido, quanto das diferentes estratégias e medidas existentes para redução de riscos e para a melhora de sua qualidade de vida [...] (p.16).
Com destaque do Ministério da Saúde, a prática do aconselhamento tem
sido uma estratégia de prevenção importante e é arte essencial no momento
de diagnóstico do HIV, sendo o momento onde emerge a responsabilidade
individual com a prevenção e a sua abordagem reforça o compromisso
coletivo e o ideal de solidariedade, ingrediente indispensável na luta contra a
AIDS (BRASIL, 2005).
Os objetivos para o aconselhamento segundo o Ministério da Saúde
(2005), são:
1. Provocar a troca de informações contextualizadas e corretas sobre
DST/HIV/AIDS (formas de transmissão, prevenção e tratamento);
2. Promover a ampliação da percepção e consciência dos riscos; dos
diferentes aspectos de sua vulnerabilidade, bem como a avaliação das
atitudes individuais e grupais frente a estas doenças;
3. Propiciar a discussão de estratégias individualizadas, contextualizadas e
factíveis de prevenção;
8
4. Contribuir para o fortalecimento emocional e cognitivo do paciente,
necessário a uma mudança de atitude;
5. Proporcionar encaminhamento e tratamento adequado, para as pessoas
infectadas e afetadas;
6. Ajudar na convocação e tratamento de parcerias sexuais e de parcerias
de uso de drogas injetáveis;
7. Promover participação ativa e aderência do paciente no seu processo de
tratamento;
8. Fornecer apoio psicossocial para a diminuição do stress emocional
associado a estas doenças.
Portanto trata-se, de uma relação interpessoal, face a face, fundada em
três grandes componentes que interagem entre si (BRASIL, 1997):
1. Apoio emocional;
2. Apoio educativo;
3. Apoio para tomada de decisão e mudança de comportamento em relação
aos riscos individuais.
9
4 -PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Tratou-se de estudo de natureza qualitativa e descritivo utilizando-se da
pesquisa bibliográfica. Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é
desenvolvida com base em material já elaborado constituído e que procura
explicar e discutir um tema com base em referências teóricas publicadas
principalmente em livros, revistas, periódicos e artigos científicos
Somou-se a esse acervo de consultas sobre o tema aconselhamento às
DST/AIDS na Atenção Básica de Saúde textos de publicações nacionais
que são disponibilizados pela Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); site da
Biblioteca da Faculdade de Medicina da USP onde estão catalogados os
artigos publicados pela USP; base de dados Literatura Latino-Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); ScIELO e em manuais técnicos
que compõe as publicações do Ministério da Saúde e pelo Departamento
Nacional de DST/AIDS.
Quanto à amostra dos artigos, manuais e periódicos foi realizado uma
análise criteriosa de 38 títulos entre artigos, teses, dissertações e os
manuais técnicos de produção nacional, foram selecionados 20 obras a
partir da variável de interesse e que responderam as questões sobre o tema,
atendendo os critérios de inclusão desse estudo, já que a priori foram as
publicações disponíveis a partir da década de 90 , período esse que
houveram mudanças institucionais importantes nas formas organizativas
tanto na Atenção Básica em Saúde como da criação de normativas para as
ações Programa Nacional de DST/AIDS , hoje Departamento Nacional de
DST/AIDS.
O levantamento, a seleção, a revisão e a leitura de todos os materiais
que compõe esse estudo ocorreram entre o período de Julho a outubro de
2011, com isso buscou-se estabelecer compreensão e a ampliação do
conhecimento sobre o tema pesquisado e a elaboração do referencial
teórico.
Para a realização da busca utilizou-se as seguintes palavras chaves:
Aconselhamento, Atenção Básica, Prevenção, HIV / AIDS.
10
4.1 Local de Estudo
Tradicionalmente o local privilegiado para as fontes bibliográficas tem
sido as bibliotecas, no entanto, em virtude da ampla disseminação de
materiais bibliográficos em formato eletrônico, tornou-se uma indispensável
fonte de pesquisa, passando a ser a escolha seguida.
4.2 Pesquisa Bibliográfica
A partir da pesquisa bibliográfica realizou-se, como primeira
aproximação, a contextualização da epidemia do HIV/AIDS, no Brasil,
procedendo à descrição das ações de aconselhamento e de testagem para
HIV realizadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e sua importância
como estratégia de sensibilização e prevenção do HIV/AIDS. A análise
procurou destacar as possibilidades e os limites do Aconselhamento como
estratégia de prevenção do HIV/AIDS na Atenção Básica de Saúde (ABS).
11
5 RESULTADOS
5.1 O Aconselhamento das DST/AIDS e a Oferta da Testagem Anti-HIV
na Atenção Básica de Saúde como uma das propostas para o
enfrentamento da epidemia
No Brasil a tendência da epidemia de AIDS tem se caracterizado pela
heterossexualização, feminilização, pauperização, interiorização e a esses
novos grupos populacionais demandaram atenção para a criação de novas
estratégias de ampliação do acesso ao diagnóstico, como sua implantação
na Atenção Básica de Saúde (BRASIL, 2008).
Nesse sentido, faz-se necessário a ampliação da oferta de testagem
sorológica voluntária, anônima e confidencial, com garantia de
aconselhamento pré e pós-teste como prima as diretrizes do Programa
Nacional DST/AIDS tem como uma das propostas a descentralização das
ações de prevenção em DST/AIDS dos serviços especializados,
incorporando essas ações na Atenção Básica de Saúde com vistas ao
fortalecimento dos vínculos entre profissionais e os usuários dessa rede
(BRASIL, 2008).
Pupo (2007) refere, que nos serviços da Atenção Básica de Saúde,
mostram que prática do aconselhamento ainda concentra uma dose
significativa de fragilidades e problemas. Estes estão relacionados
principalmente à falta de uma reflexão e clareza sobre a definição,
conceituação, estrutura e forma de atuação do aconselhamento, bem como
sobre seus limites e possibilidades.
A afirmação do Ministério da Saúde é que a dimensão dos serviços
oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é ampla, oportuna e
urgente. Supõe o compromisso maior com os princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS) garantindo a atenção com o respeito e a confiança que merece
um ser integral, inteligente, sensível, considerando sua individualidade
(BRASIL, 2006).
Dentre outras ações, espera-se que a Atenção Básica de Saúde
desenvolva ações informativo-educativas, reconhecendo-se nessas,
12
oportunidades maior aproximação da população a temas relacionados às
DST/AIDS. Ainda espera-se que além da sensibilização para o tema, uma
busca mais precoce dos serviços de saúde por indivíduos com suspeita de
DST e seus parceiros, tornando as Unidades Básicas de Saúde (UBS) porta
de entrada para esses pacientes reduzindo assim a automedicação e a
procura da resolução do problema em farmácias e, ainda, contribuindo para
romper com a cadeia de transmissão de DST/HIV/AIDS (BRASIL, 2006).
Assim como implementação das ações de prevenção das
DST/HIV/AIDS, teve início no Brasil em 1985 a política de testagem e
aconselhamento em HIV e AIDS, após implantação e disponibilização de
recursos tecnológicos, que foram previamente licenciados, e primeiramente
implantados nos serviços de saúde dirigidos ao tratamento de pessoas
vivendo com HIV. Posteriormente, a testagem para detecção de anti-corpos
para o HIV foi também incorporada pela rede privada de serviços de saúde.
É importante destacar que foi decisivo nesse processo de implantação de
diagnóstico das pessoas afetadas pela pandemia a atuação da sociedade
civil.
Em 1986 se tornou obrigatória, no Estado de São Paulo, a testagem de
todo sangue a ser transfundido. Após 1988, com a promulgação da nova
Constituição Federal, a triagem sanguínea em bancos de sangue tornou-se
indispensável em todo o território nacional (BRASIL, 2008).
No início dos anos 2000, a ênfase nacional é a incorporação do teste
anti-HIV na rede pública de saúde, que através da definição e
desenvolvimento de novas estratégias de enfrentamento da epidemia,
buscou-se ampliar o número de pessoas testadas e que segundo o
Ministério da Saúde (MS) passou a preconizar explicitamente a
universalização do acesso e da oferta do teste anti – HIV especialmente no
âmbito da Atenção Básica de Saúde (BRASIL, 1998).
França-Junior (2003) afirma que é baixa a busca de testes por demanda
espontânea mesmo por indivíduos que tenham vivenciado alguma situação
vinculada ao risco de infecção.
E nesse sentido a inserção do aconselhamento pré e pós-teste e a
ampliação da oferta da testagem anti-HIV, especialmente no âmbito da
13
Atenção Básica de Saúde, constitui-se um grande desafio para gestores e
profissionais de saúde, pois necessita de mecanismos de superação em sua
efetivada caminhada por meio de todos os serviços do Sistema Único de
Saúde(SUS) para que resultados satisfatórios sejam obtidos (BRASIL,
2005).
Para tanto é importante abordar a temática da Atenção Básica no
Sistema Único de Saúde (SUS) e as ações programáticas de prevenção às
DST/AIDS, que tem como objetivo promover articulação das diretrizes e
estratégias desse, com vistas a ampliar a abrangência das ações de
prevenção e assistência, especialmente em relação ao diagnóstico precoce
e à atenção às DST na Atenção Básica de Saúde (FILGUEIRAS, 1999).
5.2 A Campanha “Fique Sabendo” e a Atenção Básica de Saúde
Estima-se que haja no Brasil 600 mil pessoas com HIV, cerca de 250
mil, sabem que são soropositivas para o HIV, as restantes nunca fizeram o
teste, portanto podem estar transmitindo o vírus sem saber ou correm o risco
de só tomarem conhecimento do diagnóstico quando desenvolverem um
quadro já grave da doença (SÃO PAULO, 2003).
Em 2003 foi lançada em âmbito nacional, a campanha “Fique Sabendo”
para estimular as pessoas a realizarem o diagnóstico e mobilizar gestores
públicos para a organização da rede de serviços e de laboratórios, visando
ampliar a oferta do teste anti-HIV para toda a rede de saúde (BRASIL, 2008).
Nessa ocasião não estavam disponíveis métodos rápidos para
diagnóstico e se aguardava o retorno dos resultados das sorologias dos
laboratórios de referência no mínimo por quinze dias o que interferia no
retorno do usuário ao serviço, que em muitos casos, não retornava para
retirada dos resultados da testagem.
E por ser um desafio testar os possíveis infectados que em 2004, os
testes rápidos para diagnóstico do HIV foram disponibilizados com prioridade
nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) e em regiões com
menor estrutura laboratorial, como Norte e Nordeste, disponibilizando
diagnóstico e tratamento precoce.
14
A oferta da testagem anti-HIV foi sendo organizada e sistematizada em
todas as regiões do país. Ampliando-se a disponibilidade posteriormente nas
demais regiões do país, facilitando a testagem de populações mais
vulneráveis com dificuldades de acesso e o retorno dos usuários do serviço
na busca do resultado do teste (BRASIL, 2008).
A priori os principais objetivos da Campanha “Fique Sabendo” são
permanentes:
Conscientizar a população sobre a importância da realização do
exame de HIV;
Diagnosticar pessoas que estão em todo o território nacional, que
supostamente estejam infectados com o vírus da AIDS e não sabem o
seu status sorológico;
Reduzir as transmissões;
Promover o tratamento precoce da doença, garantindo assim mais
tempo de vida, e com mais qualidade às pessoas vivendo com
HIV/AIDS (PVHA);
Incentivar a população a fazer o teste e diminuir cada vez mais o
preconceito em relação ao HIV/AIDS.
A Campanha ”Fique Sabendo” com o aconselhamento pré e pós teste na
Atenção Básica de Saúde tem como objetivo principal o de promover
acesso universal ao diagnóstico e à prevenção do HIV e das demais DST, e
a institucionalização dessas ações, permite a redução do impacto da
epidemia na população, a promoção de saúde e a melhoria da qualidade do
serviço prestado nas Unidades Básicas de Saúde, mas a integralidade no
cuidado ainda permanece como desafios a serem superados.
15
6 DISCUSSÃO
A partir de 2006 com publicação do Pacto pela Saúde, a
organização do Sistema Único de Saúde (SUS), toma como diretrizes
políticas três principais dimensões: Pacto de Gestão, Pacto em Defesa
do SUS e Pacto Pela Vida.
Para tanto, o Pacto pela Vida estabelece um conjunto de
prioridades sanitárias entre as quais se destaca o fortalecimento da
Atenção Básica de Saúde (BRASIL, 2010), implicando no
reconhecimento do potencial desse espaço assistencial e de promoção à
saúde, que tem sido fortemente enfatizado em discursos e normas,
como ilustra a declaração do Programa Nacional de DST e AIDS como:
[...] a melhor alternativa para a prevenção de novas infecções e [...] [um] instrumento capaz de antecipar problemas individuais e coletivos em relação à epidemia de HIV e AIDS e a ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis (FERRAZ, 2008).
São inegáveis os avanços que o Brasil tem alcançado no campo da
prevenção das DST/AIDS, contudo, uma das tarefas mais árduas no
contexto da descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS), em geral, e
da prevenção das DST/AIDS, em particular, é a da sustentabilidade política
das ações que apesar das potencialidades que estão elencadas na atenção
básica, existem dificuldades para concretização desse potencial, pois a
procura pela testagem e outros insumos ainda é pequena e que isso pode
estar ligado a fatores culturais e a falta de informação da população
(FERRAZ, 2008).
A Atenção Básica de Saúde é um campo propício, estratégico e
favorável para o desenvolvimento do aconselhamento em DST/HIV/AIDS, se
assemelha aos princípios adotados pela Estratégia de Saúde da Família,
que se propõe a resgatar o modo como se dá o relacionamento entre o
serviço e seus usuários, enfatizando o caráter preventivo e a articulação com
a prática assistencial e com a comunidade (FERRAZ 2008)
16
7 CONCLUSÕES
Atenção Básica de Saúde possui papel importante na sensibilização,
informação, orientação e avaliação de riscos do usuário, através da
realização da prática do aconselhamento coletivo e individual e tem
contribuído de maneira favorável e participativa na redução da
vulnerabilidade ao HIV/AIDS à medida que incorpora de forma sistematizada
novas tecnologias de trabalho, baseadas na atuação multiprofissional e
transferindo o enfoque assistencial da cura e acompanhamento para a
prevenção de doenças e a promoção da saúde (SOUZA, 2006).
A Atenção Básica de Saúde constitui-se como espaço reconhecido para
o cuidado integral dos usuários do SUS, portanto local privilegiado para a
implantação e implementação das ações de prevenção e assistência às
DST/AIDS, mas que pode significar não só o aumento da cobertura
populacional, como também a promoção da sustentabilidade dessas ações
(PAULA, 2007).
É com o serviço privilegiado de saúde que se pode, frente as suas
características, possibilitar o acesso da população à prevenção e ao
tratamento de DST/HIV/AIDS, pois as ações que estão voltadas à promoção
da saúde são de fundamental importância para a quebra da cadeia de
transmissão e para o controle da epidemia do HIV/AIDS e das demais
doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Ferraz (2008) afirma que as possibilidades têm sido associadas
principalmente pela otimização de recursos e aos saberes acumulados.
Considera-se ainda, que estaria relacionado ao fato de que a maior
parte das demandas de saúde é dirigida a esses serviços e as ações de
prevenção e promoção da saúde estão entre suas principais atribuições
(BRASIL, 2006).
No entanto os fatores estruturais e operacionais têm sido avaliados
como barreiras de acesso aos serviços, problemas de articulação com
demais recursos sociais, falta de capacitação das equipes e. ainda
dificuldades para realização do diagnóstico (SILVA, 2010).
17
Portanto, objetivando-se considerar as possibilidades e também os
limites que, respectivamente, viabilizam ou dificultam a inclusão e realização
na Atenção Básica as ações voltadas à prevenção das DST/AIDS é
necessário reconhecer as reais condições que tem essa rede, apontando
eventuais lacunas, como por exemplo, a oferta de capacitação para
profissionais na abordagem de temas ligados à prevenção das DST/AIDS ou
ainda, para realizar o aconselhamento sorológico aos moldes do
preconizado pelo PNDST/AIDS, assim como, a disponibilidade de insumos
para a prevenção em quantidades suficientes para atender a demanda.
A partir dessa perspectiva, integrar as ações voltadas à prevenção das
DST/AIDS na Atenção Básica, pôde-se evidenciar a importância e a
necessidade de readequar a prevenção às DST/HIV/AIDS levando em conta
características da população adstrita em cada território.
Nesses termos, pode-se afirmar que a Atenção Básica em Saúde tem
também um papel fundamental no controle das doenças sexualmente
transmissíveis e da epidemia do HIV/AIDS, e este papel só pode ser
concretizado com investimentos nesse nível de atenção com vistas à
implementação das ações de prevenção às DSTs e oferta e
Aconselhamento e Testagem para o HIV como estratégia de ampliação do
acesso ao diagnóstico, tratamento para casos diagnosticados, nas rotinas da
Atenção Básica de Saúde.
Nesse sentido, entende-se que a Atenção Básica possui um papel de
fundamental importância na sensibilização, informação, orientação e
avaliação de riscos dos usuários, em seus processos de trabalho.
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