MEMÓRIA VIVA DE UM PASSADA JÁ MORTO

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Desenvolvimento dum projeto arquitetônico sobre suportes patrimoniais. "A memória é filha do presente, Mas como seu objeto é a mudança, se lhe faltar o referencial do passado, o presente permanece incompreensível e o futuro escapa a qualquer projeto" Ulpino Bezerra de Meneses

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O olhar direcionado continuamente construído pelo oficio no qual escolhi trabalhar me levou a enxergar determinadas questões da cidade que tem relação com as maneiras de expansão e renovação urbana das cidades, que são bastante limitadas: • Crescimento por Extensão; • Crescimento por Substituição; • Crescimento por Adição;

Além do desafio – desejável – de pensar o Crescimento por Adição como crescimento e renovação para a cidade, têm varias vantagens: • Por ser gradual incorpora parte do existente; • Confere certo senso de lugar em termos

espaciais e históricos; • Menores custos sociais e materiais; • Permitir certa continuidade no processo de

construção. É por isso que São Carlos, é suporte interessante para minha investigação das relações entre a construção de cidade como dado humano, social e sua paisagem como dado natural ou preestabelecido. Para desenvolver um crescimento por Adição.

O resultado desta interação em determinado momento histórico é o que Milton Santos denomina espaço: “Paisagem e espaço não são sinónimos. A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, experimenta as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas normas mais a vida que as anima”. (Santos, 2004,83). É importante a consideração de Maria Ángela Faggin Pereira Leite: “A paisagem objeto de estudo do paisagismo, é uma integridade momentânea e visualmente sensível que nos informa sobre a articulação entre aspectos tangíveis, ou não, da realidade social [...] As transformações na paisagem são inerentes à atividade social e o conjunto dessas transformações é obra dessa coletividade e não de algumas poucas pessoas especiais”. Este trabalho busca encontrar heranças de espaço São Carlense de outrora, descobertas na paisagem residual que é a “memoria viva de um passado já morto”. Tudo isso como referência e instrumento para se pensar o espaço urbano contemporâneo de São Carlos, mediante uma proposta arquitetônica como ferramenta de transformação para a cidade.

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SUMARIO

1. Características Gerais

2. Perímetro de intervenção

Cortes de emprazamento 3. Identidade de intervenção

4. Levantamento

5. Novos espaços

6. Projeto Maquete

7. Descrição de Projeto

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CARACTERÍSTICAS GERAIS A área escolhida para a intervenção localiza-se na cidade de São Carlos, que dista 236 km da capital São Paulo, e associada ao ciclo econômico cafeeiro, ocorrido no Brasil a partir de meados do século XIX, grande responsável pela construção da rede ferroviária que levava a produção aos portos. O fim desse ciclo econômico, associado à opção pela desenvolvimento sobre pneus, levou o país à construção de grande infraestrutura rodoviária; assim, suas linhas férreas entraram em franca decadência, graças à ausência de investimento e manutenção. Atualmente, o ramal de via férrea que passa pela cidade opera apenas o transporte de cargas, minério de ferro e produtos agrícolas para exportação, com passagens de trens em torno de seis vezes ao dia. A continuidade das linhas na paisagem funciona como obstáculo à passagem de pessoas e veículos e termina por cindir a cidade em partes distintas pela qualidade de ocupação; tipologias e morfologias criam a experiência de estar em duas cidades, separadas por essa cicatriz da orla ferroviária.

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Há nessa parte da cidade um vazio que deixa entrever um potencial espaço de intervenção; um intervalo na trama urbana, na maior parte do tempo silencioso, a exceção do momento perturbador quando da passagem das longuíssimas composições dos tens. Restos de tempos ali se acumulam, dormentes empilhados, vagões retorcidos de acidentes passados a espera de um destino, ou simplesmente esquecidos, edificações em mau estado que há tempos funcionaram como galpões de estocagem e que perderam sua função, ruinas entremeadas pela vegetação cuja imagem apresenta descuido, ou simplesmente abandono. Atualmente, São Carlos está perdendo a oportunidade de cambiar o conhecimento de tempos passados em benefícios presentes e futuros. É por isso que surge a necessidade da construção da memoria do paisagem fundamental de São Carlos, valorando aqueles vestígios físicos deixados pela sociedade.

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PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO O lugar está determinado a partir de dois características principais; Primeiro: Exagerar o paisagem como suporte e resultado da vida social que lhe determina, assim procurar no próprio paisagem patrões de referencia para o entendimento da sociedade na qual se incerta, propondo algumas alterações que se encaixam no cotidiano da cidade. Segundo: Caracterizar a percepção do valor intrínseco do vazio construído historicamente na cidade, vazios que foram fundamentais para chegar até a morfologia atual da cidade, assumindo hoje um caráter segregado e delimitam-te para os limites e pontos de contato entre diferentes cidades. Trazer o vazio ao cotidiano urbano da sociedade é a premissa de este trabalho, tentativa de requalificação ou revalorização do espaço livre, do patrimônio ferroviário e industrial, próprio da historia da cidade. Lynch fala: “Uma estrutura física viva integral, capaz de produzir uma imagem clara, desempenha também um papel social. Pode fornecer a matéria prima para os símbolos e memorias coletivas da comunicação entre grupos”.

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IDENTIDADE DE INTERVENÇÃO De acordo com Milton Santos: “[...] a questão a colocar é a da própria natureza do espaço, formado, de um lado, pelo resultado material acumulado das ações humanas através do tempo, e, de outro lado, animado pelas ações atuais que hoje lhe atribuem um dinamismo e uma funcionalidade. Paisagem e sociedade são variáveis completares cuja síntese, sempre por refazer, é dada pelo espaço humano”. Este projeto visa agregar possibilidades para o refazer cotidiano do espaço humano nas paisagens históricos são carlense. Não o tornado estático ou resolvido, mas indicando modificações e intervenções de diferentes escalas capazes de alterar os olhares e percepções desde território e, consequentemente, de toda a cidade. Para tanto, a grande área definida como PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO abriga espaços de diferentes naturezas que indicam relações diversas de circulação, fluxos, usos e funções, conformando o chamado território de exceção dentro do ambiente urbano. A intenção da intervenção é criar uma Ferramenta de Transformação Urbana capaz de dar significado e articular travessias para aquele espaço.

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É necessário ligar as duas partes de cidade com um Edifício Pórtico para reativar ainda mais esse lugar como referência, gerar um percurso e, através dele, construir a permeabilidade de momentos nos quais a população pudesse fruir de questões mais direitas relacionadas ao patrimônio, à historia e à imagem da cidade. Um lugar que, ao perder sua função original e central no desenvolvimento da cidade, acumulava restos de edificações e testemunhos de um antigo uso. A principal gestão é estimular uma leitura da historia mediante uma imagem dinâmica de projeto, sem deixar coisas ao azar sem não espaços afetivos para a comunidade. Também e costurar o espaço público fazendo-o mais sensíveis e espaços privados mais accessíveis. A requalificação do espaço com aquela mistura programática vai interromper domínios percebidos hoje em dia como monótonos para instalar a irregularidade e complexidade em uma apreensão calcada na surpresa. Também as questões relacionadas a continuidades, aos pares artifício e natureza, patrimônio e contemporaneidade, peso e leveza, memoria e atualidade, a grande questão relacionadas dos tempos, e o apreço pela imagem que resulta de sua passagem.

Escadas, passarelas e pontes passaram a participar do lugar nas representações portanto no vazio ferroviário como no interior da ex-fábrica, também praças e singelos internos e externos para o descanso, muitas vezes com construções com qualidades de dispositivo ópticos, mirantes a enquadrar a paisagem. Também novas peças serão inseridas nos lugares originalmente abandonados (Ex-Fábrica de tecidos); uma construção ruinosa foi destelhada, em meio á sua nudez, em fenda aberta para caminhos, escadas, espaços privados que redesenharam percursos mediados por diferentes experiências, permeabilidades que possibilitem essas travessias. De acordo com Ulpiano Bezerra de Meneses: “A memória é filha do presente, Mas como seu objeto é a mudança, se lhe falar o referencial do passado, o presente permanece incompreensível e o futuro escapa a qualquer projeto”.

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NOVOS ESPAÇOS A proposta parte do entendimento de que áreas com carácter variado poder apresentar materialidades diferentes, e seus pontos de contato representam espaços mistos. É o caso, por exemplo, a orla ferroviária, onde a palavra orla, nesse caso, visa reforçar a força das margens imediatas, requalificando mediante um tratamento paisagístico o vazio ferroviário. Os pontos de contato entre diferentes realidades urbanas e naturais indicam a necessidade de mudança do olhar lançado ao vazio (ex-fabrica) e de compreensão de suas potencialidades, percursos claros, onde espaço publico sejam construídos por relações com espaços de lazer-cultural privados. Levar usos relacionados ao LAZER E CULTURA para o centro da cidade num COMPLEXO CULTURAL DE CONVEÇÕES CIDADÃO, alternativa para evitar o isolamento cultural e a demanda por espaços de um tamanho maior, para São Carlos.. A proposta de construir um CORAÇÃO DA CIDADE com interioridades contemplativas e de descanso, veio devido ao recente anúncio do novo Shopping frente ao prédio de intervenção, fato que por si só demandaria intervenções no entorno capazes de atender o novo fluxo de pessoas.

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PROJETO O projeto propõe articular este novo Complexo Cultural de Convenções Cidadão, à construções de programas ligados á cultura, com um edifício novo (galeria da memoria) que vise conectar ao orla ferroviária visualmente, transpor verticalmente os desníveis, criar espaços de convivência voltados ao publico jovem e adulto e atender outras demandas como restaurante. As primeiras propostas estão destinadas a um entendimento entre plataformas e passarelas que dialogam no interior do prédio patrimonial.

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DESCRIÇÃO DO PROJETO Situado sobre um vestígio patrimonial são carlense , marcando a noção de ruina para ativar a memoria do sitio, o objetivo é preservar a arquitetura deste Complexo de Tecidos que representa uma boa mostra da construção industrial da cidade. A ideia de respeitar a geometria geral do edifício existente, assim como a estrutura dentada e fachada da tijolos, e vaziado o interior da nave que se transforma na envolvente para o Centro Cultural que é configurado em três áreas diferenciadas com acessos e circulações separas mas com forte conexão visual e espacial e com a possibilidade de adaptar-se deferentes tipos de eventos. Projeto um espaço intermediário de separação pública entre a antiga nave e os novos usos que potencia o caráter do edifício existente e cria uma zona de filtro e proteção do exterior. Aqueles espaços intersticial-és permitem estabelecer uma conexão visual que propicia diferentes experiências espaciais.

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A nova configuração dos espaços a nível de solo se abrem salões de triple passo direito que possibilitam uma nova articulação e desdobramentos entre todas as funções, instalando passarelas metálicas, que atravessam os vazios dos pátios interiores; no vazio central é construído o teatro que se articula em conjunto com as passarelas, praticamente sem barreiras mediante os eixos transversais que atravessam e permeabilizam as diversas áreas. É criado um amplio espaço comum nos acessos. Um lugar de convergência, orientação e exposição que funciona como um “agora” protegida, uma extensão da praça/pátio exterior no interior do edifício. Uma principal ideia e construir uma coberta altamente tecnificada, capaz de aproveitar a luz e a ventilação. Uma reabilitação sustentável e eficiente em términos energéticos. Por uma parte e respeitar a fachada existente de tijolos e a estrutura de sua coberta construída com perfiles metálicos, venerando as treliças existentes e seus pilares metálicos que constroem o interior do edifício.

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