MARX,K. - O trabalho alienado e a superação positiva da auto-alienaçao humana

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I.A

CONSCINCIA DAHISTORlA

REVOLUCIONRIA

1.

K. MARX: TRABALHO ALIENADO E SUPERAO POSITIVA DA AUTO-ALIENAO HUMANA *

[O trabalho alienadoPXXII . Partimos dos pressupostos da Economia Poltica. Aceitamos a sua linguagem e as suas leis. Supusemos a propriedade privada, a separao O presente texto' constitui a parte final do primeiro dos Manuscritos econ8mico-filos6/icos (1844); tomamos por base da traduo o texto editado em MAU, K. e ENOELS, F. Werke. Ergnzungsband: Schriften,. Manuskripte, Briefe bis 1844.8erlim, Dietz Verlag, 1977. Tomo I, p. 510-22. Traduzido por Viktor von Ebrenreich. 1Em geral procuramos nos ater o mais fielmente possvel ao texto original, e as pusagens que por uma razo ou outra no permitem uma verso ipsis verbis foram registradas em notas. O carter de manuscrito explica muito rudezas de estilo no texto, e no foi intento da traduo arredondar o vernculo e assim iludir quanto ao truncamento do original. Quanto terminologia, procuramos sempre traduzir cada termo alemo por um s6 equivalente portugus, justificando as vezes em que tal procedimento- se tomava impossvel devid ao contexto ou multivocidade do termo alemo em pauta. Seguimos o uso de grifos de Marx, o qual tem sempre a funo de ressaltar o significado do termo grifado; isto nos levou a nos afastarmos do uso em portugus, no grifand9 expresses estrangeiras que ocorrem no texto. Tambm seguimos a pontuao 510 original, mesmo onde esta se afasta do uso mais corrente de nossa lngua. A numerao romana, em negrito na margem, indica a paginao do respectivo caderno de manuscritos tal qual aparece na edio supraitada. Colchetes [] indicam acrscimos ou comacrscimos do tradutor para plementacs do editor alemo, barras duplas efeitos de maior clareza, citao do -termo alemo em pauta ou traduo de eventuais termos que aparecem em lngua estrangeira no original. Salvo indicao explcita em contrrio. todas as noto so do tradutor.

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de trabalho capital e terra, igualmente de salrio, lucro de capital e renda da t~rra, assim com6 a diviso do trabalho, a concorrncia, o conceito de valor de troca, etc. A partir da Economia Poltica mesma~ 'com as suas ~prprias palaVras, mostramos 9ue o trab~ha~or decai a mercadoria e mais miservel merca abalhador est na razao mversa do oder e da ma itu odu o que o res ta o necess .o da concorrncia a acumulao do capital : em poucas mos, portanto a restaurao ainda mais terrvel do moneplio, que finalmente desaparece a derena tanto entre capitalista e rentista 11 quanto entre agricu40r e trabalhador de indstria 8 e que a sociedade inteira tem que se cindir nas duas classes dos proprietrios e dos trabalhadores sem propriedade. A Economia Poltica part do fato da propriedade priv~da. No nos explica o mesmo. Capta o processo material que a propriedade privada perfaz na realidade efetiva ~ em frmulas abstratas, gerais, que ento lhe valem como leis. No concebe estas leis, ou seja, no demonstra 8 como emergem da essncia da propriedade privada. A Economia Poltica no nos d esclarecimento algum sobre a razo 7 da diviso entre trabalho e capital, entre capital e terra. Por exemplo, quando determina a relao do salrio com o lucro de capital, o interesse do capitalista lhe yale como a razo ltima; isto . ela supe o qye deve "desenvolver. Igyalmente a concorrncia entra em toda parte. explicada a partir de circunstncias externas. A Economia Poltica nada nos ensin ~lJ.re at que ponto estas circunstncias externas, aparentemente acidentais, so apenas a expresso de um desenvolvimento necessrio. Vimos ~.11o

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11 "Gnmdrentner", ou seja, aquele que vive da renda da terra ("Gru~drente':>, '"Manufakturarbeiter", literalmente "trabalhador mannfatureiro" ou "trabalhador do (ou em) manufatura(s)", o.oTermo de extrao hegeliana, "Wirklihkeit" designa aqui no apenas a realidade COIQO dado bruto, mas aquela posta efetivamente pela ao humana (incluindo, opor exemplo, instituies sOCiais), Uma traduo alternativa seria "efetividade", do r~ mais fiel formao do vocbulo alemo, "Wirklichkeit" vem de "wirken" = "atuar", sendo cognato dos termos alemes "Werk", "werken" (respectivamente

"ba1harobra" e "), "obrar") e dos termos inglesos "work", "to work" ("trabalho", "trali Em alemo: "begrei/t", O significado corrente do verbo "begreifen" "compreender", Mas como aqui se trata do desdobramento racional de um contedo numa ci&ncia (o grifo tambm aponta no sentido de um uso no casual do termo), entra em jogo uma aproximao deste verbo com o substantivo cognato "Begrifr' = "conceito", tambm um termo tcnico na tradio hegeliana, Em alemo: "zeigt nicht nach", O contexto parece justificar nossa traduo talvez um tanto forte para o termo alemo. "Nachzeigen" (de "zeigen" = "mostrar" e "nach" = "aps", "segundo") se aproxima aqui do uso de "nachweisen" ("evidenciar", "demonstrar"), 7 .Norm~ente se traduz "Grund" por "fundamento", mas aqui "razo" se apromma lI1lU8 do uso vernculo,

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como mesmo a troca aparece a ela como um fato aci.ental. .As nicas ..!,odas que o economista poltico pe e~ ~ovimento so a ganncia e-!. ;'guerra entre os gananciosos, a concorrencz,g...s. Precisamente porque a Ec.n.mia P.ltica n. c.nce'e a interc.nex.

0. a movimento que foi lo~sv~l que ~e do mono ho a doutnna da I. ,dodoutrina da concorrenCla a doutnna novo s,i opuses.sem. por ex~mpJe, \ h erdade de ofcio ou nna . a da diviso da conse da posse da ais r si' s . -_ I' ncia, ebidas a enas como diviso ncias acidenterra eram desem~Q1yidas _ L liberdade d_e_.er, le~m,f como seu IIsuas~ prprioj'asL'22, :e, da mesma maneira na religio. Quanto mais o homem e em Deus, tanto menos retm e

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\/IL. si -.ff\ \nomesmo. O Rertence\ ,

trabalha o sua vida no ob' e . as a,gQLIL~tL; mais a ele. mas sim ao objeto. Portanto, quo maior esta /

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18 Em alemo: "entwirklicht", literalmente "privado de realidade e/ou de efetividade". a. nota 16. 18 Em alemo: "bis zum Hungertod", literalmente "at llsobrevir 11 a morte por fome". ' 20 O verbo "sich verhalten zu" talvez seja melhor vertido pela expresso portuguesa "ter a atitude diante de", desde que se explicite o seu duplo significado: um mais receptivo expressvel por "estar na relao com" e outro mais ativo expressvel por "se comportar perante". Estes dois significados tambm se patenteiam no cognatismo deste verbo alemo com dois outros termos: "Yerhalten" = "comportamento" e "Yerhltnis", no contexto de Marx traduzido por "relao" (por exemplo, "Produktionsverhltnisse" = "relaes de produo"). A traduo francesa de "Yerhltnis" por "rapport" permite resgatar tanto o significado destas expresses quanto o jogo etimolgico usado por Marx, o qual infelizmente no possvtl exprimir de todo em portugus. Manteremos sempre a mesma traduo, embora em vrios contextos "comportar-se perante" fizesse mais sentido; cabe ao leitor reconstruir o significado integral em cada passagem. 21 "Sichausarbeiten", ou seja, trabalhar at se esgotar completamente no trabalho e com isso pr para fora tudo o que seu. 22 Em alemo: "um so weniger gehort ihm zu eigen". Literalmente no singular, nossas adies querendo deixar claro que todo este passus no' se refere s expresso precedente "mundo interior", mas a tudo que possa de algum modo ser prprio do homem. Reservamos "prprio" ,e derivados para traduzir' "eigen" e derivados, mantendo assim com preciso o paralelismo de timos, por exemplo "propriedade" = "Eigentum", "apropriao" = "Aneignung", etc. Para outras partculas reflexivas, por exemplo "selbst", "er selbst", "sich", etc., uSamos respectivamente "mesmo", "ele mesmo", "se" ou "a si", etc., mesmo quando o portugus resultante no seja dos melhores.

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atividade tanto mais o trabalhador sem-objeto 28. Ele no o que -k" o produto do seu trabalho. ,Po~an:o, quo maior este produto. tanto. ~os ele mesmo a-A exterzorzzaao d trabalhador em seu pro~uto tem o significado no s6 de que o seu trabalho se toma um objeto, urna. existncia exterior, mas tambm que ela 24 existe fora dele, independnte de e alheia a ele, tomando-se um poder autnomo frente a ~le, ~o significado~ de que a vida que ele conferiu ao objeto se lhe. defronta inimiga e alheia.,/ -Consideremos agora mais de perto a objetivao, a produo do trabalhador e nela a alienao, a perda do objeto, do seu produto. O trabalhador nada pode criar26 sem a natureza, sem o mundo exterior sensorial. Ela o material no qual o seu trabalho se realiza efetivamente 26, no qual ativo, a partir do qual e mediante O qual produz. Mas assim como a natureza oferece [OS]27 meio[s] de vida do trabalho no sentido de que o trabalho no pode viver sem objetos nos quais se exera, assim tambm oferece por outro lado o[s] meio[s] de vida no sentido mais estrito, a saber, o[s] meio[s] de subsistncia fsica do trab(Jlhador mesmo .

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~ meiofsl de vida seaundo um duplo trabalho. tanto maisQue cadapriva / 'I. natureza sensorial. atravs do seu aspecto. primeiro. ele se vez mais Portanto, !l!!..anto,maiso trabalhador se apropria do mundo exterier, ;/ , o mundo exterior sensoal cessa de ser um objeto pertencente ao

'\ .!!lAiscessa de um meio de vida no sentido imediato, meio para cada vezseu trabalho. ser meia de vida do seu trabalho: segundo. que a subsis\ tncia fsica do trabalhador. _u"Gegenstandslos" (no texto est no comparativo) equivale ao ingls "objectless". Embora menos pregnante, uma alternativa seria "destitudo de objetos", "privado de objetos". li. Pronome feminino "sie" referindo-se a "existncia exterior" (feminino em alemio), no a "objeto" (masculino em alemo). 1I11 Como verbo transitivo "schaffen" significa "criar", "realizar", "produzir", como vl'bo intransitivo "trabalhar", "ser ativo", "labutar", Ambos os sentidos se conjugam no texto, mais ou menos igual a "criar atravs do trabalho, do esforo". 1I8 Para manter o paralelismo com os respectivos substantivos (cf. notas 4 e 16) traduziremos o verbo "verwirklichen" por "realizar efetivamente". Traduziremos o adjetivo "wirklich" por "efetivamente real" sempre que possvel, onde razes llilgl1fsticas no o permitirem o verteremos simplesmente por "efetivo", conQuando "wirklich" ocorrer como advrbio signando o termo alemo entre traduziremos por "de maneira (ou de modo) efetiva(o)". 27 Aqui "Lebensmittel", "meio(s) de vida", pode estar tanto no singular quanto no plural. O artigo plural foi colocado pela editoria do original. Marx habitualmente abreviava a grafia do artigo com a sua letra inicial "d", sendo muitas vezes difcil decidir se est no singular ou no plural. Neste pargrafo e numa ~rrncia do seguinte indicamos pelos colchetes a opo de interpretao dos editores do texto alemo, to incerta quanto a outra alternativa.

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Segundo este duplo aspecto o uabalhador se torna portanto um servo do seu objeto, primeiro ao receber um abjeto de trabalho, isto , receber trabalho, e ae&undo ao receQer meios de subsistnci'!;.. Portapto, para que possa existir primeiro como trabalhador e, segundo, como sujeito fsico. O extremo desta servido que apenas fomo trabalhador ele [ ode se manter 28 como su 'eito si . ito isico ele e tra alhador. . (Segundo leis da Economia Poltica a alienao do trabalhador em seu objeto se expressa de maneira que quanto mais o trabalhador produz tanto menos tem para consumir, que quanto mais valores cria tanto mais se toma sem valor e sem dignidade, que quanto melhor formado o seu produto tanto mais deformado o trabalhador, que quanto mais civilizado o seu objeto tanto mais brbaro o trabalhador, que c.]uantQ_ .wais poderoso o trabalho tanto mais impotente se torna o trabalhadQ4 que quanto mais rico de esprito o trabalho tanto mais o trabalhador se toma pobre de esprito 29 e servo da natureza.) A Economia Politica oculta a alienao na essncia do trabalho por no considerar a relao imediata entre o trabalhador (o trabalho) e a produo. claro. P trabalho produz maravjlhas para os ricos, ~ .Qr.odyzdesnudez para o trabalhadQr. ~Joduz palcios. mas cavernas p~r~ o trabalhador produz beleza, mas mutIlao para o trabalhador. SUbstitUI o trabalho por mquinas. mas joga uma parte dos trabalhadores de volta a um trabalho brbaro e faz da outra parte. mquinas ..PIoduz. esprito, mas produz idiotia, cretinismo para o. trabal~ ~I \' [A relao imediata do trabalho produoJA produtos do aabastado relao :'do trabalhador fom os objetos da sua com os s~ relao com os objetos da produo e com ela mesma s uma conseqncia desta primeira relao. E a confirma. Mais tarde consideraremos este outro aspecto. Se portanto perguntamos qual a relao essencial do tra, balho, ento perguntamos pela relao do trabalhador com a produo. "' At aqui consideramos a alienao, a exteriorizao do trabalhador s segundo um dos seus aspectos, a saber, a sua relao com os produtos .do seu trabalho. Porm, a alienao no se mostra apenas no resultado, \ J,pllS no ata da produco dentro da ' atividade prdutlva mesma. Como o trabalhador poderia se defrontar alheio ao produto dast.ll" atividade se no ato mesmo da produo ele no se alienasse de si mesmo? Pois o produto s o resumo da atividade, da produco S~ por copseguinte o produto do trabalho a exteriorizao, ~llJo a produo mesma tem .Que ser a exteriorizao ativa, a exteriorizao da atividade, a atividadeNeste pargrafo, jogo com, o verbo "erhalten" = ';receber" e sua forma reflexiva "sich erhalten" = "manter-se". 29 Oposio de "geistreich" (literalmente "rico de esprito", tambm traduzvel por "engenhoso", s vezes por "espirituoso") e de "geistlos" (literalmente "sem esprito", tambm traduzvel por "inspido", "sem graa").28

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exteriorizaco. N~ al~enao' ~ objeto do trabalho s se resume a alienao a extnonzaao na atividade mesma do trabalho. . .,pOra' em Que consiste a exteriorizaco do trabalhO? ~ ~. '. pertens ' sUiu;ssncia_30, que exterior~e ~Q ~e afirma,_ou. seja, nega pnrn. e1ro, q.ue o trabalho portanto ao trabalhador. mas se no ~ erii-s-eu trabalho, que nao se sente bem, mas mfelIz, que nao desenvolve efuiii'iF menial e fsica livre, mas mortifica a sua physis 31 e arruna aD" ,

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-:.. ~abalho mente 32. ~: ~l; _0 otrabalho. Sente-se se smta Junto a SI_ trabalha ,J.:ua e foi.. trauawabor so em casa quando nao ora o e quando trabalha no se sente em casa 34. seu trabalho no portanto

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\~' voluntri~s compulsrio, trabalho somente Por conseguinte, .JJ.o...t. .J ''Tj aatisfa(ijQde lima necessidade 35, mas forCado. um mio para satisfazer '" '. dele. A sua alienidade emerge com pureza no fato de que, to logo ho exista coero fsica ou outra qualquer, se foge do trabalho como de uma peste. O trabalho exterior, Q trabalho no qual o homem se exterioriza, um trabalho de auto-sacrifcio, de mortjfjca"o. Finalmente, a exterioridade do trabalho aparece para o trabalhador no ~*pJto de lhe Q. trabalho ~ no ele no pertence a si de um outro, " '/fue no que Jfpertence, que nele seu prprio, mas simmesmo, mas a .um outro. Assim como na religio a auto-atividade da imaginao humana, do crebro humano e do corao humano atua sobre o indivduo 'independente deste, ou seja, como uma atividade alheia, divina ou diablica, assim tambm a atividade do trabalhador no a sua auto-atividade. E~rtence a um outro, a perda de si mesmo:10 Neste passus tambm se poderia traduzir "Wesen" por "ser" (substantivo), embora a determinao de "essncia" esteja por demais presente. Para maior clareza uma alternativa seria o pleonstico "ser essencial". Cf. supra nota 12 e infra notas 38, 46 e 56. 81 No original, termo grego grafado em caracteres latinos. ti Dada a sua importncia na tradio hegeliana, o termo "Geist" no mais inocente no pensamento alemo ps-hegeliano. O seu significado primeiro "esprito", e bem se poderia tambm traduzi-Io assim aqui. Todavia, mais acima no mesmo perodo traduzimos o adjetivo "geistig" por "mental", o que concorda melhor com o contexto, e aqui preferimos manter o paralelismo. 88 Traduo literal (e insuficiente) tle "bei sich", que tem um equivalente preciso no francs "chez soi". Um misto de "estar vontade consigo mesmo" e de "estar conscientemente de posse de todas as suas faculdades". Cf. tambm nota 34. M Jogo com dois sentidos de "zu Hause sein", o literal "estar em casa" e o 'figurado "sentir-se em casa". 811 Costuma-se traduzir "Bedrfnis" por "necessidade", embora neste caso o por~guea. se preste a equvocos. "Bedrfnis" uma necessidade imposta pela condio biolgIca do ser humano, estando sempre ligada a uma falta ou carncia e a um deso~o c0I'!'espondente. Para a necessidade lgica e/ou ontolgica, que se ope contingnCia, o alemo tem o termo "Notwendigkeit". Esta distino corresponde respectivas distines em lngua francesa (Ubesoin/ncessit") e inglesa (Uneed/ lnocesaity"). At aqui o texto s apresentou necessidade no sentido lgico, e doravante sempre indicaremos as vezes em que ocorrer no sentido de carncia, se tal nio for depreendvel claramente do contexto, agregando o termo alemo

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Por conseguinte, chega-se ao resultado de que o homem (o trabalhador) se sente livremente ativo s ainda em suas funes animais, comer, beber e procriar, no mximo ainda moradia, ornamentos, etc., e em suas funes humanas s ~se sente~ ainda como animal. O que animal se torna humano e o que humano ~ se torna~ animal. Claro que sc>mer,beber e procriarJtc, tambm so funes genui\\~\. crculo restante da atividadeso animais na abstraco .que as separa do namente humanas. Porm. humana e " sivos. ~ ~'i)'>' ~

humana prtica, o trabalho. Q.)A relao do tra alienoro da oativida e-.,+ Consideramos sob dOIS ~ectos o de a a com pro uto do trabalho como objeto alheio tendo poder sobre ele. Esta relao

(ttl~l1' ,Ij." ~-,

s.multanea.mente atrabalho com o alheio exterior sensorial, do os objei relao com .2,s natureza (.VA da relao docomo um mundoo mundo que se lhe defronta com trabalho. ato da produo dentro hostilmente. Esta relao a relao do trabalhador com a sua prpria atividade como uma ~atividade~ alheia no pertencente a ele, a atividade como sofrimento, a fora como impotncia, a procriao como emasculao, a energia mental e fsiCa pr6pria do trabalhador, a sua vida pessoal pois o ~ue mesmo, independente dele, -nocomo uma atividade A autocontra'" e vida seno 36 atjyjda

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- a produo e Ifolf consumo - a revelao 113 sensorial do movimento de toda a produo at aqui, isto , realizao efetiva ou realidade efetiva do homem. Religio, famlia, Estado, direito, moral, cina sua ~ei geral.\?o superao po~itiva da prop~iedade privada:, caem sob cia, arte, etc., A. apenas modos particulares da produo e enqu~~to apropnao da VIda humana, e por consegumte a superaao pOSItIva ::S A alienao de toda a alienao, s'ua existncia humana, homem desde (eligio, famlia, Estado, etc., portanto o retomo do isto , ~) religiosa como tal s se desenrola no terreno da consci~ncialf,1f do interior do homem, mas a alienao econmica a da vida efetivamente real - a sua superao abrange por conseguinte ambos os lados. ompreende-se que nos diversos povos o movimento tem o seu primeiro comeo conforme a vida reconhecida verdadeira do povo se desenrole mais na ~ , conscincia ou no mundo exterior, seja mais a vida ideal ou a realll4 ~~;I!;:~o~_};;.~~ad~oS;:n ~()~ou~i~m~~;~l; ::;::::~ ;~ s~nuplodesentido de "Gattungsa)tt", o de "ato genrico" ou "ato do gnero" e o ato gerar" ou "ato de ai asalar-se".

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quem gerou o primeiro se~ humano e a natureza em geral? S6 posse te responder: a tua pergunta ela mesma um produto da abstrao Pergunta-te como chegas quela pergunta; pergunta-te se a tua pergunt~ no acontece a partir de um ponto de vista ao qual eu no posso res ponder porque ele um j'ponto de vista aoj' avesso 155?Pergunta-tt se aquela progresso como tal ~iste para um pensar racional? Se per guntas pela criao da natureza e do ser humano, ento abstrais POl conseguinte do ser humano e da natureza. Tu os pes como no-send( e ainda assim queres que eu te os prove com.o sendo 156.Agora eu tt digo: se abrires mo da tua abstrao tambm abrir"s mo da tua per gunta ou, se quiseres manter a tua abstrao, seja ento conseqente e se pensas o ser humano e a natureza como no-sendo 157, ento pens: a ti mesmo como no-sendo, tu que tambm s natureza e ser humano No penses, no me perguntes, pois to logo pensas e perguntas a tu; abstrao do Ser j'Seinj' da natureza e do homem no tem sentido Ou s um tal egosta que pes tudo como nada e queres tu mesmo ser' Podes me retrucar: no quero pr o nada da natureza, etc.; te pergunto pelo ato de surgimento dela, assim como pergunto o anatomst: pelas formaes dos ossos, etc. Mas na medida em que para o homem socialista a inteira assin chamada hist6ria universal nada mais seno o engendramento do ho mem pelo trabalho humano, o devir da natureza para o homem, ent( ele tem a prova intuitiva, irresistvel do seu nascimento por si mesmo do seu processo de surgimento. Na medida em que o fato do homer e da natureza serem essencialmente 158, na medida em que o homen se tornou prtica e sensorialmente intuvel para o homem como existnci: da natureza e a natureza j'se tornou prtica e sensorialmente intuvelJ para o homem como existncia do homem, tornou-se praticamente impos svel a pergunta por um ser alheio, por um ser acima da natureza e d( homem - uma pergunta que inclui a confisso da inessencialidad, da natureza e do homem. Como negao 159 desta inessencialidade ( atesmo no tem mais sentido, pois o atesmo. uma ~ao do Deu

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e atravs desta no precisa a existncia tal mediao; ele comea //: .~omo socialismo negao pe mais de uma do homem; (was1o socialismeO adjetivo "verkehrt" significa coloquialmente "errado", "errneo", mas pro priamente "invertido", "avesso". 156 Formas gerundivas do verbo "ser", "seiend" e "nichtseiend". 157 O obscuro passus "und wenn du den Menschen und die Natur aIs nichtseien, denkend, '" denkst" seria literalmente "e se tu pensas o homem e a naturez como pensando (7) no-sendo". 158 Traduzimos "Wesenhaftigkeit" por "o fato de ser essencialmente".155

tante do texto ocorre "Negation" =no"negao d,e "recusa em admitir". No reI 159 "Leugnung", ou seja, "negao" sentido 1) gica",

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da conscincia terica e praticamente sensorial do homem e da natureza como .' d.' a essncia 160.1 Ele autoconscincia positiva 1Inmem no mais mediada pela superao da religio, tal como a ~ ift!iivamente real realidade efetiva positiva do homem no mais iiiediada pela superao da propriedade privada, pelo comunismo. O eOfiunismo a posio como negao da negao, por isto o momento II/!BItvamentereal; necessrio para o desenvolvimento histrico seguinte, da emancipao e recuperao humanas. O comunismo a figura neces.i1il-o princpio dinmico do futuro prximo, mas o comunismo no numana. tal a meta do desenvolvimento humano t:eomo a figura da sociedadeXI

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Cf. notas

12 e 30.

r da conscincia terica e praticamente sensorial do homem e naturez-omo /d~a essncia 160. [Ele . autoconscincia positiva 1Jliomem no mais mediada pela superao da religio, tal como a .~14a ijeuviitnente real _ realidade efetiva positiva do homem no mais meai