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Jornal 5 Director – Mark Deputter \ trimestral \ distribuição gratuita Biografia no Teatro Maria Matos Janeiro | Março 2011

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january > march 2011

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atu

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Biografia

no Teatro Maria MatosJaneiro | Março 2011

teatro

música

dança

performance

conversa

projecto educativo

Janeiro

www.teatromariamatos.pt

8sábado

9domingo

15h00às

20h00

Nelson Guerreiro e Maria Antónia Oliveira Biografia, autobiografia e autoficção

Oficina do mês

Escolas do 1.º e 2.º Ciclo | dança | Marina Nabais • Vamos dançar?

15sábado

21h30 Cláudia Dias • Visita Guiada

18terça

20quinta

21sexta

23domingo

24segunda

22h00 Sei Miguel / Carlos Santos e Paulo Raposo

10h00Isabel Minhós Martins, Bernardo Carvalho & Suzana Branco • Daqui vê-se melhor

22sábado

16h00

18h30

Isabel Minhós Martins, Bernardo Carvalho & Suzana Branco • Daqui vê-se melhor

Super Disco

10h00Isabel Minhós Martins, Bernardo Carvalho & Suzana Branco • Daqui vê-se melhor

11h00Isabel Minhós Martins, Bernardo Carvalho & Suzana Branco • Daqui vê-se melhor

19h00às

21h30

Encontro com Pavol Liska e Kelly Copper (Nature Theater of Oklahoma)

27quinta

20h30Nature Theater of Oklahoma Life and Times – Episode 1

14sexta

21h30 Cláudia Dias • Visita Guiada

11h00às

20h00

22h00

Nelson Guerreiro e Maria Antónia Oliveira Biografia, autobiografia e autoficção

Nurse With Wound & Blind Cave Salamander Soliloquy for Lilith

28sexta

20h30Nature Theater of Oklahoma Life and Times – Episode 1

29sábado

20h30Nature Theater of Oklahoma Life and Times – Episode 1

Fevereiro

2quarta

3quinta

10h00 Real Pelágio Enquanto o meu cabelo crescia – Histórias Magnéticas

10h00Real Pelágio Enquanto o meu cabelo crescia – Histórias Magnéticas

1terça

10h00Real Pelágio Enquanto o meu cabelo crescia – Histórias Magnéticas

6domingo

15terça

16quarta

17quinta

18sexta

19sábado

21h30 Projecto Teatral • coro

11h00Real Pelágio Enquanto o meu cabelo crescia – Histórias Magnéticas

21h30 Projecto Teatral • coro

21h30 Projecto Teatral • coro

27domingo

18h00Jorge Andrade e estudantes do ensino secundário Quando pensamos em Biografia

21h30 Projecto Teatral • coro

18h30

21h30

Super Disco

Projecto Teatral • coro

23quarta

24quinta

22h00Palavras Desencarnadas 3 Ute Wassermann / Ute Wassemann & participantes do workshop de voz

Palavras Desencarnadas 3 Carlos Santos / Frances-Marie Uitti

22h00

22terça

Palavras Desencarnadas 3 Inês Nogueira & Carlos “Zíngaro” / Médèric Collignon

22h00

Oficina do mês

Escolas do 2.º Ciclo | dança | Cláudia Nóvoa & Pedro Ribeiro • Dançar o silêncioA partir dos 18 anos | workshop de voz | Ute Wassermann

4sexta

10h00

22h00

Real Pelágio Enquanto o meu cabelo crescia – Histórias Magnéticas

Fim-de-semana Especial n.º 2 John Tilbury / Dustin O’Halloran

5sábado

16h00

22h00

Real Pelágio Enquanto o meu cabelo crescia – Histórias Magnéticas

Fim-de-semana Especial n.º 2 Alexander von Schlippenbach / Andrew Poppy

Março3

quinta

10quinta

11sexta

14segunda

17quinta

18sexta

19sábado

20domingo

21h30 Martim Pedroso • A Philosophia do Gabiru

21h30 Martim Pedroso • A Philosophia do Gabiru

21h30 Rui Catalão • Dentro das Palavras

21h30 Martim Pedroso • A Philosophia do Gabiru

10h00

21h30

Catarina Requeijo • Amarelo

Xavier Le Roy • Product of other circumstances

16h00 Catarina Requeijo • Amarelo

25sexta

21h30

21h30

Seis peças biográficas Teatro Turim

Gilles Polet... • Long Distance Hotel Revisited

24quinta

21h30Gilles Polet, Goran Sergej Pristas, Judith Davis, Leo Preston, Tiago Rodrigues e Tónan Quito Long Distance Hotel Revisited

21h30 Xavier Le Roy • Product of other circumstances

11h00

18h00

Catarina Requeijo • Amarelo

Osso Exótico • O Pyrgo de Chaves

22terça

23quarta

10h00 Catarina Requeijo • Amarelo

2quarta

Catarina Requeijo • Amarelo10h00

21segunda

Catarina Requeijo • Amarelo10h00

21h30 Rui Catalão • Dentro das Palavras

Oficina do mês

A partir dos 10 anos | escrita e teatro | Miguel Fragata • Pessoal e intransmissível

30quarta

21h30 Jérôme Bel • Cédric Andrieux

29terça

31quinta

21h30 Jérôme Bel • Cédric Andrieux

12sábado

11h00às

18h00

21h30

Nelson Guerreiro e Maria Antónia Oliveira Biografia, autobiografia e autoficção

Martim Pedroso • A Philosophia do Gabiru

13domingo

11h00às

14h00

18h00

Nelson Guerreiro e Maria Antónia Oliveira Biografia, autobiografia e autoficção

Martim Pedroso • A Philosophia do Gabiru

16h00

18h30

21h30

21h30

Catarina Requeijo • Amarelo

Super Disco

Seis peças biográficas Teatro Turim

Gilles Polet... • Long Distance Hotel Revisited

26sábado

11h00

16h00

21h30

Catarina Requeijo • Amarelo

Seis peças biográficas Teatro Turim

Gilles Polet... • Long Distance Hotel Revisited

27domingo

28segunda

21h30 Seis peças biográficas Teatro Turim

21h30

22h00

Seis peças biográficas Teatro Turim

Ricardo Rocha • Luminismo

mm+No contexto da criação da peça A Philosophia do

Gabiru, Nelson Guerreiro, encenador, actor e docente

na Escola Superior de  Artes e Design das Caldas da

Rainha, e Maria Antónia Oliveira, docente de Literatura

Portuguesa e Francesa e autora do livro Alexandre

O’Neill – Uma Biografia Literária (2007), orientam um

seminário em duas partes, dedicado ao tema Biografia,

autobiografia e autoficção. O seminário é direccionado

a artistas, estudantes de teatro, dança, literatura e a

todos os interessados no tema.

Aproveitamos a vinda dos Nature Theater of Oklahoma

para os ouvir falar dos seus projectos e métodos de

trabalho. Convidamos estudantes e profissionais do

espectáculo, bem como o público em geral, para um

encontro com os directores da companhia, Pavol Liska

e Kelly Copper, no qual irão mostrar fragmentos de

vídeo e desvendar os segredos dos processos de trabalho

da companhia.

Quando tinha seis anos, Pessoa criou o Chevalier de

Pas, aos catorze, o Dr. Pancrácio e toda a redacção do

Jornal O Palrador, até ao Barão de Teive, o seu último

heterónimo. Será um caso de múltipla personalidade,

criatividade em excesso ou de imaginação delirante?

Serão estas pessoas inventadas heterónimos,

personagens como no teatro, ou amigos imaginários?

Nesta oficina, os participantes inventam os seus

próprios heterónimos, dando-lhes uma identidade e

um corpo. Porque se é na literatura que se inventam

pessoas, é no teatro que elas ganham vida.

espectáculosDesde 2004 que o coreógrafo francês Jérôme Bel fala sobre a dança,

dando voz a bailarinos profissionais de várias origens, práticas e

companhias de dança. Usando como título o nome do intérprete

que está em palco para nos contar a sua vida pessoal e profissional,

estas peças propõem uma análise da condição do bailarino como

trabalhador. Assim Véronique Doisneau e Isabel Torres dão acesso aos

bastidores do mundo do bailado clássico, respectivamente em Paris

e Rio de Janeiro. Pichet Klunchun and myself compara as práticas do

bailarino de dança clássica tailandesa Pichet Klunchun com as do

próprio Jérôme Bel e da dança contemporânea europeia. Enquanto

que Lutz Förster partilha com o público a sua vida na companhia de

dança de Pina Bausch. Cédric Andrieux, a peça que apresentamos,

acompanha a carreira do bailarino francês com o mesmo nome na

Merce Cunningham Dance Company e na Companhia de Bailado de

Lyon.

A companhia nova-iorquina Nature Theater of Oklahoma incorpora

habitualmente elementos biográficos nas suas peças de teatro,

utilizando para o efeito histórias, gestos e situações do dia-a-dia

de amigos e familiares. O público lisboeta já teve oportunidade de

conhecer o resultado fascinante deste método de trabalho em No

Dice, a grande surpresa do alkantara festival 2008, mas em Life and

Times a ambição é incomparavelmente maior: os Nature Theater

querem, nem mais nem menos, do que contar a vida inteira de Kristin

Worrall, um dos membros da companhia. O objectivo é tornar as 16

horas de gravações de conversas telefónicas com Kristin num género

de novela teatral da vida quotidiana em dez episódios. Episode 1

conta os primeiros oito anos da sua vida, num musical hilariante e

emocionante.

Da sua carreira académica em Biologia Molecular, Xavier Le Roy

adquiriu um espírito inquisitivo e uma investigação sistemática

que continua a influenciar muitas das suas criações performativas.

Em Product of circumstances (1999) falava do percurso que o levou

da ciência às artes. A recente peça Product of other circumstances é a

história de um outro percurso pessoal, não menos surpreendente:

de um coreógrafo europeu em busca de uma cultura que não

conhece e de uma forma de dança que não domina: a dança

japonesa butoh. A verdade é que não é o butoh que torna o

espectáculo numa experiência extraordinária, mas sim a

possibilidade de acompanhar o coreógrafo nos seus processos de

análise e aprendizagem.

Em A Philosophia do Gabiru, Martim Pedroso e os seus

colaboradores confrontam-se com o universo literário do militar,

projecto educativo No contexto do seu Projecto Educativo, o Teatro Maria Matos convida em cada trimestre um encenador para criar uma peça sobre o tema vigente com um grupo de estudantes do ensino secundário. A ideia é levar o teatro à escola e os alunos ao teatro e proporcionar um contexto para estudar um tema, discuti-lo e encontrar uma forma possível para comunicar o resultado deste trabalho. Quando pensamos em Biografia será criado por Jorge Andrade em conjunto com os estudantes.

dossier Jérôme Bel é considerado a figura de proa da

chamada dança conceptual e é um dos coreógrafos

mais influentes da actualidade.

No dossier deste jornal, publicamos uma entrevista

em que fala com Mark Deputter sobre as suas peças

“autobiográficas”.

jornalista, pintor e escritor Raul Brandão. Trabalhando com os textos literários, as crónicas e as memórias do autor, procuram evidenciar o carácter autobiográfico que ele sempre imprimiu na sua obra. Uma peça à procura de um autor e de uma obra literária única no contexto português.

Quando se fala em teatro autobiográfico, é impossível passar ao lado de uma pequena jóia criada em 2005 por Cláudia Dias, Visita Guiada. Na peça a coreógrafa e bailarina relata a sua história pessoal, vivida entre Almada e Lisboa e mistura-a com as histórias das pessoas da margem sul e da margem norte. Ao mesmo tempo, vai construindo as paisagens da sua juventude em escala modelo com produtos de consumo banais. Uma autobiografia, mas também a história de uma geração e de um país.

Dentro das Palavras estreou recentemente no Negócio/ZDB. Na peça, Rui Catalão faz o balanço de dez anos a trabalhar entre os mundos da escrita e do movimento e reflecte sobre o seu progressivo afastamento da linguagem falada como principal meio de expressão, a favor da linguagem corporal. Dentro das Palavras não é uma autobiografia strictu senso, antes uma teia de narrativas onde deixa de ser claro o que é personalidade e personagem, biografia e ficção, privado e público.

Em Seis peças biográficas, apresentamos os resultados do Laboratório de criação – Biografia, que se desenrola entre Dezembro de 2010 e Março de 2011. Neste Laboratório desafiámos seis criadores emergentes a criarem pequenas peças biográficas. Ao longo do percurso são acompanhados por Rui Catalão, participam em vários workshops e encontros com artistas nacionais e internacionais e assistem às peças “biográficas” da programação do Teatro Maria Matos.

No seu Livro da Consciência, o neurocientista António Damásio demonstra que a criação do “eu autobiográfico” é um passo crucial

no surgimento da mente consciente. A acumulação de memórias e a construção de uma narrativa consistente a partir destas são elementos estruturantes na construção da nossa identidade individual. Não é de estranhar então que, desde a Antiguidade, lendas e mitos narrem as vidas de deuses e heróis (recheadas de peripécias bastante humanas); que histórias populares e romances apresentem personagens que nascem, crescem, amam e morrem como pessoas reais; e que personagens de telenovelas sejam levadas a sério, ao ponto de ganharem vida fora do ecrã nas conversas dos admiradores e nas revistas especializadas. Mas também as vidas de pessoas reais são recontadas em biografias literárias, autobiografias políticas, biografias históricas e biopics. A vida dos outros, real e ou ficcionada, é algo que nos fascina, inspira e educa.

Nas artes do espectáculo, a biografia tem uma expressão relativamente limitada e não é considerada um formato em si. No entanto, a utilização de materiais (auto)biográficos é recorrente no teatro e muitos são os criadores que se apropriam do género e o adaptam para o palco. Neste trimestre, a programação do Teatro Maria Matos foca as práticas biográficas no teatro e na dança e mostra como estas geram resultados fascinantes e surpreendentes.

um mapa de afinidades(Biografia)

Blind Cave SalamanderSoliloquy for LilithSala principal

sábado 8 Janeiro 22h00

15€ / <30 anos 7,50€

Nurse With Wound

música

Na urgência de se encontrar o disco perfeito dos Nurse With Wound, talvez tenhamos a tentação de recuar até ao início, ainda na década de 70, para recuperar Chance Meeting On A Dissecting Table Of A Sewing Machine And An Umbrella, a sua fulgurante estreia – mesmo que timidamente contestada –, quando eram claramente influenciados pelas colagens e ebulições kraut dos Faust. A banda ainda não espelhava fielmente o que Steven Stapleton pretendia, mas, ainda assim, fabricou um dos mais energéticos e libertários manifestos musicais do final do século XX. A esse álbum seguiu-se uma colecção de desdobramentos revigorantes do industrial, do noise, entre a inspiração Surrealista e a convicção Dada; e por isso, em 1988, quando editaram Soliloquy for Lilith, algo mudou drasticamente para sempre. O álbum, lançado num ambicioso triplo vinil, oferecia seis longos temas que dançavam em lenta espiral, numa espécie de transe meticuloso, construídos quase exclusivamente pela influência corporal de Stapleton e Diana Rogerson nos campos magnético e eléctrico dos instrumentos e utensílios utilizados. Esta imaterialidade, tanto musical como dos seus processos criativos, poderá ser vista agora como crucial nas aproximações dos Nurse With Wound à espiritualidade que sempre procuraram. Invisíveis ao público durante toda a carreira, foi só a partir de 2006 que Stapleton decidiu enfrentar os concertos - ouvir uma orquestração possível, em conjunto com os Blind Cave Salamander (Fabrizio Modonese Palumbo e Paul Beauchamp), de Soliloquy for Lilith é tanto um desafio como uma hipótese de comunhão colectiva única.

EN In 1988, Soliloquy for Lilith turned the whole dark universe that Steven Stapleton had released so far into magnetic and electric current, creating a manual of drones that is still today a classic in the genre. Recreating the entire ghostly sound spectrum of that masterpiece over 20 years later is – more than an irresistible challenge – an important celebration.

guitarra Steven Stapletonelectrónica Colin Pottervioloncelo Julia Kentguitarra, viola eléctrica Fabrizio Modonese Palumboelectrónica, serrote musical Paul Beauchamp

&

6 Jornal

Sala principal com bancada

sexta 14 e sábado 15 Janeiro 21h30

12€ / <30 anos 6€ | Duração aproximada 55 min.

Visita Guiada é uma daquelas peças que apetece sempre revisitar. Estreada em 2005 na Sala Estúdio Mário Viegas, descolou rapidamente para voos internacionais, passando por Espanha, Grécia, Itália, Bélgica, França e Suíça. No contexto do tema Biografia, e cinco anos depois da última apresentação em Lisboa (alkantara festival 2006), temos o maior prazer em voltar a apresentar esta pequena “bio-cartografia”. Em Visita Guiada, Cláudia Dias explora o seu passado, vivido em Almada, e relata o impacto das descobertas que a outra margem, Lisboa, lhe foi oferecendo. Usando uma série de produtos de consumo banais tirados de um saco plástico, vai construindo as paisagens da sua vida em escala modelo: a margem sul com os seus bairros operários e as suas fábricas de conservas, a pensão na Costa da Caparica onde teve a sua primeira experiência sexual, o Cristo-Rei, a Ponte 25 de Abril e a grande cidade do outro lado do rio Tejo… A história da Cláudia mistura-se com a história das duas cidades e das suas gentes, com as suas paisagens, os seus discursos e as hierarquias que separam o Norte do Sul, os adultos das crianças, as mulheres dos homens, os vivos dos mortos. Paisagens e discursos que identificam o lado de cá em oposição ao lado de lá. Porque a imagem que temos do corpo e o que fazemos dele, acontece sempre no espaço de uma determinada cultura.

EN In Visita Guiada (A Guided Tour), Cláudia Dias explores her past in Almada, and the shock of the discoveries offered by Lisbon on the opposite river bank. With a series of everyday consumer products taken out of a plastic bag, she maps the landscapes of her life in model-scale: the south bank with its working-class neighbourhoods, the boarding-house in Costa da Caparica where she had her first sexual experience, and the big city on the other side of the river Tagus…

performance

concepção, texto e Interpre-tação Cláudia Dias espaço cénico e luzes Walter Lauterer música discombobulating de noid aka/Arnold Haberl desenho de som André Pires acompanhamento artístico João Fiadeiro, Olga Mesa e João Queiroz direcção técnica Carlos Gonçalves produ-ção Os Três Caracóis apoios Centre Chorégraphique National de Montpellier – Languedoc Roussillon no âmbito do Programme Hors-Série, Forum Dança e Companhia Teatral do Chiado encomenda, produção e difusão RE.AL durante o período em que Cláudia Dias foi artista associada da estrutura (2003/2009)

Cláudia Dias

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Visita Guiada

7Jornal

Nova oportunidade de podermos escutar dois momentos adiados da décima edição do festival Sonic Scope, ocorrido na nossa sala, em Novembro passado. O primeiro momento é de Sei Miguel, que nos traz duas peças em estreia e uma nova versão para Muraiami rocks. Todas as obras são assumidamente “paisagens sonoras” perfilhadas pelo impacto que Ryoanji (1985), de John Cage, provocou no trompetista e compositor português. Na segunda parte, Carlos Santos e Paulo Raposo utilizam a imagem do topophone – um rudimentar instrumento de audição para localização de sons à distância – para se debruçarem sobre gravações de espaços urbanos desertos e vestígios de actividades sonoras humanas em fluxo contínuo, como condutas de ar, por exemplo. Exploram o equilíbrio entre a interdependência dos sons registados e sons gravados e manipulados ao vivo, proporcionando correntes de tensão e fragilidade, silêncio e movimento, abrindo novos espaços de difusão e novas formas de percepção sonora.

EN In line with the program of the 10th edition of the Sonic Scope Festival, tonight Sei Miguel presents two unreleased pieces of soundscapes and a new version of Muraiami rocks. Later, Carlos Santos and Paulo Raposo play with field recordings of deserted urban spaces and traces of human sound activities in a continuous flow, sculpting unexpected forms of sound.

música

Sala principal com bancada

terça 18 Janeiro 22h00

Preço único 6€

trompete Sei Migueltrombone alto Fala Mariam

electrónica analógica Travassospercussão César Burago

computador, elementos piezo-eléctricos, objectos

Carlos Santos e Paulo Raposo

Sei Miguel

Paulo RaposoSonic Scope #10 programado por Grain of Sound

Carlos Santos e

8 Jornal

& Suzana Branco

© B

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Carv

alho

Bernardo Carvalho

Daqui vê-se melhor

Em Daqui vê-se melhor contamos a história do Teatro, desde o antigo Egipto até aos dias de hoje. Vamos ver e ouvir como surgiu e cresceu, num diálogo entre um narrador, uma actriz e um ilustrador, que desenhará esta história em tempo real. O espectáculo foi originalmente produzido para o 41.º aniversário do Teatro Maria Matos, mas ficámos (nós e o nosso público) tão contentes com o resultado que decidimos apresentá-lo de novo.

Os acontecimentos do mundo sempre influenciaram o Teatro. Sabem porquê? Porque a História do Teatro confunde-se com a História do Mundo. E por isso é tão difícil contá-la em cinquenta resumidíssimos minutos. Ainda assim, atrás deste palco, conseguimos montar uma potentíssima máquina do tempo que nos levará a viajar através dos séculos. Vamos começar por onde se começa sempre (pelo princípio!) e chegar aos nossos dias, chamando ao palco as personagens e os cenários que fazem parte desta empolgante História.

Isabel Minhós Martins

EN Daqui vê-se melhor (You can see better from here) tells the history of Theatre – how it all started in ancient Egypt and developed to the present day – in a vivid dialogue between a narrator, an actress and an illustrator who will be drawing the story in real-time. “World events have always influenced Theatre. Do you know why? Because the history of Theatre blends with the history of the World.”

texto original Isabel Minhós Martins desenho Bernardo Carvalho coordenação e interpretação Suzana Branco música Bernardo Devlin produção Maria Matos Teatro Municipal

Palco da sala principal

quinta 20 a domingo 23 Janeiro

semana 10h00 sábado 16h00 domingo 11h00

Criança 2,50€ / Adulto 5€ | Duração aproximada 40 min.

Isabel Minhós Martins

teatro | produção

a partir dos 8 anos

no âmbito da rede co-financiada por

9Jornal

of Oklahoma

“Nature Theater of Oklahoma tornou-se uma das companhias alternativas mais importantes de Nova Iorque, com a sua inteligência refrescante, teatralidade engenhosa e sentido de humor agradavelmente mordaz.” The Village Voice

Os Nature Theater of Oklahoma não são só um fenómeno em Nova Iorque, também o são aqui em Lisboa. Conquistaram os corações dos lisboetas com No Dice, o momento supremo do alkantara festival 2008, e com Romeu e Julieta, o grande êxito dos Dias das Histórias (im)prováveis no Teatro Maria Matos, em 2009.

De volta a Lisboa, os Nature Theater of Oklahoma apresentam Life and Times – Episode 1, um musical que conta a história da vida de uma mulher. É uma vida perfeitamente normal, sem grandes sobressaltos ou eventos históricos, registada em 16 horas de conversas telefónicas. Na ambição desmesurada da companhia, Life and Times terá não menos de dez episódios com uma duração total de mais de 24 horas: uma jornada épica da vida quotidiana que faz lembrar Em busca do tempo perdido de Marcel Proust. Episode 1 transporta-nos de volta à infância.

Os bonecos que se tornavam companheiros indispensáveis, o melhor amigo que vivia numa casa que parecia um palácio, a babysitter que deixava ver televisão até bem mais tarde do que a hora de ir para a cama, a avó que servia chá em chávenas de porcelana, a irmã que nunca queria calçar os sapatos… Os Nature Theater of Oklahoma não procuram sintetizar ou embelezar a narrativa, mas transformam-na integralmente num libreto cantado, com todas as hesitações, pormenores irrelevantes e momentos de introspecção. O resultado é um musical hilariante e emocionante. Afinal, todos nós já fomos crianças.

EN Life and Times is the life-story of an ordinary woman condensed into 16 hours of recorded material. A portrait of an unremarkable life, an epic journey of insignificant events, akin to Proust’s A la recherche du temps perdu. Episode 1 takes us back to early childhood: the first steps, the first bumps and scratches, the first day at school... A story that speaks to us all, wrapped up in a three-hour hilarious musical autobiography.

teatro

(Nova Iorque)

concepção e direcção Pavol Liska e Kelly Copper texto a partir de uma conversa telefónica com Kristin Worrall música original Robert M. Johanson cenografia Peter Nigrini interpretação Ilan Bachrach, Gabel Eiben, Anne Gridley, Matthew Korahais, Julie LaMendola e Alison Weisgall músicos Daniel Gower, Robert M. Johanson e Kristin Worrall ponto Elisabeth Conner dramaturgia Florian Malzacher direcção de produção Kelly Shaffer engenheiro de som Mark Kleinfelder produção Nature Theater of Oklahoma e  Burgtheater Wien co-produção Internationales Sommerfestival Hamburg, Kaaitheater, Théâtre de la Ville, Internationale Keuze Festival Rotterdamse Schouwburg e Wexner Center for the Arts at The Ohio State University apoios The MAP Fund, um programa da Creative Capital, patrocinado pela Rockefeller Foundation

Nature Theater© R

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Life and Times – Episode 1Encontro com

Nature Theater of Oklahoma

24 Janeiro | ver pág. 32

Sala principal

quinta 27 a sábado 29 Janeiro 20h30

15€ / <30 anos 7,50€ | Duração aproximada 3h30 com intervalo | Em inglês, legendado em português

10 Jornal

Enquanto o meu cabelo crescia Histórias Magnéticas

Sala de ensaios

terça 1 a domingo 6 Fevereiro

semana 10h00 sábado 16h00 domingo 11h00

Criança 2,50€ / Adulto 5€ | Duração aproximada 25 min. + 1 hora de oficina

Real Pelágio

© M

adal

ena

Mat

oso

música/oficina | co-produção

a partir dos 8 anos

Enquanto o meu cabelo crescia é uma história à volta de cabeleireiros, penteados, confidências, sonhos e frustrações. “É preciso compreender os cabelos. Porque só compreendendo os cabelos percebemos o que se passa dentro das cabeças. Falta de brilho indica falta de música; pontas espigadas: a necessidade de falar; cabelos embaraçados: problemas com os vizinhos.”Esta é a segunda História Magnética contada por Sérgio Pelágio, um projecto que consiste na composição e interpretação ao vivo de bandas sonoras para histórias infantis. Numa oficina, depois do espectáculo, as crianças são estimuladas a construir uma história feita de elementos variados – recortes, palavras, desenhos e outros – partindo de uma procura dos sons escondidos num texto ou numa imagem.

Enquanto o meu cabelo crescia é também um livro-CD editado pelo Planeta Tangerina com a colaboração de Sérgio Pelágio.

EN Enquanto o meu cabelo crescia (While my hair was growing), is a story about hairdressers, secret confessions, dreams and frustrations, told by Sérgio Pelágio in a concert for voice and electric guitar. The show is followed by a workshop where children will be encouraged to build a story from cut-outs, words, drawings, etc, departing from the search of sounds hidden in texts or images.

texto Isabel Minhós Martins música ao vivo Sérgio Pelágio produção Real Pelágio co‐produção  Maria Matos Teatro Municipal e Teatro Municipal da Guarda

no âmbito da rede co-financiada por

11Jornal

Desde os anos 60 que John Tilbury se tornou numa das maiores referências na interpretação de música do século XX, sendo ainda considerado o melhor porta-voz para o repertório de Morton Feldman e Cornelius Cardew. Depois de algumas colaborações ocasionais, acabou  definitivamente  por fazer parte dos AMM a partir do início dos anos 80, depois da morte de Cardew. Tem-se dedicado à interpretação magistral de obras de Cage, Wolff, Riley, Phillips, Nono, Takahashi, entre muitos outros.  Em 2003, interpreta e grava cinco peças (escritas entre 1996 e 2000) de Vítor Rua para piano solo, mostrando movimentos e subtilezas emocionantes. Tilbury’s Private Joke, a sexta e última peça para o conjunto What Time Is It?, escrita em 2010, é estreada ao vivo nesta noite.

música

Devics foi o duo pop que Dustin O’Halloran alimentou com Sara Lov desde os seus tempos de universidade. Mas, deixando a ironia triunfar por uma vez, o sucesso apenas se mostrou verdadeiramente pelo lado menos óbvio, no momento em que o pianista e compositor decide editar Piano Solos, em 2005, chamando a atenção de Sofia Coppola – que lhe pediu originais para o seu Marie Antoinette –, entre outros realizadores de cinema e publicidade. Do lado mais conservador recebeu elogios à emotividade de “um novo Debussy”; do lado mais informal ouviu louvores de imprensa que, habitualmente, não se dedica a discos de recorte clássico. Mais do que percorrer ambos os caminhos, Dustin O’Halloran acaba por trilhar um percurso único e singular.

John Tilbury

Dustin O’Halloran

sexta 4 Fevereiro 22h00

Sala principal com bancada15€ / <30 anos 7,50€ | Preço especial 2 dias 22€ / <30 anos 11€

O objectivo das edições Fim-de-semana Especial é, tão somente, provocar no público uma subliminar teia de

ligações entre géneros, músicos, temas, etc., mais ou menos expectáveis. Nesta segunda ocasião, reunimos quatro músicos fundamentais, com um claro ponto de união: o piano. Para muitos o mais completo e complexo instrumento musical, o piano goza de alguma controvérsia que a própria  organologia  não consegue apaziguar: para uns deveria estar agrupado nas cordas, outros defendem-no como um ilustre representante das percussões. Até o seu nome é alvo de algumas questões importantes, já que “piano” é uma simplificação demasiado grosseira da evolução do seu nome original. Questões de lado, o piano é mesmo uma máquina deslumbrante e que nas mãos certas nos faz acreditar que não precisamos de mais nenhum instrumento ao seu lado.

4/5 Fevereiro 22h00

no âmbito da rede co-financiada por

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Nome cimeiro do jazz, Schlippenbach é ainda hoje recordado como um dos fundadores da Globe Unity Orchestra, um dos projectos que melhor espelha o percurso da improvisação europeia a partir de meados dos anos 60, quando outras linguagens de composição contemporânea começam a desafiar e a contagiar o jazz continental. Com a orquestra, e em muitas outras formações, Schlippenbach partilhou criatividade e inspiração com quase todos os nomes primordiais da free music e é na actualidade peça-chave para percebermos por onde pode evoluir o jazz moderno. As recentes peças a solo, bem como em companhia de Evan Parker ou Eddie Prevost, provam que a sua curiosidade musical continua por saciar.

Crescer com a música de Beethoven, ensaiar numa típica banda rock de garagem ou organizar na faculdade sessões do  In C  fomentam em qualquer compositor qualificado um irrequieto currículo durante toda a vida. É por causa disto tudo – e decerto mais alguns eventos especiais nos últimos 35 anos – que Andrew Poppy consegue evitar cristalizações e estar permanentemente a desafiar metodologias e linguagens, não sendo estranho encontrá-lo na pop, a dirigir orquestras,  a liderar dezenas de comissões para dança, teatro e TV, e em muitos discos que tentam sempre descobrir novos mundos através de novos olhares. Actualmente, Poppy volta à simplicidade do piano para redescobrir novos pontos de partida para as suas composições. 

sábado 5 Fevereiro 22h00

Sala principal com bancada15€ / <30 anos 7,50€ | Preço especial 2 dias 22€ / <30 anos 11€

Com essa convicção, recebemos quatro pianistas extraordinários que nos mostrarão quanto o piano de cada um poderá ser apenas seu e de mais ninguém. Quatro nomes essenciais com quatro linguagens únicas e intransmissíveis. Da improvisação livre e libertária do Schlippenbach à interpretação aveludada da contemporaneidade de Tilbury, a pop brilhantemente simulada de O’Halloran e Poppy.

EN In this second edition of Fim-de-Semana Especial (Special Weekend), we put our Yamaha piano at centre stage. To play it, we have invited four pianists who will bring four very different but crucial proposals, from von Schlippenbach’s refined improvisations to Vítor Rua’s avangarde compositions performed by the talented hands of John Tilbury.

4/5 Fevereiro 22h00

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Sala principal com bancada

terça 15 a sábado 19 Fevereiro 21h30

Entrada livre (suportada pela Associação Cultural – Projecto Teatral, ao abrigo do protocolo de co-produção)

projecto teatral Maria Duarte, Helena Tavares, Gonçalo Ferreira de Almeida, André Maranha e João Rodriguescom Coro de Câmara de Cascais sob a direcção de Maria Repas co-produção Projecto Teatral e Maria Matos Teatro Municipal Projecto Teatral é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/DGArtes

coro pelo projecto teatral

co-produção

14 Jornal

São muitas as formas como a voz é utilizada na música para além do formato clássico da canção. Seja como fonte sonora para um trabalho de processamento electrónico ou com alcance dramático-teatral, enquanto ruído ou expressão primordial da própria condição humana, assumindo uma dimensão poética ou força política, surgindo como um instrumento musical ou circunscrevendo-se à sua natureza fonética, as diferentes caracterizações que lhe são possíveis são um desafio tanto para quem ouve como para quem cria. Na sua terceira edição, o ciclo Palavras Desencarnadas volta ao essencial da produção sonora. Com Inês Nogueira e Carlos “Zíngaro” dá-se oralidade à escrita de Mário Dionísio; com Médèric Collignon revisita-se o universo Dada no contexto da música urbana actual; com Carlos Santos realinha-se Samuel Beckett com a nossa audiosfera; com Frances-Marie Uitti as cordas do violoncelo e as cordas vocais remetem-se e continuam-se, e com, Ute Wassermann busca-se o absoluto do som que uma glote é capaz de produzir.

EN There are more ways of using words and voice in music than just the classic format of a song. Whether as dramatic lyricism or simple noise, whether as primordial expression of the human condition or poetic expression its wide variety of possibilities is a challenge to listeners and practioners alike.

Palavras

Sala principal com bancada

terça 22 a quinta 24 Fevereiro 22h00

Preço por dia 10€ | < 30 anos 5€ | excepto dia 24 Preço único 6€

música

3Desencarnadas Programado por Granular

Workshop de voz com Ute Wassermann | 22, 23 e 24 Fevereiro | ver pág. 30

Uma colecção de curtas peças de radio art produzidas pela EDITMAKEMIX, com intervenções de, entre outros, @c, Christoph Korn, Rafael Toral, Christian Fennesz, Carlos “Zíngaro”, Florian Meyer, OTO, Frank Bretschneider, Heitor Alvelos, Institut fur Feinmotorik, Ricardo Jacinto e Carlos Santos.

EDITMAKEMIX: [In Between]Radio Pieces Instalação sonora | Foyer

22 a 24 Fevereiro 21h00 às 24h00

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Negro em chão de sangue verdeInês Nogueira divide a sua actividade entre o trabalho como actriz, que desenvolve com encenadores como Antonino Solmer, Fernanda Lapa, Carlos Avilez, João Grosso, Jorge Silva Melo e Joaquim Leitão, e como cantora, actuando na intersecção do jazz com a poesia. No projecto Negro em chão de sangue verde, interage com o violinista e manipulador de electrónica Carlos “Zíngaro”, pioneiro do free jazz e do experimentalismo no nosso país e um dos mais importantes improvisadores a nível mundial.

voz Inês Nogueiraviolino, electrónica Carlos “Zíngaro”

terça 22 Fevereiro 22h0010€ | < 30 anos 5€

Médèric Collignon é um dos mais originais vocalistas do jazz e da música livremente improvisada, integrando técnicas e vocabulários tanto do canto contemporâneo como do rap. É também trompetista, e nas suas performances de igual modo utiliza teclados e dispositivos electrónicos. Integrou o grupo de Louis Sclavis no aplaudido Napoli’s Walls e trabalha com músicos como Andy Emler e Edward Pérraud. 

voz, trompete, electrónica Médèric Collignon

Médèric Collignon

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Palavras

música

Inês Nogueira

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teatro

Found wordsEspecializado na utilização de field recordings e no processamento em tempo real de instrumentos acústicos, Carlos Santos vem desenvolvendo o seu percurso nos domínios da música por computador. Igualmente videasta, som e imagem complementam-se no seu Found words. Colabora habitualmente com Ernesto Rodrigues e Paulo Raposo.

electrónica, vídeo Carlos Santos

Carlos Santos

quarta 23 Fevereiro 22h0010€ | < 30 anos 5€

De Ute Wassermann pode dizer-se que é uma continuadora das inovações vocais de Cathy Berberian e Joan La Barbara, tendo-lhes acrescentado outras de sua lavra e inserido essa abordagem no âmbito da música improvisada, com parceiros como Phil Minton, John Butcher, Richard Barrett, Thomas Lehn, Martin Blume ou Sven-Ake Johansson. A segunda parte do concerto conta com a presença dos participantes do workshop de voz.

voz Ute Wassermann e participantes do workshop de voz

Ute Wassermann

quinta 24 Fevereiro 22h00Preço único 6€

Graças à sua pessoalíssima utilização de dois arcos, nas mãos de Frances-Marie Uitti o violoncelo transforma-se num instrumento polifónico. Intérprete de autores contemporâneos como Györgi Kurtág, Luigi Nono, Giacinto Scelsi ou Louis Andriessen, mas também compositora e improvisadora (neste caso, por exemplo, com Elliott Sharp), vem integrando a voz na sua música, inclusive em slams de poesia.

voz, violoncelo Frances-Marie Uitti

Frances-Marie Uitti

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teatro | produção

a partir dos 13 anos

e estudantes do ensino secundário

Quando pensamos em Biografia

“Metiam-se estatuetas, conchas, bolas de vidro, vasos de flores, lagartos empalhados, cartas! — cartas e fotografias, fotografias de casamento nas suas molduras douradas (Porque não deixamos ficar isso? perguntou o marido, e a esposa enfurecida grita: Devias ter vergonha!), fotografias das crianças, e nesta foi a primeira vez que ele se sentou, e aqui a primeira vez que ele disse dá-dá, e aqui está ele com um chupa-chupa, e aqui com a vovó — tudo, tudo mesmo, porque esta garrafa de vinho, este pacote de esparguete que eu pus de lado quando começou o tiroteio. O striptease da casa vai até ao fim, até às argolas dos cortinados e só resta fechar a porta à chave e fazer paragem na avenida a caminho do aeroporto para atirar as chaves para o oceano.”

Mais Um Dia de Vida, Angola 1975, Ryszard Kapuscinski

Jorge Andrade é actor, encenador e um dos fundadores da companhia lisboeta mala voadora. Ao longo do seu percurso, colaborou com vários encenadores e outras companhias e viu o trabalho com a mala voadora ser distinguido com uma Menção Honrosa pelo Prémio Maria Madalena de Azeredo Perdigão. Recentemente, tem dirigido oficinas pedagógicas de expressão dramática para crianças, razão pelo qual se tornou natural o convite do Teatro Maria Matos para desenvolver um projecto com estudantes do ensino secundário sobre o tema Biografia. Este é o quarto tema eleito para reflecção no âmbito do projecto Quando pensamos em...

EN Jorge Andrade, theatre director and actor (of the collective mala voadora) was invited by Teatro Maria Matos to develop a Project with a group of secondary school students on the topic of Biography.

Sala principal com bancada

domingo 27 Fevereiro 18h00

Criança 2,50€ | Adulto 5€

Jorge Andrade

18 Jornal

Rui Catalão

teatro

No seu primeiro solo, Rui Catalão é um corpo dentro das palavras, à procura de si próprio. A palavra inglesa “character” significa personalidade e personagem. Se imaginarmos um solo intitulado My character, estão criadas as condições para uma peça que pode consistir num retrato psicológico na primeira pessoa (quem sou), mas também denunciar o dispositivo fictício (o que represento). Na língua portuguesa, “personalidade” e “personagem”, tal como “ser” e “representar”, são termos antitéticos. Em Dentro das Palavras, Rui Catalão constrói uma teia de narrativas, uma Casa dos Espelhos onde deixa de ser claro o que é personalidade e personagem, biografia e ficção, privado e público.

Rui Catalão divide o seu tempo entre a escrita e a dança. Foi jornalista e crítico do Público, escreve argumentos de cinema e textos sobre as artes do espectáculo. Colaborou com coreógrafos como João Fiadeiro, Miguel Pereira e Ana Borralho & João Galante e criou várias peças de dança durante a sua estadia na Roménia, onde esteve ligado ao CNDB (Centrul National al Dansului din Bucuresti).

Dentro das Palavras representa um balanço de dez anos a trabalhar entre os mundos da escrita e da dança e reflecte sobre o seu progressivo afastamento da linguagem falada como principal meio de expressão a favor da linguagem corporal.

EN In his first solo appearance, Rui Catalão searches for himself. In a dense maze of narratives, he talks about his life as a writer and dancer, explaining how movement and body language progressively came to replace the written word as a his means of expression. But, more than a story, Dentro das Palavras (Inside words) is a fascinating House of Mirrors distorting the frontiers between narrator and character, biography and fiction.

autor e intérprete Rui Catalão desenho de som Fernando Fadigas desenho de luz Eduardo Pinto fotografia Patrícia Almeida gestão de projecto Tânia Guerreiro produção PI - Produções Independentes co-produtores Centrul National al Dansului din Bucuresti, Atelier Real, Galeria Zé dos Bois e PerFormas projecto financiado por Ministério da Cultura/DGArtes

Sala principal com bancada

quarta 2 e quinta 3 Março 21h30

12€ / <30 anos 6€ | Duração aproximada 2h

Dentro das Palavras

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“A nossa época é horrível porque já não cremos – e não cremos ainda. O passado desapareceu, de futuro nem alicerces existem. E aqui estamos nós sem tecto, entre ruínas à espera…” Raul Brandão, Memórias

A Philosophia do Gabiru pretende revisitar o universo literário do militar, jornalista, pintor e escritor Raul Brandão e evidenciar o carácter autobiográfico que este sempre imprimiu na sua obra. Diversas personagens povoam a sua poesia, o seu drama, as suas crónicas e memórias, e todas elas correspondem a um prolongamento de si mesmo, do seu eu contraditório e do seu pensamento crítico.

Retirado de um dos capítulos do poema dramático Os Pobres, o título do espectáculo refere-se aos sonhos, às angústias e às liberdades filosóficas deste filho da República que soube documentar como ninguém, e de forma muito particular, o que era um Portugal em profunda crise económica, política, moral e social, numa época em que o mundo atravessava as mais conturbadas mudanças. A figura do Gabiru – uma espécie de filósofo natural – é, acima de tudo, a projecção de um homem que sempre quis ser maior do que era. É a voz de um lugar erradicado e em permanente transição, tão ventoso como as ideias e as opiniões, cuja pequenez sempre foi inversamente proporcional ao tamanho do seu sonho.

EN A Philosophia do Gabiru (Gabiru´s Philosophy) revisits the writings and the imaginary of the Portuguese soldier, journalist, painter and writer Raul Brandão. Taken from the dramatic poem Os Pobres (The Poor), the title of the performance refers to the dreams, fears and philosophical liberties of this son of the Republic. The character of Gabiru – a kind of natural philosopher – is, above all, a projection of a man who always strove to be larger than life. direcção artística, encenação e espaço cénico Martim Pedroso texto Raul Brandão e Nelson Guerreiro dramaturgia Nelson Guerreiro e Martim Pedroso consultoria literária Maria Antónia Oliveira assistência de encenação Ana Ribeiro interpretação Carlos Alves, Flávia Gusmão, Martim Pedroso, Paula Só, Tânia Leonardo e Tiago Barbosa sonoplastia António Duarte desenho de luz e direcção técnica Mafalda Oliveira produção Materiais Diversos co-produção Maria Matos Teatro Municipal e Centro Cultural Vila Flor

Sala principal com bancada

quinta 10 a segunda 14 Março

segunda a sábado 21h30 domingo 18h00

12€ / <30 anos 6€

teatro | co-produção

A Philosophia do Gabiru

Martim Pedroso

apresentação no âmbito da rede co-financiada por

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Product of other

“Em Product of  other circumstances, Xavier Le Roy não só comprova que é impossível tornar-se um bailarino de butoh em apenas duas horas, como falha redondamente. Mas a boa nova é que, em duas horas, consegue transformar este produto de um método e de um processo num espectáculo, como se pagasse a sua arrogância barata em relação ao butoh com uma modéstia em relação à arte performativa.” Jan Ritsema

Xavier Le Roy é doutorado em Biologia Molecular e figura central da dança contemporânea europeia, combinando teoria e prática no seu trabalho. Depois do seu surpreendente Le Sacre du Printemps, regressa ao Teatro Maria Matos com outro projecto invulgar que surgiu a partir de uma série de e-mails.

Boris Charmatz – Uma vez disseste-me (na altura estávamos a falar sobre pedagogia) que levarias apenas um par de horas para te tornares

um bailarino de butoh. Desde então, fiquei a imaginar-te a fazer essa performance.

Xavier Le Roy – Na verdade digo muitos disparates durante as nossas conversas, não é? Bom, se disse isso, então deveria fazê-lo. Em todo o caso vou pensar nisso. Não sei absolutamente nada sobre butoh.

Em Product of other circumstances, Xavier Le Roy conta-nos sobre a sua aproximação a uma cultura que não conhece e a uma forma de arte que não domina, a dança japonesa butoh. Fala das suas pesquisas e dos livros que leu, partilha as suas dúvidas, projecta pequenos filmes que encontrou no YouTube, mostrando-nos até onde conseguiu chegar. Aprendemos algo sobre butoh? Com certeza, mas muito mais do que isso, mergulhamos no universo de um criador extraordinário e acompanhamo-lo num percurso fascinante, entre o rigor científico e a intuição artística.

EN In Product of other circumstances, Xavier Le Roy tells us about his approach to a culture that he barely knows, and to an art form that he does not master: Japanese butoh dance. He talks about his research process and shows the results of his work. Do we learn anything about butoh? Certainly. But we learn more than that, as we enter the universe of an extraordinary creator and follow his fascinating journey between scientific rigour and artistic intuition.

criação e interpretação Xavier Le Roy produção Le Kwatt co-produção Le Musée de la Danse (Rennes) apoio Embaixada de França na Bélgica agradecimentos Boris Charmatz e PAF (Performing Arts Forum)

Sala principal com bancada

quinta 17 e sexta 18 Março 21h30

12€ / <30 anos 6€ | Duração aproximada 1h50 | Em inglês, sem legendagem

dança

Xavier Le Roy

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(Berlim)

Apresentação no contexto do programa Coreografia Alemã Actual, uma colaboração entre o Maria Matos Teatro Municipal e o Goethe Institut Portugal.

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Sala de ensaios

sexta 18 a domingo 27 Março (excepto quinta 24 e sexta 25)

semana 10h00 sábado 16h00 domingo 11h00

Criança 2,50€ / Adulto 5€ | Duração aproximada 35 min.

Depois de Rubro, retomamos a trilogia da cor, com uma viagem ao interior do Amarelo. Amarelo-canário, amarelo-gema, amarelo-claro, amarelo--torrado, amarelo-vivo muitos são os adjectivos atribuídos a esta cor. Mas na realidade, existem muitos amarelos ou só um que se transforma, qual camaleão? Às vezes, é amargo como os limões, outras doce como o mel. Como podemos chegar a conhecer esta cor tão versátil e intrigante, que se escapa por entre os dedos como areia quando tentamos agarrá-la? É o convite feito neste espectáculo: tentar conhecer o amarelo com todos os nossos sentidos – como cheira, a que soa, a que sabe, que forma tem e que histórias nos pode contar. Certamente, depois de ver o espectáculo, há-de haver quem continue a preferir o verde ou o rosa, mas é mesmo assim! O que seria do mundo se todos gostássemos só do amarelo?

EN After Rubro (Red), we resume the colour trilogy with a journey inside Amarelo (Yellow). How can we get to know this chameleonic colour which slips between the fingers like sand when we try to catch it? Sometimes it is bitter like lemons, and sometimes it is sweet like honey. Let’s experience yellow with all our senses and try to unveil the many stories it contains.

criação Catarina Requeijo ideia original Francisco Moreira concepção plástica Maria João Castelo desenho de luz José Álvaro Correia assistente de encenação Inês Barahona produção executiva Francisca Rodrigues co-produção Truta, Maria Matos Teatro Municipal e Centro Cultural Vila Flor

co-financiada por

apresentação no âmbito da rede

Catarina RequeijoAmarelo

teatro | co-produção

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música

Osso Exótico

Entre Janeiro e Março de 2010, os Osso Exótico apresentaram na Fundação Serralves (Porto), na Appleton Square (Lisboa) e no Beursschouwburg (Bruxelas) O Vapor Que Se Eleva Do Arroz Enquanto Coze, uma das peças que define melhor o actual estado de alma deste projecto: David Maranha, Patrícia Machás e Manuel Mota dedicaram-se aos instrumentos convencionais, André Maranha e Francisco Tropa a outras fontes sonoras e a projecções de imagens arquitectando um som que orbitou entre o rigor tenso dos instrumentos de teclas e a guitarra sinuosa de Manuel Mota, aliado a um contraponto visual, também minimal, de projecções de figuras fora de escala, equilibrando na perfeição o que o grupo lisboeta quer fazer dentro de um campo artístico muito alargado. Sons e imagens tornam-se formas plásticas, moldáveis ao longo do tempo, jogando habilmente com a nossa percepção. Levando ao limite a nossa aproximação ao seu universo, os Osso Exótico propõem uma nova peça, convidando o público para se sentar em seu redor, no palco, atraindo diferentes perspectivas das suas novas composições.

Palco da sala principal

domingo 20 Março 18h00

12€ / <30 anos 6€

EN Opening night for a new piece, following on O Vapor Que Se Eleva Do Arroz Enquanto Coze, which was presented in Lisbon (Appleton Square), Porto (Fundação Serralves) and Brussels (Beursschouwburg) last year. Light and sound machines built by the members of Osso Exótico will make up a composition to be set on stage with the audience around it.

Osso Exótico David Maranha, Patrícia Machás, Manuel Mota, André Maranha, Francisco Tropa

O Pyrgo de Chaves

23Jornal

teatro | um projecto e Mundo Perfeito

criadores Gilles Polet, Goran Sergej Pristas, Judith Davis, Leo Preston, Tiago Rodrigues e Tónan Quito produção executiva Magda Bizarro e Mariana Sampaio produção Mundo Perfeito co-produção Maria Matos Teatro Municipal apoio Fundação Calouste Gulbenkian

Sala principal com bancada

quinta 24 a domingo 27 Março 21h30 12€ / <30 anos 6€

Long Distance Hotel nasceu no âmbito do projecto Estúdios, uma colaboração regular entre o Mundo Perfeito e o Teatro Maria Matos. Em 2010, reuniu seis artistas de cinco países europeus que colaboraram via internet e nunca se encontraram pessoalmente. Depois de seis meses de comunicação virtual, juntaram-se no Teatro Maria Matos em Julho de 2010 e em apenas três dias transformaram a enorme quantidade de material produzida numa experiência teatral. O espectáculo foi uma espécie de teatro instantâneo, reinventado noite após noite, utilizando selecções diferentes do material disponível.

Depois desta experiência, os artistas envolvidos decidiram prolongar a sua comunidade artística virtual e tentar algo ainda mais ambicioso: criar um novo espectáculo integralmente à distância. Escrita, ensaios, construção de cenário, concepção de luzes ou figurinos: tudo será feito através da internet e apresentado em Lisboa, sem ensaios anteriores. Este espectáculo será também a história de uma família provisória e geograficamente dispersa, onde cada um pode inventar a sua biografia virtual e o hóspede que deseja ser no Long Distance Hotel.

O processo criativo virtual poderá ser acompanhado em www.longdistancehotel.org

EN In July 2010 six artists from five different countries met in Lisbon to present a theatre play, the contents of which had been created exclusively through internet communication. The original idea had been to create the entire performance via internet – text, set, props, costumes, lights, etc. – but that proved to be impossible. Impossible? The same team is reuniting this year to give it a second try in Long Distance Hotel Revisited.

Gilles Polet (Bruxelas) licenciado pela escola P.A.R.T.S, em 2008, Bruxelas. Desde então, trabalhou com David Zambrano, Jan Fabre e Alexandra Bachzetsis. Em 2009, o filme Fantasme, de que é co-autor, foi premiado em Montreal. Este projecto de vídeo arte resulta de uma colaboração com os designers Andrew Ly e Kevin Calero.

Goran Sergej Pristas encenador, coreógrafo, drama-turgo e professor assistente no Departamento de Teatro da Academy of Dramatic Art em Zagrebe, Croácia. No seu trabalho, aposta na constru-ção de espectáculos transdisciplinares, numa pesquisa e provocação constantes das fórmulas performativas.

Judith Davis (Paris) licenciada em Filosofia pela Universidade da Sorbonne. Trabalhou como actriz e colaboradora com a companhia tg STAN, Anna Teresa de Keersmaeker e com Frank Vercruyssen. Em 2007, fundou o colectivo teatral L’Avantage du doute. O seu percurso passa pelo cinema com L. Boutonnat e S. Laloy e televisão.

Leo Preston (Bergen) artista interdisciplinar que aborda a complexidade das questões sociais do nosso tempo. Colabora com os Non-Company, Gadegaleriet, Priya Mistry, Malena Pedersen, Fokuda e muitos outros. Para além da performance teatral, também produz trabalhos nas áreas do cinema, da música e street art.

Tiago Rodrigues (Amadora) actor, dramaturgo, produtor, encenador e director artístico do Mundo Perfeito. Escreveu, interpretou e dirigiu mais de uma dezena de criações. Desde 1998, colabora com a companhia belga tg STAN. Lecciona teatro em Portugal e na Bélgica. O seu percurso também passa pelo jornalismo, guionismo e cinema.

Tónan Quito (Lisboa) licenciado em Formação de actores/encenadores pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Trabalhou com Luís Miguel Cintra, Christine Laurent, Carlos J. Pessoa e muitos outros. No cinema trabalhou com Miguel Angél Vivas, Inês Oliveira, Jorge Silva Melo, Felipe Melo e Joaquim Leitão. Em 2003 fundou a Truta.

Leo Preston, Tiago Rodrigues, Tónan QuitoGilles Polet, Goran Sergej Pristas, Judith Davis,

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24 Jornal

Seis peças biográficasTeatro Turim

performance produção

Há biografias literárias, autobiografias políticas, biopics sobre celebridades, biografias históricas e até um canal televisivo exclusivamente dedicado à biografia, mas raramente se fala sobre a biografia nas artes do espectáculo. No entanto, a utilização de materiais (auto)biográficos é corrente no teatro e muitos são os criadores que se apropriam do género e o adaptam para o palco.

De Dezembro de 2010 a Março de 2011, o Teatro Maria Matos organiza um laboratório de criação para seis projectos de criadores emergentes, culminando na criação de seis peças (auto)biográficas, com duração máxima de 30 minutos. Os participantes são acompanhados pelo criador Rui Catalão ao longo dos seus processos de criação e têm encontros de trabalho e oficinas com Nature Theater of Oklahoma, Nelson Guerreiro, Maria Antónia Oliveira, Xavier Le Roy e Mark Deputter. As seis criações resultantes deste processo partilhado são apresentadas em cinco noites consecutivas no Teatro Turim.

EN There are literary biographies, political autobiographies, celebrity biopics, historical biographies and even a TV biography channel, but theatrical biographies are something unheard of. Still, many plays and performances include biographical materials and many theatre directors have adapted the format to the stage. In the context of this creative lab biography, six emerging artists are invited to create a 30min (auto)biographical piece.

sexta 25 a terça 29 Março Preço único por dia 6€

Teatro TurimEstrada de Benfica, n.º 723 A

(em frente à Igreja de Benfica)Ver na pág. 39 como chegar

sexta 25 e segunda 28 Março 21h30

Maria Gil / Raquel Castro / MESADuração aproximada 1h50 com intervalo

sábado 26 e terça 29 Março 21h30

Rita Natálio / Sofia Dinger / HÁ.QUE.DIZÊ-LO Duração aproximada 1h50 com intervalo

domingo 27 Março 16h00 Sessão Especial Dia Mundial do Teatro

Maria Gil / Raquel Castro / MESA / Rita Natálio / Sofia Dinger / HÁ.QUE.DIZÊ-LO Duração aproximada 3h30 com intervalo

Apresentação em colaboração com o Teatro Turim

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25Jornal

A guitarra portuguesa suporta aos seus ombros a maior e mais pesada das heranças lusitanas ao assumir-se como o veículo do fado e, consequentemente, o nosso mais legítimo instrumento. No entanto, há uma espécie de destino cruel para o seu repertório solístico, parecendo permanentemente refugiar-se no valioso espólio que Carlos Paredes nos deixou, não admitindo nem muitos, nem importantes concorrentes, como se a guitarra portuguesa tivesse esgotado o seu léxico. Aliás, é o próprio Ricardo Rocha – talvez o melhor solista da actualidade – que confessa regularmente o seu relativo desapego que nutre pela guitarra, desiludido pela sua rigidez musical. A relação de todos nós com o instrumento que melhor nos poderia singularizar é, também por si, a maior prova das nossas características e um modo muito idiossincrático de como nos definimos colectivamente. Ainda assim, na exígua lista de soberbos executantes, o nome de Ricardo Rocha parece alumiar um pouco do futuro que esperamos para a guitarra, atirando-a para um mundo novo

de referências – incluindo as tradições lavradas por Carlos Paredes e Pedro Caldeira Cabral – que nos devolve a esperança que a história do instrumento não se afunde nas páginas e nas gravações de um arquivo etnográfico. Também por isso, esta noite é rara; tal como as hipóteses de ouvirmos Ricardo Rocha em palco, sozinho com a sua e nossa guitarra.

EN Ricardo Rocha has a strong relationship with Fado both professionally and family-wise, but with his latest album Luminismo, he seems intent on restoring part of the history that the Portuguese guitar has always promised but never fulfilled. More importantly, he reclaims for himself a substantial part of modern guitar history, inheriting and moving beyond the teachings of Carlos Paredes and Pedro Caldeira Cabral.

guitarra portuguesa Ricardo Rocha

Sala principal

terça 29 Março 22h00

12€ / <30 anos 6€

Ricardo Rocha

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Luminismo

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“Antes de mais, Jérôme Bel é um passeur. De palavras, gestos, intimidades e histórias singulares que de vez em quando se cruzam com a História universal. Sob a sua inspiração, Cédric Andrieux – o seu corpo exposto ao olhar, imóvel ou em movimento, dançando trechos da sua vida, púdico e vulnerável nesta encenação de si próprio – enche o teatro com uma presença intensa.”

Paris Art, Céline Piettre, 2009

Cédric Andrieux integra a geração de bailarinos que deram corpo à década de ouro da dança contemporânea francesa nos anos 80 e 90. Recebeu a sua formação em Paris, dançou na Merce Cunningham Dance Company e integrou o Lyon Opera Ballet. No espectáculo autobiográfico Cédric Andrieux, fala sobre a sua vida como bailarino, a sua carreira e os encontros com coreógrafos que o marcaram, mostrando excertos de obras de coreógrafos de renome como Merce Cunningham e Trisha Brown. Na encenação depurada de Jérôme Bel, Cédric Andrieux apresenta-se com toda a simplicidade ao público num palco vazio, mas pouco a pouco vai enchendo o teatro com a sua intensa presença. À medida que vai reconstruindo a sua história pessoal, encena um encontro com a História da dança.

Cédric Andrieux faz parte de uma série de espectáculos “autobiográficos”, iniciada em 2004 com Véronique Doisneau, um solo para a bailarina do corpo de ballet da Ópera de Paris. Seguiram-se Isabel Torres, para a bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Pichet Klunchun and myself, um dueto criado em Bangkok com o bailarino de dança clássica tailandesa Pichet Klunchun, e Lutz Förster, para o intérprete de Pina Bausch, Bob Wilson e José Limòn Dance Company.

EN Cédric Andrieux belongs to the golden age of contem-porary dance in France. After studying in Paris, he danced with Merce Cunningham Dance Company and the Lyon Opera Ballet. In Cédric Andrieux, he looks back on his career, talks about his life as a dancer and shows fragments of choreographies by Merce Cunningham and Trisha Brown, amongst others. And while narrating his personal biography, he shows us a glimpse of the history of postmodern dance.

concepção Jérôme Bel criação e interpretação Cédric Andrieux excertos de espectáculos de Trisha Brown (Newark), Merce Cunningham (Biped, Suite for 5), Philippe Tréhet (Nuit Fragile) e Jérôme Bel (The show must go on) coaches Jeanne Steele (Merce Cunningham) e Lance Gries (Trisha Brown) direcção de produção Sandro Grando co-produção Théâtre de la Ville, Festival d’Automne e R.B. Jérôme Bel apoios Centre National de la Danse, La Ménagerie de Verre e Baryshnikov Arts Center R.B Jérôme Bel é financiado por Direction régionale des affaires culturelles d’Ile-de-France, Ministère de la culture et de la communication e CulturesFrance, Ministère des Affaires Étrangères, para as digressões internacionais digressão em Portugal Viseu, Teatro Viriato, 26 de MarçoPorto, Fundação de Serralves, 3 de Abril

Sala principal

quarta 30 e quinta 31 Março 21h30

15€ / <30 anos 7,50€ | Duração aproximada 75 min. | Em inglês, sem legendagem

Jérôme Bel

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Cédric Andrieux

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(Paris)

apresentação no âmbito da rede

co-financiada por

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mm Oficinas

Conversas

A partir dos 6 anos

Oficina de dança Marina Nabais Vamos dançar? pág. 29

A partir dos 7 anos

Oficina de dança Cláudia Nóvoa & Pedro Ribeiro Dançar o silêncio pág. 29

A partir dos 18 anos Workshop de voz Ute Wassermann pág. 30

A partir dos 10 anos Oficina de escrita e teatro Miguel Fragata Pessoal e intransmissível pág. 30

Seminário Artes da existência: biografia, autobiografia e autoficção pág. 31

Super Disco pág. 32

Encontro Nature Theater of Oklahoma pág. 32

Entrevista: As peças autobiográficas de Jérôme Bel págs. 33 a 38

Dossier Biografia

oficina de dançaco-produção

a partir dos 8 anos | Escolas do 1.º ciclo

Vamos dançar? Dançar o silêncio

Alguma vez experimentaste olhar o mundo sem som, comunicar sem palavras? Alguma vez experimentaste sentir o silêncio, dançar o silêncio? Num mundo repleto de sons e de palavras há pessoas que comunicam em silêncio, numa linguagem feita de gestos que escrevem no ar. Uma bailarina e um actor surdo conduzem esta oficina onde se cruza a dança com a linguagem gestual, criando uma nova forma de comunicar e de contar histórias sem palavras. Será que a dançar podemos atravessar a fronteira entre o som e o silêncio?

EN In a world full of sounds and words, there are people who communicate in silence, in a language made of signs written in the air. A dancer and a deaf actor will lead this workshop, where the combination of dance and sign language creates a new form of communicating and telling stories without words. Can we cross the border between sound and silence by dancing?

Cláudia Nóvoa foi bailarina do Ballet Gulbenkian até à sua extinção. Além do trabalho enquanto coreógrafa, tem desenvolvido projectos pedagógicos com escolas e instituição culturais, orientando cursos de dança.

Pedro Ribeiro é actor e nasceu surdo. Dirige a companhia Os Palhasurdos e tem integrado projectos tanto para surdos como para ouvintes, como sexyMF da dupla Ana Borralho & João Galante. Foi enquanto aluno do Chapitô que iniciou o seu trabalho com Cláudia Nóvoa.

co-produção Maria Matos Teatro Municipal e Centro Cultural de Vila Flor

Sala de ensaios

quarta 9 a domingo 13 Fevereiro

semana 10h00 sábado 16h00 domingo 11h00

Preço 3€ | Duração 3h

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Marina Nabais

Vamos dançar? é um percurso em movimento. A partir dos dois últimos trabalhos de Marina Nabais, como coreógrafa e como bailarina, os participantes poderão ver, debater e experimentar algumas das questões presentes no seu universo: “De onde vem a minha dança? Como se encaixa no meu corpo?”

EN Vamos dançar? (Shall we dance?) is a moving journey. From Maria Nabais’ two latest works as a choreographer and a dancer, the participants will have the chance to see and experience some of the questions which are present in her universe: “Where is my dancing coming from? How does it fit with my body?”.

Marina Nabais nasceu em Luanda. Estudou na Escola Superior de Dança e na School for New Dance Development em Amesterdão. Em 2003, cria a associação cultural A menina dos meus olhos, onde faz da dança o motor e o elo de ligação entre os seus trabalhos como intérprete, coreógrafa, formadora e directora artística.

Sala de ensaios

quinta 13 e sexta 14 Janeiro 10h00

Preço 2€ | Duração 2h

oficina de dançaa partir dos 6 anos | Escolas do 1.º Ciclo

Pedro Ribeiro

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apresentação no âmbito da rede

co-financiada por

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Cláudia Nóvoa &

29Jornal

oficina de escrita e teatroa partir dos 10 anos | Escolas do 1.º Ciclo

Workshop de voz

Além da sua actividade performativa, Ute Wassermann investe, igualmente, no trabalho pedagógico. Nos seus workshops, explora técnicas vocais relacionadas com o registo, o timbre e a articulação, com vista a uma utilização combinatória. Muitas das suas atenções passam ainda pelo aproveitamento das características arquitectónicas do espaço de actuação, por vezes com recurso a dispositivos que permitam vários tipos de ressonância. Os três dias de workshop culminam com uma apresentação pública no concerto de Ute Wassermann inserido no ciclo Palavras Desencarnadas 3.

EN In this workshop, Ute Wassermann explores vocal techniques related to register, timbre and articulation and their combined use. She also gives a lot of attention to the architectonical characteristics of the concert hall and frequently uses artefacts to create a variety of possible resonances.

Sala de ensaios

terça 22 a quinta 24 Fevereiro

14h30 às 17h30

Preço 35€ (preço associados/parceiros Granular: 25€)Inscrições até 18 Fevereiro | Reservas e inscrições em [email protected]

Miguel FragataPessoal e

Quando um escritor cria um heterónimo, é como se inventasse uma outra pessoa que escreve por si. Desde criança que Fernando Pessoa inventava as suas pessoas com respectivos Bilhetes de Identidade. Seriam heterónimos, personagens como no teatro ou amigos imaginários? Nesta oficina, inventaremos os nossos próprios heterónimos e as suas identidades. Depois damos-lhes corpo, porque, afinal, se na literatura se inventam pessoas, é no teatro que elas ganham vida.

EN When a writer creates a heteronym, it is as though he has invented another person that becomes a writer in his own right. In this workshop, we will create our own heteronyms and their respective identities – just like Fernando Pessoa did – which then will be embodied on stage. Literature creates characters, but it is in theatre that they truly come to life.

Miguel Fragata licenciou-se em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Trabalhou com os encenadores Madalena Victorino, Cristina Carvalhal, Catarina Requeijo, Agnès Desfosses, Jorge Andrade, Giacomo Scalisi, entre outros, e com o cineasta Pedro Palma. Tem criado diversas oficinas para o CCB, Padrão dos Descobrimentos, Fundação Calouste Gulbenkian e Artemrede. Foi professor de Artes Performativas na Casa Pia de Lisboa.

Sala de ensaios

terça 1 a domingo 6 Março

semana 10h00 sábado 16h00 domingo 11h00

Preço 2€ | Duração 2h

workshop de voz a partir dos 18 anos

Ute Wassermann

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intransmissívelA partir de Dia Triunfal de Rita Nunes

30 Jornal

Artes da existência: biografia, autobiografia e autoficção

seminário

Este seminário irá explorar as noções de biografia, autobiografia e autoficção, bem como a história e as polémicas do género. Serão discutidas as relações arte/vida, biógrafo/biografado e ficção/biografia enquanto narrativa factual. A par de uma panorâmica histórica, com relevância do campo literário, das formas extremamente diversas que a história de vida de homens e mulheres pode assumir, procurar-se-á evidenciar processos e modos pelos quais o género biográfico, na utilização de material ligado à vida, tem servido como motor de criação nas artes performativas e visuais. Partindo de vários “exercícios do eu” nas artes, procurar-se-á responder às questões: em que medida a exploração (auto)biográfica é um dos pontos de partida preferidos para a criação? Como é que ela, em consequência, se tornou uma porta de entrada para a análise dos trabalhos de inúmeros criadores?Os participantes serão incentivados a encontrar e desenvolver trabalho no âmbito do tema do seminário.

“...um livro devia ser uma confissão, com um personagem único, o autor.”

“Pratico o confessionalismo na voz do outro que também sou eu.”

Raul Brandão , Memórias

Na segunda parte, os participantes terão oportunidade de apresentar os seus trabalhos. Haverá ainda lugar ao estabelecimento de ligações entre as temáticas abordadas e o espectáculo A Philosophia do Gabiru, a partir do universo literário de Raul Brandão, em cena no Teatro Maria Matos entre 10 e 14 de Março de 2011.

EN The seminar The Arts of Existence focuses on biography, autobiography and auto-fiction. After a historical overview, with an inevitable bias towards literary biography, we move on to study processes and modes in which biographical formats have influenced the performing and visual arts. In the second part of the seminar, we continue our research focussing on the case study of A Philosophia do Gabiru.

Nelson Guerreiro É actualmente docente na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha nos cursos de Teatro e Som e Imagem e frequenta um programa de doutoramento em Teoria, História e Prática do Teatro. A partir de 2001, voltou-se para a criação: nasceram vários projectos de performance, teatro e cruzamentos disciplinares. Para além disso, é membro da plataforma de sinergias criativas: sindicato.biz. Integra a equipa do espectáculo A Philosophia do Gabiru como dramaturgista e co-autor do texto.

Maria Antónia Oliveira foi docente de Literatura Portuguesa e Francesa (séculos XIX e XX) durante 11 anos, no Instituto Piaget. É autora de ensaios sobre vários escritores portugueses, dedicando-se posteriormente à biografia, género ao qual dedicou várias conferências e artigos. É autora do livro Alexandre O’Neill - Uma biografia literária (2007). É co-responsável pela edição da obra de Alexandre O’Neill (Assírio & Alvim). Elaborou tese de doutoramento, intitulada Os biógrafos de Camilo, na Universidade Nova de Lisboa. É membro do colectivo sindicato.biz.

Parte IIParte I

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Maria Antónia Oliveira

Parte I Sala de ensaios

sábado 8 e domingo 9 Janeiro

sábado 11h00 às 13h00 e 15h00 às 20h00

domingo 15h00 às 20h00

Preço 40€ | Inscrições até 7 Janeiro | Público-alvo: Artistas, estudantes de artes, literatura e ciências humanas, jornalistas, biógrafos e todos os interessados

Parte II Palco da sala principal

sábado 12 e domingo 13 Março

sábado 11h00 às 13h00 e 15h00 às 18h00

domingo 11h00 às 14h00

Nelson Guerreiro e

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31Jornal

super disco

mm encontro

O reinício do Super Disco entre Setembro e Dezembro últimos, agora no seu segundo ano de existência, trouxe até nós quatro testemunhos importantes para continuarmos a acreditar que um disco, escolhido à revelia de muitos outros, carrega histórias e simbolismos que devem ser partilhados. São discos que nos abrem portas para pessoas, acontecimentos, e, claro, muitos outros discos. E com discos descobrimos momentos singulares que nos transportam para as nossas relações com a música e os instantes particulares que as rodeiam e formalizamos uma cumplicidade quando nos reunimos para escutar palavras e música.

Nuno Rogeiro trouxe-nos Frank Zappa e um mundo alternativo à sua visibilidade mediática; Dinis Neto e Goldie traçaram-nos uma possível ligação entre o teatro e o djing; Ana Cristina Ferrão e Joni Mitchell relembraram-nos a importância de António Sérgio; e Rui Pregal da Cunha e Dr Buzzard’s Original Savannah Band trouxeram memórias da inauguração dos anos 80 em Lisboa. Mais discos e convidados se seguirão, nestes próximos três meses, com particular destaque para a sessão de Março, dedicada ao dia mundial do teatro.

Recorde as sessões anteriores do Super Disco transmitidas na rádio Oxigénio em www.teatromariamatos.pt

EN In this second year of Super Disco (Super Record) sessions, we continue welcoming to our mmcafé selected guests who are particularly fond of music and its physical medium. The sessions start off by asking them to justify the (always unfair) choice of a favourite record above all other favourites, and soon the conversation flows through memories and confessions which bring light on the personal history of each individual guest and their passionate relationship with records.

Super Disco um programa da Flur e do Maria Matos Teatro Municipal com os apoios da Rádio Oxigénio e da MK2

Nature Theater of

A utilização de elementos biográficos é recorrente na obra da companhia Nature Theater of Oklahoma. No Dice utilizava gravações de conversas telefónicas e Rambo solo incorporava fragmentos de vídeos caseiros, mas Life and Times, o projecto mais recente, é sem dúvida o mais ambicioso: irá transpor 16 horas de gravações áudio num mega-projecto teatral em dez episódios que conta a vida de uma mulher, desde a nascença até aos dias de hoje. Neste encontro, os directores artísticos da companhia falam sobre as suas obras, mostram fragmentos de vídeo e desvendam os seus processos de trabalho.

EN New York troupe Nature Theater of Oklahoma often uses biographical elements in its work. Convincing examples in case are No Dice, Rambo solo and the mega-project Life and Times. In this public conversation, the artistic directors of the company talk about their work, show video fragments and disclose their working processes.

Nature Theater of Oklahoma é um colectivo dirigido por Pavol Liska e Kelly Copper, sedeado em Nova Iorque. Têm-se dedicado a trabalhos que, à partida, não sabem fazer, colocando-se em situações impossíveis, e trabalham a partir da ignorância e do desconforto dessas situações. Usam material readymade, conversas de outros que ouvem e gestos que observam, e, através de uma manipulação formal extrema, conseguem uma mudança na percepção da realidade quotidiana que se estende para lá do espaço da performance.

Sala principal

segunda 24 Janeiro 19h00 às 21h30

Entrada livre | Público-alvo: Artistas, estudantes de artes performativas, jornalistas e todos os interessados no trabalho da companhia.

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Kelly Copper

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Oklahoma

mmcafé sábados 18h30 22 Janeiro, 19 Fevereiro, 26 MarçoEntrada Livre

Pavol Liska e

32 Jornal

As peças autobiográficas de Jérôme Bel Entrevista de Mark Deputter a Jérôme Bel

Pichet Klunchun and myself © association R.B.

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Véronique Doisneau, Isabel Torres, Pichet Klunchun and myself, Lutz Förster e Cédric Andrieux. Desde 2004, o teu trabalho fala sobre a dança, dando voz a bailarinos. Nem um coreógrafo, historiador, programador,

teórico ou crítico de dança, mas exclusivamente bailarinos. Porquê?

Porque os coreógrafos não sobem necessariamente ao palco, porque os historiadores escrevem livros de História, porque os teóricos elaboram teorias escritas, porque os programadores fazem festivais ou dirigem teatros, porque os críticos escrevem em jornais. Só os bailarinos ocupam o palco e o meu trabalho é o de ocupar esses mesmos palcos. A operação que realizei com estes solos para bailarinos, foi dar voz a estas pessoas que dançam muito, mas que nunca falam ou que falam muito pouco comparado com os outros agentes do campo coreográfico. Parecia-me que estávamos diante de um discurso que nunca havia sido ouvido. Pensei que seria interessante dar-lhes voz, pensei que os bailarinos poderiam ensinar-nos coisas sobre a dança, que tinham uma experiência específica e que estava confinada ao silêncio. Devo dizer que foi como a descoberta de uma mina de ouro. Para mim, foi muito enriquecedor ouvi-los contar o seu trabalho como bailarinos. Aprendi imenso sobre a dança, sobre certas tradições ou certos projectos artísticos em que estes bailarinos participaram, tendo sido testemunhas privilegiadas. O que me interessa é o seu testemunho. Estes solos são pesquisas que efectuo sobre certas práticas coreográficas que me interessam e que foram fundamentais para mim, e os bailarinos são as principais testemunhas.

Falas sobre os testemunhos e descobertas, isto quer dizer que existem coisas importantes que não vemos no palco porque acontecem fora do espectáculo - antes, depois, nos bastidores? Ou existem muitas coisas que acontecem no palco, mas que o espectador não vê (não sabe para onde deve olhar) ou deixa de ver (pela força do hábito)?

Sim, é isso. Vemos espectáculos que são uma visão do coreógrafo, mas acontecem muitas outras coisas. Por exemplo, o que pensa o bailarino que executa aquilo que o coreógrafo lhe pediu para fazer. Como é evidente, isso é, habitualmente, escondido. Mas aquilo que me interessava era saber o que se passa na cabeça de um bailarino que executa um movimento. E apenas a linguagem pode transmitir isso. E, obviamente, acontece muita coisa fora do espectáculo. Coisas que não podem ser vistas no palco. O ensaio, a aula de dança, a vida da companhia, a instituição, as relações complexas com os coreógrafos, etc.A ideia é a de representar, ou melhor, apresentar o bailarino enquanto trabalhador. Qual é esse trabalho? O que provoca esse trabalho nas pessoas que o executam? Será que esse trabalho produz uma alienação ou, pelo contrário, uma emancipação? Será que os projectos artísticos nos quais estes bailarinos participam têm uma influência sobre a maneira como trabalham? Será que a prática artística está relacionada com a prática socioprofissional do bailarino? Será que a prática da dança pode fazer reflectir sobre o mundo do trabalho? Tratam-se de questões obsessivas porque estou convicto (porém não consigo prová-lo) de que aquilo que o espectador experiencia quando assiste a um espectáculo é o pensamento do intérprete. Por muito que façamos um actor rir no palco, se ele estiver triste, essa tristeza é transmitida. Posso ter prazer ao rir com ele, porque vejo aquilo que ele procura dar-me. No entanto, sei que “capto” uma outra realidade.Estes solos são uma resposta a essa constatação. Os intérpretes destes solos estão em conformidade com o discurso que produzem no palco. São as suas vidas, os seus textos, as suas verdades e também as suas ficções. Mas são deles. É a minha resposta a esta tradição terrível do trabalho do bailarino; como digo muitas vezes, só existe uma profissão mais dura do que a do bailarino: é a de militar. Felizmente, no decorrer da história recente, vários projectos coreográficos tentaram emancipar o bailarino. Tento dar continuidade a esse trabalho como posso.

Véronique Doisneau © Jérôme Bel

Isabel Torres© Jerome Bel

pela coreografia, pelo seu papel no espectáculo, na estrutura da companhia, na tradição. Os bailarinos com os quais trabalhaste até agora pertencem todos a práticas bastante estruturadas e polidas pelo tempo: o ballet, a dança tradicional khon tailandesa, Pina Bausch, Merce Cunningham… Parece-me que o tempo é um conceito crucial nestes espectáculos autobiográficos: a duração de um espectáculo, a duração de uma carreira, o tempo de uma vida, o tempo da construção de uma prática coreográfica, o tempo da tradição. Existe um elemento épico nestas histórias, como também algo de muito frágil e de poético, que decorre desta situação extraordinária do espectáculo vivo, onde o tempo privado e o tempo público se cruzam quando o bailarino sobe ao palco.

Exactamente. Estes solos situam-se no cruzamento da história e da História, quando a história das suas vidas vai ao encontro da História da dança. É exactamente esta combinação que está no centro da questão: dos sujeitos da História.

Ainda pretendes criar outras peças biográficas?

Ainda estou a fazer um solo com uma bailarina de Bharata Nattyam (dança clássica do Sul da Índia) que posteriormente foi para a P.A.R.T.S com a Anne Teresa de Keersmaeker, mas quero concluir esta série ou esta extensíssima peça e, para tal, vou fazer um último solo com Frédéric Seguette, com quem trabalhei durante 15 anos, e que foi o intérprete mais importante do meu trabalho. É uma maneira de fechar o ciclo. Com efeito, estes solos permitiram-me compreender melhor determinadas práticas coreográficas que foram, para mim, fundamentais (ballet, modern dance americana, expressionismo alemão, teatro extra ocidental…). O último solo seria o resultado destas “formações”, experiências: o meu próprio trabalho. É arriscado, mas não vejo qualquer outra solução para concluir esta obra.

Bailarino, militar… dizes isso por causa da hierarquia e da disciplina? Estar incondicionalmente sob as ordens de outra pessoa ou de um projecto maior? Então, os solos são também actos de emancipação? A abordagem autobiográfica será um acto de humanização? Os psicólogos dizem que é sempre preciso falar de si quando estamos diante de alguém que nos ameaça com uma arma...

Ah, não sabia disso. Mas é bom sabê-lo, obrigado Mark. A emancipação está no centro do meu projecto artístico. A minha própria emancipação, a emancipação dos espectadores e a emancipação dos bailarinos com os solos. A autobiografia permite a subjectivização, os solos têm todos os nomes dos bailarinos para subjectivar o mais possível os seus discursos. Produzir um sujeito perante a objectivação de que o bailarino é frequentemente vítima: o bailarino é, muitas vezes, nada mais do que um objecto dançante, um trabalhador especializado na dança. Penso novamente nessa história de “falar de si a uma pessoa que nos ameaça com uma arma”. E isso faz com que eu pense que estes solos são os meus primeiros sucessos públicos, quero dizer, até Véronique Doisneau, o meu trabalho nunca tinha sido um sucesso público. Era reconhecido e respeitado no meio da dança, mas era sempre difícil com o público. Com os solos, assistiu-se a uma multiplicação da recepção do trabalho. Fiquei muito surpreendido e contente. É como se tivesse encontrado uma maneira de exprimir-me com mais clareza. É como se o meu trabalho, subitamente, deixasse de produzir um mal-entendido … e, agora, penso que o público é como “alguém que me ameaça com uma arma” e que é preciso falar-lhe sobre si… teoria muito interessante!!!

Sim, é provável que seja exactamente a mesma lógica: o objecto torna-se sujeito e, a partir desse momento, é muito mais complicado matá-lo, reduzi-lo à insignificância. O trabalhador da dança, como dizes, não tem nenhum significado senão aquele que lhe é atribuído

Lutz Förster © Anna Van Kooij

Cédric AndrieuxPhotographer: Herman Sorgeloos

38 Jornal

Bilheteira

todos os dias das 15h00 às 20h00em dias de espectáculo, até 30 minutos depois do início do mesmo218 438 [email protected]

Outros locais de venda Fnac | ticketline 707 234 234 | www.ticketline.pt

Classificação

Os concertos, os espectáculos de dança e os espectáculos do Projecto Educativo têm classificação “maiores de 3 anos”. Os restantes espectáculos incluídos neste programa têm classificação a definir.

Descontos*

desconto 50% menores de 30 anos, estudantes, maiores de 65 anos, pessoas com deficiência e acompanhante, desempregados, profissionais do espectáculo, funcionários da CML e empresas municipais (extensível a acompanhante)

desconto 30% grupos com 10 ou mais pessoas (com reserva e levantamento antecipado)

projecto educativo - espectáculos5€ preço único para adultos2,50€ preço único para menores de 13 anos

*descontos não acumuláveis

Teatro Maria Matos Como chegar

Maria Matos Teatro MunicipalAvenida Frei Miguel Contreiras, 521700-213 Lisboa

comboio Roma-Areeirometro Romaautocarros 7, 35, 727, 737, 767

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Projecto Educativo - reservas para escolas

Rafaela Gonçalves218 438 [email protected]

Co-produções TMM em digressão

Janeiro-Março 2011

Victor Hugo PontesVice-Versaestreia: Janeiro 2010Torres Vedras, Teatro-Cine de Torres Vedras, 15 Janeiro 2011Portimão, TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, 20, 21 e 22 Janeiro 2011

Aldara BizarroA Casaestreia: Junho 2010Ovar, Centro de Artes de Ovar, 4 Fevereiro 2011 Ílhavo, Centro Cultural de Ílhavo, 17 e 18 Fevereiro 2011

Patrícia Portela A Colecção Privada de Acácio Nobreestreia: Setembro 2010Antuérpia (Bélgica), Theater Monty, 11 e 12 Fevereiro 2011Bruxelas (Bélgica), Kaaitheater Studio, 26 Fevereiro 2011

Real PelágioEnquanto o meu cabelo crescia - Histórias Magnéticas

estreia: Fevereiro 2011Guarda, Teatro Municipal da Guarda, 29 Março 2011

Martim PedrosoA Philosophia do Gabiruestreia: Março 2011Guarda, Teatro Municipal da Guarda, 25 Março 2011

Reservas

Levantamento prévio obrigatório até 30 minutos antes do espectáculo.

TeatroMariaMatos

Teatro Turim Como chegar

Estrada de Benfica, 723 A (em frente à Igreja de Benfica)1500-088 Lisboa

comboio Benficametro mais próximo Colégio Militarautocarros 16, 54, 746, 750, 758, 768, 780

3 aos 5 anos

Amarelo 16h00

Media PartnersParceiros

Espectáculos inseridos no

Dia Mundial do Teatro

sábado 26 Março

3 aos 5 anos

Amarelo 11h00Super Disco 18h30

Seis peças biográficas 21h30

Long Distance Hotel Revisited 21h30

3 aos 5 anos

Amarelo 11h00

domingo 27 Março

Seis peças biográficas 16h00

Long Distance Hotel Revisited 21h30

www.teatromariamatos.pt

Equipadirector artístico Mark Deputterprogramador música Pedro Santosprogramadora projecto educativo Susana Menezesassistente de programação Laura Lopesgestora Andreia Cunhaadjunta de gestão Glória Silvadirector de produção Joaquim Renéadjunta direcção de produção Mafalda Santosprodutora executiva Ana Gomesprodutora do projecto educativo Rafaela Gonçalvesdirectora de comunicação Catarina Medinagabinete de comunicação Rita Tomásimagem e design gráfico Luciana Fina e Moritz Elbertdirectora de cena Rita Monteiroadjunta direcção de cena Sílvia Lécamareira Sandra Ferreiradirector técnico Zé Ruiadjunto direcção técnica Luís Duartetécnicos de audiovisual Félix Magalhães, Miguel Mendes, Rui Monteirotécnicos de iluminação/palco Catarina Ferreira, Luís Balola, Manuel Martins, Paulo Lopesbilheteira/recepção Carla Cerejo, Rosa Ramos, Vasco Correiafrente de sala Complet’arte - Isabel Clímaco (chefe de equipa), Cristina Almeida, Estevão Antunes, Fernanda Abreu, Marta Dias, Ricardo Simões, Sandra Lameira, Sérgio Torres

mm jornal proprietário EGEAC, EEMdirector Mark Deputtereditora Catarina Medinadesign e fotografia da capa Luciana Fina e Moritz Elbertmorada Calçada Marquês de Tancos, 2, 1100-340 Lisboasede de redacção Rua Bulhão Pato, 1B, 1700-081 Lisboatiragem 41.500 exemplaresperiodicidade quadrimestraltipografia Mirandela

TeatroAv. Frei Miguel Contreiras, 521700-213 Lisboa

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