Metodologia de Selecao de Tomates Para Processamento Industrial

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    CLAUDIO DENIS

    METODOLOGIA DE SELEO DE TOMATES PARAPROCESSAMENTO INDUSTRIAL POR MEIO DAVISO COMPUTACIONAL E REDES NEURAIS

    So Caetano do Sul2009

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    CLAUDIO DENIS

    METODOLOGIA DE SELEO DE TOMATES PARAPROCESSAMENTO INDUSTRIAL POR MEIO DAVISO COMPUTACIONAL E REDES NEURAIS

    So Caetano do Sul2009

    Dissertao apresentada Escola de EngenhariaMau do centro Universitrio do Instituto Mau deTecnologia para obteno do ttulo de Mestre emEngenharia de Processos Qumicos e Bioqumicos

    Linha de Pesquisa: Anlise e Otimizao deProcessos Industriais

    Orientador: Prof. Dr. Wnderson de Oliveira Assis

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    Denis, Claudio

    Metodologia de seleo de tomates para processamento industrial pormeio da Viso Computacional e Redes Neurais / Cludio Denis SoCaetano do Sul, SP: CEUN-EEM, 2009. 103 p.

    Dissertao (mestrado) Escola de Engenharia Mau do Centro

    Universitrio do Instituto Mau de Tecnologia, So Caetano do Sul,SP, 2009.

    Orientador: Prof. Dr. Wnderson de Oliveira Assis

    1.Redes Neurais 2.Viso Computacional 3. Processamento deImagem. Cludio Denis I. Instituto Mau de Tecnologia CentroUniversitrio. Escola de Engenharia Mau II. Ttulo

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    Os melhores momentos so proporcionados por

    amigos que sempre apoiaram de maneira

    fundamental para a realizao deste trabalho.

    Dedico a todas as pessoas que colaboraram nesta

    caminhada.

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    Agradecimentos

    Ao Professor Dr. Wnderson Oliveira Assis pelo apoio, pacincia, incentivo eorientao acompanhando-me em todos os passos deste trabalho.

    Ao Professor Dr. Pricles Brasiliense Fusco pela amizade, lies de vida, apoio emtodas as horas.

    Aos professores da banca por aceitarem a tarefa de avaliar o trabalho e apresentarsuas valiosas contribuies.

    Fundao Salvador Arena, Faculdade de Tecnologia Termomecanica pelo apoiopara a realizao deste trabalho.

    Escola de Engenharia Mau pelo curso e uso de laboratrios e ajuda do CorpoTcnico-Administrativo.

    Ao Professor Srgio Martins pela grande ajuda na reviso dos trabalhos.

    amiga Luciana pela ajuda constante e incentivos.

    A minha esposa Luzia e meus filhos queridos pelo carinho, ajuda constante ecompreenso.

    minha me que sempre ocupou lugar de destaque em minha vida.

    A Deus que criou tudo que existe na Natureza.

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    RESUMO

    O presente trabalho prope uma metodologia para a classificao de tomates baseada

    em viso computacional, com nfase para o tratamento do padro de cor, abordando mtodos

    que trabalham com a segmentao de imagens coloridas atravs do processo de classificao

    de cores, isto , a segmentao de imagens baseada no atributo da cor dos pixels. O objetivo

    fazer esta classificao to prxima humana quanto possvel, que seja robusta variao de

    grandezas tais como iluminao ou brilho da cor. A classificao de tomates realizadas por

    humanos baseada em normas brasileiras do Centro de Qualidade de Horticultura do

    CEAGESP-S.P. (HORTIBRASIL, 2006). Nesta norma o amadurecimento do tomate

    caracterizado por trs sub-grupos: Pintando, Colorido e Maduro. O tomate maduro pode ter as

    cores: vermelho, rosado, laranja e amarelo. O tomate vermelho usado no processamento

    industrial para diversos produtos tais como: molho, polpa de tomate, ketchup dentre outros;

    por este motivo ele ser o ponto central deste trabalho. A abordagem apresenta a classificao

    de tomates para processamento industrial e os da norma citada, tambm classifica o tomate

    com base nas suas dimenses e formato. O sistema utilizado composto por: uma cmera do

    tipo Webcam, que transmite a imagem para o computador, e um programa desenvolvidoespecialmente para esta finalidade em linguagem orientada a objetos, a imagem capturada e

    colocada em um quadro. O programa aplica uma varredura neste quadro gerando os dados de

    cores RGB dos pixels e dados do tamanho do tomate. No passo seguinte do mesmo software,

    os dados de cores so tratados e enviados para um classificador formado por rede neural

    artificial. A rede neural utilizada a MLP-Multilayer Perceptron que responsvel pela

    gerao dos pesos e polarizaes que permitiro efetuar a classificao do tomate. Aplicando

    este sistema de classificao em um ambiente que apresenta variaes de luminosidade observado que este tem um bom rendimento e atende proposta deste trabalho por meio de

    componentes de baixo custo.

    Palavras-chaves: Redes Neurais, viso Computacional, processamento de imagem,classificao de tomates.

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    ABSTRACT

    The present work approaches a methodology of sorting tomatoes based on

    computational vision, working with segmentation of coloured images through the process of

    color classification, i.e., the segmentation of images based on the color attribute of pixels. The

    objective is to make a color classification as close as possible of human classification. We

    look for a robust classification with respect to the variation of illumination and color

    brightness. The sorting tomatoes carry out by humans is based on the standards made by

    specialized institutions in the case of Brazil use standard of "Quality Center of Horticulture of

    CEAGESP-S.P." (HORTIBRASIL, 2006). At this standard the ripening tomatoes is

    characterized by three subgroups: painting, color and ripe. The ripe fruit could have the

    colors: red, a rosy, orange and yellow. The red tomatoes are used for industrial processing for

    make several types of products such as: tomato sauce, tomato pulp, ketchup etc; for this

    reason it will be the core of this work. The solution also allows classification the tomato based

    on their format and dimensions. This solution is based on a system composed by a Webcam

    for simultaneously classify the tomatoes based on shape and color, that transmit the image to

    the computer and on the program that was specially developed for this in a object orientedlanguage oriented to object. This image is captured in a frame and the program scans the

    frame generating the RGB color data of pixels. On the next step this data are treated and

    sended to an Artificial Neural Network (ANN) classifier. The ANN used is a Multilayer

    Perceptron (MLP) that it is responsible for the generation of weights and bias allowing the

    tomato classification. This system is applied in the environment with light variations and it

    has a good performance to attend the proposal of this work with low cost components.

    Keywords: Neural Networks, Computational Vision, Image Processing, Tomatos

    Classification.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 2.1 - CARACTERSTICAS EXTERNAS DO TOMATE..........................................4

    FIGURA 2.2 - CARACTERSTICAS INTERNAS DO TOMATE...........................................5

    FIGURA 2.3 - CARACTERSTICAS INTERNAS DO TOMATE...........................................6

    FIGURA 2.4 - FORMATO DE TOMATES...............................................................................6

    FIGURA 2.5 - COLORAO DE TOMATES.........................................................................7

    FIGURA 2.6 - AMADURECIMENTO DO TOMATE.............................................................8

    FIGURA 2.7 - OS PRINCIPAIS DEFEITOS GRAVES DO TOMATE...................................9FIGURA 2.8 - DEFEITOS LEVES DO TOMATE..................................................................10

    FIGURA 2.9 - ESTEIRA PARA SELEO MANUAL DE TOMATES...............................11

    FIGURA 3.1 - O OLHO HUMANO........................................................................................14

    FIGURA 3.2 - CONES E BASTONETES E SUAS RESPOSTAS AO ESPECTRO..............15

    FIGURA 3.3 - FUNO DE LUMINOSIDADE....................................................................16

    FIGURA 3.4 - O PLANO DE MAXWELL E O SPECTRUM LOCUS..................................19

    FIGURA 3.5 - DIAGRAMA DE CROMATICIDADE r-g......................................................21

    FIGURA 3.6 - SISTEMA RGB DO MONITOR......................................................................22

    FIGURA 3.7 - 1931 CIE DIAGRAMA DE CROMATICIDADE........................................24

    FIGURA 3.8 - 1931 CIE DIAGRAMA DE CROMATICIDADE REPRES. DE CORES...24

    FIGURA 3.9 - DIAGRAMA DE CROMATICIDADE CIE-XYZ...........................................25

    FIGURA 3.10 - NVEIS DE LUMINOSIDADE DE CIE-L*a*b*..........................................26

    FIGURA 4.1 - A GEOMETRIA DA REFLECTNCIA.........................................................27

    FIGURA 4.2 - DIAGRAMA DO TRINGULO DE CROMATICIDADE PARA O RGB....32

    FIGURA 4.3 - UMA RETA E SUA REPRESENTAO NO DOMNIO DISCRETO........33

    FIGURA 4.4 - CONTORNOS EQUIDISTANTES PARA DIFERENTES MTRICAS........34

    FIGURA 4.5 - DETERMINAO DE LIMIAR PARA HISTOGRAMA..............................35

    FIGURA 4.6 - OS LIMIARES APLICADOS A UM ESPAO 3D DE CORES....................36

    FIGURA 4.7 - IMAGENS DE UM TOMATE ANTES E APS A FILTRAGEM................38

    FIGURA 5.1 - O NEURNIO BIOLGICO...........................................................................43

    FIGURA 5.2 - BOMBA DE SDIO E POTSSIO.................................................................43

    FIGURA 5.3 - DISPARO DE UM NEURNIO......................................................................44

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    FIGURA 5.4 - MODELO NO-LINEAR DE UM NEURNIO............................................45

    FIGURA 5.5 - A REDE NEURAL MULTICAMADA...........................................................48

    FIGURA 6.1 - SISTEMA COM ILUMINAO DO OBJETO E CMERA WEBCAM.....52

    FIGURA 6.2 - TELA DE ENTRADA - SELEO DE CAMERA...;;...................................53

    FIGURA 6.3 - SELEO DE CAMERA OU ARQUIVO......................................................53

    FIGURA 6.4 - IMAGEM CAPTURADA PELA CMERA...................................................54

    FIGURA 6.5 - IMAGEM CAPTURADA E CONCLUSO DA ANLISE...........................54

    FIGURA 6.6 - VISUALIZAO DE IMAGEM FILTRADA................................................55

    FIGURA 6.7 - RESULTADOS DA ANLISE DA IMAGEM...............................................55

    FIGURA 6.8 -RESULTADOS DA CLASSIFICAO DA NEURAL ................................57

    FIGURA 6.9 - LAYOUT GERAL DO CLASSIFICADOR DE TOMATES..........................58

    FIGURA 6.10 - GRFICO DE 50 PIXELS DO EXEMPLAR PINTANDO..........................60

    FIGURA 6.11 - GRFICO DE 50 PIXELS DO EXEMPLAR COLORIDO..........................61

    FIGURA 6.12 - GRFICO DE 50 PIXELS DO EXEMPLAR MADURO.............................62

    FIGURA 6.13 - REDE NEURAL MLP DESENVOLVIDA...................................................64

    FIGURA 6.14 - CONSTRUO DA REDE NO MATLAB................................................65

    FIGURA 6.15 - DESEMPENHO DA REDE APS TREINAMENTO..................................66

    FIGURA 6.16 - RESULTADOS DO TREINAMENTO PINTANDO 500 LUX.................67FIGURA 6.17 - RESULTADOS DO TREINAMENTO PINTANDO 1000 LUX...............67

    FIGURA 6.18 - RESULTADOS DO TREINAMENTO COLORIDO 500 LUX.................68

    FIGURA 6.19 - RESULTADOS DO TREINAMENTO COLORIDO 1000 LUX...............68

    FIGURA 6.20 - RESULTADOS DO TREINAMENTO MADURO 500 LUX....................69

    FIGURA 6.21 - RESULTADOS DO TREINAMENTO MADURO 1000 LUX..................69

    FIGURA 6.22 - RESULTADOS OBTIDOS PELA REDE NEURAL PINTANDO...............71

    FIGURA 6.23 - RESULTADOS OBTIDOS PELA REDE NEURAL COLORIDO...............71FIGURA 6.24 - RESULTADOS OBTIDOS PELA REDE NEURAL MADURO..................72

    FIGURA 6.25 - RESULTADOS NO SISTEMA PRTICO PINTANDO 700 LUX..............73

    FIGURA 6.26 - RESULTADOS NO SISTEMA PRTICO COLORIDO 700 LUX..............73

    FIGURA 6.27 - RESULTADOS NO SISTEMA PRTICO MADURO 700 LUX................74

    FIGURA 6.28 EXEMPLO DE IMAGENE DE UM TOMATE SANTA CRUZ..................75

    FIGURA A.1 - ENTRADA DO TOMATE PARA O PROCESSO DE SELEO................84

    FIGURA A.2 - SADA DA SECAGEM EM DIREO AO CLASSIFICADOR..................85

    FIGURA A.3 - CLASSIFICADOR COMPUTADORIZADO E AS BAIAS DE SELEO.86

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    FIGURA A.4 - BAIAS DE SELEO DE TOMATES..........................................................87

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 3.1 - LUZES MONOCROMTICAS......................................................................13

    TABELA 3.2 - GRANDEZAS RADIOMTRICAS...............................................................16

    TABELA 3.3 - GRANDEZAS RADIOMTRICAS E FOTOMTRICAS............................17

    TABELA 3.4 - COMPRIMENTOS DE ONDAS DAS CORES..............................................21

    TABELA 3.5 - AS MEDIDAS DE DISTNCIA EM UMA IMAGEM DIGITAL................33

    TABELA 4.1 - FUNES DE ATIVAO DE UM NEURNIO.......................................45

    TABELA 6.1 - REPRESENTAO DA UTILIZAO DA CONTAGEM nc....................57

    TABELA 6.2 - PARMENTROS RGB DOS EXEMPLARES P,C E M...............................59

    TABELA A.3.1 PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DA REDE 1.....................................98

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    SUMRIO

    1 INTRODUO................................................................................................1

    2 TOMATE..........................................................................................................3

    2.1 CARACTERSTICAS DO TOMATE................................................................................ 4

    2.2 CLASSIFICAO DE TOMATES....................................................................................5

    2.3 DEFEITOS NOS TOMATES: DEFEITOS GRAVES E DEFEITOS LEVES...................8

    2.4 PROCESSO DE FABRICAO DO EXTRATO DE TOMATE....................................11

    3 LUZ,CORES E VISO..................................................................................12

    3.1 DEFINIES E DEPENDNCIAS ................................................................................13

    3.2 O SISTEMA VISUAL HUMANO ...................................................................................14

    3.3 GRANDEZAS FOTOMTRICAS ...................................................................................15

    3.4 REPRESENTAO DE CORES......................................................................................17

    3.4.1 Medidas perceptveis .......................................................................................................17

    3.4.2 Medidas fsicas...............................................................................................................18

    3.5 Padronizaes de Cores ....................................................................................................20

    3.6 CIE-RGB.............................................................................................................................21

    3.7 Sistema CIE-XYZ...............................................................................................................23

    3.8 Sistema CIE-La*b*.............................................................................................................25

    4. IMAGEM, SELEO DE CORES E FILTRAGEM................................274.1 Fsica de formao da imagem...........................................................................................27

    4.2 Modelagem matemtica da imagem...................................................................................28

    4.3 Imagem Digital..................................................................................................................29

    4.4 Amostragem e quantizao.................................................................................................29

    4.4.1 Dispositivos de aquisio.................................................................................................30

    4.4.2 Dispositivos de representao..........................................................................................31

    4.4.3 Geometria e conectividade...............................................................................................334.5 Segmentao......................................................................................................................34

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    4.5.1 Mtodos para segmentao..............................................................................................34

    4.5.2 A Imposio de limiares..................................................................................................35

    4.5.3 Algoritmos baseados em vizinhana................................................................................36

    4.5.4 A Classificao de pixels.................................................................................................37

    4.5.5. Filtro de Sobel.................................................................................................................38

    5 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS.............................................................39

    5.1 Histrico..............................................................................................................................40

    5.2 O Neurnio.........................................................................................................................42

    5.2.1 O Neurnio biolgico e sua ativao...............................................................................42

    5.2.2 A modelagem matemtica................................................................................................44

    5..3 Os tipos de RNAs...............................................................................................................45

    5.3.1 A estrutura das redes........................................................................................................46

    5.3.2 O treinamento das redes...................................................................................................46

    5.4 O PERCEPTRON MULTICAMADA (MLP)....................................................................47

    5.4.1 Introduo........................................................................................................................47

    5.4.2 Arquitetura do MLP.........................................................................................................47

    5.4.3 Treinamento: a retropropagao do erro..........................................................................49

    5.4.3.1 O princpio de Hebb......................................................................................................49

    5.4.3.2 A regra de Widrow........................................................................................................50

    5.4.3.3 A retropropagao do erro............................................................................................51

    6 SISTEMA DE CLASSIFICAO DE TOMATES...................................52

    6.1 Anlise das medies em RGB..........................................................................................57

    6.2 Treinamento e obteno de resultados na rede..................................................................63

    7 CONCLUSES E COMENTRIOS FINAIS............................................76

    8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.........................................................78

    9 GLOSSRIO..................................................................................................82

    APNDICE A1 INSTALAES DE UMA EMPRESA DE CLASSIFICAO..................84

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    APNDICE A2 Anlise das Medies em RGB - Resultados complementares...................88

    APNDICE A3 - Tabela de Resultados da Rede Neural Treinamento e Simulao.............95

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    1 INTRODUO

    Mesmo depois da automao de muitos setores industriais, a inspeo de tomates

    ainda realizada por humanos com melhor qualidade do que por meios artificiais (SEBRAE,

    2006). Grande parte das abordagens automticas para esta tarefa concentra-se na anlise de

    algum tipo de imagem digital do espectro visvel ou no visvel, tais como os raios X, para

    avaliar tais frutos (US et al, 2006). A anlise de imagens do espectro visvel, de particular

    interesse neste trabalho, pode ento ser entendida como a automao do processo de inspeo

    visual realizado por especialistas humanos utilizando tcnicas da viso computacional (US

    et al, 2006).

    As inspees de tomates realizadas por humanos usualmente tomam como base

    padronizaes realizadas por instituies especializadas. Para o caso especfico do tomate no

    Brasil, uma das escassas referncias o Centro de Qualidade em Horticultura (CEAGESP,

    2006), que se tornou padro brasileiro e prope a classificao de tomates baseada em padresde cor e qualidade, o que tambm proposto nas normas do departamento de agricultura dos

    Estados Unidos, conforme a norma 51.3310 (ANON, 1993) revista em Janeiro de 1997 para

    classificao de tomates para processamento. Contudo, freqentemente a linguagem utilizada

    pelas instituies em suas padronizaes no prpria para a automao, isto , no apresenta

    descrio formal dos padres. Um sistema autnomo eficiente para a classificao de frutas

    deve estar apto a realizar sua tarefa com base nestas descries de alto nvel.

    Alguns trabalhos tm sido propostos (DESMUKH, 2005), (US et al, 2006) utilizandotcnicas de processamento de imagens digitais para a anlise da forma e tamanho de frutos e

    para a deteco de defeitos. Para o problema do reconhecimento de padres no domnio da

    agricultura, algumas abordagens utilizam mtodos estatsticos, redes neurais artificiais

    (LOURO, 2006), (SIMES & COSTA, 2003) e anlise de caractersticas. Embora diversos

    trabalhos tenham sido propostos nesse sentido, particularmente a classificao de frutas

    baseada no parmetro cor permanece ainda como um problema aberto.

    O presente trabalho prope uma metodologia para a classificao de tomates paraprocessamento industrial baseada em informaes visuais, com nfase no tratamento do

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    padro de cor. Pretende-se obter um sistema utilizando redes neurais que permita a

    classificao eficiente e robusta variao da luminosidade tpica no ambiente industrial

    (GARCIA JUNIOR, 2002) que pode variar de 500 lux a 1000 lux. A abordagem permite

    tambm a seleo do tomate pelo tamanho e formato usando algoritmo de processamento de

    imagem baseado no filtro de Sobel (GONZALEZ&WOODS, 2003).

    A proposta trabalhar com um sistema que atenda aos requisitos citados, com custo

    reduzido e que tenha as seguintes caractersticas:

    i) obteno de um sistema de classificao de tomates que permita o reconhecimento

    durante a passagem e a parada do tomate em frente cmera que captura a imagem;

    ii) a imagem capturada pela cmera enquadrada no software de anlise de imagens, e

    quando solicitado a imagem analisada apresentando como resultado a determinao dos

    valores de cor (RGB/Lab*);

    iii) os valores mdios obtidos so utilizados como entradas no software de rede neural

    (MLP) que oferece na sada a classificao da cor do tomate independente da variao de

    luminosidade;

    iv) o software de anlise de imagens tambm fornece o formato e as dimenses do

    tomate.

    A escolha do tema deste trabalho se deve a indicao de orientaes do SEBRAE paraa montagem de uma empresa para processamento industrial de tomates (SEBRAE, 2006).

    Atualmente existem, alm do SEBRAE, outras empresas que executam o processo de seleo,

    como ilustrado no Apndice A1. Nestas, o tomate passa por uma pr-lavagem, transportado

    em uma esteira, e em seguida classificado manualmente por operrios. Esta classificao

    manual poderia ser automatizada, e esta possibilidade a principal motivao para este

    trabalho.

    A abordagem do trabalho descrita da seguinte forma: o captulo 2 apresenta otomate, suas principais caractersticas e classificao; o captulo 3 apresenta os fundamentos

    da luz, cores e da viso humana, a imagem digital, a segmentao e a filtragem das imagens, o

    captulo 4 disserta sobre a formao da imagem e o processamento da imagem utilizando

    conceitos como segmentao, filtragem, etc; o captulo 5 descreve os fundamentos das redes

    neurais e suas aplicaes; o captulo 6 apresenta o classificador por meio de redes neurais e

    sua aplicao neste trabalho; e finalmente o captulo 7 apresenta as consideraes finais,

    concluses e sugestes para continuidade do trabalho.

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    2 TOMATE

    O tomateiro, originrio das regies costeiras voltadas ao Pacfico da Amrica do Sul,

    uma das principais hortalias de importncia econmica e alimentar do Brasil. Esta cultura

    est concentrada no Sudeste brasileiro em se tratando de tomate cultivado sob o sistema

    estaqueado (FERNANDES, CARDOSO & MARTINELLI, 2003). No Estado de So Paulo

    existem tambm culturas extensivas de tomate rasteiro para indstria e mercado. No Nordeste,

    os plantios para indstria so expressivos, tendendo a crescer nas margens do Rio So

    Francisco. Tambm est sendo difundida com sucesso no cerrado, no estado de Gois

    (CASTELLANE, 1988). O tomate o fruto pertencente espcie Lycopersicum Esculentum

    Mille a origem do seu nome proveniente da lngua nuatle (lngua nativa da parte central do

    Mxico) que o define como tomatl (FERNANDES, CARDOSO & MARTINELLI, 2003).

    A cadeia de produo envolvendo a cultura do tomateiro representa para o Brasil um

    setor de grande interesse socioeconmico. De acordo com a FAO- Food and Agriculture

    Organization em 2005 o Brasil produziu 3,3 milhes de toneladas numa rea de 562 mil

    hectares. O cultivo do tomate destinado ao consumo in natura, ou seja, para

    comercializao em feiras livres, supermercados, varejes etc., realizado por meio de

    culturas estaqueadas ou tutoradas. J o tomate que destinado a industria para utilizao

    de polpa apresenta crescimento determinado e rasteiro (FERNANDES, CARDOSO &

    MARTINELLI, 2003).

    O tomate um alimento altamente nutritivo e sadio, sendo fonte de diversas vitaminas

    e sais minerais, e apresentando excelente palatabilidade. Seu baixo valor energtico torna-o

    recomendvel para aqueles que esto em dieta ou que precisam de um alimento de fcil

    digesto. O fruto do tomate a parte comestvel e ele pode ser consumido cru ou cozido. A

    partir da polpa so feitos o extrato, o pur, o catchup, os molhos para as massas, sucos e at

    doces (FERNANDES, CARDOSO & MARTINELLI, 2003).

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    2.1 CARACTERSTICAS DO TOMATE

    O tomate apresenta em sua morfologia as seguintes caractersticas externas, conforme

    figura 2.1:a) componentes externos: Pednculo, Spala, pice e Regio estilar;

    b) seo longitudinal que se refere ao comprimento; e

    c) seo transversal que se refere ao dimetro equatorial.

    Figura 2.1 Caractersticas externas do tomate (CEAGESP,2006)

    O tomate apresenta as seguintes caractersticas internas que so mostradas nas figuras

    2.2 e 2.3:

    Figura 2.2 Caractersticas internas do tomate (CEAGESP,2006)Seo longitudinal de tomate biloculado.

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    Figura 2.3 Caractersticas internas do tomate (CEAGESP,2006)

    Seo longitudinal de tomate multiloculado.

    2.2 CLASSIFICAO DE TOMATES

    Classificar quer dizer separar o produto por variedade, tamanho, cor e qualidade de

    maneira que o fruto tenha aparncia uniforme. Utilizar a classificao do tomate unificar a

    linguagem do mercado, isto , usar os mesmos padres para determinar a qualidade do

    produto.

    O tomate classificado por: Grupos (formatos: I, II, III, IV e V); Cores (Vermelho,

    Rosado, Laranja e Amarelo; subgrupos: I Pintando; II Colorido; III Maduro ); Classes

    (0, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100). A classificao do tomate deve ser feita de forma que se

    consiga a homogeneidade de formato, cor e classe e a caracterizao da qualidade.

    O tamanho do tomate determinado pelo dimetro equatorial do fruto. Assim, o

    tomate ser classificado em oito classes: 0 para dimetro menor que 40 mm; 40 para dimetro

    maior ou igual a 40 mm at 50 mm; 50 para dimetro maior ou igual a 50 mm at 60 mm; 60

    para dimetro maior ou igual a 60 mm at 70 mm; 70 para dimetro maior ou igual a 70 mm

    at 80 mm; 80 para dimetro maior ou igual a 80 mm at 90 mm; 90 para dimetro maior ou

    igual a 90 mm at 100 mm; 100 para dimetro maior que 100 mm (CEAGESP, 2006).

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    A classificao por grupo utilizada para caracterizar os grupos de cultivares

    conforme figura 2.4. No tomate so utilizados o formato do fruto, a colorao do fruto

    maduro e a durabilidade do fruto, que uma informao opcional. Os grupos de formato I, II,

    III e IV so determinados pela relao entre o comprimento e o dimetro equatorial do fruto.

    O grupo V, pelo dimetro equatorial.

    Caqui Saladete

    I Menor que 0,90 II Entre 0,90 e 1,00Santa Cruz Italiano

    III Entre 1,00 e 1,15 IV Maior que 1,15Cereja Clculo do Formato (F)

    V Dimetro equatorial menor que 39mm

    Formato do fruto = Comprimento divididopelo dimetro equatorial

    Figura.2.4 Formato de tomates (CEAGESP,2006)

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    A cor do tomate varia em funo do seu estgio de maturao, sendo ele classificado

    por este quesito em Vermelho, Rosado, Laranja e Amarelo como mostrado na figura 2.5.

    Figura 2.5 Colorao do tomate maduro (CEAGESP,2006)

    O padro brasileiro de classificao de tomates segundo o Centro de Qualidade em

    Horticultura (CEAGESP, 2006), adotado neste trabalho, prope a classificao das frutas

    segundo dois aspectos distintos: cor e qualidade. O parmetro qualidade observado segundo

    a ocorrncia de defeitos de ordem mecnica, patolgica, presena e intensidade de manchas e

    podrido. J pelo parmetro cor varia em funo do seu estgio de maturao, sendo ele

    classificado por este quesito em Vermelho, Rosado, Laranja e Amarelo mostrado na figura

    2.5. O amadurecimento do tomate determina a mudana de colorao da sua casca e

    caracteriza trs subgrupos: I Pintando; II Colorido; III Maduro, conforme mostra a

    figura 2.6.

    Existem dois tipos de tomates vermelhos um usado para saladas e culinria e outropara processamento industrial (CICA-KNORR, 2006). Neste trabalho prope-se uma

    metodologia para a classificao de tomates para processamento industrial com nfase para o

    tratamento do padro de cor conforme a norma apresentada e a informao industrial

    (SEBRAE, 2006) utilizar-se- cor Maduro Vermelho.

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    Figura 2.6 Amadurecimento do tomate (CEAGESP, 2006)

    2.3 DEFEITOS NOS TOMATES: DEFEITOS GRAVES E DEFEITOS LEVES

    Os defeitos graves podem ser, conforme mostrado na figura 2.7:

    a) podrido - dano patolgico e/ou fisiolgico que implique em qualquer grau de

    decomposio, desintegrao ou fermentao dos tecidos;

    b) passado - fruto que apresenta um avanado estgio de maturao e senescncia,

    caracterizados principalmente pela perda de firmeza;

    c) queimado - fruto que apresenta zona de cor marrom, provocada pela ao do sol

    atingindo a polpa;

    d) dano por geada - fruto que apresenta perda de consistncia e zonas necrosadas

    provocadas pela ao da geada. podrido apical - dano fisiolgico caracterizado

    por necrose seca na regio apical do fruto, associada diretamente deficincia de

    Clcio no solo da plantao;

    e) dano profundo - leso de origem mecnica, fisiolgica ou causada por pragas com

    profundidade maior que 1,5mm (CASTELLANE, 1988).

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    Figura 2.7: Os principais defeitos graves do tomate (CEAGESP, 2006)

    Os defeitos leves so aqueles que depreciam a aparncia do produto e podem ser:

    conforme mostrado na figura 2.8:

    a) dano superficial - leso de origem mecnica, fisiolgica ou causada por pragas

    com profundidade menor que 1,5mm;

    b) mancha - alterao na colorao normal do fruto, qualquer que seja sua origem.

    Considera-se defeito quando a parte afetada superar 10% (dez por cento) da

    superfcie do fruto;

    c) ocado - fruto que apresenta vazios, em funo do mal desenvolvimento do

    contedo locular;

    d) deformado - alterao da forma caracterstica da variedade ou cultivar;

    e) imaturo - fruto que no alcanou o estgio de maturao ideal ou comercial, ou

    seja, quando ainda no visvel o incio de amarelecimento na regio apical do

    fruto.

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    Os danos causados por pragas-chave da cultura do tomateiro podem ser divididos em

    insetos transmissores de doenas e traas e brocas dos frutos. Os efeitos destas pragas podem

    ser reduzidos pela aplicao de manejo integrado de pragas conforme (FERNANDES,

    CARDOSO & MARTINELLI, 2003).

    (a)

    (b1)

    (b2)

    Figura 2.8- Defeitos leves do tomate (CEAGESP,2006)

    O defeito leve formado por mancha pode ser distinguido por dois tipos conforme figura 2.8:

    b1) mancha profunda: no nvel 1 a rea total est entre 0,25cm2e 1,0cm2 e no nvel 2 a reatotal menor que 1,0cm2; e b2) mancha difusa; nvel 1, entre 5 e 15 pontose nvel 2 , maisque 15 pontos.

    As pesquisas relacionadas aos aspectos principais de plantao, formao e aplicaes

    so bastante relevantes. Os aspectos relacionados ao processo de seleo dos frutos so

    tambm importantes e precisam ser aperfeioados, visando substituir a seleo manual que

    lenta e at certo ponto ineficiente (SILVA&GIORDANO, 2000).

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    2.4 PROCESSO DE FABRICAO DO EXTRATO DE TOMATE

    As tcnicas de transformao do tomate no processo de industrializao utilizam-se de

    poucas etapas de fabricao. O tomate uma fruta que tem um perodo de vida curto e aps asua colheita torna-se necessria a sua rpida utilizao, transformando-o em produtos tais

    como: Extratos, Sucos, Pur, Molhos, etc (SILVA&GIORDANO, 2000).

    Os tomates destinados a produo de extrato de tomate, devem se apresentar com boa cor

    e firmes, em ponto de maturao adequado, isto , nem verdes e nem excessivamente

    maduros, livres de materiais estranhos o que dever assegurar um produto final de boa

    qualidade (SEBRAE, 2006). Os tomates ao entrarem nas linhas de processamento, sofrem

    inicialmente uma lavagem com gua potvel e clorada. Aps a operao de lavagem, os

    tomates sero escolhidos por uma seleo manual feita por meio de uma esteira provida de

    roletes rotativos que faz com que os tomates girem e facilitem assim o processo de seleo;

    neste processo so retirados os tomates inadequados tais como: verdes, desintegrados,

    descoloridos, etc. A figura 2.9 mostra o processo de seleo por meio de esteiras. Aps a fase

    de seleo, os tomates iro passar por outras fases que so: triturao, despolpamento e

    refinao, concentrao e por ltimo a pasteurizao (SEBRAE, 2006).

    Figura 2.9 - Esteira para seleo manual de tomates (SEBRAE, 2006).

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    3 LUZ, CORES E VISO

    As ondas eletromagnticas se propagam no vcuo com a velocidade da luz dada por

    c = 3x108m/s. Sabendo-se a freqncia de uma onda eletromagntica ( f ), no vcuo, pode-se

    determinar o comprimento de onda ( ) desta radiao por meio da equao:

    c

    f

    = [nm] (3.1)

    Luz uma radiao visvel que pode ser definida como sendo uma radiao

    eletromagntica, capaz de produzir uma sensao visual e que est compreendida em uma

    faixa de comprimentos de onda ( ) limitados entre 380 e 780 nanmetros (GARCIA

    JUNIOR, 1996). O espectro de luz visvel nesta faixa de comprimentos de ondas pode

    assumir diversas cores, desde o violeta at o vermelho.

    A viso est envolvida na percepo da cor. Uma pessoa pode conseguir enxergar na

    luz fraca, entretanto pode ter dificuldade de distinguir as cores. Somente quando mais luz

    estiver presente a cor poder ser distinguida. A variao da intensidade de luz necessria

    para a percepo da cor, deve ser considerada tambm a maneira pela qual o crebro responde

    ao estmulo visual. A cor verde tem um significado diferente para um residente de uma

    floresta tropical e para um habitante do deserto. Da mesma forma, um objeto pode parecer

    vermelho para um observador e laranja para outro. Claramente, a percepo da cor envolve a

    percepo fsica, fisiologia e psicologia.

    Um objeto aparece colorido porque o meio est interagindo com a luz. A anlise desta

    interao e os fatores que a determinam esto ligados preocupao da fsica da cor.

    A fisiologia da cor envolve as respostas dos olhos e do crebro luz e os dados

    sensreos que ela produz. A psicologia da cor invocada quando a mente processa os dados

    do campo visual, comparando-os com a informao armazenada na memria, e as interpreta

    como cor.

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    3.1 DEFINIES E DEPENDNCIAS

    O modelo da quantizao admite que a energia da onda de luz est presente em

    pacotes de energia, os ftons. Conforme a teoria de Einstein (SERWAY, 1996), a energia de

    um fton proporcional freqncia da onda eletromagntica: E=h.f, onde h= 6,63x10 -34J.s

    a constante de Planck. Este fton tem caractersticas ondulatrias, pois a sua energia

    determinada pela freqncia (SERWAY, 1996). Uma vez que todas as ondas eletromagnticas

    se propagam no vcuo com a velocidadec, a freqncia f e o comprimento de onda esto

    relacionados pela expresso (3.1)

    O olho humano um mecanismo neurobiolgico de recepo da luz. Ele excita-se com

    radiaes eletromagnticas entre 380nm a 780nm, do espectro de luz visvel. A luz, por sua

    vez, possui uma composio que depende de propriedades da radincia (ou irradincia) de um

    corpo.

    A radiao composta por um nico comprimento de onda (ou de uma faixa bem

    estreita) classificada como luz monocromtica (ou espectral). As luzes monocromticas

    captadas pelo olho humano so mostradas na tabela 3.1. As demais cores podem ser

    produzidas pela somatria de ondas com diferentes comprimentos, no se tratando, portanto,

    de luzes monocromticas - exceo ao preto (ausncia de cor).

    Tabela 3.1 Luzes MonocromticasComprimento de onda ( ) Cor

    780 a 605 nm Vermelha605 a 590 nm Laranja590 a 560 nm Amarela560 a 500 nm Verde500 a 470 nm Ciano470 a 430 nm Azul

    430 a 380 nm Violeta

    As clulas sensveis do olho podem detectar quase todas as graduaes de cores

    quando luzes monocromticas, apenas das cores vermelha, verde e azul, so misturadas

    apropriadamente em diferentes combinaes (GUYTON & HALL, 1997). A passagem da

    informao visual pelo sistema nervoso central (SNC) faz com que uma funo de ordem

    cognitiva passe a atuar sobre a amostragem da onda eletromagntica realizada pelo sistema

    visual. " a presena ou ausncia da luz que nos d a sensao de cor. A luz um fenmeno

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    fsico, mas a cor depende da interao da luz com o sistema visual, sendo, portanto, um

    fenmeno psicofsico" (GOMES & VELHO, 1998).

    As ondas eletromagnticas monocromticas visveis e as ondas produzidas pelas

    somatrias destas produzem o espectro de cores. A percepo dos limites destas cores no

    estabelecida com exatido, pois, envolvem-se noes psicolgicas e exemplos prvios de cada

    indivduo na rotulao de cor das diferentes ondas visveis, o que pode ser considerado como

    classificao das cores. Assim, podemos entender que, uma vez observada pelos mecanismos

    sensreos visuais, a forma de onda classificada pelo crebro segundo algum critrio de

    ordempsicolgica, ou subjetiva.

    Para a proposio de modelagens matemticas para tal classificao, ento, faz-se

    necessrio um maior domnio dos conceitos fsicos de uma cor e sua amostragem pelo sistema

    visual humano.

    3.2 O SISTEMA VISUAL HUMANO

    O sistema visual humano um mecanismo neurobiolgico natural de interface com o

    ambiente. Ele oticamente equivalente a uma cmera fotogrfica dotada de capacidade de

    focalizao e com abertura controlvel. Tal estrutura tem por finalidade levar as imagensexternas s regies da retina fazendo uso de uma seqncia de movimentos biolgicos.

    Figura: 3.1 Olho Humano (GUYTON & HALL, 1997)

    A luz que entra no olho (figura 3.1) focalizada pelo sistema crnea-cristalino no

    fundo da superfcie do globo ocular, a retina. A superfcie da retina constituda por milhes

    de estruturas sensveis, os bastonetes e os cones (figura 3.2). Quando estas estruturas so

    estimuladas pela luz, estes receptores enviam para o crebro impulsos, atravs do nervo tico,

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    e percebe-se ento uma imagem (SERWAY, 1996). Os cones so as estruturas responsveis

    pela viso colorida, e os bastonetes so responsveis pela acuidade visual, isto , pela

    resoluo espacial da imagem. Nos cones podem ser encontrados fotopigmentos que

    respondem aos espectros de luz definidos em trs comprimentos de onda distintos: 445, 535 e

    570 nanmetro, que correspondem respectivamente s cores azul, verde e regies do

    vermelho. Embora os cones sejam encontrados em toda a retina, esta possui uma regio

    espacialmente alinhada com o globo ocular que rica em cones os quais respondem a grandes

    nveis de iluminao (GUYTON & HALL, 1997).

    Figura 3.2: Cones e bastonetes e suas respostas ao espectro (GUYTON & HALL, 1997)

    As cores e sua interpretao envolvem duas propriedades do mecanismo ocular: a) a

    adaptatividade ao brilho e discriminao, e b) a adaptatividade cor. Na adaptatividade ao

    brilho descrita por GONZALEZ & WOODS, 2003,as superfcies com brilho mdio do campo

    visual total apresentam-se como brilhantes, e aquelas abaixo da mdia apresentam-se escuras.

    Na adaptatividade cor o processo similar.

    3.3 GRANDEZAS FOTOMTRICAS

    Uma radiao eletromagntica genrica pode ser quantificada fazendo-se uso de um

    conjunto de grandezas, denominadas radiomtricas. No domnio dos trabalhos com cores,

    uma onda referenciada em termos de sua potncia (ou fluxo de energia), que uma medida

    da intensidade da onda em questo. Na tabela 3.2, seguem-se algumas medidas usuais.

    Embora tais grandezas possam ser utilizadas genericamente com qualquer radiao,

    estas no so particularmente adotadas onde existe interao humana. Isso decorre do fato do

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    olho humano no possuir igual sensibilidade a todos os diferentes comprimentos de onda das

    radiaes. A curva apresentada na figura 3.3 denominada funo de luminosidade para o

    observador padro. Esta curva estabelece a luminosidade relativa (V), que a sensao de

    brilho para os diferentes comprimentos de onda vistos por um indivduo considerado normal.

    Tabela 3.2 - As grandezas radiomtricas, suas unidades usuais e definies. Grandeza Unidade Descrio

    Unidades Bsicas:Energia J Quantidade de radiao da onda.Potncia W Fluxo de energia por unidade de tempo (J/s)

    Superfcies Emissivas:Emitncia (ouexcitncia)

    W/m2 Fluxo de energia emitida por unidade tempo e por unidade de rea.

    Energia Radiante W/rad Fluxo de energia emitida por unidade tempo em uma dada direo.Radincia W/m

    2srad Fluxo de energia emitida por tempo por rea em uma dada direo.

    Superfcies reflexivas:Irradincia W/m

    2 Fluxo de energia refletida de um ponto da superfcie por unidade de

    rea.

    Figura 3.3 - Funo de luminosidade (V) de um observador padro aos diferentescomprimentos de luz visvel (BALLARD & BROWN, 1982).

    Uma vez observada tal curva, pode-se perceber que o comprimento de onda quecorresponde aproximadamente cor verde-amarelada (555 nm) fortemente captado pelo

    olho humano, enquanto cores como o vermelho e o azul sofrem atenuaes. Assim, torna-se

    claro que as unidades radiomtricas anteriormente adotadas no tero validade no trato de

    sistemas de radiao visvel observados pelo olho humano. Nesse sentido, estabeleceram-se

    novas unidades de quantificao, denominadasfotomtricas.

    Tais grandezas fazem uso das medidas anteriormente apresentadas, com uma

    adequao curva do observador padro. Assim, tomando-se por exemplo uma cena querecebe uma certa iluminao do ambiente, possvel demonstrar (GOMES & VELHO, 1998)

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    que, para a interpretao humana da irradincia de um ponto, denominada iluminncia, para

    uma radiao distribuda continuamente pelo espectro de freqncia:

    2

    1683.

    A

    A A

    AL V I dA= (3.2)

    onde: L a iluminncia;IA a irradincia da superfcie;VA a funo da sensibilidade do observador padro;A1 o menor comprimento de onda do espectro incidente;A2 o maior comprimento de onda do espectro incidente;683 constante;

    Utilizando-se a mesma metodologia para os demais conceitos apresentados na tabela

    3.2, possvel estabelecer uma correlao entre grandezas fotomtricas e grandezas

    radiomtricas, que mostrada na tabela 3.3.

    Tabela 3.3 - Grandezas radiomtricas e fotomtricas e suas unidades usuais (BALLARD &BROWN, 1982).

    Caractersticas Radiomtricas Caractersticas FotomtricasGrandeza Unidade Grandeza Unidade

    Fluxo de Energia Watt Fluxo luminoso Lm (Lmen)Emitncia radiante W/m

    2 Emitncia luminosa Lm/m

    2(Lux)

    Irradincia W/m2 Iluminncia Lm/m

    2(Lux)

    Intensidade radiante W/srad Intensidade luminosa Lm/srad (Candela)Radincia W/m

    2srad

    Luminncia Lm/m

    2.srad

    3.4 REPRESENTAO DE CORES

    A representao de cores tornou-se necessria para o ser humano manipular as cores.

    A cor uma atribuio subjetiva, pois depende da viso, luz e interpretao individual. O

    entendimento da cor envolve fisiologia, fsica e psicologia, o que torna difcil a tarefa de

    definir grandezas que a represente. Dessa forma, as cores tm sido descritas na literatura(GOMES & VELHO, 1998) de duas formas distintas: a) com medidas perceptveis, que

    descrevem as cores de forma geral; e b) com medidas fsicas, que so medidas cientficas que

    buscam embasar sua representao com a cincia chamada de colorimetria.

    3.4.1 Medidas perceptveis

    As medidas perceptveis procuram descrever atributos genricos relativos forma da

    onda em questo. H trs tipos de descritores perceptuais da sensao de luz. So eles:

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    luminncia, saturao e tonalidade ou HSI (hue, saturation, intensity) (GONZALEZ &

    WOODS, 2003).

    A luminncia uma medida do nvel da quantidade de energia emitida por uma fonte

    de luz que percebida por um observador. Na prtica, esta grandeza est ligada ao conceito

    genericamente conhecido como "brilho" da cor (GONZALEZ & WOODS, 2003).

    A saturao refere-se ao grau de pureza de uma cor, ou seja, alguma graduao que

    represente uma cor qualquer como uma grandeza entre uma onda monocromtica (espectro de

    freqncia com um nico fasor na freqncia da onda) e a luz branca (que contm todas as

    cores). Assim, as cores monocromticas tm saturao mxima, e a luz branca, mnima (zero).

    A tonalidade da cor um atributo que distingue a luz vermelha da luz verde ou

    amarela por meio de comparao (subjetiva) entre a cor em observao e exemplos

    previamente conhecidos. De maneira genrica, trata-se da identificao da cor (ou

    comprimento de onda) dominante, isto , a determinao de uma luz monocromtica que

    corresponda (aproximadamente) cor observada (GOMES & VELHO, 1998).

    As grandezas tonalidade e saturao juntas correspondem grandeza conhecida como

    crominncia. A crominncia pode ser definida como a parte da cor que invariante ao brilho.

    importante se destacar que a grandeza conhecida como "brilho" de carter cognitivo e,

    portanto, no possui definio uniforme na literatura. Admite-se que "o brilho um descritorsubjetivo e praticamente impossvel de ser medido". Assume-se que o brilho uma grandeza

    que est ligada a luminncia de objetos emissivos. Contudo, h uma concordncia em se tratar

    de uma grandeza subjetiva, que est ligada de alguma forma ao conceito de luminncia da

    imagem. Adota-se este conceito como designado palavra "brilho", utilizando-a tanto para

    objetos emissivos quanto para reflexivos (GOMES & VELHO, 1998).

    3.4.2 Medidas fsicasTodas as cores visveis podem ser obtidas pela soma de ondas monocromticas do

    espectro. Assim, uma notao intuitiva para representao de cores est ligada somatria

    dessas ondas elementares (espectrais) para a produo das ondas desejadas (RESNICK &

    HALLIDAY, 1996).

    No entanto, essa notao incorre em somatrias de quantidades variveis de

    comprimentos de onda. Seria desejvel, ento, alguma notao onde o nmero de

    componentes fosse fixo. Poder-se-ia pensar na representao de ondas como funes de

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    algumas ondas monocromticas adotadas a priori; no entanto, tal reconstruo no

    fisicamente possvel, j que sabidamente a superposio de ondas com freqncias diferentes

    sempre produz uma onda complexa (no-senoidal) (RESNICK & HALLIDAY, 1991). Em

    outras palavras, a somatria de duas ondas puras sempre produz uma onda (no caso, uma cor)

    menos saturada que uma onda monocromtica, no sendo, portanto, possvel reproduzir desta

    forma a maioria das ondas monocromticas e as cores que so combinaes destas.

    Contudo, a reconstruo fsica da onda no a nica forma de se transmitir a sensao

    de cor. Sucessivos estudos de Isaac Newton (1666), H. Grassman (1853) e Maxwell (1860)

    provaram que, para conseguir a equivalncia de uma cor, condio necessria e suficiente

    proceder soma de trs ondas de comprimentos distintos, tais que duas delas no produzam a

    terceira. Desta forma, a equivalncia de uma cor fica associada reproduo dos estmulos

    observados nos cones da viso humana (BALLARD & BROWN, 1982).

    Assim, desenvolveu-se o paradigma da representao tricromtica. Nesse sistema, as

    ondas primrias esto representadas nos trs eixos ortogonais de um sistema de coordenadas,

    onde as demais cores podem ser representadas como uma combinao das trs cores dos

    eixos. Considera-se um espao tridimensional cujos eixos so trs cores arbitrrias tomadas

    como referncia X, Y e Z. Denomina-seplano de crominncia (ouplano de Maxwell) o plano

    de equao X+Y+Z=1, conforme o apresentado na figura 3.4.

    Figura 3.4- O plano de Maxwell e o spectrum locus(BALLARD & BROWN, 1982)

    A grande particularidade do plano de Maxwell a possibilidade de representao de

    qualquer cor C do espao de cores visveis com uma projeo C' sobre ele (usualmente

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    conhecida como crominncia) e uma grandeza escalar (C-C') representativa da intensidade

    luminosa da cor. Em outros termos, o plano de Maxwell um plano padro de representao

    de cores.

    As cores espectrais podem ser representadas em funo das cores escolhidas como

    eixos do sistema e estaro representadas no plano de Maxwell por pontos em uma curva

    denominada spectrum locus (local do espectro), que usualmente se apresenta em forma de

    uma ferradura. Internas curva, apresentar-se-o as possveis combinaes das ondas

    monocromticas, resultando em um conjunto de todas as cores possveis, menos a variao de

    luminosidade, ou seja, em termos de crominncia (BALLARD & BROWN, 1982).

    Uma outra particularidade do plano de Maxwell a redundncia de uma varivel. Seja

    uma cor C com coordenadas (C1, C2, C3) expressa nesse sistema. As coordenadas do ponto

    C' (C'1, C'2, C'3) - projeo do ponto C sobre o plano de Maxwell - podem ser expressas por:

    1 2 3'1 : '2 : '3

    { 1 2 3} { 1 2 3} { 1 2 3}

    C C CC C C

    C C C C C C C C C = = =

    + + + + + + (3.3)

    Uma vez que o ponto C' encontra-se sobre o plano de Maxwell, uma de suas

    componentes pode ser expressa em termos das outras duas. Por exemplo:

    '3 1 '1 '2C C C= (3.4)

    Nesse sentido, usualmente, adota-se em (BALLARD & BROWN,1982) a projeo do

    tringulo de Maxwell e do spectrum locus sobre algum dos planos laterais (usualmente o r-g),

    grfico que denominado diagrama de cromaticidade. importante observar que a posio

    do tringulo de Maxwell e o seu formato projetado (e, portanto, o formato do spectrum locus)

    dependero da escolha das cores representadas nos eixos ortogonais.

    Uma vez que a escolha das cores dos eixos no uma tarefa trivial, diversos padres

    foram propostos, sendo os principais apresentados nas sees seguintes.

    3.5 PADRONIZAES DE CORES

    O rgo padronizador internacional na rea de colorimetria o CIE Comisso

    Internacional de Iluminao (Commission Internationale de l'Eclairage). A maioria de suas

    padronizaes foi estabelecida na dcada de 30 e permanece at hoje, tais como RGB, XYZ e

    YUV. Contudo, alguns outros padres estabeleceram-se mundialmente no trabalho com cores,

    mesmo sem as padronizaes do CIE, caso do HSI, adotando at mesmo outras formas de

    representao que no a tricromtica (GOMES & VELHO, 1998).

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    3.6 CIE-RGB

    Uma vez que o sistema visual humano possui clulas capazes de detectar

    comprimentos de onda de trs tamanhos distintos: vermelho, verde e azul, nas faixas alta,

    mdia e baixa do espectro, respectivamente, imediata a utilizao de comprimentos de onda

    em faixas similares para a composio de representao tripla. Embora com o passar dos anos

    os comprimentos de onda adotados tenham-se alterado consideravelmente desde a proposio

    inicial de Maxwell (1860), atualmente definem-se os comprimentos de onda para o sistema

    RGB como os mostrados na tabela 3.4. Observa-se que no se tratam rigorosamente dos

    mesmos comprimentos de onda observados pelos cones humanos respectivamente 570, 535 e

    445 nm.

    Tabela 3.4- Comprimentos de onda dos picos das curvas de sensibilidade das corespara o sistema CIE-RGB.

    Comprimento de onda ()))) Cor700 nm Vermelho546 nm Verde

    435,8 nm Azul

    Figura 3.5 Definio das cores primrias pelo diagrama de cromaticidade r-gdo sistema RGB

    A projeo radial do slido de cor no plano de Maxwell da figura 3.4 chamada de

    diagrama de cromaticidade, a projeo do conjunto obtido em um dos planos coordenados,

    que no caso do sistema CIE-RGB o plano r-g mostrado na figura 3.5.

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    Em um sistema descrito apenas em termos de trs cores, a determinao da luminncia

    deste no mais requer uma integrao de todo o espectro de cores sobre a curva do observador

    padro, mas sim, a observao das potncias aparentes relativas a esses trs comprimentos de

    onda. Ento, em termos de sua variao de luminncia, possvel demonstrar (GOMES &

    VELHO, 1998) que o sistema CIE-RGB - para as cores primrias adotadas - pode ser descrito

    como:

    0,299 0,587 0,114Y R G B= + + (3.5)

    A variao da luminosidade do sistema RGB d-se no sentido do plano desenhado

    pela equao, no coincidindo, portanto, com nenhum dos eixos do sistema.

    O sistema RGB pode ser aplicado em dispositivos de computao grfica, dentre eles

    est o sistema de cor do monitor do tipo CRT (Tubo de raios catdicos), onde as cores RGB

    so definidas pelo tipo de fsforo utilizado. Este espao de cor forma um subconjunto

    limitado pelo espao gerado por elas, formando um cubo apresentado na figura 3.6. Nos

    pontos extremos dos eixos deste cubo aplica-se o tringulo de Maxwell.

    Figura 3.6 Sistema RGB do monitor (GOMES & VELHO, 1998)

    Os modelos de especificao de cor baseados no espao vetorial, como o modelo RGB,

    apesar de prticos do ponto de vista computacional, so inadequados do ponto de vista de

    comunicao com o usurio e com relao especificao simples e intuitiva de uma

    determinada cor. Uma dificuldade de se especificar cor no sistema RGB ocorre quando se

    deseja determinar uma cor de tonalidade e luminncia conhecidas e precisamos apenas dosar a

    saturao, diminuindo ou aumentando a quantidade de branco na cor. Para realizar essa

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    mudana devemos alterar trs componentes de cor e essa alterao no tem qualquer relao

    intuitiva com os parmetros percentuais de tonalidades, luminncia e saturao (GOMES &

    VELHO, 1998).

    Nesse ambiente, observa-se alguns pontos importantes da representao RGB:

    a) nem todas as cores do espectro visvel esto representadas no espao positivo do

    sistema, ou seja, algumas cores podem requerer quantidades negativas de alguma cor

    primria (como pode ser visto na figura 3.7);

    b) grandezas fotomtricas de interesse como a luminncia no so de obteno imediata,

    necessitando do clculo da combinao linear ou da integrao sobre a curva do

    observador padro;

    c) a figura resultante no faz uma utilizao tima do espao, acarretando perda depreciso e homogeneidade na distino de cores.

    3.7 Sistema CIE-XYZ

    O sistema RGB apresentava dois problemas principais: representao de valores

    negativos dificultando o clculo da cor dentro de um sistema de coordenadas; e no era

    possvel representar as cores num sistema de coordenadas de 3 dimenses. O modelo XYZusa primrias imaginrias X,Y e Z para descrever o espao de cores; pode-se definir um

    grfico de representao para que as grandezas fotomtricas sejam encontradas mais

    facilmente, porm representando as cores que no esto definidas dentro do espectro visvel.

    A partir dos valores definidos pelas letras X,Y e Z, so definidas as coordenadas dentro do

    sistema RGBque levam a uma equao matemtica associada s letras. A representao desse

    sistema de cores mostrado nas figuras 3.7 e 3.8; o formato de uma figura encontra-se

    inserido dentro de um tringulo representando as trs primrias do sistema RGB, onde todasas cores visveis so representadas com coordenadas positivas. Os espaos dentro da figura

    so locais de cores sem luminosidade e isto foi colocado ao longo de X para Z no sistema.

    XYZ. Toda luminosidade expressa em Y, o local de referncia Y foi escolhido para

    enquadrar o domnio das cores reais. O ponto de energia branco (w) foi escolhido para ter

    coordenadas de cromaticidade iguais (0.33, 0.33) como mostram as figuras 3.7, 3.8 e 3.9.

    Coordenadas de cromaticidade representa a relativa contribuio das trs primrias, a soma

    das coordenadas igual a 1.0. Entretanto, z pode ser calculada pelo conhecimento das

    coordenadas x e y para:

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    1X Y Z+ + = (3.6)

    Figura 3.7 1931 CIE - diagrama de cromaticidade (CIE, 2006)

    Figura 3.8- 1931 CIE diagrama de cromaticidade com representao aproximadadas cores (CIE, 2006)

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    Figura 3.9- Diagrama de cromaticidade do sistema CIE-XYZ(CIE, 2006)

    A mudana de coordenadas entre os sistemas CIE-RGB e CIE-XYZ dada por:

    0.049 0.31 0.20

    0.17 0.81 0.01

    0.00 0.01 0.99

    X R

    Y G

    Z B

    =

    (3.7)

    Usando essa transformao de mudana de base (3.7), podemos calcular grandezascolorimtricas do sistema CIE-XYZ a partir do sistema CIE-RGB.

    3.8 Sistema CIE L*a*b*

    CIE L*a*b*(ou CIE LAB) o modelo de cor mais completo usado convencionalmente

    para descrever todas as cores visveis pelo olho humano. O asterisco aps o L, a e b so parte

    do nome completo L*, a* e b*. Os trs parmetros representam respectivamente L*

    luminosidade da cor (L* = 0 representa o preto e L* =100 representa o branco) conforme

    figura 3.10, o a* est posicionado entre magenta e verde e b* est posicionado entre amarelo e

    azul.

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    Figura 3.10 Nveis de luminosidade L* para CIE L*a*b*

    O modelo de cor Lab tem sido criado para servir como um dispositivo independente,

    modelo absoluto para ser usado como referncia e imprescindvel para perceber as

    representaes visuais do gamut cheio de cores (gamut de um dispositivo ou processo a

    poro visvel do espao de cores que pode ser representada, detectada ou reproduzida). Este

    modelo no tem preciso, mas ajuda no entendimento do conceito, tridimensional e pode ser

    representado em um espao tridimensional. Uma caracterstica til dele que o primeiro

    parmetro extremamente intuitivo: mudar este valor como mudar o ajuste de luminosidadeda TV. Entretanto, somente umas poucas representaes de algumas "fatias" do horizontal no

    modelo suficiente para conceitualmente visualizar o gamut completo, assumindo que a

    luminncia pode ser representada no eixo vertical.

    CIE 1976 L*a*b* foi baseado diretamente no CIE 1931 XYZ espao de cores como uma

    tentativa de linearizar a perceptividade das diferenas de cores, usando a diferena mtrica de

    cores descrita pela elipse de MacAdam (CIE, 2006). A relao no linear para L*, a* e b*

    intencional para imitar a resposta logartmica do olho.

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    4 IMAGEM, SELEO DE CORES E FILTRAGEM

    A formao de uma imagem ocorre quando um sensor registra a radiao que interagiu

    com objetos fsicos (BALLARD & BROWN, 1982) e para entend-la so necessrios alguns

    conceitos, tais como:

    a) a fsica da formao da imagem;

    b) a modelagem matemtica de uma imagem;c) a modelagem matemtica de uma imagem discreta.

    4.1 FSICA DE FORMAO DA IMAGEM

    A fsica da formao da imagem envolve o comportamento de uma imagem no sistema

    visual do observador, em que os sistemas fsicos podem ser descritos pela matemtica.

    Os objetos so classificados como emissivos ou radiantes em relao emisso de luz

    ou como reflexivos ou irradiantes em relao reflexo de luz. Assim, ocorre em uma fonte

    de luz distante incidindo sobre uma pequena parte de uma superfcie, como o disposto na

    figura 4.1. Denomina-se reflectncia da superfcie, a frao de um dado fluxo de energia

    incidente, refletido em uma certa direo.

    A funo de reflectncia uma medida de como se comporta a energia emanada de

    um ponto, com relao ao fluxo incidente. Usualmente, esta uma funo dos trs ngulos ( i,

    e, g, da figura 4.1), com o ngulo incidente i formado pelo vetor de iluminao e o vetor

    normal da superfcie, ngulo de emisso eformado pelo vetor normalN e vetor de observaoO, e o ngulo de observao g, pelo vetor de iluminao e vetor de luz refletida (vetor de

    observao), onde: O igual aobservador; N igual avetor normal.

    Figura 4.1- A geometria da reflectncia

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    Os diversos tipos de superfcies tero, portanto, diferentes complexidades de funo de

    reflectncia. Superfcies puramente foscas tero o mesmo brilho em todas as direes.

    Superfcies especulares puramente reflexivas tero reflexo na direo em que o ngulo deobservao for igual ao ngulo de incidncia, no plano formado pelos vetores envolvidos. Em

    termos formais a radincia (L) de um ponto ser dada por (BALLARD&BROWN, 1982) :

    2

    cos

    dL

    dA dw

    = [watts/(metro2estereoradiano)] (4.1)

    onde: L a radincia da imagem o fluxo de energia luminosa

    o ngulo entre a superfcie normal e a direo de emisso

    A intensidade de luz refletida por um ponto L(p) , portanto, uma funo do fluxo de

    luz incidente sobre tal elemento de rea E(p) e da funo de reflectncia da superfcie (r).

    Ocorre que, em sistemas reais, a luz incidente extremamente difcil de ser modelada.

    4.2 MODELAGEM MATEMTICA DA IMAGEM

    Da modelagem matemtica do mundo fsico sabido que a luz refletida de um ponto

    de uma superfcie pode ser descrita como uma funo da luz nele incidente e da reflectncia

    desse ponto. Pretende-se agora estabelecer como tal funo compe o que venha a ser uma

    imagem.

    Define-se comofuno imagem a abstrao fundamental de uma imagem, ou seja, sua

    representao matemtica. Em geral, esta funo de intensidade luminosa bidimensionalf(x,y)

    (GONZALEZ & WOODS, 2003) em que o valor ou amplitude def definido sobre um ponto

    genricop(x,y) d a intensidade (brilho) da imagem naquele ponto e dada por:

    ( ) ( , )I p f x y= (4.2)_onde I(p) a funo imagem para o ponto p;

    (x,y) a coordenada espacial do ponto p;f(.) a funo que mapeia o ponto p no universo de cor.

    A funo imagem caracterizada por dois componentes: a quantidade de luz incidindo

    na cena observada tambm chamada iluminao, e a quantidade de luz refletida pelos objetos

    da cena, tambm chamada reflectncia; portanto: f(x,y)= i(x,y). r(x,y) (GONZALEZ &

    WOODS, 2003).

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    Em termos de mapeamento monoespectral, podemos assumir que f(.) representa a

    funo do ponto mapeando-o em um universo de tons de cinza, ou seja, trata-se do

    mapeamento das intensidades luminosas L(p) vistas por um observador.

    4.3 IMAGEM DIGITAL

    Um caso particular da funo imagem a funo imagem digital. Os argumentos e o

    valor da funo so sempre inteiros. Para se obter a converso da representao da imagem, a

    partir de uma funo contnua para a discreta, utiliza-se a ferramenta conhecida como funo

    delta. Tal funo aplicada sobre um ponto p e pode ser definida como:

    ( ) 1x dx = (4.3)

    onde: (x) = 0 quando x 0 ; no definido quando x = 0.

    Com a aplicao desta ferramenta matemtica nas dimenses usuais, a multiplicao da

    imagem bidimensional pela funo (x), pode-se obter um conjunto de amostras, gerando

    uma imagem discreta (BALLARD & BROWN, 1982).

    A modelagem do mundo fsico atravs de uma imagem discreta, possibilita uma forma

    finita de representao de grandezas contnuas. Contudo, devido ao processo de digitalizao,

    diversos problemas so introduzidos no universo de mapeamento mundo-imagem, tais como

    amostragem, quantizao, conceito de distncia entre pontos etc. Uma imagem multiespectral

    especial uma imagem colorida na qual, f ( um vetor (f1...fn)) de uma imagem colorida, que

    pode ser representada por: f(x) = {fred(x), fblue(x), fgreen(x) }.

    4.4 AMOSTRAGEM E QUANTIZAO

    Para ser conveniente ao processamento computacional, uma funo imagem precisa ser

    digitalizada espacialmente e em amplitude (GONZALEZ & WOODS, 2003). A primeira

    chama-se amostragem, que a discretizao do domnio da imagem, usualmente a

    digitalizao das coordenadas espaciais da imagem; e a segunda chama-se quantizao, que

    a digitalizao das amplitudes da funo imagem.

    A amostragem da imagem envolve o intervalo espacial de amostragem e o padro

    espacial dos pontos de amostragem (BALLARD & BROWN, 1982). No primeiro tpico,

    usualmente o problema pode ser reduzido a uma curva de resoluo da imagem versus custo

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    computacional. Evidentemente, busca-se utilizar imagens que preservem a fidelidade da viso

    humana, com a menor resoluo espacial possvel. Os intervalos de amostragem

    excessivamente grandes comprometero o resultado final da imagem observada, levando ao

    problema computacional da subamostragem da imagem contnua, fazendo com que uma

    superfcie suave, tipicamente, aparea rugosa (BALLARD & BROWN, 1982).

    De forma a adotar um critrio para o problema da amostragem, faz-se uso do teorema

    da amostragem que, em sua essncia, define como deve ser uma amostragem mnima para

    garantir a representatividade da imagem. Em muitos casos tal problema leva utilizao de

    amostragens no-homogneas no campo visual, similar ao encontrado na regio da fvea, na

    retina.

    O padro espacial dos pontos de amostragem obtido com a menor unidade de

    partio da imagem, opixel, que significa a composio depicture element. O pixel faz parte

    de umpadro espacial no qual o plano da imagem definido. Este padro define um conjunto

    finito de clulas sobre as quais o nvel de cor constante.

    Embora o formato mais comum do padro seja o retangular, outros padres podem ser

    assumidos, tais como triangular ou hexagonal. J a quantizao envolve a problemtica de se

    saber com quantos nveis de intensidade uma dada imagem ser mapeada.

    A discretizao impe um compromisso entre a eficincia computacional dos sistemase a visualizao das imagens. No domnio dos trabalhos com cores, uma baixa quantizao

    implica a perda de informaes importantes do mundo fsico.

    4.4.1 Dispositivos de aquisio

    Segundo GONZALEZ & WOODS (2003), dois elementos so necessrios e

    indispensveis na aquisio de imagens digitais por qualquer dispositivo: a) um elemento

    fsico que seja sensvel s diferentes bandas de comprimento de onda eletromagntica(tipicamente da luz visvel, mas, genericamente, de qualquer faixa de onda), responsvel pela

    amostragem do universo e a converso dessas amostragens em impulsos eltricos; e b) um

    dispositivo digitalizador, responsvel pela converso do impulso eltrico para quantificaes

    digitais.

    Os processos pelos quais as intensidades so capturadas, entretanto, podem variar

    consideravelmente. Em sistemas de raios-x, por exemplo, entre um canho emissor de raios e

    um conjunto de receptores sensveis a tal raio, interpe-se um alvo, constitudo de material

    capaz de absorver parcialmente os raios-x. Nos receptores, obter-se- um mapeamento da

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    absoro dos raios pelo alvo. Tal sistema um exemplo tpico de elementos sensveis a ondas

    no-visveis.

    A cmera de vdeo um dispositivo que gera amostras da luz visvel tipicamente

    fazendo uso de elementos sensveis a particulares comprimentos de onda. Tal dispositivo

    possibilita a utilizao de diversas tecnologias. Um tipo que abrange praticamente a totalidade

    das cmeras atuais faz uso da tecnologia conhecida como CCD, baseada em dispositivos de

    carga acoplada.

    O CCD (charge-coupled device, dispositivo de carga acoplada) utiliza-se de uma

    coleo de elementos denominados fotossensveis, que produzem uma tenso de sada na

    forma de cargas armazenadas, proporcional intensidade de algum comprimento de onda

    incidente. Trata-se de elementos com grande resoluo e alta velocidade de aquisio (da

    ordem de 1/10.000 s) (GONZALEZ & WOODS, 2003).

    possvel dispor os fotosensores de duas maneiras: a) em linha, ou b) em matrizes de

    rea. A arquitetura com captura em linha utiliza apenas uma linha de fotosstios de tais

    elementos e produz uma imagem bidimensional pela variao da posio relativa entre a cena

    e o detetor. Normalmente os scanners (digitalizadores de imagem) utilizam-se desta

    tecnologia. Na segunda arquitetura (em bloco ou matricial), toda uma matriz desses

    componentes utilizada. As cmeras de vdeo fazem uso dessa arquitetura.Embora os elementos fotossensveis tenham grande velocidade de aquisio de dados,

    a manipulao desses sinais analgicos convertidos digitalmente at sua emisso na forma de

    um sinal de vdeo fazem com que tais dispositivos funcionem com uma varredura repetida

    trinta vezes por segundo.

    As cmeras possuem suas curvas especficas de sensibilidade. Idealmente, uma cmera

    que mostre o ambiente e o retorne em coordenadas RGB dever possuir elementos sensveis

    aos comprimentos de onda definidos pelo sistema CIE-RGB. Esta sensibilidade no idnticafisicamente para todos os dispositivos. Isso significa que, para cada cmera, o clculo da

    luminncia ser particular e observado sobre suas prprias cores primrias.

    4.4.2. Dispositivos de representao

    Tradicionalmente, os monitores de TV ou vdeo constituem a principal classe de

    dispositivos representadores de imagem e, portanto, de cores. O sistema de vdeo

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    constitudo de quatro componentes: a) um monitor; b) um controlador de vdeo; c) uma

    memria de exibio e d) um conversor digital-analgico.

    O monitor de vdeo consiste de um tubo de raios catdicos, uma tela e um canho que

    produz um feixe de eltrons. Em pontos da tela ou; mais precisamente; a cada pixel

    encontram-se camadas de fsforo, que, ao serem atingidos pelo feixe de eltrons, passam a

    emanar radiao eletromagntica visvel por algum tempo. Usualmente, utilizam-se fsforos

    com as radiaes correspondentes aos nveis vermelho, verde e azul (RGB). O controlador de

    vdeo o dispositivo que tem por finalidade controlar o movimento do feixe de eltrons sobre

    a tela, produzindo uma varredura nela. O padro de varredura varivel, dependendo do

    dispositivo (GOMES & VELHO, 1998). A memria de exibio armazena dados da imagem

    digital que, atravs do conversor digital-analgico, so convertidos em tenses a serem

    aplicadas ao canho de eltrons.

    Devido s limitaes fsicas dos dispositivos de emisso, tais como os fsforos

    coloridos (que no so capazes de representar todas as cores do espectro visvel), um monitor

    de vdeo ter seu espao de cores limitado, ou seja: "(...) o slido de cor desse sistema ser

    um subconjunto limitado do espao gerado pelas cores primrias R, G e B. Isso porque cada

    cor primria do espao de cor do monitor assume um valor de intensidade mxima ".

    (GOMES & VELHO, 1998)Dessa forma, cada monitor ter o seu prprio espao RGB que, por sua vez, ser um

    novo subconjunto do sistema RGB padronizado pelo CIE. Graficamente, ento, esse espao

    pode ser expresso por um tringulo sobre o espao de cromaticidade (figura 4.2).

    Figura 4.2- Diagrama representativo do tringulo de cromaticidade para o RGB de doismonitores distintos (GOMES & VELHO, 1998).

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    4.4.3. Geometria e conectividade

    O processo de amostragem e representao de grandezas no mundo fsico por meio de

    valores inteiros, invariavelmente, impe alguma perda de informao. Essa problemtica

    particularmente visvel quando tratamos do problema da subamostragem, j abordado.

    Todavia, por maior que seja a resoluo da amostragem espacial, sempre existir algum nvel

    de subamostragem em uma imagem digital, implicando em perda da informao geomtrica

    do universo da amostragem, j que esta representada, em ltima instncia, por pixels, ou

    seja, entidades discretas. Tal fato representado pela figura 4.3. Uma das implicaes deste

    problema, conhecido como "paradoxo da conectividade"(BALLARD & BROWN, 1982) diz

    respeito ao problema estrutural da adoo da vizinhana de um ponto. A distncia entre dois

    pontos de uma imagem de grande relevncia para muitos algoritmos de viso

    computacional. As medidas mais comuns para essa grandeza para dois pontos x(x1,y1) e

    y(x2,y2) so apresentadas na tabela 4.1. Tais distncias podem ser visualizadas na figura 4.4.

    Definidos tais padres, a adoo de um deles (ou de outros) permanece a cargo do algoritmo

    envolvido, isto , do padro que maximiza sua performance.

    Figura 4.3- Uma reta (grandeza contnua) e sua representao em um domnio discreto

    Tabela 4.1- As vrias medidas de distncia entre pontos em uma imagem digital.Nomenclatura Distncia

    Euclidiana De{x,y}= 2212

    21 }{}{ yyxx +

    Quarteiro (ou D4) Dcb{x,y}= 2121 yyxx +

    Tabuleiro de Xadrez (ou D8) Dch{x,y}= Max { },{ 2121 yyxx }

    __

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    Figura 4.4 - Contornos eqidistantes para diferentes mtricas:(a) Euclidiana (com aproximao para inteiro de nmero decimal);

    (b) D4; (c) D8.

    4.5 SEGMENTAO

    A idia da segmentao tem origem nos seres humanos que desenvolvem agrupamento

    visual baseado em caractersticas como proximidade, similaridade e continuidade. Na viso

    computacional, este processo denominado segmentao, pelo qual entende-se a extrao de

    parmetros que permitam associar regies da imagem com objetos na cena. Nesse sentido,

    busca-se dividir a imagem digital em regies disjuntas, tais que um pixel pertena apenas a

    uma das regies (GONZALEZ & WOODS, 2003).

    No processamento de imagens, o primeiro passo para a anlise de imagens a

    segmentao. A segmentao divide uma imagem de entrada em partes ou objetos

    constituintes. A sada do estgio de segmentao trabalha com os dados em forma de pixels

    (raw pixels data), correspondendo tanto fronteira de uma regio como a todos os pontos da

    mesma (GONZALEZ & WOODS, 2003).

    4.5.1. Mtodos para segmentao

    Os algoritmos de segmentao para imagens monocromticas so baseados em duas

    propriedades: a) descontinuidade e b) similaridade (GONZALEZ & WOODS, 2003).Na segmentao baseada na descontinuidade, a partio embasada em alteraes

    bruscas nos nveis da funo imagem. Tais descontinuidades em uma imagem digital so

    decorrentes de diversas situaes na cena tais como: descontinuidade da normal das

    superfcies, descontinuidade em profundidade, descontinuidade na refletncia da superfcie e

    descontinuidade de iluminao. As principais reas de interesse so a deteco de pontos

    isolados e a deteco de limiares e bordas na imagem.

    Esta informao relevante para a segmentao de imagens. Para tanto, trabalha-se

    com a deteco de pontos, linhas e bordas. Na prtica, a descontinuidade obtida por meio da

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    varredura da imagem por uma mscara. Os operadores que, atuando sobre as imagens digitais,

    visam determinar as descontinuidades nelas presentes realizando operaes entre pixels, tais

    como diferena e derivada, fornecem as bordas de uma imagem e estas so seguidas por

    deteco de fronteiras.

    J a segmentao baseada em similaridade busca agrupar regies com caractersticas

    semelhantes. Dentre as possveis caractersticas utilizveis, encontram-se a textura e as cores.

    A segmentao por similaridade utiliza-se de abordagens tradicionais que fazem uso

    de cores e dividem-se em dois grupos: a) as que fazem uso da informao topolgica da

    imagem, tais como o crescimento de regio e a diviso e agrupamento de regio (split and

    merging)e b) as que no fazem uso da informao topolgica, como o caso da imposio de

    limiares e procura de bordas (edge finding) (GONZALEZ & WOODS, 2003).

    4.5.2. A imposio de limiares

    A tcnica da imposio de limiares (thresholds) (MARQUES & VIEIRA, 1999) foi

    primeiramente adotada para a segmentao de imagens em tons de cinza e, posteriormente,

    generalizada para imagens multicromticas. Tradicionalmente, faz uso da representao da

    imagem em um espao de cores e da similaridade entre os valores dos pixels para

    agrupamento.Tratando-se de imagens monocromticas, por esta abordagem, umpixel p(x,y) em uma

    imagemf(x,y) seria classificado como pertencente a uma regio:

    R1, caso f(x,y) < T e R2, caso contrrio

    onde: T o threshold (ou limiar) para a classificao.Tradicionalmente, a aplicao dos limiares est ligada a um estudo do histograma da

    imagem, e a determinao de um nvel capaz de separar duas regies, conforme a figura 4.5.

    Figura 4.5- Determinao de limiar para histograma em tons de cinza (BALLARD &BROWN, 1982)

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    Para as imagens coloridas, o paradigma da imposio de limiares evoluiu para um

    espao multidimensional. Dada a representao das cores depixels de uma imagem em algum

    espao tridimensional, "espera-se determinar parmetros de cores para os limiares que possamprocessar a segmentao" (BALLARD & BROWN, 1982). Nesse sentido, como pode ser

    visto na figura 4.6, para pertencer a um grupo R, a representao da cor de um pixel precisa

    estar dentro dos limites das trs faixas das primrias de cores (A, B e C).

    Figura 4.6- Os limiares aplicados a um espao tridimensional de cores (BALLARD &BROWN, 1982)

    O mtodo dos limiares considerado de grande utilizao em situaes simples, mas

    bastante primitivo (BALLARD & BROWN, 1982). Normalmente, pixels bem divididos de

    um histograma, ou espao de cores, podem no estar conectados espacialmente. Outras

    situaes como a presena de rudo ou mesmo fundos de imagem que apresentam tonalidades

    variveis podem incorrer em segmentaes inapropriadas.

    Duas observaes so, portanto, importantes no contexto dos trabalhos com limiares

    aplicado ao reconhecimento de cores:a) nenhuma considerao sobre a localizao espacial do p