MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE...

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES MARIA APARECIDA GARCIA BASTOS PROCEDIMENTO LOGÍSTICO PARA OPERAÇÃO DE RESPOSTA A DESASTRES Rio de Janeiro 2013

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

MARIA APARECIDA GARCIA BASTOS

PROCEDIMENTO LOGÍSTICO PARA OPERAÇÃO DE RESPOSTA A DESASTRES

Rio de Janeiro 2013

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

MARIA APARECIDA GARCIA BASTOS

PROCEDIMENTO LOGÍSTICO PARA OPERAÇÃO DE RESPOSTA A

DESASTRES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos, D.Sc. Prof.ª Renata Albergaria de Mello Bandeira, D.Sc.

Rio de Janeiro 2013

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C 2013

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e dos orientadores.

629.04 Bastos, Maria Aparecida Garcia B 327p Procedimento logístico para operação de resposta a desastres /

Maria Aparecida Garcia Bastos; orientada por Vânia Barcellos Gouvêa Campos e Renata Albergaria de Mello Bandeira - Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2013.

179 p.: il. Dissertação (mestrado). - Instituto Militar de Engenharia. – Rio

de Janeiro, 2013. 1. Engenharia de Transportes – teses, dissertações. 2. Logística

Humanitária. 3. Ajuda humanitária. 4. Logística. I. Campos, Vânia Barcellos Gouvêa II. Bandeira, Renata Albergaria de Mello III. Procedimento logístico para operações de resposta a desastres. IV. Instituto Militar de Engenharia.

629.04

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

MARIA APARECIDA GARCIA BASTOS

PROCEDIMENTO LOGÍSTICO PARA OPERAÇÃO DE RESPOSTA A

DESASTRES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de

Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos, D.Sc.

Prof.ª Renata Albergaria de Mello Bandeira, D.Sc.

Aprovada em 15 de julho de 2013 pela seguinte Banca Examinadora:

_______________________________________________________________

Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos - D.Sc., do IME - Presidente

_______________________________________________________________

Prof.ª Renata Albergaria de Mello Bandeira – D.Sc., do IME

_______________________________________________________________

Prof.ª Leise Kelli de Oliveira, D.Sc., da UFMG

_______________________________________________________________

Prof. Luiz Carlos Brasil de Brito Mello, D.Sc., da UFF

Rio de Janeiro

2013

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Às minhas filhas Gabriela e Isabella que são, antes de tudo, a razão do meu progresso.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que me incentivaram, apoiaram e possibilitaram esta

oportunidade de ampliar meus horizontes, a Deus, a Jesus Cristo mestre e amigo sempre

presente, aos trabalhadores da Casa do Caminho sem o apoio dos quais me faltaria o

equilíbrio necessário nesta caminhada. Aos meus familiares, mestres e aos irmãos que

inspiram sempre trabalho e disciplina para o progresso.

Em especial às minhas orientadoras Professoras Vânia e Renata por suas disponibilidades

e atenções, aos demais professores do Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes, aos

funcionários do IME e aos colegas de curso pelo apoio e ajuda sempre bem vinda.

Com particular carinho, agradeço àquelas que muitas vezes me substituíram no cuidado

com minhas filhas e casa, sem as quais não seria possível essa realização.

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“Acreditar é a primeira etapa de uma realização.” MARSHALL FIELDS

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES...................................................................................................12

LISTA DE TABELAS ...........................................................................................................14

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 17

1.1. Importância da logística em operações de resposta a desastres ................................ 17

1.2. Desafios da logística humanitária ........................................................................... 18

1.3. Objetivos do trabalho ............................................................................................. 20

1.4. Justificativa ............................................................................................................ 21

1.5. Metodologia ........................................................................................................... 22

1.6. Estrutura do trabalho .............................................................................................. 22

2. LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES .................. 24

2.1. Logística em operações de resposta a desastres segundo o Logistics Operational

Guide – Logistics Cluster Organization ................................................................. 25

2.2. Logística em operações de resposta a desastres segundo o Instituto Fritz ................ 27

2.3. Logística em operações de resposta a desastres segundo a Unicef........................... 28

2.4. Logística em operações de resposta a desastres segundo Guia Da Defesa Civil Da

Nova Zelândia ........................................................................................................ 31

2.5. Logística em operações de resposta a desastres nos Estados Unidos ....................... 32

2.6. Logística em operações de resposta a desastres segundo o World Food Programme

.............................................................................................................................. 35

2.7. O sistema de controle de operações no Brasil ......................................................... 36

2.8. Análise comparativa da contribuição das agências .................................................. 39

2.9. Ações na operação de resposta ............................................................................... 49

3. LOGÍSTICA PÓS-DESASTRE NATURAL – FRAMEWORK .......................... 51

3.1. Composição do framework ..................................................................................... 52

3.2. Ação: mobilização ................................................................................................. 55

3.2.1. Estabelecer o centro de gerenciamento da crise ...................................................... 56

3.3. Ação: avaliação situacional .................................................................................... 57

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3.3.1. Identificar abrangência da crise .............................................................................. 58

3.3.2. Avaliar a gravidade da crise ................................................................................... 59

3.4. Ação: avaliação logística ........................................................................................ 59

3.4.1. Identificar recursos disponíveis na região atingida .................................................. 60

3.4.2. Identificar recursos necessários à região atingida.................................................... 61

3.4.3. Definir base para a operação dentro da região atingida ........................................... 62

3.5. Ação: primeiros socorros à população atingida ....................................................... 63

3.5.1. Localizar e resgatar os feridos ................................................................................ 64

3.5.2. Realizar triagem de atendimento da população atingida .......................................... 65

3.5.3. Realizar atendimento .............................................................................................. 65

3.6. Ação: proteção à população atingida ...................................................................... 66

3.6.1. Identificar áreas de risco ........................................................................................ 67

3.6.2. Identificar necessidades de evacuação ou proteção ................................................. 68

3.6.3. Identificar possibilidades de agravamento da crise ................................................. 68

3.6.4. Divulgar informações sobre riscos e como proceder para evitá-los ......................... 69

3.6.5. Identificar e evitar possibilidades de contaminação e propagação de doenças ......... 69

3.7. Ação: garantia da sobrevivência e restabelecemento das condições essenciais ........ 70

3.7.1. Fornecer água, suprimentos e abrigo ...................................................................... 71

3.7.2. Restabelecer rotas de acesso ................................................................................... 73

3.7.3. Restabelecer fornecimento de água, energia elétrica e comunicações...................... 73

3.8. Ação: gerenciamento da ajuda ................................................................................ 73

3.8.1. Gerenciar suprimentos e necessidade ..................................................................... 74

3.8.2. Gerenciar abrigos ................................................................................................... 75

3.8.3. Avaliar e monitorar os processos estabelecidos ...................................................... 76

3.9. Ação: restabelecimento da normalidade ................................................................. 76

3.9.1. Recuperar a funcionalidade da região atingida ........................................................ 77

3.9.2. Desmobilizar .......................................................................................................... 78

3.10. Considerações sobre a análise do framework (logística do pós-catástrofe) .............. 78

4. PROPOSTA DE ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS NECESSÁRIA

AOS PROCESSOS LOGÍSTICOS DO FRAMEWORK).................................... 82

4.1.1. Informações prévias para suporte a mobilização ..................................................... 83

4.1.2. Processo de avaliação situacional ........................................................................... 85

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4.1.3. Processo de avaliação logística ............................................................................... 86

4.2. Projeto lógico do banco de dados ........................................................................... 89

4.3. Implementação física do banco de dados – módulo exemplo .................................. 95

4.4. Considerações sobre o modelo conceitual e sua aplicação ...................................... 99

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 101

5.1. Conclusões ........................................................................................................... 101

5.2. Recomendações ................................................................................................... 103

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 105

7. APÊNDICES. ..................................................................................................... 107

7.1. Formulário de avaliação do modelo de atuação - logística pós-desastre natural

(APÊNDICE 1) .................................................................................................... 108

7.2. Modelo de atuação - logística pós-desastre natural (APÊNDICE 2) ...................... 109

7.2.1. Ação: Mobilização ............................................................................................... 110

7.2.2. Ação: Avaliação Situacional ................................................................................ 111

7.2.3. Ação: Avaliação Logística ................................................................................... 112

7.2.4. Ação: Primeiros socorros à população atingida..................................................... 112

7.2.5. Ação: Proteção à população atingida .................................................................... 113

7.2.6. Ação: Garantir a sobrevivência e restabelecer condições essenciais ...................... 115

7.2.7. Ação: Gerenciamento da ajuda e suprimentos até o restabelecimento da normalidade

............................................................................................................................ 116

7.2.8. Ação: Restabelecer a normalidade ........................................................................ 117

8. ANEXOS. ........................................................................................................... 118

8.1. Logística em operações de resposta segundo o Guia De Logística Operacional -

Logistics Cluster (ANEXO 1) .............................................................................. 119

8.1.1. Avaliação e planejamento .................................................................................... 119

8.1.2. Aquisição ............................................................................................................. 121

8.1.3. Transportes em emergências ................................................................................ 122

8.1.4. Alfândega ............................................................................................................ 123

8.1.5. Cadeia logística do frio ........................................................................................ 124

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8.1.6. Armazenagem e gestão de estoques ...................................................................... 124

8.1.7. Gestão de frotas ................................................................................................... 126

8.1.8. Distribuição ......................................................................................................... 127

8.1.9. Monitoramento e avaliação .................................................................................. 129

8.1.10. Gestão da qualidade ............................................................................................. 130

8.2. Logística em operações de resposta a desastres segundo o Instituto Fritz (ANEXO 2)

............................................................................................................................ 132

8.2.1. Avaliação ............................................................................................................. 132

8.2.2. Gestão da ajuda .................................................................................................... 132

8.2.3. Planejamento operacional..................................................................................... 132

8.2.4. Mobilização ......................................................................................................... 133

8.2.5. Operações internas ............................................................................................... 133

8.2.6. Coordenação entre agências ................................................................................. 134

8.2.7. Relatórios ............................................................................................................. 134

8.3. Logística em operações de resposta a desastres segundo a Unicef (ANEXO 3) ..... 135

8.3.1. Logística e fornecimento – tópico 6.5 em Emergency Field Handbook ................. 135

8.4. Logística em operações de resposta a desastres segundo Guia da Defesa Civil da

Nova Zelândia (ANEXO 4) .................................................................................. 143

8.4.1. Princípios para a resposta a desastres ................................................................... 143

8.4.2. Gerenciamento de informações de emergência ..................................................... 144

8.4.3. As medidas operacionais para gestão da informação durante uma emergência ...... 145

8.4.4. Evacuação em massa ............................................................................................ 146

8.4.4.1. Decidindo sobre abrigar no local ou evacuar ........................................................ 147

8.4.4.2. Como determinar a escala e o limiar para a evacuação ......................................... 148

8.4.4.3. Processo para a evacuação ................................................................................... 149

8.5. Logística em operações de resposta a desastres nos Estados Unidos (ANEXO 5) . 152

8.5.1. A resposta ............................................................................................................ 152

8.5.2. Ações de resposta ................................................................................................. 153

8.5.2.1. Responder ............................................................................................................ 153

8.5.2.2. Planejamento: um elemento crítico da resposta eficaz .......................................... 161

8.5.2.3. Critérios para planejamento de sucesso ................................................................ 161

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8.6. Logística em operações de resposta a desastres segundo o World Food Programme

(ANEXO 6) ......................................................................................................... 163

8.6.1. Portos................................................................................................................... 163

8.6.2. Corredores de rio ................................................................................................. 164

8.6.3. Campos de pouso de aeronaves ............................................................................ 164

8.6.4. Transporte rodoviário ........................................................................................... 166

8.6.5. Capacidade de transporte por caminhão e veículos leves ...................................... 166

8.6.6. Pontos de entrada por terra ................................................................................... 167

8.6.7. Transporte ferroviário .......................................................................................... 168

8.6.8. Instalações de armazenamento ............................................................................. 169

8.7. O Sistema de Controle de Operações no Brasil (ANEXO 7) ................................. 170

8.7.1. O SCO como ferramenta gerencial ....................................................................... 171

8.7.2. Instalações, áreas de acesso e recursos operacionais e logísticos segundo o Manual

Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações ..................... 172

8.7.3. Seção de logística ................................................................................................. 175

8.7.4. Implantação do SCO na resposta imediata ............................................................ 176

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 2.1 Principais processos logísticos associados às operações de resposta. ....................... 47

FIG. 3.1 Diagrama esquemático do framework. .................................................................... 55

FIG. 3.2 Esquema da ação de Mobilização ........................................................................... 56

FIG. 3.3 Esquema da ação de Avaliação Situacional . ........................................................... 58

FIG. 3.4 Esquema da ação de Avaliação Logística . .............................................................. 60

FIG. 3.5 Esquema da ação de Primeiros Socorros à População atingida . .............................. 64

FIG. 3.6 Esquema da ação de Proteção à População atingida . .............................................. 67

FIG. 3.7 Esquema da ação de Garantia da sobrevivência e restabelecimento das condições

essenciais . ............................................................................................................ 71

FIG. 3.8 Esquema da ação de Gerenciamentos da ajuda até o restabelecimento da normalidade

. ............................................................................................................................ 74

FIG. 3.9 Esquema da ação de Restabelecer a normalidade . .................................................. 76

FIG. 4.1 Diagrama de entidade-relacionamento do processo de Mobilização . ...................... 84

FIG. 4.2 Diagrama de entidade-relacionamento do processo de Avaliação Situacional . ........ 86

FIG. 4.3 Diagrama de entidade-relacionamento do processo de Avaliação Logística–Parte1 .

............................................................................................................................. 88

FIG. 4.4 Diagrama de entidade-relacionamento do processo de Avaliação Logística-Parte2 . 89

FIG. 4.5 Tabela “Localização-centro” do banco de dados . ................................................... 90

FIG. 4.6 Tabela “Responsabilidades-centro” do banco de dados . ......................................... 90

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FIG. 4.7 Tabela “Profissionais” do banco de dados . ............................................................. 91

FIG. 4.8 Tabela “Ongs-Instituições” do banco de dados ....................................................... 91

FIG. 4.9 Tabela “Área-vulnerável” do banco de dados . ........................................................ 91

FIG. 4.10 Tabela “População-vulnerável” do banco de dados . ............................................. 92

FIG. 4.11 Tabela “Áreas de Apoio” do banco de dados . ....................................................... 92

FIG. 4.12 Tabela “Hospitais” do banco de dados . ................................................................ 93

FIG. 4.13 Tabela “Veículos-Equipamentos” do banco de dados . .......................................... 93

FIG. 4.14 Tabela “Rotas” do banco de dados . ...................................................................... 93

FIG. 4.15 Tabela “Terceiros” do banco de dados . ................................................................ 94

FIG. 4.16 Tabela “Fornecedores_Suprimentos” do banco de dados . ..................................... 94

FIG. 4.17 Visão geral do banco de dados . ............................................................................ 95

FIG. 4.18 Tabela “Localização_centro” do banco de dados . ................................................. 96

FIG. 4.19 Formulário de entrada de dados “Dados dos Profissionais” . ................................. 97

FIG. 4.20 Relatório “Dados dos Profissionais” . ................................................................... 97

FIG. 4.21 Relatório “Lista de Profissionais” . ....................................................................... 98

FIG. 4.22 Relatório “Catálogo telefônico de Profissionais” . ................................................. 98

FIG. 4.23 Relatório “Profissionais relacionados por área de atuação” . ................................. 99

FIG. 8.1 Estrutura Organizacional na Operação de Resposta (Fonte: adaptada de Manual

Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações)................... 174

FIG. 8.2 Sugestão de estrutura organizacional para a seção de logística (Fonte: Manual

Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações)................... 176

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LISTA DE TABELAS

TAB. 2.2 Processos logísticos identificados nos documentos analisados . ............................. 45

TAB. 2.2 Ações da operação de resposta e processos logísticos relacionados . ...................... 49

TAB. 3.1 Ações e atividades logísticas nas operações de resposta a desastres naturais . ........ 52

TAB. 3.2 Atividades e responsabilidades na operação de resposta . ...................................... 80

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RESUMO

Logística é a chave para as operações de resposta a desastres e missões de ajuda humanitária. A rapidez e a qualidade do atendimento, fatores importantes para reduzir os impactos sociais e econômicos negativos em operações humanitárias em caso de emergência, são significativamente influenciados pelo grau de excelência das operações logísticas. As dificuldades logísticas enfrentadas numa situação de resposta a catástrofes são extremamente complexas. A infraestrutura física, como estradas, pontes e aeroportos, é muitas vezes destruída.

A capacidade de transporte, que está intimamente ligada à logística, usualmente é severamente limitada ou inexistente nessas situações. Como estabelecer processos logísticos adequados dentro dessas circunstâncias adversas tem sido um problema no contexto da ajuda humanitária. Assim, o objetivo deste estudo é a síntese de conceitos logísticos aplicados às operações de resposta a desastres e sua avaliação a fim de contribuir com uma metodologia que possa ser aplicada nestas situações no Brasil.

Desta forma, através da análise de sete documentos voltados aplicação da logística em operações de resposta a catástrofes e da leitura de diversos autores da área, o estudo realizado possibilitou um conhecimento mais amplo do atual estado de desenvolvimento da logística no setor humanitário em diversos países. A partir dessa análise, foi possível evidenciar um conjunto de processos logísticos relacionados ao sucesso das operações de resposta a catástrofes. Identificou-se ainda um conjunto de ações a partir das quais esses processos logísticos são operacionalizados. Buscou-se uma melhor exposição deste conhecimento através da composição de um framework voltado para a aplicação em campo nas operações de resposta a catástrofes no Brasil.

Ao longo do estudo, a percepção da possibilidade de uma preparação prévia para determinadas ações da operação de resposta levou ainda a criação de um protótipo de banco de dados, voltado a apoiar o processo decisório nas ações emergenciais da operação de resposta a catástrofes, sendo indicado seu uso principalmente nas regiões de maior vulnerabilidade a catástrofes no Brasil.

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ABSTRACT

Logistics is the key to disaster response operations and humanitarian aid missions. The length and quality of care, significant factors for reducing the negative social and economic impacts in humanitarian operations in an emergency, are significantly influenced by the degree of excellence in logistics operations. Nonetheless, the logistical challenges faced in a situation of disaster response are extremely complex. The physical infrastructure such as roads and bridges are often destroyed. The transport capacity, which is closely connected to the logistics, is often severely limited or non-existent in these situations. How to establish adequate logistics processes within these adverse circumstances has been an issue in the context of humanitarian aid. Thus, this study aims in synthesizing the logistics concepts applied to disaster response operations and their evaluation in order to contribute with a methodology that can be applied in these situations in Brazil.

Therefore, through the analysis of seven documents focused on the application of logistics concepts in disaster response operations and of several publications on the field of humanitarian logistics, the study enabled a broader knowledge of the current state of logistics in the humanitarian sector. From this analysis, it was possible to identify a set of logistics processes which are related to the success of disaster response operations. It was also proposed a set of actions through which these logistical processes are operationalized. In order to structure such actions, it was developed a framework, aimed at the application in the field of disaster response operations in Brazil.

Throughout the study, the perception of the possibility of preparedness for certain actions of the response operation also led to the creation of a prototype database, which supports the decision making process in the emergency actions of the disaster response operation. The application of this database is indicated mainly in the regions of greatest vulnerability to disasters in Brazil.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES

Anualmente, as organizações de ajuda humanitária coordenam bilhões de dólares em

ajuda a vítimas de desastres naturais, conflitos civis e guerras (Thomas, 2003). A principal

tarefa dessas organizações consiste na mobilização de financiamento e de suprimentos, além

da administração desta ajuda e sua distribuição a beneficiários vulneráveis em locais de

catástrofe em todo o mundo. Portanto, a logística é fundamental para operações de resposta a

desastres e missões de ajuda humanitária, incluindo processos característicos de uma cadeia

de suprimentos. Após o tsunami asiático de 2004, a logística obteve reconhecimento público

de seu papel nas operações de resposta a desastres (Thomas e Kopczac, 2005).

Os processos logísticos podem representar a parte mais cara em uma operação de resposta

a desastre (Thomas, 2003), de modo que a excelência dos processos gera economias dos

recursos mobilizados para o atendimento das necessidades da população atingida, tais como

saúde, alimentação, abrigo, água e saneamento básico. O tempo e a qualidade do atendimento,

fatores significativos para a redução dos prejuízos sociais e econômicos decorrentes em

operações humanitárias em caráter emergencial, são significativamente influenciados pelo

grau de excelência dos processos logísticos (Schulz, 2009). Entretanto, poucas agências de

ajuda humanitária têm priorizado a melhora no desempenho logístico e das operações da

cadeia de suprimentos (Altay, 2006). Assim, as operações de ajuda não têm sido tão eficientes

quanto poderiam ser com o emprego de metodologia e processos logísticos adequados.

Grandes catástrofes, como o tsunami asiático em 2004 ou o terremoto no Paquistão em

2005, mobilizam enormes quantidades de doações que sobrecarregam os aeroportos e

armazéns nas regiões afetadas. As agências de ajuda classificam, armazenam e distribuem

grande quantidade de suprimentos, havendo também a necessidade de descartar itens

inadequados ou enviados em demasia ou desacordo com as necessidades e cultura locais.

Pesquisas do Instituto Fritz realizadas em países afetados pelo tsunami, como a Índia e Sri

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Lanka, identificaram a inadequação da ajuda enviada em diversos casos (63 Un Chronicle, no.

4, 2005), como o excesso de doações de roupas femininas ao mesmo tempo em que havia

carência de vestuário masculino. Outro aspecto importante do departamento de logística de

organizações de ajuda humanitária é que ele pode ser o repositório de dados para análise pós-

catástrofe, sendo de grande ajuda para melhoria dos processos no futuro.

Desta forma, se faz extremamente necessário o emprego da logística de forma sistemática

nas operações humanitárias em geral e, principalmente, nas operações de resposta a desastres

devido ao seu componente emergencial. Apesar dos processos logísticos empregados nos

setor humanitário terem grande semelhança com os processos logísticos empresariais, a

logística humanitária diverge da empresarial em alguns aspectos, como a origem dos recursos

que no enfoque humanitário são obtidos por meio de doações, incentivos governamentais,

dentre outros e, também pelo objetivo principal, que no enfoque empresarial é obter lucro,

sendo este objetivo totalmente divergente no enfoque humanitário (Nogueira et. al., 2009).

Assim sendo, a logística humanitária apresenta desafios a serem superados.

1.2. DESAFIOS DA LOGÍSTICA HUMANITÁRIA

No contexto das operações de resposta aos desastres naturais, o processo logístico de

ajuda à população impactada vem sendo tratado como Logística Humanitária. Segundo

Nogueira et al., (2009), a base do desenvolvimento dos conceitos da Logística Humanitária

está nos objetivos da logística relacionados à cadeia de abastecimento comercial, ou seja,

vencer tempo e distância na movimentação de materiais e serviços de forma eficiente e eficaz.

Logística humanitária é definida como o processo de planejamento, implementação e

controle da eficiência do fluxo, do custo-benefício e da armazenagem de mercadorias e

materiais, bem como informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de

consumo com o propósito de aliviar o sofrimento das pessoas mais vulneráveis. A função

engloba uma gama de atividades, incluindo a preparação, planejamento, aquisição, transporte,

armazenagem, rastreamento e localização, e desembaraço aduaneiro (Thomas e Kopczak,

2005).

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Pesquisas do Instituto Fritz (http://www.fritzinstitute.org), referência mundial para

logística humanitária, identificaram a falta de reconhecimento da importância da logística, uso

inadequado da tecnologia e colaboração limitada como alguns dos desafios comuns em

logística humanitária (Thomas e Kopczak, 2005). Para Schulz (2009), é fundamental que as

organizações humanitárias decidam se a logística é parte de sua competência central ou uma

importante função de apoio que pode ser parcialmente ou totalmente terceirizada para

prestadores de serviços. Essa decisão influencia fortemente a configuração da cadeia de

suprimentos, bem como a gestão das operações de resposta aos desastres.

Segundo Oppenheim et al. (2001), o controle da aquisição e do fluxo de mercadorias para

a região do desastre é uma parte crítica das operações de resposta. O horizonte de tempo para

ajudar a população necessitada é quase sempre muito curto e normalmente os produtos

adquiridos têm que percorrer grandes distâncias até chegar à zona de desastre, a partir dos

centros de distribuição. Além disso, na maioria dos casos, os locais de desastre têm sua

infraestrutura de transporte danificada. A falta de informações em situações de desastre é mais

um grave problema, sendo desconhecidos inicialmente dados como o número de

sobreviventes e suas necessidades imediatas. Torna-se muito difícil o envio de suprimentos

quando a informação está dispersa em vários níveis dentro da cadeia logística, ou

simplesmente não é confiável. John Telford, do comissariado da ONU para refugiados,

sublinhou a importância crucial da logística nas operações humanitárias emergenciais com a

frase: “O assassino mais mortal em uma emergência humanitária não é a desidratação,

sarampo, desnutrição ou o tempo, é a má gestão” (Gad-el-Hak, 2008).

Após uma catástrofe, a mitigação de seus efeitos adversos torna-se a principal

preocupação. Segundo Gad-el-Hak (2008), os princípios de gestão são semelhantes para a

maioria dos tipos de desastres, especialmente aqueles que ocorrem repentina e intensamente.

A capacidade de organização e os recursos necessários para mitigar os efeitos adversos de um

furacão não são muito diferentes dos exigidos nas consequências de um terremoto. O alcance

do desastre é que determina a extensão da resposta requerida (Gad-el-Hak, 2008). Assim, há

uma série de conceitos logísticos passíveis de serem adaptados às especificidades das cadeias

humanitárias, podendo-se então definir um padrão de conduta para operações de resposta a

desastres, criando-se um método estruturado em conhecimentos anteriores e através do estudo

e da adequação das técnicas da logística empresarial para o âmbito da logística humanitária.

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A imprevisibilidade das catástrofes e da natureza do financiamento, que resultam em

operações com altas taxas de rotatividade de trabalhadores, tecnologia fragmentada, processos

manuais mal definidos, e a falta de aprendizagem institucional ao longo do tempo são também

grandes dificultadores da logística humanitária. Porém, a formalização do conhecimento,

através da captura e difusão de tecnologia de forma organizada, pode superar a falta de

conhecimento institucional em certa medida (Thomas, 2003), sendo então esta formalização

parte da resposta aos desafios da logística humanitária.

1.3. OBJETIVOS DO TRABALHO

Este trabalho tem como objetivo elaborar um procedimento logístico para subsidiar a

organização das operações de apoio humanitário em desastres naturais no Brasil e em outros

países com características climáticas e socioeconômicas similares.

Objetivos específicos:

• Analisar os principais processos logísticos utilizados por instituições internacionais no

contexto da ajuda humanitária em desastres naturais;

• Identificar os processos mais utilizados e as atividades básicas de atendimento a

população impactada;

• Proposta de um framework para subsidiar o processo de atuação na logística

humanitária no Brasil em resposta imediata ao desastre;

• Desenvolvimento de um protótipo de banco de dados para auxiliar o processo

decisório nas operações de resposta, através do provimento de informações necessárias

a essas decisões e que pudessem ser cadastradas de forma prévia, antecipando-se a

catástrofe, a fim de que esse protótipo seja usado principalmente nas regiões de alta

vulnerabilidade.

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1.4. JUSTIFICATIVA

Nas últimas três décadas, a ocorrência de desastres naturais vem aumentando

significativamente (Kovacs e Spens, 2009). Dada à escala de algumas catástrofes, a eficácia

da operação humanitária depende da coordenação de várias agências, o que contribui para

ampliar a complexidade operação de resposta a essas catástrofes. Outro ponto de importante

desafio, abordado por Gad-el-Hak (2008), é o gerenciamento do grande número de

voluntários. Além das condições de trabalho desses voluntários serem difíceis devido ao

desastre, voluntários com roupas e equipamentos inadequados e sem o correto treinamento,

muitas vezes causam atrasos nas operações.

Estudos do Banco Mundial lançados durante o evento Entendendo o Risco Brasil

(www.understandrisk.org/urbr) mostram quão devastadores foram os últimos desastres no

país. Os estudos se referem às enchentes em Santa Catarina em 2008, às chuvas em Alagoas e

Pernambuco em 2010 e às inundações e deslizamentos de terra na Região Serrana do Rio de

Janeiro em 2011 e desmentem o senso comum de que o Brasil é um país com baixo risco de

catástrofes, que deriva do fato de não ser usualmente afetado por furacões e terremotos de

grande magnitude. Um relatório divulgado durante a 18ª sessão da Conferência das Partes da

UNFCCC (COP18, http://unfccc.int/meetings/doha_nov_2012/meeting/6815.php) indica os

dez países mais afetados por desastres naturais, sendo que o Brasil ocupa a sexta posição. O

estudo apurou que, em 2011, mais de mil brasileiros morreram em função dos eventos

climáticos extremos e os prejuízos causados por desastres climáticos custaram US$ 4,7

bilhões ao Governo Federal.

Desta forma, além de ações preventivas, há a necessidade de que se desenvolvam

estratégias mais efetivas a serem empregadas na operação de resposta a desastres naturais no

Brasil, de forma a reduzir os prejuízos sociais e econômicos a partir de operações eficientes.

Tendo em vista a escassa produção acadêmica sobre o tema no Brasil, identifica-se a

necessidade de desenvolvimento de um estudo para determinar e mapear, com base na

experiência de instituições internacionais, os principais processos de logística neste contexto,

de maneira a subsidiar as operações de resposta aos desastres naturais no Brasil.

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1.5. METODOLOGIA

Este estudo é baseado em uma pesquisa bibliográfica e na análise de manuais de atuação

em operações emergenciais, de textos produzidos por agências voltadas ao desenvolvimento e

aplicação da logística no setor de humanitário e na compilação de experiências de campo

apresentadas por agências de ajuda humanitária internacionais. Procede-se então a

identificação dos processos logísticos e ações de aplicação nas operações de resposta a

catástrofes aconselhadas nestes documentos resultando em um framework de apoio a

operações de resposta a catástrofes.

Esse framework é submetido à avaliação de dez profissionais, entre eles pesquisadores

de logística humanitária e atuantes em operações de resposta a catástrofe. Após a validação

dos processos logísticos recomendados, de forma a garantir sua adequação à realidade de

países com condições similares à do Brasil, compila-se a versão final deste framework.

A partir de então se propõe a estrutura de um banco de dados de apoio às ações

constantes do framework, apresentando também seu projeto lógico e um protótipo

desenvolvido em Microsoft Access.

1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO

A dissertação inicialmente compreendeu uma busca de trabalhos em todo o mundo

visando caracterizar a abrangência da logística e determinar sua contribuição nas operações de

resposta aos desastres e missões humanitárias. Assim sendo, o presente trabalho apresenta

alguns conceitos relacionados ao tema e tece considerações sobre estes, a partir da verificação

de diversos autores ligados à área, sugerindo um modelo conceitual, a partir desta pesquisa e

seus resultados, apresentados com a seguinte estrutura:

• No capítulo 1 (um) apresentam-se as considerações gerais, o objetivo, a justificativa e

a estrutura do trabalho;

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• No capítulo 2 (dois) procede-se a análise de manuais de instituições que atuam em

operações de ajuda humanitária, juntamente com a apreciação dos conceitos abordados

por institutos que buscam o desenvolvimento da logística neste setor e também

manuais da defesa civil dos Estados Unidos e da Nova Zelândia, países com sólida

experiência na atuação em operações de resposta a catástrofes, além de um manual

brasileiro sobre gerenciamento de emergências. Ainda no capítulo 2 identificam se os

principais processos logísticos a serem aplicados nas operações de resposta às

catástrofes e sua ligação com as ações relacionadas a estas operações;

• No capítulo 3 (três) propõe-se um framework contendo as ações para as operações de

resposta às catástrofes, avaliado por especialistas da área;

• No capítulo 4 (quatro) sugere-se a estrutura de um banco de dados para apoiar as

operações de resposta às catástrofes e apresenta-se uma implementação desse banco de

dados;

• No capítulo 5 (cinco) apresentam-se as conclusões e recomendações do trabalho;

• O trabalho apresenta ainda os ANEXOS de 1 até 7, onde constam os resumos dos

textos dos manuais apresentados no capítulo 2 e a versão preliminar do framework do

capítulo 3, que foi submetida à avaliação de especialistas em logística humanitária.

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2. LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES

A logística empresarial e a gestão das cadeias de suprimentos comerciais são operações

sofisticadas com base na previsão de demanda, controle de estoque e uma série de modelos

que aperfeiçoam um sistema dinâmico e em rápida mudança (Logistics Operational Guide,

http://log.logcluster.org). As cadeias de suprimentos humanitários apresentam operações

semelhantes à logística comercial, mas diferem nos seguintes pontos: (i) a demanda é

imprevisível em termos de tempo, localização geográfica, tipo e quantidade de mercadoria;

(ii) os prazos de entrega são muito curtos; e (iii) existe uma rapidez na demanda de grande

variedade e grandes quantidades de produtos e serviços, além da falta de recursos iniciais em

termos de oferta, recursos humanos, tecnologia, capacidade e financiamento (Logistics

Operational Guide, http://log.logcluster.org).

Existe uma série de conceitos logísticos passíveis de serem adaptados às especificidades

das cadeias humanitárias. Assim sendo, vários esforços foram e ainda estão sendo

evidenciados no sentido de buscar a melhor definição para caracterizar a abrangência da

logística e definir sua melhor contribuição nas operações de resposta a desastres e missões

humanitárias. Neste sentido, o presente estudo busca consolidar, neste capítulo,

conhecimentos anteriores, baseados em experiências de instituições internacionais, e técnicas

da logística empresarial para o âmbito das operações humanitárias. Portanto, neste capítulo,

são apresentados sete manuais relacionados a operações de resposta, dois desses trabalhos

foram produzidos por instituições voltadas para o estudo e disseminação de conceitos de

logística no setor humanitário (Logistics Operational Guide da Log Cluster Org e

Humanitarian Logistics: Enabling Disaster Response do Instituto Fritz), dois são manuais de

atuação em operações de resposta a catástrofes (National Response Framework dos Estados

Unidos e The Guide to the National Civil Defence Emergency Management Plan da Nova

Zelândia), dois são manuais de organizações não governamentais com vasta experiência em

logística humanitária (Emergency Field Handbook - A Guide For UNICEF Staff da UNICEF

e Emergency Field Operations Pocketbook do WFP) e por último, o Manual Gerenciamento

de Desastres – Sistema de Comando em Operações (Oliveira, 2009) utilizado pela Defesa

Civil brasileira e que trata da administração da operação de resposta a catástrofes no Brasil.

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Este não aborda de forma sistemática os processos logísticos do pós-catástrofe, mas foi

considerado relevante ao estudo por se relacionar à operação de resposta a emergências, área

pouco estudada no país, sendo uma publicação importante dentro da escassa produção

acadêmica pautada na área no Brasil.

2.1. LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES SEGUNDO O

LOGISTICS OPERATIONAL GUIDE – LOGISTICS CLUSTER ORGANIZATION

O site Logistics Cluster (http://log.logcluster.org) apresenta o Logistics Operational

Guide, uma ferramenta desenvolvida por representantes de dezoito organizações humanitárias

a partir da compilação de vinte e oito manuais acadêmicos, de organizações não

governamentais e privadas que visa aumentar a eficácia e rapidez de resposta no atendimento

das principais necessidades da ajuda humanitária.

O Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org) traz as melhores práticas a

serem adotadas em operações de resposta a desastres, servindo de base de conhecimento

logístico aplicado a essas operações, além de estabelecer objetivos gerais a serem seguidos,

dentro dos seguintes processos: Avaliação e Planejamento, Aquisição, Transporte, Alfândega,

Cadeia de Frio, Armazenagem e Gerenciamento de Estoque, Gestão de Frotas, Distribuição,

Monitoramento e Avaliação, Controle de Qualidade. No ANEXO 1, são apresentados os

principais objetivos estabelecidos pelo Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org)

que de forma resumida compreendem:

• Avaliação e Planejamento: a avaliação logística identifica a extensão do impacto

(através de uma avaliação situacional) e as necessidades logísticas (através de uma

avaliação da capacidade). Os resultados da avaliação logística são fundamentais para

permitir a tomada de decisões adequadas, planejamento e organização eficaz para a

operação de resposta;

• Aquisição: o Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org) aconselha que o

processo de aquisição para fins de resposta de emergência seja desenvolvido em

quatro passos: (i) identificação das necessidades; (ii) especificação dos produtos e

serviços; (iii) obtenção das fontes, definição e encomendas; e (iv) gestão de fornecedor

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para garantir a entrega correta no tempo certo;

• Transporte: o processo de gestão dos transportes em caso de emergências é

complexo, dependente da natureza e das consequências do desastre e com tempos de

entrega muito curtos. Esta gestão está sujeita às condições de segurança e da

infraestrutura do local (como vias, portos e aeroportos que podem ter sido danificados)

e também à demanda que usualmente está muito acima do normal;

• Alfândega: a principal função dos serviços aduaneiros envolve a aplicação de

proibições e restrições de coleta, contabilidade de segurança, receitas e facilitação do

comércio. Compreender esse aspecto e saber como controlá-lo é essencial para

garantir que as mercadorias possam circular de forma eficiente e em tempo hábil;

• Cadeia de Frio: na gestão da cadeia logística do frio, é essencial que seja garantida

uma temperatura constante para produtos instáveis se submetidos ao calor, como

vacinas e alguns medicamentos. Assim, é necessária a devida adequação do transporte

e do manuseio destes produtos. Com este objetivo, a equipe de logística deve ser

treinada para manusear e gerenciar esses materiais;

• Armazenagem e Gerenciamento de Estoque: em situações de catástrofes, há

escassez de edificações adequadas ou localizações ideais com o espaço suficiente para

armazenamento do volume e diversidade de produtos manuseados. Isso pode causar

um aumento significativo nos custos. As técnicas de gestão de estoques precisam ser

implementadas para evitar excedentes, desperdício e garantir adequada rotação de

estoques para evitar perdas devido a prazos de validade expirados;

• Gestão de Frotas: A identificação das necessidades da frota depende da natureza da

emergência e operações, o tamanho e a área de operação. Outros aspectos importantes

a serem considerados na gestão de frotas são o processo de aquisição dos veículos,

seguro e a gestão do próprio veículo;

• Distribuição: no contexto humanitário, a distribuição é visualizada a partir de três

perspectivas: a circulação de mercadorias do ponto de compra ao ponto de uso final, a

circulação de mercadorias de um local dentro da organização para outro local dentro

da mesma organização e da perspectiva em que as mercadorias são entregues pela

organização aos beneficiários ou organização parceira;

• Monitoramento e Avaliação: se faz necessário o monitoramento contínuo do

processo logístico para que suas deficiências sejam corrigidas a fim de melhorar o

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desempenho da operação, reduzindo o risco de exposição a problemas maiores e

fortalecendo a resposta às necessidades dos beneficiários. Os principais aspectos a

serem monitorados são o tempo de resposta, o status de pedidos, a eficiência e os

custos totais da cadeia;

• Controle de Qualidade: a gestão da qualidade neste tipo de evento visa garantir a

conformidade dos resultados, incluir processos de melhoria contínua, bem como

aumentar a satisfação do usuário levando a menos sofrimento para os beneficiários.

Alguns aspectos que podem ser aplicados em situações de emergência são o

desenvolvimento de procedimentos padrão de trabalho, o uso de sistemas de apoio

para o controle da qualidade, a verificação das entregas garantindo que atendam aos

requisitos, entre outros.

2.2. LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES SEGUNDO O

INSTITUTO FRITZ

O Instituto Fritz é uma organização sem fins lucrativos, trabalhando junto a governos e

outras instituições de ajuda humanitária e também empresas ao redor do mundo com o

objetivo de apontar soluções e as melhores práticas para resposta a desastres. O instituto Fritz

foi fundado em 2001, por Lynn Fritz, empreendedor social e filantropo que reconheceu que as

operações humanitárias precisam ser apoiadas por fortes recursos nos bastidores: processos

operacionais efetivos, uso apropriado de tecnologias, pessoal bem treinado em logística,

métricas de desempenho e aprendizagem institucional através do setor humanitário

(www.fritzinstitute.org).

O Instituto Fritz recomenda no documento Humanitarian Logistics: Enabling Disaster

Response (Thomas, 2003) os principais processos de logística que devem compor uma

operação de resposta a desastres como sendo Avaliação, Gestão da Ajuda, Planejamento

Operacional, Mobilização, Operações Internas, Coordenação entre Agências e Relatórios,

apresentados em detalhes no ANEXO 2 e resumidos a seguir:

• Avaliação: uma equipe de avaliação com experiência pessoal em áreas como água,

saneamento, saúde e nutrição deve ser enviada à área afetada nas primeiras 24 horas

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da crise para realizar a avaliação;

• Gestão da Ajuda: nesses eventos, muito dos suprimentos obtidos por doações, que

podem ser em dinheiro ou em espécie. A logística deve trabalhar para garantir que

doações em espécie sejam adequadas e úteis para a necessidade de socorro.

Simultaneamente, quaisquer suprimentos já disponíveis antecipadamente para a

organização devem ser avaliados e atividades de aquisição devem ser iniciadas, caso

necessário;

• Planejamento Operacional: deve ser feito de forma que a distribuição de

suprimentos seja coordenada juntamente às atividades de socorro, tais como reparação

de infraestrutura e também com a construção de hospitais de campanha se necessário;

• Mobilização: o documento Humanitarian Logistics: Enabling Disaster Response

(Thomas, 2003) relaciona a este processo principalmente a mobilização de

suprimentos e capacidade de distribuição destes, destacando a importância das

atividades de cada função estarem ligadas com a função anterior para evitar atrasos

nos pontos de entrega da rede logística;

• Operações Internas: é ressaltada, neste ponto, a manutenção de processos de controle

de qualidade e registro das atividades a fim de que o desempenho da operação possa

ser medido e codificado as lições para melhoria de operações futuras;

• Coordenação entre Agências: É necessário que haja uma coordenação entre as

agências humanitárias que atuam no local do desastre para evitar a competição por

transporte, local de armazenagem, pessoal, etc.;

• Relatórios: ressalta-se a necessidade de comunicação organizada, de forma a passar a

correta informação a doadores, mídia e também ainda a possibilidade de uso de

relatórios emitidos para melhoria da operação.

2.3. LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES SEGUNDO A

UNICEF

Desde a sua criação, a UNICEF trabalha para salvar vidas e assegurar assistência e

proteção às crianças em situações de emergência, tanto naturais como provocadas pelo

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homem. A orientação da resposta da UNICEF em situações humanitárias é que as crianças em

meio aos desastres naturais e conflitos armados têm as mesmas necessidades e direitos que as

crianças em situações estáveis (UNICEF, 2005). Emergências têm crescido e cada vez são

mais complexas e o seu impacto é especialmente devastador sobre os mais vulneráveis.

Assim, visando cada vez mais atender o que considera um imperativo humanitário, a UNICEF

desenvolveu um manual a ser utilizado como uma ferramenta prática pelo seu pessoal em

campo, a fim de atender às necessidades de crianças e mulheres afetadas por catástrofes.

O Emergency Field Handbook - A Guide for UNICEF Staff (UNICEF, 2005) está

estruturado em torno dos compromissos da UNICEF para crianças em emergências. Estes

compromissos fazem uma distinção clara entre salvar vidas, que deve ser efetuado

imediatamente (dentro das primeiras seis a oito semanas de qualquer crise) e um espectro

mais amplo de atividades essenciais que podem ser adicionados uma vez que uma resposta

inicial está bem estabelecida. Embora essa distinção seja mais clara para emergências, a

UNICEF sugere que a lógica destes compromissos fundamentais deve ser aplicada a todas as

crises humanitárias: concentrar-se primeiro sobre as intervenções que provaram ser essenciais

para a sobrevivência imediata e proteção (UNICEF, 2005).

A UNICEF tem atualmente uma logística bem desenvolvida no setor humanitário e, em

caso de emergência, utiliza três abordagens simultaneamente: abastecimento de hubs, uma

rede global de compras e acordos de longo prazo. Cada fonte hub possui reservas de

emergência para 100.000 pessoas. Os elementos detidos nos centros incluem itens como

cobertores, utensílios de cozinha, lonas, garrafas de água e mosquiteiros. A rede global de

compras é um grupo de escritórios nacionais que podem ajudar na aquisição e envio de itens

em curto prazo. Os contratos de longo prazo permitem encomendas de itens de série

diretamente de determinados fornecedores e estipulam um nível mínimo de disponibilidade de

estoque no caso de exigência de emergência.

O processo de abastecimento em situações de emergência é o mesmo que em outras

situações. Os passos seguintes são obrigatórios:

• Planejamento de Abastecimento (identificação de necessidades);

• Planejamento de logística (armazenagem e rede de distribuição);

• Contrato de fornecimentos (provisão orçamentária, licitações, contratos);

• Expedição (prazos estabelecidos, escolhas de transporte, desembaraço aduaneiro e

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recepção);

• Armazenamento e manuseio (armazenagem);

• Distribuição no país (que estabelece opções de malha, transporte e monitoramento da

entrega).

A Emergency Field Handbook - A Guide For UNICEF Staff (UNICEF, 2005) apresenta

um capítulo denominado “Logística e Fornecimento” que é um guia institucional sobre as

medidas a se tomar na área de suprimentos e logística quando da atuação desta agência em

operações emergenciais. O capítulo contém informações essenciais e propostas sobre os

métodos de orçamentos de transporte e frete, recomendações sobre procedimentos

alfandegários e uma visão geral do que precisa ser considerado para se armazenar e

transportar suprimentos na situação de emergência. Além disto, o documento Emergency

Field Handbook - A Guide For UNICEF Staff (UNICEF, 2005) traz também uma série de

conceitos dispostos em seus demais capítulos, que estão diretamente ligados à logística

necessária em operações de desastres naturais, tais como as considerações sobre a cadeia de

frio, apresentadas no tópico saúde e nutrição deste, e outros conceitos relevantes como os

tratados no tópico higiene e saneamento do mesmo.

São apresentadas no ANEXO 3, as principais ideias estabelecidas no documento

Emergency Field Handbook - A Guide for UNICEF Staff (UNICEF, 2005), a partir da

experiência da UNICEF em operações de ajuda humanitária em situações de emergência,

abrangendo desde as ações imediatas a serem tomadas no início de uma crise, aspectos

importantes a serem observados em transportes, estratégias de armazenagem e gestão de

estoques e a atuação das células de logística da ONU nas situações de crise. Alguns dos

aspectos destacados no manual da UNICEF são:

• A necessidade de assegurar a presença de uma equipe de abastecimento e logística no

local da crise;

• Avaliar a provável escala do incidente;

• Incluir preocupações com logística e fornecimento desde o início do planejamento da

operação;

• Verificar as opções de armazenagem e transportes, bem como condições e regras

gerais de portos e aeroportos;

• A criação de um plano de logística de emergência; e

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31

• A avaliação dos suprimentos disponíveis localmente.

A UNICEF também ressalta ainda, não como ação emergencial, mas de destacada

importância, a parceria com outras organizações.

2.4. LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES SEGUNDO GUIA

DA DEFESA CIVIL DA NOVA ZELÂNDIA

O Guide to the National Civil Defence - Emergency Management Plan foi publicado em

2006 e revisado em 2009 na Nova Zelândia e tem por objetivo prover efetivo gerenciamento e

reduzir o impacto dos desastres nas comunidades e população deste país, através de uma

resposta planejada e coordenada com a participação de todos os níveis governamentais. Esse

guia está preparado para suportar esta finalidade, alinhado e integrado as estratégias, políticas,

regulamentações e programas governamentais na Nova Zelândia.

Assim, a Nova Zelândia apresenta neste guia o processo de gerenciamento em respostas a

emergências, sendo que os processos logísticos estabelecidos são de responsabilidade dos

CDEM groups (grupos de Defesa Civil e Gerenciamento de Emergências) locais, existentes

neste país. Os objetivos da resposta de emergência tratados neste manual incluem a

preservação da vida, evitar a escalada da situação de emergência, a manutenção da lei e da

ordem, o socorro a feridos e dependentes em termos de primeiros socorros médicos e bem-

estar, a prestação de serviços essenciais (comida, abrigo, informações e meios de

comunicação), a preservação da governabilidade, a proteção de ativos, a proteção dos recursos

naturais e físicos e a preservação da atividade econômica.

De acordo com o guia, as agências (CDEM groups) devem responder a uma emergência,

ativando os seus próprios planos em coordenação com a agência líder do país. Cada agência,

operando dentro de sua própria competência, deve coordenar com outras agências para:

• Avaliar o impacto de um evento em seu próprio pessoal, ativos e serviços;

• Ativar sua própria continuidade e medidas de emergência;

• Manter ou restabelecer os serviços que presta;

• Comunicar-se com agências líderes e o público; e

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• Alinhar as atividades de resposta com outras agências para evitar lacunas e

duplicações.

Além disso, os serviços de emergência são responsáveis por avaliar o efeito do evento na

comunidade, coordenar os esforços locais e comunicar avaliações e ações com a agência líder

apropriada. Entretanto, é importante ressaltar que o The Guide to the National Civil Defence -

Emergency Management Plan (Ministry of Civil Defence & Emergency Management of New

Zealand, 2009) aventa principalmente o gerenciamento da informação na crise e o processo

de evacuação em uma emergência, sendo este tratado sob os aspectos da decisão de se

evacuar ou não, da determinação da escala e do limiar para a evacuação e de como se deve

realizar o processo durante a crise. O ANEXO 4 trata de maneira resumida o gerenciamento

das operações de resposta a emergências abordado no documento The Guide to the National

Civil Defence - Emergency Management Plan (Ministry of Civil Defence & Emergency

Management of New Zealand, 2009).

2.5. LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES NOS ESTADOS

UNIDOS

O National Response Framework (FEMA, 2008) é um guia de como os Estados Unidos

gerencia operações de resposta a emergências. Ele é construído sobre estruturas de

coordenação flexíveis, adaptadas para alinhar os principais papéis e responsabilidades em

todo o país, ligando todos os níveis de governo, organizações não governamentais e do setor

privado. A intenção é definir autoridades específicas e as melhores práticas para gerenciar

incidentes que vão desde grave, mas meramente local, a ataques terroristas ou desastres

naturais catastróficos de larga escala.

Este guia explica a disciplina comum e as estruturas que foram utilizadas e que

amadureceram a nível local, estadual e nacional ao longo do tempo. Ele descreve as principais

lições aprendidas com os furacões Katrina e Rita, concentrando-se particularmente sobre a

forma como o Governo Federal está organizado para apoiar as comunidades e os estados em

incidentes catastróficos. Mais importante, ele se baseia no Sistema Nacional de

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Gerenciamento de Incidentes (NIMS), que fornece um modelo consistente para o

gerenciamento de incidentes.

O National Incident Management System (NIMS) é um documento (companion) que

provê os comandos e estruturas básicas de gerenciamento que devem ser aplicadas nas

atividades de resposta. Este documento fornece um modelo consistente para habilitar o

governo federal, estadual, governos locais, o setor privado e as ONGs a trabalharem juntos e

se preparar para responder e se recuperar de um incidente, bem como mitigar os efeitos

destes, de acordo com sua causa, tamanho, localização ou complexidade.

Assim, a estratégia estabelecida neste guia reflete a maior compreensão das ameaças com

que se confrontam os Estados Unidos, incorpora as lições aprendidas a partir de exercícios e

das catástrofes do mundo real, e se articula sobre a realização dos seguintes objetivos:

a) Prevenir e interromper os ataques terroristas;

b) Proteger o povo americano e a infraestrutura crítica e recursos essenciais;

c) Responder e se recuperar de incidentes que ocorrem;

d) Continuar a reforçar a base para assegurar o sucesso de longo prazo nesta área.

No entanto, o guia se concentra principalmente no terceiro objetivo: responder e se

recuperar de incidentes que ocorrem. A estratégia também fornece o contexto que, dada a

certeza de catástrofes no solo americano, não importa quão sem precedentes ou

extraordinários, é dever coletivo fornecer a melhor resposta possível. Afirma que, quando

necessário, serão utilizados os recursos totais da nação para salvar vidas, reduzir o sofrimento

e proteger a propriedade.

Após os ataques de 11 de setembro, esforços mais urgentes foram feitos nos Estados

Unidos para compreender e aplicar princípios comuns de resposta e gerenciamento de

incidentes e para desenvolver guias de planejamento comuns. Assim, foram definidos e

apresentados neste guia, os princípios fundamentais de resposta a incidentes, os participantes,

suas funções e estruturas que norteiam as operações de resposta a catástrofes nos Estados

Unidos, tratados então a partir de quatro tópicos fundamentais: obter e manter a consciência

situacional; ativar e implantar os principais recursos e capacidades; coordenar ações de

resposta e; desmobilizar. O guia ressalta ainda que a resposta exige hierarquia e capacidade de

apoio mútuo, destacando a importância da cooperação entre agências do setor público, setor

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privado e organizações não governamentais, tratando ainda o planejamento da operação de

forma ímpar.

A abordagem do planejamento da operação e destes quatro tópicos e apresentadas no

documento National Response Framework (FEMA, 2008) constam no ANEXO 5 e são

expostas em linhas gerais a seguir:

• Planejamento da operação: este planejamento permite que se influencie o curso dos

acontecimentos em caso de emergência, determinando antecipadamente as ações,

políticas e processos que serão seguidos, orientando as atividades de preparação para

outras ações, e contribui para a unidade do esforço;

• Obter e manter a consciência situacional: o guia preconiza neste tópico a

importância de fornecer rapidamente informações precisas e acessíveis aos tomadores

de decisão, o compartilhamento de informações e a colaboração de especialistas

técnicos experientes que possam identificar os elementos críticos da informação a fim

de desenvolver uma imagem operacional comum, bem como a padronização dos

procedimentos neste setor;

• Ativar e implantar os principais recursos e capacidades: a partir da consciência da

situação, deve-se identificar e priorizar os requisitos e ativar os recursos e capacidades

disponíveis para salvar vidas, proteger a propriedade e o meio ambiente. Para tal, é

importante comunicar claramente os requisitos de maneira que os recursos possam ser

eficientemente mobilizados ou colocados em alerta conforme as necessidades. Ainda,

a mobilização e a implantação dos processos serão mais eficazes quando suportados

pelo planejamento, que deve incluir trabalhos de roteirização prévia da missão,

previsão e contratação antecipada de recursos;

• Coordenar ações de resposta: neste tópico, o guia estabelece como atividades

prioritárias o gerenciamento das ações emergenciais destacando, por exemplo, o

estabelecimento de condições para o fluxo de voluntários e mercadorias para a região

afetada; a coordenação das ações iniciais como salvamento, combate a incêndios, e

serviços de emergência médica, combate de emergência à inundação, evacuações,

desvios de transporte e informações de emergência para o público; a coordenação dos

pedidos de apoio; a identificação e integração dos recursos e a gestão da informação;

• Desmobilizar: a desmobilização deve começar o mais cedo possível para facilitar a

prestação de contas dos recursos e ser totalmente coordenada com o gerenciamento de

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incidentes, proporcionando o retorno dos recursos a seu estado normal de forma

organizada e sem perdas.

2.6. LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES SEGUNDO O

WORLD FOOD PROGRAMME

Como uma organização humanitária de relevância mundial, o World Food Programme

(WFP) tem experiência no fornecimento de ajuda alimentar para salvar vidas. Em média, o

WFP oferece alimentos a noventa milhões de pessoas afetadas por situações de emergência ou

que sofrem de fome crônica anualmente em todo o mundo (http://www.wfp.org/). Segundo o

documento Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002), o impacto crescente de

catástrofes naturais e a contínua instabilidade política e os conflitos conduzem ao

agravamento da fome e do sofrimento humano em todo o mundo nos próximos anos e levam a

um grande aumento de pessoas que necessitam de assistência alimentar de emergência.

Com o objetivo de melhorar sua capacidade profissional e garantir que esteja preparado

para ajudar os que necessitam, o World Food Programme reúne conceitos derivados de sua

experiência de atuação em operações humanitárias emergenciais em uma publicação

denominada Emergency Field Operations Pocketbook, publicado em 2002, destinado a ser um

manual usado em campo (WFP, 2002).

O Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002) traz em seu capítulo 9

(Logistics) um checklist de Avaliações de Capacidade Logística (LCAs) para ser usado

quando surge uma emergência, além de tratar pontos importantes a serem observados

referentes à armazenagem de suprimentos e transportes, bem como uma série de conceitos

derivados de sua longa experiência em operações humanitárias, tratando desde a cooperação

entre agências até preceitos de comunicação que devem ser observados mesmo em situações

emergenciais.

De acordo com o Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002), a avaliação

logística deve englobar a verificação dos seguintes itens:

• Áreas de risco, como cadeias montanhosas, áreas propensas à inundação, pontes

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estragadas ou vulneráveis, travessias de balsa ou rotas que são suscetíveis a

deslizamentos de terra ou problemas de segurança;

• Efeitos sazonais esperados em transporte, armazenamento e operações de controle;

• A situação de segurança na área de operações e ao longo das rotas relevantes,

rodoviárias, ferroviárias e corredores de rio;

• A segurança atual de locais de armazenagem e potenciais medidas de segurança para

proteger ações, transportes e também armazéns (incluindo possíveis necessidades e

disponibilidade, bem como o custo de escoltas e as implicações do uso destas);

• O potencial político ou militar em transporte, armazenamento e operações de controle;

• Principais rotas de transporte: rodoviários, ferroviários e aquaviários - incluindo

pontos de transbordo – portos, aeroportos, pistas de aterrissagem e heliportos que

servem a zona de emergência.

O Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002) sugere que os itens listados

sejam conferidos em termos de: (a) situação e capacidade atuais; (b) o impacto do desastre; e

(c) qualquer mudança esperada no futuro previsível. No ANEXO 6 são apresentados

resumidamente os artigos do checklist de Avaliações de Capacidade Logística (LCAs) para

emergências, tratados no Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002).

2.7. O SISTEMA DE CONTROLE DE OPERAÇÕES NO BRASIL

Conforme explicado previamente, o Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de

Comando em Operações (Oliveira, 2009) não se relaciona diretamente aos já apresentados

neste capítulo por não abordar de forma sistemática os processos logísticos de uma operação

de resposta a emergências. Entretanto, apesar de tal diferença, considera-se este manual

relevante ao estudo por ser uma publicação nacional que discute as estratégias necessárias

para padronizar ações de resposta em desastres de qualquer natureza ou tamanho,

apresentando um modelo de atuação que adota uma estrutura organizacional integrada para a

operação de resposta aos desastres. Este manual estabelece as bases para o gerenciamento de

catástrofes no Brasil, uma vez que trata da implantação de um comando unificado para

resposta a desastres, sendo importante sua análise neste estudo. Além disto, não foi

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encontrado textos brasileiro que abordasse os processos logísticos voltados a operações de

resposta a emergência.

Apresentam-se aqui as principais diretrizes relacionadas neste manual. Essas diretrizes

visam estabelecer a base para solucionar uma série de problemas característicos das operações

de resposta a desastres como, por exemplo, a falta de uma estrutura clara de comando, a

dificuldade em estabelecer objetivos e prioridades comuns entre os organismos integrantes da

operação, a falta do uso de uma terminologia comum entre os envolvidos, dificuldades de

integração e padronização nas comunicações, a dificuldade no estabelecimento de áreas,

acessos e instalações, relacionamento precário com a imprensa e outros (Oliveira, 2009).

O Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações (Oliveira,

2009) propõe uma abordagem sistêmica para as operações de resposta aos desastres. Assim, o

planejamento e as ações de resposta ao desastre devem ser realizados a partir de um

entendimento integral da realidade e por meio de fluxos sucessivos de ações (planejamento,

organização, direção e controle). A estrutura organizacional da operação deve capaz de

adaptar-se ao ambiente, se expandindo ou diminuindo conforme a necessidade. Tal modelo é

garantido mediante o emprego de estruturas administrativas modulares e flexíveis de comando

e comunicação que fazem com que a estrutura se adapte de acordo com os objetivos

estabelecidos. Assim, o Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em

Operações (Oliveira, 2009) recomenda que sejam estabelecidos nas operações de resposta os

seguintes procedimentos:

• Emprego de terminologia comum: deve ser adotado para facilitar a comunicação

entre as pessoas e as organizações envolvidas na operação, evitando-se o uso de

códigos e expressões peculiares a uma determinada atividade ou organização;

• Uso de formulários padronizados: o formato dos formulários, além do seu fluxo

previamente determinado, estabelece os canais de comunicação, consolidando o plano

de ação;

• Estabelecimento e transferência formal de comando: evita que as organizações

envolvidas atuem independentemente, por comando próprio, sem considerar recursos,

objetivos e prioridades comuns;

• Cadeia e unidade de comando: deve haver um caminho por onde fluem as ordens,

orientações e informações entre os diferentes níveis organizacionais e cada indivíduo

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deve responder a apenas uma pessoa, a quem deve reportar-se durante toda a operação;

• Comando único ou unificado: o comando único é estabelecido quando apenas um

elemento é responsável por todo o comando da operação, no caso de apenas uma

agência envolvida. No caso de diversas agências envolvidas, deve ser estabelecido um

comando unificado, com a participação de representantes destas agências;

• Organização modular e flexível: apenas as funções realmente necessárias para o

alcance dos objetivos devem ser implantadas;

• Administração por objetivos: devem ser estabelecidos objetivos claros e nestes deve

estar claro que desempenho se espera que ele apresente e que contribuição se espera de

cada setor;

• Uso de planos de ação: o plano de ação fornece às pessoas e organizações envolvidas

uma ideia geral da situação, dos recursos disponíveis e, especialmente, dos objetivos e

prioridades a alcançar num determinado período;

• Adequada amplitude de controle: se refere ao número ideal de pessoas que um

superior pode supervisionar pessoalmente, de maneira eficiente e eficaz;

• Instalações e áreas padronizadas: as principais instalações (espaços físicos móveis

ou fixos) recomendadas pelo Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de

Comando em Operações (Oliveira, 2009) é o posto de comando, a base de apoio,

acampamentos, centro de informações ao público, helibases e helipontos;

• Gerenciamento integrado de recursos: o Manual Gerenciamento de Desastres –

Sistema de Comando em Operações (Oliveira, 2009) sugere a combinação de recursos

únicos, agrupados sob a supervisão de um responsável, de modo a formar uma “força

tarefa” ou uma “equipe de intervenção” quando necessário;

• Gerenciamento integrado das comunicações: necessário que haja o

desenvolvimento de um plano estabelecendo diferentes redes de comunicação, de

acordo com as necessidades da cada caso;

• Gerenciamento integrado de informações e inteligência: a coleta de informações

relativas à emergência ou situação crítica deve ocorrer de forma que as informações

devam ser obtidas, analisadas e disseminadas visando favorecer uma administração

eficiente e eficaz do sistema;

• Controle de pessoal: é importante o emprego de planos de ação com objetivos e

prioridades comuns e manutenção de um adequado registro dos recursos humanos

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empregados na operação, incluindo sua localização;

• Controle da mobilização/desmobilização: o gerenciamento dos recursos

(necessidade e alocação) deve ser realizado de forma eficiente e eficaz. Assim, a

mobilização e desmobilização de pessoal e equipamentos devem ser realizadas

adequadamente.

O Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações (Oliveira,

2009) trata especificamente das estratégias necessárias à implantação de uma ferramenta

gerencial que sirva para padronizar ações de resposta em desastres de qualquer natureza ou

tamanho, de forma a oferecer um modelo de atuação que permita que seus usuários adotem

uma estrutura organizacional integrada para enfrentar as demandas e complexidades dos

desastres. Ele não visa à descrição de processos logísticos como visto nos demais manuais

apresentados neste estudo, entretanto foi abordado aqui por ser essencial à organização destes

e a implantação de um sistema de comando nas operações de resposta a desastres e ser

recomendado seu uso nestes casos, pela Defesa Civil brasileira, sendo o modelo sugerido

neste estudo, complementar ao apresentado no Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema

de Comando em Operações (Oliveira, 2009). Informações mais detalhadas sobre este

documento encontram-se no ANEXO 7 deste estudo.

Dando continuidade a este processo de investigação, expõe-se, no item a seguir, uma

análise comparativa dos processos apresentados pelos manuais avaliados. Nesta análise,

buscou-se evidenciar os conceitos relacionados entre os pressupostos referidos no estudo do

texto de cada uma das agências e ressaltar outros pontos considerados relevantes,

fundamentando-se na leitura de autores como Schulz (2009), Altay (2006), Gad-El-Hak

(2008) e outros.

2.8. ANÁLISE COMPARATIVA DA CONTRIBUIÇÃO DAS AGÊNCIAS

Dentre as diretrizes propostas pelos documentos Logistics Operational Guide

(http://log.logcluster.org), Humanitarian Logistics: Enabling Disaster Response (Thomas,

2003), National Response Framework (FEMA, 2008), The Guide to the National Civil

Defence Emergency Management Plan (Ministry of Civil Defence & Emergency

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Management of New Zealand, 2009), Emergency Field Handbook - A Guide For UNICEF

Staff (UNICEF, 2005), Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002) e pelo Manual

Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações (Oliveira, 2009), ressalta-

se a coincidência de alguns processos sugeridos, o que enfatiza a importância dos mesmos

serem aplicados em operações de resposta a desastres. Destaca-se que, apesar de apresentarem

divergência de títulos, pode ser observada a convergência de alguns propósitos e conceitos

tratados nos tópicos ou ainda em outras situações os conceitos foram enfatizados nos

documentos, mas se encontravam nestes, em tópicos diversos dos demais.

Portanto, a partir da análise dos processos apresentados nos procedimentos revisados nas

seções 2.1 a 2.7, nota-se, no discurso adotado pelas organizações, que:

• A necessidade de mobilização para a operação de resposta é citada na maioria dos

documentos avaliados, entretanto de maneira bastante sucinta como, por exemplo, no

National Response Framework (FEMA, 2008), que sugere a necessidade de “ativar

centros de operações e especialistas no assunto”. Para subsidiar a prática deste

processo, o ANEXO 7 deste estudo apresenta informações retiradas do Manual

Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações (Oliveira, 2009),

que trata mais especificamente do processo de gestão da crise;

• A avaliação e o planejamento da operação são citados em todos os documentos

analisados como sendo primordial no pós-catástrofe. O processo de avaliação é tratado

de forma mais detalhada pelo Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org) e

complementado pelo Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002) que

ressaltam detalhes como a necessidade de uma “avaliação situacional” para se

identificar a extensão e gravidade da crise e de uma “avaliação logística” que visa à

identificação das possibilidades e das necessidades mais prementes para se implantar

processos logísticos satisfatórios na operação de resposta. As organizações sugerem o

início da operação humanitária a partir do processo de avaliação. Os ANEXOS 1 e 6

desta dissertação podem fornecer subsídio à aplicação prática desse processo,

principalmente no que se refere à avaliação, pois no ANEXO 1, sob o título de

Avaliação e Planejamento encontra se parte resumida do texto do documento Logistics

Operational Guide (http://log.logcluster.org), que destaca atividades práticas desse

processo como um passo a passo com tópicos que não podem ser relegados a segundo

plano no momento inicial da crise. Ainda no ANEXO 1, os textos subsidiam o

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levantamento de informações para o planejamento das atividades de aquisição,

armazenagem, transporte e distribuição, e são apresentados através de checklists sob

estes mesmos títulos. No ANEXO 6 constam também importantes pontos a serem

considerados sobre portos, aeroportos e modais de transporte, bem como pontos

fundamentais na escolha de áreas de armazenagem, complementando desta forma as

informações apresentadas pelo Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org).

O planejamento da operação encontra-se detalhado no ANEXO 5, a partir do resumo

do texto do documento National Response Framework (FEMA, 2008), sob o título

“Planejamento, um elemento crítico da resposta eficaz”;

• A aquisição, tratada pelo Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org) e

pelo Humanitarian Logistics: Enabling Disaster Response (Thomas, 2003), tem sua

melhor apresentação no texto do Logistics Operational Guide

(http://log.logcluster.org) que define o processo de aquisição em termos dos quatro

passos citados na seção 2.1. Essas duas organizações sugerem a correta especificação

das necessidades como ponto de partida do processo de aquisição, seguida da obtenção

das fontes de aquisição dos produtos ou serviços necessários, entretanto o processo é

apresentado de forma mais completa e detalhada pelo Logistics Operational Guide

(http://log.logcluster.org). Assim, os ANEXOS 1 e 2 constantes deste estudo trazem

informações que podem auxiliar na prática o processo de aquisição em uma operação

de resposta a catástrofes, sendo no ANEXO 1 esses tópicos tratados com o título de

“Aquisição” e no ANEXO 2 sob o título Gestão da Ajuda;

• A armazenagem e a gestão do estoque tratadas principalmente nos documentos

Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org), Humanitarian Logistics:

Enabling Disaster Response (Thomas, 2003), Emergency Field Handbook - A Guide

For UNICEF Staff (UNICEF, 2005) e Emergency Field Operations Pocketbook (WFP,

2002), encontra subsídio nas informações contidas nos ANEXOS 1, 2, 3 e 6, sendo

apresentadas essas informações sob esse mesmo título no ANEXO 1, no ANEXO 2

sob os títulos de “Gestão da Ajuda” e “Mobilização” e em “Instalações de

Armazenamento” no ANEXO 6;

• A distribuição é abordada da melhor forma e em mais detalhes pelo Logistics

Operational Guide (http://log.logcluster.org), pode ser subsidiada na prática pelas

informações contidas no ANEXO 1 onde é apresentada também sob este mesmo título;

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• O transporte é tratado na maioria dos textos que mostram a importância de se

investigar as rotas disponíveis, internas e de acesso à região afetada, bem como

terminais de uso provável, os recursos da frota local do governo, particulares ou de

instituições, assim como os possíveis gargalos e a possibilidade de superá-los. O

documento Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002) (ver ANEXO 6),

apesar de não tratar do processo do transporte especificamente, sugere um completo

checklist de informações necessárias a este processo a serem levantadas na avaliação

da crise e consideradas no planejamento da operação (conforme citado no item

Avaliação e Planejamento). Os ANEXOS 1 e 3 com os textos do Logistics

Operational Guide (http://log.logcluster.org) e Emergency Field Handbook - A Guide

For UNICEF Staff (UNICEF, 2005) subsidiam este processo de forma complementar,

através de uma série de pontos a serem observados, que formam em conjunto um

checklist para realização do processo de transportes em operações de resposta, tratando

até mesmo da necessidade da gestão de frotas (ver ANEXO 1);

• O controle de qualidade e monitoramento da operação é abordado pelo Logistics

Operational Guide (http://log.logcluster.org) e pelo Humanitarian Logistics: Enabling

Disaster Response (Fritz Institute, 2003) e Emergency Field Handbook - A Guide For

UNICEF Staff (UNICEF, 2005), encontrados nos ANEXOS 1, 2 e 3, sendo ressaltada

a necessidade do desenvolvimento de procedimentos padrão e o controle de qualidade

dos fornecimentos contra pedidos. Os documentos analisados relembram que a

logística nas cadeias humanitárias, por ser implantada em caráter emergencial,

necessita de monitoramento contínuo para que suas deficiências sejam corrigidas. O

Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org) sugere aspectos a serem

monitorados em uma operação de resposta a catástrofes e ainda procedimentos de

controle de qualidade que podem ser aplicados na prática nas emergências, sendo a

melhor referência a ser considerada para este tópico juntamente com o texto

Emergency Field Handbook - A Guide For UNICEF Staff (UNICEF, 2005) que sugere

pontos a serem observados na garantia da qualidade e também tipos de documentos

padrão a serem implantados (no tópico que trata do processo de armazenagem);

• A coordenação entre agências é sugerida pelo Humanitarian Logistics: Enabling

Disaster Response (Fritz Institute, 2003) (ver ANEXO 2) e fortemente aconselhado

pelo National Response Framework (FEMA, 2008) (ver ANEXO 5). A importância da

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coordenação entre agências é devida, principalmente, a se evitar gastos com

duplicação de processos, concorrência por transportes, armazenagem e pessoal, que se

tornam commodities nessas ocasiões, bem como facilitar o compartilhamento de

informações a fim de se desenvolver uma imagem operacional comum e sincronizar

suas operações de resposta e recursos;

• A gestão da informação e o fluxo da mesma, citada em todos os documentos

analisados, estão descritos de forma mais completa no documento The Guide to the

National Civil Defence Emergency Management Plan (Ministry of Civil Defence &

Emergency Management of New Zealand, 2009) (ver ANEXO 4) sendo ele a melhor

referência para este tópico e subsídio para a sua aplicação prática.

Também cabe ressaltar alguns processos que são sugeridos por apenas uma das

organizações, mas que complementam o conhecimento logístico aplicado a operações de

resposta a desastres. Tais processos, bem como a sua relevância para a logística humanitária,

são apresentados a seguir:

• Cadeia de frio – sugerido pelo documento Logistics Operational Guide

(http://log.logcluster.org). A importância da cadeia de frio é devido à necessidade

comum de transporte e entrega de vacinas, usual em operações de resposta a desastres

naturais, o conhecimento e controle da cadeia de frio torna-se essencial nestas

operações. Mais informações sobre este processo podem ser encontradas no ANEXO 1

deste estudo;

• Gestão de Frotas – sugerido pelo documento Logistics Operational Guide

(http://log.logcluster.org), que aborda aspectos a serem considerados como a

identificação das necessidades de transporte, o processo de aquisição dos veículos,

seguro e a gestão do próprio veiculo;

• Alfândega – sugerido pelos documentos Operational Guide (http://log.logcluster.org),

Humanitarian Logistics: Enabling Disaster Response (Fritz Institute, 2003),

Emergency Field Handbook - A Guide For UNICEF Staff (UNICEF, 2005) e

Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002), ANEXOS 1, 2, 3 e 6, que

ressaltam a importância do conhecimento prévio das legislações aduaneiras a fim de se

evitar atrasos de suprimentos por retenções devido à documentação incompleta ou

errada e também o conhecimento das possibilidades de isenção de impostos para

suprimentos de ajuda humanitária. Entretanto, apesar de tratado em quatro dos

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documentos analisados, esse processo só ganha importância se a crise tem proporções

para ser tratada internacionalmente, ou seja, quando recebe recursos provenientes do

exterior;

• Evacuação – tratado de forma detalhada no documento The Guide to the National

Civil Defence Emergency Management Plan (Ministry of Civil Defence & Emergency

Management of New Zealand, 2009), tem grande importância na garantia de vida dos

vulneráveis. O documento analisado trata este processo desde os pontos a serem

observados para a decisão entre realizar ou não a evacuação, até procedimentos

específicos e de transporte a serem observados no processo. No ANEXO 4 deste

estudo, encontram se os principais pontos a serem observados no processo;

• Desmobilização - tratado no documento National Response Framework (FEMA,

2008) (ver ANEXO 5) que ressalta a importância deste processo começar o mais cedo

possível. A desmobilização é um processo presente em qualquer operação, sendo

necessária sua organização e planejamento para que aconteça o retorno ordenado dos

itens mobilizados.

De forma a facilitar a visualização dos pontos fortes de cada um dos documentos

analisados apresenta-se na TAB. 2.1 estes tópicos marcados com “S” para os documentos que

detalham esses processos e mesmo para os que se complementam. Assim a TAB. 2.1 fornece

um guia de consulta para a prática de cada um dos processos referidos.

TAB. 2.1: Pontos fortes dos documentos analisados (Fonte: Autor).

Log Cluster Inst. Fritz UNICEF N. Zel. FEMA WFP SCO Mobilização S

Avaliação e Planejamento S S S Aquisição S

Arm. e gerencia de estoques S Distribuição S Transportes S S

Gestão de Frotas S Alfândega S S S

Cadeia do Frio S Evacuação S

Cont. de Qualidade e Monitoramento S S S Coord. entre Agências S

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45

Gestão da Informação S Desmobilização

Observa-se ainda, ao longo do estudo, que na logística humanitária, a atividade de

aquisição tem grande representatividade devido aos custos que pode impingir à operação de

ajuda humanitária, assim sendo, é preciso que seja gerida de forma eficaz. Para que se

obtenham melhorias nesse processo, torna-se primordial a identificação das necessidades de

forma correta, devendo ser requisitada uma especificação dos produtos e serviços necessários.

Além disso, a competição por commodities e serviços disponíveis localmente, como

transportes e armazéns, por exemplo, levam a níveis inflacionários muito altos, devendo ser

essa aquisição tratada em cooperação com outras agências de ajuda atuantes na região afetada.

Neste contexto, a cooperação de empresas fortemente estabelecidas com agências de

ajuda humanitária traz grandes benefícios às vítimas de catástrofes. A Cruz Vermelha, por

exemplo, mantêm parceria com Coca-Cola, que chegou a modificar sua linha de produção

para engarrafar água potável e usou sua linha de distribuição para fazê-la chegar aos

necessitados no auxílio às vítimas do tsunami de 2004 (http://www.redcross.int). Outro caso

de sucesso refere-se à rede Waffle House Restaurants com sua ajuda nas operações de

resposta a furacões nos Estados Unidos (O” Ergun et al., 2010). Recomenda-se que a parceria

entre empresas privadas e agências humanitárias de modo a tornar mais eficiente o processo

de aquisição e obtenção de suprimentos. Tal prática pode ser ampliada para diversas

empresas. Porém, a celebração deste contrato deve já estar estabelecida previamente ao

evento, sendo acionado no momento de necessidade como importante fonte de aquisição de

produtos e serviços necessários ao esforço de ajuda.

Na TAB. 2.2, para uma visão geral da análise, apresentam-se os processos logísticos

relacionados pelos diversos textos estudados e em quais destes foram tratados, ressaltando-se

que há a coincidência de processos, mas nem sempre estão tratados com a mesma

denominação nos diversos documentos.

TAB. 2.2: Processos logísticos identificados nos documentos analisados (Fonte: Autor).

Log Cluster Inst. Fritz UNICEF N. Zel. FEMA WFP SCO Mobilização X X X X X X

Avaliação e Planejamento X X X X X X

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Aquisição X X X X Arm. e gerencia de estoques X X X

Distribuição X X X Transportes X X X

Gestão de Frotas X Alfândega X X X X

Cadeia do Frio X Evacuação X

Cont. de Qualidade e Monitoramento X X X Coord. entre Agências X X X X Gestão da Informação X X X X X X

Desmobilização X

Com base na análise comparativa, foram identificados os processos considerados mais

usuais e aplicáveis às operações de resposta a catástrofes. Estes processos são tratados aqui

sob os seguintes títulos: Mobilização, Avaliação e planejamento, Gestão da ajuda (abrangendo

os processos de Aquisição, Alfândega, Gerenciamento e Distribuição), Transportes, Controle

da qualidade e monitoramento, Coordenação entre agências, Gestão da informação e

Desmobilização e relacionados na FIG. 2.1 abaixo. O processo de Desmobilização, apesar de

referenciado apenas no National Response Framework (FEMA, 2008), está claramente

envolvido em qualquer operação que mobilize recursos, desta forma foi incluído como um

processo logístico necessário às operações de resposta a desastres naturais. Também é

importante destacar que, apesar da importância do processo Cadeia do frio (sugerido pelo

Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org)), este foi considerado como uma

especificidade dos processos de Gestão da Ajuda e Transporte, de modo que tais processos já

abrangem os cuidados a serem tomados com vacinas e outros materiais específicos. Da

mesma forma, o processo Gestão de frotas, também sugerido pelo Logistics Operational

Guide (http://log.logcluster.org), foi considerado como parte do processo Transportes. O

processo de Evacuação, tratado no The Guide to the National Civil Defence - Emergency

Management Plan (Ministry of Civil Defence & Emergency Management of New Zealand,

2009), é abrangido pelo processo de Avaliação e planejamento e realizado através do processo

de Transportes.

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47

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Avaliação e Planejamento

Gestão da Ajuda

Transportes

Desmobilização

FIG. 2.1: Principais processos logísticos associados às operações de resposta (Fonte:

Autor).

Na FIG. 2.1 pode-se observar a interligação entre os processos logísticos necessários às

operações de resposta a catástrofes. A apresentação sequencial dos processos de Mobilização,

Avaliação e Planejamento, Gestão da Ajuda, Transportes e Desmobilização, indica apenas um

encadeamento destes processos. Deve-se observar, entretanto, que os mesmos se sobrepõem

em muitos momentos e podem participar das diversas ações relacionadas às operações de

resposta a catástrofes. Os processos de Coordenação entre Agências, Gestão da Informação e

Controle da Qualidade interagem com os demais processos de forma constante.

A partir do processo de Mobilização, cria-se o centro de gerenciamento da crise, que é o

responsável por deflagrar as demais ações. Inicia-se então o processo de Avaliação que

fornecerá as bases para o Planejamento da operação. O processo de Mobilização deve

continuar atuando, a fim de mobilizar os recursos necessários. O processo de Coordenação

entre Agências é fundamental para evitar a duplicação de trabalho e a competição por

transportes, armazéns e suprimentos na região atingida. Assim, do processo de Avaliação e

Planejamento resulta o Planejamento Operacional da ação de resposta ao desastre, feito em

cooperação com as demais agências atuantes na região. Toda a operação de resposta deve ser

monitorada, através do processo de Controle de Qualidade e Monitoramento a fim de que o

direcionamento das ações seja revisto no surgimento de novas prioridades ou detectados erros

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de procedimentos.

A partir do Planejamento Operacional, começam efetivamente os processos de Evacuação

e de Gestão da Ajuda. O processo de Evacuação determinará a população que necessita ser

evacuada e a forma como isto será operacionalizado. Por sua vez, o processo Gestão da Ajuda

estabelecerá formas de aquisição, armazenagem, gerenciamento de estoques e distribuição de

suprimentos, em cooperação com todas as agências atuantes na crise. A Aquisição e a

Distribuição são resultantes do processo de Gestão da Ajuda e entradas para o processo de

Transportes, gerido em também em cooperação.

Ainda observa-se que o processo de Controle de Qualidade deve atuar juntamente à

Coordenação entre Agências e Gestão da Informação e demais processos de forma a

estabelecer padrões de coleta de dados, padrões de controle de estoque, o estabelecimento de

procedimentos padronizados de trabalho etc. Ressalta-se também a importância do processo

de Controle de Qualidade e Monitoramento junto ao processo de Gestão da Ajuda a fim de

garantir a adequação do pedido contra o recebido, a entrega no ponto correto e o

armazenamento adequado evitando perdas.

A gestão de informações de emergência suporta a tomada de decisão antes, durante e

depois de uma emergência. A entrega de uma resposta adequada e oportuna exige uma gestão

de informação eficaz e eficiente. É entendido que a informação não pode, devido às

circunstâncias, ser absolutamente exata, mas precisa ser baseada nos melhores dados

disponíveis no momento. Este processo deve também garantir que sejam estabelecidos

procedimentos em cada um dos demais a fim de que sejam registradas para o futuro as lições

aprendidas.

Desmobilização é o retorno ordenado, seguro e eficiente de um recurso à sua localização

e status original. A desmobilização deve começar o mais cedo possível para facilitar a

prestação de contas dos recursos e diminuir os custos da operação, reduzindo aos poucos os

recursos escalonados na crise até a desmobilização completa, com o desativamento do centro

de gerenciamento da crise.

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49

2.9. AÇÕES NA OPERAÇÃO DE RESPOSTA

Constata-se ainda no estudo dos manuais aqui apresentados a existência de um padrão de

ações essenciais a serem desempenhadas em uma operação de resposta. Esse conteúdo é

apresentado em alguns dos documentos como o da UNICEF e o da defesa civil dos Estados

Unidos e trata de ações que visam à garantia da sobrevivência dos vulneráveis, bem como a

minimização dos prejuízos materiais e sociais. Essas ações como, por exemplo, resgate e

salvamento, distribuição de suprimentos básicos à sobrevivência, dependem intrinsecamente

dos processos logísticos ressaltados neste capítulo, o que direciona a uma ideia de um sistema

de atuação no pós-catástrofe onde podem se relacionar a todas as ações essenciais na operação

de resposta, os processos logísticos determinantes do sucesso destas ações. O capítulo

seguinte desenvolve esse tema com base nas análises realizadas, sugerindo um modelo de

atuação a ser utilizado nas operações de resposta às catástrofes. O modelo sugerido inclui as

principais ações a serem realizadas na operação de resposta, detalhando as atividades

envolvidas em cada uma destas ações. Na TAB. 2.2, relacionam-se estas ações e sua ligação

com os processos logísticos aqui apresentados.

TAB. 2.2: Ações da operação de resposta e processos logísticos relacionados (Fonte:

Autor).

Ações em Campo Processos Logísticos

Mobilização Mobilização e Coordenação entre Agências

Avaliação Situacional Avaliação e Planejamento, Coordenação entre

Agências e Gestão da Informação.

Avaliação Logística Avaliação e Planejamento, Coordenação entre

Agências e Gestão da Informação.

Primeiros socorros à

população

Transportes, Coordenação entre Agências e Gestão

da Informação.

Proteção à população da

área atingida

Transportes, Evacuação, Coordenação entre

Agências e Gestão da Informação.

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Garantia da

sobrevivência e

restabelecimento das

condições essenciais

Transportes, Coordenação entre Agências, Gestão da

Ajuda, Gestão da Informação e Controle de

Qualidade e Monitoramento.

Gerenciamento da ajuda

Transportes, Coordenação entre Agências, Gestão da

Ajuda, Gestão da Informação e Controle de

Qualidade e Monitoramento.

Restabelecimento da

normalidade

Transportes, Coordenação entre Agências, Gestão da

Informação e Desmobilização.

Importante ressaltar que apesar de o Japão ter reconhecidamente experiência em

operações de resposta a catástrofes, não foi encontrado durante a pesquisa nenhum documento

proveniente desse país, específico sobre logística de atuação nessas operações. Imagina-se que

se estes documentos existem, esses não estejam em língua inglesa, o que impossibilitou

identificá-los durante a revisão bibliográfica.

O Capítulo 3 propõe um framework para operações de resposta a catástrofes resultantes

de eventos naturais, como suporte a um procedimento logístico a ser aplicado nestas situações

no Brasil, composto por atividades que operacionalizam os processos logísticos relacionados

a estas ações, abordados no Capítulo 2.

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51

3. LOGÍSTICA PÓS-DESASTRE NATURAL – FRAMEWORK

Neste capítulo propõe-se um framework para operações de resposta a catástrofes

resultantes de eventos naturais, como suporte a um procedimento logístico a ser aplicado

nestas situações no Brasil. Esse framework apresenta um conjunto de ações da operação de

resposta a serem executadas em campo, compostas por atividades que operacionalizam os

processos logísticos relacionados a estas ações, abordados no capítulo anterior.

O conjunto de ações aqui apresentado é fundamental ao sucesso de uma operação de

resposta a catástrofe e resultante do estudo realizado, sendo que grande parte dessas ações é

tratada no National Response Framework (FEMA, 2008) em seu capítulo 2, denominado

“Ações de Resposta”, que cita, dentre outras, a necessidade das ações de salvamento e

proteção à população atingida, bem como da garantia da sobrevivência através do

fornecimento de suprimentos e abrigo. O conjunto é complementado por ações sugeridas pelo

The Guide to the National Civil Defence Emergency Management Plan (Ministry of Civil

Defence & Emergency Management of New Zealand, 2009) e ainda pelos documentos do

Logistics Operational Guide (http://log.logcluster.org), do Humanitarian Logistics: Enabling

Disaster Response (Thomas, 2003), do Emergency Field Handbook - A Guide For Unicef

Staff (UNICEF, 2005) e do Emergency Field Operations Pocketbook (WFP, 2002) que

juntamente com o documento National Response Framework (FEMA, 2008) e o documento

The Guide to the National Civil Defence Emergency Management Plan (Ministry of Civil

Defence & Emergency Management of New Zealand, 2009) realçam a necessidade das ações

de Mobilização, Avaliação Situacional, Avaliação Logística, Gerenciamento da Ajuda e

Restabelecimento da Normalidade. Assim, da análise e junção destes documentos compõe-se

o framework apresentado neste capítulo, estruturado em etapas, ações e atividades. As ações

aqui propostas são originarias dos documentos apresentados, porém ordenadas e renomeadas

pela autora.

Uma versão preliminar deste framework foi submetida à avaliação de dez profissionais

ligados à área, entre eles oito pesquisadores de logística humanitária e dois com prática em

operações de resposta a catástrofes. Um formulário com a primeira versão do framework e

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algumas perguntas foi enviado a esses profissionais, conforme apresentado nos APÊNDICES

1 e 2. Um grupo de seis profissionais respondeu ao formulário, apresentando também

sugestões para a composição do framework.

A partir da análise das respostas e pareceres dos profissionais consultados, foram

incorporadas sugestões e feitas correções ao texto que se apresenta aqui. Na Seção 3.13 deste

capítulo expõem-se ainda considerações sobre as alterações realizadas no framework inicial e

observações dos profissionais consultados.

3.1. COMPOSIÇÃO DO FRAMEWORK

No momento em que ocorre uma catástrofe, as instituições governamentais e as

organizações humanitárias envolvidas precisam trabalhar com rapidez e precisão para

verificar o material necessário para atender às necessidades de alívio da população afetada.

A TAB. 3.1 apresenta a estrutura básica do framework com uma síntese das principais

ações e atividades logísticas a serem aplicadas em operações de resposta a desastres naturais.

Essas ações e atividades foram grupadas em quatro etapas de acordo com uma ordem

temporal de prioridades, que visa estabelecer uma organização do trabalho, de forma a buscar

maior eficiência dos processos sob o ponto de vista da logística, no entanto essas etapas se

sobrepõem na prática. De nenhuma maneira uma ação urgente que possa ser colocada em

prática deve ser adiada pelo não cumprimento de outra de uma etapa anterior.

TAB. 3.1: Ações e atividades logísticas nas operações de resposta a desastres naturais

(Fonte: Autor).

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Etapas Ações em Campo Atividades

Reconhecimento

Mobilização Estabelecer centro de gerenciamento da crise

Avaliação Situacional Identificar a abrangência da crise

Identificar a gravidade da crise

Avaliação Logística

Identificar os recursos disponíveis na região atingida

Identificar os recursos necessários à região atingida

Definir base para operação dentro da região atingida

Salvamento

Primeiros socorros à

população

Localizar e resgatar os feridos

Realizar triagem de atendimento

Realizar atendimento

Proteção à população da

área atingida

Identificar as áreas de risco

Identificar necessidades de evacuação ou proteção

Identificar possibilidades de contaminação e

propagação de doenças

Divulgar informações sobre riscos e como proceder

para evita-los

Identificar as possibilidades de agravamento da crise

Garantia da sobrevivência

e restabelecimento das

condições essenciais

Fornecer água, suprimentos e abrigos.

Restabelecer rotas de acesso

Restabelecer fornecimento de água, energia elétrica e

comunicações.

Manutenção Gerenciamento da ajuda

Gerenciar suprimentos e necessidades

Gerenciar abrigos

Avaliar e Monitorar os processos estabelecidos

Desmobilização Restabelecimento da

normalidade

Recuperar a funcionalidade da região atingida

Desmobilizar

Entretanto, antes da análise de cada ação proposta para a operação de resposta a desastres

naturais, é necessário esclarecer os conceitos de etapa, ação e processos para uma melhor

compreensão do framework apresentado. Para tal, é realizado um paralelo com alguns

conceitos de gestão de projetos.

Projetos são esforços temporários cujo resultado é único e exclusivo (PMBOK Guide,

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2004). Assim, a operação de resposta a um desastre natural pode ser tratada como um projeto.

Segundo o PMBOK Guide (2008), o ciclo de vida de um projeto consiste nas fases do mesmo

que geralmente são sequenciais e que às vezes se sobrepõem, cujo nome e número são

determinados pelas necessidades de gerenciamento e controle da(s) organização (ões)

envolvidas, a natureza do projeto em si e sua área de aplicação. Desta maneira, as etapas

Reconhecimento, Salvamento, Manutenção e Desmobilização de uma operação de resposta

podem ser tratadas como fases que estarão presentes em qualquer projeto do tipo “operação

de resposta”, e assim se pode definir o ciclo de vida da operação de resposta. Da mesma

forma que as fases na gestão de projetos, as etapas definidas pelo framework visam segmentar

a operação de resposta em subconjuntos lógicos para facilitar o gerenciamento, não sendo

característica destas fases um grupo determinado de processos logísticos.

Cabe ressaltar ainda que a relação entre estas etapas da operação de resposta deve ser,

como preconizada no PMBOK Guide (2008) para as fases, “uma relação interativa, em que

apenas uma fase está planejada a qualquer momento e o planejamento da próxima é feito à

medida que o trabalho avança na fase atual”. Ainda segundo o PMBOK (2008) esta é a

abordagem ideal em ambientes muito indefinidos, incertos ou em rápida transformação, como

temos nas operações de resposta.

Na gestão de projetos as fases podem ser divididas em subfases, ainda dentro dos

subconjuntos lógicos, de forma a facilitar a execução e gerenciamento das fases.

Paralelamente, as ações são consideradas como subfases, englobadas em cada etapa (fase),

e seguem a lógica de atuação dentro daquela etapa, de forma que o conjunto destas ações visa

atingir o objetivo geral da etapa. Assim, neste paralelo, tem-se, por exemplo, como subfases

da etapa Reconhecimento, as ações de Mobilização, Avaliação Situacional e Avaliação

Logística, que cumprindo seus objetivos parciais, cumprem o objetivo geral da etapa (fase).

Os processos logísticos apresentados em correlação com as ações no capítulo 2 podem ser

associados aos processos na gestão de projetos e são operacionalizados a partir das atividades

propostas que compõem as ações. Desta forma vemos ainda que todas as boas práticas

relacionadas à gestão de projetos pelo PMBOK Guide (2008) podem ser aproveitadas na

gestão da operação de respostas.

A FIG. 3.1 a seguir apresenta, para melhor entendimento, um diagrama esquemático do

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framework para operações de respostas a desastres naturais. Neste, as ações são representadas

por caixas em negrito, as atividades por caixas com linhas duplas e os fatores relacionados às

atividades, por caixas pontilhadas. A cor de fundo apresenta mudanças no tom de cinza ao

longo do diagrama e representa a etapa proposta para a operação de resposta. De acordo com

este esquema, são apresentadas e descritas cada uma das ações e respectivas atividades nos

itens a seguir.

r

FIG. 3.1: Diagrama esquemático do framework (Fonte: Autor).

3.2. AÇÃO: MOBILIZAÇÃO

Segundo a Cruz Vermelha em seu documento Guidelines for assessment in emergencies

(2008), as primeiras pessoas a responder a um desastre são aquelas que vivem na comunidade

local. Eles são os primeiros a iniciar as operações de resgate e socorro. Assim, a principal

atividade desta ação compreende o estabelecimento do centro de gerenciamento da crise

visando aperfeiçoar a gestão dos processos relacionados, gerir pessoal e estabelecer

juntamente à comunidade atingida, as ações essenciais na operação de resposta, o

monitoramento e controle da atividade tornando possível assim o aprendizado institucional.

A coordenação desta ação deve ser responsabilidade da Defesa Civil, que precisará contar

com a participação das prefeituras da região atingida, ONGs, Forças Armadas e Corpo de

Atividade 1

Atividade 2

Atividade 3

Ação

Fator 1.1 Fator 1.2 Fator 1.3

Fator 2.2 Fator 2.1

Fator 3.1 Fator 3.2

Fator 3.3

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56

Bombeiros. A partir de estabelecido o Centro de Gerenciamento da Crise, este passa a

coordenar todas as demais ações, contando então com a cooperação também da própria

Defesa Civil.

O esquema da FIG. 3.2 a seguir apresenta atividades e fatores relacionados à ação de

mobilização. Em seguida a atividade relacionada à ação é descrita.

FIG. 3.2: Esquema da ação de Mobilização (Fonte: Autor).

3.2.1. ESTABELECER O CENTRO DE GERENCIAMENTO DA CRISE

A localização do Centro de Gerenciamento da Crise deve ser fora da zona de risco,

considerando-se as possibilidades de agravamento da crise, entretanto deve estar o mais

próxima possível da região, facilitando os processos e contar com rotas e transito livre até a

base de operações localizada dentro da zona em crise. É importante que o local conte também

com infraestrutura de comunicações ou esta possa ser facilmente implantada; Os

profissionais atuantes no Centro de Gerenciamento da Crise devem ter experiência em

gerenciamento de crise e formação multidisciplinar possibilitando uma visão ampla da

importância dos processos que devam ser estabelecidos, sendo extremamente importante que

fiquem bem claras as atribuições e responsabilidades de cada um deles, evitando-se

conflitos.

Na realização desta atividade é importante observar os pontos que seguem:

• Definir local de funcionamento do centro de gerenciamento da crise, dentre as

possíveis localizações que atendam as condições necessárias;

• Requisitar profissionais técnicos aos principais órgãos envolvidos para gerência das

áreas necessárias: Logística, saúde, informação, etc. Estes profissionais devem

Estabelecer Centro de Gerenciamento da Crise

Localização Responsabilidades Profissionais Mobilização

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trabalhar em conjunto;

• Solicitar profissionais voluntários necessários diretamente nos meios de comunicação,

de forma que estes possam formar uma equipe de apoio aos tomadores de decisão;

• Definir atribuições e responsáveis;

• Dimensionar o pessoal necessário para as demais etapas do desastre;

• Estabelecer processo de cooperação entre os atores e realizar a coordenação deste

processo;

• Identificar ONGs de apoio.

• Requisitar a ajuda necessária, como equipamentos, pessoal, recursos financeiros ou

veículos, por exemplo, a governos, prefeituras, exército, etc.;

Interessa evidenciar que o Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando

em Operações (Oliveira, 2009), da Secretaria Nacional de Defesa Civil discute as estratégias

necessárias à implantação de um modelo gerencial que sirva para padronizar ações de resposta

em desastres de qualquer natureza ou tamanho no Brasil, de forma a facilitar a implantação de

uma estrutura organizacional integrada para enfrentar as demandas dos desastres, sendo

essencial desta forma lembrar seus preceitos para a implantação do centro de gerenciamento

da crise.

3.3. AÇÃO: AVALIAÇÃO SITUACIONAL

A Avaliação Situacional é o processo onde deverão ser destacadas informações como

área atingida, população impactada, gravidade e extensão do desastre, etc. Como o alcance do

desastre determina a extensão da resposta requerida (Gad-el-Hak, 2008), a avaliação

situacional é essencial para o correto dimensionamento das demais ações e para o

planejamento operacional.

O esquema da FIG. 3.3 a seguir apresenta as atividades e os fatores relacionados à

ação de Avaliação Situacional. Em seguida as atividades relacionadas à ação são descritas.

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FIG. 3.3: Esquema da ação de Avaliação Situacional (Fonte: Autor).

3.3.1. IDENTIFICAR ABRANGÊNCIA DA CRISE

Dentro das limitações que a emergência cria, é preciso fazer um levantamento da área

atingida a partir de informações obtidas por todos os meios e do cruzamento dessas

informações para se chegar a dados o mais correto possível. A partir destes dados e de

números prévios sobre a população local, deve-se estimar a abrangência da crise em termos

populacionais para possibilitar cálculos de recursos necessários.

Na identificação da abrangência da crise, precisam ser observados os seguintes pontos e

procedimentos:

• Divulgar pedido de informações sobre a área atingida em todos os meios disponíveis;

• Conectar órgãos institucionais e ONGs na provável região atingida em busca de

informações (informações telefônicas, internet, fotos de satélite, etc.);

• Mapear a região atingida através do cruzamento e avaliação das informações obtidas e

outras já existentes sobre a região, atualizando constantemente conforme a obtenção

de novos dados;

• Monitorar atividades de levantamento de dados em realização e redefinir prioridades

atualizando constantemente as informações.

Identificar a abrangência da crise

Avaliar a gravidade crise Avaliação Situacional

Área População

Desabrigados Mortos Feridos Em risco

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59

3.3.2. AVALIAR A GRAVIDADE DA CRISE

Avaliar o efeito do evento na comunidade será extremamente necessário para que se

estabeleçam prioridades e também definir que tipo de recurso deverá ser direcionado para

onde. Para tal, é necessário o levantamento da situação da população da área afetada em

termos da quantidade de pessoas desabrigadas, a que tipos de risco a população está

vulnerável e o número provável de pessoas expostas ao risco, se existem mortos, onde

existem feridos e em que quantidade, qual a gravidade dos ferimentos. Este tipo de

informação pode ser obtido diretamente com a população local, e a partir de então

direcionadas equipes para levantamentos mais apurados, juntamente com o socorro possível.

Na realização desta atividade, a partir da análise das informações que vão sendo obtidas,

propõem-se os procedimentos abaixo relacionados:

• Definir os pontos prioritários de atendimento e redefinir levantamentos de dados;

• Definir as necessidades de ajuda externa a partir da noção da gravidade da crise de

acordo com a avaliação das informações preliminares;

• Monitorar atividades em realização e redefinir processos e pontos prioritários de

acordo com as informações recebidas.

3.4. AÇÃO: AVALIAÇÃO LOGÍSTICA

A resposta imediata nas catástrofes se relaciona ao gerenciamento da crise em curto prazo

por meio da gestão da demanda, suprimento e distribuição (Bandeira et al., 2011). Avaliar a

capacidade logística da área afetada e entorno, procurando obter informações como rotas

possíveis de acesso e internas a região atingida, terminais e suas capacidades, capacidade da

frota local e do governo, possíveis armazéns ou abrigos, etc., possibilita a especificação das

necessidades prementes à região em crise e a consequente gestão eficiente destas

necessidades.

O esquema da FIG. 3.4 apresenta as atividades e os fatores relacionados à ação de

Avaliação Logística. Em seguida, as atividades relacionadas à ação são descritas.

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FIG. 3.4: Esquema da ação de Avaliação Logística (Fonte: Autor).

3.4.1. IDENTIFICAR RECURSOS DISPONÍVEIS NA REGIÃO ATINGIDA

Nesta ação devem-se averiguar as condições dos hospitais ou clínicas dentro da zona em

crise e próximos, incluindo suprimentos e equipamentos hospitalares disponíveis em

funcionamento e profissionais destes centros, de maneira a se obter a informação dos

recursos necessários e dos disponíveis na região, bem como rotas que necessitam de reparo

urgente, etc.; A condição de tráfego nas rotas internas a região atingida deve ser verificada e

mapeada para posterior definição do tipo de transporte que será usado em determinadas rotas;

É necessário também que se apure a existência de veículos, transportadores, motoristas e

também outros meios alternativos de transportes dentro da região atingida, por exemplo,

muares. Será necessário e muito importante também localizar possíveis áreas de

armazenagem e abrigo, checando as condições de tráfego para o local; Devem ser

verificadas também as condições de segurança dos locais cotados para abrigo, armazéns,

bem como das rotas a serem utilizadas.

Avaliação Logística

Rotas

Hospitais Transporte Suprimentos Abrigos

Profissionais Armazenagem Segurança

Identificar recursos disponíveis na região

Identificar recursos necessários à região

Restabelecimento de Rotas Financeiro

Definir base para a operação dentro da região

Segurança Área (m2) Infraestrutura

Hospitais Transporte Suprimentos Abrigos

Profissionais Armazenagem Segurança

Acessos

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Um cadastro prévio contendo informações sobre: profissionais, terceiros, veículos,

equipamentos, possíveis localizações de abrigos, armazéns e bases é recomendável para as

regiões vulneráveis, de forma a facilitar essa ação. No capítulo 4 deste estudo encontra-se a

sugestão de um banco de dados para este fim.

Na realização desta atividade, é importante observar os seguintes pontos e

procedimentos:

• Avaliar as informações preliminares obtidas de forma a mapear as rotas internas e de

acesso à região atingida e as condições das mesmas;

• Avaliar as informações preliminares obtidas de forma a mapear os possíveis centros de

atendimento aos feridos dentro da região atingida, hospitais, locais possíveis para

abrigos e armazenagem de suprimentos etc., as condições dos mesmos e as melhores

rotas de acesso aos locais predefinidos para abrigos, armazenagem e aos hospitais;

• Analisar a cadeia de suprimentos atual e saldos de estoque disponíveis como água

potável, barracas, kits para desinfecção de água, vacinas, kits de primeiros socorros,

profissionais disponíveis etc. dentro da região atingida.

3.4.2. IDENTIFICAR RECURSOS NECESSÁRIOS À REGIÃO ATINGIDA

A partir da identificação dos recursos ainda disponíveis na região atingida e do

conhecimento da gravidade e amplitude da crise, passa se a identificação das necessidades da

região atingida, a fim de enviar para os locais adequados os recursos mobilizados, ou

mobilizar mais recursos de acordo com a necessidade.

Dentre os recursos imperativos na região atingida deve-se verificar a necessidade de

equipamentos hospitalares, da instalação de hospitais de campanha bem como abrigos ou

armazéns temporários, quantidade e tipo de profissionais da área de saúde, transportes e

outros, medicamentos, vacinas, kits de desinfecção da água, água potável e outros

suprimentos. Recursos financeiros devem ser administrados para proporcionar o pagamento

de serviços e profissionais contratados, bem como para a aquisição de suprimentos não

mobilizados através de doações. Deve ser providenciado o restabelecimento de rotas

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essenciais e a melhoria necessária em rotas secundárias para que suportem as necessidades

urgente de transporte na região e garantida também as condições de segurança da região com

o patrulhamento das rotas, abrigos e armazéns.

Para a identificação dos recursos necessários à região atingida, devem ser realizadas as

seguintes atividades:

• Definir a partir das informações preliminares os recursos e serviços emergenciais a

serem enviados à região como água, alimentos, remédios, vacinas, kits de primeiros

socorros, barracas, colchões, cobertores, profissionais, policiamento etc. e os locais

onde serão necessários;

• Definir obras emergenciais de restabelecimento de acessos às regiões atingidas e obras

necessárias à proteção da população (como contenção de encostas, por exemplo), a

partir das informações obtidas e com a ajuda de especialistas requisitados.

3.4.3. DEFINIR BASE PARA A OPERAÇÃO DENTRO DA REGIÃO ATINGIDA

Para se definir a base para operação é necessário locar um ponto, dentro da região

atingida, com condições de acesso, segurança e infraestrutura que possibilite que se

estabeleçam os procedimentos e instalações necessários à operação. O Manual Gerenciamento

de Desastres – Sistema de Comando em Operações (Oliveira, 2009) recomenda como

instalações necessárias (estabelecidas em espaços físicos móveis ou fixos) uma zona de

comando, uma base de apoio (local onde são desenvolvidas as atividades logísticas),

acampamento (local onde são apoiados os recursos humanos da operação - alojamento,

alimentação, banho), helibases (local onde são desenvolvidas as atividades de suporte às

operações aéreas - estacionamento, abastecimento e manutenção de aeronaves) e helipontos

(local destinado ao embarque e desembarque de pessoal e equipamentos em aeronaves) entre

outras. São sugeridas ainda pelo Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando

em Operações (Oliveira, 2009) uma área de espera (local onde os recursos operacionais são

recepcionados, cadastrados e permanecem disponíveis até seu emprego) e uma área de

concentração de vítimas (local onde as vítimas são reunidas, triadas e recebem atendimento

inicial até serem transportadas para estabelecimentos hospitalares). Deve-se analisar também

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a necessidade de se estabelecer um hospital de campanha, devendo-se levar em conta a área

disponível e a infraestrutura do local, bem como as distâncias e possibilidades de transporte e

de atendimento dos hospitais da região.

O local escolhido precisa ser favorável ao trânsito interno na região atingida e também

para principais hospitais próximos em atividade, localizados fora da zona de risco, análise que

deve ser feita a partir dos dados obtidos na avaliação situacional e logística.

Para maiores detalhes sobre como realizar avaliações no pós-catástrofe, além dos

ANEXOS deste estudo, o documento da Cruz Vermelha, Guidelines for assessment in

emergencies (2008), trata detalhadamente dos processos de levantamento de informações no

pós-catástrofe, possibilitando um maior entendimento de como os processos de avaliação

situacional e avaliação logística podem ser implementados.

3.5. AÇÃO: PRIMEIROS SOCORROS À POPULAÇÃO ATINGIDA

Segundo a Organização Mundial de Saúde no documento Risk reduction and emergency

preparedness - Health Action in Crises (2007), catástrofe é um fenômeno ecológico súbito de

magnitude suficiente para causar a necessidade de ajuda externa. No atendimento pré-

hospitalar, catástrofe é aquela situação em que os imperativos de atendimento excedem os

recursos materiais e humanos imediatamente disponíveis, havendo indigência de medidas

extraordinárias e coordenadas para se manter a qualidade básica ou mínima de atendimento

(Castro e Calheiros, 2007). O correto planejamento dos primeiros socorros a ser prestado à

população atingida é fundamental para se minimizar os danos à saúde dos vulneráveis.

O esquema da FIG. 3.5 apresenta as atividades e os fatores relacionados à ação de

Primeiros socorros à população atingida. Em seguida, são abordadas as atividades

relacionadas à ação.

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FIG. 3.5: Esquema da ação de Primeiros Socorros à População atingida (Fonte: Autor).

3.5.1. LOCALIZAR E RESGATAR OS FERIDOS

Para o resgate e salvamento dos feridos, a localização deve ser registrada, com pontos de

referência e anotadas as condições de acesso ao ponto a fim de se determinar o mais

acertadamente possível os equipamentos e tipos de transporte necessários ao resgate dos

feridos, bem como os profissionais que serão necessários no local.

Na tarefa de salvamento, realizada a partir das informações obtidas na avaliação, devem

ser observados os pontos e procedimentos relacionados abaixo:

• Requisitar e gerenciar frota necessária e adequada (juntamente a órgãos públicos e

ONGs) às atividades e pessoal capacitado ou que possa ser treinado para tais

atividades bem como para a gerência da informação relacionada;

• Montar equipes de resgate em número suficiente para atender nas primeiras horas os

pontos definidos como críticos, com condições de prestar os primeiros socorros;

• Montar equipes de recolhimento de cadáveres, capacitadas para a correta identificação

dos mortos e encaminhamento para liberação para sepultamento ou posterior

identificação, serão necessários também profissionais capacitados a fornecer ajuda e

informações necessárias às famílias;

Localizar e resgatar os feridos

Realizar triagem de atendimento

Realizar atendimento

Primeiros socorros à população atingida

Localização Profissionais

Gravidade Necessidades

Transporte Profissionais Local Equipamentos

Equipamentos

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• Monitorar as atividades com a confecção constante de relatórios no centro de

gerenciamento de crise, a partir das informações passadas pelo pessoal de campo,

como número de mortos, feridos, gravidade, novos riscos detectados, etc.

3.5.2. REALIZAR TRIAGEM DE ATENDIMENTO DA POPULAÇÃO ATINGIDA

A triagem da população atingida deve ser realizada em termos de gravidade e também

das necessidades do atendimento para que se encaminhe para os hospitais que tenham

condições adequadas. Na área de triagem deve existir um responsável por atender as equipes

de resgate e a partir das informações recebidas diretamente do ponto de resgate, definir o

encaminhamento do ferido.

Para realizar esta atividade, é importante observar os pontos e procedimentos abaixo,

além das informações sobre hospitais disponíveis obtidas na avaliação:

• Requisitar pessoal treinado (enfermeiros e técnicos em enfermagem cedidos de outros

órgãos) para triagem dos feridos;

• Requisitar ajuda voluntária (médicos e enfermeiros);

• Montar hospital de campanha no local, com condições para abrigar, avaliar gravidade

e prestar atendimento para ferimentos leves a fim de evitar deslocamentos

desnecessários e congestionamento nos hospitais;

• Definir hospitais que receberão os feridos graves, de acordo com a distância e

capacidade de atendimento e condições da rota;

• Definir a gravidade dos ferimentos e decidir sobre urgência e necessidades de

atendimento, de forma a definir o encaminhamento.

3.5.3. REALIZAR ATENDIMENTO

No atendimento médico e hospitalar da população atingida é preciso contar com a

informação sempre atualizada da disponibilidade de leitos e capacidade de atendimento dos

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locais para onde estão sendo encaminhados os feridos. É necessária também a informação

prévia dos profissionais e equipamentos disponíveis nestes hospitais e clínicas, de forma a

garantir o atendimento. Para o transporte, o Manual de Medicina de Desastres (Castro e

Calheiros, 2007) recomenda kits compostos por uma ambulância e determinado número de

profissionais da área da saúde.

Para realizar esta atividade, devem ser observados os seguintes pontos e procedimentos:

• Gerenciar transporte necessário aos feridos, adequado à gravidade;

• Transportar feridos aos hospitais determinados pela triagem;

• Realizar atendimentos possíveis no hospital de campanha próximo à área atingida.

Convém destacar que o Manual de Medicina de Desastres (Castro e Calheiros, 2007), da

Secretaria Nacional de Defesa Civil - Ministério da Integração Nacional trata detalhadamente

dos processos de resgate e atendimento médico no pós-catástrofe, incluindo a quantificação de

pessoal e equipamentos, possibilitando um maior entendimento de como o processo de

primeiros socorros a população pode ser implementado.

3.6. AÇÃO: PROTEÇÃO À POPULAÇÃO ATINGIDA

Os riscos associados a desastres, principalmente nos assentamentos precários dos grandes

centros urbanos, que ocupam áreas de riscos geotécnicos, em más condições de habitabilidade

precisam ser avaliados de forma a se minimizar as perdas e danos à sociedade decorrentes do

agravamento da crise.

O esquema da FIG. 3.6 apresenta as atividades e os fatores relacionados à ação de

Proteção à população atingida. Em seguida, as atividades relacionadas à ação são descritas.

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FIG. 3.6: Esquema da ação de Proteção à População atingida (Fonte: Autor).

3.6.1. IDENTIFICAR ÁREAS DE RISCO

Na identificação das áreas de risco, equipes de profissionais multidisciplinares devem ser

mobilizadas e, a partir de informações prévias obtidas nas avaliações, priorizar as áreas a

serem inspecionadas. O ideal, entretanto, é que a abrangência da área inspecionada seja a

maior possível. As inspeções devem continuar enquanto permaneça a crise e os seguintes

procedimentos são aconselhados:

• As avaliações devem feitas não apenas por um, mas por uma equipe de profissionais,

que possam avaliar e traduzir os riscos para os tomadores de decisão (prefeitos e

secretários, bem como chefes da Defesa Civil);

Identificar áreas de risco

Identificar necessidades de evacuação ou proteção

Identificar e evitar possibilidades de contaminação e propagação de doenças

Proteção à população da área atingida

Informações

Condições para Proteção

Profissionais

Condições para Evacuação

Suprimentos Resíduos Água Higiene

Identificar possibilidades de agravamento da crise

Divulgar informações sobre riscos e como proceder para evitá-los

Meios de Comunicação

Nível de Rios Condições Meteorológicas

Propaganda

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• Avaliar encostas e definir área afetada em um possível deslizamento;

• Avaliar níveis de rios;

• Avaliar riscos de contaminação do solo ou água por resíduos.

3.6.2. IDENTIFICAR NECESSIDADES DE EVACUAÇÃO OU PROTEÇÃO

Para realizar esta atividade, é necessário verificar se o risco de evacuar não é superior

ao de permanecer no local, considerando-se as possibilidades e recursos para proteger a

população na opção de não evacuar. Para realizar essa atividade é importante observar os

seguintes procedimentos:

• Verificar se há possibilidades de se proteger a população em risco ou se é necessário e

urgente o processo de evacuação;

• Sendo possível a proteção, como contenção de encostas ou construção de diques, por

exemplo, autorizar e possibilitar a imediata realização das obras necessárias,

requisitando recursos públicos;

• Sendo necessária a evacuação, definir áreas seguras para abrigar os evacuados;

• Definir população que deve ser evacuada e as necessidades dessa população (número

de idosos e crianças, pessoas com necessidades especiais, etc.);

• Planejar processo de evacuação (compulsório ou não, modo de transporte, rota

segura).

3.6.3. IDENTIFICAR POSSIBILIDADES DE AGRAVAMENTO DA CRISE

Para prevenir-se do agravamento da crise é necessário que haja um monitoramento

constante do nível de rios, condições de encostas, previsão de marés, condições

meteorológicas futuras e quaisquer outros riscos associados. Devem-se observar os seguintes

pontos e procedimentos:

• Avaliar as previsões meteorológicas e suas possíveis consequências na região atingida

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e quaisquer outras possibilidades de agravamento da crise;

• Estabelecer nível crítico de rios e represas e definir área afetada em caso de

rompimento ou enchente.

3.6.4. DIVULGAR INFORMAÇÕES SOBRE RISCOS E COMO PROCEDER PARA

EVITÁ-LOS

A população da área atingida necessita do conhecimento dos riscos a que está sujeita. A

fim de tornar públicos esses riscos e minimizá-los aconselha-se a realização dos

procedimentos abaixo relacionados:

• Divulgar amplamente informações sobre os riscos do consumo ou contato com águas

contaminadas através dos meios de comunicação usuais e de propagandas como

carros de som;

• Avaliados os riscos (encostas, enchentes, contaminação, etc.), divulgar informações

para que a população possa se proteger, incluindo as ações efetivas para proteção e

rotas seguras possíveis em casos de evacuação voluntária.

3.6.5. IDENTIFICAR E EVITAR POSSIBILIDADES DE CONTAMINAÇÃO E

PROPAGAÇÃO DE DOENÇAS

Para realizar esta atividade, devem ser estabelecidas na região em crise condições para

higiene a partir da distribuição e aplicação de materiais desinfetantes. Havendo necessidade

devem ser distribuídos kits de desinfecção da água, água potável e suprimentos e

providenciada o mais rápido possível à remoção de resíduos contaminantes. Aconselha-se a

execução dos seguintes procedimentos:

• Identificar a partir de especialistas outros possíveis riscos a que a população esta

efetivamente exposta, como contaminação por resíduos tóxicos ou doenças como

leptospirose, etc.;

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• Examinar a água potável disponível para o consumo no local;

• Fornecer água potável em caso de necessidade e condições para descontaminação da

água enquanto não seja possível restabelecer as condições de fornecimento de água

potável ou se tenha dúvidas sobre a segurança da mesma;

• A partir das informações dos especialistas convocados, tomar as medidas possíveis

para evitar a contaminação da população e a propagação de doenças.

3.7. AÇÃO: GARANTIA DA SOBREVIVÊNCIA E RESTABELECEMENTO DAS

CONDIÇÕES ESSENCIAIS

Segundo a Defesa Civil brasileira (www.defesacivil.gov.br), estudos epidemiológicos

demonstram que, em função do crescimento demográfico, nestes dois últimos séculos, os

desastres naturais produziram danos e prejuízos muito superiores aos provocados pelas

guerras. Nessas ocorrências, a capacidade de empreender ações rápidas para garantir o

funcionamento eficiente das instalações vitais, como hospitais e abrigos de emergência, o

fornecimento ininterrupto de energia elétrica, rotas de acesso, abastecimento de água potável

e saneamento é fundamental para se minimizar os prejuízos sociais e materiais da população

atingida.

O esquema da FIG. 3.7 apresenta as atividades e os fatores relacionados à ação de

Garantia da sobrevivência e restabelecimento das condições essenciais. Em seguida as

atividades relacionadas à ação são descritas.

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FIG. 3.7: Esquema da ação de Garantia da sobrevivência e restabelecimento das

condições essenciais (Fonte: Autor).

3.7.1. FORNECER ÁGUA, SUPRIMENTOS E ABRIGO

A fim de garantir a entrega de água e suprimentos à população necessitada, devem ser

verificadas as condições de trafego e segurança nas rotas a serem utilizadas. No planejamento

do transporte devem ser escolhidos veículos adequados e treinados e mobilizados os

profissionais que irão atuar. A infraestrutura, equipamentos, segurança e localização dos

armazéns precisam ser conhecidas a fim de que não surjam impedimentos para a descarga

dos suprimentos ou sua distribuição e se evite perdas. Nesta atividade poderá haver a

necessidade da contratação de terceiros ou aluguel de armazéns e equipamentos, sendo

necessária a previsão de financiamento. Aconselham-se os seguintes pontos e

procedimentos:

• Requisitar e gerenciar frota necessária e adequada (juntamente a órgãos públicos e

ONGs) às atividades relacionadas, bem como pessoal capacitado ou que possa ser

treinado para tais atividades e para o gerenciamento da informação relacionada;

• Avaliar as necessidades urgentes e as previsíveis em termos de suprimentos,

Fornecer água, suprimentos e abrigo

Restabelecer fornecimento de água, energia elétrica e comunicações

Restabelecer rotas de acesso

Garantia da

sobrevivência e restabelecimento das condições essenciais

Financiamento Profissionais Equipamentos

Transporte Profissionais Rotas Armazéns

Financiamento Equipamentos

Financiamento Profissionais Equipamentos

Segurança

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catalogando os necessitados;

• Definir pontos e recursos humanos para armazenagem e distribuição de suprimentos,

tendo em vista acesso dos necessitados ao local, condições de segurança,

infraestrutura, meios e condições de acesso;

• Divulgar pedido de apoio nos meios de comunicação especificando que as doações em

dinheiro serão sempre mais adequadas na fase inicial da operação, onde

prioritariamente as necessidades de população devem ser atendidas com suprimentos

padronizados, comprados na quantidade e qualidade necessárias, evitando-se a

necessidade de triagem de produtos e a falta de outros necessários. Entretanto, é

preciso que fique claro que as doações de produtos são bem vindas e serão utilizadas

em outro momento da operação;

• Realizar a aquisição dos itens definidos como necessários e urgentes requisitando

recursos financeiros a órgãos públicos responsáveis e ONGs que possam contribuir;

• Organizar a distribuição de suprimentos a partir da avaliação da localização e

necessidades das pessoas catalogadas;

• Entregar ajuda diretamente a população nos casos mais críticos e urgentes (a serem

definidos a partir das informações de campo) e onde for necessário devido a

dificuldades de deslocamento que possam existir;

• Divulgar pontos de distribuição de suprimentos e a quem eles serão destinados, bem

como qual é a ajuda disponível nestes centros;

• Suprir as necessidades urgentes em termos de abrigo, utilizando acampamentos se

necessário;

• Divulgar os pontos possíveis de alojamento dos necessitados;

• Suprir os abrigos com as condições necessárias básicas, como água, energia, condições

para cozinhar alimentos, dormitórios, banheiros e condições de higiene como locais

para incineração de resíduos e lavagem de roupas, bem como atendimento médico

básico de emergência;

• Garantir a integridade física dos abrigados;

• Garantir a presença policial nos locais afetados;

• Garantir a segurança nos locais de distribuição de suprimentos, evitando tumultos,

bem como nas rotas de acesso a estes;

• Prestar ajuda psicológica aos atingidos.

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3.7.2. RESTABELECER ROTAS DE ACESSO

Em algumas situações de crise existem regiões que ficam isoladas devido à queda de

pontes, desabamentos de estradas ou mesmo alagamentos. A partir do conhecimento das

possibilidades de se restabelecer o acesso a essas regiões, ainda que de forma precária, devem

ser levantadas as necessidades de financiamento, equipamentos e profissionais para o

restabelecimento do acesso. A partir de então, aconselha-se os procedimentos abaixo

relacionados:

• Definir as obras que serão realizadas considerando a urgência da situação;

• Levantar recursos necessários junto ao governo estadual e federal e junto às forças

armadas para reconstrução das estradas, pontes e acessos avariados ou destruídos;

• Reconstruir as rotas ou abrir novos acessos conforme a necessidade.

3.7.3. RESTABELECER FORNECIMENTO DE ÁGUA, ENERGIA ELÉTRICA E

COMUNICAÇÕES

Para realizar esta atividade deve-se atuar junto às prestadoras de serviços essenciais, no

sentido de ajudar a sanar os problemas ou priorizar as ações e ainda de forma a conseguir

financiamento, profissionais e equipamentos se necessário, para que estes serviços sejam

restabelecidos o mais breve possível.

3.8. AÇÃO: GERENCIAMENTO DA AJUDA

O planejamento das aquisições e entrega de ajuda humanitária para pessoas afetadas por

desastres naturais requer um processo estruturado para que seja eficiente. Até que se

restabeleça a normalidade, este processo deve ser gerenciado com a participação de

profissionais com conhecimentos e habilidades multidisciplinares por se tratar ainda de um

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processo logístico realizado em condições peculiares.

O esquema da FIG. 3.8 apresenta as atividades e os fatores relacionados à ação de

Gerenciamento da ajuda e suprimentos até o restabelecimento da normalidade. Em seguida, as

atividades relacionadas à ação são descritas.

FIG. 3.8: Esquema da ação de Gerenciamentos da ajuda até o restabelecimento da

normalidade (Fonte: Autor).

3.8.1. GERENCIAR SUPRIMENTOS E NECESSIDADE

Em situações de catástrofes, há escassez de edificações adequadas ou localizações ideais

com o espaço suficiente para armazenamento e manuseio do volume e diversidade de

produtos recebidos. As doações usualmente não se adequam totalmente às necessidades.

Assim, será imperativo o financiamento para aquisição de itens faltantes de forma a atender a

população atingida. Os itens recebidos precisam ser triados antes de serem armazenados ou

distribuídos, requerendo um grande número de pessoas trabalhando nesta triagem. O

transporte e distribuição devem ser eficientes minimizando o tempo de armazenagem.

Para realizar esta atividade, sugerem-se os pontos e procedimentos relacionados abaixo:

• Divulgar a necessidade de ajuda, ou obter por meios governamentais de forma a

Gerenciar suprimentos e necessidades

Monitorar os processos estabelecidos

Gerenciamentos da

ajuda até o restabelecimento da

normalidade

Transportes Recursos Humanos

Armazéns

Financiamento

Gerenciar abrigos

Profissionais Financiamento

Profissionais Informações

Triagem

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informar sobre as reais necessidades, minimizando a necessidade de descarte de itens

inadequados;

• Realizar a triagem das doações. Evitar que as doações sejam enviadas diretamente

para as regiões atingidas. As necessidades de alimentação e saúde devem ser atendidas

por suprimentos padronizados, comprados pelo governo ou por doações em dinheiro.

As doações da população devem ser estocadas e triadas em pontos na retaguarda do

desastre e só deverão ser enviadas para o local após o princípio da normalização da

situação. Doações enviadas diretamente para os locais sinistrados só causam confusão

e absorvem pessoal que poderia ser utilizado no atendimento à população sinistrada;

• Fazer a distribuição organizada da ajuda, proporcionando as condições necessárias

para que os necessitados voltem à normalidade;

• Gerenciar armazéns de suprimentos e a distribuição e transporte dos mesmos de forma

a garantir que não se percam itens por validade ou condições inadequadas de

armazenagem.

3.8.2. GERENCIAR ABRIGOS

As tarefas necessárias para realização desta atividade requerem profissionais para a

limpeza e administração do abrigo e financiamento para o pagamento destes profissionais e

outras necessidades como água, energia elétrica, gás, etc. Aconselha-se que sejam observados

os seguintes pontos e procedimentos:

• Organizar limpeza, funcionamento e distribuição de suprimentos ou alimentação

pronta, conforme as condições dos abrigos;

• Manter atualizado o cadastro de pessoas abrigadas, avaliando se realmente não existe

condições de retorno destes à normalidade, deixando os abrigos;

• Coordenar a transferência dos atendidos entre abrigos de forma a desmobilizar abrigos

que não são mais necessários;

• Encaminhar aos órgãos competentes situações de abrigados que não terão condições

de retorno (perderam a moradia, por exemplo), para que sejam resolvidas ou

encaminhadas a moradias temporárias.

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76

3.8.3. AVALIAR E MONITORAR OS PROCESSOS ESTABELECIDOS

Para realizar esta atividade, desde o início dos trabalhos devem ser estabelecidos

relatórios dos processos com as informações necessárias. Os profissionais atuantes devem

fazer a verificação do desempenho e a correção destes, bem como a documentação de toda a

operação.

3.9. AÇÃO: RESTABELECIMENTO DA NORMALIDADE

Conforme os problemas vão sendo sanados e a situação estabilizada, diminuem os riscos

e a complexidade e as tarefas necessárias vão exigindo cada vez menos articulação. É o

momento de iniciar a desmobilização dos recursos empregados. Esse processo é gradual e

contínuo. A desmobilização deve ser planejada e executada cuidadosamente para evitar o

descontrole e a perda de equipamentos e materiais.

O esquema da FIG. 3.9 apresenta as atividades e os fatores relacionados à ação de

Gerenciamento da ajuda e suprimentos até o restabelecimento da normalidade. Em seguida, as

atividades relacionadas à ação são descritas.

FIG. 3.9: Esquema da ação de Restabelecer a normalidade (Fonte: Autor).

Recuperar a funcionalidade da região atingida

Desmobilizar

Restabelecimento da

normalidade e desmobilizar

Áreas/ Construções Recursos humanos Equipamentos

Serviços Limpeza Rotas Reconstrução

Informações / documentação

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3.9.1. RECUPERAR A FUNCIONALIDADE DA REGIÃO ATINGIDA

A fim de recuperar a funcionalidade da região atingida será necessário prestar ajuda aos

atingidos para limpeza e reconstrução das moradias. As prefeituras precisam agir

reconstruindo e limpando as áreas públicas, escolas, hospitais e outros centros de atendimento

a população de forma que a comunidade atinja o mesmo grau de conforto existente antes da

catástrofe. É necessário ainda que restabeleça as rotas municipais e estaduais. Deve-se

divulgar a ajuda disponível, os pontos onde essa ajuda será fornecida e a quem ela se destina.

Aconselham-se assim os seguintes procedimentos:

• Prestar ajuda administrativa aos atingidos oferecendo serviços com atendimentos

especiais, localizados preferencialmente próximos às comunidades (emissão de

documentos, cadastro para recebimento de ajuda etc.);

• Prestar ajuda material aos atingidos, para limpeza e reconstrução das moradias;

• Efetuar a limpeza da região atingida e reconstrução das áreas de uso público atingida;

• Designar trabalhadores e recursos para limpeza e reconstrução da região atingida;

• Reconstruir e restabelecer condições de funcionamento escolas, hospitais e pontos de

atendimento médico de âmbito municipal;

• Avaliar as possibilidades de retorno à região evacuada;

• Avaliar alternativas de regiões para nova alocação dos evacuados que não possam

retornar ao local de origem;

• Decidir sobre retorno ao mesmo local ou alocação dos evacuados em nova região,

proporcionando as condições necessárias;

• Encaminhar os que ainda permanecem nos abrigos às regiões estabelecidas para

retorno;

• Realizar a verificação das escolas, hospitais e postos de saúde atingidos a fim de

garantir a segurança para o retorno ao funcionamento, caso contrário proporcionar as

condições necessárias para tal.

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3.9.2. DESMOBILIZAR

A desmobilização de forma gradativa tão logo seja possível, durante toda a operação,

entretanto bastante cuidadosa e documentada. Para esta atividade precisam ser observados os

pontos e procedimentos relacionados abaixo:

• Desmobilizar armazéns, hospitais de campanha, recursos humanos, abrigos,

equipamentos ou veículos etc. Ocupantes devem ser transferidos para outros abrigos

e suprimentos para outros armazéns se necessário, liberando áreas que não mais sejam

necessárias, para que retornem ao seu uso normal. A desmobilização deve ser

cuidadosa, progressiva e documentada, baseando-se nas informações dos processos

realizados para aquisição a fim de que os equipamentos, veículos etc. não sejam

extraviados;

• Destinar à caridade as sobras de suprimentos e armazenar o material que possa ser

reaproveitado (tendas, equipamentos de campanha, etc.) junto à Defesa Civil da

região.

3.10. CONSIDERAÇÕES SOBRE A ANÁLISE DO FRAMEWORK (LOGÍSTICA DO

PÓS-CATÁSTROFE)

Conforme citado na introdução deste capítulo, uma versão preliminar do framework,

apresentado aqui, foi submetida à avaliação. Para tal, foram formuladas cinco questões, que

foram apresentadas juntamente com o framework preliminar a dez profissionais ligados à área

em questão, sendo oito deles estudiosos do tema, dentre estes, dois trabalham diretamente

com operações de resposta a catástrofes. Os dois outros profissionais tem larga experiência de

atuação em operações de resposta a catástrofes. As questões e o texto preliminar se encontram

nos APÊNDICES deste estudo.

A partir desta avaliação foram recebidas resposta e considerações de seis dos

especialistas consultados, sendo cinco estudiosos do assunto e um profissional experiente na

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área. Feita a análise do parecer destes profissionais, foram introduzidas correções e

acréscimos no texto original. Algumas considerações sobre as alterações realizadas são

relatadas abaixo:

• Na primeira versão, existia a proposta de tempos pré-determinados para a execução ou

ponto de partida das etapas como, por exemplo, o prazo de 24 horas como máximo

para o início das ações de avaliação. Essa rigidez de tempos existente na primeira

versão era inadequada dada à imprevisibilidade das situações de catástrofe, sendo

essas situações processos complexos sujeitos a muitas variáveis como menciona um

dos avaliadores. É importante ressaltar ainda que essas etapas sugerem uma ordem de

ações flexível, entretanto, pois em algumas situações ações podem ser antecipadas

com benefício da operação, como ocorreu em Itajaí em 2011, quando a gestão dos

abrigos foi instituída antes mesmo das enchentes;

• Ainda a partir da contribuição dos avaliadores, foi acrescentado à Seção 3.8.1 o item

que sugere a que as doações de produtos (alimentos, roupas etc.) sejam recebidas na

retaguarda da operação, sendo utilizadas em momento posterior, próximo ao

restabelecimento da normalidade, lembrando que a logística necessária à recepção e

triagem destes itens na região sinistrada poderiam acarretar prejuízos às ações mais

urgentes;

Também foi acrescentado à seção 3.2.2, a partir da contribuição dos avaliadores, o item

que sugere o dimensionamento do pessoal necessário para as demais etapas do desastre.

Notou-se ainda uma preocupação dos avaliadores em sugerir ações pré-catástrofe. As

ações sugeridas possibilitam uma preparação prévia para os processos necessários na

operação de resposta. Na medida do possível e principalmente em regiões com histórico de

catástrofes, foram sugeridas ações como treinamento constante de primeiros socorros em

escolas, cadastro e acordos prévios entre agências humanitárias, governos e possíveis

colaboradores ou contratados.

Ainda de forma a auxiliar a utilização do framework, sugere-se conforme apresentado na

TAB. 3.2 abaixo, os órgãos que poderiam ser responsáveis inicialmente por desenvolver as

atividades da operação de resposta no panorama brasileiro. Considera-se que em cada

catástrofe, dependendo da quantidade de profissionais disponibilizados e da infraestrutura

local, isto possa ser alterado dependendo do comando da operação de resposta.

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TAB. 3.2: Atividades e responsabilidades na operação de resposta (Fonte: Autor).

Atividades Responsabilidades

Estabelecer centro de gerenciamento da crise Defesa Civil

Identificar a abrangência da crise Defesa Civil

Identificar a gravidade da crise Defesa Civil

Identificar os recursos disponíveis na região atingida Prefeituras

Identificar os recursos necessários à região atingida Prefeituras

Definir base para operação dentro da região atingida Defesa Civil

Localizar e resgatar os feridos Defesa Civil

Realizar triagem de atendimento Forças Armadas

Realizar atendimento Hospitais da região e profissionais voluntários

Identificar as áreas de risco Defesa Civil

Identificar necessidades de evacuação ou proteção Defesa Civil

Identificar possibilidades de contaminação e

propagação de doenças

Secretaria de Saúde (Prefeituras)

Divulgar informações sobre riscos e como proceder

para evitá-los

Defesa Civil e Prefeituras

Identificar as possibilidades de agravamento da crise Defesa Civil

Fornecer água, suprimentos e abrigos. Defesa Civil, Forças Armadas e ONGs

Restabelecer rotas de acesso Forças Armadas

Restabelecer fornecimento de água, energia elétrica e

comunicações.

Prefeituras

Gerenciar suprimentos e necessidades Forças Armadas e ONGs

Gerenciar abrigos ONGs

Avaliar e Monitorar os processos estabelecidos Defesa Civil

Recuperar a funcionalidade da região atingida Prefeituras

Desmobilizar Defesa Civil, Forças Armadas e ONGs e Prefeituras

É importante observar que parte das atividades relacionadas às ações de Mobilização,

Avaliação Situacional e Avaliação Logística pode ser previamente definida, cabendo apenas

sua implementação após a ocorrência do desastre. Assim, como forma de atender a questão de

preparo prévio e facilitar a operação de logística humanitária, propõe-se no capítulo 4 deste

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estudo, um modelo de banco de dados, elaborado a partir da consideração de todas as ações a

serem realizadas na operação de resposta a catástrofes. Este modelo visa suprir as

informações necessárias à eficiência destas ações e que podem ser previamente

disponibilizadas.

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4. PROPOSTA DE ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS NECESSÁRIA AOS

PROCESSOS LOGÍSTICOS DO FRAMEWORK)

O Modelo Conceitual de Banco de Dados sugerido aqui foi desenvolvido com o objetivo

de apoiar a operação de resposta a catástrofes, catalogando informações prévias sobre uma

série de aspectos como população, profissionais da saúde, transportes etc. e visa amparar a

tomada de decisões e execução de processos no pós-catástrofe, tendo como alvo principal de

utilização as regiões de alta vulnerabilidade, que apresentam histórico de catástrofes, podendo

ter ampla utilização, entretanto, uma vez que o custo de manutenção da base de dados

sugerida é extremamente reduzido, sendo uma aplicação simples, mas de grande utilidade.

Não foram encontradas aplicações similares no âmbito da logística humanitária.

As ações de Mobilização, Avaliação Situacional e Avaliação Logística podem se

beneficiar diretamente do cadastro prévio de informações, sendo estruturado o Modelo

Conceitual do Banco de Dados de forma a suprir todas as informações necessárias a essas

ações. Entretanto, outras ações operacionais, que dependem de dados atuais da catástrofe,

ainda poderão se utilizar de informações levantadas para estas ações, como por exemplo, no

atendimento aos feridos, as condições e localizações de hospitais.

Apresenta-se o Modelo Conceitual do Banco de Dados através de diagramas de entidade-

relacionamento na seção 4.1. Este é detalhado na seção 4.2, através do Projeto Lógico, onde

se faz o mapeamento do Modelo Conceitual para o Modelo de Dados. A seguir, é apresentada

na seção 4.3 a implementação física de um módulo a título de exemplo.

4.1 MODELO CONCEITUAL DO BANCO DE DADOS

Relaciona-se nesta seção a especificação das entidades, seus atributos e os

relacionamentos entre as mesmas. A caracterização das necessidades de dados foi elaborada a

partir da análise dos processos logísticos estabelecidos como essenciais no capítulo 2 que

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podem se beneficiar do cadastro prévio de informações.

4.1.1. INFORMAÇÕES PRÉVIAS PARA SUPORTE A MOBILIZAÇÃO

O processo de Mobilização trata na prática do estabelecimento de um Centro de

Gerenciamento da Crise e da definição de responsabilidades neste centro, bem como da

mobilização de recursos e profissionais nas diversas outras ações essenciais às operações de

resposta, apresentadas no Capítulo 3. Também se inclui no processo de mobilização, a

convocação de entidades de ajuda para atuação na crise. Para subsídio deste processo

sugerem-se quatro entidades que não se relacionam entre si, a saber:

• Localização_centro: relaciona possíveis localizações do Centro de Gerenciamento da

Crise, sendo definida pelos atributos localização, área coberta (m2), área descoberta

(m2), nível de segurança (definido pela polícia militar), infraestrutura geral,

infraestrutura de comunicação, responsável e contato;

• Responsabilidades_centro: relaciona os possíveis comandos e subcomandos de cada

uma das áreas estabelecidas no SCO, sendo definida pelos atributos nome, área,

contato, origem (instituição);

• Profissionais: relaciona os profissionais disponíveis para atuação na crise, por área

estabelecida no SCO, sendo definida pelos atributos nome, área, subárea, origem e

contato;

• Ongs/Instituições: relaciona as ONGs e instituições que podem fornecer apoio, sendo

definida pelos atributos responsável, contato e tipo de ajuda que podem prestar.

A FIG. 4.1 apresenta o diagrama de entidade-relacionamento para o processo de

mobilização.

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FIG. 4.1: Diagrama de entidade-relacionamento do processo de Mobilização (Fonte:

Autor).

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4.1.2. PROCESSO DE AVALIAÇÃO SITUACIONAL

O processo de avaliação situacional consiste na prática do levantamento de dados

relacionados à gravidade e abrangência da crise. Alguns dados podem ser previstos em

relação à abrangência da crise. Esse processo apresenta como entidades a área e a população,

relacionadas entre si:

• Área: relaciona cada região dentro da área de vulnerabilidade, sendo definida pelos

atributos localização, tipo de vulnerabilidade a que está sujeita (enchente ou

deslizamento), o grau de risco (determinado pela Defesa Civil), quantidade de

habitações, quantidade de escolas, quantidade de hospitais e quantidade de rotas

significativas, além da área em metros quadrados; fator de vulnerabilidade_1 (nível de

determinado rio, milímetros cúbicos de chuva previstos, previsão de maré, etc.), fator

de vulnerabilidade_2, evacuação, responsável evacuação, status (atingida ou não

atingida);

• População: contém a localização, a população total da área, a população de idosos, de

crianças, de adultos e de portadores de necessidades especiais (incluindo pacientes de

hospitais).

A FIG. 4.2 apresenta o diagrama de entidade-relacionamento para o processo de

Avaliação Situacional.

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FIG. 4.2: Diagrama de entidade-relacionamento do processo de Avaliação Situacional

(Fonte: Autor).

4.1.3. PROCESSO DE AVALIAÇÃO LOGÍSTICA

No processo de avaliação logística, é importante o levantamento prévio dos recursos

logísticos da região vulnerável, a fim de tornar mais rápido no momento da crise, o

conhecimento dos recursos logísticos ainda disponíveis e os afetados, bem como as

necessidades prementes da região. Para tal são definidas as seguintes entidades, que

apresentam alguns relacionamentos entre si:

• Áreas de apoio: relaciona áreas de possível utilização para abrigos, atendimento a

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feridos, armazéns ou mesmo base de operação dentro da região atingida. São definidas

a partir de sua localização, área coberta (m2), área descoberta (m2), nível de segurança

(definido polícia militar), nível de acesso (relacionado à capacidade de fluxo das rotas

e condições de acesso do local, definido por especialistas de transporte), grau de risco

(definido pela defesa civil), descrição, responsável e contato, status (atingida ou não

atingida);

• Hospitais: relaciona os hospitais próximos ou internos à região de vulnerabilidade e é

definida a partir dos atributos localização, nível de acesso, capacidade de atendimento

de emergência, capacidade do CTI, capacidade dos centros cirúrgicos, capacidade de

transporte de pacientes, status (atingida ou não atingida);

• Veículos/Equipamentos: relaciona os veículos (helicópteros, caminhões, etc.) e

equipamentos (retroescavadeira, caminhão pipa, etc.) de possível utilização na

operação de resposta e é definida pelos atributos tipo, capacidade, quantidade, origem,

responsável e contato;

• Rotas: relaciona as principais rotas na região de vulnerabilidade, sendo definida pelos

atributos localização, descrição, capacidade de fluxo e carga (definida por especialistas

de transportes) e nível de segurança (definida pela polícia militar), grau de risco, status

(atingida ou não atingida);

• Fornecedores_Suprimentos: relaciona os principais suprimentos necessários no pós-

catástrofe (cobertores, barracas, vacinas, etc.) e é definida pelos atributos tipo,

fornecedor, descrição, responsável e contato;

• Terceiros: relaciona empresas e serviços necessários no pós-catástrofe (construção

civil, transportes, etc.) e é definida pelos atributos tipo, nome, responsável e contato.

A FIG. 4.3 e a FIG. 4.4 apresentam o diagrama de entidade-relacionamento para o

processo de avaliação logística.

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FIG. 4.3: Diagrama de entidade-relacionamento do processo de Avaliação Logística –

Parte 1 (Fonte: Autor).

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FIG. 4.4: Diagrama de entidade-relacionamento do processo de Avaliação Logística -

Parte 2 (Fonte: Autor).

4.2. PROJETO LÓGICO DO BANCO DE DADOS

Nesta seção apresenta-se o projeto lógico do banco de dados, desenvolvendo-se o

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mapeamento do Modelo Conceitual para o modelo de dados propriamente dito, utilizando-se

para isto o DBDesigner4. Assim, apresenta-se a forma de organização dos dados e das

estruturas de armazenamento internas, bem como os relacionamentos entre estas.

A FIG. 4.5 apresenta a tabela “Localização-centro” do banco de dados, relacionada ao

processo de mobilização que estabelece a base necessária para a escolha do local para o

Centro de gerenciamento da crise.

FIG. 4.5: Tabela “Localização-centro” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.6 apresenta a tabela “Responsabilidades-centro” do banco de dados, relacionada

ao processo de mobilização que estabelece a base necessária para a definição de comando no

centro de gerenciamento da crise.

FIG. 4.6: Tabela “Responsabilidades-centro” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.7 apresenta a tabela “Profissionais” do banco de dados, relacionada ao processo de

mobilização que estabelece a base necessária para recrutamento de pessoal para atuação na

operação de resposta da crise.

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FIG. 4.7: Tabela “Profissionais” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.8 apresenta a tabela “Ongs-Instituições” do banco de dados, relacionada ao

processo de mobilização que estabelece a base necessária para a cooperação na operação de

resposta à crise.

FIG. 4.8: Tabela “Ongs-Instituições” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.9 apresenta a tabela “Área-vulnerável” do banco de dados, relacionada ao

processo de Avaliação Situacional que estabelece a base necessária para a o cálculo da

abrangência da crise.

FIG. 4.9: Tabela “Área-vulnerável” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.10 apresenta a tabela “População-vulnerável” do banco de dados, relacionada ao

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processo de Avaliação Situacional que estabelece a base necessária para a o cálculo da

abrangência da crise.

FIG. 4.10: Tabela “População-vulnerável” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.11 apresenta a tabela “Áreas de Apoio” do banco de dados, relacionada ao

processo de Avaliação Logística que estabelece a base necessária para a atuação no pós-

catástrofe.

FIG. 4.11: Tabela “Áreas de Apoio” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.12 apresenta a tabela “Hospitais” do banco de dados, relacionada ao processo de

Avaliação Logística que estabelece a base necessária para a atuação no pós-catástrofe.

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FIG. 4.12: tabela “Hospitais” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.13 apresenta a tabela “Veículos-Equipamentos” do banco de dados, relacionada

ao processo de Avaliação Logística que estabelece a base necessária para a atuação no pós-

catástrofe.

FIG. 4.13: Tabela “Veículos-Equipamentos” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.14 apresenta a tabela “Rotas” do banco de dados, relacionada ao processo de

Avaliação Logística que estabelece a base necessária para a atuação no pós-catástrofe.

FIG. 4.14: tabela “Rotas” do banco de dados (Fonte: Autor).

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A FIG. 4.15 apresenta a tabela “Terceiros” do banco de dados, relacionada ao processo de

Avaliação Logística que estabelece a base necessária para a atuação no pós-catástrofe.

FIG. 4.15: Tabela “Terceiros” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.16 apresenta a tabela “Fornecedores_Suprimentos” do banco de dados,

relacionada ao processo de Avaliação Logística que estabelece a base necessária para atuação

no pós-catástrofe.

FIG. 4.16: Tabela “Fornecedores_Suprimentos” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.17 apresenta a tabela uma visão geral da estrutura lógica do banco de dados.

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FIG. 4.17: Visão geral do banco de dados (Fonte: Autor).

4.3. IMPLEMENTAÇÃO FÍSICA DO BANCO DE DADOS – MÓDULO EXEMPLO

Como o modelo conceitual apresentado trata-se de um banco de dados direcionado ao uso

desmembrado por regiões e cidades, caracterizam-se as bases de dados a serem cadastradas

nesse por pequena quantidade de dados, não demandando, portanto, o uso de ferramentas de

grande porte.

Para implementação do módulo exemplo foi utilizado o Microsoft Access 2010 que

possui a capacidade de tamanho de arquivo do banco de dados de dois gigabytes, e

possibilidade de criação de tabelas de até 255 registros. O Microsoft Access 2010 conta ainda

com funcionalidades que proporcionam fácil criação e manutenção de uma base de dados,

atuando como gerenciador de banco de dados e sendo ao mesmo tempo uma ferramenta

acessível a usuários não especializados. Desta forma, o protótipo apresentado aqui foi criado a

partir de modelos pré-existentes no Microsoft Access 2010 e já conta com a possibilidade de

utilização via Web, bastando para tal apenas ser disponibilizado em um servidor de acesso.

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A seguir, apresentam-se algumas telas do protótipo implementado, onde figuram tabelas,

formulários de entradas de dados e alguns dos relatórios possíveis a partir da estrutura de

dados criada, de forma a exemplificar a utilização do Modelo Conceitual desenvolvido.

A Figura 4.18 apresenta a tabela Localização_Centro que relaciona os possíveis locais

para o estabelecimento do Centro de Gerenciamento da Crise e as características destes locais.

FIG. 4.18: Tabela “Localização_centro” do banco de dados (Fonte: Autor).

A FIG. 4.19 abaixo apresenta o formulário de entrada de dados para a tabela

“Profissionais”, que subsidia a mobilização de profissionais na crise.

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FIG. 4.19: Formulário de entrada de dados “Dados dos Profissionais” (Fonte: Autor).

A FIG. 4.20 abaixo apresenta o relatório que lista as informações da tabela

“Profissionais”.

FIG. 4.20: Relatório “Dados dos Profissionais” (Fonte: Autor).

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A FIG. 4.21 abaixo apresenta o relatório que lista de forma resumida as informações da

tabela “Profissionais”.

FIG. 4.21: Relatório “Lista de Profissionais” (Fonte: Autor).

A FIG. 4.22 abaixo apresenta o relatório com as informações de contato da tabela

“Profissionais”.

FIG. 4.22: Relatório “Catálogo telefônico de Profissionais” (Fonte: Autor).

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A FIG. 4.23 abaixo apresenta o relatório com a lista de profissionais por área de atuação,

a partir dos dados da tabela “Profissionais”.

FIG. 4.23: Relatório “Profissionais relacionados por área de atuação” (Fonte: Autor).

4.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE O MODELO CONCEITUAL E SUA APLICAÇÃO

O Modelo Conceitual de Banco de Dados aqui apresentado, se volta à preparação da

operação de resposta, visando ancorar os processos decisórios desta em informações de

qualidade, cadastradas previamente e que vão assegurar agilidade nas decisões. O

conhecimento prévio das condições dos hospitais da região, por exemplo, pode assegurar a

correta escolha do encaminhamento das vítimas. É ainda grande a sua utilidade no processo

mobilização de diversos recursos (profissionais, equipamentos, veículos, prestadores de

serviço) nas diversas ações da operação de resposta, sendo seu custo de utilização mínimo em

relação aos benefícios que proporciona e altamente aconselhável seu emprego em regiões com

alta vulnerabilidade.

Esse protótipo não foi criado como um aplicativo de forma a não restringir a introdução

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de informações que possam ser necessárias na região, de acordo com o órgão que tenha

responsabilidade de mantê-lo. Esse órgão poderá, depois de testado, transformá-lo em

aplicativo.

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101

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. CONCLUSÕES

O objetivo principal deste trabalho foi o desenvolvimento de um modelo de atuação

destinado à utilização nas operações de resposta a catástrofes no Brasil. Para tal, foi realizada

uma análise de manuais de diversas organizações que pudessem de alguma forma subsidiar

este processo, apoiando-se ainda essa pesquisa em textos de outros autores como Schulz

(2009), Altay (2006), Gad-El-Hak (2008) e outros.

Assim, o estudo realizado possibilitou um conhecimento mais amplo do atual estado de

desenvolvimento da logística no setor humanitário em diversos países, evidenciando sua

aplicação nas operações emergenciais, voltadas a resposta de catástrofes decorrentes de

fenômenos naturais. A escolha dos documentos analisados foi definida de forma a possibilitar

uma visão das diversas esferas (instituições de ajuda humanitária, ministérios de defesa e

instituições voltadas ao desenvolvimento e difusão de processos logísticos no setor

humanitário) no palco de desenvolvimento da logística humanitária na resposta a catástrofes.

A partir desta análise, foi possível evidenciar através da percepção de relevância e das

intersecções existentes entre os diversos manuais, um conjunto de processos logísticos

relacionados ao sucesso das operações de resposta a catástrofes resultantes de desastres

naturais, aplicáveis principalmente a situações emergenciais. Foi possível identificar ainda um

conjunto de ações em que esses processos logísticos são operacionalizados. A síntese dos

documentos analisados, apresentada no capítulo 2 do estudo e complementada pelos

ANEXOS deste, tem grande aplicação no Brasil que não dispõe de muitos trabalhos focados

no conhecimento logístico direcionado a prática das operações de resposta a catástrofes. Sua

utilização pode auxiliar na tomada de decisões e implantação de processos nestas operações.

Entretanto, conforme o objetivo do trabalho buscou-se uma melhor exposição e a

complementaridade deste conhecimento através da composição de um framework voltado

para a aplicação em campo nas operações de resposta a catástrofes no Brasil. Esse framework

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foi desenvolvido evidenciando-se ações e atividades consideradas essenciais ao sucesso destas

operações, de acordo com a importância percebida nas pesquisas. Essas ações como Primeiros

socorros à população, Proteção à população da área atingida, Garantia da sobrevivência e

restabelecimento das condições essenciais, Gerenciamento da ajuda foram agrupadas em

etapas que definem uma ordem temporal de prioridades que visa auxiliar uma escalada na

implantação da operação de resposta. Entretanto é importante ressaltar que existem situações

onde esta ordem pode ser revogada em benefício da operação, desde ações mais urgentes não

sofram prejuízos decorrentes da implantação antecipada de outras. A relação de atividades

constantes no framework para cada ação não visa esgotar o contexto, mas apenas arrolar

atividades primordiais nestas ações.

Uma versão inicial deste framework foi submetida à análise de dez profissionais ligados à

área, pesquisadores de logística humanitária ou atuantes em operações de resposta a

catástrofes. O framework foi enviado aos profissionais juntamente a um resumo do capítulo 3

deste estudo e um questionário, apresentados nos APÊNDICES deste estudo. As respostas

apontaram uma concordância geral tanto da validade do trabalho quanto das falhas do

modelo, o que possibilitou a melhoria do protótipo, ao qual foram adicionados pontos

fundamentais derivados do conhecimento destes profissionais consultados, conduzindo a um

modelo de atuação mais completo e aplicável à realidade das operações de resposta a

catástrofes, visto no capítulo 3.

A análise da versão preliminar do framework levou ainda através das considerações de

alguns dos profissionais consultados, a percepção da possibilidade de uma preparação prévia

para determinadas ações da operação de resposta. Assim, o capítulo 4 deste estudo expôs um

protótipo de banco de dados voltado a apoiar o processo decisório nas ações emergenciais da

operação de resposta a catástrofes e elaborado com base no conhecimento dos imperativos

destas operações e de suas características peculiares, bem como dos processos logísticos a

serem operacionalizados em campo nestas situações. Nesse protótipo, buscou-se estruturar os

dados pertinentes às informações de três processos, a Mobilização, a Avaliação situacional e a

Avaliação logística, sendo esses processos os que possibilitavam a coleta prévia de

informações. Os dados foram estruturados em tabelas nomeadas de forma a possibilitar uma

clara conexão entre os dados e sua utilização. Foram criados ainda no protótipo formulários

que facilitam o preenchimento de dados, evitando erros, e relatórios que exemplificam a

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utilização deste banco de dados no apoio a tomada de decisões no momento da catástrofe.

Alguns exemplos de informações estruturadas neste banco de dados são informações sobre

terceiros, relacionadas por área de atuação (transportadoras, construtoras etc.), informações

sobre profissionais que possam ser necessários ou que sejam voluntários (médicos,

enfermeiros, geólogos etc.) e outras.

Desta forma a implementação desse protótipo pode subsidiar as operações de resposta a

catástrofes no Brasil, facilitando a tomada de decisão desde o momento de se instituir o centro

de gerenciamento da crise, uma vez que conta com contatos dos possíveis responsáveis a

serem convocados, locais para estabelecimento deste centro com informações completas da

infraestrutura destes locais, até as decisões de campo como, por exemplo, rotas possíveis de se

utilizar, veículos que estas rotas suportam, hospitais e sua condição de atendimento, entre

outras. Esse protótipo tem ampla utilização uma vez que não requer dilatados recursos,

podendo ser implementado com custos insignificantes. Sua utilização, entretanto, apresenta

largos benefícios uma vez que fornecerá informações seguras ao processo decisório na

operação de resposta e outras que irão subsidiar as ações emergenciais em campo, lembrando

que a informação consistente é sempre um fator essencial e difícil de obter em uma situação

de catástrofe. Seu uso é aconselhado principalmente em regiões de alta vulnerabilidade a

catástrofes, como por exemplo, as regiões mapeadas pelo Atlas de Vulnerabilidade da

Agência Nacional de Águas que apresentem essa classificação.

5.2. RECOMENDAÇÕES

Aconselha-se a aplicação do framework apresentado nas operações de resposta a

catástrofes, como auxiliar do processo, favorecendo a tomada de decisão e o encadeamento

das ações prioritárias e como forma de subsidiar processos que não podem ser relegados a um

segundo plano ou desconsiderados na operação, como Monitoramento e Controle de

Qualidade, Gestão da Informação ou Coordenação entre Agências.

Recomenda-se a implantação do protótipo de banco de dados nas regiões de alta

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vulnerabilidade a catástrofes, como preparação prévia para as operações de resposta nessas

regiões. Sugere-se que este cadastro prévio seja mantido pelas prefeituras inseridas nas

regiões de alta vulnerabilidade indicadas pelo “Atlas de Vulnerabilidade a Inundações”,

desenvolvido pela Agência Nacional das Águas que mapeia as regiões com alta probabilidade

de ocorrência de inundações no Brasil. Quando as prefeituras desses locais não tiverem

condições de manter este cadastro, esse poderia ser feito por um órgão estadual ou pela

própria ANA.

Considera-se importante a divulgação do estudo de forma a incrementar a formação de

profissionais ligados à defesa civil brasileira ou organizações humanitárias que atuam nas

operações de resposta.

Como foco de um estudo posterior, aconselha-se o acompanhamento da aplicação do

framework em campo monitorando o processo, de forma a corrigir deficiências e acrescer o

conhecimento sintetizado aqui, aproximando-o ainda mais da realidade, e ainda em outra

aplicação, analisar dentre as ações aqui propostas, quais são efetivamente empregadas nas

operações de resposta no Brasil e quais não são empregadas e os motivos, levando assim a um

incremento deste estudo.

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105

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. APÊNDICES.

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7.1. APÊNDICE 1: FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO MODELO DE ATUAÇÃO -

LOGÍSTICA PÓS-DESASTRE NATURAL

1) Deve ser acrescentada alguma ação/atividade ao modelo de atuação?

( )Não ( )Sim. Quais? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

2) Algumas das ações devem ser realocadas para outro grupo?

( )Não ( )Sim . Quais? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

3) Algumas das atividades devem ser realocadas para outra ação? ( )Não ( )Sim . Quais? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

4) Concorda com a proposta de início/término e duração dos grupos de ações? ( )Sim ( )Não. Quais as alterações sugeridas? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

5) Que críticas/sugestões podem ser feitas ao modelo de atuação ou ao trabalho como um todo? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

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109

7.2. APÊNDICE 2: MODELO DE ATUAÇÃO - LOGÍSTICA PÓS-DESASTRE NATURAL

No momento em que ocorre uma catástrofe, instituições governamentais e organizações

humanitárias precisam trabalhar com rapidez e precisão para verificar o material necessário

para atender às necessidades da população afetada. A TAB. 7.1 apresenta uma síntese das

principais ações e atividades logísticas a serem aplicadas em operações de resposta a desastres

naturais, divididas por grupos.

TAB. 7.1: Ações e atividades logísticas nas operações de resposta a desastres naturais

(Fonte: Autor)

Ação Atividades

Reconhecimento

Mobilização Estabelecer centro de gerenciamento da crise

Avaliação Situacional

Identificar a abrangência da crise

Identificar a gravidade da crise

Avaliação Logística

Identificar os recursos disponíveis na região

atingida

Identificar os recursos necessários à região

atingida

Definir base para operação dentro da região

atingida

Salvamento Primeiros socorros à

população

Localizar e resgatar os feridos

Realizar triagem de atendimento

Realizar atendimento

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Proteção à população

da área atingida

Identificar as áreas de risco

Identificar necessidades de evacuação ou

proteção

Identificar possibilidades de contaminação e

propagação de doenças

Divulgar informações sobre riscos e como

proceder para evita-los

Identificar as possibilidades de agravamento

da crise

Garantia da

sobrevivência e

restabelecimento das

condições essenciais

Fornecer água, suprimentos e abrigos.

Restabelecer rotas de acesso

Restabelecer fornecimento de água, energia

elétrica e comunicações.

Manutenção

Gerenciamento da

ajuda até o

restabelecimento da

normalidade

Gerenciar suprimentos e necessidades

Gerenciar abrigos

Avaliar e Monitorar os processos

estabelecidos

Desmobilização Restabelecimento da

normalidade

Recuperar a funcionalidade da região atingida

Desmobilizar

7.2.1. AÇÃO: MOBILIZAÇÃO

Estabelecer o Centro de Gerenciamento da Crise:

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• Requisitar responsáveis técnicos aos órgãos envolvidos para gerência das principais

áreas necessárias: Logística, saúde, informação, obras, etc.;

• Definir local de funcionamento do centro de gerenciamento da crise;

• Solicitar profissionais voluntários diretamente nos meios de comunicação;

• Definir atribuições e responsáveis;

• Estabelecer processo de cooperação entre os atores e realizar a coordenação deste

processo;

• Identificar ONGs de apoio;

• Requisitar a ajuda necessária a governos, prefeituras, exército, etc.

7.2.2. AÇÃO: AVALIAÇÃO SITUACIONAL

Identificar Abrangência da Crise:

• Divulgar pedido de informações sobre a crise em todos os meios disponíveis;

• Conectar órgãos institucionais e ONGs na região atingida em busca de informações

(informações telefônicas, internet, fotos de satélite, etc.);

• Mapear a região atingida através do cruzamento e avaliação das informações obtidas e

outras já existentes sobre a região;

• Monitorar atividades em realização e redefinir prioridades atualizando constantemente

as informações.

Definir Gravidade da Crise:

• Definir pontos prioritários de atendimento dentro da região atingida, a partir da análise

das informações obtidas;

• Definir as necessidades de ajuda externa a partir da noção da gravidade da crise de

acordo com a avaliação das informações preliminares;

• Monitorar atividades em realização e redefinir gravidade e pontos prioritários de

acordo com as informações recebidas.

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7.2.3. AÇÃO: AVALIAÇÃO LOGÍSTICA

Identificar recursos disponíveis na região atingida:

• Avaliar as informações preliminares obtidas de forma a mapear as rotas internas e de

acesso à região atingida;

• Avaliar as informações preliminares obtidas de forma a mapear os possíveis centros de

atendimento aos feridos dentro da região atingida e melhores rotas de acesso a estes.

Identificar recursos necessários à região atingida:

• Definir a partir das informações preliminares os recursos e serviços emergenciais a

serem enviados à região, bem como rotas e locais onde serão necessários;

• Definir obras de reconstrução de rotas emergenciais e obras de proteção necessárias a

partir das informações obtidas e com a ajuda de especialistas requisitados.

Definir base para a operação dentro da região atingida: Para se definir a base para

operação é necessário identificar um ponto seguro dentro da região atingida, com condições

para estabelecer-se um hospital de campanha se necessário. Deve-se analisar se o local

escolhido é favorável ao trânsito interno na região atingida e também para principais hospitais

próximos em atividade, localizados fora da zona de risco, a partir dos dados obtidos na

avaliação situacional e logística.

7.2.4. AÇÃO: PRIMEIROS SOCORROS À POPULAÇÃO ATINGIDA

Localizar e resgatar os feridos:

• Requisitar e gerenciar frota necessária e adequada (juntamente a órgãos públicos e

ONGs), bem como pessoal capacitado ou que possa ser treinado para tais atividades e

para a gerência da informação relacionada;

• Montar equipes de resgate em número suficiente para atender nas primeiras horas os

pontos definidos como críticos, com condições de prestar os primeiros socorros,

definir a gravidade dos ferimentos e decidir sobre urgência e necessidades de

atendimento, de forma a definir o encaminhamento;

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• Montar equipes de recolhimento de cadáveres para a correta identificação dos mortos e

encaminhamento para liberação para sepultamento ou posterior identificação,

capacitadas também a fornecer ajuda e informação necessárias às famílias;

• Monitorar as atividades com a confecção constante de relatórios no centro de

gerenciamento de crise, a partir das informações passadas pelo pessoal de campo,

como número de mortos, feridos, gravidade, novos riscos detectados, etc.

Realizar triagem de atendimento:

• Requisitar pessoal treinado (enfermeiros e técnicos em enfermagem cedidos de outros

órgãos) para triagem dos feridos;

• Requisitar ajuda voluntária (médicos e enfermeiros);

• Montar hospital de campanha no local, com condições para abrigar, avaliar gravidade

e prestar atendimento para ferimentos leves a fim de evitar deslocamentos

desnecessários e congestionamento nos hospitais;

• Definir hospitais que receberão os feridos graves, de acordo com a distância e

capacidade de atendimento e condições da rota.

Realizar atendimento:

• Obter e gerenciar transporte necessário aos feridos, adequado à gravidade;

• Transportar feridos aos hospitais determinados pela triagem;

• Realizar atendimentos possíveis no hospital de campanha.

7.2.5. AÇÃO: PROTEÇÃO À POPULAÇÃO ATINGIDA

Identificar áreas de risco:

• Solicitar, através dos meios de comunicação, profissionais voluntários necessários, de

forma que as avaliações sejam por uma equipe de profissionais, que possam avaliar e

traduzir os riscos para os tomadores de decisão (prefeitos e secretários, bem como

chefes da Defesa Civil);

• Avaliar encostas e definir área afetada em um possível deslizamento.

Identificar necessidades de evacuação ou proteção:

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• Definir possibilidades de proteger a população em risco ou se é necessário o processo

de evacuação;

• Sendo possível a proteção, como contenção de encostas ou construção de diques, por

exemplo, autorizar e possibilitar a imediata realização das obras necessárias,

requisitando recursos públicos;

• Sendo necessária a evacuação, definir áreas seguras para abrigar os evacuados;

• Definir população que deve ser evacuada;

• Definir processo de evacuação (compulsório ou não, transporte, rota segura).

Identificar possibilidades de agravamento da crise:

• Avaliar as previsões meteorológicas e suas possíveis consequências na região atingida

e quaisquer outras possibilidades de agravamento da crise;

• Estabelecer nível crítico de rios e represas e definir área afetada em caso de

rompimento ou enchente.

Identificar possibilidades de contaminação e propagação de doenças:

• Identificar possíveis riscos a que a população esta efetivamente exposta, como

contaminação por resíduos tóxicos ou doenças como leptospirose, etc.;

• Examinar a água potável disponível para o consumo no local;

• Fornecer água potável em caso de necessidade e condições para descontaminação da

água enquanto não seja possível restabelecer as condições de fornecimento de água

potável.

Divulgar informações sobre riscos e como proceder para evitá-los:

• Tomar medidas para evitar a contaminação da população e propagação de doenças;

• Divulgar informações sobre riscos do consumo ou contato com águas contaminadas;

• Avaliados os riscos (encostas, enchentes, contaminação, etc.), divulgar informações

para que a população possa se proteger, incluindo as ações efetivas para proteção e

rotas seguras possíveis em casos de evacuação voluntária.

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7.2.6. AÇÃO: GARANTIR A SOBREVIVÊNCIA E RESTABELECER CONDIÇÕES

ESSENCIAIS

Fornecer água, suprimentos e abrigo:

• Requisitar e gerenciar frota necessária e adequada (juntamente a órgãos públicos e

ONGs) as atividades relacionadas, bem como pessoal capacitado ou que possa ser

treinado para tais atividades e para o gerenciamento da informação relacionada;

• Avaliar as necessidades urgentes em termos de suprimentos, catalogando os

necessitados;

• Definir pontos para armazenagem e distribuição de suprimentos, bem como recursos

humanos necessários, tendo em vista acesso dos necessitados ao local e condições de

transporte ao mesmo;

• Divulgar pedido de apoio nos meios de comunicação especificando itens necessários e

formas de entrega destes, e diretamente a outras instituições, como para o caso de

remédios, suprimentos médicos, de acampamento, etc.;

• Realizar aquisição dos itens necessários e urgentes, requisitando recursos financeiros a

órgãos públicos responsáveis;

• Organizar distribuição de suprimentos a partir da avaliação da localização e

necessidades das pessoas catalogadas;

• Entregar ajuda diretamente a população nos casos mais críticos e urgentes (a serem

definidos a partir das informações de campo) e onde for necessário devido a

dificuldades de deslocamento;

• Divulgar pontos de distribuição de suprimentos e a quem eles serão destinados, bem

como qual é a ajuda disponível nestes centros;

• Avaliar as necessidades urgentes e as previsíveis em termos de abrigo, catalogando os

necessitados;

• Definir pontos possíveis de alojamento dos necessitados;

• Suprir abrigos com as condições necessárias básicas, como água, energia, condições

para cozinhar, dormitórios, banheiros e condições de higiene como locais para

incineração de resíduos e lavagem de roupas, bem como atendimento médico básico

de emergência;

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• Garantir a integridade física dos abrigados;

• Garantir a presença policial nos locais afetados;

• Garantir a segurança nos locais de distribuição de suprimentos, evitando tumultos,

bem como nas rotas de acesso a estes;

• Prestar ajuda psicológica aos atingidos.

Restabelecer rotas de acesso:

• Levantar recursos necessários junto ao governo estadual e federal para reconstrução

das estradas, pontes e acessos avariados ou destruídos;

• Reconstruir as rotas de âmbito municipal.

Restabelecer fornecimento de água, energia elétrica e comunicações:

• Atuar junto às prestadoras de serviços essenciais para que estes sejam restabelecidos o

mais breve possível.

7.2.7. AÇÃO: GERENCIAMENTO DA AJUDA E SUPRIMENTOS ATÉ O

RESTABELECIMENTO DA NORMALIDADE

Gerenciar suprimentos e necessidades:

• Divulgar a necessidade de ajuda, ou obter por meios governamentais;

• Fazer distribuição organizada da ajuda, proporcionando condições necessárias para

que os necessitados voltem à normalidade;

• Gerenciar armazéns de suprimentos e a distribuição e transporte dos mesmos.

Gerenciar abrigos:

• Organizar limpeza, funcionamento e distribuição de suprimentos nos abrigos;

• Realizar levantamento dos que ainda estão deslocados devido à catástrofe, ou em

situação de necessidade;

• Avaliar se não existem condições de retorno destes à normalidade (deixar os abrigos);

• Coordenar transferência dos atendidos entre abrigos de forma a desmobilizar abrigos

que não são mais necessários.

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Avaliar e Monitorar os processos estabelecidos:

• Definir indicadores de desempenho e manter desde o início dos trabalhos relatórios

dos processos estabelecidos e fazer a verificação do desempenho e a correção

necessária destes, bem como a documentação de toda a operação.

7.2.8. AÇÃO: RESTABELECER A NORMALIDADE

Recuperar a funcionalidade da região atingida:

• Prestar ajuda administrativa aos atingidos (emissão de documentos, etc.);

• Prestar ajuda material aos atingidos, para limpeza e reconstrução das moradias,

divulgando a ajuda disponível, os pontos onde essa ajuda será fornecida e a quem ela

se destina;

• Efetuar limpeza da região atingida e reconstrução da região de uso público atingida;

• Designar trabalhadores e recursos para limpeza e reconstrução da região atingida;

• Reconstruir e restabelecer condições de funcionamento escolas, hospitais e pontos de

atendimento médico de âmbito municipal;

• Avaliar possibilidades de retorno à região evacuada;

• Avaliar alternativas de regiões para nova alocação dos evacuados;

• Decidir sobre retorno ao mesmo local ou alocação dos evacuados em nova região;

• Encaminhar os que ainda permanecem nos abrigos às regiões estabelecidas para

retorno;

• Realizar a verificação das escolas, hospitais e postos de saúde atingidos a fim de

garantir a segurança para o retorno ao funcionamento, caso contrário proporcionar as

condições necessárias para tal.

Desmobilizar:

• Desmobilizar armazéns, hospitais de campanha, transporte, recursos humanos, etc.,

realizado de forma gradativa tão logo seja possível;

• Destinar à caridade as sobras de suprimentos e armazenar o material que possa ser

reaproveitado (tendas, kits de desinfecção de água, etc.) junto à Defesa Civil da região.

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118

8. ANEXOS.

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119

8.1. ANEXO 1: LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA SEGUNDO O GUIA DE

LOGÍSTICA OPERACIONAL - LOGISTICS CLUSTER

8.1.1. AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO

Uma avaliação logística de emergência é o processo de coleta, análise e divulgação de

dados relacionados à logística e informações relacionadas ao impacto de um desastre. Ela

determina a extensão do impacto (através de uma avaliação situacional) e as necessidades

logísticas (através de uma avaliação da capacidade). Desta forma, as avaliações logísticas

permitem entender o impacto de um desastre sobre o meio ambiente e a população afetada,

bem como os serviços de logística devem ser fornecidos.

Os resultados das avaliações de logística são fundamentais para permitir a tomada de

decisões adequadas, planejamento e organização eficaz para a resposta a desastres.

A inabilidade de avaliar com precisão o impacto de um desastre, as necessidades

resultantes e as aptidões de resposta locais resultam em assistência inadequada, má utilização

de recursos e uma resposta mal estruturada.

Segundo o Guia de Logística Operacional, o planejamento logístico de uma operação de

resposta a emergências deve consistir das seguintes fases: (i) avaliação da situação,

identificando os objetivos; (ii) avaliação dos recursos disponíveis; (iii) identificação das

alternativas de intervenção; e (iv) implantação de um plano de resposta baseado nestes

objetivos e alternativas. Nestas fases, devem ser realizadas distintas atividades, tais como:

• Reunir e analisar informações disponíveis de forma a antecipar o provável impacto do

desastre e determinar as áreas em que a coleta de informações deve se concentrar,

priorizando assim as áreas a serem visitadas para obter informações válidas da

situação;

• Identificar o impacto na infraestrutura;

• Identificar a maioria das necessidades urgentes;

• Destacar preocupações especiais;

• Identificar quaisquer outras avaliações necessárias;

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• Identificar os recursos locais, incluindo o governo;

• Considerar os requisitos de todos os setores acionados e a resposta de outras agências

para evitar duplicações;

• Compartilhar informações para permitir uma resposta rápida e coordenação eficaz;

• Usar procedimentos de avaliação padronizados;

• Identificar uma forma de assegurar uma contínua reavaliação para facilitar a correção

rápida das ações de acordo com o contexto e as necessidades;

• Coordenar os esforços para obter informações de muitas localidades o mais rápido

possível. Acordar definições, métodos e formatos de coleta de dados, se possível, de

modo que informações de diferentes equipes possam ser comparáveis;

• Selecionar fontes de informação cuidadosamente para garantir que sejam confiáveis e

atualizadas;

• Definir termos de referência e necessidades específicas de informação. Definir a

finalidade e âmbito de cada missão de avaliação claramente e especificar relatórios

apropriados;

• Incluir em um relatório de status, os fatores críticos, para permitir uma resposta rápida

a mudanças de contexto e necessidades;

• Avaliar os recursos financeiros disponíveis e quaisquer restrições ou disposições

atreladas a estes;

• Avaliar os recursos de pessoal disponível - em número e competências;

• Considerar a margem de probabilidade de erro nos dados e seu significado para as

conclusões. Especificar intervalos, em vez de números absolutos, se os dados forem

apenas aproximados, destacando qualquer informação ou dados que podem deturpar a

situação;

• Ter cautela sobre a generalização, sabendo que a situação e as necessidades podem

variar consideravelmente em distâncias curtas dentro da área afetada e locais

diferentes;

• Tentar prever os possíveis gargalos e dificuldades;

• Atentar aos possíveis vieses na percepção das pessoas e relatórios (incluindo os da

equipe de avaliação). Informações para avaliação da emergência devem vir de

diferentes fontes para fornecer uma avaliação relativamente precisa da situação.

Por outro lado, para fins do planejamento da operação de resposta, é importante enfatizar

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a necessidade de coleta de informações, dentro da região afetada e seus arredores, sobre o

número de pessoas afetadas, os planos de distribuição, os materiais necessários (commodities

e insumos), a situação de fornecimento de energia elétrica, a condição das instalações

hidráulicas, a localização, a capacidade e o estado de aeroportos e portos, a quantidade de

aeronaves alternativas e o nível da aviação civil, a capacidade de transporte rodoviário local

(transportadores), as possibilidades de armazenamento próximas ou dentro da área afetada,

etc.

8.1.2. AQUISIÇÃO

Nas cadeias de suprimentos humanitários, a aquisição representa uma proporção grande

do gasto total e deve ser gerida de forma eficaz para atingir o valor ideal. Assim, o processo

de aquisição pode influenciar significativamente o sucesso global de uma operação de

resposta de emergência.

Em decorrência da avaliação logística inicial, passa a existir uma base para os planos de

aquisição numa operação de resposta a desastres. De acordo com o Guia de Logística

Operacional (http://log.logcluster.org), o processo de aquisição para fins de resposta de

emergência pode ser desenvolvido em quatro passos: (i) identificação das necessidades; (ii)

especificação dos produtos e serviços; (iii) obtenção das fontes, definição e encomendas; e

(iv) gestão de fornecedor para garantir a entrega correta no tempo certo.

Na identificação das necessidades, em casos de emergência, os pedidos são feitos de

forma verbal ou por e-mails. De qualquer forma, as necessidades devem ser claras,

inequívocas e confirmadas pelo autor do pedido. As especificações devem conter as

características essenciais do produto ou características dos requisitos, e não marcas ou

informações que possam limitar as possibilidades de fornecedores. Ainda convém ressaltar

que alguns dos métodos de aquisição, ou seja, possíveis fontes de obtenção de bens e serviços

para uma emergência são os estoques existentes dentro da organização, compras com o

dinheiro arrecadado, doações recebidas, etc.

Quanto ao desempenho dos fornecedores, é fundamental a avaliação e o monitoramento

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para obter produtos dentro das especificações e serviços com a qualidade necessária, bem

como dentro do intervalo de tempo de entrega prometido. Em casos de emergência, essas

avaliações e monitoramento se restringem praticamente ao momento da entrega, uma vez que

se lida com prazos extremamente curtos.

8.1.3. TRANSPORTES EM EMERGÊNCIAS

A gestão dos transportes em caso de emergências é uma tarefa complexa, que requer

tempos de entrega muito curtos e depende da natureza e das consequências do desastre. Está

sujeita às condições de segurança e da infraestrutura do local (como vias, portos e aeroportos

que podem ter sido danificados), mas também à demanda que usualmente estará muito acima

do normal.

A estratégia de transporte no tocante às operações de resposta a desastres tem como

essência não só as necessidades dentro da organização. Segundo o Guia de Logística

Operacional (http://log.logcluster.org), devem ser considerados os seguintes fatores para se

desenvolver um plano de transportes em emergências:

• Identificar prestadores de serviços de transporte;

• Verificar a capacidade dos meios de transporte disponíveis;

• Verificar as quantidades e a natureza dos produtos a serem transportados;

• Verificar as distâncias a percorrer;

• Analisar questões ambientais tais como, clima, infraestrutura, segurança, terreno,

características do desastre, e questões de legislatura do governo, como impostos;

• Número de destinos, hubs e pré-posicionamento locais;

• Origens e destino das rotas;

• Os modos de transporte disponíveis e seus custos relativos;

• Analisar os recursos humanos.

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8.1.4. ALFÂNDEGA

No setor humanitário, caracterizado pela universalidade dos financiadores e doadores, e

principalmente nas operações de resposta a desastres, que são assinaladas pela emergência dos

contextos, o conhecimento dos procedimentos de importação e exportação é uma parte

fundamental do processo da cadeia de abastecimento para tornar eficientes os procedimentos

de recebimento e envio de produtos e materiais.

A principal função dos serviços aduaneiros envolve a aplicação de proibições e restrições

de coleta, contabilidade de segurança, receitas e facilitação do comércio, além da compilação

de estatísticas de comércio para o planejamento econômico. Compreender esse aspecto e

saber como controlá-lo é essencial para garantir que as mercadorias possam circular de forma

eficiente e em tempo hábil. A eficácia da resposta de emergência, muitas vezes depende da

alfândega, sendo essencial entender as características de gestão de diferentes alfândegas. De

acordo com o Guia de Logística Operacional (http://log.logcluster.org), alguns dos problemas,

relacionados a questões alfandegárias, usualmente encontrados pelas organizações

humanitárias em situações de emergência são:

• Procedimentos alfandegários complicados que causam atrasos, resultando em

congestionamentos no porto de entrada (aeroporto, bordas da estrada, porto marítimo)

que afetam o tempo de rotação dos navios e vagões, e deste modo afetam o fluxo de

mercadorias;

• Falta de transparência e excessiva complexidade em requisitos administrativos, muitas

vezes relativos à documentação, e;

• Altos custos para obtenção das informações necessárias.

As organizações humanitárias têm algumas vantagens durante respostas de emergência,

desde que a Organização das Nações Unidas interfira juntamente aos governos, facilitando os

processos alfandegários em matéria de acesso rápido para suprimentos de emergência (Guia

de Logística Operacional, Logistics Cluster, http://log.logcluster.org). Para ativar este

processo, os responsáveis por atividades de importação e exportação compreendam os

procedimentos, regras e regulamentos que precisam ser seguidos para facilitar a circulação de

mercadorias dentro e fora de países específicos. Algumas atividades específicas relacionadas

a processos alfandegários para movimentações realizadas por organizações humanitárias

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devem ser sempre observadas, como a aplicação de direitos e isenção de impostos, o que terá

que ser verificado junto à alfândega de cada país.

Usualmente, o processo alfandegário para importação de qualquer mercadoria requer que

um importador recorra aos serviços de uma empresa ou agente, devidamente registrado e

licenciado pelas autoridades aduaneiras para processar a documentação de importação pela

alfândega. Normalmente, encontram-se listas dos agentes autorizados no website do

respectivo órgão de cada país. A análise e compreensão de todas as diretrizes e requisitos

aduaneiros, incluindo a documentação necessária, ajudarão a logística a viabilizar e tornar

ágeis os processos de importação e exportação de mercadorias.

8.1.5. CADEIA LOGÍSTICA DO FRIO

Na gestão da cadeia logística do frio, é essencial que seja garantida uma temperatura

constante (usualmente entre +2 ° C e 8 ° C) para produtos instáveis se submetidos ao calor

(como vacinas, soros, testes, etc.), desde o momento da fabricação até o momento do uso.

Assim, é necessária a devida adequação do transporte e do manuseio destes produtos. Com

este objetivo, a equipe de logística deve ser treinada para manusear e gerenciar esses

materiais, possuindo conhecimento sobre a cadeia logística do frio, especialmente em relação

a técnicas de trabalho e de manutenção de maquinário. Falhas no equipamento de refrigeração

precisam ser retificadas ou o equipamento deve ser substituído em tempo hábil, caso contrário

poderá se inutilizar o produto. Logo, é preciso o conhecimento sobre mecanismos apropriados

de uma logística eficiente para gerenciar o transporte, combustível, peças de reposição, etc.

8.1.6. ARMAZENAGEM E GESTÃO DE ESTOQUES

O Guia de Logística Operacional (http://log.logcluster.org) considera prática comum, em

casos de emergência, arrendar ou alugar armazéns. Todavia, em muitas situações de

catástrofes, há escassez de edificações adequadas ou localizações ideais com o espaço

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suficiente para armazenamento do volume e diversidade de produtos manuseados. Isso pode

causar um aumento significativo nos custos. Por isso, muitas vezes, é necessário utilizar um

espaço de armazenamento temporário durante o menor intervalo de tempo possível.

É importante destacar que alguns itens de socorro requerem uma atenção especial em

termos do tipo e da segurança da área de armazenamento. Por exemplo, suprimentos médicos

e carregamentos de drogas podem conter um grande número de unidades pequenas e

altamente valorizadas, ou ainda itens restritos ou com vida útil limitada. Assim, uma área

segura é necessária, bem como uma atenção criteriosa para datas de validade. Ainda,

antibióticos e vacinas podem exigir temperatura controlada e regime de armazenagem a frio,

com capacidade suficiente e uma fonte de energia confiável, bem como um nobreak.

Produtos perigosos, como combustíveis, gases comprimidos, inseticidas, álcool, éter e

outras substâncias inflamáveis, tóxicos ou corrosivos devem ser armazenados separadamente,

de preferência em um galpão fresco e seguro no complexo, mas fora do armazém principal.

Além disso, com os itens combustíveis, como álcool e éter, a atenção especial é necessária

não só quanto ao armazenamento, mas também em relação ao manuseio.

Técnicas de gestão de estoques precisam ser implementadas para evitar excedentes,

desperdício e garantir adequada rotação de estoques para evitar perdas devido a prazos de

validade expirados. Procedimentos para o controle, preservação e liberação do material

médico e medicamentos devem ser estabelecidos a partir de consulta com os médicos

especialistas.

O Guia de Logística Operacional (http://log.logcluster.org) define procedimentos gerais a

serem adotados nas atividades no armazém. Sugeridos como "melhores práticas", os

procedimentos devem proporcionar visibilidade das operações para os gestores e os doadores.

No entanto, na criação de tais procedimentos, cuidados devem ser tomados para evitar

restringir o uso de iniciativa local. Esses procedimentos devem servir de orientação para

gestores de armazém e devem ter algum nível de flexibilidade para atender a situações

específicas. Isto pode ser conseguido através da limitação do nível de detalhe do documento

que define os procedimentos. Esse documento deve abranger normas e diretrizes para as

seguintes atividades:

• Recepção e emissão de suprimentos;

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• Controle de qualidade ou verificação;

• Armazenagem de mercadorias;

• Controle de estoques;

• Fluxo de documentação;

• Como detectar e lidar com as perdas;

• Como o material rejeitado pela qualidade será gerido e

• Como lidar com material indesejado, obsoleto e sucata.

8.1.7. GESTÃO DE FROTAS

Alguns aspectos importantes a serem considerados na gestão de frotas são a identificação

das necessidades, o processo de aquisição dos veículos, seguro e a gestão do próprio veículo.

A identificação das necessidades da frota depende da natureza da emergência e

operações, o tamanho e a área de operação. Operações urbanas podem utilizar carros menores,

enquanto operação de campo remoto pode exigir veículos maiores de quatro rodas motrizes

para terrenos acidentados por exemplo. Segundo o Guia de Logística Operacional

(http://log.logcluster.org), o processo de seleção de veículos é orientado por:

• Critérios aplicáveis ao doador de compra;

• Uniformidade da frota;

• Tipo de veículo adequado para disponibilidade local de combustíveis;

• Propósito do veículo (carga e passageiros);

• Terreno em que o veículo irá operar;

• Custo de aquisição global;

• Disponibilidade de comerciantes locais;

• Disponibilidade local de peças de reposição para o veículo que se destina;

• Garantias, e disponibilidade local de mecânicos competentes.

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8.1.8. DISTRIBUIÇÃO

No contexto humanitário, a distribuição é visualizada a partir de três perspectivas:

• A circulação de mercadorias do ponto de compra (ou transferência de propriedade -

fornecedor para organização humanitária) ao ponto de uso final. Isso é comum em

situações de emergência onde as mercadorias são muitas vezes distribuídas em linha

reta até o usuário final;

• A circulação de mercadorias de um local dentro da organização para outro local dentro

da mesma organização. Por exemplo, de hub para hub ou hub ao ponto final do

usuário, isso é comum quando os recursos estão sendo mobilizados para locais

estratégicos;

• Ou, da perspectiva em que as mercadorias são entregues pela organização aos

beneficiários ou organização parceira. Por exemplo, a distribuição alimentar do PAM

direta aos beneficiários ou agência parceira que irá conduzir o exercício de

distribuição (Guia de Logística Operacional, Logistics Cluster,

http://log.logcluster.org).

A quantidade de pontos de distribuição e sua localização devem ser definidas de acordo

com as limitações e os custos de transporte, minimizando sempre as distâncias que os

beneficiários precisam viajar. Distribuições devem ser realizadas em centros comunitários já

estabelecidos (nos mercados locais ou pontos de encontro). Devem ser sempre consideradas

as distâncias e dificuldades de deslocamento da maioria dos beneficiários, e as rotas que eles

precisam para tomar para que se estabeleçam corretamente os pontos de distribuição.

Ao escolher locais específicos, considere os seguintes fatores:

• Fornecimento de água, sombra e latrinas para os beneficiários, enquanto nas filas;

• Condições de transporte e sistema viário – é preciso verificar se o acesso para veículos

que transportem mercadorias pode ser bloqueado pelo trânsito dos beneficiários para o

ponto de distribuição;

• Segurança que o local oferece aos beneficiários;

• Possíveis rotas de evacuação de pessoal, em caso de problemas de segurança;

• Proximidade de estabelecimentos militares ou de segurança, ou outras áreas sensíveis;

• Garantir que a quantidade de bens disponíveis no dia é suficiente para suprir as

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necessidades de todas as pessoas elegíveis. A falta de percepção nesse sentido poderia

causar tensão ou perturbação;

• A distribuição deve ser realizada de forma eficiente e organizada. Tentar minimizar a

quantidade de tempo que os beneficiários terão de gastar fila - considerar que o custo

desse tempo será para os beneficiários;

• Um local de distribuição deve ser dividido em uma área de registro, onde os

beneficiários deste local estejam cadastrados em uma lista. Assim, durante a

distribuição, são verificados nomes contra um relatório. Isso facilitará a contabilização

da saída de suprimentos;

• A zona de distribuição real deve ser adjacente ao local de registro, mas com acesso

controlado, de modo que apenas pessoas cadastradas e já marcadas no relatório

tenham acesso à distribuição. Isto requer um elemento de controle de multidão, como

barreiras (fazer uso de cordas, caminhões, paredes disponíveis, interiores de edifícios);

• Sempre que possível, ter a força de trabalho que descarrega os caminhões com dupla

função, atuando também na segurança, para impedir o acesso não autorizado e

possíveis saques das mercadorias. Um incentivo pode ser dado por este trabalho;

• Gaste tempo inicial para organizar o local;

• Verificar a lista de beneficiários. É um ponto de tensão quando nomes não são

encontrados nas listas e este problema leva a atrasos na distribuição;

• Trabalho avançado minimiza essa tensão usual na distribuição e é a pedra angular de

distribuições bem sucedidas. São processos de distribuição amadores que resultam nas

imagens de TV onde pessoas correm atrás de caminhões de onde mercadorias vão

sendo lançadas. Este não é um processo recomendável de distribuição.

Devemos lembrar ainda que a relação entre beneficiários e funcionários de distribuição é

uma fonte potencial de corrupção, tensão e abuso. Funcionários devem ser escolhidos de

forma objetiva e deve ser claro sobre os padrões esperados deles. Equipes de distribuição deve

ser objeto de acompanhamento rigoroso. Eles devem ser responsabilizados por quaisquer

perdas. Funcionários podem encontrar-se em uma posição que lhes possibilitaria o potencial

de exploração sexual de beneficiários. Qualquer relação sexual entre um membro da equipe

humanitária e membro da população beneficiária é considerado pela ONU um abuso de poder.

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129

8.1.9. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

A logística nas cadeias humanitárias costuma ser implantada sem muitos detalhamentos

devido a restrições de tempo, que ocorrem principalmente em emergências. No entanto, se faz

necessário o monitoramento contínuo do processo logístico para que suas deficiências ou

insuficiências sejam corrigidas ou revistas, a fim de melhorar o desempenho da operação,

reduzindo assim o risco de exposição a problemas maiores e fortalecendo a resposta às

necessidades dos beneficiários. Segundo o Guia de Logística Operacional

(http://log.logcluster.org), os principais aspectos a serem monitorados são:

• Tempo de resposta: Tempo de espera é o tempo entre fazer um pedido e receber a

mercadoria ou serviço. Entregas muito antecipada ou muito tardia levam a um

aumento de custos desnecessários. Entregar muito cedo pode significar que os bens

têm que ser armazenados até serem necessários e incorrerá em custos de estocagem.

Entregar muito tarde pode significar os custos de criação de instalações e pessoas

prontas para distribuir bens sendo desperdiçado, porque as mercadorias não foram

entregues. Pode causar também custos adicionais de transporte, havendo, por exemplo,

a necessidade de uso de aviões ou helicópteros para mover os bens mais rapidamente.

Em situações de desastre, o tempo de entrega pode ter um sério impacto sobre a

operação de socorro e sobre os beneficiários;

• Informações sobre o status de pedidos: O desempenho da função logística é

dependente da eficiência e eficácia de cada um dos componentes de logística. Por

exemplo, um indicador de desempenho para aquisição, seria sua capacidade de

disseminar informações sobre os pedidos emitidos. Isso permitirá que o armazém se

prepare para receber as mercadorias. Entregas inesperadas podem interromper as

operações e colocar o estoque em risco.

• Eficiência: A medição da eficiência é dependente do que uma entidade define como

eficiência. Neste contexto, a eficiência é a entrega satisfatória de um serviço de

logística que permite ao usuário final usufruir a finalidade do pedido. Um bom

exemplo é o pedido de medicação para prevenção da malária a ser entregue em tempo

hábil para a população ser imunizada antes de uma temporada de malária. A entrega

tardia significaria incidentes mais elevados de malária;

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• Custos totais da cadeia de fornecimento também devem ser monitorados. O conceito

de custo total se concentra na redução do custo total de logística ao invés do custo de

cada atividade. Por exemplo, comprar a granel pode reduzir o custo do produto, mas

ao mesmo tempo, aumentar os custos devido à necessidade de realização de ações

como ensacamento ou perda na distribuição, etc.

8.1.10. GESTÃO DA QUALIDADE

Habitualmente o controle da qualidade é ignorado ou pouco aplicado, ou ainda aplicado

de maneira incorreta em operações humanitárias. As condições de emergência de operações

de resposta a desastres dificultam o emprego das técnicas de gestão da qualidade. A gestão da

qualidade neste tipo de evento visa garantir a conformidade dos resultados, incluir processos

de melhoria contínua, bem como aumentar a satisfação do usuário levando a menos

sofrimento para os beneficiários. O Guia de Logística Operacional (http://log.logcluster.org)

destaca alguns aspectos simples do controle de qualidade, a fim de fornecer uma base de

conhecimentos que possam ser aplicados em situações de emergência. São eles:

• Desenvolvimento de procedimentos padrão e processos para ajudar no rápido

estabelecimento de logística;

• Utilizar sistemas de apoio para assegurar a prestação de serviços profissionais e de alta

qualidade;

• Controle de qualidade dos fornecimentos assegurando que os suprimentos atendam aos

requisitos especificados;

• Trabalhar com os fornecedores para criar especificações de itens que sejam fáceis de

fazer (menor custo, maior qualidade, rápidos para produzir) e atendam aos requisitos

de usuário, por exemplo, lonas, tendas, etc.;

• Utilizar ferramentas e técnicas de controle de qualidade na cadeia de frio;

• Fornecer alguns exemplos de ferramentas que possam ser utilizadas no controle de

qualidade, tais como lista de verificação de qualidade e outras ferramentas usadas para

garantir que os produtos atendem às especificações, incluindo a atuação de agentes de

inspeção de qualidade;

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Definir padrões de dados como, por exemplo, especificações em pedidos.

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132

8.2. ANEXO 2: LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES

SEGUNDO O INSTITUTO FRITZ

8.2.1. AVALIAÇÃO

No momento em que ocorre uma catástrofe, as organizações humanitárias precisam

trabalhar com rapidez e precisão para verificar o material necessário para atender às

necessidades de alívio da população afetada. Normalmente, uma equipe de avaliação com

experiência pessoal em áreas como a água, saneamento, saúde e nutrição, é enviado à área

afetada, usualmente, nas primeiras 24 horas da crise.

8.2.2. GESTÃO DA AJUDA

Um pedido preliminar de doações costuma ser realizado dentro de 36 horas após o início

do desastre. Este apelo é a base para a mobilização em larga escala de suprimentos. Se os

doadores não responderem e a ajuda for pouca, a operação não poderá prosseguir. O tipo e a

quantidade de suprimentos necessários devem ser publicados em uma tabela de mobilização

que será usada para confrontar doações contra a demanda. Uma vez que as doações podem ser

em dinheiro ou em espécie, a logística deve trabalhar para garantir que doações em espécie

sejam adequadas e úteis para a necessidade de socorro. Simultaneamente, quaisquer

suprimentos já disponíveis antecipadamente para a organização devem ser avaliados e

atividades de aquisição devem ser iniciadas, caso necessário.

8.2.3. PLANEJAMENTO OPERACIONAL

O planejamento operacional deve ser feito de forma que a distribuição de suprimentos

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seja coordenada juntamente às atividades de socorro, tais como reparação de infraestrutura e

construção de hospitais de campanha. É importante atentar para restrições, como a situação

política e as questões climáticas ou a segurança, que provavelmente terão grande impacto

sobre o planejamento.

8.2.4. MOBILIZAÇÃO

Para a mobilização, a capacidade de transporte internacional deve ser acionada. Os

suprimentos devem ser enviados diretamente para o país afetado, onde os procedimentos

alfandegários devem ser facilitados. Em seguida, os suprimentos de ajuda devem ser

distribuídos por transportadores da região ou país aos armazéns mais próximos ao local do

desastre. Note-se que o sucesso destas funções da cadeia de fornecimento depende

intimamente das informações no tempo correto. As atividades de cada função devem ser

fortemente ligadas com a função anterior para evitar atrasos nos pontos de entrega da rede

logística.

8.2.5. OPERAÇÕES INTERNAS

Uma vez que os suprimentos chegam ao porto local de entrada, as equipes das

organizações locais tornam-se o principal mecanismo para a distribuição dos bens aos

beneficiários. No entanto, a distribuição local, com verificação dos bens recebidos contra os

pedidos, com a geração de relatórios, não chega ainda à finalização da operação de resposta

ao desastre. Tal como acontece com todas as funções no processo de resposta a desastres, o

desempenho deve ser medido e as lições aprendidas no campo devem ser codificadas para uso

na melhoria da eficiência organizacionais em programas futuros.

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8.2.6. COORDENAÇÃO ENTRE AGÊNCIAS

É necessário que haja uma coordenação entre as agências humanitárias que atuam no

local do desastre. Para grandes catástrofes, centenas de organizações trabalham no local do

desastre. Todos pretendem criar instalações e infraestrutura, bem como movimentar

suprimentos e pessoas para dentro e fora da zona de desastre. Congestionamentos podem

limitar a disponibilidade de suprimentos de ajuda, como aconteceram durante o terremoto de

Gujarat, quando um aeroporto principal com poucos funcionários, caminhões e armazéns

serviu como ponto de entrada para cinquenta organizações, que enviavam mercadorias em

voos durante um período de dez dias. Competição por commodities e serviços disponíveis

localmente, como de hospedagem e aquisição ou locação de veículos, tem sido conhecida por

inflacionar os preços em 10 vezes mais que em comparação às condições normais.

8.2.7. RELATÓRIOS

Relatórios podem servir como um mecanismo de coordenação de operações, além de se

desdobrarem e servirem como um meio de monitorar eficácia da operação durante a mesma e

também em seu encerramento, servindo de aprendizado para futuras operações. Os primeiros

relatórios emitidos para a mídia também podem demonstrar a eficácia da ação, aumentando

assim as contribuições. Relatórios também atendem às necessidades de doadores informarem

seus próprios eleitores sobre suas atividades. Comunicação é fundamental, mas difícil de

conseguir, dada a falta de sistemas de informação e infraestrutura de comunicação em locais

de desastres. Deve-se lembrar de que usualmente a correta criação de relatórios pode ser

prejudicada pela falta de formação dos funcionários de campo.

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135

8.3. ANEXO 3: LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES

SEGUNDO A UNICEF

8.3.1. LOGÍSTICA E FORNECIMENTO – TÓPICO 6.5 EM EMERGENCY FIELD

HANDBOOK

Ações imediatas no início de uma emergência segundo o Emergency Field Handbook

(UNICEF, 2005) são:

• Assegurar que uma equipe de abastecimento / logística experiente está no local onde é

necessária;

• Incluir preocupações e exigências relacionadas a fornecimento e logística no

planejamento da operação de resposta desde o início;

• Avaliar a escala provável das operações e solicitar quaisquer necessidades especiais

(autorizações para concursos públicos locais e requisições de contingente);

• Verificar facilidades de importação. Que portos e aeroportos estão funcionando? Que

estrada direta e ligações ferroviárias estão abertas com comunicação com países

vizinhos? Que departamentos do governo serão responsáveis pela recepção e liberação

de suprimentos de emergência? Se o governo é incapaz desta função, que outras

possibilidades existem?

• Verificar os contratos existentes para transportes e armazenagem de mercadorias. Se

não existirem, estabelecê-los;

• Verificar a disponibilidade de armazenagem nas principais áreas de operação. O que

está disponível na área atingida, no porto e perto das principais rotas de transporte?

O Emergency Field Handbook (UNICEF, 2005) destaca ainda como importante as

seguintes ações:

• Se um governo está incapacitado, a contratação rápida para armazenagem e transporte

é crucial. Quanto maior a emergência, mais organizações estarão envolvidas, e

maiores a pressão sobre o transporte e armazenagem. Assim, os preços tendem a subir

dramaticamente e rapidamente. Ter espaço e capacidade ociosos no início é melhor e

mais barato do que ter pouco mais tarde.

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• Verificar com outras agências a possibilidade de uma abordagem conjunta para o

mercado. Assim se mantém os preços baixos. Uma abordagem conjunta deve ser

instituída o mais cedo possível, antes que as outras agências tomem suas decisões.

• Contate agências parceiras, organizações não governamentais (ONGs) e agências do

governo para identificar recursos existentes e determinar se é possível a suprir as

necessidades a partir destes recursos. Isso evita a duplicação desnecessária de esforço

e evita o esgotamento das fontes locais;

• Avalie suprimentos disponíveis localmente e comece a aquisição local, se necessário;

• No início de uma emergência, é muito importante tentar solicitar apenas itens de

armazém, se possível. Isso irá garantir uma rápida resposta;

• Um plano de logística de emergência deve ser criado em coordenação com outras

agências e ONGs destacando o papel de cada participante. Devem-se abordar todos os

aspectos de gestão da oferta e da aquisição de distribuição.

Sobre transportes o Emergency Field Handbook (UNICEF, 2005) destaca os seguintes

pontos:

• É essencial planejar prazos realistas para o transporte e desembaraço aduaneiro;

• Congestionamento do porto é um problema comum, especialmente em situações de

emergência. Durante atrasos, perdas podem ocorrer a partir de roubo, deterioração ou

manuseio inadequado;

• Especifique na requisição de abastecimento se você vai aceitar envio parcial e

quantidade ajustada;

• Alguns portos e pontos de transbordo têm limites de peso ou tamanho para os itens

que deve ser movido manualmente. Descubra se existem limites de peso e tamanho

nos portos planejados ou outros pontos de transbordo;

• Em requisições de abastecimento, especificar limites para o peso ou o tamanho dos

pacotes para facilitar a manipulação local;

• Documentos necessários para liberação alfandegária normalmente incluem a lista de

embalagem, projeto original de embarque (para embarques marítimos) ou carta de

porte aéreo (para embarques aéreos), fatura (que mostra o valor dos bens) e documento

(s) mostrando a origem do envio, o modo de transporte e a data da chegada ao país;

• Verifique os acordos existentes com o governo e agente de desembaraço aduaneiro no

país, certificando-se de verificar se o agente é capaz de realizar o desembaraço

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previsto nas condições existentes e se existem protocolos de isenção em vigor,

fornecendo a documentação apropriada para o agente de desembaraço aduaneiro antes

da chegada da expedição. Organize-se para fazer o pré-desembaraço onde este for

possível;

• Se a documentação necessária não for recebida antes de o embarque chegar, uma carta

de garantia ou carta de indenização pode ser aceitável para as autoridades para fins de

depuração;

• Para receber mercadorias por via aérea os documentos digitalizados devem vir 48

horas antes do voo para se agilizar o processo de desembaraço aduaneiro; Tenha

conhecimento do mapa das atividades aeroportuárias. Quem descarrega? O que

acontece depois disso? Os produtos são armazenados na alfândega? Quem descarrega

lá? Quem carrega e transporta os produtos depois do desembaraço aduaneiro? O

objetivo é que uma remessa deixe o aeroporto diretamente após a chegada;

• Em situações de emergência, a confiabilidade do transporte pode ser afetada por uma

infraestrutura física deficiente, condições de segurança precárias e à falta de

combustível ou peças de reposição.

• Devem ser levadas em conta no planejamento do transporte, estimativas de tempos de

viagem e prazos, condições meteorológicas previstas durante o transporte, peso,

volume, quantidade e embalagem de suprimentos, frequência de entregas, opções de

transporte disponíveis, roteirização, recursos de transporte de outras agências, ONGs e

entidades do governo, e as perspectivas de utilização de serviços de transporte

existentes, disponibilidade local de combustível e peças de reposição.

Em operações de emergência, a UNICEF mais frequentemente utiliza o transporte

rodoviário. É necessário ter informações atualizadas sobre infraestrutura rodoviária, incluindo

distâncias e condições das estradas em diferentes épocas do ano e em diferentes

circunstâncias.

Entretanto, devem ser ainda consideradas na escolha do tipo de transporte os seguintes

pontos:

• O transporte aéreo é normalmente usado quando a necessidade de entrega rápida e

confiável supera o alto custo, entretanto ele exige combustível especial e possui

capacidade de carga muito limitada;

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• O transporte ferroviário depende de grande capacidade de carga e descarga, requer

posterior transporte entre trem e armazenamento;

• O transporte aquaviário tem capacidade de carga grande, é econômico, entretanto é

lento e outros meios são necessários para levar os suprimentos para os armazéns, deve

ser considerado para distribuição em comunidades ribeirinhas, transporte de

refugiados e fornecimentos durante condição inundações.

Ao considerar o transporte terrestre de mercadorias, devem ser consideradas as seguintes

questões:

• Usar caminhões governamentais existentes sempre que possível, assegurando

combustível, lonas, instalações de manutenção e controles administrativos adequados.

Na prática, isto pode ser assegurado por meio de uma avaliação da capacidade

logística;

• Se o transporte é fornecido gratuitamente, os donos normalmente não assumem

responsabilidade pela segurança da carga. Há vantagens em se utilizar tal transporte,

mas deve ser utilizado apenas se as medidas de segurança para proteger a carga são

asseguradas;

• Mesmo se utilizando de caminhões do governo ou caminhões de outras agências,

sempre estabelecer pré-contratos com fornecedores comerciais para back-up.

• Aplicar medidas de segurança básicas, padronizadas pode garantir que os bens

chegarão ao seu destino com segurança.

• Veículos nunca devem ser carregados além de sua capacidade e, em terreno

acidentado, devem levar menos do que a carga máxima;

• Quando os veículos de transporte não têm portas, ou se os veículos permanecem

carregados durante a noite, é essencial estabelecer medidas de segurança e as

responsabilidades dos motoristas antes da viagem;

• Ao planejar o transporte, estar ciente das restrições de peso em estradas e pontes, das

rotas que estão intransitáveis em determinadas épocas do ano, rotas que podem ter sido

fechadas ou destruídas, da capacidade das ligações ferroviárias disponíveis e os atrasos

normalmente envolvidos, as possibilidades de transporte de fluvial em diferentes

épocas do ano, incluindo restrições de profundidade e disponibilidade de combustível

para os veículos em operação;

• Planejar rotas principais e alternativas;

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• Verificar com antecedência a capacidade de movimentação de todos os pontos de

transbordo. Em planejamento para a entrega, determinar o número máximo de aviões,

caminhões ou navios que podem ser recebidos e descarregados por dia em cada local,

verifique a disponibilidade de entrepostos aduaneiros para armazenar suprimentos

antes do desembaraço alfandegário, o espaço em uma área de armazém para o

manuseio de materiais, a existência dos trabalhadores para carregar e descarregar

material, as formalidades aduaneiras ou outras exigências, os equipamentos como

empilhadeiras e guindastes em boas condições;

• Comboios devem ser evitados a menos que seja absolutamente necessário, pois mais

suprimentos serão transportados em menos tempo individualmente - ou apenas em

grupos muito pequenos, se os comboios são inevitáveis, devem-se nomear os líderes

capazes de impor a disciplina e resolver problemas e dificuldades;

• Não subestimar o tempo e o custo envolvido na carga e descarga de suprimentos.

Reduza o número de vezes que fornecimentos são manipulados para um mínimo.

Sobre o processo aquisição o Emergency Field Handbook (UNICEF, 2005) destaca os

seguintes pontos:

• Ao escolher fornecedores locais e prestadores de serviços observe quanto tempo o

fornecedor atua no mercado, se outras organizações humanitárias tem contratado este

fornecedor, o local onde este fornecedor está localizado tem implicações de custo ou

outras em termos de transporte?;

• Quais os itens que está planejando adquirir? Como eles serão embalados? Com que

outras empresas o fornecedor está envolvido?

O Emergency Field Handbook (UNICEF, 2005) destaca os seguintes pontos específicos

sobre a logística:

• Saber o que realmente é necessário agora e o que pode ser entregue mais tarde.

Escalonar o fluxo de material, quando possível para diminuir a tensão na infraestrutura

logística;

• Considerar o volume de fornecimento de encomendas para fazer se o planejamento é

importante para avaliar as verdadeiras necessidades de entrega durante emergências;

• Entrar em contato com uma célula de logística conjunta da ONU o mais rápido

possível para ajudar com a coordenação logística.

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As células de logística conjunta não são entidades permanentes e são ativadas pelo

Comitê Permanente Interagências (IASC), a pedido do coordenador da operação humanitária,

durante o período de emergência. Elas são formadas a partir de várias agências, incluindo a

UNICEF. Mesmo que não atuem diretamente na logística, podem ser muito úteis com a

coordenação, especialmente quando se tratam de priorização de carga dos meios aéreos

conjuntos. Entretanto a atuação das Células Logísticas da ONU não executam instalações de

armazenamento ou operações de transporte terrestre, nem se envolvem na implementação dos

processos logísticos.

A UNICEF, através do Emergency Field Handbook sugere que os seguintes relatórios

sejam utilizados para controle das atividades logísticas:

• Relatório de Chegada: descreve o estado das mercadorias após a sua chegada;

• Relatório de Estoque: descreve o estado das mercadorias em estoque;

• Relatório de Despacho: descreve a situação das mercadorias que saem do armazém;

• Relatório de Distribuição: descreve o estado de mercadorias ao nível do beneficiário;

• Conhecimento de Embarque: acompanha qualquer transporte de mercadorias e é

assinado pelo destinatário;

• Autorização de Despacho: instrui o pessoal de abastecimento e logística a liberar as

mercadorias para determinado destino é assinada pelo responsável pelas mercadorias.

Sobre o processo de armazenagem, o Emergency Field Handbook (UNICEF, 2005)

destaca que os requisitos de armazenamento dependerão do tipo de suprimentos e materiais a

serem armazenados, do tempo médio que os suprimentos serão armazenados, da velocidade e

padrão do fluxo de suprimentos, da flutuação da oferta e da distribuição, da infraestrutura de

transporte existente, do tipo e duração previsível da operação de emergência, da oportunidade

de partilhar instalações com outras agências.

É importante identificar um espaço adequado em um local apropriado e colocar em

prática um sistema de gestão para o espaço. Selecionar um espaço de armazenamento requer

uma estimativa precisa do tamanho necessário e uma avaliação de critérios que incluem:

• Acesso ao local e segurança;

• Condição do fornecimento de eletricidade e água;

• Área de armazenamento utilizável;

• Carga máxima do piso;

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• Instalações auxiliares (escritórios, salas frias, etc.);

• Proteção contra incêndios;

• Equipamentos de movimentação disponíveis.

Estratégias possíveis para garantir um espaço de armazenagem é a utilização de armazéns

do governo, a negociação para compartilhar espaço de armazenamento a ser utilizado por

outra agência ou ONG, aluguel de armazéns (muitas vezes adequado para armazenamento de

curto prazo), a contratação de um provedor de serviço de armazenagem ou o armazenamento

temporário. O Emergency Field Handbook (UNICEF, 2005) ainda aconselha que sejam

considerados os seguintes pontos no processo de armazenagem:

• Assegurar que as condições são adequadas para os suprimentos armazenados;

• Baseando-se em conhecimento local, os gestores de armazém devem selecionar

armazenagem que seja segura contra desastres naturais, animais e roubo;

• Sempre garantir que o armazenamento adequado e os procedimentos contábeis são

implementados;

• Garantir que o estoque está armazenado de forma que ele é seguro e facilmente

recuperado para distribuição;

• Itens de alto valor devem ser alojados de forma segura;

• A boa gestão e supervisão do pessoal de operação são essenciais para evitar pequenos

furtos e perda intencional ou não, ou danos às mercadorias;

• Requisitos de armazenamento estão intimamente ligados ao transporte e estes devem

ser consideradas em conjunto no planejamento;

• O espaço de armazenagem deve ser obtido, gratuitamente, sempre que possível.

Na gestão de um armazém deve ser implementado um sistema padrão de gestão para

cobrir o controle de estoque, facilidades de comunicação, monitoramento e armazenamento.

Um armazém pode ser gerenciado eletronicamente com a ajuda de um programa de software

de inventário ou manualmente com a ajuda de cartões de imagens e relatórios. É essencial que

a gestão e manuseio sejam devidamente documentados.

Segundo o Emergency Field Handbook (UNICEF, 2005) o monitoramento e a garantia da

qualidade são extremamente importantes no processo de fornecimento. A garantia de

qualidade eficaz só pode ser alcançada através de uma avaliação do produto antes da compra

do fornecedor ou de inspeção do produto após a compra. Para se implementar esses processos

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devem-se observar os seguintes pontos:

• Obter amostras de referência para verificar contra o produto recebido;

• Caso falte qualificação para inspecionar itens mais especializados (medicamentos ou

equipamento de tecnologia da informação), verifique a embalagem dos materiais para

checar roubos e danos. Os pacotes não devem ser abertos até que uma pessoa

qualificada esteja disponível;

• Realizar verificações de armazéns do governo e das ONGs para investigar oferta em

todos os sistemas de armazenagem;

• Garantir a precisão dos relatórios de distribuição;

• Um sistema específico de conservação deve estar disponível no local de chegada para

produtos que são sensíveis à temperatura;

• Monitorar o uso de suprimentos. Só é possível monitorar de forma eficaz conhecendo

o destino final dos suprimentos e quem foi responsável pela recepção da mercadoria

no destino final;

• Despachos devem ser autorizados de forma adequada e em seguida registrados com

precisão.

Na gestão de estoques deve ser considerado o estoque em movimento, o controle de prazo

de validade, o princípio do first in, first out, a verificação se as mercadorias foram recebidas

pelo usuário final e o rastreamento do fornecimento se possível.

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8.4. ANEXO 4: LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES

SEGUNDO GUIA DA DEFESA CIVIL DA NOVA ZELÂNDIA

8.4.1. PRINCÍPIOS PARA A RESPOSTA A DESASTRES

As agências (CDEM groups) devem responder a uma emergência, ativando os seus

próprios planos e coordenando com a agência líder do país. Dentro das limitações que a

emergência cria, cada agência, operando dentro de sua própria competência, deve coordenar

com outras agências para:

• Avaliar o impacto de um evento em seu próprio pessoal, ativos e serviços;

• Ativar sua própria continuidade e medidas de emergência;

• Manter ou restabelecer os serviços que presta;

• Comunicar-se com agências líderes e o público; e

• Alinhar as atividades de resposta com outras agências para evitar lacunas e

duplicações.

Além disso, os serviços de emergência são responsáveis por avaliar o efeito do evento na

comunidade, coordenar os esforços locais e comunicar avaliações e ações com a agência líder

apropriada. Os objetivos de resposta de emergência incluem a preservação da vida, evitar a

escalada da situação de emergência, a manutenção da lei e da ordem, o socorro a feridos e

dependentes em termos de primeiros socorros médicos e bem-estar, a prestação de serviços

essenciais (comida, abrigo, informações e meios de comunicação), a preservação da

governabilidade, a proteção de ativos, a proteção dos recursos naturais e físicos e a

preservação da atividade econômica.

É importante ressaltar ainda, as informações contidas neste guia sobre gerenciamento da

informação na emergência e também sobre o processo de evacuação em massa. As

informações necessárias para a gestão da emergência tem que ser oportunas, relevantes,

consistentes e confiáveis e este guia estabelece princípios relevantes para tal. As evacuações

podem produzir efeitos negativos como interromper a coesão da comunidade, a continuidade

econômica, etc. Desta forma a evacuação só deve ser utilizada como último recurso e de

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144

forma organizada. Os princípios e processos apresentados neste guia podem ser aplicados a

todas as evacuações, independente da escala.

8.4.2. GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES DE EMERGÊNCIA

O guia da defesa civil da Nova Zelândia apresenta como objetivos principais dentro do

gerenciamento de informações de emergência, os seguintes:

• Promover a gestão eficaz e o intercâmbio de informações para auxiliar a tomada de

decisão, suporte e comunicação;

• Prover informação oportuna, relevante, consistente e confiável. É entendido que a

informação não pode, devido às circunstâncias, ser absolutamente exata, mas será com

base nos melhores dados disponíveis no momento.

A gestão de informações de emergência suporta a tomada de decisão antes, durante e

depois de uma emergência. A entrega de uma resposta adequada e oportuna exige uma gestão

de informação eficaz e eficiente. Assim sendo, é importante ressaltar:

• Informações sobre o estado de perigo e risco;

• Disponibilidade de informação, incluindo recursos e bens;

• As avaliações do impacto da emergência;

• Relatórios de entrada e saída e mensagens de resposta;

• Informações sobre o estado de recuperação;

• Informação de gestão, tais como listas de contatos ou de procedimentos padrão de

operação;

• Relatórios, avisos públicos e comunicados de imprensa.

Devem ser observados para a correta gestão da informação nas emergências, os seguintes

princípios:

• Utilizar os sistemas usuais como de costume;

• Informações de base devem ser fornecidas e mantidas pelos órgãos responsáveis;

• Manter cópias locais da informação de base para o caso do acesso a dados distribuídos

ser interrompido;

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• Aumentar a informação de base com informações para o evento, trocadas entre as

agências atuantes;

• Usar métodos de comunicação normais e métodos de comunicação de emergência na

ordem de sua disponibilidade e eficácia no momento, ou seja, comunicação via

Internet, por fax, comunicação de voz (telefone, satélite, ou rádio), de entrega;

• Estar em conformidade, sempre que possível, a prática usual e dentro das

especificações padrão;

• Utilizar as normas interoperáveis de dados;

• Usar os princípios de continuidade (por exemplo, backup, múltiplos caminhos de

telecomunicações);

• Garantir que as informações estejam devidamente asseguradas.

Para garantir que a informação disponível seja consistente para apoiar a tomada de

decisão a nível nacional, a autoridade competente territorial deve fornecer relatórios de

situação aos Grupos CDEM envolvidos e os Grupos CDEM afetados, juntamente aos centros

de comunicação dos serviços de emergência, devem relatar a situação ao Controle Nacional e

esse deve fornecer relatórios consolidados adequados, quando apropriado para outros

CDEMs, centros de comunicação dos serviços de emergência, outras agências atuantes e

autoridades.

8.4.3. AS MEDIDAS OPERACIONAIS PARA GESTÃO DA INFORMAÇÃO DURANTE

UMA EMERGÊNCIA

Durante uma emergência o núcleo informações de emergência precisa capturar e relatar

de uma maneira consistente (através de relatórios de situação), informações que devem

abranger as seguintes classificações gerais:

• Visão geral da escala do evento: impactos sobre as pessoas, localização geográfica e

extensão dos impactos, impactos na infraestrutura e linhas de vida, além de impactos

financeiros;

• Resumo da natureza e da história (escalada ou redução) do evento, informando a

direção de resposta e o planejamento de recuperação inicial;

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• As estruturas de gestão e de resposta ativadas e planejamento de recuperação;

• Números e locais de desabrigados, desaparecidos, feridos, mortos (inclusive

estrangeiros), e quais ações estão sendo tomadas ou planejadas em relação às vítimas;

• Extensão dos danos a casas (incluindo os números e locais);

• Impacto na infraestrutura comunitária (hospitais, centros médicos, casas de repouso, e

instalações de cuidados especiais, instituições educacionais, infraestrutura comercial,

incluindo financeira e de correio) as horas estimadas de interrupções, e ações de

resposta adotadas ou previstas;

• Extensão dos danos a estradas, pontes, ferrovias, portos e aeroportos, tempos

estimados de interrupções e ações de resposta adotadas ou previstas;

• Extensão dos danos para utilitários, tempo estimado de interrupções e ações de

resposta adotadas ou previstas;

• Extensão dos danos ao meio ambiente (incluindo o impacto na atividade agrícola) e

ações de resposta adotadas ou previstas.

Tal informação precisa de ser apresentada como texto descritivo e ilustrada quando

apropriado num contexto espacial (mapas, por exemplo) ou com imagens.

8.4.4. EVACUAÇÃO EM MASSA

A evacuação em massa pode ser necessária durante uma emergência, se a opção

preferida, apoiar as pessoas no local, não for aconselhável. A fim de minimizar o impacto

sobre as pessoas e à comunidade, uma evacuação deve ser bem planejada, e a comunidade

mantida informada e apoiada ao longo do processo. Os seguintes princípios devem ser

observados:

• Se a evacuação for necessária, o objetivo é evacuar as pessoas de forma segura,

antecipada e de maneira efetiva;

• Em caso de emergência as pessoas geralmente são mais bem abrigadas onde estão,

mas a evacuação deve ser considerada quando os riscos são demasiado elevados e não

podem ser reduzidos;

• Evacuação deve ocorrer somente quando o risco de ficar no local é maior que o risco

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de deslocamento;

• O tipo de evacuação deve ser determinado levando-se em conta a natureza da

emergência e as circunstâncias das pessoas afetadas;

• Na medida do possível, a evacuação deverá ocorrer com movimentação dentro de uma

determinada região apenas. Quando um grupo CDEM não pode acomodar os seus

evacuados, ele deve pedir e receber ajuda de áreas vizinhas;

• Para a evacuação em situações de emergência de proteção civil de interesse nacional, a

decisão de evacuar deve ser tomada em consulta com o Controle Nacional;

• Qualquer comunicação de uma decisão de abrigar ou evacuar deve indicar claramente

a quem se aplica;

• A área a ser evacuada deve ser claramente identificada, o que permitirá que o grupo

CDEM envolvido estime os números a serem evacuados e os recursos necessários para

levar a cabo a evacuação;

• Se possível, a identidade e as circunstâncias de desabrigados devem ser registrados.

Evacuações podem produzir em longo prazo efeitos negativos, como traumas

psicológicos, interromper a coesão da comunidade, a continuidade econômica e no emprego.

Portanto, a evacuação só deve ser realizada como um último recurso e feita de uma forma

organizada.

As evacuações podem ser pequenas e limitadas em área e número de pessoas a serem

evacuadas, ou em grande escala em termos de pessoas e / ou área geográfica. Pode ser

necessário, por exemplo, evacuar apenas aqueles com complicações médicas ou a favor do

vento de uma ameaça respiratória potencial, ou evacuar todas as pessoas em uma determinada

área geográfica, como durante uma erupção vulcânica ou nas proximidades por causa de um

tsunami. Entretanto, os princípios e processos apresentados nesta seção podem ser aplicados a

todo planejamento de evacuações, independente de sua escala.

8.4.4.1. DECIDINDO SOBRE ABRIGAR NO LOCAL OU EVACUAR

Abrigar no local deve ser considerado como a primeira opção, principalmente quando

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têm ocorrido perturbações significativas para transportar ou quando sair de casa poderia expor

as pessoas a contaminantes perigosos. Porém, a necessidade de evacuação precisa ser

considerada quando um ou mais das seguintes condições se aplica:

• Segurança pessoal está sujeita a constante ameaça (por exemplo, mais erupções

vulcânicas são previstas ou o abrigo contra intempéries é inadequado);

• As propriedades são classificadas como inseguras ou insalubres ou ambos e há falta de

abrigo adequado ou alojamento alternativo;

• A saúde pública é gravemente ameaçada (geralmente como resultado de perturbação

de longo prazo para o fornecimento de água ou sistemas de esgotos);

• Alimentos e água não estão disponíveis ou as reservas disponíveis estão contaminadas

ou não potáveis e representam um risco para a saúde;

• O fardo de cuidar das pessoas na área é muito maior do que seria se eles fossem

evacuados. Isto se aplica a determinados grupos (por exemplo, turistas) mais do que

para os residentes.

As pessoas geralmente se saem melhor em situações de crise, quando eles estão

familiarizados com o seu ambiente, de modo que abrigar no local deve ser considerada como

a primeira opção para garantir a segurança e o bem-estar das pessoas afetadas por uma

emergência.

8.4.4.2. COMO DETERMINAR A ESCALA E O LIMIAR PARA A EVACUAÇÃO

Gatilhos pré-determinados podem ser usados como guias para a tomada de decisão em

circunstâncias específicas. O planejamento de evacuação deve considerar análises de

vulnerabilidade locais, a fim de determinar as áreas de evacuação e escalas de tempo

(incluindo gatilhos para escalada) para riscos previsíveis (por exemplo, os indicadores de

altura rio podem ser pré-estabelecidos como gatilhos para evacuar alguns moradores em

situação de risco).

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8.4.4.3. PROCESSO PARA A EVACUAÇÃO

O processo de evacuação incluindo comando, controle e coordenação, instruções

públicas, as categorias especiais de pessoas evacuadas, segurança e retorno dos evacuados

está contida no Guia. De forma geral, os principais pontos a serem observados no processo de

evacuação são descritos a seguir, sendo necessários:

• Uma definição das condições em que uma evacuação possa ser necessária, e também

das condições em que pode ser melhor apoiar as pessoas mantendo-as abrigadas no

local;

• A identificação de pré-eventos de pessoas em risco que pode exigir uma evacuação;

• Uma cadeia clara de comando, controle e coordenação, bem como designação de

pessoas autorizadas a ordenar uma evacuação;

• Instruções para os meios de comunicação, públicos e privados;

• Procedimentos para ajudar categorias especiais de evacuados;

• Desenvolvimento de planos de evacuação e procedimentos específicos que abordem as

circunstâncias da emergência, transporte e evacuação de locais específicos;

• Um meio de contabilização de desabrigados;

• Planejamento para apoio social para desabrigados;

• Segurança das áreas evacuadas; e

• Procedimentos para o retorno dos refugiados.

O público vai exigir atualizações regulares de informação. Estas informações devem ser

mantidas simples e serem disseminada em muitas formas como rádio, televisão, jornais,

panfletos, internet e sistemas de anúncio público móvel.

Se a decisão for de abrigar no lugar, o público deve ser informado a respeito de:

• O risco e as suas potenciais consequências;

• A área afetada e onde no local é recomendada permanecer;

• Duração esperada do evento;

• As ações necessárias para salvaguardar a saúde e à propriedade;

• Comerciantes devem ser informados sobre a sua responsabilidade de proporcionar um

ambiente seguro para funcionários e clientes e dever do atendimento à saúde.

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Se a decisão for de evacuar, o público deve ser informado a respeito de:

• Risco e as suas potenciais consequências;

• A área a ser evacuada;

• As pessoas a serem evacuadas, quando nem todos dentro dessa área estão sendo

evacuados;

• A lógica por trás de decisões de evacuação;

• A duração prevista da evacuação;

• Destino das pessoas evacuadas;

• Os pertences pessoais essenciais a tomar;

• Instruções para proteger casas e propriedades;

• Instruções sobre a evacuação dos animais domésticos;

• Instruções especiais para grupos vulneráveis, incluindo escolas, hospitais e instalações

de cuidados;

• As instruções especiais para as empresas;

• Onde e quando devem se reunir os desabrigados que necessitam de transporte;

• Detalhes para dar apoio e transporte para outros membros da comunidade se as

pessoas são capazes de prestar assistência;

• As rotas primárias e secundárias seguras e de tráfego de sentido único, tendo em conta

outras restrições;

• Os momentos-chave (por exemplo, o impacto de perigo, etc.);

• As instruções a respeito de onde buscar mais informações (por exemplo, serviços de

assistência estabelecidos, 0800, etc.);

• As opções de transporte, incluindo auto evacuação;

• Apoio disponível.

Um plano de evacuação deve estar adequado às circunstâncias específicas de um evento

de emergência, tais como o local da emergência, a sua escala, os limites das zonas de

evacuação, a direção do movimento e a localização de recepção e de centros de abrigo. Além

disto, fatores como o clima, dia da semana e hora do dia terão impacto sobre o número de

pessoas a serem evacuados a partir de uma área e do tempo necessário para a evacuação. Para

um processo bem estabelecido, deve se também:

• Determinar as estratégias de transporte para a evacuação de emergência;

• Determinar as tarefas e prioridades;

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• Facilitar a operação contínua e manutenção de corredores de transporte;

• Facilitar a realização de tarefas com o operador adequado;

• Assegurar as comunicações entre as agências, incluindo a partilha de informações

sobre status da rede de transporte, as condições climáticas e situações locais;

• Definir e divulgar a principal rota de evacuação a ser utilizado - primário e secundário;

• Manter e controlar o acesso às rotas prioritárias;

• Ajustar e divulgar um plano de gerenciamento de tráfego, que inclui:

• Identificar pontos de controle de tráfego necessários;

• Restringir o tráfego de entrada para apoio para somente o de emergência;

• Restringir o tráfego de cruzamento da cidade para ajudar os fluxos de saída;

• Reprogramar dispositivos de controle de tráfego (sinais de trânsito etc.) para permitir

os padrões de tráfego da evacuação;

• Prever a possível utilização de ambos os lados de estradas (sentido contrário ou

reverso de pistas, segundo o qual todas as faixas são encaminhadas em uma única

direção durante uma evacuação);

• Realizar a “alimentação” de sistemas de transporte público e massa (ônibus, trem);

• Garantir o acesso a informações de trânsito rápido e status preciso da rota durante a

evacuação (sistemas de vias disponíveis);

• Realizar uma avaliação interna de como os ativos de transporte ferroviário de

passageiros pode ser utilizada, incluindo tempo, capacidade e apoio externo

necessário.

Quanto à alocação de recursos para as prioridades de transporte de emergência de

evacuação, devem ser considerados:

• A preservação da vida;

• A evacuação de pessoas de áreas de alto risco;

• O movimento assistido aos desabrigados especiais;

• O transporte de emergência e serviços essenciais;

• O transporte do público.

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8.5. ANEXO 5: LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES NOS

ESTADOS UNIDOS

8.5.1. A RESPOSTA

De fato, uma resposta nacional unificada exige hierarquia e capacidade de apoio mútuo.

O guia sistematicamente incorpora agências do setor público, setor privado e organizações

não governamentais e refere-se a como os incidentes devem ser gerenciados através de todas

as atividades de segurança nacional, incluindo a prevenção, proteção e resposta e recuperação.

Assim, o setor privado e ONGs devem contribuir para os esforços de resposta através de

parcerias, envolvidos com cada nível de governo. Organizações do setor privado e ONGs são

também encorajadas a desenvolver planos de contingência e trabalhar com planejadores

estaduais e locais para garantir que seus planos sejam consistentes.

Organizações do setor privado desempenham um papel essencial na proteção de sistemas

de infraestruturas críticas e implementação de planos de rápido restabelecimento das

atividades comerciais normais e operações de infraestruturas críticas em caso de perturbação.

A proteção das infraestruturas críticas e a capacidade de restaurar rapidamente as atividades

comerciais normais pode atenuar o impacto de um incidente, melhorar a qualidade de vida dos

indivíduos, e acelerar o ritmo de recuperação das comunidades e do país.

As ONGs também têm um papel vital nos estados, localmente e nacionalmente através da

realização de missões de serviço essenciais em tempos de necessidade. Eles fornecem abrigo,

suprimentos emergenciais de alimentos, e outros serviços de apoio vitais.

Desta forma, o guia fornece estruturas para implementação da política de resposta de

âmbito nacional e coordenação operacional de todos os tipos de incidentes domésticos.

Assim, essa política pode ser parcialmente ou totalmente implementada no contexto de uma

ameaça, em antecipação a um evento significativo, ou em resposta a um incidente. Aplicação

seletiva permite uma resposta em escala, a entrega dos recursos necessários, e um nível

adequado de coordenação.

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153

8.5.2. AÇÕES DE RESPOSTA

O guia apresenta uma “doutrina da resposta” hierarquizada e enfatiza que a resposta a

incidentes deve ser implantada a partir do menor nível jurisdicional capaz de lidar com o

trabalho.

A "resposta", termo usado no presente guia, inclui ações imediatas para salvar vidas,

proteger a propriedade e o meio ambiente, e atender às necessidades humanas básicas. O

termo “resposta” inclui também a execução de planos de emergência e ações de apoio de

recuperação de curto prazo.

O guia tem como objetivo fortalecer, organizar e coordenar as ações de resposta em todos

os níveis e descreve as principais tarefas relacionadas com as três fases de uma resposta

eficaz: preparar, responder e se recuperar. Destas, será apresentada de forma mais detalhada a

fase dois, “Responder”, foco de interesse deste estudo.

8.5.2.1. RESPONDER

Uma vez que ocorre um incidente, há uma mudança de prioridades – torna-se essencial a

criação e utilização dos recursos e capacidades a serem empregados para salvar vidas,

proteger a propriedade e o meio ambiente, e preservar a estrutura social, econômica e política

da jurisdição. Dependendo do tamanho, escopo e magnitude de um incidente, as

comunidades, os estados e, em alguns casos, o governo federal serão chamados à ação.

Quatro ações-chave ocorrem normalmente em apoio a uma resposta: (a) obter e manter a

consciência situacional; (b) ativar e implantar os principais recursos e capacidades; (c)

efetivamente coordenar ações de resposta e, então, assim que a situação permitir, (d)

desmobilizar. Estas ações de resposta apresentam elementos essenciais que são descritos

abaixo:

a) Obter e manter a “Consciência Situacional”:

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“Consciência situacional” exige um acompanhamento constante de fontes de informação

relevantes sobre os incidentes reais e em desenvolvimento. O âmbito e o tipo de

monitoramento variam de acordo com o tipo de incidentes a serem avaliados e os limiares de

informação necessária. As informações críticas devem ser passadas através de canais de

comunicação ativados de acordo com protocolos de segurança estabelecidos. As prioridades

incluem:

• Fornecer a informação certa no momento certo. Para uma resposta nacional eficaz, as

jurisdições devem continuamente aperfeiçoar sua capacidade de avaliar a situação e

como um incidente se desdobra e fornecer rapidamente informações precisas e

acessíveis aos tomadores de decisão em uma maneira de fácil uso. É essencial que

todos os níveis de governo, setor privado (em particular, os proprietários e operadores

das infraestruturas e recursos chave e ONGs) compartilhem informações para

desenvolver uma imagem operacional comum e sincronizar suas operações de resposta

e recursos;

• Melhorar e integrar os relatórios nacionais. A consciência situacional deve começar na

cena do incidente e ser efetivamente comunicada aos governos locais, estaduais,

federal e do setor privado. Jurisdições devem integrar sistemas de informação

existentes para desenvolver um sistema de informação e gestão do conhecimento que

cumpra os requisitos nacionais de informação;

• Ativar centros de operações e especialistas no assunto. Os governos locais, os estados

e o governo federal tem uma grande variedade de centros de operações que monitoram

eventos e proporcionam consciência situacional. Baseado em seus papéis e

responsabilidades, centros de operações deve identificar as necessidades de

informação, estabelecer os limiares de informação, e estarem familiarizados com as

expectativas dos decisores e parceiros. O conhecimento da situação melhora muito

quando especialistas técnicos experientes identificam os elementos críticos de

informação e usam estes para formar uma imagem operacional comum;

• Procedimentos de informação e documentação devem ser padronizados para melhorar

a consciência situacional e fornecer ao pessoal de gerenciamento e resposta a

emergências, acesso imediato às informações críticas. Relatórios da situação deverão

conter informações verificadas e detalhes explícitos (quem, o quê, onde, quando e

como) relacionadas com o incidente. Os relatórios de status, que podem estar contidos

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em relatórios de situação, devendo repassar informações específicas sobre os recursos.

Com base na análise das ameaças, as jurisdições devem emitir avisos acessíveis ao

público e fornecer informações de emergência pública;

• Os governos locais e do estado podem enfrentar os desafios inerentes à criação de

redes de compartilhamento de informação bem sucedidas a partir das seguintes ações:

(1) Criação de centros de fusão, que reúnem em uma localização central, poder

executivo, central de inteligência, gestão de emergências, saúde pública e outras

agências, assim como organizações do setor privado e não governamentais, quando

apropriado, e que tenham a capacidade de avaliar e agir adequadamente a partir de

toda a informação disponível; (2) Implementar diretrizes nacionais de

compartilhamento de informação e dados e melhorar a capacidade dos sistemas para a

troca de informações; (3) Estabelecer requisitos de informação e protocolos de

comunicação para permitir a tomada de decisão eficaz e oportuna durante a resposta a

incidentes.

b) Ativar e implantar os principais recursos e capacidades:

Quando ocorrer um incidente, deve-se avaliar a situação, identificar e priorizar os

requisitos, e ativar os recursos e capacidades disponíveis para salvar vidas, proteger a

propriedade e o meio ambiente, e conhecer as necessidades humanas básicas. As principais

atividades para se atingir este objetivo incluem:

• Em todos os níveis, as ações iniciais podem incluir a ativação de pessoas e equipes e

estabelecimento de estruturas de resposta e gerenciamento de incidentes para organizar

e coordenar uma resposta eficaz. Os recursos e capacidades e a estrutura de suporte de

gerenciamento de incidentes devem ser diretamente relacionados ao tamanho, escopo,

natureza e complexidade do incidente.

• Equipes de resposta e recursos podem ser solicitados através de acordos de ajuda

mútua ou ao estado ou ao governo federal. Para todos os incidentes, especialmente

incidentes em grande escala, é essencial priorizar e comunicar claramente os requisitos

para que os recursos possam ser eficientemente mobilizados para apoiar as operações;

• Com base nas necessidades e na disponibilidade de ativos, os recursos devem ser

preposicionados e equipes de resposta e outros recursos de suporte podem ser

colocados em estado de alerta. Mobilização e implantação serão mais eficazes quando

suportados pelo planejamento, que inclui trabalhos de pré-roteiro da missão,

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contratação antecipada e previsão de recursos;

• No caso de um incidente que requer uma resposta coordenada, as jurisdições locais e o

estado devem: (1) Identificar pessoal para implantação do centro de operações de

emergência que deve ter procedimentos padrão e listas de pontos de contato em

departamentos e agências; (2) Trabalhar com autoridades de gestão de emergência

para tomar as medidas necessárias para garantir a continuidade das operações; (3)

Ativar equipes de gerenciamento de incidentes conforme necessário; (4) Ativar

equipes de resposta especializadas, conforme necessário. Jurisdições podem ter

equipes especializadas, incluindo as equipes de busca e salvamento, os investigadores

da cena do crime, equipes de obras públicas, equipes especializadas em materiais

perigosos, especialistas em saúde pública e veterinários; (5) Ativar ajuda mútua e

acordos de assistência quando necessário.

c) Coordenar as ações:

A coordenação das atividades de resposta ocorre através de estruturas de resposta com

base nas funções atribuídas, responsabilidades e protocolos de comunicação. As informações

críticas devem ser fornecidas através de mecanismos de comunicação estabelecidos. A

eficiência e a eficácia das operações de resposta são reforçadas por aplicação integral das

NIMS com seus princípios comuns, estruturas e processos de coordenação. As prioridades

específicas incluem:

• Gerenciando funções de emergência: Os governos local e estadual são responsáveis

pela gestão das suas funções de emergência. Esta gestão inclui a mobilização da

Guarda Nacional, pré-posicionamento de bens, e de apoio às comunidades. Os

governos locais e o estado, em conjunto com seus parceiros de organizações

voluntárias, também são responsáveis pela execução de planos para assegurar a gestão

eficaz do fluxo de voluntários e de mercadorias na área afetada;

• Coordenar ações iniciais: As ações iniciais são coordenadas através do Comando de

Incidentes em campo e podem incluir desde a aplicação da lei imediata, salvamento,

combate a incêndios, e serviços de emergência médica; combate de emergência à

inundação; evacuações, desvios de transporte e informações de emergência para o

público. À medida que o incidente se desdobra, o Comando de Incidentes em campo

desenvolve e atualiza um Plano de Ação de Incidentes, procedendo à revisão do curso

de ação, baseado em novas circunstâncias;

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• Coordenar os pedidos de apoio adicional. Se forem necessários recursos adicionais, o

Comando de Incidentes deve requisitar o apoio necessário. É fundamental a

compreensão dos papéis, estruturas, protocolos e conceitos de forma clara, para

garantir ações coordenadas. Os recursos devem ser ativados através de procedimentos

estabelecidos e integrados em uma estrutura padronizada organizacional nos níveis

adequados;

• Identificar e integrar os recursos: Recursos devem ser implantados, recebidos e

aplicados de forma eficiente e integrados nas operações em curso. Para grandes

incidentes complexos, isso pode incluir o trabalho com um conjunto diversificado de

organizações, incluindo várias entidades do setor privado e ONGs através de acordos

preestabelecidos e contratos. Eventos de grande escala também pode exigir uma

coordenação sofisticada com fases de implantação de recursos através de um sistema

de logística integrada. Sistemas e locais devem ser estabelecidos para receber e

integrar os recursos em operações contínuas. O Comando de Incidentes deve avaliar

continuamente as operações e a escala e adaptar os planos existentes para atender a

evolução das circunstâncias;

• Coordenar informações: Estratégias eficazes de informação ao público são essenciais

na sequência de um incidente. Comando de Incidentes pode optar por estabelecer um

Centro de Informação Conjunto (JIC), um local físico onde a coordenação e

disseminação de informações para o público e a mídia sobre o incidente são

gerenciados. Com o desenvolvimento de listas de mídia, informações de contato para

as partes interessadas, e releases coordenados, a equipe JIC facilita a disseminação de

dados precisos, consistentes, informação acessível e oportuna pública para públicos

numerosos.

Ações de resposta específicas irão variar, dependendo o âmbito e da natureza do

incidente. Ações de resposta baseiam-se nos objetivos estabelecidos pelo Comando de

Incidentes e Grupo de Coordenação do Comando Unificado. Ações de resposta incluem, mas

não estão limitados a:

• Atenção ao público e fornecimento de informações de emergência em linguagem,

forma e meios acessíveis ao público;

• Implementação de evacuação e planos de abrigo que incluem provisões para

populações com necessidades especiais e animais domésticos;

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• Proteção aos evacuados em abrigos fisicamente acessíveis e fornecimento de comida,

água e outras necessidades para atender às necessidades de todas as pessoas, incluindo

pessoas com deficiência e outras necessidades especiais;

• A realização de busca e salvamento;

• Atendimento aos feridos;

• Proporcionar a aplicação da lei;

• Controle de riscos (extinção de incêndios, contenção de derramamentos de materiais

perigosos, etc.);

• Garantir segurança e saúde.

Nas comunidades, os princípios do NIMS devem ser aplicados para integrar planos de

resposta e recursos entre jurisdições e departamentos e com o setor privado e as ONGs.

Comunidades vizinhas desempenham um papel fundamental na prestação de apoio através de

um quadro de ajuda mútua e acordos de assistência. Estes acordos são documentos formais

que identificam os recursos que as comunidades estão dispostas a compartilhar durante um

incidente. Esses acordos devem incluir:

• Definição dos principais termos utilizados no acordo;

• Funções e responsabilidades individuais das partes;

• Procedimentos para a solicitação e prestação de assistência;

• Procedimentos, autoridades, e as regras para a alocação e reembolso das despesas;

• Protocolos de comunicações interoperáveis;

• Relações com outros acordos entre jurisdições.

Os Estados devem fornecer a maior parte da ajuda externa para as comunidades. Quando

um incidente cresce além da capacidade de uma jurisdição local, e os respondedores não

podem satisfazer as necessidades de ajuda mútua e recursos de assistência, o Estado deve

atuar. Ao receber um pedido de assistência de um governo local, as atividades de resposta

imediata do Estado podem incluir:

• Coordenar os avisos e informação pública por meio da ativação da estratégia do

Estado de comunicações públicas e ao estabelecimento de um JIC;

• Distribuição de materiais estocados para atender à emergência;

• Fornecer necessária assistência técnica e apoio para atender a necessidades de

recuperação e de resposta dos indivíduos e das famílias;

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• O governador pode suspender os estatutos existentes, regras, leis e ordens durante a

emergência, na medida do permitido por lei, para assegurar o desempenho de funções

de resposta em tempo útil;

• Implementação de planos estaduais de gestão de doações e a coordenação com as

ONGs e o setor privado;

• Ordenar a evacuação de pessoas de todas as partes do Estado ameaçado pelo incidente,

dando atenção às necessidades das populações com necessidades especiais e aqueles

com animais domésticos e animais de serviço;

• Mobilizar recursos para atender às necessidades das pessoas com necessidades

especiais, em conformidade com o plano pré-existente do Estado e em conformidade

com as leis federais de direitos civis.

Quando é possível prever que um incidente irá sobrecarregar os recursos do Estado, o

Governador poderá solicitar assistência Federal. Nesses casos, a jurisdição local afetada,

Estado e o Governo Federal vão colaborar para prestar a assistência necessária. O Governo

Federal pode prestar assistência na forma de financiamento, recursos e serviços críticos.

Departamentos e agências federais devem respeitar a soberania e as responsabilidades dos

governos locais e Estado durante a prestação de assistência. A intenção do Governo Federal

nessas situações não é comandar a resposta, mas sim apoiar os governos locais e/ou o Estado

afetado.

Para que tal ocorra da maneira como tratado neste guia, nos Estados Unidos existem

legislações específicas a este respeito. “Quando fica claro que os recursos do Estado serão

ultrapassados, o Governador pode solicitar assistência Federal” (Lei Stafford).

A Lei de Stafford é desencadeada por uma declaração presidencial de um grande desastre

ou emergência, quando um evento causa dano de gravidade e dimensão suficientes para

garantir assistência Federal a desastres para complementar os esforços e recursos disponíveis

dos Estados, governos locais e das organizações de socorro com o fim de aliviar o dano, a

privação ou o sofrimento. A Lei Stafford autoriza o Presidente a prestar assistência financeira

e outras para os governos estaduais e locais, a algumas organizações privadas sem fins

lucrativos e pessoas físicas para apoiar a resposta, recuperação e os esforços de mitigação

após a emergência (http://www.emacweb.org).

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Assistência Internacional: Um incidente doméstico pode ter implicações internacionais e

diplomáticas que exigem coordenação e consultas com governos estrangeiros e organizações

internacionais. Um incidente pode também exigir ações diretas bilaterais e multilaterais sobre

questões de política externa relacionadas com o incidente. O Departamento de Estado tem a

responsabilidade de coordenar as ações bilaterais e multilaterais. Coordenação internacional

no contexto de um incidente doméstico exige um esforço de cooperação estreita com

congéneres estrangeiras, organizações multilaterais e o setor privado. Departamentos e

agências federais devem considerar antecipadamente que recursos ou outro tipo de assistência

podem exigir ou ser convidados a aceitar a partir de fontes estrangeiras e resolver as questões

que possam surgir em receber tais recursos.

d) Desmobilizar:

Desmobilização é o retorno ordenado, seguro e eficiente de um recurso à sua localização

e status original. A desmobilização deve começar o mais cedo possível para facilitar a

prestação de contas dos recursos e ser totalmente coordenada com o gerenciamento de

incidentes e de outras estruturas de resposta.

Assim que as atividades de salvamento imediatas estão completas, o foco muda para os

indivíduos, as famílias, infraestrutura crítica e empresas atingidas, de forma a satisfazer as

necessidades básicas destas e ajudá-las a e retornar a autossuficiência. Mesmo com os

imperativos imediatos para resposta a um incidente ainda sendo abordados, a necessidade de

iniciar as operações de recuperação emerge. A ênfase na resposta gradualmente dará então

lugar a operações de recuperação.

A recuperação de curto prazo é imediata e se sobrepõe a resposta. Ele inclui ações como a

prestação de serviços públicos essenciais de saúde e segurança, restauração de utilitários

interrompidos e outros serviços essenciais, restabelecendo as rotas de transporte e

fornecimento de comida e abrigo para os desabrigados pelo incidente. Embora chamado de

"curto prazo", algumas destas atividades podem durar semanas.

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8.5.2.2. PLANEJAMENTO: UM ELEMENTO CRÍTICO DA RESPOSTA EFICAZ

Este capítulo do guia enfatiza a importância do planejamento como a pedra angular da

preparação nacional e resume o planejamento e estruturas que são relevantes. O Planejamento

é uma responsabilidade inerente de cada nível de governo. Esse guia favorece a união de

esforços para planejamento de operações de emergência, fornecendo doutrina comum.

Um plano é um instrumento contínuo, evoluindo de ações antecipadas que maximizam as

oportunidades e guia as operações de resposta. O planejamento oferece três benefícios

principais: (a) permite que as jurisdições influenciem o curso dos acontecimentos em caso de

emergência, determinando antecipadamente as ações, políticas e processos que serão

seguidos, (b) orienta as atividades de preparação para outras, e (c) contribui para a unidade do

esforço, fornecendo um plano comum para a atividade, no caso de uma emergência. O

planejamento é um elemento fundamental tanto da preparação quanto da resposta e, portanto,

é uma atividade essencial.

8.5.2.3. CRITÉRIOS PARA PLANEJAMENTO DE SUCESSO

O guia emprega critérios comuns para avaliar aspectos-chave de um planejamento de

resposta, a saber:

• Aceitabilidade: Um plano é aceitável se satisfaz as exigências dos cenários previstos,

pode ser implementada dentro dos custos e prazos e se é consistente com as leis

aplicáveis;

• Adequação: Um plano é adequado quando se está em conformidade com a orientação

de planejamento aplicável, os princípios de planificação são válidos e relevantes, e o

conceito de operações identifica e aborda as tarefas críticas específicas para os

objetivos do plano;

• Integralidade. Um plano é completo se ele incorpora as principais ações, objetivos e

tarefas a serem realizadas. O plano completo aborda o pessoal e os recursos

necessários e os conceitos de como será implantado, empregado, sustentado e

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desmobilizado. Também aborda prazos e critérios para medir o êxito na consecução

dos objetivos e o estado final desejado. A completude de um plano pode ser muito

maior, incluindo no processo de planeamento todos aqueles que poderiam ser afetados;

• Coerência e padronização dos produtos. Padronizados os processos de planejamento

consistência Foster, interoperabilidade e colaboração;

• Viabilidade. Um plano é considerado viável se as tarefas críticas podem ser realizadas

com os recursos disponíveis internamente ou através de ajuda mútua, as necessidades

imediatas de recursos adicionais provenientes de outras fontes (no caso de um plano

local, a partir de parceiros do Estado ou Federal) são identificadas em detalhe e

coordenadas com antecedência, e estabelecidos os procedimentos para integrar e

utilizar eficazmente os recursos de todos os potenciais fornecedores;

• Flexibilidade. Flexibilidade e adaptabilidade são promovidas pela tomada de decisão

descentralizada e, acomodando todos os perigos que vão desde menor escala a

incidentes maiores e contingências nacionais;

Interoperabilidade e colaboração. Um plano interoperável e colaborativo identifica-se

com planos similares e complementares e suporta colaboração regular focada em

integração com outros planos para otimizar o alcance de metas individuais e coletivas e

os objetivos em um incidente.

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8.6. ANEXO 6: LOGÍSTICA EM OPERAÇÕES DE RESPOSTA A DESASTRES

SEGUNDO O WORLD FOOD PROGRAMME

8.6.1. PORTOS

Para cada litoral ou porto de rio de uso potencial, é necessário realizar o levantamento e a

verificação dos seguintes itens:

• Local, número de cais e desenho (com variações sazonais);

• Especificações de embarcações (restrições de comprimento inclusive) e cargas

admitidas, como bulk (graneis de volume significativo) e cereais ensacados;

• Taxas de descarga em armazéns, caminhões, vagões, barcaças;

• Equipamentos de carga e descarga: números e capacidade de guindastes, empilhadeira,

etc.; disponibilidade e tamanho de silos e manuseio de containers;

• Atual nível de funcionamento;

• Procedimentos e medidas de segurança;

• Procedimentos de alfandegários, taxas e impostos;

• Despachantes e suas taxas de serviço;

• Gargalos atuais e previsíveis e possibilidades para superá-los e aumentar a eficiência

da operação de socorro.

Também é necessária a verificação de especificações e quaisquer exigências para ajuda

técnica (por exemplo: operadores de porto ou auxiliares de logística); a introdução ou

extensão de funcionamento noturno (inclusive a provisão de iluminar onde necessário); o

conserto ou extensão de cais e armazéns; o conserto ou provisão de guindastes e outros

equipamentos; a introdução de procedimentos aprimorados; treinamento de pessoal de porto;

etc.

Para portos principais, deve-se concentrar no que pode ter mudado recentemente: dados

básicos normalmente estão já disponíveis.

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8.6.2. CORREDORES DE RIO

Para cada corredor de rio de uso potencial, deve-se fazer o levantamento e verificação dos

seguintes itens:

• Desenho, velocidade de corrente, especificações de embarcações permissíveis e

navegabilidade (com variações sazonais);

• Exigências para pilotos;

• Alfândegas e outras considerações onde o rio marca fronteiras internacionais;

• Disponibilidade de barcos, barcaças e rebocadores;

• Normas e práticas locais para contratação de transporte de rio;

• Procedimentos e medidas de segurança;

• Gargalos atuais e previsíveis e possibilidades para superá-los e aumentar a eficiência

da operação de socorro.

É preciso ainda levantar as especificações e quaisquer exigências para: o conserto ou

extensão de cais e armazéns, o conserto ou provisão de guindastes e outros equipamentos, o

conserto ou provisão de barcaças e obras de rio, bem como treinamentos de pessoal, etc.

8.6.3. CAMPOS DE POUSO DE AERONAVES

Para cada campo de pouso de uso potencial, deve-se efetuar a verificação e listar os

seguintes tópicos:

• Informação operacional básica;

• Localização (com coordenadas), código (se existente) e altitude; dados da pista como

comprimento, largura, superfície, classificação de carga e orientação;

• Local e altura de qualquer obstrução ao longo da pista ou nas zonas de aproximação e

partida;

• Sujeição de tempo atual e potencial (névoa, ventos fortes, gelo);

• Tipos de aeronave que podem operar;

• Apoio de navegação disponível;

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• Disponibilidade (ou possibilidade) de iluminação noturna; a confiabilidade dos

equipamentos de energia;

• Horários de operação, nível de atividade sustentável;

• Procedimentos de alfandegários;

• Operadores de voo que operam regularmente;

• Controle e segurança:

• Torre de controle (serviço de controle de tráfego aéreo): Procedimentos por obter

liberações de voo, apoio de previsão de tempo e fluxo de informações;

• Combate a incêndios e equipamento de salvamento;

• Riscos das pessoas, animais e pássaros na pista;

• Segurança: local, guardas, verificação e controle de bagagem, alfândega,

procedimentos de alerta e quaisquer medidas e procedimentos de segurança;

• Pátio de aeronaves: Dimensões, superfície, quantidade por tipos de aeronaves que

podem operar e hangares cobertos;

• O acesso de aeronaves para combustível, manutenção e áreas de descarga;

• Serviços de apoio: equipamentos de remoção de gelo, rebocadores, etc.;

• Disponibilidade de combustível, capacidade de armazenamento, pressão, etc.;

• Instalações de passageiro e carga: Instalações de carga - equipamentos de controle,

rampas de carregamento, armazenamento, etc.; Recepção de carga e procedimentos de

alfandegários, despachantes e taxas de serviço;

• O acesso de caminhões para aeronave estacionada e para áreas de carga;

• Procedimentos para embarque e desembarque de passageiros, etc.;

• Transporte de carga e passageiro para o campo de pouso;

• Gargalos atuais e previsíveis e possibilidades para superá-los e aumentar a eficiência

da operação de socorro.

É importante que se proceda também à verificação das especificações e quaisquer

exigências para: a introdução ou extensão do funcionamento noturno (provisão de iluminar

onde necessário); conserto ou extensão de pistas e armazéns; conserto ou provisão de

equipamentos de controle; treinamento de pessoal, etc.

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8.6.4. TRANSPORTE RODOVIÁRIO

É necessário realizar a verificação no mapa e se proceda à listagem das estradas com

potencial de uso, para dentro e internas a zona de emergência, observando:

• O tipo e a categoria: estradas primárias, estradas secundárias, etc.;

• Quais são ou podem se tornar intransitáveis como resultado de inundações, neve ou

insegurança;

• Os tipos e tamanhos de caminhões de carga que podem passar em cada rota (notando

variações sazonais, se pertinente);

• Pontes: tipos e limites de recursos e peso;

• Pontos potencialmente perigosos, colinas íngremes (percentual de gradiente);

• Cruzamentos de rio ou balsas com demoras esperadas, pedágios, etc.;

• Procedimentos e medidas de segurança;

• Gargalos atuais e previsíveis e possibilidades para superá-los e aumentar a eficiência

da operação de socorro.

Precisam-se levantar ainda as especificações e quaisquer exigências para conserto ou

melhoria de seções vitais de estrada, conserto ou melhoria de bueiros, pontes críticas e vaus

de rio.

8.6.5. CAPACIDADE DE TRANSPORTE POR CAMINHÃO E VEÍCULOS LEVES

Faz-se necessária, neste tópico, a verificação e o registro dos seguintes itens:

• Como o mercado de transporte é organizado (se proprietários de caminhões associados

em cooperativas ou grandes transportadoras) e quais são as normas e práticas locais

para contratação de transporte;

• Companhias de transporte locais: capacidade da frota, tamanho mais comum de

caminhões, taxas aproximadas por tonelada/km para a melhor e a pior estrada e

quaisquer restrições sobre onde os caminhoneiros estão dispostos a ir;

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• Entidades de governo e outras organizações com frotas de caminhão que estão ou

poderiam estar disponíveis para transportar materiais de ajuda, a capacidade destas

frotas e as condições e procedimentos para seu uso e manutenção;

• Gargalos atuais e previsíveis e possibilidades para superá-los e aumentar a eficiência

da operação de socorro;

• Os tipos que são mais apropriados para transporte de pessoal;

• A disponibilidade de tais veículos para aluguel ou compra, bem como taxas e preços

aproximados.

É necessária também, a verificação das especificações e quaisquer exigências existentes

para: a transferência (e conserto onde necessário) de frotas de caminhões do governo e

excepcionalmente, provisão de uma frota dedicada, treinamento de gerentes de frota e pessoal

de manutenção; etc..

8.6.6. PONTOS DE ENTRADA POR TERRA

Para cada ponto de cruzamento de fronteira de uso potencial, deve-se proceder a

catalogação dos seguintes tópicos de interesse:

• Exata localização;

• Alfândegas e procedimentos de inspeção para passageiros e carga (inclusive

exigências de documentação);

• Despachantes que estão disponíveis e suas taxas de serviço;

• Capacidade de controle;

• Horário de trabalho normal e de fins de semana e feriados;

• Disponibilidade de instalações de apoio para motoristas, instalações de comunicação e

combustível;

• Se há congestionamento frequente e demoras típicas;

• Medidas e procedimentos de segurança usuais;

• Quaisquer rotas alternativas e se a mesma documentação de alfândega pode ser usada

nestas rotas alternativas;

• Gargalos atuais e previsíveis e possibilidades para superá-los e aumentar a eficiência

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da operação de socorro.

Deve-se proceder ainda ao levantamento das especificações e quaisquer exigências

existentes para: conserto ou melhorias nas instalações de fronteira e outras instalações; a

introdução de procedimentos aprimorados e treinamento de pessoal, etc.

8.6.7. TRANSPORTE FERROVIÁRIO

É necessário mapear a rede ferroviária de interesse e descrever:

• A condição da via, a freqüência de tráfico em setores diferentes;

• O nível atual de movimento de carga e mudanças que possam ser previstas; Para os

principais pontos de trânsito: localização, capacidade de vagões, desvios, capacidade

de armazenamento, guindastes;

• Confiabilidade e segurança do manuseio de carga;

• Tipo e número de vagões de carga utilizáveis;

• Tipo e número de locomotivas utilizáveis;

• Taxa de through-put de locais de origem a instalações de armazenamento (para

instalações de armazenamento com desvios, dê números aos desvios e crie um esboço

ou mapa);

• Procedimentos usuais em pontos de trânsito;

• Medidas e procedimentos de segurança usuais;

• Gargalos atuais e previsíveis e possibilidades para superá-los e aumentar a eficiência

da operação de socorro.

Devem-se especificar quaisquer exigências para: ajuda técnica em administração e

programação, especificação de pessoal para movimentar vagões, conserto ou melhoria de

instalações em pontos críticos de trânsito e treinamento de pessoal, etc.

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8.6.8. INSTALAÇÕES DE ARMAZENAMENTO

Neste tópico, é importante a conferência e o registro dos seguintes itens para cada local

onde pode ser necessário armazenar materiais como portos, outras entradas e todos os locais

de instalações de armazenamento.

Armazéns do governo e armazéns disponíveis para alugar:

Para cada armazém disponível:

• Localização, conveniência, suscetibilidade para inundar ou pilhar; capacidade total;

• Condição geral, segurança, limpeza;

• Disponibilidade de pessoal qualificado, padrão de manutenção de registros e quaisquer

necessidades de treinamento em administração de armazéns;

• Medidas e procedimentos de segurança usuais;

• Despesas se aplicável.

Para as instalações relacionadas:

• Disponibilidade de equipamento mecânico de manipulação e estrados;

• Possibilidade de adquirirem-se estrados localmente (se necessário), custo e tempo de

entrega destes;

• Possibilidade de adquirirem-se pesticidas e desinfetantes no mercado local, custo e

tempo de entrega destes;

• Disponibilidade de fumigadores oficialmente autorizados;

• Disponibilidade de locais satisfatórios onde a capacidade de armazenamento adicional

poderia ser estabelecida, se necessário, usando edifícios existentes, armazéns pré-

fabricados ou construção local.

É importante ainda que se registrem quaisquer exigências existentes para: ajuda técnica

em armazém, atualização de sistemas, reparos ou melhoria em instalações, treinamento de

pessoal etc.

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8.7. ANEXO 7: O SISTEMA DE CONTROLE DE OPERAÇÕES NO BRASIL

Nesta seção, apresenta-se o Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando

em Operações. Este manual não detalha os processos logísticos de uma operação de resposta a

emergências, não se relacionando diretamente aos já apresentados neste estudo. Entretanto,

estabelece as bases para o gerenciamento de catástrofes no Brasil, uma vez que trata da

implantação de um comando unificado para resposta a desastres, sendo relevante sua análise

neste estudo. Não foram encontrados manuais brasileiros que abordassem os processos

logísticos voltados a operações de resposta a emergências.

Segundo o Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações,

uma resposta sistêmica - garantia de salvar vidas, proteger a propriedade e o meio ambiente, e

preservar a estrutura social, econômica e política em condições de viabilidade e que atenda

aos incrementos de demanda, sem quebra dos padrões de qualidade - depende de um comando

unificado de operações. O Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em

Operações.

A Secretaria Nacional de Defesa Civil brasileira (SEDEC) sabe que mais do que estar

preparada para adaptar-se a novas formas de resposta aos desastres, deve estar pronta para

conceber e atuar a partir de um modelo único e torná-lo padronizado e conhecido por todos

que atuam em emergências e situações críticas. Produziu-se então o Manual Gerenciamento

de Desastres – Sistema de Comando em Operações a partir da parceria celebrada pelo

Ministério da Integração Nacional (MI), através da Secretaria Nacional de Defesa Civil

(SEDEC) com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), através do Centro de

Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED).

O Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações foi

concebido e desenhado a partir das diretrizes da Política Nacional de Defesa Civil (2007); das

referências do Curso de Capacitação em Defesa Civil: Sistema de Comando em Operações –

SCO (2004); e dos conteúdos do Curso de Introdução ao Sistema de Comando de Incidentes

(do inglês, Incident Command System/ICS-100) desenvolvido pelo Instituto de

Gerenciamento de Emergência (Emergency Management Institute) da Agência Federal de

Gerenciamento de Emergências dos EUA (Federal Emergency Management Agency/FEMA).

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O ICS (Incident Command System) teve sua consolidação nos atentados terroristas

ocorridos nos EUA, em 11 de Setembro de 2001. Nova Iorque não adotava o ICS na ocasião,

seu desempenho foi comparado ao de Washington, DC, onde a resposta ao atentado contra o

Pentágono foi considerada melhor gerenciada, com base no ICS.

O Brasil necessita de um modelo consistente e padronizado de gerenciamento de

desastres, que permita que as esferas de governo federal, estadual e municipal atuem de forma

integrada e efetiva com o setor privado e com organizações não governamentais. O Manual

Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações discute as estratégias

necessárias à implantação dessa ferramenta gerencial (modelo), de concepção sistêmica e

contingencial, que sirva para padronizar ações de resposta em desastres de qualquer natureza

ou tamanho, de forma a oferecer ao leitor, um modelo de atuação que permita que seus

usuários adotem uma estrutura organizacional integrada para enfrentar as demandas e

complexidades dos desastres.

O Sistema de Comando em Operações é um modelo consistente e padronizado de

gerenciamento de desastres que visa permitir que esferas de governo federal, estadual e

municipal atuem de forma integrada com o setor privado e organizações não governamentais

no gerenciamento da operação de resposta a catástrofes. O Sistema de Comando em

Operações funciona como uma ferramenta gerencial para planejar, organizar, dirigir e

controlar os efeitos dos desastres, independentemente de sua causa, tamanho, configuração,

localização ou complexidade; Seu correto emprego aumenta a eficiência e eficácia dos

trabalhos de comando, amplia a segurança dos envolvidos e reduz a perda de vidas, bens e

também possíveis danos ambientais.

8.7.1. O SCO COMO FERRAMENTA GERENCIAL

Conceitualmente o SCO é uma ferramenta gerencial, de concepção sistêmica e

contingencial, que padroniza as ações de resposta em situações críticas de qualquer natureza

ou tamanho.

O entendimento do sistema como ferramenta gerencial e sua utilização na prática são

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muito importantes para a eficácia e eficiência da operação de resposta a desastres. Segundo o

Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações, a resposta

representa importante fase da administração do desastre uma vez que envolve o conjunto de

ações que visam a socorrer e auxiliar as pessoas atingidas, reduzir os danos e prejuízos e

garantir o funcionamento dos sistemas essenciais da comunidade.

No Brasil, várias experiências foram desenvolvidas a partir do modelo ICS norte-

americano. Algumas delas se encontram bem desenvolvidas em alguns Estados da Federação.

O Sistema de Comando em Operações é disseminado pela Defesa Civil do Estado de Santa

Catarina e apoiado pelo CEPED / UFSC e é adotado também pelo Corpo de Bombeiros

Militar do Estado do Espírito Santo. O SCO propõe o uso do pensamento sistêmico ao

abordar a complexidade das operações de resposta aos desastres.

O SCO vale-se de uma linha da administração de negócios denominada de administração

por objetivos ou APO. O principal apelo da APO está em converter prioridades e objetivos

comuns em metas específicas para cada indivíduo dentro do sistema.

8.7.2. INSTALAÇÕES, ÁREAS DE ACESSO E RECURSOS OPERACIONAIS E

LOGÍSTICOS SEGUNDO O MANUAL GERENCIAMENTO DE DESASTRES –

SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES

O SCO recomenda o uso padronizado de instalações e áreas de trabalho.

As principais instalações (espaços físicos móveis ou fixos) recomendadas pelo SCO são:

posto de comando (local onde são desenvolvidas as atividades de comando da operação), base

de apoio (local onde são desenvolvidas as atividades logísticas), acampamento (local onde são

apoiados os recursos humanos da operação - alojamento, alimentação, banho), centro de

informações ao público (local onde são desenvolvidas as atividades de atendimento à mídia),

helibases (local onde são desenvolvidas as atividades de suporte às operações aéreas -

estacionamento, abastecimento e manutenção de aeronaves) e helipontos (local destinado ao

embarque e desembarque de pessoal e equipamentos em aeronaves - sem estrutura de

suporte).

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As principais áreas recomendadas pelo SCO são: área de espera (local onde os recursos

operacionais são recepcionados, cadastrados e permanecem disponíveis até seu emprego),

área de concentração de vítimas (local onde as vítimas são reunidas, triadas e recebem

atendimento inicial até serem transportadas para estabelecimentos hospitalares).

O SCO recomenda também a organização da área envolvida em uma situação crítica em

diferentes zonas de trabalho, de acordo com o tipo de emergência, a natureza das tarefas a

serem realizadas e o risco presente no cenário em questão. As zonas de trabalho são divididas

em: área quente (local de maior risco com acesso restrito), área morna (local intermediário

não totalmente seguro com acesso e circulação igualmente restritos) e área fria (local seguro

que abriga as instalações e recursos que darão suporte à operação). Todas essas áreas fazem

parte do teatro de operações e são delimitadas por acessos e corredores que servem para

melhor controlar a situação como um todo.

O SCO orienta que todos os recursos empregados na operação sejam gerenciados de

forma integrada. Para isso, faz-se necessário que todos os recursos (operacionais ou

logísticos), assim que cheguem próximos à cena da emergência, sejam imediatamente

encaminhados para uma área de espera previamente definida, local onde esses recursos são

recepcionados, cadastrados e permanecerão disponíveis até seu emprego de acordo com o

plano de ação e controlado pelo encarregado. Para facilitar esse controle, os recursos devem

ser anotados, preferencialmente em formulários padronizados. A totalidade dos recursos deve

ser monitorada pelo planejamento (através da unidade de recursos). Os recursos podem ser

agrupados em duas categorias, a saber: recursos operacionais (são recursos em condições de

pronto emprego operacional, como por exemplo, um helicóptero com a sua tripulação, uma

ambulância com sua equipe de socorro) e recursos logísticos (necessários para dar suporte às

operações, por exemplo: alimentação, colchões, travesseiros e cobertores, equipamentos de

comunicação, etc.). Em relação à situação dos recursos, vale destacar que todos os recursos

operacionais solicitados devem ser cadastrados no SCO como recursos mobilizados. Quando

o recurso chega à área de espera e está pronto para emprego imediato ele é chamado de

recurso disponível. Quando o recurso entra em operação é considerado designado. Quando o

recurso, por algum problema não pode ser empregado na operação, é chamado de

indisponível. Finalmente, quando o recurso não é mais necessário e pode ser liberado é

chamado de desmobilizado.

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O SCO sugere a necessidade de uma integração nas comunicações e encara essa

integração como a comunicação organizacional de todo o sistema, dessa forma, o setor de

comunicações deve garantir que todos possam comunicar – se durante a operação de acordo

com suas necessidades, mesmo que isso ocorra entre pessoas de diferentes organizações. A

capacidade de comunicação entre os diferentes atores do SCO é fundamental para o sucesso

de qualquer operação. Para tal, faz-se necessário o desenvolvimento de um plano de

comunicações (que diz quem conversa com quem e como) que estabelecerá diferentes redes

de comunicação, de acordo com as necessidades da cada caso. O plano de comunicações pode

incluir: uma rede de comando (que integra as comunicações entre o comando e sua assessoria

de comando e o staff principal (operações, planejamento, logística e administração); uma rede

tática (que integra as comunicações entre as pessoas e equipes subordinadas ao coordenador

de operações); uma rede administrativa (que integra as comunicações não operacionais entre o

comando e sua assessoria com órgãos externos que estão cooperando com o SCO); uma rede

logística (que integra as comunicações da logística para tratar de assuntos referentes a

suprimentos, serviços e instalações) e uma rede de operações aéreas (que integra as

comunicações do pessoal de operações aéreas).

O SCO recomenda como extremamente importante também, o conhecimento sobre

exatamente quantas pessoas estão envolvidas na operação, onde elas estão trabalhando e o que

estão fazendo. Isso representa um extraordinário fator de segurança. Além disso, um controle

adequado da disponibilidade e emprego do pessoal envolvido na operação concebe uma

grande vantagem administrativa, sob a ótica da eficiência e eficácia gerencial.

Na FIG. 8.1 apresenta-se de forma esquemática a estrutura organizacional sugerida pelo

SCO.

FIG. 8.1: Estrutura Organizacional na Operação de Resposta (Fonte: adaptada de

Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações).

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O SCO recomenda ainda alguns procedimentos para cada uma das seções em que se

divide o comando da operação de resposta. Os procedimentos da seção de logística (foco

deste estudo) recomendados pelo SCO serão descritos na seção 2.8.3 a seguir.

8.7.3. SEÇÃO DE LOGÍSTICA

O chefe da seção de logística fornece suporte, recursos e outros serviços necessários ao

alcance dos objetivos e prioridades da operação como um todo. Sob sua responsabilidade

encontram-se os líderes das unidades de suporte (normalmente atuam com suprimentos e

instalações) e serviços (comunicações, alimentação, serviços médicos) que se fizerem

necessários.

Entre as principais atribuições do chefe de logística, recomendadas pelo SCO, estão:

• Obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;

• Planejar a organização da logística do SCO, ativando e supervisionando unidades e

seções específicas conforme a necessidade;

• Gerenciar as atividades de suporte da operação (materiais, suprimentos e instalações);

• Gerenciar as atividades de serviços da operação (comunicações, alimentação, serviços

médicos);

• Supervisionar as atividades de suporte e serviços;

• Manter o comando informado sobre o andamento dos trabalhos logísticos da operação.

A FIG 8.2 a seguir apresenta um esquema sugerido pelo SCO para organização da seção

de logística nas operações de resposta a catástrofes.

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FIG. 8.2: Sugestão de estrutura organizacional para a seção de logística (Fonte: Manual

Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações).

O SCO recomenda ainda que o chefe de logística instale algumas unidades padronizadas

para facilitar seus trabalhos, das quais se destacam as unidades de suporte e a unidade de

serviços. Os líderes da unidade de suporte providenciam e distribuem suporte material para

as operações e as instalações ativadas, por meio de seções de suprimentos (requisição,

recepção e equipamentos/ferramentas) e seções de instalações (vigilância, bases, campos e

posto de comando). Os líderes da unidade de serviço prestam serviços para os integrantes da

operação por meio de seções de comunicações, serviços médicos e alimentação.

O posto de comando é o local onde são desenvolvidas as atividades de comando da

operação. Sua instalação deve ocorrer logo após a ativação do SCO. As bases de apoio são os

locais onde são desenvolvidas as atividades logísticas, que incluem abastecimento e

manutenção de veículos, reparo e substituição de equipamentos e materiais, estoque de

suprimentos, etc.

8.7.4. IMPLANTAÇÃO DO SCO NA RESPOSTA IMEDIATA

Embora o SCO possa ser empregado nas mais diversas situações, independentemente de

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sua causa, tamanho, configuração, localização ou complexidade, faz-se necessário que o

sistema seja implementado a partir de um roteiro básico. Assim que a situação crítica é

percebida, um conjunto de medidas previamente estabelecidas deve ser iniciado, começando

com o acionamento dos organismos de resposta através de seus recursos operacionais, de

forma que os mesmos possam deslocar-se até o local da emergência e iniciar os trabalhos

iniciais de avaliação e controle da situação.

De forma geral, as primeiras ações no local da emergência são guiadas por procedimentos

operacionais padronizados (POPs). Assim que mais informações são obtidas, os

procedimentos passam a ser guiados por planos de contingências (caso eles existam).

Finalmente, quando o cenário é claramente estabelecido, planos de ação sucessivos são

elaborados e implementados até a resolução da situação crítica.

Assim que a situação crítica é percebida, as primeiras equipes que chegam ao local

avaliam preliminarmente a situação e implementam as primeiras ações (POPs) voltadas para o

controle inicial de riscos e obtenção de maiores informações sobre a crise. A pessoa de maior

nível de autoridade da primeira equipe no local comunica as demais equipes e com o nível de

autoridade logo acima dela para informar que está instalando o SCO e assumindo o comando

da operação. Isso significa que, a partir desse momento, a condução dos trabalhos deverá

seguir os princípios e recomendações do SCO.

A partir da constatação de que o gerenciamento de desastres é por natureza complexo e

dinâmico e, reunida às experiências já desenvolvidas em vários Estados brasileiros a partir do

modelo do Incident Command System, o SCO revela-se como o mais apropriado modelo para

orientar as ações de resposta a desastres por ser concebido a partir de uma visão sistêmica, ser

adaptável a qualquer tipo de emergência ou situação crítica, utilizável em qualquer tamanho

de emergência, em qualquer combinação de organizações e jurisdições, ser simples para

novos usuários, apresentar baixo custo de implantação além ser adaptável a novas tecnologias.

A utilização do SCO ajudará a proporcionar maior segurança para as equipes de resposta

e demais envolvidos na emergência, a alcançar objetivos e prioridades estabelecidas e gerir de

forma eficiente os recursos (humanos, materiais, financeiros, tecnológicos e de informação)

disponíveis.

Sua correta utilização permitirá ainda que pessoas de diferentes organizações se integrem

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rapidamente em uma estrutura de gerenciamento comum, facilitando a integração das

comunicações e os fluxos de informações e melhorando os trabalhos de inteligência e de

planejamento.

Além disso, o uso do SCO fornecerá um melhor apoio logístico e administrativo ao

pessoal operacional, melhorando a articulação do comando e seu staff com elementos internos

e externos à operação, facilitando relações e trocas e agregando valor à operação, evitando a

duplicação de esforços e ampliando a segurança dos envolvidos.

No Brasil, a Secretaria Nacional de Defesa Civil recomenda a adoção do Sistema de

Comando em Operações (SCO) como modelo padrão para planejar, organizar, dirigir e

controlar operações de resposta a desastres. Entretanto, é necessário empenho para se

implantar na prática seus princípios e características básicas, desta forma, o Manual

Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações sugere algumas práticas

que tem por objetivo auxiliar no emprego do SCO, apresentadas aqui:

• O planejamento prévio e o treinamento continuado;

• Sempre que possível, o SCO deve ser instalado sem demora;

• A cooperação e o trabalho de equipe devem ser uma prioridade;

• A autoridade das organizações envolvidas no SCO deve ser preservada;

• O nível de responsabilidade e os recursos disponibilizados devem servir de critério

para a participação no comando unificado.

O Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em Operações trata

especificamente das estratégias necessárias à implantação de uma ferramenta gerencial que

sirva para padronizar ações de resposta em desastres de qualquer natureza ou tamanho, de

maneira a oferecer um modelo de atuação que permita que seus usuários adotem uma

estrutura organizacional integrada para enfrentar as demandas e complexidades dos desastres.

Ele não visa à descrição de processos logísticos como visto nos demais manuais apresentados

neste estudo, entretanto foi abordado aqui por ser essencial à organização destes e a

implantação de um sistema de comando nas operações de resposta a desastres e ser

recomendado seu uso nestes casos, pela Defesa Civil brasileira, sendo o modelo sugerido

neste estudo, complementar ao apresentado no Manual Gerenciamento de Desastres – Sistema

de Comando em Operações.