SELLTIZ, WRITSMAN,COOK. Métodos de pesquisa nas relações sociais. v. 1/3. 2. ed. S~o Paulo:E.P.U, 1987(Resenha)*

o livro de Selltiz, Writ~man e Cook teve sua primeiraediç~o publicada nos EstadosUnidos em 1950. Até ent~o n~oexistia uma tradiç~o oonsistente de utilizaç~o de métodosde pesquisa nas ciências sociais e na investigaç~o dessanatureza de problemas. A obrafoi urna contribuiç~o importante para o estudo do comportamento humano, introduzindoa metodologia científica nasciéncias sociais e inaugurando lli~aabordagem moderna depesquisa, visando aprimoraro conhecimento acerca dasquestões relativas a vida emsociedade.

A quarta ediç~o revisadainclui novas metodologias como pesquisa de avaliaç~o, quese constitui em uma das modalidades de investigaç~o e trabalho de ca~po. A sua publicaç~o no Brasil, coordenada pe

May Guimarães Ferreira*

los professores José RobertoMalufe e Bernadete A. Gatti,apresenta-se dividida em 3 volumes que cobrem todo o conteúdo do original americano.

No primeiro volume, est~oincluídos os capítulos referentes a delineamentos de pesquisa. No segundo volume constamas noções básicas sobre obtenç~o de dados e formas de mensuraçao. No terceiro e último volume est~o explicitadas questões referentes a análise dosresultados, formas de exposiç~o do trabalho científi(;o,in~trumentos e recursos da informática. Lnc Lu i+-ae aí t.ambémconsiderações sobre as implicações éticas na pesquisa emciências humanas e sociais.

Os principais delineamentos de pesquisa apresentadossâo e os experimentos, qu ase+expe:r:·imentos,levantamentos ou"survey"e observaçãoparticipante.

* Resenha elaborada por May Guimarães Ferreira, Professora do Departamento de Educação.Doutora em Educação.

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Os experimentos e quase-experimentos são modalidadesde pesquisa que pretendem re~ponder questões sobre relações de causas e efeitos sobre determinados fenômenos. Adiferença entre ambos incide,no primeiro caso, pela possibilidade de realização de experimentos com grupos de controle, escolhidos aleatoriamente. Os experimentos, propriamente ditos, pretendem e~tabelecer o mais exatamentepossível a relação entre causa e efeito, para tanto recorrem ao controle e manipulaçao de variáveis. As pesquisas quase-experimentais naopodem recorrer a manipulaçãode variáveis que afetam os sujeitos, nem controlá-los. Essa investigação limita-se aobservar os fenômenos e analisar as possíveis relações decausa e efeito. A validadeinterna e externa sao buscadas através de hipóteses testadas e demonstradas precisamente.

As pesquisas de levantamento analisam os fenômenosde interações entre pessoas,relações sociais, que ocorrem"naturalmente" com os indivíduos. A coleta dos dados pode

ser realizada através de que~tionários ou de entrevistas,planejados previamente. A lnterpretação dos resultados prQcura evidenciar as incidênciasrelativas e distribuição, dascaracterísticas que os fenômenos apresentam, sem identificaçao das relações de causa eefeito.

Considera-se a pesquisa deavaliação como urna forma depesquisa aplicada, cujos obj~tivos direcionam-se à instituições sociais e sua otimização,bem como às ações sociais.

As pesquisas avaiiativaspodem ser somativas evas, ou de resultadoscesso. As avaliaçõesvas são realizadas

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gios iniciais de um programa efornecem "feedbacks" que o lmplementam e aperfeiçoam. Aspesquisas somativas podem serrealizados ao final do programa ou durante seu processo derealização, visando a mensuraçãode seus resultados. As pe~quisas de resultado utilizam-se basicamente de dadosquantitativos e as de processorecorrem à observação participante.

A observação participante

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nao se inclui no método hipotético-dedutivo cornoas anteriores, caracteriza-se pelaindução. As hipóteses nao saodefinidas previamente nem asvariáveis delimitadas. O observador participante podeparticipar integral ou eventualmente do grupo em observaçao. Suas hipóteses e o proprio ternade estudo podem serrevisados no decorrer da investigação. Sua preocupaçaonao e urnacausa única,mas urnacombinação de fenômenos. Osdados levantados pela observ~ção participante podem sermensurados qualitativa e/ouquantitativamente. O importante é que o pesquisador sejahábil na elaboração das notasde campo, registrando todosos acontecimentos percebidos.O tempo de permanência maislongo do observador no grupo,favorece a diminuição da suainterferência no comportamento dos membros do grupo observado.

No capítulo referente aamostragem sao definidos ostermos e conceitos básicos como "população","estrato","elementos", "censo" e "amostra".A diferença entre censo eamostra é que o primeiro faz

a contagem de todos os elementos de urnapopulação e a amostra seleciona alguns desseselementos. A amostragem podeser probabilística, quando háespecificação da probabilidadede cada elemento da populaçãoser incluído na amostra,e não-probabilística, onde não há estimativa de cada elemento serincluído na amostra, cornoacontece nas amostras acidentais,por quotas e p~opositais.

Dentre as questões abordadas sobre mensuração no volume2, incluem-se definições operacionais, fidedignidade, valid~de, matriz multitraços - multimétodos e escalas. são indicados procedimentos para construir questionários e roteirosde entrevistas. As escalas saoelaboradas para fornecer distinções de grau durante a co~eta de dados ou na análise deseus resultados. são esquemasde mensuração que permitem estabelecimento de comparaçoesentre casos.

A avaliação indireta é utilizada para obtenção de informaçoes que nem sempre podemser reveladas pelos sujeitos,ou são desconhecidas das pe~soas. As técnicas utilizadasexigem muita engenhosidade e

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perícia para que as medidasresultantes possam ser valid~das e testadas fidedignamente.A mensuração indireta podeutilizar testes projetivos etestes estruturados pelo pesquisador. Os testes projetivos revelam a percepçao e aimaginação de sujeitos mediante um estímulo relativamentenão-estruturado, como exemplificam os Testes de ApercepçãoTemática-TAT, utilizado porpsicólogos na investigação deaspectos da personalidade dospacientes. Os testes indiretos estruturados se baseiamna idéia de que as atitudesinfluenciam nos aspectos cognitivos e nos julgamentos queos indivíduos realizam e saomais simples de serem aplicados, codificados e interpretados. A mensuraçao utilizadarequer diferentes tipos deresposta tal como: respostasobjetivas, julgamentos de objetos, atitudes, percepçoes,comportamentos e reflexos fisiológicos.

As pesquisas que pretendem ver e observar dados náturalisticos podem ser desenvolvidas através da observaçãosistemática de comportamentos,da observação participante e

levantamento de ambientes, daspesquisas de arquivo de tratamento naturais. Incluem-se nacategoria de pesquisas naturalísticas uma variedade de estratégias de pesquisa que vaodesde o comportamento naturalde indivíduos até grupossoc.íaísainstituições, desde que preserve-se o campo de estudo sem intervenções dos pesquisadores,o que inclui a imparcialidadeno registro de suas observaçoes.

As pesquisas que se baseiam na obtenção de dados deregistros de arquivo podem analisar os aspectos de um fenômeno que normalmente nao poderiam ser conseguidos atravésde manipulações experimentais.As informações existentes emarquivos são feitas geralmentecom objetivos outros, que podem ser dí.fer-en t.es dos selecionados numa pesquisa científica.

Os dados passíveis de serem encontrados em arquivos podem ser quantitativos, quandosao registros estatísticos, equalitativos que incluem fontes verbais e escritas: doeumentos pessoais, autobiografias, cartas, diários, ensaiosescolares, etc. A análise do

conteúdo dos dados coletadosrequer habilidade para encontrar evidências que levem aconsiderações válidas e precisas. Um outro aspecto a considerar e a capacidade do pe~quisador em encontrar fontesnão-convencionais de pesquisa, que possam elucidar que~tões não encontradas em regi~tros ordinários.

a terceiro volume da obranao poderia deixar de meneionar as vantagens da utilização do computador no proce~samento de dados pesquisados.A sua maior eficácia se verifica quando o pesquisador necessita de instrumentos paratrabalhar com um volume muitogrande de dados. Nesses casos, pode recorrer a progr~mas já existentes, que permitem estocar informações, ororgairizá-las,analisá-Tas,descrevê...;las"einterpretá-las.acanputadortambém pode ser usado em pe~quisas em que as informaçõeslevantadas são de ordem maisqualitativa do que quantitativa. No entanto, apesar de seconstituir, atualmente, comoum instrumento indispensávelem quase todos os tipos de t~refas realizadas pelos pesquisadores de várias áreas do

conhecimento científico, o computador exige um conhecimentometódico e acirrado senso crítico para que se possa usufruir dele o que de mais útilpode ser conseguido: socialização de informação e economiade tempo.

Além de abordar o uso dainformática, o livro discutea questão dos resultados, asestimativas de hipóteses e aapresentação das suas contribuições através de um relatário final.

Para finalizar, trata dasquestões éticas que fazem parte de todo o trabalho científico, desde a fase da escolhado problema e objetos de e~tudo até as formas de utilização dos resultados. Cientistassociais e pesquisadores do comportamento carecem cada diamais avaliar o ~rogresso daciência em relação da melhoriadas condições da vida humanae da sociedade do final do século xx.

ENDEREÇO DO AUTOR

MAY GUIMARÃES FERRE IRAUniversidade Federal do MaranhãoCentro de Ciências SociaisDepartamento de EducaçãoCampus Universitário do BacangaCEP: 65.000são LuIs-MA.

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