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JORNAL DO PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL DA ITAIPU BINACIONAL FOZ DO IGUAÇU FEVEREIRO DE 2014 Nº 25 Cultivando www.cultivandoaguaboa.com.br O compartilhamento da metodologia do Programa Cultivando Água Boa por países ibero- americanos é resultado de dois encontros realizados em Foz do Iguaçu – a 1ª Reunião Interministerial Ibero-Americana de Sustentabilidade e o 10º Encontro Ibero-Americano de Desenvolvimento Sustentável (Eima) –, que reuniram representantes de 18 países. Páginas 4 a 13 Metodologia do CAB será implantada em países ibero-americanos Encontro do CAB Mais de 4 mil pessoas participaram do evento Páginas 14 a 20 Itaipu assina acordo com catadores Objetivo é fortalecer projeto Coleta Solidária no Brasil Página 22

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Fevereiro 2014 1Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

J O R N A L D O P R O G R A M A S O C I O A M B I E N TA L D A I TA I P U B I N A C I O N A L

FOZ DO IGUAÇU – FevereIrO De 2014 – Nº 25

Cul t i vandowww.cult ivandoaguaboa.com.br

O compartilhamento da metodologia do Programa Cultivando Água Boa por países ibero-americanos é resultado de dois encontros realizados em Foz do Iguaçu – a 1ª Reunião Interministerial

Ibero-Americana de Sustentabilidade e o 10º Encontro Ibero-Americano de Desenvolvimento Sustentável (Eima) –, que reuniram representantes de 18 países. Páginas 4 a 13

Metodologia do CAB será implantada em países ibero-americanos

Encontro do CAB

Mais de 4 mil pessoas participaram do evento

Páginas 14 a 20

Itaipu assina acordo com catadores

Objetivo é fortalecer projeto Coleta Solidária no Brasil

Página 22

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 20142 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 3Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Cultivando Água Boa: além das fronteirasItaipu está completando 40 anos,

e, antes de ser uma inédita obra de engenharia, é obra de uma rica arquitetura diplomática. Essa ins-piração diplomática para pôr fim a possíveis conflitos de fronteira se transformou, algumas décadas mais tarde, numa extraordinária obra também de engenharia jurí-dica, financeira e administrativa.

É um empreendimento que se transformou num verdadeiro marco energético, gerando ener-gia de qualidade, renovável e limpa, e também um marco de desenvolvimento para os dois países, agregando iniciativas so-cioambientais, principalmente a partir de 2003, quando passou a agregar iniciativas como o Parque Tecnológico de Itaipu, Unila, pro-jeto Veículo Elétrico, gestão inte-grada do Turismo, Plataforma de

Energias Renováveis e o Programa Cultivando Água Boa.

A partir de 2003, à luz dos no-vos acontecimentos no Brasil, a Itaipu passou a ter uma atuação de empresa cidadã, valorizando as iniciativas que antecederam a nova gestão e trazendo para seu cotidiano um planejamento estratégico com um olhar volta-do para os próximos 40 anos. E com esse planejamento, Itaipu construiu objetivos estratégi-cos, num grande envolvimento do corpo funcional.

Essas mudanças atenderam ao pedido feito pelo então presiden-te Luiz Inácio Lula da Silva, que, numa reunião com presidentes das estatais, deu a eles um norte mui-to preciso: “A mil metros de vocês há pais desempregados, mães in-

quietas, meninos com fome, me-ninas se prostituindo. Sejam, além de grandes executivos, atores do desenvolvimento local, regional, atores de integração, de inclusão social e produtiva”.

Desde 2003, Itaipu se posicionou como uma empresa de vanguarda e o desafio de quem está atuando na vanguarda é manter essa pers-pectiva. É por isso que esse é um caminho sem volta, mas um cami-nho que também implica renova-ção e ampliação de horizontes.

Nos 10 anos do Programa Culti-vando Água Boa, é preciso olhar o retrovisor e sorrir pelas conquistas alcançadas com o envolvimento do corpo funcional de Itaipu, das comunidades e dos parceiros de toda a região da Bacia do Paraná 3. E esse novo jeito de caminhar jun-

Nelton Friedrich é diretor de Coordenação e Meio Ambiente

da Itaipu Binacional

ENTRE ASPAS

ÍndiceItaipu BinacionalDiretor-Geral Brasileiro:Jorge Miguel SamekDiretor de Coordenação e Meio Ambiente:Nelton Miguel FriedrichSuperintendentes:Newton Kaminski (Obras), Jair Kotz (Meio Ambiente) e Marcos Baumgartner (Planejamento e Coordenação)Assistente do diretor de Coordenação e Meio Ambiente:Pedro Irno TonelliChefe da Assessoria de Comunicação Social:Gilmar PiollaTextos:Romeu de Bruns, Stella Guimarães, Lucio Horta, Fabiane Ariello - Divisão de Imprensa da Itaipu Binacional; Ciliany Perdoná - Assessoria de Imprensa do Conselho dos Municípios Lindeiros; Carla Nascimento - Comunicação Mais.Edição:Carla NascimentoCoordenação:Claudia StellaIlustração e diagramação:Rodolfo Freitas e Robson RodriguesFotografia:Adenésio Zanella, Alexandre Marchetti, Caio Coronel, Nilton Rolin, Renato Paraschin, Rogério Resende, Assessoria de Imprensa do Governo do Rio de Janeiro e acervo da Itaipu Binacional.Impresso em agosto de 2013Tiragem:10.000 exemplaresDIRETORIA DE COORDENAÇÃOAv. Tancredo Neves, 6.731Foz do Iguaçu – PR - CEP 85.866-900Fone (45) 3520-5724 | Fax (45) 3520-6998E-mail: [email protected]

tos é fundamental para avançar e provocar mudanças. Somos todos fios de uma mesma teia da vida.

Os resultados colhidos nestes 10 anos, tanto em quantidade como em qualidade, demonstram o acerto do propósito inicial. Com erros e acertos, mas principal-mente, um grande aprendizado podemos dizer que a caminhada nos deu força, energia e está pos-sibilitando esse desdobramento para além dos limites da fronteira local: agora o CAB está ganhando o Mercosul e começa a atingir al-guns pontos da nossa América La-tina. E isso faz com que estejamos, nesse momento, vivendo um pas-so talvez inimaginável em 2003, mas a caminhada e tudo que foi sistematizado nos dizem que po-demos ir além de nossas fronteiras iniciais e podemos porque esta-

mos sendo demandados para isso.

Temos que celebrar. As cami-nhadas precisam ser festejadas quando alcançamos os objetivos ao longo do caminho. Essas no-vas demandas, tão positivas, nos apontam o caminho adiante: com inclusão social e produtiva, com o cuidado da natureza e da gente, com uma vida saudável, num pla-neta vivo e sustentável.

Encontro do CAB: crescimento e renovação 3

CAB se transforma em programa de cooperação internacional 4

CAB no semiárido brasileiro 5

O que pensam as lideranças sobre o CAB 6

Representantes de países ibero-americanos debatem relação entre água, energia e território no 10º Eima 8

“Presença de ministros é compromisso com o CAB” 9

Participação da comunidade é uma das chaves para o sucesso de projetos 10

Ações integradas, debate e participação da sociedade são pilares do desenvolvimento 11

Programas garantem cuidados com a natureza e remuneração para quem cuida do meio ambiente 12

Reunião interministerial promove troca de experiências para a sustentabilidade 13

Para Boff, CAB é exemplo de sustentabilidade 14

CAB cumpre todas as etapas da economia criativa, diz consultora da Unesco 14

Sustentabilidade também precisa contemplar relações igualitárias entre homens e mulheres 15

Atividades culturais emocionaram participantes do encontro 16

Líder do projeto carioca Favela Orgânica ensina a combater desperdício de alimentos 18

Madrinha de campanha contra a violência, Xuxa alerta: “Não denunciar também é crime” 19

Concurso das Merendeiras chega a terceira edição com novidades 20

Usinas de Yacyretá e Salto Grande implantam metodologia do CAB 21

Itaipu e Associação Nacional de Catadores definem parceria para promover projeto Coleta Solidária 22

CAB é apresentado em evento da Carta da Terra 23

BP3 é escolhida para o lançamento do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental no PR 24

Itaipu assina convênio para incentivar técnica do plantio direto nos municípios da BP3 25

Pescadores visitam Itaipu e conhecem ações para favorecer atividade pesqueira na BP3 26

Pesquisas reforçam trabalho de monitoramento da ictiofauna na região 27

Itaipu apresenta experiência do CAB no Fórum Social Mundial Temático 28

Expedição São Francisco Verdadeiro é modelo para ações nos 29 municípios da BP3 29

CAB é apresentado em Congresso de Agroecologia 30

ONG do fotógrafo Sebastião Salgado estuda parceria com Itaipu 31

RBV: cuidado com os animais e com a educação ambiental 34

Passatempo 35

CAB e PTI recebem prêmio Ozires Silva 36

Encontro do CAB: crescimento e renovação

O 10º Encontro do Programa Cultivando Água Boa (CAB) teve recorde de público, com mais de 4.300 participantes entre agri-cultores familiares, pescadores, indígenas, técnicos agrícolas, re-presentantes de cooperativas e governos municipais, além de integrantes das comunidades dos 29 municípios da Bacia do Paraná 3 (BP3) onde são desenvolvidas atividades do programa. Foram três dias de debates, aprendizados, cultura e também muita emoção. O encontro, realizado de 20 a 22 de novembro, no Centro de Con-venções do Hotel Rafain, foi pre-

Para Nelton Friedrich, a presença cada vez maior de jovens no encontro, que completou 10 anos, comprova a renovação; número de participantes mostra sua consolidação

10 ANOS

tou a “importância das ações con-juntas em todos os eixos do Culti-vando Água Boa 2013”.

Um segundo destaque, na opinião de Friedrich, está na própria te-mática do encontro - O Futuro no Presente -, relacionada ao fato de já serem realidade na BP3 muitas das atitudes e ações necessárias para salvar o planeta como a destina-ção correta do lixo, a produção de alimentos saudáveis, a promoção da mobilidade urbana e das fontes renováveis de energia, o combate ao desmatamento e à redução da biodiversidade. “As ações do pro-

cedido pelo 10º Encontro Ibero--Americano de Desenvolvimento Sustentável (Eima) e pela 1ª Reu-nião Interministerial Ibero-Ame-ricana de Sustentabilidade. Além disso, foram realizados outros quatro eventos paralelos: Fórum Nacional dos Municípios-Sede de Usina Hidrelétricas e Alagados; o 29º Encontro Paranaense de Api-cultura; o 7º Seminário de Melipo-nicultura e a 26ª Mostra de Equi-pamentos e Materiais Apícolas.

Na avaliação do diretor de Coor-denação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich, a edição 2013 do En-contro do CAB foi marcada por três fatos. Primeiro, completa dez anos ao mesmo tempo em que cresce e se renova. “É um cresci-mento qualitativo e quantitativo, em que se destaca uma presença cada vez maior de jovens. As pes-soas participam com entusiasmo e fazem do encontro uma verda-deira celebração. É um momento em que se planeja, mas também se reconhece o caminho que já foi percorrido”, avaliou Friedrich.

Um dos exemplos de renovação e participação da juventude foi a manifestação espontânea da estu-dante e cientista mirim Danyelle Thomas Maciel, de 9 anos, que decidiu promover um abaixo-as-sinado por uma moção de aplauso ao CAB. A moção foi entregue ao diretor Nelton Friedrich e ressal-

grama estão estruturadas. Não se trata de um ensaio, de um piloto.”

E, em terceiro, o diretor desta-cou a participação de 18 países (incluindo Brasil e Paraguai), que se reuniram pouco antes do CAB e permaneceram para acompa-nhar a programação do encontro. Desses, Guatemala e República Dominicana assinaram acordos bilaterais para implantar já no iní-cio de 2014 programas inspirados no Cultivando Água Boa. E outros cinco subscreveram um acordo para tornar o CAB um programa de cooperação ibero-americano.

Danyelle Thomas Maciel e a moção de aplauso ao CABLeonardo Boff: dez anos de inspiração para o CAB

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 20144 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 5Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

AGuatemala e República Dominicana serão os primeiros países a adotar a metodologia do Programa Cultivando Água Boa; Segib recebe proposta para criação de amplo programa de cooperação ibero-americano a partir do CAB

CAB se transforma em programa de cooperação in ternacional

CAB no semiárido brasileiro

A assinatura de dois acordos bilate-rais com a Guatemala e a República Dominicana marcou a abertura do 11º Encontro Cultivando Água Boa – o mais expressivo desde a primei-ra edição, em 2003. O evento lotou o centro de convenções do Hotel Ra-fain Palace, em Foz do Iguaçu, com mais de 4 mil participantes e repre-sentantes de 18 países.

Os acordos de cooperação preve-em o compartilhamento da meto-dologia do programa Cultivando Água Boa (CAB), que vem reduzin-do passivos sociais e ambientais em 29 municípios do Oeste do Paraná, com ações de ampla participação comunitária. Ambos os países de-vem dar início à implantação de seus programas no início de 2014.

Chile, Uruguai, Panamá, Colôm-bia e Espanha também manifes-taram interesse na metodologia e, juntamente com esses dois países mais o Brasil e o Paraguai, registra-ram junto à Secretaria Geral Ibero--Americana (Segib) a proposta da criação de um amplo programa de cooperação, que deverá ser con-

cretizado ao longo de 2014, com o protocolo sendo assinado em outu-bro, durante encontro de presiden-tes no México.

Esses são os principais resultados do Encontro Ibero-Americano de Desenvolvimento Sustentável (Eima 10) e da Reunião Intermi-nisterial Ibero-Americana de Sus-tentabilidade, eventos que antece-deram o Encontro do CAB

A aproximação com a Guatemala e a República Dominicana teve iní-cio em setembro de 2013, quando representantes de diversos minis-térios desses países estiveram na região para conhecer de perto os resultados dos programas socio-ambientais que compõem o CAB.

Para a vice-ministra de Desenvol-vimento Sustentável da Guatema-la, Ivanova Ancheta, o que mais chamou a atenção na iniciativa é a forma como são criados os comi-tês gestores, a partir de um proces-so de sensibilização e envolvimen-to das comunidades. “Queremos que o exemplo de responsabilida-

de socioambiental corporativa da Itaipu seja seguido por empresas de nosso país”, afirmou.

Na República Dominicana, segun-do o deputado e presidente da Co-missão de Assuntos do Mar, Pele-grin Castillo, são diversas as bacias hidrográficas que enfrentam pro-blemas semelhantes aos que foram resolvidos com ações do CAB, tais como desmatamento, assoreamen-to e poluição das águas. “Creio que o CAB é um programa

extremamente exitoso porque ser-ve, também, como um veículo de integração social e regional. Acre-dito que poderemos ter esses re-sultados se também conseguirmos envolver as comunidades na gestão dos recursos hídricos”, comentou.

Caminho certoPara o diretor-geral brasileiro da

Itaipu, Jorge Samek, esse interes-se pelo Cultivando Água Boa de-monstra que o modelo de gestão compartilhada no cuidado com o meio ambiente desenvolvido pela Itaipu está no caminho certo. “Se olharmos pelo retrovisor, vamos ver o quanto avançamos, bacia por bacia, sempre com a partici-pação de todos os setores. O Oeste

NOVO DESAFIO

do Paraná dá uma lição de como abastecer a população de alimen-tos respeitando o meio ambiente.” O diretor de Coordenação e Meio

Ambiente da Itaipu, Nelton Frie-drich, considerou a participação internacional e o expressivo nú-mero de inscritos no encontro do CAB o coroamento um trabalho de 10 anos desenvolvido na Bacia do Paraná 3 (BP3). “É a primeira vez que representantes e ministros de 18 países se reúnem para debater o assunto ‘água’”, ressaltou Friedrich. Outros países que participaram

do encontro, apesar de ainda não ter formalizado a cooperação, de-verão seguir o exemplo de Gua-temala e República Dominicana. Segundo a prefeita de San Salva-dor (capital do El Salvador), Gló-ria Calderón de Oñate, a gestão compartilhada entre empresas, municípios e agricultores é muito adequada aos países latino-ameri-canos. “Convidamos os técnicos de Itaipu para nos visitar no início de 2014 e então lançarmos o pro-grama em San Salvador”.

A metodologia do Programa Cultivando Água Boa (CAB), focada na gestão participativa, será levada para a região do semiárido brasileiro. O anúncio foi feito pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Abreu, durante a ceri-mônia de abertura do Encontro do CAB 2013. “Vamos procurar um

grande reservatório brasileiro na região do semiárido e levar a metodologia do CAB”, afirmou. “Queremos dar o exemplo de que um projeto desta natureza pode ser expandido para todo o Brasil.” Abreu, que representou

a ministra do Meio Am-biente, Izabella Teixeira,

na abertura do evento, questionou o fato de outras empresas do setor elétrico não adotarem programas semelhantes ao Cultivando Água Boa. “Vamos nos empenhar bastante para disseminar este projeto em todo terri-tório brasileiro”, concluiu.

De acordo com o ge-rente da Agência Brasi-leira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, Paulo Peixo-to, o CAB também vai integrar a carteira de programas mostrados como boas práticas no exterior. “O Brasil tem assumido o papel de protagonista na coope-ração Sul-Sul e o CAB é um excelente programa que nós não podemos manter somente por aqui”, afirmou Peixoto.

Creio que o CAB é um programa extremamente exitoso porque serve, também,

como um veículo de integração social e regional. Acredito que podemos ter esses resultados

se também conseguirmos envolver as

comunidades na gestão dos recursos

hídricos

Pellegrin Castilho, deputado e presidente

da Comissão de Assuntos do Mar da

República Dominicana

Se olharmos pelo retrovisor, vamos ver o quanto avançamos, bacia por bacia, sempre

com a participação de todos os setores

Jorge Samek, diretor-geral brasileiro de itaipu

Assinatura de acordo bilateral com a Guatemala

Assinatura de acordo bilateral com a República Dominicana

Jorge Samek: região Oeste do Paraná ensina respeito ao meio ambiente

Ministros e representantes de 18 países que participaram da 1ª Reunião Interministerial Ibero-Americana de Sustentabilidade na abertura o Encontro do CAB

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 20146 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 7Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

O quE PENSAM AS lIDERANçAS SOBRE O CAB

“Ficamos muito bem impressionados com o Programa Cultivando Água Boa e temos interesse de fazer parte desse programa de cooperação ibero-americano. Fizemos uma carta de entendimento entre o Ministério de Energia e Minas e Itaipu Binacional para poder agilizar a implantação do CAB na Guatemala. Queremos implantar o programa o mais breve possível e estamos prevendo para fevereiro a primeira visita dos especialistas de Itaipu à Guatemala com o objetivo de conhecer a realidade e oferecer capacitação. É muito importante para nós aplicar um programa que tenha uma metodologia aprovada e resultados com êxito, como podemos ver nos três dias [em setembro] em que aqui estivemos. Para a Guatemala, é importante ter uma metodologia em que possamos envolver a população nos projetos. Para o governo da Guatemala é muito importante ter insumos e cooperação internacional para obter harmonia e paz nas comunidades.

“O Programa Cultivando Água Boa é muito interessante porque consegue transformar muita ideia em realidade. Essa transformação se dá em âmbito cultural, econômico, de desenvolvimento, integrando as comunidades. É o que necessitamos todos os países que temos situações similares. E esse programa tem uma projeção importante, mostra uma forma de fazer, uma forma de desenvolvimento que permite efetivamente a integração e o convencimento de que não há oportunidade de desenvolvimento se não há distribuição de riquezas, se não há igualdade. Fizemos uma carta de apoio para transformar esse projeto em algo que nos permita cooperar entre os países do Sul. Nem todas as realidades são as mesmas, mas há problemas comuns. A sustentabilidade ambiental é a chave. Todos que somos parte do problema podemos ser parte da solução. Se não somos parte da solução, não há solução”.

ENVOlVIMENTO COMuNITÁRIO

INTEgRAçãO E COOPERAçãO

Ivanova Ancheta - vice-ministra de Desenvolvimento Sustentável da guatemala

Francisco Beltrame - ministro de Habitação, gestão Territorial e Meio Ambiente do uruguai

“O Cultivando Água Boa é um programa que pode ser adaptado pelos componentes que tem. O componente primordial é a corresponsabilidade, é a responsabilidade compartilhada, é ver como os cidadãos, com as autoridades e as ONGs, podem atuar e estabelecer sinergias para buscar sustentabilidade. Assim interpreto e assim é que vejo que posso aplicar em minha cidade. Sei que vocês têm uma grande experiência, sei que o Brasil está na vanguarda em todos os temas ambientais e é por isso que quero apostar no CAB e ver como podemos levar um programa que atraiu tanto benefício. Vejo a participação de 29 municípios e as 4 mil pessoas que estão aqui [no encontro do CAB] compartilhando com os outros e isso é algo que me enche de muita esperança para minha cidade. Creio que programas como esse trazem grande qualidade de vida para as pessoas. E nisso que nós prefeitos focamos: melhorar a qualidade de vida de nossos municípios.”

COMPARTIlHAR

glória Calderón de Oñate - prefeita de San Salvador

“Estamos muito interessados em ver o CAB replicado em outros locais do continente, especialmente, na República Dominicana. Trata-se de um programa exemplar de integração das comunidades na gestão das bacias hidrográficas e, para um país como o nosso, a experiência de integração das comunidades é muito urgente e valiosa. Oxalá se possa levar [o programa] a todo o continente porque uma de nossa maiores riquezas é precisamente a água, a água boa, e que temos de gerir eficientemente. Estamos em uma fase de conversação e o objetivo é que se conheça a realidade de nosso país e América Central e Caribe onde há muitos problemas de gestão da água. Em nosso país, temos água, mas há uma crise de gestão porque a relação do Estado com as comunidades sempre é tensa. Há muita gente excluída desse processo e um dos objetivos é que tomemos consciência de que a água é um recurso de todos, como determina nossa própria Constituição.

ÁguA SEM CRISE

Pelegrin Castilho, deputado da República Dominicana, presidente da Comissão de Assuntos do Mar

“O conceito que estão desenvolvendo aqui é um conceito integral de manejo de bacias, envolvendo, moradores, produtores, empresários e outras pessoas. Esse conceito é o que consideramos que podemos levar a todos os países latino-americanos. Penso que as experiências que estão tendo aqui

MANEjO INTEgRAl

geremias Aguilar - secretário geral da Autoridade Nacional de Ambiente do Panamá

podem ser interessantes para transferir conhecimentos e um pouco mais de tecnologia sobre o manejo das bacias hidrográficas. Assim, felicito sinceramente a Itaipu pelo que estão fazendo e, mais que tudo, pela forma com que estão fazendo isso. É importante reconhecer que é preciso um manejo de bacias de forma integral.

“Dessa aproximação, dessa conscientização, da implicação das pessoas com os problemas ambientais, acho que os europeus temos muito que aprender. A Espanha apoia o programa Cultivando Água Boa. Para nós, a água é uma questão

CONSCIêNCIA E CuIDADO

luis Benito Ruiz, conselheiro de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da Espanha para o Brasil

fundamental. A Espanha é um país que tem um ciclo de chuvas muito irregular, a água não é de muita abundância, então, o tratamento das águas tanto para agricultura quanto para o consumo com boa qualidade e a um preço acessível para todos é absolutamente fundamental. Para isso, é imprescindível que a gente tome consciência de que a água é um bem escasso e, portanto, é um bem que tem de ser valorizado. Nesse sentido, tudo que aqui se faz em relação a esse estado de conscientização é útil e interessante.

“O Programa Cultivando Água Boa me parece uma excelente iniciativa para integrar a comunidade com sua própria ideia, com seus projetos e assim poder desenvolver um projeto sustentável em harmonia com o meio ambiente. Efetivamente creio que para obter desenvolvimento

HARMONIA E INTEgRAçãO

Maria Ignacia Benítez - ministra de Meio Ambiente do Chile em novembro de 2013

com um projeto deste tipo, tão grande, se requer um modelo como o que nos foi mostrado aqui, de poder conhecer e cultivar com a comunidade uma confiança que permita uma boa convivência entre o desenvolvimento do projeto e das comunidades que estão na região.

“Acompanho o Programa Cultivando Água Boa já há bastante tempo. Entendo que esse projeto é um projeto transformador da realidade onde é implantado. O Cultivando Água Boa não é apenas um projeto de gestão de recursos hídricos. É um projeto de produção de água,

PRODuçãO SuSTENTÁVEl

Ney Maranhão - secretário de Recursos Hídricos, Brasil

de produção e consumo sustentáveis, de educação ambiental e entendo que deveria ser multiplicado no território nacional.

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 20148 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 9Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Evento, que antecedeu o Encontro do CAB, reuniu experiências e políticas de desenvolvimento sustentável de diferentes países

Representantes de países ibero-americanos debat em relação entre água, energia e território no 10º Eima

Achei o programa um excelente produto que nós, Brasil, podemos escrever na nossa carteira de excelentes experiências e boas práticas para levarmos aos nossos parceiros na cooperação técnica

Paulo Peixoto - gerente de programas e projetos especiais da Agência Brasileira de Cooperação

EIMA 2013 - DESENVOlVIMENTO SuSTENTÁVEl

Gerente da Agência Brasileira de Cooperação, Paulo Peixoto vê noCAB um excelente programa a ser levado a países parceiros

“Presença de ministros é compromisso com o CAB”

A definição do Programa Cultivando Água Boa (CAB) como um programa de cooperação ibero-americano tem o acompanhamento da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores. Paulo Pei-xoto, gerente de programas e projetos especiais da ABC, visitou em setembro, juntamente com representantes de países ibero-americanos, ações desenvolvidas pelo CAB na região e participou do 10º Encontro Ibero-Americano de Desenvolvimento Sustentável (Eima), além de acompanhar a 1ª Reunião Interministerial Ibero-Americana de Sustentabilidade. A ABC é responsável pela seleção, aprovação e coordenação de projetos de cooperação do Brasil com outros países. Aqui ele fala sobre suas impressões a respeito do Programa Cultivando Água Boa.

ENTREVISTA

A 10ª edição do Encontro Ibero--Americano sobre Desenvolvi-mento Sustentável (Eima) foi realizado nos dias 19 e 20 de no-vembro, antecedendo o Encontro do Programa Cultivando Água Boa, e reuniu cerca de 150 pesso-as de 18 países ibero-americanos (leia mais nas páginas 9 a 13).

O tema que conduziu os debates durante os dois dias do evento foi “Água, energia e território”. Ao fi-nal do evento foi registrada, junto à Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib), uma proposta de criação de

A água é um dos grandes moti-vos de conflitos entre países, mas o interesse na definição de formas pacíficas para seu uso e sobre a gestão das águas vem crescendo. “Nos últimos 50 anos, foram for-malizados mais de 300 acordos internacionais para gestão de água e estão sendo desenvolvidas polí-ticas para gestão compartilhada da água”, disse, em sua apresenta-ção o representante do Programa de Mudanças Climáticas do Pro-grama das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Rober-to Borjabad.

Ele participou da mesa redonda de abertura do 10º Encontro Ibero--Americano sobre Desenvolvimen-to Sustentável (Eima), apresentan-do um painel com dados atuais das mudanças climáticas e, em seguida, a questão da gestão da água e algu-mas ações específicas do Pnuma.

Em sua apresentação, Borjabad apontou tendências na gestão compartilhada das bacias hidro-gráficas: o incremento dos acor-dos internacionais; o desenvolvi-mento de políticas regionais para a gestão da água; o avanço na ges-tão transfronteiriça com a integra-ção de diversos setores como in-dústria, agricultura, lazer, energia e meio ambiente; e a participação

um amplo programa de cooperação entre países ibero-americanos para implantação do Programa Cultivan-do Água Boa. Assinaram o documen-to Brasil, Paraguai, Chile, Uruguai, Panamá, Colômbia, Espanha, Gua-temala e a República Dominicana – os dois últimos já assinaram também acordos bilaterais para a transferência da metodologia do CAB a seus países (leia mais na página 4).

A mesa-redonda de abertura do 10º Eima foi composta pelos diretores-gerais de Itaipu, Jorge Samek (Brasil) e James Spalding

(Paraguai) e pelo representante do Programa de Mudanças Climáti-cas do Programa das Nações Uni-das para o Meio Ambiente (PNU-MA), Roberto Borjabad.

Samek defendeu a hidroeletri-cidade, mostrando como Itai-pu produz energia de qualidade sem impactar o meio ambiente. “A área de todos os reservatórios ocupa apenas 0,04% do território brasileiro. Se isso não é ser susten-tável, não sei o que é”, defendeu.

O diretor-geral também lembrou

o recorde de produção de energia, atingido por Itaipu em 2012, e a quantidade de CO2 que seria emiti-da caso esta energia fosse produzida por carvão mineral: 88 milhões de toneladas de CO2 em um ano. Roberto Borjabad atualizou al-

gumas informações a respeito do impacto do aquecimento global na saúde do planeta, como o der-retimento das calotas polares e a subida do nível dos oceanos. “As mudanças climáticas são um fenô-meno que vai nos afetar e já está nos afetando”, resumiu.

“Somos vulneráveis e temos que escutar o que a natureza nos diz”cidadã, com a distribuição equita-tiva dos benefícios do uso da água (energia, agricultura, desenvolvi-mento econômico, saúde).

Um dos exemplos da participa-ção das comunidades em proje-tos acompanhados pelo Pnuma é a implantação das microcentrais elétricas construídas em países latino-americanos para atender pequenas comunidades rurais ain-da sem acesso à rede elétrica. “Não se implementava nenhum projeto sem haver um acordo”, diz com-pletando que os acordos contem-plavam o uso da água, benefícios do uso de energia e, um dos princi-pais aspectos, o manejo da bacia já que o futuro da microcentral elé-trica depende dos cuidados com a água. “De quê serviria instalar um projeto microelétrico que, obvia-

mente, tem um custo, se daqui a 10 anos não houver água?” Além da obtenção da energia, também foi possível melhorar a qualidade e a quantidade da água.

Em relação às mudanças climáti-cas, o Pnuma e outros organismos internacionais trabalham para que em 2015 esteja assinado um acor-do vinculante que entre em vigor em 2020 com o compromisso de evitar que o incremento da tempe-ratura média global supere 2 graus no final do século, levando em consideração a temperatura média do início do século XXI, que é de 16 graus. “Poderíamos chamar de Kyoto 2, mas vinculante, porque o acordo de Kyoto foi assinado por vários países, mas nem todos o ra-tificaram, nem todos os adotaram. E esse é o grande objetivo. Um acordo vinculante que entre em vigor em 2020.”

Para Roberto Borjabad, os re-centes eventos climáticos como o tufão Hayan, que assolou as Fili-pinas em 2013, e o furacão Sandy que atingiu a costa leste america-na em 2012, matando mais de 220 pessoas, mostram que algo preci-sa ser feito para reduzir os efeitos do aquecimento global. “São fa-tores, eventos climáticos, que nos recordam que somos vulneráveis

e temos que escutar o que a na-tureza nos diz”, afirma salientado que é “obviamente difícil” alcan-çar esse acordo. “Vai haver mui-tas negociações para ajustar os interesses dos diferentes países, legítimos em alguns casos, como as prioridades de desenvolvimen-to dos países”, destaca.

Borjabad explica que o Pnuma

iniciou em novembro as ativi-dades do Centro e Rede de Tec-nologia para o Clima (CTCN), resultado da 18ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudan-ças Climáticas, realizada em 2012. O centro, consórcio de 11 orga-nismos internacionais liderado pelo PNUMA, é uma unidade de aceleração do desenvolvimento e transferência de tecnologias rela-

cionadas ao clima e conhecimento para países em desenvolvimento. O objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa e melho-rar a resiliência às mudanças nos padrões climáticos, seca, erosão e outros impactos ambientais. “Pre-tende-se que essa cooperação não se imponha do Norte para o sul, mas que haja muitos exemplos de cooperação Sul-Sul”.

263bacias hidrográficas

transfronteiriças

73 estão na Europa e

61na América Latina

e Caribe

O senhor esteve com o grupo que visitou propriedades rurais em setembro para conhecer algumas ações do Programa Cultivando Água Boa. Qual sua impressão sobre o programa?Fiquei muito impressionado pela

abordagem ampla que o Progra-ma Cultivando Água Boa faz em vários aspectos do desenvolvi-mento sustentável e com a par-ticipação da comunidade, num papel bastante ativo, como dona de suas próprias ações e de seus próprios interesses. É um progra-ma que tem funcionado muito bem nos seus 10 anos e todas as comunidades, todos os atores, os beneficiários do programa que visitamos in loco, [mostraram] a satisfação e o reconhecimento no programa e nos seus resultados. Achei o programa um excelente produto, que nós, Brasil, pode-mos escrever na nossa carteira de excelentes experiências e boas práticas para levarmos aos países parceiros na cooperação técnica, principalmente a cooperação téc-nica Sul-Sul que abrange os países que tem problemas e soluções semelhantes à do Brasil. Por sorte o Brasil está muito avançado nes-se aspecto do desenvolvimento sustentável a partir do Cultivando Água Boa.

Como o senhor avalia a realiza-ção dessa primeira reunião inter-ministerial em Foz do Iguaçu? Essa reunião com ministros e

secretários de Estado é um passo muito significativo, mostrando a confirmação daquilo que foi visto em setembro. E uma confirmação com um passo adiante, de compro-misso. A presença dos ministros aqui já é um compromisso, há um interesse em, efetivamente, levar essa experiência brasileira para seus

países, ao mesmo tempo mostrando as políticas de cada um e onde há convergência com o que estamos fazendo aqui no tema do desenvol-vimento sustentável, no âmbito do Programa Cultivando Água Boa.

Existe um período para a efetiva-ção do programa de colaboração... Percebo duas vertentes diante dos

interesses dos países na experiên-cia brasileira do Cultivando Água Boa. Há países que querem levar as experiências hoje e isso poderia se caracterizar num programa de cooperação bilateral. No âmbito da cooperação ibero-americana, há um processo de maturação de discussão de todos os países. Os representantes vão levar as experi-ências aos seus países, fazer as suas reflexões, identificar as demandas específicas e trazer de volta para que, em conjunto, discutam um programa que atenda aos inte-resses de todos os países naquele documento. Em termos de apro-

vação, teremos em julho de 2014 a primeira reunião dos responsáveis de cooperação, das pessoas que co-ordenam toda a cooperação nos 22 países que participam da Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib). Essa reunião vai preparar e aprovar o programa que será levado para a cúpula de presidentes e chefes de estado que deverá ocorrer no Mé-xico, em outubro. Mas até chegar a isso, haverá um trabalho muito intenso de todos os participantes do programa, as definições em cada país dos compromissos e dos interesses, inclusive compromissos financeiros, para custear as ações de sua participação no projeto. Isso também por parte da Itaipu por-que é necessário identificar uma unidade coordenadora do projeto. É um país que vai coordenar um projeto em todos os países. E aí eu imagino que a Itaipu deva fazer uma reflexão bastante profunda para que, quando se desenhar o projeto, isso já esteja definido.

Borjabad: acordo vinculante é grande desafio até 2015

Samek: produção de energia sem impactar o meio ambiente

Page 6: Metodologia do CAB será implantada em países …...29 municípios da Bacia do Paraná 3 (BP3) onde são desenvolvidas atividades do programa. Foram três dias de debates, aprendizados,

Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201410 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 11Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Exemplos apresentados por lideranças ibero-americanas durante debates no 10º Eima destacam a importância do envolvimento das comunidades nas decisões e definição de atividades

Participação da comunidade é uma das chaves para o sucesso de projetos

A gestão local da água, da ener-gia e do território e a importância dos governos locais e regionais na definição da futura agenda global também foram temas de debates durante o 10º Encontro Ibero--Americano sobre Desenvolvimen-to Sustentável. Representantes do Brasil, Argentina, Espanha, Bolívia e El Salvador apresentaram exem-plos do que vem sendo realizado para garantir acesso à água, produ-ção de energia e desenvolvimento. Glória Calderon de Oñate, prefei-

ta da cidade de San Salvador, capi-tal de El Salvador, país da América Central, apresentou projetos im-plantados no município voltados para o cuidado com o meio am-biente e a água. Ela ressalvou que em seu país, o manejo das águas e a questão energética são centraliza-dos pelo governo federal e que os municípios pouco podem fazer em relação a essas questões, mas que, ainda assim é possível atuar.

Uma das ações locais desenvolvi-das por sua administração foi criar um personagem de desenho para ajudar a educar as novas gerações a respeito do manejo adequado do lixo e sobre a importância de não se jogar dejetos nas ruas, que acabam sempre nas águas de rios e córregos. Em outra frente, a administração local conta com a Força-Verde, for-mada por jovens voluntários que atuam em campanhas pelo reflo-restamento da cidade.

A prefeitura salvadorenha também estimula o empreendedorismo de seus cidadãos e investe na edu-cação ambiental das pessoas que trabalham nas ruas – em San Salva-dor há muitos trabalhadores nessa situação. “Não podemos chamar desenvolvimento econômico se não tivermos um desenvolvimento econômico sustentado e susten-tável, criando oportunidades para todos”, disse.

Outro exemplo de gestão muni-cipal foi apresentado pelo prefeito de Santa Helena, Jucerlei Sotoriva,

que destacou a importância das parcerias e da gestão compartilha-da. “Chamamos a sociedade para participar das ações do governo, do que vai ser feito com o orçamento arrecadado. O Brasil vive um mo-mento diferente com muita força para os movimentos sociais”, dis-se Sotoriva. Santa Helena tem 149 ações de gestão compartilhada a serem desenvolvidas até 2017.

Segundo ele, a parceria com Itai-pu foi importante para a definição das ações que hoje estão sendo de-senvolvidas no município, como a conservação de solo e a coleta se-letiva de lixo. “A única forma de desenvolver um município é bus-cando parcerias.”

colaboraçãoEnrique Ruiz Escudero, vice-con-

selheiro de Meio Ambiente e Or-denação de Território da Comuni-dade de Madri, também destacou a importância da participação po-pular na administração dos muni-cípios. Segundo ele, a gestão cola-borativa entre os setores público e privado também é fundamental

para manter o crescimento equili-brado e com qualidade de vida.

Em Sucre, na Bolívia, um dos grandes desafios é garantir o abastecimento de água, implan-tar serviço de esgoto, gás natural e energia elétrica para toda a po-pulação até 2018, como mostrou o diretor de Meio Ambiente do Governo Autônomo Municipal de Sucre, Gonzalo Orosco. Se-gundo ele, em 2001, a cobertura de água potável no município era de 85,40% e a da rede de esgoto de 71,90%. A ampliação desses serviços já está em andamento. No setor elétrico, a administra-ção vem investindo na instalação de painéis de energia solar.

FronteirasA gestão compartilhada de bacias

hidrográficas foi o tema apresenta-do pelo subsecretário de Recursos Hídricos da Argentina, Gustavo Villa Uría, que destacou as relações entre Brasil e Argentina e a implan-tação do Sistema de Informação e Alerta Hidrológico da Bacia do Prata (que abrange Brasil, Argenti-

na, Paraguai, Bolívia e Urtuguai). O sistema trabalha com informações do regime de chuvas nas diferentes regiões ao longo do Rio Paraná, permitindo alertar as populações das cidades argentinas sobre o ní-vel da água e possíveis enchentes. “O Brasil e a Argentina estão mais juntos do que nunca o que permitiu avançar sobre uma série de traba-lhos”, afirmou.

Terceiro setorParcerias e gestão compartilhada

também são o foco de atuação da ONG internacional The Nature Conservancy. Claudio Klemz, espe-cialista em conservação e responsá-vel pela coordenação de articulação de projetos da ONG, explicou que um dos principais projetos da en-tidade é a criação de 32 fundos de água na América Latina até 2016. O conceito dos fundos de água gira em torno da gestão do território, da identificação dos demandantes dos serviços ambientais e poten-ciais parceiros. Hoje, a ONG tem projetos implantados no Equador, Colômbia, Peru, República Domi-nicana, México e Brasil.

EIMA 2013 - gESTãO lOCAl

Chamamos a sociedade para participar das ações do governo, do que vai ser feito com o orçamento arrecadado. O Brasil vive um momento diferente com muita força para os movimentos sociaisJucerlei Sotoriva,prefeito de Santa Helena

Enrique Escudero: colaboração entre setor público e privado é fundamental para o crescimento equilibrado

Ações integradas, debate e participação da sociedade são pilares do desenvolvimentoOpinião é do presidente da Rede Internacional de Organismos de Bacia, Lupércio Ziroldo, qUe vê a água como questão central

Em áreas como saúde, agricultura e energia a água não deve ser tra-tada como questão periférica, mas central e integrada. “Todas essas áreas têm a água como tópico e ela é tratada muitas vezes de for-ma periférica quando é a vertente que liga todos os segmentos”, de-fende o presidente da Rede Inter-nacional de Organismos de Bacia (Riob), Lupércio Ziroldo, que par-ticipou da mesa de debates “Água, energia e território, elementos básicos para a cooperação e de-senvolvimento”, no 10º Encontro Ibero-Americano sobre Desen-volvimento Sustentável. “Existem inúmeras alternativas energéticas, no entanto, não há alternativa ne-nhuma para a água”, destacou.

Segundo ele, o Brasil tem perto de 280 organismos de bacia insta-lados num envolvimento aproxi-mado de 90 mil pessoas. “São 90 mil pessoas pensando em quali-dade, quantidade e preservação dos nossos rios, córregos, no não desperdício, no uso racional, mas é muito pouco”, conclui, salien-tando que, ainda assim, o Brasil é pioneiro nesse segmento uma vez

que no mundo todo há apenas 500 organismos de bacias.

Ele lembra que existe muito tra-balho pela frente já que no Brasil apenas 24% do esgoto é tratado. “É um paradoxo num país que de-tém 12% a 13% da água doce. O trabalho é intenso, mas entende-mos que somente através do forta-lecimento desses colegiados, des-ses organismos de bacia onde toda a sociedade estabelece cooperação é que poderemos ter avanços.”

Para ele, o desenvolvimento tem três pilares: o processo de debate e participação da sociedade, hoje cada vez mais organizada; ações integradas, onde todos os atores do território estejam envolvidos nas decisões que forem tomadas; e a possibilidade de replicação dos projetos. “Com um processo de debate intenso, com comunicação, informação e ações que possam in-tegrar os vários atores e com essas experiências exitosas replicadas, nós teremos um verdadeiro pro-cesso de preservação da vida.”

A Riob, diz Ziroldo, atua forte-

EIMA 2013 - COOPERAçãO

mente na comunicação e na in-formação para que os bons resul-tados e os exemplos sejam a base para uma gestão compartilhada e participativa das águas no Brasil.

Também participaram da mesa Germán García da Rosa, diretor

do Escritório de Representação da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib) para o Brasil; Felipe Ma-tias, secretário executivo da Rede de Aquicultura das Américas, um Programa da Organização das Na-ções Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO); Romélia Mo-

reira de Souza e Kilmara Ramos da Cruz Rodrigues representantes do Instituto Interamericano de Coo-peração para a Agricultura (IICA) e Norman de Paula Arruda Filho, presidente do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas..

Uma das possibilidades de desenvolvimento dos territórios, aliando o combate à fome e à pobreza, é a aquicultura. “A FAO vê na aquicultura uma grande ferramenta de produção de alimentos contra a fome e con-tra a pobreza”, disse Felipe Matias, representante da FAO e responsável pela Rede de Aquicultura das Américas, estabelecida no continente em 2010 e que tem a adesão formalizada de 15 países. “A piscicultura pode ser uma grande ferramenta porque não consome a água, ela usa a água.”

O consumo de pescado foi recorde em 2011 com mais de 18 kg por habitante e 2013 deve se consolidar como o primeiro ano em que as pessoas consumiram mais pescado cultivado do que capturado. A pesca foi responsável por 51% da produção e a aquicultura por quase 49%. Segundo ele, esse dado é representativo porque há 20 anos essa proporção era de 97% para a pesca e 3% para a aquicultura. “E, para surpresa de alguns, em 2011 o pescado cultivado atingiu 66 milhões de toneladas, enquanto a carne bovina 63 milhões de toneladas. Ou seja, o pescado é a produção de proteína de origem animal de maior impor-tância em nível mundial.”

Mas, segundo Matias, mesmo com os bons resultados ainda é preciso estimular o consumo de pescado. “Na América Latina há recomenda-

Aquicultura alia combate à fome e à pobreza com desenvolvimentoção médica de se consumir, pelo menos, 12 kg de pescado por ano. O consumo médio é de 9 kg. Há um déficit de 3 kg por habitante/ano. Numa população estimada de 570 milhões de habitantes nós teríamos que produzir 1,7 milhão de toneladas a mais”, explicou. Atualmente se produz 1,9 milhão de tonelada. “Praticamente temos de duplicar a produção de pescado na América Latina só para atender o mínimo da recomendação médica.”

Para ele, o desafio está na forma de produção. “Tecnicamente nós sabemos como produ-zir pescado, mas não é somente a parte técnica. Temos de estar preo-cupados com a forma”, ponderou lembrando que o ideal é produzir com inserção social, res-ponsabilidade ambiental e de forma sustentável.

Ziroldo: “Existem inúmeras alternativas energéticas, no entanto, não há alternativa nenhuma para a água”

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201412 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 13Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Programas garantem cuidados com a natureza eremuneração para quem cuida do meio ambiente

É indispensável que as empresas invistam na restauração e conser-vação dos recursos naturais. “Mas é preciso que os conhecimentos produzidos a partir dessas práticas sejam compartilhados com toda a sociedade”, apontou Claudia Lucía Álvarez Tobón, diretora ambiental da Isagen, durante sua participação no 10º Eima. Essa foi uma das lições aprendidas pela Isagen, empresa responsável por seis centrais de ge-ração de energia na Colômbia, na condução de projetos ambientais.

Em sua apresentação, durante a mesa-redonda Gestão Empresarial e Capital Natural, ela ressaltou o tra-balho de monitoramento da flora, fauna e solo realizado pela Isagen. Segundo ela, um dos principais re-sultados desse trabalho foi a desco-berta de duas novas espécies de rãs.

Entre as ações da empresa colom-biana voltadas à biodiversidade, estão a restauração e conservação de bacias e microbacias com reflo-restamento e saneamento básico; educação ambiental e divulgação de informações científicas; alterna-tivas de uso e manejo sustentável de bosques, com apicultura, artesa-natos e outras atividades; promo-ção e desenvolvimento de práticas agroecológicas; apoio à reabilitação da fauna silvestre; e conservação de áreas protegidas.

Segundo ela, práticas responsáveis podem ir muito além dos benefí-

cios ecológicos, obtendo também resultados econômicos e sociais.

Produtor de águaEm outro momento dos debates,

o gerente de Uso Sustentável de Água e Solo, da Agência Nacional de Águas (ANA), Devanir Garcia dos Santos, apresentou o Progra-ma Produtor de Água, que prevê o pagamento para produtores rurais que desenvolvem práticas respon-sáveis para a conservação da na-tureza. “É uma política recente e inovadora”, afirmou. A ANA parte

do princípio segundo o qual, ao contribuir para o meio ambiente, o produtor rural está prestando um serviço a todos os usuários da bacia hidrográfica e, por isso, deve rece-ber pelo trabalho.

O programa prevê pagamentos dos serviços ambientais, benefi-ciando, principalmente, produto-res rurais que contribuem para a redução efetiva da erosão e da se-dimentação e auxiliam o aumento da infiltração da água no solo por meio de práticas de conservação e cobertura vegetal.

Os produtores rurais interessa-dos em receber pelas práticas con-servacionistas podem apresentar projetos com metas que serão ve-rificadas e certificadas por equipes técnicas. Entre as ações estão a construção de terraços e bacias de infiltração, readequação de estra-das, recuperação e proteção de nas-centes, reflorestamento. A deman-da por projetos também pode vir de prefeituras, comitês de bacias e ONGs. Os custos do programa são compartilhados entre União, Esta-dos, prefeituras, empresas de sane-amento e energia e ONGs.

Em novembro, estavam em an-

damento 20 projetos, envolvendo 7 mananciais de capitais (SP, RJ, DF, TO, MS, GO e AC) e com uma população impactada de 30 milhões de pessoas.

Os números apresentados por Santos mostram uma evolução sig-nificativa do programa a partir de 2010. Naquele ano, participavam do programa 237 produtores, no ano seguinte eram 469 e 1.016 em 2012. Em relação à área coberta, em 2010 eram 3.272 hectares que passaram a 31.529 hectares em 2012, com investimentos que salta-ram de R$ 1,9 milhão para R$ 27 milhões nesse período. Também participaram da mesa

de debates Fernando Souto dos Santos, gerente do Departamento de Proteção Ambiental da Itai-pu Binacional; Juan Carlos Or-tega, gerente de Habitação Rural do Banco Agrário da Colômbia; Valentin Alfaya, diretor de Meio Ambiente da empresa espanhola Ferrovial; e Anibal Rodrigues Sil-va, gerente da Divisão de Análise e Gestão Ambiental da Eletrobras. A mesa foi moderada por Mariano Gonzales, diretor de Qualidade e Avaliação Ambiental da Comuni-dade de Madri, Espanha.

EIMA 2013 - gESTãO EMPRESARIAl

Práticas desenvolvidas na Colômbia e no Brasil mostram bons resultados ambientais e cooperação com a sociedade

É preciso que os conhecimentos produzidos a partir dessas práticas [sustentáveis] sejam compartilhados com toda a sociedade

Claudia Lucía Álvarez Tobón, diretora ambiental da Isagen

É uma política recente e inovadora

Devanir Garcia dos Santos - gerente de Uso Sustentável de

Água e Solo, da Agência Nacional de Águas (ANA), ao prever o pagamento para produtores

rurais que desenvolvem práticas responsáveis para a

conservação da natureza

Claudia Tobón: práticas responsáveis, além de benefícios ecológicos, trazem resultados econômicos e sociais

Reunião interministerial promove troca de experiências para a sustentabilidade

Representantes de 18 países e da Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib) participaram em Foz do Iguaçu, da primeira reunião In-terministerial Ibero-americana de Sustentabilidade, realizada em 20 de novembro.

No encontro, foram apresenta-das as políticas públicas de cada país para os temas água, energia e território e exemplos de ações em desenvolvimento. Também foi as-sinado pedido junto à Segib para tornar o Programa Cultivando Água Boa (CAB) um amplo pro-

grama de cooperação ibero-ameri-cano (leia mais na página 4).

Após a reunião da manhã, os re-presentantes ibero-americanos fi-zeram uma visita à Usina de Itaipu. Na usina, o grupo assistiu a apre-

sentações do diretor-superinten-dente do Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), sobre o parque, e do diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Frie-drich, sobre o CAB. Em seguida, o grupo participou da cerimônia de abertura do Encontro do CAB.

PARCERIA INTERNACIONAl

• Maria Ignacia Bení-tez, ministra de Meio Ambiente do Chile

• Francisco Beltrame, mi-nistro de Habitação, Gestão Territorial e Meio Ambiente do Uruguai

• Pelegrin Castillo, deputado e presidente da Comis-são de Assuntos do Mar, República Dominicana

• Ivanova Ancheta, vice-mi-nistra de Desenvolvimento Sustentável da Guatemala

• Augusto Flores, assessor de Assuntos de Meio Am-biente da Presidência da República da Nicarágua

• Geremías Aguilar, secre-tário geral do Ministério

do Ambiente do Panamá• Ney Maranhão, secretário

de Recursos Hídricos, Brasil• Sofia Beatriz Vera Ga-

ete, diretora geral de Proteção e Conservação de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Am-biente do Paraguai

• Luis Espinosa, diretor geral de Águas de Honduras

• Juan Narciso, dire-tor geral de qualidade ambiental do Peru

• Juan Carlos Soria, sub-secretário de Qualidade Ambiental do Equador

• Juan Carlos Ortega, geren-te de Habitação Rural do Banco Agrário da Colômbia

• Luis Benito Ruiz, conselhei-ro de Agricultura, Alimen-tação e Meio Ambiente da Espanha para o Brasil

• Andrés Rodriguez, diretor nacional de Proteção e Conservação dos Recursos Hídricos da Argentina

• Alfonso Herrera, dire-tor setorial de Ener-gia da Costa Rica

• Oscar Wilson Céspedes Montaño, diretor geral de Bacias e Recursos Hídricos da Bolívia

• Germán Garcia da Rosa, diretor do escritório de Representação da Secretaria Geral Ibero--Americana para o Brasil

A primeira reunião Interministerial Ibero-americana de Sustentabilidade teve

representantes de 18 países

Participantes da Reunião Interministerial Ibero-Americana:

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201414 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 15Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

CAB cumpre todas as etapas da economia criativa, diz consultora da unesco

A colaboração em rede é o eixo central para a sustentabilidade e o Programa Cul-tivando Água Boa (CAB) cumpre bem esse papel na região da Bacia do Paraná 3. A análise é de Lala Deheinzelin, consultora da Unesco, que participou da mesa de de-bate Diálogos para Sustentabilidade.

Para a consultora, o CAB acerta ao cumprir as quatro dimensões da sustentabilidade: social, financeira, ambiental e cultural. Nes-te contexto, o programa consegue atingir também os “oito Cs”, defendidos por Lala como ferramentas de economia criativa: co-laborar, celebrar, creditar, circular, conectar, cuidar, conhecer e comunicar. No CAB, os “oito Cs” estão presentes desde a produção dos orgânicos à proteção das microbacias.

“Tudo isso pode ser observado em vocês, neste projeto da Itaipu”, disse aos parti-cipantes do encontro. “Precisamos com-binar processos colaborativos em rede e ampliar nossa noção de riqueza para além

Para Boff, CAB é exemplo de sustentabilidade

O teólogo Leonardo Boff endos-sou o desapontamento de diversas organizações não-governamentais (ONGs) a respeito dos resultados da Conferência Mundial sobre o Clima, realizada em Varsóvia, na Polônia. Boff participou da mesa redonda “Diálogos para Susten-tabilidade”, realizada no dia 21 de novembro, durante o encontro do Programa Cultivando Água Boa (CAB), mesmo dia em que ONGs como o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e o Greenpeace anunciaram a saída da conferên-cia de Varsóvia – a conferência foi realizada de 11 a 23 de novembro. “Lá não há nenhuma perspecti-va de consenso. O presente não oferece nenhum futuro”, afirmou referindo-se ao tema do encontro – O futuro no presente –, antes de citar o Cultivando Água Boa como um contraponto otimista para a sustentabilidade. “Deveriam se es-pelhar no CAB”, disse.

Ele lembrou que a secretária--executiva da ONU para o clima, Christiana Figueres, chegou a chorar durante entrevista coleti-va antes do início da convenção em Varsóvia, ao dizer que quase nenhum país do mundo está co-laborando com ações para salvar o planeta, como a criação de um fundo monetário para ajuda aos países pobres.

“Vocês estão reinventando o futuro. Ele não será aquele [da conferência] se repetindo aqui. É um futuro recriado a partir da referência de vocês. Este sim gera a esperança e a sustenta-bilidade”, declarou Boff para a plateia que participava dos deba-tes durante o encontro do CAB. “A crise deles [Estados Unidos e Europa] é que eles não têm mais futuro, não têm mais sonho, não têm mais alegria e tudo que fa-zem é só mais do mesmo.”

Ainda segundo o teólogo, não se deve falar em desenvolvimento sustentável, mas em modo de vida sustentável, a partir de uma pers-pectiva local, regional e global. Cândido Grzybowski, diretor

do Instituto Brasileiro de Análi-ses Sociais (Ibase), e Norman de Paula Arruda Filho, presidente do Instituto Superior de Administra-ção e Economia, da Fundação Ge-tulio Vargas, antecederam Boff na mesa redonda. O diretor de Coordenação e Meio

Ambiente de Itaipu, Nelton Frie-drich; a consultora da Unesco, Lala Deheinzelin (leia mais nesta página); e o presidente do Con-selho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, Jucerlei Sotoriva, também compuseram a mesa, coordenada pelo superintendente de Gestão Ambiental de Itaipu, Jair Kotz.

ENCONTRO DO CAB - DIÁlOgOS

Não se deve falar em desenvolvimento sustentável, mas em modo de vida sustentável, a partir de uma perspectiva local, regional e global, afirma teólogo, que criticou resultados da Conferência Mundial sobre o Clima

Vocês estão reinventando o futuro. É um futuro recriado a partir da

referência de vocês. Este sim gera a esperança e a sustentabilidade

Leonardo Boff - teólogo

do patrimônio tangível”, completou.

E como superar esse desafio? Para ela, em qualquer projeto de economia criativa, o primeiro passo é a avaliação do futuro dese-jado. Depois, deve-se fazer um mapeamento de todos os recursos: dos tangíveis – como o dinheiro disponível – aos intangíveis – como o conhecimento dos envolvidos na iniciativa.

É nessa fase, segundo a consultora, que uma boa surpresa acontece. Geralmente, os re-cursos já estão dispostos e precisam apenas ser articulados. “Hoje já temos ferramentas para isso, que são as novas tecnologias.”

Experiências como o AirBNB, plataforma on--line que permite aos proprietários alugar seus imóveis para temporadas, é um bom exem-plo de economia criativa. “Sem gastar nada a mais, porque a estrutura era pré-existente, o AirBNB criou o maior hotel do mundo, com uma reserva feita a cada dois minutos e mais de 10 milhões de noites reservadas”, afirmou.

Sustentabilidade também precisa contemplar relações igualitárias entre homens e mulheres

As relações igualitárias entre ho-mens e mulheres também inte-gram os preceitos da sustentabi-lidade, modelo baseado em uma sociedade justa, ecologicamente correta e de economia viável. Para mostrar como a falta de equilí-brio afeta ao menos um desses pilares, a diretora financeira de Itaipu, Margaret Groff, apresen-tou o programa de equidade de gênero desenvolvido há dez anos pela Itaipu, durante o Encontro do Cultivando Água Boa.

ativista e consultora de Itaipu desde o início do programa. “No começo, parecia que tínhamos um trabalho quase impossível em uma empresa patriarcal. Hoje, com tudo o que foi feito nos últimos anos, Itaipu se tornou referência em equidade de gênero.”

Durante a apresentação foram homenageadas 13 mulheres da Bacia do Paraná 3 (BP3) que tra-balham e lideram diversas ações desenvolvidas por Itaipu.

ENCONTRO DO CAB - EquIDADE

A equidade de gênero é um desafio tanto no ambiente empresarial como nas atividades rurais, diz diretora de Itaipu

Se na Itaipu há desafios como ampliar a participação feminina no quadro de empregados, disse Margareth, no trabalho rural a desigualdade é reforçada por este-reótipos: no campo, é comum en-carar o trabalho do homem como “pesado” e, o da mulher, como serviço “leve”. “É dentro da vida afetiva que podemos construir uma sociedade melhor. Temos que reaproximar o mundo femini-no do masculino, nas relações de trabalho e no ambiente familiar”,

disse Margaret Groff.

A diretora também apresentou o Prêmio WEPs Brasil 2014 – Empre-sas Empoderando Mulheres, pro-movido pela Itaipu Binacional para reconhecer outras instituições, das pequenas às grandes, que também sem preocupam com o tema.

“Uma empresa que quer ser sus-tentável precisa também ser sus-tentável na relação entre homens e mulheres”, disse Moema Viezzer,

Temos que reaproximar o

mundo feminino do masculino, nas

relações de trabalho e no ambiente familiar

Margaret Groff - diretora financeira de Itaipu

uma empresa que quer ser sustentável

precisa também ser sustentável na relação entre

homens e mulheres Moema Viezzer - ativista

e consultora

Algumas das mulheres da BP3 homenageadas por sua liderança: Aurora Correia, Guiomar Neves, Carmelícia Chamorro, Viviane Mertig, Norma Hofstaetter, Rosani Borba, Loeci Coletto, Silvana Vitorassi, Delmira de Almeida Peres, Marlene Curtis, Roseli Motter

Algumas das mulheres da BP3 homenageadas por sua liderança: Aurora Correia, Guiomar Neves, Carmelícia Chamorro, Viviane Mertig, Norma Hofstaetter, Rosani Borba, Loeci Coletto, Silvana Vitorassi, Delmira de Almeida Peres, Marlene Curtis, Roseli Motter

Page 9: Metodologia do CAB será implantada em países …...29 municípios da Bacia do Paraná 3 (BP3) onde são desenvolvidas atividades do programa. Foram três dias de debates, aprendizados,

Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201416 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 17Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Atividades culturais emocionaram participantes do encontro

ENCONTRO DO CAB - DIVERSãO E ARTE

Durante os três dias do evento, houve diversas apresentações de canto, dança e teatro preparadas por moradores da BP3

As atividades culturais, protagoni-zada por moradores da região da Ba-cia do Paraná 3, estiveram presentes em toda a programação do Encontro do Programa Cultivando Água Boa.

A abertura oficial teve apresentação do grupo de ginástica rítmica de To-

ledo e da Orquestra de Viola e Viola de Arame, numa festa que emocio-nou a todos. O encontro foi encer-rado com convidados especiais, um presente para todos os participantes: Adriana Calcanhoto e Rodrigo Pitta.

O 2º Festival das Águas com dis-

putas em duas categorias, sertanejo e popular, também animou os parti-cipantes do encontro. Seis músicas, escolhidas em fases anteriores, dis-putaram os prêmios, com distribui-ção total de R$ 13 mil. Em primeiro lugar na categoria popular ficou Emanuele Zanesco, de Matelândia,

com a música “Sol Cataratas” e na categoria sertanejo o campeão foi Rafael Thiago, de Foz do Iguaçu, com a música “O meu lugar”.

Confira nestas páginas alguns momentos culturais do Encon-tro do CAB.

As ginastas de Toledo (ao lado e acima) encantaram a todos na abertura do Encontro do CAB

Adriana Calcanhoto fez o encerramento

do Encontro do CAB: público cantou junto

No Festival das Águas (abaixo), cantores de todas as idades marcaram presença

Integrantes do grupo Melhor Idade, de Santa Terezinha de Itaipu (ao lado) e músicos da Orquestra de Viola e Viola de Arame, de Cascavel (abaixo)

Acima, apresentação das ginastas de Toledo; ao lado, Emanuele Zanesco recebe prêmio

Rafael Thiago recebe prêmio

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201418 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 19Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

líder do projeto carioca Favela Orgânica ensina a combater o desperdício de alimentos

Entre as diversas oficinas pro-movidas durante o Encontro do Programa Cultivando Água Boa, uma em especial cativou os pre-sentes: a de Gastronomia Alter-nativa, conduzida pela líder do projeto Favela Orgânica, do Rio de Janeiro, Regina Tchelly.

Na oficina, merendeiras de diver-

sas cidades da Bacia do Paraná 3 aprenderam receitas focadas no reaproveitamento de alimentos orgânicos, conceito adotado pelo Favela Orgânica.

O projeto surgiu em 2011, nas co-munidades da Babilônia e Chapéu Mangueira, na zona Sul do Rio de Janeiro. O objetivo é ensinar o

Brasil ensinando as pessoas a ampliar sua visão e a valorizar os alimentos, com técnicas e receitas simples que reaproveitam cascas, sementes e talos. O que costuma ser descartado pelas pessoas na hora de consumir é o que geral-mente possui a maior fonte de nu-trientes, segundo Regina.

A líder do Favela Orgânica lem-brou de quando chegou ao Rio de Janeiro, vinda da Paraíba, e viu o desperdício de alimentos. Isso a motivou, anos mais tarde, a iniciar seu projeto. “Quando che-guei ao Rio fui trabalhar como empregada doméstica e, na hora de frequentar a feira, via a gran-de quantidade de alimentos sen-do desperdiçados. Lá na Paraíba a cultura é aproveitar o máximo que a gente puder dos alimentos.”

Precisamos mudar a mentalidade do consumidor, fazer com que a

relação dele com o alimento seja de maneira total e sem desperdícios

Regina Tchelly coordenadora do projeto Favela Orgânica

ENCONTRO DO CAB - gASTRONOMIA

Merendeiras da BP3 receberam dicas de como aproveitar totalmente os alimentos, incluindo talos e cascas nas refeições

Depois de conversar animada-mente com as participantes da oficina, contando sua história e ensinando como a vida das pesso-as pode ser mudada com atitudes simples, Regina Tchelly fez todo mundo “botar a mão na massa”.

Munidas de facas, tábuas e va-silhas, as merendeiras apren-deram como fazer uma farofa aproveitando as folhas e talos de couve. “É vocês quem vão ter de fazer, eu só vou ensinar. Se não fizer, não aprende. Comigo é as-sim, todo mundo tem de fazer a receita”, foi explicando Regina, enquanto chamava as participan-tes para perto da mesa. Ao final, todas se surpreenderam com o sabor, a facilidade da receita e, sobretudo, como é possível apro-veitar todo o alimento.

aproveitamento total dos alimen-tos. “Precisamos mudar a menta-lidade do consumidor, fazer com que a relação dele com o alimento seja de maneira total e sem desper-dícios”, disse Regina, no começo da conversa descontraída que teve com os mais de 25 participantes.

O Favela Orgânica já rodou o

Merendeiras aprendem a receita de farofa com talos de couve: aproveitamento total dos alimentos

Madrinha de campanha contra violência, Xuxa alerta: “Não denunciar também é crime”

A apresentadora Maria da Gra-ça Xuxa Meneghel, presidente da Fundação Xuxa Meneghel, assi-nou, durante o Encontro do Pro-grama Cultivando Água Boa, o termo de adesão à Campanha Tri-nacional de Combate a Violência Infantojuvenil, que reúne entida-des públicas e privadas do Brasil, Paraguai e Argentina.

Indicada para ser “madrinha” da campanha, Xuxa e os diretores-ge-rais de Itaipu, Jorge Samek (Brasil) e James Spalding (Paraguai), também assinaram um protocolo de inten-ções para a implantação da meto-dologia do Projeto Brasil +Criança, desenvolvido pela Fundação Xuxa Meneghel, nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3 (BP3).

“Se você vir alguma coisa errada acontecendo, tem que denunciar. Porque se é crime explorar uma criança ou um jovem sexualmen-te, é crime também não denun-ciar”, afirmou a apresentadora.

Milhares de participantes do En-contro do CAB saudaram a pre-sença de Xuxa no local, que fez questão de retribuir com men-sagens em espanhol, português e até em guarani.

“Eu me proponho não apenas a emprestar minha imagem e o meu nome, mas fazer o que for neces-sário para ajudar a campanha. Porque é obrigação de todos pro-teger quem não pode se proteger”, disse a apresentadora.

A campanhaA campanha trinacional prevê,

entre outras iniciativas, a divulga-ção de peças publicitárias – como spots de rádio, banners e cartazes, com ênfase em quatro segmentos: mídia, transporte, turismo e edu-cação. Outra ação prevista é a pro-dução de guias de referência para jornalistas, educadores e para as próprias crianças. Xuxa destacou a importância

de se divulgar canais de denún-cias (como o Disque 100 da Se-cretaria de Direitos Humanos

da Presidência da República), de preferência estabelecendo um nú-mero padrão para os três países. A apresentadora salientou ainda que a campanha deve estimular a participação e esclarecer o caráter sigiloso das denúncias.

Ao final, a apresentadora agra-deceu o convite e citou o diretor--geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, ao falar do desafio de transformar a realidade dos jo-vens trabalhando em parceria. “Eu aprendi com o Samek que a gente tem que sonhar grande, começar pequeno e andar rápido. Mas, para chegar rápido, e chegar ao lugar que a gente quer, não pode-mos andar sozinhos.”

ParticipaçãoJorge Samek agradeceu o empe-

nho da apresentadora em refor-

çar a campanha e destacou que a América do Sul, tão rica em re-cursos naturais, não pode mais conviver com o turismo sexual e a exploração de jovens e crianças.

“Temos trabalhado muito [con-tra a exploração], mas faltava uma peça, um elo para levar as informa-ções. E quando Xuxa se dispõe a emprestar a sua imagem e o seu ca-rinho para participar de uma cam-panha como essa, vejo que o elo está fechado”, agradeceu Samek.

James Spalding lembrou que a exploração sexual não conhece fronteiras e deve ser combatida de forma conjunta. “Por esse motivo, qualquer campanha deve ser bina-cional ou trinacional. E vem a ser uma obrigação de todos, Estado,

Eu aprendi com o Samek que a gente tem

que sonhar grande, começar pequeno e andar rápido. Mas, para chegar rápido, e chegar ao lugar que a gente quer,

não podemos andar sozinhos

Xuxa - apresentadora

ENCONTRO DO CAB - CAMPANHA

Assinatura do termo de adesão à campanha foi acompanhada por milhares de participantes do Encontro do CAB

setor privado, ONGs e também dos pais, assegurar que seus filhos estão sendo bem cuidados.”

Representante no Brasil da Orga-nização Internacional do Trabalho (OIT), Laís Abramo disse que há um compromisso da entidade em erradicar no mundo, até 2016, as piores formas de exploração infan-til – entre elas, a exploração sexual.

No Brasil, segundo ela, essa meta é especialmente importante devi-do à proximidade de dois grandes eventos internacionais – a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Ja-neiro. “Por isso, essa campanha será um elemento importante para atingirmos o compromisso global”, comentou.

Jorge Samek - diretor-geral brasileiro

quando Xuxa se dispõe a emprestar a sua imagem e o seu carinho para participar de uma campanha como essa, vejo que o elo está fechado

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201420 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 21Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Entre as ações está a realização de mesas de diálogos com todas as merendeiras da BP3

Concurso das Merendeiras chega à terceira edição com novidades

Esperado pelas escolas e comu-nidades da região, o Concurso Receitas Saudáveis das Meren-deiras da BP3 terá sua terceira edição neste ano e vem com mui-tas novidades.

Neste ano, a ideia é envolver to-das as merendeiras da região da Bacia do Paraná 3 em mesas de diálogos. “A gente entendeu que faz-se necessário um momento conjunto entre todas as merendei-ras para que as mesmas se sintam valorizadas e motivadas a parti-ciparem tanto do curso como do

concurso”, comenta Leila Alberton, ge-

rente da Divisão de Educação Ambiental.

As mesas de diálogos terão apre-sentações do diretor de Coorde-nação e Meio Ambiente de Itai-pu, Nelton Friedrich, que irá falar sobre a participação comunitária e as bases do Programa Culti-vando Água Boa; da criadora do Favela Orgânica, Regina Tchelly, que irá falar de sua experiência e motivação na condução de seu projeto que estimula o aprovei-tamento total dos alimentos; da agricultora, cozinheira e profis-sional de gastronomia, Amanda Benghi Marfil que irá falar sobre todo o ciclo de produção; de uma nutricionista da região e uma das merendeiras premiadas no últi-mo concurso.

Para que todas as merendeiras da região da BP 3 possam participar dessas mesas de diálogos, os mu-nicípios foram divididos em cinco núcleos que receberão as ativida-des em diferentes dias. “Em mui-tos municípios não é possível tirar todas as merendeiras das escolas

ao mesmo tempo então essa foi a forma en-

contrada”, afirma Leila Alberton, ex-plicando que com

datas diferentes, as merendeiras que não puderem participar do evento em seu núcleo podem par-ticipar em outro.

Após a realização das mesas de diálogos, terá início o curso de formação para as merendeiras que serão multiplicadoras dos conteú-dos em suas escolas. Novamente haverá a divisão por núcleos. Se-rão quatro núcleos que terão qua-tro módulos de curso para cerca de 30 merendeiras (2 a 3 por mu-nicípio) em cada núcleo.

ComunidadeNo curso, a profissional de gas-

tronomia Amanda Marfil vai tra-balhar diretamente com as me-rendeiras ensinando receitas com produtos orgânicos e aprovei-tamento de alimentos. Paralela-mente, Regina Tchelly irá realizar cursos com a comunidade. Serão encontros com integrantes de pas-torais, ONGs e voluntários. “O objetivo é disseminar o conceito de alimentação saudável e consu-mo consciente junto à sociedade, ao entorno das escolas, para que a comunidade também entenda o trabalho que está sendo feito com as merendeiras e escolas”, explica Leila Alberton.

Para Regina Tchelly, o curso com a comunidade será uma oportunidade para somar conhe-cimentos. “Acho que vou apren-der muito e também passar meu conhecimento. Minha expectati-va é que eu possa somar cada vez mais com o meio ambiente, com as pessoas. E espero que as pes-soas consigam passar o conheci-mento adiante, que sejam multi-plicadoras de fato”, diz.

A coordenadora do Favela Orgâ-nica, que esteve em Foz do Iguaçu para o Encontro do CAB em 2013 ministrando oficina para meren-deiras, viu uma realidade diferente daquela que encontra Brasil afora em seus cursos. “As merendeiras estão muito avançadas, com um olhar mais atento. Foi o primeiro

lugar em que nas minhas dinâmi-cas, quando peço para escolherem um alimento, ninguém escolheu comida industrializada. Tudo era alecrim, alho-poró, manjericão, tomate. Fiquei tão feliz. Meu cora-ção ficava rindo”, comemora.

Outra novidade para esta edi-ção do concurso é a realização de uma das atividades do curso de formação em propriedades rurais com cultivo de alimentos orgâni-cos. “Assim as merendeiras con-seguem conhecer o processo de produção, colhem a produção, cozinham o que foi produzido e se alimentam. É o ciclo comple-to”, diz Leila.

Terminado o curso, as meren-deiras voltam para suas escolas e transmitem o que aprenderam para as colegas. A ideia é que as merendeiras também ensinem as famílias dos alunos os conceitos e técnicas da alimentação saudável.

A organização do concurso tam-bém quer estimular o uso de plan-tas condimentares e medicinais na merenda escolar. Para isso, está sendo firmada uma parceria com o Centro Popular de Saúde Yan-ten, de Medianeira, para partici-pação no curso.

O resultado do concurso será divulgado no encontro anual do CAB, em novembro, quando os pratos das 58 merendeiras selecio-nadas para a final (2 de cada mu-nicípio) poderão ser degustados, assim como pratos ensinados por Regina Tchelly e Amanda Marfil durante o curso.

Toda a estrutura e propostas para o concurso foram discutidas em uma reunião, realizada no final de fevereiro, com nutricionistas, diretores de escolas, merendeiras e representantes dos municípios. “Por isso a construção participa-tiva é fundamental: enriquece a proposta. Enriqueceu muito o que havíamos pensado para esse pro-cesso”, comemora Leila.

As merendeiras estão muito

avançadas, com um olhar mais atento.

Regina Tchelly, fundadora do projeto Favela Orgânica

AlIMENTAçãO SAuDÁVEl

Cinco bacias hidrográficas no Uruguai, Paraguai e Argentina terão ações e programas implantados com a metodologia do CAB; objetivo é transformar binacionais em empresas atuantes também no desenvolvimento territorial sustentável

usinas de Yacyretá e Salto grandeimplantam metodologia do CAB

O Programa Cultivando Água Boa (CAB) começa a ser desen-volvido também na margem para-guaia de Itaipu e em microbacias de outras duas hidrelétricas bi-nacionais – as usinas de Yacyretá (Paraguai e Argentina) e de Salto Grande (Uruguai e Argentina). No total, serão cinco microbacias piloto. Dois encontros já foram realizados para definir a imple-mentação dos projetos, um em dezembro, na Hidrelétrica de Sal-to Grande, reunindo lideranças e dirigentes locais, técnicos, agri-cultores; e outro em fevereiro, na Itaipu, reunindo os técnicos que irão desenvolver as ações em cada binacional.

A replicação do CAB é uma ação que faz parte do Programa Marco, financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environ-ment Facility - GEF) e coordenado pelo Comitê Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata (CIC-Plata).

Nessa primeira fase, as binacionais estão escolhendo as microbacias piloto, juntamente com os repre-sentantes dos países no Programa Marco. A fase seguinte será a ca-pacitação técnica dos que vão con-duzir os projetos locais. Para isso, haverá encontros de capacitação e intercâmbio com visitas e ativida-des na Bacia do Paraná 3.

“A partir daí começam todas as fa-ses do Programa Cultivando Água Boa, que são a formação dos comi-tês gestores, dos comitês temáticos transversais, a implementação das Oficinas do Futuro nas microba-cias, os Pactos das Águas e a cons-trução dos convênios e projetos”, explica o superintendente de Meio Ambiente de Itaipu, Jair Kotz, que coordena a implementação do CAB nas microbacias dos países vizinhos. O cronograma prevê que todas as fases estejam cumpridas até novembro, quando os primei-ros resultados devem ser apresen-tados no encontro anual do CAB.

“Em todo esse período será cons-truída uma plataforma de conexão dessas bacias, ao mesmo tempo os intercâmbios serão mantidos, prin-cipalmente entre as microbacias em ambos os lados de cada uma das bi-nacionais e, em novembro, haverá um intercâmbio entre todas, duran-te o encontro do CAB”, completa.

Para o superintendente, com a implementação do CAB, Yaciretá e Salto Grande poderão mostrar que produzem muito mais que energia. “O objetivo, como Itaipu já demonstrou, é que aos poucos as usinas mostrem que são empresas também para a alavancagem do de-senvolvimento territorial, mas sus-tentável, utilizando a metodologia e os valores do CAB.”

Jair Kotz explica que as ações do Comitê Intergovernamental Co-ordenador dos Países da Bacia do Prata serão exemplares para ou-tras partes do mundo onde exis-tem bacias compartilhadas para a

produção de energia, como a do Rio Mekong, que abrange sete pa-íses asiáticos, e a do Rio Congo, na África. “O mundo está olhando muito para essas experiências de empreendimentos binacionais e transfronteiriços.”

A replicação do CAB nas hidrelé-tricas e também em países ibero--americanos, como a Guatemala e a República Dominicana, que já assinaram acordos bilaterais com Itaipu, reforçam a definição do Cultivando Água Boa como um programa de cooperação reco-nhecido pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Ministério das Relações Exteriores (leia mais na página 9). Em janeiro, Kotz, e o diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Friedrich, estiveram reunidos com o diretor-geral da ABC, Fernan-do de Abreu, e com o gerente de programas e projetos especiais da ABC, Paulo Peixoto. Na reunião foi selada a participação da ABC.

EXPANSãO

Zoltir Chiapetti, Fernando de Abreu, Nelton Friedrich, Paulo Peixoto e Jair Kotz na reunião de dirigentes do CAB com a Agência Brasileira de Cooperação

Vista aérea do lago formado pela Usina de Salto Grande

Reunião na Usina de Salto Grande

Encontro técnico em Itaipu

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201422 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 23Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Fórum na Costa Rica debateu dilemas éticos na tomada de decisões e a conexão entre ética e educação para a sustentabilidade

CAB é apresentado em evento da Carta da Terra

O diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu apresentou as experiências do Programa Culti-vando Água Boa (CAB) no fórum internacional “Ética para a sus-tentabilidade: novas abordagens de liderança, tomada de decisão e de educação”, realizado em 31 de janeiro e 1 de fevereiro no campus da Universidade da Paz, em São José, Costa Rica. O fórum foi or-ganizado pela Universidade para a Paz e Carta da Terra Internacio-nal, em colaboração com a Embai-xada da Holanda e Unesco.

“O CAB é considerado uma refe-rência e, por isso, fomos convida-dos a mostrar como Itaipu está tra-balhando a questão socioambiental aplicando a Carta da Terra”, expli-cou Friedrich. Itaipu recebeu em 2005 o Prêmio Carta da Terra pe-las ações desenvolvidas pelo CAB, uma das quatro experiências ven-cedoras entre 30 práticas mundiais que difundem e aplicam os princí-pios e valores da Carta da Terra.

Também participaram do fórum outras lideranças dos setores pú-blico e privado como Oscar Moto-mura, fundador e principal execu-tivo da Amana-Key, organização

especializada em gestão, estratégia e liderança de organizações; e Julia Marton-Lefevre, diretora geral da União Internacional para a Con-servação da Natureza e dos Recur-sos Naturais (IUCN ou Interna-tional Union for Conservation of Nature em inglês).

O evento também contou com a presença de Ruud Lubbers, princi-pal contribuinte da Carta da Terra e membro da Comissão Carta da Terra, e embaixadores da Holan-da, Japão, Panamá, Chile e Qatar, sediados na Costa Rica.

Nelton Friedrich participou da mesa de debates “Liderança no setor público e privado: dilemas, sustentabilidade e ética”, junta-mente com Mette Gonggrijp, em-baixadora da Holanda na Costa Rica; Manuel Gonzalez, diretor da empresa mexicana Promotora Ambiental (Pasa); e Rogelio Dou-glas, CEO da filial costa riquenha da APM Terminals, empresa ho-landesa de terminais portuários presente em mais de 30 países.

Entre outros objetivos, o fórum se propôs a discutir dilemas no processo de tomada de decisões e

SuSTENTABIlIDADE

Itaipu e Associação Nacional de Catadores definem parceria para promover o projeto Coleta Solidária

A Itaipu Binacional formali-zou, em São Paulo, um termo de compromisso com a Associação Nacional dos Carroceiros e Ca-tadores de Materiais Recicláveis (Ancat). O acordo foi assinado em dezembro, durante a Expoca-tadores 2013, no Pavilhão de Ex-posições do Anhembi. O objetivo é promover o Projeto Coleta Soli-dária, ligado ao Programa Culti-vando Água Boa (CAB), por meio do fortalecimento do Movimento Nacional dos Catadores de Mate-riais Recicláveis (MNCMR).

Assinaram o documento, na pre-sença de diversos catadores, o dire-tor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek; o diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich; o presidente da Ancat, Marcos An-tonio de Lima; e o coordenador do MNCR, Luiz Henrique da Silva.

O termo de compromisso entre Itaipu e Ancat é resultado de um protocolo de intenções assinado em 2012, também durante a Ex-pocatadores. Além de um repasse de R$ 222 mil, o documento prevê um plano de trabalho de dois anos, que inclui, entre outras ações: articulação política nos âmbitos nacional, estaduais e municipais; articulação local das organizações de catadores; efetivar parcerias para promoção de encontros/se-minários para catadores, com o objetivo de socializar experiências exitosas; apoio na criação do Co-mitê Regional Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul); fortalecimento do comitê regional da Bacia do Paraná 3; entre outros.

Para Luiz Henrique da Silva, co-ordenador do movimento, a assi-natura é reflexo de uma estratégia definida há seis anos, quando as primeiras conversas com Itaipu tiveram início. “Queríamos deixar a sociedade civil, os catadores e o poder público no mesmo espaço dos empresários, e nossa gran-de conquista foi o protagonismo. Éramos seres esquecidos, hoje so-

mos vistos como empreendedores e prestadores de serviços para os municípios”, comemora.

“Se tem uma organização que evoluiu nesses dez anos foi a dos catadores. Em 2003, quando ini-ciamos esse processo, não havia uma política pública para aten-der os anseios e reivindicações desses trabalhadores. Também há uma necessidade ambiental básica de coletar os resíduos, fazer a classificação e reciclar”, relembra Samek.

Antes da assinatura, a presidente Dilma Rousseff e mais de 50 autoridades entre ministros, prefeitos e políticos participaram do Natal na Expoca-tadores, mantendo a tradição criada por Lula. Depois, a presi-dente visitou o estan-de de Itaipu.

Tecnologia socialO carrinho elétrico desenvolvido

por Itaipu para o trabalho dos ca-tadores, elogiado pela presidente Dilma, voltou a ser destaque na feira. O primeiro protótipo foi desenvolvido ainda em 2007, em uma parceria entre a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a empresa Blest Engenharia, de Curitiba (PR). “Gostaria de cum-

primentar Jorge Samek, diretor--geral da Itaipu, responsável pelo primeiro carrinho elétrico que eu vi”, elogiou a presidente.

O modelo de Itaipu, além de tec-nologia elétrica, tem emissão zero e seu consumo representa apenas R$ 7 por mês na conta de luz. A capaci-dade de transporte é de 300 quilos de carga, com autonomia para rodar de 4 a 5 horas, ou 25 a 30 quilômetros.

Segundo a catadora de recicláveis Viviane Mertig, representante do MNCR na região da BP3 e presi-dente da Cooperativa dos Agentes Ambientais de Foz do Iguaçu (Co-afi), “o catador vai continuar an-dando para coletar o material, a di-ferença é que ele não precisa fazer o esforço de puxar 300 quilos que um carrinho comporta”, explica.

Em discurso, Dilma fez um balan-

PARCERIAS

A parceria prevê plano de trabalho de dois anos, que inclui, entre outras ações, a criação de um comitê para a região Sul do Brasil

ço dos últimos anos e das políticas que buscam corrigir distorções so-ciais de grupos que historicamen-te foram esquecidos pelo poder público e como a realidade dessas pessoas se alterou ao longo do tempo. “Até pouco tempo atrás, os catadores não existiam nas políti-cas brasileiras. Hoje, além de exis-tirem, ainda realizam uma feira de negócios em pleno Anhembi, o maior centro de exposições da

queríamos deixar a sociedade civil, os catadores e o poder público no mesmo espaço

dos empresários, e nossa grande conquista foi o protagonismo. Éramos seres esquecidos, hoje somos vistos como empreendedores e prestadores de serviços para os municípiosLuiz Henrique da Silva, coordenador do Associação Nacional dos

Carroceiros e Catadores de Materiais Recicláveis

Assinatura do acordo para fortalecer o projeto Coleta Solidária; ao lado, a presidente Dilma com Viviane Mertig, embaixadora do projeto

América Latina”, lembrou.

O acordo assinado reflete o suces-so da ação desenvolvida no Para-ná. Foz do Iguaçu foi a primeira cidade a implantar a metodologia do Coleta Solidária, criado em 2003 pela Itaipu. Consiste na or-ganização dos catadores, que rece-bem de Itaipu carrinhos elétricos, uniformes e capacitação. Hoje, o projeto reúne mais de 650 pessoas.

Segundo o MNCR, estima-se que existam entre 800 mil e 1 milhão de pessoas trabalhando como ca-tadores. Viviane Mertig acredita que esse número pode ser bem maior. “Muitos dos catadores es-tão em áreas de risco, favelas ou invasões, onde o mapeamento é muito difícil. Estamos atuando junto às secretarias de Ação Social dos municípios para que incluam essas pessoas no Cadastro Único.”

a importância de incorporar a éti-ca para a sustentabilidade em tais processos e nas práticas educacio-nais; compartilhar pontos de vista sobre enfoques de liderança para enfrentar os desafios da sustenta-bilidade; e gerar recomendações ao processo para a agenda de de-senvolvimento pós-2015.

Durante o evento também foi inau-gurado formalmente o novo Centro da Carta da Terra de Educação para o Desenvolvimento Sustentável.

O CAB é considerado uma referência e, por isso, fomos convidados a mostrar como Itaipu está trabalhando a questão socioambiental aplicando a Carta da Terra

Nelton Friedrich - diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu

O IV Encontro Nacional de Mulheres Catadoras, realizado no início de dezembro, antecedeu a Expocatadores e reuniu cerca de 1.200 pessoas em Pontal do Paraná. Ao final do encontro, foi elaborada a Carta de Pontal, documento com diversas propos-tas entregue à presi-dente Dilma Rousseff, na Expocatadores.

O encontro teve como objetivos despertar a consciência de que a coleta de materiais é uma atividade profis-sional e que as catado-ras pertencem a uma categoria profissional, fortalecer lideranças e formar novas líderes.

Durante o evento, fo-ram realizadas 11 ofici-nas (formação de lide-ranças, trabalho infantil, tabagismo, violência e saúde, formação política, gestão contábil, política nacional de resíduos sólidos, dança contra a violência, incineração, di-reito a moradia, futuro), das quais surgiram as propostas que compuse-ram a Carta de Pontal.

lideranças femininas

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201424 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 25Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

BP3 é escolhida para o lançamento doSistema Nacional de Cadastro Ambiental no PR

O governo federal escolheu a Ba-cia do Paraná 3 (BP3), área de in-fluência de Itaipu Binacional e do Programa Cultivando Água Boa (CAB), para lançar o Sistema Na-cional de Cadastro Ambiental (Si-car), do qual faz parte o Cadastro Ambiental Rural (CAR).

O lançamento ocorreu em no-vembro de 2013, em Marechal Cândido Rondon, e no início de fevereiro, profissionais da região participaram de um treinamento (leia mais nesta página)

O lançamento reuniu a minis-tra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a então ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, além do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, do diretor de Coordenação e Meio Ambien-te, Nelton Friedrich, prefeitos e autoridades da região. Mais de 300 pessoas, a maior parte agri-cultores e pescadores, participa-ram da solenidade.

Implantado juntamente com o

O sistema inclui o Cadastro Ambiental Rural que servirá comoferramenta para o planejamento ambiental e econômico

novo Código Florestal Brasileiro, aprovado em 2012, o CAR consti-tui uma base de dados que inclui informações ambientais das pro-priedades rurais, entre elas, a si-tuação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal, remanescentes de floresta nativa, Áreas de Uso Restrito e áreas produtivas.

A iniciativa também servirá como ferramenta para o planejamento ambiental e econômico dos imó-veis rurais, favorecendo as ações implantadas em cada microbacia e sub-bacia hidrográfica.

A ministra Izabella Teixeira disse que o governo federal investiu R$ 100 milhões para ajudar os Esta-dos a implantar o Cadastro, como é o caso do Paraná. “A expecta-tiva é que, com o sistema, sejam regularizadas, do ponto de vista ambiental, todas as propriedades rurais do Brasil”.

Para a ministra Izabella Teixei-ra, o Paraná pode ser um impor-

tante aliado nesse processo, por ter tradição em programas de re-cuperação de áreas degradadas. Ela lembrou que o CAB é um exemplo de que é possível con-ciliar a preservação dos recursos naturais com o aumento da pro-dutividade no campo.

“O programa que Itaipu financia para microagricultores, com 110 bacias recuperadas, mostra isso. O CAB recuperou e aumentou a produtividade dessas proprieda-des. Isso é um diálogo que quem produz alimentos sabe: proteger o meio ambiente é essencial para sua permanência no campo”, dis-se a ministra.

Segundo Gleisi Hoffmann, o CAR é fácil de ser usado, rápido e gratuito. “O sistema dará segu-rança jurídica a quem possui ter-ra”, assegurou.

O diretor-geral brasileiro de Itai-pu, Jorge Samek, lembrou que o Cadastro Nacional surgiu com a discussão do Código Florestal.

Curso forma multiplicadores para o CAR na regiãoCerca de 70 profissio-

nais na região Oeste do Paraná que trabalham em áreas relacionadas ao meio ambiente, incluindo secretários municipais, técnicos ambientais e integrantes do Progra-ma Cultivando Água Boa (CAB), participaram, no início de fevereiro, em Foz do Iguaçu, de uma capacitação do Ministé-rio do Meio Ambiente (MMA) sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR).

“O CAR é declaratório, ou seja, cada agricultor deverá entrar no sistema e lançar as informações. Por isso, a orientação é impor-tante. Os profissionais que estão participando deste treinamento serão mul-tiplicadores”, afirmou o gerente do Departamento de Interação Regional da Itaipu, Gilmar Secco.

De acordo com Leonardo Moura, do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, a

expectativa é que o CAR esteja implantado no Paraná até o final do ano. “O cadastro será impor-tante especialmente para os órgãos ambientais, por dar informações unifica-das e acessíveis”, disse. Secretário de Infraestru-

tura de Guaíra, Augusto de Nadai elogiou a ini-ciativa. “O pessoal de Brasília tem muita infor-mação e agora vamos procurar difundir esse conhecimento no nosso município. E mostrar que o CAR não é um bicho de sete cabeças”, afirmou.

Para Max Ludtke, diretor do Departamento de Agri-cultura e Meio Ambiente de Maripá, os maiores beneficiários serão os pró-prios agricultores. “Com os dados em mãos, os produtores rurais poderão implementar técnicas de melhorias nas proprie-dades, principalmente na área de recuperação ambiental”, comentou.

“Dessa discussão saiu a legislação que visa exatamente garantir que o Brasil continue a ser um grande celeiro de produção no mundo, mas sem deixar de lado a preser-vação do meio ambiente.”

O Paraná é o 11º Estado a im-

plantar o cadastro, que se cons-titui na principal estratégia para controle e combate ao desmata-mento. Após registradas, as in-formações passam a integrar o Sistema do Cadastro Ambiental Rural (Sicar), disponível no site www.car.gov.br

Izabella Teixeira e Gleisi Hoffmann: informação e tecnologia

AgRICulTuRA

A parceria vai permitir a certificação de propriedades rurais que aplicarem a técnica corretamente

Itaipu assina convênio para incentivar técnica do plantio direto nos municípios da BP3

A Itaipu e a Fundação Parque Tec-nológico Itaipu (FPTI) assinaram, no dia 6 de fevereiro, durante o 26º Show Rural, em Cascavel, um convênio de cooperação técnica, científica e financeira com a Fede-ração Brasileira de Plantio Direto na Palha, Ministério da Agricultu-ra e Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná para o desenvolvimento, melhoria e am-pliação do plantio direto na palha na região da Bacia do Paraná 3.

O estímulo ao plantio direto é uma das ações do Programa Desenvol-vimento Rural Sustentável que in-tegra o Programa Cultivando Água Boa e está implementado em toda a BP3, região que abriga mais de 35 mil agricultores - dos quais 26 mil são pequenos produtores

Assinaram o termo de parceria o diretor-geral brasileiro de Itai-pu, Jorge Samek; o presidente da Fundação Parque Tecnológico de Itaipu, Juan Sotuyo; o presidente da Federação Brasileira do Plantio Direto, Alfonso Sleutjes; o secre-tário de Agricultura Familiar do Ministério da Agricultura, Valter Bianchini; e o secretário da Agri-cultura e do Abastecimento do Pa-raná, Norberto Ortigara.

Participaram da solenidade o

pioneiro do plantio direto na palha no Brasil, Herbert Arnold Bartz; o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich; o diretor-presidente da Emater, Rubens Ernesto Nie-derheitmann; o presidente da Biolabore, Lindomar Assi, e o co-ordenador-geral do Show Rural Coopavel, Rogério Rizzardi.

Samek afirmou que o convênio vai ajudar a aprimorar e dissemi-nar a técnica do plantio direto,

que revolucionou a agricultura há mais de 35 anos. “Além dos ga-nhos de produtividade, a técnica contribui para a melhoria do solo e a conservação da água”, disse o diretor, que é engenheiro agrôno-mo e conheceu o plantio direto nos anos 1970.

“Com esse convênio, será possí-vel certificar as propriedades que aplicarem corretamente os prin-cípios do plantio direto”, expli-cou Friedrich.

O diretor-geral brasi-leiro de Itaipu, Jorge Samek, também assinou no dia 6 de fevereiro, ordem de serviço com a Cooperativa Biolabo-re, para prestação de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para agricultores familiares da BP3 nas áreas de agricultura orgânica, apicultura e plantas medicinais. O contrato tem valor de R$ 1,5 milhão.

“Atuamos juntos há sete anos e temos a satisfação de ver essa parceria cres-cer cada vez mais”, expli-cou o diretor de Coorde-nação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Friedrich.

Na mesma ocasião, foi lançada também a cartilha Vitrine Tecnológica de Agroecologia da Embra-pa, que compila dez anos do trabalho desenvolvi-do pela Itaipu, Embrapa e outros parceiros.

Convênio com a Biolabore garante assistência técnica

Bianchini elogiou o trabalho que vem sendo realizado na BP3 atra-vés do Programa Cultivando Água Boa. “Aqui se vê um modelo não só de tecnologia e desenvolvimen-to, mas também de inclusão social e de sustentabilidade”, disse.

Pioneiro no sistema, Herbert Ar-nold Bartz explicou que, por aju-dar a reduzir as emissões de gases estufa na agricultura, a técnica “converte um problema em uma vantagem para os produtores”.

O plantio direto na palha, ou apenas plantio direto, é uma mo-dalidade em que a palha e os res-tos vegetais são deixados sobre a superfície. Na década de 1970, a erosão causava uma perda mé-dia anual de solo de 20 toneladas por hectare no País. Com o plan-tio direto, a perda foi reduzida em até 95%. Além de diminuir a perda de solo, o sistema permite o acúmulo de matéria orgânica, aumentando a produtividade a médio e longo prazo.

Sleutjes, Ortigara, Herbert Bartz, Pedro Tonelli, Friedrich, Bianchini e Samek: parceria

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201426 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 27Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Pescadores visitam Itaipu e conhecem ações para favorecer atividade pesqueira na BP3

A Divisão de Reservatório pro-gramou uma série de visitas com pescadores que atuam no Lago de Itaipu para apresentar as ações da usina em benefício da atividade pesqueira na Bacia do Paraná 3.

Os primeiros a visitar a usina, em dezembro, foram pescadores de Guaíra, Mercedes e Marechal Cândido Rondon.

Além da visita panorâmica à usi-na hidrelétrica, os pescadores co-nhecem o Canal da Piracema e o trabalho desenvolvido na Estação de Piscicultura, em Hernandárias, no Paraguai.

“Os pescadores vêm aqui princi-palmente para certificar a eficiên-cia do Canal da Piracema, que a maioria deles ainda não conhece. Assim, podem entender melhor a ictiofauna [conjunto das espécies de peixe] do reservatório e o tra-balho desenvolvido pela usina”, explicou Irineu Motter.

“Como [os pescadores] são nos-sos parceiros em várias atividades, julgamos importante que conhe-çam o trabalho. Assim, poderão difundir na região a correta inter-pretação do esforço de Itaipu na troca genética de peixes que estão acima e abaixo da barragem.”

Motter lembrou ainda que a Esta-ção de Piscicultura, por exemplo, há 20 anos atua para o repovoa-mento de peixes do reservatório. Além disso, a usina mantém con-vênios com colônias e associações visando a sustentabilidade da ati-vidade pesqueira. “Acho que todo mundo ficou

muito satisfeito com o que viu,

MAIS PEIXES

A Divisão de Reservatório programou uma série de visitas com pescadores que atuam no Lago de Itaipu

principalmente com esse trabalho de reprodução de peixes”, disse o presidente da colônia Z15, de Ma-rechal Cândido Rondon, Marino Geraldo Both. A colônia reúne cerca de 165 pescadores da região.

Para Vilberto Hilger, representante da Associação de Pescadores Pro-fissionais de Mercedes, a visita foi importante para esclarecer dúvidas

que os pescadores tinham, especial-mente em relação a repovoamento.

“O laboratório aqui [em Hernan-dárias] é muito bom e a gente viu que o Canal da Piracema realmen-te funciona”, elogiou o pescador. produzido em tanque, a tendência é só melhorar”, completou.

Mãe de pescador que há oito

anos atua no reservatório, Jonilda Rauber, de Rondon, ficou atenta às explicações.

“O que é feito para reproduzir os peixes e colocar no lago im-pressiona. Porque muitas vezes a pessoa reclama e aqui dá para ver que Itaipu faz muita coisa. Se cada um fizer um pouco, fica bom para todos”, avaliou Jonilda.

Itaipu entregou 76 mil alevinos para pescadores em 2013

Pescadores concluem cursosobre produção em tanques-rede

A Divisão de Reservatório da Itaipu Binacional entregou, em 2013, 76 mil alevinos para os pescadores beneficiados pelo Programa Mais Peixes em Nossas Águas, o que deve gerar aproximadamente 70 tone-ladas de pescado. Todos os peixes são da espécie pacu.

Uma das últimas cargas do ano – 3.400 mil alevinos – foi entregue no dia 9 de dezembro, para um módulo de produção situado na colônia Z-12, em Santa Terezinha de Itaipu. O trabalho foi acompanhado pelo presidente da colônia, Flávio Kabroski.

Celso Carlos Buglione Neto, da Divisão de Reservatório, explicou que os alevinos entregues são juvenis, com média de 50 gramas, e levarão cerca de seis meses para atingir o tamanho comercial – entre 700 e 800 gramas. “Até o começo do inverno os peixes estarão no ponto de abate”, explicou Buglione.

Trinta e cinco pescadores da região fizeram, em dezembro, um curso de oito semanas sobre produção de peixes em tanques-redes. Realiza-do no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), o curso é uma parceria entre a Itaipu e o Instituto Federal do Paraná (IFPR) e é obrigatório para os pescadores que querem entrar no Programa Mais Peixes em Nossas Águas, do governo federal.

“O IFPR já tem este curso e nós pedimos que fosse dado o treina-mento específico para tanques-redes”, disse a gerente da Divisão de Reservatório, Carla Canzi.

Entre as disciplinas do curso de extensão estão conheci-mentos básicos de manejo, processamento e beneficiamen-to dos peixes até questões de cuidado com a água, prote-ção ambiental e segurança de trabalho, entre outros.

Pescadores de Guaíra, Mercedes e Marechal Cândido Rondon durante a visita à usina: conhecendo processos

Estudos avaliam a biodiversidade no sistema de Itaipu e a citogenética de três espécies

Pesquisas reforçam trabalho de monitoramento da ictiofauna na região

Profissionais da Divisão de Re-servatório fizeram em meados de janeiro, na foz do Rio Bela Vista, próximo à barragem de Itaipu, as primeiras expedições do ano para a captura e análise de peixes presentes na entrada do Canal da Piracema. O trabalho, acompanhado pela

bióloga de Itaipu Caroline Henn, teve dois objetivos. O primeiro é avaliar a biodiversidade do próprio canal de transposição, que conecta o Rio Paraná, abaixo da barragem, ao reservatório da usina. Essa ativi-dade é feita desde 2004 pela Itaipu. A expedição também serviu para

capturar espécies que são alvo da pesquisa Análise Citogenética de Doradidae do Rio Paraná, que começou em outubro do ano pas-sado. A pesquisa, que tem apoio da Itaipu, é coordenada pela bió-loga Thais Morales, professora do curso de Ciências Biológicas da

Faculdade União das Américas (Uniamérica), de Foz do Iguaçu. Como o objetivo de ambos os tra-

balhos é científico, a captura é au-torizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para ser feita mesmo durante o período da piracema – de 1º de novembro a 28 de fevereiro.

De acordo com Caroline, todo o peixe capturado é identificado e medido, para depois ser solto no-vamente no rio. Alguns recebem marcadores externos ou eletrôni-cos, para acompanhar seu deslo-camento no canal e em outros tre-chos da Bacia do Rio Paraná.

São retidas apenas as espécies não identificadas (para a análise de biodi-versidade) e aquelas que são alvo da pesquisa da Uniamérica: armadinho (Trachydoras paraguayensis), arma-

do (Pterodoras granulosus) e arma-do colorido (Platydoras armatulus).

Preservaçãoaroline Henn explica que trabalhos

citogenéticos podem determinar, por exemplo, se indivíduos apa-rentemente idênticos pertencem de fato à mesma espécie. “Porque há espécies que são muito similares e não podem ser distintas apenas com a observação morfológica”, disse.

Ainda segundo ela, saber se a es-pécie forma uma única população, ou se são populações subdivididas, é fundamental para compreender como ocorre a distribuição dos peixes ao longo da bacia e orientar medidas de preservação.

Thais Morales explicou que o critério para escolha das espécies-alvo do pro-jeto da Uniamérica foi econômico, ou seja, os peixes que hoje têm maior presença no mercado e maior impor-

tância para os pescadores da região.

Com aproximadamente 10 qui-lômetros de extensão, o canal de transposição de peixes de Itaipu é considerado um dos maiores e mais complexos do mundo, com estrutura composta por trechos naturais de rio, lagos e canais artificiais.

Os estudos para monitorar a bio-diversidade começaram dois anos após a inauguração do sistema, em 2002. Em 2014, o trabalho completa uma década.

No período, segundo Caroli-ne, já foram identificadas mais de 150 espécies. “O que a gen-te conseguiu observar é que em torno de 80% das espécies do Rio Paraná estão presentes no Canal da Piracema, utilizando o canal como rota de migração ou resi-dindo nele”, comentou.

Em torno de 80% das espécies do Rio Paraná estão presentes no Canal da Piracema, utilizando o canal como rota de migração ou residindo nele Caroline Henn, bióloga

PROTEçãO

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201428 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 29Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Essa é a terceira vez consecutiva que projetos desenvolvidos pelo CAB são apresentados por Itaipu

Itaipu apresenta experiência do CAB no Fórum Social Mundial Temático

Pelo terceiro ano consecutivo, o Programa Cultivando Água Boa (CAB) esteve entre as iniciativas apresentadas no Fórum Social Mundial Temático, realizado em Porto Alegre, e que reuniu cerca de 3 mil pessoas entre os dias 21 e 26 de janeiro. Nesta edição, o tema central foi a “Crise capita-lista, democracia, justiça social e ambiental”.

Em entrevista coletiva, o coorde-nador executivo do Fórum Social Temático 2014, Mauri José Viei-ra da Cruz, explicou que o tema deste ano discute e denuncia o modelo econômico capitalista. “É preciso conscientizar as po-pulações e os governos de que é necessário outro modelo, e que é possível. Porém, é necessário que haja uma grande mobilização mundial para que se reverta essa dominação capitalista sobre a hu-manidade”, afirmou.

Durante o Fórum, a Itaipu apoiou a coordenação de três mesas de trabalho autogestionárias (pro-postas por instituições, sociedade civil e ONGs): “Educação trans-

formadora e a construção de um novo paradigma” e “governan-ça participativa”, propostas pelo Conselho dos Municípios Lindei-ros ao Lago de Itaipu; e “Redes-cobrindo as plantas medicinais”, proposta pelo Yanten – Centro Popular de Saúde.

As mesas tiveram ainda partici-pação do Instituto Cultural Padre Josimo, BionatExpo, Coperfarm, Aprosmi, Coafaso, Cooprafa, Co-famel, GranLago, Biolabore, Sus-tentec, Capa, Amop e Programa Cidades Sustentáveis.

As três mesas autogestionárias apoiadas por Itaipu tiveram públi-co médio de 30 a 40 pessoas. “Um público excelente tendo em vista que havia cerca de 300 propostas autogestionárias. Além disso era um público bem representativo, com pessoas do Brasil inteiro”, co-menta a gerente de Educação Am-biental da Itaipu, Leila Alberton.

Para ela, as propostas autogestio-nárias são interessantes na medida em que permitem maior interação entre os participantes. “Não têm

caráter de apresentação, têm ca-ráter de diálogo mesmo. Pode-se interagir o tempo todo”, comenta.

Roseli Motter, do Centro Popu-lar de Saúde Yanten, que também participou do fórum, reforça essa opinião. “Foi um momento de trocas maravilhosas. Pudemos apresentar nosso trabalho e ou-vir experiências, estar em sinto-

RECONHECIMENTO

Sustentabilidade domina debates no Fórum Mundial de Educação

Itaipu também teve participação no Fórum Mundial de Educação – Pedagogia, Região Metropolitana e Periferias. A experiência da bina-cional com o Programa Cultivando Água boa foi apresentada em dois grupos de trabalho: “Educação, ambiente e sustentabilidade” e “Pe-dagogia, territórios e resistências”.

Os grupos de trabalho do fórum tiveram a participação de pessoas de várias partes do Brasil e do mundo, profissionais de diferentes áre-as, lideranças populares, ativistas, donas de casa, apresentando suas experiências e suas reflexões. “O Fórum Mundial de Educação não é um fórum para professores é um fórum para a sociedade”, define Leila Alberton. As proposições de cada um dos seis grupos de trabalho fo-ram reunidas ao final do evento e deverão constar de um documento único a ser publicado em breve.

Para Leila Alberton, o grande destaque desse fórum foi a re-levância dada ao tema da sustentabilidade. “Ficou muito claro nesse evento uma preocupação mundial em relação à susten-tabilidade e a importância deste tema estar inserido direta-

mente em todos os conteúdos da educação”, afirma.

Durante os debates, diz ela, ficou evidente que ainda há muita dificul-dade na inserção do tema sustentabilidade diretamente em todos os conteúdos da educação. “Por mais que a gente insista que a educação precisa dialogar com a sustentabilidade transversalmente ainda há muita dificuldade”, constata.

Outro ponto em destaque nos debates realizados no Fórum Mun-dial de Educação, aponta Leila, foi a importância das ações locais para garantir a sustentabilidade. “A gente precisa pensar no nosso pedaço, no nosso território, pensar em como a educação influencia e faz a diferença nesse espaço e como ela interage com a comuni-dade para que as ações tenham reflexo globalmente”, explica.

O grupo de Itaipu que esteve presente ao Fórum, além de apresentar as ações e resultados do Programa Cultivando Água Boa, principalmente voltadas à educação ambiental, também trouxe experiências de outras regiões que poderão ser implementadas na região da Bacia do Paraná 3.

nia com pessoas, movimentos e organizações”, diz. Para ela, o fórum cumpriu três objetivos principais: estabelecer contatos, fortalecer vínculos e proporcionar aprendizagem. Um dos resultados imediatos foi a visita de um dos participantes à região da Bacia do Paraná 3 para conhecer o trabalho desenvolvido por Itaipu e parcei-ros com plantas medicinais.

“Eu entendo que o Fórum é uma grande oportunidade de compar-tilharmos as experiências. Nós aprendemos juntos: contamos nossas experiências, mas também vivenciamos experiências de ou-tras instituições que podem ser aplicadas na nossa região. Real-mente é um compartilhamento de ideias e experiências”, destaca Leila Alberton.

As novas expedições que serão realizadas neste ano vão percorrer as microbacias recuperadas ou em processo de recuperação ambiental tomando como base a experiência desenvolvida no São Francisco; lançamento das atividades começa em abril

Expedição São Francisco Verdadeiro é modelo para ações nos 29 municípios da BP3

A Expedição São Francisco Ver-dadeiro, que no ano passado mobilizou centenas de jovens de nove municípios do oeste do Pa-raná, para celebrar os dez anos do Programa Cultivando Água Boa (CAB), será replicada neste ano em microexpedições nos 29 muni-cípios da Bacia do Paraná 3 (BP3).

A atividade integra o projeto En-contros e Caminhos CAB 2014, apresentado em 25 de fevereiro em Foz do Iguaçu, para os prefeitos e secretários municipais da região, conjuntamente com a assembleia ordinária do Conselho dos Muni-cípios Lindeiros ao Lago de Itaipu.

O encontro teve a participação do diretor-geral de Itaipu, Jorge Sa-mek; do diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich; do presidente do Conselho dos Municípios Lindeiros, o prefeito de Santa Helena, Jucerlei Sotoriva; do prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Pereira, entre outras autoridades.

O superintendente de Meio Am-biente de Itaipu, Jair Kotz, explicou que o projeto Encontros e Caminhos prevê uma série de ações com o ob-jetivo de sistematizar os trabalhos desenvolvidos pelo Cultivando Água Boa nos municípios da BP3 e forta-lecer o papel dos comitês gestores.

As atividades, cujo detalhamento será definido pelos próprios mu-nicípios, incluem resgate histó-rico, cartografia socioambiental, atividades recreativas e esportivas, culturais, educomunicação e o reconhecimento de lideranças da sustentabilidade.

No caso das novas expedições, a ideia é promover atividades nas microbacias recuperadas ou em processo de recuperação ambien-tal, tomando como base a experi-ência do São Francisco.

“Na Expedição São Francisco Verdadeiro, a gente aprendeu que existe uma maneira de conectar o jovem não apenas com a natureza,

mas também com a sociedade”, salientou Jair Kotz.

De acordo com o cronograma apresentado aos prefeitos, os pro-jetos serão consolidados até o iní-cio de abril, com auxílio do grupo de trabalho do CAB.

O lançamento das atividades nos municípios começa no dia 22 de abril, quando é celebrado o Dia da Terra. A programação segue até o dia 13 de junho, com comemora-ções do aniversário do CAB e dos 40 anos de Itaipu.

Uma das ideias é plantar 40 mil mudas de árvores nos municípios da BP3, para lembrar os 40 anos da criação da empresa binacional, no dia 17 de maio.

LindeirosNa assembleia, o prefeito de Santa

Helena, Jucerlei Sotoriva, foi recon-duzido ao cargo de presidente do Conselho dos Municípios Lindeiros

A gente aprendeu que existe uma

maneira de conectar o jovem não apenas

com a natureza, mas também com

a sociedade

Jair Kotz, superintendente de Meio Ambiente de Itaipu

CONEXãO

para um período de mais um ano.

O diretor de Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Friedrich, disse que a parceria de Itaipu com os muni-cípios e a atuação do CAB trans-formou a realidade da região.

“Quanto mais os municípios tra-balharem conjuntamente, melho-res serão os resultados. Isolados, somos fracos; articulados é que somos fortes”, afirmou.

Jovens participantes da Expediação ao São Francisco Verdadeiro em atividade de educomunicação: conexão

Jair Kotz: ações para sistematizar os trabalhos desenvolvidos pelo CAB

Zamek fala aos prefeitos dos municípios lindeiros

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Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201430 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 31Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

EXEMPlOS

“Formação do Capitalismo no Brasil” busca raízes dos desequilíbrios atuais. Como se gerou um país tão avan-çado em certas áreas, e tão atrasado em outras? O au-tor faz reflexões sobre a modernidade e a globalização . Para ele, rever o passado constitui uma excelente in-trodução ao presente. O livro pode ser baixado em pdf no endereço http://dowbor.org/principais-livros/

Os temas religião, educação, família, carreira e ética são bastante discutidos e relevantes. E têm ligação entre si. Com esses temas, Mario Sergio Cortella elaborou seu mais novo trabalho. Os livros (dois volumes) são baseados nos comentários diários do autor na rádio CBN com um olhar filosófico sobre temas do quotidiano.

Pensar bem nos faz bem!Autor: Mario Sergio CortellaEditora: Vozes

Estante

O Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável está distribuindo 1.400 calendários biodinâmicos aos agricultores da Bacia do Paraná 3. O calendário, que orienta o plantio de cada cultura de acordo com a fase da Lua e de sua relação com os ou-tros astros, é fabricado anualmente pela Associação Brasileira de Agri-cultura Biodinâmica (ABD).

A agricultura biodinâmica come-çou na Europa, nos anos 20, quan-do os agricultores verificaram uma grande degradação do solo, perda da qualidade das plantas e suas se-mentes e a redução da saúde dos

Membros da Secretaria de Proteção Ambiental da província chinesa de Yunnan, representantes da WWF China e da Companhia Hidrelétrica do Rio Lancang estiveram na Itaipu em janeiro para conhecer projetos sustentáveis da binacional. A comitiva conheceu ações do Programa Cultivando Água Boa e outros projetos da binacional. O objetivo dos chineses é buscar exemplos de ações de sustentabilidade que possam ser utilizados no território de Yunnan, que tem um importante ecossistema.

Chineses buscam inspiração em Itaipu

Calendário biodinâmico 2014

NOTAS

Formação do Capitalismo no Brasil - ensaio teórico Autor: Ladislau Dowbor Editora: Brasiliense

Caravana Autora: Carina CastroEditora: Patuá

O diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Frie-drich, levou as experiências do Programa Cultivando Água Boa (CAB) ao 8º Congresso Brasilei-ro de Agroecologia, realizado em novembro, em Porto Alegre. Frie-drich participou dos debates com o tema “Construindo contextos de sustentabilidades”.

Em sua apresentação, Friedri-ch mostrou o trabalho das coo-perativas da região e convidou a nutricionista Jaciara Reis e a me-rendeira Dailene Maria Bernardes Rempel, ambas de Marechal Cân-dido Rondon para um depoimen-to sobre o processo de introdução de alimentos da agricultura fami-liar na alimentação escolar. A abertura do congresso ficou a

cargo de Leonardo Boff, padrinho do CAB, que apresentou a palestra “Agroecologia: cuidando da saúde e do planeta”. Na apresentação, Boff citou o Programa Cultivando

Na abertura do evento, Leonardo Boff citou o programa como modelo

CAB é apresentado em Congresso de Agroecologia

Água Boa como exemplo de pro-grama de sustentabilidade.

A binacional participou também com estande e representantes na oficina “Agroecologia e programa de alimentação escolar – PNAE”.

ExposiçãoTambém em Porto Alegre, de 29

de novembro a 1º de dezembro, na Usina do Gasômetro, Itaipu parti-cipou da BioNat Expo, feira de ne-gócios dedicada a produtos orgâni-cos, agroecológicos e sustentáveis.

Paralelamente, ocorreu a BioNat Cultural, com exposições, instala-ções, oficinas práticas de educação ambiental e alimentar, entre ou-tras atividades. No primeiro dia de evento, foi

promovido o painel “Valorização da produção na alimentação esco-lar”, com apresentação do Cader-no de Receitas Saudáveis na BP3 e a metodologia do concurso de merendeiras, pelo gestor do Pro-grama Desenvolvimento Rural Sustentável, Sergio Angheben.

Uma série de iniciativas da Superin-tendência de Serviços Gerais, entre elas a substituição de lâmpadas flu-orescentes por led, mais duráveis e econômicas que as antigas, rendeu à Itaipu uma economia de R$ 120 mil.

O cálculo se refere aos gastos com energia de 2013 comparados aos de 2012, em Foz do Iguaçu e Curi-tiba. Até o final de 2013 já haviam sido substituídas 430 lâmpadas fluorescentes. A instalação pros-segue, inicialmente, nos prédios de Itaipu abastecidos com energia fornecida pela Copel, depois, será estendida aos outros prédios.

led toma conta

animais. Eles acreditaram, então, que cada cultivo deve se basear na influência dos astros.

Os poemas de Carina Castro nos levam a muitos luga-res: praia, quintal, cidades, desertos, até um envelope pardo, a tudo que possa ser habitado e imaginado. No percurso dessa imensidão íntima, os lugares não são ape-nas suporte de acontecimentos: são também ação.

A ideia é levar a metodologia do CAB para a região do Vale do Rio Doce, onde fica a ONG, e trazer de lá a experiência com reflorestamento

Quatro integrantes da equipe executiva e técnica do Instituto Terra, organização civil sem fins lucrativos fundada pelo fotógrafo Sebastião Salgado, estiveram em Itaipu, de 10 a 12 de fevereiro, para conhecer as ações do Progra-ma Cultivando Água Boa (CAB).

Na visita à usina e à região da Ba-cia do Paraná 3, o grupo conheceu a metodologia de governança par-ticipativa desenvolvida pelo CAB. A ideia é que o instituto aprovei-te as ferramentas do CAB para as ações socioambientais na região do Vale do Rio Doce, entre Mi-nas Gerais e Espírito Santo, onde fica a sede do Instituto Terra. Na via oposta da colaboração, a ONG deve contribuir com sua experi-ência frente ao o laboratório de coleta e pesquisa de germinação de sementes de espécie da Mata Atlântica e o Núcleo de Estudos de Recuperação de Ecossistemas.

A comitiva do Instituto Terra,

formada por Jean-Pierre Tavares Salgado, Jaeder Lopes Vieira, Gil-son Gomes de Oliveira e Josenilto do Nascimento, iniciou o roteiro pelo Refúgio Biológico Bela Vista, Parque da Piracema, usina, Dire-toria de Coordenação e Fundação Parque Tecnológico Itaipu.

O grupo esteve também nos muni-cípios de Marechal Cândido Ron-don, Santa Helena, Pato Bragado, São Miguel do Iguaçu, Vera Cruz do Oeste e Santa Terezinha de Itai-pu, onde conheceram o Corredor da Biodiversidade, o Condomínio

de Agroenergia Ajuricaba e um centro de triagem de coleta solidá-ria, além de propriedades rurais de agricultura orgânica, plantas medi-cinais e produção de extrato seco.

A visita é resultado de um encon-tro, em dezembro, entre Salgado, o diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Frie-drich, e o consultor do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Paulino Motter, que estiveram na Fazenda Bulcão, em Aimorés (MG), onde começa-ram os projetos do Instituto Terra. “Temos interesses convergentes e

esta possibilidade de parceria nos fortalecerá”, disse Friedrich.

Na cidade mineira, Friedrich e Motter se encontraram com Salga-do e sua mulher, a arquiteta Lélia Deluiz Wanick Salgado, e viram de perto a recuperação da fauna e da flora nos 710 hectares da fazenda que pertenceu ao pai do fotógrafo. De terra degradada pela pecuária, a área abriga hoje uma rica floresta de Mata Atlântica, transformada em Reserva Particular do Patrimô-nio Natural (RPPN).

“São regiões geográficas, ecos-sistemas, atividades econômicas e tradições culturais distintas. Mas as diferenças desaparecem quando os objetivos e projetos desenvolvidos pelo Instituto Terra são contrastados com os objetivos e projetos do CAB”, disse Paulino Motter.

Rede de formadoresPara realizar a transformação da

Fazenda Bulcão, o Instituto Terra investiu em educação ambiental e na articulação com uma extensa rede de parceiros.

O reflorestamento – um dos te-mas prioritários da instituição – foi feito exclusivamente com espécies nativas. Para isso, foi montado um viveiro com capa-cidade de produção anual de um milhão de mudas. Agora, o Ins-tituto Terra se prepara para um desafio ainda maior: em parceria com prefeituras da região, vai ins-talar um novo viveiro para produ-zir cinco milhões de mudas.

PRESERVAçãO

ONg do fotógrafo Sebastião Salgado estuda parceria com Itaipu

Sebastião Salgado

Fazenda Bulcão antes e depois: com trabalho de reflorestamento do instituto, área degradada pela pecuária hoje é uma rica floresta de mata atlântica

Friedrich e Motter com Sebastião Salgado no Instituto Terra Técnicos do Instituto Terra conhecem ações do CAB

Page 17: Metodologia do CAB será implantada em países …...29 municípios da Bacia do Paraná 3 (BP3) onde são desenvolvidas atividades do programa. Foram três dias de debates, aprendizados,

Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201432 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 33Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

MuralO Programa Cultivando Água Boa completou 10 anos com recorde de participação em seu encontro anual: mais de 4 mil pessoas, representantes dos 29 municípios da Bacia do Paraná 3. Foram momentos de reflexão e de intensa convivência. Nesta página e na próxima, registros dos três dias de encontro, no auditório principal e nas diversas salas de atividades.

Page 18: Metodologia do CAB será implantada em países …...29 municípios da Bacia do Paraná 3 (BP3) onde são desenvolvidas atividades do programa. Foram três dias de debates, aprendizados,

Jornal Cult ivando Água Boa Fevereiro 201434 Itaipu Binacional Nº 25 Fevereiro 2014 35Nº 25 Jornal Cult ivando Água Boa Itaipu Binacional

Caça-Palavras

passatempo

Itaipu implantou em junho de 2012 o novo Sistema de Gestão de Sustentabilidade (SGS), integrando programas, projetos e ações da empresa que já tratam da sustentabilidade. Dentro dessa linha de pensamento, alguns projetos se destacam: o uso de sachês para adoçar o café, a substituição dos garrafões de água mineral por purificadores de água e destino sustentável às para as lâmpadas fluorescentes.

Com o uso dos sachês de açúcar e adoçantes, a previsão é que os empregados e colaboradores da margem brasileira de Itaipu deixem de consumir 18 toneladas de açúcar durante todo o ano de 2013 – em 2012 o consumo foi de 28 toneladas.

A outra ação é a troca dos velhos garrafões de 20 litros de água mineral por purificadores. Depois de avaliar a qualidade do produto oferecido pelos fornecedores, a Superintendência de Serviços Gerais começou a pesquisar alternativas para os atuais bebedouros. Constatou-se que a água potável disponível nos reservatórios dos escritórios tem qualidade superior ao produto comprado em recipientes de 20 litros.

Por fim, a Binacional tem dado destino útil para as lâmpadas fluorescentes descartadas. Desde 2008, a empresa encaminhou 180 mil unidades para descontaminação e reciclagem, material que voltou ao ciclo produtivo como matéria-prima (vidros e metais).

Para colorir

Leia atentamente e aprenda mais sobre as ações internas em itaipu que garantem sustentabiLidade e economia. ao finaL, encontre as paLavras destacadas!

I P U R I F I C A D O R E S G S S

C T D A G U A K L Ç Z X M V A U U

O X A Ç U C A R K J H G P I R S P

L I B I N A C I O N A L R D R T E

A S D F P A S D F G G H E R A E R

B C O N S U M I R J H G S O F N I

O I P R O G R A M A S A A S O T N

R A L T E R N A T I V A S B E A T

A J M S K O P Ç Z Q X W E S S B E

D E S C O N T A M I N A Ç A O I N

O R E C I P I E N T E S S C Q L D

R J T O N E L A D A S A L H J I E

E P E N S A M E N T O A Z E X D N

S F O R N E C E D O R E S S Q A C

F L U O R E S C E N T E S O A D I

Q U A L I D A D E H M J K T Y E A

E O B E B E D O U R O S B H K I K

Tirinha

no brasiL, o tamanduá-mirim está presente em quase todo o território nacionaL, ocorren-do nos biomas amazônia, caatinga, cerrado, mata atLântica e pantanaL. eLe tem peLos curtos e densos de coLo-ração amareLo páLida com duas faixas enegrecidas que recobrem seu corpo.

use a imaginação e dê cor ao bichinho

labirinto

papai, a professora disse que nós devemos pLantar uma árvore. vamos pLantar?

agora que o zezinho convenceu seu pai sobre a importância do meio ambiente, eLes decidiram ir pLantar aLgumas árvores.

então, vamos ajudá--Los a chegar ao bos-que, onde eLes pLanta-rão Lindas árvores!agora não, fiLho,

não tenho tempo.

mas a professora disse que se a gente não tiver tempo para cuidar do meio ambiente, um dia eLe não vai ter tempo para cuidar da gente

É verdade, ze-zinho. prepare--se! não vamos pLantar apenas uma árvore, mas várias

eba!!!

CAB e PTI recebem prêmio Ozires SilvaRECONHECIMENTO

Projeto Educação Ambiental do CAB recebeu menção honrosa e o projeto “Água: Conhecimento Para Gestão”da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) levou o prêmio principal

A Itaipu Binacional emplacou dois projetos entre os destaques da ca-tegoria Empreendedorismo Am-biental na Educação (modalidade empresa de médio e grande porte) do Prêmio Ozires Silva, iniciativa do Instituto Superior de Adminis-tração e Economia (Isae) da Fun-dação Getúlio Vargas (FGV) e do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM).

A premiação, que contou com a presença do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, foi realiza-da no dia 12 de fevereiro, no Mu-seu Oscar Niemeyer, em Curitiba. “As inovações estão aqui. E o Isae estimula isso”, afirmou Samek.

A gerente da Divisão de Educação Ambiental da Itaipu Binacional, Leila Alberton, recebeu a Menção

Honrosa pelo projeto Educação Ambiental, uma das iniciativas do Programa Cultivando Água Boa. Com o projeto, presente nos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, já foram atendidas mais de 20 mil pessoas. “É a edu-cação na sua integralidade”, disse Leila, feliz com o reconhecimento.

O projeto “Água: Conhecimento Para Gestão”, uma parceria entre a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), com apoio da Itaipu, foi o vencedor na categoria. A jor-nalista Eloiza Dal-Pozzo recebeu o prêmio em nome da equipe, que capacita brasileiros e estrangeiros para a boa gestão de recursos hídri-cos. Hoje, são oferecidos 36 cursos, todos gratuitos, e dirigidos a dife-rentes públicos. A meta é capacitar 30 mil pessoas até 2015.

Nesta sétima edição do Prêmio Ozires Silva de Empreendedoris-mo Sustentável foram inscritos mais de 90 projetos de pequenas, médias e grandes empresas, pessoa física (Plano de Negócios) e comu-nidade acadêmica de todas as regi-ões do Brasil. Os trabalhos tiveram de passar por duas avaliações, in-cluindo a defesa dos projetos.

O prêmio leva o nome do enge-nheiro Ozires Silva, um dos fun-dadores da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), ex-presi-dente da Petrobras e ex-ministro da Infraestrutura. Ele estava pre-sente e foi homenageado pelos or-ganizadores da cerimônia. “É mui-to bom ouvir histórias do passado, mas muito melhor falar dos sonhos do futuro, como estes apresentados aqui”, observou. “O Brasil pode ser melhor. As pessoas podem trabalhar em conjunto. Quem vai construir um grande País é o povo brasileiro.”

O objetivo do prêmio é incenti-var novas práticas empreendedo-ras ligadas ao desenvolvimento sustentável, seja por iniciativa de empresas, pessoas físicas ou es-tudantes. Mais de 50 projetos de empresas como Itaipu Binacional e Petrobras foram reconhecidos. As ações incluem implantação de sistemas de captação de energia solar, geração de renda, educa-ção ambiental no campo, adap-tação de mesas para cadeirantes, piscicultura sustentável, com-pensação ambiental dos gases de efeito estufa, apicultura orgânica, além do empreendedorismo para crianças e jovens.Ozires Silva esteve presente à premiação e foi homenageado pelos organizadores

É muito bom ouvir histórias do passado, mas muito melhor falar dos sonhos do futuro, como estes apresentados aquiOzires SIlva - engenheiro, fundador da Embraer, ex-presidente da Petrobras

e ex-ministro de Infraestrutura

Eloiza Dal-Pozzo, da FPTI, Lucilei Rossasi, Samek, Silvana Vitorassi e Leila Alberton

Page 19: Metodologia do CAB será implantada em países …...29 municípios da Bacia do Paraná 3 (BP3) onde são desenvolvidas atividades do programa. Foram três dias de debates, aprendizados,