Mercado Imobiliário Turístico

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Actualidade 12 Público Imobiliário Quarta-feira 9 Setembro 2009 Factores que influenciam compra de imobiliário turístico estão a mudar Rui Pedro Lopes Confiança no mercado; preço do pro- duto; variações cambiais; segurança e clima. Estes são, segundo um estudo da ILM Advisory, os cinco factores de- terminantes na decisão de quem com- pra imobiliário turístico em Portugal. O mesmo estudo identifica a Turquia como o principal concorrente do nos- so país neste mercado. A actual crise económica e financei- ra continua a deixar marcas no mer- cado imobiliário, sobretudo na sua vertente turística. Há quem defenda que o paradigma está a mudar e que nada será como dantes. Para já, os factores que influenciam a compra deste tipo de activos alte- raram-se. “Destinos turísticos mais consolidados, onde a oferta é mais vasta, tendem a denunciar um inte- resse mais fraco do mercado, isto num período em que o factor preço assu- me particular relevância por parte de quem procura e compra uma unida- de de imobiliário, assumindo o ‘value for money’ e a confiança no mercado posições determinantes na decisão de compra”, pode ler-se naquele estudo, que resulta da análise das conclusões do barómetro trimestral «10-10-10» (ver caixa), produzido a partir das opiniões de promotores/investidores e agentes imobiliários a operar em Portugal. O que também está a mudar são os principais concorrentes do nosso país no mercado de turismo residencial. A Turquia ultrapassou a Espanha no rol das principais ameaças com que Portugal terá de se confrontar num futuro próximo. O estudo diz que es- te fenómeno é resultado do “impacte catastrófico que a actual crise eco- nómica provocou no destino vizinho tanto a nível da deterioração dos pre- ços como do produto em venda e em construção. A posição da Turquia é por certo resultante do esforço comer- cial e promocional que tem feito para se afirmar como destino de turismo residencial”. Ainda assim, a Espanha ocupa a se- gunda posição na lista dos mercados que representam uma ameaça com- petitiva para Portugal, seguindo-se a Grécia, Chipre, Itália e os países do Norte de África. ILM Advisory divulga estudo que chama a atenção para mudanças no mercado. Identificada subida ligeira das vendas e dos pedidos de contactos Arrendamento para férias cresceu nos primeiros meses deste ano Andrew Coutts, presidente do Grupo ILM, explicou ao PÚBLICO Imobiliário o que é o «10-10-10» e que empresas constituem este barómetro. PÚBLICO Imobiliário – O que é o «10-10-10» e qual é o seu objectivo? Andrew Coutts – Durante o último Verão [2008], fomos questionados por várias vezes acerca da maneira como sentíamos o futuro deste mercado, ou seja, o que iria acontecer futuramente. E o que concluímos foi que para sentir o mercado era preciso estar dentro dele. Portanto, o que decidimos foi ir buscar esse sentimento ao mercado e criámos uma coisa extremamente simples, um mecanismo que permite monitorizar a performance do mercado de turismo residencial. Foi isso que fizemos! Faltava apenas encontrar as pessoas ideais para perceber qual era o sentimento do mercado. Elaborámos dez perguntas e fomos ter com dez promotores e dez agentes imobiliários, dos mais reconhecidos do nosso mercado, e pedimos que respondessem a essas perguntas. O que queríamos era aquilatar da performance do mercado, bem como o seu sentimento e níveis de confiança. Algumas das questões que colocámos eram bastante directas, até porque o objectivo era obter dados claros sobre a situação actual do mercado. Os resultados destes questionários são analisados, tratados e publicados a cada quatro meses. Assim poderemos comparar a evolução do próprio mercado. Que empresas estão presentes neste barómetro? Os promotores são: Norte Golfe, Bom Sucesso, Orizon, MSF – Tur. Im, Newlyn Portugal, Pestana Imobiliária, Vale do Lobo, grupo Oceânico, Aquapura e Grupo Duarte. Os agentes imobiliários são: Abacus Savills, Atlantic Estates, Garvetur, IRG, Sadlers – Knight Frank, Winkworth, Consultan e Engel & Volkers. 10-10-10 “Monitorizar a performance do mercado de turismo residencial” Vendas aumentam Um dado positivo apontado por este estudo prende-se com a subida ligeira das vendas e dos pedidos de contac- tos no mercado de turismo residen- cial, durante o primeiro trimestre deste ano, face aos últimos três me- ses de 2008. Este crescimento ficou a dever-se sobretudo ao “aumento da confiança” neste segmento, sendo que o Algarve foi a região “onde se verifi- caram maiores indícios de aumento de actividade, explicados talvez com os sinais de regresso do mercado bri- tânico”, nota o estudo. “Tanto para os promotores como agentes imobiliários consultados os apartamentos e villas são as proprie- dades com maior peso na actividade global reportada, variando os preços médios por m² entre os 2.800 euros e os 3.296 euros para os agentes imobili- ários, e os 3.196 euros e os 3.296 euros para os promotores. De concluir que a diferença entre os valores de venda por m² apontados resultam, por certo, do facto de a carteira de imóveis de um agente imobiliário ser mais diversifica- da do que a do promotor”, acrescenta o documento da ILM Advisory. O arrendamento para férias foi outra das áreas que cresceu nos primeiros meses deste ano, sobretudo devido ao factor sazonalidade. “Em termos de mix de oferta a procura verifica-se ao nível dos apartamentos e villas sendo que o arrendamento de villas assumiu maior relevância no volume de activi- dade dos agentes imobiliários. A ten- dência do arrendamento para férias em apartamentos ou villas será para manter ou mesmo aumentar. Portugal, Inglaterra, Espanha e Alemanha veri- ficam um interesse de mercado entre o similar e o forte com tendência para aumentar”, assinala o estudo.

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Factores que influenciam comprade imobiliário turístico estão a mudar (Artigo pela ILM)

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Actualidade12 • Público Imobiliário • Quarta-feira 9 Setembro 2009

Factores que influenciam compra de imobiliário turístico estão a mudar

Rui Pedro Lopes

Confiança no mercado; preço do pro-

duto; variações cambiais; segurança e

clima. Estes são, segundo um estudo

da ILM Advisory, os cinco factores de-

terminantes na decisão de quem com-

pra imobiliário turístico em Portugal.

O mesmo estudo identifica a Turquia

como o principal concorrente do nos-

so país neste mercado.

A actual crise económica e financei-

ra continua a deixar marcas no mer-

cado imobiliário, sobretudo na sua

vertente turística. Há quem defenda

que o paradigma está a mudar e que

nada será como dantes.

Para já, os factores que influenciam

a compra deste tipo de activos alte-

raram-se. “Destinos turísticos mais

consolidados, onde a oferta é mais

vasta, tendem a denunciar um inte-

resse mais fraco do mercado, isto num

período em que o factor preço assu-

me particular relevância por parte de

quem procura e compra uma unida-

de de imobiliário, assumindo o ‘value

for money’ e a confiança no mercado

posições determinantes na decisão de

compra”, pode ler-se naquele estudo,

que resulta da análise das conclusões

do barómetro trimestral «10-10-10»

(ver caixa), produzido a partir das

opiniões de promotores/investidores

e agentes imobiliários a operar em

Portugal.

O que também está a mudar são os

principais concorrentes do nosso país

no mercado de turismo residencial.

A Turquia ultrapassou a Espanha no

rol das principais ameaças com que

Portugal terá de se confrontar num

futuro próximo. O estudo diz que es-

te fenómeno é resultado do “impacte

catastrófico que a actual crise eco-

nómica provocou no destino vizinho

tanto a nível da deterioração dos pre-

ços como do produto em venda e em

construção. A posição da Turquia é

por certo resultante do esforço comer-

cial e promocional que tem feito para

se afirmar como destino de turismo

residencial”.

Ainda assim, a Espanha ocupa a se-

gunda posição na lista dos mercados

que representam uma ameaça com-

petitiva para Portugal, seguindo-se a

Grécia, Chipre, Itália e os países do

Norte de África.

ILM Advisory divulga estudo que chama a atenção para mudanças no mercado. Identificada subida ligeira das vendas e dos pedidos de contactos

Arrendamento para férias cresceu nos primeiros meses deste ano

Andrew Coutts, presidente do Grupo ILM, explicou ao PÚBLICO Imobiliário o que é o «10-10-10» e que empresas constituem este barómetro.

PÚBLICO Imobiliário – O que é o «10-10-10» e qual é o seu objectivo?Andrew Coutts – Durante o último Verão [2008], fomos questionados por várias vezes acerca da maneira como sentíamos o futuro deste mercado, ou seja, o que iria acontecer futuramente. E o que concluímos foi que para sentir o mercado era preciso estar dentro dele. Portanto, o que decidimos foi ir buscar esse sentimento ao mercado e criámos uma coisa extremamente simples, um mecanismo que permite monitorizar a performance do mercado de turismo residencial. Foi isso que fizemos! Faltava apenas encontrar as pessoas ideais para perceber qual era o sentimento do mercado. Elaborámos dez perguntas e fomos ter com dez promotores e dez agentes imobiliários, dos mais reconhecidos do nosso mercado, e pedimos que respondessem a essas perguntas. O que queríamos era aquilatar da performance do mercado, bem como o seu sentimento e níveis de confiança. Algumas das questões que colocámos eram bastante directas, até porque o objectivo era obter dados claros sobre a situação actual do mercado. Os resultados destes questionários são analisados, tratados e publicados a cada quatro meses. Assim poderemos comparar a evolução do próprio mercado.Que empresas estão presentes neste barómetro?Os promotores são: Norte Golfe, Bom Sucesso, Orizon, MSF – Tur.Im, Newlyn Portugal, Pestana Imobiliária, Vale do Lobo, grupo Oceânico, Aquapura e Grupo Duarte. Os agentes imobiliários são: Abacus Savills, Atlantic Estates, Garvetur, IRG, Sadlers – Knight Frank, Winkworth, Consultan e Engel & Volkers.

10-10-10

“Monitorizar a performance do mercado de turismo residencial”

Vendas aumentamUm dado positivo apontado por este

estudo prende-se com a subida ligeira

das vendas e dos pedidos de contac-

tos no mercado de turismo residen-

cial, durante o primeiro trimestre

deste ano, face aos últimos três me-

ses de 2008. Este crescimento ficou

a dever-se sobretudo ao “aumento da

confiança” neste segmento, sendo que

o Algarve foi a região “onde se verifi-

caram maiores indícios de aumento

de actividade, explicados talvez com

os sinais de regresso do mercado bri-

tânico”, nota o estudo.

“Tanto para os promotores como

agentes imobiliários consultados os

apartamentos e villas são as proprie-

dades com maior peso na actividade

global reportada, variando os preços

médios por m² entre os 2.800 euros e

os 3.296 euros para os agentes imobili-

ários, e os 3.196 euros e os 3.296 euros

para os promotores. De concluir que

a diferença entre os valores de venda

por m² apontados resultam, por certo,

do facto de a carteira de imóveis de um

agente imobiliário ser mais diversifica-

da do que a do promotor”, acrescenta

o documento da ILM Advisory.

O arrendamento para férias foi outra

das áreas que cresceu nos primeiros

meses deste ano, sobretudo devido ao

factor sazonalidade. “Em termos de

mix de oferta a procura verifica-se ao

nível dos apartamentos e villas sendo

que o arrendamento de villas assumiu

maior relevância no volume de activi-

dade dos agentes imobiliários. A ten-

dência do arrendamento para férias

em apartamentos ou villas será para

manter ou mesmo aumentar. Portugal,

Inglaterra, Espanha e Alemanha veri-

ficam um interesse de mercado entre

o similar e o forte com tendência para

aumentar”, assinala o estudo.