Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

68
7 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 36434983/81124271/99548998/81850801/84346131 Unidade 1: Generalidades do Treinamento Desportivo 1.1 Conceito de Treinamento e Rendimento Esportivo EXERCÍCIO FÍSICO: São entendidos como formas de movimento humano para atingir um dos seguintes objetivos: (a) manter certo nível da função física; (b) desenvolver capacidades físicas funcionais; (c) restaurar alguma perda da capacidade funcional; (d) desenvolver novas capacidades funcionais para compensar a perda de outras anteriormente existentes. Já BARBANTI (1979) define exercício como: "Sequências de movimentos repetidos sistematicamente, com o objetivo de elevar um rendimento. Do ponto vista anatômico, existem os exercícios de efeito geral, onde se trabalham muitos grupos musculares e os exercícios de efeito localizado, com atuação em um ou poucos músculos. Ainda do ponto de vista metodológico, podemos dividir os exercícios em gerais se visa uma melhora da condição, e específicos quando contêm movimentos e atividades que se aproximam da modalidade esportiva praticada”. Classificação dos Exercícios Tipo de Contração Muscular (isométrico, isotônico e isocinético) ; Movimento Articular (cíclico, acíclicos e mistos); Volume de Massa Muscular (localizado, regional e global) Preparação Competitiva (Gerais, Especiais e Competitivos) Gerais: Exercícios que não contém nenhum componente dos movimentos característicos de uma competição ou jogo. Desenvolvimento das qualidades gerais. Específicos: Exercícios que possuem estrutura parcial ou total semelhante a estrutura do movimento de competição ou jogo. Competitivos: Realizado de acordo com as regras da modalidade, ou simulam a atividade esportiva ATIVIDADE FÍSICA: Forma de movimento humano estruturado (organizado), nãoutilitário (no sentido ocupacional do termo) ou terapêutico, usualmente manifestado em jogos ativos, desportos, ginástica e dança (FARIA JÚNIOR, RIBEIRO, 1996). APTIDÃO: Capacidades inatas que cada indivíduo apresenta (talento). A aptidão é predominantemente genética e são influenciadas por variáveis ambientais, as quais são responsáveis pelo nível e qualidade de aptidão. APTIDÃO FÍSICA ou MOTORA: é a capacidade de durar, descontinuar, de resistir ao Estresse, de persistir em circunstância difíceis onde uma pessoa destreinada desistiria. Segundo a OMS (1978) “Aptidão física é a capacidade de realizar trabalho muscular de maneira satisfatória”. BOUCHARD (1990) coloca que:

Transcript of Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

Page 1: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

7 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Unidade 1: Generalidades do Treinamento Desportivo 

1.1 Conceito de Treinamento e Rendimento Esportivo  

EXERCÍCIO FÍSICO: São entendidos como formas de movimento humano para atingir um dos seguintes objetivos: (a) manter certo nível da função física; (b) desenvolver capacidades físicas funcionais; (c) restaurar alguma perda da  capacidade  funcional;  (d)  desenvolver  novas  capacidades  funcionais  para  compensar  a  perda  de  outras anteriormente existentes.   Já BARBANTI (1979) define exercício como:  

"Sequências  de  movimentos  repetidos  sistematicamente,  com  o  objetivo  de  elevar  um rendimento. Do ponto vista anatômico, existem os exercícios de efeito geral, onde se trabalham muitos grupos musculares e os exercícios de efeito  localizado, com atuação em um ou poucos músculos. Ainda do ponto de vista metodológico, podemos dividir os exercícios em gerais se visa uma  melhora  da  condição,  e  específicos  quando  contêm  movimentos  e  atividades  que  se aproximam da modalidade esportiva praticada”. 

 Classificação dos Exercícios 

• Tipo de Contração Muscular (isométrico, isotônico e isocinético) ; • Movimento Articular (cíclico, acíclicos e mistos); • Volume de Massa Muscular (localizado, regional e global) • Preparação Competitiva (Gerais, Especiais e Competitivos) • Gerais: Exercícios que não contém nenhum componente dos movimentos característicos de uma 

competição ou jogo. Desenvolvimento das qualidades gerais. • Específicos:  Exercícios  que  possuem  estrutura  parcial  ou  total  semelhante  a  estrutura  do 

movimento de competição ou jogo. • Competitivos:  Realizado  de  acordo  com  as  regras  da  modalidade,  ou  simulam  a  atividade 

esportiva ATIVIDADE  FÍSICA:  Forma  de  movimento  humano  estruturado  (organizado),  não‐utilitário  (no  sentido ocupacional do  termo) ou  terapêutico, usualmente manifestado em  jogos ativos, desportos, ginástica e dança (FARIA JÚNIOR, RIBEIRO, 1996).  

 APTIDÃO: Capacidades inatas que cada indivíduo apresenta (talento). A aptidão é predominantemente genética e são influenciadas por variáveis ambientais, as quais são responsáveis pelo nível e qualidade de aptidão.  APTIDÃO  FÍSICA ou MOTORA:  é  a  capacidade de durar, descontinuar, de  resistir  ao  Estresse, de persistir  em circunstância  difíceis  onde  uma  pessoa  destreinada  desistiria.  Segundo  a  OMS  (1978)  “Aptidão  física  é  a capacidade de realizar trabalho muscular de maneira satisfatória”.    BOUCHARD (1990) coloca que: 

Page 2: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

8 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

"A aptidão física é o estado dinâmico de energia e vitalidade que permite a cada um não apenas a realização  de  tarefas  do  cotidiano,  as  ocupações  ativas  das  horas  de  lazer  e  enfrentar emergências  imprevistas  sem  fadiga  excessiva,  mas  também  evitar  o  aparecimento  das disfunções hipo‐cinéticas, enquanto  funcionando no pico da  capacidade  intelectual e  sentindo alegria de viver ". 

 COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA 

‐ A Aptidão Física Relacionada à Saúde: mede a qualidade da saúde que pode ser representada ao longo de continuum em que um extremo o  indivíduo estaria doente, acamado, com nenhuma possibilidade de  fazer qualquer  atividade, e de outro, ele estaria  com uma  saúde ótima,  com grande capacidade funcional, em todos os aspectos da vida. A Aptidão Física Relacionada a Saúde pode  ser  dividido  em  quatro  componentes:  Aptidão  Morfológica,  Cardiorrespiratória, Neuromuscular. 

‐ A  Aptidão  Física  Relacionada  às  Habilidades  Esportivas:  compreende  vários  componentes necessários para a prática e o sucesso em vários esportes. Estes componentes estão divididas em três grupos: capacidades físicas, habilidades motoras e capacidades derivadas. 

   Prosseguindo  com  isso  Vera  Lúcia  Gonçalves  (1999)  coloca  que  a  habilidade  esportiva  ainda  é subdividida em:   Habilidade  esportiva  de  recreação:  cuja  meta  primordial  e  a  melhoria  do  bem  estar  e relacionamento  interpessoal de seus praticantes por  intermédio de competição. Ex: o  jogo de futebol nos finais de semana, o vôlei de praia e etc.   Habilidade  esportiva  de  alto  rendimento:  a  onde  o  principal  objetivo  é  alcançar  o  desempenho máximo mediante o estabelecimento de desafios dos próprios limites na busca de recordes e vitórias.  CONDIÇÃO      No   esporte   a condição   é   considerada   a   circunstância   ou situação   que   denota   um   estado:   condição física,   condição   técnica,   condição cardiorrespiratória. 

Page 3: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

9 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

CONDIÇÃO   FÍSICA   Estado     que denota     o     grau     de     desenvolvimento     das  características     motoras      como     a   resistência, força,   velocidade   (...).   Pode   ser   geral   ou específica (Barbanti, 1994).  CONDICIONAMENTO   FÍSICO (CF)   Ato   ou   efeito     de   condicionar      (treinar) o     corpo,     tornando‐o     apto     para     a     realização de tarefas específicas.  Objetivos   do   CF:    

‐ Desenvolver   ou manter  de  forma  equilibrada  as  variáveis  da condição   física   através   da   prática sistemática   e   regular   de   exercícios   físicos;  

‐ Auxiliar  no   desenvolvimento   do   sistema cardiorrespiratório;    ‐ Preparação   física visando a saúde e/ou o rendimento atlético. 

Campos   de   atuação:    ‐ Equipes (preparação   física);    ‐ Academias  (estética, redução   de   gordura,   saúde);    ‐ Escolas (controle das aulas – profilática – prevenir o aparecimento   de   doenças   hipocinéticas);  ‐ Prevenção     de     doenças,     estabilização     do nível     de     preparação      física     e     recuperação 

(diabéticos, cardíacos, obesos, acidentados).  TREINAMENTO DESPORTIVO: 

 "E o conjunto de procedimentos e meios utilizados para se conduzir um atleta à sua plenitude física,  técnica  e  psicológica  dentro  de  um  planejamento  racional,  visando  executar  uma performance máxima num período determinado". 

(DANTAS, Estélio H.M. 1998, p.24) 

 "E um processo organizado de aperfeiçoamento desportivo, dirigido por princípios, estimulando modificações funcionais e morfológicas no organismo, influindo sistematicamente na capacidade de rendimento do atleta para atingir altos resultados esportivos". 

(BARBANTI, Valdir José, 2001, p.3) 

   Segundo  ZENON,  citado  por  BARBANTI  (op.  cit),  treinamento  é  um  "Processo  de  especialização desportiva, na qual,  sem prejudicar o desenvolvimento harmonioso da personalidade do desportista,  tende ao máximo desenvolvimento de suas características físicas, psíquicas e educacionais que  lhe asseguram a obtenção do melhor resultado".  Objetivos do Treinamento Desportivo 

‐ Desenvolvimento físico multilateral; ‐ Desenvolvimento físico específico; ‐ Fatores técnicos; ‐ Fatores táticos; ‐ Aspectos psicológicos; ‐ Habilidade para o trabalho em equipe; 

Page 4: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

10 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Fatores Ligados a saúde; ‐ Prevenção de lesões; ‐ O conhecimento teórico do atleta. 

 Características do Treinamento Desportivo    Treinamento esportivo  representa aquele  termo coletivo que descreve  todas as medidas utilizadas para  o  incremento  e  manutenção  do  rendimento  esportivo  (GROSSER,  BRÜGGEMAN  &  ZINTL,  1989).  O treinamento esportivo possui as seguintes características particulares:  

‐ É um processo planejado cientifico e pedagógico.  ‐ Aplica‐se um conjunto de exercícios corporais.  ‐ Desenvolvem‐se as aptidões físicas, mentais e sociais do atleta/equipo.  ‐ Existe uma preparação técnica‐táctica/estratégica.  ‐ Estuda‐se a regulamentação e história do esporte praticado.  

  O Treinamento Desportivo depende: ‐ Desenvolvimento das valências físicas; ‐ Aquisição da técnica e apreensão da tática; ‐ Medicina preventiva; ‐ Recuperação de lesões; ‐ Acompanhamento Psicológico; ‐ Acompanhamento Dietético ‐ “Treinamento Invisível” 

 Processo de Treinamento   Contempla  o  ajuste  a  curto  e  longo  prazo  de  todas  as  medidas  necessárias  para  a  realização  do treinamento com o objetivo de melhorar o  rendimento. É um processo que normalmente de desenvolve em 5 etapas ou fases: 

‐ Diagnóstico; ‐ Objetivos ‐ Treinamento ‐ Competições ‐ Avaliação  

 

1.2 Sistema de Preparação Desportiva 

  Sistema  de  utilização  orientada  de  todo  o  complexo  de  fatores  que  condiciona  a  obtenção  dos objetivos da atividade desportiva. 

 

1.2.1 Componentes do Sistema de Preparação do Desportista 

‐ Sistema de competições ‐ Sistema de treinamentos ‐ Sistema de fatores complementares 

Page 5: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

11 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

 Sistemas de Competições   Série  de  competições  oficiais  e  não‐oficiais  integrantes  do  sistema    único  de  preparação  do Desportista.  Isoladamente  não  pode  ser  visto  como  auto  suficiente  para  a  preparação.  Adequação  aos parâmetros e objetivos.  Classificação das Competições 

‐ Competição  preparatória:  aperfeiçoamento  da  técnica  e  da  tática  das  ações  competitivas  do desportista  e    das  adaptações  nos  vários  sistemas  funcionais  relacionados  às  exigências competitivas;  

‐ Competição de  controle:  avaliação do nível de preparação  atingido pelo desportista  tanto no aspecto técnico e tático, como no aperfeiçoamento das capacidades motoras e psíquicas;  

‐ Competição simulada: Preparação direta do desportista para a competição principal;  ‐ Competição seletiva: Expressão do melhor potencial do desportista. ‐ Competição  principal:  expressão,  obrigatoriamente,  de  sua  melhor  capacidade  de  trabalho 

específico,  requerendo  assim,  ótimo  nível  de  preparação  psicológica  para  as  condições  de competição. 

 A Preparação para a Competição Desportiva 

‐ Domínio das ações técnicas e comportamentos tácticos de uma modalidade ‐ Adaptação do organismo aos esforços intensos solicitados pela competição ‐ Adaptação às exigências psico‐ emocionais da competição 

 Sistema de Treinamento   Preparação física, técnica, tática e psicológica. Desenvolvimento das capacidades físicas. Seleção dos meios e métodos de treinamento. Controle das variáveis.  Sistema de Fatores Complementares 

‐ Equipamentos  ‐ Materiais e instalações; ‐ Alimentação; ‐ Recuperação. 

 

1.2.2 Componentes do Treinamento Desportivo 

  O treinamento desportivo hoje é um conjunto de atividades, bastante complexo, compreendendo: ‐ Atividades de medicina preventiva ‐ Desenvolvimento da capacidade cardiopulmonar ‐ Desenvolvimento da capacidade neuromuscular ‐ Aquisição da técnica ‐ Apreensão da tática ‐ Mobilização das forças psíquicas ‐ Atividades de medicina desportiva ‐ Intervenção social ‐ Treinamento  invisível  (ou  preparação  complementar  ‐  alimentação,  hábitos  de  vida  e 

recuperação).  

Page 6: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

12 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

1.2.3 Comissão Técnica ou Equipe Interdisciplinar 

  O  embrião  da  comissão  técnica  surgiu  no  Período  do  Empirismo,  quando  o  técnico  passou  a necessitar da colaboração de um médico. Porém, somente com o advento da filosofia do treinamento total é que aparece a  comissão  técnica atuando em áreas perfeitamente definidas.  Se  antes havia um  técnico e diversos, auxiliares, agora há profissionais trabalhando em conjunto para um mesmo objetivo. A comissão técnica é assim constituída: 

‐ Técnico ‐ responsável pelo treinamento técnico‐tático ‐ Preparador físico ‐ responsável pelo treinamento físico ‐ Médico  ‐  responsável  pelas  atividades  da  medicina 

desportiva ‐ Fisioterapeuta  ‐  responsável  pela  recuperação  dos 

atletas juntamente com o médico. ‐ Nutricionista ‐ responsável pela preparação nutricional ‐ Psicólogo‐ responsável pela preparação psicológica ‐ Supervisor  ‐  responsável pelo  treinamento  invisível  e 

pelos auxiliares técnicos Pode, ainda, contar com diversos auxiliares técnicos como, por exemplo: 

• Coreógrafo                  • Massagista • Enfermeiro                  • Acompanhante • Nutricionista               • Servente • Pianista                        • Roupeiro • Armeiro                       • Artífice • Técnicos assistentes 

  A comissão técnica, de comum acordo, estabelece objetivos a serem atingidos, mas a existência de tantas pessoas trabalhando juntas cria a necessidade de uma perfeita coordenação.    O técnico ficara com a função de coordenar o trabalho dos demais membros da comissão, se não for criada a  figura do técnico‐chefe  (ou coordenador). Via de regra, essa solução não é a   melhor, pois     além     de   sobrecarregar   o técnico, conduz a uma hipertrofia na função da  preparação  técnico‐tática  em detrimento das demais, tornando‐se, portanto, perniciosa ao treinamento.   De acordo com experiência de trabalho em uma comissão técnica, a melhor solução é desmembrar a função  de  coordenação  em  duas,  atribuindo  ao  preparador  físico  o  planejamento  da  periodização  e  o acompanhamento da evolução do treinamento e ao supervisor o controle formal do trabalho diário e a avaliação do desempenho dos profissionais da comissão técnica.   É  importante  ressaltar  que  o  controle  direto  dos  atletas  cabe  ao  técnico,  que  deve  assumir  a liderança dos mesmos e mantê‐los sob seu comando pessoal, contando para isso com a colaboração de todos os membros da comissão técnica, em especial com a do psicólogo.   A comissão técnica deve, ainda, se preocupar com fatores externos ao treinamento tais como família, trabalho ou escola, meio ambiente, etc., que atuam sobre os atletas.  PREPARAÇÃO FÍSICA: Melhoria das capacidades físicas motoras.  

‐ Geral: Capacidades motoras de base.  ‐ Especifico: Capacidades motoras da modalidade.  

  Preparação Geral   O  principal  objetivo,  independente  da  especificidade  do  desporto,  é  melhorar  a  capacidade  de trabalho.   Quanto  mais  alto  o  potencial  de  trabalho,  mais  facilmente  o  organismo  adapta‐se  à  elevação contínua das exigências físicas e biológicas do treinamento. 

Page 7: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

13 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  “Quanto mais amplo e forte for o físico geral, maior é o nível das capacidades biomotoras que um atleta poderá atingir” (BOMPA, 2001).  Preparação Especifica   Desenvolvimento das capacidades motoras específicas.   Níveis de desempenho similar (90%) aos níveis de competição.   “Quanto mais amplo e forte for o trabalho específico maior é o nível de exigência da capacidade física de um atleta e consequentemente poderá atingir limites acima dos pessoais” (BOMPA, 2001).  Funções do Preparador Físico: 

1)   Periodização     do      treinamento: dividir     o      tempo disponível     para     a     preparação      física, objetivando   atingir   o   desenvolvimento   das variáveis   físicas   que   se   quer   atingir (preparação de base, preparação específica); 2)    Testes      iniciais:    identificação      e     de  acordo    com    as   qualidades    físicas    requeridas pelo   esporte;   adequação   aos   objetivos propostos,   meio   de   motivação   para   atingir os   objetivos   individuais,   verificação   da evolução individual.; 3)  Prescrição   de   exercícios: prescrever  o  nível  inicial   da  atividade  física (intensidade,   duração,   frequência   e   tipo   de atividade   física   conforme   os   objetivos   a serem atingidos). 4)   Planejamento     e     controle   da preparação     neuromuscular     e     preparação orgânica (Dantas, 1985). 

‐ Preparação      orgânica:      visa  essencialmente      o      desenvolvimento  cardiovascular  e pulmonar. 

‐ Preparação neuromuscular:  visa essencialmente     o     desenvolvimento     da  coordenação,   equilíbrio,   velocidade, descontração, agilidade... 

 PREPARAÇÃO TÉCNICA: Melhoria do gesto específico de  forma  racional. A  técnica, sob a ótica do  treinamento desportivo, segundo Dantas é: “O conjunto de procedimentos e conhecimentos capazes de propiciar a execução de uma atividade específica, de complexidade variável, com o mínimo de desgaste e o máximo de sucesso”.    A  preparação  técnica,  segundo  Tubino & Moreira,  é:  “O  treinamento  dos  fundamentos  técnicos individuais, acrescidos de seqüências ensaiadas,  tudo com o sentido de enfrentar a competição com  recursos técnicos suficientes para o alcance do êxito nos objetivos formulados”. Segundo o russo Matveev, a preparação técnica deve ter três propósitos básicos: 

‐ Ampliação e assimilação da teoria da modalidade em treinamento;  ‐ Ampliação da quantidade de destrezas e hábitos motores favoráveis para o aperfeiçoamento da 

modalidade escolhida; ‐ Aperfeiçoamento dos gestos esportivos específicos da modalidade em questão. 

 Métodos Usados na Preparação Técnica   Dentro  da  preparação  técnica  são  empregados  diferentes métodos  tais  como:  verbais,  visuais,  e práticos.   A aplicação de ditos métodos estará em dependência do nível de preparação que possua o esportista e da etapa a que se encontre.  Etapas da Preparação Técnica 

‐ Etapa  de  treinamento  de  base: A  primeira  fase  tem  como  objetivo  desenvolver  a  iniciação  e aprendizagem desportiva, com assimilação dos movimentos técnicos da modalidade esportiva. 

‐ Etapa de especialização: Aperfeiçoamento da  técnica,  importância das competições, Polimento técnico‐ tático e Amadurecimento psicológico. 

Page 8: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

14 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Etapa de alto  rendimento: Nesta etapa  tentamos desenvolver as  condições necessárias para a participação do atleta nas diversas competições. Etapa seletiva e Exigências máximas 

 Critérios a Considerar para Execução de uma Técnica Perfeita 

‐ Correspondência com as particularidades do esportista ‐ Garantir um emprego eficaz e ao mesmo tempo econômico do potencial energético do esportista ‐ Reproduzir‐se de forma estável em condições adversas ‐ Realizá‐la a velocidades máximas de execução e com alta potência dos esforços ‐ Suficientemente flexível em situações de troca 

 PREPARAÇÃO TÁTICA: Encontrar a melhor  forma para  surpreender e vencer o adversário  tanto de uma  forma individual ou coletiva. Tática é a arte de dispor recursos de maneira a explorar os pontos  fracos do adversário, enquanto, ao mesmo tempo, minimizamos nossas próprias deficiências. O professor cubano Juan Quesada define a tática como: “a forma racional de empregar os elementos técnicos em dependência das condições do atleta, do adversário e do meio onde se desenvolve a competição”.  

    Preparação tática, segundo Dantas, é “o conjunto de procedimentos que irá assegurar ao atleta ou à  equipe  a  utilização  dos  princípios  técnicos  mais  adequados  a  cada  situação  da  competição‐alvo  ou  do adversário”.  Já Tubino & Moreira  conceituaram a preparação  tática  como:  “a  identificação de procedimentos estabelecidos pelos treinadores, cujo objetivo é colocar o atleta na melhor condição de competição, de acordo com as  realidades adversárias”. Apesar de didaticamente  separarmos neste  capítulo  a preparação  técnica da preparação tática com  intuito de facilitar a compreensão de alguns conceitos relacionados a ambos, salienta‐se que a preparação técnico‐tática sempre deverá ser concebida como uma só unidade, pois as opções táticas são condicionadas pelas possibilidades técnicas.  

Estratégia: É a atividade operativa e concreta do competidor e treinador nas condições da competência. 

 A Tática e os demais componentes   A alta eficiência da tática não depende sozinha dos corretos objetivos estratégicos e das tarefas da preparação. Esta em função da preparação física, psíquica e teórica dos esportistas.    A tática se acha totalmente comprometida com a atividade competitiva.  Otimização da Tática   É um processo no que por cada situação se busca e se seleciona a melhor variante, combinação ou procedimento tático.  

Page 9: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

15 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  Depende  acima de  tudo dos  fatores  existentes  (repertório  tático)  e de  sua  aplicação  racional nas condições concretas da competição esportiva.  Finalidade da Preparação Tática 

‐ Aquisição dos conhecimentos relativos ao arsenal de  recursos táticos e acerca de como e em que condições devem ser aplicados. 

‐ O estudo das possibilidades dos adversários e das condições das competições. ‐ Assimilação dos recursos táticos, das suas combinações e variantes, até se chegar ao domínio de 

destreza e aos hábitos táticos perfeitos. ‐ Desenvolvimento das preparações. 

  Meios Básicos para Preparação Tática   Os meios básicos da tática são as distintas habilidades técnicas. São exercícios competitivos que se empregam na disputa esportiva da forma mais eficiente, segundo a situação competitiva concreta.  Formas Táticas 

‐ Passiva: economizar forças físicas, conservar certo resultado, esperar ou provocar ao adversário para um contra‐ataque. 

‐ Ativa: caracteriza‐se pela obrigação do adversário de realizar ações que não são de seu interesse. Esta se aplica mediante uma inesperada mudança do ritmo, ou das combinações táticas. 

 Etapas da Tática Desportiva   Realiza‐se em 3 etapas sucessivas: 

‐ Projeto tático: elabora‐se antes do jogo, serve como guia da forma de levar a cabo a partida. ‐ Plano  tático:  sua  confecção  está  precedida  por  uma  análise  das  capacidades  da  equipe 

adversário, das condições para celebrar a competência, etc.  ‐ Ação tática: caracteriza‐se pelas fases de percepção e análise da situação competitiva. 

  PREPARAÇÃO  PSICOLÓGICA:  Preparar  o  indivíduo  para  conhecer  seu  potencial  e acreditar  na  possibilidade  de  alcançar  seus  objetivos.  Trabalhada  durante  toda  a periodização de  formas diferentes no período de treino visam aumentar a tolerância e suportar mais  aos métodos  de  treino,  no  período  de  competição  visam  aumentar  a concentração e trabalhar os pensamentos positivos.   PREPARAÇÃO  INTELECTUAL:  Orientar  o  indivíduo  para  todo  o  processo  que  será desenvolvido, fazendo o mesmo ser parte ativa deste processo, com sugestões, ajustes e participação.   

‐ Conhecimento teórico.  ‐ Estabelecimento de metas.  ‐ Objetivos alcançáveis. 

 PREPARAÇÃO NUTRICIONAL: Trabalhada durante toda a periodização de formas diferentes no período de treino visam  aumentar  as  reservas  energéticas  e  aumentar  a  tolerância  e  suportar mais  aos métodos  de  treino,  no período de competição visam recuperar rapidamente as reservas depletadas. 

  

Page 10: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

16 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

RENDIMENTO  ESPORTIVO:  Unidade  entre  a  execução  e  o  resultado  de  uma  ação  ou  de  uma  sucessão  de complexo  de  ações  esportivas,  que  são medidas  e  valoradas  e  apoie  a  normas  precisas  que  são  socialmente estáveis. 

  Fatores que afetam e determinam o Rendimento Esportivo 

‐ Condições básicas: Talento, saúde, material técnico. ‐ Aptidão física: Força, velocidade, tolerância/resistência, flexibilidade. ‐ Condições externas: 

o Fatores psicossociais:  Ambiente social (família, trabalho, treinador).  Ambiente físico (Nível de contaminação). 

‐ Capacidades psicológicas. ‐ Técnica: 

o Capacidades coordenativas. o Destrezas motoras. 

‐ Capacidades cognitivo‐tácticas. o Nível/grau de conhecimento sobre as regras que governam o esporte em que participa o 

atleta. 

  Barreira do Rendimento Físico   Estratégias para superar as barreiras físicas: 

‐ Aumentar  a  carga  de  trabalho  através  do  aumento  da  intensidade,  frequência  e    volume  do esforço físico (Tschiene,1989) 

‐ Recorrer aos auxílios ergogênicos  (Williams,1998) 

Page 11: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

17 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Dopagem com substâncias proibidas  (Williams,1998)  METODOLOGIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO: Estudo dos processos que podem e devem ser seguidos para obtenção  propositada,  e,  não  casual  do máximo  rendimento  possível,  em  determinada  tarefa  ou modalidade esportiva.   Os métodos de treinamento são a forma organizada com determinados parâmetros que o treinador utiliza para mobilizar os diferentes sistemas energéticos, e pela duração do estímulo fazer que alguém predomine sobre os outros.   Na  literatura  esportiva  se  descrevem  vários  métodos.  Para  um  melhor  estudo  e  organização metodológicos surgem organizados em grandes grupos: 

Grupos  Métodos Capacidade 

Preparação Cardiorrespiratórios 

M.Contínuos 

Jogos de Percurso 

Método de Cerutty R. Aeróbica  

Marathon‐Training; R. Aeróbica 

Cross‐Promenade Polivalente  

Método de Glenhutly R. Aeróbica 

Método de Lydiard R. Aeróbica 

Ritmo Constantes 

Ritmo Lento R. Aeróbica 

Ritmo Médio  R. Aer. e Anar. 

Ritmo Rápido R. Anaeróbica 

Método Cooper R. Aeróbica 

Método Zona Alvo R. Aeróbica 

Variados Fartlek  Polivalente  

Fracionados 

Intervalados 

Sprint‐Training  Velocidade  

Tempo‐Training Velocidade 

Interval‐Tempo‐Training Velocidade  

Acceleration Sprint Velocidade  

Hollow Sprint Velocidade  

Repetição Sprints repetidos R. Aeróbica 

Corridas repetidas R. Anaeróbica 

Adaptativos Hypoxic‐Training R. Anaeróbica 

Treino em Altitude R. Aeróbica 

Outros 

Circuito Training 

Circuito aeróbico R. Aeróbica 

Circuito anaeróbico R. Anaeróbica 

Circuito misto Polivalente 

Step Training R. Aeróbica 

Hidroginástica  R. Aeróbica 

Neuromuscular 

Força 

Power Training Força explosiva 

Pliometrico Força explosiva 

Isometria Força isométrica 

Isocinético Força dinâmica 

Musculação RML,  F.  dinâmica  e  F. explosiva 

Ginástica Localizada RML 

Flexibilidade Alongamentos Flexibilidade 

Flexionamentos Flexibilidade 

Facilitação Neuromuscular Flexibilidade 

Relaxamento  Treinamento Mental e Visualização Descontração 

   

Page 12: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

18 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Unidade 2: Carga de Treinamento Físico 

2.1 Adaptação no Treinamento 

  Quando  o  esportista  se  esforça  para  obter  o máximo  de  seu  rendimento  individual  os  técnicos encarregados  de  sua  preparação  dirigem  seus  esforços  para  obter  sua  máxima  capacidade  de  rendimento esportivo,  desprende‐se  a  necessidade  de  ampliar,  intensificar  e  especificar,  a  um  nível  superior,  o desenvolvimento  das  capacidades  físicas,  a  técnica  esportiva,  as  capacidades  e  conhecimentos  táticos,  a faculdade e disposição para o alto rendimento.   Uma grande influencia sobre o ritmo de desenvolvimento da capacidade de rendimento esportivo é devida  à  organização  da  carga  de  treinamento  e  das  competições.  Sob  o  efeito  destas  cargas  se  produz  a transformação dos sistemas físicos e psíquicos funcionais em um nível superior de rendimento. Mas para que isto se  leva  em  consideração  que o  êxito  é necessário  conhecer  as  características das  cargas  de  treinamento que influem deforma ótima na adaptação ao esforço para a melhora no rendimento  

2.1.1 Conceito de Adaptação ao Treinamento  

   Adaptação pode ser definida como: a capacidade  funcional que permite a  integração entre  fatores genéticos e do meio ambiente, resultando em fenômenos previsíveis, segundo critérios pré‐estabelecidos para a intensidade, frequência e duração e supercompensação.       Estes processos, não  só procuram voltar para ponto de partida ante o esforço, mas  sim  tendem a ultrapassar os níveis  iniciais de capacidade, o que parece  ser uma predisposição do organismo ante uma nova agressão.   Do  ponto  de  vista  especificamente  esportivo  se  define  adaptação  ao  treinamento  como:  a transformação dos sistemas funcionais físicos e psíquicos, que se produzem sob o efeito de cargas externas e a reação  frente  a  condição  especificas  internas  que  têm  como  objetivo  adequar  as  capacidades  funcionais  do organismo às cargas  e ao tipo de trabalho realizado no treinamento. 

 

Figura 1: Processo de Adaptação (Supercompensação) 

  Pode‐se  registrar  uma  hierarquia  de  sequência  temporal  da  adaptação  nos  indivíduos  em crescimento e desenvolvimento: 

1 ‐ Distúrbio da Homeostase (Equilíbrio estável dos sistemas do organismo e o meio ambiente) 

Page 13: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

19 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

2 ‐ Contra‐regulação com maior amplitude da função 3 ‐ Formação de novas estruturas celulares 4 ‐ Ampliação do campo de estabilidade e do sistema a ele adaptado 5 ‐ Reversibilidade do processo de adaptação na falta do exercício. 

  Junto ao conceito de adaptação é necessário  fazer  referência a um conceito que está diretamente relacionado com o anterior, e sem o qual não poderia expô‐la maior parte das variáveis fisiológicas. Referimo‐nos ao conceito de limiar, o qual é definido como “a capacidade do indivíduo ou desenvolvida pelo treinamento que vai condicionar o grau de intensidade do estimulo”.      Apesar de que este conceito de  limiar possa parecer muito genérico é necessário particularizar que cada  estimulo  tem    diferentes  efeitos  em  cada  pessoa  devido  principalmente  ao  diferencial  estado  de  seus limiares para esse tipo de estímulo.      Como  sabemos  de  fisiologia  do  exercício,  não  só  existe  um  tipo  de  limite,  mas  também  que dependendo da que faceta da variável fisiológica nos refiramos, assim será o limiar que utilizaremos, quer dizer, se falamos de limiar de treinamento, nos referimos à quantidade de trabalho mínimo ou  necessário para produzir melhor, mas se falamos  limiar de tolerância nos referimos a máxima    intensidade que um sujeito pode suportar para um estimulo determinado.   Isto é particular a cada pessoa e a cada tipo de estímulo, por isso não se pode generalizar, ou melhor, dito personalizar o conceito de limiar.     A adaptação funcional se obtém com ou consequência da assimilação de estímulos sucessivamente crescentes,  isto quer  dizer que  para que  se obtenha uma melhora no  limiar de  tolerância  de um  estímulo,  é necessário que estes sejam crescentes.     Partindo do princípio de que cada esportista tem um  limiar de esforço determinado  e  uma máxima  ou margem  de  tolerância,  terá  que    considerar  que  os  estímulos  que  por  sua natureza  débil  estão  abaixo  do  limiar  não  se  excitam  suficientemente  as  funções  orgânicas  e  portanto  não treinam.     Aqueles estímulos mais intensos, mas que ainda se mantém abaixo do limiar, mas muito próximos ou igual ao  limiar, excitam as diferentes funções orgânicas, sempre e quando, repitam‐se um número suficiente de vezes.                Aqueles estímulos fortes que chegam ao limiar produzem excitações sensíveis nas funções orgânicas e  depois  do  descanso,  fenômenos  de  adaptação  (devidos  a  aqueles  estímulos)  são  os  que  produzem  em treinamento.  Estímulos muito  fortes  que  ultrapassam  ao  limiar  próximas  ao máximo  ou  nível  de  tolerância, Também  produzem  efeitos  de  adaptação  (treinamento),  sempre  e  quando  não  se  repetirem  com  demasiada freqüência, em cujo caso se provocaria um estado de supertreinamento.     

2.1.1.1 Formas de Adaptação 

  Os fenômenos de adaptação podem ser considerados sob vários aspectos: ‐ Anatômicos (aumento de massa muscular, volume cardíaco e capitalização) ‐ Fisiológicos (metabolismo e consumo máximo de oxigênio). ‐ Positivo  (adaptações  que  resultam  numa  melhor  capacidade  de  desempenho  pela  aplicação 

correta das sobrecargas aos sistemas biológicos). ‐ Negativo (má adaptação devido a uma sobrecarga excessiva nas estruturas músculo esqueléticas, 

das capacidades cardiorrespiratória e psicológica)  

2.1.1.2 Tipos de Efeitos de Treinamento como Forma de Adaptação 

  A influência do estímulo de treino sobre o organismo não se dá somente no momento dos exercícios, mas  também  durante  o  período  de  descanso  após  o  stress  físico.  A  adaptação  ao  estímulo  aplicado  não  é constante, variam em função da continuidade do repouso e o acúmulo de novas sessões de treino. 

1  ‐ Efeito  Imediato  ‐ São mudanças funcionais que ocorrem no organismo no momento do esforço físico  (aumento  do  consumo  de  oxigênio,  aumento  função  cardíaca,  da  frequência  respiratória, função muscular e da prontidão psicológica) e durante a instalação da fadiga. 

Page 14: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

20 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

2  ‐ Efeito Posterior  ‐  São  as  adaptações ocorridas no organismo durante período de  recuperação ampliada, até o próximo treino de mesma influência. 3  ‐ Efeito Somatório  ‐É a  soma dos efeitos dos  treinos  recebidos pelo organismo,  com mudanças funcionais mais profundas que a anterior. 4  ‐  Efeito  Acumulativo  ‐  São  adaptações  ocorridas  a  longos  prazos,  pelos  efeitos  de meses  de treinamento,  tanto  neuro muscular  como  cardiovascular  e  psicológico,  com  novas  formações  de estruturas celulares, de acordo com o tipo de carga aplicada (aeróbica ou anaeróbica). 

 

2.1.1.3 Leis da Adaptação 

  Essa adaptação se regula por uma série de leis: ‐ Lei da Intensidade Ótima do Estímulo (lei do limiar), ‐ Síndrome Geral de Adaptação ou Teoria do Estresse,  ‐ Lei da Supercompensação ‐ Reserva Total de Adaptação ‐ Princípios do Treinamento 

 Lei do Limiar:   Cada pessoa  tem um  limiar de  esforço determinado  e um máximo de  tolerância.  Limiar: ponto  a partir do qual a  intensidade do estímulo pode produzir adaptações. Estímulos que por  sua natureza débil não excitam o suficiente as funções orgânicas e, portanto não treina. 

Estímulos mais  intensos que  chegam ao  limiar. Podem excitar  sempre e quando  se  repetirem um número considerável de vezes. 

Estímulos que produzem excitações nas funções orgânicas e depois do descanso adequado provocam fenômenos de adaptação. 

Estímulos muito fortes. Podem conduzir ao supertreinamento. 

 Síndrome Geral de Adaptação:   Quando  um  indivíduo  recebe  um  estímulo  que  rompe  seu  equilíbrio  homeostático  (choque), imediatamente o organismo busca uma adaptação proporcional a esse estímulo, através de reações orgânicas e bioquímicas (o contrachoque), que determinam um estado de resistência específica a esse agente stressor, de tal forma que sua repetição em igual intensidade não mais ocasionará um desequilíbrio capaz de desencadear uma síndrome geral de adaptação.   Por  outro  lado,  se  a  intensidade  de  um  agente  stressor  estiver  acima  do  limite  de  adaptação  do organismo,  provocará  reações  de  desconforto,  dor,  colapso  ou  mesmo  a  morte,  caracterizando  a  fase  de exaustão.    Partindo do princípio de que a faixa de adaptação a um stress se modifica pela aplicação crescente e progressiva  da  carga,  o  problema  básico  em  treinamento  físico‐desportivo  é  a  determinação  correta  da quantidade  e  intensidade  do  treinamento,  bem  como  de  sua  progressão,  para  evitar  o  ingresso  na  fase  de exaustão.  Fase da Síndrome Geral da Adaptação 

‐ Fase de Alarme: reação espontânea e natural do organismo frente a qualquer estímulo.  ‐ Fase de Choque: o organismo decai momentaneamente ante o estímulo que recebe.  ‐ Fase do Anti‐choque: o organismo rebate o estímulo e restabelece seu equilíbrio interno.  ‐ Fase de Resistência: o organismo controla o estímulo estressante e se prepara para adaptar‐se à 

nova circunstância biológica.  ‐ Fase  de  Esgotamento:  tem  lugar  quando  o  organismo  esgota  todas  suas  reservas,  já  que  o 

estímulo não cessa e portanto, o organismo decai. 

Page 15: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

21 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

 Lei da Supercompensação:   Os elementos energéticos utilizados durante o esforço são repostos durante o repouso e, através de uma  alimentação  adequada,  ultrapassam  o  seu  nível  inicial.  Este  fenômeno  é  conhecido  como SUPERCOMPENSAÇÃO ou RESTITUIÇÃO AMPLIADA.   Todo estímulo precisa ser suficientemente intenso para queimar as reservas energéticas musculares, caso contrário deixará de haver transformações da matéria. Quando um estímulo ultrapassa o  limite mínimo, o músculo reage e se adapta, mas, se esse estímulo permanecer o mesmo, o músculo também deixará de reagir. Logo, é muito importante manter a progressão do estímulo, aumentando a carga (aumentando a intensidade ou a duração).   Segundo Korobkov e  Iananis, o organismo, por  si  só,  se  recupera do desgaste  sofrido durante  seu funcionamento, mas,  para  isso,  necessita  de  um  tempo  determinado.  Esta  é  a  razão  porque  deve  haver  um período de  repouso entre duas sessões de  treinamento. Este período chama‐se de PERÍODO DE ASSIMILAÇÃO COMPENSATÓRIA.   Pavlov demonstrou que, durante esse período, o organismo desenvolve tanto sua constituição como seu  rendimento,  ou  seja,  cria mais  energia  de  trabalho  em  comparação  com  a  que  possuía  antes. Uthomskij chamou esse processo de RESTITUIÇÃO AMPLIADA.   O  período  de  assimilação  compensatória,  conforme  Pavlov  está  relacionado  com  o  próprio treinamento  aplicado,  pois  os  efeitos  produzidos  tem  duração  determinada,  os  quais,  após  certo  tempo, desaparecem  gradativamente.  Se  o  tempo  decorrido  entre  um  treinamento  e  outro  for  longo,  o  nível  de rendimento  tende a permanecer o mesmo; se este  tempo aumentar, o nível cairá cada vez mais  (vide Relação entre carga e adaptação).   Assim,  o  período  de  assimilação  compensatória  é  tão  importante  quanto  o  próprio  treinamento. Podemos  verificar  que  nos  atletas  de  alto  nível  este  período  é  relativamente  curto,  tanto  que muitos  deles treinam duas e até três vezes ao dia. Entretanto, os atletas iniciantes treinam somente quatro a cinco vezes por semana (vide Frequência do Treinamento).   Graficamente, poderíamos demonstrar a supercompensação da seguinte maneira:  

 X‐Y =     Nível inicial das capacidades.  1‐2, 3‐5, 6‐8 = Aplicação de cargas progressivas.  2‐3, 5‐6, 8‐9 = Recuperação pelo metabolismo (assimilação compensatória).  3‐4, 6‐7, 9‐10 = Supercompensação ou  restituição ampliada.  X‐Z = Nível de capacidade aumentado.   Portanto,  existe  um  ritmo  ideal  entre  ESFORÇO  e  RECUPERAÇÃO,  o  qual  depende  da  estrutura orgânica, idade, sexo, condições naturais de base, tempo e estado de treinamento.  

2.1.1.4 Reservas de Adaptação  

   Um  conceito  essencial  na  Teoria  do  Treinamento  o  constitui  as  Reservas  de  Adaptação  ,  que  se definem  como:  "  A  relação    existente  entre  o  potencial  e/ou  os  limites  do  estado  atual  da  capacidade  de rendimento  de  um  sujeito  e  suas  supostas  condicione  limites  de  adaptação".  Quer  dizer  se  estabelece  uma relação entre a capacidade atual para uma atividade de um indivíduo e seu máximo teórico.  

Page 16: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

22 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

   Pode‐se  afirmar  que  em  cada momento  o  organismo  possui  uma  determinada  possibilidade  de reserva, quer dizer, tem  a capacidade de responder com trocas adaptativas aos estímulos externos e  passar a um novo nível  funcional de  suas possibilidades motoras.   A amplitude da  reserva atual de adaptação  (Raspe) está limitada  pelo  valor  máximo  extremo  absoluto  de  transformações  de  adaptação  do  organismo  em  que  se encontra.  É lógico  pensar que o limite de reserva o estabeleça o máximo nível de tolerância na adaptação de um determinado indivíduo.    

2.2 Carga de Treinamento e suas Formas de Ação 

  A relação entre a condição do atleta e a carga de treinamento constitui o problema central da teoria e  da  técnica  de  planejamento  do  treinamento.  Trata‐se  de  um  assunto  que  requer  atenção  por  parte  dos especialistas e uma investigação científica contínua e permanente.   Durante  a  prática  desportiva,  os  estímulos  utilizados  determinam  a  carga  de  trabalho  à  qual  o desportista é submetido. Antes de examinar os aspectos práticos entre a carga e a condição do atleta, queremos apresentar  alguns  conceitos  de  carga  de  treinamento  e  seus  efeitos.  Inicialmente,  podemos  definir  carga  de treinamento como o resultado da relação entre o volume total de trabalho e a qualidade do trabalho, ou seja, a intensidade. Para compreendermos melhor o componente da carga de  treinamento, devemos entender que se trata de um  trabalho muscular que  implica em  si mesmo o potencial de  treinamento, oriundo da condição do desportista, o qual produz um efeito de treinamento que leva a um processo de adaptação (ZAKHAROV; GOMES, 1992).   O conceito de carga de  treinamento é muito discutido na  literatura  internacional. Matveiev  (1977) define  carga  de  treino  como:  “uma  atividade  funcional  adicional  do  organismo,  causada  pela  execução  de exercícios de treino e pelo grau das dificuldades que vão sendo vencidas nesse processo” (MATVEIEV, 1977, p. 56).    O pesquisador Verkhoshanski, por exemplo, defende que a carga de treinamento não existe, trata‐se de uma função de trabalho muscular típica da atividade de treinamento e de competição do desporto praticado. E propriamente o trabalho muscular em si mesmo. Em consequência, também propicia o efeito de treinamento que é determinado em grande medida pela condição atual do atleta (VERKHOSHANSKI, 1990).   A  carga  de  treino  é  entendida  como  a  causa  que  provoca  as  alterações  no  organismo,  sendo  os exercícios  e  os  métodos  o  caminho  para  provocar  uma  atividade  qualitativamente  superior  dos  diferentes sistemas e grupos musculares, com base em duas propriedades do corpo humano: a capacidade  funcional e a capacidade de adaptação.    Segundo GOMES (2009, p.71) a relação entre a condição do atleta e a carga de treinamento é muito complexa, depende de muitos  fatores  e determina‐se por um  grande número de  variáveis;  lamentavelmente, devemos admitir que existem poucos dados objetivos sobre essa relação. As investigações desenvolvidas em todo o  mundo  nesse  campo  ainda  ocorrem  de  forma  isolada  e  incompleta,  não  permitem  chegar  a  resultados absolutos e, de certa forma, são incompatíveis e contraditórias.  

Page 17: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

23 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

2.3 Características da Carga de Treinamento 

  Todo o ser humano possui uma capacidade funcional bem definida, em função de fatores endógenos e fatores exógenos que permitem estabelecer e realçar diferenciações interindividuais.      Os fatores endógenos dizem respeito ao conjunto de características que determinam as aptidões dos seres vivos e condicionam o  limite superior de desenvolvimento das capacidades motoras e  funcionais de cada atleta. Estes foram interpretados como as potencialidades dos atletas.    Os fatores exógenos dizem respeito ao contexto social em que vivem os atletas e cujas possibilidades de desenvolver as aptidões dependem de um vasto conjunto de variáveis materiais e sociais. Estas determinam as capacidades dos atletas.    A capacidade funcional do homem é uma propriedade fundamental que se exterioriza pela elevada capacidade de trabalho do organismo e pela faculdade acrescida de mobilizar todas as suas capacidades de modo a satisfazer as tarefas da vida diária, assim como as atividades desportivas.    A capacidade funcional máxima foi considerada como o somatório da capacidade funcional real, o que corresponde à possibilidade de resposta que o atleta pode realmente fazer, enquanto a capacidade funcional de reserva é o que poderá vir a ser feito, se as condições do meio o permitirem.    Pelo  treino  melhora‐se  a  capacidade  máxima  total,  o  que  permite  ao  atleta  transformar,  no momento desejado, as suas potencialidades em resultados desportivos.     A percentagem em falta apenas é utilizada com grandes incitamentos voluntários. Portanto, a carga de  treino é o meio mais adequado para elevar a capacidade  funcional máxima, melhorando e mobilizando em simultâneo as reservas da capacidade funcional.    Pelo  termo "carga de  treinamento" entende‐se a medida quantitativa do  trabalho de  treinamento desenvolvido. Geralmente distinguem‐se os conceitos de carga externa, de carga interna e de carga psicológica. A primeira trata da quantidade de trabalho desenvolvido; a segunda, do efeito que propicia sobre o organismo; e a  terceira  trata  de  como  isso  é  visto  psicologicamente  pelo  atleta.  Essas  variáveis  já  foram  discutidas  pelo Professor Matveev, em 1964, e confirmadas pelo bioquímico Volkov, em 1989. Eles chamavam de  índices gerais de controle das cargas, utilizados até hoje, conhecido como volume e intensidade (OZOLIN. 1949).   Os índices externos da carga (também denominada carga externa) encontra‐se associada aos fatores volume e intensidade do treino. A carga interna corresponde à repercussão dos diferentes recursos do praticante (informacional, energética e afetiva, sendo altamente individualizada) que provoca a aplicação da carga extrema.    A carga interna é a reação biológica dos sistemas orgânicos frente à carga externa e se pode refletir mediante parâmetros fisiológicos e bioquímicos (frequência cardíaca, concentração do Iactato sanguíneo, valores de plasma e ureia, frequência ventilatória, consumo de oxigênio, atividade elétrica do músculo, etc.), ou também por certas características dos movimentos (velocidade, amplitude, frequência, etc.)  

2.4 Componentes da Carga de Treinamento 

  Os  componentes  da  carga  de  treinamento  são,  segundo Harre,  "as  características  complexas  de rendimento  através  das  qual  a  exigência  de  carga  pode  ser  objetivada  e  controlada,  dependendo  das características da especialidade do atleta, da etapa, de sua preparação e de seu nível de condição física". 

 Figura 2: O treinamento como causa e a cadeia biológica, segundo Zintl (1991).

Page 18: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

24 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  Para  descrever  os  principais  componentes  de  carga,  utilizamos  os  conceitos  escritos  por  I.  V. Verjoshanski, V. N. Platonov, M. Grosser; N. Zint, J. Weineck e T. O. Bompa e F. Navarro, citados por De La Rosa 2000.  

  De  acordo  com Navarro  (2008,  p.29),  a  carga  de  treinamento  pode  ser  determinada  por  quatro componentes fundamentais:  

1. A Natureza da Carga ‐ Conteúdo.  2. A Magnitude.  3. A Orientação  4. A Organização.  

 

  

 

2.4.1 A Natureza da Carga ‐ Conteúdo 

  A  programação  do  processo  de  treinamento  começa  com  a  definição  do  conteúdo.  Quer  dizer, definem‐se a totalidade dos meios a utilizar, sobre a base de uma avaliação preliminar, que se faz segundo dois critérios: especificidade do efeito de treinamento e potencial de treinamento (VERJOSHANSKY, 1990).   

2.4.1.1 Nível de Especificidade 

  A especificidade da Carga de Treino é definida pela analogia dos exercícios (tarefas de treino) que a constituem com os processos físicos, táctico‐técnicos e psicológicos característicos da sua modalidade. Vem dado pela maior ou menor similitude entre o exercício e a manifestação própria do movimento durante a competição. 

Natureza 

Magnitude 

Orientação 

Organização 

Nível de Especificidade

Potencial de Treinamento

Duração

Volume

Intensidade 

Seletiva

Complexa 

Distribuição

Interconexão

Gerais

Especificas

Competição

Frequência

Densidade 

Figura 3: Componentes Fundamentais da Carga 

Page 19: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

25 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  Apoiando‐se nestes  critérios Verjoshansky define os  clássicos Exercícios de Preparação Geral e os Exercícios de Preparação Especial e de Competição.  Cargas de Treino Geral   As  cargas  gerais  desempenham  um  papel  importante  no  desenvolvimento  diversificado  dos diferentes sistemas funcionais, ampliando a capacidade de adaptação e de estabilização das mesmas ao longo dos anos.    O desrespeito de determinadas proporções na relação das cargas específicas com as não‐específicas, poderá  afetar  a  progressão  dos  resultados  desportivos  ou  tornar‐se,  em  determinado momento  da  carreira desportiva, num fator limitativo da capacidade de tolerância da carga por parte do atleta.  Cargas de Treino Especial   As cargas de treino específicas garantem o desenvolvimento predominante das capacidades motoras e da mobilização dos sistemas funcionais próprios da competição.   Estas cargas nunca poderão substituir  totalmente os exercícios de competição, mas devem  ter um volume considerável no planejamento da carga das diferentes especialidades da respectiva modalidade.   Cargas de Competição   As  cargas  de  competição  estão  associadas  à  duração  das  provas  e  ao  número  de  participações, tomando  como  ponto  de  referência,  os  diferentes  ciclos  de  preparação  e  o  tipo  de  competição  (preparação, avaliação, principal) em que o atleta participa.   No  sistema  de  treino,  a  carga  é  o  elemento  principal,  pois  é  um  dos  processos  que  estimula  o desenvolvimento e a orientação das adaptações orgânicas e funcionais do atleta, podendo ser caracterizada pela sua natureza, grandeza e orientação.    

2.4.1.2 O Potencial de Treinamento 

  O potencial de  treinamento da  carga define  com que  intensidade a  carga estimula a  condição do atleta. Quanto mais  elevado  (em  relação  à  condição  atual),  tanto maior  é  a  possibilidade  que  provoque  um aumento da capacidade específica de rendimento do atleta.   Esta definição de potencial do  treinamento é  considerada  inovadora para a metodologia atual do treinamento esportivo.    O potencial de treinamento dos exercícios utilizados se reduz com o crescimento da capacidade de rendimento. Portanto é importante inserir constantemente no treinamento exercícios novos e mais eficazes.  

Tabela 1: Potencial de treinamento segundo os exercícios e os métodos

 1‐Exercícios de salto com sobrecarga 2‐Exercícios com peso 3‐Exercícios com cargas ligeiras 4‐Pliometria  

 1‐Sistemas Contínuos 2‐Fartlek 3‐Treinamento Intervalado  4‐Repetições 

 

Page 20: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

26 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

2.4.2 A Magnitude da Carga  

  É a medida quantitativa global das cargas de treinamento de diferente orientação funcional que se desenvolvem em uma sessão, micro meso ou macrociclo.    A magnitude da carga é o aspecto quantitativo do estimulo utilizado no treinamento é caracterizado pelas solicitações energéticas e nervosas exigidas aos atletas   A carga total de uma sessão de treinamento pode dividir‐se: 

‐ Cargas  Excessivas, que  superam o  limite da  capacidade  funcional do organismo e provocam  a síndrome de excesso de carga (supertreinamento). 

‐ Carga de Treinamento, que provocam uma síntese proteica de adaptação na direção específica em que se produz o efeito de treinamento. 

‐ Cargas de Manutenção, que  são  insuficientes para  estimular  a  síntese proteica de  adaptação, mas que são suficientes para evitar o efeito de destreinamento; 

‐ Cargas de Recuperação, que são  insuficientes para evitar o efeito de destreinamento, mas têm um efeito positivo sobre o processo de regeneração depois de uma carga treinamento prévia. 

‐ Cargas  Ineficazes  que  não  têm  nenhum  efeito  de  desenvolvimento, manutenção  ou  efeito  de recuperação sobre o organismo (figura 2.5). 

  Para poder definir adequadamente os valores magnitude de carga, devemos considerar os seguintes fatores: 

‐ Volume  ‐ Intensidade  ‐ Duração  ‐ Intervalo  ‐ Frequência Semanal  ‐ Densidade 

2.4.2.1 Volume 

   É  a  medida  quantitativa  das  cargas  de  treinamento  de  diferente  orientação  funcional  que  se desenvolvem em uma unidade ou ciclo de treinamento. Como componente principal do treinamento, o volume constitui  o  requisito  prévio  quantitativo  vital  para  os  altos  níveis  técnico‐táticos  e  especialmente  físicos.  O volume, que às vezes é chamado com imprecisão de duração do treinamento, compreende as seguintes partes: 

1. O tempo ou a duração do treinamento (segundos, minutos, horas). 2.  A  distância  percorrida  (metros,  quilômetros)  ou  a  carga  elevada  por  unidade  de  tempo (quilogramas). 3. A quantidade de repetições de um exercício ou elemento técnico executado em um tempo dado. 

  Para  BOMPA  (1993),  a  noção  de  volume  implica  a  quantidade  total  de  atividade  realizada  no treinamento,  tanto  em  uma  sessão  como  em  uma  etapa  de  treinamento.  Considera  o  volume  como  o componente da  carga prioritário no esporte  contemporâneo, assinalando a  respeito que na medida em que o atleta  vai  obtendo  altos  níveis  de  rendimento,  o  volume  geral  de  treinamento  se  torna mais  importante  no referente ao treinamento de atletas de alto rendimento, não existem  limites com respeito à grande quantidade de trabalho que se deve levar em conta. Em conseqüência, os atletas de elite não devem esperar um rendimento atlético adequado sem ter realizado de 8 a 12 sessões de treinamento por microciclo. Assim que ao volume de horas  de  treinamento  por  ano,  parece  haver  uma  relação  entre  o mesmo  e  o  rendimento  desejado,  em  tal sentido se estabelece a relação seguinte: 

1. Melhores do mundo: 1 000 horas de treinamento anual. 2. Eventos internacionais: 800 horas anual 3. Eventos nacionais: 600 horas anual. 4. Eventos regionais: 400 horas anual. 

  O volume de treinamento aumentou notavelmente no treinamento contemporâneo. Entretanto, um aumento muito grande no volume de uma sessão de treinamento pode conduzir à  fadiga excessiva,  ineficiente 

Page 21: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

27 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

trabalho muscular ou um maior perigo de lesões. Devido a isso, é preferível aumentar o número de sessões por microciclo quando se estimar suficiente o nível do volume por sessão de treinamento (PLATONOV, 1988).    Podem‐se considerar e calcular dois tipos de volume: 

1. O volume relativo: refere‐se à quantidade total de tempo dedicado ao treinamento ou etapa de treinamento.  Raras  vezes  tem  o  volume  relativo  algum  valor  para  um  atleta  individual,  o  qual significa  que,  embora  o  treinador  conheça  a  duração  total  do  treinamento,  não  possui  nenhuma informação relativa ao volume de trabalho de cada atleta individual por unidade de tempo, portanto, a  informação relacionada com a quantidade  individual de trabalho pode expressar‐se como volume absoluto. 2. O volume absoluto: é uma medida da quantidade de trabalho realizada por um atleta  individual por unidade de tempo, usualmente expressa em minutos. 

 Via para o aumento do volume do treinamento     As diferentes vias para o aumento do volume de treinamento são: 

1. Prolongando a duração da sessão do treinamento. 2. Aumentando o nº de sessões por ciclo de treinamento. 3. Estendendo o nº de repetições de uma distância dada. 4. Aumentando a distância coberta em cada repetição de treinamento 

 

2.4.2.2 Intensidade 

  A  intensidade do  treinamento é a componente qualitativa do  trabalho executado em um período determinado de tempo. Quanto mais trabalho realizado por unidade de tempo, maior será a intensidade.   Em muitos esportes é possível quantificar a intensidade do treinamento mediante: 

‐ Em esportes de lançamento e saltos; quantifica‐se mediante a altura ou a amplitude (m). ‐ Em esportes que envolvem velocidade; quantifica‐se mediante a velocidade (m/s) ‐ Em atividades contra resistência; quantifica‐se a magnitude da carga (Kg., Kgm, watts). ‐ Em esportes de equipe; o ritmo de jogo permite valorar a intensidade. 

  A  intensidade  vem  determinada  não  só  pelo  esforço muscular, mas  também  pela  energia  gasta durante um rendimento em treinamento ou competição.   A escala de  intensidades proposta para exercícios de velocidade e força, está adaptada pelo Harre, (1981), é a seguinte:  

Tabela 2: Escala de intensidades proposta para os exercícios de velocidade e força (com adições; Harre, 1981) Nº correspondente a 

intensidade Percentagem do rendimento 

máximo individual Intensidade 

 

1  30‐50% Baixo 

2  50‐70% Intermédio 

3  70‐80% Médio 

4  80‐90% Submáximo 

5  90‐100% Máximo 

6  100‐105% Super‐máximo 

   Um método alternativo para a determinação da intensidade é o que se apoia no sistema energético empregado  como  combustível  da  atividade.  Esta  classificação  (FARFEL,  1960;  ASTRAND  e  SALTIN,  1961; MARGARIA e col., 1963 e MATHEWS e FOX, 1971), adequa‐se aos esportes cíclicos (Tabela 3). 

Page 22: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

28 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Tabela 3: Zonas de intensidades dos esportes cíclicos Duração do trabalho 

Nível de intensidade 

Sistema produtor Ergogenesis % 

Anaeróbio Aeróbico 

1‐15 s  Limites  ATP ‐ PC 105‐95 0‐5 

15‐60 s  Máxima  ATP‐CP e LA 90‐80 10‐20 

1‐6 s  Submáxima  LA + Aeróbico 70 (40‐30) 30 (60‐70) 

6‐30 s  Media  Aeróbico (40‐30) 10 (60‐70) 90 

+ 30 min  Baixa  Aeróbico 5 95 

  Durante  o  treinamento,  os  atletas  se  expõem  a  diversos  níveis  de  intensidade.  O  organismo  se adapta  ao  nível  de  intensidade mediante  o  aumento  das  funções  fisiológicas  para  satisfazer  as  demandas  do exercício. Sobre a base destas mudanças fisiológicas, especificamente pelo ritmo cardíaco (RC), o treinador pode detectar e controlar a  intensidade de um programa de treinamento. Nikiforov  (1974) oferece uma classificação das intensidades sobre a base do ritmo cardíaco (Tabela 3).  

Tabela 4: As quatro zonas de intensidade segundo a reação do ritmo cardíaco ante a carga de treinamento (Nikiforov, 1974)

Zona  Tipo de Intensidade Ritmo cardíaco/min 

1 2 3 4 

BaixaMedia Alta 

Máxima 

120‐150 150‐170 170‐185 >185 

  Tomou‐se o costume de definir as zonas de trabalho do treinamento em função da  intensidade de utilização da carga, lhes acrescentando uma zona de trabalho menos intensa, chamada recuperação (Tabela 5).  

Tabela 5: Frequência cardíaca e lactato por zona de intensidade da carga Zona de intensidade  Objetivo  FC  Lactato

I. Zona de restauração Ativação dos processos de recuperação 100‐120  2‐3

II. Zona de manutenção Manutenção das possibilidades aeróbicas 140‐150  3‐4

III. Zona de desenvolvimento 

Aumento das capacidades aeróbicas e da resistência específica a um trabalho prolongado 

165‐175  4‐8 

IV. Zona de desenvolvimento 

Aumento das capacidades anaeróbias glicolíticas e da resistência específica a um trabalho de curta duração 

175‐185  8‐12 

V. Zona de sprint Aumento das capacidades anaeróbias alácticas, melhora das capacidades de velocidade 

‐‐‐  ‐‐‐ 

  A escala de  intensidade para o treinamento da força e resistência para uma pessoa medianamente treinada, segundo Martin (1977) e chamado pelo Grosser, Starischka e Zimmerman, é a seguinte:  

Tabela 6: Zonas de intensidade da força Força (% da força 

máxima) Intensidade 

Resistência (% do melhor tempo) 

Frequência do pulso por minuto 

30‐50%  Escassa 30‐50% 130 

50‐70%  Leve 50‐60% 140 

70‐80%  Media 60‐75% 150 

80‐90%  Submáxima 75‐90% 165 

90‐100%  Máxima 90‐100% 180 

  Por outro lado, as zonas para o treinamento apoiadas nas concentrações de lactato sanguíneo, ficam determinadas na seguinte gráfica: 

Page 23: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

29 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

   Enquanto que as zonas de intensidade, apoiadas na concentração de ácido láctico em sangue, são as seguintes: 

Formas de treinamento  Lactato em sangre mMol/l % de velocidade 

AERÓBICO Manutenção Desenvolvimento Sobrecarga 

 2 

3 – 4 5 – 6 

 65 – 75 % 70 – 90 % 80 – 95 % 

ANAERÓBICO Resistência anaeróbica Potencializa anaeróbica 

 6 – 12 12 – 20 

 85 – 95 % 95 – 100 % 

VELOCIDADE  2 98 – 100 % 

 Via para o aumento da intensidade de treinamento   As diferentes vias para o aumento da intensidade de treinamento são: 

- Aumentar a velocidade em uma distância dada. - Aumentar a proporção entre intensidade absoluta e relativa - Diminuir os intervalos de descanso entre as repetições ou séries. - Aumentar a densidade do treinamento - Aumentar o nº de repetições. 

2.4.2.3 Duração 

  A  duração  da  carga  (estímulo)  representa  o  tempo  durante  o  qual  um  único  conteúdo  de treinamento funciona como elemento "transformador" sobre o organismo (STARISCHKA, 1988).    A duração do estímulo depende do conteúdo do treinamento e do objetivo do treinamento, sobre a base das investigações experimentais é possível determinar os tempos que terão um efeito ótimo sobre diversos tipos de treinamento.   Apoiando‐nos  na  investigação  científica  disponível,  com  relação  a  natação,  é  possível  encontrar valores médios que permitem apontar como eficazes as seguintes durações: 

‐ Para um  treinamento que  tenha  como objetivo desenvolver a  resistência pela mobilização do sistema aeróbico, a duração da  carga pode variar entre os 45‐50 minutos para um volume de nado não inferior aos 3.500‐4.000 metros. 

‐ Para um treinamento eficaz do limite aeróbico, a duração do estímulo pode variar entre os 20‐40 minutos para um volume de nado entre os 1.500‐4.000 metros, dependendo do grau de evolução do nadador. 

‐ Para um treinamento eficaz do VO2 máx., a duração do estímulo pode variar em torno dos 15‐25 minutos  de  trabalho  efetivo  em  repetições  de  duração,  variando  entre  os  3‐6 minutos  para volumes de nado entre os 1.000‐2.500 metros. 

‐ Para um treinamento que tenha como objetivo desenvolver a tolerância ao lactato, a duração do estímulo efetivo será inferior aos 10 minutos para um volume não superior aos 1.000 metros. 

Page 24: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

30 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Para  um  treinamento  que  procure  desenvolver  a  velocidade  pela  mobilização  do  sistema anaeróbio láctico, a duração do estímulo é de 4 a 8 minutos para um volume de nado que pode variar entre os 200 e 400 metros. 

‐ Para um treinamento que tenta desenvolver a velocidade de sprint (potência aláctica), a duração do estimulo em cada repetição varia entre os 5‐10 segundos, com uma duração de 60 segundos por série e uma frequência que poderá variar de 5 a ou repetições por série, a em uma distância de 12,5 a 25 metros e com um volume que pode variar entre os 200 e os 400 metros. 

‐ Para um treinamento que procure desenvolver a velocidade (capacidade aláctica), a duração do estímulo  em  cada  repetição  varia  entre  os  15  e  os  30  segundos,  com  uma  duração  de  60 segundos  por  série  e  uma  frequência  que  poderá  variar  de  2  a  4  repetições  por  séries,  em distâncias que  volume entre 25‐50 metros para um  volume que pode  variar entre os 200‐300 metros. 

‐ Para  um  treinamento  eficaz  da  força  muscular,  um  atleta  que  se  inicie  deve  utilizar  uma intensidade entre o 30% e 40% de sua força máxima para aumentar o rendimento. Para alcançar este mesmo objetivo, um atleta  já experiente no treinamento da força deve treinar com cargas superiores aos 70% de sua força máxima para poder desenvolvê‐la e passar a níveis superiores. 

‐ No treinamento de força‐resistência, as séries dos exercícios devem alcançar, como regra geral, o máximo de repetições possíveis. 

  Por outra parte, também se conhecem os valores máximos da duração do estímulo: ‐ Um treinamento com intervalos não deve manter a fase de esforço individual durante mais de um 

minuto, pois de outro modo se perderia a ação especial do estímulo sobre o coração, ‐ No  caso  do  treinamento  da  velocidade,  a  duração  do  estímulo  deve manter‐se  tão  breve  na 

medida em que pode mantê‐la intensidade máxima do estímulo. ‐ Um treinamento de coordenação exige também o olhar crítica de um treinador experiente: este 

deve  interromper os exercícios assim que observe que a execução de um movimento não pode produzir‐se na frequência desejada (ou valor total do percurso, tempo e força). 

‐ Em  um  treinamento  de  resistência  de  força,  a  duração  deve  prolongar‐se  muito  depois  do momento em que se afrouxam as forças. 

  Existe evidência científica de que "existe limite a partir do qual a carga não exerce mais uma ação de desenvolvimento e só significa uma perda inútil de tempo e energia" (Verjoshanskij 1990:97). Portanto, para a programação do treinamento é importante ter uma ideia da duração ótima do emprego de diversas cargas de diferente  orientação  funcional,  mas  também  do  ritmo  de  desenvolvimento  de  seus  respectivos  indicadores funcionais.  

2.4.2.4 Intervalos de Descanso 

  As fases separadas da carga determinam, num grau substancial, sua orientação. Logo após o fim da execução do exercício, começam a ocorrer no organismo as mudanças oriundas da atividade de diversos sistemas funcionais e, antes de mais nada, dos sistemas que asseguram a realização do dado exercício. Todo o conjunto de mudanças,  nesse  período,  pode  ser  entendido  pela  noção  de  recuperação.  O  processo  de  recuperação  tem caráter de fases.   Para obter determinado efeito de  treinamento, a duração das pausas entre certas doses de cargas deve ser planejada, levando em consideração as fases de recuperação (Figura 3).   A  primeira  fase  de  recuperação  passou  a  chamar‐se  recuperação  imediata,  pois  abrange  os primeiros minutos de descanso após o trabalho, e caracteriza‐se pelo ritmo alto de reações recuperativas, ligadas à  eliminação  dos  produtos  dos  processos  anaeróbios  que  se  acumulam  durante  a  execução  do  exercício  e  à reposição do débito de O2, que se formou. Assim, a maior parte desse débito de O2 recompõe‐se nos primeiros 2 ou 3 minutos de recuperação.  

Page 25: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

31 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

 

Figura 4: Modificação da capacidade de trabalho e do período de recuperação. 

  A  segunda  fase  de  recuperação  (ou  recuperação  lenta)  pode  levar  muitas  horas  de  descanso, dependendo  do  caráter  do  exercício  executado.  Essa  fase  caracteriza‐se  pelo  reforço  dos  processos  de  troca plástica e de restauração do equilíbrio  iônico e endócrino no organismo, perturbado durante o exercício (KOTS; VINOGRADOVA, 1981). No período de recuperação lenta, ocorre o regresso à norma dos recursos energéticos do organismo e reforça‐se a síntese de estruturas de proteína destruídas durante o trabalho. Convém considerar que os processos recuperativos, depois de quaisquer cargas, decorrem heterocronicamente. Por isso, só se pode fazer ideia do fim do processo de recuperação geral após o retorno ao nível inicial (antes do trabalho) pelos índices que se recuperam mais lentamente e não pelos índices isolados e mesmo por alguns índices limitados.   Recuperam‐se  mais  rapidamente  as  reservas  de  O2  e  de  creatina  fosfato  nos  músculos  que participam do trabalho; mais tarde, as reservas glicogênicas nos músculos e no fígado e, por último, as reservas de gordura e as estruturas de proteína destruídas durante o trabalho (VOLKOV, 1989).   A intensidade da realização dos processos de recuperação e os tempos de recuperação das reservas energéticas do organismo dependem da intensidade de seu consumo durante a execução do exercício, do grau de treino  do  atleta,  das  particularidades  individuais  do  organismo,  do  estado  emocional  do  atleta  e  de  outros fatores.   Depois de  algum  tempo,  após  a  recuperação  completa,  as  reservas  energéticas podem  superar o nível verificado antes do trabalho.   Tal  fenômeno  é  chamado de  supercompensação  (KOTS; VINOGRADOVA,  1981; VOLKOV,  1989). O grau de  superação do nível  inicial  e  a duração da  fase de  supercompensação dependem da duração  total da execução do  trabalho e da profundidade de mobilização das  reservas  funcionais do organismo. Essa  fase vem muito rapidamente depois do trabalho potente e de curta duração, mas acaba também de forma rápida. Nesse caso, a super‐recuperação das reservas intramusculares de glicogênio ocorre dentro de 3 a 4 horas de descanso e termina 12 horas após o  trabalho. Depois do  trabalho duradouro de potência moderada, a supercompensação chega dentro de 12 horas e se observa durante 48 a 72 horas (VOLKOV, 1989).   A  continuação  posterior  do  descanso  leva  o  retorno  paulatino  das  reservas  energéticas  ao  nível inicial. Considerando as fases de recuperação, podem‐se destacar cinco tipos de intervalos de descanso:  

Page 26: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

32 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Intervalo rígido de descanso   Pressupõe que uma parte da  carga  retoma ao período de  redução  considerável da  capacidade de trabalho que corresponde à primeira fase de recuperação. O uso de tal tipo de intervalo leva ao desenvolvimento da fadiga em progressão rápida.  Intervalo curto de descanso   Pressupõe que uma parte da  carga  retorna à  segunda  fase do período de  recuperação, quando a capacidade de trabalho ainda não se restabeleceu, mas já se aproxima do nível que antecede o trabalho. Embora tal  intervalo de descanso  leve à  fadiga em progressão, os  ritmos de  seu aumento  são consideravelmente mais baixos do que no primeiro caso. Isso permite realizar um volume bastante maior de trabalho.  Intervalo completo de descanso (ordinário)   A duração do descanso assegura, no momento da carga repetida, a recuperação completa ou quase completa. Esse intervalo permite utilizar a carga repetida com o estado relativamente estável do atleta.  Intervalo supercompensatório   Pressupõe que  a duração do descanso  assegure  a  supercompensação  e,  antes de  tudo,  as  fontes energéticas. Nesse caso, é possível a manifestação da capacidade de trabalho elevada com a mesma reação de resposta do organismo.  Intervalo prolongado de descanso   Pressupõe  uma  duração  do  descanso  que  supere  essencialmente  a  duração  de  recuperação completa.  Significa  o  retorno  ao  nível  inicial  da  capacidade  de  trabalho.  No  caso  de  um  descanso demasiadamente  prolongado,  poderão  surgir  mudanças  que  podem  implicar  a  redução  da  capacidade  de trabalho.  Caráter de descanso   Ainda em 1903, nas experiências do eminente  fisiólogo nisso  Ivan  Setchenov,  foi mostrado que  a recuperação  cada  vez mais  rápida  e  substancial  da  capacidade  de  trabalho  não  é  assegurada  pelo  descanso passivo, mas pela passagem a outro tipo de atividade, pela inclusão de outros grupos de músculos que antes não estavam envolvidos na atividade, ou seja, pelo descanso ativo.   O efeito positivo do descanso ativo manifesta‐se também na execução do mesmo tipo de trabalho, mas com intensidade menor Um exemplo disso é a passagem da corrida de grande velocidade para a corrida de trote resulta em eficiente trabalho para a aceleração dos processos de recuperação do atleta. Observa‐se o efeito do "descanso ativo", de modo bastante expresso, durante a execução dos exercícios de potência submáxima ou máxima.   Nesse  caso, o  lactato acumulado no  sangue é eliminado muito mais  rapidamente no processo de execução dos exercícios de baixa potência aeróbia do que com o descanso passivo.  Isso se explica pelo fato de que cerca de 70% do  lactato é eliminado no processo de sua oxidação nos músculos do esqueleto  (Kots; Vino‐gradova, 1981).   Nos exercícios de coordenação complexa e nos de intensidade máxima, é preferível o caráter passivo de descanso. Os exercícios de  relaxamento contribuem  também para a aceleração da  recuperação, sendo que, em uma série de casos, proporcionam um efeito maior que o próprio trabalho em ritmo lento.  

2.4.2.5 Densidade  

   A frequência com a qual um atleta se submete a uma série de estímulos por unidade de tempo se chama densidade de treinamento, portanto, o termo densidade se refere à relação expressa em tempo entre as fases de trabalho e recuperação do treinamento. Uma densidade adequada garante a eficiência do treinamento, impedindo assim que o atleta alcance um estado de  fatiga crítica ou  inclusive o esgotamento. Além disso, uma 

Page 27: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

33 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

densidade  equilibrada  pode  levar  a  lucro  de  uma  relação  ótima  entre  os  estímulos  de  treinamento  e  a recuperação.   O  intervalo  de  repouso  planejado  entre  dois  estímulos  de  treinamento  depende  diretamente  da intensidade e duração de cada estímulo, embora os  fatores como o estado de  treinamento atlético, a  fase de treinamento  e  as  especificidades  do  esporte  também  podem  considerar‐se.  Os  estímulos  por  cima  do  nível submáximo  de  intensidade  requerem  de  intervalos  de  descanso  relativamente  compridos  para  facilitar  a recuperação, já que a exigência imposta ao organismo é menor. Uma forma objetiva que pode utilizar‐se para o cálculo do intervalo requerido de prova é o ritmo cardíaco.   Harre  (1981) e Herberger  (1977)  indicam que antes de aplicar um novo estímulo deve diminuir o ritmo  cardíaco  entre  120  e  140  bats/min;  por  outra  parte  Harre  (1981)  propõe  uma  relação  ótima  entre  o trabalho  e  o  descanso  (o  primeiro  dígito  corresponde  ao  tempo  de  trabalho  e  o  segundo  ao  intervalo  de descanso):  

‐ Para o desenvolvimento da resistência básica, a densidade ótima está entre 1:0.5 – 1:1  ‐ Para a resistência com o emprego de intensidades elevadas a densidade é de 1:3 às 1:6.  ‐ Para o  treinamento da  força máxima ou potência  a densidade é de 1:2 a 1:5 dependendo da 

percentagem da carga e o ritmo de execução.     A densidade  também pode  calcular‐se  através de  outros parâmetros. Assim,  a densidade  relativa (DR) a qual  se  refere ou percentagem do  volume de  trabalho  realizado por um atleta em  comparação  com o volume total por sessão de treinamento pode calcular‐se mediante a equação:  

  �

 DR = Densidade Relativa  DA = Densidade Absoluta.  VA = Volume absoluto ou o volume de treinamento realizado por um indivíduo.  VR = Volume relativo ou a duração de uma sessão de treinamento.  VID = Volume dos intervalos de descanso.    

2.4.2.6 A Frequência  

   A frequência como com apresentador do treinamento tem duas acepções:  ‐ A  frequência do estímulo com ou componente do  treinamento, é a quantidade de estímulos a 

que são submetidos um esportista na unidade de treinamento.  ‐ A  frequência  de  treinamento  representa  e  indica  o  número  de  unidades  de  treinamento 

semanais.     As capacidades de treinamento aumentam mais rápido quanto mais frequentes seja o treinamento, sempre que a carga exigida em cada uma das unidades de treinamento seja eficaz do ponto de vista do estímulo.     A metodologia de treinamento aponta como mais favorável a seguinte frequência semanal: 

‐ Treinamento de base. o Fase de preparação, 3 a 4. o Fase de construção, 4 a 8. o Fase de especialização, 6 a 10. 

‐ Alto rendimento, 8 a 22, nas que se incluem os treinamentos de ginásio.    Além de definir o número de sessões por microciclo também é importante determinar o número de sessões anuais, o que  implica que se deve proceder a uma análise dos dias de treinamento e daqueles em que não poderemos treinar.   Uma  vez  determinados  esses  dias,  deve‐se  dividir  o  volume  anual  de metros  a  percorridos  para encontrar a respectiva media por sessão.   Este valor os comparará com o tempo que podemos utilizar as instalações para saber sé dispomos de tempo suficiente. 

Page 28: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

34 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  No caso dos atletas mais veteranos (juvenis e sênior) analisamos o volume do microciclo e a média por sessão de treinamento, e no caso de que não se consiga o volume desejado na sessão teremos que aumentar a frequência de treinamentos por microciclo, que ira progredindo com a vida do atleta.  

2.4.3 Orientação da Carga  

  A orientação da carga define‐se pela qualidade ou capacidade nos planos físico, técnico, táctico ou psicológico, e pela fonte energética utilizada: os processos aeróbios e anaeróbios. A orientação da carga pode ser seletiva ou complexa.    A  orientação  seletiva  é  entendida  como  tal,  quando  tem  como  objetivos,  a mobilização  de  um sistema energético, predominância sobre um sistema  funcional e quando garante o desenvolvimento de  forma exclusiva de uma das capacidades motoras.    A orientação complexa é entendida como tal, quando tem como objetivos, a mobilização paralela de dois sistemas energéticos, tem influência sobre dois ou mais sistemas funcionais e garante o desenvolvimento de duas ou mais capacidades motoras.    Naturalmente,  importa considerar o fato de, através de uma carga com orientação seletiva, não se poder garantir uma  influência seletiva em    termos  rígidos sobre um determinado sistema  funcional. A garantia deste processo de aplicação da carga reside na possibilidade de provocar a máxima mobilização de um sistema que desencadeia e assegura uma função concreta com um grau bastante reduzido de participação dos outros.   

2.4.4 A Organização da Carga  

  Entende‐se  por  este  aspecto  à  sistematização  em  um  período  de  tempo  dado.  Na  base  desta sistematização deve achá‐la obtenção de um efeito acumulado de  treinamento positivo de cargas de diferente orientação.    Isto nos obriga a considerar dois aspectos dentro da organização:  

- A distribuição da carga no tempo.  - A interconexão das cargas. 

  Consiste na  sistematização da  carga  em um período de  tempo  dado  com o  fim de  conseguir um efeito acumulado positivo das cargas de diferente orientação. Devem‐se atender dois aspectos: a distribuição da carga no tempo e a interconexão das cargas (VERJOSHANSKIJ 1990).  

2.4.4.1 A Distribuição das Cargas 

  A distribuição da carga no tempo é a forma em que se colocam as diferentes cargas em uma sessão, dia, microciclo, mesociclo ou macrociclo. Se a carga é distribuída com uma única orientação funcional, os meios de treinamento podem repartir uniformemente no ciclo (cargas regulares ou diluídas) ou concentrar‐se em fases definidas do ciclo anual (cargas concentradas) (figura 5).   As cargas diluídas se apoiam na distribuição uniforme da carga durante todo o ciclo de preparação, a diferença das concentradas, que são as que se utilizam em etapas definidas no ciclo de preparação.   A  teoria  clássica advoga preferencial pela utilização de  cargas  regulares de uma direção  funcional determinada  que  provocam  reações  funcionais  de  curta  duração,  que  não  garantem  as  condições  para  o desenvolvimento  das mudanças  da  adaptação  de  longa  duração  no  organismo.  Uma  subdivisão  da  carga  de treinamento  pode  produzir  inicialmente  certo  aumento  do  nível  funcional,  mas  posteriormente,  a  rápida adaptação do organismo faz que se perca o potencial de treinamento e se transforme em um trabalho ineficaz.   A fusão entre carga de treino e carga competitiva e a necessidade de manter por parte dos atletas níveis elevados de rendimento fez com que, na prática, surgisse um conjunto de novos modelos de estruturação da  época  de  treino  no  qual  se  introduziu  modificação  na  organização  metodológica  da  carga  de  treino, provocando novas dinâmicas de adaptações e melhorias significativas na capacidade de rendimento dos atletas nas etapas de alto rendimento. 

Page 29: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

35 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

 

 

Figura 5: Dinâmica da carga geral e específica de treinamento em (a) a periodização clássica, (b) o planejamento contemporâneo. 

  Atualmente, o  treinador  tem  a preocupação, de  estruturar  a  temporada,  e  considerar  a  idade de treino do atleta e optar pelo  tipo de modelo de periodização que melhor  sirva os objetivos e, em  simultâneo, considerar os diferentes tipos de aplicações de carga, a saber: de forma regular, acentuada e concentrada.   

2.4.4.2 A Interconexão das Cargas 

  A  interconexão  indica a relação que as cargas de diferentes orientações apresentam entre si. Uma combinação das cargas de diferentes características assegura a obtenção do efeito acumulativo de treinamento.  

 

Figura 6: Interconexões 

   Alguns  exemplos  desse  efeito  entre  as  cargas  de  diferentes  orientações  relacionadas  com  o treinamento de resistência são: 

‐ Positivo: os exercícios de  caráter aeróbio  são executados depois das  cargas do  tipo anaeróbio alático. Os exercícios de caráter aeróbio são executados depois de exercícios anaeróbio láticos de 

Page 30: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

36 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

baixo  volume.  Os  exercícios  de  caráter  anaeróbio  lático  são  executados  depois  de  cargas anaeróbio aláticas. 

‐ Negativo: os exercícios de orientação anaeróbio alática são executados depois de um trabalho de orientação  anaeróbio  lática.  Se  executam  exercícios  de  orientação  anaeróbio  lática  depois  de realizar  grandes  volumes  do  tipo  aeróbio.  Devemos manter  todos  esses  critérios  na  hora  de determinar  a  carga  adequada de  trabalho,  tendo  como  finalidade  conseguir que o desportista atinja a forma ótima de rendimento durante o período competitivo (Powers; Howley, 2001. 

     Referências Básicas: FORTEZA DE LA ROSA, C.A. Treinamento desportivo: carga, estrutura e planejamento. São Paulo: Phorte Editora, 2001. MATVEEV, L.P. Fundamentos do treino desportivo. Lisboa: Livros Horizontes, 1986. ZAKHAROV, A. & GOMES, A.C. Ciência do treinamento desportivo. GOMES, Antonio Carlos.Treinamento Desportivo: Estrutura e Periodização. Porto Alegre: Artmed, 2002. BOMPA, T.O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4ª ed. São Paulo: Phorte, 2002.   

Page 31: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

37 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Unidade 3: Métodos de Treinamento da Resistência 

  As diversas capacidades de resistência, de curta, média ou longa duração, estabelecem, sob o ponto de vista da fisiologia do desempenho, apresentam diversas exigências às capacidades aeróbica e anaeróbica. Para que os treinamentos de resistência possibilitem um aumento efetivo da capacidade de desempenho, precisam ser utilizados  aqueles  métodos  e  conteúdos  de  treinamento  que  se  aproximam  das  exigências  metabólicas específicas da disciplina competitiva e que possam objetivamente melhorá‐la.1   Para Weineck (1999, 159) um treinamento ideal compreende: 

‐ O conhecimento das exigências metabólicas da modalidade de resistência visada. ‐ O conhecimento dos efeitos fisiológicos dos métodos e programas de treinamento empregados. 

  De acordo com Dantas (1998, 137) os métodos de treinamentos da resistência, podem compreender diversos métodos de trabalho que são os seguintes: 

‐ Métodos Contínuos: nos quais há aplicação de cargas contínuas. ‐ Métodos Intervalados: são os que compreendem as cargas intervaladas. ‐ Métodos Fracionados: nos quais as cargas são divididas em módulos. ‐ Métodos em Circuito: surtem efeito pela aplicação de cargas. ‐ Métodos Adaptativos: quando se utiliza outro fator estressante além do exercício. 

 

3.1 Métodos Contínuos 

  Caracteriza‐se pela aplicação de uma carga ininterrupta, sem pausa ou períodos de descanso durante o  trabalho.  A  duração  do  trabalho  está  acostumada  a  ser  prolongada  e  o  efeito  do  treinamento  se  apoia primordialmente nisso, durante o qual se geram constantemente adaptações fisiológicas.    Conseguem‐se  execuções  mais  econômicas  de  movimento  e  melhoras  funcionais  nos  sistemas orgânicos.    A velocidade pode ser uniforme ou variada. A duração da carga dependerá do estado de treinamento individual  e  da  especialidade  esportiva.  Geralmente,  não  deve  ser  inferior  a  30  minutos  para  atletas  em desenvolvimento, podendo chegar a 50 minutos para atletas mais preparados e 120 minutos para os de alto nível. Para especialistas em certas provas (maratonistas, ciclismo em estrada) esses valores poderão ser ainda maiores .   O treinamento contínuo provoca os seguintes efeitos fisiológicos: 

‐ Aumento da capacidade cardíaca (aumento das cavidades do coração e força de ejeção); ‐ Redução da frequência cardíaca em repouso; ‐ Aumento do volume sistólico; ‐ Melhoria  da capacidade pulmonar para extrair oxigênio  do ar inspirado; ‐ Aumento da quantidade de sangue que pode transportar mais oxigênio; ‐ Armazenamento  de mais glicose no  fígado e nos músculos; ‐ Aumento do número de capilares funcionais nos músculos; ‐ Aumento do número e tamanho das mitocôndrias; ‐ Aumento da luz dos vasos sanguíneos. 

  Existe  um  número  bastante  ponderável  de métodos  de  treinamento  contínuo,  onde  os mesmos podem ser sintetizados em três grupos: 

‐ Jogos de Percursos: consiste em brincar com a velocidade, cuja variação não obedece a um plano prévio, mas depende da disposição momentânea do atleta.  

‐ Métodos de Esforço  (Ritmo) Contínuo: onde ocorre a manutenção da velocidade uniforme por longo tempo. Intensidade controlada pela pulsação. Dependendo do tipo de esporte e do grau de treinamento do atleta, a frequência cardíaca pode estar entre 150 e 170 bat/minuto. 

‐ Métodos de Esforços (Ritmos) Variados: são as cargas de longa duração com velocidade variada. Em  determinados  trechos  a  velocidade  deve  aumentar,  a  fim  de  que  o  organismo  contraia 

                                                            1 WEINECK. Biologia do Esporte, 1991, 173. 

Page 32: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

38 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

rapidamente um débito de oxigênio, o qual deverá ser compensado no trecho seguinte: exemplo: 60 min. de corrida, alternando 1.000m à velocidade de 4m/s (ou pulso a 140 bat/min) com 500m a 5m/s (ou pulso a 180 bat/min) 

 

3.1.1 Métodos de Jogos de Percurso  

  Esses métodos  devem  ser  utilizados  na  fase  básica,  visando  o  condicionamento  aeróbico  geral.  É importante a variação de  locais de  treinamento, bem  como a existência de  terreno variado, o qual,  com  suas subidas, descidas e planos, ditará a velocidade.    Dentre os principais métodos que utilizam os jogos percurso podemos citar: 

‐ Método de Cerutty; ‐ Marathon‐Training;  ‐ Cross‐Promenade; ‐ Método de Glenhutly; ‐ Método de Lydiard; 

 

3.1.1.1 Método Cerutty 

Origem:  Surgiu  em  1952  na  cidade  australiana  de  Portsea,  criado  por  Percy Wells  Cerutty,  influenciado  pela escola sueca de treinamento , é baseado na experiência pessoal de Cerutty como atleta e treinador. Características Básicas: Treinamento para corrida de meio‐fundo e fundo. Mediante a realização de treinamentos longe das pistas e em  contato  com a natureza.  Soma‐se a um grande volume uma grande  intensidade, o que determina a necessidade de uma constante intervenção da vontade do atleta.  Controle  da  sobrecarga:  A  sessão  durará  de  40  a  120 minutos,  em  três  sessões  diárias,  onde  na  fase  básica deverão ser percorridos 150 km e na fase específica 100 km semanais. Em seis meses de período preparatório o atleta deve ter percorrido em média 3.000km..  Esquema de trabalho: O método é dividido em quatro componentes principais:  

‐ Fortalecimento: utilizando‐se da subida de dunas de areia, corridas contra o vento e subida em morros com velocidade máxima.  

‐ Condicionamento: Buscar o máximo da quilometragem semanal até alcançar, aproximadamente, trinta quilômetros por sessão. 

‐ Ritmo: utilizando‐se de  treinamento  fracionado. Cerutty procurava adequar o ritmo do atleta a sua prova. Este componente é aplicado no final da utilização do método. 

‐ Intensidade:  a  intensidade  preconizada  é  a  maior  possível  para  cumprir  o  volume predeterminado. 

 

3.1.1.2 Método Marathon ‐Training 

Origem: Criado em meados da década de 50 por Arthur Lydiad, em Auckland, uma cidade da Nova Zelândia. Características Básicas: treinamento de fundistas e maratonistas. É um método de preparação orgânica que visa a obtenção da resistência aeróbia, da resistência através de cargas contínuas e o aperfeiçoamento do ritmo   e da  velocidade pelas cargas intervaladas. Controle da sobrecarga: a sobrecarga é aplicada tanto no volume, quanto na intensidade, dependendo da etapa de treinamento. No volume o controle deve ser feito sobre o aumento da quilometragem. Na intensidade há um aumento da velocidade e do ritmo. Também pode ser controlada pela inclinação e do tipo de solo sobre o qual se está  realizando  o  trabalho.  A  duração  de  cada  sessão  é  compreendida  entre  60  e  150 minutos.    Quanto  a frequência,  o  esquema  prevê  sessões  diárias  durante  52  semanas,  devendo  o  atleta  trabalhar  365  dias ininterruptos. Foi através deste  treinamento, e sob a orientação de Lydiard, que surgiu Peter Snell,  tricampeão olímpico dos 800 metros. Este método também foi aplicado em campeões de alto nível, como Halberg e Magee.  

Page 33: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

39 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Vantagens: ‐ Aquisição  de  estamina  (que  é  a  capacidade  de  percorrer  longas  distâncias  em  velocidade 

submáxima, e é adquirida pelo acúmulo da quilometragem no  treinamento. Supõe‐se que uma vez adquirida pelo atleta este jamais a perderá‐ é o lastro fisiológico); 

‐ Obtenção da resistência aeróbia e anaeróbia; ‐ Desenvolvimento do ritmo; ‐ Aperfeiçoamento da velocidade; ‐ Aumento das cavidades do coração; ‐ Hipertrofia das fibras do coração; ‐ Aumento das reservas alcalinas no sangue inibindo o acúmulo de ácido lático; ‐ Aumento do volume sistólico do coração. 

Desvantagens: ‐ Fazer o atleta superar a barreira do esforço; ‐ Dificuldade de controle da sobrecarga; ‐ O controle fisiológico durante a sessão fica a desejar como todos os métodos de carga contínua. 

Esquema  de  trabalho:  o método  preconiza  seis  etapas  sucessivas  (Cross‐Country,  longas  distâncias,  terreno ondulado, aumento da velocidade, trabalho intervalado e competição e pós‐competição). 

‐ 1°  Fase:  Cross‐Country  (12  semanas):  procurar  realizar  100  km  semanais,  em  diferentes superfícies de terreno. 

‐ 2°  Fase: Corridas  Longas,  com exceção  semanal de 160  km de  corridas  variadas, para  adquirir lastro fisiológico. 

‐ 3°  Fase:  Período  de  subidas  (8  semanas),  corridas  resistidas,  com  repetições  em  subidas  e descidas numa colina. 

‐ 4°  Fase:  Fartlek  em  rodovias  asfaltadas  (4  semanas), percorrendo de 12  a 15  km, diários  com piques de velocidade. Ex: 6 x 50m e 4 x 100m. 

‐ 5° Fase: Corrida/Tempo (tempo‐training: 10 semanas), repetições, na pista, de distâncias curtas e médias, sem intervalo programado e em velocidade próxima ou igual a da prova, visando adquirir ritmo  e  velocidade. As distâncias  são  escolhidas  em  função da  especialidade do  atleta  (800m, 1.500m, 5.000m e etc.) 

‐ 6° Fase: Competição, 10 a 15 dias antes da prova realiza‐se o último apronto, iniciando‐se, depois, a  fase  de  manutenção,  com  sessões  de  ginástica  desintoxicante,  trote  e  1  a  2  treinos  com trabalho intervalado por semana. 

 

3.1.1.3 Método Cross ‐ Promenade 

Origem: Também conhecido como corrida de passeio, o Cross‐Promenade foi proposto pelo Belga Raoul Mollet em  1963,  a  partir  da  doutrina  do  Fartlek,  do  Power‐Training  e  do  Interval‐Training.  Pode  ser  definido  como corrida‐passeio. Características Básicas: propiciar uma quebra da rotina de trabalho. É excelente para o período de transição ou para os microciclos de recuperação da fase básica, principalmente em desportos acíclicos. Em uma única sessão ele reúne exercícios de potência, flexibilidade, velocidade, e resistência aeróbia e anaeróbia, sempre que possível realizado em deslocamento. Transições entre dois estímulos diferentes feitos por meio de trote ou marcha ligeira. Propicia  grande motivação  pelo  local  de  realização  (bosques,  praias  e  etc.)  e  pelo  tipo  de  atividade  podendo coadjuvar na preparação psicológica. Parâmetros visados ou esportes visados: Pode ser adaptado para qualquer modalidade esportiva. Vantagens:  

‐ Melhoria dos sistemas cardiovascular e respiratório; ‐ Permite “criatividade” na formulação das sessões; ‐ Melhoramento do transporte sanguíneo aos músculos; ‐ Permite excelente estado psicológico ao praticante devido a atração do ambiente natural; 

Page 34: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

40 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Pode ser adaptado para qualquer modalidade desportiva. Desvantagens: 

‐ O controle fisiológico do método é deficiente, razão pela qual sua maior utilização se verifica na primeira fase do condicionamento básico. 

Controle da  sobrecarga:   percurso  com, no mínimo, 3  km de  comprimento;  sessões  com duração de 40  a 90 minutos. Esquema de trabalho: compreende quatro tipos de atividades executadas sequencialmente.  

‐ Aquecimento: duração de aproximadamente 20 minutos, consistindo exercícios de alongamento e deslocamentos em ziguezague. 

‐ Desenvolvimento muscular:  no total representa 15 minutos de trabalho localizado. Seleciona‐se de  6  a  10  exercícios,  iniciando‐se  cada  um  com  6  repetições. Após  alcançadas  12  repetições, introduz‐se o  sistema de  séries com  intervalos de 2 a 3 minutos entre elas, aproveitados para marcha e exercícios de flexibilidade.  

‐ Trabalho  contínuo  variado:  consome  trinta  minutos  de  trabalho  e  consiste  em  piques  de aceleração, subidas e saltos. 

‐ Trabalho intervalado: consome trinta minutos de piques de 100 ou 200 metros com número de repetições, intervalo e velocidade de acordo com cada pessoa. 

  A respiração é realizada de  forma rítmica, na qual se realizam três  passadas inspirando, seguidas de quatro passadas expirando;   A descontração deve ser observada em toda sessão de treinamento, onde se busca a amplitude de movimentos e a utilização de muitos exercícios de flexibilidade.  

3.1.1.4 Método de Glenhutly 

Origem: Criado e promovido pelo extraordinário atleta Ronald Clarke – Austrália – Glenhutly – 1963 Características Básicas: Possui vários pontos em comum com o método de Cerutty. Volta‐se ao treinamento de corredores de fundo e meio‐fundo. Glenhutly é um lugar na Austrália onde se reúnem corredores que executam variações  dos  procedimentos  de  Cerutty,  tendo  RON  CLARKE  como  líder  natural.  Os  resultados  do método começaram a aparecer em 1963 com os sucessos de CLARKE. Controle da carga:  

‐ Treinos na natureza.  ‐ Carga mensal de até 800 km  ‐ Carga diária nunca inferior a 30 km  ‐ Ritmo médio aproximado de 8 minutos para cada 2 km.  ‐ Trabalho sistemático sem descanso.  ‐ O próprio atleta, após atingir um alto nível, deve orientar o seu treinamento.  ‐ Os testes são excluídos no desenvolvimento do método.  ‐ Ritmo deve ser intenso, mas  equilibrado, sem forçar possíveis limites fisiológicos individuais. 

 

3.1.1.5 Método de Lydiard 

Origem:  Também  chamado de  treinamento de maratona  “Marathon  Training”, nasceu  em 1949  em Auckland (Nova Zelândia). Criado por ARTHUR LYDIARD recebeu  influência do método de Glenhutly, do Interval‐training e do método de Cerutty. Indicações: Indicado para corredores de fundo e maratonistas (concepção original). Peculiaridades: Exige volumes e intensidades  maiores que os preconizados por Cerutty. Volume: Duração da sessão = 60 a 150 min 365 dias/ano ininterruptamente. Esquema de trabalho:  deve ser programado em 6 etapas bem definidas 

Page 35: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

41 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  

3.1.2 Método de Duração ou Treinamento Contínuo Uniforme 

  Caracteriza‐se por um grande volume de trabalho, mas sem  interrupções, quase sempre em steady state, quer dizer, em equilíbrio de oxigênio, assim como em equilíbrio de todas as funções orgânicas. Dessa forma o organismo pode cobrir de perto o consumo de oxigênio para o trabalho e não cai em um débito muito elevado.   No  trabalho  de  duração,  as  cargas  devem  ser  aumentadas  gradualmente  através  das  seguintes possibilidades: 

‐ Aumentar  a  duração  (volume);  a  distância  ou  o  tempo  de  corrida  aumenta  e  a  velocidade permanece a mesma, 

‐ Aumentar a  intensidade, ou seja, manter a mesma distância e percorre‐la com uma velocidade maior; 

‐ Aumentar a duração e a intensidade; aumenta‐se a distância ou o tempo de corrida e ao mesmo tempo a velocidade da corrida. 

  As corridas de duração são usadas por quase todos os corredores na fase de preparação (PP1). 

Exemplo de distâncias (médias) percorridas: 

Velocistas  (100 – 200m)  2 a 5 Km 

Velocistas  (400m)  4 a 8 Km 

Meio‐Fundistas  (800 – 1500m)  15 a 20 Km 

Fundistas  (5000 – 10000m)  20 a 30 Km 

  A aplicação desse método de trabalho deverá provocar certas adaptações fisiológicas no organismo que melhoram a regularidade cardiorrespiratória, a capilarização, a capacidade de absorção de oxigênio, as trocas gasosas, e, além disso, é desenvolvida também característica psíquica como a vontade, bastante decisiva para o êxito, principalmente nas provas de resistência.   Como já comentado, nesse método não existe pause e o estímulo é ininterrupto. O volume realizado é expresso em quilômetros, quilos, horas, minutos ou tempo total do treinamento. A intensidade do esforço varia de 70 a 95% para as corridas e 25 a 75% para o treino da força.   Pelo  método  da  duração  é  possível  treinar  tanto  a  resistência  aeróbia  como  a  anaeróbia, dependendo  da  intensidade  do  esforço.  Esta  é  uma  problemática  atual,  com  muitas  discussões  quanto  à frequência cardíaca. Autores franceses admitiam que a frequência cardíaca ideal para a resistência aeróbia, seria entre 120 e 140 bat/min. Acima de 140 bat/min. O esforço seria anaeróbio.    Barbanti (1979) concluiu que não é válido estabelecer trabalho aeróbio ou anaeróbio em função da frequência cardíaca. O autor cita a classificação de Vagner, que coloca as corridas em três níveis, de acordo com a frequência cardíaca: 

‐ Corridas com pulso de 120 a 140 bat/min, que utilizada para a recuperação dos treinos intensos. 

Page 36: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

42 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Corridas  com  pulso  de  140  a  160  bat/min,  sendo  esta  a  ideal  para  desenvolver  a  resistência aeróbia geral.  

‐ Corridas com pulso de 160 a 180 bat/min, onde a intensidade é bastante elevada. 

 

Figura 7: Comportamento da intensidade durante o treinamento contínuo fixo

3.1.2.1 Métodos Contínuos de Ritmo Lento Uniforme Extensivo  

Características: Lento, Contínuo extensivo Duração: 1h até 4 h Distâncias: 

‐ Corredores de fundo: 15 a 30 km ‐ Natação: 2 a 5 km ‐ Ciclismo: 40 a 80 km 

Intensidade: Baixa ou media. Representa trabalhos a nível Regenerativo ou Sub‐aeróbico ‐ 60 a 65% da VAM (Velocidade Aeróbia Máxima); ‐ 50 a 70% do VO2MÁX; ‐ 60 A 80% do LA (limiar Anaeróbio); ‐ Lactato 1.5 a 4.0 mmol / l; ‐ F.C. 130 – 160 bpm; 

Objetivo:  Este método  tem  como  objetivo,  utilização  dos  ácidos  graxos  e  aperfeiçoamento  da  utilização  de glicogênio (efeito de economia de glicogênio), hipertrofia cardíaca, melhora da circulação periférica e economia do  trabalho cardíaco, maior porcentagem de  fibras ST, maior número de mitocôndria:  trabalho  regenerativo e melhoria da eficiência aeróbica. Efeitos:  

‐ Oxidação do AGL.  ‐ Economia de trabalho cardíaco.  ‐ Incremento da circulação periférica.  ‐ Hipertrofia cardíaca.  ‐ Melhora na utilização de glicogênio (efeito de economia de glicogênio)  ‐ Melhora no ritmo de recuperação.  ‐ Melhora da eficiência aeróbica.   

 

3.1.2.2 Métodos Contínuos de Ritmo Médios Uniforme  

Características: médio Duração: 45 a 90 minutos Distâncias: 

‐ Corredores de fundo: até 20 km ‐ Natação: 2 a 4 km ‐ Ciclismo: 30 a 60km 

Page 37: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

43 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Intensidade: Aeróbico médio; RLD II ‐ Até 75% da VAM; ‐ 70 a 75% do VO2 MÁX. ‐ 80 a 85 % do LA ‐ Lactato 3.0 a 7.0 mmol/l ‐ F.C. 150 – 170 bpm ‐ Zona de transição Aeróbia/Anaeróbia 

Objetivo: Este método tem como objetivo melhorar a capacidade e a potência aeróbia Cuidados: Esgotamento das reservas de Hidratos de Carbono‐ Atentar‐se às recuperações das sessões 

3.1.2.3 Métodos Contínuos de Ritmo Rápidos Uniforme 

Características: Rápidos; Contínuo intensivo Duração: 20 a 45 minutos Distâncias: 

‐ Corredores de fundo: 6 a 12 km ‐ Natação: 1 a 2 km ‐ Ciclismo: 15 a 30km 

Intensidade: Potência aeróbia e metabolismo anaeróbio (capacidade anaeróbia lática) ‐ 100% da VAM ‐ 90 a 100% da VC (velocidade de competição) ‐ + 80% do VO2 MÁX. ‐ 85 ‐ 95% do LA ‐ Lactato: Superior a 7 mmol/l ‐ F.C: Superior a 170 bpm 

Objetivo: O objetivo deste método é melhorar a potência aeróbia e a capacidade anaeróbia  lática. Elevação do limiar anaeróbio, hipertrofia do músculo cardíaco e aumentar a capilarização do músculo esquelético. Cuidados: Overtraining Efeitos:  

‐ Melhora o metabolismo do glicogênio.  ‐ Maior velocidade em condições de limiar anaeróbico.  ‐ Aumento do VO2 máximo, devido ao incremento de capilares e melhora do rendimento cardíaco.  ‐ Hipertrofia cardíaca.  ‐ Melhora da produção e remoção de lactato.  ‐ Maior manutenção da intensidade elevada em esforços prolongados.   

 

3.1.2.4 Método Cooper 

Origem: Criado por Kenneth Cooper,  foi  lançado em 1967, visando  inicialmente, ao  condicionamento  físico de não atletas. E posteriormente modificado por Cláudio Coutinho, no Brasil, para o treinamento de atletas de alto nível. Características Básicas: treinamento cardiopulmonar de atletas de desportos terrestres coletivos e não‐atletas. É  o sistema que utiliza distâncias não muito  longas, que  independem do terreno, ao mesmo tempo é o único que estabelece possibilidades de uma quantificação, o qual será a referência principal das cargas de trabalho, além de servir como fator de motivação nas sessões. Consiste na quantificação do total de trabalho a partir de tabelas de pontos  que  levam  em  consideração  as  distâncias  e  os  ritmos  alcançados  observando  diferenças  entre  sexo  e idade. Parâmetros visados ou esportes visados: atletas de desportos terrestres coletivos e não‐ atletas. Vantagens:  

‐ O uso das tabelas de treinamento controlam a sobrecarga de trabalho evitando que o exercício cause danos à saúde; 

Page 38: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

44 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Aumento do HDL e diminuição da relação LDL/HDL evitando a arteriosclerose; ‐ Aumento da eficiência pulmonar possibilitando maior transformação de ar com menos esforço; ‐ Aumento da eficiência do coração, tornando‐o mais forte; ‐ Aumento  do  volume  total  do  sangue,  aumenta  o  número  de  células  vermelhas  tornando  o 

transporte de oxigênio mais eficiente; ‐ Possui programas específicos para diferentes níveis de condicionamento físico; ‐ Aumento do número e tamanho dos vasos sanguíneos; ‐ Melhoria da tonicidade dos músculos e dos vasos sanguíneos. 

Desvantagens: ‐ Em adultos  sedentários que praticarem exercícios muito  intensos podem acarretar em: bolhas, 

dores musculares, cãibras, contusões, estresse físico e problemas de tornozelo e joelho; ‐ Dependência das tabelas; ‐ Resultados a longo prazo; ‐ Precisa de complementos de dedicação para conseguir resultados 

Controle da sobrecarga: por causa do método de  treinamento  (tabelas), a sobrecarga é  facilmente controlada, basta apenas que o indivíduo siga as instruções da tabela. Teste de 12 minutos: O teste de 12 minutos foi criado para detectar o estágio de condicionamento físico que o indivíduo apresenta. Na tabela a seguir podemos ver como se realiza o teste. 

Teste de 12 minutos 

Se percorrer  Categoria: 

Menos de 1600 metros  I Muito Fraca 

1600 a 2000 metros  II Fraca 

2000 a 2400 metros  III Razoável 

2400 a 2800 metros  IV Boa 

2800 metros ou mais  V Excelente 

 Esquema de trabalho: para não‐atletas o objetivo é obter 30 pontos semanais, ao passo que para atletas o alvo aumenta para 100 pontos; o programa consiste de exercícios principais  (corrida, corrida estacionária, natação, ciclismo e marcha) e exercícios complementares ( basquete, vôlei, futebol, tênis, pular corda, remo, etc.).  Tabela de Pontos para Corrida 

1600 metros  Pontos 

19:59 – 14:30 minutos  1 

14:29 – 12:00 minutos  2 

11:59 – 10:00 minutos  3 

9:59 – 8:00 minutos  4 

7:59 – 6:30 minutos  5 

Menos de 6:30 minutos  6 

 

2400 metros  Pontos 

29:59 – 21:45 minutos  1,5 

21:44 – 18:00 minutos  3 

17:59 – 15:00 minutos  4,5 

14:59 – 12:00 minutos  6 

11:59 – 9:45 minutos  7,5 

Menos de 9:45 minutos  9 

 

Page 39: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

45 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

 

3200 metros  Pontos 

40:00 minutos ou mais  1* 

39:59 – 29:00 minutos  2 

28:59 – 24:00 minutos  4 

23:59 – 20:00 minutos  6 

19:59 – 16:00 minutos  8 

15:59 – 13:00 minutos  10 

Menos de 13:00 minutos  12 

*exercício de duração  suficiente para beneficiar o  sistema  cardiovascular. A  esta  velocidade,  geralmente, não haveria efeito de treinamento. Entretanto, a duração é tão longa que o efeito de treinamento começa a surgir.  

Um exemplo de como obter 30 pontos semanais: 

Distância  Tempo  Frequência  Pontos 

2400 metros  12:00 minutos  2ª, 3ª, 5ª e 6ª feira  7.5 por dia 

 

32.1.2.5 Método Zona Alvo 

Origem:  Programas de  reabilitação de  cardíacos  e  condicionamento  físico  para  sedentários preconizados pelo American College of Sports Medicine. Características Básicas:  treinamento  da  resistência  aeróbia de  atletas de  desportos  terrestres  acíclicos  e não‐atletas. Controle da sobrecarga: o trabalho deve consistir de 20 a 60 minutos de atividade dentro da zona‐alvo. Esquema de trabalho: para a determinação da zona‐alvo são seguidos os quatros passos seguintes:  1ª Etapa: Aferir a FC e PA de repouso, Estimar FCMáx   A determinação da  frequência  cardíaca basal,  tomada durante  três dias, ao  se acordar e antes de realizar qualquer movimento brusco. Devem‐se somar os três valores obtidos e dividir o total por três, calculando a média. 

FCB = (FCB1+FCB2+FCB3)/3    Devido  a  grande  dificuldade  da  tomada  da  frequência  cardíaca  basal, muitos  autores  aceitam  a utilização da FC de repouso, tomada com o indivíduo deitado, por mais ou menos cinco minutos.   Existem várias fórmulas disponíveis para a estimativa da Frequência Cardíaca Máxima  ‐ FCM, todas levam em consideração o fator idade. Entretanto, algumas levam em consideração o grau de condicionamento do indivíduo,  visto  que  a  FCM  pode  sofrer  uma modificação  segundo  o  nível  de  capacidade  física,  treinando  ou destreinado.   Entre as equações mais utilizadas encontram‐se a de KARVONEN (1957), JONES (1975) e SHEFFIELD (1965), sendo que a deste último é a adotada pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte. 

Tabela 7 Fórmulas para cálculo da frequência cardíaca máxima (FCM) 

Autores  Fórmulas

KARVONEN Homens FCM = 220‐ IDADE

Mulheres FCM = 226‐ IDADE

JONES2 Homens  FCM = 210‐(0,65x IDADE) 

Mulheres  FCM = 205‐(0,5x IDADE) 

SHEFFIELD Destreinado FCM = 205‐(0,41x IDADE) 

Treinado FCM = 198‐(0,41 x IDADE) 

                                                            2 Citação encontrada em DANTAS 1998, 140 

Page 40: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

46 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

 2ª Etapa: Estimar o nível de condicionamento físico através de testes   O segundo passo é a determinação do nível de condicionamento físico, através de um dos inúmeros testes destinados para este fim, dando preferência a testes com alta fidedignidade em relação a atividade que se irá prescrever.   A partir do teste de avaliação, idade e sexo, estabelecem‐se categorias de aptidão. Citaremos como referência duas classificações a proposta da American Heart Association  (1980) que  foi estabelecida a partir de indivíduos sadios não atleta e pode ser utilizada como meio de acompanhamento da aptidão cardiorrespiratória, e a de COOPER (1982), segundo GOMES (1995, 64). 

Tabela 8 Nível de Aptidão Física do American Heart Association para Homens e Mulheres em VO2MÁx em ml(kg.min)‐1. Fonte: A.C.S.M, 1980 

Homens 

F. Etária  Muito Fraca  Fraca Regular Boa Excelente

20‐29  < 25  25‐33 34‐42 43‐52 53> 

30‐39  < 23  23‐30 31‐38 39‐48 49> 

40‐49  < 20  20‐26 27‐35 36‐44 45> 

50‐59  < 18  18‐24 25‐33 34‐42 43> 

60‐69  < 16  16‐22 23‐30 31‐40 41> 

Mulheres

F. Etária  Muito Fraca  Fraca Regular Boa Excelente

20‐29  < 24  24‐30 31‐37 38‐48 49> 

30‐39  < 20  20‐27 28‐33 34‐44 45> 

40‐49  < 17  17‐23 24‐30 31‐41 42> 

50‐59  < 15  15‐20 21‐27 28‐37 38> 

60‐69  < 13  13‐17 18‐23 24‐34 35> 

 

Tabela 9 Classificação da Aptidão Cardiorrespiratória de Cooper para Homens e Mulheres VO2Max ml(kg.min)‐1.Fonte: COOPER, 1982 

Homens 

F. Etária  Muito Fraca  Fraca  Regular Boa Excelente  Superior

13‐19  < 35 35,1‐38,3 38,4‐45,1 45,2‐50,9 51,0‐55,9  >56,0

20‐29  < 33 33,1‐36,4 36,5‐42,4 42,5‐46,4 46,5‐52,4  >52,5

30‐39  <31,5 31,6‐35,4 35,5‐40,9 41,0‐44,9 45,0‐49,4  >49,5

40‐49  < 30,2 30,3‐33,5 33,6‐38,9 39,0‐43,7 43,8‐48,0  >48,1

50‐59  < 26,1 26,2‐30,9 31,0‐35,7 35,8‐40,9 41,0‐45,3  >45,4

> 60  20,5 20,6‐26,0 26,1‐32,2 32,3‐36,4 36,5‐44,2  >44,3

Mulheres

F. Etária  Muito Fraca  Fraca  Regular Boa Excelente  Superior

13‐19  <25 25,1‐30,9 31,0‐34,9 35,0‐38,9 39,0‐41,9  >42,0

20‐29  <23,6 23,7‐28,9 29,0‐32,9 33,0‐36,9 37,0‐40,9  >41,0

30‐39  <22,8 22,9‐26,9 27,0‐31,4 31,5‐35,6 35,7‐40,0  >40,1

40‐49  <21,0 21,1‐24,4 24,5‐28,9 29,0‐32,8 32,9‐36,9  >37,0

50‐59  <20,2 20,3‐22,7 22,8‐26,9 27,0‐31,4 31,5‐35,7  >35,8

> 60  <17,5 17,6‐20,1 20,2‐24,4 24,5‐30,2 30,3‐31,4  >31,5

   Uma forma alternativa de se classificar o nível de condicionamento de um indivíduo é a comparação entre os valores obtidos no teste de esforço com o VO2Máx Previsto de Bruce.  

Page 41: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

47 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Tabela 10 Cálculo do VO2Máx previsto em relação à idade, sexo e grau de condicionamento atual 

Homens Sedentários   VO2Máx = 57,8 ‐0,445. Idade 

Mulheres Sedentárias   VO2Máx = 42,3 ‐0,356. Idade 

Homens Ativos  VO2Máx = 69,7 ‐0,612. Idade 

Mulheres Ativas   VO2Máx = 42,9 ‐0,312. Idade 

 3ª Etapa: Escolher o Tipo de Exercício e a Zona Sensível do Treinamento   Determinar  a  Zona  Sensível  do  Treinamento. A  intensidade  relativa  de  um  exercício  costuma  ser especificada na  forma de algum percentual da  função máxima como o percentual da FCM, FCR ou VO2Máx. De acordo  com  DANTAS  (op.  cit,  135)  o  princípio  da  adaptação  ensina  que  há  um  limiar mínimo,  para  que  um exercício produza efeito de  treinamento, bem como um  limite máximo que se  for ultrapassado, causará danos irreversíveis ou mesmo permanentes ao organismo.  Treinamento num Percentual da Frequência Cardíaca Máxima (FCM)   De  acordo  com McARDLE  (op.cit.,  282)  como  regra  geral,  a  capacidade  aeróbica  melhora  se  o exercício  for  de  intensidade  suficiente  para  aumentar  a  frequência  cardíaca  até  aproximadamente  70%  do máximo.   Quando  um  indivíduo  encontra‐se  em  um  nível  de  capacidade  física  entre  boa  e  excelente  é recomendável aplicar uma carga de  trabalho que seja suficiente para estimular sua FC para valores entre 70 e 95% da sua FCM. Para  indivíduos em que o nível de capacidade física esteja compreendido entre muito fraca e regular, sugere‐se a realização de tarefas que estimulem a FC para faixas de 55 a 80% da FCM.(MARINS, op.cit, 174).   Então  o  cálculo  dos  limites  superior  e  inferior  de  acordo  com  o  nível  de  aptidão  podem  ser determinados pelas seguintes equações:  

Nível de Condicionamento  Limite Inferior 

Fraco e Regular  L Inf = 0.55(FCM ) 

Bom e Superior  L Inf = 0.7(FCM) 

Nível de Condicionamento  Limite Superior 

Fraco e Regular  L sup = 0.8(FCM) 

Bom e Superior  L sup = 0.95(FCM) 

 Treinamento num Percentual da Freqüência Cardíaca de Reserva (FCR)   KARVONEN  e  col.  (1957)  definiram  que  o  cálculo  da  intensidade  do  esforço  pela  reserva  da  FC levando em consideração a FC de repouso, como sendo igual a:  

FCR =  FcRepouso + Intensidade de Esforço x (FCM ‐ FCRepouso) 

   De  acordo  com McARDLE  (op.cit, 282) essa  abordagem para determinar  a  freqüência  cardíaca do treinamento  costuma  fornecer um  valor  ligeiramente mais  alto  em  comparação  com o mesmo percentual  de esforço em comparação com a freqüência cardíaca máxima simples.    A determinação do  limite  inferior de  trabalho num percentual da  freqüência cardíaca de reserva é calculada de acordo com nível de condicionamento através das fórmulas:  

Nível de Condicionamento  Limite Inferior 

Fraco e Regular  L Inf = FCRep. + 0.6(FCM ‐ FCRep ) 

Bom e Superior  L Inf = FCRep. + 0.65(FCM ‐ FCRep ) 

  A determinação do  limite  superior num percentual da  freqüência  cardíaca de  reserva  é  calculada pelas formulas: 

Page 42: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

48 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Nível de Condicionamento  Limite Inferior 

Fraco e Regular  L sup = FCRep. + 0.8(FCM ‐ FCRep ) 

Bom e Superior  L sup = FCRep. + 0.85(FCM ‐ FCRep ) 

   Prescrição de Treinamento pelo VO2Máx   Este  método  pode  ser  perfeitamente  utilizado,  tendo  como  principal  característica  o  VO2Máx apurado durante um teste de esforço, para tanto deve‐se selecionar um percentual de trabalho,  levando‐se em consideração o nível de condicionamento e o ponto de  localização do  limiar anaeróbico do avaliado. Lembre‐se que quanto pior o nível de condicionamento do avaliado mais baixo será seu  limiar anaeróbico, e quanto mais treinado for, mais alto será o limiar anaeróbico.    Pode‐se determina uma velocidade média (km/h) em função do VO2Máx pela equação  

Vm = {133+[(VO2Max‐33,3)/0,17]}*0,06 

 ORIENTAÇÕES GERAIS    Embora o trabalho com o percentual da FCM forneça um valor menor do que o fornecido pela FCR, vários autores propõem uma  íntima correlação entre o VO2Max e a freqüência cardíaca, quando correlacionados seus percentuais.    Entre as equações mais usadas para determina essa correlação podemos citar HELLERSTEIN & ADLER (1973), LONDERRE & ANES (1976) e KATCH (1978)3: 

Autores  Formula 

Hellerstein & Adler Pessoas Normais  %FCM = (%VO2Max+42)/1,41 

Coronariopatas   %FCM = (% VO2Máx + 35,2)/1,32 

LONDERRE & ANES  % VO2 Máx = (1,369. %FCM)‐40,99 

KATCH  % VO2 Máx = (1,388. %FCM)‐44,765 

     É  importante observar que os  três  resultados apresentam valores diferentes que porém, de  forma alguma, invalidam o emprego das fórmulas. A sugestão é que se escolha uma das técnicas, para que se tenha um referencial de trabalho.   Com  o  objetivo  de  favorecer  uma  prescrição  segura  e  eficiente  dos  exercícios,  o  ACMS  (1991) recomenda que o exercício deve ser suficientemente árduo para que a freqüência cardíaca alvo fique entre 70 a 85% FCM, 60 e 90% da reserva da frequência cardíaca máxima ou para que o metabolismo fique entre 50 e 85% do consumo máximo do oxigênio    Apresentamos na tabela abaixo algumas indicações de percentuais de intensidade de acordo com o grau de condicionamento físico: 

Tabela 11 Percentuais de intensidade de acordo o grau de condicionamento físico 

Nível de Condicionamento  VARIÁVEL LIMITE MÍNIMO LIMITE MÁXIMO

Fraco e Regular  

FCM 55%  80%  

FCR 60%  80%  

VO2MÁX 50%  70%  

Bom e Superior 

FCM 70% 95% 

FCR  65%  85% 

VO2MÁX 60% 90% 

 

                                                            3  MARINS op.cit, 161. 

Page 43: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

49 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

3.1.3 Método de Esforços (ou Ritmos) Variados ‐ Fartlek 

  O método  contínuo  variado  consiste  na  realização  de  esforços  prolongados,  durante  os  quais  se procede a variações significativas de intensidade, mas sem que se chegue a parar efetivamente a atividade.   Esta variação da intensidade de esforço pode ser ditada por fatores ocasionais, externos (o relevo do terreno)  ou  internos  (a  vontade  do  atleta)  e  estamos  então  perante  o  chamado  fartlek,  ou  provir  de  uma programação cuidada visando adaptações orgânicas definidas.   O  termo  fartlek é um  termo  sueco que  significa  “jogo de velocidades” e popularizou  se devido a designar um processo de preparação  inicialmente utilizado nos países nórdicos a partir dos anos 30 do  século passado. Na sua versão original, trata‐se de uma atividade realizada ao ar livre, na natureza de preferência, onde se  alternavam  percursos  de  elevada  intensidade,  que  podiam  incluir  sprints  curtos  em  terreno  plano  ou  em rampa,  subir  em  velocidade  elevada  escadas  ou  bancadas,  realizar  exercícios  de  curta  duração  de  potência muscular, com períodos mais longos de fase aeróbica.    Existem  diferentes  tipos  de  fartlek  ou  formas  de  interpretação  dos mesmos,  entre  eles  podemos citar: 

a) Fartlek tradicional. b) Fartlek especial. c) Fartlek líder. d) Fartlek controle. e) Fartlek livre orientado. 

 

3.1.3.1 Fartlek Tradicional 

Origem: É um dos mais antigo método contínuo, tendo sido criado, na década de 30, por Gosse Holmer na cidade sueca de Bosson. Podendo ser realizado, também de forma anaeróbia. Finalidade: concebido, inicialmente, para o treinamento de fundistas e meio fundistas, pode hoje ser aplicado no treino de  todos os desportos que necessitem de  resistência aeróbia. Podendo  ser  realizada  também de  forma anaeróbia, é um programa de  treinamento  informal, no qual não há um  controle  fisiológico preciso, pois, é o próprio atleta quem estipula a intensidade do treinamento. Controle da sobrecarga: os esforços são de intensidade média e duração longa. O tempo de prática varia de 40 a 120 minutos.  Vantagens:  

‐ Eficaz; ‐ Adaptável; ‐ De grande atrativo psicológico. ‐ Foge da monotonia dos treinos em recintos fechados. 

Desvantagens: ‐ Fraqueza da carga; ‐ Observação deficiente do treinador sobre o atleta para lhe ensinar fundamentos básicos e corrigir 

seus movimentos. Esquema  de  trabalho:  modernamente  é  utilizado  em  combinação  com  outros  métodos,  em  obediência  as exigências de periodização. O Fartlek caracteriza‐se pelos seguintes princípios: 

‐ Em cada sessão não há distância fixa a ser percorrida; ‐ A velocidade será variável em todo o percurso; ‐ O tempo de sessão não é fixo, variando de 40 a 120 minutos; ‐ A  dosagem  individual  é  determinada  pelo  atleta,  possibilitando  a  criação  de  um  programa 

individual; ‐ Os  locais  não  serão  somente  as  pistas  dos  estádios,  devendo  ser  escolhidos  locais  variados  e 

abertos com piso macio. ‐ Buscando contato com a natureza e de preferência fugindo dos locais de competição 

Page 44: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

50 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Um  dos  pré‐requisitos  do  trabalho  é  o  fato  do  atleta  terminar  o  treino  satisfeito,  estando cansado, porém, não fadigado. 

Exemplo de uma sessão de Fartlek: 1. Corrida solta para aquecer, com flexionamentos ‐ 10 minutos; 2. Corrida em velocidade média: 5 a 8 minutos; 3. Andadura rápida: 5 a 8 minutos; 4. Trote alternando com piques de 10 a 15 metros, até cansar‐se; 5. Corrida à vontade, bem solta; de quando em quando, elevando os joelhos alternadamente; 6. Subir uma rampa de 100 a 150 metros à velocidade máxima, descendo bem relaxado; 7. Corrida com velocidade variada – 10 minutos; 8. Trote lento e andadura moderada (volta à calma). 

 

3.1.3.2 Fartlek Especial 

  Há uma combinação de nado de diferentes distâncias e ritmos, com exercícios especiais (educativos, pernada, braçada, etc.). Exemplo: 750m nado lento + exercícios educativos intercalados com 50m de nado lento + seqüência de  saídas  intercalados com 25‐50m de nado  lento + acelerações de 100‐200m  intercaladas com 50‐100m  de  corrida  lenta  +  acelerações  de  400m‐800m  intercaladas  com  200m  corrida  lenta  +  exercícios  para resistência  de  força  muscular  intercalados  com  50‐100m  de  corrida  lenta  +  acelerações  de  1000‐2000m intercaladas com 400‐800m corrida lenta + 3 km corrida lenta;  

3.1.3.3 Fartlek Líder  

  Pela formação de grupos de corredores do mesmo nível de condicionamento, onde um deles será o responsável pelas  acelerações  intermediárias,  sendo que os demais deverão ultrapassá‐lo. O  treinador deverá orientar em relação às distâncias utilizadas ou a duração do estímulo e aos momentos de aceleração. O objetivo do  trabalho  é  condicionar  os  corredores  às  acelerações  intermediárias  que  ocorrem  durante  as  competições esportivas.  Exemplo:  3  km  corrida  lenta  +  12  km  intercalando  800‐1200m  corrida  acelerada  com  simulações táticas com 400‐800m corrida recuperativa + 3 km corrida lenta.  

3.1.3.4 Fartlek Orientado  

  As variações de distância e ritmo são orientadas pelo treinador, sendo utilizado nas semanas iniciais da preparação do atleta.  Exemplos:  

1. 500 metros nadando solto  2. Tiro de 50 m forte e 25 m leve 3. Tiro de 75 m forte e 50 m leve  4. Tiro de 100 m forte e 75 m leve 5. Tiro de 150 m forte e 100 m leve  6. Tiro de 100 m forte e 75 m leve 7. Tiro de 75 m forte e 50 m leve  8. Tiro de 50 m forte e 25 m leve 

   O volume é determinado pelo treinador e as sessões duram de 40 a 120 minutos, modernamente o Fartlek são utilizadas em combinação com outros métodos, em obediências às exigências de periodização.  

Page 45: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

51 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

3.2 Métodos de Treinamento Fracionado 

  O Treinamento Fracionado  (TF) ocupa também um  lugar relevante na metodologia do treinamento da  resistência  nas  diferentes  disciplinas  esportivas.  O  Treinamento  Fracionado  tem  os  seguintes  objetivos fundamentais:  

‐ Desenvolvimento da velocidade em função da resistência.  ‐ Adequar a estrutura do treinamento em forma similar ou parecida com o gesto competitivo.  ‐ Desenvolvimento específico dos múltiplos processos bio‐funcionais em  relação às exigências da 

disciplina esportiva.  ‐ Ritmo Competitivo.    

  Podemos distinguir em linhas gerais os seguintes métodos: ‐ Método Intervalado.   ‐ Método de Repetições.  ‐ Método Modelado.   ‐ Método de Controle. 

  Em  seu aspecto organizativo  ‐ metodológico o  treinamento  fracionado está composto da  seguinte forma:  

‐ Duração do estímulo; ‐ Intervalo (pausa); ‐ Repetições; ‐ Intensidade.   

 Duração do Estímulo   Representa  o  tempo  gasto  para  perfazer  o  estímulo,  são  caracterizados  pela  sua  duração  e  pela intensidade em que são efetuados. Foi apresentada a seguinte classificação, adaptada de Zintl: 

‐ Estímulos de curta duração I (15’’ – 45’’) ‐ Estímulos de curta duração II (45’’ – 2’) ‐ Estímulos de média duração (2’ – 8’) ‐ Estímulos de longa duração (8’ – 15’) 

 (Hegedüs/ MoInár, 1993, 1995) 

 Intervalo    Período de tempo entre dois estímulos subsequentes. Fisiologicamente, o intervalo é a pedra angular do método, pois é durante o mesmo que o coração tem oportunidade de efetuar seu trabalho de adaptação.    A duração do  intervalo depende do objetivo do  treino, da duração das  repetições  e  também das características  do  atleta  e  do  seu momento  de  forma.  É  fundamental  que  a  recuperação  permita manter  a intensidade do esforço durante todo o treino, mas utilizando a pausa mais curta possível que permita ao atleta cumprir todo o treino que foi programado. Há dois tipos de intervalo: 

‐ Ativo: É o regime de pausa habitualmente utilizado porque, após esforços com alguma implicação láctica,  consegue‐se  uma  recuperação mais  eficiente  através  de  um  esforço  cuja  intensidade ronde os 50% do VO2max. 

Fracionado

Prevalência Aeróbica  Prevalência Anaeróbica

Muito Curto (20”‐25”) 

Curto(35”‐2’)

Médio(2’‐8’)

Longo (8’‐20’) 

Page 46: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

52 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Passivo: Em determinadas circunstâncias pode ser conveniente utilizar pausas passivas:  Quando  se  pretende  enfatizar  a  solicitação  do  sistema  ATP‐PC,  uma  vez  que  a 

continuação do esforço, mesmo moderado, inibe a reposição das reservas musculares de fosfatos de  alta energia,  assim  como  a do oxigênio  ligado  à mioglobina muscular,  cuja situação de  depleção no  início de um período de  esforço  conduz  a uma  entrada mais rápida no metabolismo glicolítico. 

Quando o objetivo da tarefa impõe pausas muito curtas que dificultam ou tornam mesmo impraticável um regime ativo de pausa entre repetições. 

Quando se pretende obter um efeito máximo em termos de acumulação da fadiga láctica, em  tarefas  de  volume  muito  baixo,  mas  extremamente  exigentes  na  intensidade requerida.  Neste  trata‐se  de  uma  estratégia  de  sobrecarga  láctica  explicitamente procurada e que só é utilizável em atletas de alto nível de preparação. 

  De acordo com GOMES (1995, 100) existem basicamente três tipos de intervalo: ‐ Intervalo  Rígido:  que  é  um  intervalo  prefixado  independente  da  fonte  energética  utilizada, 

podendo ou não ser suficiente para a total recuperação do estímulo. Normalmente utilizado em trabalhos  glicolíticos  “debito de oxigênio”.  Ex.:  cinco  séries de  abdominais  com  intervalo  de  1 minuto, 8 tiros de 50m nado livre com intervalo de 40 segundos. 

‐ Intervalo Ordinário: caracteriza‐se pela recuperação que deve existir com a total recuperação do estímulo anterior, para que assim, possa existir um melhor efeito de  treinamento na seção, na unidade e em toda temporada de atividade. 

‐ Intervalo  Extremo:  por  ser  um  intervalo muito  longo,  não  caracteriza  qualquer  adaptação  no treinamento,  sendo  mais  indicado  para  o  treinamento  da  técnica  do  movimento,  ou  testes neuromusculares (carga máxima e carga de repetição). 

 Repetições   Número de vezes em que se  repetirá o estímulo. Esta diretamente  relacionada à capacidade  física visada e relacionada, obviamente, a intensidade da carga. Podemos resumir as repetições em três possibilidades:  

‐ Numerosas: mais de 30;  ‐ Medianas: entre 10 e 30; e  ‐ Poucas: entre 3 e 10. 

  No  início  do  treinamento  as  repetições  devem  ser  poucas,  com  a  finalidade  de  adaptação, aumentando‐se progressivamente seu número, segundo o princípio da sobrecarga.   A  série  é  um  conjunto  de  períodos  de  esforço  e  de  repouso  consecutivos,  agrupados  com  os seguintes objetivos: 

‐ Melhorar a qualidade do treino permitindo o aumento da intensidade do esforço. ‐ Aumentar o volume do treino mantendo os níveis de intensidade previstos. 

 Intensidade   A  intensidade  do  esforço  é  a  componente  qualitativa  do  trabalho  executado  em  um  período determinado de tempo. Quanto mais trabalho realizado por unidade de tempo, maior será a intensidade. 

Zona de Treinamento  Recuperação  %Intensidade  Duração  Pausa  Lactato  F.C. N° Sessões p/ 

semana Exemplos 

Regenerativo  ‐  60%  15‐20’  ‐  2mMol 100‐120 

Todos os dias 800m técnica600m (150 tec‐50 nad.) 600m (25 Tec.‐25 Est) 

Sub‐Aeróbico  6 horas  75‐80% 30’ – 1h 15’ 

15” a 1’30” 

2‐4mMol 140‐160 

Todos os dias 3x1500m (90%)5x800 (80‐85%) 10x400(75‐80%) 

Sup‐Aeróbico  12 horas  80‐85%  20‐40’ 15”‐45” 

4‐6mMol 150‐180 

Até 6x por semana 

6x400 (80‐85%)10x200 (75‐80%) 20X100 (70‐75%) 40 x 50 (70%) 

Page 47: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

53 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Tabela 12: Zonas de Intensidade de Treinamento em Natação 

3.2.1 Método Fracionado Intervalado 

  Este método se caracteriza por estar organizado em trabalho e pausa, mas com o detalhe de que as pausas são incompletas, quer dizer que não se alcança uma recuperação completa entre uma carga e uma nova carga dentro da sessão de treinamento.     A duração das pausas é variável, de acordo ao tipo e nível do esportista, da intensidade do trabalho e da duração da carga. Em geral a duração do intervalo de descanso pode graduar‐se através da FC.     Alguns treinadores tomam como critério básico que a FC se recupere até 120‐130 bat/min. Os efeitos que  provoca  trabalhar  com  esta metodologia  são: Hipertrofia  do miocardio,  durante  a  carga,  devido  à maior resistência periférica, e durante a pausa  se produz um estímulo de aumento da cavidade por um aumento do volume cardíaco devido a uma queda da resistência periférica. Se obtém uma ampliação do nível funcional dos distintos  sistemas. A  nível  psicológico,  o  esportista  adapta‐se  a  tolerar  cargas  de  trabalho  que  lhe  produzem sensações molestas.   Segundo F. Navarro Valdivieso, podemos classificar aos métodos intervalados segundo dois critérios: Segundo a Intensidade 

‐ Método Intervalado Extensivo: Intensidade baixa ou media, pausas curtas e volume elevado.   ‐ Método  Intervalado  Intensivo:  Intensidade media/alta  ou  alta,  pausas mais  longas  e  volumes 

baixos ou médios.    Segundo a Duração ou Volume  

‐ Método  Intervalado  Longo: Cargas de 3’ a 15’,  intensidades baixas ou meias e  volumes  totais altos. Pausas curtas.   

‐ Método  Intervalado Médio: Cargas de 1’ a 3’,  intensidades medias ou medias/altas e volumes totais médios. Pausas medias ou curtas.   

‐ Método  Intervalado  Curto:  cargas  de  15”  a  60”,  intensidades  altas  e  volumes  curtos.  Pausas longas.   

  Assim se podem distinguir dentro dos métodos intervalados as seguintes variantes:  1. Intervalado Extensivo Longo.   2. Intervalado Extensivo Médio.   3. Intervalado Intensivo Curto I.   4. Intervalado Intensivo Curto II.   

   Outros autores classificam os métodos de cargas intervaladas em: 

- Sprint‐Training  - Tempo‐Training - Interval‐Tempo‐Training 

VO2 Máximo  24 horas  80‐90%  15‐20’ 1’‐

1’30” 6‐8mMol 

170‐200 

Até 3x por semana 

3x400 (85‐90%)5x200 (80‐85%) 8x100 (75‐80%) 

Res. Anaeróbica  36‐48 horas  85‐90%  12‐25’ 1’30”‐2’ 

8‐12mMol  180 Até 2x por semana 

4x200 (85‐90%)6x100 (80‐85%) 10x50 (80‐90%) 

Tolerância Anaeróbica 

(ou ao lactato) 48 horas  90 a 95%  8‐16’  3’‐8’ 

12‐16mMol 

‐ Até 2x por semana 

3x200 (95%)4x100 (90%) 6x50 (90%) 

Potencia Anaeróbica 

72 horas  95‐100%  30‐50’  2’‐10’ 14‐

12mMol ‐ 

Até 2x por semana 

2x100 (95%)3x75 (96%) 4x50 (97%) 6x25 (98%) 

Velocidade  3 minutos  100%  6‐12’ 45”‐1’45” 

2mMol  ‐ Até 5x por semana 

4x20(100%)4x15(100%) 4x12,5(100%) 4x10(100%) 

Page 48: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

54 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

- Acceleration Sprint - Hollow Sprint 

3.1.1.1 Método Intervalado Extensivo Longo  

Intensidade: media (Subaeróbico).   

Volume: elevado.   

Duração da Carga: 2’ a 15’.   

Efeitos:   Aumento  da  capacidade  aeróbica,  aumento  do  VO2  máximo,  incremento  do  limiar 

Anaeróbico, economia do metabolismo do glicogênio, aumento de glicogênio em  fibras ST, aumenta a irrigação sanguínea periférica.   

3.1.1.2 Método Intervalado Extensivo Médio 

Intensidade: media a media‐alta (Superaeróbico).   

Volume: elevado a moderado ou médio.   

Duração da Carga: 1’ a 3’.   

Efeitos: melhora da capacidade aeróbica, aumento do VO2 máximo, aumento da circulação central, tolerância à presença de ácido  láctico, produção e  remoção de  lactato, aumento na capacidade de produção de lactato nas fibras ST. 

 

3.1.1.3 Método Intervalado Intensivo Curto I 

Intensidade: Alta (VO2 máximo).   

Volume: curto.   

Duração da carga: 15” a 60”.   

Efeitos: Aumento da potência aeróbica por incremento do VO2 máx. Aumento no ritmo de produção‐remoção de  lactato. Aumento da  tolerância  ao  lactato  (implicância de  FT).  Se  as  cargas  são muito intensas se podem trabalhar Áreas Funcionais Anaeróbicas.   

3.1.1.4 Método Intervalado Intensivo Curto II 

Intensidade: Máxima com esforços de duração muito curta.   

Volume: muito curto. Duração da carga: 8” a 15”.   

Efeitos:  Aumento  da  capacidade  Anaeróbica  Aláctica.  Aumento  da  Potência  Anaeróbica  Aláctica. Implicância das FT. 

3.2.1.5 Intervalo Treino Sprint 

  É usado por atletas que procuram desenvolver a resistência anaeróbia alática e velocidade. Por causa da fadiga, o atleta diminuirá progressivamente o ritmo do trato executado no intervalo. Características: 

- Distâncias curtas, correspondentes a 1/6 da distância total de competição; - Intensidade máxima e pausas incompletas, que podem ser em forma de trote de 50 metros; - Para corredores de 800m e 1500m = 20 a 30 vezes 50m com 50m de trote em cada repetição; - Para nadadores de 400m = tiros de 25 a 50m, com descanso de 5 a 10 segundos. 

Estímulo  Até 40"

Tempo  95 –100% da velocidade máxima Repetições  30 – 60

Intervalo  Soltando

Objetivo  Resistência anaeróbica alática e velocidade 

 

Page 49: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

55 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

3.2.1.6 Tempo Training 

  Este  tipo de  trabalho  tem por objetivo principal a aquisição de velocidade prolongada. Entretanto, este método deve  ser aplicado  somente quando o atleta  já possui um bom  lastro adquirido através de cargas contínuas (resistência aeróbica). Do ponto de vista prático, o treinamento consiste de esforços entre 80 a 100% da intensidade máxima que o atleta pode realizar em determinadas distâncias, e em débito de oxigênio. Assim, o método  objetiva,  também,  o  desenvolvimento  da  capacidade  anaeróbica  e  da  imunização  a  intoxicação provocada pelo ácido lático. O intervalo deve ser longo (3 a 10 minutos), e as distâncias variam entre 300 a 2.000 metros.  

3.2.1.7 Intervall‐Tempo‐Training 

  Este  tipo de  treinamento  é uma  associação do  intervall‐training  com o  tempo‐training. Consta de repetições de distâncias curtas em cadências submáxima (80%) ou máxima (100%) com  intervalo relativamente curto, o qual  terá dupla ação: ativadora e  recuperadora. É um  trabalho de grande  intensidade,  razão porque é aconselhada por muitos especialistas como um método aplicável somente a atletas  já condicionados por  longo período de treinamento. 

3.2.1.8 Acceleration Sprint 

  Usado por velocistas que procuram desenvolver a velocidade pura. Consiste num aumento gradual da velocidade, indo do trote para a corrida de passadas lentas e finalmente o pique. 

Estímulo  Até 20"

Tempo  95 – 100% da velocidade máxima Repetições  30 – 60

Intervalo  Velocidade normal, lenta, acelerando objetivo  Velocidade pura

 

3.2.1.9 Hollow Sprint 

  Consiste  de  dois  tiros  intercalados  por  um  período  de  calma  trotando  em  cada  repetição.  Cada repetição  é  separada  da  subsequente  por  um  período  de  recuperação  no  qual  o  atleta  irá  andar  na mesma distância dos tiros e do trote. 

Estímulo  50 corre / 50 caminha / 50 corre / 150 caminha Tempo  95 – 100% no primeiro sprint Repetições  Até que o tempo do 2º sprint seja 80% do 1º Intervalo  Recuperador

objetivo  Velocidade pura

 

3.2.2 Método de Fracionado Repetitivo 

  Este método se caracteriza por distâncias relativamente curtas, com intensidade máxima ou próxima da  máxima,  mas  sempre  divididos  por  intervalos  ótimos  ou  completos  de  recuperação  entre  uma  e  outra repetição. Durante os descansos, todos os parâmetros implicados nos sistemas funcionais tratam de voltar para a normalidade.     A  FC  deveria  situar‐se  por  abaixo  dos  100  bat/min.  para  voltar  a  começar  com  outra  carga  de trabalho específico. Os efeitos se conseguem durante a realização da carga de trabalho, devido à alta intensidade com a que se treina.     Os  treinadores  desenvolvem  trabalhos  utilizando  este método  já  que  permite  exigir  uma  grande coordenação nos gestos motores devido à intensidade ou velocidade com que se realizam.   Subseqüentemente, o  tempo  total  (menos os períodos de descanso)  é  comparado  com o melhor tempo para  a distância.  Exemplificando, uma prova de 200 metros de natação pode  ser quebrada  em quatro 

Page 50: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

56 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

percursos de 50 metros com  intervalos de 5 a 10 segundos de  repouso. Se o nadador  (no caso)  fez um  tempo médio de 30 segundos para cada 50 metros, seu tempo total seria de 2:00.00 para os 200 metros fracionados.   MAGLISCHO 1999 apresenta algumas maneiras de dividir as distâncias de prova para a o método fracionado repetitivo 

Distancia da Repetição  Número de Repetições Intervalo de Repouso 

Para provas de 50 metros:

12,5m  1‐3 séries de 6‐8 20‐30  segundos  entre  repetições:  2‐3 minutos entre séries 

25m  1‐3 séries de 4‐8 30  segundos ‐1 minuto  entre  repetições; 2‐3 minutos entre séries 

Para provas de 100 metros:

25m  1‐4 séries de 6‐12 15‐30  segundos  entre  repetições;  3‐5 minutos entre séries 

50m  6‐16  30‐45 segundos

Para provas de 200 metros:

25m  3‐5séries de 12‐20 5  a  10  segundos  entre  repetições;  3‐5 minutos entre séries 

50m  2‐4 séries de 8‐10 20‐30  segundos  entre  repetições;  3‐5 minutos entre séries. 

100m  8‐12  45‐90 segundos

Para provas de 400/500 metros:

50m  20‐40  10‐20 segundos

100m  10‐15  30‐45 segundos

200m  4‐8  1 ‐3 minutos

Para provas de 1.500/1.650 metros:

50m  30‐60  10 segundos

100m  15‐30  10‐20 segundos

200m  10‐15  30‐60 segundos

400/500m  2‐3  2‐5 minutos

   F. Navarro Valdivieso distingue três variantes, utilizando o critério de duração da carga: Longa, Média e Curta.   

3.2.2.1 Método de Repetições Longas 

Intensidade: próxima à velocidade de competição (90%).   

Volume: Baixo.   

Duração da Carga: 2’ a 3’.   

Efeitos:  Aumento  da  Potência  Aeróbica,  por  aumento  do  VO2 máximo.  Aumento  da  Capacidade Anaeróbica Láctica. Aumento da Tolerância ao Lactato.   

 

3.2.2.2 Método de Repetições Médias 

Intensidade: Próxima à velocidade de competição (95%).   

Volume: Baixo.   

Duração da Carga: 45” a 60”.   

Efeitos: Melhora  da  via  Anaeróbico  Láctica  de  produção  de  energia.  Aumento  da  tolerância  ao lactato. Diminuição dos depósitos de glicogênio nas FT.   

 

3.2.2.3 Método de Repetições Curtas 

Intensidade: Próxima à velocidade de competição (95‐100%).   

Page 51: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

57 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Volume: Baixo.   

Duração da Carga: 20” a 30”.   

Efeitos: Aumenta a Capacidade Anaeróbico Láctica. Maior ativação das FT. Aumento da produção de lactato. 

 

3.2.3 Método de Treinamento Modelado 

  Este  treinamento  imita  as  características  da  prova  a  realizar  pelo  atleta.  Na  primeira  parte  do treinamento se apresentam cargas com uma distância muito mais curta que a de competição e que são realizadas a uma velocidade similar ou que pode ser um pouco mais baixa ou alta que a de competição. Durante a parte medeia  do  treinamento  se  melhora  a  resistência  aeróbica,  e  ao  finalizar  o  mesmo  se  utilizam  novamente repetições sobre distâncias curtas. Mas o interessante é que se expõem com certo nível de fadiga.     Todos os componentes da carga se calculam segundo o esportista e as características da prova.   

3.2.4 Método de Competição de Controle  

  É o método de  treinamento mais complexo, pois  treina  igualmente  todas as capacidades especiais para a determinada modalidade esportiva. Este método  só  tem  sentido quando  se objetiva uma  sequência de competições.   São  utilizadas  competições  como  conteúdo  de  treinamento  que  servem  como  um  esgotamento aprofundado dos potenciais  funcionais e devem  levar, através de uma  fase de  recuperação mais prolongada, a uma supercompensação aumentada. É utilizado como preparação para o ponto máximo da temporada.   Possibilita novos distúrbios de homeostase com os dispositivos de adaptação subsequentes.   A participação muito frequente em competição deve ser observado com restrição, pois pode levar o esportista a se acostumar à situação de competição e com isto não poder ser mais estimulado..   

2.3 Métodos Adaptativos 

  Em todos os métodos anteriores buscava‐se a adaptação do organismo (supercompensação) através de uma estimulação por meio do stress físico.   Nos métodos  adaptativos,  no  entanto,  juntamente  com  o  exercício,  associa‐se  um  outro  fator:  a diminuição de oxigênio.   Buscam além dos efeitos fisiológicos normais, uma adaptação a estresses específicos, como ausência de O2  (hypoxic‐training),  treino em altitude. A hipóxia produz aumentos na difusão de O2  tecidual  (capacidade aeróbica), e aumenta os níveis de CO2 (capacidade anaeróbica). Apnéias menores que 10 segundos.    A altitude desenvolve resistência aeróbica e anaeróbica. O O2 disponível em altitude é o mesmo que ao nível do mar, as moléculas é que estão mais afastadas. Esse treino aumenta o número de globinas carregando CO2, diminuindo a quantidade de O2 sangue arterial. A adaptação do organismo é aumentar a hemoglobina. A altitude vai atuar como uma carga. As altitudes devem ser maiores que 1500 metros.  

3.3.1 Treinamento Hipóxico (Hypoxic‐training):  

  É uma forma de treinamento na qual os atletas controlam a respiração de acordo com as orientações dos  treinadores,  tendo  como  propósito  respirar menos  que  em  outros  tipos  de  sessões  de  treinamento.  Foi primeiramente empregado no Atletismo, para depois também ser empregado na Natação em maior escala. Características  Básicas:  Esse  meio  de  preparação  física  é  um  método  de  preparação  orgânica,  e  visa fundamentalmente  a  capacidade  anaeróbia,  embora  também  tenha  implicações  relativas  na  melhoria  da capacidade aeróbia.   Quando um atleta inspira menor quantidade de ar, o nível de débito de oxigênio é aumentado, o que provoca  adaptações  fisiológicas  importantes,  favorecendo  os  atletas  a  criar  condições  de  obtenção  de mais oxigênio de ar inspirado. 

Page 52: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

58 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  Assim, este treinamento cria condições para que os atletas possam extrair mais oxigênio por unidade de  volume  ventilado  nos  pulmões. Quando  são  aplicadas  sessões  de  treinamento  com  respiração  hipóxica,  a intensidade dos treinos deve ser reduzida.   J. CONSILMANN alerta para os seguintes cuidados na utilização do "Hipoxy Training": 

1°‐ Treinar em apnéia voluntária é perigoso; bloqueio da respiração por muito tempo pode ocasionar dor de cabeça e perda dos sentidos. 2° ‐ uma dor de cabeça prolongada implica a diminuição do treinamento. 3° ‐ 25 a 50% do treinamento pode ser hipóxico. 4° ‐ o treinamento de braços deve ser hipóxico, respirando 2x1 ou 3x1. 5° ‐ maior parte do treinamento hipóxico no trabalho deve ser com velocidade controlada. 6° ‐ em competições, o nadador deve respirar do modo pelo qual se sentir melhor. 7° ‐ em distâncias curtas, treinar com respiração 3x1 ou 4x1; em distâncias maiores, respirar 2x1 ou 3x1. 8°  ‐  o  estilo  deve  ser  mantido  correto  durante  o  treinamento  hipóxico,  tal  como  se  estivesse respirando normalmente, principalmente no nado de peito. 9°  ‐  cada  semana  o  nadador  deve  fazer  superdistância,  concentrando‐se  na mecânica  do  estilo, usando respiração hipóxica. 10°  ‐ Nunca tentar nadar a máxima distância sem respirar; existe grande diferença entre prender a respiração indefinidamente e respirar de forma hipóxica ou controlada. 

3.3.2 Treinamento de Altitude (Altitude‐training) 

  Para desenvolver resistência aeróbia e anaeróbia; carga é a queda de altitude e esforço de subida; alto  grau  de  sofrimento;  indicado  para  treinamento  de  condições  cardio‐respiratórias  em  regiões  tropicais  e subtropicais. Origem: O fator altitude começou a ser preocupação a partir de fatos que ocorreram nas Olimpíadas do México no ano de 1968. Então no Brasil, Lamartine Pereira da Costa, desenvolveu o Altitude Training. Características  Básicas:  É  um método  de  preparação  orgânica  que  visa  a  obtenção  da  resistência  aeróbia  e anaeróbia, em  função de um  fator que  se  chama altitude. Neste método a altitude atuará  como  carga de um exercício.  Considerações  Fisiológicas:  A  altitude  afeta  principalmente  os  aparelhos  respiratórios  e  circulatórios.  Nas altitudes  elevadas o  ar  é mais  rarefeito devido  a queda na pressão do oxigênio, produzindo um desequilíbrio homeostático no organismo. Para  suprir esta diminuição da oferta de oxigênio, o organismo  inicia uma maior produção de glóbulos vermelhos (expelidos pelo baço), a este fato dá‐se o nome de hiperglobulimia.    Segundo  Grover  (1983),  a  altitude  além  de  diminuir  a  resistência  também  reduz  a  capacidade funcional do  SNC, pois, o  cérebro  reage de  forma  sensível a  falta de oxigênio, afetando  assim o desempenho cognitivo, afetivo e coordenativo. Alimentação: É um aspecto importante a ser considerado. Em decorrência do aumento da intensidade e da carga crescente ocorre uma maior degradação de glicogênio. O erro na alimentação pode gerar rapidamente sintomas de  sobretreinamento, portanto, o  ideal  é haver um maior  abastecimento de  carboidratos para  reconstituir  as reservas de glicogênio. Há também uma grande perda de água e eletrólitos que devem ser repostos. Vantagens:  

‐ Liberação de eritropoitina, o que aumenta o número de eritrócitos,  facilitando o  transporte de oxigênio; 

‐ Aumento na quantidade de mioglobina; ‐ Aumento na quantidade de oxigênio recebido pelas células; ‐ Aumento no desempenho físico nas primeiras semanas após o retorno ao nível do mar. 

Desvantagens: ‐ Perdas de peso devido a desidratação;  ‐ Diminuição dos líquidos intra e extra celulares devido ao aumento da ventilação que ocorre para 

compensar a baixa pressão atmosférica; 

Page 53: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

59 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Produção baixa de hormônios devido ao estresse aumentado; ‐ O efeito da síntese de ATP é afetado devido a falta de líquidos suficientes; ‐ O sangue torna‐se mais viscoso o que dificulta o trabalho do coração; ‐ Aumento  dos  hormônios:  cortisona,  glucagon  e  catecolaminas  que  têm  efeitos  catabólicos  no 

tecido. Controle da sobrecarga:    Neste método a altitude atuará como carga de exercício. A progressividade da carga ocorrerá pela maior  quantidade  e  intensidade  de  trabalho,  junto  com  a  assimilação  dos diferentes  níveis  de  altitude.  É  um método de preparação orgânica que visa a obtenção da resistência aeróbia e anaeróbia, em função de um fator que se chama altitude.   Como a altitude atuará como carga de um exercício, será caracterizada por dois aspectos: 

‐ Esforço de subir correndo uma montanha (contra‐ resistência); ‐ Queda parcial da pressão de O2. 

   Fundamentalmente, a exploração da altitude para este tipo de preparação física não se resume em treinar nas alturas, mas sim, passar de um nível para o outro, de modo a encontrar uma progressiva queda na pressão parcial de O2.   A progressividade da carga ocorrerá pela maior quantidade e  intensidade de trabalho,  junto com a assimilação dos diferentes níveis de altitude.   Constata‐se que, de acordo com a quantidade de trabalho exigida durante os treinamentos, o maior rendimento deve ser produzido pelo esforço executado entre 500 e 1500m acima do nível do mar, percorrendo‐se uma distância de 20 a 40 km diários, levando‐se em consideração subida e descida.  Referências Básicas: ARAÚJO, Cláudio Gil Soares de. Manual de teste de esforço. 2 ed. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1984. BATISTA, Asdrúbal Ferreira. Atletas: resistência específica para corredores de 5.000 metros. Capinas, SP: Editora da UNICAMP, 1992. DANTAS, Estélio H.M. A prática da preparação física. 4 ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998. FORTEZA DE LA ROSA, C.A. Treinamento desportivo: carga, estrutura e planejamento. São Paulo: Phorte Editora, 2001. FOX, Edward, BOWERS, Ricard, FOSS, Merle. Bases  fisiológicas de educação  física e dos desportos. 4 ed. Rio de Janeiro:Guanabara‐Koogan, 1991. GAYA,  Adroaldo  Cezar  Araújo,  LUCENA,  Bugre  Ubirajara Morimon  &  REEBERG, Wilson.  Bases  e métodos  do treinamento físico desportivo. Porto Alegre: Sulina, 1979. GOMES, Antônio Carlos & FILHO, Ney Pereira de Araújo. Cross training: uma abordagem metodológica. Londrinas: APEF, 1992. WEINECK, J. Biologia do esporte. São Paulo: Manole, 1991.   WEINECK,  Jürgen.  Treinamento  ideal:  Instruções  técnicas  sobre  o  desempenho  fisiológico,  incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 9 ed. São Paulo: Manole, 1999.   

Page 54: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

60 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Unidade 4: Métodos de Treinamento de Força 

De acordo com Dantas (1998, p. 155) o treinamento, ou condicionamento neuromuscular, engloba o conjunto  de  métodos  e  procedimentos  que  visam  a  treinar  o  aparelho  locomotor  do  atleta  e  a  interação neuromuscular,  de  forma  a  provocar  adaptações  em  nível  de músculo  ou  grupo muscular  e,  desta maneira, permitir uma melhor performance desportiva. O  treinamento neuromuscular  se baseia na aplicação de  cargas localizadas objetivando efeitos também localizados. 

A preparação neuromuscular pode ser feita visando a atingir as seguintes finalidades: ‐ Profilática:  quando  se  objetiva  a  prevenção  de  hipocinesias,  em  especial  a 

osteoporose(desmineralização óssea devida à perda de cálcio). ‐ Terapêutica: realizada quando se visa a reabilitar algum segmento corporal. ‐ Psicológica: redução de desníveis de ansiedade e agressividade. ‐ Estética: mudança de status de peso, em geral ganho. ‐ Treinamento:  como  fator  integrante  da  preparação  física  ou    como    fator  básico,    em  provas 

como os levantamentos olímpicos.   

4.1 Métodos da Taxa de Produção de Força ou Máximos 

  Os Métodos da Taxa de Produção de Força,  também designados de Métodos Máximos,  têm como objetivo incrementar a taxa de produção de força (TPF) ou força explosiva, através do aumento da capacidade de ativação  nervosa.  Por  aumento  da  capacidade  de  ativação  nervosa,  devemos  entender  todo  o  conjunto  de mecanismos  neurais,  que  podem  contribuir  para  aumentar  a  capacidade  do  músculo    produzir  força, nomeadamente o  recrutamento, a  frequência de ativação e a  sincronização de ativação das unidades motoras (UM).    Se as UM que  têm a  capacidade de produção de  força mais elevada,  são as UM das  fibras  tipo  II (vulgarmente designadas de fibras rápidas), de acordo com o Princípio do Recrutamento das UM, estas só serão recrutadas  se  a  resistência  a  vencer  for  suficientemente  grande  para  que  o  seu  limiar  de  recrutamento  seja atingido.  Por  esta  razão, para mobilizar  as  fibras  rápidas,  é  necessário  vencer  resistências muito  próximas  do máximo individual, pois só assim se garante o recrutamento dessas fibras. Complementarmente, para solicitar o aumento da frequência de ativação das UM,  i.e., o número de estímulos por unidade de tempo, é crucial que a ação muscular seja realizada de forma explosiva, i.e., com uma grande velocidade de contração muscular.    A observância destes dois pressupostos  fundamentais  conduz a que a organização da  carga deste tipo de métodos se caracterize por: (1) cargas muito elevadas e (2) ação muscular explosiva. Só desta forma se garante que em cada repetição se tentem mobilizar todas as UM de um determinado grupo muscular, bem como  aumentar a frequência dos disparos. Em conjunto e sobre o tempo, estes dois mecanismos poderão conduzir a uma  certa  sincronização  dos  disparos  das  diferentes UM,  constituindo  este  (sincronização)  o  terceiro  grande mecanismo nervoso de incremento da produção de força.    Um dos aspectos determinantes do êxito deste  tipo de métodos, prende‐se com a necessidade de distinguir entre  velocidade de ação ou de  contração muscular e  velocidade de movimento. Naturalmente que com resistências muito próximas do máximo, não é possível realizar movimentos com a barra de musculação a grande  velocidade,  contudo,  é possível  acelerar  contra  a barra  à máxima  velocidade de  contração,  apesar do movimento observável da barra ser naturalmente baixo.    Este aspecto é de  capital  importância pois  só assim  se poderá garantir que em  cada  repetição ao sistema neuromuscular  foi  solicitado uma maior  frequência de ativação das UM. Se este procedimento e esta explicação, naturalmente em termos simplificados, não for dada aos técnicos e atletas, a utilização deste tipo  de métodos não induzirá benefícios significativos ao nível da força explosiva. 

‐ Método Quase Máximo ‐ Método Concêntrico Máximo ‐ Método Excêntrico Máximo ‐ Método Excêntrico/Concêntrico  Máximo 

Page 55: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

61 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

 

4.1.1 Método Quase Máximo 

  Neste método são possíveis duas variantes. A utilização de uma pirâmide em que a  intensidade da carga vai aumentando progressivamente ao longo das séries (90, 95, 97 e 100%), com a realização de 3 repetições na primeira série e apenas 1 repetição nas restantes 3 séries. No final das quatro séries é realizada uma repetição extra com o objetivo de reavaliar o máximo  individual (1RM). A segunda variante consiste na utilização de uma carga  constante  (90%), para  a  realização de 3  séries de 3  repetições.  Em  todos  estes métodos o  intervalo de repouso deve ser de 3 a 5 minutos para o grupo muscular que foi trabalhado.    Poder‐se‐á  iniciar  uma  outra  série  antes  deste  período  de  tempo  desde  que  para  solicitar  outro grupo muscular.   

4.1.2 Método Concêntrico Máximo 

  Originalmente concebido e  introduzido pela escola halterofilista   búlgara,   este método só deve ser utilizado por atletas excepcionalmente bem preparados ao nível das suas capacidades de produção de força. Em cada sessão faz‐se continuamente (5 séries) uma tentativa (1 repetição) de aumentar o máximo individual (1 RM). É um método muito utilizado pelos halterofilistas, em períodos próximos das competições, já que em cada sessão de treino se tenta ultrapassar a melhor "performance" do atleta.   

4.1.3 Método Excêntrico Máximo 

  Neste método a carga utilizada dever ser sempre superior ao máximo  individual(100%),pois só uma carga dessa grandeza constitui estímulo de  treino para o caso das ações musculares excêntricas. O valor desta carga  não  deve,  contudo  ultrapassar  150%.  Os  exercícios  de  treino  podem  ser  realizados  com  o  auxílio  de equipamentos apropriados ou, na falta destes, os colegas podem elevar as cargas, realizando a parte concêntrica do movimento. O  número  total  de  séries  pode  atingir  as  3  com  5  repetições  em  cada,  com  um  intervalo  de repouso entre séries de 3 minutos.   

4.1.4 Método Concêntrico Excêntrico Máximo  

  A  lógica  de  utilização  deste  método  baseia‐se  na  dupla  vantagem  da  ação  concêntrica  para  o desenvolvimento da TPF e na superioridade da carga excêntrica para ativar o sistema neuromuscular. Assim, na fase excêntrica do movimento a resistência  (barra e pesos) deve ser desacelerada de  forma semelhante a uma queda brusca, para depois, sem qualquer paragem, ser de novo acelerada na fase concêntrica do movimento, no menor período de tempo possível. As cargas a utilizar devem ser um pouco mais reduzidas do que as referidas para os métodos anteriores. Como referência, cargas entre 70 e 90% do máximo individual são apropriadas para este tipo de  trabalho. O número de séries pode variar entre 3 e 5 com 6‐8 repetições por série. Face ao maior número de repetições, é aconselhável um intervalo de repouso de 5 minutos.  

4.2 Métodos da Hipertrofia Muscular 

  Os Métodos  da  Hipertrofia Muscular  também  designados  por Métodos  SubMaximais,  têm  como objetivo  incrementar  a  força máxima  (Fmax),  através  do  aumento  da massa muscular,  i.e.,  hipertrofiando  o músculo. Sob esta classificação podemos encontrar diferentes sub‐métodos com diversas variantes ao nível do  arranjo da dinâmica da carga, mas com uma filosofia base comum: induzir a fadiga, através de um estímulo sub‐máximo  e  de  longa  duração  para  que  ocorra  uma  determinada  depleção  energética  e  consequentemente  se estimulem os fenómenos de resíntese para a prazo se poder observar aumento da área da secção transversal do músculo.  

Page 56: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

62 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

4.2.1 Método da Carga Constante  

  Com uma carga equivalente a 80% do máximo individual (1RM), devem realizar‐se 3 a 5 séries com 8 a 10 repetições cada e um intervalo de 3 minutos entre cada série.   

4.2.2 Método da Carga Progressiva 

  Com um incremento progressivo entre séries (70 ‐ 80 ‐ 85 ‐ 90%), o número de repetições baixará da primeira  até  à  última  série  (12,  10,  7,  5). O  intervalo  de  repouso  entre  séries  é  de  2 minutos.  Se  as  últimas repetições oferecerem grande dificuldade é comum ser necessário recorrer à  ajuda de um companheiro para suavemente assistir na realização destas últimas repetições.   

4.2.3 Método do Culturista (extensivo)  

  Como o próprio nome  sugere, é um dos métodos mais utilizados pelos  culturistas, os atletas que levam  ao  extremo  a  hipertrofia  do músculo.  Apesar  dos  objetivos    do  treino  do  culturista  não  poderem  ser comparados com o que um atleta de qualquer outra modalidade espera de um processo de treino da força, o tipo de  organização  da  carga  dos  métodos  submáximos  receberam  bastante  influência  do  tipo  de  treino  dos culturistas.    Neste método a carga a utilizar varia entre 60 a 70% do máximo individual e o número de repetições entre 15 e 20. O número de séries varia entre 3 e 5 e o respectivo intervalo de repouso é de 2 minutos.   

4.2.4 Método do Culturista (intensivo)   

  Utilizado também com frequência pelos culturistas, este método utiliza cargas mais elevadas, entre 85 a 95% do máximo individual e um número de repetições naturalmente mais reduzido (entre 5 e 8). O intervalo de  repouso  entre  as  séries  é  de  3 minutos.  Por  utilizar  uma  intensidade mais  elevada  o  aumento  da massa muscular consegue‐se mais por uma hipertrofia das fibras rápidas do que das fibras lentas.   

4.2.5 Método Isocinético  

  Este  tipo  de  trabalho  de  força  requer    a  utilização  de  equipamento  que  permita  uma  resistência acomodativa  e  uma  velocidade  de  deslocamento  exterior  também  constante.  Ao  promover  uma  resistência variável durante o deslocamento angular, este  tipo de equipamento  solicita do músculo uma ativação máxima durante todos os graus angulares, sendo este um aspecto  importante para ser considerado um bom método para aumentar a massa muscular.    À  exceção  de modalidades  em  que  o  tipo  de movimento  competitivo  se  assemelha  a  algo  que poderíamos  designar  de  “quase‐isocinético”  como  por  exemplo  a  natação,  o  remo,  a  canoagem,  nos  quais  é justificável a integração de treino isocinético no âmbito do trabalho específico de força, este tipo de estimulação muscular deve ser restringido, no caso de atividades de potência, às fases de preparação  iniciais.  

4.3 Métodos Mistos 

  Os Métodos Mistos são uma tentativa de integrar num mesmo método os princípios básicos dos dois tipos de métodos que temos vindo a analisar. O objetivo é  incluir numa mesma sessão de trabalho o treino da hipertrofia e da ativação nervosa, ou seja, conciliar a força máxima com a taxa de produção de força.    A carga tem uma organização baseada numa pirâmide de intensidade  e de repetições. Consideremos um exemplo: na primeira  série utiliza‐se uma  carga de 70% para 8  repetições. Na  segunda e  terceira  séries a 

Page 57: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

63 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

intensidade aumenta para 80 e 90% e as  repetições  reduzem‐se para 5 e 3,  respectivamente. Na quarta  série atinge‐se a intensidade máxima (100%) e realiza‐se apenas 1 ou 2 repetições.    Nas  séries  seguintes, procede‐se  à diminuição da  intensidade da  carga e  aumento progressivo do número de repetições, com o mesmo racional das séries anteriores, mas agora com a lógica inversa.    Ainda  que  a  ideia  possa  parecer  atraente,    é  necessário  estar  atento  para  as  desvantagens  de organizar  a  carga  desta  forma.  Ao  utilizar  nas  duas  primeiras  séries  a  filosofia  dos métodos  da  hipertrofia muscular, quando se realizarem as séries com carga mais elevada já o sistema neuromuscular poderá apresentar  fadiga nervosa, o que não permitirá obter os  resultados esperados. Se  se optar pela  situação  inversa,  iniciar a pirâmide  pelas  séries  com  carga  mais  intensa,  ao  chegar  às  séries  da  hipertrofia  é  admissível  que  as concentrações  de  lactato  intramuscular  sejam  consideráveis,  o  que  constitui  uma  desvantagem    para  as adaptações do sistema nervoso.    Se  considerarmos  um mesmo  período  de  tempo,  a  utilização  de  dois  sub‐períodos,  um  para  os Métodos Sub‐Máximos seguido de outro para os Métodos Máximos, os resultados serão superiores aos obtidos apenas com a utilização de Métodos Mistos (Schmidtbleicher, 1992).  

4.4 Métodos da Força de Resistência 

  A  resistência  de  força  pode  ser  definida  como  a  capacidade  do  atleta  em  executar  um  número elevadíssimo de contrações musculares em ritmo constante e durante um longo tempo, resistindo á fadiga.   O treinamento da resistência de força provocará nos músculos adaptações funcionais e morfológicas específicas para o trabalho de  longa duração, como o aumento das reservas energéticas, aumento do conteúdo das mitocôndrias e maior eficiência das células na extração do oxigênio do sangue.   Também  ocorrem  adaptações  em  relação  aos  mecanismos  neuromusculares,  representado  pela melhora da coordenação  intra e  intermuscular (maior número de unidades motoras ativadas e redistribuição da atividade mecânica dos grupos musculares envolvidos no movimento).   Com o desenvolvimento da resistência de força, pretende‐se que um número elevado de contrações musculares sejam realizadas durante um  longo  tempo e em maior velocidade, sendo a energia necessária para esse trabalho, proporcionada pelo metabolismo oxidativo. Assim, as adaptações provenientes do treinamento da resistência  de  força  proporcionam  ao  atleta  uma  maior  velocidade  no  ritmo  de  deslocamento  e, consequentemente, a melhora do resultado competitivo.    Portanto, o atleta estará apto a desenvolver maior velocidade de deslocamento, às  custas de  sua capacidade metabólica oxidativa, não recorrendo aos processos anaeróbios que, em pouco tempo, esgotam suas reservas de energia e acumulam as toxinas geradas pelo metabolismo glicolítico.  

5.4.1 Ginástica Localizada 

  Método de  condicionamento  físico, que  visa desenvolver  a  resistência muscular  localizada de um músculo ou de um grupamento muscular,  tornando‐o mais  tonificado  sem com  tudo hipertrofiá‐lo deixando o corpo mais firme (hipertonia) e resistente a fadiga. Vantagens:  

‐ Por trabalhar com um número razoavelmente elevado de repetições proporciona ao músculo um trabalho de resistência com quase zero de hipertrofia muscular 

‐ Desenvolve prioritariamente consciência corporal  ‐ Pode‐se  iniciar  o  trabalho  somente  com  o  peso  corporal  sem  adicionar  halteres  e  ir 

progressivamente aumentando  Desvantagens: 

‐ Por  não  ter  o  suporte  dos  aparelhos  da musculação,  posturas  erradas  podem  sobrecarregar coluna e articulações  

Objetivos: Devem ser pré‐determinados e devem atender as seguintes variáveis: 

Page 58: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

64 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Grupamentos musculares que serão solicitados ‐ Qualidades físicas ‐ Materiais utilizados com recursos ‐ Sistematização da aula ‐ Formas de aplicação da sobrecarga ‐ Ritmo dos exercícios (determinado pelo batimento musical)  

Número  de  Grupos  Musculares:  Deve‐se  estabelecer  o  número  de  grupamentos  musculares  que  serão trabalhados para uma melhor distribuição da carga por grupo solicitado. Pra que  isso ocorra é fundamental um bom conhecimento das funções anatômicas e cinesiológicas. Normalmente trabalha‐se no máximo 3 grupos por sessão, duas a três vezes por semana para cada grupamento.  Exemplos:  

‐ Musculatura dos membros superiores e tórax ‐ Abdômen ‐ Extensores e flexores do joelho ‐ Abdutores e Adutores do Quadril ‐ Glúteo 

Qualidades  Físicas Empregadas: Atualmente,  com as novas  técnicas de aula  influenciadas principalmente pela musculação, as qualidades físicas que podem ser desenvolvidas com a Ginástica Localizada são: 

‐ Resistência muscular localizada ‐ Resistência ao lactato ‐ Aumento da capacidade cardiorrespiratória ‐ Força ‐ Hipertrofia muscular ‐ Flexibilidade 

  A característica física trabalhada está diretamente ligada ao objetivo específico da aula.  Material  Utilizado  nas  Aulas:  Atualmente  existe  uma  gama  de  materiais  que  auxiliam  no  desempenho  do trabalho numa aula de Ginástica Localizada. A criatividade do profissional poderá muito ajudar na elaboração de rotinas que proporcionarão um excelente resultado, tanto estético como fisiológico. Dentre estes materiais estão: 

‐ Halteres ‐ Barras com anilhas ‐ Caneleiras ‐ Elásticos ‐ Steps ‐ Barras fixas e paralelas ‐ Colchonetes 

Formas de Aplicação da Sobrecarga:  A sobrecarga na ginástica  localizada,  independe da sistematização da aula. Primeiro  deve‐se  aumentar  o  volume  de  repetições  e  depois  a  intensidade  da  carga  de  trabalho.  Algumas metodologias podem ser aplicadas entre as quais: Divisão de uma Aula de Ginástica Localizada: Atualmente, a divisão, mais utilizada em uma sessão de Ginástica Localizada é:  

‐ Aquecimento ‐ Parte principal ‐ Exercícios de solo ‐ Relaxamento e volta à calma  

 

4.4.2 Circuito Treino 

  O  CT  é  um método  polivalente  adequado  a  realizar  tanto  a  preparação  cardiopulmonar  como  a neuromuscular.  É,  por  isto,  largamente  empregado  no  treinamento  desportivo  pela  economia  de  tempo  que propicia. 

Page 59: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

65 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Origem: O CT Foi criado em 1953 por R.E. Morgan e G.T. Adamson, na Universidade de Leeds, na Inglaterra, para permitir o treino em recinto fechado durante o inverno. Originalmente era realizado de duas formas: 

‐ Circuito de tempo fixo: no qual o atleta perfaz o número de exercícios possíveis dentro de um tempo pré‐determinado em cada estação.    

‐ Circuito de carga  fixa: o atleta  faz o circuito realizando um número standart de repetições em cada estação. 

  Para  a Olimpíada de Barcelona, diversas equipes  (EUA, Alemanha,  Itália,  Inglaterra e  Espanha) de algumas modalidades, realizaram uma modernização no CT que se pode considerar como o terceiro tipo. 

‐ Circuito de carga individualizada: totalmente ajustado à individualidade biológica do atleta e ao valor do volume e da intensidade da curva do treinamento e do microciclo. 

Finalidade: Condicionamento cardiopulmonar e neuromuscular de atletas que necessitem resistência aeróbica ou anaeróbica, RML, força explosiva, flexibilidade ou velocidade.   Por  seu  caráter  geral  não  desenvolve  nenhuma qualidade (talvez com exceção da RML) em seu grau máximo. É, portanto, um método complementar aos demais. Peculiaridades:  

‐ O fator especificador do circuito será a qualidade física visada e o desporto considerado. ‐ Consiste  numa  série  de  exercícios  (estações)  dispostos  sequencialmente  e  realizados 

sucessivamente sem interrupção (não há intervalos). ‐ Visando a preservar o surgimento precoce da fadiga, deve‐se alterar as intensidades e os grupos 

musculares trabalhados, de uma estação para outra, tendo cuidado de escolher exercícios de fácil execução. 

‐ Embora  o  circuito  seja  o  mesmo  para  cada  modalidade,  deve  ser  calibrado  em  termos  de intensidade e volume. 

Vantagens: ‐ Grande economia de tempo de treinamento. ‐ Permite o treino mesmo com condições climáticas desfavoráveis.  ‐ Possibilita o treinamento individualizado de um grude número de atletas ao m tempo. ‐ Resultados a curto prazo ‐ Facilita ao treinador a organização, aplicação e controle do treinamento. ‐ Pela variedade de estímulos e pela componente competitiva é um trabalho altamente motivador. ‐ Permite um completo controle fisiológico. ‐ Facilita a aplicação da sobrecarga. 

Desvantagens: ‐ Por não ser um trabalho específico, não permite que as qualidades físicas trabalhadas atinjam o 

nível  que  conseguiriam  com  treinamento  especializado  (p.ex.  resistência  aeróbica  ‐ métodos contínuos;  resistência  anaeróbica  métodos  intervalados;  flexibilidade  ‐  flexionamento  pelo método 3S; etc.). 

‐ Se houver  tempo disponível, o método utilizado no  treinamento da(s) qualidade(s) principal(is)  do desporto deverá ser o mais especializado  possível. 

‐ Os CT de tempo fixo e o de carga utilizados para o treino de atletas jovens iniciantes. No treino de atletas de alto nível só se pode utilizar o circuito de carga individualizada e mesmo assim para as qualidades físicas secundárias, como coadjuvante da preparação técnica, ou quando a exigüidade de tempo assim o exigir. 

Volume: ‐ O CT constituir‐se‐á de seis a quinze exercícios (estações) por circuito, podendo ser feitas nele de 

uma a três voltas. O circuito devera ser realizado três vezes por semana. ‐ O CT anaeróbico tenderá a ser realizar em uma volta, ao passo que o aeróbico tenderá para três 

voltas. ‐ O número de repetições em cada estação dependerá da qualidade física visada de acordo com a 

tabela a seguir. 

Page 60: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

66 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  Para finalizar os parâmetros quantitativos de volume convém ressaltar que o CT poderá ser realizado de três a seis vezes por semana.  

QUALIDADE FÍSICA  REPETIÇÕES 

Velocidade  15 a 25

RML  13 a 40

Força explosiva  6 a 12

Força dinâmica  4 a 6

 Intensidade:   Baseando‐se na  intensidade exigida pela qualidade  física visada,  ter‐se‐á a  intensidade do circuito. Nas estações em que se visa força explosiva           deve‐se enfatizar a velocidade de execução o passo que nas de RML o alvo deve ser um grande número de repetições.    Para se assegurar a homogeneidade do trabalho não se deve dar intervalo entre as voltas. O principal fator de interesse na intensidade é caracterizar o circuito que se vai executar que poderá ser: Circuito aeróbico: 

‐ Tende para as três voltas (duas ou três). ‐ Prioriza exercícios de RML. ‐ Há maior homogeneidade na intensidade das estações, procurando manter a FC na zona alvo. 

Circuito anaeróbico: ‐ Tende para uma volta (uma ou duas). ‐ Prioriza exercícios de força. ‐ Grande alternância de intensidades. 

Montagem da sessão:  1° passo ‐ Encolha dos exercícios    Os exercícios serão escolhidos basicamente em função dos grupos musculares que serão solicitados durante a prova para a qual se esta treinando e da intensidade do esforço necessário à sua execução.   Visando a motivação do atleta, e no auxílio a preparação técnica, deve‐se incluir no circuito de três a cinco exercícios característicos da modalidade  desportiva.   Nos  desportos  que  exijam  força  explosiva  dos  membros  é  recomendável  se  incluir  exercícios pliométicos (excêntrico‐concêntricos) 2° Passo ‐ Montagem do circuito   Uma vez escolhidos os exercícios, estes serão dispostos sequencialmente, de forma a permitir uma alternância de intensidade região anatômica considerada.   Após  a  reunião  do  material  necessário  montagem  física  do  circuito,  deve‐se  testa‐lo  visando  a observar: 

‐ Propriedade da distribuição das estações. ‐ Adequabilidade do material empregado. ‐ Distancia entre as estações. ‐ Exequibilidade de execução  

 3° passo: Determinação da intensidade das estações    Neste passo é que se individualizará o circuito, com a realização do teste de carga máxima. Este teste abrangerá as estações que se disponham de equipamentos com pesos fracionados ou não.                  No  primeiro  caso  as  estações  que  consistam  na  realização  de  exercícios  com  pesos  adicionais fracionados  (barras  e  anilhas,  halteres  ou máquinas  de  força),  se  realiza  o  teste  de  peso máximo  de  1  RM (repetição máxima),  que  consiste  em  determinar  o máximo  peso  com  qual  o  atleta  consegue  realizar  uma contração isotônica concêntrica em toda a amplitude do movimento.                  Em seguida verificar‐se, para cada estação, a qual a qualidade física que deseja trabalhar e a faixa de intensidade compatível com a qualidade. 

Page 61: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

67 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

                 Da curva do treinamento e do microciclo, verifica‐se a intensidade prevista para o treino.   Se por exemplo, a intensidade for de 82% e se desejar trabalhar a força explosiva de supino e no TPM 1 RM o atleta conseguir a marca de 93 kg ter‐se‐á. 

Cálculo da intensidade de treino Lsup = 80% Linf = 60% variância = 20% →100      x      → 82%   x = 20 x 82/100 = 16, 4 = 16% Intensidade = Linf + x = 60% + 16% = 76%.  Cálculo da carga de trabalho  93 kg x 76%= 70,68 = 71 kg 

                Deve‐se dar um  intervalo de 1 minuto entre os  teste realizados em duas estações sucessivas, para permitir  uma  recuperação  parcial,  sem  no  entanto,  comprometer  o  caráter  seqüencial  do método.  Por  este motivo, o teste de carga máxima deve ser todo realizado ao longo de uma mesma sessão de treinamento.                  Uma vez realizado o TPM 1 RM e aplicado o percentual correspondente para se chegar à carga de trabalho ter‐se‐á todas as estações do circuito como sendo de carga fixa.                  Elas são, agora, classificadas em fracas, médias e fortes, conforme a qualidade física que visem e o tipo de exercício que utilizem. 4° passo ‐ Determinação do número de repetições por estação                Conforme o nível de intensidade de cada estação o atleta será submetido agora ao TRM.                A Partir deste resultado e considerando o volume da sessão será calculado o numero de repetições por estação.                Se  o  número  de  repetições  ficar  fora  dos  limites  estabelecidos  para  cada  qualidade  física,  deve‐se aumentar ou diminuir o peso utilizado e realizar novo teste de repetições máximas. 

INTENSIDADE  TESTE DE REPETIÇÃO MÁXIMA N° MÁXIMO DE ESTAÇÕES POR 

CIRCUITO 

Forte Máximo de repetições possíveis 

(TRM) De 1/4 a 1/6 do total 

Média Máximo de repetições em 30 

segundos De 2/4 a 2/3 do total 

Fraca  Máximo de repetições 3m 1 min De 1/4 a 1/6 do total 

 5° passo ‐ Calibragem do circuito    Após o circuito estar ajustado para o atleta, este necessita se adaptar ao circuito, e  isto deverá ser feito em cinco sessões de adaptação. 

1ª sessão – realização de 1 volta completa sem intervalo no circuito, visando a familiarização com o mesmo. 2ª sessão – verificação do tempo mínimo (TM) para execução de uma volta no circuito. 3ª sessão – duas voltas no circuito para adaptação. 4ª sessão – três voltas no circuito para adaptação. 5ª  sessão – determinação do  tempo  inicial  (TI)  (menor  tempo que o atleta  leva para  completar o circuito). 

               Claro que, se o circuito possuir somente duas ou três voltas, as sessões 3ª e 4ª serão suprimidas.  6º Passo – Determinação do tempo objetivo (TO)                Uma vez determinado o tempo inicial deve‐se determinar o tempo objetivo.                O tempo objetivo (TO) será determinado em função do tempo mínimo (TM). Aplicação de sobrecarga: 

Page 62: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

68 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  Ao atingir o tempo objetivo atleta deve ser submetido a um aumento da carga que deve ser realizado tanto sob a intensidade (peso dos implementos, altura das barreiras, inclinação da prancha de abdominais) como sobre o volume     (número de repetições em cada estação).   Para não se perder de vista a qualidade física a ser alcançada, deve‐se realizar a aplicação dos novos percentuais de volume e intensidade previstos.   Após cerca de vinte sessões (aproximadamente dois meses)  observar‐se‐ão os primeiros  resultados. Controle fisiológico:   O atleta, antes de  iniciar o circuito, deverá estar com uma FC de aquecimento.   Após o término do mesmo, não deverá ultrapassai a FC máxima. Tomando‐se a FC aos 60 segundos após o termino, e aos 5 minutos, verificar‐se‐á a queda deste parâmetro.   Se após 7 minutos a FC não houver ainda retornado aos níveis anteriores pode ser indicativo de um estado de strain se delineando.  

4.4.4 Step Training 

Origem:  Criado  por  Gim  Miler,  em  1987  na  Geórgia,  EUA,  foi  patenteado  pela  Reebok  que  financiou  seu desenvolvimento em relação a dados empíricos, científicos e biomecânicos. Características  Básicas:  Consiste  em  um  treinamento  de  subida  e  descida  em  uma  plataforma  de  tamanho variado, unidos com músicas e coreografias.  junto com união a outros movimentos, de braços e tronco, para o desenvolvimento da RML e melhora cardiovascular. Vantagens: 

‐ Excelente atividade Cardiovascular; ‐ Fortalece os músculos das pernas e braços; ‐ Desenvolve coordenação motora; ‐ Boa queima de caloria; ‐ Possibilidade de alunos com diferentes níveis de condicionamento numa mesma aula. 

Desvantagens: ‐ Lesões nas articulações do joelho; ‐ Lesões nas articulações do tornozelo; ‐ Problemas nas costas, sem a manutenção correta da postura; ‐ Fadiga em 1 das pernas se o número de repetições não for igual para ambas. 

Esquema de Trabalho: O treinamento tem duração de uma hora e é dividido em cinco partes. Aquecimento: 8‐10 min, preparação para a aula. Fase Aeróbica: 20‐30 , efetivação das subidas e decidas na plataforma, atingindo seu ápice. Fase de Retorno: apróx. 5 min, objetiva baixar a frequência para início da fase localizada. Fase Localizada: apróx. 10 min, formada por exercícios localizados. Relaxamento: 5 min. Composta por exercícios de alongamento e flexibilidade.  

4.4.5 Hidroginástica 

Origem: Ninguém sabe ao certo como começou, a partir dos anos 60. Alguns dão o mérito ao doutor Kenneth Copper, outros afirmam que é uma extensão da hidroterapia. Características básicas:  trata‐se de uma Ginástica  realizada no meio  liquido,  reduzindo a gravidade, e assim o risco de lesões. Permite a reabilitação de pessoas com restrições ao exercício de sobrecarga vertical . basicamente composta por  três partes  (inicial, principal e  final): 5 a 10 minutos de alongamentos, 35 a 40 minutos de aula principal  e 5 a 10 minutos com atividades de flexibilidade, alongamentos e consciência corporal. Vantagens:  

‐ Pode ser praticada por qualquer pessoa; ‐ Relaxa o corpo, e pode servir de trabalho para manter ou aumentar a densidade óssea, sem risco 

de lesões na coluna. Para portadores de lombalgias, artrose e reumatismo.  

Page 63: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

69 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Aumenta  a  condição  cardiovascular,  desenvolve  a  coordenação motora, melhora  a  resistência muscular, aumenta o reflexo. 

Desvantagens: ‐ A queima de calorias é muito baixa, em relação com a ginástica realizada em solo. ‐ Pouca  sobrecarga,  visando  principalmente  a melhora  do  condicionamento  físico  relacionado  à 

Saúde. Esquema de trabalho : Exercícios de ginástica, para o trabalho de grupos musculares de forma específica  dentro de uma piscina  com mais ou menos um metro de profundidade. Pode  ser encontrada  várias  variações,  como hidropower, hidro terceira idade hidroterapia, hidro gestante, hidro pós parto.  

4.5 Métodos Reativos 

  Os Métodos  Reativos  visam  potenciar  o  ciclo   muscular  de  alongamento  encurtamento  (CMAE). Como  já  referimos  extensivamente,  esta  forma  natural  de  funcionamento  muscular  é  relativamente independente  das  outras  formas  de manifestação  da  força  e  portanto,  requer métodos  próprios  para  o  seu desenvolvimento.  Estes métodos dirigem‐se  essencialmente  à melhoria do padrão de  inervação dos músculos envolvidos. Esta melhoria,  tal  como  tem  vindo  a  ser  salientado  ao  longo desta  revisão,  caracteriza‐se por:  (1) aumento da amplitude da  fase de pré‐activação nervosa e melhoria da precisão do  seu  "timing", para melhor preparar o complexo músculo‐tendinoso para o forte e rápido alongamento a que vai ser sujeito após o contacto com o solo; (2) potente activação nervosa, de origem reflexa, durante a fase excêntrica, no sentido de contribuir para a regulação do stiffness muscular e dessa forma permitir armazenar energia elástica no complexo músculo‐tendinoso  a  qual  possa  vir  a  contribuir  para  potenciar  a  fase  concêntrica  e  (3)  redução  da  activação  nervosa durante esta mesma fase.    Para que este tipo de adaptações nervosas ocorram como resultado do treino com métodos reativos, é  fundamental  observarem‐se  algumas  regras,  que  podemos  considerar  gerais,  no  desempenho  técnico  dos exercícios. A primeira e mais importante regra diz respeito à necessidade de realizar todo o trabalho reativo à  intensidade máxima, o que significa dizer que  quando realizamos,  p.e., um multissalto ou um salto de barreiras o objetivo deverá ser sempre saltar mais longe e mais alto. Em segundo lugar, o contato com o solo deve ser muito rápido e  reativo, com um  tempo de  transição entre as  fases excêntrica e concêntrica o mais curto possível. Só desta forma se solicita um CMAE que possa incluir os factores de potenciação que temos vindo a referir (reflexo de alongamento > aumento do stiffness muscular > armazenamento e utilização da energia elástica > potenciação da força) e desta forma tornar‐se um tipo de exercício mais  económico.  Por  último,  neste  tipo  de métodos  todo  o  trabalho  deve  ser  realizado  em  completa  ausência  de fadiga, pelo que os intervalos de repouso devem ser rigorosamente observados.  

4.5.1 Power‐Training  

Origem: É um sistema de treinamento por musculação proposto em 1959 pelo Belga Raoul Mollet. Características Básicas: Visa essencialmente o desenvolvimento da potência física ou muscular. É executado sob a forma de circuito, mas caracteriza‐se por constituir‐se num trabalho de musculação.   O PT constitui‐se de quatro tipos distintos de exercícios: 

‐ Exercícios de halterofilismo: de efeitos gerais (sintéticos) e localizados (analíticos). ‐ Exercícios com medicinibol: velocidade. ‐ Exercícios de acrobacia: coordenação ‐ Exercícios abdominais: complementa indispensável na formação corporal. 

Finalidade: Conforme a finalidade, os exercícios utilizados numa série de PT classificar‐se‐ão em: ‐ Potência generalizada  (25 a 45% do  total de exercícios da série): Os  realizados com barras de 

halterofilismo, coletes  lastrados, etc., como objetivo de desenvolver generalizadamente a  força explosiva.   Exemplo: desenvolvimento. 

Page 64: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

70 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

‐ Potência  localizada  (45  a  60%  do  total  de  exercícios  da  serie):  Visando  a  enfatizar  o desenvolvimento  da  força  explosiva  num  determinado  músculo  (princípio  da  especificidade). Exemplo: rosca bíceps. 

‐ Potência  explosiva  (10%  do  total  de  exercícios  da  série):  Exercícios  nos  quais  se  utilizam implementos  de  pequeno  peso  e  que  enfatizam  a  componente  velocidade  da  força  explosiva. Exemplo: exercícios de medicinibol. 

‐ Potência  controlada  (5%  do  total  de  exercícios  da  série):  Exercício de  acrobacia nos quais  se utiliza o peso do corpo e se estimula a coordenação psicomotora. Exemplo: saltos carpados 

Parâmetros visados ou esportes visados: Utilizada praticamente em  todos os esportes, pois visa a potência, a qual é importante para o rendimento de várias habilidades desportivas. Vantagens:  

‐ Rápido aumento da potência em fase do trabalho com cargas elevadas; ‐ Aplicável a qualquer desporto; ‐ Respeita a individualidade biológica; ‐ Motiva os atletas em decorrência da variedade dos exercícios; ‐ Impede o surgimento de zonas débeis ou deformações no esqueleto; ‐ Proporciona melhoria do preparo neuromuscular. 

Desvantagens:  ‐ Necessita que se complete com um método de preparação orgânica; ‐ Impede o desenvolvimento de partes isoladas do corpo; ‐ Sua mensuração não é convincente; ‐ Carece de uma mensuração fisiológica mais apurada; ‐ Não focaliza os esforços dentro de um mesmo sistema energético 

Volume: O PT, para surtir efeito, deve ser realizado no mínimo três vezes por semana e cada sessão consistir de 12 a 20 exercícios que serão realizados com 6 a 12 repetições. Intensidade:  

‐ Ritmo: O mais veloz possível (caráter de progressividade). ‐ Intervalo: Variando de dois a cinco minutos se houver dois exercícios muito intensos contínuos ‐ Ação no intervalo: Descontração diferencial e atividade moderada ou exercícios pouco intensos.  ‐ Quilagem 

Atletas Experientes ‐ 60 a 70 %  Alto rendimento – 70 a 80% Iniciantes  ‐  40  a  60  %  (inicialmente,  visando  a  obter  boa  coordenação  e  permitir  a adaptação). 

Montagem da sessão:   A montagem  da  sessão  de  PT  segue  exatamente  os mesmos  passos  da montagem  da  sessão  do circuit training, adaptando‐se somente o necessário para atender á finalidade precípua do PT que é desenvolver a força explosiva.   Além disso, como o PT será muito mais  intenso, sua sessão comportará apenas uma única passada pelas estações. A montagem será feita em cinco passos. 1° passo ‐ Montagem de um rol de exercícios.    Selecionam‐se os exercícios adequados para se trabalhar os grupos musculares desejados. Convém formar  50%  a  mais  de    exercícios  do  que  os  que  se  pensa  utilizar  para  porá  possibilitar  flexibilidade  ao treinamento no próximo passo.  2º passo ‐ Montagem da série   Os exercícios  serão agora  selecionados do  rol em  função do número de estações desejadas e dos percentuais adequados à cada tipo de potência, pois como se sabe com a progressão   do   treinamento   deve‐se   ir  diminuído   a generalização e aumentando a especificidade do trabalho. 

Page 65: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

71 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

  Por exemplo para uma sessão com  vinte estações teríamos: 

                 Localização no                   Tipos                         macrociclo    de potencia.                                     

Final da 

Fase básica  Fase específica 

Generalizada (40 a 25%)  8 estações  5 estações 

Localizada (45 a 60%)  9 estações  12 estações 

Explosiva (10%)  2 estações  2 estações 

Controlada (5%)  1 estações  1 estações 

3° passo ‐ Determinação da intensidade de cada exercício   Realizada exatamente como foi indicado no circuit traning e na musculação. 4° passo ‐ Determinação do volume de cada exercício   Realizada exatamente como foi indicado no circuit traning e na musculação. 5° passo ‐ Verificação da série    Observado pelo  treinador o atleta  realizará a série para determinação da  localização e da duração dos intervalos.  Aplicação da sobrecarga: A sobrecarga no PT é  introduzida aumentando‐se o caráter explosivo dos exercícios e pelo calculo semanal da carga a trabalho. Controle da sobrecarga: O princípio fundamental de referência deste método é o da sobrecarga. Neste método podem ser programados exercícios  com: 

‐ o uso de halteres; ‐ com bolas de medicinebol; ‐ com o uso do próprio corpo. 

  

4.5.2 Pliométrico  

Origem:  De  origem  soviética,  o  treinamento  pliométrico  propagou‐se  na  década  de  60,  através  de  estudos publicados por Popov e posteriormente por Verschighansky. Características básicas: A  característica principal deste método de  treinamento  é que  este  tipo de  trabalho  é aplicado enfaticamente para o desenvolvimento da força explosiva dos membros inferiores.  Considerações  Fisiológicas:  O  treinamento  Pliométrico  também  é  chamado  de  excêntrico‐  concêntrico  ou treinamento de força dinâmica negativa. Baseia‐se no princípio de que “quanto mais um músculo for pré‐estirado do seu tamanho natural, antes que ocorra a contração maior será a carga que o músculo poderá vencer”. Quando a sequência de ações excêntrica‐ concêntrica é realizada rapidamente o estiramento realizado armazena energia elástica. A soma da energia elástica à ação concêntrica é uma das formas de justificar a maior força gerada.   Outra razão é o reflexo que resulta em um recrutamento mais rápido ou de mais fibras musculares envolvidas no movimento através do envolvimento de  todo o sistema neuromuscular e não exclusivamente do tecido contrátil, o que irá produzir um movimento de explosividade aumentada.   Aplicação da sobrecarga: a sobrecarga é feita com a utilização do colete lastrado sendo que o lastro pode variar entre 1 e 20 kg. Antes de  iniciar o treinamento Pliométrico, deve‐se assegurar que o atleta possui a base  de  força  indispensável  para  realizar  o  trabalho.  Para  tanto,  o  atleta  deve  conseguir  fazer,  ao menos,  3 repetições de meio‐agachamento com o dobro do seu peso corporal (PC); realizar   no mínimo 3 rep. de supino com 0,9 do PC e 3 desenvolvimentos com 1,1 do seu PC. Volume:  segundo  a  escola Alemã, não haverá  sobrecarga;  as  séries  e o número de  repetições, de 5  a 7 para atletas de médio  rendimento e de 8 a 10 para alto  rendimento;  já para a escola Soviética,  será  feito o uso de sobrecarga; o número de séries de 3 a 6 e repetições iguais ao da escola Alemã. Frequência:  deverá  ser  efetuado  de  2  a  3  vezes  na  semana  sendo  que  os  resultados  aparecerão  após  a  10ª semana de treinamento. 

Page 66: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

72 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

Esportes  visados:  Estudos  feitos por  cientistas  russos  evidencia o  treinamento para  velocistas  e  saltadores. O treinamento pliométrico também é usado na ginástica olímpica, na patinação, no fisiculturismo, em esportes de combate e os que necessitam de uma boa impulsão, como o voleibol, handebol e basquetebol. Vantagens: 

‐ Aumento do nível de força máxima; ‐ Fácil aprendizagem; ‐ Aumento da força explosiva; ‐ Diminui a duração do momento de transição; ‐ Melhora a performance do movimento, proporcionando um aparelho motor melhor preparado. 

Desvantagens: ‐ É exaustivo, pois trabalha sempre com força máxima; ‐ Frequentemente ocorre lesões; 

  É  importante  registrar    algumas  indicações,    sobre  a  forma  de  regras  para  a  utilização  do treinamento; 

‐ Os exercícios devem ser parcelados e  introduzidos de  forma progressiva no que diz respeito ao grau de dificuldade; 

‐ A aplicação do princípio da sobrecarga neste tipo de trabalho deve ser feita, utilizando‐se cargas complementares nos  atletas.   Deve  ser  evitada  a  exigência de  grandes  aumentos de  alturas  e distâncias para os saltos; 

A altura máxima de caída para atletas entre 65‐75kg será entre 80‐90cm. Essa pontuação permite por referência a organização do trabalho pliométrico com atletas de outros pesos e estágios atléticos. 

4.1 Musculação 

Origem: A história moderna da musculação começa com os estudos de WEBER em 1846 sobre a relação entre a força muscular e a área da seção transversa do músculo. Finalidade: Volta‐se basicamente para o desenvolvimento da RML, da força dinâmica e explosiva. Peculiaridades: Utiliza implementos como sobrecarga adicional. 

‐ Implementos Alodinâmicos: Não compensam as variações nos braços das alavancas ao longo do movimento.  (Halteres,  barras,  peças  lastradas  e módulos  de  resistência  por meio  de  roldana, polia ou alavanca) 

‐ Implementos  Isodinâmicos: Compensam as variações nos braços de alavanca ao  longo do arco articular. (Máquinas Cybex, Minigym) 

Tipos de Respiração:   a) Continuada   b) Eletiva Ativa/Passiva   c) Combinada  Intensidade de treinamento:   a) Carga (kg)   b) Velocidade de Execução   c) Intervalos/Pausas  Volume de Treinamento: 

‐ Número de Exercícios (8 – 20 exercícios) ‐ Repetições dos Exercícios ‐ Grupos (Sub‐séries) = conjunto de 3 exercícios 

 

Page 67: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

73 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

4.5 Isometria 

Origem: Foi criado por Bob Hooffman, com seu trabalho "Functional  isometric contration" no ano de 1961, nos E.U.A. Visa desenvolver força estática. Útil no treinamento para judô, iatismo, ginástica olímpica, tênis e natação. Características Básicas:  

‐ Desenvolvimento da força através de contrações estáticas dos músculos; ‐ Pressão muscular interna que provoca o bloqueio da circulação impedindo, assim, a oxigenação e 

a nutrição do músculo, fator aos quais as fibras reagem com uma adaptação, criando assim um estímulo ao crescimento da área de corte transversal, fator determinante da força; 

‐ Não  há  alterações  no  comprimento  do músculo,  pois  as  inserções  do mesmo  não mudam  na contração; 

Parâmetros visados ou esportes visados:  ‐ Ginástica Olímpica; ‐ Halterofilismo; ‐ Judô; ‐ Natação; ‐ Iatismo; ‐ Qualquer  outro  esporte,  desde  que  o  treinamento  isométrico  seja  uma  complementação  do 

treinamento específico. Vantagens: 

‐ Não necessita de equipamentos  ‐ Execução simples do movimento desejado; ‐ Aumento da força num menor espaço de tempo; ‐ Treinamento adaptado a reabilitação; ‐ Efeito estabilizador controlando o movimento; ‐ Permite a imitação de movimentos de qualquer desporto. 

Desvantagens: ‐ As funções de regulação e coordenação dos movimentos ficam em segundo plano; ‐ Treinamento monótono; ‐ Não  gera  efeitos  positivos  no  sistema  cardiovascular,  pois,  apesar  de  provocar  um  aumento 

rápido na seção transversal do músculo não aumenta sua vascularização; ‐ Há um bloqueio respiratório forçado, não aconselhável a crianças e idosos e hipertensos; ‐ Dificuldade na avaliação da intensidade da carga e no controle fisiológico; ‐ Pode causar prejuízo as articulações, tendões e ao sistema nervoso central; ‐ Influência negativa sobre a elasticidade muscular, o relaxamento e a capacidade de estiramento, 

consequência da tensão muscular máxima. Volume  do  treinamento:  Cada  sessão  composta  por  8  –  10  exercícios,  cada  um  consistindo  de  contrações isométricas em 3 ângulos do movimento considerado, realizando‐se 3‐5 repetições por exercício. Intensidade do treinamento: A intensidade da contração deve ser superior 23 da contração máxima. Montagem da sessão: Selecionar os exercícios que correspondam aos movimentos executados na  modalidade; 

‐ Carga: 70% ‐ Duração da Contração: 4‐10 SEG ‐ Nº de repetições: 3‐5 ‐ Nº de exercícios: 8‐10 ‐ Intervalo (Pausas): 45‐60 SEG 

Controle da sobrecarga: ‐ Período  inicial:  três  sessões  semanais  de  20  minutos,  com  oito  a  dez  exercícios  em  cada, 

repetindo‐se  três  vezes  cada  exercício,  com  duração  de  4  a  5  segundos  de  execução  e  45 segundos de intervalo entre eles. Nesta fase, as contrações devem ser feitas em 70% do máximo; 

‐ Após o período  inicial  (mais ou menos quatro  semanas):  cinco a  seis  sessões  semanais de 20 minutos,  com  oito  a  dez  exercícios  em  cada,  repetindo‐se  cinco  vezes  cada  exercício,  com 

Page 68: Metodologia Do Treinamento Desportivo (Reparado)

74 ISETED – Instituto Superior de Educação Tecnologia e Desenvolvimento Social 

Rua Coelho Neto, 190 – Bairro Altamira – Barra do Corda/MA. Tel. (99) 3643‐4983/8112‐4271/9954‐8998/8185‐0801/8434‐6131 

 

  

duração de 9 a 12 segundos de execução e 20 a 30 segundos de intervalo entre eles. Já nesta fase, as contrações podem ser feitas em 90 a 100% do máximo. 

 

4.6 Isocinético 

Origem: Este tipo de treinamento foi criado por James Perrine e Hislop no ano de 1976. Seu país de origem foi o E.U.A.  Características Básicas: Qualquer esforço aplicado pelo atleta encontra resistência igual e oposta, na máquina de musculação. Regula sua  resistência, aceleração  inexistente, velocidade de movimento constante,  independente da tensão produzida nos músculos que contraem. Segundo alguns autores o método é de grande aceitação para o treino da força pois pelo maior tempo de duração do exercício. Contração isocinética: “ é o tipo de contração onde a tensão muscular desenvolvida pelo músculo em ação, assim como seu encurtamento, é igual em todos os ângulos articulares da extensão do movimento (Tubino, 1985). Vantagens:  

‐ O  trabalho  no  treinamento  isocinético  é  realizado  com  esforço  total,  durante  todo  o desenvolvimento motor; 

‐ Utilização na reabilitação; hipertrofia rápida e acentuada; ‐ A carga adaptada as diversas situações das alavancas fortifica a musculatura em todas as posições 

do movimento, de maneira uniforme, possibilitando um maior estímulo neuromuscular; ‐ Considerando‐se que, em consequência do desenvolvimento uniforme de força não se processam 

picos de força, o tempo de aquecimento é abreviado e os sintomas de exaustão são evitados. Desvantagens: 

‐ Em  todos  os  esportes  em  que  uma  aceleração  motora  com  parâmetros  variáveis  do desenvolvimento da força é uma característica, o treinamento isocinético é pouco indicado; 

‐ A  utilização  da  eletroestimulação  (geralmente  na  reabilitação)  desativa  os  mecanismos fisiológicos e psicológicos da proteção da fadiga aumentando as possibilidades de lesão; 

‐ Contém  pequeno  componente  cardiopulmonar,  necessitando  de  complementação  de  caráter aeróbio; 

‐ Pode  provocar  diminuição  do  arco  articular  de  alguns  movimentos  se  não  se  trabalhar paralelamente com alongamentos e flexibilidade. 

Controle da sobrecarga:   Pode ser feito de 2 maneiras: 

‐ Aumento da quantidade (volume) das atividades em cada sessão; ‐ Aumento da qualidade (intensidade) dos esforços; 

  Normalmente  a  sobrecarga  será  aplicada  primeiro  sobre  o  volume  e  após  sobre  a  intensidade. Aumenta‐se portanto inicialmente o número de repetições de cada exercício até que se alcance o limite superior previsto para a qualidade física que se está executando.