MÉTODO HIPOTÉTICO

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MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO Para Karl R. Popper, o método científico parte de um problema (P1), ao qual se oferece uma espécie de solução provisória, uma teoria- tentativa (TT), passando-se depois a criticar a solução, com vista à eliminação do erro (EE) e, tal como no caso da dialética, esse processo se renovaria a si mesmo, dando surgimento a novos problemas (P2). Posteriormente, diz o autor, "condensei o exposto no seguinte esquema: (...) Eu gostaria de resumir este esquema, dizendo que a ciência começa e termina com problemas" (1977:140-1). Já tinha escrito em outro lugar: "eu tenho tentado desenvolver a tese de que o método científico consiste na escolha de problemas interessantes e na crítica de nossas permanentes tentativas experimentais e provisórias de solucioná-los" (1975: 14). ETAPAS DO MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO SEGUNDO PÓPPER O esquema apresentado por Popper no item anterior poderá ser expresso da seguinte maneira: PORTANTO, POPPER DEFENDE ESTES MOMENTOS NO PROCESSO INVESTIGATÓRIO:

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MTODO HIPOTTICO-DEDUTIVO

Para Karl R. Popper, o mtodo cientfico parte de um problema (P1), ao qual se oferece uma espcie de soluo provisria, uma teoria-tentativa (TT), passando-se depois a criticar a soluo, com vista eliminao do erro (EE) e, tal como no caso da dialtica, esse processo se renovaria a si mesmo, dando surgimento a novos problemas (P2). Posteriormente, diz o autor, "condensei o exposto no seguinte esquema:

(...) Eu gostaria de resumir este esquema, dizendo que a cincia comea e termina com problemas" (1977:140-1). J tinha escrito em outro lugar: "eu tenho tentado desenvolver a tese de que o mtodo cientfico consiste na escolha de problemas interessantes e na crtica de nossas permanentes tentativas experimentais e provisrias de solucion-los" (1975: 14).

ETAPAS DO MTODO HIPOTTICO-DEDUTIVO SEGUNDO PPPER

O esquema apresentado por Popper no item anterior poder ser expresso da seguinte maneira:

PORTANTO, POPPER DEFENDE ESTES MOMENTOS NO PROCESSO INVESTIGATRIO:

1. Problema, que surge, em geral, de conflitos ante expectativas e teorias existentes; 2. Soluo proposta consistindo numa conjectura (nova teoria); deduo de conseqncias na forma de proposies passveis de teste; 3. Testes de falseamento: tentativas de refutao, entre outros meios, pela observao e experimentao.

Se a hiptese no supera os testes, estar falseada, refutada, e exige nova reformulao do problema e da hiptese que, se superar os testes rigorosos, estar corroborada, confirmada provisoriamente, no definitivamente como querem os indutivistas. Einstein vem em auxlio desta caracterstica da falseabilidade quando escreve a Popper nestes termos "na medida em que um enunciado cientfico se refere realidade, ele tem que ser falsevel; na medida em que no falsevel, no se refere realidade". (Popper, 1975a: 346).DE FORMA COMPLETA, A PROPOSIO DE POPPER PERMITE A SEGUINTE ESQUEMATIZAO:

A observao no feita no vcuo. Tem papel decisivo na cincia. Mas toda observao precedida por um problema, uma hiptese, enfim, algo terico. A observao ativa e seletiva, tendo como critrio de seleo as "expectativas inatas". S pode ser feita a partir de alguma coisa anterior. Esta coisa anterior nosso conhecimento prvio ou nossas expectativas. Qualquer observao, escreve Popper, " uma atividade com um objetivo (encontrar ou verificar alguma regularidade que foi pelo menos vagamente vislumbrada); trata-se de uma atividade norteada pelos problemas e pelo contexto de expectativas ('horizonte de expectativas')". "No h experincia passiva. No existe outra forma de percepo que no seja no contexto de interesses e expectativas, e, portanto, de regularidades e leis. Essas reflexes levaram-me suposio de que a conjectura ou hiptese precede a observao ou percepo; temos expectativas inatas, na forma de expectativas latentes, que h de ser ativadas por estmulos aos quais reagimos, via de regra, enquanto nos empenhamos na explorao ativa. Todo aprendizado uma modificao de algum conhecimento anterior" (1977:58).

Podemos dizer que o homem programado geneticamente e possui o que se chama imprintao. Os fIlhotes dos animais possuem um mecanismo inato para chegar a concluses inabalveis. A tartaruguinha, ao sair do ovo, corre para o mar, sem ningum t-la advertido do perigo que a ameaa se no mergulhar imediatamente na gua; o animal, quando nasce no mato, sem ningum t-lo ensinado, corre e procura o lugar apropriado da me para alimentar-se; o recm-nascido tem expectativas de carinho e de alimento. Os processos de aprendizagem, pode dizer-se sempre, consistem na formao de expectativas atravs de tentativas e erros (1977:50).

Concluindo, nascemos com expectativas e, no contexto dessas expectativas, que se d a observao, quando alguma coisa inesperada acontece, quando alguma expectativa frustrada, quando alguma teoria cai em dificuldades. Portanto, a observao no o ponto de partida da pesquisa, mas um problema. O crescimento do conhecimento marcha de velhos problemas para novos por intermdio de conjecturas e refutaes.

PROBLEMA

A primeira etapa do mtodo proposto por Popper o surgimento do problema. Nosso conhecimento consiste no conjunto de expectativas que formam como que uma moldura. A quebra desta provoca uma dificuldade: o problema que vai desencadear a pesquisa. Toda investigao nasce de algum problema terico/prtico sentido. Este dir o que relevante ou irrelevante observar, os dados que devem ser selecionados. Esta seleo exige uma hiptese, conjectura e/ou suposio, que servir de guia ao pesquisador. "Meu ponto de vista de ( ...) que a cincia parte de problemas; que esses problemas aparecem nas tentativas que fazemos para compreender o mundo da nossa 'experincia' ('experincia' que consiste em grande parte de expectativas ou teorias, e tambm em parte em conhecimento derivado da observao - embora ache que no existe conhecimento derivado da observao pura, sem mescla de teorias e expectativas)" (s.d.:181).

CONJECTURAS

Conjectura uma soluo proposta em forma de proposio passvel de teste, direto ou indireto, nas suas conseqncias, sempre dedutivamente: "Se ... ento." Verificando-se que o antecedente ("se") verdadeiro, tambm o ser forosamente o conseqente ("ento"), isto porque o antecedente consiste numa lei geral e o conseqente deduzido dela. Exemplo: se -sempre que -um fio levado a suportar um peso que excede quele que caracteriza a sua resistncia ruptura, ele se romper (lei universal); o peso para esse fio de um quilo e a ele foram presos dois quilos (condies iniciais). Deduzimos: este fio se romper (enunciado singular) (l975a:62).

A conjectura lanada para explicar ou prever aquilo que despertou nossa curiosidade intelectual ou dificuldade terica e/ou prtica. No oceano dos fatos, s aquele que lana a rede das conjecturas poder pescar alguma coisa.

As duas condies essenciais do enunciado-conjectura (hipteses) so a "compatibilidade" com o conhecimento existente e a "falseabilidade".