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Mario Arlindo Paz Irrigaray Manuel Teixeira Braz César MECANISMOS DE AUTOREPARO EM MATERIAIS CIMENTÍCEOS: UMA VISÃO GERAL Bragança, Portugal 2019

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Mario Arlindo Paz Irrigaray

Manuel Teixeira Braz César

MECANISMOS DE AUTOREPARO EM

MATERIAIS CIMENTÍCEOS:

UMA VISÃO GERAL

Bragança, Portugal

2019

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Mario Arlindo Paz Irrigaray1

Manuel Teixeira Braz César2

MECANISMOS DE AUTOREPARO EM

MATERIAIS CIMENTÍCEOS:

UMA VISÃO GERAL

1Universidade Federal Tecnológica do Paraná 2Instituto Politécnico de Bragança

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Projeto gráfico e Diagramação: Adriana Kunen

Formatação digital: Adriana Kunen

Título: Mecanismos de autoreparo em materiais cimentíceos: uma visão geral

Autores: Mario Arlindo Paz Irrigaray - UTFPR

Manuel Teixeira Braz César - Instituto Politécnico de Bragança

Edição de autor

ISBN 978-989-20-9692-6

A responsabilidade do conteúdo do texto é dos autores.

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MECANISMOS DE AUTOREPARO EM

MATERIAIS CIMENTÍCEOS:

UMA VISÃO GERAL

Disseminação do conhecimento do self-healing

Estudo de Pós Doutoramento em Self-Healing vinculado à

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campi Pato

Branco-PR, Brasil (UTFPR-PB) em cooperação com a

Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto

Politécnico de Bragança, Portugal (ESTiG-IPB)

2019

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 Uma visão geral sobre os problemas relacionados à vida

útil e a sustentabilidade das estruturas de concreto

armado

CAPÍTULO 2 Materiais autorregenerativos

Método de tratamento passivo

Mecanismo de autoreparo com tratamento superficial

utilizando bactérias

CAPÍTULO 3 Mecanismo de autoreparo autógeno

CAPÍTULO 4 Mecanismo de autoreparo baseado em adições minerais

Adições minerais expansivas

Adições minerais cristalizantes

CAPÍTULO 5 Mecanismos de autoreparo com bactérias

Atividades metabólicas realizadas pelas bactérias que

resultam na formação do Carbonato de Cálcio

Eficácia do processo e variáveis que afetam a

biomineralização

Autoreparo com inclusão direta de bactérias em materiais

cimentíceos

CAPÍTULO 6 Mecanismos de autoreparo empregando polímeros

Mecanismos empregando polímeros superabsorventes

Mecanismos empregando agentes adesivos

Métodos para o fornecimento dos agentes de cura nas

fissuras

Técnicas de encapsulamento

Probabilidade das fissuras atingirem as cápsulas

Propriedades mecânicas das cápsulas

Eficiência do fornecimento dos agentes de cura

líquidos por meio de cápsulas

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CAPÍTULO 7 Como as condições ambientais afetam o processo de

autoreparo

Benefícios da autoreparo em materiais cimentíceos

Custos adicionais para aplicação dos mecanismos de

autoreparo

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APRESENTAÇÃO

Este livro oferece visão geral e simplificada sobre os

mecanismos de autoreparo em materiais cimentíceos e, é dedicado

aos estudantes que objetivam ampliar as potencialidades desses

materiais, tornando-os mais duráveis e sustentáveis.

Mario Arlindo Paz Irrigaray

Manuel Teixeira Braz Cézar

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CAPÍTULO 1

Questões relacionadas à durabilidade e à vida útil das

estruturas em concreto armado: uma breve contextualização

Para que as soluções de engenharia sejam consideradas

sustentáveis faz-se indispensável que as mesmas atendam,

concomitantemente, demandas sociais, ambientais, técnicas e, ao

mesmo tempo, sejam economicamente viáveis. Em relação às

demandas técnicas, entende-se que as estruturas sejam capazes de

oferecer desempenhos mínimos durante a vida útil, os quais,

usualmente, estão associados à segurança e ao conforto do usuário,

com o menor impacto ambiental e menor custo. Na maioria das vezes,

os custos econômicos crescem proporcionalmente aos níveis de

segurança e conforto, podendo-se inferir que, em decorrência disso,

haja maior impacto ambiental, embora isso nem sempre aconteça.

Para Van Breugel (2012), a população mundial em rápido crescimento

e as economias em expansão são as principais razões para a demanda

crescente por edifícios e infraestrutura. Para atender a essas

necessidades são necessárias grandes quantidades de energia e

matérias-primas e, para a maioria dos casos, o concreto t o principal

material de construção dessas estruturas.

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Conforme Joshi et al., (2017), quase 80% da infraestrutura do

mundo é construída em concreto armado, sua manutenção precisa de

investimento frequente e de grande monta, os quais poucos países no

mundo podem pagar. Razão pela qual existe esforço mundial na busca

de soluções e diferentes estratégias têm sido adotadas no processo

investigatório, as quais visam minimizar o custo de reparo e

reabilitação, que ocorre em larga escala, devido a deterioração da

infraestrutura civil. Consequentemente, otimizar as estruturas, sob o

ponto de vista da sustentabilidade, torna-se imperativo, por essa razão

Müller et al., (2014) afirmam que “[...] a sustentabilidade da

engenharia estrutural é baseado nos princípios em que a energia e os

recursos consumidos devido à construção e operação da estrutura

devam ser minimizados”. Não obstante, a julgar pelas tendências

mundiais, o futuro do concreto parece ainda mais brilhante porque,

para a maioria dos casos, oferece propriedades de engenharia

adequadas com baixo custo, combinadas com benefícios ecológicos e

de economia de energia, conforme Mehta & Monteiro (2006).

O concreto de cimento Portland tem sido o material

manufaturado mais amplamente empregado no mundo, devido

principalmente ao fato de ser insolúvel em água, possuir boa

estabilidade química, apresentar baixo custo de produção, ser

incombustível, facilmente mondável, ter diferentes densidades, ser

produzido tanto com equipamentos sofisticados (centrais de concreto)

quanto por equipamentos rudimentares (betoneiras de eixo inclinado),

empregar mão-de-obra altamente qualificada ou, em outras

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circunstâncias, mão-de-obra pouco instruída, ser bombeado a grandes

alturas e distâncias ou ser transportado em carrinhos de mão, ser

compactado com equipamentos de estrada, tais como rolos

compactadores, ou ser adensado com um simples vibrador manual, ser

projetado em paredes de túneis ou simplesmente ser lançado em lajes

ou fundações, ser produzido para isolar resíduos radiativos, ou ser

produzido para isolar ambientes térmica ou acusticamente, ser

produzido com diferentes cores e texturas, ou ser produzido para

resistir a elevada agressividade ambiental, ou ainda, ser,

ocasionalmente, concorrente do concreto armado, quando produzido

com pós reativos e fibras de alto desempenho. Contudo, em que pese o

fato de o concreto possuir uma série de vantagens técnicas,

econômicas e ambientais, ele ainda é susceptível a formação de

fissuras, as quais podem surgir tanto durante o processo construtivo,

ainda no estado fresco, quanto no quanto no estado endurecido

durante a sua vida útil.

Fontes de fissuras podem ser variadas, incluindo retração

plástica, retração de secagem, tensões térmicas, carga externa e

corrosão das armaduras ou efeito acoplado de múltiplos fatores, ou

mesmo recalque diferencial das fundações. As fissuras podem se

formar devido a retração, mas podem se propagar a um nível de tensão

menor quando a carga externa é aplicada, causando uma rede de

fissuras, por outro lado, mesmo quando ausentes tensões externas, o

concreto pode ficar submetido a tensões internas devido as

deformações de origem térmica ou higrotérmicas.

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O concreto, no estado fresco, possui elevado teor de umidade

e sofre contração devido secagem, quando exposto à umidade

ambiente. De forma similar, quando o concreto aquece, devido ao

calor de hidratação e, posteriormente, é resfriado à temperatura

ambiente, sofre fortes tensões de tração e compressão. As

deformações de contração podem ser prejudiciais ao concreto porque,

quando contidas, elas se manifestam em tensão de tração. Como a

resistência à tração do concreto é baixa, as estruturas de concreto

geralmente fissuram, como resultado da retração restringida causada

por mudanças de umidade e temperatura. De fato, a tendência à

fissuração é uma das várias desvantagens nas estruturas construídas

com concreto (Mehta & Monteiro, 2006). Paralelamente, também

podem ocorrer fissuras por assentamento plástico, nas primeiras

idades do concreto, portanto é imperativo que sejam adotadas soluções

para mitigar ou mesmo eliminar o surgimento dessas fissuras nas

estruturas. Dentre as possíveis soluções possíveis, tem-se a aplicação

de mantas de geotêxtil (polipropileno e poliéster), sobre a superfície

do concreto, para auxiliar no processo de cura; a revibração do

concreto, a qual deve ser realizada antes do início de pega. Esses

procedimentos, embora bastante simples, são frequentemente

negligenciados, o que acarreta, para além do surgimento das fissuras,

perda de resistência, de módulo e alterações na porosidade e na

permeabilidade do concreto de cobrimento.

Deve-se considerar ainda que, conforme Mehta & Monteiro

(2008), a permeabilidade do concreto não depende apenas das

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proporções da mistura, embora quanto maior a relação água/cimento e,

consequentemente, maior o tamanho dos poros, maior será a

permeabilidade. Por outro lado, a compactação e a cura, assim como

as temperaturas extremas contribuem para a formação de fissuras.

Por outro lado, deve-se ter em conta que a pasta de cimento

hidratada é alcalina. Portanto a exposição às águas ácidas pode ser

prejudicial ao concreto, uma vez que alguns dos produtos sólidos

podem ser solubilizados e, desta forma, ter-se aumento na porosidade,

na permeabilidade e, concomitantemente, redução da alcalinidade do

concreto. Um concreto com pH inferior a 9 torna-se mais susceptível à

corrosão por carbonatação.

Para Basheer et al., (1996), a taxa de deterioração das

estruturas de concreto depende principalmente de dois fatores

importantes: permeabilidade da matriz de concreto e desenvolvimento

de microfissuras, ainda para Basheer et al., (2001), é o sistema de

poros interconectados e a presença de microfissuras no concreto que

permitem a penetração de agentes nocivos, tais como o CO2 , SO42− e

Cl−, para causar corrosão das armaduras.

A principal causa da degradação das estruturas de concreto

armado é a corrosão, decorrente da despassivação das armaduras. A

despassivação das armaduras pode ocorrer tanto devido à queda do

pH, no interior do concreto, causado pela carbonatação, quanto devido

ao ingresso de íons de cloreto, por difusão, através da rede de poros do

concreto. Conforme ConRepNet, relatado por Tilly & Jacobs (2007),

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55% da deterioração das estruturas de concreto armado é causada pela

corrosão das barras de aço.

Para Van Belleghem et al., (2018) a principal causa dos

problemas de durabilidade nas estruturas de concreto armado é a

ocorrência da corrosão das barras de aço. Uma das principais causas

da corrosão prematura do aço é a exposição do concreto armado aos

íons de cloretos, presentes nos sais descongelantes e na água do mar.

Para Ling & Qian (2017), as fissuras reduzem grandemente as

capacidades de anti-permeabilidade, anti-corrosão e anti-carbonização,

o que pode facilitar muito a corrosão das armaduras e diminuir a

capacidade de carga e a durabilidade das estruturas. Tal rede de

fissuras dá acesso fácil a umidade e produtos químicos, os quais

infiltram-se na estrutura ou degradam quimicamente o concreto. Tais

problemas são piores nos trópicos devido à maior umidade relativa do

ar e alta precipitação (Souradeep et al., 2017).

As fissuras em reservatórios de água, telhados e tubulações

podem causam vazamentos e afetar negativamente sua funcionalidade.

Em decorrência das fissuras e rachaduras torna-se imperativo realizar

manutenções e/ou reparos, os quais, em alguns casos, são prematuros,

em outros casos, a gravidade ou a deterioração é tal que a recuperação

é inviável economicamente e faz-se necessário a demolição. Por outro

lado, se as estruturas, como pontes e túneis, tiverem que ser retiradas

de serviço, para reparo ou reforço, os custos indiretos são geralmente

várias vezes superiores aos custos diretos. Além do alto custo do

reparo, é reconhecido que a realização de reparos duráveis é difícil,

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mesmo que a qualidade desses reparos tenha aumentado

substancialmente anos recentes. A maioria destes reparos pode durar

de dez a quinze anos, no máximo. Além disso, é difícil reparar

rachaduras que não são acessíveis, como as rachaduras em estruturas

de concreto subterrâneas.

Quando as fissuras ocorrem no concreto armado, elas criam

caminhos preferenciais para os íons agressivos, sejam íons de cloreto,

de sulfatos, ou outros. Em muitos casos as fissuras surgem nas regiões

onde o concreto é tracionado e, que na qual, obviamente, as barras de

aço são colocadas prioritariamente. Em decorrência disso, as

extremidades das fissuras ficam mais próximas às armaduras de aço e

assim o caminho a ser percorrido é reduzido substancialmente. Em

alguns casos, em que a fissura é tão profunda que é capaz de alcançar

as barras de aço a situação é mais grave ainda, dado que os íons de

cloreto podem penetrar diretamente nas barras de aço. Isso significa

que o período de início de corrosão será drasticamente reduzido. Em

alguns casos, esse início da corrosão é quase instantâneo. Caso as

fissuras não sejam tratadas, os íons de cloreto continuarão a penetrar

através das fissuras o que poderá acelerar a fase de propagação da

corrosão. A corrosão irá se propagar muito pontualmente, no local

onde a fissura cruza a armadura. Este ataque pontual ou localizado

pode levar a uma perda severa da área da transversal da armadura, a

qual pode prejudicar a integridade da estrutura. Para evitar essas

drásticas consequências, as fissuras precisam ser reparadas o quanto

antes possível.

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Durante a vida útil das estruturas de concreto armado, o

processo de corrosão caracteriza-se por dois períodos, nomeadamente

período de iniciação e período de propagação. Durante a fase de

iniciação, os íons penetram através do concreto de cobrimento até que

um suficiente nível de concentração de íons de cloro chega na barra de

aço para romper a camada de proteção passiva, na superfície do

concreto. Nesse momento, a fase de propagação tem início e, continua

em certa taxa, dependendo da quantidade de água, oxigênio e íons de

cloro disponíveis (Ahlström et al., 2016). Conforme Lu et al., (2011),

no período de iniciação, quando a estrutura é exposta a contaminação,

o filme de proteção, decorrente do meio alcalino pode ser danificado,

o que resultará no período de iniciação. No período de propagação,

onde a proteção passiva está comprometida e suficiente oxigênio e

umidade chegam até a superfície das barras, a reação de corrosão

ocorre e os produtos da corrosão são formados ao redor da barra. Em

decorrência dos produtos gerados pela corrosão serem 1,5 a 6,4 vezes

superiores ao volume do aço, assim que se inicia o processo corrosivo

os vazios na zona de transição, ou seja, na interface concreto/aço, vão

sendo preenchidos com esses produtos, resultando em elevadas

tensões na matriz do concreto, devido à expansão desses produtos, o

que produz mais fissuração no concreto e, consequentemente mais

ingresso de agentes agressivos e assim tem-se a perpetuação da

corrosão até o desplacamento do concreto de cobrimento e,

posteriormente, o ataque direto às armaduras.

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Nas abordagens atuais do projeto das estruturas de concreto

armado, a vida útil é definida por um valor de referência de destino,

que, por meio de “conceito de classe estrutural” e, em função da classe

de exposição, resulta em prescrições a serem adotadas. Essas

prescrições são consideradas como garantia do nível de durabilidade

exigido. Dentre elas, a ISO 15686-2:2012 define planejamento de vida

útil como um processo de projeto que, levando em conta os custos

globais do ciclo de vida da edificação, visa garantir uma vida útil de

projeto, geralmente pré‐estabelecida em função da tipologia da

construção. Segundo o fib Model Code for Service Life Design

(2006), a questão da vida útil deve ser tratada sob, pelo menos, três

aspectos: métodos de introdução ou verificação da vida útil no projeto;

procedimentos de execução e controle de qualidade; e procedimentos

de uso, operação e manutenção. Contudo, para Borg et al., (2017),

essas prescrições implicam o uso de elevado consumo de cimento,

baixas relações de água/cimento, agregados adequados, elevados

cobrimentos de armadura e uso de armaduras resistentes à corrosão

(por exemplo, aço inoxidável / galvanizado ou barras poliméricas).

Todos os procedimentos supracitados acarretam um desenho estrutural

não-econômico e não-ideal, uma vez que as dimensões dos membros

em geral e a eficiência estrutural do material são prejudicadas pelo

elevado cobrimento da armadura. Portanto, ao que parece, a adoção

dessas recomendações parece não estar sendo suficiente. Dentre as

possíveis razões, tem-se o fato de que fissuras com mesmas aberturas

podem ter diferentes profundidades e extensões. Isso porque a

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depender do material utilizado na estrutura (concreto; concreto com

fibras; concreto reforçado com fibras de alto desempenho), ou mesmo

o tipo de dimensionamento adotado, (concreto armado ou concreto

protendido), a mesma abertura de fissura poderá ter diferentes

profundidades. Quanto maior for a profundidade da fissura menor será

o caminho a ser percorrido pelos íons de cloreto até atingir as

armaduras e, concomitantemente, menor será o tempo necessário para

que a frente de carbonatação chega nas barras de aço. Por essa razão,

parece ser bastante plausível considerar a profundidade da fissura nos

modelos de previsão de vida útil nas estruturas de concreto armado.

Conforme Borg et al., (2017), uma análise do histórico de casos

fornecida pelo projeto CONREP-NET mostrou que 50% das estruturas

de concreto reparadas falharam mais uma vez, 25% dos quais nos

primeiros 5 anos, 75% em 10 anos e 95% em 25 anos. Este é apenas

um exemplo da necessidade urgente de um profundo repensar do

conceito e dos processos de projeto para estruturas de concreto

armado novas e recuperadas em ambientes agressivos, tendo em vista

as demandas de custo-efetividade.

Mantendo-se o foco na sustentabilidade, mas relacionando-o

com as questões da infraestrutura, é possível constatar forte relação

entre a necessidade de prolongar a vida útil das estruturas existentes,

por meio de manutenções e/ou reparos e os custos econômicos e

ambientais decorrentes dessas possíveis ações.

Em relação ao dimensionamento das estruturas de concreto

armado, deve-se destacar a importância de apropriado conhecimento

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técnico/científico da equipe de profissionais, no tocante aos aspectos

relacionados à durabilidade/vida útil e à sustentabilidade. Nesse

sentido, pode-se inferir que a equipe possua conhecimento dos

principais agentes agressivos que podem atuar na estrutura, ou seja,

quais serão as ações físicas (ventos, amplitudes térmicas, erosão,

cavitação, ação de gelo e degelo, ação do fogo, precipitações

máximas), ações químicas (CO2 , cloretos, sulfatos, nitratos, etc.) e

ações mecânicas (estáticas e dinâmicas). Com essas informações

preliminares em mãos e tendo-se estabelecido a vida útil mínima

requerida, a equipe de projetistas poderia fazer várias simulações.

Nessas simulações, várias soluções poderiam ser testadas, dentre elas:

a protensão; a pré-fabricação; emprego de diferentes proporções e

adições minerais; diferentes resistências características (fck);

diferentes tipos de armaduras; diferentes taxas de armaduras; e ainda o

emprego de diferentes tipos e teores de fibras.

Mantendo-se a mesma estimativa de vida útil, ao final de cada solução

proposta seria verificado o custo do empreendimento, associando-o ao

consumo energético ao longo da vida útil. Por meio desse

procedimento seria possível encontrar as soluções mais sustentáveis

para, posteriormente, conceberem adequado manual de uso e

manutenção, relacionando quais itens devem ser inspecionados ou

substituídos, e com qual periodicidade. Essas informações seriam

importantes ferramentas para a gestão da manutenção.

Nas últimas décadas, os desafios relacionados à durabilidade e

a sustentabilidade tem estimulado a pesquisa e, nesse sentido, vários

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materiais com potencial de autoreparo têm sido propostos, os quais

são ativados quando do surgimento de fissuras e ou rachaduras. A

cada ano numerosas tentativas vêm sendo apresentadas, as quais têm

sido focadas no desenvolvimento de diferentes sistemas, bem como

com a integração para a produção em grande escala, objetivando a

melhor relação possível entre custo/desempenho/propriedades (Bekas

et al., 2016). O campo dos materiais de autoreparo ou autoreparadoras

não é focado apenas em uma classe de material, mas cobre várias

classes importantes de materiais, tais como: polímeros; compósitos;

metais; concreto e materiais betuminosos (Van Der Zwaag, 2007).

De acordo com Borg et al., (2017), a demanda crescente de

edifícios, estruturas e infraestruturas, em todo o mundo, no setor da

engenharia civil e na indústria da construção está exigindo forte

compromisso com a sustentabilidade. Portanto, em decorrência desse

compromisso, existe forte interesse na autoreparo dos materiais de

construção baseados em materiais cimentíceos.

Segundo Seifan & Berenjian (2018), a implementação de um

mecanismo de autoreparo na matriz do concreto capaz de atuar sem a

intervenção humana é altamente recomendável.

Os mecanismos de autoreparo aplicáveis às construções

podem ser tanto passivos quanto ativos. Os tratamentos passivos são

aplicáveis às estruturas existentes, às quais se pretende minimizar os

efeitos da deterioração/degradação e, portanto, ampliar a vida útil.

Esses mecanismos são aplicados sobre a superfície externa das

estruturas e sua eficácia é limitada às áreas de acesso. Nesses

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procedimentos é imperativo o monitoramento, detecção, e reparação,

os quais são realizados após as rachaduras serem localizadas. A

operação é realizada a partir do exterior e espera-se que penetre nas

rachaduras. A maioria desses métodos convencionais são mais

adequados para grandes rachaduras, que apareceram na superfície

(Amiri et al., 2018). No entanto, as rachaduras podem existir em

escala micro, o que pode então dificultar a aplicabilidade destes

métodos. Por essa razão os agentes vedação podem não ser capazes de

se difundirem para dentro das rachaduras (Amiri et al., 2018). Para

Seifan et al., (2016), alguns dos atuais métodos de tratamento, como a

aplicação de produtos químicos e polímeros, são uma fonte de riscos

para a saúde e o meio ambiente e, mais importante, são eficazes

apenas no curto prazo. Daí a necessidade de desenvolver

produtos/mecanismos que sejam duradouros e ecologicamente

corretos.

Para ter-se melhor entendimento sobre os tratamentos

passivos, recomenda-se, minimamente, a leitura da norma Européia

EM 1504-2. Normalmente, são filmes que agem como barreira física,

ou atuam como hidrorepelentes ou como bloqueadores de poros,

nomeadamente os silanos e os siloxanos, os quais reagem com as

partículas de cimento e são capazes de fechar pequenas fissuras.

Os tratamentos ou sistemas ativos destinam-se às novas construções e

obras de infraestrutura e, por essa razão, durante a produção do

concreto, os produtos ou sistemas (bactérias, adições minerais

cristalizantes ou expansivas, adesivos e polímeros) são adicionados à

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mistura e, serão posteriormente ativados, quando do surgimento das

fissuras, podendo ser necessário a presença de água e oxigênio ou

apenas oxigênio para que o mecanismo atue de forma eficaz.

Métodos de tratamentos ativos possuem a vantagem de

atuarem independentemente, em diferentes condições, sendo

indiferentes ao local do surgimento da fissura (Seifan & Berenjian,

2018).

O autoreparo da fissura bloqueia -por meio de novos produtos

da hidratação e/ou devido a expansão de polímeros- e evita

vazamentos de água, em decorrência disso, a funcionalidade das

estruturas de concreto é recuperada. Ao mesmo tempo, esse bloqueio

inibe a entrada de íons agressivos, como resultado, a vida útil das

estruturas de concreto é prolongada.

Atualmente, o grande desafio está em projetar estruturas com

mecanismos ativos, com a capacidade inerente de se autorepararem,

assim que qualquer tipo de deterioração ou envelhecimento surgir, o

que ampliaria em aumento da vida útil das estruturas de concreto e,

consequentemente, reduziria a necessidade de novas construções, que

demandam matéria-prima e energia.

Em relação aos mecanismos de autoreparo ativos, pode-se

afirmar que quando o processo de regeneração é originado

naturalmente, a partir do material cimentíceo, denomina-se cura

autógeno ou se um gatilho artificial é necessário para ativar o

processo, denomina-se cura autônoma. A cura autógeno de fissuras no

concreto está associada às propriedades autoreparativas resultantes da

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atividade física e/ou química relativas à composição da matriz

cimentícea.

Baseado em pesquisa bibliográfica realizada por Snoeck &

Belie (2015), o autoreparo em materiais cimentíceos pode ser

agrupada em quadro categorias, de acordo com o mecanismo, são eles

as seguintes: a) autoreparo autógeno; b) autoreparo baseado em

aditivos/adições minerais; c) autoreparo baseado em bactérias e, d)

autoreparo baseado em agentes adesivos.

Finalmente, conforme Li & Yang (2007), para criar um

conveniente material de concreto com uma funcionalidade de

autoreparo efetiva, deve-se considerar particularmente seis atributos

importantes. Por conveniência, rotulou-se um material com todos

esses seis atributos de autoreparo autógeno, como "robusto": •

Onipresença: pronto para ativação quando e onde necessário (ou seja,

na rachadura quando ocorre rachadura); • Estabilidade: permaneça

ativo durante a vida útil de uma estrutura que pode abranger décadas; •

Economia: economicamente viável para a indústria de construção

altamente sensível ao custo, na qual grandes volumes de materiais são

usados diariamente; • Confiabilidade: autoreparo consistente em uma

ampla gama de ambientes típicos das estruturas de concreto; •

Qualidade: propriedades mecânicas e de transporte recuperadas, tão

boas quanto em nível de pré dano; • Repetibilidade: capacidade de

autorreparo para múltiplos eventos de dano.

Neste trabalho, os sistemas de autoreparo serão abordados em

capítulos, da seguinte forma: capítulo 1, mecanismos de autoreparo

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autógeno; capítulo 2, mecanismos de autoreparo empregando adições

minerais; capítulo 3, mecanismo de autoreparo baseado em bactérias;

capítulo 4, mecanismos de autorrregegeneração empregando polímero;

e capítulo 6, no qual serão apresentados os principais ensaios

utilizados nas pesquisas referentes a autoreparo, em materiais

cimentíceos.

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CAPÍTULO 2

Mecanismos de autoreparo autógeno

Cura autógeno é um processo natural de reparação das

fissuras, o qual ocorre em materiais cimentíceos, na presença de água

e, preferencialmente, na ausência de tensões de tração. O reparo é

decorrente da combinação do bloqueio mecânico -produzido por

partículas transportadas para o interior da fissura por meio da água- e

a deposição de carbonato de cálcio, a partir do material cimentíceo.

De acordo com Hearn (1998), os fenômenos do autoreparo

autógeno já haviam sido notados em estruturas de contenção de água,

bueiros e tubulações, no final do século XIX, por Hyde & Smith

(1889).

Na década de 1920, uma análise mais sistemática do

autoreparo autógeno foi relatada por Glanville (1931). Em seguida, a

autoreparo autógeno de fissuras também foi investigada em pontes de

concreto (Soroker & Denson, 1926; Brandeis, 1937).

Lauer & Slate (1956), demonstraram que a resistência à tração

medida perpendicularmente ao plano de corte aumentou após a

autocorreção autógeno de trincas. Nesse estudo, a influência da idade

e das condições de cura também foram levadas em consideração.

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O autoreparo autógeno de fissuras foi relatada como

consequência da precipitação de carbonato de cálcio, devido ao

escoamento da água através de rachaduras (Clear, 1985).

O efeito da autoreparo autógeno em fissuras que permitiam o

vazamento de água foi extensivamente estudado por (Clear, 1985;

Hearn, 1992; Edvardsen, 1999).

Turner (1937) in Ferrara et al., (2016), afirma que a ação da

autoreparo autógeno pode ter um valor prático em várias aplicações

[...], principalmente nas unidades pré-fabricadas (durante o recente

manuseio e/ou condução), selando contra a corrosão e reconectando as

fissuras desenvolvidas nos tubos de concreto; no fechamento das

fissuras do concreto em tanques de água; na recuperação da

resistência, após perda, em concretos “verdes/antes da pega”, que

sofreram perturbação por vibração.

Os ganhos obtidos devido ao fechamento das fissuras trazem

como benefício o aumento da durabilidade. A redução do ingresso de

cloreto através de fissuras devido à autorrecuperação autógeno foi

relatada por (Fidjestol & Nilsen, 1980; Ramm & Biscoping, 1998;

Otsuki et al., 2000). Ferrara et al., (2016), citando Hearn (1998);

Edvardsen (1999) e Aldea et al., (2000), afirmam que a cura das

fissuras resultou em redução da permeabilidade da água.

A melhoria das propriedades mecânicas do concreto devido à

autoreparo autógeno também foi explorada. A recuperação da

resistência do concreto foi constatada por (Dhir et al., 1973; Granger

et al., 2007; Ferrara et al., 2014). Entretanto, conforme Lauer & Slate

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(1956); Aldea et al., (2000) e Dhir et al., (1973), a recuperação das

propriedades mecânicas não foi significativa (Ferrara et al., 2016).

Formação de Calcita, sob condições úmidas, nas fissuras do

concreto foi citada como provável mecanismo de cura. Inchaço e

hidratação da pasta de cimento, bloqueio do fluxo da água pelas

impurezas ou por partículas de concreto, provenientes da superfície da

rachadura, e precipitação de cristais de carbonato de cálcio foram

sugeridos como possíveis produtos químicos e mecanismos físicos que

contribuem para a cura autógeno (Guppy, 1988).

De Rooij et al., (2013) propuseram uma visão geral das causas

naturais (físicas, químicas e mecânicas) do mecanismo de autoreparo

em concreto. A Figura 1, permite a visualização das causas física,

química e mecânica. Em relação a causa física, especificamente o

inchaço das partículas de cimento hidratado. Em relação às causas

químicas, a hidratação de partículas de cimento não hidratadas

contribui para selar microfissuras. No entanto, o seu sucesso depende

muito da disponibilidade de cimento não hidratado e pode ser eficaz

para um concreto jovem, onde as larguras das fissuras são

relativamente pequenas. A formação de carbonato de cálcio nas faces

da fissura é outro processo químico, sendo esse o mecanismo mais

eficaz da autoreparo autógeno do concreto (Edvardsen, 1999; Hearn,

1998). Em relação às causas mecânicas, foi relatado que o fechamento

das fissuras -por partículas finas existentes no entorno ou por

partículas quebradas, provenientes da superfície da fissura- podem

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contribuir para um melhor mecanismo de autoreparo natural (Savija &

Schlangen, 2016).

Figura 1 – Mecanismos da autoreparo autógeno, causa física, causa química e causa

mecânica. Imagem do artigo De Rooij et al., (2013).

Os principais mecanismos de autoreparo autógeno podem ser

resumidos, conforme Huang et al., (2016), em: a) posterior hidratação

dos grãos de cimentos não hidratados; b) recristalização da Portlandita

lixiviada a partir do interior da matriz; e c) formação de Calcita. Todos

esses processos podem prosseguir simultaneamente, mas seus ritmos e

taxas são diferentes. A posterior hidratação dos grãos de cimentos não

hidratados acontece imediatamente após o ingresso da água através

das fissuras, enquanto a recristalização da Portlandita e a formação da

Calcita processam-se muito lentamente. Normalmente há pouca

concentração de íons de CO32- no interior da pasta, nesses casos a

Calcita dificilmente é formada. Contudo, os íons de CO32- podem vir,

por meio das fissuras, do meio externo, embora a difusão de íons

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CO32- em água seja lenta. Um gradiente de CO3

2- é formado ao longo

da abertura da fissura, de maneira que, sendo maior a concentração de

CO32- junto à extremidade da fissura, haverá maior probabilidade de a

Calcita se formar próximo a boca da fissura, como observado por

Sisomphon et al., (2012). O autoreparo ocorre na medida em que

mais e mais íons de CO32- alcançam o interior da fissura. A Portlandita

formada no interior da fissura será gradualmente carbonatada,

conduzindo a mais e mais formação de Calcita. Com base nos

processos físico-químicos, pode-se concluir que os produtos da reação

formados nas fissuras se dispersam heterogeneamente e que os

componentes variam com o tempo.

Para Huang et al., (2016), embora os efeitos de auto-cura

tenham sido investigados por muitos anos, os produtos da reação

autógeno detectados pelos pesquisadores não são consistentes. Huang

et al., (2015), citando Jacobsen & Sellevold (1996) relata que os

referidos autores encontraram alguns cristais de C-S-H, que tinham

sido formados recentemente e, Portlandita e Etringita nas fissuras de

concreto de alta resistência. Referido concreto tinha sofrido

deterioração por congelamento e tinha sido curado por 3 meses em

água -expostas ao ambiente marinho-. Adicionalmente, Huang et al.,

(2016) ao citarem Huang et al., (2013) caracterizaram os produtos da

reação autógeno sobre condições de selagem, por meio de EDS, TGA,

e RXTF, eles encontraram que os principais produtos formados da

reação na pasta de cimento, com relação água/cimento igual a 0,3 foi a

Portlandita e o C-S-H. A porcentagem em massa de Portlandita em

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relação aos produtos foi de quase 80%. Isso, para eles, indicava que

não apenas a hidratação posterior dos produtos não hidratados era

responsável pela autoreparo autógeno, mas também a recristalização

da Portlandita lixiviada da estrutura da pasta.

Conforme Cuenca et al., (2018), as partículas de Ca(OH)2

produzidas pela hidratação do cimento podem liberar íons cálcio que,

reagindo com íons carbonato na água ou dióxido de carbono ao ar,

formam precipitados de carbonato de cálcio, contribuindo também

para o fechamento das fissuras.

Para Huang et al., (2016), em geral, o concreto de alta

resistência é projetado para ter maior consumo de cimento. Na mesma

idade de cura, concreto de alto desempenho possui mais grãos de

cimento não hidratado que o concreto normal. Como resultado, maior

quantidade de produtos de hidratação pode ser formada nas fissuras

dentro do mesmo período de autoreparo. Em adição ao preenchimento

da fissura, a hidratação dos grãos de cimento não hidratados -com

maior fração nos Concretos de Alta Resistência e Concretos de Alto

Desempenho-, pode fazer a microestrutura adjacente a superfície da

fissura tornar-se muito mais densa e, assim, oferecer maior capacidade

de autoreparo. A fração de grãos de cimento não hidratados nos

concretos feitos com cimentos mais grossos, é maior do que a fração

de cimento em concretos feitos com cimentos mais finos, quando a

mistura é a mesma. Portanto, concretos feitos com cimentos mais

grossos podem oferecer maior potencial para o autoreparo autógeno,

se comparados aos produzidos com cimentos finos.

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Conforme Qureshi et al., (2018), a formação de carbonato de

cálcio nas fissuras também desempenha um papel vital no processo de

cicatrização. É a partir do surgimento da fissura e devido a presença

da água nas fissuras que o hidróxido de cálcio se hidroliza para formar

íons de Cálcio e, é também na presença da água que o CO2 forma o

ácido carbônico, o qual na presença dos íons de hidroxila forma íons

de carbonato, água e íons de hidrogênio. Nas fissuras, os íons de

Cálcio combinam-se com os íons de carbonato para formar carbonato

de cálcio. A cristalização do carbonato de cálcio dentro da fissura é

considerada como o mecanismo primário para o autoreparo do

concreto amadurecido (Edvardsen, 1999).

Conforme Arce et al., (2019), o nitrato de cálcio foi

selecionado, como agente de cura, para explorar sua capacidade de

reagir com a matriz cimentícea e para proporcionar um aumento da

cura autógeno do concreto, após sua liberação, no interior da fissura.

O nitrato de cálcio, bem como duas fases mais relevantes no cimento,

o C3S (silicato tricálcico) e o C2S (silicato dicálcico), compartilham os

mesmos cátions (Ca2+), que aceleram a hidratação e aumentam a

cristalização de hidratos devido à ação da nucleação (Karagöl et al.,

2013; Ramachandran, 1995). Adicionalmente, o hidróxido de cálcio

tem a capacidade de reagir na presença de nitrato de cálcio para

formar hidroxinitrato de cálcio, um sal duplo básico capaz de fornecer

um esqueleto inicial para a formação de hidrossilicatos de cálcio

(Karagöl et al., 2013). Paralelamente, os íons de cálcio -fornecidos

pelo nitrato de cálcio- podem auxiliar na formação de carbonato de

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cálcio nas fissuras, porque esses íons têm a capacidade de aumentar o

índice de saturação de Calcita, gerando um ambiente favorável para a

formação e crescimento de cristais de Calcita (Edvardsen, 1999).

Para Ferrara et al., (2016), além da presença da água, várias

outras variáveis podem afetar o fenômeno de autoreparo autógeno, tais

como a proporção da mistura (Dhir et al., 1973), o estado de tensão

através das fissuras e a estabilidade da fissura (Ngab et al., 1981),

além das condições térmicas e higrométricas (Lauer & Slate, 1956;

Reinhardt & Jooss, 2003). Reinhardt & Jooss (2003) correlacionaram

o efeito da cura autógeno com diferentes temperaturas e larguras de

fissuras.

Com referência ao tamanho máximo da abertura de fissura que

pode ser selada sem intervenção externa, um amplo intervalo de

aberturas foi reportado, as quais podem variar de 5 µm à 300 µm,

conforme Ferrara et al., (2016), citando Reinhardt & Jooss (2003);

Jacobsen & Sellevold (1996) e Sahmaran et al., (2008).

De um modo geral, as fissuras em materiais cimentíceos

precisam possuir pequena abertura para que possam ser

completamente seladas. Para Yang et al., (2009), fissuras com

abertura menor que 50 μm mostraram-se completamente cicatrizadas e

fissuras até 150 μm, mostraram-se parcialmente curadas, mas apenas

na presença da água. Ainda conforme Yang et al., (2009) e Snoeck et

al., (2012), se as fissuras não estiverem na presença da água, não

ocorrerá nenhuma forma de cura autógeno.

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É concebível que os tipos de cimentos e adições minerais

tenham significativa influência nas propriedades do concreto. As

estruturas construídas nos anos de 1970 -com grãos de cimento com

maior granulometria- eram enfatizados devido a boa durabilidade.

Partículas de cimento -com grãos maiores- aumentam o potencial de

autoreparo autógeno nas fissuras que surgem em períodos posteriores,

durante a vida útil da estrutura. Mais análises sobre a influência do

tamanho das partículas de cimento no autoreparo autógeno é

necessária (Huang et al., 2016).

Conforme Qian et al., (2009), fissuras menores (60 mm), em

compósitos cimentíceos contendo escória de alto forno e pó de

calcário reforçados com fibras foram curadas eficientemente devido a

formação de carbonato de cálcio CaCO3.

Zhou et al., (2011), analisando o desempenho de concretos

aditivados, em relação ao autoreparo autógeno, usando como

referência o aumento da resistência à compressão antes e depois da

cura, produziram concretos tanto com cinza volante, quanto com

escória de alto-forno, em diferentes teores (20, 30 e 40%) e

concluíram o que melhores desempenhos foram obtidos quando

substituiu-se o cimento por 40% de cinza volante e no caso da escória

de alto-forno, quando a substituição foi de 30%.

Qiu et al., (2016), analisaram o desempenho da cicatrização

autógeno, com base na redução da largura de fissura, recuperação da

frequência de ressonância e análise microestrutural em compósitos

cimentíceos engenheirados, nos quais foram empregados diferentes

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teores de escória de alto-forno, diferentes aberturas de fissuras e

diferentes condições de cura. Os resultados mostram que a

cicatrização autógena é determinada por um efeito duplo de

propriedades físicas -largura da fissura-, composições químicas -teor

de escória- e condições ambientais -alcalinidade condicionante-. Para

um determinado teor de escória e certa alcalinidade, existe uma

largura máxima permitida de fissura para a cura completa, além da

qual apenas uma cura parcial ou nenhuma cura aconteceria. O produto

de cura dominante para a condição de umedecimento e secagem é

CaCO3, enquanto que o ciclo de umedecimento -em solução de NaOH

e secagem, promove a hidratação da escória, o que resulta na

formação de C-S-H e CaCO3, como principais produtos de cura. Qiu

et al., (2016), concluíram que a precipitação de CaCO3 é mais efetiva

para a cura autógena do que a formação de C-S-H.

Considerando-se que a escória de alto forno e cinza volante

reagem mais lentamente que o cimento, esses cimentos oferecerão

maior reserva hidráulica e maior pozolanicidade e estarão disponíveis

dentro da matriz endurecida, revelando maior potencial para produzir

autoreparo nas fissuras, por meio da hidratação adicional, apesar de

que tanto a escória de alto-forno quanto a cinza volante consumirem

hidróxido de cálcio durante essas reações, o que pode trazer como

consequência redução na formação de carbonato de cálcio, o qual para

formação também demanda Ca(OH)2.

Tittelboom et al., (2012) analisaram o comportamento do

autoreparo em pastas e argamassas aditivadas com escória de alto-

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forno e cinza volante e fíler calcário. Para analisar o autoreparo

autógeno empregaram calorimetria isotérmica e medidas de

permeabilidade à água. As principais conclusões obtidas foram as

seguintes: a) o processo natural de cura autógeno das fissuras pode ser

obtido por diferentes mecanismos, entre os quais a hidratação e a

precipitação de CaCO3 são os processos mais importantes; b) a

precipitação do carbonato de cálcio requer tanto água quanto o CO2 ;

c) a calorimetria isotérmica e medidas de permeabilidade à água

permitiram estudar a influência do tipo de aglomerante e a relação

água/aglomerante na eficiência de cura; d) nas superfícies das fissuras

investigadas, a precipitação de CaCO3 foi o efeito mais dominante; e)

ao determinar a recuperação nas propriedades mecânicas, ambos os

mecanismos influenciaram os resultados do teste; f) as reações de

hidratação continuaram por um longo período de tempo e finalmente a

produção de calor tornou-se maior quando parte do cimento foi

substituído por materiais aglutinantes hidráulicos ou pozolânicos

latentes. Isso corresponde à maior eficiência de cura dessas misturas

no teste de permeabilidade à água; g) tanto no teste de permeabilidade

à água quanto nas medições calorimétricas, percebeu-se que com o

aumento na relação água/aglomerante das misturas CEM I de 0,4 para

0,5 houve redução na eficiência do autoreparo autógeno da fissura; h)

as extremidades das fissuras com largura abaixo de 200 µm poderiam

fechar completamente, devido a precipitação do CaCO3; i) a

substituição de cimento por escória de alto forno ou a cinza volante

melhora a eficiência da cura autógeno das fissuras, quando a

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hidratação, desde que haja contínua hidratação; j) dentre os materiais

aglutinantes alternativos, a escória de alto forno apresenta melhor

desempenho, ou seja, as vantagens são mais pronunciadas quando a

escória de alto forno é usada como substituto do cimento.

Adições minerais compatíveis podem melhorar a capacidade

do autoreparo de materiais cimentíceos tradicionais, aumentando a

formação de produtos de autoreparo. Dentre as adições minerais

suplementares, têm-se, além da escória de alto-forno, da cinza-volante

e do fíler calcário, as seguintes adições: silicato de sódio, sílica ativa;

nano sílica; metacaulim; e cinza de casca-de-arroz.

Espera-se que estudos nos quais se empregue a combinação de

adições minerais suplementares, com mecanismos complementares e

juntamente com fibras sejam conduzidas. Adicionalmente, espera-se

que, para minimizar o impacto ambiental, o estudo do autoreparo

autógeno seja também realizado empregando-se os cimentos álcali-

ativados.

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43

CAPÍTULO 3

Mecanismos de autoreparo com adições minerais

3.1 Adições minerais expansivas

Pesquisas em campo, empregando minerais expansivos,

mostraram que eles podem melhorar a cura autógeno em materiais à

base de cimento (Qureshi & Al-Tabbaa, 2014 e 2016). Qureshi et al.,

(2018) afirmam que a ótima ação expansiva dos minerais promove a

formação de produtos de hidratação eficientes, que não só podem

selar, mas também curar as rachaduras, relata ainda que os minerais

comumente utilizados, por diferentes pesquisadores, são os seguintes:

a) sulfoaluminato de cálcio; b) cal; c) argila bentonítica; d) cinza

volante (FA); e) sílica ativa (SF) e f) escória de alto forno (BFS). No

entanto, uma vez adicionados à mistura do concreto, como materiais

suplementares, eles reagem parcialmente com os produtos de

hidratação e a água presente no composto à base de cimento. Portanto,

seu potencial de autoreparo é parcialmente reduzido. Entretanto, por

meio do encapsulando, os minerais em pó ficam protegidos do resto

dos constituintes da mistura. Portanto, um desempenho de autoreparo

mais eficiente é esperado. As vantagens do sistema de encapsulamento

podem ser atribuídas a: (i) liberação de minerais curativos quando

necessários, ou seja, logo após a ocorrência de danos e (ii)

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disseminação dos minerais para as fissuras por dispersão e difusão

(Qureshi et al., 2016).

Os agentes cristalizantes expansivos empregados em materiais

cimentíceos podem melhorar a capacidade de autoreparo dos

concretos e argamassas, se utilizados de maneira apropriada.

Entretanto, se um agente expansivo for misturado -sem qualquer

proteção- ao cimento, após a adição da água, o agente expansivo irá se

hidratar simultaneamente com o cimento e, às vezes, até mais rápido

que as partículas de cimento, para formar hidratos expansivos, os

quais irão depender dos componentes (Yamazaki et al., 1980;

Nagataki & Gomi, 1998). Portanto, caso não sejam adotados

procedimentos para impedir essa reação prematura dos produtos

expansivos, haverá uma expansão na matriz cimentícia, que poderá

conduzir à falha da matriz e, consequentemente, queda brusca da

resistência, ou até perda total de resistência, conforme já confirmado

em pesquisas realizadas por (Mehta, 1973; Bentur & Ish-Shalom,

1974; Ish-Shalom & Bentur, 1975; Cohen, 1983). Em decorrência

disso, precauções devem ser adotadas, quando agentes expansivos

forem usados, pois se os agentes expansivos forem consumidos

prematuramente ou de forma desnecessária, quando as fissuras

surgirem eles não fornecerão os produtos expansivos, -resultados da

hidratação- para preencher as mesmas.

O método de encapsulação dos agentes expansivos em (micro)

cápsulas, pode ser uma alternativa. Caso os agentes expansivos sejam

adequadamente acondicionados e, a depender do tipo de mineral

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empregado, pode-se obter uma ou ambas funções, que são: a)

permanecer consideravelmente não hidratado, na fase de mistura

inicial e, b) produzir compostos hidratados expansivos compatíveis,

que possam curar fissuras, quando elas surgirem (Qureshi et al.,

2018).

Em relação às adições minerais expansivas em potencial, é

requerido que permaneçam substancialmente desidratadas, após a

produção inicial de concreto e, posteriormente, espera-se que uma

parte dos produtos da hidratação primária e os minerais remanescentes

não hidratados contribuam para o processo de cicatrização autógeno

(Qureshi et al., 2018).

3.2 Adições minerais cristalizantes

Para Roig-Flores et al., (2015) os aditivos cristalinos (AC) são

um tipo especial de aditivos redutores de permeabilidade (ARP),

conforme relatado pelo Comitê da ACI-212. Em contraste com os

produtos hidrofóbicos, esses materiais são hidrofílicos, e isso os faz

reagir facilmente com água. As adições minerais cristalizantes são

formadas por componentes químicos ativos, contidos no cimento e

areia (Roig-Flores et al., 2015; Ferrara et al., 2016), as quais, devido

sua natureza altamente hidrofílica, são capazes de reagir com a água,

partículas de cimento e, também com a fase solúvel dos produtos da

hidratação do cimento (Ca (OH)2) e formar silicato de cálcio hidratado

e outros precipitados bloqueadores de poros. Esses produtos de

reação, por um lado, aumentam densidade da fase C-S-H e, por outro,

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depositam-se nos capilares e microfissuras existentes, ativando o

processo de autorreparação (Ferrara et al., 2016). Os depósitos

cristalinos tornam-se parte da matriz, ao contrário dos materiais

hidrofóbicos e são capazes de resistir a pressões tão altas quanto 14

bars (Roig-Flores et al., 2015; Ferrara et al., 2016).

Durante caracterização do aditivo cristalizante, empregado em

pesquisa realizada por Ferrara et al., (2016), os mesmos constataram

o seguinte: a) o aditivo possui forma irregular e tamanho que varia de

1-20 μm; b) a morfologia é similar aos grãos de cimento; c) na análise

de raios-X por energia dispersiva confirmou-se a presença de cálcio,

oxigênio, silício, magnésio, alumínio e potássio.

Dentre os aditivos cristalizantes, tem-se o Penetron Admix, o qual

consiste de uma mistura de cimento, areia e sílica ativa. Essa mistura

reage com a água no concreto fresco e com os produtos de hidratação

do cimento e forma um composto cristalino não solúvel, a qual

promove a vedação das fissuras (Cuenca et al., 2018). Na ficha técnica

do PENETRON ADMIX® há um conjunto de

informações/recomendações, dentre elas, citam-se as seguintes: a)

nunca adicionar o PENETRON ADMIX® em pó diretamente ao

concreto úmido -uma vez que isso pode causar a formação de grumos

e dificultar uma dispersão correta-; e b) o consumo em relação a

massa de cimento deve ser de “0,8%”. Não obstante, deve-se relatar

que em várias pesquisas o consumo adotado tem ficado em torno de

1%.

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Ferrara et al., (2016), consideram que as fissuras continuarão

a surgir ao longo da vida do concreto e, por causa disso, seria também

desejável que as adições minerais cristalizantes armazenem

capacidade de autoreparo "latente" para autoreparar futuras fissuras.

Essa capacidade idealmente contribuiria para uma recuperação das

propriedades mecânicas e de engenharia do compósito e, também seria

dependente das condições de exposição e das durações e das

condições de mecanismos de cura.

Borg et al., (2017) avaliaram a capacidade de

autoreparo de argamassas, com traço de 1:3:0,55, produzidas com

adições de cinza volante e sílica ativa, (em substituição à massa do

cimento 20% e 15%, respectivamente) e com um aditivo cristalizante,

1%, (em relação a massa do cimento). As amostras foram submetidas

à tensões que produziram aberturas de fissuras de 0,0 a 0,15 mm, de

0,15 a 0,3 mm e superiores a 0,3 mm. As argamassas fissuradas foram

expostas a ambientes com diferentes concentrações de cloreto de

sódio, à ciclos de umedecimento e secagem. O comportamento do

processo de autoreparo foi acompanhado por 3 meses. O mecanismo

de autoreparo das fissuras foi analisado considerando as seguintes

condições: imersão contínua; ciclos de umedecimento e secagem, em

soluções de cloreto de 33 g/l e de 165 g/l. Analisando-se os resultados,

obtidos por Borg et al., (2017), pôde-se concluir, de uma maneira

bastante ampla, que as argamassas investigadas apresentaram

diferentes potenciais de autoreparo, os quais dependiam,

principalmente dos seguintes fatores: a) da abertura da fissura; b) do

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tipo e teor de adições empregadas; e c) das condições e tempo de

exposição. Além disso, os pesquisadores concluíram que, em vários

casos, quanto maior o teor de cloreto, melhor e, mais rapidamente a

autoreparo acontecia, provavelmente, devido ao efeito de sinergia

entre as reações de vedação (hidratação atrasada e/ou carbonatação) e

ligação com os cloretos. Constataram que a capacidade de autoreparo

da fissura diminuía com o aumento da abertura. Concluiram, que as

misturas com o aditivo cristalizante apresentaram bom desempenho

mesmo sob exposição ao ar livre.

Com referência a aberturas de fissuras e condições de exposição, abre-

se o caminho para revisar a significância de um parâmetro de projeto

de manutenção, como é a abertura de fissura permitida em função da

exposição, versus o conceito de abertura de fissura autocicatrizável.

Ferrara et al., (2016) realizaram pesquisas para analisar o

desempenho do autoreparo, usando como referência a capacidade de

recuperação de carga e capacidade de autoreparo, empregando

aditivos cristalizantes, tanto em concreto convencional, quanto em

compósitos cimentíceos reforçados com fibras de alto desempenho

(HPFRCCs). Para o estudo do concreto convencional empregaram

vigas de 50 cm de comprimento, 10 cm de altura e 5 cm de espessura,

as quais foram ensaiadas na flexão a três pontos, após terem sido

curadas entre 35 e 42 dias em câmara úmida com 20ºC e umidade

relativa de 95%. O ensaio foi realizado com deformação controlada

até obter-se abertura residual de 130 e 250 micrometros. As amostras

foram curadas em água a 20ºC e ao ar. Após 1,3,6 e 12 meses as vigas

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foram novamente ensaiadas e os resultados das respostas entre pré e

pós-condicionamento foram comparadas, com o objetivo de verificar

se houve alguma capacidade de recuperação de carga e da rigidez.

Eles concluíram que tanto no concreto convencional, quanto no

compósito cimentíceo reforçado com fibras de alto desempenho, o

aditivo cristalizante aumenta e torna mais confiável a capacidade de

autoreparo. No caso do (HPFRCC), a autorecuperação pode ser

bastante significativa, devido ao alto teor de aglomerante e baixa

relação água/materiais cimentíceos e, consequentemente, devido à

maior probabilidade de reações de hidratação posteriores. Além disso,

no caso de HPFRCCs, o desempenho medido no material cicatrizado,

contendo aditivo cristalizante, foi significativamente melhor do que

nas amostras de referência. Os pesquisadores apresentam como

argumento a existência de algum tipo de “pré-tensionamento químico”

interno das fibras, o qual pode ter sido desencadeado devido reações

expansivas das misturas. De qualquer maneira, eles afirmam que esse

comportamento precisa ser investigado mais sistematicamente.

Concluíram ainda que, em quase todas as situações investigadas, nas

quais o aditivo cristalizante foi empregado, a maior parte da

recuperação do desempenho mecânico ocorreu após curto tempo de

exposição (1 mês). De outra parte, o fato de a recuperação ter

continuado, mesmo que em menor proporção, após prolongado tempo

de exposição é, provavelmente, uma garantia da eficácia, a longo

prazo e, também, sobre a repetibilidade dos fenômenos de autoreparo,

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o que pode ser visto de forma muito positiva, dado que fissuras podem

surgir ao longo do tempo, em locais diferentes da primeira fissura.

Cuenca et al., (2018) analisaram o desempenho de um

concreto com fibras de aço, em relação a capacidade de selagem das

fissuras, com e sem adições minerais cristalizantes, submetido a ciclos

de carregamento. As conclusões foram as seguintes: a) a exposição

ambiental é o fator mais determinante para a capacidade de

autoselagem; b) as amostras expostas ao ar livre exibem baixa

vedação de rachaduras; c) o resultado mais frequente para amostras

imersas em água é a vedação completa das fissuras, mesmo sob

repetidos ciclos de fissuração e cura e até um ano após a primeira

fissura; d) a vedação completa da trinca foi observada apenas para

amostras permanentemente ou periodicamente imersas em água e

tendo largura de fissura inferior de 0,30 mm; e) a autovedação,

induzida pelas adições cristalinas, é mais relevante em fissuras

estreitas de até 0,15 mm de largura, quando permanentemente imerso

em água; f) o efeito das adições cristalinas persiste após repetidos

ciclos de fissuração e cura por até um ano. Ao contrário, a capacidade

de autoselagem do concreto de referência, após repetidos ciclos de

fissuração e cura, começa a diminuir depois de 1 ano,

independentemente das condições do experimento.

Pesquisa realizada por Azarsa et al., (2019), para verificar o

desempenho de um aditivo cristalizante, em relação às propriedades

de durabilidade, na qual foram produzidas misturas de concreto com e

sem aditivo cristalizante, com diferentes cimentos, (Cimento Portland

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Comum e Cimento Portland com filler cálcario), revelou que o aditivo

cristalizante afetou as propriedades reológicas do concreto, no estado

fresco, reduzindo o abatimento (Slump-test), devido sua natureza

hidrofílica e, aumentou o teor de ar ao concreto. No estado

endurecido, em relação à resistência à compressão, houve acréscimo

de 11% e 8%, quando utilizaram o cimento Portland comum e o

cimento com filer calcário, respectivamente. Conforme os autores,

uma possível razão para o aumento da resistência à compressão nos

concretos, com aditivo cristalizante, pode estar associada ao efeito de

preenchimento, o qual pode contribuir para o fechamento ou

preenchimento de vazios, mas também pode-se associar ao

funcionamento de um ativador de hidratação ao cimento, o qual

conduz ao melhorando a microestrutura da pasta de cimento. No

estado endurecido, referidos pesquisadores chegaram às seguintes

conclusões: a) concretos tratados com aditivo cristalizante tiveram

profundidade de penetração quase 50% menor do que as misturas de

referência e, portanto, menor coeficiente de permeabilidade; b) as

amostras de concreto produzidas com cimento Portland comum,

aditivadas com aditivo cristalizante, apresentaram profundidade de

penetração à água 20% menor do que os não tratados; c) as amostras

de concreto produzidas, com cimento com filer calcário, aditivadas

com aditivo cristalizante, apresentaram profundidade de ´penetração à

água 37% menor do que as não aditivadas e, d) geralmente, a

profundidade média de penetração da água parece ser um melhor

indicador para determinar o coeficiente de permeabilidade à água do

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que aqueles obtidos a partir da profundidade máxima.

Adicionalmente, concluíram que as amostras que continham aditivo

cristalizante apresentaram desempenho ligeiramente superior às

amostras de referência, com relação ao autoreparo e ao fluxo de água.

Finalmente, constataram que o uso de aditivos cristalizantes ajuda a

melhorar a resistência à penetração de cloretos e, que esse ganho

aumenta com o aumento da idade do concreto. Implementaram a

segunda lei de Fick, ao propor equações para predizer o teor de

cloretos de amostras modificadas e de controle, em concreto com

cimento Portland comum e em concreto com cimento com filer

calcário, curadas por 28 e 56 dias.

3.3 Adições minerais combinadas

Tendo-se como objetivo enfatizar a possibilidade do emprego

da combinação de duas ou mais adições minerais, relata-se, para

exemplificar, algumas pesquisas, dentre elas a de Kishi et al., (2007),

que estudaram as propriedades de autoreparo de concretos fissurados

incorporando agente expansivos como uma substituição parcial de

cimento. As propriedades de autoreparo foram investigadas em termos

de recristalização do concreto fissurado, bem como a partir dos efeitos

de vários carbonatos na recristalização. Para investigar o efeito da

recristalização cimentícea, foram empregados três diferentes

carbonatos, NaHCO3, Na2CO3 e Li2CO3. A morfologia e a forma e

tamanho das partículas precipitadas nas fendas foram examinadas por

microscopia. Os resultados mostraram que concreto fissurado, no qual

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havia sido incorporado agente expansivo exibiu comportamento de

autocorreção muito mais elevado do que no concreto normal

fissurado, quando curados em água, após a fissuração. Os carbonatos

parecem ser eficazes na indução da precipitação de sais de cálcio nas

fissuras, devido ao aumento geral dos íons OH- e devido a

concentração de SO42- na solução de poros. O agente expansivo

também parece desempenhar um papel importante na formação de

várias fases de AFm e Hemicarboaluminato para as fases cristalinas.

A partir dos resultados obtidos, os pesquisadores consideraram ser

desejável a utilização de dosagens adequadas de agente expansivo e

carbonatos para a autoreparo de concretos fissurados. Além disso,

para estruturas subterrâneas, cercadas por águas subterrâneas, o

processo de autoreparo pode ser útil.

Ahn & Kishi (2010), os quais compararam a capacidade de

autocorreção de compósito cimentíceo com várias composições e

adições minerais expansivas, geo-materiais e agentes químicos. O

agente expansivo utilizado foi o tipo K, o qual é composto por três

misturas minerais: C4A3 S (hauyne), CaSO4 (anidrite) e CaO (cal

livre) e dois geomateriais (A, B). O geomaterial A possuía um teor de

SiO2 de 71,3% e um teor de Al2O3 de 15,4%. Esse geomaterial quando

analisado por difração de raios revelou que era constituído,

principalmente de SiO2 e hidróxido de silicato de alumínio e sódio.

Ele também continha montmorilonita, feldspato e quartzo, e seu

inchaço é causado principalmente pelo inchaço da montmorilonita,

que é um mineral argiloso que incha. Este tipo de geo-material incha

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15-18 vezes, em relação ao seu volume seco, quando fica molhado. A

composição química do geomaterial B também era semelhante à

estrutura do geomaterial A, no entanto, sua composição química era

um pouco diferente. No caso do agente químico, vários tipos de

carbonatos, tais como, NaHCO3, Na2CO3 e Li2CO3 (etc.) foram

selecionados para fornecer o efeito de recristalização cimentícia com

agente expansivo em vazios de ar, no concreto rachado. Referidos

pesquisadores concluíram que a fim de melhorar a capacidade de

autoreparo em sistema cimentíceo com relação água-aglomerante

normal, sugere-se que termos especiais tais como: expansão, dilatação

e precipitação sejam considerados para o projeto de materiais e na

aplicação prática, também concluíram que capacidade de autoreparo é

significativamente afetada por materiais de aluminossilicato e vários

compostos de cálcio modificados. Além disso, descobriram que

aditivos químicos e minerais afetam significativamente a formação de

produtos de reidratação com alta estabilidade química, bem como

velocidade de autocorreção. Adicionalmente, os resultados obtidos

mostram que a fissura de concreto foi significativamente

autorecuperada em até 28 dias, após cura continuada. Nos casos em

que a largura da fissura era de 0,15 mm, constataram autoregeneração,

após 3 dias em cura e, que a largura da fissura diminuiu de 0,22 mm

para 0,16 mm, após a nova cura por 7 dias. Ademais, foi quase

completamente autorecuperada, após 33 dias. Verificou-se que esse

fenômeno ocorreu principalmente devido ao efeito de inchaço, efeito

de expansão e recristalização. A partir destes resultados, considera-se

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que a utilização de dosagens adequadas de geomateriais tem um alto

potencial para um dos novos métodos de reparação de concreto

fissurado, com escoamento de água, em obras de infraestrutura

subterrâneas, tais como os túneis.

Jiang, et al., (2014) analisaram a capacidade de autoreparo de

argamassas, com traço 1:2:0,45, utilizando três adições minerais, em

ambiente subterrâneo. Para tanto empregaram, íons de carbonato

(CO3-2), aditivo expansivo (sulfoaluminato de cálcio) e, metacaulim

natural. Eles analisaram a capacidade de autoreparo, utilizando como

referência o comportamento das propriedades mecânicas, referindo-se

ao módulo de elasticidade dinâmico, a restauração da carga e a

permeabilidade à água. A análise do desempenho da autoreparo,

medido por meio do ensaio de permeabilidade, revelou que as

amostras aditivadas com metacaulim apresentaram brusca queda na

permeabilidade, após a autoreparo das fissuras, as amostras aditivadas

com íons de carbonato apresentaram desempenho bastante inferior,

mas ainda superior a amostra de referência, ao passo que nenhuma

melhoria perceptível foi observada para nas amostras aditivadas com o

agente expansivo. Em relação à capacidade de recuperação da

resistência à compressão, as misturas aditivadas com íons de cálcio e

com 16% de aditivo cristalizante apresentaram o melhor desempenho,

seguidas das misturas aditivadas com metacaulim, com 10% de

aditivo cristalizante, as misturas aditivadas com sulfoaluminato de

cálcio e com 10% de aditivo cristalizante tiveram o mesmo

desempenho que a mistura de referência.

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Kanellopoulos et al., (2015), relataram a eficácia de um

sistema paralelo de cápsulas de vidro de paredes finas, com

precursores líquidos de SiO2 encapsulados e, silicato de sódio e pó de

MgO, como materiais de cura. O estudo mostrou que o silicato de

sódio e a sílica coloidal melhoraram drasticamente o desempenho de

durabilidade das amostras das argamassas fissuradas. Os resultados do

pó de MgO também foram promissores; no entanto, seu desempenho

em relação à cura mostrou-se limitado. Eles constataram que isso

ocorreu devido à reduzida dispersão do material no plano da fissura.

Para contornar essa limitação, Qureshi et al., (2016) deram

continuidade à pesquisa e desenvolveram um sistema de

macrocápsulas concêntricas de vidro, com a cápsula interna contendo

água e a cápsula externa contendo os minerais em pó, conforme

(Figura 2).

(a)

(b)

Figura 2 - Autoreparo, com adições minerais empregando macrocápsulas de vidro

concêntricas: (a) Liberação de minerais expansivos nas fissuras através da dispersão e

difusão, após a formação de fissuras; (b) Imagem da macrocápsua. Imagem

proveniente de Qureshi et al., (2016).

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Qureshi et al., (2016), analisaram o desempenho dos

mecanismos de autoreparo em argamassas, empregando

macrocápsulas, com diferentes adições minerais. As cápsulas, como já

descrito previamente, eram duplas. Externamente continham adições

minerais e, internamente continham água. Para referido estudo, as

macrocápsulas foram colocadas no interior dos prismas de argamassa,

conforme Figura 3(a), na parte inferior, Figura 3(b) e, o ensaio

empregado para produzir as fissuras foi o de flexão a três pontos,

Figura 3(c). A Figura 3, permite a visualização da metodologia

empregada.

(a)

(b)

(c)

Figura 3 - Procedimentos adotados por Qureshi et al., (2016) para analisar o

desempenho do autoreparo. (a) posicionamento das cápsulas no interior dos prismas;

(b) representação esquemática do posicionamento das cápsulas; (c) ensaio de flexão a

três pontos, para produção das fissuras.

Os pesquisadores analisaram o efeito das diferentes condições

de exposição no desempenho do autoreparo. Para tanto, realizaram

ensaios de ensaios de microscopia, no qual acompanharam o

desenvolvimento dos materiais de cura, ao longo de 56 dias.

Paralelamente, realizaram ensaios de absorção e também a

recuperação da capacidade de recuperação de carga. As adições

minerais empregadas foram, MgO; Bentonita e CaO e combinações,

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no Quadro 1 pode-se verificar os minerais empregados e as condições

de exposição investigadas.

Quadro 1 - Série de ensaios realizados por Qureshi et al., (2016), para analisar o

desempenho do autoreparo com adições minerais.

Ensaios para analisar o desempenho do autoreparo face às diferentes condições

de exposição

Código Minerias Encapsulado Condições de exposição

Imerso # Alta-

umidade

Ambiente

COM Não Não xxx xxx

MD MgO Sim xxx xxx xxx

PC-D PC Sim xxx xxx xxx

BD Bentonita Sim xxx xxx xxx

QD CaO Sim xxx xxx xxx

OPT-D* MgO,

CaO,

Bentonita

Sim xxx xxx xxx

SHC-D** PC-MgO, Sim xxx xxx xxx

CaO e

Bentonita

*PC é um cimento Portland, Tipo N, classe 52,5 MPa, de acordo com BS EN 197-

1.**OPT-D refere-se a uma combinação ótima que consiste de apenas minerais

expansivos (40% MgO, 40% CaO e 20% bentonite); ***SHC-D refere-se a uma

combinação de cimento auto-reparador que consiste em 87,5% de PC com 5% de

MgO, 5% de CaO e 2,5% de bentonite.# Alta umidade: as amostras foram colocadas

em caixas seladas com umidade superior a 90%.

As principais conclusões são apresentadas, a seguir:

a) o desenvolvimento dos materiais cicatrizantes ou curativos

junto às fissuras ou no interior delas ficou condicionado à presença da

água; b) o efeito das condições de exposição sobre o desempenho da

cura nas fissuras foi muito significativo; c) nas amostras colocadas na

condição de cura imersa o desenvolvimento dos materiais curativos

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foi superior, em comparação às amostras expostas a condição de alta

umidade e à condição de cura ambiente. Para deixar essa diferença de

desempenho evidente, construíram os gráficos da Figura 4, os quais

apresentam o comportamento do autoreparo após 28 e 56 dias, em

diferentes condições de exposição.

(a) (b)

Figura 4 – Eficiência da cura das fissuras em diferentes condições de exposição, (a)

aos 28 dias e (b) aos 56 dias. Imagem proveniente de Qureshi et al., (2016).

Amostras curadas na condição imersa em água, empregando

as diferentes adições minerais e combinações entre elas, apresentaram

eficiência de vedação que oscilou em torno dos 90%, aos 28 dias e

mais de 95% em 56 dias. Embora as amostras de cápsula de bentonita

(BD) tenham apresentado a menor taxa de impermeabilização de todos

os minerais investigados (80 a 85%) em 28-56 dias, ela ainda foi

maior que as amostras de argamassa de controle (68% 75%).

A pesquisa também revelou que a combinação de minerais

apresentou desempenho de autoreparo mais consistente, seguido do

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desempenho de amostras encapsuladas PC, MgO, cal virgem,

bentonita e amostras de controle. Também foi constatado que;

inicialmente, os produtos de hidratação como Ca (OH)2, Mg(OH)2, C-

S-H, e hidratos de alumino-silicato se formam e se expandem nos

espaços vazios das fissuras e, que, com o tempo, o CO2 (atmosférico

ou dissolvido em água) reage com produtos hidratados e reativos,

formando vários carbonatos e hidrocarbonatos.

Além disso, os pesquisadores, por investigação macroscópica

e microscópica, constataram a formação de uma camada de produtos,

do tipo mais cristalina, na periferia das fissuras, a qual se desenvolveu

até selar as fissuras e, que a densificação de camadas cicatrizantes foi

ampliada com a presença de mais íons não reagidos nas fissuras.

Concluíram também que os vínculos de ligação na fissura ocorrem por

meio da formação efetiva de compostos cicatrizantes, os quais não só

causam efetiva impermeabilização das fissuras, mas melhoram a

durabilidade e, também, são responsáveis por considerável ganho de

resistência mecânica. Constataram que o sistema de macrocápsulas

proposto é eficiente no autoreparo de fissuras com até 400

micrometros, contudo, faz-se indispensável relembrar que a fissura foi

produzida nas proximidades do tubo de vidro, para que o mesmo

rompesse e, assim, liberasse as adições minerais. Além disso, o

mecanismo só foi eficiente quando as amostras ficaram totalmente

submergidas. Por outro lado, na prática, é difícil precisar o local do

surgimento da fissura, essa imprevisibilidade implica em mais uma

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dificuldade operacional. Adicionalmente, deve-se considerar os custos

de produção e mão-de-obra envolvida no referido processo.

Qureshi et al., (2018) analisaram o desempenho de adições

minerais expansivas individualmente e combinadas de diferentes

maneiras, empregando em suas pesquisas pastas. A análise do

desempenho do autoreparo foi realizada a partir dos seguintes ensaios:

a) capacidade de recuperação da resistência à flexão; b) vedação das

fissuras; e) ensaios de permabilidade. Além disso, os produtos

formados nas fissuras foram analisados empregando-se DRX, TGA e

SEM-EDX. Referidos pesquisadores empregaram pasta com materiais

cimentíceos, que possuiam relação água/materiais cimentíceos que

oscilou entre 0,285 e 0,36. As pastas foram produzidas com diferentes

teores de adições minerais, as quais foram substituídas por cimento. A

relação água/materiais cimentíceos foi ajustada para manter a mesma

consistência das pastas. O quadro 2, apresenta as adições, proporções

e misturas empregadas na referida pesquisa.

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Quadro 2 - Adições minerais individuais e combinadas e suas devidas proporções.

Misturas PC (PC) MgO (M) Bentonita (B) Cal virgem (L) Água

Minerais Individuais

COM (PC 100) 100 28,5

PC97,5M2,5 97,5 2,5 29,2

PC95 M5 95 5 30

PC90M10 90 10 33

PC97,5B2,5 97,5 2,5 30,3

PC95B5 95 5 32

PC90B10 90 10 35,5

PC97,5L2,5 97,5 2,5 29,5

PC95L5 95 5 30,5

PC90L10 90 10 32,5

Minerais combinados PC (PC) MgO (M) Bentonita (B) Cal virgem (L) Água

PC90M5B5 90 5 5 33,5

PC85M10B5 85 10 5 35

PC90M5L5 90 5 5 32

PC85M10L5 85 10 5 33

PC85M5B5L5 85 5 5 5 35,5

PC80M10B5L5 80 10 5 5 36

Dados obtidos de Qureshi et al., (2018).

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Dentre as conclusões, tem-se as seguintes: a) em relação a

resistência nenhuma pasta produzida com a combinação de adição

individual e cimento resultou em resistência superior a amostra de

referência, nem mesmo quando foram produzidas pastas com um

conjunto de adições; b) em relação a capacidade de autoreparo foi

possível identificar um aumento da capacidade de autoreparo com o

tempo de exposição, em todas as amostras. O Gráfico 1 apresentado,

revela os diferentes desempenhos, em função das adições empregadas

individualmente ou de forma combinada.

Figura 5 - Gráfico do comportamento do autoreparo em função do tempo e dos

minerais expansivos empregados.

A partir do gráfico é possível concluir que em relação as

adições minerais individuais a que apresentou melhor desempenho foi

aquela pasta em que a combinação foi de 90% de cimento e 10% de

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Bentonita, (PC90B10), para a idade de 28 dias. Para as pastas com

adições minerais combinadas o melhor desempenho foi apresentado

pela combinação de 90% PC, 5% de MgO e 5% de Bentonita.

Em relação a capacidade de recuperação da resistência à

flexão os resultados foram os seguintes:

Para a grande maioria das amostras a capacidade de

recuperação foi inferior a 35%, com exceção das misturas produzidas

com PC85M5B5L5, a qual apresentou recuperação próxima aos 40%

e a mistura PC90M5B5, que recuperou a resistência à flexão em 60%.

Em relação ao desempenho do autoreparo por meio da

permeabilidade a gás, os resultados serão apresentados na forma de

gráfico, na figura 6, para melhor entendimento. Os gráficos são

provenientes de Qureshi et al., (2018).

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Figura 6 – Comportamento da permeabilidade ao gás após autoreparo de pastas com

adições minerais individuais e com adições minerais combinadas, fonte Qureshi et

al., (2018).

Analisando-se o gráfico é possível constatar que o

desempenho das pastas com adições minerais é bem variado, contudo

percebe-se que as misturas PC95M5, PC90M10 e PC90L10, têm os

melhores desempenhos e, quando se analisa o desempenho das pastas

com adições combinadas e levando em consideração a variância,

apenas a amostra PC80M10B5L5 difere das demais. Excluindo-se

essa mistura, pode-se concluir que as misturas com adições

combinadas foram mais eficientes que as misturas com adições

simples.

Além dessas constatações, os autores concluíram que os

produtos resultantes da hidratação e do inchaço das adições minerais

expansivos contribuíram efetivamente para a produção de materiais

autoreparadores e, que fissuras na faixa de 180 µm foram

eficientemente autorecuperadas, após 28 dias, quando uma

combinação de minerais foi empregada. Além disso, a

autoregeneração propiciou ligação das fissuras (recuperação de força)

e a selagem (aproximação física de fissuras através da cristalização) e,

consequente melhoria no desempenho da durabilidade.

Qureshi et al., (2019) deram continuidade aos estudos de

autoreparo objetivando otimizar a mistura de adições minerais

expansivas, adotando como referência a recuperação de carga,

eficiência de selagem de trincas e permeabilidade a gases. Os autores

consideraram que substituições superiores a 15% produzem quedas na

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resistência e assim, mantiveram esse valor como limite. Nessa

pesquisa, que deu continuidade a primeira, os pesquisadores

mantiveram constante a relação água/cimento, em 0,35, e a

trabalhabilidade das pastas, para tanto empregaram aditivo

superplastificante. Para contextualizar a pesquisa e fazer a referida

discussão é importante apresentar a tabela EEE, com as adições e

proporções empregadas, para posteriormente apresentar as principais

conclusões. O quadro 3, apresenta as combinações empregadas pelos

referidos autores.

Quadro 3 - Adições minerais utilizadas em substituição ao cimento CP-I-42.5. Fonte

Qureshi et al., (2019)

Combinações das misturas (substituição em massa, em (%))

Mistura

PC

MgO

(92/200)

Bento

nita CaO a/cm

Super

plast

Flow-

table

% % % % % % mm

COM (PC 100) 100 0 0 0 35 0 199,5

PC87,5M7,5B2,5L2,5 87,5 7,5 2,5 2,5 35 1,05 206

PC85M7,5B5L2,5 85 7,5 5 2,5 35 2,08 203,5

PC85M7,5B2,5L5 85 7,5 2,5 5 35 1,09 201

PC87,5M5B5L2,5 (OPT-1) 87,5 5 5 2,5 35 2,08 205

PC87,5M5B2,5L5 (OPT-2) 87,5 5 2,5 5 35 1,09 204,5

Qureshi et al., (2019) concluíram que embora houvesse queda

na resistência à compressão decorrente da substituição das adições, o

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desempenho das misturas com adições, em relação o autoreparo, era

muito superior à mistura de referência, COM, (PC 100). Os gráficos

apresentados na Figura 7 são provenientes do artigo supracitado.

Figura 7 - (a) Resistência à compressão de pastas com a/cm =0,35 e (b) eficiência do

autoreparo em (%). Fonte Qureshi et al., (2019)

Conforme Qureshi et al., (2019), o motivo das pastas

aditivadas com maior teor de bentonita apresentaram menor

resistência é que a bentonita absorve grande quantidade de água, o que

contribui bastante para hidratação e atua como material de

preenchimento, ao passo que MgO e CaO demandam menos água e

são mais compatíveis com o cimento durante o processo de

hidratação. Em relação a capacidade de regeneração das fissuras, os

pesquisadores constataram que as altas proporções de cal virgem

(CaO) apresentaram mais rápidas e mais elevadas tendências de

autoregeneração, e que isso ficou evidente na mistura

PC87.5M5B2.5L5, a qual demonstrou os melhores desempenhos

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seguidos pelas outras misturas. Enquanto a eficiência de vedação foi

de cerca de 100% após 28 dias em todas as misturas minerais, foi

apenas cerca de 70% para as misturas PC100. Da mesma forma,

enquanto a capacidade de recuperação da resistência foi de até 67%

em misturas contendo minerais, essa mesma propriedade foi de apenas

15% nas misturas de PC100. A mistura ótima das adições minerais

pode ser associadas às proporções de 5–7,5% de MgO, de 2,5–5% de

bentonita e de 2,5–5% de cal virgem, com uma substituição de no

máximo de 15% do cimento.

Com base nesses resultados, não é difícil ficar otimista com o

potencial de autoregeneração dessas combinações de adições, contudo

deve-se, uma vez mais, relembrar que o estudo foi realizado com

pastas, com baixa relação água/materiais cimentantes igual a 0,35, por

essa razão, seria interessante analisar o compartamento dessas adições

em argamassas e concretos, empregando-se diferentes relações

água/materiais cimentíceos, empregando agregados com diferentes

dimensões máximas características e, verificando o desempenho da

autoregeneração em diferentes condições de exposição.

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CAPÍTULO 4

Mecanismos de autoreparo empregando-se bactérias

4.1 Atividade metabólicas realizadas pelas bactérias que resultam na

formação do Carbonato de Cálcio

A introdução da biotecnologia aplicada ao concreto levou ao

desenvolvimento de um novo conceito o "concreto microbiano" ou

“bio-concreto”. Para Seifan & Berenjian (2018), existem evidências

geológicas consideráveis de que as bactérias funcionam como agentes

de nucleação de cristais, pois possuem elevada relação superfície

volume (Ferris et al., 1996; Warren & Haack, 2001). Conforme Wang

et al., (2016), na última década os benefícios dos microrganismos para

materiais de construção, pedras e concreto vem sendo gradualmente

divulgados e sob extensa investigação. Os benefícios são

principalmente devidos à biomineralização induzida por

microorganismos, especificamente à precipitação de CaCO3 induzida

por bactérias. O efeito da precipitação bacteriana de CaCO3 nas

propriedades dos materiais de construção tem sido amplamente

discutida (De Belie, 2010; De Muynck et al., 2010; Kumar et al.,

2011; Siddique & Chahal, 2011; Achal & Mukherjee, 2015).

Lee & Park (2018) afirmam que várias espécies bacterianas já

foram relatadas como indutoras da precipitação de carbonato de

cálcio, por meio de atividades metabólicas, tais como a ureólise,

fotossíntese, amonificação, desnitrificação, redução de sulfato e

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oxidação de metano. A atividade de biomineralização, na qual pode-se

empregar várias cepas bacterianas, tem se tornado um importante

tópico de pesquisa durante a última década, dado que oferece

benefício positivo, ao selar e vedar ou cicatrizar as fissuras do

concreto e aumentar a durabilidade.

De acordo com Wang et al., (2016), quase todos os tipos de

bactérias podem mediar a precipitação de CaCO3, se as adequadas

condições forem oferecidas (Boquet et al., 1973). Tanto as bactérias

autotróficas quanto heterotróficas estão envolvidas no processo de

precipitação. Existem vários tipos de mecanismos de precipitação do

bio-CaCO3, os quais dependem das diferentes vias metabólicas.

Wang et al., (2016), referindo-se os mecanismos fundamentais

para a precipitação do CaCO3, fazem um resumo, o qual é apresentado

no quadro 4.

Quadro 4 - Diferentes caminhos metabólicos, para a precipitação do carbonato de

cálcio, por meio das bactérias, fonte Wang et al., (2016).

Conforme Anbu et al., (2016) existem três diferentes

mecanismos envolvidos na produção de biominerais: (1)

mineralização biologicamente controlada, a atividade celular direciona

especificamente a formação de minerais (Lowenstam & Weiner, 1989;

Benzerara et al., 2011; Phillips et al., 2013). Nesse mecanismo os

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organismos controlam a nucleação e o crescimento dos minerais. Os

minerais são diretamente sintetizados em uma localização específica

no interior ou sobre as células, mas sob certas condições; (2)

mineralização biologicamente influenciada é um processo através do

qual a precipitação passiva do mineral é causada pela presença de

matéria orgânica na superfície celular, como substâncias poliméricas

extracelulares associadas a biofilmes (Benzerara et al., 2011; Phillips

et al., 2013); (3) mineralização biologicamente induzida, que consiste

na modificação química do ambiente, devido atividade biológicas, que

resulta em uma supersaturação e na precipitação de minerais

(Lowenstam & Weiner, 1989; Stocks-Fischer et al., 1999; De Muynck

et al., 2010; Phillips et al., 2013).

Anbu et al., (2016) relata que previamente, a formação da

precipitação do carbonato de cálcio foi proposta para ocorrer através

de diferentes mecanismos como a fotossíntese, hidrólise da uréia,

sulfatoredução, oxidação de sulfeto anaeróbico e biofilme e

substâncias poliméricas extracelulares.

Conforme Wang et al., (2016), as bactérias podem alterar as

condições químicas do meio ambiente, devido às suas atividades

metabólicas, assim elas podem criar condições de supersaturação que

propiciam a precipitação de uma fase mineral específica. Células

bacterianas podem servir como locais de nucleação para a

precipitação. Os micro-organismos podem afetar a micro-

bioprecipitação, pois possuem capacidade de criar um ambiente

alcalino, através de várias atividades e condições fisiológicas, as quais

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têm sido atribuídas como o papel principal na biossíntese de carbonato

de cálcio (De Muynck et al., 2010). Por exemplo, a taxa de reação da

hidrólise da uréia, após ser catalisada pela urease bacteriana, é

aproximadamente 1014 vezes superior do que a taxa não catalisada

(Benini et al., 1996).

Deve-se considerar que a maior produção de carbonato de

cálcio contribui para preencher mais espaços das fissuras e dos poros e

esse fenômeno aumenta a eficiência do concreto bio-auto-

regenerativo, dessa forma deve-se encontrar o mecanismo de

precipitação mais eficaz possível.

Conforme Anbu et al., (2016), a precipitação de carbonato de

cálcio induzida por microorganismos (MICP), refere-se à formação de

carbonato de cálcio a partir de uma solução supersaturada, devido à

presença de suas células microbianas e atividades bioquímicas (Bosak,

2011). Durante o MICP, os organismos são capazes de secretar um ou

mais produtos metabólicos (CO32−) que reagem com íons (Ca2+) no

ambiente, resultando na precipitação subseqüente de minerais.

A precipitação de carbonato de cálcio por bactérias via

hidrólise da uréia é o método mais utilizado (Hammes & Verstraete,

2002; DeJong et al., 2010; De Muynck et al., 2010).

Conforme Anbu et al., (2016), durante o processo de

precipitação via hidrólise da uréia, um mol de uréia é hidrolisado em

um mol de amônia e um mol de ácido carbônico, conforme Equação

(1), o qual é espontaneamente hidrolisado em outro mol de amônia e

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ácido carbônico, de acordo com a Equação (2) (Stocks-Fischer et al.,

1999; Burne & Chen, 2000; Hammes et al., 2003).

Esses dois produtos NH3 e H2CO3 são equilibrados em água

para formar bicarbonato, conforme Equação (3) e formar dois mols de

Amônio e dois moles de íons de hidroxílas, conforme Equação (4).

Os íons de hidroxílas produzem aumento no pH, o qual

produz mudança de equilíbrio do bicarbonato, resultando na formação

de íons de carbonato (Fujita et al., 2008), conforme Equação (5).

Essa mudança pode então precipitar os íons metálicos. A

geração de íons de amônio aumenta o pH local e a reação continua

espontaneamente para formar carbonato de cálcio (Ferris et al., 1996;

Mitchell & Ferris, 2005). A precipitação do carbonato de cálcio ocorre

Equação (1)

Equação (2)

Equação (3)

Equação (4)

Equação (5)

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sobre a superfície das células das bactérias, se houver suficiente

concentração de íons de Ca02+ e de CO32- na solução, conforme,

equações (6) e (7) e figura 8, proveniente do artigo de De Muynck et

al., (2010).

Para Seifan & Berenjian (2018), o primeiro passo para a

formação de cristais é a interação estequiométrica entre íons metálicos

com grupos químicos reativos, gerados por microorganismos e, que

reside principalmente no peptidoglicano. É conhecido que as paredes

celulares bacterianas têm uma carga negativa líquida e a magnitude

desta carga varia de cepa para cepa. A disponibilidade de grupos

funcionais no envelope celular, como grupos carboxila ou fosfato em

ácidos teicóicos, é a principal razão para conceder uma carga negativa

em cepas Gram-positivas (Scott & Barnett, 2006). No entanto, a carga

negativa em bactérias Gram-negativas é principalmente devido à

presença de fosfolipídios e lipopolissacarídeos na membrana celular

(Seifan et al., 2018). Isso cria uma forte afinidade eletrostática para

atrair cátions e a subsequente cristalização, devido a ligação de cátions

divalentes, com a parede celular carregada negativamente. Seguido à

nucleação, ocorre o crescimento e o mineral é depositado na superfície

Equação (6)

Equação (7)

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do cristal. A precipitação do carbonato de cálcio ocorre sobre a

superfície das células das bactérias, conforme figura 8.

Figura 8 - Representação simplificada dos eventos ocorridos durante a precipitação de

carbonato induzida por hidrólise ureolítica. Os íons de cálcio na solução são atraídos

para a parede celular bacteriana devido à carga negativa da bactéria. Após a adição de

ureia às bactérias, o carbono inorgânico dissolvido (DIC) e o amônio (AMM) são

liberados no microambiente da bactéria (A). Na presença de íons cálcio, isso pode

resultar em supersaturação local e, portanto, em precipitação heterogênea de

carbonato de cálcio na parede celular bacteriana (B). Depois de um tempo, a célula

inteira fica encapsulada (C), limitando a transferência de nutrientes, resultando em

morte celular. A imagem (D) mostra as impressões de células bacterianas envolvidas

na precipitação de carbonato. Imagem proveniente do artigo de De Muynck et al.,

(2010).

A Figura 9, retirada do artigo de Seifan e Berenjian (2018),

mostra a interação entre os íons metálicos e a parede celular, tanto das

bactérias Gran-positivas, quanto com as bactérias Gran-negativas.

Figura 9 - Interação entre íons metálicos e as paredes celulares das bactérias a) Gran-

positivas, b) Gran-negativas. Imagem proveniente do artigo de Seifan & Berenjian

(2018).

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De acordo com Anbu et al., (2016), o processo de precipitação

do carbonato de cálcio (CaCO3) é um mecanismo simples e,

facilmente controlável do MICP, que pode produzir altas

concentrações de CaCO3 em curto período de tempo (Dhami et al.,

2013a). A urease influencia o processo químico associado com a

formação de biominerais, através de quatro parâmetros diferentes

(Hammes & Verstraete, 2002), tais como: pH; concentração de

carbono inorgânico dissolvido (DIC); concentrações de cálcio; e a

disponibilidade de locais de nucleação. Os três primeiros parâmetros

influenciam a concentração de íons de carbonato (CO32−) (isto é,

estado de saturação), enquanto o último parâmetro (isto é,

disponibilidade de locais de nucleação) é muito importante para a

formação estável e contínua de carbonato de cálcio (Phillips et al.,

2013). No processo de biomineralização, as bactérias servem como

locais de nucleação, através dos quais o carbonato de cálcio precipita.

Todos esses parâmetros afetam grandemente a atividade ureolítica ou

a formação de cristais de CaCO3.

A hidrólise da ureia é um processo extremamente lento

(3×10−10. s−1). Contudo, na presença da enzima urease a hidrólise da

uréia pode aumentar substancialmente (3×104. s−1). Além disso,

atividade ureolítica e a capacidade de formação de CaCO3 das

bactérias é afetado significativamente pela concentração de ureia

disponibilizada no sistema (Xu et al., 2018).

Anbu et al., (2016), relatam que muitas bactérias produtores

de urease tem sido investigadas, incluindo Aerobacter aerogenes, B.

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megaterium, B. subtilis, Bacillus sp. CR2, B. thuringiensis, D.

halophila, Halmonas eurihalina, Helicobacter pylori, Kocuria flava

CR1, L. sphaericus CH5, Methylocystis parvum, Myxococcus

xanthus, Proteus mirabilis, Pseudomonas denitrificans,

Spoloactobacillus sp., Sporosarcina ginsengisoli and Sporosarcina

pasteurii (Perez–Perez et al., 1994; Rivadeneyra et al., 1996, 1998;

Stocks-Fischer et al., 1999; Ben Chekroun et al., 2004; Karatas et al.,

2008; Chen et al., 2009; Achal et al., 2011, 2012; Dhami et al., 2013b,

2014; Gorospe et al., 2013; Achal & Pan, 2014; Ganendra et al., 2014;

Kang et al., 2014).

Para Amiri et al., (2018) os esporos mais comumente usados,

que podem induzir a precipitação do carbonato de cálcio, são os

seguintes: Shewanella; Bacillus megaterium; Bacillus cohnii;

Sporosarcina pasteurii (formalmente conhecidas como Bacillus

pasteurii); Bacillus subtilis; Escherichia coli; Lysinbacillus sphaericus

(Bacillus sphaericus) e Bacillus halodurans.

Seifan & Berenjian (2018), com base em revisão bibliográfica

afirma que o B. sphaericus é a bactéria mais utilizado nos processos

de MICP, onde um meio enriquecido com uréia tem sido usado. Em

adição outros tipos dessa espécie tais como B. megaterium (Achal et

al., 2011) e B. lentus (Wei et al., 2015) tem sido reportados como

potentes bactérias para o processo de MICP.

Bactérias ureolíticas positivas são principalmente aeróbicas,

portanto o crescimento bacteriano e a biossíntese de carbonato de

cálcio são inibidos sob condições limitantes de oxigênio. Entretanto,

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as bactérias desnitrificadoras podem iniciar, anaerobicamente, o

processo de MICP usando nitrato, como um receptor de elétrons, para

a oxidação da matéria orgânica e indução do carbonato. Em

comparação com as bactérias ureolíticas, as cepas desnitrificadoras

têm menor capacidade de induzir a precipitação de carbonato de

cálcio, o que pode afetar a funcionalidade dos processos MICP (Seifan

& Berenjian, 2018).

Conforme Anbu et al., (2016), as concentrações elevadas de

células bacterianas (de 10^6 a 10^8 células) aumentam a quantidade de

precipitação de Calcita pelo MICP, através de aumentos na

concentração de urease para a hidrólise da ureia (Okwadha & Li,

2010). Portanto, a hidrólise da uréia tem uma relação direta com as

concentrações de células bacterianas (Ng et al., 2012).

Anbu et al., (2016), citando (Ferrer et al., 1988; Hammes &

Verstraete, 2002; Dhami et al., 2013b), relata que a composição do

meio de cultura ou cultura pode também afetar a morfologia do

cristal, porque diferentes espécies bacterianas são capazes de

precipitar diferentes quantidades, formas e tipos de cristais de

carbonato a partir do mesmo meio químico.

O carbonato de cálcio tem vários tipos de polimorfos, com

diferentes propriedades físicas e mecânicas, que impactam

significativamente na qualidade dos precipitados. O aspecto

morfológico é uma das características mais relevantes, pois ele pode

afetar a eficácia do MICP.

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A depender das fontes de cálcio, pode-se ter diferentes formas

de carbonato de cálcio.

Para Seifan et al., (2018), deve-se considerar que a eficácia do

processo de precipitação do carbonato de cálcio, induzida

microbiologicamente, (MICP), depende muito da quantidade e

qualidade de minerais induzidos.

Embora muitos pesquisadores tenham empregado diferentes

fontes para a indução do carbonato de cálcio, o cloreto de cálcio é a

melhor fonte para induzir a precipitação (Achal & Pan, 2014). A

Figura 10, apresenta a relação entre as fontes de cálcio e as diferentes

formas de carbonato de cálcio.

Figura 10 - Formas dos cristais em função das fontes de cálcio: (a) Cloreto de cálcio,

induz a formação de Calcita; (b) Acetato de cálcio, induz a formação de Vaterite; (c)

Lactato de cálcio, induz a formação de uma forma complexa de Vaterite); (d)

Glucanato de cálcio, induz a formação de forma complexa de Vaterite (Anbu et al.,

(2016). Imagens de Gorospe et al., (2013).

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Seifan & Berenjian (2018), cita que Martin et al., (2012),

comprovaram que a atividade de Sporosarcina pasteurii (NCIMB

8841) foi inibida sob condição anóxica (anoxia é a "ausência" de

oxigênio) e, que espécies de Bacillus apresentaram maior atividade

sob diferentes condições ambientais (Seifan et al., 2017).

Para Ducasse-Lapeyrusse et al., (2017) as cepas bacterianas

produtoras de carbonato de cálcio são bactérias alcalinofílicas e,

portanto, sobrevivem em pH de neutros até um pH de 11; elas crescem

em meio específico e modificam seu ambiente, alterando o pH, o que

produz novos produtos químicos e que promovem a nucleação de

cristais de Calcita. Quando as fissuras surgem no concreto, os esporos

de bactérias são ativados pela presença da água e do oxigênio, que

penetram por meio das rachaduras e, assim ao se alimentarem do

substrato, (por exemplo, lactato de cálcio), decompondo-o, nas

superfícies rachadas, elas produzem CaCO3 (bio-mediado), o qual

preenche as fissuras (Choi et al., 2017). Essa abordagem envolve a

presença de precursor, que é um composto químico que fornece

reagentes para a formação de carbonato de cálcio, especificamente, o

íon cálcio (Ca2+) e o íon carbonato (CO32-), por meio de sais de cálcio,

como o lactato de cálcio ([CH3CH(OH)COO] 2Ca). Entretanto, as

cepas bacterianas suportam pH de até 11, consequentemente, não

podem se desenvolver em pH de 13, que é o valor aproximado do pH

do concreto, conforme relatado por Ducasse-Lapeyrusse et al., (2017).

Em decorrência disso, o processo de precipitação do carbonato de

cálcio, induzido microbiologicamente (MICP), só pode ocorrer após

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uma diminuição do pH. Sabe-se que quando concreto de cobrimento é

exposto ao ar, por várias semanas e, em adequadas condições de

umidade, ele acaba ficando carbonatado.

A carbonatação pode reduzir o pH na superfície da fissura

para valores em torno de 9 e, assim o processo pode ocorrer, caso

exista umidade suficiente. Por outro lado, quando concreto ao redor

das barras de aço possuir pH em torno de 9 ele pode, potencialmente,

despassivar as armaduras, as quais na presença de oxigênio e umidade,

dão início ao processo de corrosão por carbonatação. Ou seja, as

condições almejadas para que o processo de precipitação do carbonato

de cálcio, induzido microbiologicamente, ocorra são as mesmas

almejadas para que o processo corrosivo dê início.

De acordo com Xu et al., (2018), em termos de eficácia do

sistema de autoreparo, o processo que utiliza o caminho ureolítico

apresenta-se como o mais eficaz, devido a elevada taxa de

precipitação de CaCO3. Na via metabólica da ureólise, conforme

Seifan et al., (2018), as bactérias de urease positiva são necessárias

para gerar a enzima urease, para catalisar a hidrólise da ureia. A

enzima urease dos microorganismos, como o Bacillus, inicia a

precipitação do carbonato de cálcio convertendo a ureia em amônia e

CO2 (o CO2 combina-se com a Portlandita para formar Calcita, e a

amônia converte-se em amônio). Quando as bactérias hidrolizam a

uréia e, tem-se como resultado o fornecimento de íons de carbonato,

os quais ao se combinarem com a Portlandita formam o carbonato de

cálcio. Contudo, concomitantemente, tem-se diminuição do pH,

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devido a produção de íons de amônio, os quais podem ser prejudiciais

ao concreto (Jauberthie & Rendell, 2003). Por outro lado, conforme

Souradeep et al., (2017), durante esse processo o oxigênio é

consumido, reduzindo a probabilidade da corrosão das armaduras.

Para Choi et al., (2017) muitas das bactérias ureolíticas

dificilmente sobrevivem em ambientes altamente alcalinos e/ou aos

processos severos, que ocorrem durante a mistura e a consolidação de

concreto. Xu et al., (2018) salientam, ainda, os efeitos posteriores a

pega e endurecimento, evidenciando a contínua redução de espaços

destinados às bactérias devido à retração do concreto, com a

consequente redução das condições de sobrevivência. Além disso,

conforme Wang et al., (2012) a atividade bacteriana decresce

drasticamente em ambiente com pH superior a 12, como é o caso do

pH, nos poros do concreto. Como os esporos são mais resistentes a

condições adversas do que as células vegetativas, a injeção de esporos

ou esporos encapsulados é recomendada para maximizar a

sobrevivência bacteriana (Lee & Park, 2018).

Faz-se necessário compreender que uma vez que as bactérias

são introduzidas nos materiais cimentíceos (pasta, argamassa ou

concreto), elas devem suportar elevada alcalinidade, altas

temperaturas e longo período de inatividade no interior do concreto,

antes que as fissuras surjam. Portanto, conforme Lee & Park (2018),

para que os processos, realizados pelos microrganismos no interior do

concreto, sejam bem-sucedidos duas condições devem ser atendidas:

a) sobrevivência das bactérias, capazes de precipitar carbonato de

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cálcio dentro da matriz de concreto e b) suficiente desempenho no

autoreparo, quando do surgimento das fissuras. Desafortunadamente,

existem fatores limitantes relacionados ao ambiente interno concreto,

os quais incluem: pH alcalino, tão alto quanto 13; baixa

disponibilidade de oxigênio; e altas pressões e temperaturas,

vinculadas ao processo de produção e hidratação de concreto. Assim,

a cepa bacteriana deve ser alcalinizante e capaz de formar esporos

para poder sobreviver à essas condições extremas.

Para contornar as condições adversas foram desenvolvidos

condutores ou portadores, os quais são frequentemente usados para

imobilizar as bactérias e protegê-las da exposição direta dessas

condições extremas.

Wang et al., (2014) analisaram a capacidade de autoreparo de

argamassas com microcápsulas, contendo esporos, e concluíram que,

ao utilizarem as bactérias, o desempenho das argamassas com as

microcápsulas foi de, aproximadamente, 4 vezes superior à argamassa

de referência. Enquanto a argamassa contendo bactéria foi capaz de

cicatrizar uma fissura com 970 µm, a de referência cicatrizou no

máximo 250 µm. Faz-se necessário salientar que esses resultados

foram obtidos somente quando a argamassa foi submetida a ciclos de

secagem e umedecimento, não tendo ocorrido nenhum processo de

autoreparo quando as argamassas ficaram armazenadas em ambiente

com umidade relativa igual 95%. Portanto, é imprescindível acautelar-

se em relação a aplicação desse procedimento, principalmente quando

não houver garantia da condição ideal para o processo de autoreparo,

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pois nem mesmo em ambiente com umidade relativa igual a 95% o

mecanismo de autoreparo com bactérias foi capaz de ser eficaz, dado

que esse procedimento ´não é de baixo custo, recursos valiosos podem

estar sendo aplicados sem nenhum retorno.

Como forma de auxiliar o entendimento, de como é processo

de biomineralização do carbonato de cálcio, por meio de bactérias e

nutrientes encapsulados, utilizou-se da figura 11, do artigo de Seifan

& Berenjian, (2018), na qual é possível compreender a sequência: a) o

surgimento das fissuras no material cimentíceo; b) a ruptura das

cápsulas ou dos portadores com bactérias e nutrientes, c) o acesso ao

oxigênio e CO2 e, idealmente, a água; e d) o preenchimento das

fissuras, com carbonato de cálcio. Na Figura 11, tem-se representação

esquemática do funcionamento do autoreparo das fissuras, por meio

da biomineralização, empregando-se bactérias e nutrientes

encapsulados.

Figura 11 - Representação esquemática do mecanismo de funcionamento do

autoreparo com bactérias e nutrientes encapsulados, fonte Seifan & Berenjian,

(2018).

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Como forma de proteger as bactérias do meio agressivo,

Wang et al., (2012) analisaram a viabilidade de empregar sílica gel e

poliuretano como condutores, como forma de proteger as bactérias.

Alazhari et al., (2018) utilizaram os poros da argila expandida como

condutor e obtiveram resultados satisfatórios ao substituir em 20% os

agregados miúdos por argila expandida, a qual continha esporos e

nutrientes, separadamente.

Wang et al., (2012) analisaram o desempenho de partículas de

terra diatomácea, em substituição ao agregado miúdo, como meio de

encapsulamento de bactérias e nutrientes, em argamassa de cimento

com traço 1:3:0,5. Após análise dos resultados, concluíram que a terra

diatomácea é eficaz na proteção das bactérias em ambientes com alto

pH, como é o da pasta de cimento. O possível mecanismo é que as

partículas têm forte capacidade de sorver as células das bactérias,

devido elevada superfície específica. Após a sorção a terra diatomácea

propicia um tipo de microclima ao redor da bactéria, no qual o pH é

menos agressivo que na matriz cimentícia e assim a bactéria pode

continuar a decompor a uréia. Na proporção em que se aumentou a

quantidade de terra diatomácea na mistura aumentou a taxa de

decomposição de uréia, o que indicou maior atividade ureolítica.

Conforme Seifan & Berenjian (2018), apesar do recente

progresso na concepção da bio-auto-regeneração do concreto, a

eficácia desta nova tecnologia depende muito da disponibilidade de

oxigênio. Aeração desempenha papel importantíssimo no crescimento

e iniciação de MICP, quando micróbios aeróbicos ou facultativos são

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usados. Isso implica que a eficácia do MICP depende estritamente da

presença de ar. Neste caso, o sucesso do mecanismo de autoreparo,

para cicatrizar as fissuras internas, torna-se menos provável. Como

mostrado na Figura 12, a disponibilidade de ar diminui dentro das

fissuras do concreto e, conseqüentemente, a probabilidade de

precipitação de carbonato de cálcio também diminui.

Figura 12 - a) A visão geral da fissura de concreto mostrando a disponibilidade de

oxigênio em várias profundidades de fissura, e b) quantificação da precipitação em

função da profundidade das amostras, ou seja, (___)Ref ; (.....) incorporados com

hidrogéis puros (m – H); e (_ _ _ _) incorporados com esporos de B. sphaericus

imobilizados em hidrogel (m-HS). Imagens obtidas de (Wang et al. 2014a)

No processo de decomposição da uréia tem-se de um lado a

redução do oxigênio, o que é muito saudável, pois a inexistência ou a

presença do oxigênio em quantidades mínimas diminui a

probabilidade da corrosão. Por outro lado, tem-se como subproduto o

amônio, (NH4), o qual pode acelerar o processo corrosivo por nitratos.

Em relação aos nitratos, Pepenar (2013) fez pesquisa relacionada à

corrosão induzida por nitratos, em estruturas de concreto armado.

Constatou, em investigação laboratorial realizada em grande número

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de amostras de concreto e aço, extraídas dos elementos afetados pela

corrosão, evidências de um complexo processo de corrosão, o qual era

afetado por diferentes mecanismos. A degradação do concreto

consistia em alguns fenômenos de descalcificação e expansão, que

levavam ao craqueamento e, finalmente, a uma rápida destruição do

concreto. A corrosão sob tensão representa, ainda, outro tipo

específico de corrosão do aço em ambientes tão agressivo, quanto

esse. Este fenômeno, similar àqueles observados em alguns cabos de

aço protendidos, que se caracteriza pela fratura frágil e quebradiça do

aço, sem perda de seção transversal de aço e sem perda visível de

metal e sem a existência de indicações premonitórias, precisa ser

investigado com a devida profundidade.

Conforme Lee & Park (2018) a avaliação da eficácia da

capacidade de consolidação de um agente de cura sob várias

condições ambientais, em campo, é essencial para o desenvolvimento

bem sucedido do concreto bacteriano autorreparador. Ainda assim,

certas limitações devem ser superadas antes que essas tecnologias

sejam usadas comercialmente. Sugere-se a realização de pesquisas em

que se empregue concreto armado e se verifique a interação entre os

subprodutos da microbiomineralização, decorrentes do processo

ureolítico, e as armaduras. Sugere-se ainda que os ensaios sejam

realizados sobre carregamento, onde a fissura permanece

constantemente aberta ou que seja reaberta em diferentes períodos

para que se possa verificar o desempenho da autoregeneração. Em

relação às condições de exposição, que se considerem ciclos de

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umedecimento e secagem, empregando soluções e condições similares

ao ambiente marinho. Procedendo-se desta forma será possível

aproximação mais efetiva da realidade, onde as estruturas estão em

permanente carregamento, as fissuras em movimento e o processo

corrosivo está quase sempre presente.

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99

CAPÍTULO 5

Mecanismos de autoreparo empregando-se polímeros

5.1 Mecanismos de autoreparo com polímeros superabsorventes

Conforme Snoeck et al., (2012), os polímeros

superabsorventes são partículas que incham devido à diferença de

pressão osmótica entre o hidrogel e a solução externa. Essa

propriedade tem sido uma das principais razões para o emprego na

indústria de higiene e, também são de grande importância na indústria

na construção civil. Snoeck et al., (2015) afirmam que os polímeros

super absorventes constituem-se de redes poliméricas, que têm a

capacidade de absorver e reter uma grande quantidade de líquido sem

se dissolver, expandindo-se em grandes proporções devido à osmose.

Mignon et al., (2017), consideram que os polímeros

superabsorventes são constituidos, geralmente, de monômeros iônicos

e precisam de baixo grau de reticulação, para propiciar elevada

capacidade de absorção.

Para Lee et al., (2016), os polímeros superabsorventes,

também conhecidos como hidrogéis, são polímeros reticulados que

têm a capacidade de absorver uma quantidade desproporcionalmente

grande de líquido, expandindo-se para formar um gel insolúvel. A taxa

e a capacidade de expansão podem ser alteradas, dependendo do tipo

de polímero e propriedades do líquido, incluindo composição,

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temperatura e pressão, sendo essa uma das características únicas dos

polímeros superabsorventes. Por exemplo, a taxa de expansão de um

polímero superabsorvente (PSA) em água deionizada pode ser

superior a 500 g/g, mas pode cair para cerca de 10 a 20 g/g na solução

típica de poros de concreto (Lee et al., 2016). Quando o concreto é

misturado e a água da mistura entra em contato com o cimento, ela em

poucos minutos atinge um pH muito alto (~ 12,5-13) e a concentração

iônica (~ 150-700 mmol / L), devido à rápida dissolução dos

compostos de cimento, os quais liberam íons, incluindo Ca2+ K+, Na+,

OH- e SO42- (Gartner et al., 1985). Portanto, o polímero

superabsorvente (PSA), que é adicionado durante a mistura, irá se

expandir em velocidade muito mais reduzida, se comparada à adição

em água doce. Os íons cálcio na água de mistura formam um

complexo bidentado, com os acrilatos do PSA (Sahmaran, 2007), o

que limita ainda mais sua expansão (Huber, 1993; Schweins & Huber,

2001). A expansão inicial também fica restringida devido aos

processos de mistura e compactação.

Para Mignon et al., (2017), os polímeros superabsorventes

podem ser classificados de várias maneiras, sendo que a classificação

mais importante é pela composição. Pela composição dividem-se entre

sintéticos, semi-sintéticos e naturais, conforme Mohammad &

Zohuriaan-Mehr, (2008).

Os monômeros usados para SAPs sintéticos são baseados na

indústria petroquímica e podem incluir ácido acrílico (AA), ácido

metacrílico (MAA), acrilamida (AM), metacrilato de

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dimetilaminoetilo (DMAEMA), dimetil amino propilo metacrilamida

(DMAPMA), ácido 2-acrilamido-2-metilpropano sulfônico (AMPS),

etc (Mignon et al., 2017). Explicações mais detalhadas sobres essas

classificações, podem ser encontradas em Mignon et al., (2017).

Os polímeros superabsorventes, empregados na construção

civil, quando adicionados ao concreto, propiciam várias possibilidades

relacionadas ao controle da água na mistura. Atuando sobre os

processos de absorção e/ou liberação de água e, consequentemente,

afetando as propriedades reológicas no estado fresco e, modificando

as condições de umidade interna do concreto. O controle da absorção

e liberação de água pode ser promovido por meio de projeto,

utilizando-se polímeros superabsorventes, os quais podem se adaptar à

necessidades específicas. Os polímeros superabsorventes podem ser

empregados tanto em concreto de altodesempenho, quanto em

concreto projeto, apenas para citar-se alguns exemplos (RILEM,

2012). Para Snoeck et al., (2012), eles têm sido empregados em

concretos, para reduzir a retração autógeno e por promover a cura

interna. Sendo que para Lee et al., (2016), o gel inchado forma uma

barreira ao fluxo e libera gradualmente a água absorvida quando a

umidade circundante diminui.

Para Snoeck et al., (2015), o uso de PSA para promover a cura

autógeno é dual. Snoeck et al., (2015) citando, Yao et al., (2012),

afirma que as partículas de SAP incham devido à absorção de água

durante o processo de mistura e encolhem-se para trás durante o

endurecimento do concreto, produzindo macroporos, os quais criam

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caminhos preferenciais para o surgimento de falhas e de múltiplas

fissuras. Em segundo lugar, as partículas de (PSA) são muito úteis

para a cura autógeno, porque absorvem água durante períodos úmidos

e a liberam lentamente durante os períodos secos. Por meio desse

mecanismo, a água permanece continuamente disponível para o

processo de cicatrização autógeno e o compósito pode mostrar uma

recuperação completa nas propriedades mecânicas, com cicatrização

de rachaduras de até 130 μm (Kim & Schlangen, 2010; Snoeck et al.,

2012b) sob ciclos úmidos e secos.

Huang et al., (2016), pesquisadores da Universidade de

Tecnologia de Delft e Universidade Gent, exploraram a viabilidade do

fechamento de fissuras no concreto, por meio da adição de polímeros

superabsorventes (PSA). Eles demonstraram que quando as fissuras

surgem e, as partículas de PSA ficam expostas a um ambiente úmido,

elas se expandem e tamponam as fissuras. A permeabilidade à água

diminui com o tempo e as rachaduras são seladas. A combinação de

microfibras e polímeros superabsorventes levam ao autoreparo das

fissuras. Os resultados experimentais mostraram que os (PSA)

promoveram a precipitação dos minerais nas fissuras. Portanto,

quando as partículas de (PSA) se expandem, por terem absorvido

grande quantidade de água, elas facilitam ao autoreparo autógeno em

toda a área da superfície das fissuras. Além disso, os polímeros

superabsorventes propiciam a continuidade da hidratação, por meio do

fornecimento da água absorvida e, paralelamente, fornecem a água

para a precipitação do Carbonato de Cálcio, CaCO3.

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Conforme Lee et al., (2010), na medida em que o cimento se

hidrata e o concreto se autodesseca, o PSA libera gradualmente a água

absorvida e, ao se retrair, produz vazios de dezenas a centenas de

mícrons, na pasta de cimento, conforme figura13(a). Quando as

fissuras surgem, elas se propaguem através dos vazios, produzidos

pela retração dos polímeros, figura 13(b). O (PSA) permanece em

dormência na microestrutura até que, devido ao surgimento das

fissuras, ele é exposto ao meio externo, de modo que quando

submetido ao umedecimento, o mesmo volta a ser ativado e expande-

se. Fluidos externos, provenientes da precipitação e de águas

subterrâneas têm menor concentração iônica, em relação à solução de

poros de concreto, portanto a reexpansão do (PSA) aumenta

significativamente. Contudo, o reduzido confinamento físico também

limita a capacidade de re-inchamento do (PSA). O polímero

superabsorvente inchado forma um gel mole, que se expande na fenda

e para além, diminuindo ou impedindo o fluxo adicional, conforme

figura 13(c). O (PSA) expandido produz bloqueio físico, reduz a

largura e a taxa de fluxo, o que propicia a cicatrização autógeno no

interior das fissuras, (Clear, 1985; Hearn, 1998; Edvardsen, 1999;

Yang et al., 2009). Se o concreto for exposto à ciclos de molhagem e

secagem, então a liberação retardada de água pelo (PSA), durante os

períodos de secagem, também pode ajudar ao autoreparo. Esses

efeitos ajudariam a manter a impermeabilidade das estruturas

fissuradas. A figura 13 foi obtida a partir do artigo de Lee et al.,

(2010).

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a) O SAP é adicionado ao

concreto durante a mistura. O inchamento iInicial é

confinado. Na medida em o

concreto endurece, o polímero retrai fica dormente

na microestrutura.

b) Subsequente propagação

das fissuras através dos vazios do polímero

superabsorvente, expondo o

polímero.

c) O ingresso de água causa

o inchamento do polímero, expandindo-o no interior da

fissura e restringindo o

fluxo de água.

Figura 13 - Representação esquemática do mecanismo de funcionamento dos

polímeros superabsorventes em uma matriz cimentícia. Imagem obtida a partir do

artigo de Lee et al., (2010).

Em ambientes onde a condição de cura ocorre com umidade

relativa maior que 90%, os polímeros superabsorventes são capazes de

propiciar autoreparo equivalente a ciclos de umedecimento e secagem.

Em regiões com ciclos de umedecimento e secagem, a água

permanece presente nos polímeros superabsorventes durante os

períodos secos. Portanto, o autoreparo pode prevalecer em todos os

momentos (Snoeck et al., 2012). Em decorrência dos mecanismos de

funcionamento dos polímeros superabsorventes, eles podem ser úteis

em regiões com pouca precipitação ou para estruturas que não ficam

diretamente expostas à chuva, porque eles têm elevada capacidade de

absorção de água, que atua mesmo em regiões com pouca umidade,

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consequentemente são potencialmente capazes de fornecer cura à

matriz cimentícia.

Os polímeros superabsorventes são produzidos por diferentes

fornecedores e apresentam desempenhos bastante diferentes, portanto

recomenda-se estudo prévio e cautela, quanto ao emprego dos

mesmos.

5.2 Mecanismos de autoreparo empregando agentes adesivos

Conforme Blaiszik et al., (2010) e Bekas et al., (2016) os

mecanismos de autoreparo baseados em polímeros e seus compostos

podem ser dividir em três, quais sejam: a) self-healing intrinsicos; b)

self-healing baseados em cápsulas e, d) self-healing baseados em

vascularização.

5.2.1 Sistemas autorreparadores intrínsecos

Conforme Wang et al., (2015), os materiais autoreparativos

intrínsecos não possuem um agente cicatrizante confinado, mas

possuem uma funcionalidade de autoreparo latente que é ativada com

o surgimento do dano ou por um estímulo externo. Estes materiais

contam com a mobilidade de uma cadeia e o emaranhamento das

mesmas, polimerizações reversíveis, fusão de fases termoplásticas,

ligações de hidrogênio, ou interações iônicas para iniciar o autoreparo.

Como cada uma dessas reações é reversível, vários eventos de cura

são possíveis.

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5.2.2 Sistemas baseados em cápsulas

Durante o dano e, consequente surgimento das fissuras, as

cápsulas são rompidas, dessa forma o mecanismo de autoreparo é

acionado, ocorre a liberação e a reação do agente de cura, na região da

fissura ou rachadura. Em geral, o uso das cápsulas nos sistemas de

autoreparo tem a vantagem de o reparo da fissura ser iniciada quase

que imediatamente. Contudo, esse método tem limitação, porque as

cápsulas são randomicamente dispersas na matriz e apenas uma

pequena parte delas pode ser atingida e romper devido às tensões que

dão origem às fissuras. Consequentemente, apenas uma pequena

quantidade de agente pode ser liberado. Existe a possibilidade de a

fissura atingir diferentes números de cápsulas, essa probabilidade

depende da dosagem e tamanho das cápsulas, de tal forma que a

probabilidade de um determinado número de cápsulas serem atingidas

aumenta com a dosagem de cápsulas.

Dry (2000) fez uso de cápsulas de vidro cilíndricas

preenchidas com cianoacrilato para curar rachaduras no concreto. Um

sistema epóxi de duas partes também foi usado no autoreparo de

compósitos cimentíceo (Xing et al., 2008), conforme Wang et al.,

(2015).

De acordo com Blaiszik et al., (2010), existe uma variedade

de técnicas de encapsulamento. As técnicas de encapsulamento mais

comuns são a dispersão in situ, interfacial e fundível.

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Os materiais autoreparadoras que empregam cápsulas foram

desenvolvidos para alguns dos polímeros sintéticos e elastômeros mais

comumente usados, utilizando-se uma variedade de esquemas de

confinamento. Cada esquema confina, em cápsulas discretas, um

agente de cura, até que o dano, ao romper as cápsulas, libere o agente

de cura e se produza a cura da fissura.

Conforme Huang et al., (2016), o endurecimento dos agentes

adesivos nas fissuras tem o potencial de selar as fissuras e conectar

ambas superfícies. Esses adesivos podem ser tanto monocomponentes

ou possuir dois ou mais componentes. O processo de endurecimento

varia com as propriedades dos agentes. Dentre os agentes adesivos

está o epóxi, frequentemente usado para autoreparo. Em algumas

pesquisas, dois componentes de epóxi foram liberados e misturados

entre si. Esses dois componentes reagiram e endureceram para

cicatrizar as fissuras. Contudo, essa reação tem algumas limitações,

pois pode ser influenciada pela taxa de penetração dos dois

componentes na fissura, em função disso, é possível que a mistura não

consiga ser otimizada.

Um monocomponente de epóxi tem se mostrado eficiente para

autoreparo. Por exemplo, Thao et al., (2009) utilizaram tubos de vidro

selados contendo monocomponentes de epóxi. Durante a realização

dos ensaios, os tubos que estavam no interior das amostras romperam-

se e, o epóxi penetrou na fissura e se polimerizou ao entrar em contato

com o ar, melhorando o desempenho do material cimentíceo. O

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metilmetacrilado (MMA) é outro tipo de adesivo que pode ser

utilizado para autoreparo, com um ou mais componentes.

Yang et al., (2009) utilizaram microcápsulas dentro das quais

havia metilmetacrilato e trietilborane (TEB), para selar as fissuras.

O cianocrilato tem sido empregado como agente adesivo para

autoreparo, possui baixa viscosidade e é apto a penetrar nas fissuras da

matriz, em decorrência disso, tem sido frequentemente usado no

autoreparo de concretos, uma vez que pode reconectar a superfície das

fissuras fortemente. Sendo um monocomponente ele pode endurecer

dentro de um pequeno intervalo de tempo, após ser exposto ao ar.

Em geral, a eficácia do agente de cura, baseado em agentes

adesivos, depende principalmente do tipo de adesivo.

Os monocomponentes são mais fáceis de operar e possuem

maior eficácia quando comparado a dois ou múltiplos agentes.

Normalmente os agentes adesivos unem as superfícies das fissuras

fortemente e, portanto, conduzem a uma boa capacidade de

recuperação das propriedades mecânicas, assim como propriedades de

durabilidade.

Para Blaiszik et al., (2010), os agentes de cura são confinados

em discretas cápsulas até que o dano produza a ruptura e libere o

conteúdo das mesmas. O autoreparo baseado em cápsulas inclui

quatro esquemas principais de confinamento: a) sistema catalisador de

cápsula, que inclui o agente de cura encapsulado e uma fase

catalisadora dispersa, (um exemplo é o catalisador de cápsula de

diciclopentadieno (DCPD) -Grubbs); b) sistema de multicápsulas, que

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utiliza duas ou mais cápsulas, que confinam componentes separados

dos agentes de cura, (um exemplo é o sistema dimetilpolisiloxano

PDMS de cápsula dupla); c) sistema de funcionalidade latente, que faz

uso de grupos funcionais dentro da fase da matriz, os quais reagem

com um agente de cura encapsulado após dano, (um exemplo desse

sistema é o sistema epoxi-solvente) e d) sistema separado por fases,

que inclui pelo menos um componente de cicatrização que é separado

em fases dentro da matriz, enquanto outros componentes podem ser

encapsulados, (um exemplo é o sistema separado por fase PDMS

catalisado por estanho)

Wang et al., (2015b) citando White et al., (2001), apresenta os

mecanismos de funcionamento do autoreparo, por meio de cápsulas e

explica os processos de polimerização, os quais são apresentados a

seguir, em: 1; 2 e 3.

1) Processo de polimerização em cadeia, com abertura de

anel (ROMP). Trata-se de um processo de polimerização em cadeia,

em que uma mistura de olefinas cíclicas é convertida em um material

polímero abrindo os anéis esticados em monômeros e reconectando-os

para formar longas cadeias. Na figura 14, as cápsulas, semelhantes a

células, contendo diciclopentadieno (DCPD) e o catalisador de Grubbs

foram dispersos numa matriz polimérica durante a formulação do

material. Quando o material é danificado, devido ao surgimento das

fissuras, os agentes de cura contidos nas cápsulas serão liberadas

devido à fratura do invólucro da cápsula de poli (uréia-formaldeído)

(PUF). O agente de cura inunda a fissura e polimeriza o

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diciclopentadieno (DCPD), o qual é catalisado pelo catalisador de

Grubbs. Como resultado, aproximadamente 75% da rigidez pode ser

recuperada em 48 h, em temperatura ambiente. Esta tecnologia foi

posteriormente aplicada a compósitos reforçados com fibras (CRF),

para produzir compósitos reforçados com fibra de autoreparo

(CRFAC), através da cura do material hospedeiro que continha as

cápsulas cheias de agente de cura.

Figura 14- Protótipo de cápsulas baseadas em compósitos autoreparadores (Adaptado

de White et al., 2001).

Conforme Wang et al., (2015), os materiais de autoreparo

baseados em cápsulas podem ser melhorados em muitos aspectos. No

caso dos agentes de cura baseados em cápsulas, isso significa a

utilização de agentes de cura mais avançados. Para DCPD e o

catalizador Grubbs, existem várias desvantagens. Em relação ao

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catalizador de Grubbs, conforme Kamphaus et al., (2008) possui fraca

estabilidade, devido ao baixo ponto de fusão, 153 °C, sua reatividade

também é influenciada pela exposição prolongada ao oxigênio e

umidade (Coope et al., 2011). Adicionalmente, sua aplicação também

é limitada devido sua toxicidade e alto preço, conforme Billiet et al.,

(2012). Além disso, o DCPD requer grandes quantidades de

catalisadores para reação rápida (Aïssa et al., 2012). Para aumentar a

estabilidade do processo de cicatrização, Kamphaus et al., (2008)

testaram o cloreto de tungstênio (WCl6) como um catalisador

alternativo de ROMP devido ao fato de possuir, a mesmo tempo,

ponto de fusão relativamente alto a 275 °C e menor custo. Em outro

trabalho, apresentado por Lee et al., (2004), o agente cicatrizante

DCPD foi substituído por um material mais rentável 5-etilideno-2-

norborneno (ENB), que é conhecido por reação ROMP muito mais

rápida. No entanto, a principal desvantagem do ENB foi que a

estrutura de ligação cruzada formada era menos forte do que a

estrutura de cadeia linear polimerizada criada usando o DCPD (Aïssa

et al., 2012). Para produzir um resultado equilibrado, Liu et al., (2006)

realizaram um plano de mistura no qual DCPD e ENB foram

encapsulados, já que a reatividade do DCPD construiu ligações duras

e confiáveis e a reatividade ENB forneceu ajuda imediata. Depois,

Huang et al., (2011) testaram vários fatores, incluindo a taxa de

mistura, a temperatura de cicatrização e o tempo de cicatrização, que

afetou o desempenho da cicatrização e propuseram um plano de

mistura melhorado. Outros tipos de catalisadores também foram

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levados em consideração por Raimondo & Guadagno (2013), tais

como: o catalisador de segunda geração da Grubbs (G2); o catalisador

de primeira geração da Hoveyda-Grubbs (HG1) e o catalisador de

segunda geração de Hoveyda–Grubbs (HG2). Esses novos

catalisadores permitem uma temperatura de cura de até 170°C, sem se

tornarem desativados e apresentam altos níveis de eficiência de cura.

O estabelecimento de agentes de cura e catalisadores alternativos

fornece mais opções na aplicação de materiais auto-reparadores

baseados em reações ROMP, quando são necessárias temperaturas

operacionais mais altas e custos mais baixos.

2) Processo de policondensação. A policondensação é um

processo que consiste em uma condensação química, na qual se busca

formular um polímero ligando monômeros únicos ou múltiplos e,

assim formar longas cadeias, liberando água ou uma substância

simples similar. Cho et al., (2006) desenvolveram um mecanismo

baseado na policondensação usando dilaurato de di-n-butilestanho

(DBTL) como catalisador e uma mistura de funcionalização de

extremidade de hidroxila e poli (dimetilsiloxano) (HOPDMS) e poli

(dietoxisiloxano) (PDES) como agente de cura. O novo mecanismo

teve uma eficiência menor em comparação com o DCPD e o

catalisador de Grubbs. No entanto, foi mais resistente à desativação

pela matriz de ar, água e éster vinílico e teve custo menor, expandindo

seus campos de aplicação e tornando-se mais adequado ao uso real

(Billiet et al., 2012). Revestimentos autocuráveis desenvolvidos por

Cho et al., (2009) e compósitos reforçados com fibras foram

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estudados por Moll et al., (2013) e desenvolvidos com base nesse

mecanismo. Em outro trabalho Moll et al., (2013), constatou a

eficiência da cicatrização, a qual havia aumentado significativamente,

obtendo recuperação quase plena.

3) Reações autoreparativas a base de epóxi. Para Wang et al.,

(2015), as reações curativas à base de epóxi ganharam popularidade.

Trata-se de um sistema epóxi-endurecedor (Coope et al., 2011; Yin et

al., 2007; Yuan et al., 2006; Yuan et al., 2008; Yuan et al., 2011), a

resina epóxi e o endurecedor são encapsulados separadamente e

incorporados dentro da matriz composta. Quando surgem as fissuras,

ambas as cápsulas se rompem e, a resina epóxi e o endurecedor são

misturados e preenchem as fissuras. Além disso, os sistemas de cura

de cápsulas com solventes e com epoxi-solvente também foram

desenvolvidos para os compósitos poliméricos (Blaiszik et al., 2009;

Caruso et al., 2007; Caruso et al., 2008). Quando o solvente

encapsulado é liberado, ele se expande localmente e cura a rachadura.

A resina epóxi também pode ser adicionada em cápsulas com

solvente, promovendo reação de reticulação. Os mecanismos baseados

em epóxi tornaram-se os mais populares em comparação com os

mecanismos baseados na reação de ROMP e na policondensação, pois

são facilmente acessíveis. A caracterização do desempenho de cura do

revestimento à base de epóxi foi analisada e resumida por Liao et al.,

(2011) e Liu et al., (2012).

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5.3 Sistemas de autoreparo vascularizados

Conforme Wang et al., (2015), o sistema de autoreparo pode

também ser realizados por vascularização. Os materiais de autoreparo

vascularizado, conforme figura 15, confinam o agente cicatrizante em

uma rede, na forma de capilares ou canais ocos, que podem ser

interconectados unidimensionalmente (1D), bidimensionalmente (2D)

ou tridimensionalmente (3D), até que o dano ative a autorecuperação.

Após o sistema vascular ser danificado e ocorrer a primeira entrega do

agente de cura, a rede vascularizada pode ser recarregada, por uma

fonte externa ou através de uma região não danificada, mas conectada

à rede vascularizada. Essa ação de reabastecimento permite vários

eventos de recuperação locais. A figura 15, apresenta de forma

esquemática a rede vascularizada, em uma, duas e três dimensões.

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115

Figura 15 - Representação esquemática de um sistema de vascularização em uma,

duas e três dimensões Wang et al., (2015).

Dry & McMilban (1996) utilizaram três componentes de

monômeros de Metilmetacrilato (MMA) para autoreparo no concreto.

Em seus estudos, como forma de fornecer esses múltiplos

componentes no concreto, um sistema vascular foi construído

previamente. Comparado com o sistema de dois componentes de

epóxi, o MMA tem uma menor viscosidade e portanto, a mistura dos

componentes foi mais eficiente. Contudo, devido a viscosidade do

MMA ser baixa ele pode facilmente extravasar das fissuras. Esse

extravasamento pode reduzir a eficácia de autoreparo. Para superar

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116

esse problema, polimetilmetacrilato com maior viscosidade foi

aplicado para substituir o MMA como agente de cura.

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122

CAPÍTULO 6

Métodos e ensaios para avaliação de desempenho

Os métodos e ensaios para a avaliação de desempenho dos

mecanismos de autoreparo aplicáveis aos materiais cimentíceos

podem ser divididos em função da escala em: macroscópia,

microscópia e nanoscópica. O desempenho pode ser avaliado

empregando-se ensaios mecânicos, os quais podem ser relacionados à

capacidade de recuperação da resistência à compressão, resistência à

flexão. Adicionalmente, pode-se empregar ensaios de resistência à

tração, empregando-se diferentes métodos de ensaios e, também

ensaios de tenacidade.

Em relação a durabilidade, pode-se empregar ensaios de

permeabilidade, absorção por capilaridade, coeficiente de

permeabilidade a água, ensaios de permeabilidade a gás, ensaios de

porosidade, difusão de cloretos, dentre outros. Pode-se, paralelamente,

empregar ensaios não destrutivos, tais como, ensaios de ultrassom,

frequência de ressonância, atenuação acústica, eco-impacto,

tomografia, dentre outros.

Para além disso, existem também ensaios que analisam a

resistência de ligação dos materiais depositados dentro das fissuras.

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123

Várias pesquisas empregam ensaios físicos e mecânicos e,

paralelamente, realizam ensaios em escala microscópica para ampliar

a confiabilidade dos resultados obtidos.

Para quem está iniciando sugere-se, inicialmente, que seja

verificada a viabilidade técnica de realizar de alguns ensaios,

principalmente os ensaios que requerem controle de abertura de

fissuras. Além disso, deve-se salientar que a pasta, a argamassa e o

concreto são materiais frágeis, os quais rompem com baixos níveis de

deformação. Portanto, recomenda-se, tanto quanto possível, a inclusão

de fibras, que podem ser de aço ou outros materiais.

Deve-se considerar que após os materiais cimentíceos serem

fissurados ocorre uma pequena redução na abertura das fissuras, razão

pela qual a grande maioria dos trabalhos referem-se às fissuras

residuais. Recomenda-se, que a amostra seja suficientemente grande,

para que erros ou falhas de ensaios possam contornados.

Considerando-se que a capacidade de cicatrização das fissuras

depende dos mecanismos empregados, (que podem variar com o tipo e

quantidade de bactéria ou tipo e quantidade de adições minerais ou

polímeros) das condições ambientais, dos níveis de carregamento ou

de tensão, sugere-se a adoção de diferentes aberturas de fissuras,

diferentes níveis de tensão e diferentes condições cura, principalmente

as seguintes: imersa em água, em contato com a água, em água

corrente, ao ar, em ciclos de umedecimento e secagem e, tanto quanto

possível em diferentes soluções, dentre elas, uma que possa simular o

ambiente marinho.

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124

Embora possa parecer deselegante, sugere-se mais de uma

referência para cada mecanismo, condição de ensaio e abertura de

fissura, níveis de carregamento e condições de cura. Dito de outra

forma, as referências nas quais não se utilizou nenhum mecanismo de

autoreparo, devem também fissuradas, com diferentes aberturas de

fissuras, carregadas sob os mesmos níveis de tensão e curadas nas

mesmas condições das amostras nas quais os mecanismos de

autoreparo foram utilizados.

6.1 Ensaios utilizados para produzir fissuras

Existem vários ensaios por meio dos quais pode-se produzir as

fissuras. Contudo, em cada ensaio emprega-se corpos-de-prova com

características específicas e para cada tipo de material cimentíceo

existe um ou mais ensaios que são mais adequados. Por exemplo,

quando o material é argamassa ou concreto sem fibras, pode-se

utilizar o ensaio de resistência à compressão, empregando-se prismas.

Quando o material a ser analisado possui em sua composição

determinado tipo e teor de fibras, O ensaio de tração por compressão

diametral, também denominado ensaio brasileiro, poderá ser utilizado.

Nesse caso, o ensaio deve ser realizado obedecendo às recomendações

da Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 7222:2011, com a

devida monitorização da abertura das fissuras e a máquina não poderá

parar após o surgimento da primeira fissura. Na figura 16 tem-se

representação esquemática desse ensaio.

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Figura 16 - Representação esquemática do ensaio de tração por compressão diametral

com monitoramento da abertura das fissuras. Imagem provenientes de Ferrara et al.,

(2014).

Também é possível produzir fissuras, em materiais

cimentíceos contendo fibras, empregando o ensaio de tração na flexão,

o qual deve obedecer às recomendações da Associação Brasileira de

Normas Técnicas, ABNT - NBR7222:2011, ou a ASTM C 78/C78M:

2016-08, Test Method for flexural of concrete, dentre outras, conform

figura 17.

Figura 17- Representação esquemática do ensaio de tração na flexão, com 4 pontos e

3 pontos. Imagem provenientes de Ferrara et al., (2014).

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126

Quando se adota o ensaio de flexão a quatro pontos em

materiais cimentíceos com fibras, devido a aleatoriedade das mesmas,

haverá certo grau de imprevisibilidade na localização das fissuras,

conforme pode-se perceber na figura 18. Imagens provenientes de

Ferrara et al., (2016).

Figura 18- Ensaio de flexão a 4 pontos, realizado em material cimentíceo com fibras.

Imagem de Ferrara et al., (2016).

Pode-se empregar o ensaio de fendilhamento para a produção

de fissuras, denominado double edge wedge splitting test, o qual, pode

ser traduzido como ensaio de fendilhamento com cunhas duplas nas

bordas. A figura 19, do artigo de Ferrara et al., (2018), propicia

melhor entendimento do ensaio.

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127

(a)

(b)

Figura 19 (a) e (b) - Detalhe do ensaio de fendilhamento com cunhas duplas. Imagens

provenientes do artigo de Ferrara et al., (2018).

(c)

Figura 19(c)- Detalhe do ensaio de fendilhamento com cunhas duplas. Imagens

provenientes do artigo de Ferrara et al., (2018).

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No entanto, pode-se empregar o ensaio de tração direta, conforme

figura 20, em compósitos cimentíceos com fibras de alto desempenho.

A figura 20 é proveniente do artigo de Li & Yang (2007). Para

conduzir o ensaio de tração, recomenda-se a utilização de um sistema

servo-hidráulico que funcione no modo deslocamento. A taxa de

deformação utilizada pode ser de 0,0025 mm/s para simular uma

condição de carga quase estática. Placas de alumínio necessitam ser

coladas em ambos os lados das extremidades das amostras. Dois

transdutores de deslocamento lineares externas devem ser anexados à

amostra para medir a deformação.

(a)

Figura 20 - (a) Ensaio de tração direta. Imagem proveniente de Li & Yang (2007) e

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Faz-se necessário refletir sobre a repetitividade dos ensaios,

ou seja, o número de repetições e a periodicidade, ou seja, quantos

ciclos de carregamento serão adotados. A figura 21, representa um

ensaio em um compósito de cimento engenheirado, onde tem-se uma

aplicação crescente de tensões e deformações, até o colapso da

amostra.

Figura 21- Gráfico relacionando tensão e deformação, em compósitos de cimento

engenheirados. Fonte artigo de Yildirim et al., (2015).

Uma vez que as fissuras tenham sido produzidas, a etapa

seguinte será a definição do tempo em que as amostras ficarão em

cura e em que condições, dado que a robustez de autoreparo deve ser

examinada sob uma variedade de exposições ambientais, as quais são

tipicamente experimentadas por sistemas de infraestrutura de

concreto. Dentre os regimes de condicionamento ambiental Li & Yang

(2007) citam os seguintes: a) CR1 (ciclo água/ar), nesse ciclo as

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amostras pré-fissuradas são submetidas a imersão em água em

temperatura de 20°C por 24h e, secá-las no laboratório na temperatura

de 21°C ± 1◦C e umidade relativa de 50% ± 5%. Esse regime é usado

para simular a condição ambiental com dias de chuva e dias

ensolarados; b) CR2 (ciclo água/ar quente) consiste em submergir as

amostras pré-fissuradas em água à temperatura de 20°C for 24h, secar

a amostra em forno à 55°C por 22h e, a seguir, esfriá-las por duas

horas, no laboratório à temperatura de 21°C ± 1◦C e umidade relativa

de 50% ± 5. Este regime é usado para simular ambientes externos

cíclicos, com dias chuvosos, seguidos de dias ensolarados de verão,

com altas temperaturas; c) CR3 (em água corrente) consiste em aplicar

fluxo de água contínuo, à 20°C, através das fissuras do concreto pré-

fissurado por tempo pré-estabelecido. Esse regime simula as

condições ambientais de infra-estrutura em contínuo e constante

contato com a água, com gradiente hidráulico, tais como reservatório

de água, tubulações e canais de irrigação; d) CR4 (submerso em

solução de cloreto) consiste em expor diretamente a amostra pré-

fissura a uma solução contendo elevado teor de cloretos. Esse regime

é usado para simular a exposição ao descongelamento por sais

empregado na infraestrutura de transporte, estacionamentos ou

reservatórios de concreto contendo soluções com elevado teor de sal;

e) CR5 (submerso em água) consiste em submergir a amostra em água

à 20°C até idades pré-estabelecidas. Esse regime simula as estruturas

de concreto submersas.

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131

Cumpridas essas etapas preliminares, faz-se necessário

ponderar sobre os procedimentos a serem adotados para medir a

eficácia dos mecanismos de autoreparo.

Vários procedimentos podem ser adotados para verificar a

eficácia dos mecanismos de autoreparo, dentre eles os seguintes:

a) Índice de cicatrização da fissura. Esse índice é obtido da

seguinte maneira: I.C.F.=[1-(tamanho da abertura da fissura após

cicatrização/tamanho da fissura antes da cicatrização]. A figura 22,

permite melhor entendimento;

Figura 22 - Imagem da fissura após pré-fissuração e, após autoreparo, provenientes de

Ferrara et al., (2014).

b) Quantificação por meio de análise de imagem e

binarização de imagem. Essa metodologia de processamento de

imagens foi realizada por Ferrara et al., (2018), e consistiu na

investigação e quantificação das fissura empregando análise de

imagem. As imagens das fissuras foram registradas em microscópio

digital, ao longo de toda a extensão de cada amostra de fissurada. O

autoreparo da fissura foi então quantificado por comparação das

medições da largura da fissura, através do processamento de imagem,

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132

para a mesma amostra, ao longo do tempo de cura. A figura 23

propicia uma idéia geral da metodologia aplicada;

(a)

(b)

(c)

Figura 23 - a) Imagem da fissura; b) e c) Binarização de imagem.

c) Índice de recuperação de carga à flexão. Empregando-se o

ensaio de flexão a três pontos, pode-se determinar o índice de

recuperação da carga à flexão, como maneira de quantificar a

capacidade de autoregeneração das fissuras. Ferrara et al., (2014),

propõe procedimento para determinar esse índice. A figura 24 (a)

proveniente do referido autor, apresenta um corpo-de-prova pós-

condicionamento, ou cicatrização. O gráfico da figura 24 (b) auxilia

na compreensão da equação proposta por Ferrara et al., (2014).

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133

(a)

Figura 24 (a) - Ensaio de tração na flexão para determinar a capacidade de

recuperação de carga na flexão após autoreparo. Imagem proveniente de Ferrara et al.,

(2014).

(b)

Figura 24 (b) -Ensaio de tração na flexão para determinar a capacidade de recuperação

de carga na flexão após autoreparo. Imagem proveniente de Ferrara et al., (2014).

A equação proposta por Ferrara et al., (2014) para determinar

o índice de recuperação da carga sob flexão obtido conforme Equação

1.

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134

Yildirim et al., (2015) fizeram revisão dos ensaios adotados

para analisar a eficácia do autoreparo em compósitos cimentíceos e

constataram que ensaios de permeabilidade a água, a penetração

rápida de cloretos e permeabilidade a gás, foram utilizados por vários

pesquisadores. Além desses, também constataram o emprego de

ensaios de difusão e absorção.

Li & Wang, (2007) apresentam alguns ensaios que podem ser

utilizados para verificar o desempenho dos sistemas de cicatrização

citando os seguintes, redução do coeficiente de permeabilidade e

redução do coeficiente de difusão de cloretos. Em relação aos ensaios

mecânicos relataram os seguintes, capacidade de recuperação da

tensão de tração e capacidade de recuperação da tenacidade dos

compósitos cimentíceos.

Bekas et al., (2016) propõem técnicas de monitoramento dos

mecanismos de autoreparo citando as seguintes: a) ultrassom; b)

Emissão acústica; c) espectroscopia Raman. Adicionalmente, propõem

algumas técnicas de caracterização, a seguir relacionadas: a)

espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier; b)

espectroscopia infravermelho próximo; c) espectroscopia de

ressonância nuclear magnética; c) Microscopia óticas, Microscopia

Eletrônica de Varredura, Microscopia eletrônica de transmissão; d)

Microscopia de força atômica; e) Análise de difração de raios-X; f)

Equação 1

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espectroscopia de fótons emitidos por raios-x; g) reometria, estudos

reológicos e comportamento tixotrópico.

Desejando-se realizar diagnóstico tão preciso quanto possível,

sugere-se que sejam realizados ensaios combinados, os quais não

produzam efeitos colaterais ou acabem por alterar as características na

amostra. Neste sentido sugere-se que o monitoramento das fissuras

seja feito tanto por meio de ultrassom ou emissão acústica, quanto por

meio de análise digital. Paralelamente, para verificar a eficácia dos

mecanismos de autoreparo, os ensaios de absorção ou coeficiente de

difusão de cloretos poderiam ser empregados. Adicionalmente,

poderia-se determinar o módulo dinâmico e, finalmente, a

caracterização dos produtos do autoreparo seria realizado por meio de

microscopia e difração de raios-x, adotando-se em todo o processo a

mesma amostra.

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137

CAPÍTULO 7

Variáveis que afetam o desempenho da autoreparo

7.1 Condições ambientais

Conforme Huang et al., (2016), algumas estruturas são

utilizadas em baixo da água, outras são utilizadas para conter ou

transportar água. Nessas estruturas, fissuras podem causar problemas

de vazamento ou de vida útil. Como discutido acima, o autoreparo é

uma solução vital para esses problemas. Uma das condições mais

necessárias para o autoreparo autógeno e o autoreparo baseado em

bactérias ou adições minerais é a presença de água nas fissuras.

Portanto, para estruturas submersas, o autoreparo autógeno e

autoreparo baseado em bactérias ou adições minerais podem ser

adotadas. O autoreparo baseado em agentes adesivos não é adequada

para tais estruturas, porque a presença de água nas fissuras pode inibir

a liberação dos agentes nas fissuras e o endurecimento dos agentes

adesivos.

Para estruturas construídas no subsolo, tais como

armazenamento e garagens, expostas constantemente a água, pode

ocorrer que a água pode ocorrer que a água penetre pelas fissuras.

Autoreparo autógeno e autoreparo baseado em bactérias ou em

adições minerais (cristalizantes ou expansivas) são recomendadas,

muito mais do que o autoreparo baseado em agentes adesivos.

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Contudo, em algumas regiões a água não é extremamente abundante.

Isso pode levar algum tempo para cicatrizar as fissuras. Para esses

casos o autoreparo na qual se emprega agentes adesivos pode ser

melhor alternativa.

Algumas estruturas ficam expostas a ciclos de secagem e

molhagem. Esses ciclos facilitam o ingresso de CO2, quando parte da

estrutura é exposta a ar o CO2 dissolvido facilita a precipitação da

Calcita durante o autoreparo autógeno e o autoreparo baseado em

bactérias. Pode-se ainda empregar tanto autoreparo baseado em

polímeros expansivos, superabsorventes, quanto as adições minerais

cristalizantes.

Para estruturas expostas ao ar, a água, na forma líquida, está

ausente nas fissuras. Contudo, as fissuras propiciam o acesso do CO2

na interface entre a matriz e as barras de aço. A carbonatação do

concreto ao redor das barras de aço aumenta o risco da corrosão das

barras de aço, além disso íons de cloreto podem estar presentes,

aumentando ainda mais o risco de corrosão.

O autoreparo pode mitigar alguns dos problemas relacionados

a durabilidade. Contudo, a deficiência da água nas fissuras faz com

que o autoreparo autógeno e o autoreparo com bactérias ou mesmo

com aditivos químicos seja bastante dificultada. Por essa razão, seria

necessário o fornecimento contínuo de água para que referidos

mecanismos de autoreparo pudessem atuar de forma eficiente. Dentre

as diversas possibilidades, o fornecimento adicional de água poderia

ser feito realizado empregando o sistema vascular. Por outro lado,

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139

nessa condição, o autoreparo baseado em agentes adesivos pode ser

mais eficiente e conveniente.

Para elementos internos da estrutura o fornecimento adicional

de água nas fissuras é bastante difícil, portanto os mecanismos de

autoreparo autógeno, com bactérias ou adições minerais devem ser

evitados.

7.2 Abertura da fissura

De acordo com Maes et al., (2014), para NBN EN 1992-1-1

[1], a largura admissível de fissura em estruturas de concreto armado

depende da classe ambiental e está na faixa de 300-400 µm. Contudo,

Win et al., (2004) descobriram que a profundidade de penetração de

cloreto -na ponta da fissura- (ver figura 1) de uma fissura de 100 µm

era superior a profundidade de penetração de cloretos na superfície.

Além disso, de acordo com Ismail et al., (2008) larguras de fissuras de

200 µm e mais largas permitem a difusão ilimitada do cloreto

perpendicular à parede da rachadura. Van den Heede et al., (2014)

sugerem limitar a largura da fissura abaixo 50 µm para evitar a

penetração de cloretos. Então, parece que em ambientes marinhos, a

largura das fissuras deve ser limitada a fim de manter ou aumentar a

durabilidade das estruturas. Ye et al., (2013) após realizarem ensaios

de flexão à três pontos em que as aberturas das fissuras variaram entre

50 e 200 nm, analisaram os perfis de cloretos, após testes de difusão

de cloretos, nos quais ficou claro que as concentrações de cloreto

aumentam em certas profundidades da superfície exposta, quando a

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largura da fissura aumenta. Por outro lado, Sahmaran (2007)

descobriu que o efeito de larguras das fissuras abaixo de 135 µm no

coeficiente de difusão de cloreto é pouco significativo. Além disso, ele

concluiu que quando a largura da fissura aumenta, o coeficiente de

difusão aumenta também e esse efeito foi mais pronunciado quando a

largura da fissura foi maior que 135 µm.

Qureshi et al., (2019) citando De Nardi et al., (2017)

mostraram que o autoreparo autógeno é reduzida com o aumento da

idade em que as fissuras são formadas em argamassas de cal e

cimento.

Qian et al., (2015) investigaram o potencial de autoreparo de

fissuras em idade precoce em materiais à base de cimento,

incorporando bactérias que podem produzir anidrase carbônica. As

amostras à base de cimento foram pré-fissurados aos 7, 14, 28, 60

dias, para verificar se capacidade de autoreparo era influenciada pela

idade em que surgiam as fissuras. Além disso, eles queriam analisar se

autoreparo era influenciada pela abertura das fissuras, por essa razão

eles produziram nas amostras fissuras com as aberturas entre 0,1 e 1,0

mm. Os resultados experimentais indicaram excelente capacidade de

reparação de pequenas fissuras formadas na idade precoce de 7 dias,

fissuras abaixo de 0,4 mm foram quase completamente fechadas. A

largura das fissuras influenciou significativamente a eficácia da

autocorreção. O transporte de CO2 e Ca2+ controlou o processo de

autoreparo.

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Conforme Qureshi et al., (2019), a idade em que as amostras

são pré-fissuradas tem impacto vital sobre a capacidade de autoreparo

do concreto ou dos compostos cimentíceos com proporção elevada de

cimento e materiais cimentíceos suplementares (SCMs).

Amostras de compósito cimentíceo engenheirados com dois

tipos diferentes de cinzas volantes (baixo teor de cal e alto teor de cal)

e escória de alto forno granulada (GGBS) foram pré-fissuradas até

80% de suas capacidades de deformação aos 7, 28 e 90 dias.

Posteriormente, analisou-se o desempenho de autoreparo, o qual foi

baseado em testes de absorção e permeabilidade rápida à cloretos. Os

resultados revelaram tendência decrescente de cura com o aumento de

idade de dano (Alyousif et al., 2015; Yıldırım et al., 2015).

7.3 Reabertura das fissuras

7.3.1 Considerações gerais sobre os custos

Conforme Huang et al., (2016) os mecanismos de autoreparo

empregados aos materiais cimentíceos tem sido investigado por

décadas. Contudo, o autoreparo não tem sido aplicado com sucesso

nas estruturas de concreto armado, até agora. As incertezas sobre as

vantagens é a principal razão.

Conforme Huang et al., (2016), não existe custo adicional na

aplicação do autoreparo autógeno em materiais cimentíceos. É um

desempenho inerente dos materiais cimentíceos, embora esse processo

ocorra lentamente e seja apenas capaz de cicatrizar pequenas fissuras,

usualmente menor que 50 µm. Como forma de aumentar a capacidade

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142

de autoreparo dos agentes de autoreparo adicionados na mistura do

concreto, tais como bactérias, adições minerais e agentes adesivos são

necessários. Contudo, o custo do concreto com esses agentes aumenta.

Entretanto, como demonstrado por Jonkers et al., (2010), o preço do

concreto baseado em bactérias pode reduzir drasticamente se os

pesquisadores conseguirem que as bactérias usem um nutriente a base

de açúcar no futuro. Por outro lado, quando se emprega os

mecanismos de autoreparo baseado em adições minerais, os custos

adicionais não serão elevados, quando eles forem usados para

substituir parte do cimento no concreto, dado que o valor dos mesmos

é próximo a do cimento.

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