Metodologia No Ensino Do Judô

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................... 03

O ENSINO DO JUDÔ PARA CRIANÇAS................................................. 05

O TREINO (AULA) PROPRIAMENTE DITO............................................. 08

MÉTODO................................................................................................... 10

RESULTADOS.......................................................................................... 11

ANÁLISES DOS RESULTADOS............................................................... 12

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 14

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METODOLOGIA NO ENSINO DO JUDÔ

Introdução

Jigoro Kano afirmou que, por causa da falta de embasamento pedagógico e

objetivo educacional de muitas artes marciais, não poderia chamá-las de esporte,

pois o que prevaleceria era a superioridade física e o empirismo. Assim, o que era

ensinado às crianças era algo sem filosofia definida.

Os Benefícios do Judô na Educação Infantil trabalha a importância deste esporte

nessa fase da vida. São apresentadas nesta aula a importância do judô no

processo de desenvolvimento, da capacidade física, intelectual e moral nessas

crianças, onde se aprofunda na relação interpessoal entre o aluno e professor.

Este tema é interessante, pois o esporte nessa faixa etária é pouco trabalhado

em escolas e, quando trabalhado, na maioria das vezes, é como atividades

extracurriculares, onde nem todas as crianças participam. Para a sociedade, os

esportes de combate na educação infantil não exploram o lúdico e sim influenciam

a violência, mas, para os educadores e estudiosos nessa área, eles auxiliam na

formação cognitiva, afetiva e motora das crianças, além de promoverem a

interação entre elas. São duas instituições de ensino nas quais nos baseamos,

para apontar as diferenças sobre a prática do Judô na educação infantil.

O principal conceito abordado foi o próprio significado da palavra Judô, o qual

em japonês, “JU”, significa Suave e “DO”, Caminho. (Caminho Suave). Assim

formulamos uma idéia de esporte saudável, sem incitação à violência e que, no

entanto pode ser praticado não apenas por crianças, mas por qualquer outra faixa

etária.

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A importância desse estudo a que se propõe é promover o bem comum pela

transformação do individuo ao meio em que ele está inserido, e que se pode

adquirir qualidades mais favoráveis à vida do homem, sob três aspectos:

1. CONDICIONAMENTO FÍSICO: Obtido pela prática do esporte que exige

esforço físico de forma ordenada e metódica para proporcionar um corpo

forte e saudável, prevenindo-o de doenças e condicionando-o a reagir

reflexivamente para evitar acidentes;

2. ESPÍRITO DE LUTA: O indivíduo se torna mentalmente condicionado a

proteger seu próprio corpo em circunstâncias difíceis, defendendo-se

quando ameaçado. Adquire autoconfiança e autocontrole; portanto o Judô

é uma arte para sua autodefesa;

3. ATITUDE MORAL AUTÊNTICA: Induz a humildade, através do rigor do

treinamento, que proporciona a perseverança, tolerância, cooperação,

generosidade , respeito, coragem, compostura e cortesia.

Quando falhas do conhecimento social e de moralidade constituem-se em

problemas, um método de ensinar a cortesia entre as pessoas e melhorar a

atitude social, torna-se importante e, por isso, o Judô desempenha um papel

relevante nesse contexto, como instrumento de formar e lapidar os verdadeiros

caracteres morais do ser humano.

Assim podemos afirmar que se visa o contínuo aprimoramento como judoca

para sua perfeição sócio moral e espiritual através dos principais fundamentos do

judô que são:

1. DISCIPLINA;

2. RESPEITO;

3. EDUCAÇÃO;

4. CONDICIONAMENTO FÍSICO;

5. TÉCNICA;

6. HUMILDADE.

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Sendo assim, a prática bem orientada do Judô proporciona calma, paz de

espírito, dignidade, compaixão e amor ao próximo. Condições essenciais para

uma vida próspera e coberta de satisfação. (Godim, 2007, p. 15).

É importante divulgar os fundamentos e a verdadeira ética desse esporte para

o crescimento do mesmo, a pais, professores, atletas e por fim, a toda

comunidade.

O ENSINO DO JUDÔ PARA CRIANÇAS

A criança deve ter prazer naquilo que faz para não se tornar uma pessoa

entediada, estressada; deve brincar e suas atividades serem feitas através da

recreação.

Segundo Kishimoto (1997, p. 68), “[...] A criança deve desenvolver habilidades

para interagir positivamente com seu meio natural e social e incorporá-lo em sua

vida diária, com os objetivos de: “Ter prazer em experimentar fenômenos e

eventos da natureza, por meio de brincadeiras; brincar pela experimentação e

criar com coisas que a cercam; desenvolvendo interesse por brinquedos e coisas

feitas pelo homem [...]”.

Virgilio (1986, p.69) lembra que no Judô “entre 6 a 10 anos de idade, as

crianças devem receber ensino todo especial, baseado em recreação, sem

impingir-lhes formas ou técnicas”.

Para as aulas de educação física especificamente, o Judô pode trazer algum

conhecimento a respeito de características do senso comum. Idéias como:

“Esporte é Saúde’’, “esporte como solução para retirar crianças e jovens das

drogas’’, “esporte ajuda no desenvolvimento da inteligência”, circulam pelos meios

de comunicações, ou até mesmo em projetos governamentais. Outro ponto a

considerar é a referência predominante da prática na atual sociedade, fortemente

centrada no esporte de alto rendimento e em valores como o individualismo e a

competição.

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Uma iniciação desportiva eficiente não requer um professor que tenha um

conhecimento técnico específico aprofundado e sim, aquele que tiver maior

habilidade no trabalho com os objetivos determinados. Os professores também

têm que se conscientizar que existem diferenças na metodologia de um trabalho

visando o desempenho desportivo. Para a formação da criança, deve haver um

discernimento de que a escola não é um prolongamento de sua academia ou de

um clube. Os detalhes técnicos não fazem parte de uma iniciação desportiva

Infantil, onde a criança, além de não ter a capacidade de percepção para absorvê-

los, tem prioridades muito mais importantes para o seu desenvolvimento.

(Morimoto, 2006, p. 13),

“[...] O Judô não é apenas uma luta desportiva, ou um sistema eficiente de ataque

e defesa. Antes de tudo é um processo de educar a mente, o corpo e a moral,

portanto é EDUCAÇÃO [...]”.

O professor deve ter em mente que é um educador, que deve formar pessoas

de bem; no Judô, em casa, na escola, ou em qualquer lugar. Seu objetivo é que a

criança saia de sua aula com uma formação eficaz, tornando-se assim um adulto

saudável e íntegro. Virgilio (1986, p.69) ressalta, ‘’temos que chamar a atenção

para o fato que o professor é uma peça muito importante do jogo educativo e da

integração da criança na sociedade’’.

Destacando, assim que o professor é a peça principal na formação de seu

aluno.

Devemos nos lembrar que cada indivíduo tem uma diferença em relação à

maturidade biológica. Cada um desenvolve no seu tempo, por fatores internos

e/ou externos do meio no qual esta inserido.

Na educação física podemos notar modificações, alterações, geralmente na

fase da pré-puberdade até a puberdade, pois é onde ocorre um crescimento

acelerado do organismo como um todo.

Cazzarato & Costa (1991), nos mostram quatro fases do desenvolvimento

infantil que devemos observar:

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Primeira fase: De 0 a 1 ano, fase do ‘’conhecimento’’, onde ocorre o

aparecimento de padrões neurológicos. Nesta fase recomenda-se o

desenvolvimento da psicomotricidade, o reconhecimento do meio aquático,

do terrestre e aéreo.

Segunda fase: De 1 a 6 anos, fase do desenvolvimento neuropsíquico

motor com o estabelecimento da coordenação motora fina: andar, saltar,

pular, cair, arremessar e pegar.

Terceira fase: De 6 a 12 anos, fase do desenvolvimento em conjunto do

organismo, o crescimento ósseo e miotendinoso, o psíquico mental.

Recomenda-se o início em escolas de esporte, para aquisição de

conhecimento de várias modalidades esportivas. A partir dos 10 anos,

sugere-se iniciar atividades paralelas mais específicas, como natação,

ginástica olímpica, corridas e saltos.

Quarta fase: 12 a 18 anos, fase do desenvolvimento final do padrão físico,

onde se recomenda o início da prática do esporte competitivo, que irá

aprimorar definitivamente a coordenação motora, flexibilidade, velocidade,

força e a resistência.

A partir dessa fase, o objetivo será ampliar o vocabulário motor através de

atividades lúdicas, tipo jogo. Logo em seguida o objetivo será fazer com que o

Pré-adolescente conheça o maior número de métodos de treinamento através dos

jogos desportivos. E em um terceiro momento é que trabalharemos com a

especialização, com o esporte competitivo.

Lima (2003, p. 24), declara que “de acordo com o estudo do desenvolvimento

psicomotor da criança, aconselha-se que as atividades de iniciação sejam

aplicadas de forma lúdica e bastante generalizadas em termos de movimentos

básicos do Judô, visando o estímulo ao desenvolvimento das habilidades motoras

básicas (movimentos naturais)’’.

Mais qual a diferença entre a brincadeira e o lúdico?

O Lúdico é uma forma divertida de aprender, no qual as crianças desenvolvem

uma atividade com um objetivo pré determinado pelo professor, que pode usar

brincadeiras e jogos, dentre outros.

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A brincadeira, é apenas um passatempo em que a criança, muitas vezes, nem

se envolve inteiramente; o objetivo é apenas divertir.

Conclui-se assim, que cada faixa etária tem suas características específicas e

especiais do desenvolvimento, que devem ser respeitadas. Para cada fase deve

ser trabalhada uma metodologia diferente, levando a criança ou adolescente a ter

um prazer e bem estar nas atividades.

“(...) a Educação Física e a educação psicomotora são instrumentos

importantíssimos na construção do caráter educativo das crianças, pois

percebemos que a criança tem seus primeiros contatos com a aprendizagem de

forma lúdica, provavelmente terá a chance de desenvolver-se de forma mais

integrada dentro do processo educativo e estará fortalecido para lidar com os

medos e frustrações inerentes ao processo do aprender. O que permitiria um

limite maior de desenvolvimentos globais seria realizar uma avaliação

estabelecendo conceito (A, B, C, D ou R ou Ex., MB, B, R ou I). Isso até os 10

anos de idade” (Felix, 2005, p.9)

.O TREINO (AULA) PROPRIAMENTE DITO.

Qualquer arte marcial, principalmente no ensino infantil, requer um espaço

aconchegante e com material seguro. Assegure-se de que a colocação dos

tatames para a prática desde esporte, seja feita da maneira correta, antes de

começar ensinando judô a crianças.

Certifique-se de que cada criança possui um kimono adequado ao seu tamanho,

pois treinar com trajes desproporcionais é muito desconfortável para eles.

Antes de aprenderem as técnicas do judô, as crianças necessitam aprender as

saudações e os termos técnicos para os golpes. Comece por criar uma pequena

aula teórica com todos na sala e aproveite para ensinar as saudações e as

técnicas sempre de uma forma divertida.

Depois de uma aula teórica leve e descontraída, é hora de ensinar às crianças

algo mais prático. Comece por colocá-los em fila na sala, em posição reta. Façam

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a saudação e comece aquecendo a temperatura corporal através de exercícios

apropriados a cada faixa etária, depois expliquem as técnicas de amortecimento

(Ukemi-Waza) que deverão ser praticadas no inicio e no término da aula, só então

serão ensinados os golpes um a um na prática, depois de já ter ensinado suas

terminações. Eles deverão imitar você na segunda vez que você, demonstrar o

golpe.

Coloque eles praticando entre si, esses mesmos golpes no início de cada aula,

para assimilarem melhor todas as técnicas ao longo do tempo.

O principal fator nas aulas para crianças é a atenção com que elas estão

escutando você. Mantenha sempre um nível de tom mediano e pronuncie bem as

palavras para todas as crianças entenderem.

Após eles aprenderem as técnicas básicas, ensine as técnicas de solo. Esta

parte do judô é mais difícil de ensinar, especialmente a crianças.

Também com eles em pares, ensine a cada um, tanto do lado esquerdo quanto

do lado direito, certifique-se de que ninguém se machucará.

Também é muito importante ensinar de forma correta as pegadas (Kumikata).

A parte final do treino deve consistir num alongamento seguido de relaxamento

leve, pois eles podem ter alguns músculos doloridos depois de uma aula de judô.

Mantenha todos eles em linha e faça sempre um pequeno discurso sobre

qualquer assunto que os motive. Fale com eles diretamente para saber o que eles

gostam ou que não gostam de fazer mais no treinamento, implemente as idéias

deles também.

Faça a saudação e se despeça de todos com um cumprimento. Faça das aulas

de judô um lugar onde as crianças se sintam felizes e que principalmente sintam-

se motivadas.

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Método

A FPJU fez uma pesquisa em duas escolas de educação infantil; uma

particular, de referência em Educação Infantil e que possui em sua grade

curricular, o esporte Judô, onde a modalidade é praticada somente pelos

meninos, pois as meninas, no mesmo horário praticam o Balé. Conforme relato da

diretora: ‘‘É uma opção da escola que as meninas façam Balé. Porém, não há

nada contra elas praticarem o Judô. Ao contrário, gostamos muito desse esporte.”

As aulas têm duração de 30 minutos, contando com 4 turmas de manhã e 4 à

tarde, divididas em: 1ª turma: meninos de 03 anos, 2ª turma: 04 anos, 3ª turma:05

anos e 4ª turma: 06 anos. Cada turma tem em média 16 meninos, pois a diretora

juntou duas classes. Nessa escola, cada maternal tem em média 12 crianças em

sala, entre meninos e meninas. A diretora assim ressalta: “o Judô é um esporte

muito disciplinador e gostaria de disponibilizar mais aulas do Esporte em minha

escola, só que o tempo é corrido e as crianças fazem mais atividades durante o

decorrer do dia”.

A outra escola é Municipal, e não possui o Judô em suas atividades

curriculares, pois é uma entidade que depende muito das solicitações de

secretários à prefeitura, para a autorização de qualquer tipo de atividade

extracurricular, e para que as mesmas possam abrir concursos para a realização

desta atividade.

Nessa entidade, cada sala tem em média 20 crianças entre meninos e

meninas. As crianças entram na creche ás 07h15min e saem 16h40min, com um

horário para descanso de aproximadamente 02h30min. As salas são divididas em

Maternal I, com crianças até 03 anos, onde permanecem com recreadoras e

auxiliares para a realização de atividades e brincadeiras. No Maternal II

encontram-se crianças com até 04 anos, onde passam a maior parte do dia com

professores para a realização de atividades diárias. No Jardim I, permanecem

crianças com 05 anos e no Jardim II, crianças com até 06 anos, as quais passam

o dia também com professores, mas com alguns tipos de atividades externas, por

exemplo: Educação Física.

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Como podemos observar, as duas escolas possuem características muito

diferentes umas das outras, principalmente no que se refere ao perfil do sistema

de ensino, ou seja, particular e municipal. Tais características interferiram nos

resultados da pesquisa, onde pudemos notar problemas como: uma escola com

muitos alunos em sala, crianças que permanecem o dia inteiro na própria escola,

crianças que não possuem atividades externas, entre outros.

Nas duas escolas não tivemos autorização para fotografar ou filmar as

crianças. Aplicamos dois tipos de questionários, sendo um para as crianças e

outro para os professores, com perguntas simples, alternativas de SIM ou NÃO,

para uma melhor obtenção de dados e para facilitar nas respostas das crianças.

Resultados

Os resultados apontaram que a maioria dos praticantes de Judô são meninos e

de escolas particulares. O gráfico também demonstra uma melhora significativa

no comportamento dessas crianças em relação à disciplina e socialização das

mesmas. Mostra que elas tiveram um maior poder de concentração durante as

aulas, por praticarem atividades físicas, as quais ajudaram a ocupar o tempo

ocioso e a gastar mais energia.

Já nas escolas onde não há nenhum tipo de esporte, no caso o Judô, as

crianças são mais dispersas, com um grau de hiper atividade maior que os

demais. Sendo assim, não conseguem se concentrar por muito tempo, são

ansiosas, não aguardando sua vez na hora de falar, fazer fila, etc., ou seja, não

têm disciplina durante as aulas e isso é uma consequência do longo período de

ociosidade.

Pudemos observar que as escolas que não oferecem a prática do Judô,

aparentemente precisam desta ou de algum outro tipo de atividade física

extracurricular, para ocupar de forma saudável, educativa e prazerosa o período

de ociosidade dessas crianças.

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Análise dos resultados

Os resultados da presente pesquisa demonstraram que crianças “ociosas”, que

não praticam nenhum tipo de esporte, no caso o Judô, são mais agitadas em sala

de aula. São crianças que não tem um bom poder de concentração, são ansiosas,

não conseguindo aguardar sua vez em qualquer atividade.

Mostraram também que o Judô proporcionou de forma visível às crianças, mais

calma, mais disciplina, com maior respeito às regras a elas impostas. São

crianças que trabalham o corpo e a mente, portadoras de um desempenho melhor

do que as demais, no quesito disciplina. O esporte colabora para retirar as

crianças do ócio, dos maus comportamentos e consequentemente das drogas.

Portanto é conclusivo dizer que toda pessoa independente de ser criança ou

não, deveria praticar o Judô ou algum esporte, para um melhor condicionamento

físico. Essa é uma pesquisa à base de dados coletados em duas escolas de

educação infantil, mas isso também não significa que uma criança só é obediente,

educada, quando faz o Judô ou pratica algum esporte. O Judô como esporte,

contribui muito positivamente no desenvolvimento social, motor e intelectual da

criança, pois esporte é saúde, vida, lazer e educação.

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Considerações finais

Por fim, pudemos observar que o Judô, pode sim ser aplicado na educação

infantil normalmente, desde que seja inserido de forma lúdica e saudável,

respeitando sempre as fases do desenvolvimento da criança, abordando suas

respectivas metodologias, lembrando que a criança é apenas uma criança e não

um atleta ou adulto em miniatura; assim devemos respeitar seus limites e

capacidades.

Vimos também, variados benefícios do Judô, com comprovações cientificas.

Além disso, conhecemos um pouco da história desse esporte, no qual seu

significado é “Caminho Suave”, mostrando que sua prática pode ser feita por

qualquer faixa etária. Um esporte com cultura japonesa, criado por Jigoro Kano

que ganhou força e é praticado até os dias de hoje, por sua beleza e não com

incitação à violência, com um conceito muito importante que é o bem estar mútuo.

Quem sabe assim, os esportes de combate não passem a integrar as grades

curriculares de educação infantil, colaborando para um futuro com crianças

saudáveis, longe das drogas, violência e melhor ainda, tornando-se cidadãos de

bem.

“Para incutir no íntimo do homem o respeito pelos princípios da máxima

eficiência, da prosperidade e benefícios mútuos e da suavidade, para poder

atingir individualmente e coletivamente seus estudos mais elevados e ao mesmo

tempo mais desenvolvidos na arte de ataque e defesa”. (Jigoro Kano)

Finalizo este trabalho com uma frase do criador e professor do Judô, Sensei

Jigoro Kano, que resume a pratica do Judô: “Praticar o Judô é educar a mente a

pensar com velocidade e exatidão, bem como ensinar o corpo a obedecer com

precisão. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se

usa a inteligência”.

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