Ministério Público Reabre Investigação Sobre Babás de Branco Em Clubes Paulistanos

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  • 7/25/2019 Ministrio Pblico Reabre Investigao Sobre Babs de Branco Em Clubes Paulistanos

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    o caso ficar quase seis meses parado nas mos do Conselho Superior do Ministrio Pblico de So Paulo, o rgo decidiu nesta semana reabrir a investigao sobre se legal ou igal clubes de elite paulistanos exigirem que babs que acompanham crianas scias usemuniforme branco.

    "O Conselho autorizou a promotora a investigar todas as denncias", afirmou BBC Brasil o promotor Vidal Serrano, um dos membros do colegiado, em referncia promotor

    a Beatriz Helena Budin Fonseca, responsvel por abrir o inqurito civil (MP 43.0725.0000489/2015-2) contra os clubes.

    "A nica diferena que entendemos que os clubes devem ser investigados de maneira separada e no em um nico processo. Foi isso que recomendamos promotora Beatriz, j quecada clube tem normas diferentes, alguns pedem uniforme; outros, crach... Dessamaneira, a deciso pode ser diferente para cada entidade."

    Fonseca afirmou BBC Brasil que acatar a recomendao e vai abrir inquritos separados para os clubes envolvidos, nos mesmos moldes da investigao inicial.

    Bab sem brancoO caso comeou h um ano, quando uma scia do Esporte Clube Pinheiros (zona oeste paulistana) resolveu acionar o Ministrio Pblico aps se revoltar com o fato de o local dificultar a entrada da bab de suas filhas por ela no estar com uniforme branco.

    Roberta Loria contou BBC Brasil, na poca, que decidiu agir por acreditar que essaexigncia do clube era um caso de "discriminao revoltante".

    A reportagem voltou a falar com Roberta nesta quinta-feira. Ela disse estar satisfeita com a reabertura do caso, visto que seu clube segue com a exigncia.

    "O caso j se arrasta h um ano. claro que eu esperava entraves desde o comeo, mas frustrante. O modo como ele est sendo tratado, essa demora, mostra como o preconcei

    to est enraizado na sociedade paulistana e como o uniforme branco s a ponta desseiceberg", opinou.

    'Moda do politicamente correto'O caso estava sendo investigado, mas foi "trancado" aps dois clubes entrarem comum recurso e terem seus pedidos acatados pelo Conselho do Ministrio Pblico em dezembro - quando o rgo era formado por outros promotores.

    Foi ento que a promotora Beatriz Fonseca pediu que o caso fosse reaberto, afirmando que havia conflito de interesses. Isso porque um dos conselheiros que votaramno caso - o promotor lvaro Augusto Fonseca de Arruda, que presidiu a sesso de julgamento em dezembro - integra a direo do Clube Atltico Paulistano, um dos clubes in

    vestigados.Em entrevista BBC Brasil na poca, o promotor confirmou que secretrio da Comisso deSindicncia do Paulistano, mas disse que isso no influenciava seu julgamento em umcaso em que o mesmo clube investigado.

    "Fao parte, sim, dessa comisso do Paulistano, mas isso de maneira nenhuma impactana lisura do processo. No h nenhum conflito de interesse. Me parece uma aberrao a pessoa se insurgir contra um uniforme de bab. Hoje est na moda dizer que tudo politicamente incorreto."

    Os novos conselheiros, que votaram nesta tera-feira, entenderam que lvaro realmente no era impedido de votar, mas decidiram que o caso deveria ser destrancado mesm

    o assim para que se voltasse a investigar se h prtica de discriminao social.

    Na poca, os clubes negaram a acusao de discriminao. Alguns argumentaram que a exignc

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    era uma norma interna do clube, enquanto outros afirmaram que era uma questo desegurana - a regra visaria identificar a bab em reas exclusivas de scios.

    Desde ento, surgiram outras polmicas envolvendo a mesma exigncia ou prticas semelhantes em outros Estados.

    No Rio, um caso provocou debate no ms passado, quando o jornal O Globo noticiou q

    ue no Country Club, em Ipanema (zona sul da cidade), havia uma placa no banheirofeminino proibindo a entrada de babs, que so instrudas a usar o banheiro infantil.

    Em fevereiro, o jornal mineiro O Tempo trouxe a discusso tona ao publicar uma reportagem sobre a polmica, dizendo que, em ao menos em seis clubes da cidade, babs soobrigadas a usar uniforme ou coletes brancos de identificao.

    "Quando eu visto este colete, como se eu usasse uma roupa invisvel. como se eu noexistisse para as pessoas que esto aqui. Os scios passam por mim, mas no falam nadacomigo. Apenas olham e me ignoram", disse uma das babs ao jornal.