De estrada líquida à jazida energética: os sentidos do rio ...
Minimização dos impactos ambientais: da jazida ao ... · eucaliptos ou pinus, os quais irão...
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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA PROGRAMA DE APOIO AOS POLOS TECNOLÓGICOS
POLO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO VALE DO CAÍ
Boletim Técnico
Minimização dos impactos ambientais: da jazida ao beneficiamento de rochas
Projeto “Vitrocerâmicos desenvolvidos a partir de Rochas Ígneas da Formação Serra Geral”
Convênio: 51/2013 Processo: 490-25.00/13-1
Equipe executora:
Dr.–Ing. Robinson C. D. Cruz (Coordenador) Dra. Janete E. Zorzi
Dr. Sérgio G. Echeverrigaray Dra. Jaíne Webber Ma. Maira Finkler
Eng. Ângelo Pradella Titton Eng. Arthur Susin Neto
Eng. Daniel Golle
_____________________________________________________________________________ INSTITUTO DE MATERIAIS CERÂMICOS
R. Irmão Moretto nº 75 – Bom Princípio – RS – Brasil – CEP 95765-000 (+55)54-36341100 – www.ucs.br/site/imc
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Minimização dos impactos ambientais:
da jazida ao beneficiamento de rochas
1 INTRODUÇÃO
2 TÉCNICAS DE CONTROLE DE EMISSÃO DE POEIRA
2.1 Aspersão de água
2.2 Otimização na infraestrutura da mineradora
2.3 Coleta e separação da fração fina de rochas
3 UTILIZAÇÃO DA FRAÇÃO FINA COMO SUBPRODUTO
3.1 Aplicação como fertilizante
3.2 Substituição do cimento
3.3 Produção de vitrocerâmicos
4 MELHORARIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
4.1 Controle da umidade da rocha na moagem
4.2 Correção do fator de potência
4.3 Manutenções preventivas e preditivas
4.4 Aumento da eficiência energética na extrusão
1 INTRODUÇÃO
Este boletim técnico é resultado de uma
das metas previstas no projeto “Vitrocerâmicos
Desenvolvidos a partir de Rochas Ígneas da
Formação da Serra Geral” desenvolvido pelo
IMC - UCS com base no convênio 51/2013,
Processo 490-25.00/13-1 da Secretaria do
Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia do estado do Rio Grande do Sul.
Este boletim técnico apresenta metodologias e
práticas que podem ser utilizadas para
minimizar o impacto ambiental na fase de
extração de rochas na jazida e no
beneficiamento do minério. O conteúdo aborda
técnicas de britagem e moagem que
minimizam a geração de resíduos particulados
(poeira), além de dispositivos e técnicas de
processamento que reduzem o consumo
energético.
As rochas, de um modo geral, ainda são
consideradas materiais de construção de baixo
valor agregado, e talvez por isso, as etapas de
extração e beneficiamento geralmente não
ocorrem sob condições ideais do ponto de vista
ambiental e energético. Dentre os aspectos
ambientais mais relevantes, o principal é a
emissão de materiais particulados (Figura 1),
que podem prejudicar tanto os trabalhadores e
população vizinha à zona de extração quanto a
fauna e flora do local.
Neste boletim técnico serão
apresentadas algumas metodologias adotadas
no Brasil e em outros países para redução da
emissão de materiais particulados e do
consumo energético. O controle da poeira
compreende técnicas mais tradicionais, como a
aspersão de água, até técnicas mais
sofisticadas, como a coleta dos materiais
particulados por aeroclassificadores, cujo
produto separado pode ser utilizado como
subproduto para outras aplicações.
Figura 1: Atividade de mineração e beneficiamento de rochas sem e com controle de poeira
Sem controle de poeira
Com controle de poeira
Fonte: adaptado de 1
1 Zedco Solutions, disponível em: www.zedcosolutions.com
3
2 TÉCNICAS DE CONTROLE DE EMISSÃO DE POEIRA
2.1 Aspersão de água
A disponibilidade de água, aliada a
facilidade de instalação e manutenção dos
sistemas empregados, faz desta técnica a mais
utilizada.
Os sistemas de aspersão de água devem
ser instalados nos locais mais críticos da
mineradora, onde há maior produção de poeira,
conforme ilustrados na Figura 2.
Figura 2: Indicação para a instalação dos aspersores de água
Alimentação
Transporte
Descarga
Fonte: adaptado de 2, 3, 4, 5
2 Andrew B. Cecala, et al. Dust Control Handbook for Industrial Minerals Mining and Processing, 2012. 3 Tesab Engineering, disponível em: www.tesab.com 4 Asperminas, disponível em: www.asperminas.com.br 5 IndiaMART InterMESH Ltd, disponível em: www.indiamart.com
4
2.1.1 Tipos de aspersores
Existem diversos modelos de
aspersores de água disponíveis no mercado. O
ideal é optar por aspersores cuja nuvem de
aspersão seja a maior possível, a qual irá
permitir que uma área maior seja atingida.
Adicionalmente, a pressão de trabalho deve ser
adequada para que o sistema opere
corretamente e com o máximo de eficácia. Na
Figura 3 é possível observar alguns tipos de
aspersores e os locais onde geralmente são
utilizados.
Para evitar a obstrução dos bicos
aspersores por possíveis sujeiras presentes na
água é sugerida a utilização de filtros junto à
captação de água. É indispensável a realização
de inspeções periódicas para identificar
possíveis problemas ou danos que possam
prejudicar a aspersão.
Figura 3: Tipos de aspersores de água
Em linha
(esteiras)
Isolados (locais variados)
Circulares
(final das esteiras)
Canhão
(carrgamento de materiais)
Fonte: 6, 7, 8, 9
6 Fluidjet Projetos e Serviços Industriais Ltda, disponível em: www.fluidjet.com.br 7 CRG Comercial de Equipamentos, disponível em: www.crg-ba.blogspot.com 8 BossTek Industrial Dust & Odor Control Solutions, disponível em: www.bosstek.com 9 Quarry Magazine, A portable answer to dust suppression. Disponível em: www.quarrymagazine.com
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2.1.2 Utilização de sabões e outros tensoativos
A utilização da água, apesar de evitar a
emissão de poeira, pode reduzir a eficiência da
moagem. Para contornar esse efeito, podem ser
utilizados sabões ou aditivos tensoativos, os
quais reduzem a viscosidade da água e
aumentam a eficiência de moagem.
Os sabões e tensoativos também
proporcionam nuvens de água maiores e com
gotas menores, o que aumenta a capacidade de
controle na emissão de poeira pelos aspersores
utilizados. O ideal é a utilização de uma gota
com tamanho próximo ao tamanho das
partículas que devem ser abatidas.
2.1.3 Coleta e reaproveitamento da água
As áreas de mineração ocupam grandes
porções da superfície do solo. Por meio de
estudo hidrográfico é possível detectar áreas
propícias à formação de reservas de água. Se a
área de mineração não possui lagos naturais, a
formação destes pode ser induzida da
escavação do terreno ou alterações na
topografia do local.
A existência destes reservatórios
possibilita, além da captação da água da chuva,
o retorno da água utilizada no controle de
poeira, a qual poderá ser utilizada novamente.
Assim, haverá um ciclo de utilização da água
no interior da área minerada. A localização do
reservatório de água deve ser estratégica e o
mais próxima possível da atividade de
mineração (Figura 4), para evitar despesas com
o transporte e o bombeamento de água.
A água proveniente de locais onde há a
presença de óleos ou outros contaminantes,
como por exemplo, próximo a regiões de
manutenção de veículos, deve passar por um
tratamento prévio, antes de chegar ao lago para
reutilização.
Figura 4: Reservatório de água na mineradora
Fonte: Google Earth
2.1.4 Otimização do tempo de aspersão e controle de poeira no ar
É possível aumentar a eficiência da
aspersão através da otimização do tempo em
que a mesma permanece ativa. Essa otimização
pode ser realizada por meio do controle de
poeira no ar. O controle da poeira no ar pode
ser realizado visualmente, ou,
preferencialmente com a utilização de
dispositivos específicos, tais como contadores
de partículas portáteis, cujos exemplos são
apresentados na Figura 5.
10 PCE Instruments, disponível em: www.pce-medidores.com.pt 11 Turnkey Instruments Brasil, disponível em: www.turnkeyinstrumentsbrasil.com
Figura 5: Contadores de partículas portáteis
Fonte: 10, 11
6
2.2 Otimização na infraestrutura da mineradora
A melhora na infraestrutura da
mineradora pode contribuir para a redução da
emissão de poeira, por meio da alteração no
layout ou realização de atividades de rotina.
2.2.1 Pavimentação de vias permanentes
As vias permanentes são vias que dão
acesso às diversas instalações da mina. Esses
trajetos, geralmente, não são alterados à
medida que a atividade de mineração avança
ao longo dos anos. Desta forma, recomenda-se
a pavimentação dessas vias para que a emissão
de poeira seja contida nesses locais, conforme
mostrado na Figura 6.
2.2.2 Definição de vias provisórias
As vias provisórias caracterizam-se
como vias que alteram seu traçado a medida
que a exploração mineral avança. Em muitos
locais, não há a definição clara dessas vias, o
que pode causar acidentes e dificultar o
controle de emissões de poeira.
Desta forma, a definição de vias
provisórias de movimentação, irá permitir que
o tráfego de pessoas nesses locais seja
reduzido. Adicionalmente, a via poderá ser
mantida permanentemente úmida, através da
utilização de caminhões pipa, conforme
exemplificado na Figura 7.
Figura 6: Via permanente com pavimento asfáltico na mineradora
Fonte: Arquivo do IMC.
Figura 7: Utilização de caminhões pipa para a manutenção da umidade em vias provisórias
Fonte: 12, 13
12 Lubritem Special Vehicles & Equipment, disponível: em www.lubritem.com 13 GMCO Corporation, disponível em: www.gmcocorp.com
7
2.2.3 Centralização das atividades mineradoras
As atividades de mineração devem ser
realizadas, preferencialmente, nas regiões
centrais da mina, conforme exemplo da
mineradora na Figura 8. Desta forma, é
possível reduzir o raio no qual a poeira será
dispersa. Além disso, deve-se evitar que as
atividades mineradoras sejam próximas a
edificações e comunidades vizinhas. Também
é importante identificar o sentido preferencial
dos ventos.
Figura 8: Exemplo de mineradora com operação na região central
Fonte: Google Earth
2.2.4 Utilização de cortina vegetal
A cortina vegetal pode ser definida
como um conjunto de árvores e arbustos
presentes na periferia de uma mineradora
(Figura 9). O objetivo dessa cortina vegetal é
evitar que os materiais particulados cheguem
até a vizinhança.
O ideal é a utilização de árvores com
crescimento rápido, como por exemplo,
eucaliptos ou pinus, os quais irão permitir que
a barreira adquira altura considerável em
menor período de tempo. Em adição às árvores
de maior porte, recomenda-se o plantio de
arbustos e árvores de menor porte, as quais
possibilitam a contenção de poeira em cotas
mais baixas, como por exemplo, capim
elefante.
Figura 9: Cortina vegetal na mineradora
Fonte: Google Earth
8
2.3 Coleta e separação da fração fina de rochas
Além do controle da emissão de poeira,
os materiais particulados mais finos podem ser
coletados e, posteriormente utilizados em
outras aplicações.
O processo de coleta da fração de
partículas mais finas geralmente requer um
investimento maior, se comparado aos
processos descritos anteriormente. Entretanto,
esse subproduto, o qual poderá ser utilizado em
aplicações mais nobres e de alto valor
agregado, podem viabilizar economicamente o
investimento neste tipo de equipamento.
2.3.1 Peneiras ultrafinas
As peneiras ultrafinas (Figura 10) são
uma classe de equipamentos que possibilitam
a separação de partículas em tamanhos entre
0,075 a 1 mm.
Figura 10: Peneira ultrafina para coleta e
separação de partículas
Fonte: 14
2.3.2 Filtros manga
Os filtros manga são dispositivos
amplamente utilizados para a retirada e
fracionamento dos materiais finos. Uma
representação esquemática desse tipo de filtro
é apresentada na Figura 11. Os filtros manga
operam através da passagem de ar carregado
com poeira por tecidos ou peneiras.
A classe de partículas retidas por esses
filtros depende do tecido e do fluxo de ar
utilizados, podendo ser desde partículas muito
finas (submicrométricas), até partículas mais
grossas.
Figura 11: Filtro manga
Fonte: adaptado de 2
14 Metso, disponível em: www.metso.com/br
9
2.3.3 Aeroclassificadores
Os aeroclassificadores são dispositivos
que permitem a separação de partículas através
do fluxo de ar, sem a utilização de filtros. A
Figura 12 ilustra o esquema de funcionamento
de três modelos de aeroclassificadores
disponíveis comercialmente. Cada tipo, de
aeroclassificador possibilita a classificação de
partículas com tamanhos distintos, abrangendo
desde a escala micrométrica até a escala
milimétrica.
Figura 12: Tipos de aeroclassificadores
Centrífugo (20 a 100 μm)
Gravitacional inercial (75 a 300 μm)
Gravitacional industrial (177 a 2000 μm)
Fonte: adaptado de 15
15 Britamaq Import, disponível em: www.britamaq.com.br
10
3 UTILIZAÇÃO DA FRAÇÃO FINA COMO SUBPRODUTO
Os materiais particulados, após
fracionados, podem ser utilizados em
aplicações variadas. Algumas das atividades
relacionadas à utilização da fração fina de
rochas já estão em fase de aplicação ou
desenvolvimento.
3.1 Aplicação como fertilizante
A aplicação de partículas finas de rocha
como fertilizantes de solo é denominada de
rochagem. Esse processo vem sendo
amplamente estudado no país nos últimos anos
e é utilizado para aumentar a produtividade de
diversas culturas. O processo de rochagem é
benéfico ao solo pois repõe, através da
decomposição das partículas finas das rochas,
os nutrientes retirados pelas plantas.
Figura 13: Fertilização com pó de rocha
Fonte: 16
Por ser um material natural, a rocha é
uma alternativa mais ecologicamente correta
se comparada a outras formas de fertilização
dos solos. Uma vez que a maioria dos
fertilizantes utilizados no país são importados,
a utilização de pó de rocha pode favorecer a
competitividade no mercado brasileiro.
3.2 Substituição do cimento
A adição de partículas finas de rocha
em substituição parcial ao cimento Portland
16 Projeto Soja Brasil. Técnica de manejo: rochagem melhora a fertilidade dos solos. Disponível em:
www.projetosojabrasil.com.br 17 PEREIRA, Caio. Tipos de concretos utilizados na construção civil. Escola Engenharia. Disponível em:
www.escolaengenharia.com.br.
(Figura 14) para formulação de concretos vêm
sendo pesquisada e em alguns casos já
utilizada. Geralmente, partículas finas são
indesejadas na produção de agregados.
Entretanto, a adição de proporções adequadas
de partículas finas pode melhorar o
empacotamento e, consequentemente, as
propriedades mecânicas do concreto. Um
estudo prévio deve ser realizado para
determinação do teor de substituição, que pode
variar muito para cada traço de concreto.
Figura 14: Concreto com pó de rocha
Fonte: 17
3.3 Produção de vitrocerâmicos
Materiais vitrocerâmicos são formados
quando minerais são parcialmente fundidos e
posteriormente tratados termicamente para que
ocorra a formação de cristais na sua
microestrutura predominantemente vítrea. A
utilização de partículas finas de rocha basáltica
para produção desses materiais já é utilizada
em outros países. Nestas aplicações a
granulometria fina (submicrométrica) da rocha
é condição fundamental para se obter uma
microestrutura homogênea do vitrocerâmico.
No Brasil, essa aplicação ainda está em
fase de desenvolvimento. Os vitrocerâmicos
possuem elevadas propriedades mecânicas e
são pouco susceptíveis ao desgaste. Esses
materiais são utilizados em aplicações
variadas, tais como produção de fibras e
vergalhões, revestimentos de tubulações
metálicas para transporte de minério, pisos
resistentes à ataque químico (Figura 15).
11
Figura 15: Produtos vitrocerâmicos produzidos a partir de pó de rocha
Fonte: adaptado de 18, 19, 20
4 MELHORARIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
4.1 Controle da umidade da rocha na moagem
Rochas secas são cominuídas mais
facilmente que rochas úmidas. Uma das
maneiras de aumentar a eficiência de moagem,
e consequentemente a eficiência energética da
operação, é cobrir parte da pedreira que
envolve as etapas de britagem. A Figura 16
apresenta um britador primário coberto
utilizado para esta finalidade.
Figura 16: Britador primário alocado em área coberta
Fonte: 14
18 CBP Engineering Corp, disponível em: www.cbpengineering.com 19 BasaltNet, disponível em: www.basaltnet.it 20 Techobasalt, disponível em: www.technobasalt.com
12
4.2 Correção do fator de potência
O Fator de Potência (FP) individual das
máquinas, ou de toda a mineradora, é um forte
indicador do quão eficiente está o consumo de
energia elétrica. Basicamente, o FP é uma
relação entre a potência ativa e a potência
reativa, o qual indicará, ao final do mês, se
haverá custos extras na conta de energia devido
a multas junto a concessionária.
A ANEEL (Agência Nacional de
Energia Elétrica) e a ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) indicam como
referência mínima aceitável para FP o valor de
0,92. Quando o FP for maior ou igual a 0,92,
isto indica um consumo de energia elétrica
com qualidade e de forma eficiente.
4.2.1 Controle de watt-hora
Quando se trabalha com o FP abaixo de
0,92 há um incremento de calor nos condutores
e equipamentos, reduzindo consideravelmente
a eficiência do sistema elétrico. Com o excesso
da energia reativa, ocorrem aumentos na
corrente elétrica e, como consequência,
acarreta ao sistema elétrico quedas e oscilações
de tensão.
O fator de potência (FP) pode ser
registrado pelos medidores de watt-hora
eletrônicos. Desta forma, recomenda-se a
instalação destes dispositivos nas empresas
mineradoras.
4.2.2 Uso de inversor de frequência
O inversor de frequência é um
dispositivo eletrônico que varia a velocidade
de rotação de um motor de indução trifásica.
Portanto o uso de um inversor de frequência
reduz drasticamente o consumo de energia
elétrica. Este efeito é refletido no aumento da
vida útil dos equipamentos, diminuição dos
gastos com manutenção e melhor resultado no
controle do processo. Recomenda-se a
instalação de inversores de frequência em
motores de indução trifásica.
O inversor de frequência apresentado
na Figura 17 é de velocidade variável para
motores de indução trifásicos, possui controle
21 WEG S.A, disponível em: www.weg.net
de torque, de velocidade, de posicionamento e
alta capacidade de sobrecarga. Tais
características possibilitam economia de
energia elétrica, aumento de produtividade e
melhoria de qualidade dos processos.
Figura 17: Inversor de frequência industrial
Fonte: 21
4.2.3 Uso de banco de capacitores
Indústrias que trabalham em tensão
média (de 1 a 36,2 kV) e alta (acima de 36,2
kV), em corrente alternada (CA) – valores de
tensão ditados pela NBR 5410 e NBR 14039 –
recomenda-se a utilização de banco de
capacitores com a finalidade de manter o FP
acima de 0,92. Em épocas de baixa produção
e/ou férias coletivas, o ideal é que o banco de
capacitor seja desligado, pois o excesso de
carga capacitiva compromete o sistema
elétrico de potência. Na Figura 18 é possível
visualizar um banco de capacitores trifásico.
Figura 18: Banco de capacitores trifásico
Fonte: 21
13
4.3 Manutenções preventivas e preditivas
O agendamento de tarefas de
manutenções preventivas e a avaliação dos
equipamentos periodicamente são
recomendados. Tais medidas evitam diversos
problemas mecânicos e eletroeletrônicos.
Portanto, através da execução de tais
medidas e iniciativas, é possível prolongar a
vida útil das máquinas e equipamentos,
contribuindo para um consumo de energia
elétrica mais eficiente.
4.4 Aumento da eficiência energética na extrusão
Um dos processos utilizados para
obtenção de produtos vitrocerâmicos é a
extrusão. Uma vez que as rochas extrudadas
possuem uma granulometria fina e são
altamente abrasivas, aditivos podem ser
utilizados para reduzir o atrito entre o material
a ser extrudado e as superfícies do
equipamento (rosca, canhão e matriz).
Aditivos surfactantes utilizados para a
conformação de rochas por extrusão reduzem
o consumo de energia elétrica e proporcionam
uma maior vazão mássica de material, ou seja,
aumentam a eficiência energética na produção
de materiais cerâmicos pelo processo de
extrusão.
O Instituto de Materiais Cerâmicos
avaliou o desempenho energético do processo
de extrusão para argilas encontradas na região.
Esses materiais foram conformados por
extrusão e avaliados quanto à eficiência
energética proporcionada pela adição de 1 %m.
de aditivo surfactante. A Tabela 1 apresenta os
resultados de eficiência energética para a
extrusão de argilas. Levando em consideração
que a granulometria das rochas utilizadas no
projeto é da mesma ordem de grandeza das
argilas industriais, fica evidente a eficácia do
uso de aditivos surfactantes quando aplicados
para a extrusão de materiais cerâmicos.
Tabela 1: Parâmetros obtidos na extrusão de uma formulação sem surfactante (SS) e de uma
formulação com surfactante (CS)
Parâmetro avaliado Formulação SS Formulação CS Variação do parâmetro
Potência 1,6 kW 0,6 kW -62 %
Produção 10,7 g/s 13,9 g/s +30 %
Consumo 149,3 J/kg 43,1 J/kg -71 %
Fonte: adaptado de 22
AGRADECIMENTOS
A equipe técnica do projeto agradece às empresas Concresul (www.concresul.com), Conpasul
(www.conpasul.com.br) e Fagundes (www.fagundes.com) pelo apoio recebido e pelas frutíferas
discussões que inspiraram a elaboração deste boletim técnico.
22 M. Finkler et al. Aditivo surfactante de fonte renovável para redução do consumo energético na extrusão de
massas de cerâmica vermelha. Cerâmica 64 (2018) 373-380.