Megaesofago

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MEGAESÔFAGO E ATROFIA MASTIGATÓRIA EM UM CANINO Autor(es): JOHANN, Juciane Maria; CAETANO, Clarissa Fonseca; SOUZA, Juliana Graciela Machado; SPADER, Melissa Borba; SILVA, Fábio da Silva; FERREIRA, Lílian das Neves. Apresentador: Juciane Maria Johann Orientador: Lílian das Neves Ferreira Revisor 1: Geferson Fischer Revisor 2: Tatiane Camacho Mendes Instituição: UFPel MEGAESÔFAGO E ATROFIA MASTIGATÓRIA EM UM CANINO JOHANN, Juciane Maria 1 ; CAETANO, Clarissa Fonseca 1 ; SOUZA, Juliana Graciela Machado 1 ; SPADER, Melissa Borba 2 ; SILVA, Fábio da Silva 3 ; FERREIRA, Lílian das Neves 2 . 1 Estudante graduação em Veterinária, UFPel 2 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em medicina veterinária UFPel 3 Médico Veterinário HCV/UFPel Campus Universitário, Pelotas, RS, Brasil, 96010-900 [email protected] INTRODUÇÃO Megaesôfago é a dilatação generalizada do esôfago, produzida por uma desordem neuromuscular (MCKERRELL R. E.,2001), sendo classificado em: idiopático, congênito e adquirido. A miastenia grave é a causa mais comum de megaesôfago adquirido (MCKERRELL R. E.,2001), sendo dividida em: congênita ou adquirida. A adquirida é um distúrbio imunomediado em que são direcionados auto- anticorpos contra os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular, e classifica-se em generalizada ou localizada. A primeira caracteriza-se por uma fraqueza exacerbada e afeta toda a musculatura, enquanto que a localizada apresenta sinais clínicos atribuíveis a megaesôfago, mas não apresenta fraqueza apendicular em cães. Na congênita os animais têm uma deficiência de receptores de acetilcolina (COUTO C.G.; NELSON R.W.,2001). A atrofia mastigatória é uma afecção comum a algumas miopatias caninas, que incluem a miosite mastigatória, a polimiosite e a miastenia grave, já a ocorrência simultânea de megaesôfago não parece estar presente na miosite mastigatória (CLOOTEN J.P. et al., 2003; ANDERSON J. G.; HARVEY C. E., 1993). As três formas de miopatia podem atingir qualquer raça, idade e sexo, ocorrendo principalmente em animais adultos e de raças

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MEGAESÔFAGO E ATROFIA MASTIGATÓRIA EM UM CANINO

Autor(es): JOHANN, Juciane Maria; CAETANO, Clarissa Fonseca; SOUZA, Juliana

Graciela Machado; SPADER, Melissa Borba; SILVA, Fábio da Silva;

FERREIRA, Lílian das Neves.

Apresentador: Juciane Maria Johann

Orientador: Lílian das Neves Ferreira

Revisor 1: Geferson Fischer

Revisor 2: Tatiane Camacho Mendes

Instituição: UFPel

MEGAESÔFAGO E ATROFIA MASTIGATÓRIA EM UM CANINO

JOHANN, Juciane Maria1; CAETANO, Clarissa Fonseca1; SOUZA, Juliana

Graciela Machado1; SPADER, Melissa Borba2; SILVA, Fábio da Silva3; FERREIRA, Lílian das Neves2.

1Estudante graduação em Veterinária, UFPel

2 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em medicina veterinária UFPel

3Médico Veterinário HCV/UFPel

Campus Universitário, Pelotas, RS, Brasil, 96010-900 [email protected]

INTRODUÇÃO

Megaesôfago é a dilatação generalizada do esôfago, produzida por uma desordem neuromuscular (MCKERRELL R. E.,2001), sendo classificado em: idiopático, congênito e adquirido. A miastenia grave é a causa mais comum de megaesôfago adquirido (MCKERRELL R. E.,2001), sendo dividida em: congênita ou adquirida. A adquirida é um distúrbio imunomediado em que são direcionados auto-anticorpos contra os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular, e classifica-se em generalizada ou localizada. A primeira caracteriza-se por uma fraqueza exacerbada e afeta toda a musculatura, enquanto que a localizada apresenta sinais clínicos atribuíveis a megaesôfago, mas não apresenta fraqueza apendicular em cães. Na congênita os animais têm uma deficiência de receptores de acetilcolina (COUTO C.G.; NELSON R.W.,2001). A atrofia mastigatória é uma afecção comum a algumas miopatias caninas, que incluem a miosite mastigatória, a polimiosite e a miastenia grave, já a ocorrência simultânea de megaesôfago não parece estar presente na miosite mastigatória (CLOOTEN J.P. et al., 2003; ANDERSON J. G.; HARVEY C. E., 1993). As três formas de miopatia podem atingir qualquer raça, idade e sexo, ocorrendo principalmente em animais adultos e de raças

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grandes (Braund’s, 2006; CLOOTEN J.P. et al., 2003; MOREIRA C. F.;MARTINS C.S., 2006). A miosite mastigatória é a forma mais comum de miosite que acomete os cães (

MOREIRA C. F.;MARTINS C.S., 2006; SHELTON G.D. ,2003). A etiologia dessas doenças está relacionada a um mecanismo imunomediado. Na miosite mastigatória ocorre produção humoral de anticorpos contra fibras do tipo 2 M, exclusivas dos músculos da mastigação (ANDERSON J. G.; HARVEY C. E., 1993; MOREIRA C. F.;MARTINS C.S., 2006). Na miastenia grave, a destruição imunomediada se estabelece na junção neuromuscular (MOREIRA C. F.;MARTINS C.S,2006), causada pela presença de auto-anticorpos que produzem danos irreversíveis aos receptores musculares de acetilcolina nicotínico (MOREIRA C. F.;MARTINS C.S.,2006). A fase crônica da inflamação dos músculos da mastigação é também conhecida como miosite atrófica e pode ser uma conseqüência da fase aguda, caracterizada por atrofia progressiva geralmente bilateral e simétrica (BRAUND’S, 2006; COSTA P.R., et al., 2005; SHELTON G.D., 2003).O diagnóstico da doença é baseado na história, nos sinais clínicos e nos achados histopatológicos dos músculos acometidos. Tendo em vista, a baixa incidência de megaesôfago associado à atrofia dos músculos da mastigação na clínica de pequenos animais, o presente estudo objetiva relatar a ocorrência de um caso atendido no hospital veterinário da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

MATERIAL E MÉTODOS

Um animal da espécie canina, sem raça definida, fêmea, dois anos de idade, foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (HCV-UFPel) com histórico de regurgitação e incapacidade de manter a boca fechada. Por se tratar de um cão de rua, não se tem informação sobre o curso clínico da patologia. Ao exame físico, foram observados ptose mandibular, atrofia bilateral dos músculos masseteres e temporais, condição corporal magra e aumento de volume em linfonodos submandibulares. A radiografia contrastada da região cervical revelou esôfago extremamente distendido. Foram realizados os seguintes exames laboratoriais: hemograma completo, dosagem sérica de alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), creatinofosfoquinase (CPK) e lactatodesidrogenase (LDH).

Com base nos sinais clínicos e exames complementares, o diagnóstico presuntivo foi de miastenia grave localizada. O paciente foi então submetido a anestesia geral e biópsia incisional do músculo masseter. O exame histopatológico revelou destruição das fibras musculares e infiltrado linfocítico perivascular. A terapia instituída foi alimentação pastosa, em pequenos volumes e em plano inclinado e uso de corticóide. Foi fornecida prednisona na dose de 2 mg/Kg, em intervalos de 12 horas, durante 15 dias. O quadro clínico não regrediu com o tratamento, permanecendo a regurgitação, a atrofia dos músculos da mastigação e a incapacidade de fechar a boca. Devido à ausência de qualidade de vida do animal, optou-se, então, pela eutanásia e encaminhamento à necropsia, sendo evidenciado destruição das fibras musculares e infiltrado linfocítico perivascular nos músculos da face e pescoço. Demais músculos sem alteração. Megaesôfago e esofagite ulcerativa pseudomembranosa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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O paciente do presente relato apresentava megasôfago e atrofia dos músculos da mastigação. Todas as doenças que geram esses sinais clínicos foram levadas em consideração na análise desse caso. A miosite mastigatória, tanto na forma aguda como na crônica, cursa com trismo, as terapias com corticóides são bem sucedidas e não há relatos de megaesôfago associado (BRAUND’S, 2006; MOREIRA C. F.;MARTINS C.S., 2006; SHELTON G.D., 2003). A polimiosite não se restringe apenas aos músculos das faces. Já a miastenia focal é caracterizada por megaesôfago e regurgitação, músculos dos membros normais, podendo haver fadiga e atrofia dos músculos da laringe, da faringe e da face (CLOOTEN J.P. et al., 2003; MOREIRA C. F.;MARTINS C.S.,2006). A primeira suspeita clínica foi de miosite mastigatória devido ao envolvimento dos músculos da mastigação, à maior incidência dessa enfermidade dentre as desordens musculares e ao resultado do exame histopatológico. No entanto, o animal não apresentava trismo e nem respondeu a terapia com corticóide. Dessa forma, o diagnóstico presuntivo passou a ser de miastenia grave localizada, uma doença rara entre os cães. O cão em questão apresentava megaesôfago, fadiga dos músculos da face e músculos dos membros normais, sinais comuns à miastenia focal.

CONCLUSÃO

Para determinar o diagnóstico definitivo, seria necessário realizar teste eletromiográfico, imunocitoquímica para localização de complexos imunes depositados nas junções neuromusculares e testes sorológicos para auto-anticorpos. Como o animal não possuía proprietários e os custos com sua manutenção e exames estava se tornando muito alto para um hospital federal, tal diagnóstico não foi confirmado. Além disso, optou-se pelo não uso de terapia com anticolinesterásicos devido a total ausência de qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON J. G.; HARVEY C. E. Masticatory muscle myositis. Journal of Veterinary Dentistry, V.1, p. 6- 8, 1993. BRAUND’S Clinical Neurology in Small Animals, 2006. Myopathic disorders. Disponível em: <http:// www.ivis.org>. Acessado em 11/2006 CLOOTEN J.P. et al. Myastenia gravis and masticatory muscle myositis in a dog. Canadian Veterinary Journal, v. 44, p. 480-48, 2003. COSTA P.R.;CONCEIÇÃO L.G.; PARZANINI G.R. Miosite mastigatória em cão: relato de caso. Revista Clínica Veterinária, v. 56, p. 42-46, 2005. COUTO C.G.; NELSON R.W. Capítulo .............Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2 ed., p. 328-330, 2001. Jones, B.D. Moléstias do Esôfago. In: ETTINGER S.J. Tratado de Medicina Interna Veterinária. São Paulo: Manole, 1992. 3 ed., p. 1324-1328

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MCKERRELL R. E. Miopatias caninas e felinas. In: DUNN, J. K. Tratado de Medicina de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 2001. p. 699-702. MOREIRA C. F.;MARTINS C.S. Salgado D. Miastenia grave em cães e gatos – revisão. Revista Clínica Veterinária, v. 62, p. 46-54, 2006. SHELTON G.D. Distúrbios Musculares e de Junção Neuromuscular. In: BIRCHARD, S. J.; SHERDING R. G. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 2003. 2. Ed., p. 1438.