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CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema Concepções de Deficiência, Escola e Educação Especial: Estratégias para o Trabalho Educacional das Diferentes Áreas Projeto Pós-graduação Curso Psicopedagogia Clínica e Institucional Disciplina Educação Inclusiva Tema Concepções de Deficiência, Escola e Educação Especial: Estratégias para o Trabalho Educacional das Diferentes Áreas Professora Liliane Salles Introdução Nesta temática, abordaremos a escola como espaço de aprendizagem; as concepções sobre deficiência; e as estratégias para o trabalho educacional diante das diferentes áreas (surdez, visual, intelectual, TGD, deficiência física neuromotora e Altas Habilidades/Superdotação). Assim, você poderá analisar as estratégias pontuadas para cada área e desenvolver melhorias diante de sua realidade escolar, além de enriquecer seus conhecimentos frente ao processo inclusivo e ampliar as possibilidades de um trabalho mais efetivo e com qualidade. Agora, acesse seu material digital e assista ao vídeo de introdução da professora Liliane. Problematização Belinda e Rafael têm dois meninos com autismo. Receber um diagnóstico de autismo é difícil, em grande parte porque não há registro, até o momento, de um tratamento aceito universalmente. O profissional que faz o diagnóstico não diz: “Ele tem autismo. Você deve fazer isso. Aos pais resta

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    Tema Concepes de Deficincia, Escola e Educao

    Especial: Estratgias para o Trabalho Educacional das

    Diferentes reas

    Projeto Ps-graduao

    Curso Psicopedagogia Clnica e Institucional

    Disciplina Educao Inclusiva

    Tema

    Concepes de Deficincia, Escola e Educao

    Especial: Estratgias para o Trabalho Educacional

    das Diferentes reas

    Professora Liliane Salles

    Introduo

    Nesta temtica, abordaremos a escola como espao de aprendizagem;

    as concepes sobre deficincia; e as estratgias para o trabalho educacional

    diante das diferentes reas (surdez, visual, intelectual, TGD, deficincia fsica

    neuromotora e Altas Habilidades/Superdotao).

    Assim, voc poder analisar as estratgias pontuadas para cada rea e

    desenvolver melhorias diante de sua realidade escolar, alm de enriquecer

    seus conhecimentos frente ao processo inclusivo e ampliar as possibilidades

    de um trabalho mais efetivo e com qualidade.

    Agora, acesse seu material digital e assista ao vdeo de introduo da

    professora Liliane.

    Problematizao

    Belinda e Rafael tm dois meninos com autismo. Receber um

    diagnstico de autismo difcil, em grande parte porque no h registro, at o

    momento, de um tratamento aceito universalmente. O profissional que faz o

    diagnstico no diz: Ele tem autismo. Voc deve fazer isso. Aos pais resta

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    pesquisar diferentes intervenes por conta prpria, e grande parte escolhe

    fazer tratamentos sem muita recomendao profissional.

    Imagine-se dentro de um labirinto, no qual o bem-estar de seu filho est

    na sua capacidade de caminhar com sucesso dentro dele. Voc est sendo

    cronometrado e as penalidades por permanecer l dentro so severas, e na

    entrada de cada corredor h um segurana no porto que cobrar de voc o

    tempo e o dinheiro.

    Os corredores mais promissores so muito onerosos; outros tm longas

    filas proibitivas de pessoas esperando entrar. Vrias portas de corredores so

    convidativas, porm, depois que voc investe tempo e dinheiro, chega ao fim

    seus resultados. A surpresa que para muitos o labirinto nunca acaba e voc

    pode esperar apenas chegar o mais prximo possvel do prmio da aposta.

    Desde que o primeiro filho de Belinda e Rafael foi diagnosticado com

    autismo, h 2 anos, eles tm investigado a Anlise Aplicada do

    Comportamento, a Terapia da Fala, a Terapia Ocupacional, a Terapia Musical,

    a Terapia da Integrao Auditiva, a Terapia Artstica e a Terapia Aqutica.

    Alm disso, eles pesquisaram sobre a Equoterapia, a terapia com golfinhos, o

    Sistema de Comunicao por Troca de Figuras, a terapia com megavitamina e

    quelatina, os tratamentos antifngicos, o inibidor de serotonina e secretina, os

    agentes antifermentao e as dietas livres de glten e casena.

    Assim, os filhos do casal foram testados quanto anormalidade

    cromossmica, alergias, envenenamento por chumbo e mercrio. Belinda e

    Rafael tambm procuraram um mdico que prescrevia refinador de sangue

    para as crianas com autismo.

    Depois de 2 anos procurando a sada do labirinto, o casal no tentou

    mtodos que poderiam ser potencialmente prejudiciais aos filhos, pois tinham

    certeza das escolhas que seriam benficas a eles dentro do comprometimento

    familiar. O mais importante que Belinda e Rafael aprenderam a ignorar o

    momento presente do relgio e entenderam que o sucesso em qualquer idade

    ainda sucesso.

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    Com todo esse relato acerca do autismo, como voc, professor, reagiria

    dentro desse labirinto e como atenderia um aluno com autismo em sala de

    aula?

    A escola como espao de aprendizagem

    Nos dias atuais, pensar, conceituar e refletir sobre a complexidade da

    educao tarefa de quem acredita nesse processo e busca desenvolver um

    trabalho educacional apropriado para atender diversidade; abrangncia

    deles e suas significaes; ao docente e suas implicaes nos contextos

    sociais, culturais e produtivos da sociedade contempornea.

    A escola o local formal de aprendizagem representada por uma

    comunidade educativa, na qual tanto poderes pblicos quanto alunos,

    professores, pais, responsveis e sociedade compartilham e participam de um

    sistema de ensino com heranas culturais advindas de cada ser humano.

    Podemos pensar, ento, que a escola uma instituio altamente

    burocratizada e que, por delegao ministerial (estatal), tem a misso de

    educar?

    Bom, a escola uma organizao/instituio de aprendizagem que tem

    por objetivo culturalizar os sujeitos por meio dos conhecimentos e tambm

    coloc-los na sociedade para que possam buscar sua participao efetiva

    diante de seus direitos e o cumprimento de seus deveres. Assim sendo, esse

    lugar chamado escola deve expandir constantemente sua capacidade de criar

    seu futuro, pois o ato de aprender tambm o ato de viver.

    Por isso, importante observarmos a instituio escolar com a misso

    estratgica de ousar, opondo-se quelas que no tm viso de futuro e que

    carregam pesados fardos da tradio e de estruturas voltadas ao insucesso e

    sem projetos.

    A escola, hoje, precisa ousar e buscar constantemente sustentaes

    tericas e prticas para construir uma escola chamada inclusiva, que aceite as

    diferenas, enxergue as capacidades dos alunos, experimente novos projetos e

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    novas metodologias, sem medo de mudar. Ou seja, precisamos sair do

    comodismo e alar novos voos, conquistar novos espaos.

    Muitas escolas ainda trabalham com o processo do ensinar e aprender

    em um contexto tradicional, que delimita aos alunos o acesso ao conhecimento

    com modelos prontos e acabados, padronizando espaos a cada um dos

    sujeitos que ali se encontram.

    preciso dar a possibilidade de os alunos serem autores do seu prprio

    pensar, buscando novas estratgias para avanar, pois no existe um padro

    de encaixe possvel a todos os alunos para a aquisio de conhecimentos.

    Faa uma reflexo assistindo ao vdeo Quando a escola de vidro, da

    escritora Ruth Rocha. Para acess-lo basta entrar no link:

    .

    Na sequncia, sugerimos que voc assista ao vdeo da professora

    Liliane, para saber o que ela tem a dizer sobre o texto apresentado no vdeo e

    sobre a autora.

    A mudana na educao depende da disponibilidade dos envolvidos e

    da vontade de mudar, pois o crescimento pessoal e profissional determinante

    em cada ser humano que busca atingir seus objetivos e ampliar sua bagagem

    cultural. Todo processo de conhecimento , ao mesmo tempo, um processo

    histrico sujeito reelaborao contnua, sendo preciso refletir o que se tem de

    novo na poltica e na sociedade.

    Por isso, hoje, precisamos de uma escola aberta s diferenas e um

    professor que queira revisar sua metodologia, que crie estratgias de trabalho

    mais prximas da realidade dos alunos, que reorganize as bases de todo o seu

    saber acumulado historicamente e esteja disposto a aprender sempre,

    considerando-se um eterno aprendiz.

    Atualmente, a escola busca construir uma educao inclusiva, ou seja,

    um processo educacional diante das diferenas que precisa ser entendido e

    atendido socialmente. Entretanto, para que isso acontea, a escola necessita

    reorganizar-se, priorizando espaos de aprendizagem cooperativo e inclusivo,

    http://www.youtube.com/watch?v=V3Hvy85Rxbg

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    com dilogo e reflexo. Nesse contexto, devemos considerar professores,

    gestores, coordenadores, alunos, familiares, entre outros, exercendo um

    trabalho colaborativo, pois s assim conseguiremos avanar na prtica

    pedaggica e atender os alunos com e sem necessidades educacionais

    especiais.

    Como o ato de educar um processo complexo, ele precisa oportunizar

    a construo de conhecimentos, cdigos, crenas e valores que dignifiquem a

    existncia humana, assim sendo, a educao precisa manter dilogos

    constantes, com atividades de aprendizagem interativa, colaborativa e

    cooperativa que subsidiem os sujeitos na construo de sua autonomia para

    uma comunidade educativa e tambm social.

    Ento, qual o nosso desafio na escola?

    O nosso desafio adotar uma viso mais ampla do ato educativo e

    trabalhar com novas linguagens e novos paradigmas, uma vez que as

    mudanas no so somente de cunho acadmico e cognitivo, mas, tambm, de

    cunho pessoal, emocional, cultural, ecolgico, social e poltico.

    A escola deve enxergar as possibilidades da compreenso humana, do

    saber, organizando vises integrativas, dinmicas, complexas, complementares

    e, at mesmo, solidrias, as quais estejam voltadas para as inter-relaes que

    se criam no ambiente escolar, por meio da produo de saberes e

    conhecimentos multidimensionais com conscincias reflexivas.

    Como nos diz Zabalza (2000), nenhuma educao ter sentido se no

    estiver comprometida com valores, porque so eles que refletem as

    sensibilidades particulares que se deve ter em relao ao processo

    educacional.

    Importante: a escola inclusiva precisa tecer em seu entorno uma teia

    que agrega, alm de conhecimentos, a defesa dos direitos humanos.

    Concepes sobre deficincias

    Voc j se deparou com alunos que apresentam deficincias,

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    Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e Altas Habilidades/

    Superdotao (AH/SD) em sala de aula?

    Essas pessoas so pblico-alvo da Educao Especial e, por isso,

    preciso entrar no paradigma da diversidade para que possamos:

    Evitar rtulos e enxergar o sujeito como ser humano;

    Entender o que uma necessidade educacional especial;

    Entender o que uma deficincia, tanto temporria quanto permanente;

    Dar respostas educativas por meio de prticas, tentando remover barreiras diante da aprendizagem;

    Mostrar aos sujeitos que possvel aprender e crescer por meio de um conjunto rico e variado de interaes, com atividades e acontecimentos

    da vida real;

    Aprimorar as relaes interpessoais e buscar desenvolver um trabalho to normal quanto possvel;

    Aplicar novas estratgias e atividades que sejam produtivas a todos;

    Estabelecer, tambm, modelos colaborativos que permitam equipe tcnica e pedaggica participar efetivamente do contexto escolar.

    Portanto, necessrio que a instituio escolar tambm conhea um

    pouco mais sobre as pessoas com deficincias e estabelea procedimentos

    metodolgicos que possam dar respostas educativas mais prximas

    necessidade educacional especial de cada um, favorecendo a todos os alunos.

    Agora falando um pouco do termo deficincia, muitos so os conceitos

    envolvidos, pois existem ainda imprecises quanto terminologia utilizada no

    modelo mdico e social, sem contar que muitos conceitos so relacionados

    incapacidade e, at mesmo, desvantagem.

    A incapacidade, por exemplo, a restrio de uma habilidade para

    desenvolver atividades consideradas normais diante do ser humano, o que

    pode ser a dificuldade de dar respostas diante de fragilidades psicolgicas,

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    fsicas, sensoriais etc., as quais refletem diretamente nos comportamentos

    essenciais a nossa vida (AMIRALIAN, M. L. T. et al., 2000). J a desvantagem

    a limitao que o sujeito possui impedindo-o de desempenhar funes dentro

    das expectativas de seu grupo social, que pode ser relacionada tambm s

    dificuldades hbeis importantes para sua sobrevivncia.

    No caso da deficincia, esta pode ser entendida como a perda ou

    deformidade da estrutura fsica ou anatmica e das funes psicolgicas, que

    podem ser temporrias ou permanentes, incluindo-se nesse conjunto uma

    doena mental, a perda de um membro do corpo, uma leso cerebral, nascer

    com seis dedos em uma das mos etc., portanto, a deficincia uma

    perturbao de um estado patolgico (AMIRALIAN, M. L. T. et al., 2000).

    importante lembrar que na perspectiva da Educao Inclusiva sero

    atendidas no Ensino Comum as necessidades educacionais especiais dos

    alunos que apresentarem deficincias, TGD e AH/SD.

    Nos marcos polticos-legais da Educao Especial na Perspectiva

    Inclusiva (2011), as definies sobre deficincias devem ir alm de meras

    categorizaes (deficincias, sndromes, transtornos), j que os sujeitos

    modificam-se a cada dia, alterando o contexto do qual fazem parte. Isso quer

    dizer que ambientes heterogneos facilitam a aprendizagem.

    Vamos entender, agora, cada grupamento dentro da concepo das

    deficincias elencados no referido documento:

    A pessoa com deficincia aquela que tem impedimentos a longo prazo de natureza fsica, mental ou sensorial que em interao com diversas barreiras podem ter restringida sua participao plena e efetiva na escola e na sociedade.

    Os alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento so aqueles que apresentam alteraes qualitativas das alteraes sociais e recprocas e na comunicao, um repertrio de interesses e atividades restritos, estereotipados e repetitivos (Autismo, Sndrome do Espectro Autista e Psicose Infantil).

    As Altas Habilidades/Superdotao tem-se que so os que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes reas isoladas ou combinadas: intelectual, acadmica, liderana, psicomotricidade e artes, alm de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realizao de tarefas em reas de seu interesse (BRASIL, 2011, p. 21).

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    Agora, assista ao vdeo com a professora Liliane, em que ela fala sobre

    as estratgias que devem ser utilizadas para as diferentes reas da Educao

    Especial. O vdeo est disponvel no material digital.

    As estratgias para o trabalho educacional diante das

    diferentes reas

    Nesse contexto, apresentaremos as reas da Educao Especial para

    esclarecer quem so os sujeitos de cada uma delas e elencaremos algumas

    estratgias que podem ser aplicadas para auxiliar o trabalho pedaggico em

    sala de aula, considerando questes metodolgicas e avaliativas.

    rea da surdez

    Essa rea traz o surdo como aquele que, por ter perda auditiva,

    compreende e interage com o mundo por meio de experincias visuais,

    manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Lngua Brasileira de

    Sinais (Libras).

    Importante: um bom trabalho pede mudana na forma de comunicao

    com o aluno, por isso sempre bom usar vdeos e recursos visuais de apoio

    como o alfabeto manual, os desenhos, as fotos, os cartazes , alm, claro, de

    ter um profissional intrprete para o uso de Libras. Outro ponto importante

    enfatizar a expresso facial e corporal, construindo regras para facilitar a

    comunicao do grupo.

    Ao atuar nessa rea, todo o seu trabalho deve primar pela utilizao de

    estratgias pedaggicas que:

    Ajustem os contedos que exijam audio (tonicidade e separao silbica, acentuao);

    Priorizem estratgias visuais na avaliao (ligue, desenhe, associe, indique etc.);

    Suprimam estratgias voltadas alfabetizao (letra versus som);

    Avaliem a produo escrita de forma diferenciada (segunda lngua).

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    rea da deficincia intelectual

    Talvez esta seja a rea de maior complexidade para o trabalho

    pedaggico, pois em sala de aula ainda priorizamos o nvel cognitivo diante das

    avaliaes e dos contedos trabalhados. No entanto, o sujeito desta rea tem o

    cognitivo rebaixado e no responde coerentemente com a idade que possui.

    Aqui, o trabalho pedaggico deve ser desenvolvido com metodologias de

    ensino diversificadas, as quais contemplem estilos de aprendizagem variados.

    Tambm preciso solicitar informaes ou atuaes com ordens claras e

    sequenciais ao invs de instrues gerais, explicaes muito longas e pouco

    precisas, favorecendo, sempre que possvel, a experincia direta,

    acompanhada de demonstrao e mediao de um professor ou colega mais

    experiente.

    Diante das atividades pedaggicas, as estratgias que mais se

    aproximam do deficiente intelectual so:

    Priorizar atividades e solicitar tarefas com breve durao e com objetivos distintos e hierarquizados pelas possibilidades de desempenho do aluno,

    lembrando que no adianta ensin-lo a multiplicar se ele ainda no

    aprendeu a somar;

    Ser mais flexvel com o tempo de realizao das tarefas, respeitando o ritmo do aluno, mas sempre estabelecendo com ele metas a serem

    cumpridas, a fim de que, progressivamente, supere suas prprias

    marcas;

    Alternar trabalhos individuais e em grupos (duplas, trios ou mais) para avaliar em que circunstncias suas respostas aprendizagem so mais

    satisfatrias;

    Estimular a demonstrao de habilidades e talentos individuais que extrapolem o conhecimento formal por meio de tarefas que exijam

    trabalhos em cooperao e ajudas mtuas, assim cada aluno ser visto

    de forma positiva pelos demais;

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    Diversificar as atividades de avaliao, uma vez que a nfase na oralidade e na escrita, em detrimento de outras formas de expresso do

    conhecimento, prejudica aqueles que apresentam limitaes nessas

    reas;

    Avaliar o progresso dirio do aluno e sua aprendizagem a partir das suas prprias produes, evitando compar-lo aos demais.

    Procure saber mais a respeito da rea da deficincia intelectual nos links

    a seguir.

    .

    .

    rea visual

    Nessa rea temos o sujeito cego, com baixa viso ou com

    surdo-cegueira. Portanto, a pessoa cega apresenta desde a ausncia total da

    viso, at a perda da projeo de luz.

    O processo de aprendizagem desses alunos feito por meio dos

    sentidos remanescentes (tato, audio, olfato e paladar), utilizando-se o

    Sistema Braille criado por Louis Braille, em 1829 como principal meio de

    comunicao, pois um sistema que traz a combinao dos seis pontos em

    relevo, os quais se transformam em leitura e escrita.

    Os seis pontos tem 63 combinaes, veja algumas delas no quadro que

    segue.

    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-75902012000200009&script=sci_arttexthttp://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-75902012000200009&script=sci_arttext

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    As pessoas com baixa viso so aquelas que apresentam desde

    condies de indicar projeo de luz, at o grau em que a reduo da acuidade

    visual interfere ou limita seu desempenho; seu processo educativo se

    desenvolver, principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilizao de

    recursos especficos.

    Qual a metodologia que devemos usar nesta rea?

    Para trabalhar com os alunos dessa rea, voc deve:

    Explicar verbalmente todo o material, as informaes e os dispositivos apresentados em aula, de maneira visual, propiciando o sistema

    alternativo de comunicao: Braille, caracteres ampliados, recursos

    pticos ou no pticos (lupas, manuais de apoio, telelupa, cadernos com

    pautas escuras e alargadas, lpis 6B, contraste) ou tecnolgicos

    softwares com sintetizador de voz;

    Suprimir objetivos e contedos que no possam ser alcanados pelo aluno em razo de sua deficincia, substituindo-os por objetivos e

    contedos acessveis, significativos e bsicos;

    Variar a temporalidade de contedos e critrios de avaliao, quando necessrio, levando em conta que o aluno cego ou com baixa viso

    necessita de um tempo maior para realizar as atividades;

    Permitir a realizao de provas orais, caso necessrio, recorrendo a assessorias legais em provas de longos textos;

    Flexibilizar o tempo para a realizao das tarefas e provas;

    Conceder tempo de descanso visual para alunos com baixa viso.

    Alm disso, para que seu trabalho seja de qualidade e atinja o aluno,

    utilize estas estratgias:

    Complemente os textos escritos com outros elementos (ilustraes tteis) para melhorar a compreenso;

    Adapte materiais escritos de uso comum (tamanho das letras, softwares

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    educativos em tipo ampliado, ampliador eletrnico de imagem);

    Posicione o aluno na sala de aula de modo a favorecer sua possibilidade de ouvir o professor;

    Promova organizao espacial para facilitar a mobilidade e evitar acidentes (colocar extintores de incndio em posio mais alta, pistas

    tteis, auditivas e olfativas para orientar na localizao de ambientes,

    espao entre as carteiras para facilitar o deslocamento, corrimo nas

    escadas, entre outros);

    Substitua grficos, fluxogramas, tabelas e mapas por textos quando sua adaptao em relevo no for compreensvel;

    Use sistemas de iluminao variveis para evitar reas escuras, principalmente nas salas de aula, nas escadas, nas entradas e nos

    corredores;

    Evite mudanas nas disposies dos mobilirios (ou preparar o aluno para elas) e obstculos na sala ou corredores.

    No caso do sujeito surdo-cego, voc dever compilar as adaptaes das

    duas reas para melhor auxili-lo.

    rea da deficincia fsica

    Inicialmente, preciso pensar na acessibilidade arquitetnica, que se

    refere eliminao de barreiras fsicas em todos os ambientes da escola, como

    salas de aula, banheiros, cantina, biblioteca, alm das suas imediaes (as

    caladas de acesso, inclusive os transportes coletivos).

    Tambm importante compreender as adaptaes necessrias aos

    mtodos e s tcnicas de estudo desenvolvidos em sala de aula para a

    realizao de tarefas individuais e grupais, destacando:

    O trabalho em colaborao;

    A mudana de objetivos e critrios de avaliao;

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    A flexibilizao do tempo para resoluo de tarefas e avaliao;

    A implantao de formas alternativas de avaliao;

    A adoo de estratgias de interao;

    A comunicao diferenciada.

    Nessa rea, o currculo deve ser comunicacional, envolvendo todas as

    formas de comunicao interpessoal, oral e escrita, e virtual, compreendendo

    tabuleiros de comunicao, sinalizadores mecnicos ou tecnolgicos, sistemas

    alternativos de comunicao baseados em desenhos, na escrita ou em outros

    cdigos, e softwares.

    As avaliaes devem ter as adaptaes necessrias aos mtodos e s

    tcnicas de estudo desenvolvidos em sala de aula para a realizao de tarefas

    individuais e grupais.

    Agora, leia o artigo Participao de alunos com deficincia fsica no

    contexto da Escola Regular reviso de literatura, acessando:

    .

    rea dos Transtornos Globais do Desenvolvimento

    Nessa rea, temos o Autismo, a Sndrome do Espectro Autista e as

    Psicoses Infantis, de acordo com a Poltica Nacional de Educao Especial na

    Perspectiva da Educao Inclusiva, que so as pessoas com comprometimento

    comportamental e surtos psicticos, embora algumas tenham grande

    desenvolvimento intelectual.

    Voc deve estabelecer claramente com os alunos os limites necessrios

    para a convivncia em um coletivo complexo e com atividades acadmicas

    desenvolvidas em um ambiente que por si s tenha significado e estabilidade

    para o aluno.

    http://www.researchgate.net/publication/228503572__deficincia_fsica_no_contexto_da_escola_regularReviso_de_Literatura_Participation_of_students_with_physical_disabilities_in_mainstream_schools-literature_review/file/79e4150b40c58e475d.pdfhttp://www.researchgate.net/publication/228503572__deficincia_fsica_no_contexto_da_escola_regularReviso_de_Literatura_Participation_of_students_with_physical_disabilities_in_mainstream_schools-literature_review/file/79e4150b40c58e475d.pdfhttp://www.researchgate.net/publication/228503572__deficincia_fsica_no_contexto_da_escola_regularReviso_de_Literatura_Participation_of_students_with_physical_disabilities_in_mainstream_schools-literature_review/file/79e4150b40c58e475d.pdfhttp://www.researchgate.net/publication/228503572__deficincia_fsica_no_contexto_da_escola_regularReviso_de_Literatura_Participation_of_students_with_physical_disabilities_in_mainstream_schools-literature_review/file/79e4150b40c58e475d.pdf

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    Por isso, as estratgias pedaggicas devem buscar a forma mais

    adequada de comunicao para cada aluno e permitir que ele trabalhe com

    compreenso, prazer e maior autonomia possvel. Assim, voc precisa:

    Proporcionar um trabalho individualizado e, quando necessrio, norteado por um Plano de Ensino que reconhea as necessidades

    educacionais especiais do aluno e a elas responda pedagogicamente;

    Sempre que possvel, relacionar o que o aluno com TGD est aprendendo na escola com as situaes de sua prpria vida, pois

    manter a previsibilidade de aes e acontecimentos pode diminuir

    bastante a ansiedade do aluno que apresenta comportamentos no

    adaptativos.

    Se voc tem curiosidade para saber mais sobre o Autismo, leia o artigo

    Caminhos da incluso: possveis percursos da escolarizao da criana com

    autismo, acessando o site: .

    rea das Altas Habilidades/Superdotao

    Aqui encontramos pessoas que apresentam a necessidade de

    suplementao curricular, pois demonstram habilidade acima da mdia, muito

    envolvimento com a tarefa e tambm criatividade, constituindo indicativos de

    Altas Habilidades/Superdotao.

    preciso proporcionar a esse aluno, dentro das possibilidades em sala

    de aula, o enriquecimento curricular, o qual prev a reorganizao das prticas,

    possibilitando o desenvolvimento do potencial do aluno. Assim, as estratgias

    pedaggicas solicitam:

    Reorganizar as prticas que pressupe o envolvimento de toda a escola, e no apenas do professor;

    Organizar projetos de estudos, recursos e materiais pedaggicos variados que despertem o interesse e o envolvimento do aluno,

    http://www.abrapee.psc.br/xconpe/trabalhos/1/63.pdfhttp://www.abrapee.psc.br/xconpe/trabalhos/1/63.pdf

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    investindo no potencial ainda no demonstrado por ele.

    Acessando o site da Scielo, procure mais acerca dos mitos e dilemas

    docentes no atendimento de crianas com Altas Habilidades/Superdotao.

    .

    Agora que voc j tem um conhecimento bsico das diferentes reas,

    poder atender mais especificamente cada necessidade especial dos seus

    alunos, alm de entender que eles tm interpretaes diferenciadas frente aos

    contextos.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000100004http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000100004

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    Referncias

    AMIRALIAN, M. L. T. et al. Conceituando deficincia. Revista de Sade

    Pblica, So Paulo, v. 34, n. 1, p. 97-103, fev. 2000.

    BRASIL. Marcos Polticos-Legais da Educao Especial na Perspectiva da

    Educao Inclusiva. Braslia: Secretaria de Educao Especial, 2010. 73 p.

    SMITH, D. D. O labirinto da confusa Educao Especial. 5. ed. Porto Alegre:

    Artmed, 2008.

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    Retomando a problematizao

    Agora, escolha a melhor opo para a situao apresentada no comeo

    deste tema.

    Opo 1: Tendo conscincia de que o trabalho rduo e impossvel

    diante do autismo, procurarei manter um trabalho sem muitas articulaes com

    esse sujeito, pois no existem avanos diante de tal deficincia.

    Opo 2: O trabalho com sujeitos autistas demanda novas metodologias

    e estratgias pedaggicas, portanto, as atividades acadmicas devero ser

    desenvolvidas em um ambiente que por si s tenha significado e estabilidade

    para o aluno.

    Opo 3: Como professor, encaminharei esse aluno ao servio

    especializado, pois a nica coisa que posso fazer diante disso.

    Veja os feedbacks no material on-line.

    Sntese

    A partir da temtica abordada, buscamos dar a voc embasamentos

    tericos acerca das reas que a Educao Especial atende para que o seu

    trabalho educacional seja alicerado em estratgias condizentes com a sua

    realidade escolar, pois a prxis pedaggica nos possibilita inovar

    constantemente.

    Para finalizar, acesse o seu material digital e assista ao vdeo da

    professora Liliane.

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    Atividades

    Sabemos que a escola uma organizao/instituio de aprendizagem,

    a qual tem por objetivo culturalizar os sujeitos por meio dos

    conhecimentos e tambm coloc-los na sociedade para que possam

    buscar sua participao efetiva diante de seus direitos e cumprimento de

    seus deveres. Assim sendo, como deve ser a proposta para uma escola

    inclusiva? Assinale a opo correta.

    a. A escola inclusiva tem a misso estratgica de ousar, opondo-se

    quelas instituies que no tm viso de futuridade e que carregam

    pesados fardos da tradio e de estruturas voltadas ao insucesso, sem

    projetos.

    b. A escola inclusiva a mesma escola tradicional na qual esto postados

    os deveres de educar, no existindo novas propostas.

    c. A segregao de espaos diferenciados na escola uma proposta

    inclusiva, pois no possvel construir na totalidade a chamada escola

    inclusiva.

    d. Uma comunidade inclusiva demonstra a aceitao das diferenas,

    embora atender diferentes deficincias no seja possvel em um mesmo

    contexto. Portanto, a escola inclusiva no tem alicerce de sustentao.

    Os grupamentos da Educao Especial so: deficincias, Transtornos

    Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades/Superdotao, certo?

    Ento, agora, marque a alternativa que define corretamente o aluno com

    TGD.

    a. No existe uma definio para os alunos com TGD, pois so

    extremamente comprometidos e at sua incluso escolar no possvel.

    b. A definio do aluno com TGD ainda no foi publicada, tem-se apenas

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    indicativos de que so antissociais.

    c. So aqueles que apresentam alteraes qualitativas das interaes

    sociais recprocas e na comunicao, um repertrio de interesses e

    atividades restrito, estereotipado e repetitivo.

    d. Nessa rea encontram-se somente os autistas, sujeitos atpicos e que

    apresentam diferentes condutas.

    Diante das diferentes reas que a Educao Especial abrange, assinale

    a alternativa que mostra a melhor postura de um profissional da

    educao.

    a. Sensibilizar as pessoas para que olhem o ser humano e no a

    deficincia.

    b. No ter disponibilidade para mudanas e acreditar que o processo

    inclusivo no traz crescimento pessoal e profissional.

    c. O profissional deve entender que a incluso lei, mas manter

    resistncias junto ao trabalho educacional faz parte desse processo.

    d. No necessrio ter uma postura diferente diante da modalidade de

    Educao Especial, pois o trabalho deve ser mantido e aplicado a todos,

    sem adaptaes.

    Em sala de aula, voc tem um aluno com baixa viso, o que limita o

    desenvolvimento dele diante da aprendizagem. Como professor, que

    estratgias utilizaria? Marque a reposta correta.

    a. O atendimento segue igual ao dos demais; o aluno com baixa viso no

    necessita de nenhuma adaptao, pois apenas no enxerga bem, mas

    pode ouvir e realizar os trabalhos.

    b. A estratgia diante do aluno com baixa viso ser transcrever o material

    em Braille.

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    c. Acompanharia esse aluno individualmente para que ele no se sinta

    excludo.

    d. Utilizaria os textos escritos com outros elementos (ilustraes tteis)

    para melhorar a compreenso, tambm buscaria adaptar materiais

    escritos com letras maiores, e posicionaria o aluno na sala de aula de

    modo a favorecer sua possibilidade de ouvir o professor.

    Nesta rea, o currculo deve ser comunicacional, envolvendo todas as

    formas de comunicao interpessoal, oral, escrita e virtual, com

    tabuleiros de comunicao, sinalizadores mecnicos ou tecnolgicos

    sistemas alternativos de comunicao, baseados em desenhos, na

    escrita ou em outros cdigos, e softwares. Voc sabe de qual rea

    estamos falando? Marque a reposta certa.

    a. rea da deficincia fsica neuromotora.

    b. rea dos Transtornos Globais do Desenvolvimento.

    c. rea das Altas Habilidades/Superdotao.

    d. Em qualquer uma das reas das deficincias podemos utilizar o

    currculo comunicacional, possibilitando o uso de diferentes softwares.

    As respostas dos exerccios voc encontrar no material digital.