MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL NA ......Intelectual (BIN) como fonte estratégica e tática na...
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MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL NA CONTABILIDADE
Geruza Batista Pinheiro da Silva1
Marcia Maria Machado Freitas2
RESUMO
Esta pesquisa aborda um estudo sobre a mensuração do Capital Intelectual na Contabilidade. Dentro deste foi abordada a análise da importância da mensuração do capital intelectual na contabilidade, o Capital Intelectual como bem intangível, a relação entre Goodwill e Capital Intelectual e o Balanço Intelectual (BIN) como fonte estratégica e tática na força do processo de mudança. Através desta pesquisa bibliográfica, questiona-se qual a importância da mensuração do Capital Intelectual na Contabilidade. Muito embora o Capital Intelectual seja um novo conceito, para a contabilidade trata-se de goodwill, e que ambos fazem parte do mesmo fenômeno. Portanto, nenhuma experiência é conclusiva, as pesquisas devem ser continuadas a fim de tornar a mensuração do Capital Intelectual um mecanismo gerencial cada vez mais eficiente, ou até mesmo uma demonstração como parte das Demonstrações Contábeis. Palavras-chave: Capital Intelectual, Goodwill, Balanço Intelectual.
ABSTRACT
This research deals with a study on the measurement of Intellectual Capital in Accounting. Within this analysis addressed the importance of measuring intellectual capital in the accounts as Intellectual Capital and intangible assets Goodwill and the relationship between Intellectual Capital and Intellectual Balance (BIN) as strategic and tactical supply in the power of the change process. Through this literature review, we question how important is the measurement of Intellectual Capital in Accounting. Although the Intellectual Capital is a new concept for accounting it is goodwill, and that both are part of the same phenomenon. Therefore, no experience is conclusive, research should be continued in order to make the measurement of intellectual capital an increasingly efficient management mechanism, or even a demonstration as part of the Financial Statements. Keywords: Intellectual Capital, Goodwill, intellectual balance.
1 Graduanda em Ciências Contábeis na Faculdade Cearense – FAC, Analista Contábil Jr. do
Grupo Fortbrasil Administradora de Cartões S.A. Fortaleza, 20/11/2013. [email protected] 2 Doutora em Educação pela Universidade Del Mar – Chile. Contadora. Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Cearense. [email protected]
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SUMÁRIO: 1.Introdução. 2.Capital Intelectual. 2.1.Goodwill. 2.2.Goodwill e o Capital Intelectual. 2.3.A Mensuração do Capital Intelectual. 2.4.Balanço Intelectual (BIN). 3. Metodologia 4.Analise da Mensuração do Capital Intelectual. 5.Considerações Finais. 6. Bibliografia.
1 INTRODUÇÃO
A Sociedade vem passando por processos de mudança em meio ao
rápido avanço das tecnologias de produção, informática e de telecomunicação,
tornando as organizações cada vez mais exigentes quanto à capacidade de
seus profissionais. Houve um tempo em que o quesito diploma era
determinante para se conseguir emprego, ou seja, a prática e o conhecimento
eram dados valores subsidiários em comparação ao diploma.
Com o tempo este cenário passou a se diversificar de tal modo que
à população economicamente ativa impulsionou uma busca por maior
informação, isto é, passou a ampliar suas áreas de aptidão, tornando-se
necessário unir conhecimento, prática e o diploma, uma vez que o mercado de
trabalho tornou-se mais criterioso.
Para alguns estudiosos esse período de crescente mudança na
economia mundial vem sendo descriminado como um período de transição
entre uma Sociedade Industrial para uma Sociedade do Conhecimento, através
da valorização do ser humano. Logo, os recursos utilizados nas produções e
que até então são valorizados tais como a terra, o capital e o próprio trabalho
vêm se associando a um novo recurso, o Conhecimento.
Mediante está troca de cenários, surgem novas formas de
interpretação, pois novos valores, decorrentes dessas mudanças na
Sociedade, impõem um processo de globalização que afeta as empresas,
qualquer que seja a sua natureza, isto porque elas pertencem a sistemas
abertos e dinâmicos.
O impacto da aplicação do Conhecimento nas organizações unido
às tecnologias atuais em uma atmosfera globalizada gera benefícios
intangíveis denominados de Capital Intelectual.
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O resultado quantitativo-qualitativo do patrimônio é até hoje o forte
da Contabilidade, porém, considerar prováveis mutações ocasionadas pelo
Patrimônio é também uma busca da Ciência Contábil, variações essas
decorrentes do Homem ou da Natureza ela deverá apresentar uma visão
prospectiva dentro de seus relatórios. Sendo assim, a Contabilidade deve
abarcar novas condições exigidas pelo cenário mercadológico atual por meio
de análises, averiguações e utilização de métodos científicos de pesquisa para
se continuar a fazer ciência.
Para a Ciência Contábil, que tem como objeto de estudo o
Patrimônio de uma Entidade, o não reconhecimento do capital intelectual,
sugere críticas no sentido de que as Demonstrações Contábeis não vêm
demonstrando o verdadeiro valor de uma empresa, já que a mensuração do
Capital Intelectual altera o patrimônio da organização.
Diante disso, o presente artigo irá abordar em torno da problemática,
Qual a importância da mensuração do Capital Intelectual na Contabilidade?
Contudo, o objetivo do estudo geral deste artigo é analisar a
importância da mensuração do Capital Intelectual na Contabilidade. Como
objetivos específicos têm-se: evidenciar o Capital Intelectual como bem
intangível, analisar a relação entre Goodwill e Capital Intelectual e demonstrar
o Balanço Intelectual (BIN) como fonte estratégica e tática na força do processo
de mudança.
Tendo em vista alcançar explanar a temática em questão, este artigo
por meio de uma metodologia de pesquisa bibliográfica desenvolverá questões
referentes à mensuração do Capital Intelectual. Através de um método de uma
pesquisa qualitativa do assunto.
Assim, uma análise comparativa entre os conceitos do Capital
Intelectual e do Goodwill e averiguação sobre a mensuração desse recurso na
contabilidade é necessário para que os relatórios fornecidos pela contabilidade
retratem a realidade da empresa.
O assunto torna-se relevante, pois ao não considerar a mensuração
do real valor desses ativos intangíveis na Contabilidade sugere uma lacuna, ou
seja, na pratica a contabilidade tradicional avalia seus ativos intangíveis
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quando vendidos, deixando de apresentar informações necessárias para
administrar a continuidade da empresa.
Diante disso, para atender ao escopo deste artigo, considera-se
relevante esclarecer alguns aspectos do Goodwill para uma comparação com o
conceito do Capital Intelectual, evidenciar a relação entre Goodwill e Capital
Intelectual já que os dois abordam os ativos intangíveis, apresentar a fórmula
de mensuração do Capital Intelectual desenvolvida pela empresa sueca
Skandia e, a funcionalidade do Balanço Intelectual, como instrumento de apoio
a tomada de decisões, não objetivando, portanto, esgotar o assunto.
2 CAPITAL INTELECTUAL
Desde o inicio da civilização até os dias atuais as mudanças são
constantes em meio ao cenário mundial, sendo o homem o grande propulsor
destas transformações. Compreender as causas que levam as transformações
deve ser uma meta para se traçar novos caminhos, já que hoje vivenciamos um
mundo em continua transição, implicando momentos de incerteza.
Contudo, estudar o passado é de grande importância para se
compreender o presente. O doutor em ciências sociais Ferreira (1997) relata os
avanços da Sociedade no que diz respeito ao uso do raciocínio humano: “(...) a
sobrevivência do homem passou a não depender apenas das mudanças
naturais, mas do uso da sua inteligência.”
Assim, percebe-se que o intelecto humano é recurso para o
crescimento social, tecnológico e econômico, ou seja, o conhecimento é fator
de produção para a continuidade da Sociedade. Por isto, Crawford (1994:18)
resumiu as características das mudanças ocorridas na Sociedade, conforme
demonstrado no Quadro 1.
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O Quadro 1 demonstra a evolução nos os aspectos sociais, e como
a inteligência humana influenciou estas passagens de um cenário a outro.
Crawford, 1994 (apud Antunes, Thereza 2008, p. 32) analisa o quadro atendo-
se ao subsistema tecnológico e econômico, relatando a transição entre a
sociedade industrial para a do conhecimento,
(...) o recurso do conhecimento passa a ser essencial, pois a máquina substitui a força física humana na produção e a atividade econômica é centrada na prestação de serviços baseados no conhecimento dos que o possuem.” A localização dos demais recursos não é mais fator determinante para a concentração de riqueza, (...)
Sociedades: Primitiva Agrícola Industrial ConhecimentoTecnologia
Energia: humana. Materiais: peles de animais, oedras. Ferramentas: para corte. Métodos de Produção: nenhum. Sistema de Transporte: a pé. Sistema de Comunicação: a voz.
Energia: natural. Materiais: recursos renováveis. Ferramentas: força muscular ou naturais. Método de Produção: artesanato. Sistema de Trasporte: cavalo, barco, carroça. Sistema de Comunicação: manuscrito.
Energia: óleo, carvão. Materiais: recursos não renováveis. Ferramentas: máquinas para substituir a força humana. Métodos de Produção: linha de montageme partes intercambiáveis. Sistema de transporte: barcoa vapor, ferrovia, automóvel e avião. Sistema de comunicação: imprensa, televisão.
Energia: sol, vento e nuclear. Materiais: recursos renováveis (biotecnologia), cerâmica, reciclagem. Ferramentas: máquinas para ajudar a mente (computadores e eletrônica relacionada). Métodos de Produção: robôs. Sistema de Comunicação: comunicações individuais ilimitadas por meio eletrônico.
Economia
Colheita, caça e pesca.
Local, descentralizada e auto-suficiente. Produção para consumo. Divisão do trabalho em função da comunicação: nobreza, sacerdotes, guerreiros, escravos e servos. A terra é o recurso fundamental.
Economia de mercado nacional cuja atividade econômica é produção de bens padronizados, tangíveiscom divisão entre produção e consumo. Divisão complexa da mão de obra baseadaem habilidades especifícas, modo de trabalho padrão e organizações com vários níveis hierárquicos. O capital físico é o recurso fundamental.
Economia global integrada cuja atividade econômica central é a provisão de serviços baseados em conhecimento. Maior fusão entre produtor e consumidor. Organizações empreendedoras de pequeno porte. O capital humano é o recurso fundamental.
Sistema Social
Pequenos grupos ou tribos.
Esquema familiar estratificado com definições claras das funções em virtude do sexo. Educação limitada à elite.
Família nuclear com divisão de papéis entre os sexos e instituições imortais que sustentam o sistema. Os valores sociais enfatizam conformidade, elitismo e divisão de classes. A educaçãoé em massa.
O indivíduo é o centro com diversos tipos de família e fusão dos papéis sexuais com ênfase na auto-ajuda e em instituições mortais. Os valores sociais enfatizam a diversidade, o igualitarismo e o individualismo.
Sistema Político
Tribo: unidade política básica na qual os anciões e chefe governam.
Feudalismo: leis, religião, classes sociais e politicas atrelados ao controle das terras com autoridade transmitida hereditariamente.
Capitalismo e Marxismo: leis, religião, classes sociais e política sõa modeladas de acordo com os interesses da propriedade e do controle de investimento de capital. Nacionalismo: governos centralizados e fortes tanto como forma de governo representativo quanto na forma ditatorial.
Cooperação global: instituições são modeladas com base na propriedade e no controle do conhecimento. As principais unidades de governo e a democracia participativa definem as normas.
Paradigma
Mundo visto em termos naturais.
Base do conhecimento: matemática e astronomia. Idéias Centrais: humanidade vista como controlada pelas forças superiores (deuses), religiosidade, visão mística da vida e sistema de valores comênfase na harmonia com a natureza.
Base do conhecimento: física e química. Idéias Centrais: os homens se colocam como controladores di=o destino num mundo competitivo com a crença de que uma estrutura racional pode produzir harmonia num sistema de castigos e recompensas.
Base do conhecimento: eletrônica quântica, biologia molecular, ecologia. Idéias centrais: os homens são capazes de uma transformação contínua e de crescimento (pensamento com cérebro integrado). Sistema de valores enfatiza um indivíduo autônomo numa sociedade descentralizada com valores femininos dominantes.
Quadro 1 Características-chaves de quatro sociedades básicas. Fonte: CRAFORD, Na era do capital humano. Tra. Luciana Gouveia. São Paulo: Atlas, 1994. P. 18.
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Segundo Antunes, Thereza (2008:32) novos conhecimentos levam a
novas tecnologias que impulsionam o desenvolvimento econômico. Isto é, as
inovações tecnológicas atravessam as mudanças econômicas. Entretanto, a
tendência tecnológica atual é ostentar tempos recordes, ou seja, as inovações
tendem a se ultrapassar cada vez mais rápido.
Diante disto, a Sociedade do Conhecimento caracteriza-se por
valorizar a inteligência humana, dentro da perspectiva tempo. As organizações
hoje investem em sua mão de obra intelectual, através da capacitação e
qualificação dos profissionais, fator primordial para o sucesso do negócio, a
qualidade dos produtos e serviços tem relação direta com o nível de
capacitação das pessoas que trabalham na organização.
Em meio à transição entre cenários econômicos, ou seja, de uma
sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento, estão influenciando
as organizações, impactando sua estrutura, seu processo administrativo e
principalmente o seu valor.
O conceito de Capital Intelectual pode ser analisado sob alguns
aspectos se diferenciando de autor para autor. Segundo a autora Brooking
(1996: 12-13) capital intelectual divide sob os seguintes aspectos:
Mercado: potencial que a empresa possui em decorrência dos intangíveis, que estão relacionados ao mercado, tais como marca, clientes, lealdade dos clientes, negócios recorrentes, negócios em andamento (backlog), canais de distribuição, franquias etc.; Humanos: os benefícios que o individuo pode proporcionar para as organizações por meio de sua expertise, criatividade, conhecimento, habilidade para resolver problemas, tudo visto de forma coletiva e dinâmica; Propriedade intelectual: os ativos que necessitam de proteção legal para proporcionarem as organizações benefícios, tais como know-how, segredos industriais, copyright, patentes, designs etc.; Infra-estrutura: as tecnologias, as mercadologias e os processos empregados como cultura, sistema de informação, métodos gerenciais, aceitação de risco, banco de dados de clientes etc.
Outros autores apresentam aspectos diferentes ao de Brooking, mas
que no geral tem o mesmo significado pode-se observar a abordagem dos
autores que Edvinsson e Malone (1998:9) dividem o capital intelectual sobre
dois aspectos:
Capital humano: composto pelo conhecimento, expertise, poder de inovação e habilidade dos empregados mais os valores, a cultura e a filosofia da empresa;
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Capital Estrutural: formado pelos equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com os clientes e tudo o mais da capacidade organizacional que apóia a produtividade dos empregados.
Percebe-se que o Capital intelectual pode ser definido como uma
junção de ativos intangíveis, provenientes das alterações nas áreas de
tecnologia de informação, mídia e comunicação, originando benefícios
intangíveis para as organizações e que capacitam seus funcionários. Como
também, sendo uma ação simultânea entre dos recursos humanos e os ativos
tangíveis de uma empresa.
Straioto (2000:34) complementa o conceito de Capital Intelectual
como:
(...) o conjunto de conhecimentos e informações encontrado nas organizações, que agrega valor ao produto e/ou serviço mediante a aplicação da inteligência, e não do capital monetário, ao empreendimento.
Verifica-se que o Capital Intelectual é o conjunto de conhecimentos
que une valor aos produtos e serviços, ou seja, não é o valor monetário
investido sobre a mão de obra humana e sim a aplicação desse conhecimento
adquirido em meio às atividades.
Para demonstrar melhor o significado de Capital Intelectual a Figura 1
demonstra a metáfora da árvore utilizada por Leif Edvinsson (1998:28).
Figura 1 - Metáfora da Árvore Fonte: Edvinsson, Leif, MALONE, Michael (1998:28)
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Mediante analise da figura 1, os autores sugerem que as partes
visíveis da arvore, tronco, galhos e folhas, representam a empresa conforme é
conhecida pelo mercado e expressa pelo processo contábil. O fruto produzido
por essa árvore representa os lucros e os produtos da empresa. As raízes,
massa que está abaixo da superfície, representam o valor oculto. Para que a
árvore floresça e produza bons frutos, ela precisa ser alimentada por raízes
fortes e sadias.
Portanto, o Capital Intelectual é a parte oculta ilustrada como sendo
as raízes da árvore, pois é a partir do conhecimento da mão-de-obra
qualificada que nascem os resultados da empresa, ou seja, para se obter frutos
de ótima qualidade se faz necessário adquirir recursos intelectuais.
Logo, pessoas capacitadas que dá vida aos ativos tangíveis, sendo
assim, os ativos físicos de uma organização estão diretamente ligadas ao
Capital Intelectual que por sua vez são intangíveis.
Trabalhos específicos sobre os ativos intangíveis surgem neste
século, prova disto é o pronunciamento técnico – CPC 04 Ativos Intangíveis,
que o define como um ativo não monetário identificável sem substância física.
Antunes, Thereza (2008: 76) relata que “economistas e contadores
vêem mostrando trabalhos abordando o tema em modo geral e especifico e,
ainda, a contabilização dos recursos humanos, um ativo tangível, agente
transformador do Capital Intelectual”.
O interesse quanto ao tema vem sendo discutido nos meios
profissional e acadêmico muito embora não haja uma unanimidade quanto ao
seu tratamento. Porém, a urgência em reconhecer o Ativo Intangível ganha
espaço no cenário atual, tendo em vista que a entidade empresarial não possui
controle e também, devido à complexidade de se mensurar o valor.
Isto é, a falta de objetividade quanto à atribuição do valor referente
ao bem intangível requer maior particularidade, ou seja, deve-se levar em conta
a valorização a preço de custo, de mercado ou de realização.
O bloqueio quanto à aceitação de alguns fatores do ativo se dá
devido aos princípios da objetividade e conservadorismo, evitando a
contabilidade em demonstrar mais transparência nas informais, cujo efeito é
sentido nos ativos intangíveis, originando o Goodwill.
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2.1 GOODWILL
O Goodwill de acordo com o autor Iudícibus (1997: 213) surge ”se os
ativos e os passivos das entidades adquiridas ou fundidas forem reavaliados
por algum tipo de valor de mercado, de entrada ou de saída”.
Segundo este relato verifica-se que o Goodwill corresponde á
diferença entre o valor atual da empresa e do valor econômico de seus ativos,
apesar de a contabilidade financeira reconhecer e contabilizar o Goodwill na
compra de uma empresa. Conforme já observava Martins (1972, p. 55):
O Goodwill tem sido motivo de estudos, debates, artigos, livros, legislação, concordâncias e divergências desde há muito anos. As citações e referências a ele datam de séculos atrás, mas a primeira condensação do seu significado e o primeiro trabalho sistemático tendo-o como tema central parecem ter existido em 1891.
Segundo a observação apresentada pode-se reconhecer a
existência do Goodwill, sendo importante para uma ponderação mais real do
patrimônio de uma empresa. O não reconhecimento pela contabilidade do
vinculo entre o Goodwill a fatores de geração de lucros, é uma característica
que persiste até hoje. Contudo, o Goodwill sofre a seguinte classificação pelo
Coyngton, 1923 (Apud Martins, 1972:74):
Goodwill Comercial: criado em função exclusiva para empresa como um todo, livre das pessoas proprietárias ou administradoras. Goodwill Pessoal: decorrente de uma ou várias pessoas que integram a empresa, sendo proprietária (s) ou administradora (s). Goodwill Profissional: desenvolvido por uma classe profissional que cria uma imagem que a distingue dentro da sociedade propiciando condições de alta remuneração, como no caso dos médicos, advogados e contadores em alguns países. Goodwill Evanescente: característico de certos produtos que a moda cria e que, portanto, possuem curta duração. Goodwill de Nome ou Marca Comercial: ocasionado pela imagem do nome da empresa que produz o produto ou da marca sob o qual é comercializado. Distingue-se do anterior dada à durabilidade.
Após vinte nove anos, ou seja, a classificação apresentada por
Coyngton, 1923 sofre modificação para Goodwill de Paton e Paton 1952 (Apud
Martins, 1972:73):
Goodwill Comercial: decorrente de serviços colaterais como equipe cortês de vendedores, entregas convenientes, facilidade de crédito, dependências apropriadas para serviço de manutenção; qualidade do produto em relação ao preço; atitude e hábito do consumidor como
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fruto de nome comercial e marca tornados proeminentes em função de propaganda persistente; localização da firma. Goodwill Industrial: decorrente de altos salários, baixo turnover de empregados, oportunidades internas satisfatórias para acesso às posições hierárquicas superiores, serviço médico, sistema de segurança adequado, desde que tais fatores contribuam para a boa imagem da empresa e também para a redução do custo unitário de produção, devido à eficiência de uma força de trabalho operando nessas condições. Goodwill Financeiro: derivado da atitude de investidores e de fontes de financiamento e de crédito em função de a empresa possuir sólida situação para cumprir suas obrigações e manter sua imagem ou, ainda, obter recursos financeiros que lhe permitam aquisições de matéria-prima ou mercadorias em melhores termos e preços. Goodwill Político: decorrente de boas relações com o Governo.
Observa-se que, apesar de oferecerem diferentes classificações
para Goodwill, em períodos diferentes o cerne continua o mesmo, o
pronunciamento técnico - CPC 15 classifica de modo geral o Goodwill como:
um pagamento realizado entre partes independentes vinculado à efetiva alteração de controle e corresponde, em sua essência, a uma antecipação dos benefícios econômicos futuros a serem gerados por ativos, por fatores que não podem ser identificados individualmente e reconhecidos separadamente. Tais benefícios podem advir da sinergia entre os ativos identificáveis adquiridos ou de ativos que, individualmente, não se qualificam para reconhecimento em separado nas demonstrações contábeis, mas pelos quais a adquirente efetuou um pagamento (em caixa ou por meio de emissão de instrumentos patrimoniais ou de dívida) por ocasião da combinação de negócios.
Mediante aos relatos demonstrados verifica-se que há ocorrência da
sinergia nas empresas devido à existência desse ativo intangível, assim como,
a relação entre Goodwill e Capital Intelectual.
2.2 GOODWILL E O CAPITAL INTELECTUAL
Depois da avaliação de Capital Intelectual e de Goodwill formar uma
relação entre os dois conceitos é necessário tendo em vista que ambos
abordam os ativos intangíveis. Iudícibus3 (1994:106) demonstra de modo
abrangente a principal característica de um ativo:
A característica fundamental é a sua capacidade de prestar serviços futuros à entidade que os tem, individual ou conjuntamente com
3 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1994.
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outros ativos e fatores de produção, capazes de se transformar, direta ou indiretamente, em fluxos de entrada de caixa. Todo ativo representa, mediata ou imediatamente, direta ou indiretamente, uma promessa futura de caixa. Quando falamos indiretamente, queremos referir-nos aos ativos que não são vendidos como tais para realizarmos dinheiro, mas que contribuem para o esforço de geração de produtos que mais se transformam em disponível.
Goodwill e o Capital Intelectual estão de acordo com o conceito
exposto, ou seja, o valor do Goodwill sempre estará relacionado com a
capacidade de geração de lucros em longo prazo, assim como, o Capital
Intelectual.
Mediante relatos de alguns autores como Catlet e Olson (Apud
Martins, 1972:75) e Brooking (1996:17) pode-se relacionar fatores em comum
de origem do Capital Intelectual e Goodwill como:
- Administração superior; - Organização ou gerente de vendas proeminentes; - Fraqueza na administração do competidos; - Propaganda eficaz; - Processos secretos de fabricação; - Boas relações com os empregados; - Crédito proeminente como resultado de uma sólida reputação; - Excelente treinamento para os empregados; - Alta posição perante a comunidade; - Desenvolvimento desfavorável nas operações do computador; - Associações favoráveis com outra empresa, - Localização estratégica, descoberta de talentos ou recursos; - Condições favoráveis com relação aos impostos; - Legislação favorável. (Apud Antunes, Thereza 2008:86)
O reconhecimento do Capital Intelectual como parte integrante ao
Goodwill, permite-se fazer alusão de complemento, já que alguns dos fatores
se unem além de apresentar dificuldade em atribuir valor ao Goodwill e aos
demais ativos intangíveis envolvendo uma complexidade na sua mensuração.
Assim, atribuir um modelo de mensuração para o Capital Intelectual
é um meio para diminuir a quantidade de intangíveis não identificados e por
resultado alcançar um valor justo ao Goodwill. Manobe (1986:55) remete-se a
problemática do valor do Goodwill:
(...) um dos problemas subsistentes continua sendo a linha divisória entre o valor atribuível ao Goodwill e aqueles atribuíveis a outros intangíveis, o que acarreta especialmente dificuldade na sua mensuração.
Isto é, na possibilidade de identificação e mensuração dos fatores de
composição do Capital Intelectual, o Goodwill ainda existirá. Com o modelo de
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mensuração para o Capital Intelectual estará resolvendo parte dos elementos
de composição do Goodwill. Antunes, Thereza (2008: 88) conclui que:
Goodwill e Capital Intelectual fazem parte do mesmo fenômeno, pois os fatores que identificam a existência de um valor a mais numa organização, e que integram o Capital Intelectual, já faziam parte do Goodwill.
Verifica-se que o Goodwill apresenta um conceito mais abrangente
em comparação ao Capital Intelectual e que não há novidade quanto a sua
definição, como também não se pode afirmar o desconhecimento pela
contabilidade. Antunes, Thereza (2008: 92) comenta no que diz respeito à
percepção do assunto:
Acredita-se que o que ainda não é de percepção geral talvez seja uma questão de valor de gestão empresarial: acreditar e enxergar, mensurar, gerenciar e, principalmente, valorizar os recursos conduz à otimização dos resultados.
Por isso, este novo cenário empresarial remete a uma emergência
de um novo equilíbrio, deste modo, pesquisas realizadas por grupos
empresariais, demonstram a possibilidade em transformar os ativos inatingíveis
em elementos do Balanço Patrimonial.
2.3 MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL
O Capital Intelectual de uma organização está ligado aos fatores de
desenvolvimento estrutural e humano. Os fatores estruturais são compostos
pelos equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes,
marcas registradas, relacionamento com os clientes e toda a capacidade de
apoio a produção dos colaboradores.
Os fatores humanos são formados pelo conhecimento, poder de
inovação e habilidade dos empregados mais os valores, missão e visão da
empresa.
Dada a necessidade de gerenciar cada etapa do processo produtivo
da empresa em relação aos fatores de investimento para o Capital Intelectual o
modelo de mensuração desenvolvido por Leif Edvinsson em 1995, conhecido
como o Modelo Skandia ou Modelo Navegador é uma das ferramentas que
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melhor demonstra a metodologia para a mensuração do Capital Intelectual,
Antunes, Thereza (2008).
A partir do modelo de Leif Edvinsson, foi desenvolvida uma teoria do
Capital Intelectual que incorpora elementos de Konrad e do Balanced Score
Card que irá captar elucidar e alavancar as informações subjetivas e semi-
ocultas nas Notas Explicativas.
O modelo desenvolvido pelo grupo sueco Skandia, idealizado a
partir de percepções de seus diretores, tendo por finalidade avaliar o Capital
Intelectual existente na organização levantaram índices e indicadores, que
permitissem mensurar o seu desempenho e os agruparam em cinco focos: foco
financeiro; foco nos clientes; foco nos processos; foco na renovação e
desenvolvimento e no foco humano.
De acordo com Antunes, Thereza (2008) a adesão dos focos
culminam em um relatório diferente, pois elas apontam para vários aspectos de
caráter dinâmico, por isso o relatório foi denominado de Navegador. Porém, um
modelo dinâmico e linear não implica em bons resultados, o caráter dinâmico
sugere em constante controle dos elementos que compõe o Capital Intelectual.
Assim sendo, o controle do Capital Intelectual deve considerar
aspectos intelectuais ou humanos, estruturais e ainda em clientes, pois o valor
organizacional depende da relação desses elementos, a Figura 2 apresenta o
formato do Modelo Navegador, que retrata a integração dos elementos
estruturais do Capital Intelectual.
Figura 2: Navegador da Skandia Fonte: EDVISSON, L., MALONE, M. Capital Intelectual. Trad. Roberto Galm. São Paulo: Makron Books, 1998. p. 60.
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A Figura 2 demonstra o movimento e direções relativas à estrutura
do Modelo Navegador, perceba que a movimentação é entre os Focos e não
entre os fatores de Capital Intelectual, além dos fatores básicos, Humano e
Estrutural, existe o de Clientes, Organizacional, Inovação e Processos. Cada
foco possui seus indicadores e os campos de foco representam o centro das
atenções da empresa que dá origem ao Capital Intelectual.
Edvinsson e Malone 1998 (Apud, Antunes 2008, p. 116)
estabelecem uma fórmula que retrata em números o Capital Intelectual, de
modo que se pudessem realizar comparações entre empresas, fixando os
seguintes passos:
1. Identificar um conjunto básico de índices que possa ser aplicado a toda sociedade com mínimas adaptações; 2. Reconhecer que cada organização possa ter um capital intelectual adicional que necessite ser avaliado por outros índices; 3. Estabelecer uma variável que capte a não tão-perfeita previsibilidade do futuro, bem como a dos equipamentos, das organizações e das pessoas que nela trabalham.
Logo, criou-se a seguinte Fórmula: CIO = ic, onde, CIO é o Capital
Intelectual Organizacional, será igual ao coeficiente de eficiência (i) multiplicado
ao Capital Intelectual (C). O valor de C equivale ao valor monetário do Capital
Intelectual obtido da relação que contém os indicadores mais representativos
de cada foco, avaliados monetariamente, excluindo os que pertencem mais
propriamente ao Balanço Patrimonial. Estes indicadores devem ser referentes
ao exercício social.
O valor de i corresponde ao coeficiente de eficiência, que será
expresso em porcentagem, quocientes e índices obtido por meio dos
indicadores estatísticos representativos de cada foco. Edvinsson e Malone
(1998) sugerem a seguinte equação para determinação de (i), em que: i= (n/x),
onde n representa os valores decimais dos totais de índices aplicados para a
empresa e o x representaria a quantidade destes índices.
A Tabela 1 irá transcrever alguns dos indicadores que compõe o
Valor monetário do Capital Intelectual (C) e os índices que compõe o
Coeficiente de Eficiência (i).
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Tabela 1 Indicadores referente exercício social para mensuração do Capital Intelectual.
Fonte: Antunes, Thereza 2008
A Tabela 1 indica uma listagem do modelo Navegador, proposta
pelos autores Edvinsson e Malone (1998), de modo a concentrar tópicos
comuns, como o desenvolvimento de novos negócios, investimentos em TI,
desenvolvimento dos clientes, desenvolvimento dos colaboradores, novas
parcerias e a propriedade intelectual. O intuito desta listagem, ou seja, é tão
somente difundir o debate do que constitui o Capital Intelectual. De modo que
esta listagem não poderia ser definitiva, pois é proeminente para a capacidade
de ganho futuro, não centralizando na capacidade atual.
Para aplicação da fórmula suponha-se que uma empresa que tenha
o Valor Monetário do Capital Intelectual (C) na ordem de R$ 500.000.000,00 e
esta mesma empresa tenha um Índice do Coeficiente de Eficiência do Capital
Intelectual (i) na ordem de 0,75%, obteríamos o seguinte resultado global:
CIO = 0,75 x R$ 500.000.000,00
CIO = R$ 375.000.000,00
O percentual é dado pela média aritmética dos índices, com isso
conseguimos um percentual único, que permite fazer a avaliação do Capital
Intelectual. Pode-se identificar que a fórmula utilizada permite encontrar o valor
do Capital Intelectual levando-se em consideração o montante investido para
tal.
Constata-se que o modelo navegador considera valores de
investimentos que poderão ou não retornar a empresa, sem com tudo
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considerar o custo total investido, com isso pretende-se mensurar a parte
investida que pode ou não dar retorno a empresa. Com relação a esta
afirmativa, comenta Antunes, Thereza (2008, p. 118): “não consideram como
Capital Intelectual o valor total do investimento (valor de custo) realizado, mas,
apenas, à proporção que reverterá para a empresa, a médio ou longo prazo...”
Portanto, para que o Capital Intelectual possa ser desenvolvido de
modo apropriado é necessário um processo de gerenciamento, pois todos os
fatores: Capital Humano, Capital Estrutural e Capital de Clientes, têm uma
relação comum. Nenhum destes elementos tem um peso maior ou menor, ou
seja, a organização não adianta possuir um excelente Capital Humano, mas
possuir grandes deficiências no seu Capital Estrutural.
Contudo, o Capital Intelectual contribui para gerar estratégias,
objetivando um maior desempenho ou menor amplitude de falhas nos recursos
humanos, materiais, tecnológicos e financeiros, agregando ao processo
produtivo da organização.
O gerenciamento do Capital Intelectual será expresso em um
demonstrativo organizacional denominado de Balanço Intelectual, que
impulsionará processos de decisão nas organizações.
A análise do Balanço Intelectual (BIN) propicia uma estratégia para
os demonstrativo-financeiros, assim como aumentar o indicador de
competitividade das organizações, ou seja, a capacidade de mudança.
2.4 BALANÇO INTELECTUAL (BIN)
O Balanço Intelectual (BIN) tem por objetivo reconhecer o valor do
capital intelectual na organização. Logo, o BIN é um demonstrativo
organizacional onde a estratégia e a tática será apresentada como foco,
demonstrando todos os processos da organização, dando base para tomadas
de decisões e referencia histórica da gestão integral. Antonio de Loureiro e
Melchior Arnosti (2007:20) comentam sobre o balanço intelectual:
Ele reúne os elementos básicos – ações e indicadores – que representam o nível de competitividade do negócio, entendida como sua capacidade de mudança.
17
Percebe-se que o balanço intelectual está ligado a gestão integral
que é dada por um conjunto de ferramentas e instrumentos com a finalidade de
unir os processos para a tomada de decisão. As ferramentas baseiam em
fundamentos, conceitos, premissas e lógica compartilhada por profissionais em
gestão. Para cada natureza e/ou tamanho do negócio o modelo de gestão
integral poderá tomar diferentes implicações.
Para tanto, compreender e tratar eventos dos cenários
organizacionais sob a perspectiva do tempo, ou seja, na linha temporal
passado, presente e futuro, faz-se necessário a escolha de instrumentos que
possibilite avaliar o comportamento das organizações.
Contudo, Antonio de Loureiro e Melchior Arnosti (2007) demonstram
que o modelo de gestão integral é o instrumento expresso no balanço
intelectual que auxiliará a tomada de decisão no exercício financeiro. Para a
elaboração do BIN faz-se necessário a utilização de um pacote tecnológico que
englobe metodologia SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities e
Threats, Balanced Scorecard (BSC), Decisão, Evento Organizacional (DEQ),
Quantificação e o BIN – Balanço Intelectual.
A ferramenta SWOT define o problema e geram estratégias, o BSC
emite as ações responsáveis pelo alcance das estratégias e mensurar os
impactos, DEQ estabelece ações, decisões e projetos sobre os eventos
organizacionais através das falhas contra o desempenho na linha do passado e
presente ou presente e futuro, BIN demonstra a relação entre logística,
controladoria e recursos humanos.
As figuras 3.0, 3.1, 3.2 e 3.3 desenvolvidas por Antonio de Loureiro e
Melchior Arnosti (2007:118-119) demonstram sugestões de conteúdo do
Balanço Intelectual, a partir do pacote tecnológico SWOT/BSC/DEQ/BIN sobre
a visão estratégica e táctica e vertente desempenho e falha, objetivando
orientar o público interno e externo para a tomada de decisão.
18
Figura 3.0: Conteúdo Balanço Intelectual (BIN). Visão estratégica. Utilidades e funcionalidades. Vertente. Desempenho. Pacotes Tecnológicos SWOT/BSC Fonte: GIL e ARNOSTI (2007. p 118)
A figura 3.0 apresenta o conteúdo do Balanço Intelectual utilizando
mecanismo SWOT/BSC, abordando perspectivas financeiras, cliente, interna,
aprendizado e crescimento, para as mudanças contínuas que ocorrem em seu
ambiente interno sob indicador forças e externo sob indicador oportunidades, a
fim de estabelecer a visão estrategica organizacional.
Figura 3.1: Conteúdo Balanço Intelectual (BIN). Visão Tática. Utilidades e funcionalidades. Vertente. Desempenho. Pacotes Tecnológicos DEQ Fonte: GIL e ARNOSTI (2007. p 118)
19
A figura 3.1 mostra a partir de uma linha temporal passado, presente
e futuro, o conteúdo do Balanço Intelectual, no que diz respeito à gestão dos
colaboradores por área organizacional, que represente a causa, ou que sofra o
efeito de maximização de desempenho ou minimização de falha.
Estabelecendo estatísticas por natureza, para compreender os aspectos de
desempenho e falha praticada ou prevista na mudança organizacional.
Figura 3.2: Conteúdo Balanço Intelectual (BIN). Visão Tática. Utilidades e funcionalidades. Vertente. Falhas. Pacotes Tecnológicos DEQ Fonte: GIL e ARNOSTI (2007. p 119)
A figura 3.2 explicita o conteúdo do Balanço Intelectual, sob a
vertente das falhas, evidenciando relações entre as variações dos indicadores
de desempenho ou falhas e as variações dos itens dos demonstrativos
contábil, com a finalidade de apurar se as melhorias ocorrem mediante ao
capital intelectual ou variações do mercado.
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Figura 3.3: Conteúdo Balanço Intelectual (BIN). Visão Estratégica. Utilidades e funcionalidades. Vertente. Falhas. Pacotes Tecnológicos SWOT/BSC Fonte: GIL e ARNOSTI (2007. p 119)
A figura 3.3 demonstra a estrutura do Balanço Intelectual utilizando
mecanismo SWOT/BSC, a partir de ambiente organizacional interno indicador
Fraqueza e externo apresentando indicador Ameaças, para verificar
decréscimo, estabilidade ou crescimento.
A função BIN do pacote tecnológico deverá guiar o público interno e
externo para tomada de decisão, desta forma as figuras nos mostram um dos
vários tipos de estrutura que ele pode desenvolver. Percebe-se que ele pode
ser emitido por setor, área, centro de custos ou até mesmo pela empresa como
um todo, pode se referir a projetos ocorridos ou a ocorrer. A análise do
comportamento das variações dos indicadores BSC e DEQ, pode contar com o
auxilio de ferramentas matemática, aumentando a possibilidade de acerto
quanto à decisão dos gestores.
Para se gerar estratégia e detectar problemas a partir do pacote
tecnológico são necessários: projetar o cenário futuro do negócio e simular
cenários de médio ou longo prazo com base em eventos organizacionais
favoráveis ou desfavoráveis, ou seja, Evento Induzido Endógeno (EIEN),
Evento Induzido Exógeno (EIEX), Evento Fortuito Endógeno (EFEN) e Evento
Fortuito Exógeno (EFEX).
Contudo, o estado mental dos profissionais em negócios que se
utilizam da metodologia SWOT/BSC/DEQ/BIN para se obter sucesso em seus
21
resultados, deve ser apresentado à figura 4 que demonstra o estado mental
dos profissionais que obtiveram bons resultados por utilizarem o pacote
SWOT/BSC/DEQ/BIN.
Figura 3: Abordagem da sociedade de negócios do século XXI: estado mental do profissional-negócio Fonte: GIL e ARNOSTI (2007. p 23)
Percebe-se que a utilização da metodologia SWOT/BSC/DEQ/BIN
trabalha em torno de funções de execução, controle e planejamento através de
ciclos de vida da gestão. O ciclo de vida da gestão integral tem como produto o
Balanço Intelectual que une duas abordagens, sistêmico-lógica que demonstra
à vertente desempenho e a vertente falha e outra comportamental que
demonstra a vertente desempenho ou falha através da remuneração, programa
de incentivo e de reconhecimento profissional.
As organizações elaboram demonstrações financeiras para prestar
contas aos públicos interessados podendo eles ser públicos ou privados. O
Balanço intelectual é um demonstrativo de publicação facultativa, apresentando
uma estrutura lógica e clara.
O demonstrativo BIN ele será estrutura de acordo com as
necessidades de seus consumidores, permitindo ter três tipos de análises, a
simples, que se assemelha a análise vertical do balanço patrimonial, ou seja,
ele irá analisar fatores dentro do mesmo BIN; a análise comparativa irá estudar
informações entre BINs, emitidos por áreas distintas ou por períodos diferentes;
e análise por tipo de BIN.
22
O Balanço Intelectual (BIN) pode ser produzido por diversos motivos,
para cruzamento de informações com o balanço patrimonial, para apontar o
começo de um projeto de mudança ou desvio do ciclo de gestão integral e/ou
delimitar momento importante para a organização. Assim, a utilização das
ferramentas apresentadas possibilita uma homogeneidade na tomada de
decisões.
Uma metodologia que propõe continuidade dos processos de
decisão, comuns de geração de conhecimento, de análise de cenários futuros e
de monitoramento de riscos, facilitadas pelo Capital Intelectual.
3 METODOLOGIA
Para escolha do tema deste trabalho foi realizada uma pequena
pesquisa referente ao impacto e a importância do assunto, Capital Intelectual,
no que diz respeito a ciências contábeis; onde, tornou-se enfático a sua
mensuração.
A urgência da Contabilidade em considerar determinadas
informações parece ser senso comum apontados por alguns autores, que
confirmam as consequências para os relatórios emitidos pela contabilidade
tradicional. Assim nasceu o tema deste trabalho: “Mensuração Do Capital
Intelectual Na Contabilidade”.
Com o intuito de atingir os objetivos propostos por esse estudo, o
método e procedimento utilizado para elaboração deste trabalho acadêmico é
dado por pesquisa bibliográfica, sobre abordagem qualitativa, utilizando-se de
técnica de análise bibliométrica para discussão do tema.
Neste trabalho mencionam-se obras que abordam assuntos
relacionados com: Contabilidade e Capital Intelectual, Contribuição à
mensuração e contabilização do goodwill adquirido, Balanço Intelectual, Teoria
da Contabilidade e a Contribuição à avaliação do ativo intangível.
Conclui-se, portanto, a apresentação metodológica deste trabalho
passando-se ao quarto capítulo onde demonstrará uma breve análise da
mensuração do Capital Intelectual na Contabilidade.
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4 A ANÁLISE DA MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL NA
CONTABILIDADE
Após estudo do assunto, a analise da importância da mensuração do
Capital Intelectual na contabilidade, hora aqui apresentado, inicia-se a partir da
adoção do conhecimento como o recurso utilizado na produção, tornando-se
viável mensurar seu valor e agregá-lo ao Patrimônio da Instituição.
Logo, conceituar Capital Intelectual como o conjunto de conhecimentos
que une o valor aos produtos e serviços, aos quais estão diretamente ligadas
as pessoas capacitadas que levam o conhecimento para a formação de ativos
tangíveis, ou seja, os ativos físicos de uma organização que estão relacionados
ao Capital Intelectual que por sua vez é intangível. Straioto4 (2000) sustenta a
análise acima quando diz:
(...) um conjunto de conhecimentos, informações e know how, que agrega valor aos produtos e/ou serviços, mediante a aplicação da inteligência. É considerada uma vantagem sustentável de competitividade pela contemplação de importantes investimentos em capital humano.
Ao mensurar o Capital Intelectual estamos diminuindo parte do valor
não identificados do goodwill que é um elemento dos Ativos Intangíveis, que
fazem parte do mesmo fenômeno. Portanto, a mensuração do Capital
Intelectual apresentado através do modelo navegador, avalia o capital
intelectual sobre cinco focos5, realizando um processo de gerenciamento, a
partir disto, o Capital Intelectual será expresso em um demonstrativo
organizacional denominado de Balanço Intelectual que irá expressar a força do
capital intelectual existente no empreendimento.
Contudo, a mensuração do Capital Intelectual torna-se importante
insumo na Contabilidade para o processo do cenário do amanhã, tendo em
vista a busca de satisfazer eficazmente as informações quantitativo-qualitativo
aos seus usuários.
4 STRAIOTO, D.M.G.T. A contabilidade e os ativos que agregam vantagens superiores e
sustentáveis de competitividade. O capital intelectual. Revista Brasileira de Contabilidade, ano XXIX. N. 124, Santa Catarina, 2000. 5
foco financeiro; foco nos clientes; foco nos processos; foco na renovação e desenvolvimento e no foco
humano.
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5 CONCLUSÃO
Nesta pesquisa bibliográfica evidenciou-se o Capital Intelectual
como bem intangível, assim demonstrando uma nova direção da economia
baseado no conhecimento que gerará valor para uma entidade, a partir da sua
capacidade de adquirir informação e formar novos conhecimentos.
A mensuração do Capital Intelectual torna-se importante insumo na
Contabilidade para o processo do cenário do amanhã, tendo em vista a busca
de satisfazer eficazmente as informações quantitativo-qualitativo aos seus
usuários. Através do demonstrativo organizacional, Balanço Intelectual (BIN), a
contabilidade atinge seu objetivo, ou seja, demonstrar de modo eficaz o real
valor de uma empresa. No entanto, o BIN corresponde ao reconhecimento das
mudanças, formulando estratégias.
Mediante analise aos autores abordados, conclui-se que a
problemática abordada no estudo: Qual a importância da mensuração do
Capital Intelectual na Contabilidade? Foi respondida mediante a análise da
mensuração do capital intelectual na contabilidade, ou seja, uma vez que a
partir das reflexões apresentadas, demonstrou-se a mensuração do Capital
Intelectual na Contabilidade.
Muito embora o Capital Intelectual seja um novo conceito, para a
contabilidade trata-se de goodwill, e que ambos fazem parte do mesmo
fenômeno. Portanto, nenhuma experiência é conclusiva, as pesquisas devem
ser continuadas a fim de tornar a mensuração do Capital Intelectual um
mecanismo gerencial cada vez mais eficiente, ou até mesmo uma
demonstração como parte das Demonstrações Contábeis.
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6 BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, M. T. Capital Intelectual. São Paulo: Atlas, 2008. FERREIRA, JOSÉ ROBERTO MARTINS. História. São Paulo: FTD, 1997. CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano. Trad. Luciana Gouveia. São Paulo: Atlas, 1994. BROOKING, Annie. Intellectual capital: core asset for the third millennium enterprise. Boston: Thomson Publishing, 1996. COMITE DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, Pronunciamento Técnico CPC – 04. Brasília: CPC, 2008 COMITE DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, Pronunciamento Técnico CPC – 15. Brasília: CPC, 2008 EDVISSON, L., MALONE, M. S. Capital intellectual. Trad. Roberto Galman. São Paulo: Makron Books, 1998. GIL, Antonio de Loureiro, José & Arnosti, J.C. Balanço Intelectual, BIN – A estratégia com projetos de mudança e o reconhecimento dos talentos humanos. São Paulo: Saraiva, 2007. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1997. MARTINS, Eliseu. Contribuição à avaliação do ativo intangível. Tese (Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1972. MANOBE, Massanori. Contribuição à mensuração e contabilização do goodwill adquirido. Tese (Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1986. STRAIOTO, D.M.G.T. Revista Brasileira de Contabilidade, ano XXIX. N. 124, Santa Catarina, 2000.