mmjornal 7

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Jornal 7 Diretor – Mark Deputter \ quadrimestral \ distribuição gratuita Pertencer Maria Matos Teatro Municipal setembro | dezembro 2011

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Jornal 7 programação setembro a dezembro 2011

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Page 1: mmjornal 7

Jornal 7D

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a

Pertencer

Maria Matos Teatro Municipalsetembro | dezembro 2011

Page 2: mmjornal 7

outubro

Meg Stuart e Hans-Thies Lehmann

Meg Stuart/Damaged Goods • Violet

18h30

21h30

Marta Silva & Félix Lozano • Baile no Jardim17h00

Rui Catalão con Sandra Faleiro • Sinais de pertença

Teatro Praga • Israel

18h30

21h30

Teatro Praga • Israel21h30

Teatro Praga • Israel21h30

Teatro Praga • Israel18h00

P. Penim, C. Campino e M. Zupraner • Meet the Monster

Teatro Praga • Israel

18h30

21h30

Teatro Praga • Israel21h30

Joana Sá • Through this looking glass22h00

Meg Stuart/Damaged Goods • Violet21h30

Hans-Thies Lehmann • Estratégias dramatúrgicas

Meg Stuart/Damaged Goods • Violet

10h30às

17h00

21h30

Six Organs of Admittance22h0010sábado

15quinta

16sexta

17sábado

18domingo

22quinta

23sexta

24sábado

25domingo

26segunda

27terça

30sexta

Cão Solteiro & Vasco Araújo • A Portugueza21h30

Rui Catalão • Dentro das Palavras21h30

Rui Catalão • Dentro das Palavras18h00

Gonçalo Waddington • Rosmersholm21h30

Gonçalo Waddington • Rosmersholm21h30

Sofia Dinger • Nothing’s ever yours to keep21h30

Sofia Dinger • Nothing’s ever yours to keep21h30

Joana Sá • Do outro lado do espelho16h30

Joana Sá • Do outro lado do espelho16h301sábado

2domingo

4terça

8sábado

9domingo

11terça

12quarta

14sexta

15sábado

22sábado

23domingo

Teatro Praga • Hamlet sou eu

Ana Borralho & João Galante • Atlas

16h30

21h30

Teatro Praga • Hamlet sou eu

Ana Borralho & João Galante • Atlas

11h00

18h00

24segunda

Philharmonia Orchestra • O Castelo do Barba Azuluu Fundação Calouste Gulbenkian

Bonnie ‘Prince’ Billy

21h00

22h00

Teatro Praga • Hamlet sou eu10h00

Teatro Praga • Hamlet sou eu10h00

Compagnie Nacera Belaza • Le Cri/Les Sentinelles21h30

Compagnie Nacera Belaza • Le Cri/Les Sentinelles21h30

25terça

26quarta

28sexta

29sábado

teatro e música

teatro

música

dança

performance

conversa

crianças e jovens

teatro e música

Cão Solteiro & Vasco Araújo

setembro

Aniversário

42.º

Page 3: mmjornal 7

novembrodezembro

Compra On

line

www.teatromariamatos.pt

Buy Online

Orquestra e Coro Gulbenkian • Momente uu Fundação Calouste Gulbenkian21h00

Orquestra e Coro Gulbenkian • Momente uu Fundação Calouste Gulbenkian

Márcia Lança • O Desejo Ignorante

19h00

21h30

Márcia Lança • O Desejo Ignorante21h30

Marina Nabais • Oficina Viagem ao interior da dança10h00

Marina Nabais • Oficina Viagem ao interior da dança10h00

Marina Nabais • Oficina Viagem ao interior da dança16h30

Marina Nabais • Oficina Viagem ao interior da dança

KARNART • O Convento

11h00

18h00

Max Richter • infra22h00

André Gonçalves • Displaced acts of (un)related causality #122h002quarta

5sábado

10quinta

11sexta

12sábado

17quinta

18sexta

19sábado

20domingo

21segunda

22terça

KARNART • O Convento21h30

Luís Castro • O Burro Mirandês

KARNART • O Convento

18h30

21h30

24quinta

KARNART • O Convento21h30

Stefan Kaegi e Lola Arias • Ciudades paralelas uu Goethe Institut

KARNART • O Convento

18h30

21h30

Madalena Victorino • Ovelhas Clandestinas

KARNART • O Convento

16h30

21h30

Madalena Victorino • Ovelhas Clandestinas

KARNART • O Convento

11h00

18h00

Madalena Victorino • Ovelhas Clandestinas

KARNART • O Convento

10h00

21h30

25sexta

26sábado

27domingo

28segunda

Madalena Victorino • Ovelhas Clandestinas10h0029terça

Marina Nabais • Oficina Um corpo que dança

Marcelo Evelin & Núcleo do Dirceu • Ocupação e ajuntamento

11h00

18h30

Marina Nabais • Oficina Um corpo que dança10h00

Marina Nabais • Oficina Um corpo que dança

A Hawk and a Hacksaw • Shadows of Forgotten Ancestors

10h00

22h00

Vera Alvelos • Mito Móvel - Histórias de Princípios10h00

Vera Alvelos • Mito Móvel - Histórias de Princípios10h00

Vera Alvelos • Mito Móvel - Histórias de Princípios

mala voadora • Memorabilia

10h00

21h30

mala voadora • Memorabilia21h30

Marina Nabais • Oficina Um corpo que dança

Marcelo Evelin & Núcleo do Dirceu • Matadouro

16h30

21h30

Marcelo Evelin & Núcleo do Dirceu • Matadouro21h302sexta

3sábado

4domingo

5segunda

6terça

12segunda

13terça

14quarta

15quinta

16sexta

17sábado

mala voadora • Memorabilia21h30

Vera Alvelos • Mito Móvel - Histórias de Princípios

mala voadora • Memorabilia

11h00e

16h3021h30

18domingo

Vera Alvelos • Mito Móvel - Histórias de Princípios

mala voadora • Memorabilia

11h00

18h00

Murcof + AntiVJ22h0021quarta

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Pela terceira

vez presente no programa

do Teatro Maria Matos, A

Portugueza comenta um dos

formatos mais resistentes e

mais ideologicamente condicio-

nados da ideia do pertencer: o

nacionalismo. Com muita ironia

e humor, a companhia de teatro

Cão Solteiro e o artista plástico

Vasco Araújo enfrentam o

Hino Nacional.

Durante 20 anos, entre 1986 e 2006, o coreógrafo

brasileiro Marcelo Evelin viveu e desenvolveu a sua

vocação artística na cidade de Amesterdão, assinando

mais de 25 espetáculos de dança e performances ao

longo dos anos. Em 2006, tomou uma decisão

radical e voltou à sua terra natal, a cidade de

Teresina no Nordeste do Brasil, onde criou o

Núcleo de Criação do Dirceu, uma plataforma

centrada na pesquisa e desenvolvimento das

artes cénicas contemporâneas. Num processo

único e fascinante, o grupo tem focado o seu

trabalho na descoberta e incorporação da cultura

popular nordestina no seu trabalho de pesquisa

e criação. Evitando soluções fáceis de fusão ou

citação, criou uma trilogia de espetáculos baseada

na obra monumental O Sertão, do escritor Euclides

da Cunha. A última parte da trilogia, Matadouro, é uma

obra desconcertante sobre o Brasil interior, e prova de que a

avantgarde cultural pode florescer em qualquer parte do mundo.

“Quando estive em território

israelita, numas curtas férias num mês

de dezembro particularmente atribulado na

minha vida”, escreve Pedro Penim, “pude ob-

servar in loco que daquele espaço geográfico, cultural,

histórico e emocional, irrompem questões, milhares de

complexas questões, que definem as óbvias fundações da

cultura judaico-cristã e da influência do legado de Jerusa-

lém no destino da Europa e no pensamento ocidental”.

Este sentimento de pertencer a uma cultura milenar

deu asas a um desejo inusitado e controverso: escre-

ver uma carta de amor a Israel ou, melhor dizen-

do, um espetáculo de amor.

A Hawk and a Hacksaw é uma banda de Albuquerque, Novo México, no sul dos Estados Unidos, que adotou como pátria cultural a região dos

Balcãs, a 9500 quilómetros de distância. A sua música predominantemente instrumental é inspirada pelas tradições musicais da Europa de Leste,

da Turquia e dos Balcãs. Criaram a banda sonora de um documentário sobre o filósofo esloveno Slavoj Žižek, gravaram um disco numa pequena

aldeia romena, passaram dois anos em Budapeste a beber da música folk húngara e criaram uma editora dedicada à divulgação da música da

Europa de Leste.

É ambicioso, o projeto que Ana Borralho & João Galante vão apresentar no 42.º aniversário do Teatro

Maria Matos. Em Atlas, 100 pessoas de variadíssimas profissões vão criar uma comunidade temporária no

palco do teatro, que pretende ser um espelho da organização social e laboral da nossa sociedade.

No ciclo de palestras-performance Pertencer, o lugar do artista, alguns artistas da programação de setembro a

dezembro partilham connosco a génese da sua obra e a relação

com o contexto em que foi criada. Num momento em que a

criação contemporânea opera a uma escala supranacional,

os relatos dos artistas convidados desvendam uma realidade

estilhaçada. Rui Catalão abre o ciclo, analisando os

sentimentos antagónicos em relação aos lugares e pessoas a

que pertence; Pedro Penim e Catarina Campino declaram o

seu amor por um país e por uma cultura que não são seus;

Luís Castro, pelo contrário, fala-nos do seu fascínio pelas

muitas realidades portuguesas; Stefan Kaegi e Lola Arias

procuram conjugar o local e o global, usando uma lógica

de portabilidade; e Marcelo Evelin fala sobre o regresso ao

seu país de origem depois de uma ausência de 20 anos e a

redescoberta de uma cultura que nunca deixou de ser a sua.

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Luís Castro tem vindo a

destacar-se pelo seu interesse e pesquisa

consistente das características e idiossincra-

sias do povo português. As suas tentativas de

escrutinar a alma portuguesa têm passado por

projetos como Moçamor (sobre o Portugal ultramar) e

Portucalidades (sobre o Portugal interior) e por escritores

da portugalidade como Raul Brandão, Bernardo Santareno

e José Luís Peixoto.

Em O Convento, Luís Castro e a sua equipa da KARNART

centram-se num caso real: a apropriação de um

espaço monumental em ruínas por uma família

portuguesa. Uma metáfora poderosa.

um mapa de afinidades

Ciclo TEATRO|MÚSICATeatro Maria Matos e Gulbenkian Música

A partir da temporada 2011-12, o Teatro Maria Matos e a Gulbenkian Música juntam-se numa incursão na área do teatro musical. Ao juntar forças, conseguimos viabilizar uma programação contínua e consistente com capacidade de crescimento e aprofundamento ao longo dos próximos anos.Abrangente e ambicioso, o programa do ciclo Teatro|Música apresenta um leque variado de aproximações entre as duas formas de arte: concertos encenados, teatro musical, ópera contemporânea, musicais vanguardistas e encenações surpreendentes de grandes obras músico-teatrais. Assim, figuram na primeira temporada propostas bastantes distintas. Neste primeiro quadrimestre contamos com uma versão multimédia da ópera O Castelo do Barba Azul de Béla Bartók, pela Philharmonia Orchestra, dirigida por Esa-Pekka Salonen; Momente de Stockhausen; uma peça de teatro em forma de masterclass de canto pela companhia Cão Solteiro e o artista visual Vasco Araújo. Entre março e maio, apresentamos a ópera contemporânea Thanks to my eyes do compositor suíço Oscar Bianchi e do encenador francês Joël Pommerat; uma encenação das peças para piano preparado de John Cage pelo coreógrafo Rui Horta e o musical Life and Times – Episode 2 da companhia nova-iorquina Nature Theater of Oklahoma.

Osociólogo Zygmunt Bauman abre o seu livro Amor Líquido (2003) com o exemplo de Ulrich, o herói do romance O homem sem qualidades de Robert Musil: “Não tendo qualidades próprias, herdadas ou adquiridas e incorporadas, Ulrich teve de produzir por conta própria qualquer qualidade que desejasse possuir, usando a perspicácia e a sagacidade de que era dotado”. Para Bauman, Ulrich é em primeiro lugar um homem sem parentesco. Sem vínculos indissolúveis e definitivos, Ulrich e os seus sucessores da nossa líquida sociedade moderna são obrigados a unir, por iniciativa própria, os laços que pretendem usar com o resto da humanidade. “Isolados, precisam de se ligar.”

Numa sociedade caracterizada pela fragmentação das relações tradicionais de pertencer – o parentesco, a comunidade, a nação, a monocultura – cada pessoa torna-se responsável pela criação e manutenção do seu próprio lugar na intricada teia das relações humanas. O vertiginoso sucesso das redes sociais demonstra como pertencer deixou de ser uma certeza para se tornar uma preocupação contínua. Os vínculos humanos, comunitários e culturais já não são condições imutáveis, mas resultantes das nossas opções e dos nossos esforços. Precisam de ser construídos. A inconstância daí resultante inspira sentimentos de insegurança e preocupações contraditórias, que muitos artistas contemporâneos questionam e trabalham nas suas obras.

A dança é considerada uma atividade

ignóbil pela fé muçulmana. O trabalho

da coreógrafa argelina Nacera Belaza é determinado pela dificuldade em

conciliar o seu amor pela dança e as

restrições da sua fé: “Avancei tateando, à

procura do meu caminho pessoal. Estava

apavorada de não conseguir encontrar

uma ligação entre o meu desejo de dançar

e a minha fé. Sentia a necessidade de

um senso absoluto”. Pouco a pouco, foi

construindo uma linguagem sua, um

universo espiritual que alimenta uma

obra depurada e consistente.

Pertencer

Page 6: mmjornal 7

Em colaboração com a Filho Único

música

Dos grandes escritores de canções e guitarristas dos Estados Unidos da última década, Ben Chasny destaca-se pela singularidade de espírito e acutilância estética dos bravos e dos esclarecidos, sempre obsessivo tanto com a transparência da frase melódica, como com a invenção da forma. Impressiona a sua produtividade editorial e a amplitude estética que consegue cobrir, não só na música que compõe, como na variedade de artistas com quem colabora (Magik Markers, Richard Bishop, David Tibet ou Will Oldham, entre tantos outros de relevo). Nele e nos Six Organs of Admittance (o nome deste seu projeto principal) há uma luminosidade harmónica desbragadamente benigna, desenvolvida num fingerpicking solista, espiralado, possesso e turbulento. Tudo isto, Chasny complementa com um profundíssimo conhecimento do rock e do country (Bruce Springsteen, Townes Van Zandt e outros nómadas em quilometragem e espírito), e um entendimento de alta ordem das possibilidades expressivas do som, particularmente influenciado pelo psicadelismo nipónico, e por referências como Keiji Haino, Asahito Nanjo, Mainliner, High Rise ou Kan Mikami.

Regressa agora a Portugal para apresentar o magnífico e extremamente celebrado Asleep on the Floodplain, disco gravado de forma caseira bem longe dos estúdios, e lançado este ano pela Drag City (casa que irá reeditar internacionalmente o trabalho de Carlos Paredes, induzida pela admiração de Chasny pelo músico português). Nesta atuação no Teatro Maria Matos, vamos poder ver Ben Chasny a solo, em guitarra acústica e voz, porventura a forma mais plena e recompensadora de assistir a um concerto deste músico.

EN Ben Chasny is one of the greatest songwriters and guitar players of the past decade, working with the singularity of spirit and aesthetic sharpness of the brave, always benignly obsessive with both the melody and the form. He returns to Portugal, a country that has always welcomed him like no other, with just his guitar and voice — perhaps the best way to attend a concert by this must-see contemporary American musician.

guitarra, voz Ben Chasny

Sala Principal

sábado 10 setembro 22h00

12€ / Com desconto 6€

of AdmittanceSix Organs

6 Jornal

Page 7: mmjornal 7

coreografia Meg Stuart criação e interpretação Alexander Baczynski Jenkins, Varinia Canto Vila, Adam Linder, Kotomi Nishiwaki, Roger Sala Reyner música ao vivo Brendan Dougherty dramaturgia Myriam Van Imschoot cenografia Janina Audick desenho de luz Jan Maertens figurinos Nina Kroschinske diretor técnico Robrecht Ghesquière técnico de som Milos Vujkovic técnico de luz Frank Laubenheimer diretor de produção Eline Verzelen assistente de ensaios Sigal Zouk assistente de cenografia Julia Kneusels assistente figurinos Nina Witkiewicz assistente de produção Mira Moschallski produção Damaged Goods coprodução PACT Zollverein, Festival d’Avignon, Festival d’Automne à Paris, Les Spectacles Vivants — Centre Pompidou, La Bâtie Festival de Genève e Kaaitheater em colaboração com RADIALSYSTEM V e Uferstudios apoio Hauptstadtkulturfonds

Meg Stuart/Damaged Goods financiada por Flemish authorities e Flemish Community Commission agradecimen-tos Ulrike Bodammer, Eric Andrew Green, Claudia Hill, Leyla Postalcioglu, Anna-Luise Recke, Annegret Riediger e Jozef Wouters

Apresentações em Lisboa e Guimarães, Centro Cultural Vila Flor, 22 outubro

dança

Após um período de colaborações artísticas e cruzamentos com outras formas de arte, Meg Stuart regressa, em Violet, ao movimento como o seu motor principal, usando a coreografia para criar uma alquimia dos sentidos. O violeta, de acordo com a coreógrafa, é tanto uma cor como o lugar onde a ideia de cor tende a desaparecer, a última cor antes do desconhecido, onde a cor se perde no reino invisível das ondas ultravioletas. Cinco bailarinos embarcam numa viagem aos limites do mundo real atravessando o palco como se fosse uma paisagem mental: esculturas cinéticas cujos gestos e movimentos desenham uma imagem intensa de uma frágil condição humana. As suas ações são manifestações de fenómenos, impercetíveis mas sempre ativos, um redemoinho de padrões energéticos hiperpormenorizados. O músico Brendan Dougherty acompanha o fluxo dos movimentos ao vivo, em palco, na eletrónica e na percussão. Com Violet, Meg Stuart apresenta o que ela considera ser o seu primeiro trabalho abstrato.

Violet(Bruxelas)Damaged Goods

Meg Stuart/ © C

hris

Van

der

Bur

ght

Sala Principal

quinta 15 a sábado 17 setembro 21h30

18€ / Com desconto 9€ | Duração 80 min

sábado 17 setembro 18h30

Hans-Thies Lehmann, teórico de teatro e autor do livro Postdramatic Theatre, conversa com Meg Stuart sobre Violet e a sua obra.

Entrada livre | Em inglês sem legendagem

EN Violet is both a colour and the very place where colour fades away, the last colour before the unknown. It is the moment when vision is lost in ultraviolet and puts itself in danger to perceive ultraworlds. Violet is one of

Meg Stuart’s most abstract works, creating a landscape of energetic patterns and kinetic sculptures, partnered live on stage by Brendan Dougherty on electronics and percussion.

apresentação em Lisboa com o apoio do Goethe Institut Portugal, no contexto do programa Coreografia Contemporânea Alemã

no âmbito da rede co-financiada por

7Jornal

Page 8: mmjornal 7

dança | coprodução

famílias

Jardim do Bairro das Estacas

domingo 18 setembro 17h00

Entrada livre

No Baile no Jardim toda a gente dança. Nesta nova temporada, voltamos ao jardim ao lado do Teatro para fazer uma festa. Num improvisado salão de baile a céu aberto, bailarinos e músicos começam por dar as boas-vindas às famílias e amigos com uma pequena performance, antes de desafiar todos os interessados a experimentar coreografias simples. No final, bailarinos, músicos e público misturam-se num grande baile para dançar livremente e saborear os últimos raios de luz do sol do verão.

EN At the end of summer, we take advantage of the garden next to Teatro Maria Matos with a suggestion to families. In an open air ball room, we bring together the public and musicians and invite everybody together.

criação Marta Silva e Félix Lozano uma encomenda Maria Matos Teatro Municipal coprodução Maria Matos Teatro Municipal e  SOU, Associação Cultural

Baile no JardimFélix Lozano

Marta Silva &

8 Jornal

Page 9: mmjornal 7

Teatro Praga

teatro | coprodução

O amor é, sempre, uma página escrita em hebraico.Provérbio Popular Português

Começo com algumas negações: não sou judeu nem tenho qualquer intenção em me converter. Não sou um cristão sionista nem tenho qualquer afiliação religiosa além da minha educação na tradição católica portuguesa. Nasci em Lisboa e, como muitos portugueses, cresci com um desconhecimento global sobre os judeus e o judaísmo. Até sair da universidade não me lembro de ter conhecido ninguém que se identificasse como judeu. Até ao dia de hoje, sempre votei na esquerda. Não tenho qualquer interesse familiar, amoroso, económico, político que me possa beneficiar pelo facto de defender e gostar de Israel. Este projeto é um objeto artístico: não é propaganda, não é pedagógico, não é documental.Este primeiro parágrafo serve para clarificar algumas coisas, porque não é preciso muito para que o debate sobre este país comece a ser pessoal. Sobretudo por

causa da paixão que desperta, e este debate não tem interesse nenhum se não for apaixonado. E por isso decidi escrever uma carta de amor a Israel ou, melhor dizendo, um espetáculo de amor. Uma declaração de amor a um suposto monstro.

EN Pedro Penim has decided to write a love letter to Israel, a love declaration to a supposed monster. And it is from this real place that Penim departs towards a fiction about an ambitious labour of love. Israel is an art object: it is not propaganda, it is not pedagogical, nor is it documental.

um espetáculo Teatro Praga conceção e interpretação Pedro Zegre Penim com a colaboração de Catarina Campino luz Daniel Worm d’Assumpção produção Cristina Correia coprodução Maria Matos Teatro Municipal Teatro Praga é uma estrutura financiada pela Secretaria de Estado da Cultura/DGArtes

Sala Principal com bancada

quinta 22 a terça 27 setembro

segunda a sábado 21h30 domingo 18h00

12€ / Com desconto 6€ | Duração 60 min | Em português e inglês, com legendagem

Israel

© Te

atro

Pra

ga

segunda 26 setembro 18h30

palestra-performance com Pedro Penim, Catarina Campino e Mich’ael Zupraner

Ver página 38

9Jornal

Page 10: mmjornal 7

Joana Sá

“Entre a erudita contemporânea e a orgânica própria do jazz, o novo projeto de Joana Sá brilha intenso.”

Público O mundo onírico e fantasioso da personagem Alice de Lewis Carroll ainda não deixou de contaminar leitores e artistas desde que foi editado na segunda metade do século XIX, em especial após  Alice do Outro Lado do Espelho, onde vemos uma imaginação fervorosa e um reinado do absurdo tomar conta dos seus estranhos personagens. E foi deste território de impossibilidades, onde os opostos se tornam a referência e o tempo perde as suas leis, que Joana Sá retirou inspiração para a sua primeira obra editada. O disco/filme Through this looking glass, lançado em março deste ano na editora alemã Blinker-Marke für Rezentes, espanta-nos pela dimensão da aventura, técnica e multidisciplinarmente irrepreensível, pouco normal para quem entra no mercado discográfico pela primeira vez. Dividida em duas partes —13

mini(cre)atures for robert schumann  e  liberdade é pouco. o que desejo ainda não tem nome —, é uma obra fundamentalmente composta para piano preparado, mas ganha companhia, cor e calor com a introdução parasitária de eletrónica ou objetos, acabando por se materializar com recurso a uma dramaturgia cénica e performativa visualmente hipnotizante, fruto de um extenso e apurado trabalho colaborativo — de onde se destaca o notável vídeo de Daniel Neves. Tal como nas aventuras da Alice, há um percurso que começa e acaba no piano, mas, como se fosse fruto da imaginação de Carroll, o solene instrumento existe muito além dos seus pedais e teclas convencionais, servindo de refúgio e descoberta permanente. À semelhança de Alice, que rejeitou a realidade entrando na sua imaginação através do espelho, para Joana Sá o piano é o seu reflexo, a porta para o seu mundo. Restar-nos-á segui-la, num concerto que será uma aventura de imagens e de muitas histórias.

EN Joana Sá establishes herself with her first work as one of the brightest piano composers and iconoclasts of the Portuguese scene. Her work transcends and revolutionizes the instrument, proposing a sound, scenic

and performative dramaturgy which translates into a shadow/light play among multiple objects, as well as into an equally remarkable video work by Daniel Neves. The day after the concert for the general public,

música©

Dan

iel N

eves

Through this looking glass

Sala Principal com bancada

sexta 30 setembro 22h00

12€ / Com desconto 6€

públicogeral

10 Jornal

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música

Do outro lado do espelho de Joana Sá é uma adaptação para crianças e famílias da sua peça Through this looking glass, inspirada no imaginário onírico e surreal de Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas. Na travessia para “o outro lado do espelho”, as criaturas encontradas são feitas de sons e lógicas musicais diferentes num mundo sonoro bizarro e hipnotizante. Em palco, Joana desliza para dentro, por baixo, por entre e para fora do piano, como quem procura as lógicas e entranhas escondidas esquecidas de uma eventual e possível infância deste instrumento, que adquiriu, pela sua carga histórica, uma “seriedade” quase intocável. Afinal, o piano pode. E pode o pianista também. E porque cada um de nós pode construir o seu próprio “lugar das maravilhas” e a magia da criação pode ser contagiante, aqui fica formalizado o convite aos pais e filhos curiosos a virem conhecer de perto este novo lugar.

músicamúsica

famílias

© D

anie

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Joana Sá invites children and families to join her on stage on a journey into the imagery of her piece Through this looking glass, inspired by Lewis Carroll’s Alice.

Do outro lado do espelho

Palco da Sala Principal

sábado 1 e domingo 2 outubro 16h30

Criança 3€ | Adulto 6€ | Duração 45 min

crianças acompanhadas

de adulto

música, conceito e performance Joana Sá vídeo  Daniel Neves desenho de luz Daniel Neves e Tela Negra cenografia Daniel Neves, Pedro Diniz Reis e Joana Sá mobile Rita Sá operação de iluminação Nuno Salsinha pela Tela Negra operação de som Ângelo Lourenço

11Jornal

Page 12: mmjornal 7

Cão Solteiro &

Sala principal com bancada

terça 4 outubro 21h30

12€ / Descontos ciclo teatro|música 50% e 30% (ver página 47) | Duração 60 min

A Portugueza

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Dilã

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Vasco Araújo

Na véspera do Dia da República, o Teatro Maria Matos e a Gulbenkian Música repõem  o espetáculo A Portugueza (2009), uma das peças de teatro  mais surpreendentes dos últimos anos, resultado da colaboração entre a companhia Cão Solteiro e o artista plástico Vasco Araújo. A Portugueza é uma peça de teatro em forma de uma masterclass de canto onde se organizam os seguintes elementos: uma aula de canto onde se ensaia o Hino Nacional português; um piano, um pianista, uma professora, um cantor; quatro atores e três rodelas; vinte pares de sapatos regionais, para vinte portugueses ocasionais; uma Banda Filarmónica, as cores amarelo e preto. Não é uma caricatura nem uma desconstrução, é uma linguagem que se constrói para um lugar vazio. O palco. “Rien n’aura eu lieu que le lieu.”

EN On the eve of the commemorations of the Republic, Teatro Maria Matos and Gulbenkian Música present one of the most surprising theatre performances of recent years. Result of a collaboration between theatre company Cão Solteiro and visual artist Vasco Araújo, A Portugueza is a theatre piece in the format of a masterclass, in which a singer rehearses the National Anthem.

em cena Vasco Araújo, Maria Luísa Freitas, Nicholas McNair, Duarte Barrilaro Ruas, Cátia Pinheiro, Raimundo Cosme, vinte passantes, uma banda filarmónica A Portugueza Alfredo Keil (música) e Henrique Lopes de Mendonça (letra) produção Cão Solteiro coprodução Maria Matos Teatro Municipal

teatro|música | coprodução

12 Jornal

Page 13: mmjornal 7

Durante o mês de outubro, cinco teatros municipais recebem três espetáculos de criadores emergentes portugueses que marcaram a temporada nacional de 2010-2011. Com a apresentação deste ciclo, a rede de programação Cinco Sentidos, que une o Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), o Teatro Municipal da Guarda, o Teatro Maria Matos (Lisboa), o Teatro Virgínia (Torres Novas) e o Teatro Viriato (Viseu), pretende valorizar o potencial de novos criadores e promover a sua digressão pelo país.

EN In October, five municipal theatres that constitute the programming network Cinco Sentidos will be hosting three shows by emerging Portuguese artists who have marked the season 2010-2011. By introducing this cycle, the network intends to support the potential of young artists and to promote their touring throughout the country. In this first edition, the selected performances are Dentro das Palavras (Inside Words), Rosmersholm and Nothing’s ever yours to keep.

TRI-CICLO

Dentro das Palavras Rui Catalão

1 outubro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães7 outubro, Teatro Virgínia, Torres Novas8 e 9 outubro, Teatro Maria Matos, Lisboa22 outubro, Teatro Viriato, Viseu28 outubro, Teatro Municipal da Guarda

Nesta primeira edição, os espetáculos selecionados são:

RosmersholmGonçalo Waddington

8 outubro, Teatro Municipal da Guarda11 e 12 outubro, Teatro Maria Matos, Lisboa15 outubro, Teatro Viriato, Viseu21 outubro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães29 outubro, Teatro Virgínia, Torres Novas

Nothing’s ever yours to keep Sofia Dinger

6 outubro, Teatro Municipal da Guarda14 e 15 outubro, Teatro Maria Matos, Lisboa27 outubro, Teatro Virgínia, Torres Novas28 outubro, Teatro Viriato, Viseu29 outubro, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães

Preço TRI-CICLO Acesso a todos os espetáculos no Teatro Maria Matos por 25€ | com desconto 12,50€

13Jornal

Page 14: mmjornal 7

TRI-CICLOteatro

Rui Catalão

“São histórias que só são dele porque é ele que as conta, como se as tornasse presentes. Histórias que ele partilha, como se se chamasse Rui Catalão e fosse um intérprete de um

texto que um tal Rui Catalão concebeu e deixou em aberto até vir um Rui Catalão dizê-lo.” Público

No seu primeiro solo, Rui Catalão é um corpo dentro das palavras, à procura de si próprio. A palavra inglesa “character” significa personalidade e personagem. Se imaginarmos um solo intitulado My character, estão criadas as condições para uma peça que pode consistir num retrato psicológico na primeira pessoa (quem sou), mas também denunciar o dispositivo fictício (o que represento). Na língua portuguesa, “personalidade” e “personagem”, tal como “ser” e “representar”, são termos antitéticos. O objetivo deste trabalho é apagar a linha que os separa. Em Dentro das Palavras, Rui Catalão constrói uma teia de narrativas, uma Casa dos Espelhos onde deixa de ser claro o que é personalidade e personagem, biografia e ficção, privado e público. Dentro das Palavras representa um balanço de dez anos a trabalhar entre os mundos da escrita e do movimento e reflete sobre o seu progressivo desligamento da linguagem falada como principal meio de expressão a favor da linguagem corporal.

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EN In his first solo appearance, Rui Catalão searches for himself. In a dense maze of narratives, he talks about his life as a writer and dancer, explaining how movement and body language progressively came to replace the written word as his means of expression. But, more than a story, Dentro das Palavras (Inside words) is a fascinating House of Mirrors distorting the frontiers between narrator and character, biography and fiction.

autor e intérprete Rui Catalão luz Eduardo Pinto operação de luz Carlos Ramos fotografia Patrícia Almeida gestão de projeto Tânia Márcia Guerreiro produção PI — Produções Independentes coprodutores Centro Nacional de Dança de Bucareste (Roménia), Atelier Real, Galeria Zé dos Bois e PerFormas projeto financiado pela Secretaria de Estado da Cultura/DGArtes

quinta 22 setembro 18h30

palestra-performance de Rui Catalão com Sandra Faleiro

Ver página 37

Sala Principal com bancada

sábado 8 outubro 21h30

e domingo 9 outubro 18h00

12€ / Com desconto 6€ | Preço TRI-CICLO 25€ / Com desconto 12,50€Duração 2 h

no âmbito da rede co-financiada por

14 Jornal

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Gonçalo Waddington

A ação decorre em Rosmersholm, velha casa senhorial nos arredores de uma pequena cidade junto a um fiorde, no Oeste da Noruega. Johannes Rosmer renunciou ao cargo de pároco após o suicídio da sua mulher, Beata. Mas os seus crescentes ideais liberais tornam-no objeto de suspeição entre os notáveis da comunidade que também desaprovam a presença, em sua casa, de uma mulher mais nova, Rebekka West, antiga companheira da sua falecida mulher. Enquanto a relação entre Rosmer e Rebekka se aprofunda e o isolamento do novo casal aumenta, mais as pressões morais da comunidade os precipitam, inexoravelmente, para o seu destino.

Gonçalo Waddington estreia-se na encenação com uma das obras-primas do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, Rosmersholm (1886). Para o ator e encenador, Ibsen é um mundo complexo, difuso, repleto de pistas falsas e becos sem saída, de soluções aparentemente simples, que desencadeiam eventos inesperados ou precipitam trágicos finais. A extrema humanidade de personagens como Rosmer ou Rebekka, a sua complexidade e as suas indecifráveis motivações espalham luz e sombra na obra do autor.

EN Rosmersholm is one of the masterpieces by playwright Henrik Ibsen. Written in 1886, it tells the story of Rebekka and Rosmer, who live in a manor-house outside of a small town, wrapped in a deep desire and silent guilt. Two characters with an urge for individuality and freedom that collide with their surrounding environment.

Rosmersholm de Henrik Ibsen

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encenação Gonçalo Waddington cenário Fernando Ribeiro tradução João Paulo Esteves da Silva desenho de luz José Álvaro Correia figurinos Carla Maciel vídeo Mário Melo Costa fotografia José Pedro Sousa/Tanknation produção executiva e assistência de encenação Maria Manuel interpretação Gonçalo Waddington, Carla Maciel, Pedro Lacerda, Peter Michael, Mónica Garnel e Tiago Rodrigues produção CCB e Take it Easy apoio Fundação Calouste Gulbenkian

Sala Principal com bancada

terça 11 e quarta 12 outubro 21h30

12€ / Com desconto 6€ | Preço TRI-CICLO 25€ / Com desconto 12,50€

Duração 2 h

no âmbito da rede co-financiada por

TRI-CICLOteatro

15Jornal

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Assumir-me sob a forma de uma eterna falha parece-me uma boa opção para me apresentar  ao mundo, agora que assino quase sozinha. Pensar no fim, em todos os fins, levou-me  aos pequenos  desvios de todos os dias e aos medos de sempre. Comprei um planetário portátil e, a partir desse momento, pude decidir quando e onde   acender as estrelas. Partilho o tempo silencioso das explosões  e caminho sobre consequências prateadas que magoam os pés. Refletem luzes minúsculas. Talvez seja a tentativa de transformar uma ataque de pânico em algo vagamente doce. Os meus pecados são muitos e densos e parvos e cómicos, mas não chegam a ser pecados. Não acredito nisso, confesso.

Numa tarde, ensinei o meu Pai a despedir-se de mim. Melhor, ensinei o meu Pai a cantar para se despedir de mim. Na verdade, nada me assusta mais do que a ideia de o meu Pai ter que se despedir de mim. Tudo o que não me lembro daquelas horas, tudo o que me escapou, tudo o que eu sei que estava lá mas ninguém mais notou, os buracos negros da memória e o material fixo, as contradições e as simultaneidades, a inversão dos tempos. É um mergulho sobre o crescimento, sobre as partes que não podem prosseguir connosco. Cesariny fala de “uma canção para te ver chegar”. Eu proponho o contrário. E erro e repito num processo de eterno retorno, a cantar e a dar cabo da voz. Porque é assim quando se diz adeus.

II

Sofia DingerNothing’s ever

EN In Nothing’s Ever Yours to Keep, Sofia Dinger develops variations on the same theme. A woman confesses to small and big deviations in her life, beginnings of dishonesty, exposing the perverse comicality of it all. The same woman teaches her father how to sing a farewell lullaby. Evoking lost memories that cannot be retrieved. Deep down, it is always about loss and death.

criação e interpretação Sofia Dinger apoio técnico Alexandre Costa

Sala Principal com bancada

sexta 14 e sábado 15 outubro 21h30

12€ / Com desconto 6€ | Preço TRI-CICLO 25€ / Com desconto 12,50€ | Duração 60 min

no âmbito da rede co-financiada por

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“Já reparaste que as aves mantêm o seu gorjeio, sem intervenção de qualquer Mestre? Teu Pai”

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teatro

No 42.º aniversário do Teatro Maria Matos, voltamos a reunir várias propostas num fim de semana prolongado de celebração. Começamos por apresentar Hamlet sou eu, o espetáculo dos Teatro Praga que nasceu no nosso palco e que, após ter sido apresentado um pouco por todo o país, regressa agora para uma última apresentação. Ainda nessa noite estreamos Atlas, a nova criação de Ana Borralho & João Galante. Em palco estarão 100 pessoas comuns de diferentes profissões em representação de toda a sociedade, criando um atlas da organização social. A terminar a noite do dia 22 chega a vez da equipa do Super Disco, Isilda Sanches, Zé Pedro Moura e Rui Miguel Abreu, apresentar os seus Super Discos numa noite de festa no renovado mmcafé.

42.º Aniversário

crianças e jovens Teatro Praga Hamlet sou eu 16h30performance Ana Borralho & João Galante Atlas 21h30música Sessão DJ set Super Disco com Isilda Sanches, Zé Pedro Moura e Rui Miguel Abreu

crianças e jovens Teatro Praga Hamlet sou eu 11h00performance Ana Borralho & João Galante Atlas 21h30

crianças e jovens Teatro Praga Hamlet sou eu 10h00

sábado 22

domingo 23

terça 25 e quarta 26

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teatro | coprodução

a partir dos 9 anos

“To dance or not to dance… It’s not a question…”

Dois atores ensaiam a construção de um espetáculo infantil. Como contar histórias às crianças? Mais precisamente, como contar clássicos da literatura e dramaturgia às crianças? Em cima da mesa, uma carteira, de onde começam a saltar objetos que rapidamente se transformam em personagens de uma história. Hamlet é uma maçã, Gertrude é um fio dental, Cláudio é um creme hidratante e Ofélia uma cecrisina. Ao fim de uma hora, Hamlet renasce de uma carteira, um pouco como a mala de Mary Poppins, mais pequena por fora do que os sonhos que traz lá dentro. O Teatro Praga propõe um desafio de descoberta e representação de possíveis “cenários” teatrais para a história da peça Hamlet. Dois atores contam a história de Shakespeare a crianças guiando-as (ou distraindo-as) pela narrativa e propondo-lhes uma participação ativa. Tudo acaba com uma viagem dos participantes até ao palco onde estão disponíveis figurinos, acessórios, música e luzes, com a ajuda dos quais, em conjunto, criam o seu próprio espetáculo a partir do clássico de Shakespeare.

EN In Hamlet sou eu, Teatro Praga brings children to the setting of the play to propose them a challenge: to discover and to play out possible theatrical “scenarios” for this story written by Shakespeare. By using the available props, and with the help of two actors, the children will create their own version of Hamlet.

conceção geral Cláudia Jardim, Diogo Bento e Pedro Zegre Penim interpretação Cláudia Jardim e Diogo Bento colaboração Patrícia da Silva apoio dramatúrgico Maria João da Rocha Afonso produção Cristina Correia uma encomenda Maria Matos Teatro Municipal coprodução Maria Matos Teatro Municipal e Teatro Praga Teatro Praga é uma estrutura financiada pela Secretaris de Estado da Cultura/DGArtes

Palco da Sala Principal

sábado 22 a quarta 26 outubro (exceto segunda 24)

semana 10h00 sábado 16h30 domingo 11h00

Criança 3€ | Adulto 6€ | Duração 60 min

Teatro PragaHamlet sou eu

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Sala Principal

sábado 22 e domingo 23 outubro

sábado 21h30 domingo 18h00

Entrada livre (sujeita à lotação da sala). Levantamento prévio obrigatório do bilhete a partir das 15h00 no dia do espetáculo.

Na mitologia grega, Atlas é aquele que foi condenado por Zeus a carregar o céu aos ombros.  

Celebramos o 42.º Aniversário do Teatro Maria Matos com 100 pessoas de diferentes profissões em palco. Nesta performance, Ana Borralho & João Galante pretendem construir um atlas da organização social humana, uma representação dos seres humanos através da sua função na sociedade em que se inserem.Um dos motores desta peça são as ideias do artista plástico Joseph Beuys, A revolução somos nós e Cada homem um artista. Uma revolução silenciosa. Uma obra motivada pela crença de que a arte deve desempenhar um papel ativo na sociedade. Unir a arte e a vida.

EN We are celebrating Teatro Maria Matos’ 42nd anniversary with 100 people on stage, in a performance by Ana Borralho & João Galante. Atlas is a performance/mirror of questions and answers. It is an atlas of social organization, but also a work motivated by the belief that art must play an active role in society.

conceito e direção artística Ana Borralho & João Galante performers 100 pessoas de diferentes profissões luz Ana Borralho & João Galante aconselhamento luz Thomas Walgrave som Coolgate colaboração dramatúrgica Fernando Ribeiro e Rui Catalão colaboradores artísticos e coordenadores de grupos Catarina Gonçalves, Cátia Leitão (Alface), Marie Mignon, e Tiago Gandra produção executiva Ana Borralho/Mónica Samões produção casaBranca coprodução Maria Matos Teatro Municipal casaBranca é uma associação financiada pela Secretaria de Estado da Cultura/DGArtes

Atlas

performance

coprodução

Ana Borralho & João Galante

Inscrições abertas para a participação em Atlas

Procuramos 100 pessoas (M/16) de todas as profissões, com ou sem experiência em palco para integrarem o elenco de Atlas, em regime de voluntariado. Além dos dias de espetáculo, os participantes deverão estar disponíveis para cinco ensaios, em horário pós-laboral.

Inscrições até 22 de [email protected] | 918340542+ info www.casabranca-ac.com

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42.º

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Numa vanguardista revisão de uma das obras maiores de Bartók, O Castelo do Barba Azul, a Philharmonia Orchestra transforma esta ópera num evento multimédia com a ajuda do coletivo londrino de artes digitais Yeast Culture. O cenário que rodeia a orquestra é palco da projeção (em superfícies pouco convencionais) de uma série de filmes criados para a ocasião. O objetivo passa pela representação dos diferentes ambientes das salas do castelo e das emoções dos dois protagonistas. A Philharmonia Orchestra e o maestro Esa-Pekka Salonen dão continuidade à sua residência na Gulbenkian Música, iniciada em 2010.

EN In an avant-garde revision of Bluebeard’s Castle, one of Bartók’s major works, the Philharmonia Orchestra transforms this opera into a multimedia event, in collaboration with the London digital arts collective Yeast Culture. The setting surrounding the orchestra will display a series of films that follow the progress of the narrative and of the two protagonists’ emotions.

teatro|música

A encenação de O Castelo do Barba Azul é uma encomenda conjunta de Philharmonia Orchestra, Fundação Calouste Gulbenkian e Konzerthaus Dortmund

O Castelo do Barba Azulde Béla Bartók Ópera em um ato, com legendagem

Sinfonietta de Leoš Janácek Esa-Pekka Salonen maestro

Nick Hillel encenadorMeasha Bruggergosman soprano Sir John Tomlinson baixoNatália Luiza narradora

uuGrande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian

segunda 24 outubro 21h00

Plateia A 65€ / Plateia B 55€ / Plateia C 40€ / Balcão 25€ Descontos ciclo teatro|música 50% e 30% (ver página 47) | Duração 85 min

20 Jornal

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Sala Principal

segunda 24 outubro 22h00

20€ / Com desconto 10€

“Nunca pensei muito no que deveria ser a personagem de Bonnie. Simplesmente acontece. Não existe nenhum tipo de

restrições; muito pelo contrário, tudo se dá naturalmente.”Will Oldham

A atividade de um músico tem coisas em comum com a de um ator. Desenrola-se num palco, desperta a curiosidade do público e participa na construção de imaginários. Mas num aspeto distancia-se de forma fascinante: ao sobrepor, incessantemente, a ficção à realidade, e vice-versa. Por isso, descobrirmos na história da música popular tantas narrativas em forma de epopeia, tragédia, comédia ou novela. E, também por isso, os músicos encarnam tão bem o conceito de personagem. Desde o início dos anos 90 que Will Oldham é um personagem feito de vários alteregos, construído por músicas e imagens (nas fotografias ou em incursões cinematográficas). Testemunhou o último grande sopro artístico do indie rock, recuperou um género proscrito (o country) e deu-nos a ouvir, como se fosse a primeira vez, essa manifestação de uma voz e de um texto chamada canção. Fê-lo primeiro num tom desconfiado, quase lúgubre, duro, inspirado tanto pela honestidade do punk, como pelos ecos das montanhas Apalaches. Neste período, os seus discos tinham a assinatura de Palace Brothers, Palace Music ou apenas Palace, e inauguravam, para muitos, um novo género: o country alternativo. A partir de 1997, e até hoje, as coisas mudaram. Oldham abriu-se a versões (Richard Kelly, Leonard Cohen), foi alvo de versões (Johnny Cash, Mark Kozelek, Mark Lanegan) e colaborações (Björk, Current 93, Tortoise), envolveu-se em projetos laterais

(com Matt Sweeney) e, sobretudo, tornou as suas canções mais partilháveis, mais próximas de quem as escuta. O humor, a exploração de outros arranjos e tradições da música popular americana (gospel, folk), a presença de vozes femininas e uma certa leveza contribuíram para essa intimidade. Só as relações amorosas, a família, a liberdade, os temas eleitos do personagem, entretanto rebatizada com o nome de Bonnie ‘Prince’ Billy, resistiram ao tempo. Serão por ele cantados nesta noite, na companhia de um grande grupo de músicos e amigos que se estreia em Portugal.

EN It is not his incredibly extensive discography, under several different identities, that amazes us, but rather the extremely high quality maintained throughout his vast songbook that confers him an untouchable status within the great family of American folk musicians. Between his parallel life as an actor and his regular songwriting, Will Oldham always gets some time to come to Europe and visit his fan audiences. He now returns to Portugal with a large new ensemble, presenting another side of his work.

voz, guitarra Will Oldham guitarra, voz Emmett Kelly voz Angel Olsen contrabaixo Danny Kiely percussão Shahzad Ismaily teclados Ben Boye bateria Van Campbell

Apresentações em Lisboa e Guimarães, Centro Cultural Vila Flor, 23 outubro

Em colaboração com a Galeria Zé dos BoisBonnie ‘Prince’ Billy

música

no âmbito da rede co-financiada por

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dança

A obra artística da coreógrafa argelina Nacera Belaza é fortemente determinada por um percurso autodidata, à procura de uma conciliação entre o seu amor pela dança e a sua fé muçulmana. Proibida de dançar durante toda a sua juventude — a dança era considerada um veículo de sedução e frivolidade — Belaza embarcou num processo lento e solitário: “Em bom rigor, foi a proibição que me levou a fazer as perguntas certas sobre o meu desejo profundo de dançar e sobre o que queria apresentar em palco. Danço com a minha fé, mas levei quase vinte anos a encontrar o meu caminho e descobrir as opções performativas adequadas.” O Teatro Maria Matos apresenta duas das criações de Nacera Belaza, dançadas com a sua irmã Dalila Belaza: Le Cri (O Grito) e Les Sentinelles (As Sentinelas). Um convite à descoberta de uma dança minimal e austera, uma poética do vazio.

EN The artistic work of Algerian choreographer Nacera Belaza is strongly influenced by her determination to reconcile her love for dance and the muslim faith. At Teatro Maria Matos, she presents two of her works, performed together with her sister Dalila Belaza: Le Cri and Les Sentinelles.

Sala Principal

sexta 28 e sábado 29 outubro 21h30

12€ / Com desconto 6€ | Duração 2 h com intervalo

Le Cri / Les SentinellesNacera Belaza

Compagnie (Paris)

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Le Cri coreografia Nacera Belaza bailarinas Dalila Belaza e Nacera Belaza desenho de luz Eric Soyer técnico de luz Christophe Renaud som e vídeo Nacera Belaza coprodução Rencontres Chorégraphiques Internationales de Seine-Saint-Denis, Le Forum — scène conventionnée de Blanc-Mesnil, Embaixada de França na Algéria, Centre de développement Chorégraphique/Biennale nationale de danse du Val-de-Marne, Centre Chorégraphique National de Caen, Centre Chorégraphique National de Créteil apoios DRAC Ile-de-France, Région Ile-de-France, Conseil général de la Seine-Saint-Denis, l’Association Beaumarchais e Culturesfrance

Les Sentinelles coreografia Nacera Belaza bailarinas Dalila Belaza e Nacera Belaza desenho de luz Eric Soyer técnico de luz Christophe Renaud conceção vídeo e música Nacera Belaza montagem som Christophe Renaud e Titou montagem vídeo Christophe Renaud coprodução Rencontres Chorégraphiques Internationales de Seine-Saint-Denis, Centre National de la danse, Centre de Développement Chorégraphique/Biennale du Val de Marne, Bonlieu — Scène Nationale d’Annecy, Centre Chorégraphique National de La Rochelle/Poitou-Charentes, Kader Attou/Cie Accrorap, Centre Chorégraphique National de Rillieux-la-Pape/Compagnie Maguy Marin apoios DRAC Ile-de-France, Région Ile-de-France, Conseil général de la Seine-Saint-Denis e Culturesfrance Compagnie Nacera Belaza é financiada pelo Onda e Institut Français

Apresentação em Lisboa apoiada por

“Nacera Belaza consegue magistralmente cativar-nos com a sua exigência implacável e a sua investigação incansável de uma verdadeira linguagem de movimento. Nada é deixado ao acaso, nada é gratuito.

O espetáculo não tem um minuto a mais. Nem uma imagem desnecessária.” Magazine Danser

Le Cri, coreografia revelação do ano 2008.Sindicato francês dos críticos de teatro, música e dança

sexta 28 novembro

conversa após o espetáculo

22 Jornal

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Com um curto mas profícuo percurso artístico, André Gonçalves é um dos mais talentosos artistas intermedia da sua geração. À caminhada musical, iniciada no princípio da década passada com o nome de código Ok.suitcase e obedecendo às leis da eletrónica da década anterior, foi-se desenvolvendo um apuro criativo cada vez mais circunscrito ao campo do som e da luz, e no modo como ambos se influenciam e interagem. Este trabalho e investigação à raiz da sua matéria-prima, levou-o a desenvolver várias peças sonoras a partir de 2005 que, se quisermos, funcionam como instalações ativas. Resonant Objects é uma das suas primeiras peças, concretizada na sua estadia na Experimental Intermedia Foundation em Nova Iorque, que procura criar e controlar as ressonâncias naturais de objetos e espaços através da intervenção do som, em que a luz simboliza a causa e o efeito desses fenómenos. Nesta peça, André Gonçalves colabora com a japonesa Tomoko Sauvage, que cruza ressonâncias com as suas captações hidrofónicas, criando um manto de subliminar indefinição entre o som orgânico e os seus fenómenos físicos.A segunda obra, de 2009, para projetor e sintetizador analógico, uma torrente rarefeita de som modifica a luz e a velocidade da deteorização superampliada de película de 35mm, e mais uma vez a nossa perceção entre causa/efeito volta a ser questionada. Imagens fora de escala, tendencialmente abstratas, vão-se transformando e revelando enquanto o som funciona tanto como catalisador

dessas alterações, como a mais que perfeita banda sonora para as enigmáticas imagens projetadas.Estas duas idiossincráticas obras marcam o início de uma retrospetiva em três partes do trabalho de André Gonçalves que iremos apresentar ao longo da temporada 2011-2012.

EN André Gonçalves is one of the most interesting and awarded intermedia artists currently working in Portugal. The frontier between music and image (or rather, sound and light) is subliminally diluted by the transparency with which he creates concert installations of superior design and hypnotic results. The multiplicity of projects in different fields and his regular shows around the world made us decide to do a retrospective of his work during the present season.

Resonant Objectsglobos de vidro, sistema lumínico, computador André Gonçalvestaças de água, microfones hidrofónicos Tomoko Sauvage

For Super 8 projector and Analog Synthsizerprojetor super 8 alterado, sintetizador analógico André Gonçalves

Displaced acts of André Gonçalves

(un)related causality #1Palco da Sala Principal

quarta 2 novembro 22h00

Preço único 6€

música

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música

“infra tem alguma da melhor música de Max Richter.” Pitchfork

O primeiro passo de Max Richter, após os seus estudos na Academia Real de Música de Edimburgo e em Florença com Luciano Berio, foi a criação do coletivo Piano Circus, em 1989, com outros cinco pianistas. Se Six Pianos, de Steve Reich, foi o ponto de partida, rapidamente o projeto ganhou vida própria tornando-se uma referência e um desafio para a construção de repertório próprio. Talvez se possa vislumbrar aqui, por parte de Richter, uma vontade de rutura imediata com os padrões dominantes ao colocar o seu academismo no limite. Não foi, então, por acaso que as suas etapas seguintes tenham incluído The Future Sound Of London ou Roni Size, ou seja, eletrónica ou drum’n’bass, ou a necessidade de perceber como funcionam as leis dos mundos paralelos. Quando finalmente se aventura a solo, a partir de Memoryhouse, em 2002, conseguimos

compreender como todas essas incursões de Richter se fundem num generoso terreno entre a composição clássica e a experimentação. Ao longo de cinco álbums, mas sobretudo ao longo de vários trabalhos com coreógrafos, encenadores ou realizadores de cinema, Max Richter coloca-se numa espécie de primeira linha do que se acostumou apelidar de “nova música” ou “pós-clássica”, em que formas tradicionais que podem vir, no seu caso, de Satie ou Schubert, se glorificam por uma ideia idiossincrática de arrojo e modernidade que tanto poderia ser personificada pelos minimalistas americanos como pelos novos estetas da eletrónica experimental.  Tilda Swinton,  Robert Wyatt,  Derek Jarman, Vashti Bunyan, Krysztof Piesie-wicz, Darren Almond, Haruki Murakami ou Franz Kafka são autores e criadores cuja obra tem servido de inspiração e matéria-prima para as diversas obras de Richter.Para infra, foram as palavras de TS Eliot (retiradas a The Waste Land), a dança de Wayne McGregor e as imagens de Julian Opie que serviram de ancoramento

para mais uma banda sonora banhada por intensos raios nostálgicos e gloriosa melancolia noturna. Como complemento a infra, espaço ainda para revisitarmos alguns dos momentos-luz do repertório do premiado compositor de A Valsa com Bashir.

EN Prior to Richter’s usual rewriting process for CD and live performance, infra was a commissioned score for a Wayne McGregor choreography, inspired by TS Eliot’s The Waste Land and Julian Opie’s everyday life images. It shows the pianist and composer on the top of his game, mastering his intimate chamber music skills with the so-called post-classical genre he brilliantly helps to redefine with numerous works for theatre, installations, dance plays and cinema.

piano Max Richter violino Louisa Fuller violino Natalia Bonner viola John Metcalfe violoncelo  Philip Sheppard violoncelo Chris Worsey vídeo Julian Opie

Sala Principal

sábado 5 novembro 22h00

12€ / Com desconto 6€

Max Richter infra

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Gulbenkian

Depois de acabar Momente, Stockhausen descreveu-a como “praticamente uma ópera sobre a Mãe Terra rodeada pelos seus filhos”. Estreada a primeira versão em 1962, em Colónia, o compositor considerava-a como a sua obra máxima. Os textos que a percorrem provêm de diversos autores, de William Blake a Bronislaw Malinowski, de Martinho Lutero a Mary Bauermeister. A peça exemplifica o que Stockhausen chamara de “momento” enquanto unidade formal na qual a atenção do ouvinte está no “agora”, na “eternidade que não começa no fim dos tempos, mas é atingível em cada momento”. Uma estreia em Portugal.

EN Stockhausen has described Momente as “an opera of Mother Earth surrounded by her children”. With texts by authors such as William Blake and Martin Luther, the piece exemplifies what Stockhausen calls “moments” a formal entity, in which the listener’s attention is on the “now”, on the “eternity that does not begin at the end of time but is attainable in every moment”.

teatro|música

Orquestra e Coro

Momente de Karlheinz Stockhausen

Peter Eötvös maestroJulia Bauer sopranoJorge Matta diretor coral Pedro Amaral desenho de som

uuGrande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian

quinta 10 novembro 21h00 e sexta 11 novembro 19h00

Plateia A 20€ / Plateia B 17,50€ / Plateia C 15€ / Balcão 10€ | Descontos ciclo teatro|música 50% e 30% (ver página 47)Com legendagem | Duração 1h15

Stockhausen com Gloria Davy, a solista da estreia europeia de Momente

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No palco os bailarinos esperam que algo lhes aconteça, esperam o momento em que aparece o desejo. Do desejo pode surgir a ação e por isso o gesto, o movimento, a palavra. Os bailarinos constroem frente a frente com o espetador um diálogo permanente entre o que conhecem e o que desconhecem. Apresentam-se a cru, numa espécie de dança documentário. Em O Desejo Ignorante, o vídeo assume uma preponderância similar à dos cenários pintados dos grandes Ballets Russos e das óperas renascentistas que imitavam a realidade trazendo paisagens majestosas para cena. Criando desta forma um contexto, um cenário e uma paisagem. Uma das questões fundamentais na pesquisa realizada para O Desejo Ignorante é a de unir o pensamento com a ação, fazendo-os dialogar em simultâneo sem os separar.

EN Márcia Lança and the Catalan dancer Aniol Busquets present themselves on stage, in a sort of dance documentary without artefacts. In front of the audience they create a continuous dialogue between what they know and do not know. The backdrop scenery is a video reminiscent of the great Russian Ballets and the Renaissance Operas where hand-painted backdrops imitated reality by bringing on stage majestic landscapes.

projeto e direção Márcia Lança criação e interpretação Aniol Busquets e Márcia Lança desenho de luz Alexandre Coelho vídeo Tiago Hespanha direção de som para vídeo Frederico Lobo conversas Olga Mesa direção de produção Sérgio Parreira difusão Sofia Campos — Sumo, Associação de Difusão Cultural produção VAGAR coprodução Dupla Cena|Festival Temps d’Images, Maria Matos Teatro Municipal e Teatro Viriatoresidências artísticas Negócio/ZDB, KustenCentrum Buda,Teatro Viriato e Companhia Nacional de Bailado/Teatro Camões apoio à residência GDA – Direitos dos Artistasapoio Fundação Calouste Gulbenkian projeto financiado pela Secretaria de Estado da Cultura/DGArtes

dança | coprodução

O Desejo IgnoranteMárcia Lança

Sala Principal

sexta 11 e sábado 12 novembro 21h30

12€ / Com desconto 6€

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no âmbito da rede

co-financiada por

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O Convento foi desenvolvido a partir de pesquisas focadas no convento franciscano em ruínas de N.ª Sr.ª do Desterro, situado na Serra da Foia, Monchique, onde habita uma família comum constituída por uma mãe idosa, dois filhos, uma nora e dois netos. A investigação de O Convento centrou-se em quatro vertentes: o passado histórico/patrimonial do convento; o ponto de vista antropológico/sociológico da família que habita nas suas ruínas; a envolvente arbórea, da qual fazem parte, entre outras, a mais antiga magnólia da Europa e um imponente conjunto de sobreiros centenários; e questões ambientais e ecológicas relacionadas com este microcosmos. Qual a dinâmica de apropriação de um espaço monumental abandonado por uma família portuguesa com poucos recursos? Que raízes criou? Que engenhos desenvolveu a sua necessidade de sobrevivência? Como cresceu a figueira na nave da igreja, a céu aberto? O objeto performativo/plástico desenvolvido a partir desta pesquisa apresenta em palco estruturas cenográficas construídas a partir de resíduos encontrados nas imediações do convento, desafia o espetador a experienciar cheiros, sabores e texturas e a descobrir imagens projetadas em suportes inesperados.

O Convento serve e aprofunda o conceito de Perfinst que a KARNART vem a desenvolver desde 2001: www.karnart.org/perfinst.html

EN O Convento (The Convent) is a performance about a poor Portuguese family and into their dynamics of appropriation of a derelict monumental place: the ruins of the Franciscan monastery of Serra da Foia in Monchique. Besides the anthropological point of view, this work also reflects upon environmental and ecological issues associated with the surrounding centenary trees.

conceito, direção e instalação Luís Castro colaboração plástica e imagem para divulgação Vel Z produção executiva Rita Conduto interpretação Bibi Perestrelo, Filomena Cautela e André Amálio dramaturgia Claudia Galhós assistência à direção e pesquisa musical André Santos fotografia e vídeo Patrícia Rego e João Pedro Gomes arte do lixo/reciclagem Teresa Campos iluminação Alexandre Costa edição e pós-produção áudio Fernando Ferrinho caracterização Ana Frazão produção KARNART C. P. O. A. A. coprodução Maria Matos Teatro Municipal apoios Ana Castro, Câmara Municipal de Lisboa e Câmara Municipal de Monchique KARNART C. P. O. A. A. é uma estrutura financiada pela Secretaria de Estado da Cultura/DGArtes (2011/2012)

Palco da Sala Principal

domingo 20 a segunda 28 novembro (exceto quarta 23)

segunda a sábado 21h30 domingo 18h00

12€ / Com desconto 6€

terça 22 novembro 18h30

palestra-performance com Luís Castro, KARNART

Ver página 38

KARNARTO Convento

teatro

coprodução

projeto e direção Márcia Lança criação e interpretação Aniol Busquets e Márcia Lança desenho de luz Alexandre Coelho vídeo Tiago Hespanha direção de som para vídeo Frederico Lobo conversas Olga Mesa direção de produção Sérgio Parreira difusão Sofia Campos — Sumo, Associação de Difusão Cultural produção VAGAR coprodução Dupla Cena|Festival Temps d’Images, Maria Matos Teatro Municipal e Teatro Viriatoresidências artísticas Negócio/ZDB, KustenCentrum Buda,Teatro Viriato e Companhia Nacional de Bailado/Teatro Camões apoio à residência GDA – Direitos dos Artistasapoio Fundação Calouste Gulbenkian projeto financiado pela Secretaria de Estado da Cultura/DGArtes

27Jornal

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teatro

4 aos 7 anos

Sala de Ensaios

sábado 26 a terça 29 novembro

semana 10h00 sábado 16h30 domingo 11h00

Criança 3€ | Adulto 6€ | Duração 50 min

Depois da peça Mala das Pedras, Madalena Victorino regressa neste espetáculo ao universo do conto ilustrado Raul, o Pastor de Eva Muggenthaler. Raul é um rapaz e é pastor, que um dia decide deixar o campo e partir para a cidade, levando sem saber as suas 24 ovelhas, clandestinas, na mala. Quando se deixa uma terra leva-se sempre na bagagem o cheiro das memórias, por isso as ovelhas de Raul não o deixam esquecer o campo. Mesmo quando se apaixona na cidade, a lã das saudades que se desfia das ovelhas puxa-o de volta para o campo. Um espetáculo sobre amores e saudades, que viaja na linha dos comboios que partem e que chegam, num emaranhado de pelo de ovelha.

EN After the play Mala das Pedras (Suitcase with Stones), Madalena Victorino returns to the world of the illustrated story Raul the Shepherd by Eva Muggenthaler. Raul is a shepherd boy who decides to go to the city one day, and unknown to him, illegally takes his sheep in his suitcase. A performance for children about love and nostalgia.

encenação Madalena Victorino cocriação e interpretação Tânia Cardoso, Joana Manaças e José Luís Costa produção executiva e técnica Teresa Miguel produção SOU – Movimento e Arte coprodução Festival Todos difusão Andrea Sozzi – Sumo, Difusão Cultural

Ovelhas ClandestinasMadalena Victorino

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“Aos poucos, bem aos poucos, os corpos cobrem-se de suor. Cada corredor vai ganhando individualidade, uma individualidade estranha, mestiça entre corpo e máscara, corpos diferentes e máscaras diferentes, de animal, de mexicano, de tarado, de demónio. É uma imagem potente, humana, uma sensação de estar a ver o Brasil naquele redemoinho de força e desperdício, numa corrida que se revela impiedosa. Vejo o Brasil no impulso brutal de estar em movimento para não morrer, nesta compulsão em fazer, manter, conseguir, ganhar, criar.”

Alex Cassal, ator

Matadouro fecha a trilogia de Marcelo Evelin a partir da obra Os Sertões de Euclides da Cunha, um livro que retrata a Guerra de Canudos, que opôs os fazendeiros e milhares de pobres sertanejos no Nordeste do Brasil no fim do século XIX. Inspirado neste admirável estudo do homem do sertão nordestino, das suas condições de vida e da sua resistência, Matadouro investiga o corpo como metáfora de um campo de batalha em que aparecem as lutas entre o oficial e o marginal, a selvajaria e a civilidade, o território ultraperiférico e o mundo globalizado. Em cena, oito intérpretes incorporam a luta no seu estado limite — resistindo não contra, mas a favor — através de uma ação contínua acompanhada pelo Quinteto em Dó Maior de Schubert. Marcelo Evelin divide o seu trabalho entre Amesterdão e a sua terra natal Teresina, Brasil, onde dirige o Núcleo de Criação do Dirceu, um projeto cujo objeto é o corpo e a periferia, um projeto de resistência político-artística.

EN Matadouro (Slaughterhouse) concludes Marcelo Evelin’s trilogy based on Os Sertões by Euclides da Cunha, a book that describes the War of Canudos. Inspired by this wonderful study of the people from northeast Brazil and their life conditions, Matadouro investigates the physical body as a metaphor for a battlefield. On stage, eight performers embody the fight in its extremes, in a continuous act of resistance.

Marcelo Evelin/Demolition.Inc & Núcleo do Dirceu Alexandre Santos, Andrez Lean Ghizze, Cipó Alvarenga, Datan Izaká, Fábio Crazy da Silva, Fagão, Izabelle Frota, Jaap Lindijer, Jacob Alves, Josh S., Layane Holanda, Marcelo Evelin, Regina Veloso, Rogério Ortiz e Silvia Soter projeto financiado por Bolsa de estímulo à criação artística em dança da Funarte (2008) apoio Lei de Incentivo Estadual do Governo do Piauí/SIEC/FUNDAC residências Hetveem Theater e Centro Coreográfico do Rio de Janeiro

Sala Principal com bancada

sexta 2 e sábado 3 dezembro 21h30

15€ / Com desconto 7,50€ | Duração 65 min | M/16

dança

MatadouroNúcleo do Dirceu

Marcelo Evelin &

domingo 4 dezembro 18h30

palestra-performance com Marcelo Evelin e Núcleo do Dirceu

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música

“Queria fazer um filme sobre as paixões, e tentei transmitir essas paixões numa palavra, numa melodia, em todas as coisas tangíveis. E claro, em cores. Aqui, confiei mesmo muito na pintura...

O amor, o desespero, a solidão, a morte — este era o fresco que eu estava a tentar criar.”Sergei Paradjanov

Com uma década de existência dos A Hawk and a Hacksaw, parece redutor abordarmos ainda os Neutral Milk Hotel para justificar a importância de Jeremy Barnes na música livre das duas últimas décadas. A banda de Jeff Mangum, com quem Barnes privou entre 96 e 99, editando um dos marcos indie dessa década — In the Aeroplane over the Sea —, terá sido a escola ideal para se perceber como as transgressões podem ser atos de extrema beleza criativa e libertária. Depois do fim da banda, e após uma viagem pela Europa, os A Hawk and a Hacksaw nascem em Paris em 2000, ainda como um projeto solitário, retirando o seu nome a  Dom Quixote  de Cervantes. O encontro com Heather Trost, alguns anos depois, não só mudou a sua vida pessoal, como transformou e aprofundou a ligação da sua música às diversas culturas da Europa de Leste — acabariam por viver durante alguns anos em Budapeste. Quando os sentimentos são assim, verdadeiros e espontâneos, a sua transmissão está assegurada: Portishead ou, mais recentemente, Beirut, foram alguns dos projetos que se deixaram contaminar pelo sabor balcânico e exótico das suas composições. Em 2011, o novo desafio de Jeremy e Heather é compor uma banda sonora original para acompanhar

a projeção integral da primeira obra-prima de Sergei Paradjanov. De origem arménia, também o realizador soviético se apaixonou por outras tradições e filmou um inebriante épico sobre a cultura e folclore do povo gutsul da Ucrânia. As Sombras Dos Antepassados Esquecidos, de 1964, conta uma história de amor e tragédia pintadas de cores pungentes e quase irreais, como uma lenda sem tempo, repleta de poesia, religião e feitiçaria, magistralmente filmado como uma dança alegórica e mágica nas montanhas dos Cárpatos. Jeremy Barnes poderá vir do Novo México, nos Estados Unidos, mas este filme é a sua verdadeira casa.

EN Shadows of Forgotten Ancestors, from 1964, is a cinematographic masterpiece by Sergei Paradjanov, an Armenian who decided to use the folk traditions of Ukraine to create a vertiginous cinematic allegory of unique colours and intense spirituality. No-one better than the Jeremy Barnes and Heather Trost duo, who have long been passionate about the Eastern European culture, to play live a new soundtrack to this film.

acordeão, percussão, eletrónica Jeremy Barnes violino, percussão, voz Heather Trost

Shadows of Forgotten Ancestors (título original Tini zabutykh predkiv), 1964 (92 min)realizador Sergei Paradjanov argumento Ivan Chendej, Mikhaylo Kotsyubinsky e Sergei Paradjanov interpretação Ivan Mikolajchuk, Larisa Kadochnikova, Tatyana Bestayeva, Spartak Bagashvili, entre outros

Sala Principal

terça 6 dezembro 22h00

12€ / Com desconto 6€ | Com legendagem

A Hawk and a HacksawShadows of Forgotten Ancestorsconcerto para o filme de Sergei Paradjanov

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histórias / teatro

8 aos 13 anos

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Sala de Ensaios

segunda 12 a quarta 14 e sábado 17 a domingo 18 dezembro

semana 10h00 sábado 11h00 e 16h30 domingo 11h00

Criança 3€ | Adulto 6€

Os mitos fazem parte do nosso imaginário e do nosso património cultural e surgem da nossa necessidade instintiva de explicar fenómenos. Muitas vezes evocados mas por vezes também esquecidos, são histórias de sempre que nos levam até ao princípio das coisas: da noite, do sonho, da primavera, da perda. Nesta proposta, o protagonista é o mito móvel, uma escultura que guarda “histórias de princípios” até que uma narradora as desvenda uma a uma. É no território entre a luz e a sombra, entre o passado e os dias de hoje, que as histórias se relacionam com os símbolos do nosso imaginário coletivo. E desta forma o público inicia uma viagem a este mundo metafórico.

EN Myths are part of our cultural heritage, of our imagery, and are born from our instinctive need to explain phenomena. In this play, the protagonist is the mobile myth, a sculpture that keeps “stories of beginnings”, until a narrator discloses them one by one. And that is the beginning of a journey into the metaphorical world.

Mito Móvel Vera Alvelos

Histórias de Princípios

no âmbito da rede co-financiada por

conceção projeto Vera Alvelos interpretação Tânia Cardoso e Vera Alvelos artes plásticas, móvel João Mouro figurino Margarete Zuzarte

Apresentações em Lisboa e Torres Novas, Teatro Virginia, 16 a 19 novembro 2011

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1. Memorabilia é um termo latino que designa “coisas que servem para ser lembradas” ou “o que se mantém na memória”. Tudo o que teve um significado importante para um indivíduo pode ser recuperado numa memorabilia; Xenofonte escreveu sobre Sócrates uma Memorabilia. O termo pode referir-se também a objetos valorizados e conservados pela sua relação com factos históricos, uma determinada cultura, ou a indústria do entretenimento (cartazes, fotografias de publicidade, gadgets).

2. No final de cada ano, é habitual fazerem-se retrospetivas. Elegem-se acontecimentos marcantes, antecipando o papel da história: as catástrofes mais devastadoras, os factos políticos mais determinantes, avanços científicos, recordes, individualidades que morreram e, também, os eventos culturais mais notáveis ou mais bem sucedidos.

3. Memorabilia, o espetáculo, começa por ser a representação de uma comédia burguesa do século XVIII e evolui no sentido de se tornar numa retrospetiva dos acontecimentos mais marcantes do ano de 2011.

EN Anticipating the role of History, the end of each year involves retrospectives and the election of remarkable events. mala voadora presents, at the end of 2011, their Memorabilia: a show which begins as the representation of a 18th century bourgeois comedy, and evolves into a retrospective of the most remarkable events of the year.

direção Jorge Andrade texto Miguel Rocha com Jorge Andrade e Anabela Almeida cenografia e figurinos José Capela produção Manuel Poças coprodução mala voadora e Maria Matos Teatro Municipal apoio Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida mala voadora é uma estrutura financiada pela Secretaria de Estado da Cultura/DGArtes e associada da Galeria Zé dos Bois

Memorabiliamala voadora

Sala Principal

quarta 14 a domingo 18 dezembro

segunda a sábado 21h30 domingo 18h00

12€ / Com desconto 6€

teatro

coprodução

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eletrónica Fernando Coronavídeo Simon Geilfus

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“Pensem em Sunn O))) a interpretar Ligeti numa galáxia bem distante. Sublime.”  Uncut

Corria o ano de 2002, quando o álbum Martes foi editado, fazendo-nos descobrir mais um músico eletrónico que brotava, com curiosa regularidade, de Tijuana, no México. A solidez na união das suas influências musicais e uma certa universalidade desta sua estreia, obrigava-nos a apostar numa longa carreira de sucesso, refugiando-se bem longe do paradigma de um certo fenómeno geográfico perene. Os discos seguintes de Fernando Corona confirmaram as expetativas que gerou e colocaram a sua eletrónica num patamar de soberba definição sonora, procurando, cada vez mais, não só a raiz do som mas também o seu limite físico. Este postulado, dentro de um género balizado pela música concreta abstrata, foi fornecendo a Murcof potencialidades que se foram expandido para terrenos quase imateriais — e, sobretudo, pouco terrestres. É impossível não sentir os pés a descolarem do chão com a sua música, tal a força que nos puxa para algo tão contemplativamente celestial e cósmico.

Neste caminho para as estrelas, surge a materialização visual da sua música com a participação do coletivo pan-europeu AntiVJ. Este projeto baseado em Bruxelas, com vasta experiência na construção de grandes esculturas de luz, elaborou uma complexa, futurista e interativa instalação visual que simula imagens e abstrações tridimensionais que desafiam constantemente a nossa perceção. A viagem pelo universo Murcof e pelo nosso próprio universo torna-se, durante a duração do espetáculo, real e palpável, fazendo desta colaboração um dos pontos-chave, a par das monumentais revoluções estroboscópicas de Ryoji Ikeda ou da esmagadora tridimensionalidade de  ISAM de Amon Tobin, da eletrónica como fonte completa para saciarmos todos os nossos sentidos.

EN Murcof, active for a decade, has been a synonym of striking electronics, between cosmic ambient music and physically reverberating sound design. Recently, on live gigs, this project has gained an extra dimension with the collaboration of AntiVJ, a magnificent collective of video artists that brought to Murcof’s music the tridimensionality he always sought, raising Fernando Corona’s project literally to the stars.

Murcof + AntiVJSala Principal

quarta 21 dezembro 22h00

12€ / Com desconto 6€

música

eletrónica Fernando Coronavídeo Simon Geilfus

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mm

Oficinas

Conversas

Dossier

6 aos 10 anos

dança Marina Nabais Viagem ao interior da dança pág. 35

3 aos 5 anos

dança Marina Nabais Um corpo que dança pág. 35

a partir dos 18 anos

Masterclass Hans-Thies Lehmann Estratégias dramatúrgicas pág. 36

Ciclo palestras-performance Pertencer — O lugar do artista págs. 37 a 39

Pertencer à história Rui Catalão págs. 40 a 45

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oficina de dança

produção 3 aos 5 anos

oficina de dança

produção 6 aos 10 anos

Viagem ao interior

Viagem ao interior da dança é uma das novas oficinas regulares de dança que introduzem neste universo crianças dos 6 aos 9 anos.

Começamos com uma breve abordagem à História da Dança Ocidental, vamos percorrer a dança até ao seu interior, encontrar caminhos, saboreá-los e compreendê-los através do corpo, de imagens e pequenos excertos coreográficos de alguns exemplos marcantes de vários períodos, bailarinos e coreógrafos que contribuíram para o desenvolvimento desta arte. Descobrir que o nosso corpo também comunica e inventa novas palavras e frases feitas de movimentos. Uma viagem experimental, cheia de movimento, ritmos e poesia  que só a Dança pode contar.

EN Viagem ao Interior da Dança is a new series of Introduction to Dance workshops for children. There will be a brief introduction to the History of Western Dance through images and small choreographic excerpts from some remarkable examples of this art form, which will lead to the exploration of movement and the discovery that the human body also communicates.

Sala de Ensaios

quinta 17 a domingo 20 novembro

semana 10h00 sábado 16h30 domingo 11h00

Duração 2h | Preço 3€

Na oficina regular Um corpo que dança, as crianças dos 3 aos 5 anos podem fazer as suas primeiras experiências com o movimento e com a dança.

Criar memória. De onde vem a Dança? Será que a sinto dentro de mim? O que me faz dançar? De que fala a Dança? Como pequenos investigadores do movimento e da dança, vamos procurar respostas a estas perguntas, experimentar com o próprio corpo, agir e interagir livremente no espaço para a descoberta de outros formatos de comunicação. Explorar a importância do corpo como forma de expressar emoções através do movimento, do tempo e do ritmo.

EN Um corpo que dança is a new series of Introduction to Dance workshops for children and young people. This workshop aims to explore the importance of the body as a way to express emotions by means of a free interaction between movement, time and rhythm within space.

Sala de Ensaios

sábado 3 a terça 6 dezembro

semana 10h00 sábado 16h30 domingo 11h00

Duração 1h | Preço 1,50€

Marina Nabais

Marina Nabais nasceu em Luanda. Estudou na Escola Superior de Dança e na School for New Dance Development em Amesterdão. Em 2003, cria a associação cultural A menina dos meus olhos, onde faz da dança o motor e o elo de ligação entre os seus trabalhos como intérprete, coreógrafa, formadora e diretora artística.

Um corpo da dança que dança

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mm masterclass

Estratégias dramatúrgicas Hans-Thies Lehmann

Sala de Ensaios

quinta 15 setembro 10h30 às 17h00

Em inglês sem legendagem | Entrada livre, máximo 20 participantes

Hans-Thies Lehmann é Professor Emérito de Estudos Teatrais da Universidade de Frankfurt. Membro da Academia Alemã de Artes Cénicas, é reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes teóricos da estética teatral e do teatro contemporâneo, com inúmeros trabalhos publicados. O seu livro Postdramatisches Theater é de leitura obrigatória para quem estuda teatro.

Recentemente, o espetador tornou-se a questão central das reflexões sobre o teatro e as suas potencialidades. Não se trata de “satisfazer expetativas”, tratando o espetador meramente como um “expetador”. Mas de pensar artisticamente sobre a capacidade do teatro e da performance de desenvolver alternativas aos hábitos padronizados de visionamento, tão incentivados pelos media. Existem várias possibilidades de criar hábitos alternativos que não sejam irresponsáveis; por exemplo, estimulando os espetadores de tal forma que estes se tornem “espet-atores”, participantes ativos do espetáculo. Ou desenvolvendo estratégias

que transformem a posição do espetador de tal forma que o teatro cumpra a sua missão como “arte viva” sem contudo alterar o seu formato tradicional.     Através da análise dos trabalhos dos participantes abordaremos questões como o papel da dramaturgia na crítica, na transformação e na mudança dos hábitos e expetativas do público. Quais são as condições do “performance text” em termos de espaço visual e auditivo, tempo e ritmo? Como se estabelece a relação íntima entre o performer e o espetador? Qual é o lugar da “estética relacional” neste contexto?

EN In recent times, the question of the spectator has become the central focus of reflections about theatre and its possibilities. It is not about “satisfying expectations”, treating the spectator mainly as an expectator. But to think artistically about the capacity of performance and theatre to develop alternative options from the standardized habits of viewing that are encouraged by the media culture. Apart from a theoretical framing, the masterclass will address the various projects presented by the participants.

Leitura recomendadaPostdramatic Theatre (Routledge, 2006) de Hans-Thies LehmannNot even a game anymore: The Theatre of Forced Entertainment (Alexander Verlag Berlin, 2004) de Judith Helmer e Florian MalzacherOn Dramaturgy, revista de performance research.

coorganização

Dirigido a estudantes e criadores

Inscrição obrigatória até 13 setembro,

sujeita a seleção: [email protected]

Cada participante terá de enviar com a inscrição

um projeto de criação em inglês (2 págs.)

que servirá de objeto de trabalho para esta

masterclass

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Num tempo caracterizado pelas migrações globais e pelo trabalho deslocalizado, a criação artística está a sofrer alterações profundas nas suas condições de produção e distribuição. Cada vez mais artistas criam a sua obra longe do seu país de origem, através de programas de residências artísticas, por convite de coprodutores estrangeiros ou simplesmente porque decidiram emigrar. Outros tecem teias de parentesco artístico com criadores que vivem e trabalham a grandes distâncias ou assumem com toda a naturalidade que as suas obras serão usufruídas por públicos de países e culturas diferentes dos seus. A criação contemporânea opera numa escala supranacional e a velha afirmação de que os artistas pertencem à pátria e representam a sua cultura perdeu validade. No entanto, há qualquer coisa de inalienável na criação artística, algo que não se deixa deslocalizar ou internacionalizar. Nestas cinco palestras-performance, os artistas convidados demonstram de variadas formas e através dos seus próprios percursos como, também nas artes, tornou-se inevitável repensar o conteúdo da palavra “pertencer”.

EN More and more artists create their work away from their home country, and others collaborate with other artists who live at a long distance. These days, contemporary creation operates on a supranational scale, and the old assertion that artists belong to their homeland and represent its culture has lost validity. We have invited eight artists who are going to demonstrate how rethinking the meaning of “to belong” became inevitable through their career paths.

ciclo palestra-performance

Passei a minha infância a tentar aprender que lugares e pessoas eram aquelas a que pertencia. Com a adolescência passei a recusá-las, substituindo-as por “influências” em que julgava entrever a minha imaginação. Os primeiros anos da idade adulta pautaram-se por modalidades de dissidência. Descobertas aparentes. Seguiram-se os anos de fuga ou apenas de ausência. Expedições fantasistas. Teletransportes de negação em negação. Chego aos 40 anos e foram esses mesmos lugares e pessoa que deixei para trás que me lançaram até aqui. As coisas a que pertenço estão agora do outro lado – não pertencem a este tempo.

quinta 22 setembro 18h30

Sinais de pertença Rui Catalão com Sandra Faleiro

5 Palestras-performance

22 setembro a 4 dezembro 18h30

Entrada livre

O lugar do artistaPertencer.

“Conrad, Nabokov, Naipul – são escritores conhecidos pela forma como conseguiram promover cruzamentos entre linguagens, culturas, países, continentes e até civilizações. Os seus imaginários sempre foram alimentados pelo exílio, enriquecidos não por uma ideia de raízes, mas sim de um desenraizamento; a minha, no entanto, requer que eu permaneça na mesma cidade, na mesma rua, na mesma casa, a contemplar a mesma vista da janela. O destino de Istambul é o meu destino: estou ligado a esta cidade porque foi ela que fez de mim o que sou.”

Orhan Pamuk, Istanbul: Memories of a City, 2005

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Mich’ael Zupraner é israelita, judeu. Até ao dia em que se encontrou pela primeira vez com Pedro Penim e Catarina Campino, vivia e trabalhava (no projeto artístico www.heb2.tv) numa casa no colonato israelita de Tel Rumeida, Hebron (H2), Cisjordânia. Desde então nunca mais lá regressou. Tricky, right?Os autores do espetáculo exibem assim o troféu mais emblemático do seu safari israelita e anteveem já as expressões de maravilhamento e espanto, os impropérios grosseiros, o apreço das fileiras de apoiantes apaixonados e os atentados dos detratores enfurecidos.

segunda 26 setembro 18h30

Em inglês sem legendagem

Meet the MonsterNo âmbito do espetáculo Israel do Teatro Praga

Can you read between the lines?Or are you stuck in black and white?Hope I’m on the list of people that you hateIt’s time you met the monster that you have helped createBoo! Five Finger Death Punch, Meet the Monster

Mich’ael Zupraner Pedro Penim, Catarina Campino e

mm palestra-performance

Anos volvidos sobre a estadia em Londres, quantas vezes questionei as palavras de Christina Smith sobre a minha decisão de regressar a Portugal: Don’t go, that’s a mistake. There is no one doing your work here, stay, stay! From London you can go anywhere… Um qualquer espírito de missão fez-me voltar, a teimosia de um lanudo burro mirandês continuar: pelo prazer vital que me dá o artesanato português, pela paisagem física do país, pelo sol, pelo vento, pelo mar (desperdiçadas fontes de energia limpa!), pelos personagens de Húmus, pela memória familiar, pela infância em Moçambique, pelos amigos… terça 22 novembro 18h30

O Burro MirandêsKARNART

Luís Castro,

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palestra-performance

Como se pode exportar ideias sem que elas percam o seu caráter impactante?Quartos de hotel, centros comerciais, fábricas… são sítios funcionais que, geralmente, não suscitam grande interesse. Em Ciudades Paralelas, Lola Arias e Stefan Kaegi convidam artistas como Ant Hampton, Tim Etchells, Christian Garcia, Mariano Pensotti, Gerardo Nauman, Ligna e Dominic Huber para conceberem intervenções em espaços comuns a todas as cidades do mundo. Alguns deles escolheram trabalhar com recetores de rádio ou com auscultadores, outros com um coro ou com as pessoas que estão no seu local de trabalho. Algumas peças são

para uma pessoa, outras para 100. Alguns performers são cantores, outros escritores, transeuntes ou até mesmo o próprio público.Desde 2001, os oito projetos têm sido apresentados com diferentes intérpretes em Berlim, Buenos Aires, Varsóvia e Zurique. Agora Lola Arias e Stefan Kaegi chegam a Lisboa para apresentar os vários projetos em quatro ecrãs em simultâneo numa instalação sincronizada que permite à audiência interagir com as encenações locais destas ideias “transportáveis”.

uuGoethe Institut

sexta 25 novembro 18h30Ciudades paralelas

Um dia disseram-me que eu só conseguiria falar do mundo se falasse da minha própria terra. O meu “pertencimento” ao Piauí e ao Sertão, onde nasci, deu-se desde

o princípio pela ausência. Desde muito cedo fui viver sozinho em grandes cidades, mudando constantemente de lugar ao sabor das circunstâncias e dos encontros. Foi por não pertencer que me fui distanciando cada vez mais de um lugar territorial para me aproximar de um lugar no limiar do imaginário, um lugar entre o fugidio e o inalcançável, de um “pertencimento” frágil atravessado pela noção instável do que é pertencer.O trabalho de sete anos, com o Núcleo do Dirceu – coletivo de artistas –, na trilogia baseada no romance Os Sertões de Euclides da Cunha trouxe-me de certa maneira de volta ao Sertão. O meu “pertencimento” é a arte feita sem fronteiras fixas e sem limites geográficos ou corporais que me separem do outro.

domingo 4 dezembro 18h30

Ocupação e Marcelo Evelin & Núcleo do Dirceu

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Pertencer à históriaRui Catalão

Dossier

pertencer v. (do lat. pertinescere, frequentativo de pertinere). 1. Ser parte integrante de um todo, de um conjunto (…) 2. Fazer parte de um grupo, de um coletivo, de uma região…; ser membro de. (…) 3. Ser relativo a alguma coisa, dizer-lhe respeito. (…) 4. Ser propriedade de alguém, ser seu por direito (…) 5. Caber a alguém determinada função, atribuição, competência (…) 6. Ser devido ou merecido, por direito (…) 7. Ser próprio, característico de alguém ou de alguma coisa. (…) pertencer à história, ter perdido a atualidade, o interesse, a necessidade de ser resolvido ou lembrado. (…)

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O Dicionário da Academia das Ciências tem sete definições para o verbo pertencer e a mais jocosa é a oitava, sobre a expressão “pertencer à história”. De acordo com a sabedoria popular, o que pertence à história está desatualizado, não tem interesse, nem necessidade de ser resolvido ou lembrado. Ou seja: negar à história a razão de existir.

1.Nasci no Cacém em 1971, um dia e um ano depois da morte de Salazar. Existe uma diferença entre viver em Portugal e nascer português, e outra entre tornar-se português e não conseguir ser outra coisa. Alguns dos meus amigos e familiares não nasceram em Portugal e em rigor não quiseram vir para Portugal, mas é aqui que se encontram. Tenho outros amigos e familiares que apesar de não viverem em Portugal nunca deixaram de ser portugueses. E há aqueles que sendo outra coisa, decidiram tornar-se cidadãos portugueses, ou pelo menos viver em Portugal. Vivemos rodeados de exilados em Portugal (nem todos são imigrantes) e à distância de exilados portugueses no estrangeiro. Há ainda os portugueses nascidos e enterrados vivos em Portugal, e que se sentem sitiados e ofendidos pela presença dos outros a quem não reconhecem portugalismo. Pertencer pode ser um drama romântico, uma comédia burlesca, uma farsa, uma tragédia.

A cultura portuguesa não distingue com clareza a diferença entre como e porquê, entre pertencer por vontade própria e pertencer por vontade alheia. Não escolhi ser português e não posso explicar o porquê de ser português, mas tenho muitas opções de como ser português e viver ou não em Portugal. Em 2006, depois de uma estadia de trabalho em Bucareste, uma jovem jornalista romena fez-me uma entrevista que terminou com um questionário de perguntas de bolso. “És um cidadão do mundo?” perguntou-me. “Não. Sou um cidadão do meu mundo.” Eu não queria dizer que o meu mundo fica a Oeste de Badajoz. Queria simplesmente renegar a vocação global-internacional-universalista que tanto excita a vida contemporânea. O mundo a que sinto pertencer tão pouco reside na ideia de nação, região, cidade-natal ou família. Pertenço às histórias em que me envolvi. Certamente existe uma herança do passado e influências vindas de fora, mas só posso pertencer aos lugares e às pessoas que conheci.

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2.Em 1977, eu pertencia aos meus pais, e um pouco mais ainda à minha mãe. Nesse ano, eu e o meu irmão fomos levados para uma pequena vila no Alto Alentejo, Barbacena, onde o meu irmão ia frequentar a escola primária, depois de anos de insucesso no ensino especial (foi o preço a pagar para iniciar os estudos: o número de crianças no Cacém cresceu exponencialmente com as famílias vindas das ex-colónias, impedindo a minha geração de entrar para a escola antes dos sete anos). Lembro-me da excitação de juntar-me às outras crianças. Fiz a pé o caminho até à escola que ficava na extremidade oposta da população, e fiquei irritado com a delegação familiar, que não me deixava ir sozinho à semelhança das outras crianças. A professora, pouco mais alta do que os alunos, sentou-me numa fila de carteiras em forma de u e usou um ponteiro para me acertar na cabeça à primeira distração (falar, falar). Partilhei a minha carteira com um rapaz que se chamava Fernando; o meu irmão ficou sentado no lado oposto da sala, junto das crianças mais velhas. De regresso a casa dos meus tios para o almoço, lembro-me do meu pai a comer melancia em tronco nu, da calma que se sucedeu depois da refeição, da minha mãe a convencer-me a dormir a sesta, de insistir com ela para me acordar quando fosse a hora de voltar ao Cacém, e da impressão de ter sido enganado quando escutei o motor do carro a acelerar. Saltei da cama, mas a casa da minha tia obrigava-me a atravessar três quartos, uma cozinha e o corredor de acesso à porta que dava para a rua. Quando cheguei ao passeio, já o carro tinha entrado na estrada de alcatrão, separada da rua pavimentada com paralelepípedos por uma baía de pedra e uma parcela de terreno com uma fileira de choupos. Saltei a baía, subi o terreno inclinado e corri atrás do carro. Por um instante julguei ter força para manter a velocidade até o carro parar, mas o meu pai engatou uma mudança mais alta e voltei para trás com um sentimento de desgosto que só agora consigo traduzir: tinha deixado de pertencer à minha mãe e ao meu pai; tinha acabado de descobrir que a opção escola implicava entrar num mundo alternativo que me era estranho e que era incompatível com a vida protegida na casa dos meus pais.

No ano que se seguiu vivi numa casa sem eletricidade nem água canalizada. Em lugar da casa de banho havia uma banheira de latão e uma pia ao canto da sala; carregávamos a água da fonte em bilhas de barro; tínhamos um borrego como animal de estimação; os serões eram passados em jogos à volta de um candeeiro a petróleo; escutavam-se histórias na penumbra; havia uma telha de vidro que deixava passar a luz em noites de luar e entrever o labor de uma aranha notívaga.Foi nessa pequena vila (que se distinguia por ter um castelo em forma de estrela, e terraços com oliveiras e hortas em cada uma das suas cinco pontas) que descobri o pavor de deixar de pertencer à vida. A minha tia Alice, que educara a minha mãe depois de ela ficar órfã, e que estava agora de regresso à sua terra-natal para cuidar de nós durante as aulas, levou-me uma noite a um velório. Na parede oposta à porta de entrada havia uma fileira de cadeiras e ao centro uma mulher desmaiada, rodeada por mulheres a ampará-la e a tentarem reanimá-la. No quarto contíguo, deposto sobre a cama com uma colcha branca de lã, estava o corpo de uma bebé com um vestido branco folhado. Havia várias mulheres sentadas em cadeiras encostadas às paredes, plateia de uma só fila com vista privilegiada para aquele espetáculo lúgubre. Uma velhota levantou-se para cobrir de beijos o rosto e as meias rendadas do cadáver, e começou a riscar o silêncio com a palavra anjo. Um grito vindo da sala ao lado deixou-me em transe. A mãe da bebé despertara. Recuperou a consciência e retomou o entendimento: o ser adorado que julgara seu já não lhe pertencia; voltou a desmaiar. A velha reaproximou-se do cadáver, beijou-lhe o rosto, as mãos e as meias de renda, e voltou a riscar o silêncio com a palavra anjo. A mãe despertou outra vez, deu o mesmo grito de pavor e voltou a desmaiar. Aquele corpo representava o fim da vida ou a vinda da morte? Aquele choque de emoções resultava do corte entre uma mãe e a sua filha, ou celebrava, de forma estarrecedora, a pertença da vida (da mãe) à morte (da filha)?

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A infância tem tanto de temerária quanto de assustadiça. Não temos perceção do tempo. O passado quase não existe e ao futuro nem o concebemos. Perante o medo ficamos pregados ao presente como um coelho que atravessa uma estrada às escuras e é encadeado pelos faróis. Só isso explica que uma vez introduzido naquela sala, tenha ficado imóvel a assistir. Sem memórias traumáticas nunca teria abandonado a idade mental da infância, nunca teria entrado na (minha) história. Se não tivesse partido os incisivos superiores a saltar para uma cama nunca teria ganho fama de desdentado; se não tivesse sido atingido por um baloiço governado a toda a mecha por uma rapariga de cabelos compridos e russos a ondularem em fundo azul, os dentes definitivos que me cresceram não teriam nascido tão comicamente inclinados; se não tivesse entalado o prepúcio no fecho ecler não me recordaria da minha tia a desentalá-lo e não seria agora tão cuidadoso a evitar outra distração; se não tivesse batido com a cabeça na maçaneta não me lembraria da minha avó a castigar enfaticamente a porta da sala, que logo me pareceu uma tonteria; se não tivesse levado três coças valentíssimas aos sete anos é provável que demorasse mais algum tempo a perceber que os problemas não se resolvem ao pontapé. A aprendizagem é dolorosa, mas a memória oferece recompensas: o sorriso de boas-vindas do mecânico Aníbal ao ver-me acordar da operação; a Teresa a consolar-me ignorando que eu chorava por ter sido esmurrado pelo irmão dela; a minha prima Mila a correr comigo ao colo em busca de ajuda para a minha boca rebentada, e eu a sentir nos braços dela (maria-rapaz de oito anos, olhos negros, boca decidida entalada nas bochechas) a coragem de quem sobreviveu a uma fuga debaixo de fogo, antes de voar para fora de Angola.

3.Há duas formas de ficar preso: ou cometemos um crime e somos apanhados, ou alguém comete o crime de construir a prisão em redor da liberdade. A minha adolescência aconteceu durante o processo de construção dessa cadeia, em que uma simpática vila operária incrustada entre colinas, polvilhada de quintas e bosques, casas com quintais e prédios de três andares com canteiros, e atravessada pela ribeira das Jardas aqui e ali entufada de canaviais, foi desfigurada a eito pelo bloqueio imobiliário até não haver paisagem nem linhas de fuga, até as pessoas deixarem de se reconhecer, passarem a temer-se e finalmente evitarem sair à rua. Do meu quarto eu tinha uma vista para uma quinta e para as colinas em volta, depois fiquei reduzido a uma colina e finalmente a um parque de estacionamento. Último bastião no horizonte: o pombal no terraço da agência funerária Melo. Passei a minha adolescência a deambular nos corredores dessa prisão e a amaldiçoar os prisioneiros que pagavam renda e empréstimos bancários para viver no degredo. Quando ouço os meus ex-colegas de secundário a celebrarem esses anos de juventude, e leio no facebook os seus comentários nostálgicos, não posso deixar de fazer um sorriso de Gioconda: lembro-me claramente de ficar envergonhado comigo mesmo sempre que me apanhava a rir em público. A delinquência política e civil era uma evidência de betão: como construir rapidamente um estado de miséria urbana? Só a possibilidade de ser feliz ali era uma ofensa. As pessoas cheiravam mal, tinham o mau-hálito de quem abusa da carne, fumavam, bebiam, drogavam-se, suavam em roupas acrílicas e sapatos de borracha. Sou injusto para com as outras, certamente mais de metade, que se esforçaram por não perder a dignidade e o decoro. Talvez os adultos tivessem consciência de um tempo menos digno ainda, mas o nosso termo de comparação não era o passado. O real tornou-se inimigo. Foram anos de dissidência e negação, em que as lojas de música importada, as estações de rádio-pirata, o cinema na RTP2, a poesia na livraria Assírio & Alvim da estação do Rossio (o que fosse estrangeiro, estrangeirado, ou simplesmente estranho) serviam de antídoto, de repelente. Recordo-me dos títulos dos meus discos favoritos, dos discos do meu irmão ou dos meus amigos, e recordo dois padrões: o imaginário da violência e da incompreensão e o culto do escapismo. Xutos & Pontapés ou Madredeus. Punk ou o Mistério das Vozes Búlgaras. A recusa do sol. Botas da tropa no areal da praia. Como se entre o céu e o inferno não houvesse terra para pisar.

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A procura de um estilo, de sinais identitários, é sinónimo de pertencer a quê? Os anos 80 são para mim anos de confusão na consciência de classe. Os signos tornam-se ilusórios. Os filhos da classe média — dos doutores e funcionários públicos — vestem de preto, rasgam a roupa, escutam heavy metal e punk; os filhos dos operários anseiam por camisas Lacoste, poupam para os ténis de marca, usam casacos e camisolas de gola e vão às matinés do Lido; o filho do mecânico faz surf; o filho do taxista faz ciclismo e coleciona revistas da Marvel; o filho do advogado vai enrolar ganzas para o Adamastor e embebeda-se na Jukebox ou no Gingão. Joga-se ténis no alcatrão da Rua D. José I; formam-se gangs no bairro das vivendas. Selei a minha adolescência com uma septicemia e ainda hoje encontro uma relação de concordância entre ter sido acusado de fazer um telefonema anónimo racista a um ex-colega (e amigo) e a infeção que apanhei no dia seguinte. Recuperei o prazer de viver numa cama de hospital em São José, ao lado de um atleta do triatlo que andava há dois anos a fazer transplantes de osso para uma perna esmagada, depois de um miúdo sem carta de condução ter chocado com a sua mota. Houve uma noite de canícula em que os meus companheiros de infortúnio se divertiram a cobrir-me com cobertores. Já tinham esgotado o stock da enfermaria quando despertei a sufocar.

4. Em 1990, depois de ter entrado para a universidade, escrevi um poema que terminava com uma estrofe dedicada à vida familiar: “O passado enche de febre / o sangue que lava o enxoval da infância / e a roupa estendida para a morte / amá-los a todos sem ressentimento / e não deixar nunca de me afastar”. O poema chamava-se Perseguição; o tempo haveria de revelar que perseguição é sinónimo do verbo pertencer.

5.Em 2003, regressei ao Cacém, mais propriamente à casa da minha avó paterna para me despedir das suas memórias. A minha avó passou os últimos 25 anos da sua vida acantonada na sua própria solidão. Em novembro, decidiu internar-se num lar no Ribatejo. Morreu no dia seguinte a ter-se instalado, o que lhe permitiu fugir de ser enterrada num sítio que se lhe tornara estranho e onde vivera 60 anos. O funeral aconteceu na aldeia onde nasceu. Choveu durante a noite toda do velório. No momento do caixão ser levado para o cemitério, caíram os últimos pingos, uma nuvem abriu-se em dois e uma clareira de luz iluminou o vale da serra. Na última vez que a visitei, dei-lhe uma descompostura. A única forma que tinha de chamar-me a atenção, enquanto eu fazia colagens de fotografias do jornal Público, era lamuriar-se das dores. À saída, deixei cair uma bela e valiosa boquilha de vidro de Murano que me tinha sido oferecida por uma amiga que vivera em Veneza. Desfez-se em pedaços. Durante o ano seguinte também me acantonei naquela casa a tentar escrever um livro sobre uma dívida amorosa, enquanto o país caminhava lentamente para as garras dos seus credores. Fumava ganzas, era visitado por mulheres desesperadas, trocava sms com uma paixão que migrara para o norte da Europa e alternava a minha impotência literária com uma disciplinada leitura noturna (até de madrugada) da tradução de Pedro Tamen de Em busca do tempo perdido. Comecei com A Prisioneira. Na companhia do fantasma que deu origem à personagem principal do livro que não se deixava escrever, ia depois tomar o pequeno almoço no Shopping-Cacém. Enquanto bebericávamos abatanados e enrolávamos cigarros, observávamos as tartarugas imobilizadas à beira do lago. Nesse inverno, fiz um papel em A cara que mereces, um filme rodado numa casa senhorial em Sintra e onde tinha um divertido diálogo com o ator Carloto Cotta a propósito da possibilidade de existir um mundo sem nada. “Poça”, dizia ele, “isso dá-me cá um coice”.Até à construção do Programa Polis, a única obra de arquitetura decente construída no Cacém depois do 25 de Abril foi o Shopping-Cacém. Foi o meu tio ex-comissário de Polícia e “retornado” de Angola que me contou que tinha sido projetado pelo arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro-Telles. As plantas no jardim interior (uma ilha ao centro do lago), explicou-me, eram todas tropicais. Só então me apercebi da terna nostalgia que os africanos e portugueses vindos de África punham em contemplar da varanda aqueles vestígios de um paraíso perdido.

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6.Em 1998, em trânsito de uma viagem de trabalho a Liubliana, saí do aeroporto de Genebra para dar um passeio na cidade acompanhado de um grupo de jornalistas. Na estação de comboios, encontrei um homem baixo, moreno, com o bigode por aparar e uns olhos perscrutadores. Reconheceu logo a delegação compatriota. Todos os fins de semana se dirigia ali à espera de encontrar trabalhadores vindos de Portugal. A conversa que tive com ele durante o resto da tarde fez-me acreditar que tinha ficado a conhecer o homem mais triste do mundo. Chamava-se Belmiro Maricato, estava há oito anos a trabalhar como servente na Suíça e vivia sozinho, num apartamento que partilhava com outros emigrantes. Nunca quis trazer a mulher porque queria voltar à sua aldeia; não aprendera francês nem alemão porque não queria gastar dinheiro; não tirara a licença de pedreiro porque não sabia falar outra língua além do português; e continuava a adiar o regresso porque o ordenado de servente não lhe chegava para fazer as poupanças de que precisava. Vivia num limbo de indecisões e dilemas, hesitava entre regressar e ficar. Entretanto tinham-lhe nascido dois filhos que conhecia de ver nas férias.

7.Em 2009, decidi terminar uma experiência de três anos em Bucareste. Eça de Queiroz dizia que para se escrever bem numa língua era preciso dominar pelo menos duas. O mesmo princípio pode aplicar-se ao conhecimento de um país. Aceito melhor ser português desde que passei a ter uma vida estrangeira. Ganha-se um sentido de perspetiva, de deslocamento. À semelhança de Belmiro Maricato, o meu esforço para aprender a língua local foi inconsequente. Passei a concentrar-me em observar as pessoas, em vez de escutá-las. Fora da comunicação pela fala, as formas de expressão corporal tendem a ser periféricas à atenção humana. A linguagem falada organiza e orienta-nos, mas nos casos da cultura portuguesa e romena, a relação com a palavra é elástica ao ponto de trair, ou induzir em erro, as ações a que se reportam. São duas vidas autónomas, a vida do corpo que age, e a vida do ser falante implicado numa ideia de ação. A ineficácia, a contradição, a desvalorização, a mentira e o tempo perdido são para mim as consequências mais óbvias de uma relação postiça entre a linguagem e a ação. Perde-se dinâmica, perde-se vontade, perde-se confiança; perdemo-nos uns nos outros. Regressei a Portugal, melhor, à língua portuguesa e apercebi-me que parte da população ativa não suporta que as palavras descrevam situações críticas em que estão implicadas. Portugueses e romenos são profissionais a decretar modos de comportamento típicos da sociedade a que pertencem, mas raramente se apercebem que essa capacidade só é efetiva na condição de confrontarmos os envolvidos em situações concretas.

O sentido crítico torna-se lerdo se os envolvidos se encontram presentes (situação concreta), e quase fanfarrão quando o que dizemos não arrisca expor-se a uma réplica, porque os envolvidos estão ausentes, ou nem existem (situação abstrata). Temos medo de criticar porque podemos ser criticados, e como não queremos ser agredidos preferimos não nos envolver. O oposto é a agressividade de quem não pretende implicar-se, mas somente apontar, numa recusa sequer da possibilidade de iniciar um processo de tentativa e erro, de proposta e contraproposta, de negociação e compromisso. Atravessamos uma fase que poderíamos comparar à adolescência. Identificamos o problema e não arriscamos corrigi-lo sequer para nós. No caso da minha geração e da que se lhe segue, a dos trinta anos, enfrentamos um problema que só o tempo pode atenuar: o excesso de termos de comparação com sociedades mais ativas e eficazes, ou seja, mais pacificadas. Temos de fazer um esforço para restringir os excessos de comparação, para controlar o sentido autocrítico que nos tolhe, e redescobrir que o melhor nos problemas é estar implicado em como tratá-los.Neste regresso, não pude deixar de notar a profunda crise amorosa em que vivemos, por solidão, por ausência de projetos familiares, por relações que chegaram a um beco. Julgamos poder mentir em público e ser honestos na intimidade, mas será que podemos mesmo trocar a verdade pela mentira e a frontalidade pelo desvio de acordo com prioridades ou conveniências? Quando tomamos uma opção, isso gera resultados tanto na realidade como na forma de organizar a nossa forma de pensar e de sentir. A religião da medicina tem descoberto muitas causas endógenas para a loucura e a depressão, mas até que ponto não é a confusão linguística, relacional e de valores a condenar-nos à letargia do egoísmo, da indiferença, das drogas e das terapias?À nossa frente temos hoje uma pergunta urgente, cuja resposta vai durar a ser dada: será possível, entre a ideia que fazemos do mundo e o mundo que pertence aos outros, criar mais zonas abertas, de pertença mútua? Mais do que pertencer à história — será possível, com o verbo pertencer, criar projetos comuns para uma história inédita?

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mmcaféHá vida nova no mmcafé: experimente os novos menus no horário de sempre

segunda a sexta 18h00 às 02h00

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Os concertos, os espetáculos de dança e os espetáculos para crianças e jovens têm classificação “maiores de 3 anos”. Os restantes espetáculos incluídos neste programa têm classificação a definir.

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Maria Matos Teatro MunicipalAvenida Frei Miguel Contreiras, 521700-213 Lisboa

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Coproduções mm em digressão

setembro a dezembro 2011

Victor Hugo PontesVice-Versaestreia: janeiro 2010

Madrid, Semanas Internacionales de Teatro para Niñas y Niños, 16 e 17 outubro 2011Rio de Janeiro e Brasília, Festival Panorama, novembro 2011A Coruña, Ciclo Todo Público, 30 novembro, 1, 2, 3 dezembro 2011Alcanena, Cine-teatro São Pedro, 15 dezembro 2011

mala voadora & Third Angel What I heard about the worldestreia: novembro 2010

Hull, Truck Theatre, 1 setembro 2011Leeds, Met Studio Theatre, 5 e 6 outubro 2011

Real PelágioEnquanto o meu cabelo crescia – Histórias Magnéticas

estreia: fevereiro 2011

Borba, Cine-Teatro de Borba, 1 setembro 2011

Martim PedrosoA Philosophia do Gabiruestreia: março 2011

Alcanena, Festival Materiais Diversos, Cine-Teatro São Pedro, 29 outubro 2011

Catarina RequeijoAmareloestreia: março 2011

Lisboa, Auditório Ruy de Carvalho, 18 setembro 2011Alcanena, Cine-Teatro São Pedro, 22 setembro 2011Barreiro, Casa da Cultura, 25 setembro 2011Guarda, Teatro Municipal da Guarda, 28 setembro 2011Viseu, Teatro Viriato, 13, 14 e 15 outubro 2011Cartaxo, Casa da Cultura, 7 dezembro 2011

Mundo Perfeito & Dood PaardThe Jewestreia: julho 2011

Groningen, Grand Theater, 20 setembro 2011Amesterdão, Theater Frascati, 21, 22, 23 e 24 setembro 2011Utrecht, Theater Kikker, 26 e 27 setembro 2011

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Levantamento prévio obrigatório até 48 horas antes do espetáculo.

TeatroMariaMatos

Programa para crianças e jovens

espetáculos6€ preço único para adultos3€ preço único para menores de 13 anos

reservas para escolasRafaela Gonçalves218 438 [email protected]

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desconto 50% menores de 30 anos, estudantes, maiores de 65 anos, pessoas com deficiência e acompanhante, desempregados, profissionais do espetáculo, funcionários da CML e empresas municipais (extensível a acompanhante)

desconto 30% grupos com dez ou mais pessoas (com reserva e levantamento antecipado)

Assinatura X/X0 durante a primeira quinzena do quadrimestre, de 1 a 15 de setembro, desconto de 20% na compra de 2 bilhetes inteiros, 30% na compra de 3 bilhetes inteiros, 40% na compra de 4 bilhetes inteiros, e 50% na compra de 5 ou mais bilhetes inteiros, para diferentes espetáculos. Não extensível a espetáculos com preço único.

descontos aplicáveis aos espetáculos do ciclo teatro|música50% <30 anos e >65 anos | 30% Grupos de 10 ou mais pessoas (com reserva e levantamento antecipado) e profissionais do espetáculo

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