Memorial de Carreira

201
Cláudio Urgel Pires Cardoso MEMORIAL Belo Horizonte Novembro de 2015

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Page 1: Memorial de Carreira

Cláudio Urgel Pires Cardoso

MEMORIAL

Belo Horizonte

Novembro de 2015

Page 2: Memorial de Carreira

Cláudio Urgel Pires Cardoso

MEMORIAL

Memorial apresentado à Comissão Avaliadora como

requisito parcial para a obtenção da promoção à Classe E,

denominada Professor Titular, atendendo ao que

determina a Lei Nº 12.772, a Portaria Nº 982 do Ministério

da Educação, a Resolução 04/2004 do Conselho

Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais e a

Decisão da Congregação da Escola de Música de 01 de

Junho de 2015.

Área de Atuação Principal: Violoncelo

Escola de Música

Universidade Federal de Minas Gerais

Novembro de 2015

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À Bernadette e ao

Grupo Diadorim: Tomás, Sofia e Laura

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LISTA DE FIGURAS

1 - Carteira de Trabalho e Carteira da Ordem dos Músicos do Brasil .................................... 6

2 - Estudando Violoncelo em 1979 ........................................................................................ 8

3 - Primeiro concerto como músico profissional na Orquestra Sinfônica Municipal de

Campinas ......................................................................................................................... 9

4 - Fragmentos de uma página de jornal sobre turnê de concertos com a OSMC ................ 10

5 - Violoncelo Gand & Bernadell Frères .............................................................................. 11

6 - Foto recente do Professor Watson Clis em confraternização com ex-alunos: ................ 12

7 - Matéria no jornal Estado de Minas em 03 de novembro de 1983 sobre o GEC-FEA .... 13

8 - Programas do recital com piano e do concerto com orquestra realizados em 11 e 13

de junho de 1986 para a formatura ................................................................................ 16

9 - Arvore Genealógica como Violoncelista: Cláudio Urgel, Watson Clis, Iberê Gomes

Grosso e Pablo Casals ................................................................................................... 17

10 - Publicação no Diário Oficial da União da minha nomeação ........................................ 19

11 - Professores de Violoncelo da Escola de Música da UFMG ......................................... 21

12 - Histórico escolar do mestrado e doutorado ................................................................... 25

13 - Lecionando Violoncelo no gabinete - Aluna Suely Guimarães .................................... 31

14 - Quadro comparativo de alunos do Curso de Graduação em Música para a avaliação

do INEP ........................................................................................................................ 32

15 - Encerramento da audição com o Conjunto de Violoncelos em 2006, cartazes de

recitais de V período e formatura em 2015, confraternização após a audição em

2015, oficina de performance em 2015 ......................................................................... 34

16 - Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - OSMG e Orquestra Sinfônica da Polícia Milita r

de Minas Gerais ............................................................................................................ 35

17 - Concerto do Conjunto de Violoncelos da disciplina Oficina de Performance no

Auditório da Reitoria, IX Congresso Nacional de Fonética e Fonologia ..................... 39

18 - Laboratório de Apoio às Disciplinas Teóricas ............................................................. 43

19 - Poster sobre o projeto de ensino acima apresentado, 2008 ........................................... 44

20 - Exemplo de obra editada no projeto: "Abertura da Ópera Tiradentes" Manoel

Joaquim de Macedo (1847 -1925) ................................................................................ 45

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21 - Exemplo de obra editada no projeto: "La vivion de los vencidos" Eduardo Bértola

(1939-1996), ex-professor da Escola de Música ........................................................... 46

22- Exemplo de consulta ao banco de dados com lista de parte das obras do compositor

Cláudio Santoro editadas no lab. e lista dos arquivos digitados no Finale ................... 47

23 - Organizações da UFOP e UFMG que participaram do evento Empresas Juniores –

Perspectivas para a área de cultura ............................................................................... 49

24 - Projeto "Eu gostaria de ouvir" de Rafael Nassif ........................................................... 50

25 - Programa da Audição de Violoncelo com obras compostas na disciplina

Linguagem do Violoncelo - Orquestração e Prática ..................................................... 53

26 - Capa das apostilas para os assuntos relacionados a esta disciplina ............................... 63

27 - Programas dos concertos de doutorado ......................................................................... 72

28 - Mapa do Espelho e Mapa dos Harmônicos na III posição ............................................ 76

29 - Sobreposição dos mapas na III posição ........................................................................ 76

30 - Manuscrito original de um trecho da obra Esboço de Pavana de Rafael Nassif ........... 79

31- Trecho editado da obra Esboço de Pavana de Rafael Nassif com soluções técnicas

diferentes ....................................................................................................................... 80

32 - Exemplo de consulta ao banco de dados ....................................................................... 82

33 - Gravações de orquestras com repertório do barroco mineiro e como primeiro

violoncelo ...................................................................................................................... 87

34 - Capa de programa de concerto como 1º Violoncelo da OSMG e Camargo Guarnieri

como regente ................................................................................................................. 87

35 - Programa do primeiro concerto do Grupo Experimental de Câmara da FEA .............. 90

36 - Apresentações da obra Pierrot Lunaire de Arnold Schoenberg .................................... 91

37 - Apresentação do GEC-FEA com a Oficina Multimédia ............................................... 92

38 - Variações de Gilberto Carvalho, manuscrito e edição .................................................. 94

39 - Capa do CD do Conservatório à Escola de Música ...................................................... 95

40 - Gravação da primeira versão da obra Um no outro de Eduardo Bértola ...................... 97

41 CD Violoncelo ontem e hoje que inclui obras citadas nesse Memorial .......................... 97

42 - Publicação "Violoncelo ontem e hoje" que inclui obras citadas nesse Memorial ......... 98

43 - Arthur Bosmans - autor da obra Romance para Violoncelo solo e orquestra ............... 99

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44 - Foto de concerto com o Flautista Fernando Pacífico .................................................. 101

45 - Grupo Diadorim .......................................................................................................... 104

46 - Concertos do Grupo Diadorim em Escola de PBH ..................................................... 104

47 - Cartaz e programa de concertos em turnê do Grupo Diadorim ................................... 105

48 - Matéria de Jornal de Guanhães, MG, sobre concerto do Grupo Diadorim ................. 106

49 - Foto e programa de concerto no Conservatório UFMG em 2006, 150 anos de

nascimento de Mozart ................................................................................................. 107

50 - Programas de concertos do Quarteto MinasArte ......................................................... 108

51 - Foto do Conjunto de Violoncelos em uma audição, 2005 .......................................... 109

52 - Concerto do Conjunto de Violoncelos da Escola de Música em um Congresso ........ 110

53 - Cellos de Minas ........................................................................................................... 111

54 - Cellos de Minas em concerto no Pró-Música de Juiz de Fora .................................... 112

55 - Concertos do Trio Lorenzo Fernandez ........................................................................ 113

56 - Grupo Líbero no jornal Estado de Minas .................................................................... 114

57 - Programas de concertos com mostra das transcrições ................................................ 118

58 - Capa e contracapa do primeiro Boletim Informativo do CEM-INC ........................... 123

59 - Capa e contracapa do Boletim Informativo do curso NMC- Finale ........................... 124

60 - Fotos com alunos e professores do Festival Internacional de Música Colonial

Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, MG - 2010 e 2011 ................................. 126

61 - Fotos com professores Festival Nacional de Música de Divinópolis, MG -

2012 e 2013 ................................................................................................................. 126

62 - Fotos com professores e alunos de oficina em Campo Belo/MG ............................... 127

63 - Flyer de recente palestra em centro cultural da PBH .................................................. 128

64 - Fotos com professores e alunos em palestra em Escola Municipal da PBH ............... 129

65 - Duas sedes da Escola de Música da UFMG, o prédio do Conservatório Mineiro de

Música e a sede atual .................................................................................................. 131

66 - Fotos de palestras-concertos realizadas em escolas municipais da PBH .................... 132

67 - Capa e contracapa de Livreto distribuído aos alunos para as palestras-concerto ........ 132

68 - Certificados de auditoria em projetos culturais da LMIC - BH .................................. 148

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69 - Posse de Diretor: à esquerda meus filhos, Tomás, Sofia e Laura se apresentam,

à direita eu e meus alunos, Júlio, Afonso e Ana Paula apresentamos um quarteto

de violoncelos ............................................................................................................. 154

70 - Reforma da sala 3003, para grandes grupos instrumentais ......................................... 160

71 - Armários e escaninho para os alunos .......................................................................... 165

72 - Primeira página da Escola de Música na Internet ....................................................... 166

73 - Logomarca da Escola de Música ................................................................................. 167

74 - Sala de Microcomputadores para os alunos ................................................................ 168

75 - Coral de funcionários da Escola de Música ................................................................ 175

76 - CD da Banda Sinfônica e Coral da Escola de Música ................................................ 176

Page 8: Memorial de Carreira

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO, HISTÓRICO, FORMAÇÃO E PRINCIPAIS VÍNCULOS

PROFISSIONAIS ........................................................................................................... 1

1.1 Histórico ....................................................................................................................... 2

1.2 Formação e principais vínculos profissionais .............................................................. 5

1.2.1 Iniciação musical e o primeiro emprego .............................................................. 5

1.2.2 Descoberta do Violoncelo e da Escola de Música da UFMG em 1976 ............... 6

1.2.3 Primeiro emprego de músico e continuidade de estudos em São Paulo .............. 8

1.2.4 Retorno a Belo Horizonte, Curso de Graduação em Música da UFMG,

novos empregos na área de música .................................................................... 12

1.2.5 Professor efetivo da Escola de Música da UFMG, mestrado e doutorado nos

Estados Unidos .................................................................................................. 18

1.2.6 Outros vínculos profissionais mas não empregatícios ....................................... 25

2. DOCÊNCIA, ORIENTAÇÃO E BANCA DE DEFESA ................................................. 27

2.1 Graduação .................................................................................................................. 29

2.1.1 Violoncelo .......................................................................................................... 29

2.1.1.1 Audição pública da classe de Violoncelo ................................................... 33

2.1.2 Orientação para estagiários de Violoncelo ......................................................... 35

2.1.3 Disciplinas optativas do Curso de Graduação em Música ................................. 36

2.1.3.1 Oficina de Performance .............................................................................. 37

2.1.3.2 Instrumento Complementar ........................................................................ 39

2.1.3.3 Excertos Orquestrais para Violoncelo ........................................................ 40

2.1.3.4 Notação Musical no Computador - Programa Finale ................................. 41

2.1.3.4.1 Laboratório de Apoio as Disciplinas Teóricas .................................... 42

2.1.3.4.2 Projeto de ensino: Iniciação a Docência em Disciplinas e

Atividades que Utilizam a Notação Musical no Computador ............. 43

2.1.3.4.3 Banco de dados Laboratório de Edições ............................................. 46

Page 9: Memorial de Carreira

2.1.3.5 Empreendedorismo na Área de Música ...................................................... 48

2.1.3.5.1 Banca de Defesa de Monografia – TCC – Trabalho de Conclusão

de Curso ............................................................................................... 51

2.1.3.6 Didática dos Instrumentos - Cordas ........................................................... 51

2.1.3.7 Linguagem do Violoncelo: Orquestração e Prática .................................... 52

2.2 Pós-Graduação ........................................................................................................... 54

2.2.1 Violoncelo .......................................................................................................... 57

2.2.2 Pedagogia das Cordas ........................................................................................ 59

2.2.3 Recursos Computacionais para a Edição de Partituras e Outros documentos ... 59

2.2.4 Tópicos em Música - Oficina de Performance/Violoncelo ................................ 63

2.2.5 Orientação, estágio docente e banca de defesa .................................................. 64

2.3 Carga didática total ..................................................................................................... 65

3. PRODUÇÃO INTELECTUAL ........................................................................................ 68

3.1 Pesquisa ..................................................................................................................... 71

3.1.1 A Performance dos Sons Harmônicos no Violoncelo ........................................ 73

3.1.2 Guia Analítico de Estudos Selecionados para Violino e Viola .......................... 80

3.2 Cultura ....................................................................................................................... 83

3.2.1 Membro de orquestras ........................................................................................ 84

3.2.2 Música de câmara e solo .................................................................................... 88

3.2.2.1 Envolvimento com a música contemporânea ............................................. 89

3.2.2.2 Solos com orquestra ................................................................................... 98

3.2.2.3 Duos com Piano e outros instrumentos ..................................................... 100

3.2.2.4 Trios, quartetos e outras formações .......................................................... 102

3.2.2.4.1 Grupo Diadorim ................................................................................ 103

3.2.2.4.2 Quarteto MinasArte .......................................................................... 106

3.2.2.4.3 Conjunto de Violoncelos da Escola de Música da UFMG e o

Cellos de Minas ................................................................................. 109

3.2.2.4.4 Outros grupos, formações e música popular ..................................... 113

Page 10: Memorial de Carreira

3.2.3 Transcrições e arranjos ..................................................................................... 115

3.3 Extensão ................................................................................................................... 119

3.3.1 Cursos de extensão e prestação de serviços ...................................................... 120

3.3.2 Festivais de música, masterclasses e oficinas .................................................. 125

3.3.3 Palestras ........................................................................................................... 128

3.4 Outras palestras e comunicações ............................................................................. 133

4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ACADÊMICA ....................................... 135

4.1 Membro de órgão colegiado acadêmico e administrativo ................................... 137

4.2 Comissões e pareceres ......................................................................................... 139

4.2.1 Comissões administrativas e acadêmicas .................................................... 139

4.2.2 Pareceres administrativos e acadêmicos ...................................................... 144

4.3 Coordenação de projetos de ensino, pesquisa, cultura e extensão ...................... 146

4.4 Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto ............................................... 149

4.5 Diretor da Escola de Música ............................................................................... 153

4.5.1 Gestão financeira - Planejamento e prestação de contas ............................. 156

4.5.2 Gestão de pessoal ........................................................................................ 157

4.5.3 Gestão da infraestrutura física e organizacional .......................................... 159

4.5.3.1 Construção do atual anexo que abriga o CMI ..................................... 161

4.5.4 Gestão patrimonial e de almoxarifado ......................................................... 163

4.5.5 Comunicação e divulgação .......................................................................... 166

4.5.6 Informática e Internet .................................................................................. 167

4.5.7 Gestão acadêmica ........................................................................................ 168

4.5.7.1 Graduação ............................................................................................ 169

4.5.7.2 Pós-graduação e pesquisa .................................................................... 171

4.5.7.3 Extensão ............................................................................................... 174

4.5.7.4 Produção artística ................................................................................. 176

4.5.7.5 Eventos artísticos e científicos ............................................................. 177

Page 11: Memorial de Carreira

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS ........................................................ 179

6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 184

ANEXO A - ENDEREÇOS NA INTERNET (YOUTUBE) COM MOSTRA DE

PERFORMANCES GRAVADAS AO VIVO ............................................................ 188

ANEXO B - PROJETO VIOLONCELO ONTEM E HOJE .............................................. 190

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1

1. INTRODUÇÃO, HISTÓRICO, FORMAÇÃO E PRINCIPAIS VÍNCULOS

PROFISSIONAIS

Esse Memorial é uma das exigências para a solicitação de promoção à Classe E, denominada

Professor Titular, da Carreia de Magistério Superior. O curriculum vitae, no modelo Lattes,

também foi apresentado com os devidos comprovantes para todos os itens dos diversos

Módulos da Plataforma. Portanto, esse documento não apresenta comprovantes, apenas

figuras gráficas que ilustram o documento. Procurei redigir um texto que não fosse uma

repetição do curriculum vitae, ou seja, não vou apresentar listas de disciplinas, projetos,

produtos, cargos, comissões e outros itens. Redigi um texto sobre minha carreira com uma

visão crítica sobre os diversos assuntos aqui tratados. Alguns dos itens que compõem o

currículo foram destacados pela sua importância, para exemplificar e para completar as ideias

aqui discutidas. Além da seção atual, completam esse documento a Seção 2, dedicada à

Docência, Orientação e Banca de Defesa; a Seção 3, dedicada à Produção Intelectual; e a

Seção 4, dedicada à Administração Pública e Acadêmica.

A norma que regulamenta esse documento estabelece que o mesmo pode ser complementado,

quando couber, por "outros meios de expressão". Ao invés de colocar diversos anexos com

imagens, vídeos, gravações, publicações e outros documentos relacionados à minha atividade,

optei por colocar diversos links, ou conexões com a Internet. São dezenas de documentos,

imagens e vídeos que podem ser acessados através da minha página pessoal institucional,

http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, e em outros locais na Internet como o Youtube e

Facebook. Esses links estão no texto e nos Anexos.

A norma exige também, entre outras coisas, a entrega de um exemplar digital a ser destinado

à Coleção Memória Intelectual da UFMG. Isso nos sugere que o Memorial contenha relatos

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que contribuam para o registro de fatos que marcaram a passagem de quem o escreve pela

UFMG. Procurei então apresentar minha trajetória formativa e profissional de forma a

contribuir também para o registro de fatos históricos relacionados a minha carreira e a minha

passagem pela Escola de Música da UFMG. Uma instituição não é feita de edifícios e

equipamentos que são objetos inertes que não têm ação. Uma instituição é feita de pessoas e

suas ações. É a história da passagem dessas pessoas pela instituição que resultará na história

da instituição. É com a ação dessas pessoas que se constrói a sua história.

1.1. Histórico

Durante minha carreira elaborei diversos pareceres sobre os mais variados assuntos da

administração pública e da gestão acadêmica da universidade. Não resisto a iniciar, portanto,

esse meu Memorial, fazendo um histórico dos principais fatos, normas e documentos que

antecederam a redação do mesmo.

Com a recente alteração no Plano de Carreira dos Professores das Instituições Federais de

Ensino, através da Lei Nº 12.772 de 28 de Dezembro de 2012, alterada pela Lei Nº 12.863 de

24 de Setembro de 2013, foi criada a nova Classe E, com a denominação de Professor Titular.

Até então, Professor Titular era um Cargo Isolado, que somente poderia ser preenchido

através de Concurso Público. O Cargo Isolado de Professor Titular foi preservado e destacado

na nova carreira com o nome de Professor Titular-Livre do Magistério Superior e do Ensino

Básico, Técnico e Tecnológico. Para ter acesso a esse cargo é necessário Concurso Público

com, entre outros requisitos, a obrigatoriedade de defesa de Memorial. O Concurso para

Titular-Livre foi a maneira encontrada, na reforma do plano de carreira, para permitir que

aqueles mais capacitados acelerem sua carreira.

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3

Para a presente avaliação de promoção na carreira que ora realizamos, o Ministério da

Educação publicou um documento com diretrizes específicas para a promoção à Classe E,

denominada Professor Titular. É a Portaria Nº 982 de 03 de Outubro de 2013. Essa Portaria

determina que o Conselho Superior da Instituição de Ensino Superior regulamente a

realização desse processo.

Considerando que os primeiros Professores Associados IV completariam o interstício de dois

anos em 02 de Maio de 2014, e até essa data a UFMG não tinha regulamentado esse processo,

a Comissão Permanente de Pessoal do Docente - CPPD da UFMG tomou a iniciativa de

enviar para todas as Unidades Acadêmicas da UFMG o Ofício Circular CPPD 04/2014 de 15

de Abril de 2014. O Ofício Circular orienta os primeiros Professores da Classe D,

denominada “Professor Associado”, que completariam o interstício de dois anos em 02 de

Maio de 2014, e que queriam se submeter à avaliação para a promoção à Classe E, a abrirem

Processo Administrativo protocolizando seu Requerimento na Seção de Pessoal de sua

Unidade. Essa foi uma maneira que a UFMG encontrou para preservar o direito desses

Professores a requerem sua avaliação e garantirem a retroatividade da promoção, caso sejam

aprovados. Os processos deveriam permanecer na Seção de Pessoal da Unidade até que a

UFMG e as Unidades Acadêmicas regulamentassem esse assunto, para então, depois de

documentado, o processo seguisse seu andamento.

Apresentei meu Requerimento de Promoção da Classe D, denominada Professor Associado,

Nível IV, para a Classe E, denominada Professor Titular, Nível Único, no dia 23 de Abril de

2014. Foi então aberto o Processo Nº 23072.016491/2014-76.

A Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, por sua vez, publicou em 29 de Setembro

de 2014, a Resolução 04/2014 do Conselho Universitário que dispõe sobre as progressões e

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4

promoções dos integrantes das Carreiras de Magistério em seu âmbito. A partir dessa data, as

Unidades Acadêmicas da UFMG poderiam definir se os seus candidatos deveriam apresentar

um Memorial ou uma Tese, exigência do Artigo 34 dessa Resolução. Entendo também que

para o caso dos primeiros processos protocolizados em Abril de 2014, a Congregação deveria

definir também qual o prazo os mesmos teriam para apresentar todos os documentos

requeridos no Artigo 56 dessa mesma Resolução.

Através de email da Secretaria Geral da Escola de Música de 03 de Junho de 2015 foi nos

comunicado que a Congregação da Escola de Música da UFMG, em reunião realizada no dia

01 de Junho de 2015, decidiu que, no caso dos Professores da Escola de Música, será exigida

a apresentação de Memorial. Após consulta verbal que fiz à Diretoria da Escola de Música

sobre qual o prazo teríamos, eu e outros dois professores que abriram esse processo, para a

entrega do Memorial, recebi um email da Direção da Unidade de 17 de junho de 2015

comunicando que, de acordo com consulta a CPPD, o prazo para a entrega dos documentos

deveria ser determinado pela Congregação da Unidade. Em 07 de Julho de 2015 recebi novo

Email da Secretaria Geral da Escola de Música informando que em reunião realizada no dia

06 de Julho de 2015, a Congregação da Escola de Música decidiu que "professores que já

protocolaram seus pedidos de promoção para a Classe E - Professor Titular e que estejam

interessados em realizar os processos de avaliação no segundo semestre de 2015 deverão

entregar o memorial até o dia 31 de agosto, de acordo com a data constante no Artigo 67,

parágrafo 3º da Resolução 04/2014".

Encerro aqui esse histórico dos fatos que antecederam a elaboração desse Memorial, mas não

sem antes observar que pelas datas relatadas acima, o prazo que nos foi dado para elaboração

desse documento, e da preparação dos outros que fazem parte dos requisitos exigidos para

esse processo, foi demasiadamente curto, mas não impossível de ser realizado.

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5

1.2. Formação e principais vínculos profissionais

1.2.1. Iniciação musical e o primeiro emprego

Na minha infância e adolescência tive algum contato com a música. O primeiro foi através

das aulas de música e flauta doce no Colégio Estadual de Minas Gerais. Nesse período, final

da década de sessenta e início de setenta, ainda era oferecido nas escolas públicas o ensino da

música como consequência das iniciativas de Villa-Lobos da década de trinta e interrompidas

em 1972 no governo militar. Além das aulas de música regular, fazia aula de flauta doce

depois do horário da escola, como uma atividade extracurricular. O segundo contato foi

através do Violão, tocando pequenas obras de música popular. Tive também algumas aulas na

loja "A Musical" em Belo Horizonte. Tratava-se de uma aula coletiva aos sábados de manhã,

em um salão em que cada aluno tocava ao mesmo tempo músicas diferentes e o Professor,

Nelson Piló, ia de vez em quando na estante de cada um para dar alguma orientação. Não tive

um bom aproveitamento desse período e não me dedicava ao estudo do instrumento porque já

trabalhava oito horas por dia e estudava à noite.

Trabalho e estudo se misturam na minha carreira. Iniciei minha vida profissional com quinze

anos de idade com meu primeiro emprego como Bancário, função de Contínuo, no Banco

Mineiro do Oeste onde fui contratado em Maio de 1972. Com cinquenta e nove anos de idade

estou, portanto, há quarenta e quatro anos no mercado de trabalho. Considerando meu registro

na Ordem dos Músicos do Brasil, 17 de Junho de 1979, atuo como professor e músico há

trinta e seis anos. Portanto apresento no texto que se segue, concomitantemente, minha

Formação Profissional e meus Principais Vínculos Profissionais, porque não há como separá-

los.

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FIGURA 1 - Carteira de Trabalho e Carteira da Ordem dos Músicos do Brasil

1.2.2. Descoberta do Violoncelo e da Escola de Música da UFMG em 1976

Minha relação com a Escola de Música da UFMG começou em 1976 quando entrei como

aluno de Violoncelo no recém criado Curso de Formação Musical - CFM, o primeiro curso de

extensão da Escola. Tive sorte porque o CFM foi criado exatamente em 1976.

Descobri o Violoncelo ocasionalmente pouco tempo antes de entrar na Escola de Música.

Nunca tinha assistido a um concerto de orquestra, conhecia mais a música popular brasileira.

Fui a um show do músico Gibran Helayel em que, além do seu instrumento Violão, ele era

acompanhado por uma Flauta tocada pelo ator Carlos Vereza, que recitava também poemas, e

um Violoncelista que não me recordo o nome. Foi o meu primeiro contato ao vivo com o

Violoncelo. Belo Horizonte vivia um momento de crise em relação às suas orquestras e existia

pouquíssima ou nenhuma atividade nessa área naquele período. Já estava pensando em

procurar um instrumento de orquestra para estudar e aquele encontro com o Violoncelo não

me deixou dúvidas, é esse o instrumento que quero aprender. O timbre, a postura e não sei

Page 18: Memorial de Carreira

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mais o que me atraíram para esse instrumento. Há de se notar que já tinha a idade um pouco

avançada para quem pleiteava uma vida profissional como músico. Quando iniciei o

Violoncelo em 1976 já tinha quase completos vinte anos de idade, trabalhava em um banco e

ainda não tinha completado o ensino básico, uma vez que passei também o período de um ano

servindo ao Exército Brasileiro em 1975. Esses primeiros anos de estudo do violoncelo foram

de muito sofrimento e dúvidas sobre a possível carreira de músico.

Após algumas semanas de aulas no curso de extensão da Escola de Música da UFMG

abandonei o emprego de bancário e passei a me dedicar exclusivamente à música, mas

continuei trabalhando, dando aulas de violão, o meu primeiro instrumento, e tocando em

pequenos eventos. Por um período fui até bolsista da orquestra, mas não como violoncelista.

A Escola de Música não tinha professor de percussão e nem percussionista na orquestra. Um

bolsista, que era realmente um percussionista, chamado Bolão, dominava alguns instrumentos

mas tinha muita dificuldade com a leitura. Ele era da música popular e queria tocar na

orquestra. Então fazíamos uma permuta: ele me ensinava os instrumentos de percussão mais

simples para mim e para outra colega, Paula, e em troca dávamos aulas de teoria para que ele

pudesse ler as partes. Era uma verdadeira aventura. Eu me lembro do Professor Arthur

Bosmans dando entrada para eu tocar o prato na Abertura da Carmen de Bizet e ao mesmo

tempo rindo do meu pavor de acertar os pratos e de entrar no momento certo. Ele me dizia,

"não se preocupe que lhe dou a entrada".

Tive os primeiro contatos com o Violoncelo através do Professor José Luiz Musa Pompeu no

CFM. Após poucas semanas de aulas, o Professor Musa faleceu subitamente. O então Diretor,

Ney Parrela, criador do Curso CFM, foi buscar fora de Belo Horizonte o Professor de

Violoncelo. Watson Clis foi o escolhido, um violoncelista de Belo Horizonte que há alguns

anos atuava e morava no Rio de Janeiro. O Professor Watson Clis foi o responsável pela

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8

minha formação básica. Morando no Rio de Janeiro ele não dava aulas semanais, vinha a Belo

Horizonte aproximadamente a cada quinze dias. O curso de extensão CFM dava aos alunos

uma formação em cinco anos preparando-os para o curso superior de música, ou mesmo para

iniciar a carreira profissional de músico, como foi o meu caso.

FIGURA 2 - Estudando Violoncelo em 1979

1.2.3. Primeiro emprego de músico e continuidade de estudos em São Paulo

Minha inserção no mercado de trabalho como músico foi um pouco precoce considerando o

tempo de formação que possuía. Antes de completar o Curso CFM, quando estava no quarto

ano, fiz concurso para a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas - SP e fui contratado

como Violoncelista em Outubro de 1979. Com apenas três anos e meio de estudo de

Violoncelo já estava no mercado de trabalho. Isso foi muito importante para mim porque já

estava acostumado a ter minha renda própria trabalhando desde 1972. Para que pudesse entrar

logo no mercado de trabalho como músico, uma vez que iniciei os estudos de violoncelo com

vinte anos, dediquei-me de maneira determinada estudando de seis a dez horas por dia.

Page 20: Memorial de Carreira

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FIGURA 3 - Primeiro concerto como músico profissional na Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas

No período em que me mudei para Campinas-SP fiz o vestibular para a Unicamp e fui

aprovado para o Curso de Graduação em Música. Era o segundo ano da criação do curso,

1980, e as habilitações oferecidas eram apenas Composição e Regência. Como esses não eram

da minha área de interesse, abandonei logo o curso, frequentando apenas um semestre. Passei

na seleção para frequentar o Curso Técnico da Escola Municipal de Música de São Paulo.

Como já tinha uma formação básica muito boa no Curso CFM da Escola de Música da

UFMG, fui dispensado das matérias teóricas e frequentei apenas as aulas de Violoncelo com o

Professor Zigmund Kubala. Uma vez por semana me deslocava de Campinas para São Paulo

para as aulas. Frequentei esse curso nos anos de 1981 e 1982.

Page 21: Memorial de Carreira

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FIGURA 4 - Fragmentos de uma página de jornal sobre turnê de concertos com a OSMC

Um instrumento de qualidade é a primeira coisa que um músico precisa adquirir para exercer

a profissão. Graças a esse emprego pude comprar meu segundo Violoncelo, agora um

instrumento profissional. O instrumento não tem confirmação de autoria mas na etiqueta de

identificação está escrito GAND & BERNARDEL FRÈRES - Luthiers du Conservatoire de

Page 22: Memorial de Carreira

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Musique - Nº 32 - Paris - 1853 - Palais du Trocadero. Foi adquirido de um Violoncelista

Argentino que trabalhava em São Paulo, Flávio Russo, em 1980 e pago com financiamento

em banco de dois anos. É o meu instrumento há trinta e cinco anos.

FIGURA 5 - Violoncelo Gand & Bernadell Frères

Falo sempre em minhas palestras "Encontro com o Violoncelo" que nós, violoncelistas,

acreditamos que somos os proprietários dos violoncelos, mas isso é uma ilusão. Eles, os

Violoncelos, é que são os nossos proprietários. Passamos alguns anos com eles, depois

morremos e eles vão ser proprietários de outros violoncelistas. O Violoncelo mais antigo que

existe, conhecido como The King, foi construído em uma data aproximada, entre os anos de

1538 e 1560, pelo luthier Andrea Amati (Cremona: ca. 1505 – 1577). Imagine quantos

proprietários ele já teve. The King conheceu luthiers, violoncelistas, escravos, reis, nobres,

vassalos, burgueses, chamou-se basso di viola da braccio, violone, ganhou o sufixo cello e

passou a se chamar violoncello, foi cortado para diminuir de tamanho, trocou de braço, de

barra harmônica, ganhou até alma nova, foi tocado até se cansar e hoje está triste em um

Page 23: Memorial de Carreira

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museu, somente para ser visto e não tocado, mas não morreu. Muito interessante para ler é o

livro "As Aventuras de um Violoncelo" de Carlos Prieto que trata da história de um

instrumento, de todos os proprietários que ele teve e muitos "causos". O violoncelo foi

construído em 1720 por Stradivari e hoje está, "temporariamente", com o autor do livro.

1.2.4. Retorno à Belo Horizonte, Curso de Graduação em Música da UFMG, novos

empregos na área de música

Em 1983 me desliguei da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas e retornei a Belo

Horizonte e à Escola de Música onde, após ser aprovado no Vestibular, iniciei o Curso

Superior de Música, Bacharelado, Habilitação em Violoncelo.

Durante todo o curso de graduação tive novamente a orientação do Professor Watson Clis, a

quem considero o meu principal Professor. Ele continuava a morar na cidade do Rio de

Janeiro e vinha a Belo Horizonte aproximadamente a cada quinze dias.

FIGURA 6 - Foto recente do Professor Watson Clis em confraternização com ex-alunos,

da esquerda para direita: Abel Moraes, Cláudio Urgel,Sheila Ribeiro, Watson Clis, Firmino

Cavazza e Flávia Lanna

Page 24: Memorial de Carreira

13

Durante boa parte desse período exerci a função de Monitor dando aulas de Violoncelo para

os alunos do Curso de Extensão CFM e, às vezes, tocando também na Orquestra Sinfônica da

Escola de Música. Nesse período de estudo de Graduação na Escola de Música da UFMG

atuei profissionalmente também em instituições e grupos musicais em Belo Horizonte.

Meu primeiro emprego no retorno à Belo Horizonte em 1983, ou trabalho porque não tive

vínculo empregatício, foi na Fundação de Educação Artística - FEA. A FEA é uma Escola de

Música e ao mesmo tempo uma Fundação que promove eventos, que nessa época eram

predominantemente voltados para a Música Contemporânea. Ministrava aulas de Violoncelo e

ao mesmo tempo tocava no Grupo Experimental de Câmara da Fundação de Educação

Artística - GEC-FEA. Os trabalhos do GEC-FEA que realizamos nesse período serão

relatados na seção Produção Intelectual. Permaneci na FEA até 1985 quando abriram-se

diversas oportunidades de emprego para mim ao mesmo tempo, que serão relatados abaixo.

Paralelo às minhas atividades na FEA, participei como autônomo de diversos concertos de

grupos de câmara e orquestras de Belo Horizonte.

FIGURA 7 - Matéria no jornal Estado de Minas em 03 de novembro

de 1983 sobre o GEC-FEA

Page 25: Memorial de Carreira

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Em julho de 1985 fui contratado como Funcionário da Escola de Música para o cargo de

Técnico em Assuntos Culturais. A partir dessa data passei a ter uma atuação profissional na

Escola de Música da UFMG, com vínculo empregatício que existe até hoje. Atuei na

Orquestra Sinfônica da Escola de Música, na disciplina Música de Câmara, tocando com os

alunos sob a orientação do Professor Hely Drumond, lecionando no Curso de Extensão CFM

e também substituindo, em algumas ocasiões, o Professor de Violoncelo na Graduação.

Nesse mesmo ano, 1985, fui contratado também como Técnico em Assuntos Culturais pela

Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, através do Instituo de Artes e Cultura - IAC.

Nesse período a UFOP não tinha Curso de Graduação em Música: éramos técnicos que

ministravam aulas nos cursos de extensão e ao mesmo tempo tocávamos em projetos de

divulgação da Música Brasileira do Período Colonial. O Núcleo de Música, como era

chamado então, foi a semente do que é hoje o Departamento de Música do Instituto de

Filosofia, Artes e Cultura - IFAC da UFOP, responsável por, entre outros, um Curso de

Graduação em Música.

Minha Graduação em Música estava ainda em curso nesse ano de 1985, trabalhava na Escola

de Música da UFMG e no Instituto de Artes e Cultura da UFOP, quando prestei concurso para

Músico Violoncelista da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - OSMG e fui aprovado.

Pretendia deixar o emprego da Escola de Música da UFMG, mas a então Diretora, Professora

Vera Nardelli, não aceitou meu pedido de demissão. Passei então a exercer outras funções e

não tocar mais na Orquestra da Escola, que tinha horário concomitante com o da OSMG. Foi

um desafio manter esses três empregos e ao mesmo tempo concluir o Curso de Graduação em

Música. Foram quase quatro anos de muito trabalho, de muito estudo e de muito aprendizado,

nos anos 1985 a 1988, quando acumulei esses empregos. A partir de 1988, passei a ser

Page 26: Memorial de Carreira

15

Professor com Dedicação Exclusiva na Escola de Música da UFMG, o que fez com que

abandonasse todos esses empregos para me dedicar integralmente ao novo cargo.

Durante meu período na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais prestei concurso para o cargo

de Spalla dos Violoncelos, Chefe do Naipe, em 1987 e fui aprovado. Exerci essa função de

liderança dos Violoncelos até o ano em que fui contratado pela UFMG como Professor.

Em Julho de 1986 completei a minha graduação em Música, totalmente voltada para o

Violoncelo. Concluí o curso com três anos e meio, e não em quatro como era o currículo

padrão na época, antecipei um semestre, realizando um Recital com Piano e um Concerto com

a Orquestra Sinfônica da Escola de Música no mesmo semestre.

Page 27: Memorial de Carreira

16

FIGURA 8 - Programas do recital com piano e do concerto com

orquestra realizados em 11 e 13 de junho de 1986 para a formatura

Gostaria nesse momento de falar um pouco da minha árvore genealógica como violoncelista.

Já relatei antes que meu principal professor foi Watson Clis. Tive outros professores mas

aquele que é minha referência técnica, modelo de Escola de Violoncelo, é o Professor Watson

Clis. Watson Clis estudou primeiramente com o Professor José Luiz Musa Pompeu (1916 -

1976) na Escola de Formação Musical da Polícia Militar de Minas Gerais e posteriormente no

Rio de Janeiro com Iberê Gomes Grosso (1905 - 1983). O Professor Musa também

especializou-se com Iberê Gomes Grosso no Rio de Janeiro. Iberê Gomes Grosso foi

primeiramente aluno do seu tio, o Violoncelista Alfredo Gomes e se aperfeiçoou com Diran

Alexanian (1881 - 1954) e Pablo Casals (1876 - 1973) na École Normale de Musique de Paris

- França. Iberê foi o principal Violoncelista Brasileiro na primeira metade do Século XX com

dezenas de estréias e obras dedicadas a ele pelos compositores Brasileiros, tais como, Heitor

Villa-Lobos, Francisco Mignone, Radamés Gnattali, Bruno Kiefer e outros. A Classe Casals,

como era conhecida, era divida por Casals e Alexanian. Casals viajava muito e Alexanian

Page 28: Memorial de Carreira

17

ficava responsável pelas aulas na sua ausência. Alexanian sempre foi o defensor das idéias de

Pablo Casals explicitadas em seu livro Theoretical and practical treatise of the cello.

Portanto, podemos dizer que minha Árvore Genealógica como Violoncelista chega a Pablo

Casals, uma das maiores referências, não só para os Violoncelistas, mas para todos os músicos

durante grande parte da Música do Século XX. No nosso meio sempre brincamos que um

Violoncelista é filho, neto ou bisneto de outro no sentido da formação. Ser, portanto, um

bisneto de Pablo Casals na minha formação é motivo de muito orgulho.

FIGURA 9 - Arvore Genealógica como Violoncelista: Cláudio Urgel, Watson Clis, Iberê Gomes Grosso e Pablo

Casals

Page 29: Memorial de Carreira

18

Não posso deixar de mencionar também a minha maior referência teórica. De todos os livros

que li sobre o Violoncelo, o que mais me marcou e que me ajudou a entender a técnica do

Violoncelo é o livro Cello Technique de Gerhard Mantel.

1.2.5. Professor efetivo da Escola de Música da UFMG, mestrado e doutorado nos

Estados Unidos

Em 1988 fui aprovado em concurso público para ocupar o cargo de Professor da Escola de

Música da UFMG. A ilustração abaixo apresenta a publicação no Diário Oficial da União de

minha nomeação para ocupar o cargo de Professor Auxiliar, Área: Violoncelo. A importância

de apresentar aqui a nomeação é para dar ênfase à área para a qual fui contratado, Violoncelo.

Portanto ocupo esse cargo, Professor de Nível Superior, há 27 anos e apresento agora esse

Memorial visando a promoção à Classe E, denominada Professor Titular. Somando o período

como Técnico em Assuntos Culturais são trinta anos de dedicação à Escola de Música da

UFMG, completados em 05 de Julho de 2015.

Ao redigir esse Memorial e sem resistir ao meu interesse pela história da Escola de Música,

fiz uma pequena pesquisa sobre os professores que me antecederam nesse cargo. Nesse

momento em que a Escola completa noventa anos é importante render homenagem a quem

veio antes de nós e assim, respeitar a nossa história.

Page 30: Memorial de Carreira

19

FIGURA 10- Publicação no Diário Oficial da União da minha nomeação

Essa pesquisa sobre os Professores de Violoncelo da Escola de Música ainda não está

completa, mas encontrei documentos que chegam a 1928. Pode ter havido outro professor de

Violoncelo antes dessa data, uma vez que a Escola iniciou suas atividades em Abril de 1925.

Como não terei mais tempo para essa pesquisa, vou relatar o que encontrei até o momento.

Em um documento do Professor Levindo Lambert, que assumiu a Direção da Escola em 1934,

existe uma lista de Professores em atividade naquela ocasião, entre eles o Professor de

Page 31: Memorial de Carreira

20

Violoncelo Raphaël Hardy, como Professor Interino. Outra evidência são as atas de reuniões

da Congregação do Conservatório. O Professor Hardy participa dessas reuniões a partir de

Novembro de 1928. Raphaël François Amédee Marie Hardy (1893 -1968) foi provavelmente

o primeiro Professor do Conservatório Mineiro de Música, antigo nome da Escola de Música

da UFMG. Hardy era de origem Belga, nasceu na cidade Bruges e veio para o Brasil em 1912.

O Professor Musa, citado anteriormente, o sucedeu. José Luiz Musa Pompeu (1916 - 1976) é

natural de Campanha/MG e foi aluno de Raphaël Hardy no Conservatório Mineiro de Música.

Mais tarde se especializou com Iberê Gomes Grosso no Rio de Janeiro. Como relatado antes

tive umas poucas aulas com o Professor Musa, que morreu enquanto estava ainda em

atividade na Escola de Música. Watson Clis substituiu o Professor Musa. Watson Clis (1942)

nasceu em Belo Horizonte mas vive na cidade do Rio de Janeiro. Watson Clis foi Professor da

Escola de Música da UFMG por dois períodos, primeiro período entre 1976 e 1985, quando

teve que deixar o cargo devido à acumulação com outros cargos públicos. Entre 1985 e 1986

continuou a lecionar na Escola de Música mas com outros vínculos. Não estou certo do nome

do cargo que exerceu, deveria ser Professor Colaborador, Palestrante ou Professor Visitante.

Retornou à Escola de Música da UFMG através de Concurso Público em 1990, dividindo

comigo a disciplina Violoncelo e permaneceu até 1993, quando pediu demissão por não ter

condições mais de lecionar em Belo Horizonte. Como relatado antes, a partir de 1988 me

tornei, o que acredito ser, o quarto Professor de Violoncelo da Escola de Música da UFMG

em seus noventa anos de existência.

Page 32: Memorial de Carreira

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Raphaël François Amédee

Marie Hardy (1893 -1968)

José Luiz Musa Pompeu

(1916 – 1976)

Watson Clis, 1942

Período:1976 - 1985 e

1990 -1993

Cláudio Urgel Pires

Cardoso (1956)

Período: desde 1988

FIGURA 11- Professores de Violoncelo da Escola de Música da UFMG

Em 1990 fui aceito no Curso de Pós-Graduação Mestrado em Música da University of Iowa -

Iowa City - IA, Estados Unidos. Além da Escola de Música, recebi também o apoio para a

realização do curso da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -

CAPES com bolsa mensal e a cobertura de outras despesas. Parti para os Estados Unidos com

toda a minha família, minha esposa Bernadette, meu filho Tomás, então com três anos de

idade, minha filha Sofia, então com dois anos de idade, e com minha filha Laura, que estava

ainda no ventre de minha esposa. Laura nasceu nos Estados Unidos durante meu mestrado em

Maio de 1991 e tem dupla cidadania. Apesar da família numerosa e os filhos muito jovens,

isso não foi empecilho para realizar o mestrado em um ano e meio e o doutorado em mais

dois anos e meio. Assim, em quatro anos obtive os dois títulos. Minha esposa, Bernadette,

realizou também o Mestrado em Fonoaudiologia, com o apoio do CNPq, no Department of

Communication Sciences and Disorders da The University of Iowa, berço da Fonoaudiologia,

obtendo o título de Master of Arts in Speech-Language Pathology.

A bolsa da CAPES não cobria todas as despesas para uma família de cinco pessoas. Dependia

também do meu salário de Professor Auxiliar, mas vivíamos no Brasil o período a

hiperinflação e meu salário era quase nada quando convertido para o dólar. Portanto tinha que

Page 33: Memorial de Carreira

22

fazer pequenos trabalhos nos Estados Unidos para dar conta de todas as despesas. Dava aulas

particulares em casa e tocava em eventos das igrejas presbiterianas. Toquei diversas vezes

obras com orquestra e coral sendo o primeiro violoncelo, tais como, o Messias de Haendel e o

Réquiem de Fauré. Já estava acostumado a estudar trabalhando e isso não foi um problema.

Obtive o título de Mestre em Julho de 1992 e preocupado em melhorar meus rendimentos nos

Estados Unidos para dar continuidade ao Doutorado, solicitei a Revalidação do Título e em

seguida a minha promoção para a Classe de Professor Assistente, para a qual fui

imediatamente promovido.

Cabe comentar aqui as características desse título acadêmico obtido nos Estados Unidos.

Nesse curso fui orientado pelo professor Charles Gustav Wendt. O título tem o nome de

Master of Arts. É um Mestrado com as características do que estamos chamando hoje no

Brasil de Mestrado Profissional, para diferenciá-lo do Mestrado Acadêmico. Na ocasião do

curso não usávamos esse termo. Basicamente a diferença entre os dois está no trabalho de

conclusão de curso. No Mestrado Profissional esse trabalho pode ser uma dissertação mas

também pode ter outros formatos, como um concerto ou uma composição musical. O curso de

Iowa inclui cerca de trinta créditos de disciplinas práticas e teóricas. Em algumas disciplinas

teóricas temos a oportunidade de escrever diversos trabalhos (Papers) sobre assuntos

relacionados à performance, ao ensino do violoncelo e a assuntos relacionados. Outro

requerimento parcial do curso é a realização de um exame escrito intitulado Comprehensive

Examination. O exame é realizado ao final do curso, encerradas as disciplinas. Três

Professores elaboram questões teóricas sobre todo o curso realizado. Completa os

requerimentos para a conclusão do curso o trabalho de conclusão, que nesse caso é um Recital

de Mestrado. É importante descrever esse curso porque ele teve impacto nas atividades que

realizei durante minha carreira na UFMG nos anos seguintes. Portanto, fui aluno de um

mestrado com ênfase profissional, voltado para a formação de um Violoncelista e Professor

Page 34: Memorial de Carreira

23

do instrumento Violoncelo, que por sua vez vai formar outros Violoncelistas para o mercado

de trabalho. Voltarei a essa questão na próxima seção quando tratar da minha relação com a

Pós-Graduação da Escola de Música da UFMG.

Imediatamente após a conclusão do Mestrado em Música em Julho de 1992, iniciei, com o

apoio da UFMG e da CAPES, o Doutorado em Música. O título tem o nome de Doctor of

Musical Arts - DMA. Meu Professor de Violoncelo e Orientador foi o Violoncelista Charles

Gustav Wendt. Novamente o curso tem a ênfase profissional mas é equivalente aquele que

tem a ênfase acadêmica, intitulado Philosophy Doctor. No DMA os alunos têm de cumprir

alguns créditos, cerca de vinte, em disciplinas práticas e teóricas completando os créditos já

obtidos no mestrado. O Comprehensive Examination, exame final escrito, do doutorado é

elaborado por cinco professores e um conteúdo bem mais abrangente, com duração total de

vinte horas de exame. Paralelo às disciplinas, o aluno precisa realizar quatro Recitais de

Doutorado, que são apresentados durante o curso e não no final. O trabalho de conclusão do

curso, no caso do DMA, é a elaboração de um trabalho teórico que pode tanto ser chamado de

DMA Essay ou DMA Thesis, a critério do candidato e do orientador. Diferente do Brasil, nos

Estados Unidos tese é o termo usado para o trabalho de conclusão de curso do mestrado e o

termo dissertação para o trabalho de conclusão do curso de doutorado. Portanto, o documento

DMA Thesis é equivalente a uma Dissertação de Mestrado. Mas a esse documento final do

curso deve-se somar aos quatro Recitais de Doutorado realizados durante o curso para

completar os principais trabalhos do curso. Por isso é muito importante para aquelas pessoas

que pedem a revalidação de mestrado ou do doutorado obtido no exterior de cursos com essas

características, a apresentação de um Portfólio dos Concertos e Recitais realizados durante o

curso. Optei pelo DMA Essay que foi intitulado The Performance of Violoncello Harmonics.

Durante a defesa me foi sugerido mudar para DMA Thesis, mas preferi manter o título de

DMA Essay. Esse trabalho pode ser acessado na minha página institucional como Professor da

Page 35: Memorial de Carreira

24

Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localize o link Pesquisa e depois

o link do trabalho.

Como no caso do Mestrado apresentei a descrição do curso de doutorado como uma maneira

de demonstrar o impacto que o mesmo teve em toda a minha carreira, em minhas atividades

de Professor e de Violoncelista. Acredito que tenho sido coerente com a minha formação

profissional nas atividades que venho exercendo na Universidade e com as posições críticas

que mantive durante minha carreira sobre a formação e carreira de músicos dentro da

Universidade Brasileira. Em Outubro de 1994 obtive o título de Doutor e logo após retornei

ao Brasil. Em Fevereiro de 1995, após a Revalidação do Título, fui promovido à Classe de

Professor Adjunto.

Tenho na parede do meu gabinete meus diplomas. Sempre olho para eles e acho que eu

deveria ter colocado o histórico escolar. É no histórico escolar que podemos ver toda a

dedicação do aluno ao curso. Apresento na próxima página uma ilustração com o meu

histórico escolar do mestrado e do doutorado. São quarenta e quatro avaliações com conceito

A e três avaliações com conceito B nas disciplinas e atividades que participei. Meu Graduate

Point Average - GPA ou Média Global foi 3.89, enquanto que o máximo que um aluno pode

obter em Iowa é 4.0. Tenho orgulho também desses resultados que compartilho aqui nesse

Memorial enquanto relato minha formação.

Com a mudança na carreira de magistério de Ensino Superior introduzida pela Lei I Nº

11.344, de 8 de Setembro de 2006, foi criada a nova Classe denominada Professor Associado.

Após aprovação por uma Banca Examinadora da Avaliação de Desempenho Acadêmico, fui

promovido à Classe de Professor Associado em Maio de 2006, depois de dez anos e alguns

meses como adjunto IV.

Page 36: Memorial de Carreira

25

As atividades realizadas durante a minha carreira de Professor da Escola de Música da UFMG

serão relatadas nas seções que se seguem desse memorial, na Docência, na Produção

Intelectual e na Administração.

FIGURA 12- Histórico escolar do mestrado e doutorado

1.2.6. Outros vínculos profissionais mas não empregatícios

Paralelo a minha carreira na Escola de Música da UFMG tive outros vínculos que não foram

empregatícios, mas que foram importantes para a minha Produção Intelectual. Os Professores

Page 37: Memorial de Carreira

26

com formação e atividades na área artística precisam sair da universidade para realizar sua

produção intelectual. Se não fizermos isso vamos ficar tocando uns para os outros ou

mostrando nosso trabalho somente para nossa pequena comunidade interna. São diversos os

grupos musicais de que participei, uns com maior vínculo e outros mais ocasionalmente,

realizando concertos, gravações, e outras atividades. Cito alguns desses vínculos com

profissionais e grupos. Tive a oportunidade de tocar com alguns pianistas durante a minha

carreira, tais como, Regina Amaral, Magdala Costa, Celina Szrvinsk, Maria Tereza Madeira,

Rafael dos Santos, Mary Beth Barteau, Wagner Sander, Valeria Gazire, entre outros. Entre os

grupos de câmara está o Grupo Diadorim, formado por Laura von Atzingen, Violino, Sofia

von Atzingen, Viola, Tomás von Atzingen, violoncelo e Cláudio Urgel, violoncelo. O Grupo

é formado por uma família de músicos. Tomás, Sofia e Laura são filhos de Cláudio Urgel e

Bernadette von Atzingen. O Quarteto MinasArte é integrado por duas famílias de músicos

mineiros. Fernando Pacífico é primeiro Flautista da OSMG e professor da UEMG e sua filha

Martha Pacífico, Violinista, é integrante da Filarmônica de MG; Sofia von Atzingen, Violista,

é filha de Cláudio Urgel e acaba de concluir o mestrado em música na Alemanha. O fato de

ter na Escola de Música da UFMG o Conjunto de Violoncelos formado por mim e pelos

alunos, associado à prática de realizar constantemente transcrições para essa formação, me

levou a criar o grupo Cellos de Minas. O quarteto “Cellos de Minas” é formado por quatro

violoncelistas destacados do cenário musical de Belo Horizonte: Antônio Viola, Cláudio

Urgel, João Cândido e Sérgio Rabello. O grupo teve origem a partir da convivência de seus

integrantes na Escola de Música da UFMG, onde todos concluíram o bacharelado. Esses são

apenas alguns exemplos dos músicos e grupos com quem realizei parte da minha produção

artística. Durante a seção Produção Intelectual esses grupos e outros serão detalhados e a sua

produção apresentada.

Page 38: Memorial de Carreira

27

2. DOCÊNCIA, ORIENTAÇÃO E BANCA DE DEFESA

A docência completa a atividade do músico instrumentista. Através da docência nós pensamos

a técnica e a interpretação musical. Somos obrigados a questionar a nós mesmos e crescemos

como artistas realizando esse exercício de autoconhecimento técnico-musical. No caso dos

professores que ensinam o repertório dos instrumentos no nível da graduação, a atividade de

ensino não será satisfatória se não tivermos a experiência prática, a vivência com esse

repertório. Por essa razão é muito importante que professores de instrumento no nível superior

sejam também intérpretes, com vida musical ativa, ou que tenham exercido essa vida musical

ativa por muitos anos.

Iniciei minha docência em música, instrumento violoncelo, quase ao mesmo tempo que iniciei

minha atividade profissional de instrumentista de orquestra. Se como músico profissional

contabilizo trinta e sei anos de carreira, como professor de violoncelo contabilizo trinta e

cinco anos de carreira. Foi em Americana, São Paulo, onde obtive meu primeiro trabalho

oficial como professor de violoncelo, ensinando crianças e adolescentes em um projeto da

Prefeitura Municipal de Americana. Isso aconteceu em 1981 quando trabalhava na Orquestra

Sinfônica de Campinas - SP, cidade vizinha à Americana, e desde então não parei mais de

lecionar o Violoncelo em diversos níveis, da iniciação em cursos livres e de extensão ao curso

superior. Lecionei em projetos como esse de Americana, na Fundação de Educação Artística -

FEA em Belo Horizonte, em aulas particulares, como Monitor de Graduação e cursos de

extensão da UFMG, em diversos festivais de música nos períodos de férias, em oficinas e

masterclasses, na graduação e na pós-graduação em música da UFMG.

O Violoncelo tem uma história aproximada de quinhentos anos, isto é, há cerca de quinhentos

anos estamos estudando, pesquisando e procurando as melhores maneiras de tocar esse

Page 39: Memorial de Carreira

28

instrumento. O repertório inclui obras de diversos estilos de época que construíram uma

linguagem idiomática para o Violoncelo. As obras para Violoncelo começam a ser compostas

no final do Renascimento, século XVI, período em que o instrumento era denominado "Basso

di Viola da Braccio", e tinha ainda um papel de acompanhador nos grupos musicais. Já no

início do período Barroco, o Violoncelo passa a realizar um dos papeis do chamado "Baixo

Continuo" e nesse mesmo período, graças ao seu desenvolvimento como instrumento, ganhou

as primeiras obras como solista, em obras solo, sonatas e concertos. É também durante o

período Barroco que recebe o nome que tem até hoje, Violoncello em Italiano. Nos períodos

seguintes o Violoncelo continua sendo agraciado com obras dos principais compositores

Clássicos, Românticos, e de diversos estilos do período chamado Moderno, Século XX, como

o Impressionismo, o Expressionismo, o Neoclassicismo, Música que reúne instrumento e as

novas tecnologias com a utilização do computador, o Minimalismo, entre outras tendências

estéticas, chegando à música contemporânea do Século XXI. Esse repertório inclui música

orquestral, música de câmara e música solo. Portanto são quinhentos anos de repertório e

técnica a se estudar e ensinar. São técnicas as mais variadas, desde as tradicionais e chegando

as novas denominadas técnicas estendidas. Para sermos capazes de lidar com todo esse

repertório e com a linguagem idiomática do violoncelo precisamos pesquisa, praticar muito e

desenvolver materiais para o seu ensino.

Ensinar o Violoncelo sempre foi uma coisa muito natural para mim, uma vez que como

Violoncelista, estou diariamente em contato com o instrumento e buscando a melhor maneira

de resolver os problemas apresentados pelo repertório. Não sou um talento acima da média,

portanto, tudo que aprendi foi graças a minha dedicação e persistência e a minha inteligência.

Digo sempre que o violoncelo me tornou mais inteligente. A paixão e a vontade de aprender

era tanta que tive que estudar sempre tentando entender as minhas limitações e procurando,

através da orientação de meus professores e de meus esforços individuais, entender a técnica

Page 40: Memorial de Carreira

29

do violoncelo para superar os desafios de tocar esse instrumento. Ao lecionar, sempre busquei

desenvolver apostilas que facilitassem o meu ensino, já que temos muito pouco material na

língua portuguesa para usar como livro texto ou material de ensino na sala de aula.

Apresentarei junto às disciplinas, as apostilas criadas para apoio às aulas.

2.1. Graduação

2.1.1. Violoncelo

O ensino no curso de graduação pressupõe que os alunos tenham uma formação básica em

música e no instrumento. Acredito que para uma formação básica de violoncelo sejam

necessários cerca de cinco anos com boa orientação de professor, material adequado e uma

dedicação do aluno de duas à quatro horas diárias de estudo. Complementam essa dedicação

diária ao instrumento, disciplinas como a percepção musical e outras. Infelizmente não é esse

o aluno que recebemos na Universidade. A maioria deles chega na Universidade sem a

formação básica adequada. Essa heterogeneidade dos alunos causa grande transtorno, apesar

de cada aluno ser uma turma e, portanto, poder ter um programa ou conteúdo programático

individualizado e adequado ao seu nível técnico-musical. Alunos que estão em um mesmo

período precisam ter uma correspondência entre as obras e o material técnico que estudam.

Diante da responsabilidade do professor, do curso e da Universidade de formar um

profissional para o mercado de trabalho, não nos resta outra alternativa senão reter esses

alunos e, quando possível, ofertar a disciplina Instrumento Complementar para esses alunos

mais fracos. Por isso muitos alunos não formam dentro dos quatros anos do período padrão de

curso. Sabemos que a retenção é um problema porque incha o curso, mas não temos outra

alternativa diante de nossa responsabilidade formadora de músicos profissionais. Pior que a

Page 41: Memorial de Carreira

30

retenção é a evasão de estudantes, o que provoca um sentimento de incapacidade do professor

em lidar com problemas dessa natureza.

No Curso de Graduação em Música leciono a disciplina Violoncelo oficialmente desde 1988,

mas devido a problemas de falta de professor lecionei também antes dessa data, quando

exercia ainda o cargo de Técnico em Assuntos Culturais, isto é, a partir de 1985. É a minha

principal disciplina, está dentro da minha área de atuação, área de concurso, sendo obrigatória

para todos os alunos da Habilitação Violoncelo. A disciplina é dividida em oito períodos. É a

principal disciplina da Habilitação em Violoncelo da Modalidade Bacharelado do Curso de

Graduação em Música da UFMG. No currículo antigo, a disciplina era seriada do período I ao

VIII. No currículo atual recebe apenas o nome Violoncelo, sem a seriação, mas os alunos

precisam da aprovação em oito períodos dessa disciplina para completar os créditos exigidos

para a mesma no currículo.

O conteúdo da disciplina Violoncelo abrange o repertório descrito acima de cerca de

quinhentos anos de música. Inclui também exercícios de técnica de mão esquerda e arco.

Apesar dos quinhentos anos de existência, a primeira publicação de um material de ensino do

Violoncelo só ocorreu em 1741 por Michel Corrette (1707 - 1795). Hoje trabalhamos com

materiais de ensino de diversos períodos históricos. Alguns muito antigos mas que não

perderam a sua importância. Completam o material de ensino as publicações chamadas

"Estudos", como os de Jean Louis Duport (1749 - 1819), David Popper (1843 - 19013) e

outros. Estudos são obras compostas por Violoncelistas/Compositores que escolhem um ou

mais tópicos técnico-musicais da performance do instrumento e os exploram à exaustão, de

forma a mais criativa possível, para que os instrumentistas desenvolvam essa habilidade.

Dessa maneira, ao encontrar esse problema técnico-musical em uma passagem musical do

repertório, o Violoncelista poderá executá-la sem nenhuma dificuldade. Cada aluno tem seu

Page 42: Memorial de Carreira

31

Diário de Classe e é, portanto, uma turma recebendo aulas individuais. Para cada aluno é

montado um programa semestral, baseado no conteúdo da disciplina.

FIGURA 13 - Lecionando Violoncelo no gabinete - Aluna Suely Guimarães

Outra característica do aluno e do curso Bacharelado em Música é que não se dá ênfase a

trabalhos teóricos ou a pesquisa. O foco de um estudante de graduação em música,

bacharelado em instrumento, é a prática, é a preparação para o mercado de trabalho na área de

performance e a pedagogia do instrumento. Digo sempre para os meus alunos: menos do que

quatro horas de prática diária do instrumento, é melhor pensar no Plano B para a carreira,

porque não vai ter chance no mercado de trabalho como instrumentista de orquestra. Portanto,

com raras exceções, o estudante graduação em Violoncelo não se envolve em programas

como os de Iniciação Científica. Isso é verificável quando analisamos o histórico escolar de

estudantes das habilitações em instrumento e canto da Escola de Música da UFMG. Mesmo

tendo a opção de cursar optativas em outras áreas que não a sua específica, raramente os

alunos fazem isso. Na ilustração abaixo temos o exemplo de três percursos diferentes no

nosso Curso de Graduação em Música. O aluno de Violoncelo é o que faz o menor número de

créditos, o mínimo. Isso é comum nos alunos de instrumento e canto. Volto a essa figura mais

tarde para explicá-la melhor.

Page 43: Memorial de Carreira

32

FIGURA 14 - Quadro comparativo de alunos do Curso de Graduação em Música para a avaliação do INEP

Semestralmente é realizada uma Audição Pública dos alunos da disciplina e ao final de cada

semestre é realizado o Exame com Banca formada por professores da área. No Quinto Período

Page 44: Memorial de Carreira

33

do curso o aluno faz um Recital de pequena duração e no último semestre o Recital de

Formatura com duração mais longa. Para auxiliar o ensino do violoncelo, criei uma apostila

intitulada "Estudo Técnico Avançado do Violoncelo". Essa apostila tem instruções aos alunos

de como realizar os estudos diários e contém diversos materiais para a prática diária do

instrumento, meus e de outros autores. Essa apostila assim como outras informações sobre

essa disciplina podem ser obtidas na minha página pessoal,

http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar a seção Disciplinas e selecionar a

disciplina Violoncelo. Entre outros itens está um Modelo de Cronograma ou Plano de Aulas,

já que o mesmo é Individual. Alguns materiais exigem senha para serem abertos. A senha é a

palavra "casals".

2.1.1.1. Audição pública da classe de Violoncelo

Semestralmente os alunos se apresentam em uma Audição Pública por mim organizada. São

eventos que exigem bastante trabalho de organização por parte do professor como a reserva

de auditório, a escolha de obras, a montagem do programa, os ensaios com pianistas entre

outras ações. Não é uma atividade obrigatória da disciplina instrumento e por isso alguns

professores fazem e outros não. Acho importantíssima essa atividade porque é uma maneira

do aluno verificar o seu desenvolvimento e vivenciar uma situação profissional real, que é a

apresentação para o público. Portanto, na minha disciplina é uma atividade obrigatória e tem

avaliação. As audições são também uma preparação para o Exame com Banca que é realizado

por todos os alunos no final do semestre. A Audição combina atividades da Disciplina

Violoncelo e da Disciplina Oficina de Performance, que será relatada abaixo. Uma das

atividades da disciplina Oficina de Performance que será relatada é o Conjunto de

Violoncelos, que sempre se apresenta no encerramento da Audição. Diversos programas das

audições, fotos, áudio e vídeo podem ser acessados na minha página de Professor,

Page 45: Memorial de Carreira

34

http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizando a seção Disciplinas e selecionando a

disciplina Violoncelo. Realizamos também um evento de Confraternização da turma, o que

aproxima alunos e professor para que tenhamos também um bom relacionamento durante todo

o curso.

FIGURA 15 - Encerramento da audição com o Conjunto de Violoncelos em 2006, cartazes de recitais de V

período e formatura em 2015, confraternização após a audição em 2015, oficina de performance em 2015

Fico sempre contente ao saber de alunos que passaram por nossa Escola e que estão

realizando Pós-Graduação no Brasil ou no Exterior em Performance Musical e Ensino do

Violoncelo ou que estejam atuando em Escolas e Orquestras de todo o país. Um exemplo é o

Page 46: Memorial de Carreira

35

Naipe de Violoncelos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde sete dos oito

Violoncelistas que compõem o Naipe de Violoncelos foram meus alunos. São eles: Antônio

Afonso Gonçalves (Graduação e Mestrado), Sheila Sampaio Ribeiro (parte de Graduação e

Mestrado), Sérgio Rabello (Graduação), Paula Thaís Mendes (Graduação), João Cândido

(Graduação), Carlos Márcio Bicalho (Graduação), Demósthenes Júnior (Extensão). Firmino

Cavazza, o oitavo membro, teve aulas eventuais comigo. Outro exemplo é a Orquestra da

Polícia Militar de Minas Gerais que dos cinco violoncelistas que compõem o naipe de

violoncelos, dois foram meus alunos, Maria Tereza Vieira Araújo e Douglas Santiago Penha.

FIGURA 16 - Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - OSMG e Orquestra Sinfônica da Polícia Milita r de Minas

Gerais

2.1.2. Orientação para estagiários de Violoncelo

O Violoncelo está nos cursos de extensão da Escola de Música desde que eles existem, isto é,

desde a década de setenta. Na verdade a primeira versão dos cursos de extensão da Escola de

Música, o chamado CFM – Curso de Formação Musical, foi uma adaptação ao modelo

universitário do antigo Curso Básico do Conservatório Mineiro de Música. Aos poucos esse

curso foi sendo modificado e outros sendo criados para se adaptar ainda mais ao modelo

universitário e às mudanças na Escola de Música no que se refere ao Curso de Graduação,

Pós-Graduação e ao seu Corpo Docente. No modelo antigo, CFM, os professores davam aulas

Page 47: Memorial de Carreira

36

e as mesmas eram consideradas parte de sua carga didática. Hoje o professor que leciona seu

instrumento em um desses cursos, e são muito poucos, recebe uma remuneração como

prestação de serviços. Na maioria dos cursos de instrumentos e canto oferecidos na extensão,

e é o caso do Violoncelo, a responsabilidade pelas aulas fica a cargo de alunos da Graduação

ou da Pós-Graduação, como estágio remunerado. Em diversas oportunidades, desde a década

de noventa quando muitas mudanças foram realizadas nesses cursos, tive a oportunidade de

orientar meus alunos para lecionarem tanto no antigo CFM, como nos cursos mais novos

como o CMI e CEM-INC. Sempre recomendo também que frequentem a disciplina Didática

dos Instrumentos - Cordas como auxílio na sua preparação para ser professor.

2.1.3. Disciplinas optativas do Curso de Graduação em Música

Além da Disciplina Violoncelo, leciono também disciplinas optativas relacionadas à minha

área de atuação principal e também de outras áreas não afins. A oferta de disciplinas optativas

em outras áreas teve principalmente o objetivo de atender as demandas do currículo atual do

Curso de Graduação em Música da UFMG abaixo explicado.

O Curso de Graduação em Música da UFMG fez no início dos anos dois mil uma reforma

curricular dentro do espírito da flexibilização curricular proposto pelo Conselho Nacional de

Educação. As Diretrizes Curriculares substituíram o antigo Currículo Mínimo da Área de

Música elaborado na década de sessenta.

Tendo como Relator do Projeto o Professor Flávio Barbeitas, então Coordenador do Curso de

Graduação em Música, foi criada uma estrutura curricular em que praticamente cinquenta por

cento da grade, no caso da área de cordas, pode ser montada pelo aluno, escolhendo uma

trajetória que lhe interessa dentro do curso. Dentre outros aspectos, foram criados cinco

Page 48: Memorial de Carreira

37

grupos de disciplinas optativas nas diferentes áreas de conhecimento musical. Como membro

de uma Comissão da Escola de Música que preparou a documentação do curso para receber a

Comissão de Avaliadores do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (2008-2009), preparei o documento acima citado, FIG. 14, intitulado

"Exemplo de Três Percursos Possíveis - Baseado em Três Históricos Escolares Reais". Esse

documento demonstra as principais características do nosso Curso de Graduação em Música.

O atual currículo está novamente em fase de mudança, o que provavelmente irá afetar os

grupos de optativas, mas no momento continuam sendo ofertadas as disciplinas nos cinco

grupos. Um dos motivos dessa mudança é que não estamos sendo capazes de ofertar um

número adequado de disciplinas em cada grupo. Os alunos até apelidaram algumas disciplinas

de "Opitatórias". Atuei nos cinco grupos citados acima e apresento abaixo cada uma das

disciplinas que lecionei, da minha área de atuação e de outras áreas não afins, para assim

contribuir para a manutenção de oferta nos cinco grupos.

2.1.3.1. Oficina de Performance

Disciplina pertencente ao Grupo 3: Música de Conjunto e Práticas Interpretativas. A

Disciplina Oficina de Performance complementa as atividades da Disciplina Violoncelo. É

uma aula de instrumento coletiva em que os alunos de Violoncelo apresentam as obras e

"estudos" que fazem parte do seu programa individual. Além da apresentação individual dos

alunos, outros conteúdos são trabalhados, tais como, estudo de excertos orquestrais, estudo

técnico coletivo, grupo de violoncelos, apresentações de vídeos instrucionais e palestras sobre

assuntos relacionados à técnica e performance do Violoncelo. Como não faz parte do quadro

de disciplinas obrigatórias, não é ofertada por todos os professores. Oferto a Oficina

regularmente, todos os semestres. Em todos esses anos de existência da disciplina devo ter

Page 49: Memorial de Carreira

38

ficado apenas um semestre sem ofertá-la. Acredito na aula individual de instrumento para

formar um instrumentista profissional. Isso é fácil de verificar quando recebemos alunos de

escolas e projetos sociais que trabalham somente com a aula coletiva. Alunos com sete ou oito

anos nesse sistema chegam com o desenvolvimento de um que tem dois ou três anos de aula

individual. Mais grave que a lentidão na formação são os problemas ou vícios gerados pela

falta de um acompanhamento individual do professor, muitas vezes irreparáveis. Gerhald

Mantel afirma: “Concepções motoras incorretas são quase que mais destrutivas que a

ignorância dessas complexas relações. Elas contradizem o que o executante faz e sente. A

discrepância entre a concepção do movimento e o movimento propriamente dito levará a uma

atividade muscular errada, desconforto e tensão muscular.” A aula coletiva de instrumento é

complementar e deveria ser obrigatória e não optativa. É uma oportunidade dos colegas

aprenderem uns com os outros e é também uma oportunidade do professor apresentar

conteúdos importantes para todos de uma maneira coletiva. Uma das atividades da disciplina

é o Conjunto de Violoncelos que se apresenta na audição semestral da disciplina e, às vezes,

em eventos da Escola de Música. O Conjunto de Violoncelos executa, além de obras

originais, transcrições e arranjos realizados por mim para essa formação instrumental. Esse

material, além de ser ensino, é também uma importante Produção Intelectual do Professor e

será discutida na seção seguinte. Mais informações sobre essa disciplina e os materiais de

ensino podem ser obtidas na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel.

Depois de acessar a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Oficina de

Performance. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas da última vez que a

disciplina foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem abertos. A senha é a

palavra "casals".

Page 50: Memorial de Carreira

39

FIGURA 17 - Concerto do Conjunto de Violoncelos da disciplina Oficina de

Performance no Auditório da Reitoria, IX Congresso Nacional de Fonética e Fonologia

2.1.3.2. Instrumento Complementar

Disciplina pertencente ao Grupo 3: Música de Conjunto e Práticas Interpretativas. A

Disciplina Instrumento Complementar - Violoncelo é ofertada a alunos de outras Habilitações

e Modalidades do Curso de Graduação em Música (que não seja a Habilitação Violoncelo).

São geralmente alunos das Habilitações Regência, Composição e principalmente para a

Modalidade Licenciatura em Música. É oferecida quando temos carga didática disponível

para atender a essa demanda que é expressiva no caso da Modalidade Licenciatura em

Música. Na UFMG, a Modalidade Licenciatura em Música do Curso de Graduação não

oferece disciplinas regulares de instrumentos de orquestra. Atualmente não tenho carga

horária disponível para essa oferta. Essa é uma demanda histórica dos alunos da Licenciatura

e Professores de Educação Musical. Para que a Escola de Música possa ofertar as disciplinas

de instrumento de orquestra para os Licenciandos teríamos que aumentar muito o quadro de

professores de instrumento ou reduzir vagas do Bacharelado em Instrumento. O Conteúdo

dessa disciplina é a iniciação ao instrumento.

Page 51: Memorial de Carreira

40

2.1.3.3. Excertos Orquestrais para Violoncelo

Disciplina pertencente ao Grupo 3: Música de Conjunto e Práticas Interpretativas. O estudo de

excertos, ou trechos orquestrais, é hoje conteúdo obrigatório para todos os alunos de

instrumento de orquestra. Antigamente os concursos para músico de orquestra no Brasil

exigiam peças de livre escolha do repertório solo do instrumento e leitura à primeira vista de

um trecho orquestral. Essa metodologia de seleção de músicos para orquestra mudou. Hoje

todos precisam saber um concerto que será peça de confronto. No caso do Violoncelo inclui

um dos Concertos de Haydn, Ré Maior ou Dó Maior, outro concerto ou obra para a Livre

Escolha, dois movimentos contrastantes das Suítes de Bach e uma Lista de Trechos

Orquestrais que cada ano aumenta mais. Portanto, os Trechos Orquestrais ou Excertos

Orquestrais precisam estar no conteúdo de alguma disciplina. Já experimentei incluir esse

conteúdo na disciplina principal do instrumento, nesse caso Violoncelo, na optativa Oficina

de Performance e nessa disciplina com conteúdo exclusivo que ora discutimos. Temos

informações de que em alguns cursos da Europa e dos Estados Unidos esse conteúdo tem sido

ministrado em disciplinas próprias para isso, como a que estou relatando, devido a sua

importância profissional na atualidade, isto é, a preparação para os exames de orquestra.

Devido ao impacto que essa disciplina tem na minha carga horária didática, não ofereci mais

essa disciplina separadamente. Atualmente ofereço esse conteúdo em algumas aulas da

disciplina Oficina de Performance. Escolhemos um edital de Concurso para Orquestra e

trabalhamos os trechos que cairão na prova como treinamento para concursos. A formação

técnica e musical para a performance desses trechos orquestrais é a mesma que está nas obras

do programa da disciplina Violoncelo. Mais informações sobre essa disciplina e os materiais

de ensino podem ser obtidas na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel.

Depois de acessar a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Excertos do

Repertório Orquestral: Violoncelo. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas

Page 52: Memorial de Carreira

41

da última vez que a disciplina foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem

abertos. A senha é a palavra "casals".

2.1.3.4. Notação Musical no Computador - Programa Finale

Disciplina pertencente ao Grupo 5: Música e Tecnologia. No caso dessa disciplina distancio-

me da minha área de atuação principal, Violoncelo. Aproveitando conhecimentos adquiridos

como usuário do Programa Finale da empresa Make Music, criei uma disciplina para o ensino

desse aplicativo. Comecei a usar o Finale enquanto era ainda aluno do mestrado em música

nos Estados Unidos em 1991. Como usuário, escrevi diversos materiais de ensino assim como

transcrições e arranjos para grupos de violoncelos e outras formações instrumentais. Percebi

que colegas professores, músicos da orquestra da escola e os alunos tinham dificuldades com

o uso desse programa. Passei então a oferecer cursos para colegas professores, para

funcionários músicos da escola e para os alunos dos cursos de extensão, graduação e pós-

graduação.

Para lecionar esse curso criei uma apostila, primeiro para a versão 2003 e depois para a versão

2008 com o mesmo nome da disciplina. O conteúdo do curso sempre foi basicamente uma

tradução que fiz do Tutorial acrescido de algumas seções criadas por mim para abordar temas

relacionados à música brasileira e contemporânea, a traduções de termos e transcrições não

tratados pelo Tutorial. Faz parte do conteúdo e do trabalho final da disciplina a edição de uma

obra que esteja em manuscrito como parte do trabalho para a avaliação. Mais informações

sobre essa disciplina, a apostila e outros materiais de ensino podem ser obtidas na minha

página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de acessar a página, procurar pela

seção Disciplinas e clicar em Notação Musical no Computador. Entre outros itens está o

Page 53: Memorial de Carreira

42

Cronograma ou Plano de Aulas da última vez que a disciplina foi ofertada. Alguns materiais

exigem senha para serem abertos. A senha é sempre a palavra "elanif".

2.1.3.4.1. Laboratório de Apoio às Disciplinas Teóricas

A Escola de Música tem um órgão complementar denominado Centro de Pesquisa em Música

Contemporânea - CPMC. Esse órgão já passou por diversas reformulações e exerceu

diferentes papeis durante a sua existência. Uma de suas funções foi organizar e coordenar

atividades em laboratórios da Escola de Música. Entre eles está o Laboratório de Apoio às

Disciplinas Teóricas. Esse laboratório tem a função de servir a disciplinas do curso de música

que utilizam o computador. É uma sala com diversos computadores, teclados Midi, acesso a

Internet e diversos aplicativos. Com o desenvolvimento da tecnologia, o barateamento dos

notebooks e dos aplicativos, ele tem aos poucos se tornado obsoleto, mas ainda está em uso na

Escola de Música e exerce uma importante função. Diversos conteúdos são ministrados no

mesmo. Entre esses conteúdos destacamos a disciplina que ora discutimos, a Notação Musical

no Computador.

Coordenei por vários anos esse laboratório, apoiando a todos os professores e alunos que

precisavam utilizá-lo, seja para as aulas de suas disciplinas, seja para projetos que dependiam

do computador. O Laboratório foi fundamental para que a disciplina tivesse êxito.

FIGURA 18 - Laboratório de Apoio às Disciplinas Teóricas

Page 54: Memorial de Carreira

43

2.1.3.4.2. Projeto de ensino: Iniciação à Docência em Disciplinas e Atividades que

Utilizam a Notação Musical no Computador

Para que o Laboratório de Apoio às Disciplinas Teóricas tivesse um melhor aproveitamento

por professores, funcionários e estudantes, elaborei projetos de ensino para obtenção de

recursos e bolsas para que monitores mantivessem o laboratório aberto para que outros

pudessem também utilizá-lo.

Durante os anos de 2003 a 2008 mantive projetos de ensino com bolsa de monitoria nesse

laboratório. Primeiro, em 2003, participando do projeto Práticas Musicais com Suporte de

Novas Tecnologias nos Laboratórios do Centro de Pesquisa em Música Contemporânea -

CPMC apoiado pela UFMG e depois, de 2004 a 2008, com o meu próprio projeto, que dá

título a essa seção do memorial. Em todos os anos participamos da Semana do Conhecimento

da UFMG apresentando Posters do Projeto. Abaixo está a ilustração de um desses Posters

apresentados.

Observei, com o passar do tempo, que a demanda pelo uso do Laboratório fora dos horários

das disciplinas foi diminuindo com barateamento do computador e aplicativos. Parei então de

reapresentar o projeto para obter bolsas de monitoria. O Laboratório continua sendo usado

mas não tem mais horário aberto para os estudantes frequentá-lo, a não ser aqueles que estão

trabalhando em um projeto específico e os professores que o utilizam para dar aulas ou uma

atividade com apoio do computador.

Essa atividade de orientação de monitores rendeu vários frutos. Além das obras editadas que

serão relatadas abaixo, monitores como Jônatas de Souza Reis se tornou um Editor respeitado

e muito procurado por compositores. Maiores informações sobre o trabalho de Jônatas pode

Page 55: Memorial de Carreira

44

ser acessado no endereço http://souzareiseditoracaodepartituras.blogspot.com.br. Jonatas tem

participado de vários projetos na Escola de Música e tem se destacado como compositor

recebendo diversos prêmios como o Tinta Fresca da Orquestra Filarmônica de Minas Geais,

Edição 2015.

FIGURA 19 - Poster sobre o projeto de ensino acima apresentado, 2008

Page 56: Memorial de Carreira

45

Outros Monitores passaram pelo projeto nesses anos, entre eles estão: Rafael Nassif (hoje

compositor com vários prêmios acumulados), Willsterman Sottani Coelho (professor da

UFSJ), Daniel Costa de Souza, Lourenço Carvalho Silva e Gustavo Laporte Amaral.

Os Relatórios de Atividades e os outros Posters do Projeto podem ser visualizados na minha

página http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de acessar a página, procurar pela seção

Disciplinas e clicar em Projetos de Ensino - Orientação de Graduação. Alguns materiais

exigem senha para serem abertos. A senha é sempre a palavra "elanif".

FIGURA 20 - Exemplo de obra editada no projeto: "Abertura da Ópera Tiradentes" Manoel Joaquim de

Macedo (1847 -1925)

Page 57: Memorial de Carreira

46

FIGURA 21 - Exemplo de obra editada no projeto: "La vivion de los vencidos" Eduardo Bértola (1939-

1996), ex-professor da Escola de Música

2.1.3.4.3. Banco de dados Laboratório de Edições

Depois de anos lecionando essa disciplina construí um banco de dados, juntamente com os

monitores, com informações sobre os meus trabalhos, dos alunos e monitores que

frequentaram a disciplina e realizaram edições no laboratório. Todos esses trabalhos foram

coordenados por mim. São mais de trezentas obras editadas. Para serem usados, seja para a

performance, seja para a publicação, esses materiais precisam de uma boa revisão. Eu mesmo

já usei diversos deles para meus trabalhos de transcrição e performance.

Denominei esse trabalho de Laboratório de Edições. Entre as obras mais importantes que

fazem parte desse banco de dados estão: a Abertura da Ópera Tiradentes de Joaquim Manoel

de Macedo; as obras de Eduardo Bértola, Grandes Trópicos e La visión de los vencidos;

Retratos do Tempo de Gilberto Carvalho, Quarteto de Cordas de Glauco Velasquez, Sonata

Page 58: Memorial de Carreira

47

Violoncelo e Piano de Helza Cameu, e muitas outras obras. Todos os arquivos digitados no

Finale ficam em uma pasta e estão numerados. A consulta ao banco de dados pode ser feita

por compositor ou por formação instrumental. Após consultar o banco de dados e identificar a

numeração do arquivo, o mesmo pode ser consultado nesta pasta.

O Poster da apresentação na XII Semana da Graduação da UFMG disponível na minha

Webpage mostra esse trabalho. O Banco de Dados completo também pode ser acessado em

minha página. Acessando-o sabemos que obras foram editadas, mas o arquivo digitado não

está presente na Internet. Se algum colega quiser utilizar esse material basta entrar em contato

comigo, uma vez que os arquivos não estão disponíveis na Internet. Esse banco de dados pode

ser acessado na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de acessar

a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Notação Musical no Computador e

depois no link Laboratório de Edições para acessar o arquivo com o Banco de Dados e o

Arquivo com instruções para a Consulta no mesmo endereço. A senha para abrir esses

arquivos é "elanif".

FIGURA 22 - Exemplo de consulta ao banco de dados com lista de parte das obras do compositor Cláudio

Santoro editadas no lab. e lista dos arquivos digitados no Finale

Page 59: Memorial de Carreira

48

2.1.3.5. Empreendedorismo na Área de Música

Essa disciplina pertence ao Grupo 2 de Optativas: Teoria e Pesquisa em Música. Basicamente

a disciplina apresenta conceitos básicos sobre o Empreendedorismo e sua aplicação na área de

música, em especial na elaboração de projetos para programas de apoio à cultura. Vários

assuntos foram tratados relacionados à identificação de oportunidades de estudo, trabalho e a

criação de empresas como a Empresa Júnior e o Microempreendedor Individual. Sempre

enfatizamos que uma pessoa empreendedora não é somente aquela que abre um negócio e

ganha muito dinheiro. Podemos ter um professor empreendedor dentro de sua organização, ou

um padre dentro de sua comunidade ou o gerente de uma empresa. Qualquer carreira para ser

bem sucedida precisa de um bom grau de empreendedorismo. Cada um de nós faz as suas

escolhas de carreira, seja montado o próprio negócio, seja trabalhando dentro de uma

organização pública ou privada. Convidamos outros professores e técnicos para falar de suas

carreiras e suas áreas de atuação.

Entre as atividades da disciplina sempre incluí no conteúdo a apresentação da Empresa Junior,

com auxílio de estudantes de outras áreas da UFMG e outras Universidades. Empresa Junior é

uma empresa sem fins lucrativos, formada exclusivamente por estudantes de graduação e que

tem como principal objetivo o de iniciar a inserção de estudantes no mercado de trabalho,

realizando um treinamento real na gestão de um negócio. Em uma das ofertas da disciplina

organizei o evento “Empresas Juniores – Perspectivas para a área de cultura”. O evento foi

uma oportunidade para que estudantes convidados da UFMG e UFOP apresentassem suas

experiências com Empresas Juniores e ao mesmo tempo, realizassem um debate com os

estudantes da Escola de Música, da Escola de Belas Artes e da Faculdade de Letras sobre as

perspectivas de criação de Empresas Juniores na área de Produção Artística. Estudantes do

Curso de Artes Cênicas e Música da UFOP falaram de sua empresa MultiCultural Produções

Page 60: Memorial de Carreira

49

Artísticas. Fundada em 2004, essa é a primeira Empresa Junior da área de artes do Brasil.

Maiores informações sobre essa Empresa Junior podem ser obtidas no endereço

http://www.multicultural.ufop.br. O evento foi documentado em vídeo contendo as palestras e

os debates que foram realizados.

FIGURA 23 - Organizações da UFOP e UFMG que participaram do evento Empresas Juniores

– Perspectivas para a área de cultura

Apesar do esforço que fiz para que os estudantes da área de Música e Artes da UFMG

criassem a sua própria Empresa Júnior, não tive sucesso. Nesse período o Curso de Música

tinha em sua maioria alunos do Bacharelado em Instrumento. Como já demonstrei antes,

alunos do Bacharelado em Instrumento se dedicam exclusivamente à prática diária do

instrumento e deixam para pensar na carreira depois de formados. É uma questão de perfil.

Em uma dessas aulas uma aluna de Canto, assustada, exclamou "Ele quer que a gente crie

uma empresa!" O perfil dos estudantes do curso de música mudou bastante com o projeto

Reuni. A Licenciatura teve uma grande expansão e foram criadas habilitações novas como a

Música Popular e a Musicoterapia. Pode ser que em uma próxima oferta dessa disciplina

tenhamos êxito em criar uma Empresa Junior na área de Artes ou apenas na área de Música na

UFMG.

Page 61: Memorial de Carreira

50

Ser uma Pessoa Jurídica hoje em dia é cada vez mais necessário, inclusive para autônomos ou

freelancers. Ninguém mais quer pagar a Pessoa Física com o tradicional RPA - Recibo de

Pagamento de Autônomo, é preciso ter Nota Fiscal. Por isso o MEI - Microempreendedor

Individual tem se mostrado muito útil para músicos jovens em início de carreira ou mesmo

para aqueles que completam a renda de um emprego fazendo também trabalhos fora de sua

organização.

Outro aspecto importante tratado nessa disciplina e que cobre a maior parte do conteúdo é o

estudo das Leis de Incentivo à Cultura. São apresentadas a Lei Federal, a Estadual de Minas

Gerais e a Municipal de Belo Horizonte. Criamos uma verdadeira Oficina de projetos

culturais onde os alunos, depois de conhecer as leis, elaboram em grupo ou individualmente

projetos e os apresentam para a turma. Alguns projetos elaborados nessa disciplina foram para

o mercado e tiveram êxito. Um exemplo disso é o Projeto "Eu Gostaria de Ouvir" de Rafael

Nassif. Esse projeto teve o seu embrião nessa disciplina. Foi aprovado mais de uma vez na

Lei Municipal de Incentivo à Cultura e estimula o público a apreciar a Música

Contemporânea que utiliza Novas Linguagens.

FIGURA 24 - Projeto "Eu gostaria de ouvir" de Rafael Nassif

Mais informações sobre essa disciplina e os materiais de ensino podem ser obtidos na minha

página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de acessar a página, procurar pela

seção Disciplinas e clicar em Empreendedorismo na Área de Música - Ênfase na Elaboração

Page 62: Memorial de Carreira

51

de Projetos Culturais. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas da última vez

que a disciplina foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem abertos. A senha é

sempre a palavra "casals".

2.1.3.5.1. Banca de defesa de monografia – TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

A disciplina Empreendedorismo na Área de Música despertou interesse não somente no Curso

de Música, mas também em outros cursos como o de Comunicação Social e o de Turismo.

Alunos de outros cursos frequentaram essa disciplina como eletiva. Só não foram ofertadas

mais vagas de eletivas porque a procura no curso de música foi muito grande. Um desses

alunos me convidou recentemente, 2014, para compor a banca de defesa de seu trabalho final

de graduação no Curso de Turismo do Instituto de Geociência. O trabalho tem o título “A

Importância dos Apoios Financeiros no Desenvolvimento do Setor Cultural de Belo Horizonte

- Uma análise a partir do setor da música erudita” e foi defendido pela aluna Bruna Fantini

Silva von Dollinger.

2.1.3.6. Didática dos Instrumentos - Cordas

A Disciplina pertence ao Grupo 4 - Música e Pedagogia. Essa disciplina é ofertada para

diversos instrumentos. Em nosso caso é para a área de Cordas Friccionadas, isto é, Violino,

Viola, Violoncelo e Contrabaixo. Em algumas áreas de instrumentos e canto um professor é o

responsável e em outras todos os professores participam. Os Professores das Cordas se

revezam em aulas sobre tópicos relacionados ao seu instrumento. Cada Professor tem um

Módulo. No meu caso apresento tópicos como os Golpes de Arco, os Princípios da Produção

do Som nos Instrumentos de Corda, Anatomia, História e Linguagem do Violoncelo e por

diversas vezes apresentei a Perfomance de Sons Harmônicos no Violoncelo, tema do meu

Page 63: Memorial de Carreira

52

trabalho final de doutorado. Existe muita confusão e mal entendido a respeito dessa técnica no

meio musical, não somente por parte dos instrumentistas, mas também de regentes,

compositores e pesquisadores. Nesse módulo apresento um pouco da teoria acústica sobre os

sons harmônicos, a história da sua utilização na música, os dois tipos, naturais e artificiais, as

principais técnicas de performance e diversos exemplos do repertório. O aluno é convidado a

apresentar soluções para a perfomance de uma passagem do repertório de seu instrumento,

apresentado-as em aula. Mais informações sobre essa disciplina e os materiais de ensino

podem ser obtidos na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Depois de

acessar a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Didática dos Instrumentos de

Corda. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas da última vez que a disciplina

foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem abertos. A senha é sempre a palavra

"casals".

2.1.3.7. Linguagem do Violoncelo: Orquestração e Prática

Essa Disciplina pertence ao Grupo 1 - Tópicos em Estruturação da Linguagem Musical. A

disciplina foi ofertada para os alunos de composição do curso de música, mas matricularam-se

também alunos de outras habilitações e da modalidade licenciatura. Inclui em seu conteúdo a

apresentação do instrumento Violoncelo em todos os seus aspectos, anatomia, história,

princípios da produção do som nos instrumentos de corda e a sua linguagem idiomática. Este

último tópico ocupa grande parte da disciplina como a técnica de arco, a técnica de mão

esquerda, as técnicas estendidas e exemplos do repertório. Uma segunda parte da disciplina

aborda a prática. Os alunos têm algumas aulas práticas com instrumentos da Escola de

Música, onde experimentam tocar pequenas peças para iniciantes inclusive com as técnicas

estendidas. Em uma terceira parte são orientados a compor peças ou fazer uma transcrição de

pequena duração para o violoncelo, solo ou em grupos de até quatro instrumentos.

Page 64: Memorial de Carreira

53

Ao final do semestre o professor e os alunos da disciplina violoncelo apresentam as obras

compostas nessa disciplina na Audição semestral da disciplina Violoncelo. O programa da

audição está na página da disciplina. Mais informações sobre essa disciplina e os materiais de

ensino podem ser obtidos na minha página pessoal: http://musica.ufmg.br/claudiourgel.

Depois de acessar a página, procurar pela seção Disciplinas e clicar em Linguagem do

Violoncelo: Orquestração e Prática. Entre outros itens está o Cronograma ou Plano de Aulas

da última vez que a disciplina foi ofertada. Alguns materiais exigem senha para serem

abertos. A senha é sempre a palavra "casals".

FIGURA 25 - Programa da Audição de Violoncelo com obras compostas na disciplina Linguagem do Violoncelo

-Orquestração e Prática

Page 65: Memorial de Carreira

54

2.2. Pós-Graduação

O projeto de criação do Mestrado em Música da UFMG teve com relator o Professor Fausto

Borém e a implantação do curso ficou a cargo do Professor Lucas Bretas. Participei no PPGM

- Programa de Pós-Graduação em Música da UFMG de diversas maneiras: atuando como

membro da comissão que analisou a proposta inicial contendo duas áreas de concentração e

sua adequação ao quadro docente da Escola de Música; exercendo o cargo de Diretor da

Escola de Música e membro do Conselho Universitário acompanhei a sua apresentação para

os diversos órgãos da UFMG e do MEC para sua aprovação e credenciamento; atuando como

membro do Colegiado de Pós-Graduação da Escola de Música; lecionando disciplinas,

orientando trabalhos e estágio docente e como membro de bancas de avaliação entre outras

atividades.

A criação do Mestrado em Música da UFMG aconteceu em 1999, mas a sua discussão e as

comissões existiram muitos anos antes. Um dos problemas para a sua implantação antes desta

data era a falta de corpo docente com titulação adequada e a irregularidade na distribuição do

corpo docente titulado, muitos docentes na área de performance musical e poucos nas outras

áreas pretendidas. Na sua primeira versão aprovada, o Mestrado possuía apenas uma Área de

Concentração, Performance Musical. Em 2004, o Mestrado em Música abandonou essa forma

de organização, Área de Concentração, e adotou a Linha de Pesquisa como forma de

orientação.

Entre 1999 e 2005 o Mestrado em Música sofreu várias modificações distanciando-se cada

vez mais da ênfase na Performance Musical. Sempre respeitei a opinião alheia e o direito ao

contraditório, mas ao mesmo tempo não abri mão de minhas convicções e de minha formação.

Em 2005 tomei a decisão de me afastar do Mestrado em Música por acreditar que as

Page 66: Memorial de Carreira

55

mudanças realizadas estavam se distanciando do meu perfil de formação, da minha área de

atuação como professor e violoncelista e da área de concurso público realizada por mim

quando fui contratado pela UFMG como Professor em 1988. Acreditei naquele momento que

seria mais útil à Escola de Música atuar na Graduação, criando disciplinas optativas como as

que relatei acima e que a Escola de Música precisava muito.

Desvantagem por um lado e vantagem por outro. Meu afastamento da Pós-Graduação em

Música me permitiu ter uma dedicação muito maior à Graduação em Música. Não pode haver

hierarquização entre essas duas áreas do Ensino Superior. A própria regulamentação de

avaliação publicada pelo Ministério da Cultura, a Portaria Nº 982 citada no Histórico da

primeira seção desse documento, que trata da promoção à Classe E, denominada de Professor

Titular, afirma que o Professor deve atuar na Graduação "e/ou" na Pós-Graduação. Na

Graduação em Música, além da disciplina Violoncelo que ofereço desde a minha contratação,

ofereci nesses últimos anos sete disciplinas optativas nos cinco grupos, contribuindo assim

para o novo currículo do curso.

Espero poder voltar a ter uma atuação plena na pós-graduação, uma vez que hoje participo

indiretamente como membro de Bancas de Defesa de Dissertação e na orientação de Estágio

Docente de alunos do Mestrado, quando seu instrumento é o Violoncelo. Acredito que essa

atuação plena somente acontecerá quando tivermos na Escola de Música da UFMG cursos em

que meu perfil, e de muitos outros professores da Escola de Música, esteja adequado. Isso

poderá acontecer quando criarmos um novo programa com a ênfase Profissional, como vem

acontecendo em outras Universidades Federais Brasileiras. Desde 2009 o Ministério da

Educação publicou a Portaria Normativa No- 17, de 28 de dezembro de 2009 regulamentando

a criação dessa modalidade de curso. Em 2010, quando estávamos discutindo as propostas

para a gestão da Escola de Música, quadriênio 2010 a 2014, propus a criação desse curso, mas

Page 67: Memorial de Carreira

56

não tive o apoio necessário para que começássemos a desenvolver essa ideia. Quando

mexemos na estrutura de uma organização há sempre riscos, mas se não corrermos riscos

vamos ficar parados e ver outras intuições se devolverem. Criamos recentemente novas

habilitações e uma nova licenciatura para o Curso de Graduação em Música. Existem diversos

problemas que surgiram a partir desta ação, como o prédio anexo que está longe de ser

concluído, mesmo tendo já três turmas formadas nas novas habilitações e na licenciatura

noturna. Porque existem riscos não quer dizer que não devemos agir. Existe a demanda e

existe grande número de professores interessados. O Mestrado Profissional é a perspectiva

para que a produção artística esteja presente na Pós-Graduação da Escola de Música da

mesma maneira em que está na Graduação. A vocação para a prática na Escola de Música

pode ser observada na oferta de disciplinas optativas na graduação. Enquanto o Grupo 3 -

Música de Conjunto e Práticas Interpretativas é ofertado em média cinquenta disciplinas, nos

outros grupos é ofertado uma média de cinco disciplinas cada.

Espero poder contribuir para a criação do Programa de Pós Graduação Profissional em

Música na UFMG, independente do atual, e que por isso tem todos os procedimentos para a

sua criação, credenciamento e avaliação diferenciados e independentes do Programa

Acadêmico existente. Outras Universidades Federais já tomaram essa iniciativa. A

Universidade Federal da Bahia -UFBA criou o Programa de Pós-Graduação Profissional em

Música - PPGPROM que já está no terceiro processo seletivo. Maiores informações sobre

esse curso podem ser obtidas no endereço http://www.ppgprom.ufba.br. A Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNRIO também criou o seu programa profissional, é o

Programa de Mestrado Profissional em Ensino das Práticas Musicais - PROEMUS. Mais

informações sobre esse curso podem ser obtidas no endereço http://www.unirio.br/proemus.

Outras instituições estão no processo de criação do programa profissional como é o caso da

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ que promete o edital para 2016. Essa

Page 68: Memorial de Carreira

57

informação pode ser conferida no endereço http://www.musica.ufrj.br, localizar notícias e

pós-graduação.

A Escola de Música da UFMG não pode ficar atrás nesse processo. Para dar início a essa

discussão basta que a Direção da Unidade e a Congregação da Escola de Música formem uma

Comissão de Professores, após a indicação dos Departamentos, para iniciar a Elaboração do

Projeto de mais um Programa de Pós-Graduação para a Escola de Música. A partir desta ação

muitas outras viriam relacionados à Escola de Música, à UFMG e à CAPES. A UFMG está

com sua Resolução sobre esse assunto desatualizada, uma vez que a mesma é de 2008,

anterior a norma do MEC, que é de 2009. Quando fizemos a reforma da Graduação em 2000,

as Normas de Graduação da UFMG, que são de 1990, tiveram que ser flexibilizadas para que

o novo currículo fosse aprovado.

Apresentei acima uma justificativa e esclarecimentos para o meu afastamento da Pós-

Graduação da Escola de Música, seja como Professor Permanente ou Colaborador, mas

continuo vinculado à pós-graduação, uma vez que sou regularmente convidado para participar

de bancas de defesa do mestrado em música e tenho orientado o estágio docente de alunos da

linha de pesquisa em Performance Musical. São alunos Violoncelistas e Bolsistas da CAPES.

Abaixo relato as disciplinas e orientações que realizei no período em que estive na pós-

graduação e outras atividades que ainda exerço hoje.

2.2.1. Violoncelo

A disciplina Violoncelo I, II, III e IV, que mais tarde mudou de nome para Prática

Instrumental I, II, III e IV é obrigatória para a área de Performance Musical e não difere muito

no conteúdo e na metodologia de ensino da Graduação. O que muda realmente é o nível

Page 69: Memorial de Carreira

58

técnico-musical das obras e a ênfase no repertório que irá compor o Recital de Mestrado do

aluno. Os primeiros alunos do Mestrado em Música faziam dois recitais e, portanto,

dependiam mais da aula de instrumento. Quase todos faziam os dois períodos obrigatórios,

Violoncelo I e II, e também os dois optativos, Violoncelo III e IV.

O nível técnico-musical de estudantes de música no Brasil é muito heterogêneo. Isso acontece

pela falta de uma formação básica adequada, da falta de ensino de música nas escolas e da

falta de escolas públicas com ensino técnico em música. Para mim esta errado afirmar que

alunos de pós-graduação não precisam mais de aulas de instrumento porque sua experiência e

formação na graduação são o suficiente para realizar seu recital de mestrado ou doutorado.

Isso pode ter acontecido para alguns alunos devido à demanda reprimida por muitos anos por

uma pós-graduação stricto sensu em música em Belo Horizonte e no Brasil. Por isso tivemos

alguns alunos que já tinham uma carga profissional grande antes de entrar na pós-graduação,

mas isso acontece com poucos alunos. Portanto defendo que os alunos de um Mestrado em

Música na Área de Performance, onde o Recital faz parte do trabalho de conclusão do curso,

tenham aulas de instrumento ou canto com um professor especialista. Por isso afirmo "quem

ministra aulas de violoncelo é um violoncelista". Essa não tem sido a orientação e a prática do

nosso atual Mestrado em Música. Na área administrativa esse princípio é muito importante

porque esse tem sido nosso argumento quando solicitamos a reposição de perda de

professores de instrumento que tem baixa procura. Se tivermos apenas um aluno de harpa ou

oboé ou de fagote, mesmo assim precisaremos sempre de um especialista para dar aula desse

instrumento, por razões que nós músicos entendemos perfeitamente, mas para professores

administradores da Universidade de outras áreas não é tão claro. Um professor de Violoncelo

pode ter carga didática sobrando mas não tem como dar aula de oboé.

Page 70: Memorial de Carreira

59

2.2.2. Pedagogia das Cordas

A disciplina Pedagogia das Cordas foi ofertada algumas vezes no Mestrado em Música. Como

na Didática dos Instrumentos – Cordas da Graduação, a Pedagogia das Cordas da Pós-

Graduação era dividida em Módulos e cada um dos Professores de Cordas (Violoncelo,

Violino, Viola e Contrabaixo) do Mestrado ficava responsável por um Módulo. No Módulo

do Violoncelo apresentei conteúdos como a Técnica de Mão Esquerda e de Arco do

Violoncelo, entre outros conteúdos. O trabalho dos alunos no módulo de minha

responsabilidade era criar um programa de estudos para o seu instrumento específico no nível

Iniciante, Intermediário e Avançado, selecionando exercícios, estudos e obras adequadas para

cada nível.

2.2.3. Recursos Computacionais para a Edição de Partituras e Outros Documentos

O nome completo da disciplina é “Recursos computacionais para a edição de partituras e

outros documentos (relacionados ao trabalho final do Mestrado em Música – recital, artigo e

dissertação)”. É uma disciplina optativa na categoria dos Tópicos Variáveis. O conteúdo

inclui os principais recursos e ferramentas para a editoração de partituras no computador

usando o aplicativo Finale, assim como a formatação no aplicativo Word for Windows do

documento final do Mestrado em Música, seja um Artigo, uma Dissertação ou um Programa

de Concerto Comentado. Foram desenvolvidos vários Modelos (Templates) e uma Biblioteca

de Estilos para a formatação de todas as partes do documento. O conteúdo inclui também o

conhecimento, a utilização e a edição de documentos com vários formatos, tais como, “dot”,

“doc”, “pdf” e “tif”, e outros. Incluem-se instruções de como organizar e converter todos os

documentos editados para o formato "pdf", mas de uma forma bem mais navegável e não a

simples conversão para "pdf".

Page 71: Memorial de Carreira

60

No caso do programa Finale utilizei a Apostila "Notação Musical no Computador - Programa

Finale”. Apenas as principais ferramentas, e não todo o conteúdo da disciplina foram

incluídas nesse caso. O aplicativo oferece, por exemplo, opções de como entrar com as notas

e ritmos. Não apresentei todas as opções, mas apenas a mais utilizada. No caso de outros

tópicos enfatizei aqueles necessários para os trabalhos acadêmicos, tal como, criar um

exemplo musical no Finale, convertê-lo em uma imagem e introduzi-lo como figura no

documento do Word da Microsoft. Desta maneira reduzi o conteúdo do aplicativo Finale para

introduzir outros assuntos relacionados à edição e formatação dos documentos acadêmicos na

área de música. A Apostila pode ser baixada em minha página de professor no endereço

http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar a seção Disciplinas e depois Recursos

Computacionais. A senha para abrir a apostila é a palavra “elanif”.

Para a formatação do documento acadêmico no aplicativo Word for Windows criei diversos

Modelos (Templates), que são arquivos “.dot”. Modelos são documentos eletrônicos em que

nos baseamos para criar outros documentos utilizando os padrões instalados neles, como as

margens da página, fontes, estilos de cada tipo de parágrafo, entre outros elementos. O

próprio Word for Windows contém os seus modelos, mas estes não seguem exatamente a

ABNT e o formato Acadêmico. Os modelos foram criados para cada uma das páginas do Pré-

Texto, Texto e Pós-Texto de uma Dissertação, da Capa aos Anexos. Para formatar esses

documentos criei também uma Biblioteca de Estilos. A Biblioteca de Estilos foi inserida

dentro de cada Modelo. Para criar os Modelos e Biblioteca de Estilos usei como referência o

livro Manual para normalização de publicações técnico-científicas de Junia Lessa França et

al., 7ª edição, 2004, que por sua vez é baseado nas Normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas - ABNT.

Page 72: Memorial de Carreira

61

Estilo é um termo técnico do Microsoft Word usado para definir características de formatação

de palavras, títulos, legendas, citação e outros elementos do texto. Uma Biblioteca de Estilos

pode ser aplicada também em documentos criados ou não com o modelo que armazena os

estilos. A minha Biblioteca tem vinte e quatro estilos para a formatação de elementos como o

Título de Seção Primária (Centralizado, Letras Maiúsculas, Quebra de Página, etc.), Texto

Normal, Título de Tabela, e muitos outros.

Para orientar o estudo dos alunos na disciplina criei uma Apostila intitulada “Edição e

Formatação de documentos acadêmicos no computador – Modelos para o Microsoft

Word/Windows”. Acompanham a apostila os arquivos eletrônicos, isto é, os Modelos no

formato “dot” para serem copiados para o computador individual de cada aluno e usados para

a formatação do documento acadêmico. A Apostila e os Modelos (Arquivos “dot”) podem ser

baixados em minha página de professor no endereço http://musica.ufmg.br/claudiourgel.

Localizar a seção Disciplinas e depois Recursos Computacionais. A senha para abrir a

Apostila é a palavra “lenafi”.

É uma exigência hoje que todos os documentos acadêmicos sejam apresentados também no

formato eletrônico para comporem a Biblioteca Digital das Universidades. O formato mais

utilizado é o “pdf”, que quer dizer Portal Document Format (Documento em Formato

Portátil). O aplicativo utilizado é o Adobe Acrobat. Essa é uma maneira de termos, em um

mesmo documento, partes elaboradas em diferentes aplicativos. A Adobe disponibiliza

gratuitamente o Abobe Reader para que esses documentos sejam visualizados. Muitas outras

empresas hoje disponibilizam esses leitores de pdf, mas não têm a capacidade de editar o pdf.

É uma das possibilidades de formato para o que é atualmente chamado e-book.

Page 73: Memorial de Carreira

62

Em consultas que fiz a diversas bibliotecas digitais observei que, na maioria quase que

absoluta das vezes, se fazia apenas uma conversão simples para o “pdf”. Às vezes temos que

lidar com um documento de duzentas, trezentas ou mais páginas sem as ferramentas de

navegação próprias dos documentos eletrônicos. A leitura do documento fica muito incômoda

e muito difícil localizar as seções. Essa foi a minha motivação para incluir esse conteúdo na

disciplina e também criar a Apostila descrita abaixo. Com o uso dos Modelos e Biblioteca de

Estilos que criei, podemos no momento da conversão criar também os Marcadores e Links

que facilitam a navegação pelo documento.

Page 74: Memorial de Carreira

63

FIGURA 26 - Capa das apostilas para os assuntos relacionados a esta disciplina

A apostila para essa parte da disciplina tem o título “Conversão de documentos editados no

Microsoft Word e no Finale para o Formato Adobe PDF”. A Apostila pode ser acessada em

minha página de professor no endereço http://musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar a seção

Disciplinas e depois Recursos Computacionais. A senha para abrir a apostila é a palavra

“lenafi”.

2.2.4. Tópicos em Música - Oficina de Performance/Violoncelo

A disciplina Oficina de Performance foi ofertada como uma disciplina de Tópicos em Música

de Conteúdo Variável em diversos semestres. É uma versão para a Pós-Graduação da

disciplina de mesmo nome da Graduação. Nessa disciplina os alunos têm a oportunidade de

apresentar as obras que estão trabalhando para o seu Recital de Mestrado, em uma aula

coletiva com a presença dos alunos de Violoncelo da Pós-Graduação e da Graduação. Os

Page 75: Memorial de Carreira

64

alunos participam também da Audição Semestral que reúne os de Graduação e Pós-Graduação

em Violoncelo. Na versão atual do Mestrado a disciplina que mais se relaciona com essa é a

Seminários em Performance Musical, com a diferença em que na atual os trabalhos teóricos

sobre as obras estudadas também são apresentados.

2.2.5. Orientação, estágio docente e banca de defesa

Como relatado antes, atualmente não faço parte do corpo docente do PPGM da Escola de

Música, isto é, não tenho o vínculo de professor, seja permanente ou colaborador. Mas

enquanto tive este vínculo pleno orientei alunos de Violoncelo para o Recital de Mestrado e

nos seus trabalhos teóricos também. Foram trabalhos relacionados ao Violoncelo e a área de

concentração Performance Musical. A aluna Ana Paula Faria Ferreira editou e tocou em seu

recital de mestrado a Sonata para Violoncelo e Piano de Helza Camêu. O aluno Antônio

Afonso Gonçalves transcreveu e tocou diversas valsas da obra “16 Valsas para Fagote Solo de

Francisco Mignone” em seus dois recitais e escreveu uma dissertação sobre três dessas valsas.

A aluna Sheila Sampaio Ribeiro apresentou, além de dois recitais de mestrado, o trabalho

“Análise e Classificação de Estudos para Violoncelo”.

Apesar de não estar mais vinculado como professor ao PPGM – Programa de Pós-Graduação

em Música da Escola de Música continuei participando de Bancas Examinadoras de Defesa

de Dissertação. Entre as últimas bancas que participei, podemos citar: Recital de Mestrado e

Defesa de Dissertação da Violoncelista Marie Stephanie Jeanne Bernard com o trabalho de

edição crítica da obra “Sonata Nº 2 para Violoncelo e Piano (1912) de Glauco Velasquez”, em

2012; Recital de Mestrado e Defesa de Dissertação da Violoncelista Paula Thais Malaquias

Mendes Gomes com o título “Cesário Mendes: Vida e Obra de um Compositor

Itapecericano”, em 2014; Recital de Mestrado e Defesa de Dissertação do Violoncelista

Page 76: Memorial de Carreira

65

Carlos Márcio Norberto Bicalho com o trabalho “Considerações sobre Ponteio e Dansa para

violoncelo e piano de Camargo Guarnieri”, 2014. O fato de ser convidado para orientar o

estágio docente de um aluno de Mestrado em Música, cujo instrumento é o violoncelo, mostra

que é preciso um especialista para que o curso receba alunos de um instrumento específico.

Outra participação no Mestrado em Música da UFMG, mesmo depois da minha desvinculação

do curso, foi através de meus Modelos e Biblioteca de Estilos elaborados para o aplicativo

Word da Microsoft que continuaram a ser usados por alunos do curso por muitos semestres,

mesmo depois que interrompi a oferta da disciplina.

Outra participação no PPGM da Escola de Música tem sido através da orientação do Estágio

Docente de alunos do Mestrado em Música, cujo instrumento é o Violoncelo e que têm de

realizar este trabalho por serem bolsistas da CAPES. Os dois últimos orientandos foram:

Gláucia Furtado que fez estágio nas Disciplinas Violoncelo e Oficina de Performance, em

2014 e Carlos Márcio Bicalho que fez estágio na disciplina Instrumento Complementar,

também em 2014.

2.3. Carga didática total

Observando os relatos acima se vê que nos últimos anos ofereci diversas disciplinas optativas

para o Curso de Música, uma vez que não estava ofertando disciplinas na Pós-Graduação.

Além da disciplina Violoncelo, sete outras disciplinas foram ofertadas. Infelizmente isso não

está ocorrendo mais. Além da disciplina Violoncelo, obrigatória, a única optativa totalmente

sob a minha responsabilidade é a Oficina de Performance. Já disse antes que para mim a

Oficina deveria ser obrigatória, tamanha a sua importância. No primeiro semestre letivo de

2015 estavam previstas treze turmas da disciplina Violoncelo, isto é, treze alunos. Desses,

Page 77: Memorial de Carreira

66

doze se matricularam. Somando-se à Oficina de Performance chegamos a quatorze horas-aula.

Durante um mês fico também responsável pela disciplina Didática dos Instrumentos - Cordas.

Nesse mês chego, portanto, a dezesseis horas-aula. As turmas de Violoncelo foram crescendo

aos poucos nos últimos anos. Com esses números na minha área específica fica difícil

continuar contribuindo para a oferta de disciplinas optativas em outras áreas, ou grupos de

optativas. Apresento esses números para justificar a minha falta de oferta de optativas nos

últimos semestres.

Como esse é um espaço para uma visão crítica da minha carreira e da minha inserção na

UFMG, aproveito para tecer alguns comentários sobre essa condição de carga didática no

curso onde atuo. Dezesseis horas-aula na UFMG quer dizer Maximização da Carga Didática.

De acordo com as normas da UFMG que acabam de ser atualizadas, Resolução 02/2014 do

Conselho Universitário, o professor está maximizado quando a sua carga didática está entre

dezesseis e vinte e quatro horas-aulas semanais. Quando isso acontece o professor está

dispensado de outros encargos acadêmicos. Isso é muito ruim para o professor porque sem

outros encargos acadêmicos ele vê a sua carreira na instituição prejudicada. Se ele não tiver o

que relatar de produção intelectual e administração, não terá os pontos necessários para a sua

progressão e promoção na carreira, mesmo que seu relatório individual seja aprovado pela

Câmara Departamental e sua DE, Dedicação Exclusiva, seja mantida.

Outro aspecto negativo da Maximização da Carga Didática na aérea específica do professor é

o fato de não poder ofertar disciplina optativa de outras áreas, prejudicando assim o Mapa de

Ofertas do Curso de Música. Alguns grupos de optativas têm tão baixa oferta que os alunos as

apelidaram de "Optatórias". Não é o caso aqui de discutir uma reforma curricular e mudanças

nas normas da UFMG, mas alguma coisa deve ser feita para que o Curso de Música continue

com a Flexibilização Curricular e que o professor não fique prejudicado na sua Produção

Page 78: Memorial de Carreira

67

Intelectual. Acredito que normas devem ser criadas que limitem a carga de obrigatória dos

professores, limitando vagas por habitação no vestibular, por exemplo, e crie espaço para as

optativas de sua área específica e de outras áreas da música. Acredito também que a

maximização deve ser combatida, já que ela prejudica a carreira do professor. Se for o caso,

precisaremos contratar outro professor de violoncelo para o departamento.

Page 79: Memorial de Carreira

68

3. PRODUÇÃO INTELECTUAL

Antes de fazer o relato efetivo de minha produção intelectual, faço abaixo uma pequena

discussão sobre a atividade do professor da Universidade, em especial do professor que atua

na área de cultura. O meu perfil de formação e atuação estão descritos na primeira parte desse

Memorial.

Como a Universidade é uma instituição que além de transmitir conhecimento, produz

conhecimento, pressupõe que o professor desenvolva atividades de produção intelectual na

sua área de atuação. Na condição de Violoncelista, com formação que vai do ensino básico à

pós-graduação na área de música, performance e pedagogia do violoncelo, procurei nesses

anos de carreira na Universidade atuar na área para a qual fui contratado, desenvolvendo

programas e projetos que contribuíssem tanto para o meu desenvolvimento quanto para minha

atividade de ensino. Portanto, tudo que fiz dentro e fora da universidade teve sempre o

pensamento voltado para a minha atividade de ensino na Escola de Música da UFMG,

buscando o aperfeiçoamento e novos conhecimentos através de minha produção intelectual.

Os documentos que regulamentam a organização e o funcionamento das universidades

preconizam que suas atividades são o ensino, a pesquisa e a extensão. A atividade cultural ou

a produção artística, está presente de várias formas nesses documentos mas sempre de

maneira complementar. Existem pouquíssimos programas de apoio à produção artística nas

universidades e nas chamadas agências de fomento, como CAPES, CNPQ ou FAPEMIG. A

produção artística nesse caso somente terá apoio se ela estiver inserida em um projeto de

pesquisa. Por essa razão acredito que a cultura somente terá o apoio que precisa nas

universidades quando essa área de conhecimento estiver mais claramente institucionalizada,

quando os ordenamentos básicos das universidades afirmarem que suas atividades são Ensino,

Page 80: Memorial de Carreira

69

Pesquisa, Cultura e Extensão. A consequência disso será a existência de programas

específicos para a produção artística nas universidades e nas agências de fomento que as

apóiam. Precisamos colocar a cultura também como uma área indissociável da educação,

assim como a área de pesquisa e de extensão já o são.

Não há produção sem recursos financeiros para financiá-la. A razão para apresentar os

argumentos acima é mostrar que não resta outra opção para o professor/artista que não seja

buscar externamente os recursos financeiros para desenvolver sua produção. As agências de

fomento são voltadas para pesquisa e eventos científicos. Restam-nos as leis de incentivo à

cultura. A disputa por aprovação de projetos e captação de recursos baseada nas leis de

incentivo à cultura tem um número de concorrentes gigantesco, muito maior do que a

concorrência por apoio à projetos de pesquisa e extensão dentro das universidades. Portanto

aprovar e, mais difícil ainda, captar recursos para a execução de um projeto cultural não é

tarefa fácil.

Após anos de dedicação à gestão acadêmica e à administração pública na UFMG decidi me

dedicar à produção artística e buscar no mercado externo esse apoio necessário. A experiência

de administração pública e acadêmica contribuiu para a minha formação nessa nova atividade,

mas não era suficiente. Como afirmei antes, minha carreira sempre teve a UFMG e a Escola

de Música presentes em minhas decisões. Para aprender e poder elaborar e gerenciar projetos

culturais criei a disciplina Empreendedorismo na Área de Música, relatada na seção Docência

desse Memorial. Essa foi a forma encontrada para que eu pudesse estudar esse assunto, e ao

mesmo tempo buscar os recursos necessários para a minha produção, sem nunca me desligar

da Escola de Música. Tornei-me então um Professor de Empreendedorismo e ao mesmo

tempo um Autoprodutor Cultural, elaborando e sendo o gestor dos próprios projetos, e é claro,

Page 81: Memorial de Carreira

70

participando como artista dos mesmos. Digo autoprodutor e não produtor cultural porque até

hoje elaborei e fui o gestor apenas de projetos culturais onde participo como artista.

As leis de incentivo à cultura, federal, estadual ou municipal, possuem duas modalidades, o

incentivo fiscal e o fundo cultural. No primeiro dependemos de empresas privadas para que

haja apoio financeiro para o projeto aprovado. No segundo, os fundos, os recursos vêm

diretamente do tesouro público, federal, estadual ou municipal. No caso da modalidade

Incentivo Fiscal precisam ser projetos que despertem o interesse de empresas privadas, que

tragam o incremento da cadeia produtiva da cultura, que contribuam para a efetiva ocupação

dos espaços culturais, portanto, mais voltados pra o mercado. No caso da modalidade Fundo,

devem ser projetos de caráter inovador, bolsas de estudo na área cultural, projetos

experimentais, projetos de pesquisa na área cultural. Na área de música temos, por exemplo,

os projetos relacionados à criação de novas linguagens musicais.

Em meu caso elaborei projetos para as duas modalidades, mas somente obtive resultado

concreto, quer dizer, executei efetivamente projetos apoiados por fundos culturais. Os

mesmos estão caracterizados para a modalidade fundo por serem projetos na área de música

de concerto e também relacionados às novas linguagens. Foram elaborados diversos projetos

nas três instâncias, Federal, Estadual de Minas Gerais e Municipal de Belo Horizonte. Alguns

não foram aprovados, seja no incentivo fiscal ou no fundo, outros foram aprovados no

incentivo fiscal, mas não houve a chamada captação, que é quando o projeto recebe

efetivamente o patrocínio de uma empresa. Nas próximas páginas alguns desses projetos serão

relatados.

Page 82: Memorial de Carreira

71

3.1. Pesquisa

Como relatado na seção inicial, minha graduação foi voltada para o mercado de trabalho do

músico profissional. Portanto não tive iniciação à pesquisa na graduação. Quase a mesma

coisa posso dizer sobre o mestrado, que também teve a ênfase profissional a despeito de

termos tido a oportunidade de escrever inúmeros trabalhos teóricos (papers) sobre assuntos

relacionados à performance e ao ensino do violoncelo. O trabalho de conclusão do curso foi o

Recital de Mestrado e não uma Dissertação. No doutorado também fiz um curso com a ênfase

profissional com diversos recitais, disciplinas práticas e algumas teóricas. Relato nos

próximos parágrafos um dos trabalhos finais de conclusão do doutorado, que nesse caso é um

trabalho de pesquisa intitulado The Performance of Violoncello Harmonics. Abaixo podem

ser vistos os programas de concerto realizados no doutorado. A pesquisa também será

discutida abaixo.

Tive meus projetos individuais de pesquisa e colaborei como orientador em projetos de outros

professores e músicos, assim como de estudantes de mestrado. No período em estive como

professor permanente na Pós-Graduação da Escola de Música da UFMG orientei alguns

trabalhos de pesquisa de alunos que foram relatados na seção Docência desse Memorial. São

trabalhos relacionados à edição de partituras e transcrição de obras para o Violoncelo. É uma

área que tenho trabalhado há muitos anos e que será mais claramente relatada na seção de

cultura que será apresentada abaixo. Esses trabalhos de transcrição e edição isoladamente não

são considerados pesquisa. Portanto, os projetos de pesquisa relatados abaixo estão mais

adequados para essa seção, Pesquisa, e as transcrições e edições serão relatadas em outra

seção.

Page 83: Memorial de Carreira

72

FIGURA 27 - Programas dos concertos de doutorado

O trabalho The Performance of Violoncello Harmonics pode ser acessado na minha página

institucional como Professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel.

Localize o link Pesquisa e depois o link do trabalho.

Page 84: Memorial de Carreira

73

3.1.1. A performance dos sons harmônicos no Violoncelo

Um assunto que sempre me chamou a atenção e que por iniciativa própria comecei a estudar

mesmo antes do doutorado é a performance dos sons harmônicos no violoncelo. Este se

tornou o tema do meu trabalho teórico do doutorado. A performance de sons harmônicos é

sempre um assunto polêmico entre os músicos em geral, principalmente pela falta de

compreensão desse técnica estendida dos instrumentos de corda. Meu trabalho aborda

aspectos da teoria acústica dos sons harmônicos, o uso histórico dessa técnica, a apresentação

dos diversos tipos de sons harmônicos, a sua utilização e principalmente, o estudo e a

apresentação de soluções para diversas passagens do repertório do violoncelo que utilizam

essa técnica.

Trabalhos como esse não têm fim. Esse trabalho rendeu e está rendendo ainda seus frutos e a

sua continuação. Publiquei um artigo relacionando a esse trabalho "Performance de

harmônicos naturais com a técnica de nodo duplo aplicada ao violoncelo" na revista Per-Musi,

primeiro volume. Esse é apenas um dos assuntos abordados pelo trabalho e muitos outros

podem ser publicados. O artigo completo pode ser acessado na minha página institucional

como Professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localize o

link Pesquisa e depois o link do trabalho.

Outro fruto desse trabalho tem sido a realização de diversas palestras para violoncelistas,

instrumentistas de cordas em geral e compositores. Realizei recentemente uma dessas

palestras no Festival de Violoncelos de Ouro Branco/MG para estudantes de violoncelo do

Brasil e do exterior e para professores do festival presentes como Matias de Oliveira Pinto

(Direção Artística), Fábio Presgrave e Kayami Satomi. Os Slides da palestra podem ser vistos

na minha página na Internet, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar a o link

Page 85: Memorial de Carreira

74

Palestra - Performance dos Sons Harmônicos no Violoncelo. Além dos slides da palestra

muitos outros materiais sobre esse assunto estão disponíveis tais como tabelas de sons

harmônicos, série harmônica para cada corda ou som fundamental, materiais para o Violino, a

Viola e Contrabaixo. Para visualizar esses documentos é exigida senha, que é a palavra

"casals".

Outro resultado desse trabalho sobre os sons harmônicos é o material didático que o mesmo

gerou. Utilizei esse tema diversas vezes no Módulo de minha responsabilidade na disciplina

Didática dos Instrumentos - Cordas. São tabelas e quadros que fizeram parte do meu trabalho

de doutorado e outras que desenvolvi para as aulas desse assunto, inclusive para o Violino, a

Viola e o Contrabaixo. Esse material pode ser acessado na minha página na Internet, como

indicado no parágrafo anterior.

Um dos trabalhos mais recentes que realizei para o ensino da performance dos sons

harmônicos no violoncelo foi o Mapa de Harmônicos Naturais, ou mais especificamente o

Mapa de Sons Harmônicos Naturais no Espelho do Violoncelo. Primeiro tive de criar o Mapa

do Espelho e as Posições do Violoncelo.

O Mapa do Espelho é uma representação gráfica do espelho com a localização das notas e

posições no violoncelo, utilizando o sistema de afinação "Temperamento Igual". É o mesmo

sistema usado para calcular a posição dos trastes do violão. Utilizamos a famosa "regra do

dezoito". Calcula-se o primeiro semitom, ou frete: Comprimento da corda (pestana ao

cavalete) divido por 17,817, que equivale a fórmula logarítmica da regra: a décima segunda

raiz de 2 (elevar 2 a 1/12), depois dividir pelo mesmo número (décima segunda raiz de 2)

menos 1. Próximo semitom, ou frete: comprimento da corda daquele ponto ao cavalete

(comprimento total menos o valor do frete anterior) dividido por 17,817 mais a distância entre

Page 86: Memorial de Carreira

75

a pestana e o frete anterior, ou semitom. O Mapa do Espelho tem sido usado como material de

ensino para que os estudantes visualizem melhor o espelho do violoncelo e criem uma

imagem geográfica mental facilitando assim a identificação das posições.

Na segunda etapa criei o Mapa de Harmônicos: o mapeamento gráfico de localização dos

pontos nodais de cada um dos principais sons harmônicos naturais tocados nas cordas do

violoncelo. Para identificar os locais desses pontos nodais usamos o mesmo comprimento de

corda do Mapa do Espelho. Passamos então a calcular com as frações que indicam cada um

dos pontos nodais de cada um dos harmônicos naturais que compõem o som das cordas soltas

do violoncelo. Por exemplo: o quarto harmônico natural pode ser localizado nos pontos 1/4,

2/4 e 3/4 do comprimento da corda. Se a corda tem 700 mm, os pontos nodais para a

performance desse som harmônio natural estão localizados a cada 175 mm do comprimento

da corda. Partindo da pestana os pontos estarão localizados a 175 mm, 350 mm e 525 mm. O

Mapa de Harmônicos foi então impresso em papel vegetal e sobreposto ao Mapa do Espelho

(notas temperadas) para assim melhor identificar e localizar os pontos nodais e sua relação

com as notas presas ou notas que indicam a localização dos pontos nodais. Novamente esse e

outros trabalhos relacionados à performance dos sons harmônicos no violoncelo não estão

publicados mas podem ser vistos na Internet. Esse material pode ser acessado na minha

página institucional, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar a o link Palestra -

Performance dos Sons Harmônicos no Violoncelo. Para visualizar esses documentos é exigida

a senha, que é a palavra "casals". A ilustração abaixo apresenta um exemplo desses mapas.

Recentemente enquanto procurava obras para violoncelo dentro do projeto "Violoncelo ontem

e hoje", que será relatado nesse memorial, fiz uma encomenda ao compositor Rafael Nassif.

Rafael sugeriu, e eu aceitei, incluir no projeto uma obra que já havia estreado mas que me

interessou muito por ser uma obra toda composta em harmônicos naturais.

Page 87: Memorial de Carreira

76

FIGURA 28 - Mapa do Espelho e Mapa dos Harmônicos na III posição

FIGURA 29 - Sobreposição dos mapas na III posição

Page 88: Memorial de Carreira

77

Harmônicos naturais são aqueles das cordas soltas do violoncelo. Os naturais não devem ser

confundido com os artificiais. Diferentemente dos naturais, nos artificiais não se usa a corda

solta e o instrumentista tem de criar uma pestana artificial com um dos dedos da mão

esquerda e com um segundo dedo tocar sobre um ponto nodal para assim produzir o som

harmônico.

Sempre digo que em música a prática está na frente da teoria, isto é, primeiro compositores e

intérpretes criam alguma coisa nova, depois é que se discute e se escreve sobre isso. No meu

trabalho de doutorado sobre a performance dos sons harmônicos tive que estabelecer alguns

limites. Afirmei então que não era recomendável usar isoladamente sons harmônicos naturais

acima do oitavo, pelas dificuldades de localização. A exceção seria para trechos com a

seqüência da série harmônica, até o décimo sexto. Não encontrei naquela época, início dos

anos noventa, passagens do repertório que utilizassem harmônicos acima do oitavo, a não ser

na seqüência da série harmônica e arpejos. Pois para minha surpresa Rafael usou esses

harmônicos, do nono ao décimo segundo, de forma isolada, com a localização dos sons

harmônicos e ataque muito difíceis de se obter. Rafael me relatou e deu exemplos de obras

atuais que utilizam esses harmônicos naturais. Tive então que refazer as afirmações que fiz

em meu trabalho de doutorado e procurar soluções para a performance da obra Esboço de

Pavana de Rafael Nassif.

Para ser capaz de tocar essa obra fiz um estudo sobre os pontos nodais para a performance de

cada um dos sons harmônicos naturais acima do oitavo. Para cada um desses sons harmônicos

existem diversos pontos nodais onde eles podem ser tocados. Depois desse estudo criei

também várias possibilidades de performance desses sons harmônicos utilizando a Técnica de

Nodo Duplo descrita no meu trabalho final de doutorado e no artigo acima exemplificado.

Uma das finalidades desta técnica é justamente conseguir tocar harmônicos naturais em que a

Page 89: Memorial de Carreira

78

localização dos pontos nodais é muito difícil. De maneira resumida posso descrever a Técnica

de Nodo Duplo como uma técnica em que o violoncelista toca dois pontos nodais adjacentes

de um mesmo modo de vibração da corda para forçar a produção daquele harmônico

específico. Na técnica regular apenas um dedo toca um dos pontos nodais de um modo de

vibração da corda para produzir aquele som harmônico.

Criei duas soluções para a performance dessa obra. Uma em que a obra é tocada nos

chamados Nodos de Som Real.Os Nodos de Som Real são aqueles em que no mesmo local

onde se toca o som harmônico natural pode se tocar uma nota presa da mesma altura. Criei

também uma solução alternativa para a performance dessa obra. Nessa combino o uso da

técnica regular (tocar em apenas um ponto nodal em nodos de som real e em outros nodos do

mesmo modo de vibração) e da técnica de nodo duplo (tocar sobre dois pontos nodais

adjacentes do mesmo modo de vibração). Não cabe aqui nesse trabalho discutir toda a

problemática de performance dessa obra, precisaria de um espaço de pelo menos um artigo

para que tudo fosse explicado. Por outro lado, parte desse estudo e a própria obra estão

disponíveis da seguinte maneira: Acessar minha página na Internet

http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar a o link Palestra - Performance dos Sons

Harmônicos no Violoncelo. Localizar as tabelas e exemplos para a performance de sons

harmônicos naturais acima do oitavo. Para visualizar esses documentos é exigido senha, que é

a palavra "casals". Para ouvir a música é preciso ter acesso ao CD que fazia parte do projeto

"Violoncelo ontem e hoje" e está anexo a esse Memorial. Essa obra não foi publicada ainda,

mas já está editada e espero ter a oportunidade de publicá-la brevemente. Abaixo Exemplifico

essas duas maneiras de tocar a obra. A minha escolha na gravação foi usar, tanto quanto

possível, a técnica de nodo duplo.

Page 90: Memorial de Carreira

79

Como afirmado antes, esse projeto "A performance dos sons Harmônicos no Violoncelo" está

em aberto e muitos trabalhos podem ainda ser realizados.

FIGURA 30 - Manuscrito original de um trecho da obra Esboço de Pavana de Rafael Nassif

Page 91: Memorial de Carreira

80

FIGURA 31 - Trecho editado da obra Esboço de Pavana de Rafael Nassif com soluções técnicas diferentes

3.1.2. Guia Analítico de Estudos Selecionados para Violino e Viola

Esse projeto surgiu da demanda dos professores do Sesiminas, Moisés Guimarães (Viola) e

Luciene Villani (Violino) e foi inicialmente orientado pelo Professor Fausto Borém. Nesse

período não tínhamos ainda o Mestrado em Música na UFMG. Por razões diversas o

Professor Fausto não pôde mais acompanhar o projeto e eu passei a ser o coordenador e

orientador desse, com apoio da FAPEMIG. Esse apoio incluiu recursos de custeio, de material

permanente e bolsas.

O projeto estabeleceu dezenas de tópicos das técnicas de performance dos instrumentos

violino e viola para serem usados como critérios de análises de uma seleção de Estudos.

Estudos são obras compostas por Instrumentistas-Compositores que escolhem um ou mais

tópicos técnico-musicais da performance do instrumento e os exploram à exaustão, de forma a

mais criativa possível, para que os instrumentistas desenvolvam determinada habilidade.

Page 92: Memorial de Carreira

81

Dessa maneira ao encontrar esse mesmo problema técnico-musical em uma passagem musical

do repertório, o instrumentista poderá executá-la sem nenhuma dificuldade. Paralelamente à

criação dos tópicos de análise, realizou-se uma seleção de estudos para violino e viola. Em

uma terceira fase foi feita a análise e ao mesmo tempo criou-se um banco de dados no

programa Microsoft Access, com todas as informações sobre os Estudos, denominado "BD

Violino e Viola". Foram analisados 1256 estudos de 53 publicações para Violino e Viola.

Como resultado professores e estudantes desses instrumentos de corda podem consultar esse

banco de dados para procurar, entre centenas de estudos, aqueles que dão ênfase a uma

determinada técnica necessária naquele momento. Por exemplo, procurar Estudos que

utilizem de maneira enfática o golpe de arco Spiccato assim como outras informações quanto

ao nível desse estudo: se é para um iniciante, intermediário ou estudante avançado. Maiores

informações sobre esse projeto podem ser obtidas com a leitura do Relatório Técnico

Científico apresentado para a FAPEMIG que pode ser acessado na minha página na Internet

http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Após acessar a página, localizar o link Pesquisa e

depois o link Relatório Técnico Científico: Guia Analítico de Estudos Selecionados para

Violino e Viola. Belo Horizonte: FAPEMIG - Fundação de Amparo a Pesquisa, 2000. 120p.

O Banco de dados pode ser baixado mas precisa de uma senha para ser aberto. A senha é

"aiug". Para consultar o banco de dados é preciso seguir as instruções que estão em uma seção

do Relatório acima citado.

Esse projeto vem tendo continuidade. Primeiro porque, de tempos em tempos, alguém sabe do

projeto e pede para fazer suas consultas. O banco de dados está na Internet. Mas como é

preciso senha para abri-lo, forneço essa para estudantes e professores interessados em realizar

consultas. Outro exemplo de seu desenvolvimento é o projeto de pesquisa de uma orientanda

do Mestrado em Música, Sheila Sampaio Ribeiro. Sheila adaptou os tópicos técnico-musicais

constantes das Tabelas de Violino e Viola para o Violoncelo, acrescentando alguns tópicos.

Page 93: Memorial de Carreira

82

Ela realizou também a seleção de Estudos para o Violoncelo. Procedeu com as análises, criou

o banco de dados e escreveu a sua Dissertação de Mestrado "Análise e Classificação de

Estudos Selecionados para Violoncelo". A Dissertação e o Banco de Dados estão disponíveis

na minha página na Internet http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Após acessar a página

localizar o link Orientação de Pós-Graduação e depois o link Análise e Classificação de

Estudos Selecionados para Violoncelo para ler a dissertação, e o link Banco de dados -

Bdvioloncelo para baixar o banco de dados. O banco de dados pode ser baixado mas precisa

de uma senha para ser aberto. A senha é " sodutse". Para consultar o banco de dados é preciso

seguir as instruções que estão em uma seção da dissertação citada acima. Constantemente

estudantes de violoncelo e professores me pedem essa senha, a qual informo sem nenhum

problema.

FIGURA 32 - Exemplo de consulta ao banco de dados

O projeto está em aberto para novos desenvolvimentos como realizar os mesmos

procedimentos para o Contrabaixo, o único das cordas que ainda não foi ainda incluído nesse

trabalho. Outra possibilidade seria realizar os mesmos procedimentos da análise feita nos

estudos baseada na "Tabela Descritiva dos Tópicos de Análise", em uma Seleção de Obras do

Repertório dos Instrumentos de Corda. Seriam obras como sonatas, concertos, peças com

piano, solo, etc. Após essa seleção, análise e consequente criação do banco de dados, passar-

se-ia ao cruzamento de dados entre os dois bancos de dados, o de Estudos e o de Obras. Esse

trabalho teria então dois resultados importantes. O primeiro seria a criação de uma ferramenta

Page 94: Memorial de Carreira

83

para professores e estudantes na escolha de obras adequadas ao nível de cada estudante. O

segundo, e mais importante, seria possibilitar a identificação precisa de quais estudos seriam

mais adequados para auxiliar no aprendizado de uma determinada obra. Por exemplo, quais

estudos ajudariam o estudante que está aprendendo o Concerto em Lá Menor de Saint-Saëns.

Essas são algumas sugestões de como dar continuidade a esse projeto de pesquisa.

3.2. Cultura

Normalmente a atividade cultural é relatada como atividade inserida em projetos de pesquisa

ou projetos de extensão. Por muitos anos na UFMG tivemos que relatar essa atividade em

formulários preenchidos separadamente do INA - Sistema de Informações Acadêmicas,

sistema que a UFMG usa para que os professores e departamentos relatem suas atividades. Eu

usei a seção de eventos dos formulários eletrônicos diversas vezes para evitar os formulários

externos: cada concerto era um evento e não um produto. Há cerca de 30 anos atrás na UFMG

o Maestro Magnani costumava brincar dizendo que a nossa atividade era vento, "é vento", isto

é, não tinha nenhum ou muito pouco reconhecimento por parte da Universidade. Em meu

Memorial decidi criar uma seção especial para a atividade cultural, da mesma forma que

teremos uma seção dedicada à pesquisa e outra dedicada à extensão. Da mesma forma que

temos projetos de ensino, de pesquisa e extensão, temos projetos culturais. A razão para isso

foi explicada anteriormente e se baseia na minha convicção de que se escolas de música e de

outras artes estão inseridas nas Universidades, a cultura deve ser uma área de conhecimento

tão importante e tão valorizada quanto o ensino, a pesquisa e a extensão. Portanto apresentarei

abaixo relatos de minha produção intelectual nessa importante área do conhecimento humano,

a cultura.

Page 95: Memorial de Carreira

84

No meu Currículo Lattes relato mais de duzentas produções nessa área. Poderia ser muito

mais, mas nem sempre guardamos os programas de concerto que realizamos. Até mesmo

participações em gravações de disco ficaram perdidas, sem registro. Outro aspecto é não ficar

repetindo entradas de um mesmo concerto feito em turnê. Por exemplo, um concerto do

Quarteto MinasArte que percorreu quatro cidades e fez quatro concertos tem apenas uma

entrada no Lattes, com o nome das quatro cidades e o mesmo programa de concerto. Uma

série de concertos da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas tem apenas uma entrada

para uma temporada como 1982, mas foram bem mais que cinquenta concertos entre os

oficiais, didáticos, populares, etc.

3.2.1. Membro de orquestras

Na seção inicial tive a oportunidade de mostrar meus vínculos com orquestras. Muitas vezes

foram orquestras de câmara montadas para um ou mais eventos, orquestras sinfônicas com

vínculo empregatício e orquestras sinfônicas ou filarmônicas em concertos eventuais sem

vínculo empregatício. São exemplos dessas atividades a minha participação em Orquestras de

Câmara como Kamerart, Sesiminas em Belo Horizonte, Leopold La Fosse Barroque

Ensemble nos Estados Unidos com instrumentos de época, Orquestra Sinfônica da Escola de

Música da UFMG, Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, Orquestra Sinfônica de

Minas Gerais, Cedar Rapids Symphony nos Estados Unidos, Orquestra Filarmônica de Minas

Gerais, entre outras.

Essa atividade é muito importante na formação completa de um músico, mesmo que ele se

dedique mais à atividade de música de câmara, solo e ensino de seu instrumento, como é o

meu caso. Na orquestra aprendemos a trabalhar em grupo, respeitando a participação de cada

colega de seção, que no caso do naipe de violoncelos pode chegar até a doze ou quatorze

Page 96: Memorial de Carreira

85

violoncelistas. Aprendemos a controlar nossa afinação, ritmo, dinâmica, articulações, vibrato

de maneira a estar de acordo com o que todo o naipe está realizando. Temos contato com

todos os períodos históricos da música ocidental escrita para o violoncelo, isto é, da orquestra

de câmara barroca a orquestra moderna do século XXI. Temos contato com todo esse

repertório de maneira mais rápida na orquestra do que na música de câmara ou solo porque a

variação ou troca de repertório é bem maior e mais rápida. Temos contato com bons e maus

regentes com quem aprendemos muito. Acho que um músico fica incompleto se não tiver em

seu currículo a experiência de orquestra.

Toquei obras de Orquestra de Câmara como os Concertos de Brandenburgo de Bach e

Oratórios como Paixão Segundo São Mateus e Segundo São João, Oratório de Natal, entre

outras. Nos Estados Unidos toquei inúmeras vezes o Oratório Messias de Haendel e Réquiem

para uma pequena orquestra de Fauré e muitas outras obras barrocas para orquestra de

câmara. Tive a oportunidade diversas vezes de realizar, como primeiro violoncelo em

orquestras de câmara barrocas, o baixo-contínuo e solos, inclusive em óperas barrocas.

Na orquestra sinfônica o número de obras que tive a oportunidade de tocar é incontável. No

período em que tocava na Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas chegávamos a oitenta

concertos por ano. Orquestras precisam ter sala própria e aproveitar mais os programas que

preparam. Na Orquestra de Campinas chegávamos a fazer quatro concertos com o mesmo

programa, de quinta a domingo, sendo que no sábado o concerto acontecia no teatro Cultura

Artística em São Paulo. Toquei diversas Sinfonias de Haydn, não as cento e oito porque vai

ser difícil encontrar quem tenha feito essa façanha. Toquei algumas das de Mozart, mas nem

perto das quarenta e uma que ele compôs. Toquei todas as nove de Beethoven, as quatro de

Brahms diversas vezes, três ou quatro das seis de Tchaikovsky, algumas das de Mahler,

primeira, segunda e quinta com certeza, a número cinco e onze de Shostakovich, a Sinfonia

Page 97: Memorial de Carreira

86

Clássica Prokofiev, Sinfonia Minimalista de Górecki, entre outras. Poemas Sinfônicos de

Liszt, Richard Strauss, Debussy, e outros. Diversas obras para orquestra do Século XX. Na

categoria de Obras Sinfônicas com Coral e Solistas destaco os Réquiem de Verdi, de Mozart,

de Dvorak, o Réquiem Alemão de Brahms e o monumental War Requiem de Britten.

Entre óperas destaco algumas como Turandot de Puccini, Sonho de uma Noite de Verão de

Britten, Carmen de Bizet, A Flauta Mágica de Mozart, entre outras. Toquei também diversos

Balés, mas destaco a oportunidade que tive de, como membro da OSMG, acompanhar o Balé

Bolshoi, com Maestros do próprio Balé, o Lago do Cisne de Tchaikovsky e Spartacus de

Khachaturian.

Entre as obras Brasileiras para orquestra destaco Sinfonia em Sol menor de Alberto

Nepomuceno, Bachianas Brasileiras Nº 2 de Villa-Lobos, Danças Brasileiras como o Batuque

de Lorenzo Fernandez, Mourão de Guerra Peixe, óperas como O Guarani e Los Schiavo de

Carlos Gomes, e muitas e muitas outras obras para orquestra de compositores brasileiros.

Do Barroco Mineiro destaco duas gravações em CD e disco de vinil: a primeira foi em disco

de vinil com a Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG com a Maestrina Ângela

Pinto Coelho - A Música das Minas Gerais do Século XVIII, com obras de José Joaquim

Emerico Lobo de Mesquita e Marcos Coelho Neto. A segunda, em CD, com o Coral Ars

Nova e o Maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca - Ars nova - Mestres da Música Colonial

Mineira - Vol. 1, com obras de Manoel Dias de Oliveira, Marcos Coelho Neto e José Joaquim

Emerico Lobo de Mesquita.

Outra experiência de músico de orquestra a destacar é o fato de que após a realização de um

concurso interno passei a exercer a função de Primeiro Violoncelo ou Chefe do Naipe de

Page 98: Memorial de Carreira

87

Violoncelos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, entre 1987 e 1988, cargo que tive que

deixar após ser aprovado em concurso público para professor da Escola de Música da UFMG

com dedicação exclusiva.

FIGURA 33 - Gravações de orquestras com repertório do barroco mineiro e como primeiro violoncelo

FIGURA 34 - Capa de programa de concerto como 1º Violoncelo

da OSMG e Camargo Guarnieri como regente

Page 99: Memorial de Carreira

88

3.2.2. Música de câmara e solo

É na música de câmara que todo o músico se realiza. Na orquestra muitas vezes nos sentimos

menos importante por dividir a nossa participação com muitas pessoas. Primeiro com o seu

próprio naipe de até doze ou quatorze violoncelistas tocando a mesma parte, segundo por estar

em grupo que pode chegar até a oitenta ou mais pessoas reduzindo assim a importância da sua

participação e terceiro, pela presença do maestro, como diretor, que é quem tem a palavra

final sobre a interpretação musical. A música solo é solitária e exige primeiro um talento

muito acima da média e segundo uma dedicação total a essa carreira. Acredito que mesmo

aqueles que têm talento muito acima da média e habilidade para ser somente solista, não

deixam de fazer a música de câmara. Na música de câmara há um equilíbrio entre a

dificuldade das partes musicais e a responsabilidade entre os participantes. O músico se sente

mais valorizado, mas por outro lado as dificuldades de relacionamento em um ambiente sem

chefe são muitas e poucos grupos resistem por muito tempo.

Infelizmente o mercado de trabalho para a música de câmara é muito restrito e com poucas

oportunidades profissionais. Os músicos precisam ser muito empreendedores para conseguir

oportunidades de tocar e trabalhar com a música de câmara. É sempre uma atividade

complementar para o músico de orquestra ou professor. No Brasil, o único grupo de câmara

institucional que conheço, cujos músicos têm contrato de trabalho para fazer música de

câmara, é o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. Esse grupo foi criado por iniciativa

de Mário de Andrade em 1935 e está completando agora oitenta anos de existência, com

diversas formações de músicos, é claro. Os outros grupos de câmara em atuação no Brasil

como quartetos de cordas, quartetos com piano, trios com piano, quintetos de sopros,

quintetos de metais, e outras formações instrumentais, são iniciativas próprias e pelo que

Page 100: Memorial de Carreira

89

conheço não são institucionais. Somente grandes grupos, orquestras e bandas, têm apoio

institucional.

Tive a oportunidade de participar de vários grupos de câmara: uns de maior duração, outros

de menor duração e outros montados apenas para um ou mais concertos. Relato abaixo

algumas dessas experiências.

3.2.2.1. Envolvimento com a música contemporânea

Durante meu período de estudos na Escola de Música da UFMG sempre me envolvi com

colegas interessados na música contemporânea e experimental. Por iniciativa própria

realizamos estudos e concertos voltados para esse tipo de música. Devido a esse meu interesse

e formação sempre estive envolvido, em toda a minha carreira, com as novas linguagens e

com a música contemporânea.

O movimento de música contemporânea em Belo Horizonte na década de oitenta foi muito

especial. Trabalhos acadêmicos vêm sendo escritos sobre esse movimento como o de Nelson

Salomé A música contemporânea em Belo Horizonte na década de 80. Outro fato que

demonstra a importância desse movimento esta evento IV Seminário de Música Brasileira da

Escola de Música da UEMG em 2011. Esse evento incluiu uma exposição, Música

Contemporânea dos anos 80 em Belo Horizonte, uma palestra e mesa-redonda, Movimento de

música contemporânea em Belo Horizonte nos anos 80. A exposição do tema foi realizada

por Nelson Salomé com depoimentos e debates por Gilberto Carvalho, Rogério Vasconcelos,

Lucas Raposo, Rogério Bianchi e como moderador Sergio Canedo. Além da Mesa e da

exposição foram apresentados concertos com obras desse período.

Page 101: Memorial de Carreira

90

Um dos mais importantes trabalhos que realizei nessa área está relacionado ao Grupo

Experimental de Câmara da Fundação de Educação Artística. Esse grupo era formado por

Paulo Álvares, Piano, Lindolfo Bicalho, Violão e eu no Violoncelo. Esse três músicos

formavam um núcleo e a cada programa que realizávamos tínhamos quase sempre músicos

convidados. O grupo era vinculado à Fundação de Educação Artística, uma importante

instituição de música de Belo Horizonte, dirigida por Berenice Menegale que sempre apoiou a

Música Contemporânea. Nosso repertório era sempre a música do século XX e obras

encomendadas para o nosso grupo.

FIGURA 35 - Programa do primeiro concerto do Grupo Experimental de Câmara da FEA

A partir do grupo, diversos concertos e eventos foram realizados, sempre sobre a música

contemporânea. Descrevo abaixo alguns desses concertos e eventos.

Cito pelo menos duas montagens que realizamos da obra Pierrot Lunaire de Arnold

Schoenberg que muito bem representa a música contemporânea do início do Século XX e o

expressionismo Alemão. A primeira em 1983, dentro de um evento sobre o Expressionismo

Page 102: Memorial de Carreira

91

Alemão e a segunda no 1º Ciclo de Música Contemporânea de Belo Horizonte em 1983.

Ambas tiveram a participação, entre outros, do Maestro Sérgio Magnani e da cantora Edmar

Ferreti. Outras obras que podem ser citadas são: As Três Pequenas Peças para Violoncelo de

Piano, Op. 11 e a Sonata para Violoncelo e Piano de 1914 sem número de opus, ambas de

Anton Webern; as Oito Bagatelas para Violoncelo e Violão de Gilbert Biberian e a Ten String

Music de Smith Brindle também para Violoncelo e Violão. Foram diversos os concertos com

várias formações instrumentais.

FIGURA 36 - Apresentações da obra Pierrot Lunaire de Arnold Schoenberg

Outro evento que Grupo Experimental participou foi a montagem do espetáculo "KAFKA -

Um espetáculo Cênico Instrumental" em 1984 juntamente com o Grupo Oficina Multimédia.

O trabalho teve Roteiro e Direção de Ione Medeiros. Os Músicos improvisaram durante todo

o espetáculo. O livro “Grupo Oficcina Multimédia – 30 anos de integração das artes no

teatro” traz o relato desse espetáculo. O cartaz do evento está na ilustração abaixo.

Page 103: Memorial de Carreira

92

Importante também relatar na área de música contemporânea é a relação que tive com o

compositor Gilberto Carvalho. Antônio Gilberto Machado de Carvalho (1952) é também

Professor da Escola de Música da UFMG. Desde os tempos de estudantes trabalhamos juntos

em diversos eventos voltados para a Música Contemporânea. Gilberto me confiou obras para

estreiar assim como dedicou uma obra a mim.

FIGURA 37 - Apresentação do GEC-FEA com a Oficina Multimédia

Page 104: Memorial de Carreira

93

Entre obras que estreei de Gilberto Carvalho posso citar: A obra "21" para Violoncelo Solo,

composta em 2010 dedicada a seu filho Gabriel que completou naquele ano 21 anos de idade.

A estrutura da obra é baseada na sequência numérica conhecida como Fibonacci, da qual 21 é

o oitavo termo. Outro recurso utilizado é o uso de quartos de tom na seção central da peça. A

estréia aconteceu no III Seminário de Música Brasileira da EM da UEMG em 2010; a obra

Retratos do Tempo para Violoncelo e Piano que foi apresentada pela primeira vez no XI Ciclo

de Música Contemporânea de Belo Horizonte em 1989 e teve como pianista Celina

Szrvinsky.

A obra dedicada a mim por Gilberto Carvalho é "Variações" para Violoncelo Solo. A

linguagem empregada é a atonalidade, isto é, não há um centro tonal principal ou o emprego

de um tom definido. Outra característica da obra é a economia de material. Essa obra

percorreu toda a minha carreira. Toquei inúmeras vezes em recitais e eventos. Encontrei em

meus programas de concerto quinze apresentações confirmadas, sem contar as apresentações

em palestras e eventos onde não havia programa de concerto. Destaco entre algumas dessas

apresentações da obra, a estreia em 06 de Novembro de 1983 no Teatro Heloisa Guimarães da

Fundação de Educação Artística, no 1º Ciclo de Música Contemporânea de Belo Horizonte

em 1984, no 2º Encontro de Compositores Latino-Americanos de Belo Horizonte no Teatro

Francisco Nunes em 1988, em um dos Recitais de Doutorado nos Estados Unidos em 1993,

no IV Seminário de Música Brasileira da Escola de Música da UEMG em 2011. Em 2014 esta

obra foi gravada dentro do projeto "Violoncelo ontem e hoje" de minha responsabilidade e foi

apresentada no Concerto de lançamento do CD em 2015. Foi também publicada em 2014

dentro do mesmo projeto em parceria com o Selo de Gravação e Edição "Minas de Som" da

Escola de Música da UFMG, quarto volume da série Cadernos Musicais Brasileiros (ISBN:

978-8560488-05-6). A obra pode ser ouvida no CD em anexo a esse memorial assim como no

Youtube no link https://youtu.be/N8mYocaFVU4, apresentada em um dos meus recitais de

Page 105: Memorial de Carreira

94

doutorado, acima citado. Outra apresentação está no Facebook,

http://facebook.com/claudiourgel, linha do tempo, 2011.

FIGURA 38 - Variações de Gilberto Carvalho, manuscrito e edição

Outra obra que estreei e que destaco aqui é Imaguel de Rufo Herrera (1933). A estréia

aconteceu em 1988 no evento V Ciclo de Música Contemporânea de Belo Horizonte e em

seguida foi apresentada no 2º Encontro de Compositores Latino-americanos de Belo

Horizonte. A obra é para Violoncelo Solo e uma Bailarina/Atriz. A Bailarina foi Isabel Costa

e o texto recitado pela mesma foi retirado de um conto do poeta Estefane Mallarmé. Essa obra

pode ser vista através de um vídeo de uma de suas apresentações no Youtube, no endereço

https://youtu.be/iqRzKrdYgs0.

No âmbito da Escola de Música tive a oportunidade de participar de concerto com o Grupo de

Música Contemporânea da Escola de Música. O grupo realizava eventos com compositores

Page 106: Memorial de Carreira

95

convidados como Craig Harris em 1995, concertos com temas como "Articulações - sons da

atualidade" também em 1995.

Participei também de um importante trabalho coordenado pelo Professor Sérgio Freire Garcia

intitulado "Do Conservatório à escola - 80 anos de criação musical em Belo Horizonte", 2006.

O trabalho inclui um livro e dois CDs. Participo junto com Professores e Alunos da Escola de

Música da UFMG de duas obras contemporâneas de compositores que foram alunos da Escola

de Música e que são hoje professores, como Guilherme Nascimento com a obra Baku-Pari e

Guilherme Antônio com a obra Tríptico.

FIGURA 39 - Capa do CD do Conservatório à Escola de Música

Outro trabalho que considero relevante relatar pela importância do compositor e da obra é

"Um no outro - Duo de Violoncelos" de Eduardo Bértola (1939-1996). Sempre estive ligado a

Page 107: Memorial de Carreira

96

esse compositor e Professor da Escola de Música, seja tocando, seja editando suas obras. As

edições realizadas de outras obras já foram relatadas quando falei do projeto de Ensino e do

Laboratório de Edições na seção Docência.

A primeira versão da obra Um no outro é de 1984. Estreei essa obra em um concerto no

Teatro Heloisa Guimarães, antigo teatro da Fundação de Educação Artística. Não tenho o

programa desse concerto, que foi apresentado juntamente com o violoncelista Paulo Cesar

Rabelo. Outra importância dessa obra para mim é o fato da primeira versão ter uma longa

passagem em sons harmônicos e ser exaustivamente discutida em meu trabalho final de

doutorado, que tem como tema a performance dos sons harmônicos. Gravei em 2012 essa

primeira versão da obra no CD Eduardo Bértola - Música de Câmara, dirigido por Rafael

Nassif e tendo como parceiro no duo o violoncelista João Cândido. Eduardo Bértola

reescreveu esse duo e estava prestes a publicá-lo pela editora Musimed quando faleceu em

1996. A Escola de Música da UFMG é a proprietária dos manuscritos de Edurado Bértola que

estão sob a guarda do Professor Sérgio Freire. Essa segunda versão não publicada é de 1994,

dez anos após a primeira. Decidi incluir essa segunda versão no recente projeto "Violoncelo

ontem e hoje". A obra foi gravada novamente com o violoncelista João Cândido. A estréia da

segunda versão dessa obra aconteceu no concerto de lançamento do CD em 09 Março de

2015. O interessante de termos a gravação das duas versões é a possibilidade de estudiosos e

apreciadores da música de Eduardo Bértola de confrontar e compreender melhor a evolução

de seu pensamento musical. A primeira versão pode ser ouvida em meu canal no Youtube no

endereço https://youtu.be/EL5BgVY5oTQ ou no Facebook http://facebook.com/claudiourgel,

linha do tempo, 2012 A segunda versão está no CD do projeto "Violoncelo ontem e hoje" em

anexo.

Page 108: Memorial de Carreira

97

FIGURA 40 - Gravação da primeira versão da obra Um no outro de Eduardo Bértola

Em recente projeto intitulado "Violoncelo ontem e hoje - CD e concerto com mostra de

composições e transcrições da música Brasileira e contemporânea de Belo Horizonte" tive a

oportunidade de gravar, apresentar em concerto e publicar algumas obras contemporâneas de

Belo Horizonte. O CD e a publicação estão em anexo a esse Memorial.

FIGURA 41 - CD Violoncelo ontem e hoje que inclui obras citadas nesse Memorial

Page 109: Memorial de Carreira

98

FIGURA 42 - Publicação "Violoncelo ontem e hoje" que inclui obras citadas nesse Memorial

Tenho certeza que realizei muitas outras estréias de obras mas que não tenho registro e

também não teria espaço para relatar todas aqui. Os trabalhos relatados nesta área

demonstram o meu vínculo com a música contemporânea, as novas linguagens, a música

brasileira, a música nova de Belo Horizonte e com professores, compositores e intérpretes

ligados de alguma maneira à Escola de Música da UFMG.

3.2.2.2. Solos com orquestra

Na área de solo com orquestra não tive muitas atividades. Toquei o concerto de Saint-Saëns

em Lá Menor e Bochechini em Sí Bemol Maior algumas vezes com a Orquestra Sinfônica da

Escola de Música da UFMG, assim como o Concerto em Ré Maior de Joseph Haydn.

Page 110: Memorial de Carreira

99

Buscando sempre minha relação com a Escola de Música da UFMG para o relato desse

Memorial destaco as apresentações que fiz da obra Romance para Violoncelo Solo e

Orquestra de Arthur Bosmans (1908 -1991). Bosmans é de origem Belga, veio para o Brasil

em 1940 e foi professor de composição e regência por muitos anos na Escola de Música da

UFMG. Tive o privilégio de trabalhar com ele como Bolsista da Orquestra da Escola. Formou

uma geração enorme de compositores e regentes que atuam em Belo Horizonte, como Oiliam

Lanna e Marcos Drumond. Toquei a obra Romance sob a regência do compositor. Por ocasião

do aniversário de oitenta anos do compositor fizemos uma homenagem com a apresentação

dessa e de outras obras de sua autoria, com o autor presente. A apresentação foi em 1989 com

a Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG sob a regência de Marcio Miranda. O

vídeo desse concerto pode ser visto na Youtube no link https://youtu.be/OCmgrWIQ5uU. Em

um trecho do vídeo a presença do compositor pode ser notada na platéia. Outra maneira de

localizar o vídeo é acessar o meu canal no Youtube http://www.youtube.com/claudiourgel.

FIGURA 43 - Arthur Bosmans - autor da obra Romance para Violoncelo

solo e orquestra

Page 111: Memorial de Carreira

100

Outro destaque dessa área de produção que quero apresentar nesse Memorial é o concerto que

realizei com meu filho Tomás von Atzingen com a Orquestra Sinfônica da Escola de Música

da UFMG em 2000. Tocamos o Concerto em Sol Menor para dois Violoncelos de Antonio

Vivaldi, sob a regência de Silvio Viegas. Tomás tinha então treze anos de idade. O vídeos de

um desses concertos pode ser visto no site Youtube, nos links: https://youtu.be/e-

61zK2RcQY, https://youtu.be/i74JLIRVf8I e https://youtu.be/7yJRGdGuT8A. É possível

também rapidamente localizar os vídeos digitando na área de pesquisa Cláudio Urgel e

Vivaldi.

3.2.2.3. Duos com Piano e outros instrumentos

Tive a oportunidade de tocar com alguns pianistas durante a minha carreira como Regina

Amaral, Magdala Costa, Celina Szrvinsk, Maria Tereza Madeira, Rafael dos Santos, Mary

Beth Barteau, Wagner Sander, Valeria Gazire, entre outros. Toquei sonatas importantes tais

como Beethoven Nº 2 e 4, Brahms Nº 1, Prokovief, Kodally, Debussy, Barber, Guarnieri e

outras. Peças com Piano como o Ponteio e Dança de Camargo Guarnieri, Capricho de Villa-

Lobos, Peça Fantasia de Schumann, Rapsódia Húngara de David Popper, e muitas outras.

Destaco aqui os concertos que fizemos na Escola de Música da UFMG em homenagem aos 70

(1998) e aos 80 (2008) anos de idade do compositor Edino Krieger. O compositor estava

presente nos dois eventos, que foram organizados pela Pianista Celina Szrvinsk.

Apresentamos, também nos dois concertos, a obra Seresta para Violoncelo e Piano.

Toquei diversas vezes em duo com Violão. Obras modernas como as já citadas na seção

anterior com o violonista Lindolfo Bicalho. Com o Violonista Celso Faria toquei, entre outras,

Page 112: Memorial de Carreira

101

a Sonata para Violoncelo e Violão de Radamés Gnattali e Cenas Cariocas de Guerra Vicente -

Transcrição para Violoncelo e Violão de Celso Faria.

A obra que devo ter tocado mais vezes na formação de duo foi o Assobio a Játo de Heitor

Villa-Lobos. Toquei essa obra com diferentes Flautistas, mas na maioria das vezes foi com o

Flautista Fernando Pacífico, com quem tenho um duo desde os tempos de estudante. Foram

dezenas de apresentações, principalmente em concertos do Quarteto MinasArte que será

apresentado abaixo. Poucos compositores têm a criatividade e a coragem de Villa-Lobos para

escrever um duo para flauta e violoncelo, onde os dois instrumentos trocam constantemente

os papeis de solista e de acompanhador. A flauta, um instrumento solista por natureza, se vê

obrigada a realizar material harmônico e melódico típicos de acompanhamento e que são

próprios da linguagem idiomática do violoncelo e vice-versa. O violoncelo, por sua vez, se vê

obrigado a realizar o papel do solista, tocando os mesmos temas executados pela flauta,

dentro de uma linguagem própria da flauta. Essa troca constante de papeis aumenta a

dificuldade para os instrumentistas. Recentemente gravamos essa obra no projeto já citado

"Violoncelo ontem e hoje". O CD está em anexo e a gravação poderá ser apreciada.

FIGURA 44 - Foto de concerto com o Flautista Fernando Pacífico

Page 113: Memorial de Carreira

102

3.2.2.4. Trios, quartetos e outras formações

Antes de fazer alguns relatos de minha atividade nesta área, vou apresentar minha concepção

de música de câmara. Podemos dizer que música de câmara é música para uma pequena sala,

uma vez que é esse o significado da palavra câmara. Nesse entendimento incluiríamos

também um instrumento solo ou até uma pequena orquestra dentro dessa categoria. Outro

entendimento é que a música de câmara é composta de obras para pequenos grupos musicais.

Grupo só começa com dois instrumentos ou canto, o que exclui o instrumento solo. Um outro

aspecto da música de câmara é o grau de dificuldade individual das partes e a demanda por

ensaios do grupo. Entendo que quanto maior o número de instrumentos, mais ensaios serão

necessários em contraposição ao estudo individual das partes; quanto menor o número de

instrumentos, mais estudo individual e menos ensaios do grupo é necessário. Um quarteto

precisa ensaiar mais que um duo. Por outro lado, as partes de um quarteto demandam menos

estudo individual do que as partes de um duo. Um duo precisa menos ensaio mas muito mais

estudo individual.

Pelas razões apresentadas acima, na minha concepção de música de câmara, é na formação

trio que a música de câmara realmente começa. Temos uma parte do repertório de duos de

instrumento ou canto com piano em que o piano tem um papel secundário e acompanha um

solista de canto ou instrumento. Portanto é difícil chamar essas obras de música de câmara, é

solo acompanhado. Outra parte do repertório de duos, seja piano com canto ou instrumento,

seja qualquer outra combinação de instrumentos, as partes têm importância equivalente e são

partes de alto grau de dificuldade, comparáveis aos solos. Nesses dois casos é mais o estudo

individual que trará um bom resultado para o concerto e não tanto os ensaios do grupo.

Apresento abaixo trios, quartetos e outros grupos de que fiz parte.

Page 114: Memorial de Carreira

103

3.2.2.4.1. Grupo Diadorim

O Grupo Diadorim é formado por Laura von Atzingen, Violino, Sofia von Atzingen, Viola,

Tomás von Atzingen, violoncelo e Cláudio Urgel, violoncelo. O Grupo é formando por uma

família de músicos. Tomás, Sofia e Laura são filhos de Cláudio Urgel e Bernadette von

Atzingen. O grupo foi formado em casa, começando com pequenas peças escritas para

crianças e tocadas em duos, trios e quartetos. Aos poucos o grupo foi incorporando peças do

repertório de concerto para instrumentos de cordas, além de arranjos e transcrições. Uma parte

importante do repertório é formada por obras onde cada um dos instrumentos fica em

destaque, dando oportunidade a um caráter didático das apresentações. Algumas dessas

transcrições são: III Movimento do Concerto de Haydn em Ré Maior para Violoncelo e

Orquestra, onde Tomás era o solista, I Movimento do Concerto em Ré Maior de Stamitz para

Viola e Orquestra, onde Sofia era a solista, I Movimento do Concerto em Sol Maior de

Mozart para Violino e Orquestra, onde Laura era a Solista. Além de concertos, muitas outras

obras foram transcritas como as Danças Húngaras de Béla Bartók para Piano Solo, diversos

movimentos do Carnaval dos Animais de Saint-Saëns, partes dos Divertimentos de Mozart

para Quarteto de Cordas, entre outras. Essas transcrições serão melhor apresentadas abaixo

em uma seção dedicada às transcrições.

O Grupo Diadorim realizou inúmeros concertos. Destaco aqui o projeto "Música de Concerto

nas Escolas", em 2007 e 2008. Esse projeto recebeu apoio da Lei Municipal de Incentivo à

Cultura de Belo Horizonte e através dele realizamos vinte e dois concertos didáticos em

Escolas Municipais de Belo Horizonte. Além da música, os concertos eram acompanhados de

pequenas palestras e a distribuição de material gráfico para os estudantes era feita

previamente nas escolas para uma aula preparatória. Tivemos platéias de cinquenta pessoas

em auditórios até cerca de quinhentas ou mais em ginásios. Tocamos em regiões muito

carentes de Belo Horizonte, dentro de favelas. Apresentávamos os instrumentos, a família das

Page 115: Memorial de Carreira

104

cordas, destacando cada instrumento com os solos, a música de concerto e seus compositores,

entre outros assuntos. Trechos dessas apresentações podem ser vistas no Youtube, no link

https://youtu.be/IoxhOKzpL_g (Trenzinho do Caipira de Heitor Villa-Lobos, ou

https://youtu.be/1AaUam-fLso (Hino da Independência de Dom Pedro I), ou

https://youtu.be/4Bf-PHAymSA (Apresentação do projeto). Digitando Claudio Urgel e Grupo

Diadorim na área de pesquisa do site também dará acesso a esses e outros vídeos de concertos

do Grupo Diadorim.

FIGURA 45 - Grupo Diadorim

FIGURA 46 - Concertos do Grupo Diadorim em Escola de PBH

Page 116: Memorial de Carreira

105

Outra série de concertos que gostaria de destacar é uma turnê pelo interior de Minas Gerais

apoiada pela Fundação Clóvis Salgado em 2009. Os concertos tiveram sempre o caráter

didático apresentando nossos instrumentos, a música de concerto e os estilos de época. Foram

seis cidades na região do vale do Rio Doce incluindo a cidade onde nasci, Peçanha. A

ilustração abaixo mostra as cidades e o repertório da turnê. Vídeos desses concertos,

especificamente na cidade de Peçanha podem ser acessados no site Youtube, nos links:

https://youtu.be/UzAd4s9j0mA (Ernest Mahle - Concertino para Violino),

https://youtu.be/sNEFxLu7h2k (Guerra-Peixe - Andante para Viola) e

https://youtu.be/QDVwiuwf4t4 (Guerra-Vicente - Valsa Seresteira para Violoncelo).

Acessando o meu Canal no Youtube também dará acesso aos vídeos:

http://www.youtube.com/claudiourgel.

FIGURA 47 - Cartaz e programa de concertos em turnê do Grupo Diadorim

A ilustração abaixo mostra a passagem do grupo pela cidade de Guanhães.

Page 117: Memorial de Carreira

106

FIGURA 48 - Matéria de Jornal de Guanhães, MG, sobre concerto do Grupo Diadorim

3.2.2.4.2. Quarteto MinasArte

O Quarteto MinasArte é integrado por duas famílias de músicos mineiros. Fernando Pacífico

é primeiro Flautista da OSMG e professor da UEMG e sua filha Martha Pacífico, Violinista, é

integrante da Filarmônica de MG; Sofia von Atzingen, Violista, é minha filha e acaba de

concluir o mestrado em música na Alemanha. A formação instrumental do quarteto com

flauta e cordas tem obras originais mas também depende de transcrições e arranjos para

completar o repertório. Mozart escreveu quatro quartetos para essa formação que foram

tocados diversas vezes pelo Quarteto MinasArte. Faz parte também do repertório do grupo os

quartetos de Antonin Reicha (1770-1836), compositor da República Tcheca e contemporâneo

Page 118: Memorial de Carreira

107

de Beethoven. Entre as transcrições estão diversas obras de Ernesto Nazareth e movimentos

isolados das Bachianas Brasileiras 2, 4 e 5 e Heitor Villa-Lobos.

FIGURA 49 - Foto e programa de concerto no Conservatório UFMG em 2006, 150 anos de nascimento de

Mozart

Destaco também o concerto que fizemos no auditório da Escola de Música da UFMG em

comemoração aos 250 anos de nascimento de Mozart, em 2006. Na ocasião executamos, entre

outras obras, o Quarteto K298 em Lá Maior. O vídeo desse concerto, Primeiro Movimento,

Page 119: Memorial de Carreira

108

pode ser acessado no Youtube através do link: https://youtu.be/4-G0AEk9NsQ, ou digitando

na área de pesquisa Cláudio Urgel e Mozart.

Outra série de concertos importantes no currículo do quarteto são os vinte e cinco concertos

realizados em vinte e cinco cidades do interior de Minas Gerais, sempre com o apoio da

Fundação Clóvis Salgado. Os Programas abaixo mostram algumas das turnês.

FIGURA 50 - Programas de concertos do Quarteto MinasArte

O Quarteto MinasArte participou do projeto já relatado nesse Memorial, isto é, "Violoncelo

ontem e hoje". A faixa do CD em que o mesmo participa é a obra "Apanhei-te, Cavaquinho"

(1914) - Ernesto Nazareth (1863 - 1934); Piano Solo - Transcrição para Quarteto com Flauta,

Violino, Viola e Violoncelo realizada por Cláudio Urgel. Essa gravação está no CD em anexo

a esse Memorial.

Page 120: Memorial de Carreira

109

3.2.2.4.3. Conjunto de Violoncelos da Escola de Música da UFMG e o Cellos de Minas

Durante toda a minha carreira de Professor de Violoncelo realizei com alunos concertos de

grupo de violoncelos, seja nas audições de final de semestre, seja em eventos para o qual

fomos convidados a participar. Nomeamos o grupo de Conjunto de Violoncelos da Escola de

Música da UFMG. Apresentamos obras originais como as Bachianas Brasileiras Nº 1 e Nº 5

de Heitor Villa-Lobos, assim como diversas transcrições e arranjos que realizei para grupo de

violoncelos e quarteto de violoncelos. Exemplos dessas transcrições são: Brejeiro de Ernesto

Nazareth, Libertango de Astor Piazzola, Concerto em Sol Menor de Vivaldi, entre muitas

outras. Praticamente todas as audições de Violoncelo são encerradas com o grupo de

Violoncelos.

FIGURA 51 - Foto do Conjunto de Violoncelos em uma audição, 2005

Page 121: Memorial de Carreira

110

FIGURA 52 - Concerto do Conjunto de Violoncelos da Escola de Música em um Congresso

Vídeo de um dos concertos do Conjunto e Violoncelos da Escola de Música da UFMG pode

ser acessado no site Youtube, link: https://youtu.be/fW5J7KwF5As, ou digitando na área de

pesquisa Cláudio Urgel e Villa-Lobos. A obra é o Primeiro Movimento das Bachianas

Brasileiras Nº 1 de Heitor Villa-Lobos apresentada na abertura do III Congresso Internacional

de Fonética e Fonologia, em 2006, Auditório da Reitoria da UFMG.

Essa minha prática de ter na Escola de Música da UFMG o conjunto de violoncelos de alunos,

assim como de realizar transcrições para essa formação me levou a criar o grupo Cellos de

Minas. O quarteto “Cellos de Minas” é formado por quatro violoncelistas destacados do

cenário musical de Belo Horizonte, Antônio Viola, Cláudio Urgel, João Cândido e Sérgio

Rabello. Todos atuam em Orquestras e Escolas de Música de Belo Horizonte como a OSMG,

SESIMINAS, Filarmônica de Minas Gerais, Escola de Música da UFMG, Escola de Música

da UEMG, CEFAR, entre outras.

Page 122: Memorial de Carreira

111

FIGURA 53 - Cellos de Minas

O eclético repertório do quarteto é formado por obras para conjunto de Violoncelos assim

como obras para outros instrumentos arranjadas ou transcritas para quarteto. São obras de

compositores como Antonio Vivaldi, Heitor Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Ernani Aguiar,

Astor Piazzolla, entre outros. No site Youtube podem ser assistidas performances ao vivo do

quarteto, bastando digitar o meu nome Cláudio Urgel e o nome do grupo Cellos de Minas, ou

através de alguns links como esse: https://youtu.be/x-IRDyAJBMM.

Cellos de Minas está também no projeto "Violoncelo ontem e hoje". Duas faixas são

dedicadas a esse grupo, a saber, Brejeiro (1893) - Ernesto Nazareth (1863 - 1934); Piano Solo

- Transcrição para Quarteto de Violoncelos realizada por Cláudio Urgel e Choros Nº I (1920)

- Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959); Violão Solo - Transcrição para Quarteto de Violoncelos

realizada por Cláudio Urgel. O CD está em anexo e essas gravações podem ser apreciadas.

Page 123: Memorial de Carreira

112

FIGURA 54 - Cellos de Minas em concerto no Pró-Música de Juiz de Fora

Page 124: Memorial de Carreira

113

3.2.2.4.4. Outros grupos, formações e música popular

Nessa seção vou citar outros grupos que duraram menos tempo mas que foram importantes

em algum momento da minha carreira. O Trio Lorenzo Fernández formado por Valéria Gazire

(piano), Edson Queiroz (violino) e Cláudio Urgel (violoncelo) apresentou obras tradicionais e

modernas para a formação musical Trio com Piano, Violino e Violoncelo, assim como as

combinações possíveis com essa formação, duo de Violino e Violoncelo, duo de Violino e

Piano e de Violoncelo e Piano. Um dos programas de concerto abaixo foi totalmente de

dedicado à música brasileira e com as formações possíveis para esse grupo instrumental.

FIGURA 55 - Concertos do Trio Lorenzo Fernandez

Page 125: Memorial de Carreira

114

O Grupo Líbero tem uma proposta de mesclar a música instrumental e vocal, erudito e

popular, com arranjos e transcrições da pianista Ligia Becker com foco no repertório

operístico e canções de caráter mais popular. O repertório inclui obras de Carlos Gomes,

Verdi, Villa-Lobos, Gershwin, Cole Poter, entre outros. Os membros do grupo são: Elizeth

Gomes, Soprano, Alexandre Carvalho, Tenor, Maria Ligia Becker, Piano, Adriana Costa,

Violino e Cláudio Urge, Violoncelo, Arranjos e transcrições de Maria Ligia Becker. A

matéria de jornal abaixo mostra a atuação do grupo.

FIGURA 56 - Grupo Líbero no jornal Estado de Minas

Durante minha carreira participei de muitos outros concertos com as mais variadas formações

instrumentais, principalmente na música do Século XX, onde as formações tradicionais do

Page 126: Memorial de Carreira

115

Quarteto de Cordas e Trio de Piano e Cordas são alteradas para se obter uma maior variação

timbrística. Alguns desses concertos e gravações estão relatados no Currículo Lattes e

poderão ser consultados lá.

Completam as atividades relatadas acima algumas gravações de shows e DVDs de Música

Popular. Destaco o DVD intitulado "Projeto Brasil - de Antônio a Zé Kéti". O trio formado

por Clóvis Aguiar (Piano e Teclado), Milton Ramos (Contrabaixo Acústico) e Célio Balona

(Acordeon) são os responsáveis pelo projeto. Formaram uma orquestra de Cordas para

acompanhá-los com arranjos de Clóvis Aguiar e Regência de Geraldo Viana. A gravação do

DVD foi ao vivo no Teatro Sesiminas em 2007. Realizei gravações de CD de cantoras como

Paula Santoro, Elisa Queiroga e outras, sempre com arranjos de Mauro Rodrigues ou Geraldo

Viana.

3.2.3. Transcrições e arranjos

Como pode ser visto na seção anterior realizei dezenas de transcrições e arranjos para os

grupos musicais em que atuei. A maioria quase que absoluta desse trabalho não está ainda

publicada, mas pode ser comprovado com os próprios arranjos que disponibilizo para esse

Memorial, assim como os programas de concerto e gravações de apresentações em que essas

transcrições foram utilizadas.

Antes de apresentar os destaques dessa área de atuação é preciso uma conceituação entre

transcrição e arranjo. A Plataforma Lattes oferece no Módulo de Produções, Música, a opção

de caracterizar a Natureza da produção. Entre as opções está Arranjo, mas não temos a opção

Transcrição. Acredito que para muitos músicos não há diferença entre esse dois termos. Mas

no meu entendimento é preciso haver essa diferenciação. Entendo que na transcrição

Page 127: Memorial de Carreira

116

trabalhamos com uma partitura original para um determinado instrumento e realizamos a

transcrição para outro ou outros, fazendo pequenas adaptações mas sempre mantendo um

estreito vínculo com a partitura original. Já no arranjo temos uma liberdade maior com

inclusão de instrumentos e acréscimo de outros, com criação de contracantos e até alterações

harmônicas. O trabalho que faço é mais na área da transcrição do que do arranjo, uma vez que

trabalho sempre com a partitura em mãos e com obras que já têm muita riqueza de material, o

que não permite muito espaço para os acréscimos de um arranjo. Com raras exceções me

aventurei no arranjo. Isso ocorreu apenas em obras onde se tem apenas uma melodia e

acompanhamento e que, portanto, requerem em um arranjo para quarteto um pouco mais de

elaboração de novos materiais, respeitando sempre o estilo do compositor.

Transcrevi muito para o Grupo Diadorim: violino, viola e dois violoncelos; para o Quarteto

MinasArte: flauta, violino, viola e violoncelo e para o Grupo de Violoncelo e Quarteto de

Violoncelos. Vou relatar aqui alguns trabalhos na área do grupo de violoncelos porque

acredito serem estes os que têm maior demanda pela falta de repertório para essa formação

instrumental.

Graças à ampla tessitura do violoncelo, cuja extensão ultrapassa cinco oitavas e abrange todas

as vozes humanas, é possível haver grupos formados exclusivamente por violoncelos.

Transcrever música para grupo de violoncelos é desafiante. Os violoncelos têm de fazer ao

mesmo tempo o papel que, em quartetos de cordas, é dividido por dois instrumentos agudos,

os Violinos I e II, um instrumento de registro médio, a viola e um instrumento grave que é o

próprio Violoncelo. Fazer todos esses papeis só é possível devido à grande extensão do

Violoncelo, mas certas passagens se tornam verdadeiros desafios técnicos, equivalente aos

encontrados em concertos de violoncelo. Portanto, no caso do quarteto de Violoncelos as

partes individuais são desafiantes, diferente do que afirmei antes quando discuti a

Page 128: Memorial de Carreira

117

conceituação para música de câmara. Exemplo dessa afirmação está na estréia das Bachianas

Brasileiras Nº 1 de Heitor Villa-Lobos. Essa obra é para um grupo de oito Violoncelos. Em

sua estréia em 1932 foram apresentados dois dos três movimentos da obra e a primeira estante

teve de ser executada por duas Violas ao invés de dois Violoncelos. Hoje temos no Brasil

muitos violoncelistas em condições de fazer essa tarefa, mas em 1932 na Orquestra

Filarmônica do Rio de Janeiro não tinha.

Tenho evitado fazer listas de realizações ou produtos nesse Memorial, mas me rendo nesse

momento a listar algumas dessas transcrições para depois destacar uma ou outra. São para

quatro vozes de Violoncelos e em alguns casos com versões para um grupo maior tendo,

portanto, trechos com mais do que quatro vozes.

Antonio Vivaldi: Concerto para dois Violoncelos e Orquestra em sol Menor - Allegro,

Adágio e Allegro (o próprio nome já diz a formação instrumental)

Astor Piazzolla: Libertango, Adios Nonino e La Muerte del Ángel (Não consegui

definir para qual grupo cada uma dessas peças foi composta, existem muitos arranjos)

Béla Bartók: Danças Húngaras - Original para Piano Solo

Ernesto Nazareth: Apanhei-te Cavaquinho, Brejeiro, Coração que Sente e Odeon -

Piano Solo

Guerra Vicente: Três Cenas Cariocas - Valsa Seresteira, Cantiga e Choro - Violoncelo

e Piano

Heitor Villa-Lobos: Bachianas Brasileiras Nº 2 - original para Orquestra Sinfônica -

mas tem versão do próprio autor para Violoncelo e Piano - Transcrevi três dos quatro

movimentos: I - O Canto do Capadócio, II - O Canto da Nossa Terra e IV - O

Trenzinho do Caipira

Heitor Villa-Lobos: Choros Nº I - Original para Violão Solo.

Todas essas transcrições, apenas a grade sem as partes, estão no meu site institucional

http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link para Transcrições e depois de

entrar na página de transcrições selecionar cada uma das transcrições. Para abri-las é

Page 129: Memorial de Carreira

118

necessária a senha "casals". Abaixo estão alguns programas de concerto onde estas obras

foram executadas.

FIGURA 57 - Programas de concertos com mostra das transcrições

Gravações dessas transcrições podem ser acessadas no site Youtube, no meu canal

http://www.youtube.com/claudiourgel. Como relatado antes, nas atividades do grupo Cellos

de Minas duas dessas transcrições foram gravadas e publicadas no projeto "Violoncelo ontem

e hoje". Ambas, gravação e publicação estão em anexo a esse Memorial.

Page 130: Memorial de Carreira

119

3.3. Extensão

Cada Unidade da UFMG tem uma vocação diferente para a extensão. A Escola de Música tem

uma vocação natural, seja na área de cursos para crianças, adolescentes, adultos e terceira

idade, seja com seus produtos artísticos, assim como outras atividades realizadas na Clínica de

Musicoterapia.

As atividades que realizamos e os produtos que são gerados podem ser atribuídos ao mesmo

tempo às diferentes áreas em que atuamos, ensino, pesquisa, cultura e extensão. Mais

importante do que definir com precisão se uma atividade deve ser relatada aqui ou ali, é ter

para mostrar projetos e produtos de uma carreira. O próprio Currículo Lattes nos permite

relatar a mesma coisa em áreas diferentes. Analisando o Currículo Lattes de colegas de área e

mesmo de outras áreas nota-se bem o que estou afirmando. Cada um entende que seu trabalho

deve estar nesse ou naquele Módulo do Lattes.

Conforme relatado antes, muitas das atividades da área cultural poderiam também estar

mencionadas na área de extensão por mostrar para a comunidade externa da UFMG o que se

faz dentro da Universidade. Não faria mesmo o menor sentido ficarmos tocando somente uns

para os outros. Concerto sem público é para amador. Portanto não repetirei nesta seção todos

os concertos e atividades do gênero que já constam na seção anterior, a não ser aquelas que

foram realizadas dentro de Projetos de Extensão Institucionais. Vou relatar nesta seção

projetos e atividades de extensão que considero mais relevantes em minha carreira.

Page 131: Memorial de Carreira

120

3.3.1. Cursos de extensão e prestação de serviços

Um dos projetos de extensão mais antigo da Escola de Música da UFMG é o Curso de

Formação Musical - CFM. Foi criado em 1976 pelo então Diretor professor Ney Parrela. Já

relatei na seção inicial desse memorial que fui aluno desse curso. Entrei na primeira oferta

desse curso, 1976. O CFM foi criado para atender uma demanda por cursos básicos de música

em Belo Horizonte. Nos primeiros anos do vestibular para o Curso de Graduação em Música

na UFMG não havia provas de aptidão ou habilitação específica em música, gerando um

grave problema para a Escola. Nas mesmas turmas dos primeiros períodos do curso havia

alunos com formação básica e pessoas que nem sabiam ler uma partitura. O outro problema

era como preparar em quatro anos, tempo de um curso de graduação em música, um músico

profissional que por sua vez estava iniciando seus estudos na idade adulta. Digo sempre em

minhas palestras "Encontro com o Violoncelo" que o tempo para a formação de um músico

profissional é aproximadamente dez anos de estudo ininterrupto, com boa orientação,

instrumento adequado, cerca de quatro horas de estudo diário. Afirmo sempre que para formar

um Violoncelista profissional são necessárias pelo menos doze mil e quinhentas horas de

estudo, mais toda a vida profissional se aperfeiçoando. Foi também na gestão do Professor

Ney Parrela que foi criada a prova de Aptidão Específica em Música, como parte do

Vestibular para o Curso de Graduação em Música.

O antigo Conservatório Mineiro de Música oferecia um curso básico de música. Com a

absorção do Conservatório pela UFMG esse curso deixou de existir, provavelmente por ter

perdido o seu suporte legal. A Escola de Música encontrou nos cursos de extensão uma

maneira de voltar a ofertar cursos básicos de música para a comunidade de Belo Horizonte,

em uma época que existiam pouquíssimas escolas de música na cidade.

Page 132: Memorial de Carreira

121

Depois de aluno passei a ser professor do CFM. Primeiro como Monitor da Disciplina

Violoncelo, orientado pelo Professor Watson Clis. Mais tarde, quando contratado como

Técnico em Assuntos Culturais pela UFMG e ainda depois da minha contratação como

Professor de Violoncelo continuei lecionando no CFM. É importante observar que nessa

época a carga horária dedicada ao CFM era considerada na Escola de Música como carga

didática, com o mesmo valor de atuar na Graduação. O conteúdo e material usado nesse curso

é o da formação básica de um violoncelista, o que inclui exercícios, estudos e repertório

adequado. À medida que minhas atividades de Professor foram aumentando, inclusive as

administrativas que serão relatadas na próxima seção desse Memorial, deixei aos poucos de

dar aulas nesse curso e passei a orientar monitores para atuarem no CFM.

Com o passar dos anos diversas mudanças na UFMG, na Escola de Música e no seu quadro

docente provocaram mudanças nas atividades de extensão e em consequência disso no CFM.

Sem entrar em muitos detalhes podemos citar algumas dessas mudanças. Primeiro foi o

entendimento de que carga didática são as horas dedicadas ao ensino de graduação e pós-

graduação stricto sensu sem incluir, portanto, cursos de extensão e especialização. Segundo

podemos citar a regulamentação da UFMG das atividades de prestação de serviços dos

professores e funcionários, Resolução 10/95 do Conselho Universitário e o entendimento de

que essa atividade se caracteriza como atividade de extensão. A utilização das Fundações que

foram criadas para o apoio à pesquisa se estendeu também à extensão e à prestação de

serviços. Dentro desse cenário e com outros problemas enfrentados pelo CFM foi necessária

uma reforma nos cursos de extensão da Escola de Música. Entre os problemas podemos citar:

o distanciamento dos Professores por não ser esse mais considerado como carga didática;

irregularidades em contratos de professores externos pela Fundep para dar aula no CFM,

recebendo bolsa sem vínculo com a UFMG.

Page 133: Memorial de Carreira

122

Participei intensamente desse momento da Escola de Música, por estar exercendo na época a

função de Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto. Escrevi inclusive um artigo

intitulado "Prestação de serviços e produção artística na extensão universitária" apresentado

no evento X Encontro Anual da ANPPOM em Goiânia, GO, 1997. Estava representando a

Área de Práticas Interpretativas na Mesa-Redonda "Extensão/Interação com a Sociedade e

Música Brasileira". Esse artigo pode ser baixado e lido na minha página na Internet como

professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar o link

como o nome do artigo.

Considerando a situação relatada cima, decidimos encerrar o CFM e criar novos cursos de

extensão dentro da nova realidade. Criamos o Curso de Extensão em Música - Instrumentos e

Canto - CEM-INC. No novo modelo teríamos uma grade bem enxuta, a exclusão dos

professores externos com contratação irregular, a inclusão dos professores da Escola de

música que passaram a ter remuneração com recursos do próprio curso. A mesma coisa foi

feita pelo Departamento de Teoria Geral da Música que criou o CEM-TGM. Desde então

esses cursos e muitos outros foram criados sempre dentro desse novo modelo que associa

extensão universitária e prestação de serviços. Não estou afirmado aqui que toda extensão

universitária tenha que ser remunerada, apenas que a prestação de serviço remunerada é uma

das formas de realizar a atividade de extensão. Os recursos obtidos com esses e outros cursos

muito contribuíram para complementar os recursos financeiros da Escola de música e

importantes projetos receberam apoio com base nesses.

Hoje existe novamente um distanciamento dos professores do CEM-INC devido ao acúmulo

de atividades e funções que os mesmos vêm exercendo na Escola de Música. Aqueles que não

dão aula no CEM-INC orientam estagiários, alunos da graduação, para que o curso continue a

existir. Outra razão que levou ao distanciamento dos professores da Escola desse Curso é o

Page 134: Memorial de Carreira

123

entendimento que professores da UFMG não podem preparar candidatos ao vestibular e ao

mesmo tempo participar das bancas de seleção para os seus cursos. Eu mesmo não leciono

mais nesse curso porque prefiro fazer parte das bancas do vestibular e dessa maneira

participar da escolha dos que irão estar na minha classe de Violoncelo. Prefiro orientar

estagiários. O primeiro Boletim de divulgação do CEM-INC, que ajudei a elaborar, pode ser

visto na ilustração abaixo. Nesse Boletim pode ser observado um grande envolvimento dos

professores do Departamento nesse projeto.

FIGURA 58 - Capa e contracapa do primeiro Boletim Informativo do CEM-INC

Outro Curso de Extensão que tive grande participação foi Curso de Notação Musical - Finale.

Esse curso durou de 2003 a 2009, sua última oferta. Lecionei esse curso para os colegas

Professores, para Funcionários Músicos e para a comunidade externa da Escola de Música.

Esse curso muito contribuiu para a manutenção do Laboratório de Apoio às Disciplinas

Teóricas, que tinha também a minha coordenação. Contribuiu também com recursos para a

Page 135: Memorial de Carreira

124

disciplina de mesmo nome lecionada no Curso de Graduação e Pós-Graduação, especialmente

com material de consumo e permanente para o Laboratório. A última oferta que fiz desse

curso pode ser vista no meu sítio na Internet como professor da Escola de Música,

http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar Curso de Extensão - Notação Musical no

Computador.

FIGURA 59 - Capa e contracapa do Boletim Informativo do curso NMC- Finale

Destaco também três Cursos de Extensão que ajudei a elaborar e fui o Coordenador enquanto

exercia a função de Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto. O Curso de Extensão

"Prática da Improvisação na Música Popular Contemporânea" teve apoio também do

Programa Artista -Visitante da UFMG que concedeu bolsa ao Pianista Cláudio Dauelsberg,

professor do curso. Cláudio Dauelsberg lecionou também no Curso de Graduação em Música.

O curso teve como objetivo resgatar e desenvolver uma importante prática para a formação do

músico, a improvisação musical nas escolas de música. O segundo e o terceiro cursos são

"Simbologia do Barroco e" "Órgão". Ambos lecionados pela Professora Elisa Freixo e que

tiveram também a minha coordenação. Elisa Freixo foi Professora Visitante na Escola de

Música e lecionou também no Curso de Graduação em Música. Simbologia do Barroco é um

Page 136: Memorial de Carreira

125

curso que tem como principal finalidade orientar os estudantes na correta interpretação dos

símbolos usados na notação musical dos compositores do período barroco. O curso “Órgão”

tem por objetivo principal implantar e consolidar um núcleo de formação de organistas em

Minas Gerais.

3.3.2. Festivais de música, masterclasses e oficinas

Uma importante atividade dos professores de uma escola de música é participar de festivais e

eventos correlatos como a realização de palestras e masterclasses para estudantes de música.

Nos festivais de música lecionamos e realizamos concertos. Podemos citar aqui dois

importantes benefícios da participação de professores de música nos festivais. A primeira

podemos dizer que é o intercâmbio com professores de outras escolas do Brasil e do exterior,

tocando com estes e trocando informações sobre nossa atividade. A segunda é o recrutamento

de alunos para a nossa escola. Tive a oportunidade de lecionar, tocar, realizar masterclass e

palestras em alguns festivais, entre eles, o Festival de Inverno da UFMG, o Festival

Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, o Festival

Nacional de Música de Divinópolis, o Festival de Violoncelos de Ouro Branco, a Semana

Interativa de Ouro Branco.

Destaco aqui o Festival de Juiz de Fora - MG. Foram mais de dez participações convivendo e

lecionando para alunos oriundos principalmente de projetos sociais das prefeituras e ONGs de

cidades do interior de Minas Gerais e outros estados. Adolescentes e adultos que vêm de

locais onde não existe a infraestrutura adequada para o aprendizado da música. Esses locais

até têm espaço físico e instrumentos, mas não tem o mais importante que é o pessoal

especializado e com conhecimento para o desenvolvimento desses projetos. Muitos desses

alunos têm aulas somente nos festivais. Experiências como a desse festival me deixaram a

Page 137: Memorial de Carreira

126

impressão de estar cumprindo um importante papel para a extensão universitária, levando o

conhecimento instalado na Universidade para a comunidade externa. Muito investimento

ainda tem de ser feito para que esse conhecimento chegue ao interior de Minas Gerais e de

outros estados Brasileiros.

FIGURA 60 - Fotos com alunos e professores do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música

Antiga de Juiz de Fora, MG - 2010 e 2011

Tocar com os colegas e professores dos Festivais é outro aspecto relevante para nossa

participação nesses eventos. Destaco os concertos que realizei no Festival de Divinópolis.

Abaixo estão fotos com professores e concerto nesse festival.

FIGURA 61 - Fotos com professores do Festival Nacional de Música de Divinópolis, MG - 2012 e 2013

Na área de Oficinas destaco a Oficina de Projetos Culturais oferecida dentro do projeto

"Circuito Musical Estrada Real" em São João Del Rey/MG. O material desse curso foi quase

Page 138: Memorial de Carreira

127

todo retirado da disciplina Empreendedorismo na Área de Música. A oficina consiste de uma

série de palestras sobre as Leis de Incentivo à Cultura, sobre a Identificação de

Oportunidades, sobre a Elaboração de Projetos. Completam a oficina as Atividades Práticas

de elaboração e discussão de mini projetos elaborados pelos alunos e apresentados na sua

conclusão. Mais informações sobre essa oficina pode ser obtida no meu sitio na Internet como

professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar Curso

Oficina de Projetos Culturais.

Em turnê de concertos com grupos de que participei sempre realizamos masterclasses ou

oficinas. Destaco masterclasses que realizamos, eu e o flautista Fernando Pacífico, nas

viagens do Quarteto MinasArtes. Foram diversos concertos e oficinas como a ilustrada

abaixo.

FIGURA 62 - Fotos com professores e alunos da oficina em Campo Belo/MG

Page 139: Memorial de Carreira

128

3.3.3. Palestras

Outra atividade de extensão que realizei por diversas vezes foram Palestras sobre os assuntos

relacionados à minha área de atuação. Algumas dessas palestras já foram relatadas

anteriormente relacionando-as ao ensino.

Destaco aqui a palestra "Encontro com o Violoncelo" apresentada em alguns dos cursos de

extensão da Escola de música como o Curso de Musicalização e Apreciação na Maturidade, o

Curso de Percepção e Apreciação Musical, em Festivais de Música relatados acima, Escolas

Municipais e Centros Culturais da Prefeitura de Belo Horizonte. A Palestra é intercalada com

apresentações de obras para violoncelo solo, composições e estudos técnico-musicais, assim

como demonstrações que ilustram a linguagem idiomática do violoncelo, como os golpes de

arco. Os slides dessa palestra podem ser vistos na minha página institucional na Internet,

http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar Recital-Palestra - Encontro com o

violoncelo.

FIGURA 63 - Flyer de recente palestra

em centro cultural da PBH

Page 140: Memorial de Carreira

129

FIGURA 64 - Fotos com professores e alunos em palestra em Escola Municipal da PBH

Fiz algumas palestras e participei de concertos em um importante projeto da Escola de

Música, o Viva Música. O Viva Música oferece concertos e palestras semanalmente com a

participação de professores, funcionários músicos e alunos. É ao mesmo tempo projeto de

ensino e projeto de extensão. Cito aqui a palestra "Leis de Incentivo à Cultura - Área de

Música" em que apresento as principais características da Lei Federal de Incentivo à Cultura,

A Lei Estadual de Minas Gerais e a Lei Municipal de Belo Horizonte, comparando-as em

cada uma de suas modalidades, Fundo e Incentivo Fiscal. Os slides dessa palestra podem ser

acessados na minha página institucional na Internet, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel,

localizar o link Palestra - Leis de Incentivo à Cultura.

Page 141: Memorial de Carreira

130

Realizei recentemente outra palestra no Viva Música intitulada "Escola de Música da UFMG

- Uma Visão Histórica". A principal motivação dessa palestra é a comemoração dos noventa

anos de criação da Escola de Música. A Escola de Música é uma das instituições mais antigas

nessa área no Brasil. A primeira escola de música oficial criada no Brasil é a Escola de

Música da UFRJ. Foi criada em 1848 por Dom Pedro II com o nome de Conservatório de

Música, mudou de nome em 1889 para Instituto Nacional de Música, em 1937 foi incorporada

pela Universidade do Rio de Janeiro (atual UFRJ) mudando o nome para Escola Nacional de

Música. Em 1965 mudou novamente o nome para o atual que é Escola de Música da UFRJ. A

Escola de Música da UFRJ está comemorando, portanto, 167 anos e faz questão de mostrar

isso em sua página na Internet. A Escola de Música da UFMG seguiu os passos da Escola de

Música da UFRJ. Foi criada em 1925 com o nome de Conservatório Mineiro de Música, em

1950 foi transformada em uma instituição federal tendo uma maior valorização dos salários

do professores, entre outras vantagens da federalização, em 1962 foi incorporada à UFMG e

em 1972 recebeu o nome que tem atualmente, Escola de Música da UFMG. Outros eventos

político-administrativos são mostrados na palestra como a mudança temporária para o campus

da UFMG na década de sessenta, a departamentalização na década de setenta, a difícil

mudança definitiva para o campus da UFMG que envolveu uma grande discussão política na

década de oitenta e a mudança efetiva na década de noventa. Foram cerca de dez anos entre a

decisão do Conselho Universitário da UFMG em 1987 e a efetiva mudança para o Campus em

1997. São tratados também outros assuntos como a criação de cursos, reformas acadêmicas e

a citação de importantes professores e suas contribuições para o desenvolvimento da Escola

de Música. Os slides dessa palestra podem ser acessados no meu sitio na Internet como

professor da Escola de Música, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel, localizar o link

História da Escola de Música.

Page 142: Memorial de Carreira

131

FIGURA 65 - Duas sedes da Escola de Música da UFMG, o prédio do Conservatório Mineiro de Música e a sede

atual

Uma das atividades mais prazerosas que realizei nessa área foi a série de palestras-concerto

realizada com meus filhos, Grupo Diadorim, nas escolas municipais de Belo Horizonte

através do projeto Música de Concerto nas Escolas. Falar para crianças e adolescentes sobre a

música de concerto não é tarefa fácil. Mas com muita paciência e estratégias conseguia

prender a atenção dos ouvintes. Por exemplo, depois de apresentar a forma Rondo tocávamos

o movimento Presto do Divertimento em Fá Maior de Mozart, K138, transcrição realizada por

mim. Mas antes pedia às crianças para contar quantas vezes o tema era repetido entre os

episódios. Ao final da apresentação perguntava quantas vezes e eles contavam direitinho.

Abaixo algumas fotos ilustram essas apresentações didáticas da música de concerto.

Page 143: Memorial de Carreira

132

FIGURA 66 - Fotos de palestras-concertos realizadas em escolas municipais da PBH

FIGURA 67 - Capa e contracapa de Livreto distribuído aos alunos para as palestras-concerto

Page 144: Memorial de Carreira

133

3.4. Outras palestras e comunicações

Algumas palestras estão relatadas em outras seções desse Memorial por estarem mais

caracterizadas como atividade de extensão ou mesmo ensino. O Empreendedorismo na área

de Música e as Leis de Incentivo à Cultura tem sido uma das áreas que tenho atuado nos

últimos anos. Fiz palestra em diversos locais sobre esse assunto. Cito aqui o evento da UFMG

"Semana Global do Empreendedorismo na UFMG", em 2010. Dividi a mesa "Professores

Empreendedores os desafios da UFMG" com os professores Francisco Vidal da Ciências

Econômicas, Danielle Cireno da Sociologia e Jorge Tadeu da Ciência da Informação. Fiz uma

comunicação com o título "Empreendedorismo na Escola de Música da UFMG". Nosso

debate levou à conclusão de que a UFMG teve algumas iniciativas mas ainda não incorporou

o Empreendedorismo como acreditamos ser necessário, não só nesse tema, mas também

outros relacionados à gestão de carreira, como forma de ajudar os alunos na sua inserção no

mercado de trabalho.

Fiz palestra no evento I Semana de Iniciação Científica da FAMES - Faculdade de Música do

Espírito Santo "Maurício de Oliveira" em 2011. A palestra denominada "Música e

Empreendedorismo" teve como Tema Norteador: O Profissional da música em foco: desafios

e oportunidades no século XXI. Foram tratados assuntos como o cenário econômico atual, a

valorização dos serviços, a redução do emprego, a economia da cultura e a necessidade de

todos lidarem com a questão empreendedora e outros assuntos. Os Slides dessa palestra estão

disponíveis na minha página institucional na Internet,

http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar o link Palestra - Música e

Empreendedorismo. A senha para abrir os slides é a palavra "fames".

Page 145: Memorial de Carreira

134

Realizei recentemente a palestra "A LMIC e o Projeto Violoncelo Ontem e Hoje". Essa

palestra foi feita para alunos da Licenciatura em Música da Escola de Música da UFMG.

Trata da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e o projeto que acabo de

executar apoiado pela LMIC. Os Slides dessa palestra estão disponíveis na minha página

institucional na Internet, http://www.musica.ufmg.br/claudiourgel. Localizar o link Palestra A

LMIC e o Projeto Violoncelo Ontem e Hoje . A senha para abrir essa palestra é a palavra

"cello".

Page 146: Memorial de Carreira

135

4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO ACADÊMICA

A carreira na universidade pública exige em um momento ou outro a participação de docentes

na sua administração, mesmo que seja através de comissões e órgãos colegiados, sem exercer

cargos ou funções administrativas. Não me furtei a esse compromisso. Em alguns momentos

foi por obrigação do ofício e em outros por querência mesmo, pela vocação que tenho para

gestor. Como estamos em uma instituição pública, essa gestão se torna bem complexa com

dezenas de regras específicas da administração pública que devemos seguir.

Para ser capaz de exercer com plenitude as funções de gestor que me propus durante minha

carreira fiz estudos individuais sobre a administração pública e a universidade com leituras e

consultas a importantes leis como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, Lei nº

9.394 de 20 de dezembro de 1996, a Lei n 8.112 de 11 de dezembro de 1990, mais conhecida

como Regime Jurídico Único, a recente lei que reestruturou a carreira docente, Lei Nº 12.772

de 28 de dezembro de 2012, entre muitas outras. Decretos e Portarias que regulamentam essas

leis também foram objeto de estudo individual. No âmbito da UFMG cito os ordenamentos

básicos, isto é, o Estatuto que descreve como a UFMG está organizada e o Regimento Geral

que descreve o seu funcionamento. Além dos ordenamentos básicos foram leituras

obrigatórias as Resoluções dos Conselhos Superiores, tais como as Normas Acadêmicas de

Graduação, Resolução 01/90 do CEPE, a Resolução de Concursos Públicos, Resolução

02/2013 do Conselho Universitário, a atual Resolução sobre a Carreira dos Professores,

Resolução 04/2014 do Conselho Universitário, entre outras. No âmbito da Escola de Música

não só estudei suas normas internas como participei da elaboração de muitas delas, como a

Resolução 01/96 de 26 de junho de 1996 e de sua alteração Resolução 01/99 de 10 de Maio de

1999, estabelecendo ambas as normas específicas sobre a prestação de serviços no âmbito da

Escola de Música, entre muitas outras.

Page 147: Memorial de Carreira

136

Fiz também cursos de curta duração que contribuíram para a minha formação para exercer a

função de gestor público. Posso citar o Curso Sobre o Regime Jurídico Único na Fundação

João Pinheiro, 1998, Curso Especial de Formação de Gestores Universitários pela Pró-

Reitoria de Recursos Humanos da UFMG, 1999, Curso Gestão de Recursos Humanos na

Universidade também pela Pró-Reitoria de Recursos Humanos da UFMG, 2001.

Constantemente sou consultado por colegas mais novos para esclarecimentos sobre normas e

procedimentos relacionados à vida universitária, a sua administração pública e acadêmica.

Meu conhecimento histórico da escola de música me ajudou a entender melhor o seu

funcionamento. A principal referência para esse conhecimento sobre a história da Escola de

Música foi o livro da Professora e Ex-diretora da escola, Sandra Loureiro de Freitas Reis,

intitulado "Escola de Música da UFMG - Um Estudo Histórico (1925 a 1970). A partir da

década de setenta passei a fazer parte da Escola de Música, e por isso não foi difícil completar

o trabalho da Sandra com novos fatos que marcaram os noventa anos de existência da Escola

de Música da UFMG, completados no ano de 2015. Realizei palestras sobre esse assunto já

relatadas nesse Memorial.

Minhas decisões e ações nos cargos que exerci e meu voto nos pareceres e órgãos colegiados

de que participei sempre foram pensando nos interesses da Área de Música, da Escola de

Música e da Coletividade. Sempre me orientei pelo pensamento de que se é bom para a Escola

e se é bom para o Servidor, que se aprove. Passo a relatar em destaque algumas das minhas

atividades na área de Administração Pública e Gestão Acadêmica.

Page 148: Memorial de Carreira

137

4.1. Membro de órgão colegiado acadêmico e administrativo

Destaco abaixo alguns dos órgãos colegiados de que participei no âmbito da Escola de Música

da UFMG. Com a criação dos departamentos na Escola de Música na década de setenta,

passamos a ter decisões mais colegiadas e menos centradas em Chefes e Catedráticos.

Participei por diversos mandatos da Câmara Departamental do Departamento de Instrumentos

e Canto, como representante dos Professores e como membro nato, enquanto Chefe e seu

Presidente. A Câmara do Departamento se divide entre assuntos acadêmicos e

administrativos. São exemplos de assuntos acadêmicos a aprovação do Mapa de Oferta de

Disciplinas do Departamento, discussões relacionada à metodologia de ensino e formação de

turmas de algumas disciplinas, a aprovação de programa de concurso de professores, entre

outros. Mas a vocação maior da câmara do Departamento é a parte administrativa, em todos

os assuntos relacionados aos docentes lotados no departamento. São exemplos de assuntos

administrativos questões relacionadas aos afastamentos temporários de professores para

capacitação ou para a participação em eventos, a aprovação do relatório individual dos

professores e o relatório departamental elaborado pelo Chefe do Departamento, entre outros.

Muitas vezes o administrativo e o acadêmico se misturam e não há como separá-los. Enquanto

membro da Câmara Departamental fui responsável pela relatoria de diversos projetos de

modernização do Departamento. Posso citar, entre outros, a elaboração, junto com outros

colegas, do projeto para o novo Curso de Extensão em Instrumentos e Canto - CEM-INC que

juntamente com outros Cursos de Extensão substituiu o antigo Curso de Formação Musical -

CFM e que está funcionado até hoje.

Fui também membro da Congregação da Escola de Música como representante dos

Professores e também como membro nato, tendo sido Chefe do Departamento de

Instrumentos e Canto e Diretor da Escola de Música. A Congregação tem função mais

Page 149: Memorial de Carreira

138

administrativa do que acadêmica, que no âmbito da Unidade fica sob a responsabilidade dos

Colegiados de Cursos. Entre os assuntos de que trata a Congregação estão questões relativas à

prestação de contas do diretor, a remoção de funcionários, normas internas de funcionamento

da escola, a organização da eleição do Diretor da Unidade. Enquanto membro da

Congregação participei da elaboração de importantes normas para a Escola de Música como a

Resolução 01/96 que regulamentou, no âmbito da Escola de Música, a Prestação de Serviço

de Professores e Funcionários.

Fui membro do Colegiado de Pós-Graduação da Escola de Música e indicado pelo Reitor da

UFMG para ser membro do Conselho Curador da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa

- Fundep de 2006 a 2008. Neste período temas importantes como o próprio estatuto da

Fundep foi discutido, assim como a destinação de importantes verbas para o apoio às áreas de

atuação da Fundep. Representei a Escola de Música no Conselho Universitário da UFMG

como indicado da Congregação da Unidade e depois como membro nato no período em que

estive a frente da Diretoria da Escola de Música.

No Conselho Universitário participei de debates importantes como a Reforma do Estatuto da

UFMG aprovada em 1999, atendendo a exigências da Nova LDB de 1996. Outro importante

assunto foi o Projeto Campus 2000 que envolveu a captação e a alocação de recursos para

execução de obras que permitiram trazer para o Campus Pampulha, escolas localizadas no

centro da cidade. Participei também da aprovação da resolução que regulamenta o estágio

probatório de professores, aprovada em 1999, após quase dez anos de tramitação, uma vez

que o Regime Jurídico Único foi sancionado em 1991.

Page 150: Memorial de Carreira

139

Esses foram alguns dos órgãos colegiados de que participei e algumas das decisões

importantes tomadas por esses órgãos em minha passagem pelos mesmos. Outros projetos e

decisões serão relatados abaixo juntamente com os cargos que exerci.

4.2. Comissões e Pareceres

4.2.1. Comissões administrativas e acadêmicas

Participei de diversas comissões institucionais que trataram de assuntos acadêmicos e

administrativos. Posso citar a Comissão de Avaliação de Estágio Probatório de Professores,

Comissão de Seleção de Professores (Concurso Público no âmbito da UFMG e em outras

Universidades), Comissões de Sindicância e Processo Administrativo, Comissão Permanente

de Licitação Pública, Comissão de Criação e Reforma de Cursos e Currículo, Comissão de

Avaliação de Desempenho para Promoção à Classe de Professor Associado, Comissão de

Eleição na Unidade e na Universidade, Comissão de Seleção de Bolsistas para Projetos

Diversos, Comissão do Vestibular para a Graduação em Música, Comissão de Seleção de

Candidatos ao Mestrado em Música, entre muitas outras. Não estão incluídas aqui Comissões

de Defesa de Dissertação, de Apresentação de Recital de Mestrado, e de Monografia de

Graduação, que foram relatadas na seção Docência, Orientação e Banca de Defesa desse

Memorial.

Cito abaixo em destaque algumas dessas comissões e minha visão crítica sobre as mesmas e

sobre os assuntos de que elas trataram.

Comissões não agradáveis de participar, mas um dever do ofício são as de sindicância e

processo administrativo. Participei de algumas e tive que através de carta à Pró-Reitoria de

Page 151: Memorial de Carreira

140

Recursos Humanos recusar a última nomeação que recebi para essa tarefa. Acredito que nós

servidores públicos temos a obrigação de participar desse tipo de comissão, mas não a ponto

de ser identificado pelos colegas como corregedor, cargo que não existe no Plano de Carreira

dos Servidores das Universidades Federais. Somos na UFMG mais de seis mil servidores

entre professores e funcionários técnico-administrativos, portanto não precisamos manter um

mesmo professor ou funcionário permanente nessas comissões. Sempre fiz meu trabalho da

melhor maneira possível, tendo ou não vocação para essa ou aquela tarefa, gostando ou não

do que estou fazendo, mas isso às vezes se torna um problema no serviço público, pois

aqueles que mais se dedicam são os mais solicitados e acabam prejudicados com o excesso de

tarefas. Por outro lado posso dizer que aprendi muito com essas comissões, aprendi sobre o

RJU, as normas e legislação específicas para processos administrativos e até o Código Civil

tivemos que estudar para tomar decisões justas e corretas. Vou fazer um pequeno relato

ilustrativo de duas das comissões que participei.

Um servidor, de nome H, foi sindicado por denúncia de assédio moral, entre outras

irregularidades. Tomamos depoimentos com mais de oito horas de duração de diversas

testemunhas e seu advogado dava gritos e socos na mesa para nos intimidar e provocar

reações que pudessem ser usadas como cerceamento da defesa. Em uma Comissão de

Sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar, os membros ao fazerem a investigação se

tornam verdadeiros investigadores juntamente com o presidente da comissão que faz o papel

de um delegado conduzindo as investigações. Muito tranqüilo, o presidente dizia sempre ao

advogado que iríamos relegar seu comportamento e ofensas e daríamos continuidade a

reunião. Esse servidor estava em estágio probatório e foi demitido ao final do estágio sem que

a comissão de inquérito administrativo concluísse seus trabalhos.

Page 152: Memorial de Carreira

141

Em uma outra comissão um professor apresentou denúncia contra colegas de departamento

por diversas irregularidades, entre elas a dupla remuneração pela mesma função. Eram

professores que recebiam gratificações de um curso de especialização da UFMG que arrecada

um volume expressivo de recursos financeiros. Até o momento cursos de pós-graduação lato

sensu podem cobrar taxas e são considerados uma atividade de prestação de serviços dos

professores e da universidade pública através das fundações de apoio. Existem propostas no

Congresso para igualar os cursos lato sensu (especialização e aperfeiçoamento) ao stricto

sensu (mestrado e doutorado) para os quais não se pode cobrar pelos serviços educacionais na

universidade pública. Se isso vier a acontecer não poderá mais haver a cobrança nos cursos de

especialização nas universidades públicas. Como todos os professores e funcionários que

recebiam esses valores davam aulas e exerciam funções de gestão administrava de recursos

provenientes desse curso, não encontramos irregularidades passíveis de punição nesse

processo. Uma observação sobre processos administrativos desse tipo é que após a conclusão

dos trabalhos a comissão faz seu relatório e remete todo o processo à autoridade que a

nomeou e que fará o julgamento final do processo. A partir desse momento a comissão não é

mais informada do que aconteceu com o processo, isto é, qual foi o resultado do julgamento.

Participei de muitas Comissões de Avaliação do Estágio Probatório de Professores. A

Resolução Nº 30-A/99, de 16 de Dezembro de 1999, do Conselho Universitário da UFMG, da

qual participei da aprovação como membro do Conselho é que regulamenta o estágio

probatório de docentes no âmbito da UFMG. O professor deve ser avaliado aos dezoito e aos

trinta meses de contratação e se torna servidor do quadro permanente a partir dos trinta e seis

meses de vínculo com a Universidade. É muita responsabilidade realizar essas avaliações

porque é o único momento em que um servidor público pode ser demitido por insuficiência de

desempenho. A partir do sua efetivação no quadro permanente, as avaliações de desempenho

são apenas para a progressão e promoção na carreira. Não encontrei em nenhum dos

Page 153: Memorial de Carreira

142

processos de avaliação que participei, professores com insuficiência de desempenho que

justificasse sua demissão. O máximo que encontrei foram professores um pouco sem

orientação na carreia na Universidade, utilizando em seus textos conceitos errados e, portanto,

a comissão teve o papel de orientar esses professores. Esse fato indica que os concursos

públicos para a seleção de professores na Escola de Música têm selecionado bons professores,

com o perfil adequado para nossa carreira.

Da mesma forma que agora me apresento para essa Avaliação de Desempenho e Defesa de

Memorial visando a promoção à Classe de Professor Titular, participei também de algumas

Comissões de Avaliação de Desempenho de Professores para a Promoção à Classe de

Professor Associado, como membro titular e como membro suplente. Esse tipo de avaliação

tem causado grande discussão na Escola de Música, sobre qual deve ser o perfil do Professor

Associado. Há inclusive um caso de ação na justiça questionando avaliações já realizadas, da

qual não participei mas que fazia parte como membro suplente. O que a justiça vai decidir não

há como prever, mas quero colocar aqui minha posição crítica sobre os parâmetros de

avaliação para a promoção à Classe de Professor Associado na Escola de Música. Acredito

que na Escola de Música devemos ter parâmetros de avaliação que contemplem pelo menos

dois perfis distintos: o primeiro é aquele mais encontrado nas Universidades, ou seja, de um

professor que além do ensino, graduação e/ou pós-graduação, tenha produção intelectual na

área de pesquisa e/ou extensão; o segundo é aquele que além da atividade de ensino,

graduação e/ou pós-graduação, tenha produção intelectual na área da cultura e/ou extensão.

Como já afirmei em outras seções desse memorial, a cultura não tem de ser um subproduto da

pesquisa ou da extensão e precisa ser colocada como uma atividade própria dos professores da

área de música e artes. Em ambos os perfis a atividade administrativa e de gestão acadêmica,

sendo pelo menos membro de órgãos colegiados e comissões, também é importante para

complementar esse perfil. Espero que com o trabalho da Comissão que cria os novos

Page 154: Memorial de Carreira

143

parâmetros de avaliação para a promoção à Classe do Professor Associado, com base no que

determina à Resolução 04/2014 do Conselho Universitário, reflita esse pensamento. Que

sejam contemplados os diferentes perfis de professores em nossa Unidade, para que assim

cessem os conflitos e possamos ter uma convivência mais harmoniosa no âmbito da Escola de

Música.

Outro tipo de comissão que tive orgulho de participar foram aquelas que selecionaram

Professores de Violoncelo para outras escolas de música de Universidades Brasileiras. Cito

aqui algumas: Seleção de Professor de Violoncelo para a Universidade Federal do Ceará,

2014, Professor de Violoncelo da Universidade Estadual do Amazonas, 2013, Universidade

Federal de Juiz de Fora - UFJF, 2009, Universidade de Brasília - UNB, 2009, Universidade

Estadual do Paraná, Maringá, 2003, entre outras. Participei também de bancas de escolha de

professores, efetivos e substitutos, de outros instrumentos na Escola de Música da UFMG,

como membro titular e como membro suplente. Cito aqui a comissão para a escolha do

Professor Efetivo de Viola, que é também da área de cordas, onde atuo.

Uma comissão que gostaria de citar nesse memorial é a Comissão de Avaliação dos

Anteprojetos de Mestrado em Música em Educação Musical e Performance Musical de 1995.

Cito essa comissão porque, apesar de não ser hoje Professor Permanente ou Colaborador do

Programa de Pós-Graduação da Escola de Música pelas razões já apresentadas em seção

anterior desse Memorial, participei intensamente da criação do Mestrado em Música e dos

primeiros anos de instalação desse curso. Lembro-me bem que essa comissão teve a

importante tarefa de propor que, naquele momento, a única área que teria chance de passar

pelas instâncias de avaliação que aprovariam a criação do curso seria a área de Performance

Musical. A área de Performance Musical tinha naquele momento o número de professores

doutores suficiente para propor o curso, o que não acontecia com nenhuma outra área da

Page 155: Memorial de Carreira

144

Escola de Música. Outra razão para investirmos apenas na área de Performance Musical é que

a Escola de Música já tinha realizado uma tentativa frustrada de criar o Mestrado em Música,

que não foi aprovado pela UFMG. Na ocasião foi sugerido que interrompessem o processo de

criação justamente por não ter ainda o corpo docente adequado para criação desse tipo de

curso. O Mestrado em Música da Escola de Música foi aprovado somente em 1999, período

em que era o Diretor e participei, portanto, da decisão final da Congregação da Escola de

Música e do Conselho Universitário da UFMG.

4.2.2. Pareceres administrativos e acadêmicos

Como membro de órgãos colegiados, comissões, e mesmo sem ser membro, fui por diversas

vezes solicitado a emitir parecer sobre assuntos acadêmicos e administrativos no âmbito da

Escola de Música e da UFMG. Muitos desses são apresentados como pareceres de comissões,

mas há sempre quem realmente elabora o parecer ou relatório final dos trabalhos. Sempre me

propus ser o relator das comissões de que participei, mesmo acumulando também a função de

presidente. Não acredito que seja eficiente elaborar pareceres ou relatórios coletivamente.

Muito mais eficaz é ter o membro que elabora o documento, o qual é depois discutido pelo

grupo e, se for caso, modificado. Foram pareceres sobre a Prestação de Conta do Diretor, o

Relatório Global de Atividades do Departamento de Teoria Geral da Música - TGM, a

Revalidação de Diplomas Estrangeiros de Pós-Graduação, a Remoção de Docente da Escola

de Música, o Estágio Probatório de Docente, a Publicação de Livros para Editora da Unesp e

para a Editora da UFG, o Relatório Individual e a Manutenção de Dedicação Exclusiva de

Docentes, a Aprovação de Projetos de Docentes de Capacitação, Pesquisa, Cultura e

Extensão, sobre o Aproveitamento de Estudos de Alunos Transferidos, e muitos outros

assuntos. Destaco abaixo alguns desses pareceres onde aproveito para apresentar minha visão

crítica sobre esses assuntos.

Page 156: Memorial de Carreira

145

Um dos pareceres mais difíceis que elaborei foi sobre o pedido de uma colega para a remoção

da Escola de Música para outra Unidade da UFMG. Tarefa difícil e de muita

responsabilidade. O documento que elaborei cita normas e procedimentos legais para que um

processo como esse possa ser realizado, orienta tanto o órgão colegiado que avaliaria esse

parecer quanto o solicitante da remoção. Mais uma vez coloquei os interesses da coletividade

e da Escola de Música acima de conflitos e problemas individuais. Fiz meu dever de ofício.

Meu voto foi contrário, naquele momento e naquelas condições, à liberação do professor para

a remoção da Escola de Música para outra unidade da UFMG. O parecer foi aprovado pela

Congregação e infelizmente a professora preferiu pedir demissão a realizar procedimentos que

poderiam viabilizar essa remoção e seguir os tramites legais para que essa remoção pudesse

acontecer.

Destaco também os pareceres de Revalidação de Título de Pós-Graduação obtidos no exterior,

outro assunto polêmico na Escola de Música. Não acredito em uma equivalência disciplina a

disciplina ou crédito a crédito. A equivalência deve ser mais abrangente identificando

diploma, histórico escolar, instituições que realizam curso de pós-graduação e que merecem

ser reconhecidos em nosso país como uma pós-graduação stricto sensu acadêmica ou

profissional. Outro aspecto da revalidação de diplomas estrangeiros são os cursos no exterior

em que o trabalho de conclusão final não seja uma dissertação mas outros formatos como um

concerto, uma composição musical, projetos técnicos, materiais didáticos e instrucionais e

muitos outros. Sempre tive esse pensamento, muito antes da Portaria do MEC, Nº 7 de 22 de

Junho de 2009, que regulamenta os Mestrados Profissionais no Brasil. Na condição de Diretor

da Escola de Música sempre apoiei nossos professores que realizaram curso no exterior cujo

trabalho de conclusão final não era uma dissertação ou tese. O importante mesmo é que a pós-

graduação traga conhecimento e desenvolvimento para a nossa Escola e para o nosso país, em

Page 157: Memorial de Carreira

146

todas as áreas, e não apenas na área acadêmica ou de pesquisa. Meus pareceres nessa área

sempre seguiram essa orientação.

4.3. Coordenação de projetos de ensino, pesquisa, cultura e extensão

Elaborei e coordenei diversos projetos, alguns já citados como o Projeto de Ensino "Iniciação

a docência em disciplinas e atividades que utilizam a notação musical no computador" que foi

realizado por vários anos. Este projeto dava suporte à disciplina Notação Musical no

Computador - Finale. Sempre escolhíamos uma obra importante, que estava em manuscrito

para ser editada. O projeto permitia também que o Laboratório de Apoio às Disciplinas

Teóricas ficasse aberto para que os alunos pudessem realizar seus trabalhos com o

computador. Por uma série de razões interrompemos esse projeto e a disciplina que mais

utilizava o Laboratório. Primeiro a diminuição da demanda de uma sala com

microcomputadores para os alunos desde que esses ficaram acessíveis. Segundo o aumento da

minha carga didática nas disciplinas obrigatórias.

Na área de pesquisa posso citar dois projetos. O primeiro já foi relatado na seção de Produção

Intelectual e é o Guia Analítico de Estudos Selecionados para Violino e Viola, que teve apoio

da Fapemig e da Fundep. Nesse projeto tive uma participação que foi além da questão gestora,

uma vez que o projeto era na área de instrumentos de corda, minha área de atuação. Portanto

tive também o papel de orientador dos trabalhos acadêmicos e do relatório final. O segundo

tive um papel exclusivamente de Coordenador, de gestor mesmo, mas uma função importante

porque não tínhamos na Escola de Música, naquele momento, professor dessa área específica,

a Musicoterapia. Foi o projeto "Estudo e Implementação de um Programa de Atendimento

Musicoterapêutico a Clientes Externos Portadores de Distúrbios Psicóticos no Hospital das

Clínicas da UFMG". O projeto permitiu que trouxéssemos para a Escola de Música, como

Page 158: Memorial de Carreira

147

Pesquisadora Visitante, a Musicoterapeuta e hoje Professora da Escola de Música, Cybelle

Maria Veiga Loureiro. Esse projeto permitiu à Escola de Música apresentar para a UFMG a

Musicoterapia, a elaboração de uma proposta de criação de curso ou habilitação nessa área, a

oferta de disciplinas optativas nessa área e o atendimento de pacientes em hospitais da

Universidade. Cumpri, nesse caso, um papel institucional de coordenador executivo de um

projeto que não era da minha área de atuação. Esse projeto foi o embrião do que é hoje a

habilitação em musicoterapia do curso de graduação em música da UFMG.

Na área cultural elaborei diversos projetos e executei alguns. Como já foi discutido antes, os

projetos culturais precisam ser levados ao mercado, isto é, fora da Universidade ou das

agências de fomento. Eles precisam ser elaborados para as Leis de Incentivo à Cultura,

Federal, Estadual de Minas Gerais e Municipal de Belo Horizonte. Esses projetos enfrentam

uma disputa com centenas ou milhares de concorrentes. Outra observação importante é que os

projetos são apresentados como pessoa física e, portanto, é o proponente o responsável por

todas as ações do projeto, não havendo apoio das Fundações. No caso do Incentivo Fiscal,

Modalidade das Leis de Incentivo à Cultura, depois de aprovado o projeto pela instância

pública, o mesmo é levado às empresas para solicitar o patrocínio. Tive a aprovação de

diversos projetos nessa modalidade, mas não foram captados, tanto na Lei Federal como na

Estadual. Cito alguns da Federal: Quarteto MinasArte comemora Mozart - 250 anos de

Nascimento, em 2006; Música de Concerto nas Escolas - Grupo Diadorim, 2009; Retratos do

Tempo: Composições de Gilberto Carvalho, em 2011. Esse último projeto foi apresentado

para o Petrobrás Cultural, mas não foi aprovado. No caso da Lei Estadual de Minas Gerais

cito: O Violoncelo nas Gerais: Cellos de Minas, em 2012; Nazareth para Violoncelos: Cellos

de Minas, em 2011; Quarteto MinasArte: Concertos e Oficinas, em 2008, entre outros. No

caso da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte tive mais êxito. Mas não

sempre e diversos projetos não foram aprovados também. Cito os que elaborei e executei

Page 159: Memorial de Carreira

148

como Músico e como Gestor. O primeiro é o Música de Concerto nas Escolas - Grupo

Diadorim, em 2007 e em 2008. Fizemos vinte e dois concertos didáticos em Escolas

Municipais de Belo Horizonte para crianças, adolescentes e adultos da EJA- Escola de Jovens

e Adultos noturna. Esse projeto já foi descrito anteriormente como produção intelectual. Toda

a parte administrativa do projeto foi realizada por mim. Abaixo podem ser vistos dois

certificados de aprovação da prestação de contas do projeto, após passar por rigorosa auditoria

da Prefeitura de Belo Horizonte.

FIGURA 68 - Certificados de auditoria em projetos culturais da LMIC - BH

Outro projeto aprovado na LMIC que gostaria de citar por ter exercido a função de

coordenador geral e gestor do projeto é o "Violoncelo ontem e hoje - CD e concerto com

mostra de composições e transcrições da música Brasileira e contemporânea de Belo

Horizonte", Edital de 2012. Esse projeto foi estendido após a sua parovação. Além do CD

gravado e do concerto de lançamento, publicamos também um livro de partituras, com parte

do repertório gravado. O projeto foi descrito na seção de Produção Intelectual. Chamo a

atenção novamente pelo fato de ser um projeto apresentado por pessoa física e ser totalmente

administrado por mim. O projeto já está encerrado, mas não foi ainda auditado pela prefeitura

de Belo Horizonte.

Page 160: Memorial de Carreira

149

O relato acima pretende mostrar os projetos que foram elaborados e coordenados por mim,

como também outros que, embora tivessem qualidade, por diversas razões não foram

aprovados ou captados para a sua execução. A razão para essa colocação é que minha

produção intelectual não foi ainda maior devido às dificuldades da área cultura em obter apoio

dentro da Universidade, das agências de fomento, e da enorme concorrência que enfrentamos

no mercado externo com as Leis de Incentivo à Cultura.

Na área de extensão coordenei alguns projetos. Da mesma forma que mencionei

anteriormente, em alguns fui coordenador e participei da área acadêmica, em outros fui

somente o coordenador executivo. No caso do curso de extensão "Notação Musical no

Computador - Finale", descrito anteriormente, exerci a função de coordenador e de professor.

No caso dos cursos de extensão "Simbologia do Barroco" e " Órgão", ministrados pela

Professora Elisa Freixo, fui somente o coordenador executivo dos projetos. O mesmo ocorreu

com o projeto "Prática da Improvisação na Música Popular Contemporânea, ministrado pelo

Professor Cláudio Dauelsberg e coordenador por mim.

Completando essa parte de coordenação, cito a gestão que fiz do "Laboratório de Apoio às

Disciplinas Teóricas" por vários anos. O Laboratório está vinculado ao Centro de Pesquisa em

Música Contemporânea, Órgão Complementar da Escola de Música da UFMG e dá apoio aos

professores que querem ministrar disciplinas ou executar projetos com auxílio de um grupo de

computadores que está equipado com aplicativos como o Finale, entre outros.

4.4. Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto - INC

Logo que retornei do doutorado nos Estados Unidos em dezembro de 1994, me candidatei a

membro da Câmara Departamental do Departamento de Instrumentos e Canto. Logo em

Page 161: Memorial de Carreira

150

seguida me tornei Subchefe, uma vez que esse cargo estava vago. Com a renúncia do Chefe

poucos meses depois, assumi o cargo temporariamente sendo em seguida eleito Chefe para o

mandato de 1995 a 1997. Voltei dos Estados Unidos com muita vontade de trabalhar e ajudar

no desenvolvimento da Escola de Música. Foi também um período de muito aprendizado

sobre o funcionamento da Escola de Música e da UFMG, assim como dos órgãos do MEC

com quem nos relacionamos. Estávamos ainda no antigo prédio do Conservatório Mineiro de

Música, na Avenida Afonso Pena. Como Chefe de Departamento nos tornamos membro nato

da Congregação da Escola de Música e, por conseqüência, nos envolvemos em todos os

assuntos da Escola de Música, administrativos ou acadêmicos.

Durante minha gestão realizei além das reuniões regulares da Câmara Departamental, dezenas

de reuniões da Assembléia Departamental que reúne a representação dos Funcionários e

Estudantes, assim como todos os docentes do departamento, coisa muito difícil de acontecer

nos dias de hoje. A Câmara é quem tem a função gestora do Departamento, enquanto a

Assembléia trata das políticas gerais e da eleição da Chefia. Destaco abaixo algumas das

ações realizadas como Chefe e alguns dos assuntos tratados nesse período.

Uma das tarefas mais importantes do Chefe é organizar os Concursos de Professores. Muitas

normas precisam ser seguidas para que não haja irregularidades e vícios que permitam a

anulação do concurso. Primeiramente realizamos concursos para professor substituto, ou

professor temporário, para os cargos que ficaram vagos por algum motivo que neste período

foram diversos. Depois de autorizado pela UFMG realizamos o concurso para a ocupação

definitiva do cargo. Foram diversas reposições de vagas perdidas por aposentadoria, como os

concurso para as áreas de Piano, Trompete e Violão. Concurso de Professor para as novas

habilitações recém-criadas, Percussão e Viola, nesse caso expansão de vagas. No caso de

Viola tive que elaborar também o Conteúdo Programático da Disciplina, mesmo não sendo

Page 162: Memorial de Carreira

151

Violista, para assim criar a nova habilitação. O Concurso de Professor de Percussão teve de

ser realizado três vezes, até que se encontrasse um Professor com o perfil desejado pelo

Departamento. Outro concurso importante que aconteceu durante essa gestão foi o primeiro

concurso para Professor Titular do Departamento. Nesse caso o Departamento tem um papel

complementar à Congregação da Unidade. Em uma Assembleia Departamental, da qual

participei como membro, foi aprovado que sugeríssemos à Congregação que nesse concurso

fosse exigido dos candidatos a defesa de um Memorial e não de uma Tese. A Congregação da

Escola de Música acatou nossa sugestão.

Um assunto que incomodava a todos os professores era a Resolução de 1992 que tratava dos

parâmetros de avaliação anual do relatório individual dos docentes. Os critérios estavam

desatualizados e não refletiam mais o perfil e as atividades dos docentes. Em Assembléia

aprovamos a Resolução 01/1997 que trata da "Pontuação do Relatório Anual dos Docentes do

Departamento de Instrumentos e Canto da Escola de Música da UFMG". Embora não fosse

mais Chefe, participei ativamente da redação e da aprovação desta Resolução. Essa resolução

está muito desatualizada, com dezoito anos de vigência, mas está em vigor e tem de ser

seguida. Todos os professores reclamam, os que estão sendo avaliados e os que são os

avaliadores. A razão da não atualização não será assunto desse documento. O que posso dizer

é que em determinado momento ela foi atual e importante para o Departamento. O fato é que

para realizar qualquer projeto, qualquer ação dentro de um órgão em que a decisão é

colegiada é preciso muita vontade, muita paciência, muita iniciativa e dedicação à instituição.

Outra questão importante da minha gestão como Chefe do Departamento diz respeito à

captação e organização das finanças do Departamento. Até então essa gestão financeira no

âmbito da Escola de Música era totalmente concentrada na Direção da Unidade. O Conselho

Universitário da UFMG regulamentou através da Resolução 10/95, a Prestação de Serviços de

Page 163: Memorial de Carreira

152

Professores e Funcionários. A Escola de Música não perdeu tempo e logo em seguida

elaborou sua resolução interna que é a Resolução 01/96. Participei da elaboração dessa

resolução que foi aprovada pela Congregação da Escola de Música. A partir dessa

regulamentação e com a criação de novos Cursos de Extensão como o CEM-INC, os

professores passaram a ser remunerados por dar aulas em cursos de extensão e o

departamento passou a receber também uma verba desta prestação de serviços. Tais recursos

ajudaram a equipar o departamento, já que verbas para a aquisição de material permanente,

como computadores e instrumentos eram muito difíceis naquela época. Esses recursos

contribuíam também para a realização de eventos coordenados por professores do INC.

Realizei diversas prestações de contas referentes à gestão financeira desses. Hoje o

Departamento INC não administra diretamente recursos financeiros e estes voltaram a ser

centralizados na Direção da Unidade. Ainda acredito que deveria haver uma distribuição de

recursos aos departamentos para que esses fizessem a sua gestão, principalmente aqueles

recursos diretamente arrecadados.

Um dos mais importantes assuntos naquele momento era a conclusão do novo prédio da

Escola no Campus Pampulha e a nossa mudança. Não participei da elaboração do projeto e

dos primeiros anos de execução da obra porque nessa época estava nos Estados Unidos

fazendo doutorado. Digo sempre em minha palestra sobre a História da Escola de Música que

entre as primeiras reuniões e a mudança efetiva da Escola para o campus passaram-se cerca de

onze anos, 1987 a 1997. Como Chefe do INC participei das discussões finais, principalmente

do Plano de Ocupação do Prédio. Lembro-me de etiquetar os Pianos para determinar para qual

sala cada um deveria ir na véspera da mudança. Era um assunto muito delicado pois se criou

muita expectativa sobre a solução de todos os problemas de espaço físico que tínhamos no

Conservatório. Os professores queriam também os melhores espaços e os melhores

equipamentos. Mas esta ocupação aconteceu de modo tranquilo, apesar de alguns não ficarem

Page 164: Memorial de Carreira

153

satisfeitos. Espaços previstos como gabinete/estúdio tiveram que virar sala de aula coletiva

para atender demandas prioritárias da Escola de Música.

Outra ação que nem deveria estar aqui mas que merece ser relatada pela sua curiosidade é a

aquisição de um Microcomputador para os Professores com recursos captados diretamente

pelo Departamento através da prestação de serviços. Era uma demanda dos Professores não

atendida pela Universidade até aquele momento. Até então, microcomputadores eram apenas

para a administração e a aquisição de material permanente com recurso do tesouro nacional

era muito limitada. A demanda dos professores era tão grande que tivemos de elaborar um

regulamento que recebeu o título de "Normas de Utilização do Computador", aprovado pela

Câmara Departamental em 07 Abril de 1997. Esse foi o primeiro Microcomputador dos

Professores do Departamento de Instrumentos e Canto-INC para ser usado na Escola.

4.5. Diretor da Escola de Música

Durante meu período como Chefe do Departamento de Instrumentos e Canto - INC tive a

oportunidade de conhecer melhor a gestão da Escola de Música e após essa experiência decidi

me candidatar ao Cargo de Diretor da Unidade. Formamos uma chapa, eu e a Professora

Maria do Carmo de Souza Câmpara. Não houve outra chapa e fomos eleitos para o mandato

de quatro anos, de 06 de Outubro de 1998 a 05 de Outubro de 2002, cumprido com muita

dedicação. A ilustração abaixo mostra que até na posse de Diretor, a Música e o Violoncelo

estavam fortemente presentes.

Page 165: Memorial de Carreira

154

FIGURA 69 - Posse de Diretor: à esquerda meus filhos, Tomás, Sofia e Laura se apresentam, à direita eu e meus alunos, Júlio, Afonso e Ana Paula apresentamos um quarteto de violoncelos

O relatório completo da gestão está disponível na minha página institucional na Internet,

endereço http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link Relatório de Gestão e

outras informações - Diretoria da Escola de Música 1998 a 2002. Nesse Memorial vou

apresentar minha visão crítica do cargo e de minha gestão, assim como pontuar algumas ações

que a marcaram. Algumas delas têm repercussão até hoje na Escola de Música.

A Escola de Música da UFMG é uma instituição muito complexa e com pessoal de alto nível

de conhecimento e competência. Conhecer todas as suas peculiaridades, todas as suas

possibilidades, tudo o que ela tem e é capaz de realizar é tarefa quase impossível para uma

única pessoa, o Diretor. Além da Vice-Diretora, existe uma grande equipe de Professores e

Funcionários Técnico-Administrativos que exercem as mais diferentes funções. Entre os

cargos de Professores estão a Chefia dos Departamentos, a Coordenação de Curso de

Graduação, de Pós-Graduação e de Extensão. Entre os cargos de Funcionários podemos citar

a Secretaria Geral, as Secretarias de Departamento e de Colegiado de Curso, as Seções de

Ensino, Contabilidade, Compras, Almoxarifado, Patrimônio, Informática, Serviços Gerais e

outras. Portanto divido com todos aqueles que exerceram esses cargos e funções os resultados

alcançados durante o período em que fui o Diretor. Tudo o que for relatado abaixo teve a

Page 166: Memorial de Carreira

155

participação dessa equipe. São muitos nomes com mudanças durante o período, os quais estão

citados no relatório completo.

Acreditamos ter cumprido nossa tarefa, seja na execução de ações administrativas e

acadêmicas que são próprias dos cargos de dirigentes de Unidade, seja na função de criar as

condições para que as propostas e projetos apresentados a nós por órgãos colegiados,

professores, funcionários e estudantes se realizassem. Gostaria de afirmar aqui o espírito de

equipe que sempre esteve presente em nossa gestão. Trabalhamos sempre para agregar o

maior número de pessoas, as mais envolvidas com a instituição e aquelas dispostas a

contribuir para a gestão da Escola de Música. O Diretor de Unidade acadêmica que não

souber agregar pessoas, não consegue ser um bom diretor. Torna-se apenas um burocrata que

assina ofícios de encaminhamento e paga as contas.

O respeito às normas da Universidade e aos órgãos colegiados foi sempre a nossa

preocupação, sendo todas as decisões da Congregação da Escola respeitadas e cumpridas.

Algumas vezes tive dúvidas em publicar uma portaria ou propor uma resolução. Em alguns

casos a legislação deixa esta margem de dúvida, para que o gestor escolha este ou aquele

caminho. Sempre que possível optei por propor resoluções, ou apenas uma decisão, para que a

congregação pudesse discutir, opinar, propor modificações e aprovar uma norma com uma

maior participação da comunidade. Por outro lado, na função de Diretor posso dizer também

que não hesitei em tomar decisões que são próprias do cargo, algumas solitárias e com o seu

ônus.

No Relatório de Gestão em minha página institucional na Internet podem ser acessados alguns

dos meus discursos durante a gestão. Entre eles: 1998 - Campanha para Diretor, 1998 - Posse

como Diretor, 2002 - Transmissão do cargo. Outros documentos importantes podem ser

Page 167: Memorial de Carreira

156

acessados também como as Principais Resoluções da Congregação, Principais Decisões da

Congregação, Principais Portarias.

4.5.1. Gestão financeira, planejamento e prestação de contas

Essa é uma das principais funções do Diretor. Tarefa de grande responsabilidade e que requer

uma dedicação diária e competente. Trabalhamos com recursos públicos escassos, por isso é

preciso conhecimento sobre a legislação e planejamento. O Governo Federal e a UFMG

controlam todo o orçamento e o gestor que não souber aproveitar e utilizar em tempo hábil os

recursos que a Unidade recebe, pode perdê-los. Em nossa gestão, entre 1998 e 2002,

procuramos fazer uma administração transparente e com decisões colegiadas. Criamos a

Comissão de Orçamento que substituiu o Conselho Departamental, órgão extinto após o novo

Estatuto da UFMG de 1999.

Além de administrar os recursos alocados para a Escola de Música pela UFMG, que tem

como origem o MEC/Tesouro Nacional, o Diretor é responsável pelos recursos diretamente

arrecadados. Esses últimos são depositados na Conta Única do Tesouro Nacional e em

convênios com a Fundação de Apoio, Fundep. Entre as várias medidas tomadas em nossa

gestão está o planejamento anual das receitas e despesas e a prestação de contas anual do

Diretor. Fizemos propostas à Congregação para a regulamentação desse assunto, como as

alterações na resolução interna da Escola de Música que regulamenta a Prestação de Serviços

(Resolução 02/1999 de 25/10/1999). Criamos o Fundo de Obras que permitiu arrecadar

recursos para a Construção do Anexo (CMI), criamos o Fundo de Incentivo aos Funcionários

- FIF, a Taxa Cenex, entre outras ações. Com a colaboração dos órgãos que administram

recursos financeiros e os cursos de extensão, especialização e mestrado, criamos a Cesta

Orçamentária para Projetos Especiais da Escola de Música, a qual permitiu que juntos

Page 168: Memorial de Carreira

157

realizássemos importantes investimentos e eventos na Escola. Algumas ações são decisões da

Congregação e não Resoluções. Relacionadas a esses assuntos são: Decisão 21/06/1999,

Decisão 18/10/1999. Decisão 18/10/1999 – FIF. Todos esse documentos estão disponíveis na

minha página institucional.

Muito importante para quem trabalha com recursos financeiros, principalmente recurso

público e escasso, é fazer um planejamento orçamentário e realizar ajustes quando necessário.

No Relatório de Gestão que pode ser acessado em minha página na Internet,

http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel, apresento como exemplo, o planejamento que

realizei para o ano 2001: Planejamento orçamentário para 2001. No mesmo endereço podem

ser consultadas as Prestações de contas anuais do Diretor: Prestação de Contas Financeiras

1998 (Diretor a partir de 06/10/1998), Prestação de Contas Financeiras 1999, Prestação de

Contas Financeiras 2000, Prestação de Contas Financeiras 2001, Prestação de Contas

Financeiras 2002.

4.5.2. Gestão de Pessoal

A parte financeira da Unidade é a que mais ocupa o Diretor. O Reitor Thomaz Haroldo em

uma reunião chegou a dizer brincando: "Reitor só pensa naquilo". “Naquilo”, nesse caso, é

dinheiro. A mesma coisa se pode dizer do Diretor de Unidade Acadêmica. Mas não adianta

dinheiro, não adianta infraestrutura, não adianta equipamento, se não tivermos pessoal.

Pessoal preparado para exercer a sua função e principalmente pessoal motivado e envolvido

com a instituição. São as pessoas que fazem as instituições e não o seu patrimônio material.

Respeitar, valorizar e principalmente motivar as pessoas é tarefa também do Diretor. Uma

Escola cheia de conflitos entre professores, funcionários e alunos não terá bons resultados.

Page 169: Memorial de Carreira

158

A gestão de pessoal docente nas Unidades Acadêmicas é realizada pela Câmara

Departamental e em parte pela Congregação. É regulamentada e acompanhada pela CPPD –

Comissão Permanente de Pessoal Docente e pelo CEPE – Conselho de Ensino, Pesquisa e

Extensão. Já a gestão de pessoal técnico-administrativo em educação é feita diretamente pela

Diretoria, também acompanhada pela Pró-Reitoria de Recursos Humanos e o Conselho de

Diretores. Em ambos os casos, Professores e Funcionários, a Diretoria tem papel muito

importante.

Na área de recursos humanos tivemos uma grande evolução em nosso quadro permanente de

professores entre os anos de 1998 e 2002. Tanto quanto possível apoiamos as iniciativas de

professores e funcionários em suas solicitações de afastamento para capacitação.

Éramos 45 professores permanentes em 1998 e em 2002 passamos para 49, de oito doutores

passamos para 16 e de 15 mestres passamos para 22. Em 1998, 52% dos professores do

quadro permanente tinham título de mestre e doutor; em 2002, 78% dos professores passaram

a ter esses títulos. Entre as ações nessa área destacamos os esforços feitos junto a Pró-Reitoria

de Pós-Graduação no sentido de esclarecer as peculiaridades da área de música. Esta ação

permitiu que três professores obtivessem o reconhecimento de seus títulos (Doutor em

Performance) obtidos em país europeu o que, como todos sabem, é bastante difícil. Outra

participação do Diretor contribuiu também para que um professor obtivesse autorização legal

para realizar defesa direta de tese e assim obter o título de doutor.

Entre os funcionários, 04 obtiveram o título de mestre, 03 concluíram o ensino médio no

programa criado pela Universidade para seus funcionários e o nosso único funcionário não

alfabetizado, cursou o ensino fundamental.

Page 170: Memorial de Carreira

159

Tivemos sempre uma relação de grande respeito com nossos funcionários técnicos e

administrativos, sempre conversando muito sobre as remoções dentro da Escola e entre

unidades e órgãos da UFMG.

Na minha página na Internet já citada existem vários quadros com uma descrição mais

detalhada das condições e evolução do nosso quadro de pessoal entre os anos de 1998 e 2002,

assim como importantes ações de nossa gestão.

Destacamos também a criação do FIF - Fundo de Incentivo aos Funcionários, que distribuía

uma bolsa anual para os funcionários, com recursos de uma taxa percentual sobre o valor total

da prestação de serviços da Unidade.

4.5.3. Gestão da infraestrutura física e organizacional

Sempre tivemos uma relação muito próxima com o Setor de Serviços Gerais da Escola de

Música para ter realmente o controle administrativo de tudo o que acontecia na Escola nessa

área. Em nossa estrutura organizacional e de espaço físico, realizamos mudanças e reformas

para melhor atender às atividades administrativas e acadêmicas da Escola de Música

(Decisões 18 e 25/10/1999). Mudamos salas e seções para ser possível criar e equipar a Sala

de Microcomputadores dos alunos com acesso à Internet, o Laboratório de Musicologia e

Etnomusicologia, a Secretaria do novo Curso de Pós-Graduação, Mestrado em Música e

novos espaços para os acervos da Escola, como o Arquivo Morto (que não tem nada morto,

são acervos permanente de documentos) e a guarda de Material de Consumo. Reformamos a

Biblioteca, em especial a Videoteca e Audioteca e a Sala de Ensaios (3003) para criar

condições térmico-acústicas adequadas para os ensaios de grandes grupos musicais.

Documentos que descrevem essas ações são: Decisão 26/03/2001, Portaria 02/2001 de

Page 171: Memorial de Carreira

160

28/03/2001, 03/2001 de 28/03/2001, 02/2002 de 06/03/2002, 05/2002 de 02/04//2002. Todos

esse documentos estão disponíveis na minha página institucional.

Abaixo está a Sala 3003, antes e depois da reforma que fez tratamento acústico e de conforto

ambiental com a colocação de ar refrigerado.

FIGURA 70 - Reforma da Sala 3003, para grandes grupos instrumentais

A nova sede da Escola de Música no Campus da UFMG nos deu um espaço físico muito

maior do que tínhamos na antiga sede, Conservatório UFMG. Passamos de uma área

construída de cerca de 1.500 m2 para 4.500 m2. Por outro lado, este número maior de salas

exigiu um grande investimento para equipá-las. Cientes deste fato, investimos tanto quanto

possível na aquisição de móveis e equipamentos. Na seção Gestão Patrimonial e de

Almoxarifado podem ser vistos os investimentos realizados nessa área.

Quando assumimos a Diretoria em Outubro de 1998 ainda existiam recursos financeiros

alocados para a obra de construção da nova Escola de Música no Campus, inaugurada em

Abril de 1997. Esses recursos já estavam rubricados e foram usados para a Implantação do

Sistema de Iluminação do Auditório e da Rede de Lógica, interligando os mais de 150 pontos

de rede local existentes na época em nossa Unidade e também a conexão com a Internet.

Page 172: Memorial de Carreira

161

Tentamos com muito esforço captar recursos para a reforma da Sala Multimeios,

transformando-a em uma sala de percussão e criando no segundo pavimento salas para aulas.

Apesar de termos trabalhado muito no projeto, este não foi até hoje executado.

Sempre com a participação da Congregação, criamos diversas normas para a utilização de

todos os espaços da Escola de Música. Até hoje Portarias e Resoluções de nossa época estão

em vigor e afixadas nos painéis e quadros da Escola de Música. Esses documentos podem ser

visualizados no relatório completo disponível na minha página institucional acima citada.

4.5.3.1. Construção do atual anexo que abriga o CMI

Obras de expansão dos prédios da UFMG duram anos. Já disse antes que o novo prédio da

Escola de Música no campus levou cerca de onze anos e passou por três gestões até ser

inaugurado. Na quarta gestão, a minha, ainda foram executadas obras com recursos originais

da construção da nova sede. No caso do atual prédio do Centro de Musicalização Infantil -

CMI, um anexo do novo prédio da Escola, não foi diferente. A discussão sobre esse assunto

começou antes mesmo de mudarmos para o Campus. Não poderíamos ir para o Campus e

deixar o CMI no Centro. Foram necessários também cerca de oito anos e três gestões para a

inauguração do CMI, um anexo para o novo prédio da Escola de Música.

Nesse período, a Escola de Música tinha infraestrutura física e patrimonial para atender aos

cursos de Graduação e Pós Graduação, mas havia carências quanto à área física para os cursos

de extensão. A Escola não foi projetada para receber cursos como os do Centro de

Musicalização Infantil – CMI, que atendia ao público infantil de até 12 anos de idade.

Page 173: Memorial de Carreira

162

Trabalhamos muito para que fosse possível a construção do anexo que permitiu a

transferência para o Campus do CMI. O CMI funcionava em um terreno anexo à antiga Fafich

(Rua Carangola – Bairro Santo Antônio), o qual seria vendido para a execução das obras do

projeto Campus 2000. Infelizmente o projeto de construção do CMI não pode ser concluído

em nossa gestão, mas deixamos para a próxima gestão um caixa de quase 400 mil reais,

captados através de um projeto para o Fundo Fundep, que captou 200 mil reais e da Taxa

Fundo de Obras criada em nossa gestão. O projeto para o Fundo Fundep está disponível no

relatório completo na minha página institucional na Internet. Tínhamos também a promessa

da Fundep de emprestar 100 mil reais (adiantamento de despesas) que seriam pagos com o

Fundo de Obras em alguns anos. O projeto arquitetônico e outros projetos para a obra, alguns

realizados por Professores da Escola de Arquitetura, já estavam comprados, mas foram

lamentavelmente abandonados pela Administração Central da UFMG e substituídos por

outros que foram executados como pode ser visto hoje. O projeto previa um aproveitamento

para o prédio que ia além das necessidades do CMI. Por isso o chamamos de Centro de

Extensão da Escola de Música. O projeto original está acessível em minha página na Internet.

Outras versões foram apresentadas ao Ministério da Cultura e a outros órgãos de fomento.

Veja a Prestação de Contas do Diretor 2002 com o saldo do Convênio Fundo de Obras no

encerramento de nossa gestão acessando minha página na Internet.

Outras informações sobre a Escola de Música e sua Infraestrutura Física e Organizacional

podem ser obtidas no relatório completo da gestão disponível na minha página institucional na

Internet, endereço http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link Relatório de

Gestão e outras informações - Diretoria da Escola de Música 1998 a 2002, em seguida clique

em Gestão da Infraestrutura Física e Organizacional, e depois localize a seção Informações

sobre a Organização e a Infraestrutura da Escola de Música entre 1998 e 2002.

Page 174: Memorial de Carreira

163

4.5.4. Gestão patrimonial e de almoxarifado

Relatamos anteriormente diversas aquisições de bens. Todos os instrumentos, equipamentos e

materiais para as atividades acadêmicas e administrativas da Escola de Música são

controlados por dois setores, Patrimônio e Almoxarifado, que trabalham juntos em nossa

Escola. Este setor tem a responsabilidade de controlar todo o nosso patrimônio, com exceção

do bibliográfico que é de responsabilidade da Biblioteca. Este setor controla também todo o

material de consumo que utilizamos para as nossas atividades acadêmicas e administrativas.

Sempre tivemos uma relação muito próxima com esse importante setor da Escola de Música

que, juntamente com o de Serviços Gerais, fazem com que a Escola funcione adequadamente.

São eles que fazem com que todas as atividades acadêmicas e administrativas aconteçam

dentro das melhores condições. Dezenas de ações foram tomadas para adquirir, armazenar e

controlar todos os materiais, equipamentos e instrumentos. Algumas dessas ações são citadas

abaixo.

Com a nova sede da Escola de Música com 4.500 m2 fomos obrigados a investir, tanto quanto

possível, na aquisição de móveis e equipamentos com recursos próprios. O projeto da nova

sede quase não contemplava aquisições desses. Tivemos sim, com a nova sede, um acréscimo

em nosso orçamento de custeio, não de material permanente.

Alguns móveis foram projetados especialmente para a Escola de Música pelo Departamento

de Planejamento Físico e de Obras da Universidade.

Foram adquiridos diversos aparelhos de som, projetor multimídia, televisões, teclados midi e

muitos outros. Adquirimos também instrumentos e equipamentos específicos da área de

Page 175: Memorial de Carreira

164

música, tais como pianos, banco para pianos, muitos instrumentos de percussão para a nova

habilitação que estávamos implantando, madeira e acessórios para construção e reforma dos

contrabaixos, acessórios para a manutenção e reforma dos pianos, e muitos outros. Só a

reforma do Piano Steinway do Auditório custou, na época, R$12.000,00.

Adquirimos carrinhos e móveis para facilitar o transporte de materiais e instrumentos pela

Escola. Entre os carrinhos de transporte interno de instrumentos e equipamentos estão o

tablado para o segundo piano do auditório, os carrinhos para movimentação no palco dos

pianos, o carrinho da copa, o carrinho da harpa (uma de nossas harpas quebrou durante o

transporte manual de uma sala para o auditório antes da aquisição do carrinho).

Criamos novos espaços para a guarda de materiais de consumo. Sistematizamos a compra de

material de consumo, área onde havia muito desperdício na Escola. Até hoje temos em nosso

almoxarifado materiais solicitados por pessoas e setores da Escola que nunca foram usados ou

materiais de tão baixa qualidade que se tornam inservíveis.

Normalizamos a utilização e empréstimo de instrumentos, a saída de instrumentos e

equipamentos. Resoluções 02/2000 de 15/05/2000, Decisão de 17/04/2000, Decisão de

15/05/2000.

Para atender uma demanda dos alunos para a guarda de seus instrumentos e pertences

pessoais durante as aulas, adquirimos dezenas de armários e escaninhos. Para Organizar e

Regulamentar o uso desses equipamentos criamos o "Regulamentação do Uso de Escaninhos

na Escola de Música" em vigor até hoje.

Page 176: Memorial de Carreira

165

FIGURA 71 - Armários e escaninho para os alunos

Adquirimos e reformamos os quadros para as salas de aula. O veículo e o motorista da Escola

estavam sempre à disposição para eventos, concursos e outras demandas da nossa

comunidade. Equipamentos e instrumentos inservíveis foram adequadamente doados ou

descartados. Os instrumentos ainda em boas condições, mas sem utilização na Escola, foram

encaminhados para leilão. A Escola de Música recebeu como doação dezenas de instrumentos

apreendidos pela Receita Federal. Eram tantos instrumentos que doamos alguns para a UFOP.

Nas Prestações de Contas do Diretor, disponível na página na Internet, podem ser vistas as

despesas realizadas nessa área com aquisições de material permanente, de material de

consumo e com a manutenção de todo esse acervo de instrumentos e equipamentos.

Outras informações sobre a Escola de Música e seu Patrimônio podem ser obtidas no relatório

completo da gestão que está disponível na minha página institucional na Internet, endereço

http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link Relatório de Gestão e outras

informações - Diretoria da Escola de Música 1998 a 2002, em seguida clique em Gestão

Patrimonial e de Almoxarifado, e depois localize a seção Informações sobre o Patrimônio e

Almoxarifado da Escola de Música entre 1998 e 2002.

Page 177: Memorial de Carreira

166

4.5.5. Comunicação e divulgação

Em nossa gestão, o Setor de Divulgação e Comunicação fazia parte do Cenex. Diversas

medidas foram tomadas para melhorar a comunicação na Escola de Música como a instalação

de placas para identificar e sinalizar salas, a criação da atual Logomarca da Escola de Música,

a criação do nosso primeiro Site ou Página na Internet.

A página reuniu informações sobre todos os setores da Escola de Música. Tivemos a

participação da Professora Sandra Loureiro que fez um texto resumo da história dos setenta e

cinco anos de idade da Escola na época. Digitalizamos e colocamos na página dezenas de

fotos históricas. A infraestrutura foi toda fotografada pelo fotógrafo da UFMG, Foca, para que

interessados pudessem conhecer a Escola virtualmente. Todos os cursos e atividades que ela

oferece foram descritos, informações sobre o corpo técnico e administrativo, páginas

individuais dos professores, produção acadêmica da Escola com seus grupos musicais e

revistas científicas. O atual site alterou o layout mas muitas das informações que estão lá

ainda são do período em que a primeira página foi criada em 1999. Na minha página

institucional ainda uso o primeiro layout da página da Escola de Música na Internet.

FIGURA 72 - Primeira página da Escola de Música na Internet

Estabelecemos normas para a Utilização dos Painéis e para Solicitar Serviços de Divulgação.

Apoiamos as demandas do setor com material e equipamento necessário. Oferecemos

Page 178: Memorial de Carreira

167

treinamento do Aplicativo Dreamweaver para as funcionárias para que pudessem atualizar

cada seção da página da Escola de Música.

Realizamos um concurso em que foi escolhida a Logomarca da Escola de Música, que ainda é

a logomarca em uso. A autora da Logomarca, vencedora do concurso, é Sílvia Miccoli.

FIGURA 73 - Logomarca da Escola de Música

Na minha página na Internet está o texto referente a uma pequena solenidade de entrega do

prêmio à vencedora, durante um concerto da orquestra.

Outras ações nessa área podem ser vistas através das Resoluções e Decisões da Congregação,

assim como Portarias do Diretor que estão disponíveis na minha página institucional na

Internet.

4.5.6. Informática e Internet

Como relatado antes, ao assumimos a Direção da Escola havia ainda recurso para investir na

nova sede. Parte deste era para a instalação da Rede de Lógica e acesso à Internet. Criamos a

Comissão de Informática que muito colaborou nessa tarefa de criar a Rede da Escola de

Música, os seus serviços, o acesso e a Página na Internet, a Sala de Microcomputadores para

os alunos.

Page 179: Memorial de Carreira

168

Contratamos profissionais externos para o desenvolvimento do projeto. Adquirimos uma

servidora e acessórios, o que permitiu criar serviços de rede, como o serviço de e-mail, o

serviço de arquivo para professores, o serviço de páginas Web individuais, o diretório de

arquivos com os aplicativos mais usados, entre outros.

Através de um remanejamento do espaço físico e da aquisição de equipamentos, criamos a

Sala de Microcomputadores para os Alunos.

FIGURA 74 - Sala de Microcomputadores para os alunos

Investimos na Sala 2009, Laboratório de Disciplinas Teóricas, com a aquisição de mais

computadores e aplicativos, o que permitiu a oferta de disciplinas que utilizam computadores.

Esta sala foi utilizada também para treinamento de programas de computador para Professores

e Funcionários.

4.5.7. Gestão acadêmica

Dentro de uma instituição como a nossa, os interesses acadêmicos devem ser sempre

prioritários, e a administração deve estar sempre a serviço dos objetivos acadêmicos. É

importante afirmar que nesta área, o Diretor desempenha o papel de criar as condições para

que os projetos e propostas vindas dos Departamentos, Colegiados e Professores se realizem.

Page 180: Memorial de Carreira

169

O Diretor não é, portanto, o executor direto destas ações. O Estatuto da UFMG determina que

entre as atribuições do Diretor e da Diretoria estão a de "supervisionar as atividades didático-

científicas" e também a de "supervisionar os programas de ensino, pesquisa e extensão e a

execução das atividades administrativas, na área da Unidade Acadêmica". O Diretor tem um

papel de motivador e a tarefa de encontrar as pessoas certas para executar determinadas ações.

4.5.7.1. Graduação

Na Graduação, realizamos uma grande mudança curricular. O currículo atual da escola é

moderno e dentro do espírito da flexibilização curricular proposto pelo MEC e pela UFMG.

Foram anos de discussão e diversas comissões que nunca chegavam ao final devido aos

diversos conflitos e interesses em uma grande reforma curricular. A nova Lei de Diretrizes e

Bases da Educação de 1996 ajudou a nossa proposta ao substituir os antigos Currículos

Mínimos exigidos pelo MEC, que no caso da Música eram de 1969, para uma nova

abordagem baseada na ideia da Flexibilização Curricular.

A Diretoria, e tenho certeza que toda a comunidade da Escola, cumprimenta e agradece ao

Professor Flávio Barbeitas, Coordenador do Colegiado de Graduação e Relator do Projeto,

pelo seu trabalho e dedicação na elaboração e implantação do novo currículo. O Professor

Flávio soube reunir as discussões anteriores sobre esse assunto que existiam na Escola de

Música, colocar suas ideias e montar um novo currículo para o Curso de Graduação em

Música que está em vigor até hoje. Até a Resolução que regulamenta as Normas Acadêmicas

de Graduação da UFMG, de 1990, teve de ser flexibilizada para que o novo currículo fosse

aprovado. Algumas normas desta Resolução não foram respeitadas e mesmo assim o

Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMG - CEPE aprovou o novo currículo.

Page 181: Memorial de Carreira

170

Tivemos papel ativo apresentando sugestões à Pró-Reitoria de Graduação para as novas

Normas de Graduação da UFMG, mas essas até hoje não foram aprovadas.

Tive a oportunidade de discutir anteriormente nesse Memorial o currículo novo. Apresentei

inclusive um estudo que realizei sobre três percursos diferentes no curso de graduação em

música, Fig. 14 na Seção Docência.

As normas do vestibular para a área de música foram modificadas mais de uma vez para

melhorar o processo de seleção. A mudança curricular e estas medidas permitiram aumentar o

preenchimento das vagas do curso. Tínhamos 175 alunos matriculados em 1998, quando

iniciamos a nossa gestão, e em outubro de 2002, quando encerramos o mandato, tínhamos 234

estudantes no Curso de Graduação em Música, um aumento de 34% no número de estudantes.

Cumprimentamos os professores Eduardo Campolina e Rogério Barbosa pelo trabalho

realizado na coordenação do vestibular.

Propusemos a criação do Curso de Graduação em Musicoterapia. Este projeto não foi

concluído durante nossa gestão e somente com o Projeto Reuni o mesmo foi aprovado e

implementado. Entre as ações que podemos destacar estão a contratação, como Pesquisadora

Visitante, da Professora Cybelle Maria Veiga Loureiro, com bolsa por dois anos da

FAPEMIG. Esse projeto já foi relatado na Seção Coordenação de Projetos acima. Apoiamos a

realização do Seminário “Musicoterapia: Uma Proposta Acadêmica da UFMG” em que

debatemos com autoridades da UFMG e com pesquisadores do Brasil e do exterior a inserção

da Musicoterapia na UFMG. Agradecemos a dedicação do Professor Maurício Loureiro e da

Professora Cybele Loureiro a este projeto.

Page 182: Memorial de Carreira

171

Na Música Popular tivemos várias ações que começam no período em que fui Chefe do INC.

Sempre defendi que a Música Popular fosse uma Habilitação do Curso de Graduação em

Música e não um Curso como queriam outros. Não foi possível implementar essa Habilitação

porque não poderia estar na reforma curricular citada acima. Essa Habilitação envolveria a

contração de professores, a alocação de mais recursos financeiros, de espaço físico e outras

questões que estariam fora do alcance do Colegiado de Graduação e da Pró-Reitoria de

Graduação. Tínhamos também alguma resistência entre colegas que defendiam que a Música

Popular fosse oferecida apenas como disciplinas, assim como no caso da Musicoterapia.

Somente com a proposta de disciplinas não conseguiríamos contratar professores. Apoiamos a

contratação de Artista Visitante, de Professor Visitante, a criação de Cursos de Extensão nessa

área, até que chegasse o momento certo de propor essa habilitação para o nosso curso, o que

acabou acontecendo através do Projeto Reuni.

Outras informações sobre a Escola de Música e as atividades do Curso de Graduação em

Música podem ser obtidas no relatório completo da gestão disponível na minha página

institucional na Internet citada anteriormente.

4.5.7.2. Pós-graduação e pesquisa

Depois de anos de discussão, comissões e tentativas, em nossa gestão foi aprovado e

implantado o Curso de Pós-Graduação stricto sensu, Mestrado em Música, com Área de

Concentração em Performance Musical. Cumprimentamos e agradecemos ao Professor Fausto

Borém, por ter sido o relator do projeto, e ao Professor Lucas Bretas que teve a tarefa de

implantar o novo curso.

Page 183: Memorial de Carreira

172

Nesse período tínhamos um único Colegiado de Pós-Graduação que geria tanto o curso de

Especialização quanto o curso de Mestrado. Destacamos a criação de uma nova revista

científica, "Per-Musi", a qual estava vinculada ao Mestrado e, portanto, à área de performance

musical. A revista teve como idealizador e seu primeiro editor o Professor Fausto Borém.

Outras informações sobre a Escola de Música e as atividades dos Cursos de Pós-Graduação

em Música podem ser obtidas no relatório completo da gestão disponível na minha página

institucional na Internet, citada anteriormente.

Apoiamos diversos Projetos para o Programa Artista Visitante da Pró-Reitoria de Pesquisa.

Esse Programa tem como objetivo trazer para a Universidade Artistas sem a exigência de

titulação formal e que podem contribuir para o desenvolvimento das artes em nossa

Instituição. Apoiamos, entre outros, o projeto coordenado pelo Prof. Fausto Borém que trouxe

o artista Gianfranco Lorenzzini Fiorini, Luthier, que realizou atividades de Luteria na

Marcenaria do Colégio Técnico e construiu um contrabaixo para a Escola.

Para atender à exigência da Universidade, Resolução 11/98, criamos um novo Regimento para

o nosso Centro de Pesquisa em Música Contemporânea – CPMC, que entre outras coisas

incorporou os Laboratórios e o Núcleo de Apoio à Pesquisa – NAPq.

Juntamente com o Professor Maurício Loureiro fizemos um projeto para a Fapemig –

Programa Pesquisador Visitante e trouxemos como Pesquisadora Visitante, a Professora

Cybelle Maria Veiga Loureiro, com bolsa por dois anos. O plano de trabalho da Professora

Cybele envolveu um projeto de pesquisa, a participação na comissão de elaboração do projeto

do Curso de Musicoterapia, o ensino em disciplinas e cursos de extensão e a atuação no

Page 184: Memorial de Carreira

173

Hospital das Clínicas. Agradecemos a dedicação do Professor Maurício Loureiro e da

Professora Cybele Loureiro a este projeto.

Sempre respeitamos a autonomia das Bibliotecárias e negociávamos o que era preciso para

que o setor funcionasse de acordo com as demandas acadêmicas de nossa Unidade. Depois de

muita negociação, colocamos o Serviço de Xerox na Biblioteca. Fez parte do acordo que todo

o recurso captado com esse serviço, inclusive o que a Escola pagava à empresa prestadora de

serviços, seria investido na Biblioteca. A Escola pagava as despesas de Xerox com recursos

do Tesouro Nacional e o arrecadado com o serviço de Xerox era depositado em um convênio

com a Fundep e totalmente investido na Biblioteca.

Com os recursos captados fizemos um projeto para novo layout da Biblioteca com

investimento em móveis e equipamentos, em especial na Videoteca e Audioteca. Foram

investidos em 2002 R$21.096,62 em mobiliários (mesas, cadeiras, estantes, estação de estudo,

sofá, estantes para o som), equipamentos (leitora óptica, toca discos mini disc, toca discos de

vinil, toca discos laser, mixer, amplificadores, DVD, entre outros equipamentos), obras

(serviço de marcenaria, carpintaria e elétrico), mídias (CDs, adaptadores, fones) e mão de

obra de auxiliar durante o período de balanço patrimonial.

Apoiamos o projeto de Automação da Biblioteca que estava a pleno vapor e acompanhávamos

as metas de digitalização de todo o material. Adquirimos diversos materiais bibliográficos,

móveis e equipamentos. Colocamos em prática o novo Regulamento da Biblioteca e a Chefe

foi eleita pela Congregação, assim como é feito na Biblioteca Universitária (Resolução

05/2000 de 13/11/2000).

Page 185: Memorial de Carreira

174

Outras informações sobre a Escola de Música e a sua Biblioteca podem ser obtidas no

relatório completo da gestão disponível na minha página institucional na Internet citada

anteriormente.

4.5.7.3. Extensão

Na extensão realizamos reformas aprovando um novo regulamento para o Cenex. Esse

documento pode ser acessado na minha página na Internet, Resolução 04/2000 de 13/11/2000.

Centralizamos a administração de todos os cursos e outros projetos de extensão no Cenex.

Existiam cursos de extensão vinculados a diversos órgãos da Escola. Apoiamos a criação de

diversos cursos de extensão.

Entre os novos cursos de extensão criados em nossa gestão destacamos o Curso de Música

Popular que teve a coordenação do Professor Mauro Rodrigues; o Curso de Bandas,

coordenado pelo Professor Adalmário Pacheco e Anor Luciano. Além dos novos cursos foram

realizadas reformas naqueles que estavam em funcionamento, o que permitiu um grande

aumento da atividade coral na Escola de Música. Trabalhamos muito para que fosse possível a

construção de nosso anexo para a transferência para o Campus do CMI – Centro de

Musicalização Infantil, discutido anteriormente.

Fizemos inúmeras reuniões com os Professores que coordenavam os grupos musicais para

encontrar a melhor maneira de distribuir as bolsas de extensão da Proex. Chegamos a fazer

matrícula de uma única turma de GGI, para depois dividi-la em função da programação dos

grupos. A primeira alocação de bolsas para a Banda Sinfônica foi uma decisão da Diretoria,

quando não tínhamos ainda uma distribuição de bolsas de extensão realizada pela Câmara de

Extensão da PROEX através de edital.

Page 186: Memorial de Carreira

175

Realizamos o "Seminário de Planejamento Estratégico para a Extensão", coordenado pela

Professora Maria do Carmo, Vice-Diretora. O Seminário teve a participação do Professor

Mauro Calixta Tavares da Faculdade de Ciências Econômicas.

Além dos Cursos e Grupos Musicais tivemos, entre os principais projetos de Extensão da

Escola de Música, o Projeto Corais no Campus criado na gestão da Professora Tânia Mara

com a Coordenação da Professora Maria do Carmo, Vice-Diretora em nossa gestão. O projeto

teve como principal objetivo promover a socialização entre a comunidade universitária

através da arte coral. Em 2002 compreendia quatro corais: Coral Cantáridas (ICB), Coral da

Escola de Farmácia, Coral "Vozes do Campus" e Coral da Escola de Engenharia. A

participação era aberta a toda comunidade acadêmica. Tivemos também um coral, apoiado

pela Diretoria, que era composto de funcionários da Escola de Música, dirigido pela

Professora Maria do Carmo, Vice-Diretora e tendo como Monitor o aluno João Tarcísio.

FIGURA 75 - Coral de funcionários da Escola de Música

Outras informações sobre a Escola de Música e as atividades de extensão podem ser obtidas

no relatório completo da gestão que está disponível na minha página institucional na Internet

citada anteriormente.

Page 187: Memorial de Carreira

176

4.5.7.4. Produção artística

A produção artística de professores, funcionários e alunos da Escola de Música sempre foi

uma prioridade em nossa gestão. Apoiamos projetos de grupos musicais, eventos artísticos e

produções diversas. Relatei anteriormente que realizávamos até uma cesta orçamentária para

apoiar projetos e eventos da Escola.

Entre os grupos musicais da Escola, destacamos a criação da Banda Sinfônica. É importante

salientar que a primeira alocação de bolsas para a criação da Banda só foi possível com a

decisão do Reitor de igualar o valor das bolsas de extensão e graduação ao valor da bolsa de

iniciação científica. Esta decisão permitiu fazermos uma redistribuição das bolsas que a

Escola dispunha naquele ano, 1999. Esta primeira alocação foi uma decisão da Diretoria,

quando não tínhamos ainda uma distribuição de bolsas de extensão realizada pela Câmara de

Extensão da PROEX através de edital.

As gravações de CDs realizadas em nosso estúdio neste período tiveram também, de uma

maneira ou de outra, o apoio da Diretoria. Para realizar essas gravações o Estúdio da Escola

sempre recebeu o nosso apoio. O CD Mission Possible da Gerais Big Band, coordenado pelos

Professores Paulo Lacerda e Marcos Albriker, o CD Hino Nacional da Banda Sinfônica e

Coral de Câmara, coordenado pelo Professor Anor Luciano.

FIGURA 76 - CD da Banda Sinfônica e Coral da Escola de Música

Page 188: Memorial de Carreira

177

Outras informações sobre a Escola de Música, os seus Grupos Artísticos e sua Produção

podem ser obtidas no relatório completo da gestão disponível na minha página institucional na

Internet citada anteriormente.

4.5.7.5. Eventos artísticos e científicos

Grandes eventos artísticos e científicos foram realizados na nossa gestão. Tanto quanto

possível, apoiamos a realização de todos. Se não com o apoio direto de recursos, com

orientações para a captação dentro e fora da UFMG. Por outro lado, propomos e a

Congregação aprovou uma resolução para normalizar a realização dos grandes eventos. A

vontade de realizar eventos por parte dos Professores era tanta que começamos a ter conflitos

com as atividades regulares da Escola. A resolução teve também como objetivo garantir que

estes eventos estivessem sempre integrados às atividades acadêmicas regulares da Escola de

Música, que os projetos fossem previamente apreciados pelas principais instâncias

acadêmicas e administrativas da Escola e que se realizassem dentro de uma relação ética e

respeitosa entre todas as pessoas e setores acadêmicos da Escola de Música, Resolução

01/2001 da Congregação da Escola de Música de 25 de junho de 2001.

Abaixo está uma lista de alguns dos eventos realizados nesse período:

• 2000 - Festival Bach - Coordenado pela Professora Iara Matte;

• 2000 - I Seminário Nacional de Pesquisa em Performance Musical Coordenado pelo Professor Fausto Borém;

• 2000 - I Encontro Internacional de Instrumentistas de Sopros e Bandas da UFMG coordenado pelo Professor Anor Luciano;

• 2000 - Comemoração dos 75 anos da Escola de Música com a Cerimônia de Concessão do Título de Professor Emérito da UFMG/Escola de Música à Professora Sandra Loureiro de Freitas Reis e ao Professor Ney de Assumpção Parrela e

Page 189: Memorial de Carreira

178

Funcionários homenageado Sr. Nelson Moreira Santana coordenado pelo Professor Claudio Urgel;

• 2001 - XIII Encontro da ANPPOM – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música coordenado pelo Professor Lucas Bretas;

• 2001 - Seminário de Planejamento Estratégico para a Extensão coordenado pela Professora Maria do Carmo Câmpara, Vice-Diretora;

• Diversas Óperas tiveram o apoio da Diretoria coordenadas pelo Professor Sílvio Viegas.

Outras informações sobre a Escola de Música e sobre esse seu período podem ser obtidas no

relatório completo da gestão disponível na minha página institucional na Internet, endereço

http://www.musica.ufmg;br/claudiourgel. Localizar o link Relatório de Gestão e outras

informações - Diretoria da Escola de Música 1998 a 2002.

Page 190: Memorial de Carreira

179

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS

Meu Curricumu Vitae e esse Memorial expressam o meu perfil através de minha formação,

vínculos profissionais e atividades na docência, produção intelectual (pesquisa, cultura e

extensão) e administração. Completam esse documento dois anexos com mostras de meu

trabalho. O primeiro é o CD e a Publicação que são resultados do projeto "Violoncelo ontem e

hoje". O segundo é uma série de endereços ou links para acessar vídeos na Internet com

mostra de minhas performances.

Considerando que o que está em discussão nesse processo é exatamente o perfil do Professor

Titular no âmbito das Instituições Federais de Ensino, faço abaixo algumas considerações

sobre o papel do Professor Titular e de outros Professores, quando o assunto é a liderança na

vida universitária.

Os documentos que descrevem a Classe de Professor Titular sempre falam do papel de

liderança do mesmo. Acredito que essa ideia de liderança vem do fato de que a Classe de

Titular é o último degrau da carreira. Nesse sentido poderia se comparar o Titular ao antigo

Catedrático. Na antiga carreira de professores, o Catedrático chefiava um grupo de

professores, distribuía encargos didáticos para os professores, convidava novos professores

para sua cátedra, entre outras funções. Exercia uma liderança própria do cargo. Era como um

chefe de departamento sem câmara ou assembleia de professores para aprovar suas propostas.

Nos tempos atuais, além de não existir mais o cargo de catedrático, as decisões na

universidade são colegiadas. As cátedras foram substituídas pelas câmaras e assembleias

departamentais e outros órgãos colegiados. Na carreira atual estamos organizados em classes,

não existe hierarquia entre elas. Titular não dá ordem ao Associado, que não dá ordem ao

Adjunto e assim por diante. Não somos como os Generais, Coronéis, Majores e assim por

Page 191: Memorial de Carreira

180

diante. Digo isso para afirmar que a Classe de Titular por si só não fará do indivíduo um líder.

A Classe, ou mesmo o cargo de Titular-Livre, por si só não é uma função, como a de um

coordenador de curso ou chefe de departamento. Essa esperada liderança somente existirá se o

Professor Titular coordenar grupos de pesquisa, de projetos culturais e de extensão, participar

de órgãos colegiados, redigir os pareceres difíceis e polêmicos, presidir comissões, exercer

cargos de coordenação de curso, de chefia de Departamento, de direção de unidade, entre

outros. Exercendo essas funções, o Professor Titular terá oportunidade de, com suas ideias e

ações de liderança, influenciar a comunidade no caminho que ele acredita ser o melhor para

todos. Concluindo então posso dizer que na prática, na vida real, e não em Normas e

Resoluções, os Professores Auxiliares, Assistentes, Adjuntos, Associados e Titulares são

Classes de uma Carreira. Em qualquer uma dessas classes o Professor poderá ser um líder

dentro da Unidade Acadêmica, isto é, com suas ideias e ações influenciar as decisões

colegiadas.

Acredito também que em uma Escola de Música ou de Artes dentro da Universidade é preciso

Professores com perfis profissionais diferentes. Estando na academia precisamos dos

professores com perfil de pesquisador. Por outro lado se é nosso papel formar profissionais

para a nossa academia é também, na maioria das vezes, nosso papel formar profissionais para

o mercado de trabalho externo. Precisamos de professores com o perfil de artista, que sejam

bons instrumentistas, cantores, compositores, e que exerçam essas atividades para, desta

maneira, estar atualizados e preparados para o ensino e a sua produção artística. Com todo o

respeito àquele que tem como atividade principal a pesquisa, precisamos apoiar também os

professores que têm como atividade principal a produção artística.

Não estou defendendo aqui o professor que se preocupa apenas com sua produção intelectual,

científica ou artística, e dá as costas à instituição, aos órgãos colegiados e aos cargos de chefia

Page 192: Memorial de Carreira

181

e direção. Pelo contrário, acredito que a Universidade pela sua própria abrangência dá

oportunidade ao professor de exercer em determinados períodos de sua carreira, uma ou mais

das atividades possíveis, ensino, pesquisa, cultura, extensão e administração. Ter um período

mais dedicado ao ensino, outro mais dedicado à produção intelectual e também outro

dedicado à administração. Redigir este Memorial permitiu-me constatar que nestes trinta anos

de carreira estive presente em cada uma dessas atividades. É a diversidade de atividades que

torna o trabalho na Universidade interessante.

Estou atualmente executando um importante projeto que já foi citado de diversas maneiras na

seção Produção Intelectual. É o projeto "Violoncelo ontem e hoje " que apresenta uma mostra

de composições e transcrições da música Brasileira e contemporânea de Belo Horizonte. Os

produtos do projeto, até o momento, incluem a gravação de um CD, a publicação de um livro

de partituras com parte das obras gravadas e o concerto de lançamento. É um projeto que

mostra boa parte do meu perfil como Professor e Músico. Nele exerci diversas funções entre

elas, a de elaborador, de direção e coordenação geral, de gestor, prestador de contas,

violoncelista, transcritor, editor geral e editoração das partituras publicadas, redator dos textos

do livro de partituras. Isso não quer dizer que não tive uma equipe para liderar. Muitos outros

profissionais participam do projeto, compositores vivos e intérpretes, técnicos de diversas

áreas como gravação, edição e mixagem, masterização, designer, fotógrafo e outros. Decidi

anexar uma cópia do CD e da Publicação desse projeto para que os avaliadores possam

conhecer esse trabalho que foi importante para mim e para todos os que estão envolvidos nele.

Tivemos o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e do Selo Minas

e Som da Escola de Música da UFMG, sem os quais o projeto não seria realizado.

O projeto abre também novas perspectivas, principalmente de publicação. Procurei

demonstrar nesse memorial os diversos materiais que possuo tais como: apostilas não

Page 193: Memorial de Carreira

182

publicadas sobre os conteúdos das disciplinas que ministrei; transcrições e arranjos não

publicados para os grupos musicais de que participei; um banco dados com mais de trezentas

obras editadas por mim, por bolsistas e alunos. Todo esse material pode ser convertido em

publicações e dependem da captação de recursos e de revisões para chegar à condição

adequada para publicação. A Escola de Música possui o recém criado Selo Minas de Som que

é mais uma oportunidade para os professores divulgarem sua produção intelectual. Pretendo,

portanto, continuar o "Violoncelo ontem e hoje" elaborando novos projetos com a mesma

ideia de organizar mostras de novas músicas e transcrições de música brasileira e de Belo

Horizonte para o violoncelo, assim como materiais de ensino desenvolvido nesses anos de

carreira.

Outro aspecto do projeto que demonstra que ele está vivo e deve continuar é que, como

resultado do mesmo, temos um CD e uma publicação que precisam ser divulgados e

distribuídos. Uma das estratégias já utilizadas foi o envio desse material para diversas

instituições de música e de documentação brasileira bem como para professores de

violoncelo. Tenho recebido cartas e emails de agradecimento de instituições como UNIRIO,

UFRN, UFPB, UBC, UNESP, CIDDIC/CDMC, ABM, UDESC, FAMES, UFU, PRÓ-

MUSICA, além de colegas professores de violoncelo. Outra estratégia que usaremos será

levar os produtos do projeto para concertos e eventos que participarmos. É gratificante ver o

projeto andando e nosso trabalho sendo divulgado e reconhecido.

Sou atualmente, ou novamente, membro da Câmara Departamental do Departamento de

Instrumentos e Canto da Escola de Música da UFMG. Regularmente participo de comissões

diversas e emito pareceres sobre os mais variados assuntos. Estou sempre à disposição da

Escola de Música para exercer funções e cargos em que possa colaborar para o seu

desenvolvimento.

Page 194: Memorial de Carreira

183

Durante minha carreira tomei minhas decisões sempre pensando na Escola de Música. Se

deixei parcialmente uma área de atuação como a Pós-Graduação por motivos já justificados,

compensei me dedicando à Graduação como demonstrado na seção Docência desse

Memorial. Para aprender as Leis de Incentivo à Cultura e ir ao mercado buscar recursos para

realizar minha produção artística, estudei muito, criei uma disciplina optativa

"Empreendedorismo na Área de Música" e realizei palestras. Foi a maneira encontrada para

aprender esse assunto e ao mesmo tempo dividir com a Escola de Música o novo

conhecimento adquirido.

Concluo minhas considerações finais falando dos noventa anos da escola de Música e minha

passagem por ela, que na verdade ainda está em curso. Dos noventa anos, estive aqui nos

últimos trinta e nove, com algumas ausências e retornos, como aluno, funcionário e professor.

Estudando a história da Escola de Música constatamos a importância de professores e

funcionários que se dedicaram a ela e, com suas ações, contribuíram para o seu

desenvolvimento. Espero que minha passagem pela Escola de Música venha a ter um registro

tão positivo quanto desses professores e funcionários. É com a ação dessas pessoas que se

constrói a instituição e a sua história. Reafirmo, portanto, meu vínculo com a Escola de

Música da UFMG e com ações que possam trazer o seu desenvolvimento nas atividades de

ensino, pesquisa, cultura, extensão e administração.

Page 195: Memorial de Carreira

184

6. BIBLIOGRAFIA

ALEXANIAN, Diran. Theoretical and practical treatise of the cello, trans. Frederick

Fairbanks. Paris: A.Z. Mathot, 1922.

AVELAR, Romulo. O avesso da cena – Notas sobre produção e gestão cultural. Belo

Horizonte: Duo Editorial, 2008

AVELLAR, Marcello Castilho, REIS, Glória. Pátio dos Milagres – 35 anos do Palácio das

Artes, um retrato. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura, Fundação Clóvis

Salgado, 2006.

BLUM, David. Casals and the art of interpretation. Los Angeles: University of California

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BRASIL JÚNIOR. Conceito nacional de empresa júnior. Salvador, 2003.

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Gabinete do Ministro, 2013. 4 p.

BARBOSA, Valdinha de Melo. Iberê Gomes Grosso - Dois séculos de tradição musical na

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Rio de janeiro, 2005.

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Área e Comissão da Trienal 2013 [Área de Avaliação: Artes Música], 2013a.

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Finale para o formato Adobe PDF. Belo Horizonte: Escola de Música da UFMG,

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CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Edição e formatação de documentos acadêmicos no

computador – Modelos para o Microsoft Word - Windows. Belo Horizonte: Escola de

Música da UFMG, 2005, 69p. (Apostila).

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Encontro com o Violoncelo. Belo Horizonte: Escola

Municipal Professor Lourenço de Oliveira, 12/02/2014. (Palestra ministrada aos

alunos, funcionários e professores da Escola EMPLO)

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Escola de Música da UFMG - Uma visão histórica. Belo

Horizonte: Escola de Música da UFMG,22/04/2015. (Palestra ministrada no projeto

Viva Música da Escola de Música da UFMG)

Page 196: Memorial de Carreira

185

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Estudo técnico-avançado do Violoncelo. Belo Horizonte:

Escola de Música da UFMG, 2011. (Apostila).

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Introdução Prática ao Violoncelo. Belo Horizonte: Escola

de Música da UFMG, 2011. (Apostila).

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Leis de incentivo à cultura. Belo Horizonte: Escola de

Música da UFMG,12/03/2014. (Palestra ministrada no projeto Viva Música da Escola

de Música da UFMG)

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Música e empreendedorismo. Vitória: Faculdade de Música

do Espírito Santo - FAMES, 07/04/2011. (Palestra ministrada para os participantes do

evento I Semana de Iniciação Científica da FAMES)

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Notação musical no computador – Programa Finale 2003.

Belo Horizonte: Escola de Música da UFMG, 2005, 143p. (Apostila).

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Notação musical no computador – Programa Finale 2008.

Belo Horizonte: Escola de Música da UFMG, 2008. (Apostila).

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. A LMIC e o projeto Violoncelo ontem e hoje. Belo

Horizonte: Escola de Música da UFMG, 19/05/2015. (Palestra ministrada aos alunos e

professora da disciplina Projeto de Ensino do Curso de Licenciatura em Música)

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. O Violoncelo - Anatomia, história e linguagem. Belo

Horizonte: Escola de Música da UFMG, 07/11/2013. (Palestra ministrada aos alunos

do Curso de Apreciação e Musicalização na Maturidade)

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Performance de harmônicos naturais com a técnica de

nodo duplo aplicada ao violoncelo. Per Musi, Belo Horizonte: Vol. 1, 2000. P.77-88.

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Performance dos sons harmônicos no violoncelo. Ouro

Branco: Casa de Música de Ouro Branco, 16/04/2014. (Palestra ministrada aos alunos

e professores do Festival de Violoncelos de Ouro Branco)

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Relatório de Gestão, 1998 - 2002. Belo Horizonte: Escola

de Música da UFMG, 2002. (Relatório).

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. Sistema de escalas. Belo Horizonte: Escola de Música da

UFMG, 2003. (Apostila).

CARDOSO, Cláudio Urgel Pires. The performance of violoncello harmonics. The University

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CUNHA, Evandro José Lemos da Cunha. A extensão como estratégia de mudança na

Universidade Pública. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1996. 169p. Tese,

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Page 197: Memorial de Carreira

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CUNHA, Maria Helena Melo da. Gestão cultural – Profissão em formação. Belo Horizonte:

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DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. São Paulo: Editora de Cultura Ltda, 1999.

FRANÇA, Júnia Lessa et al. Manual para normalização de publicações técnico-científicas.

8ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

FREIRE, Sérgio et al. Do Conservatório à Escola de Música - 80 anos de criação musical em

Belo Horizonte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.

GOULART, Iris Barbosa, FILHO, Sudário Papa. Empreendedorismo e empreendedores. Belo

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MALAGODI, Maria Eugênica, CESNIK, Fábio de Sá. Projetos culturais: Elaboração,

aspectos legais, administração, busca de patrocínio. São Paulo: Escrituras, 2004.

MANTEL, Gerhard. Cello technique, Trans. by Barbara Haimberger Thiem. Blomington and

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MEDEIROS, Ione de. Grupo Oficcina Multimédia – 30 anos de integração das artes no

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MENCARELLI, Fernando Antônio et all . Corpos Artísticos do Palácio das Artes: Trajetória

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PRIETO, Carlos. As aventuras de um violoncelo - Histórias e memórias, trad. de Pedro Lyra.

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REIS, Sandra Loureiro de Freitas. Escola de Música da UFMG - Um estudo histórico (1925-

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ROBATTO, Lucas. Contextos e desafios para o desenvolvimento da Pós-Graduação

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SALOMÉ, Nelson. A música contemporânea em Belo Horizonte na década de 80. 1999. 135

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UFMG. Ofício Circular CPPD. 004/2014, de 15 de Abril de 2014. Belo Horizonte: Pró-

Reitoria de Recursos Humanos - Comissão Permanente de Pessoal Docentes, 2014.

2p.

UFMG. Resolução Complementar 02/2014, de 10 de Junho de 2014. Belo Horizonte:

Conselho Universitário, 2014. 06p.

UFMG. Resolução Complementar 04/2014, de 09 de Setembro de 2014. Belo Horizonte:

Conselho Universitário, 2014. 19p.

Page 198: Memorial de Carreira

187

UFMG. Email da Secretaria Geral da Escola de Música, de 03 de Junho de 2015. Belo

Horizonte: Congregação, 2015.

UFMG. Email da Diretoria da Escola de Música, de 17 de Junho de 2015. Belo Horizonte:

Diretoria, 2015.

UFMG. Email da Secretaria Geral da Escola de Música, de 07 de Julho de 2015. Belo

Horizonte: Congregação, 2015.

Page 199: Memorial de Carreira

188

ANEXO A

ENDEREÇOS NA INTERNET (YOUTUBE) COM MOSTRA DE

PERFORMANCES GRAVADAS AO VIVO

Se estiver lendo esse documento em formato digital, clique no link abaixo de cada vídeo. Se

estiver lendo a versão impressa, acesse o seguinte Canal do Yuotube:

http://www.youtube.com/claudiourgel.

Egon Wellesz, Opus 31 - Cláudio Urgel, 12:43

https://www.youtube.com/watch?v=vWytPM5Wawk

Rufo Herrera -- Imaguel -- Claudio Urgel

(Violoncelo) Izabel costa (Bailarina e Atriz), 14:59

https://www.youtube.com/watch?v=iqRzKrdYgs0

Eduardo Bértola - Um no Outro - para dois violoncelos -

Cláudio Urgel e João Cândido, 5:55

https://www.youtube.com/watch?v=EL5BgVY5oTQ

Gilberto Carvalho - 21 (para violoncello solo), 6'

https://youtu.be/tiGuI0G9k4A

Gilberto Carvalho - Variações Violoncelista Claudio

Urgel, 1994, 5:21

https://www.youtube.com/watch?v=N8mYocaFVU4

Gilberto Carvalho - Variações – Violoncelista

Claudio Urgel, 2011, 5:37

https://youtu.be/wJTk1exs9cU

Arthur Bosmans 100 anos Epigramas Galharda, 1:57

https://www.youtube.com/watch?v=WMxbAPsF0FY

Arthur Bosmans 100 anos Epigramas Melancolica,

2:57

https://www.youtube.com/watch?v=Gv_zPe7a-oQ

Arthur Bosmans 100 Anos - Epigramas - Giocosa, 2:27

https://www.youtube.com/watch?v=wy5H6LlDOaA

Arthur Bosmans 100 anos Romance para Violoncelo

e Orquestra, 6:13

https://www.youtube.com/watch?v=OCmgrWIQ5uU

Page 200: Memorial de Carreira

189

Mozart k298 Quarteto MinasArte, 6:00

https://www.youtube.com/watch?v=4-G0AEk9NsQ

Grupo de Violoncelos EMUFMG - Bachianas I, 7:33

https://www.youtube.com/watch?v=fW5J7KwF5As

Ernesto Nazareth -- Brejeiro -- Cellos de Minas, 2:07

https://www.youtube.com/watch?v=x-IRDyAJBMM

Vivaldi - Concerto for two Cellos, I - Claudio Urgel, Tomas

von Atzingen - OSEMUFMG - Silvio Viegas, 3:45

https://www.youtube.com/watch?v=e-61zK2RcQY

Vivaldi - Concerto for two Cellos, II - Claudio Urgel, Tomas

von Atzingen - OSEMUFMG - Silvio Viegas, 2:53

https://www.youtube.com/watch?v=i74JLIRVf8I

Vivaldi - Concerto for two Cellos III - Claudio Urgel, Tomas

von Atzingen - OSEMUFMG - Silvio Viegas, 3:31

https://www.youtube.com/watch?v=7yJRGdGuT8A

Guerra Peixe -- Andante -- Sofia Von Atzingen --

Grupo Diadorim, 1:07

https://www.youtube.com/watch?v=sNEFxLu7h2k

Ernest Mahle (Aniversário de 80 anos) Concertino

LauraVon Atzingen Grupo Diadorim, 3:51

https://www.youtube.com/watch?v=UzAd4s9j0mA

Guerra Vicente Valsa Seresteira Tomás Von Atzingen

Grupo Diadorim, 4:04

https://www.youtube.com/watch?v=QDVwiuwf4t4

Música de Concerto nas Escolas - 2007 - Trenzinho,

4:21

https://www.youtube.com/watch?v=IoxhOKzpL_g

Page 201: Memorial de Carreira

190

ANEXO B

PROJETO VIOLONCELO ONTEM E HOJE

Considerando o que determina o Artigo 37, § 1o da Resolução 04/2014 do Conselho

Universitário da UFMG, apresento nesse anexo o CD e a Publicação resultantes do projeto

"Violoncelo ontem e hoje" como mostra de minha produção Intelectual.