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61 61 1. Intr . Intr odução odução A população mundial duplica em intervalos cada vez mais curtos. No nosso século estima-se que duplique em cada 40 anos, o que a verificar-se resultará em 12 biliões em 2040 (cf. http://www. popexpo.net/eMain.html, 05.2001). Em menos de 200 anos a população mundial pas- sou de 1 para 6 biliões de indivíduos. As pro- jecções das Nações Unidas indicam que nos próx- imos 50 anos, se forem usados métodos de planeamento familiar, mesmo prevendo-se um aumento da esperança de vida para a média dos 70 anos, é possível estabilizar o crescimento da população mundial podendo mesmo vir a regis- tar-se um decréscimo por volta do fim deste sécu- lo. Entretanto colocam-se algumas questões per- tinentes, tal como apresentadas no site do Musée de l´Homme, Paris: Esgotar-se-ão os nossos recursos naturais? Viverá a maioria da população em grandes cidades? Aumentará a fome no mundo? O envelhecimento da população será uma ameaça? A SIDA dizimará a população? (cf.http://www.popexpo.net/eMain.html, 05.2001). MODEL MODELAÇÃ ÇÃO DINÂMIC O DINÂMIC A E CEN A E CEN ÁRIOS DE DESENV ÁRIOS DE DESENVOL OLVIMENT VIMENT O O PARA O AL ARA O ALGAR ARVE VE Franscisco Serra Doutor Europeu em Ciências Económicas e Empresariais Professor Adjunto na ESGHT [email protected] papel da super-estrutura política, no que respeita ao desenvolvimento sustentável dos destinos turís- ticos mais massificados, realizando estudos e apontando caminhos no que respeita, entre outras coisas, aos códigos de boas-práticas e aos sistemas integrados de gestão. Todavia, persistem muitos obstáculos, consub- stanciados nos chamados conflitos de interesses e na indefinição estratégica resultante da falta de visões partilhadas, por exemplo. É neste contexto de crescente ameaça à sus- tentabilidade, crescente complexidade e ausência ou insuficiência de direcção e coordenação estratégica, que se propõe a abordagem holística, baseada no pensamento sistémico e na dinâmica de sistemas, como instrumento teórico, metodolo- gia e ferramenta operacional, capazes de pro- mover as mudanças de mentalidade que, em última análise, são o principal obstáculo às mudanças estruturais que se impõem, face às ameaças acima identificadas. pala palavr vr as-Cha as-Chav e: e: Turismo; Pensamento Sistémico; Dinâmica de Sistemas; Desenvolvimento Sustentável. R esumo esumo O conceito de desenvolvimento sustentável apela à gestão racional dos recursos naturais, do património e das culturas locais dos destinos turísticos. Os recursos especialmente destinados ao uso turís- tico, assim como muitos outros, são também usa- dos com crescente regularidade pelos residentes, o que aumenta a pressão e leva a que os mesmos se degradem ou se extingam, situação particular- mente crítica no que se refere aos chamados recur- sos públicos (ou comunitários). Estas situações levam a que o desenvolvimento futuro fique comprometido, por falta de base de sustentação. Nestas condições, a economia esta- gna e declina, as condições ambientais pioram, a injustiça social aumenta e a satisfação dos turistas diminui, agravando ainda mais estas condições, um fenómeno habitualmente designado por cic lo da pobr e za. Esta preocupação tem levado os investigadores interessados a analisar o papel central dos recursos públicos (common pool resources), incluindo o

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11. Intr. Introduçãoodução

A população mundial duplica em intervalos cadavez mais curtos. No nosso século estima-se queduplique em cada 40 anos, o que a verificar-seresultará em 12 biliões em 2040 (cf. http://www.popexpo.net/eMain.html, 05.2001).

Em menos de 200 anos a população mundial pas-sou de 1 para 6 biliões de indivíduos. As pro-jecções das Nações Unidas indicam que nos próx-imos 50 anos, se forem usados métodos de planeamento familiar, mesmo prevendo-se um aumento da esperança de vida para a média dos 70 anos, é possível estabilizar o crescimento da

população mundial podendo mesmo vir a regis-tar-se um decréscimo por volta do fim deste sécu-lo. Entretanto colocam-se algumas questões per-tinentes, tal como apresentadas no site do Muséede l´Homme, Paris:

Esgotar-se-ão os nossos recursos naturais?Viverá a maioria da população em grandes cidades?Aumentará a fome no mundo?O envelhecimento da população será uma ameaça?A SIDA dizimará a população?(cf.http://www.popexpo.net/eMain.html, 05.2001).

MODELMODEL AAÇÃÇÃO DINÂMICO DINÂMICA E CENA E CENÁRIOS DE DESENVÁRIOS DE DESENVOLOLVIMENTVIMENTO O

PPARA O ALARA O ALGGARARVEVE

Franscisco SerraDoutor Europeu em Ciências Económicas e Empresariais

Professor Adjunto na [email protected]

papel da super-estrutura política, no que respeita ao desenvolvimento sustentável dos destinos turís-ticos mais massificados, realizando estudos eapontando caminhos no que respeita, entre outrascoisas, aos códigos de boas-práticas e aos sistemasintegrados de gestão.

Todavia, persistem muitos obstáculos, consub-stanciados nos chamados conflitos de interesses ena indefinição estratégica resultante da falta devisões partilhadas, por exemplo.

É neste contexto de crescente ameaça à sus-tentabilidade, crescente complexidade e ausênciaou insuficiência de direcção e coordenaçãoestratégica, que se propõe a abordagem holística,baseada no pensamento sistémico e na dinâmicade sistemas, como instrumento teórico, metodolo-gia e ferramenta operacional, capazes de pro-mover as mudanças de mentalidade que, em últimaanálise, são o principal obstáculo às mudançasestruturais que se impõem, face às ameaças acimaidentificadas.

palapalavrvras-Chaas-Chavve: e:

Turismo; Pensamento Sistémico; Dinâmica deSistemas; Desenvolvimento Sustentável.

RResumoesumo

O conceito de desenvolvimento sustentável apela àgestão racional dos recursos naturais, do patrimónioe das culturas locais dos destinos turísticos.

Os recursos especialmente destinados ao uso turís-tico, assim como muitos outros, são também usa-dos com crescente regularidade pelos residentes, oque aumenta a pressão e leva a que os mesmos sedegradem ou se extingam, situação particular-mente crítica no que se refere aos chamados recur-sos públicos (ou comunitários).

Estas situações levam a que o desenvolvimentofuturo fique comprometido, por falta de base desustentação. Nestas condições, a economia esta-gna e declina, as condições ambientais pioram, ainjustiça social aumenta e a satisfação dos turistasdiminui, agravando ainda mais estas condições, umfenómeno habitualmente designado por ciclo dapobreza.

Esta preocupação tem levado os investigadoresinteressados a analisar o papel central dos recursospúblicos (common pool resources), incluindo o

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O homem assumiu há muito uma relação artificialcom o meio ambiente em que está inserido a qual,embora condicionada em cada momento pela suacapacidade cognitiva, lhe tem permitido sobrevivere multiplicar-se. Embora a nossa expansão eviden-cie um padrão de crescimento continuado ao longodo tempo e a nossa relação com o meio demonstreque temos tido a capacidade de alterar os limites ànossa sobrevivência, a verdade é que essa capaci-dade pode vir a revelar-se insuficiente perante asevidências da actualidade.

O conceito de sustentabilidade surge precisamentecomo consequência do reconhecimento de que anossa relação com o meio ambiente se alterou pro-gressivamente ao longo do tempo. Por força dadinâmica própria dos ecossistemas (tanto dos natu-rais como dos artificiais) as nossas acções pro-duzem alguns efeitos não desejados que ameaçama estabilidade ambiental, enquanto outros provo-cam mesmo desequilíbrios de cuja correcção oueliminação depende, em grande medida, a capaci-dade destes continuarem a providenciar ascondições de suporte à manutenção das espécies.

O desenvolvimento sustentado é um conceitoassociado ao que ocorre nos ecossistemas inter-vencionados e geridos pelo homem onde é possí-vel manter condições ambientais aceitáveis, atravésde investimentos intensivos na prevenção e cor-recção de efeitos colaterais, por um lado, e fazer a

exploração dos recursos renováveis de acordo coma sua capacidade de regeneração, por outro.

No que diz respeito aos stocks de recursos não re-nováveis, a primeira preocupação é com o ritmo aque diminuem, à medida que a população aumentaem número e se prolonga a esperança de vida.Relativamente a esta realidade ganha umaimportância crescente o esforço de reciclagem e aprocura de fontes alternativas.

É esta evidência que nos obriga cada vez mais a mo-dificar comportamentos e a encontrar novas soluções,ao mesmo tempo que tentamos corrigir os efeitos nãodesejados de decisões tomadas no passado, (para asquais muitas vezes desconhecemos as verdadeirascausas e aplicamos soluções inadequadas).

Figura I: Interrogações Quanto aoFuturo da Humanidade (2)

Figura IV: A Pegada Ecológica das Nações: Indicador para Portugal

Fonte: FCT-UNL, Lisboa [online], 3/2004.

População Pegada ecológica Bio-capacidade Saldo ecológico (1996) ha/capita ha/capita ha/capita Portugal 9,802,000 5,1 2,1 -3,6 Área mundial Área de Portugal Continental (ha per capita) (ha per capita) Terra arável 0,69 0,39 Pastagens 0,30 0,46 Floresta 0,59 0,57 Mar 0,03 0,37 Área urbanizada 0,13 0,32 Fonte: http://www.ecologicalfootprint.org [online], 03/2004.

2. O Desaf2. O Desafio da Susio da Susttententabilidade abilidade

... "Não é um estado fixo de harmonia, mas sim um proces-so de mudança no qual a exploração dos recursos, o direc-cionamento dos investimentos, as orientações do desenvolvi-mento tecnológico e as mudanças institucionais são tornadasconsistentes tanto com as necessidades futuras como com asnecessidades do presente" (WCED, 1987).

... "Pode ser visto como o conjunto de programas de desen-volvimento que vão de encontro aos objectivos de satisfaçãodas necessidades humanas sem violar a capacidade de rege-neração dos recursos naturais a longo prazo nem os padrõesde qualidade ambiental e de equidade social" (Bartelmus,1994).

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Modelação dinâmica e cenários de desenvolvimento para o algarve - Francisco Serra

Integrando as dimensões ecológica e económica den-tro de um mesmo modelo, podemos analisar a sus-tentabilidade através da estabilidade das trajectórias dosistema. Se uma trajectória se revelar estável, podededuzir-se que o sistema é sustentável. Normalmentepodemos observar dois padrões bastante distintos desustentabilidade: por um lado temos a quasi-estabili-dade existente nos sistemas pouco afectados pelodesenvolvimento económico, os quais podemosreferir como sistemas sustentáveis de tipo I. Nestetipo de sistemas a sustentabilidade pode ser vistacomo uma propriedade natural do sistema, onde actu-am principalmente os mecanismos naturais de regene-ração. No entanto, isto só é possível enquanto a popu-lação humana for de baixa densidade, assim como atipologia das actividades económicas aí desenvolvidas.Podemos definir este tipo de sustentabilidade como odesenvolvimento estável de um ecossistema naturalem termos de consumo de capital natural e de energia,no qual os humanos representam um papelsemelhante ao de qualquer outra espécie.

Outro tipo de sustentabilidade, pelo contrário, é provi-denciado pelo envolvimento activo do homem, ondea população cresce rapidamente e a economia cresceo necessário para reinvestir quantias suficientes decapital na restauração ambiental. Neste caso, a sus-tentabilidade resulta da intervenção do homem edepende em grande parte da sua capacidade dedecisão e do desenvolvimento económico conseguido.

A diferença principal entre estes dois tipos de sus-tentabilidade está no acordo social sobre os níveis dedegradação ambiental aceitáveis. Se as exigênciasambientais são altas o caminho é o da sustentabilidadequasi-natural dos ecossistemas, onde os humanos ten-dem a representar um papel apropriado a umpredador de topo, mantendo a sua interferência comos ciclos naturais a um nível mínimo e controlando asua população a um nível suficientemente baixo.

Ao interferir no equilíbrio natural dos ecossistemas,criamos sistemas artificialmente sustentados quepodem ser totalmente diferentes do que eram nopassado. A sustentabilidade neste caso é mantidaatravés de uma administração constante, que englo-ba os mecanismos de controle, adaptação e reajusta-mento. Este tipo de sustentabilidade é possível se asociedade e os seus líderes estiverem conscientesdesta responsabilidade de administração, uma vezque é necessário ser-se bastante eficiente e tercapacidade financeira para regenerar o capital natu-ral e para conservar o ambiente dentro de limitestolerados. Porém, a sustentabilidade artificial implicariscos e incertezas cada vez maiores. Como temos

observado, taxas de crescimento altas e ciclos maisintensivos de energia e capital no sistema, produzemcustos mais elevados de decisões erradas ou des-fasadas no tempo, o que aumenta grandemente osriscos para as gerações futuras.

Também deve acentuar-se que esta forma de sus-tentabilidade está fortemente dependente dasuposição de que o capital natural pode ser regenera-do com recurso a investimentos apropriados emmanutenção ambiental, restauração, mitigação etc.Novamente, acontece que em muitos casos, os ambi-entes reconstruídos, mesmo executando as funçõesecológicas necessárias, não oferecem as mesmascondições que os sistemas iniciais e não podem maisservir os mesmos propósitos e satisfazer as mesmasnecessidades (animais no zoo ou em parques sãodiferentes dos animais no seu habitat natural - tanto emtermos ecológicos como de comportamento social).

Clarificando esta distinção importante, facilmente secompreende muita da controvérsia actual relativa-mente às questões da sustentabilidade. Enquantouns expressam as preocupações sobre o futuro eargumentam que as condições de vida se estão adegradar, afastando-nos da sustentabilidade, outrosargumentam que, pelo contrário, o progresso tecno-lógico pode colmatar os problemas que vão surgin-do e que nós estamos no bom caminho, com ospadrões de vida a melhorar e os sistemas económi-cos a caminhar para níveis de sustentabilidadeaceitáveis. Num e noutro caso será conveniente terpresente que nos nossos dias não é mais possívelviver sem intervir na gestão dos recursos (desen-volvimento antropo-centrado) nem é possível igno-rar as funções ecológicas fundamentais dos sistemasnaturais e o seu papel no equilíbrio global do plane-ta (desenvolvimento eco-centrado).

São os valores e as prioridades locais, nacionais einternacionais, que determinam a intensidade doinvestimento que as sociedades estão dispostas afazer para suportar o esforço da sustentabilidade e afracção do território que deve ser protegida comosistemas do tipo I.

O turismo é uma das actividades com maior poten-cial para preservar e contribuir para a regeneraçãodo ambiente. De facto, é uma necessidade económi-ca de qualquer negócio turístico operar num contex-to ambiental bem preservado uma vez que a descon-tracção que um destino pode proporcionar, a par dasua estética, são dos factores mais importantes paraatrair os clientes para actividades de turismo. Destaforma, está na mão das empresas, das instituiçõesrelacionadas com a actividade turística, dos turistas e

das comunidades receptoras preservar o ambienteem que se inserem e o património construído queutilizam. Porém, um paradoxo do turismo é que asua prática, no presente, acarreta riscos que podemconduzir à destruição das suas condições de suporteno futuro se não cuidarmos de planear, de avaliar ascapacidades de carga, de investir na correcção dedesequilíbrios sociais e ambientais, se não cuidar-mos da limpeza e da manutenção das infra-estru-turas. É por estas razões que o planeamento e agestão do processo de crescimento e desenvolvi-mento das actividades turísticas são necessários,senão mesmo, indispensáveis.

No que interessa ao turismo devem, não só, con-seguir-se consensos sobre que partes do territóriodevem ser preservadas como ecossistemas para con-servação de vida selvagem, vegetação e protecção derecursos, mas também sobre a melhor forma derespeitar as culturas e tradições das populaçõeslocais. Devem pois ser determinadas as regiões ondese podem desenvolver as actividades turísticas con-vencionais no contexto dos sistemas ecológicos esócio-económicos artificiais desenhados e geridospelo homem, nas quais o desenvolvimento tem quegerar também os recursos de capital necessáriospara investir na regeneração, manutenção e limpeza,assegurando condições ecológicas aceitáveis nessasregiões e contribuindo para a melhoria das mesmasno contexto global (o princípio do poluídor-pagadorjá não é suficiente, mas é condição fundamental).Recentemente também se vem recomendando que,em vez de taxas ecológicas sobre os consumosfinais, se implementem sistemas de contribuiçãovoluntária para conservação de ecossistemas locais.

3. Ev3. Evolução Rolução Recentecente do Te do Tururismoismo

Até meados dos anos 80 a quase generalidade dosdestinos turísticos colocava ênfase na promoção eno crescimento em detrimento do planeamento, doestudo dos impactos, da gestão das condições ambi-entais e do investimento de suporte à sustentabili-dade. O turismo era entendido como uma actividadeeconómica baseada em recursos naturais renováveis,que oferecia experiências baseadas na contemplaçãodas paisagens, dos monumentos, da cultura local eno usufruto de condições naturais atractivas. Àmedida que as actividades e fluxos turísticos cresce-ram em número e impactos, tornou-se claro queestas actividades competiam fortemente para captarrecursos escassos de capital e território e que, apesarda sua classificação como actividade de serviços,implicavam necessariamente a alteração de muitascaracterísticas originais dos destinos.

Esta constatação levou-nos a compreender que paraser uma actividade sustentável, baseada em recursosrenováveis, o turismo necessita de um quadro deordenamento cuidado e de uma gestão integrada,atenta e eficiente.

O turismo de massas significa muito mais que umnumero elevado de turistas e visitantes, pois implicatambém o aparecimento de uma grande variedadede empresas que concorrem para oferecer umadeterminada experiência, com base em economiasde escala, preços reduzidos e práticas ambientais porvezes negligentes ou até mesmo nocivas. Aos fluxosturísticos acrescem também os fluxos populacionaispara fazer face às necessidades dos turistas e dosprestadores de serviços.

Esta dinâmica, conhecida como "factor multipli-cador" e "motor do desenvolvimento" é imparável,para o bem e para o mal, e necessita de ser acom-panhada, como já foi referido anteriormente.Importa referir também o facto de que a esmagado-ra maioria dos recursos para uso turístico são públi-cos (praias, paisagens, infra-estruturas). Esta caracte-rística justifica o papel do sector público e doscidadãos na definição das opções de desenvolvimen-to e faz sobressair a necessidade de as actividadeseconómicas privadas valorizarem a sua relação comas populações e poderes locais, contribuindo para apreservação dos recursos e para o bem estar dacomunidade, no seu próprio interesse, no interessedos seus clientes e no interesse geral.

Pode dizer-se que, como agente de transformação,o turismo pode revelar-se mais amigo do ambienteque muitas actividades extractivas, agrícolas etransformadoras pois o facto de ser uma actividademuito aberta e transparente possibilita uma toma-da de consciência diferente e exige respostas maisrápidas quanto às práticas de limpeza emanutenção do ambiente, induzindo tambémcomportamentos responsáveis por parte dos resi-dentes e dos próprios turistas.

A questão inevitável, contudo, é que sempre que acapacidade de carga (qualquer que seja a sua faceta)é excedida, os efeitos desse excesso far-se-ão sentirno futuro e darão origem a perturbações e a ciclosnegativos cujas consequências e custos são, muitasvezes, superiores aos benefícios presentes.

O conceito de capacidade de carga, não sendo uminstrumento preciso de medição, é apesar de tudoum conceito muito útil que nos permite tomardecisões mais esclarecidas, nomeadamente quantoaos fluxos de visitantes, à sua distribuição temporal,

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aos equipamentos que devem ser colocados à dis-posição para satisfazer as suas necessidades, aosconstrangimentos ambientais e outros parâmetrosrelevantes relacionados com o investimento e atipologia das actividades económicas.

A elevada dependência de muitas economias emrelação às actividades turísticas conjugada com a evi-dente dispersão e complexidade que as caracterizam,faz com que a administração integrada e eficientedas suas diversas dimensões seja, cada vez mais, umfactor crítico de sucesso.

4. A Utilidade do P4. A Utilidade do PensamentensamentooSisSisttémico e da Dinâmica de Sisémico e da Dinâmica de Sisttemasemasparpara a Coma a Comprpreensão e Aeensão e Adminisdministrtraçãoaçãodos Sisdos Sisttemas Comemas Compleplexxosos

O estudo dos sistemas complexos, como são os ecos-sistemas e os sistemas sociais, tem resultado na elabo-ração de diversos tipos de modelos, alguns interpreta-tivos outros explicativos e outros ainda, prescritivos.Contudo, a maioria não tem conseguido incorporaruma concepção sistémica e muito menos, dinâmica,pelo que os seus resultados, embora úteis em contex-tos muito determinados, não têm permitido com-preender convenientemente a interdependência, adinâmica e o comportamento dos elementos quedefinem a sua estrutura ao longo do tempo. Estas li-mitações estão a ser superadas actualmente com orecurso a disciplinas oriundas da Teoria Geral dosSistemas, como a Dinâmica de Sistemas, a Cibernética,a Teoria do Caos e a Inteligência Artificial.

Todas estas disciplinas fornecem instrumentos comos quais podemos aprender e compreender melhor,produzir melhor e gerir melhor, sendo por isso muitoimportantes para aumentar a nossa capacidade demodificar os limites de sobrevivência sem esgotar ascapacidades e recursos dos ecossistemas.

As iniciativas conhecidas no sentido de conceber eoperacionalizar modelos em que se incluem variá-veis ecológicas e económicas para efeitos de análisequantitativa e formulação de estratégias são aindamuito escassas. Isto deve-se porventura ao facto deserem necessários conhecimentos multi-discipli-nares bastante especializados e grandes quantidadesde dados, com diversas origens e formatos, uns eoutros nem sempre fáceis de reunir. No entanto,estes modelos têm todas as condições para produzirresultados teóricos válidos e proporcionar aos inte-ressados novos entendimentos, baseados na simu-lação dinâmica das interacções dos elementos queconstituem um dado sistema e nos padrões de com-portamento delas emergentes.

O objectivo da elaboração deste tipo de modelosnão é a produção de previsões exactas ou de directi-vas concretas, mas sim a compreensão global dadinâmica dos sistemas e dos seus padrões de com-portamento em vários domínios de parâmetros efunções, e consequentemente, as possível decisõesalternativas tendo em vista os resultados que se pre-tendem atingir, nomeadamente o equilíbrio ou esta-bilidade, o crescimento, o decréscimo, os estímulosexternos para sair do equilíbrio, etc.

As potencialidades e utilidade deste tipo de modelosforam demonstradas pelos estudos do Prof. Jay W.Forrester (World Dynamics, Urban Dynamics, IndustrialDynamics) e por outros investigadores, nomeadamentea Prof. Donnella Meadows (Limits to Growth), o pro-fessor Kaleed Saeed (Dynamics of Development), etc.

Estes modelos, depois de passarem por testes deconsistência, permitem-nos ter confiança nos resul-tados das simulações e investigar os possíveisregimes dinâmicos dos sistemas reais.

5. MODIS5. MODISTUR: UTUR: Um Modelo Dinâ-m Modelo Dinâ-mico do Sismico do Sisttema Tema Turísurístico tico

Sendo o turismo caracterizado por um conjunto com-plexo de actividades e resultado da interacção de múlti-plas dimensões (económica, ambiental, política, etc.), amaioria dos trabalhos de investigação realizados nesteâmbito são estudos parciais que adiantam propostasfragmentadas resultantes da adopção de uma perspe-ctiva reduccionista. Existe actualmente uma forte moti-vação para a realização de trabalhos de natureza holís-tica que permitam explicar os fenómenos de umaforma integrada, aproveitando as novas capacidades deprocessamento dos sistemas informáticos, a sofisti-cação do software de desenvolvimento e o já significa-tivo corpo de conhecimento teórico, resultante doesforço das diversas disciplinas científicas que se têminteressado pelo fenómeno do turismo.

Os poucos trabalhos já realizados que abordam oturismo na perspectiva sistémica têm salientado aimportância do ambiente relativamente ao turismo(Briassoulis, 1992), o desenvolvimento das activi-dades turísticas na sua relação com outros sectoreseconómicos (Bergh, 1991) e os efeitos do turismosobre o rendimento e a qualidade de vida das popu-lações receptoras (González, 1992a y 1992b).

Pelos argumentos expostos, o propósito desta inves-tigação foi o de formalizar e testar empiricamenteum modelo integrado do sistema turístico, a partirde uma teoria dinâmica, explicativa da forma comoa estrutura condiciona o seu desenvolvimento.

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O argumento para uma explicação endógena radicano facto de que muitas variáveis são internas ao des-tino turístico e podem ser controladas pelosempresários, pela administração pública ou por outrosactores sociais. Finalmente, o estudo das dinâmicasdo sistema turístico possibilitou a concepção de ummodelo operacional que pode ser usado para explo-rar estratégias alternativas, sendo facilmente aplicável aqualquer destino, desde que se adaptem os parâmetrosàs suas características concretas.

O modelo desenvolvido incorpora as diferentesdimensões do sistema turístico e outras com ele rela-cionadas e fornece evidencia empírica das relaçõescausais e dos fundamentos teóricos que sustentam asua formulação. Para esse efeito foram formatadasséries estatísticas e incorporados comportamentosnão-lineares mediante a parametrização de funçõesgráficas, tendo-se atribuído também muita importân-cia á descrição dos processos de retroalimentação quecaracterizam o sistema, identificando para isso, ospontos de influencia sob controlo da administração.

Com o propósito de conseguir uma adequada repre-sentação do modelo, este foi organizado em 23 sec-tores que ajudam a explicar como as interacçõesentre as diferentes dimensões do sistema determi-nam as características dos produtos, a imagem dodestino e a experiência turística, assim como a formacomo a referida experiência influirá na tomada dedecisão dos turistas potenciais.

Para simular um modelo dinâmico têm que determi-nar-se as equações matemáticas que possibilitam o

seu funcionamento. Este modelo é contínuo, por-tanto, os resultados das variáveis de nível deverãocalcular-se como a integral dos valores líquidos dosseus fluxos de entrada e saída. A impossibilidade derepresentar as alterações contínuas resultantes dasimulação obrigam a dividir o horizonte da simu-lação em intervalos com uma amplitude denomina-da passo de simulação (Garcillán, 1996), realizando-se medições dos fluxos em cada um desses momen-tos (considerou-se um processo de integração quesupõe aproximar numericamente o valor da inte-gral). Como os dados correspondentes à maioria dasvariáveis utilizadas se encontram expressos em valo-res anuais, optou-se por considerar cada passo desimulação como equivalente a um ano. O processode integração seleccionado foi o método de Euler.

Os valores iniciais das variáveis de nível são os cor-respondentes ao sistema real no ano de 1986. Operíodo de referência é o correspondente ao inter-valo 1986-2000, que se utilizou para testar a cor-recção das equações e das relações causais, assimcomo, posteriormente, a consistência do comporta-mento do modelo face aos valores conhecidos dosistema real, nos mesmos domínios de parâmetros efunções. Sendo modelos de tratamento de compor-tamentos não-lineares complexos, são distintos dosmodelos econométricos e por isso, também utilizamdiferentes métodos de validação e consistência. Aoperacionalidade do modelo é possível através daresolução de equações diferenciais, como as queaqui se apresentam a título de exemplo.

Fonte: Sontag, E. (s.d)

Figura III: Equações Diferenciais (amostra). CrescimentoExponencial e Limites ao Crescimento

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A teoria das dinâmicas do sistema turístico foi vali-dada empiricamente calibrando o binómio estrutura- comportamento da actividade turística no Algarve.Superada a fase de validação do modelo confia-seque a sua estrutura reproduz o comportamento do

sistema real e que o mesmo pode ser utilizado paraefectuar experiências com diferentes políticas, con-ceber e simular cenários e ensinar o seu uso comoferramenta de aprendizagem, utilizando para issoum laboratório artificial transparente.

O modelo permite avaliar diferentes políticas si-mulando estas sob condições controladas. A simu-lação das políticas e a observação imediata dosseus efeitos ajudam-nos a melhorar os comporta-mentos problemáticos resultantes do funciona-mento do sistema, guiando-nos na selecção daspolíticas simuladas que melhor desempenhoindicam, para efeitos da sua implementação no sis-tema real (Richardson y Pugh, 1981).

No caso da administração do turismo esta podeinfluenciar, directa ou indirectamente, os parâmetros:promoção do destino turístico, padrões de desem-penho ambiental, incentivos e facilitação de créditospara financiar infra estruturas, manutenção ambien-tal, promoção cultural, regulamentação das activi-dades económicas, promoção de eventos especiais,etc. Incorporando variáveis de controlo dosparâmetros sobre os quais actua a administraçãopodemos gerar um conjunto de cenários.

Figura VI: Diagrama causal explicativo de um comportamentoestrutural do sistema turístico

Figura VII: Quadro parcial das provas realizadas para verificação da consistên-cia estrutural do modelo

Resumo das Provas Variável: Turistas Ingleses no Alojamento Classificado

Dados reais Dados simulados

Regressão linear (tendência): Modelo: y(t) = a + b * t

a 517959,5 511320,8

b 3118,9 4265,7

Auto-correlação - r(k): Número de observações: 15

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6. Ger6. Geração de Cenáração de Cenáriosios

No contexto da aplicação e verificação do modeloprocedemos ao desenvolvimento de três cenários,que podem ajudar a perspectivar a adopção de umasérie de políticas correspondentes à gestão dosparâmetros sob a influência da administração turís-tica. os cenários gerados foram:

O cenário de crescimento agressivo [E-1].O cenário de desenvolvimento sustentado [E-2].O cenário de conservação de recursos [E-3].

Ao comparar as condições ambientais nos diversoscenários estas mostram que, em todos os casos,tendem a diminuir como consequência da pressãodo turismo. A diferença está apenas no grau dedegradação que cada cenário provoca, demons-trando que uma estratégia sistemática de melhoriacontínua (cenário de conservação de recursos),permite manter as condições ambientais a um nívelaceitável por mais tempo.

O fenómeno descrito repete-se no caso da experi-ência turística, com a diferença que, inicialmente, odesempenho é contrário ao que seria de esperar,pondo em evidência que o impacto das políticas,no longo prazo, é diferente do que ocorre a curtoe médio prazo. Considera-se que esta resposta sedeve à variação da intensidade das acções de pro-

moção e marketing, ao efeito que estes produzemnas expectativas dos turistas e às suas consequên-cias sobre o ambiente.

Finalmente, o modelo permite-nos perceber que adecisão de viajar está fortemente relacionada comuma expectativa de experiência turística, e que aadministração do turismo tem a possibilidade deimplementar as políticas específicas que melhor sir-vam o objectivo de adequar as expectativas à expe-riência, sabendo que esse factor é fundamentalpara fortalecer a imagem consolidada do destino ereforçar a fidelidade dos turistas no futuro.

77. R. Resumo dos Resumo dos Resultesultados Obtidosados Obtidos

Os resultados projectados pelas estratégias simu-ladas não terão certamente uma correspondênciaexacta com a realidade que vier a verificar-se emcada momento mas permitem antever as conse-quências que ocorreriam no caso de se adoptaremdeterminadas políticas, objectivo central do exercí-cio de simulação. O estudo permite a compreensãointegral do funcionamento do sistema e crê-se queconfirma a capacidade da metodologia da Dinâmicade Sistemas para melhorar a nossa compreensão dofuncionamento dos sistemas complexos.

Figura VII: Quadro parcial das provas realizadas para verificação da consistência estrutural do modelo (Continuação)

Lag: 0 1,0000000 1,0000000

Lag: 1 0,3760714 0,6042024

Lag: 2 0,1392650 0,2411976

Lag: 3 -0,0144656 0,0289301

Correlação cruzada – CC(k):

Lag: 0 0,7810179

Lag: 1 0,4768861

Lag: 2 0,4355753

Lag: 3 0,0226005

Máxima correlação cruzada: lag 0 0,7810179

Coeficientes de discrepância: Número de observações:15

U (MSE) 0,0128202

U1 0,0127281

U2 0,0008188 Erro insignificante, não sistemático

U3 0,9864531

Fonte: Serra, F. (2003)

Em primeiro lugar a comparação efectuadapermite consolidar um conhecimento maisglobal do comportamento do modelo perantealterações nos parâmetros, tendo-se demons-trado que o modelo se comporta de forma ade-quada às expectativas.

Em segundo lugar, a comparação ponto aponto dos cenários idealizados permitiu obterconclusões importantes em relação às opçõesestratégicas enunciadas e suas respectivaspolíticas e objectivos. Concretiza-se assim umavisão precisa de quais seriam as variáveis queteríamos de controlar de maneira mais sistemá-tica em cada uma das situações previstas, assimcomo dos horizontes temporais em que serianecessário materializar os resultados dasacções correctivas a implementar.

Constatou-se que a Teoria das Dinâmicas doSistema Turístico é consistente com os resulta-dos produzidos pelos diversos cenários,nomeadamente através da evidência de queo comportamento do sistema está condicionadopelos numerosos ciclos de retro-alimentaçãonela identificados, e também no que respeita aoscomportamentos que evidenciam a existênciade desfasamentos capazes de desequilibrar algu-mas estruturas do sistema, se não forem tidasem conta pela administração do destino.

Verificou-se empiricamente o verdadeiro signi-ficado do conceito de aprendizagem de ordemsuperior, um conhecimento novo que se con-segue através da estimulação da curiosidadeintelectual própria.

Crê-se que as alternativas estratégicas propos-tas são realistas, no contexto do processo decrescimento que caracteriza actualmente oturismo no Algarve e que, apesar de se tratar deum exercício académico, os seus resultadospodem ser tidos em consideração para futurosdiálogos entre a administração e os diversosagentes interessados neste processo.

Uma vez simulado o modelo procedeu-se auma análise dos resultados para cada um doscenários definidos, tendo-se também sistemati-zado um quadro comparativo dos resultadosdos três cenários. Estes referem-se a algumasvariáveis seleccionadas para efeitos de discussão deresultados, com base na sua importância para oefeito, embora o modelo produza um volumemais alargado de dados, tanto em forma degráficos como de tabelas.

8. R8. Resumo das Conclusõesesumo das Conclusões

1.1. A utilização da dinâmica de sistemas permitecompreender um sistema complexo, como é ocaso do turismo, na sua estrutura, comporta-mento e detalhe. Desta forma verifica-se comoa estrutura de um destino condiciona o seucomportamento, afectando a decisão de viajardos turistas potenciais. Por outro lado, oscenários simulados permitiram ilustrar as conse-quências de algumas políticas que a adminis-tração poderia adoptar para atrair um fluxo per-manente de turistas sem ultrapassar demasiado acapacidade de carga global do destino estudado.

2.2. Através da experimentação com o modelo, foipossível constatar os fundamentos de um vastoconjunto de postulados teóricos relativos aoPensamento Sistémico, à Dinâmica e Sistemas eàs potencialidades oferecidas pelos labratóriosartificiais de caixa transparente.

3.3. Embora os prognósticos de longo prazo sejampor vezes entendidos como pouco fiáveis, estapercepção não inviabiliza a necessidade de con-siderar horizontes dilatados para compreendermelhor o comportamento das variáveis queafectam o funcionamento de determinadosfenómenos no futuro. Além disso, a evidênciademonstrou que as estruturas de um sistemadificilmente mudam no curto prazo e são elasque condicionam e enformam o seu comporta-mento habitual.

4.4. O modelo empiricamente testado proporciona,como valor acrescentado, a possibilidade dageneralização da sua estrutura, que pode aplicar--se a diferentes destinos turísticos, bastando paratal, parametrizá-lo com dados das relações cor-respondentes ao destino específico a adminis-trar. Um modelo como este, que incorpora aessência de um determinado destino turístico,pode afirmar-se como uma poderosa ferramen-ta de gestão estratégica.

5.5. A chave para a sustentabilidade reside nanossa capacidade de compreender a com-plexidade resultante das interacções com oambiente e as consequências indesejadas quealgumas dessas interacções produzem, pondoem perigo a capacidade de regeneração dosrecursos naturais e a manutenção da biodiversi-dade. O caminho deverá ser o do exercíciode uma cidadania solidária, do pensamentoglobal e da acção local e da responsabilidadecolectiva pela gestão adequada dos ecossis-

6969

Modelação dinâmica e cenários de desenvolvimento para o algarve - Francisco Serra

Encontros científicos

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temas, só possível através da acção consequentee empenhada dos diversos actores sociais, emtorno de uma visão partilhada que, por suavez, seja conseguida através de ferramentasadequadas, facilitadoras de um diálogoesclarecido e orientado para a acção.

RRefefererências Bibliogências Bibliogrráfáficasicas

BARTELMUS, P. (1994). Environment, Growth and Development.London: Routledge.BERGH, J. (1991). Dynamic models for sustainable development.Amsterdam: Thesis Publishers.BRIASSOULIS, H. (1992). “Environmental Impacts ofTourism: A Framework for Analysis and Evaluation”. In Tourismand the Environment. Regional, Economic and Policy Issues (H.Briassoulis; J. van der Straaten, ed.). Dordrecht: KluwerAcademic.1 1-22.BUTLER, R. (2000). “Sustainable tourism and regional deve-lopment: identifying, monitoring and managing human andenvironmental impacts”. (Comunicação). European TourismCongress. Instituto Politécnico de Beja.COSTANZA, R. e Daly, H. (1992). “Natural Capital and sus-tainable development”. Conservation Biology (6). 37-46.FORRESTER, J. (1961). Industrial Dynamics. Cambridge: MITPress.FORRESTER, J. (1973). World Dynamics. Cambridge, MA:Wright-Allen Press.GARCILLÁN, J. (1996). Análisis de un modelo de mercado de traba-jo mediante la dinámica de sistemas. (Tese de Doutoramento).Universidad de Valladolid.GONZÁLEZ, R. (1992a). Turismo, demografía y ocupación del sueloen o Valle de la Orotava. La dinámica de sistemas en la simulación de unmodelo de dinámica regional. (Documento de trabalho nº37).Universidad de la Laguna - F.CC.EE. y EE.GONZÁLEZ, R. (1992b). Nivel de vida y propiedad del suelo:Impacto del turismo en o desarrollo socioeconómico del Valle de la Orotava(Documento de trabalho nº 41) Universidad de la Laguna -

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ANEXANEXO IO I

Figura VIII: comparação de resultados - chegadas de turistas(Anos: 1986-2020)

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Modelação dinâmica e cenários de desenvolvimento para o algarve - Francisco Serra

A administração do destino turístico é quem está emmelhor posição para gerir adequadamente osparâmetros em estudo. Além disso, é a administraçãoque tem melhores condições para realizar estudos daprocura, incentivar o investimento nas actividadesturísticas e na promoção de práticas alternativas degestão, capazes de concretizar as opções estratégicasmais coerentes com a ideia de sustentabilidade.

Evolução da oferta

O comportamento desta variável é homogéneo paratodos os cenários durante os períodos simulados,seguindo a tendência de adaptação à procura. Nocaso da estratégia E-2, a demora da oferta em ade-quar-se à procura é devida à existência de capacidadeinstalada ociosa.

Figura IX: dormidas de turistas

Figura X: comparação de resultados - relação entre a oferta e a procura

(Anos: 1986-2020)

(Anos: 1986-2020)

Oferta Complementar

(As variáveis nº de campos de golfe e nº de atracçõesartificiais seguem, nos diferentes cenários, o mesmopadrão de comportamento, embora com algumasdiferenças entre elas uma vez que no cenário E-1 ataxa de crescimento da oferta de campos de golfe émais alta que nos restantes. O crescimento do golfe edas atracções artificiais (parques de diversão e outros)é parte integrante de todas as estratégias. As variáveisrestaurantes e bares seguem, nos diferentes cenários,o mesmo padrão de comportamento, embora comalgumas diferenças no cenário E-1, em que a taxa decrescimento da oferta de restaurantes y bares é maiselevada que nos restantes.

Potencial dos recursos naturais econstruídos

A variável Potencial dos Recursos Naturais eConstruídos, mostra um comportamento alinha-do com o teoricamente antecipado. No gráfico daFigura XI observamos como o potencial dosrecursos aumenta quando a administração inter-vém na promoção da qualidade dos mesmos, sejaatravés de investimentos para minimizar osimpactos ou através da execução de políticas deconservação conducentes à manutenção ou melhoriadas condicões ambientais.

Encontros científicos

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Recursos, infra estruturas e serviçosde apoio ao turismo

Existem diversas infra-estruturas e serviços quepoderão experimentar problemas de capacidade decarga ou de resposta ao crescimento da procura, nãosó de turismo, mas também da população e outrasactividades económicas.

No caso dos cenários E-2 e E-3, não estão previstasrupturas, pelo menos até ao horizonte de 2015,embora seja necessário acompanhar com atenção aevolução do sistema real para poder antecipar algum desvio significativo em relação aos valores de

referência, num período mais dilatado, próximo dohorizonte de simulação (2020).

Nestes dois cenários as disponibilidades do recursoágua estão situadas entre os 25 e os 35% acima dasnecessidades previstas para 2020. As capacidades decarga dos sistemas de tratamento de águas residuaise de resíduos sólidos urbanos também atingem a suacapacidade de carga próximo de 2020, se os progra-mas de investimento público actualmente previstono 3º QCA (período2000-2006) forem executadosconforme o previsto.

Investimento público e privado em marketing

O comportamento desta variável reflecte a dinâmi-ca que afecta a variável visitantes. A administração,orientada para a promoção do destino, deverádedicar a essa actividade uma quantidade de recur-sos financeiros e humanos conformes com a suadimensão e com as estratégias que tenha selecciona-do. O que se utiliza habitualmente para medir odesempenho da promoção são os chamados indi-cadores de produtividade da promoção. Estes

medem o montante investido na promoção porcada turista que visita o destino, assim como o valorgasto por dormida e o gasto por cada 100 unidadesmonetárias em uso no destino (Euros, neste caso).A dificuldade com estes indicadores é que não têmem conta factores importantes como a localizaçãogeográfica e outras variáveis como a imagem con-solidada do destino.

Figura XI: comparação de resultados - potencial dos recursos naturais e construídos

(Anos: 1986-2020)

Figura XII: comparação de resultados - disponibilidades do recurso água

(Anos: 1986-2020)

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Modelação dinâmica e cenários de desenvolvimento para o algarve - Francisco Serra

Grau de satisfação com a experiência

O comportamento desta variável é bastante origi-nal e põe em evidência que o impacto das políti-cas a longo prazo é diferente do que ocorre acurto e médio prazo. A revisão dos gráficos ilus-tra um comportamento inesperado durante asprimeiras décadas. Considera-se que esta resposta

se deve à relativa inconsistência da política de ani-mação interna, à crescente intensidade dosimpactos negativos da construção e à ultrapas-sagem das capacidades de carga, factores que pro-duziram uma diferença significativa entre asexpectativas dos turistas e a experiência efectivaproporcionada.

Formação da imagem do destino

A imagem de um destino turístico é um conceitoformado a partir de contribuições teóricas dediversas disciplinas científicas e tem por base arealidade do meio, as percepções dos turistas, osagentes do mercado, os actores sociais no destino,a comunicação social interna e externa, assimcomo um conjunto de outros factores como a dis-sonância cognitiva, que em conjunto, formam umdeterminado entendimento sobre a realidade, o

qual, genericamente, é diferente de indivíduo paraindivíduo. Esta variável recolhe também a influên-cia de toda uma série de expectativas, promoções,experiências e activos intangíveis, acumulados pelodestino (reputação, marca, segurança, etc.), junta-mente com a valorização actualizada da suaimagem de marca.

Figura XIII: comparação de resultados - indicadores de produtividade da promoção

Figura XIV: comparação de resultados - evolução de grau de satisfação dos turistas

(Anos: 1986-2020)

(Anos: 1986-2020)

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Capacidade de carga

Viver dentro dos limites da capacidade de carga si-gnifica usar os recursos a um ritmo não superior àcapacidade de regeneração dos recursos renováveise racionalizar o uso dos não renováveis, através deprocessos de reciclagem ou de práticas de racionali-zação e da introdução de substitutos renováveis,

naturais ou manufacturados. A gestão das capaci-dades de carga no contexto das actividades turísticasé um tema muito debatido mas, como argumentaButler (2000), a verdade é que o nível de integraçãoda gestão dos destinos é habitualmente muito baixo,o que dificulta um controlo efectivo da maioria dasvariáveis que mais as influenciam.

Condições ambientais

A comparação das condições ambientais nos diver-sos cenários permite comprovar que em todos oscasos ocorre o mesmo padrão de comportamento:as condições ambientais tendem a degradar-secomo consequência da pressão exercida pelas activi-dades turísticas. Sem dúvida, existem diferenças na

magnitude dessa degradação, de acordo com aintensidade do crescimento. Os gráficos permitem--nos observar o efeito, moderador ou acelerador,resultante dos impactos do processo de ocupaçãourbana do território do Litoral.

Figura XV: comparação de resultados - evolução da imagem consolidada do destino

(Anos: 1986-2020)

Figura XVI: comparação de resultados - evolução das capacidades de carga(Anos: 1986-2020)

Tabela 1: comparação de resultados - indicadores globais de capacidades de carga

Cap. Carga Global: 0.97 Cap. Carga Global: 1.61 Cap. Carga Global: 0.97

Cap. Carga Social: 0.70 Cap. Carga Social: 0.98 Cap. Carga Social: 0.67

Cap. Carga Biológica: 1.08 Cap. Carga Biológica: 1.70 Cap. Carga Biológica: 1.19

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Modelação dinâmica e cenários de desenvolvimento para o algarve - Francisco Serra

Atitude da população face ao turismo

Um dos aspectos mais estudados pelos investi-gadores têm sido os factores de pressão, procuran-do entender quais são os limites entre aceitação eanimosidade em relação ao turismo. Segundo Butler(1974), é importante ter em conta, para além daafluência (número de visitantes), a duração da estada

e as características sócio-económicas dos turistas,aos quais devemos adicionar as característicaspróprias do destino, que nos ajudarão a determinara capacidade de absorção de um crescente númerode visitantes, sem chegar a criar tensões insusten-táveis.

Figura XVII: comparação de resultados - evolução das condicões ambientais

(Anos: 1986-2020)

Figura XVIII: comparação de resultados - evolução da atitude da população face ao turismo

(Anos: 1986-2020)

Situação sócio-económica e qualidadede vida da população

A situação sócio-económica e a qualidade de vidados residentes num destino turístico, no qual esteocupe a maioria da população ou represente umpeso muito significativo na economia, resulta devariados factores, alguns deles sem relação directacom o fenómeno turístico, como sucede com aespecial responsabilidade que cabe à acção governa-mental. No que respeita mais directamente ao turis-mo, produz-se una tendência constante para a mel-horia do nível da situação sócio-económica da po-

pulação, uma vez que não está prevista umarecessão continuada do nível da actividade turística,e uma variação significativa do seu nível da quali-dade de vida, sujeita a variações, consoante a estraté-gia que se adopte. Pela análise da Figura XIXpodemos verificar que, no caso da estratégia E-1, onível da qualidade de vida da população sofre umdeclínio, motivado pela intensificação das activi-dades turísticas.

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Saldo financeiro da intervenção dosector público

O saldo financeiro da intervenção do Sector Públicono processo de desenvolvimento turístico, não é umindicador habitual das estatísticas e a sua inclusãoneste modelo serve apenas como indicador qualita-tivo de referência. A ausência de estatísticas periódi-cas nesta matéria, a dispersão das fontes e a quali-dade dos dados utilizados sugerem alguma

reserva à sua utilização como referência em contex-tos diferentes dos tratados neste exercício. Por outrolado, também é necessário ter em conta que os sal-dos apresentados não incorporam ainda as variaçõesque ocorrerão se forem tomadas as medidas correc-tivas que algumas situações deixam antever, con-forme o cenário que se considere.

Figura XIX: comparação de resultados - qualidade de vida da população local

Figura XX: evolução do saldo financeiro da intervenção do sector público

(Anos: 1986-2020)

(Anos: 1986-2020)

Responsabilidade do turismo nosimpactos sobre o ambiente

Uma discussão recorrente nos meios sociais eacadémicos é a relativa aos impactos ambientais doturismo. Estes impactos são utilizados habitual-mente para argumentar a favor e contra o cresci-

mento das actividades turísticas em diversos desti-nos, estando na origem de alguns conceitosrecentes, como o ecoturismo e o turismo susten-tável.

Figura XXI: comparação de resultados - impactos ambientais do turismo

Impacto Ambiental do Turismo

(Anos: 1986-2020)