Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

download Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

of 70

Transcript of Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    1/70

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    2/70

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    3/70

    Direito Reservado ao PosEAD.

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    Braslia-DF, 2010.

    A AvaliaoPsicopedaggica

    Institucional

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    4/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    4

    Elaborado por:

    Mnica Souza Neves-Pereira

    Produo:Equipe Tcnica de Avaliao, Reviso Lingustica e Editorao

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    5/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    5

    Apresentao .................................................................................................................................................. 4

    Organizao do Caderno de Estudos e Pesquisa ........................................................................................... 5

    Organizao da Disciplina .............................................................................................................................. 6

    Introduo ...................................................................................................................................................... 7

    Unidade I A Construo da Identidade do especialista em Psicopedaggica .......................................... 9

    Captulo 1 Psicopedagogia: Uma Identidade em Construo .................................................................. 9

    Unidade II A Psicopedagogia Institucional ................................................................................................ 17

    Captulo 2 Psicopedagogia Institucional: Conceituao e Dimenses Constitutivas ............................... 17

    Unidade III A Avaliao Psicopedaggica Institucional ........................................................................... 27

    Captulo 3 As Bases Conceituais da Avaliao Psicopedaggica Institucional ....................................... 27

    Captulo 4 A Construo do Instrumental de Avaliao Psicopedaggica Institucional .......................... 36

    Referncias ..................................................................................................................................................... 56

    Texto Complementar ...................................................................................................................................... 58

    Sumrio

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    6/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    6

    Caro aluno,

    Bem-vindo ao estudo da disciplinaA Avaliao Psicopedaggica Institucional.

    Este o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realizao e odesenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliao de seus conhecimentos.

    Para que voc se informe sobre o contedo a ser estudado nas prximas semanas, conhea os objetivos da disciplina, aorganizao dos temas e o nmero aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade.

    A carga horria desta disciplina de 40 (quarenta) horas, cabendo a voc administrar o tempo conforme a suadisponibilidade. Mas, lembre-se, h uma data-limite para a concluso do curso, incluindo a apresentao ao seu tutordas atividades avaliativas indicadas.

    Os contedos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em captulos de forma didtica, objetiva e

    coerente. Eles sero abordados por meio de textos bsicos, com questes para reflexo, que faro parte das atividadesavaliativas do curso; sero indicadas, tambm, fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisascomplementares.

    Desejamos a voc um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar dedistantes, podemos estar muito prximos.

    A Coordenao

    Apresentao

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    7/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    7

    Organizao do Caderno de Estudos e Pesquisa

    Apresentao: Mensagem da Coordenao.

    Organizao da Disciplina: Apresentao dos objetivos e da carga horria das unidades.

    Introduo: Contextualizao do estudo a ser desenvolvido por voc na disciplina, indicando a importncia desta para

    sua formao acadmica.

    cones utilizados no material didtico

    Provocao: Pensamentos inseridos no material didtico para provocar a reflexo sobre sua prtica eseus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina.

    Para refletir: Questes inseridas durante o estudo da disciplina para estimul-lo a pensar a respeito

    do assunto proposto. Registre sua viso sem se preocupar com o contedo do texto. O importante verificar seus conhecimentos, suas experincias e seus sentimentos. fundamental que voc reflitasobre as questes propostas. Elas so o ponto de partida de nosso trabalho.

    Textos para leitura complementar: Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos dedicionrios, exemplos e sugestes, para lhe apresentar novas vises sobre o tema abordado no textobsico.

    Sintetizando e enriquecendo nossas informaes: Espao para voc fazer uma sntese dos textose enriquec-los com sua contribuio pessoal.

    Sugesto de leituras, filmes,sites e pesquisas: Aprofundamento das discusses.

    Praticando: Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedaggico de fortalecer oprocesso de aprendizagem.

    Para (no) finalizar: Texto, ao final do Caderno, com a inteno de instig-lo a prosseguir com areflexo.

    Referncias: Bibliografia consultada na elaborao da disciplina.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    8/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    8

    Ementa:

    Avaliao psicopedaggica institucional: aspectos formais, interpessoais, intrapessoais e sistmicos.

    Objetivos:

    Refletir sobre a formao da identidae do especialista em Psicopedagogia, tanto individual quanto coletiva.

    Investigar o campo da Psicopedagogia Institucional, suas bases tericas e prticas.

    Compreender as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar em sua configurao sistmica e situadano espao escolar.

    Identificar as etapas constitutivas de uma avaliao psicopedaggica institucional.

    Vivenciar a construo de um processo de avaliao institucional, considerando as etapas de elaborao doinstrumental de avaliao, coleta dos dados, interpretao e devolutiva.

    Unidade I A Construo da Identidade do Especialista em Psicopedagogia

    Carga horria: 5 horas

    Contedo CaptuloPsicopedagogia Uma Identidade em Construo 1

    Unidade II A Psicopedagogia Institucional

    Carga horria: 15 horas

    Contedo CaptuloPsicopedagogia Institucional: Conceituao e Dimenses Constitutivas 2

    Unidade III A Avaliao Psicopedaggica InstitucionalCarga horria: 20 horas

    Contedo Captulo

    As Bases Conceituais da Avaliao Psicopedaggica Institucional 3A Construo do Instrumental de Avaliao Psicopedaggica Institucional 4

    Organizao da Disciplina

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    9/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    9

    Este curso tem como objetivo ofertar conhecimentos e saberes que permitam ao cursista, em formao, construirsua identidade profissional, conhecer o campo da Psicopedagogia Institucional e dominar o processo de avaliaopsicopedaggica, com nfase no espao escolar.

    Este curso vai tratar dos saberes psicopedaggicos a servio das instituies de ensino. Seu objetivo central consiste

    em compreender a escola como o espao onde se constroem as dificuldades de aprendizagem e o sujeito como aqueleque delata a dimenso disfuncional de todo um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional pensar a instituioescolar e todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. No existe fracasso escolarsem um contexto que o produz. A compreenso desta relao dialtica fundamental para a abordagem psicopedaggicainstitucional.

    A partir de uma viso sistmica do fenmeno da aprendizagem e da no aprendizagem, a Psicopedagogia atua nasinstituies escolares, em carter preventivo, construindo saberes, valores, crenas e prticas que funcionam comodesconstrutores das prticas pedaggicas impeditivas do processo de aprendizagem de alguns alunos, criando novoscaminhos de interveno e regulao dos deficitsevidenciados. O psicopedagogo que trabalha na instituio de ensinodeve pensar globalmente, o tempo todo, olhar para o aluno como parte de um sistema maior, onde a escola predomina

    comolcusde aprendizagem, mas no como nico elemento capaz de propici-la.

    Introduo

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    10/70

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    11/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    11

    Captulo 1 Psicopedagogia: Uma Identidade em ConstruoMnica Hoehne Mendes

    COMO CITAR ESTE ARTIGO:

    MENDES, Mnica Hoehne. Psicopedagogia: uma identidade em construo. Constr. psicopedag., dez. 2006, v.14,no11, p. 0-0. ISSN 1415-6954.

    RESUMO

    Este artigo se prope a relatar o processo de construo da identidade da Psicopedagogia, que se inicia a partir danecessidade de profissionais que buscam respaldo terico para intervir junto aos indivduos que apresentavam

    dificuldades em seu processo de aprendizagem. Esta busca nos levou a desenvolver uma formao que possibilitassearticular vrias reas de conhecimento, criando assim uma nova rea de atuao, a Psicopedagogia. O referencialterico adotado foi a concepo de identidade como metamorfose, concebida por Antnio da Costa Ciampa (1987),alm do conceito de institucionalizao na viso de Berger e Luckmann (1995). Neste trabalho mostramos a Pedagogiae a Psicologia como as principais reas de referncia que subsidiam a prtica psicopedaggica, em seguida mostramosos fundamentos tericos que embasam a atuao dos psicopedagogos, adquiridos nos diferentes cursos de formaodas dcadas de 1970 e 1980.

    Palavras-chave:Identidade, Psicopedagogia, Metamorfose.

    ABSTRACT

    This paper aims to describe the process of building the identity of Psyco-pedagogy, which begins with the need ofprofessionals seeking to establish the fundamentals to assist individuals with learning difficulties. The research led usthem to develop the foundation that made possible to establish interdisciplinary knowledge, thus creating a new areaof study, that of Psycho-pedagogy. The theorical reference adopted the concept of identity as a metamorphosis asit was conceived by Antnio da Costa Ciampa (1987), and also the concept of institutionalization developed by Bergerand Luckmann (1995). In this article we consider Psychology and Pedagogy are the main knowledge areas that givetheorical support to Psycho-pedagogy. The next step was to substantiate the theorical ground that contributed to theprofessional qualification of the psycopedagogues that attended professional courses of the 70s and 80.

    Keywords: Identity, Psycho-pedagogy, Metamorphosis.

    A Construo da Identidade do

    Especialista em Psicopedagogia

    Unidade I

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    12/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    2

    A Construo da Identidade do Especialista em Psicopedagogia Unidade I

    Os estudos sobre identidade levam em conta o processo histrico, os vrios personagens/atores que contribuem para aconstruo dos cenrios, nos quais a identidade se constroi. Ela se constitui a partir da cotidianidade destes personagens,compondo a histria de vida de cada um e do grupo do qual fazem parte.

    A identidade analisada levando em conta a viso de metamorfose, de transformao; movimento e como tal procuraa articulao entre a subjetividade e a objetividade. Ao lado dos fatos vividos, a emoo vivenciada gera a conscincia.

    O psicopedagogo o profissional oriundo de diferentes graduaes: Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Letras etc.,que por meio de sua conscincia busca uma transformao de suas concepes e do seu fazer busca sair da mesmicede umaprxis, busca sair da identidade mito, isto , de uma aparncia de no transformao, constituindo sua histrianeste processo.

    Ao buscar sair da mesmice de sua formao de origem, busca sair de uma identidade mito, isto , aquele que sugereque tudo est bem, que tudo funciona e por esta razo no precisamos mudar. Esta crena nos aprisiona e nos paralisa.

    No processo de construo da identidade h um interjogo que combina igualdade e diferena do sujeito em relao a siprprio em seus diferentes personagens e aos demais que o cercam.

    A Psicopedagogia recebeu um corpo de conhecimentos provenientes de seus grupos de referncia: Pedagogia e Psicologia. Nohistrico deste contexto, seus personagens constroem sua identidade individual, que passa a integrar a identidade coletiva.

    Aprender um papel, construir um personagem significa um trabalho de vrias camadas cognoscitivas e afetivas dosujeito. O desenvolvimento da identidade ocorre num movimento contnuo entre os diferentes personagens do processohistrico entrelaando estas camadas cognoscitivas e afetivas.

    A identidade movimento, pois se constitui no movimento dos personagens em sua histria vivida, dando agilidade aestes e procurando a articulao entre a subjetividade e a objetividade. Observamos no campo da Psicopedagogia osprofissionais buscando uma formao que os instrumentalize a lidar com os problemas de aprendizagem; a subjetividade

    provocando uma transformao em um profissional diferente daquele que iniciou este processo, para responder a umanecessidade de uma realidade objetiva (fato evidente nas entrevistas com psicopedagogos), reafirmando um fenmenodialtico na transformao da identidade. Conforme Ciampa nos diz, sem a unidade da subjetividade com a objetividade,a primeira desejo que no se concretiza, e a objetividade finalidade sem realizao (1987, p.145).

    As histrias dos psicopedagogos mostram bem esta relao entre seus desejos, suas necessidades e as possibilidadesapresentadas pelo contexto.

    Portanto, na medida em que os papis sociais/profissionais vo sofrendo transformaes, observamos o processocontnuo de metamorfose da identidade (CIAMPA, 1987), processo este claramente constatado na histria dopsicopedagogo. Ele um profissional oriundo de diferentes graduaes: Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Letras,

    Matemtica etc., que mediante sua conscincia busca uma transformao de suas concepes e do seu fazer, buscasair da mesmice de umapraxis, busca sair de uma identidade mito, isto , de uma aparncia de no transformao,constituindo sua histria neste processo.

    Ciampa (1987, p. 157), afirma que identidade histria, o que nos permite dizer que no h personagens fora dahistria, assim como no h histria sem personagens

    Outra caracterstica do processo de construo de identidade o interjogo que combina igualdade e diferena do sujeitoem relao a si prprio em seus diferentes personagens e aos demais que o cercam. Ciampa nos mostra como por meiodo nosso nome, temos a indicao do singular (indicado pelo 1onome) e do geral (indicado pelo nome de nossa famlia),isto , o nome nos diferencia dentro do contexto familiar e o sobrenome o que nos inclui, o que nos reconhece como

    membros desta famlia. O passo seguinte a identificao com papis que correspondem tambm a uma predicao ecolocam o sujeito como personagem de uma histria. Entre estas identificaes importante assinalar a identificaoprofissional, que est sendo objeto de anlise neste trabalho.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    13/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    13

    A Construo da Identidade do Especialista em Psicopedagogia Unidade I

    No entender de Berger e Luckmann (1995), o indivduo vai construindo uma estrutura biogrfica a partir dos momentossucessivos de sua experincia e o compartilhar com outras pessoas os significados dessas experincias para que ocorraa integrao biogrfica comum, pode gerar um processo de institucionalizao. A institucionalizao ocorre inicialmentenum plano pr-terico, em funo de um corpo de conhecimentos que o grupo recebe, os quais fornecem as regrasde conduta institucionalmente adequadas. Podemos dizer que a Psicopedagogia recebeu um corpo de conhecimentos

    oriundo de seus principais grupos de referncia, a Psicologia e a Pedagogia e as experincias posteriores de seusprofissionais gerou a institucionalizao.

    Ainda em Berger e Luckmann veremos o conceito de institucionalizao, que para eles ocorre quando h uma padronizao(ou uma tipificao) de aes habituais pelos vrios tipos de atores, referindo-se ao carter tpico dos atores nasinstituies. As tipificaes das aes habituais que constituem as instituies so sempre partilhadas (1995, p. 79),estabelecendo pontos em comum nessa ao, nas tomadas de deciso. As tipificaes recprocas so construdas nodesenrolar de uma histria compartilhada e no repentinamente, como o caso da Psicopedagogia que inicialmenterene um conjunto de profissionais respondendo a uma mesma demanda (as dificuldades encontradas em relao aoprocesso de aprendizagem), reiterando o carter institucional de uma histria compartilhada pelo entrelaamento dospapis de seus profissionais/personagens, que posteriormente legitimam esta institucionalizao pela organizao deuma Associao formal que os representa a Associao Brasileira de Psicopedagogia ABPp.

    Segundo Baptista (1996), o desenvolvimento da identidade institucional ocorre num movimento contnuo entre osdiferentes personagens desse processo histrico e destes com seus grupos de referncia. A coexistncia constantedos personagens nesse novo contexto, bem como as alternncias, que atendem s necessidades surgidas do processohistrico deste grupo, do o carter dinmico identidade institucional (metamorfose).

    Ao percorrer o histrico da Psicopedagogia, nos deparamos com os personagens psicopedagogos dessa histriaconstruindo sua identidade, isto , a identidade individual de cada profissional e constituindo uma identidade coletiva do conjunto de profissionais inscritos em determinado tempo e lugar, enquanto processos interdependentes. Como diz

    Agnes Heller (1970, p. 22), o indivduo (a individualidade) contm tanto a particularidade quanto o humano genricoque funciona consciente e inconscientemente no homem

    Ainda segundo a autora, o homem vai tomando um distanciamento entre o humano genrico (a comunidade) e o prprioindivduo e graas a isto ele pode construir uma relao com sua prpria comunidade, assim como com sua particularidade.

    Aprender um papel ou construir um personagem significa um trabalho nas vrias camadas cognoscitivas e afetivas doindivduo, sobre o corpo de conhecimentos inerentes a este papel.

    Este fato nos leva a analisar a questo da identidade do eu (singular) e a identidade coletiva (particular e universal),conceitos trabalhados por Habermas (1983). Para o autor a identidade do eu uma resultante da identificao do

    sujeito com os outros e de seu reconhecimento por estes.

    Segundo anlise de Baptista (1992, p. 16): os outros (o grupo de referncia) dispem de identidade coletiva que oelemento que permite ao sujeito se sentir pertencendo ao mesmo, a partir das semelhanas reconhecidas

    Na medida em que o sujeito assume papis sociais/profissionais, adquire uma maior autonomia em relao aos modelosoferecidos, e com isto vai adquirindo a identidade do eu, vai construindo seu personagem. Paralelamente no processode institucionalizao o grupo vai construindo sua identidade, a partir de seus grupos de referncia e atribuindo umaobjetividade e um sentido a sua ao.

    Nesse sentido encontramos um argumento interessante em Berger e Luckman (1995, p. 36):

    O mundo da vida cotidiana no somente tomado como uma realidade certa pelos membrosordinrios da sociedade na conduta subjetivamente dotada de sentido que imprimem a suas vidas,

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    14/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    4

    A Construo da Identidade do Especialista em Psicopedagogia Unidade I

    mas um mundo que se origina no pensamento e na ao dos homens comuns, sendo afirmado comoreal por eles.

    Para Heller (1970, p. 43), na cotidianidade que o homem age sobre a base da probabilidade, da possibilidade; entre ascoisas que faz e as consequncias delas, existe uma relao objetiva de probabilidade. O pensamento cotidiano implica

    tambm em comportamento.Outro aspecto a ser analisado na construo da identidade da Psicopedagogia, o fato de seu surgimento representarclaramente o que Ciampa denominou uma questo poltica, j que sua existncia parece ameaar o campo de trabalhode outros profissionais, principalmente os que pertencem aos grupos de referncia. Na prtica, o psicopedagogo temcomo modelo, papis assumidos tanto pelo psiclogo no que tange a atuao clnica, como do pedagogo, no trabalhocom aprendizagem. Historicamente a partir destes modelos que surge a identidade do psicopedagogo com umaespecificidade que lhe prpria.

    A ao dos profissionais que lidam com os problemas de aprendizagem, a partir da cotidianidade construiu suaprxis,estabelecendo novos ideais, dando assim elementos que possibilitam a reviso da atuao educacional.

    Uma questo discutida por Heller o preconceito, como consequncia do pensamento categorizado e do comportamentocotidiano (1970, p. 43), o resultado de esteretipos, analogias e esquemas j formulados, que dependero de umaatitude crtica, para que possam ser percebidos, enquanto preconceitos para que venham a ser problematizados. Aautora define o preconceito como um tipo particular de juzo provisrio, isto , passvel de refutao pela cincia e poruma experincia cuidadosamente analisada, mas que se conservam inalterados contra todos os argumentos da razo.

    Creio que podemos afirmar a existncia do preconceito em relao a atuao do psicopedagogo, advindo de um deseus grupos de referncia, pelo fato de que muitas vezes a rea de conhecimento com que atuam a aprendizagem menosprezada socialmente.

    Quando o profissional visto a partir da identidade pessoal (na formao de origem), tende a ocorrer o preconceito,como categoria do pensamento e do comportamento cotidiano, o que ocorre muitas vezes com o psicopedagogo, cujaformao inicial a Pedagogia. Nesses casos necessrio ficarmos atentos, pois estamos a um passo da estigmatizao!

    A identidade coletiva surge como consequncia das identidades pessoais (como dito anteriormente), que podemacrescentar novos e bons elementos ou cristalizar aspectos pejorativos.

    A identidade social composta por:

    Identidade atribuda: o agir dentro das regras bsicas que atendam s exigncias da posio assumida.

    Identidade adquirida: o sujeito prova seu mrito para tal, so papis diferenciados.Como nos descreve Barone, as profisses surgem por combinao de alguns fatores:

    Problema uma demanda social, pela falta de profissionais com recursos para responder a uma necessidade.

    Fundamentos tericos as fontes tericas que daro subsdios a uma atuao.

    Prtica como os profissionais passam a organizar seus conhecimentos tericos e demais recursos.

    Sarbin e Scheibe (1983, p.8) afirmam que a identidade social de uma pessoa, consequncia de suas posies sociaisvalidadas, o que ocorre segundo ratificaes do papel desempenhado correta e adequadamente. Para estes autores,a sobrevivncia das pessoas est ligada a habilidade de localizarem-se devidamente nas vrias ecologias. O termoecologia, aqui utilizado para designar a estrutura e o desenvolvimento das comunidades em suas relaes com o meioambiente e sua consequente adaptao.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    15/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    15

    A Construo da Identidade do Especialista em Psicopedagogia Unidade I

    Segundo esses autores,

    (...) entre as vrias ecologias nas quais o mundo pode ser diferenciado, que fica a ecologiasocial ou o sistema de papel desempenhado. As pessoas, constantemente se defrontam com anecessidade de localizarem-se em relao com os outros. A m localizao do eu no sistema podetrazer consequncias embaraosas amargas.

    As pessoas em conjunto produzem um ambiente humano, com a totalidade de suas formaes socioculturais epsicolgicas, gerando um contexto voltado a uma direo e a uma organizao. O psicopedagogo tenta inserir-se nestaecologia social, no sentido de responder a uma demanda surgida em funo de um fracasso escolar; inicia seu trabalhoestabelecendo relaes com os demais profissionais das reas afins, encontrando muitas vezes vrios obstculos. Nestemovimento de ao e reflexo, vai constituindo sua identidade.

    Outro aspecto, que ajuda a entender a construo da identidade profissional dos psicopedagogos, a questo dospapis. Historicamente muitos dos profissionais que procuraram suprir a demanda das crianas com dificuldades deaprendizagem eram, em sua maioria, pedagogos que procuravam formas de resolver os problemas observados em sala

    de aula, por meio de cursos com neurologistas, psiquiatras, psicanalistas etc. A partir disso, passavam a assumirpapel teraputico junto a esta clientela, e consequentemente diferenciavam-se enquanto personagens dessa histria.De acordo com Berger e Luckmann: (...) os papis so tipos de atores neste contexto (...) ao desempenhar papis, oindivduo participa de um mundo social. Ao interiorizar estes papis, o mesmo mundo torna-se subjetivamente real paraele (1995, p. 103).

    Desta forma, os personagens/psicopedagogos esto firmando cada vez mais seu espao de atuao, procurando alegitimao de seu agir de forma competente, constituindo o discurso da Psicopedagogia e consequentementeconstruindo a sua identidade.

    A grande demanda por Psicopedagogia acontece no final da dcada de 1970 e incio de 1980 (quando ocorre um ndice

    significativo de repetncia escolar e evaso).Os fundamentos tericos so encontrados em vrias reas do conhecimento: Pedagogia, Psicologia, Psicolingstica,Neurologia, Fonoaudiologia, Psicanlise...

    Identificamos que os profissionais que mais buscaram respaldo para sua prtica foram os educadores, e demaisprofissionais relacionados com a educao.

    A construo da Histria da Psicopedagogia se d a partir da narrativa de seus personagens, constituindo-se em umanova instituio, que surge como resposta a antigas instituies j cristalizadas. O processo de institucionalizao leva legitimao: a partir daprxisno seu cotidiano.

    Os diferentes momentos do percurso da Psicopedagogia

    A histria mostra o desenvolvimento da identidade de uma nova instituio: a Psicopedagogia, que surge dandorespostas s antigas instituies j cristalizadas, que no conseguiam atender demanda dos sujeitos com problemasde aprendizagem. De acordo com Berger e Luckmann dizer que um segmento da atividade humana foi institucionalizado dizer que este segmento da atividade humana foi submetido ao controle social. (1995, p.80)

    Os agentes dessa instituio os psicopedagogos passaram a constituir uma nova identidade, da mesma forma quea Psicopedagogia, j que o seu surgimento vem atender uma demanda.

    Segundo Baptista (1996, p. 9):

    O desenvolvimento institucional se d num movimento contnuo de relaes entre diferentesparticipantes da instituio e destes participantes com os grupos referenciais.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    16/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    6

    A Construo da Identidade do Especialista em Psicopedagogia Unidade I

    No caso da Psicopedagogia ela se articula com a Psicologia e com a Pedagogia, enquanto principais grupos referenciais,gerando uma interseco dos conhecimentos.

    Segundo Berger e Luckmann (1966, p. 86):

    as instituies como facticidades histricas e objetivas, defrontam-se com o indivduo na qualidade

    de fatos inegveis ainda que questionveis (acrescentaria eu). Os autores afirmam que asinstituies existindo como realidade exterior, levam o indivduo a sair de si e apreender o queelas so. A objetividade do mundo institucional, por mais macia que aparea ao indivduo umaobjetividade produzida e construda pelo homem (ibdem).

    A Psicopedagogia em sua concretude assume esta objetividade, se institucionalizando. Ao se dar a institucionalizaovemos que esta precedida por um processo de formao de hbitos, o que geralmente torna as aes possveis deserem antecipadas, de se lhe atribuir padres s alternativas de conduta agilizando-as. A institucionalizao, segundoos autores citados, ocorre sempre que h uma tipificao (formao de hbitos) recproca por tipos de atores o quesignifica que determinada instituio pressupe certas aes em relao a determinados indivduos. A tipificaorecproca das aes acontece no decorrer de uma histria compartilhada, como o caso das pessoas (atores) que

    constituram a Psicopedagogia. Elas tomaram a iniciativa de procurar uma formao nessa rea, como foi o casodas alunas que procuravam o curso do Instituto Sedes Sapientiae (na dcada de 1970), ou outros cursos formais einformais; elas criaram um espao comum de interlocuo, como o caso das pessoas que criaram e desenvolveram aAssociao Brasileira de Psicopedagogia (na dcada de 1980). Como comprovam as entrevistas realizadas, elas tomamestas iniciativas, a partir de significados atribudos sua prxis e passam a compartilhar de aes que contribuem paracorroborar a institucionalizao da mesma.

    O processo de institucionalizao exige legitimao, isto , uma forma pela qual pode ser explicado e justificado.Legitimao esta que ser encontrada no prprio bojo da comunidade que a constitui, a partir daprxisno cotidiano desua histria. Podemos perceber o movimento de legitimao desde a criao da Associao Brasileira de Psicopedagogia

    ABPp, das sees da Associao em outros estados do pas, da constituio de seu estatuto, do seu cdigo de tica,e da sua atual preocupao com a formao deste profissional.

    A ABPp se instaura, portanto, como a legitimao de uma instituio que tem por objetivo reunir profissionais da rea,proporcionando-lhes um espao de discusso, reflexo, atualizao e representatividade de seus anseios e ideais. Passaa ser o rgo representativo da institucionalizao da Psicopedagogia.

    Segundo Berger e Luckmann (1995, p.128):

    A necessidade de legitimao surge quando as objetivaes da ordem institucional (agora histrica)tm que ser transmitidas a uma nova gerao. Para os autores a legitimao ...explica a ordeminstitucional outorgando validade cognoscitiva a seus significados objetivos (...) e justifica a ordem

    institucional dando dignidade normativa a seus imperativos prticos (ibdem).

    A partir da narrativa de profissionais e dos registros pesquisados, levantamos alguns dados importantes para acaracterizao dos diferentes momentos do percurso da Psicopedagogia.

    Um primeiro momento caracterizado pela indiferenciao da identidade da Psicopedagogia. quando a Psicopedagogianasceu aqui em So Paulo, voltada principalmente para atender os distrbios das reas da leitura, da escrita e dapsicomotricidade. As dificuldades eram entendidas como dificuldades especficas e voltadas para a dislexia especficade evoluo. A porta de entrada da Psicopedagogia parece ter sido uma viso mais organicista. Os profissionais quetrabalhavam em clnica nesse perodo, o faziam ainda com uma viso mais reeducativa e apoiados nessa abordagemorganicista, em que o orgnico assume grande importncia sobre os distrbios de aprendizagem.

    Nesse momento, a demanda por profissionais que olhassem para o processo de aprendizagem, fez com que surgissemos primeiros cursos voltados para os problemas de aprendizagem. As publicaes voltadas para esta temtica, comeama tomar vulto.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    17/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    17

    A Construo da Identidade do Especialista em Psicopedagogia Unidade I

    A passagem do momento de indiferenciao para o de institucionalizao da Psicopedagogia, ocorre a partir dos cursosque surgem com propostas mais objetivas, e procuram conhecimentos mais sistematizados para responder aos fatoresno apenas pedaggicos e orgnicos do desenvolvimento do sujeito, mas tambm de fatores cognitivos e emocionais.A presena dos psicopedagogos argentinos tem um papel marcante nessa etapa. A literatura prolifera e os trabalhosacadmicos passam a se fazer presentes.

    nesse cenrio, que podemos visualizar a afirmao de uma nova identidade institucional, porque sem dvida os fatosrelatados nos mostram a objetivao de uma realidade evidente, nos apresentam a narrativa da Psicopedagogia, dasatividades de uma prtica, a partir de uma conscincia de seus personagens.

    O momento da legitimao, que parece ser o mais longo, pois se estende at hoje, se d principalmente mediante otrabalho realizado pela ABPp, com seus eventos e publicaes que garantem a divulgao dos trabalhos da rea, depropostas tericas voltadas para a aprendizagem, da elaborao de um cdigo de tica, dos cursos de ps graduaoque passam a se preocupar com o estgio; como elemento substancial formao do profissional e de uma literaturaprofcua em sua diversidade de abordagens.

    nesse perodo que se procura estabelecer um espao no mercado de trabalho, e que se procura lutar para que aPsicopedagogia seja reconhecida como profisso. Neste momento se iniciam as discusses e disputas entre osprofissionais dessa rea e os que pertencem aos grupos referenciais.

    quando se instala a preocupao em estabelecer as diferenas entre os grupos referenciais e os subgrupos internos.A fala de uma psicopedagoga muito esclarecedora desta situao. Diz ela:

    A Psicopedagogia no uma extenso da Psicologia, nem da Pedagogia (...) ela tem uma prticaespecfica, ela tem uma leitura de teorias que canalizam para o aspecto da aprendizagem (...) aformao universitria do psiclogo, do pedagogo, no conduz a exercer a profisso de psicopedagogo(...)

    neste momento, tambm, que o psicopedagogo mais incisivamente torna pblica sua insero na ecologia social, quecomeam a emergir os preconceitos e os estigmas ligados ao grupo como um todo ou a alguns subgrupos. As questespolticas se instalam e permanecem at hoje, conferindo um movimento bastante peculiar Psicopedagogia.

    Tentamos aqui compreender os movimentos de identidade dos psicopedagogos, assim como da Psicopedagogia,objetivados em personagens que expressam tendncias de autonomia na construo de uma identidade adquirida.Percebemos, por meio de depoimentos, que a identidade se afirma por meio dos contatos com outros significativos,e mediante a socializao dos conhecimentos que podemos almejar um movimento emancipatrio. Este trabalho nospermitiu ratificar a importncia do trabalho psicopedaggico, em todos os contextos em que a aprendizagem seja ofenmeno alvo.

    Podemos afirmar ainda, que o psicopedagogo se manter em posio de refletir sobre sua ao, question-la e transform-la, numa perspectiva de ampliao da conscincia, desde que no assuma um fazer cristalizado quanto a sua identidadepessoal, o que refletiria na identidade coletiva.

    Minha proposta hoje para pensarmos de forma mais criteriosa na formao deste profissional, pois a razo dele serto questionado em sua competncia, est na fragilidade de sua formao. Os cursos formais (ou institucionalizados)atendem a uma proposta de especializao, com durao de no mnimo 360 horas/aula, segundo exigncias do MEC,poucas so as instituies que ultrapassam essa carga horria.

    Se nos ativermos ao relato das profissionais da Psicopedagogia, vamos ver que o ponto comum entre elas amanuteno de um movimento que visa a continuidade de sua formao, pois a formao nunca acaba. Nossa tarefa,portanto, enquanto formadores de outros profissionais possibilitar essa extenso e aprofundamento tanto dosaspectos tericos quanto prticos no estgio supervisionado. Outro aspecto importante apontar a esses profissionaisem formao, as transformaes que ocorrem durante seu processo de busca de uma nova rea de atuao, porque portrs de uma nova alternativa de trabalho, existe a busca de uma metamorfose de seu agir.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    18/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    8

    A Construo da Identidade do Especialista em Psicopedagogia Unidade I

    Nesse movimento de maior conscientizao de um agir psicopedaggico, est inserida uma legitimao da prpriaPsicopedagogia, cada vez mais objetivada em sua cotidianidade. a formao mais consistente que dar continuidade histria desta rea de atuao, voltada para o aprender. A ABPp, na gesto 93/94, chegou a propor um modelo decurso voltado tanto para a rea institucional, quanto clnica com estgio para as duas reas; considero pertinenteconsiderarmos tal possibilidade, para evitarmos o equvoco em que a maioria das instituies incorrem, que privilegiar

    os estudos da rea clnica, deixando de lado a rea institucional.O processo de institucionalizao no para, j que a ABPp se faz presente em vrios estados do Brasil, at mesmo oEstado de So Paulo conta com a ABPp Seo So Paulo desde 2003, que pretende seguir os mesmos passos desua matriz geradora, mas no sentido de descentralizao. Promove eventos culturais nas diversas regies do estado,incluindo seus psicopedagogos na discusso e conquista dos interesses de classe.

    Portanto, ao falarmos sobre identidade na perspectiva de metamorfose, em relao aos profissionais que construrama Histria da Psicopedagogia, um bom momento para iniciarmos uma ao com perspectivas de transformao nessenovo campo de atuao que se institui a Psicopedagogia.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    19/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    19

    Captulo 2 Psicopedagogia Institucional:Conceituao e Dimenses Constitutivas

    A Psicopedagogia enfrenta, na atualidade, muitos desafios. A sociedade moderna traz, cotidianamente, situaes novase desagregadoras de seus sistemas obrigando todos instituies e sujeitos a realizarem um esforo significativo deadaptao permanente s mudanas e novidades. A escola no escapa deste contexto. Acompanhar as transformaespolticas, sociais e culturais constitui elemento imprescindvel de referncia para compreender o que acontece nasescolas, seus professores e alunos.

    Hoje, atuar de modo competente em qualquer espao social, e a inclumos a escola, exige dos profissionais umacapacidade de antecipao dos problemas vindouros no sentido de pensar e pr em prtica estratgias de adaptao smudanas que acompanham o intenso desenvolvimento cientfico e tecnolgico da humanidade. Agir de modo preventivo

    no mais uma utopia e sim uma constatao de que devemos aprender a renovar o nosso cotidiano. O psicopedagogono pode fugir a esta realidade, especialmente em decorrncia da natureza do seu trabalho na instituio escolar.

    Diante do novo, o psicopedagogo tem que aprender a dar respostas,a sugerir alternativas de ao, tem que saber agir eficientementee eficazmente.

    Sendo a Psicopedagogia uma rea muito nova, em pleno desenvolvimento de seu corpo terico e prtico, cabe aoprofissional desta seara uma tarefa difcil que construir sua prtica concomitante com seu cabedal terico, tirandocoringas da manga todos os dias, quando defrontado com o fracasso escolar e as dificuldades de aprendizagem dosalunos, no espao escolar.

    Ao partimos para uma abordagem terico-prtica da Psicopedagogia importante compreender que o profissional deve,antes de tudo, assumir o compromisso de participar da construo deste campo do conhecimento, utilizando seusconhecimentos e experincia profissional adquirida. O psicopedagogo desafiado a colaborar na construo de um novocampo do conhecimento utilizando, para isto, o seu espao prprio de trabalho e atuao.

    O Psicopedagogo que adota uma postura de enfrentamento da modernidade no pode deixar de compreender a escolacomo instituio social que tem seus princpios, regras e valores fundamentos na evoluo da sociedade. Esta evoluo de difcil previso, pois se assenta em critrios tais como: a rapidez das transformaes sociais, fenmeno difcilde antecipar; as tendncias que estas transformaes trazem e que esto contaminadas por distintas ideologias que

    A Psicopedagogia Institucional

    Unidade II

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    20/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    0

    A Psicopedagogia Institucional Unidade II

    devem ser compreendidas para serem avaliadas criticamente. H a necessidade de decifrar o novo, o tempo inteiro,de compreender suas intenes, seus alvos, suas formas de ao que so retratadas pelas ideologias cambiantes einovadoras que surgem com as demandas de manuteno da nova sociedade.

    A escola que no compreende a complexidade embutida namodernidade torna-se mera reprodutora de novos valores e saberessem refletir sobre eles de modo crtico e produtivo. Este um dospapis do psicopedagogo na escola, ao buscar compreend-lacomo um subsistema inserido em macrossistemas que definemseus objetivos e modos de funcionamento.

    A escola e a sociedade no mantm relaes transparentes. H uma mirade de sentidos e subtextos que no soditos, mas que esto presentes nas relaes, dentro da escola, definindo prticas, regras, valores e destinos. Quandoum psicopedagogo chamado a atuar no sentido de compreender o que pode gerar impedimentos aprendizagemno espao escolar, ele tambm desafiado a ler esse corpo de crenas e valores que no so explcitos, no sotransparentes, mas que esto presentes na escola, muitas vezes construindo o n que impede a aprendizagem. Semassumir a complexidade do exerccio da psicopedagogia fica difcil a ao e a interveno, por parte do profissional. Noh escapatria.

    Por isso a necessidade de reflexo sobre a construo da identidadedo psicopedagogo. Todos que esto em formao devem questionar-se. Quem sou eu como profissional da Psicopedagogia? Quais soos saberes tericos que vo orientar minha prtica? Como vouatuar? O que preciso compreender para lidar com o sistema escolare o sujeito com impedimentos de aprendizagem? Qual instrumentalpsicopedaggico vou usar para trabalhar? Por meio de quaisestratgias vou intervir na instituio escolar? De que maneiraposso avaliar minha prtica? Estou articulado com meus pares para

    a discusso de prticas e novos saberes?Estas questes representam o cardpio dirio do especialista empsicopedagogia e no podem, jamais, serem abandonadas.

    Ao inserir-se no espao escolar o Psicopedagogo vai deparar-se com as distintas instncias que atuam no exerccioeducativo, nas instituies de ensino e nas ideologias que as atravessam. Os diversos atores que influenciam odesenvolvimento da ao educativa educadores, professores, economistas, socilogos, psiclogos, polticos apresentam caractersticas peculiares e modos de interferncia diferenciados, o que dificulta uma viso global do

    processo de ensino e aprendizagem e seus possveis entendimentos. Espera-se que a experincia profissional e otreino na prtica psicopedaggica auxiliem este profissional a apurar seus sentidos para construir leituras complexas esistmicas dos fenmenos que investiga. Somente desta forma o especialista em psicopedagogia pode contribuir comsegurana para o enfrentamento das dificuldades de aprendizagem e do fracasso escolar.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    21/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    21

    A Psicopedagogia Institucional Unidade II

    A escola encontra-se, na atualidade, diante de muitos desafioseducativos dos quais no pode mais abrir mo sob pena de ver suafuno social descaracterizada e sem utilidade.

    O psicopedagogo, como profissional inserido no contexto escolar, tambm deve estar atento a estes desafios, analisando-os com propriedade para que suas aes e intervenes sejam adequadas, competentes e eficazes.

    Quais desafios so estes de que tanto falamos?

    1) A escola partilha com a famlia a funo socializadora da criana: mesmo que no aceite esta funo, a escolano pode mais fechar os olhos para esta realidade: a modernidade exige que a escola assuma um papel pr-ativo noprocesso de socializao da criana. Em muitos contextos, especialmente em pases pobres e em desenvolvimento,

    a escola tornou-se o nico espao de socializao permitido s crianas. na escola que estas crianas vo fazercontato com regras, valores e comportamentos sociais. Como a escola pode dizer no a esta tarefa, devolvendo estaresponsabilidade, exclusivamente, para uma famlia que tem seu desenho alterado com muita rapidez? O modelo defamlia se alterou drasticamente nas ltimas dcadas e esta realidade imutvel, no h como reverter este quadro.Resta-nos tentar processos de adaptao ao novo.

    A escola resiste a assumir funes educacionais que, historicamente, couberam famlia. Tal postura mostra adificuldade das instituies de ensino em aceitarem as mudanas socioculturais que todos ns vivenciamos. Estastransformaes mudaram o mundo, a natureza das relaes, o desenho dos processos de socializao, o modo deviver e conviver das pessoas. Por que a escola tem tanta dificuldade em incorporar o novo? Por que permaneceapegada a um papel antigo, focado na transmisso de contedos e buscando se eximir de responsabilidades queesto gritando por ateno? O psicopedagogo, no espao escolar, deve ser agente de reflexo acerca destes temase propor alternativas de ao que ampliem o papel da escola, situando-a como elemento de constituio de sereshumanos, no apenas como local de formao de contedos e conhecimentos.

    Ao levantarmos esta discusso no pretendemos defender,defendendo, uma troca de papis; com a escola assumindo otrabalho educativo da famlia; apenas gostaramos de lembrar que

    hoje vivemos novos contextos sociais e que muitos problemas queantes eram resolvidos na privacidade do lar esto expostos, naatualidade, nos ptios escolares.

    A violncia uma das questes que no pode mais ser ignorada pela escola. A criana violenta no pode, simplesmente,ser devolvida aos pais. A escola tem condies de lidar com isto, chamando todas as instncias a assumirem suaresponsabilidade diante desta situao, mas orquestrando o processo, como autora de pensamentos e aes quepossam enfrentar esta situao difcil e comum.

    2) A escola tem papel de destaque na promoo da igualdade social e da incluso: a diversidade socioculturale os processos de incluso escolar esto nas principais pautas educacionais da atualidade. Entretanto, um temaconstar em pautas no necessariamente significa compromisso de ao. importante galgarmos a distncia quesepara o discurso da prtica e a escola est completamente comprometida com esta temtica.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    22/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    2

    A Psicopedagogia Institucional Unidade II

    Nos tempos atuais, as crianas passam a maior parte do seu tempo no ambiente escolar. Certamente, muitascrianas partilham seu tempo, emoes e sentimentos com professores e colegas do que com a sua famlia. Isto fato. No h que se julgar. A sociedade atual, que demanda profissionalizao de ambos os sexos, jogou pai e meno mercado de trabalho em tempo integral. A escola , ainda, a melhor alternativa para as crianas que no contamcom outros cuidadores de confiana.

    Na escola, as crianas vo se deparar com os mais diversos tipos de diferenas: pessoas de outra raa, credo, crenase valores; colegas de outros pases; crianas com necessidades especiais, dentre uma mirade de caractersticastpicas e atpicas da nossa espcie. Diante de um quadro to heterogneo a nica coisa que cabe instituio escolar preparar-se para lidar, de modo competente (espera-se) com a diversidade, ensinando seus alunos a respeitareme aceitarem o diferente, transformando ideias de igualdade e incluso em aes prticas, vivenciadas por todos noespao escolar. Parece fcil falar sobre isso, e de fato ; o difcil transformar estas ideias em aes, projetos,coisas concretas e, neste aspecto, o psicopedagogo tem muito a contribuir.

    Quando nos damos conta de que o fracasso escolar permaneceintimamente vinculado s diferenas econmicas torna-se notrioque a escola que abre mo do tratamento das diferenas perde ascondies possveis de lidar com a criana que no aprende.

    H muito que fazer, especialmente quando pensamos em educao de valores. A escola no s pode como deve abordare propor aes concretas que mobilizem os alunos a aprenderem sobre: Direitos Humanos e responsabilidades individuaise coletivas; exerccio da cidadania, compreenso da democracia e funcionamento da sociedade civil; proteo e cuidadosespeciais para as minorias; busca de soluo pacfica e negociao justa para conflitos de toda ordem.

    3) A escola deve atuar no sentido de elevar seus padres de ensino e vincular aprendizagem e mundo dotrabalho: este desafio fala diretamente ao especialista em Psicopedagogia. Dentre os entraves que identificamos nosistema escolar est a baixa qualidade do ensino e a quase inexistncia de vinculao entre escola e vida. Os alunosdo sistema pblico de ensino, no Brasil, chegam ao final das Sries Iniciais com um desempenho acadmico sofrvel,quando comparados aos alunos de escolas particulares e mesmo de pases desenvolvidos. A baixa qualidade seestende, quase como por movimento contnuo, para as instituies de ensino superior configurando o quadro funestode ensino ruim do incio ao fim da vida escolar do indivduo. Este o cenrio ideal para a construo do fracassoescolar e para o surgimento das dificuldades de aprendizagem.

    A experincia clnica tem mostrado que a grande maioria das crianas encaminhadas para tratamento psicolgicoou psicopedaggico clnico e com queixas de dificuldades de aprendizagem so sujeitos absolutamente normais, semnenhum tipo de dano cognitivo que possa impedir suas aprendizagens. Por que, ento, estas crianas no aprendem?Talvez porque estejam em espaos escolares com ensino medocre, pouco interessante, desconectado da realidadee da modernidade e com professores que no entenderam, ainda, que aprender ato que necessita de motivao eno excesso de regras.

    A escola, a despeito das responsabilidades governamentais, pode agir para amenizar a mediocridade do ensino, naatualidade. O psicopedagogo tem muito a contribuir neste sentido, assim como todos os outros profissionais deeducao. possvel pensar em aes que promovam ensino de qualidade ao propor: elaborar novos programas

    e mtodos de ensino que priorizem, antes de tudo, a aprendizagem da fala correta, da leitura, da escrita e doraciocnio lgico. Sem estas ferramentas cognitivas azeitadas o aluno no consegue ir adiante na aprendizagem doscontedos curriculares; respeitar aos diferentes ritmos de aprendizagem buscando o rduo exerccio de no rotularalunos por suas distintas estratgias de aprendizagem; permitir aos professores mais autonomia na gesto de suas

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    23/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    23

    A Psicopedagogia Institucional Unidade II

    aulas, fomentar sua criatividade na construo de estratgias pedaggicas adequadas ao seu grupo de alunos, semamarr-los a princpios epistemolgicos que devem ser atendidos a qualquer preo; envolver toda a equipe escolarnos processos de ensino e aprendizagem formando grupos interdisciplinares, que atuaro em conjunto para prevenirpossveis problemas e promover novas solues.

    A escola precisa fazer frente ao analfabetismo funcional, quetermina por diplomar indivduos que s conseguem utilizarseus recursos cognitivos para tratar de questes bsicas desobrevivncia.

    No queremos o sujeito que consegue apenas ler o itinerrio do nibus que vai tomar. Queremos indivduos que

    leiam notcias e matrias de jornais e compreendam o seu sentido e a complexidade envolta nos diferentes temasda vida. Queremos alunos que comecem a refletir sobre suas vidas profissionais l no incio de sua escolarizao;alunos preparados para pensar criticamente sobre a situao econmica de seu pas e que saibam tomar decisesacertadas quando forem escolher a profisso que seguiro. Acima de tudo isto, queremos cidados que compreendamque valores morais consistentes e comportamento tico se estendem para todas as instncias da vida humana,especialmente no trabalho e exerccio de uma profisso.

    4) A escola uma instituio que pertence aos cidados, o que significa abrir espao para receber a famlia,a comunidade e a sociedade: a escola no pertence ao sistema educacional, aos profissionais da educao eaos alunos. Ela pertence sociedade e a ela deve servir, tanto no sentido de mant-la quanto de transform-la. A

    comunidade educativa deve abarcar todos os agentes envolvidos com o processo educacional, em uma perspectivalatoe strictosensu. A gesto escolar no pode mais centralizar-se nas mos de diretores ou secretarias de ensino.Ela deve ser partilhada com todos os atores partcipes da ao educativa, sejam eles alunos, pais, agentes dacomunidade ou representantes da sociedade.

    Historicamente, a escola sempre foi espao de confluncia e conflito e deve permanecer assim. Somente por meio da

    experimentao do consenso e do dissenso que se constroem conhecimentos, atitudes e valores. O espao escolar

    um local de contradies e assim deve ser mantido, pois a reside sua riqueza para gerar o novo e ajustar o velho. Os

    diferentes atores convivendo no ambiente escolar vo demandar interesses diferenciados que devem ser alinhavados a

    partir do interesse comum, contrariando a alguns grupos e satisfazendo a outros. Esta experincia de lidar com o diferente

    na escola palco concreto para o exerccio da cidadania e da democracia. O aluno que se sente parte deste contexto tem

    mais chances de compreender, em escala proporcional, a natureza intricada da convivncia democrtica em sociedade.

    O psicopedagogo inserido no contexto escolar mais uma voz presente, com um discurso prprio e com tarefasespecficas, diferenciadas, que devem, porm, se ajustar s demais. imprescindvel que este profissional desenvolvasensibilidade adequada para discernir e compreender a dinmica complexa do espao escolar onde vai atuar. Umproblema de aprendizagem surge do amalgama de todos estes fatores e vozes presentes na escola. Somentecompreendendo este cenrio o psicopedagogo capaz de atuar com competncia e sucesso.

    O que um psicopedagogo vai encontrar neste novo espao escolarrico e contraditrio?

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    24/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    4

    A Psicopedagogia Institucional Unidade II

    O psicopedagogo vai encontrar todos os desafios j comentados e muito mais. Vai precisar dar respostas a estesdesafios. Vai necessitar de excelente formao terica, prtica de qualidade e muita competncia pessoal. Ter quedesenvolver novas habilidades e talentos para lidar com sua tarefa central, que estruturar espaos educativos capazesde prevenir o fracasso escolar. Esta tarefa, por si s, consiste em um dos maiores desafios de qualquer processoeducacional. O psicopedagogo vai precisar, tambm, de muita sorte. Abraham Lincoln, presidente norte-americano,

    disse uma vez que sorte quando o preparo encontra a oportunidade. Vamos ao preparo, pois oportunidades no faltam.

    O trabalho de um psicopedagogo, no mbito escolar, tem contribuies relevantes a ofertar escola e aos alunos. Eledeve colaborar com a escola de modo participativo, atuando no planejamento, desenvolvimento e reviso das medidasde qualidade educativa, o que ir exigir, de sua parte, maior aprofundamento de contedos e trabalho interdisciplinar.Seu trnsito na instituio escolar deve fluir harmoniosamente e suas aes necessitam integrar-se s dos outrosprofissionais de educao, com destaque para os professores. O psicopedagogo institucional vai trabalhar de modo muitoparticular como os professores e vai fazer parte do sistema que faz a mediao do processo de ensino e aprendizagem.Por tantas razes ser exigido deste profissional um leque de competncias que devem ser constitudas no s noperodo de sua formao, mas tambm em seu trabalho individual, tanto de estudos como de exerccio profissional.

    O exerccio da psicopedagogia institucional tem uma naturezacomplexa, multifacetada e interdisciplinar para atender sdemandas dos contextos onde ocorre.

    A ao psicopedaggica extrapola, tambm, a escola e situa-se em todo e qualquer espao social onde haja uma relao

    de ensino e aprendizagem estruturada formalmente, a despeito de progresso de sries ou mesmo recorte curricular.Por lidar com fenmenos que encerram distintas facetas, a Psicopedagogia Institucional necessita de uma conceituaocriteriosa, de uma estruturao de princpios epistemolgicos norteadores de suas prticas e de uma discusso profcuaacerca de suas intervenes no mbito escolar.

    O que , afinal, a Psicopedagogia Institucional?

    Distintos autores vm colaborando no sentido de construir um corpo terico que abarque a funo da psicopedagogiana instituio escolar. H consenso ao considerarem o trabalho psicopedaggico como, principalmente, uma funo deassessoria e suporte aos demais educadores, pedagogos, orientadores, professores, gestores e, principalmente, alunos.Na escola, o psicopedagogo assume a funo de trabalhar questes pertinentes s relaes vinculares entre todos os

    atores envolvidos com o ensino e a aprendizagem, priorizando, como foco central de anlise, os diferentes nveis deimplicaes que decorrem dos processos interativos constantes entre os alunos e os seus contextos. As interaesentre alunos e os mediadores de seus processos de desenvolvimento e aprendizagem destacam-se como ponto nodal nacompreenso dos fenmenos que promovem a aprendizagem assim como naqueles que a impede.

    A Psicopedagogia Institucional pode ser compreendida comoum modelo terico-prtico de interveno que proporciona um

    questionamento aprofundado da situao escolar a ponto de gerara construo de processos de avaliao da aprendizagem e seusimpedimentos, com vistas elaborao de recursos de intervenopara a soluo dos problemas em questo.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    25/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    25

    A Psicopedagogia Institucional Unidade II

    Ela surge, historicamente, como uma reviso e uma crtica ao tratamento medicamentoso e teraputico dispensado aosproblemas de aprendizagem bastante evidenciados nos EUA e Europa, especialmente, nas ltimas dcadas.

    Salvador (2000) em Monereo; Sole (2000) define o espao de atuao do profissional de psicopedagogia como:

    (...) podemos caracterizar o espao profissional da psicopedagogia como aquele em que confluemum conjunto de profissionais (...) e cuja atividade fundamental tem a ver com a maneira comoaprendem e se desenvolvem as pessoas, com as dificuldades e problemas que encontram quandorealizam aprendizagens, com as intervenes dirigidas a ajudar-lhes a superar estas dificuldades e,em geral, com as atividades especialmente pensadas, planejadas e executadas para que aprendammais e melhor (p.25).

    Salvador (2000, p.25), ainda destaca que o espao profissional do psicopedagogo no se restringe escola ou instituioeducacional. O campo de atuao da psicopedagogia no s pode como deve estender-se a todos os lugares onde ocorramprocessos educativos, seja em empresas, centros de formao e capacitao, associaes, centros recreativos, dentreoutros. O autor tambm enfatiza diferentes reas de trabalho dos profissionais de psicopedagogia que optaram por

    atuar em instituies, como as descritas a seguir:Os psicopedagogos que optarem por trabalhar com prticas educativas escolares tem espao de atuao nos seguintescontextos:

    prestao de servios especializados de orientao psicopedaggica;

    prestao de servios em escolas especficas ou de educao especial;

    elaborao de materiais didticos e curriculares;

    formao de professores;

    avaliao de programas educacionais e recursos didticos e metodolgicos;

    planejamento e gesto educacional;

    pesquisa e produo de conhecimentos.

    Os psicopedagogos que optarem por trabalhar com prticas educativas alternativas tm ao seu alcance os seguintesespaos profissionais:

    prestao de servios de atendimento educativo infncia, adolescncia e juventude;

    educao de adultos;

    programas de formao profissional e formao para o trabalho;

    programas educativos e recreativos;

    elaborao de programas educativos com o uso de multimdias;

    engajamento em campanhas e programas educativos em distintos meios de comunicao.

    Na perspectiva de Monereo; Sole (2000, p.14), o trabalho psicopedaggico constitui:

    (...) um recurso que a escola possui para satisfazer suas necessidades, para cumprir com os objetivosque, socialmente, lhe so encomendados. Dessa forma, o psicopedagogo intervm na escola emseus diversos subsistemas e no sistema globalmente entendido com a finalidade de que essaescola consiga potencializar ao mximo a capacidade de ensinar dos profissionais que o integram e

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    26/70

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    27/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    27

    A Psicopedagogia Institucional Unidade II

    aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construo da prpria aprendizagem de alunos eeducadores. dar-se ao professor e ao aluno um nvel e autonomia na busca do conhecimento e, aomesmo tempo, possibilitar-se uma postura crtica em relao estrutura da escola e da sociedadeque ela representa. Para isto necessrio um posicionamento sobre o que a escola produz.

    Pensar a Psicopedagogia a servio da educao significa pensarno contexto escolar como elemento complexo e multideterminado,pensar nos atores que interagem no espao escolar e tambm nafamlia, comunidade e sociedade que participam do empreendimentoeducacional, mesmo quando no presentes fisicamente.

    Atuar de modo competente na preveno das dificuldades de aprendizagem e no sentido de minimizar os efeitos nocivosdo fracasso escolar consiste em tarefa difcil e rdua e que exigir dos profissionais comprometidos um preparo dequalidade e uma prtica acompanhada de autoavaliao sistemtica.

    Alguns aspectos que se destacam na ao Psicopedaggica Institucional merecem destaque para posterior reflexo eaprofundamento terico-prtico, a saber.

    O psicopedagogo, ao ingressar em uma instituio de ensino, deve ter em mente que toda e qualquer tarefa aser realizada deve ser empreendida e compreendida em funo da unidade e totalidade da instituio.

    O psicopedagogo deve ter clareza da natureza de sua ao no mbito institucional evitando, a todo custo,

    qualquer tendncia a psicologizar suas intervenes. Escola no lugar para atendimento clnico oupsicoteraputico.

    O profissional de psicopedagogia, no mbito institucional tambm vai desenvolver competncias interpessoaispara atuar na administrao de ansiedades e conflitos.

    Deve priorizar o trabalho em grupo, sempre considerando o grupo como uma unidade em funcionamentocoletivo.

    Assumir sua funo de mediador entre os sujeitos envolvidos na relao ensino e aprendizagem, cuidandopara que as relaes ocorram em padres de harmonia e respeito mtuo.

    Realizar a suprema tarefa de transformar queixas de aprendizagem em pensamentos autnomos sobremodos diferenciados de aprendizagem, como diz Alicia Fernandz, psicopedagoga argentina.

    Integrar-se equipe escolar como co-participante dos processos de gesto, superviso e orientaoeducacional, dando apoio aos professores e assistncias aos alunos e suas famlias, conforme as demandasexistentes.

    No perder a noo de que a formao contnua uma necessidade e buscar auxlio com profissionais maisexperientes quando confrontado com situaes complexas e de difcil resoluo.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    28/70

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    29/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    29

    Captulo 3 As Bases Conceituais da Avaliao Psicopedaggica Institucional

    A Psicopedagogia no espao escolar se justifica na medida em que existem contextos que caracterizamos como queixasde aprendizagem, ou seja, quando existem crianas normais que, por motivos mltiplos, no conseguem se apropriar dosconhecimentos do modo como a instituio escolar espera e deseja. Estas crianas no alcanam o mesmo rendimentoque seus colegas e passam a compor um quadro problemtico que impede o andamento regular das turmas e quedestila desconfianas sobre suas integridades fsica e emocional.

    certo que algumas crianas apresentam, de fato, comprometimentos de distintas ordens, o que permite categoriz-lascomo portadoras de distrbios impeditivos aprendizagem, entretanto, este grupo consiste em uma minoria.

    As crianas que engrossam as estatsticas de fracasso escolare que sofrem com dificuldades para aprender so normais, noapresentam patologias impeditivas ou mesmo distrbios dequalquer natureza. Por que, ento, elas no aprendem?

    Talvez a escola, os professores, os profissionais de educao, a famlia e todo o sistema social e econmico tenham

    algo a ver com isto. Esta a trilha que o psicopedagogo deve percorrer para prevenir o fracasso destes alunos:desconfiar de respostas fceis quando vai tratar de tema difcil. Sucumbir simples constatao de que o problema o aluno representar uma soluo simplista e reducionista a um problema to complexo, alm de ser uma alternativaprofundamente injusta. Em geral, a criana que no aprende vtima de um sistema educacional estruturado para aexcluso. Ela cumpre este desiderato e, ao fim e ao cabo, termina por ser responsvel por sua punio.

    A instituio escolar, assim como a sociedade, marcada pela diversidade e o discurso da modernidade no permitemais que se abra mo do respeito ao diferente. A notvel ampliao que o conceito de diversidade tem sofrido j atingea escola e no deixa mais espao para condutas discriminatrias e excludentes, embora elas estejam presentes, ainda,com significativa representao. Na escola, entretanto, o que pretende as pedagogias progressistas a implantao deuma escola e um currculo que atenda a todos, sem abrir mo das especificidades contidas neste todo. O psicopedagogo

    afinado com o discurso pedaggico corrente tambm deve posicionar-se no sentido de intervir na instituio de ensinoprocurando minimizar a discriminao e fortalecer o ensino democrtico que no exclui as diferenas individuais.

    A Avaliao Psicopedaggica Institucional

    Unidade III

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    30/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    0

    A Avaliao Psicopedaggica Institucional Unidade III

    A funo psicopedaggica preventiva, realizada na escola, incluietapas relevantes que se traduzem, especialmente, nos momentosde avaliao do contexto escolar e suas dificuldades e elaboraode estratgias de interveno junto comunidade escolar nosentido de prevenir situaes de fracasso escolar.

    Para alm destas tarefas comuns ao psicopedagogo que atua na escola, podemos destacar tambm sua participaoefetiva nos distintos mbitos, a saber: composio das equipes multidisciplinares e de apoio s atividades educacionaise escolares para discusso e deliberao acerca das questes macro e microssistmicas do processo educacional;assessoramento na elaborao de projetos curriculares; apoio nas atividades de orientao pessoal, vocacional eprofissional; engajamento em projetos de ao social; compromisso com a elaborao e implementao de um currculodestinado educao de atitudes e valores; promoo de situaes de aprendizagem que garantam a insero do alunonas novas tecnologias de informao e comunicao.

    A avaliao psicopedaggica uma tarefa de extrema importncia para a compreenso de contextos de fracasso escolar

    e dificuldades de aprendizagem. Consiste em um trabalho de investigao da realidade escolar, tanto objetiva quanto

    subjetiva, e reveste-se de profunda complexidade por buscar compreender pessoas em relao de ensino e aprendizagem,

    com fortes evidncias de fracasso nessas relaes. S elaboramos avaliaes psicopedaggicas institucionais quando

    nos deparamos com baixo desempenho acadmico de alunos, altos ndices de reprovao, situaes particulares de

    dificuldades de aprendizagem, dentre outros aspectos. Quando os ventos sopram a favor e tudo corre bem na escola,

    no h necessidade de uma avaliao psicopedaggica, no pelo menos no sentido de buscar causas para as queixas

    escolares.

    Compreender as bases conceituais que vm norteando asorientaes para elaborao de avaliaes psicopedaggicasconsiste em ponto relevante para qualquer profissional daPsicopedagogia. Como se diz popularmente, nada como uma boateoria para gerar uma boa prtica.

    Distintos autores tm definido a avaliao psicopedaggica. Para Sol (2001, p.186):

    um processo de coleta e anlise de informaes relevantes sobre os diferentes elementos queintervm no processo de ensino e aprendizagem no somente das competncias do aluno, mastambm do ambiente educacional com a finalidade de fundamentar as decises sobre as respostaseducacionais mais adequadas s necessidades do aluno.

    Fernndez (1997, p.90) argumenta que:

    Com respeito s suas finalidades, existe concordncia sobre o fato de que, quando falamos deavaliao psicopedaggica, fazemos referncia a um processo no qual o que se pretende identificar

    as necessidades educacionais de determinados alunos que apresentam dificuldades em seudesenvolvimento pessoal ou desajustamentos em relao ao currculo escolar (...) dirigido a apoiar atomada de decises sobre a situao escolar de determinados alunos.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    31/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    31

    A Avaliao Psicopedaggica Institucional Unidade III

    Bassedas e cols (1996, p.24) assim definem a avaliao psicopedaggica:

    (...) entendemos o diagnstico psicopedaggico como um processo no qual analisada a situaodo aluno com dificuldades dentro do contexto da escola e da sala de aula, com a finalidade deproporcionar aos professores orientaes e instrumentos que permitam modificar o conflitomanifesto.

    A avaliao psicopedaggica , em suma, um processo por meio doqual buscando compreender uma situao especfica vivenciadapor um ou mais alunos, que apresentam dificuldades para aprenderno contexto escolar, familiar, pessoal, social e cultural. Aoavaliarmos este contexto como um sistema, criamos condies deenfrent-lo em todas as duas mltiplas dimenses.

    H distintos atores e contextos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Em uma avaliao psicopedaggica imprescindvel a escuta e compreenso da dinmica e funcionamento destes sujeitos e dos sistemas componentesda situao de aprendizagem ou no aprendizagem. A escola um sistema aberto que compartilha responsabilidades,objetivos e compromissos com outros sistemas, como a famlia, a comunidade e a sociedade, de modo geral. Este jogorico de interaes e relaes pode gerar resultados de sucesso e problemas das mais variadas gama. O no aprender temorigem nesse interjogo, tambm, e necessita ser visto e explorado em sua complexidade.

    O aluno o protagonista, por excelncia de sua aprendizagem, mas est s ocorre por mediao de outros, que so

    sempre agentes sociais. Aprender , portanto, ao coletiva, no ocorre de modo isolado, necessita de mediao social,de interpretao e de ressignificaes de sentidos e significados. Esta trama tecida por vrias mos e mentes quetambm atuam na construo da no aprendizagem. O aluno que fracassa reflete todo um sistema que tambm fracassa,mas, em geral, s ele leva a culpa pelo fato. Em uma avaliao psicopedaggica a instituio ou o contexto escolar oobjeto da avaliao, o foco central, onde vamos buscar possveis relaes causais para o fracasso na aprendizagem.O sujeito que apresenta o fracasso escolar parte deste sistema e deve ser visto, ouvido e compreendido como instnciado seu contexto e no como elemento isolado.

    O objeto da avaliao psicopedaggica o sistema sujeito em seus contextos.(SOLE, 2001)

    Por que usamos, at o presente momento, a expresso avaliaopsicopedaggica ao invs do famoso e contestado diagnsticopsicopedaggico?

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    32/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    2

    A Avaliao Psicopedaggica Institucional Unidade III

    Quando tratamos da Psicopedagogia Institucional, cujo foco compreender o sistema educacional com suaspotencialidades e impedimentos, no parece adequado optar por uma terminologia que remete a um enfoque clnico. Nopretendemos adotar uma epistemologia clnica ao trabalhar na escola, at mesmo porque foge de qualquer possibilidadede avaliao e interveno. A escola no espao para fazer clnica, seja de que natureza for. A escola espao deensino e aprendizagem, de desenvolvimento humano e deve ser compreendida sob a tima educacional e pedaggica.

    Diagnstico uma palavra que significa conhecimento ou determinao de uma doena pelo(s) sintoma(s), sinal ousinais e/ou mediante exames diversos, diz respeito classificao de patologias, compreenso da natureza dedistintas enfermidades. No isto o que buscamos na escola quando nos debruamos na investigao das dificuldadesde aprendizagem e do fracasso escolar.

    Avaliao relaciona-se a compreender, apreciar, analisar e permite uma leitura menos tendenciosa ou especializadasobre fenmenos distintos. Ao utilizarmos o termo Avaliao Psicopedaggica, o campo psicopedaggico define suasintenes e objetivos, que so: analisar, apreciar e compreender fenmenos especficos do espao escolar sejam elesrelacionados, ou no, ao fracasso escolar.

    Outro equvoco recorrente tratar o processo de avaliao do contexto escolar e das dificuldades de aprendizagem

    como um processo psicodiagnstico. Tal postura direciona a ao do psicopedagogo que atua na instituio paraum enfoque psicolgico do fenmeno a ser investigado, que deve ser priorizado, mas no posto como ponto de partidade uma investigao relacionada aos problemas de aprendizagem. A prtica psicolgica, no mbito escolar, tem suasespecificidades e a especializao em Psicopedagogia no habilita para o exerccio clnico, portanto, estas ranhurasdevem ser aparadas, at mesmo para que no haja dvidas quanto s funes e competncias dos distintos profissionaisque habitam a escola.

    Para encerrar este captulo relevante discutir sobre quais elementos ou quais instncias do sistema escolar devemser objeto de investigao em uma avaliao psicopedaggica. Alm disto, como avaliamos uma instituio escolarem busca de suas dificuldades? melhor comearmos pela investigao do sujeito ou do contexto? Devemos avaliar o

    sujeito separado do contexto ou o sujeito e o contexto, imbricados em relaes complexas e subjetivas?Uma avaliao psicopedaggica demanda uma estrutura de ao, planejamento, caminhos a percorrer e clareza sobreos pontos de investigao. Ela envolve a escola, seus educadores, os professores, os alunos, a famlia dos alunos, acomunidade, as situaes de ensino e aprendizagem, a interao professor-aluno e aluno-aluno, os recursos de ensino,as crenas e valores praticados na instituio escolar, o contexto sociocultural e as polticas pblicas educacionais.O sistema complexo e o psicopedagogo que almeja xito no pode desconhecer a natureza intricada do processoeducacional. Diante deste cenrio indispensvel uma ao intencional e estratgica para a elaborao de uma avaliaopsicopedaggica efetiva. Como diz Sol (2001, pp.189-190):

    (...) a aprendizagem, fruto da interao social, o motor do desenvolvimento humano. No campo da

    avaliao psicopedaggica, isso remete necessidade de compreender a conduta, as competncias eas limitaes dos indivduos em um enfoque ampliado. O objeto primrio da avaliao psicopedaggica o aluno no sistema de ensino e aprendizagem, ou seja, na interao que estabelece com seuprofessor e com seus colegas em torno dos contedos escolares. (...) a avaliao psicopedaggicaamplia, assim, seu foco (...) envolvendo, embora em graus diversos, pessoas diferentes (no somenteo aluno, mas tambm seus professores, sua famlia, seus colegas, os profissionais que lhe oferecemapoio e o prprio psicopedagogo).

    O enfoque sistmico e relacional da avaliao psicopedaggica no exclui o sujeito e suas peculiaridades e no nega aexistncia de uma personalidade que vai atuar no sentido de construir sucesso ou fracasso escolar. Esta viso buscacompreender este sujeito, ativo e autor, em relao e interao com os outros elementos do sistema, com as propostas

    da escola, com as experincias individuais e coletivas no mbito escolar e com as aes de outros sujeitos em relao aele, no sentido de auxili-lo, ou no, a lidar com suas limitaes e potencialidades.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    33/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    33

    A Avaliao Psicopedaggica Institucional Unidade III

    Em uma avaliao existem elementos que devem ser considerados, a saber:

    um tempo definido historicamente e um espao concreto e um espao subjetivo;

    metas e objetivos;

    planejamento, escolha de procedimentos e estratgias de ao; a seleo de instrumentos para a coleta de dados;

    a interpretao dos dados resultantes da avaliao;

    superviso e controle;

    a devolutiva.

    Uma avaliao psicopedaggica situa-se em um tempo especficoe em um espao.

    A dimenso tempo define o momento de empreender uma avaliao, considerando as demandas circunstanciais e histriase tambm a estrutura da avaliao com relao ao planejamento de suas etapas constitutivas e seus respectivos temposde durao. A dimenso espao exige a organizao do sistema e a construo de locais apropriados para a realizao dotrabalho psicopedaggico. O espao o lugar onde transcorre a ao psicopedaggica e deve ser definido e estruturadode modo adequado aos objetivos institucionais.

    Uma avaliao psicopedaggica s pode acontecer se houvermetas e objetivos a serem alcanados.

    Qual a principal finalidade de uma avaliao psicopedaggica? obter conhecimentos sobre os alunos inseridos emum contexto educacional e sob influncia de vrios outros espaos, como a famlia, a comunidade, a sociedade, entre

    outros. A avaliao psicopedaggico objetiva este conhecimento para que, a partir dele, possa pensar em estratgiasde ao que consigam fortalecer os aspectos positivos da aprendizagem escolar e minimizar os aspectos disfuncionais.

    Em algumas situaes a avaliao psicopedaggica objetiva investigar um contexto de no aprendizagem de um aluno,especificamente. Em outras situaes, esta anlise diz respeito a um grupo de alunos que apresentam baixo rendimentoescolar. Muitas vezes a avaliao objetiva detectar o grau de qualidade do ensino e de aproveitamento escolar doaluno. De qualquer forma, o importante estabelecer metas e objetivos com clareza. Quando sabemos o que estamosprocurando, fica mais fcil encontrar.

    Uma avaliao psicopedaggica, para acontecer, necessita deplanejamento, escolha de procedimentos e estratgias de ao.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    34/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    4

    A Avaliao Psicopedaggica Institucional Unidade III

    O processo de educao formal, que ocorre na escola, no est desvinculado dos processos de educao informal queocorrem na famlia, na comunidade e na sociedade onde a criana est inserida. Para compreender como uma crianaaprende, na escola, por meio das prticas educativas, necessrio compreender como ela aprende em seus outrosespaos de aprendizagem. A avaliao psicopedaggica necessita investigar todo o sistema ecolgico que cerca acriana, onde inclumos: as situaes de ensino e aprendizagem; a relao professor e aluno; a relao aluno e aluno;

    o contrato didtico, ou seja, as normas estabelecidas e os modelos tericos que sustentam o processo de ensinar; asmetodologias de ensino, que representam caminhos, modos e maneiras que o professor usa para ensinar; os recursos deensino; as crenas e valores que a instituio sustenta acerca do ensinar e do aprender.

    Alm desses aspectos, esto tambm envolvidos na aprendizagem que acontece dentro de sala de aula as relaes doaluno com sua famlia, os valores e as crenas cultivados em seu lar, as regras e normas do seu contexto social e mesmoas polticas pblicas que regem o sistema educacional e que definem o currculo que ser trabalhado na escola.

    Ao planejar uma avaliao psicopedaggica o profissional deve ter em mente que necessita compreender todas asinstncias acima referidas e que para alcanar seus objetivos vai precisar de um planejamento acurado de suas aes.

    Planejar significa elaborar roteiros, caminhos, passos para alcanar um objetivo. Uma avaliao psicopedaggicademanda planejamento, segundo alguns autores, de natureza estratgica, a saber:

    (...) a avaliao psicopedaggica constitui uma estratgia, ou seja, (...) o psicopedagogo, ao planejare realizar a avaliao, coloca em ao um pensamento estratgico, o que implica em (...) usodeliberado e planejado de uma sequncia composta de procedimentos dirigidos a alcanar uma metaestabelecida (SOL, 2001, p.191).

    Procedimentos, segundo Sol (2001), representam tcnicas e instrumentos utilizados para coletar os dados necessriospara a realizao de uma avaliao psicopedaggica. Alm da escolha do instrumental, os procedimentos tambmestabelecem como ser a coleta de informaes e dados que vo permitir compreender o quadro psicopedaggico em

    avaliao. Um bom desenho procedimental auxilia o psicopedagogo no sentido de agilizar a etapa de coleta de dados quepode ser bastante demorada na falta de planejamento.

    As estratgias de ao refletem as competncias do psicopedagogo ao planejar uma avaliao e decidir como, onde ede que jeito vai realiz-la. Na perspectiva de Pozo (1996, SOL, 2001, p.192):

    (...) as estratgias exigem planejamento e controle da execuo. (...) Alm disso, implicariam em usoseletivo dos prprios recursos e capacidades disponveis. (...) Sem uma variedade de recursos, no possvel atuar de modo estratgico. Finalmente, as estratgias seriam compostas de tcnicas oudestrezas (p.192).

    Os parmetros para a seleo e aplicao das estratgias de ao em uma avaliao psicopedaggica esto intimamente

    relacionados com os objetivos da avaliao, com o que se pretende atingir. Uma avaliao psicopedaggica vai investigarproblemas de aprendizagem, mas indispensvel manter em mente que nem todos os casos de impedimentos deaprendizagem so iguais, portanto, no possvel pensar em uma avaliao padro, que utilize os mesmos procedimentose estratgias, a despeito da natureza do caso que investiga. Como argumenta Sol (2001, p.192):

    (...) para que um psicopedagogo possa agir estrategicamente condio necessria ainda que no

    suficiente que possua uma ampla variedade de recursos que possam ser usados com flexibilidade.

    A avaliao psicopedaggica no se caracteriza pelo nmero ou pela sequncia especfica de

    passos e instrumentos utilizados, mas pela seleo inteligente daqueles que permitam obter a

    informao adequada.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    35/70

    Ps-Gradu

    ao

    a

    Distncia

    35

    A Avaliao Psicopedaggica Institucional Unidade III

    Uma avaliao psicopedaggica precisa de instrumentosbem elaborados para coletar aquilo que deseja investigar emprofundidade.

    O psicopedagogo, no mbito institucional, no pode esquecer qual a sua funo e no pode perder de vista que seu lcusde investigao sempre a escola. Mesmo quando chamado a analisar contextos de dificuldades de aprendizagemespecficos de um nico aluno, o seu olhar deve ser sempre global. Ele tem que se perguntar o por qu deste alunono aprender a partir do contexto escolar e no abstrair o aluno deste espao e situ-lo como origem e fim de seusproblemas na escola.

    A avaliao psicopedaggica institucional vai priorizar a escola. Ela parte do contexto escolar para chegar ao aluno, aocontrrio da interveno psicopedaggica clnica que parte do aluno para chegar ao contexto. Na instituio escolar, o

    instrumental de avaliao do psicopedagogo deve focar a instituio e seus componentes, ou seja, vai procurar conheceras dimenses polticas, sociais, pedaggicas, psicopedaggicas e interativas que constituem as relaes de ensino eaprendizagem assim com as situaes de no aprendizagem. Seu instrumental de pesquisa e coleta de dados no vaipriorizar estratgias utilizadas na clnica, como por exemplo, o uso de testes psicolgicos. Os dados sero coletados pormeio de outros procedimentos, muitos deles construdos pelo prprio psicopedagogo.

    Ao elaborar os instrumentos de coleta de dados para uma avaliao, o psicopedagogo no pode esquecer das regrasbsicas em pesquisa: objetividade, clareza, fidedignidade, ou seja, foco. necessrio elaborar instrumentos ou escolheraqueles que j existem com um propsito claro em mente: o que eu desejo investigar? Um erro muito comum, nacoleta de dados, consiste em usar instrumentos no adequados que captam uma enorme quantidade de informaes

    irrelevantes e deixam os aspectos centrais de uma investigao de lado.

    Uma avaliao psicopedaggica deve resultar em dados beminterpretados e que permitam uma lcida viso do contexto realdas dificuldades de aprendizagem, suas origens e processos dedesenvolvimento.

    Ao realizar uma avaliao psicopedaggica importante ter clareza dos objetivos que se pretende alcanar. J falamosdisso vrias vezes. indispensvel uma coleta de dados bem elaborada e a escolha certa dos instrumentos de pesquisa.Entretanto, os acertos nestas etapas da avaliao no significaro nada se o profissional no souber interpretar osresultados que encontrar. Para que esta interpretao seja bem sucedida este profissional, alm de muito domnioterico da rea psicopedaggica, ter que desenvolver a habilidade de fazer os dados falarem e articul-los com asmltiplas realidades em avaliao: a escola, os professores, o aluno, sua famlia e todos os contextos que cercam osujeito com problemas de aprendizagem.

    medida que vai coletando dados importante que o psicopedagogo proceda interpretao dos mesmos de modosimultneo. Uma vez que a queixa j conhecida e os dados vo se revelando, o profissional que realiza a avaliaodeve elaborar suas hipteses ao longo do processo e no somente ao final. As dificuldades de aprendizagem vistas sobuma tima sistmica e processual devem ser investigadas em processo, ou seja, o psicopedagogo pode abrir mo datrajetria clssica de investigao, que define etapas precisas de coleta e anlise das informaes, para compreender ofenmeno que surge sua frente como algo em construo ou, no mnimo, em exposio de seu processo de construo.

  • 7/24/2019 Mod a Avaliacao Psicopedagogica Institucional v1

    36/70

    AAvaliao

    Psicopedaggica

    Institucional

    6

    A Avaliao Psicopedaggica Institucional Unidade III

    A deciso por coletar dados, analis-los e interpret-los concomitantemente exige treino do profissional, mas tambmenriquece o processo de compreenso do objeto de investigao, pois exige do pesquisador uma ao reflexiva em todosos momentos da avaliao. Como destaca Sol (2001, p.193):

    Na avaliao psicopedaggica, a elaborao de hipteses que vo se consolidando ou sendorejeitadas ao longo do processo um elemento que guia, desde o incio, o princpio das decisessobre a obteno da informao.

    Esta flexibilidade na elaborao das hipteses permite ao psicopedagogo dotar a avaliao psicopedaggica de umanatureza orgnica que s favorecer a compreenso das dificuldades de aprendizagem em questo.

    Uma avaliao psicopedaggica tem que incluir etapas desuperviso e controle das estratgias de investigao.

    A superviso e o controle das etapas de uma avaliao psicopedaggica devem constar como parte integrante doprocesso. Este conjunto de aes define um sistema de avaliao da avaliao psicopedaggica, mecanismo quepermite a autorregulagem do processo com um todo.

    Avaliar a avaliao psicopedaggica a nica maneira de mudar caminhos e rumos quando estes se mostram inadequados. tambm uma forma de manter a sade do processo, uma vez que ele passa a adotar uma natureza flexvel, capaz dese adaptar s mudanas que ocorrem ao longo da avaliao no prprio sistema escolar ou mesmo no aluno em foco.

    Uma avaliao psicopedaggica deve devolver escola e ao alunoos resultados de sua investigao.

    Ao trmino do processo de avaliao psicopedaggica necessrio proceder devoluo do que foi e