MODELAGEM DA REMOÇÃO DE SO NUMA TORRE DE...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Mecânica JUAN SEBASTIAN SALTAREN BOUZAS MODELAGEM DA REMOÇÃO DE SO 2 NUMA TORRE DE NEBULIZAÇÃO USANDO SOLUÇÃO DE HIDRÓXIDO DE SÓDIO CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

JUAN SEBASTIAN SALTAREN BOUZAS

MODELAGEM DA REMOÇÃO DE SO2 NUMA TORRE

DE NEBULIZAÇÃO USANDO SOLUÇÃO DE

HIDRÓXIDO DE SÓDIO

CAMPINAS

2016

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JUAN SEBASTIAN SALTAREN BOUZAS

MODELAGEM DA REMOÇÃO DE SO2 NUMA TORRE

DE NEBULIZAÇÃO USANDO SOLUÇÃO DE

HIDRÓXIDO DE SÓDIO

Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de

Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos para a

obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica,

na área de Térmica e Fluidos.

Orientador: Prof. Dr. Waldir Antônio Bizzo

CAMPINAS

2016

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES, 33003017

Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Saltaren Bouzas, Juan Sebastian, 1988- Sa37m SalModelagem da remoção de SO2 numa torre de nebulização usando

solução de hidróxido de sódio / Juan Sebastian Saltaren Bouzas. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

SalOrientador: Waldir Antonio Bizzo. SalDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas,

Faculdade de Engenharia Mecânica.

Sal1. Absorção. 2. Lavador (Tecnologia química). 3. Dióxido de enxofre. 4.

Modelos. 5. Gases de combustão - Dessulfurização. I. Bizzo, Waldir

Antonio,1955-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de

Engenharia Mecânica. III. Título. Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Modeling of so2 removal in a spray tower using hydroxide solution Palavras-chave em inglês: Absorption Spray tower Sulfur dioxide Models Combustion gases - Desulfurization Área de concentração: Térmica e Fluídos Titulação: Mestre em Engenharia Mecânica Banca examinadora: Waldir Antonio Bizzo [Orientador] Antônio Carlos Luz Lisboa Rogério Gonçalves Dos Santos Data de defesa: 01-11-2016 Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DEPARTAMENTO DE ENERGIA.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADÊMICO

MODELAGEM DA REMOÇÃO DE SO2 NUMA TORRE

DE NEBULIZAÇÃO USANDO SOLUÇÃO DE

HIDRÓXIDO DE SÓDIO

Autor: Juan Sebastian Saltaren Bouzas

Orientador: Prof. Dr. Waldir Antonio Bizzo

A banca examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Prof. Dr. Waldir Antonio Bizzo

DE/FEM/UNICAMP

Prof. Dr. Antônio Carlos Luz Lisboa

DEPro/FEQ/UNICAMP

Prof. Dr. Rogério Gonçalves Dos Santos

DE/FEM/UNICAMP

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida

acadêmica do aluno.

Campinas, 1 de novembro 2016.

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DEDICATÓRIA

Al Abuelo por apoyar este proyecto desde un inicio sin cuestionamientos.

A Mamá por su paciencia y consejos. Ahora entiendo más tu lucha.

A la tía, Andrés y Rubi que siempre los sentí a mi lado.

A Laura por todas las jornadas de estudio, su ayuda y tanto amor durante este tiempo.

A Sara por sus conversaciones y fotos de las niñas que tanto me subían el ánimo.

A Papá por las charlas sobre el mundo.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Waldir Bizzo pela orientação e oportunidade em realizar este trabalho.

À Professora Dra. Milene Codolo pela orientação, ajuda e dedicação para o

desenvolvimento desta pesquisa.

Aos professores Antônio Carlos Luz Lisboa e Rogerio Gonçalves pelas sugestões e

recomendações para melhorar este trabalho.

Aos colegas do laboratório pela colaboração no desenvolvimento deste trabalho.

À CAPES pela bolsa de mestrado concedida e apoio financeiro.

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RESUMO

Este estudo simulou uma torre de pulverização para a absorção de SO2 utilizando uma

solução de NaOH considerando a formação do filme de líquido nas paredes da torre. Foram

analisados parâmetros como a eficiência de remoção, o coeficiente volumétrico de transferência

de massa e diâmetro das gotas, realizando uma comparação com dados experimentais. A

simulação foi realizada utilizando MATLAB 2014B para obter uma solução numérica para o

modelo de acordo com diferentes configurações. Foram utilizados os dados da torre de

pulverização alocada no laboratório de Processos Térmicos e Engenharia Ambiental da

Universidade Estadual de Campinas. A validação deste modelo foi feita inicialmente com uma

torre de processo em contracorrente, com 1500 mm de altura útil e 290 milímetros de diâmetro

interno. No modelo matemático foram considerado diferentes condições de operação. Essas

condições incluem: diferentes vazões de líquido e gás, diferentes diâmetros de orifício do bico

pulverizador e diferentes configurações dos bicos (cinco bicos e só um bico); a concentração

de SO2 na entrada da torre foi em torno de 900 ppm para todas as condições. A influência da

formação de filme de líquido na parede da torre foi estudada e prevista utilizando correlações

geométricas. Os resultados indicaram a importância de considerar o fenômeno de formação do

filme de líquido, pois a simulação mostrou que 23,1% a 40,5% do líquido transforma-se em

filme dependendo da posição, geometria e quantidade de bicos utilizados na torre. Utilizando

diferentes correlações de diâmetro médio de Sauter (DMS), para as gotas do líquido, foi

otimizado o modelo obtendo resultados da eficiência da remoção. Foi analisada a influência de

parâmetros como vazão, diâmetro de bicos, tipo de bicos e velocidade dos fluidos no coeficiente

volumétrico de transferência de massa e na eficiência do equipamento. Foi observado que a

eficiência de remoção do poluente é altamente dependente do diâmetro das gotas. Por isso, o

modelo apresentado oferece melhores resultados em condições de diâmetros de bico pequeno e

vazões de líquido altas. O erro relativo deste modelo simplificado varia entre 3% e 47%

dependendo das condições do experimento analisado.

Palavras chave: Absorção; Lavador (tecnologia química); Dióxido de enxofre; Dessulfurização;

Modelo.

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ABSTRACT

In this study was simulated a spray tower for the absorption of SO2 by using a NaOH

solution considering the film formation on the walls of the tower. It is analyzed parameters such

as the removal efficiency, the volumetric mass transfer coefficient and diameter of droplets with

empirical correlations, performing a comparison with experimental data. The simulation was

executed using MATLAB 2014B to get a numerical solution for the model according to

different configurations. The data to validate the model was collected from the spray tower built

in the laboratory of Thermal Processes and Environmental Engineering at the State University

of Campinas. The tower configuration was countercurrent, with 1500 mm of useful height and

290 mm in inner diameter. In this model were included different operating conditions. These

conditions were: liquid and gas flow variation; several diameters for the spray nozzles; two

different configurations of nozzles (a nozzle, and five nozzles); inlet SO2 concentration around

900 ppm for all of the conditions analyzed. The influence of liquid film formation on the tower

wall was studied and measured using geometrical correlations. The results indicate that

omission on the phenomenon could lead to miscalculations; it was calculated that 23,1% to

40,5% of the liquid becomes film depending on the location, geometry and quantity of used

nozzles in the tower. The model was optimized using different correlations to calculate the

Sauter mean diameter (SMD) for the liquid droplets, obtaining the pollutant removal efficiency.

Different parameters were studied, such as flow rate, diameter of nozzles, type of nozzles and

velocity of fluids inside the equipment. Their influence on the volumetric mass transfer

coefficient and equipment efficiency is analyzed throughout the tower. It was observed that the

pollutant removal efficiency is strongly dependent on the droplet size. Thus, this model offers

better results in conditions where is used small spray nozzles diameters and high liquid flow

rates. The relative error in this simplified model is between 3% and 47% depending on the

conditions set for the experiment analyzed.

Keywords: Absorption; Spray tower; Sulfur dioxide; Desulfurization; Model.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 3.1. Desenho de uma torre de pratos. (TECHNIP) (MCCABE e SMITH, 1991) .......................21

Figura 3.2. Desenho de uma coluna de recheio. (PERRY e CHILTON, 2007) .....................................21

Figura 3.3. Desenho de uma torre de nebulização à contracorrente. (SCHNELLE e BROWN, 2002) .23

Figura 3.4. Curva de distribuição de equilíbrio de um soluto entre uma fase gasosa e uma líquida com

temperatura constate. ..............................................................................................................................26

Figura 3.5. Movimento do soluto através de duas fases. ........................................................................27

Figura 3.6. Curva de equilíbrio ou de solubilidade. ...............................................................................27

Figura 3.7. Representação da relação entre as resistências globais junto à curva de equilíbrio .............30

Figura 3.8. Categorização dos processos de remoção de SO2. (COOPER e ALLEY, 2011) .................37

Figura 3.9. Categorização dos processos de remoção de SO2, a linha ressaltada é o processo utilizado

neste trabalho. Adaptado de Kohl (1997). ..............................................................................................38

Figura 4.1. Esquema da torre de nebulização de Codolo (2010). Dimensões em mm. ..........................48

Figura 4.2. Distribuição de bicos pulverizadores torre de Codolo (2010). Dimensões em mm. ............48

Figura 4.3. Ângulos de pulverização torre de Codolo (2010). (CODOLO, 2010). ................................49

Figura 4.4 Diagrama de forças agindo em uma partícula em queda em um fluido. ...............................53

Figura 4.5. Desenho do bico central e bicos periféricos para a torre construída por Codolo (2010). ....55

Figura 4.6. Cobertura teórica de pulverização. (SPRAYING SYSTEMS, 2015) ..................................56

Figura 4.7 (A) Desenho da torre estudada no software Solid Works. Desenho do volume do cone e

volume efetivo para (B) 1 bicos e (C) para 5 bicos. ...............................................................................57

Figura 4.8. Fluxograma simplificado dos cálculos do modelo para este trabalho. Ver Apêndice B. .....60

Figura 5.1. Correlação geométrica para calcular a formação do filme de líquido ao longo da torre de

nebulização. (A) Conjunto 5 bicos. (B) Conjunto 1 bico. ......................................................................61

Figura 5.2. Formação da vazão de líquido na forma de filme em função da altura da torre de nebulização

(A) Configuração 1 Bico; (B) Configuração 5 bicos. ............................................................................62

Figura 5.3. Vazão de líquido na forma de gotas no interior da torre, configuração de 5 bicos. .............63

Figura 5.4. Vazão de líquido na forma de gotas no interior da torre, configuração de 1 bico. ..............63

Figura 5.5. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Calculado utilizando a correlação proposta por Lefebvre

(1998). ....................................................................................................................................................67

Figura 5.6. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 1 bico. Calculado utilizando a correlação proposta por Lefebvre

(1998). ....................................................................................................................................................67

Figura 5.7. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Calculado utilizando a correlação proposta por Radcliffe

(1960). ....................................................................................................................................................68

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Figura 5.8. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 1 bico. Calculado utilizando a correlação proposta por Radcliffe

(1960). ....................................................................................................................................................68

Figura 5.9. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Calculado utilizando a correlação proposta por Jasuga

(1979). ....................................................................................................................................................69

Figura 5.10. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 1 bico. Calculado utilizando a correlação proposta por Jasuga

(1979). ....................................................................................................................................................69

Figura 5.11. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Calculado utilizando a correlação proposta por

Orzechowski (1976). ..............................................................................................................................70

Figura 5.12. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 1 bico. Calculado utilizando a correlação proposta por

Orzechowski (1976). ..............................................................................................................................70

Figura 5.13. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 1 bico, (A) Do 4,4 mm -800 l/h;

(B) Do 4,4 mm -1000 l/h. .......................................................................................................................73

Figura 5.14. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 1 bico, (A) Do 5,6 mm -1000

l/h; (B) Do 5,6 mm -1500 l/h..................................................................................................................73

Figura 5.15. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 5 bicos, (A) Do 2,4 mm - 800

l/h; (B) Do 2,4 mm - 1000 l/h. ................................................................................................................73

Figura 5.16. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 5 bicos, (A) Do 2,4mm - 1500

l/h; (B) Do 3,2 mm - 1500 l/h. ................................................................................................................74

Figura 5.17. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 5 bicos Do 3,2mm - 2000 l/h.

................................................................................................................................................................74

Figura 5.18. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Utilizando a correlação de Lefebvre (1998) e dZ 30mm.

................................................................................................................................................................76

Figura 5.19. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função da

velocidade do gás para configuração de 1 bico. Utilizando a correlação de Lefebvre (1998) e dZ 30mm.

................................................................................................................................................................76

Figura 5.20. Simulação e dados experimentais para a concentração de poluente ao longo da torre.

Diâmetro de orifício de bico de 5,6 mm e 1 bico. Vazão total de líquido 1,5m3/h, de gás 237,8 m3/h. .78

Figura 5.21. Simulação concentração de poluente ao longo da torre. Diâmetro de orifício de bico de 5,6

mm e 1 bico. Vazão total de líquido 1,5m3/h, diferentes vazões de ar. Caso 4 (Tabela 5.2). ................78

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Figura 5.22. Simulação e dados experimentais para a concentração de poluente ao longo da torre.

Diâmetro de orifício de bico de 2,4 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h, de gás 237,8 m3/h.

................................................................................................................................................................79

Figura 5.23. Simulação concentração de poluente ao longo da torre. Diâmetro de orifício de bico de 2,4

mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h, diferentes vazões de ar. Caso 7 (Tabela 5.2). ...............79

Figura 5.24. Simulação e dados experimentais para a concentração de poluente ao longo da torre.

Diâmetro de orifício de bico de 3,2 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h, de gás 237,8 m3/h.

................................................................................................................................................................80

Figura 5.25. Simulação concentração de poluente ao longo da torre. Diâmetro de orifício de bico de 3,2

mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h, diferentes vazões de ar. Caso 8 (Tabela 5.2). ...............80

Figura 5.26. Velocidade das gotas em função da altura da torre para distintas vazões de gás com diâmetro

de orifício de bico de 2,4 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h. ..............................................82

Figura 5.27. Velocidade das gotas em função da altura da torre para distintas vazões de gás com diâmetro

de orifício de bico de 3,2 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h. ..............................................82

Figura 5.28. Cálculo do kga para vazão na forma de gotas com: Vazão total de líquido 1,5 m3/h, vazão

de gás 237,8 m3/h, diâmetro de bico 2,4 mm, pressão de injeção 2,4 bar, 5 bicos. ................................83

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1. Operações para limpeza de poluentes gasosos e material particulado numa

corrente gasosa. (SCHNELLE e BROWN, 2002) ............................................................ 36

Tabela 5.1. Correlações para cálculo de diâmetro de gota e valores para uma condição do

experimento. Condição estudada: vazão de líquido de 2,0 m3/h, vazão de ar de 332,9 m3/h

e pressão de injeção de 1,35 bar. ...................................................................................... 65

Tabela 5.2. Lista detalhada, combinação de casos analisados. ........................................ 66

Tabela 5.3. Valores de erro relativo do modelo e parâmetros que influenciam no modelo.

.......................................................................................................................................... 72

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A Área da torre [m2]

Ao Área do orifício do bico pulverizador [m2]

CD Coeficiente de arrasto

dp Diâmetro da partícula [µm]

dgota Diâmetro de gota [µm]

DAB Difusividade de A em B [L2/T]

E Erro relativo

FD Força de arrasto na partícula esférica [N]

FE Força de empuxo [N]

FG Força da gravidade [N]

FR Força resultante aplicada numa partícula [N]

G Vazão molar do gás [kmol/ s m2]

HA Constante de Henry

ht Altura de torre [m]

kga Coeficiente volumétrico de transferência de massa [kmol/atm s m3]

kg Coeficiente convectivo de transferência de massa [kmol/atm s m2]

km Coeficiente convectivo de transferência de massa [kmol/atm s m2]

Kx Coeficiente global de transferência de massa na fase líquida [kmol/atm s m2]

Ky Coeficiente global de transferência de massa na fase gasosa [kmol/atm s m2]

kx Coeficiente de transferência de massa na fase líquida [kmol/atm s m2]

ky Coeficiente de transferência de massa na fase gasosa [kmol/atm s m2]

L Diâmetro ou comprimento segundo a geometria [m]

m’ Inclinação entre o ponto da fase líquida e o ponto na interface.

m’’ Inclinação entre o ponto da interface e o ponto na fase gasosa.

𝑚𝐿 Vazão mássica do líquido [kg/s]

mgota Massa de uma esfera da gota [kg]

M Peso molecular do ar [kg/kmol]

NA Flux molar global de A [mol L-2 T-1]

ngota Número de gotas [-]

P Pressão [atm]

QL Vazão do líquido [m3/h]

Re Número de Reynolds [-]

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Sc Número de Schmidt [-]

Sh Número de Sherwood [-]

t Tempo [s]

Tr Tempo de residência [s]

U Velocidade de saída no bico pulverizador [m/s]

Ugota Velocidade de gota [m/s]

ugas Velocidade do gás [m/s]

𝑢𝑝 Velocidade da partícula [m/s]

VL Viscosidade cinemática do líquido [(N s/m²]

x Valor estimado para cálculo de erro

xA,i Fração molar na fase líquida na interface [-]

xA,L Fração molar na fase líquida [-]

xexp Valor experimental para cálculo de erro

yA,i Fração molar gasosa na interface [-]

yA,G Fração molar na fase gasosa [-]

yentrada Concentração de entrada [ppm]

ysaida Concentração de entrada [ppm]

Letras gregas

∆𝑃𝐿 Pressão diferencial de injeção do líquido [atm]

δx Espessura de filme estagnado no eixo x (Figura 3.5) [m]

δy Espessura de filme estagnado no eixo y (Figura 3.5) [m]

𝜇𝑔á𝑠 Viscosidade do gás [kg/m·s]

𝜇𝐿 Viscosidade dinâmica do líquido [kg/m·s]

𝜌 Densidade do líquido [kg/m3]

𝜌𝐴 Massa específica do gás [kg/m3]

𝜌𝑎𝑟 Massa específica do ar [kg/m3]

𝜌𝑔á𝑠 Massa especifica do gás [kg/m3]

𝜌𝑝 Densidade da partícula [kg/m3]

𝜎𝐿 Tensão superficial do líquido [N/m]

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SUMARIO

DEDICATÓRIA ............................................................................................................. 5

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... 6

RESUMO ........................................................................................................................ 7

ABSTRACT ................................................................................................................... 8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................... 9

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. 12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................. 13

SUMARIO .................................................................................................................... 15

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 16

2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 18

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 19

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 46

5 RESULTADOS .................................................................................................... 61

6 CONCLUSÕES .................................................................................................... 85

7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................ 87

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 88

APÊNDICE A – DADOS EXPERIMENTAIS CODOLO (2010) ............................... 93

APÊNDICE B – DIAGRAMA DE FLUXO DETALHADO PARA CÁLCULO. ...... 95

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1 INTRODUÇÃO

O planeta terra pode ser igualado a um sistema termodinâmico em que a atmosfera é a

fronteira do mesmo. Assim, pode ser entendido que a temperatura do planeta é dependente do

balanço de energia que entra e sai do sistema.

O efeito estufa é um fenômeno natural que ocorre quando existe uma retenção pela

atmosfera da radiação emitida pela superfície terrestre, impedindo-a de ser liberada para o

espaço. Esse fenômeno mantém a temperatura global na faixa ideal para permitir a vida; sem

este processo a terra seria fria impossibilitando o desenvolvimento dos seres vivos.

Os gases de efeito estufa (GEE) absorvem a energia, retardando ou impedindo a saída de

calor ao espaço. Desta forma, os GEE atuam como uma capa protetora aquecendo a terra de

forma natural (MELILLO, RICHMOND e YOHE, 2014).

Os fatores que modificam o balanço de energia da terra são: variações na quantidade de

energia do sol que atinge a terra; mudanças na refletividade da atmosfera e na refletividade da

superfície terrestre; além disso as variações no efeito estufa, que modificam a quantidade de

calor conservado pela atmosfera.

Cientistas estudaram as variações do clima e obtiveram informações de centenas de anos do

comportamento do planeta, analisando indicadores tais como núcleos de gelo, anéis de árvores,

comprimento de geleiras, sedimentos oceânicos, níveis dos oceanos. Além disso, foi analisada

a órbita da terra com relação ao sol para observar a incidência da sua energia (IPCC, 2014). As

mudanças climáticas antes da revolução industrial podem ser explicadas por causas naturais tais

como erupções vulcânicas, variações da energia solar ou alterações naturais dos gases de efeito

estufa (GEE). No entanto, mudanças recentes não podem ser explicadas somente por causas

naturais. As pesquisas indicam que as atividades industriais que precisam da queima de

combustíveis fósseis são a maior causa dessas anomalias (IPCC, 2014). Devido à

industrialização do planeta a emissão dos GEE aumentou de forma não controlada; esse

acréscimo está contribuindo na variação da temperatura média do planeta. Um maior teor desses

gases faz com que a absorção da radiação emitida pela terra não seja ejetada ao espaço, e fique

presa na atmosfera. A preocupação global pelas emissões de gases de efeito estufa na atmosfera

é maior dia a dia; como resultado, os padrões mundiais que controlam a emissão de poluentes

que causam o efeito estufa estão tornando-se mais rigorosos.

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Pesquisadores do IPCC analisaram as fontes de GEE no mundo diferenciadas para cada

setor econômico. Para 2010 a produção de eletricidade e calor representava 25% do total das

emissões; as emissões da indústria representavam 21% e as emissões associadas à indústria, tal

como a extração de combustíveis, refinamento e processamento representavam 10% dos GEE

globais (IPCC, 2014).

Com esse contexto, pode-se observar que os processos tradicionais de produção

industrial foram projetados na época em que a abundância de recursos não permitia entender o

possível impacto da contaminação na humanidade. Atualmente existe uma necessidade de

pesquisar diversas técnicas para mitigar os efeitos das emissões de GEE na atmosfera, tais como

os processos de remoção de poluentes. Portanto, estudos relacionados podem apresentar um

avanço cientifico que seja uma ferramenta para o desenvolvimento de processos aplicáveis

industrialmente. Atendendo a essas necessidades, este trabalho realiza o desenvolvimento

matemático para o projeto de torres de nebulização que permitam a absorção de poluentes em

correntes gasosas, analisando parâmetros como eficiência de remoção e coeficiente de massa

volumétrico.

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2 OBJETIVOS

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo desenvolver um modelo matemático para o

dimensionamento de torres de nebulização. Através do modelo é possível avaliar a eficiência

de remoção e o coeficiente volumétrico de transferência de massa em diferentes condições de

operação, através da remoção de SO2 em soluções de NaOH. O modelo considerou a formação

do filme de líquido e o número de bicos pulverizadores, para diferentes configurações da torre.

O modelo foi validado com dados experimentais de uma torre de nebulização. Além disso

o modelo utilizou diversas correlações para o cálculo do diâmetro de gota, para calibrar e

verificar qual se ajusta melhor ao modelo.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Dióxido de enxofre como poluente

Segundo o protocolo de Kyoto, os GEE podem ser divididos em dois grupos: GEE

diretos e indiretos. O primeiro grupo está composto pelo dióxido de carbono (CO2), metano

(CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorocarbonetos (HFCs), perfluorocarbonetos (PFCs), e

hexafluoreto de enxofre (SF6) ((UNFCCC), 2011). O grupo de GEE indiretos está composto

por dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e

compostos orgânicos voláteis não-metânicos (COVNM). Os GEE do último grupo contribuem

para o aquecimento global através da produção de gases de efeito estufa diretos por reações

com outros compostos químicos.

Este trabalho estuda a remoção de dióxido de enxofre (SO2) em correntes gasosas. Esse

composto químico é produzido principalmente pela queima de combustíveis fósseis para

atividades industriais e geração de energia, além de outros processos como a fundição de metais

não-ferrosos, a produção de ácido sulfúrico e de papel. O SO2 é um gás irritante, fortemente

hidrofílico, muito solúvel na mucosa nasal e no trato respiratório superior. Os principais efeitos

sobre a saúde, associados com a exposição a altas concentrações deste gás, incluem doenças

respiratórias, alterações nas defesas pulmonares causando bronquite ou enfisema, e

agravamento de doenças cardiovasculares (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1979).

O dióxido de enxofre é precursor da chuva ácida e de sulfatos que incorporados ao

aerossol atmosférico são associados com a acidificação de fontes de água, redução da

visibilidade, corrosão acelerada de edificações, estruturas metálicas e condutores elétricos

(U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY EPA, 2000).

3.2. Equipamentos de controle de poluição

Existem diferentes equipamentos para reduzir a poluição e o efeito dos GEE. Os

equipamentos que usam líquido para remover os poluentes são conhecidos como lavadores, os

quais podem ser usados para remoção de material particulado ou gases poluentes. A função

principal dos equipamentos de absorção de gases é maximizar a área de contato entre o líquido

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e o gás para favorecer a transferência de massa, utilizando diferentes dispositivos dentro das

torres. Normalmente, os absorvedores usam os seguintes mecanismos: dividir o gás em

pequenas bolhas numa fase líquida continua, como nas colunas de pratos; espalhar filmes de

líquido numa fase gasosa continua, como nas colunas de recheio; ou formar pequenas gotas de

líquido numa fase gasosa continua, como é o caso das torres de nebulização. (BIRD,

STEWART e LIGHTFOOT, 1992). As colunas de pratos e de recheio são equipamentos

amplamente utilizados na indústria química para diferentes processos de separação. As torres

de nebulização são utilizadas na sua maioria em processos de dessulfurização dos gases de

processos de combustão ou transformação de energia.

Coluna de pratos

São colunas verticais que possuem etapas de contato para os componentes gás e líquido,

como é apresentado na Figura 3.1. No geral, a configuração deste tipo de equipamento é em

contracorrente, entrando o líquido pela parte superior o qual cai pela força exercida pela

gravidade, e na parte inferior entra o componente gasoso o qual atravessa cada prato,

(TREYBAL, 1988).

Fazendo uma comparação com as colunas de recheio as vantagens deste tipo de

equipamento são: menor obstrução devido a menor quantidade de peças no interior do

equipamento e maior facilidade para limpeza; menor custo de instalação e operação comparado

com colunas de recheio com recheio de cerâmica ou metal; as bombas precisam menor potência

de operação. As desvantagem são: Para manter maior eficiência deve-se garantir um alto tempo

de contato, acrescendo o tempo de operação; obrigatoriamente deve-se operar em regime

turbulento; a possível formação de bolhas impede uma boa transferência de massa; a coluna

pode-se inundar; pode existir arrasto do líquido na corrente gasosa; maior queda de pressão

(TREYBAL, 1988).

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(a) Torre de pratos (b) Pratos

Figura 3.1. Desenho de uma torre de pratos. (TECHNIP) (MCCABE e SMITH, 1991)

Coluna de recheio

É uma coluna que possui uma entrada de gás, como é apresentado na Figura 3.2, um

espaçamento de distribuição de gás. A entrada de líquido é pela parte superior e tem um

dispositivo distribuidor do líquido. No interior da torre estão alocados suportes dos recheios e

os recheios que variam de material e forma dependendo da aplicação, podem ser plásticos,

metálicos ou cerâmicos. As vantagens de usar este tipo de equipamento são: Há maior contato

entre o líquido e o gás; são adequadas para líquidos termicamente sensíveis; podem operar para

substâncias altamente corrosivas adequando o material do recheio, obtendo um menor custo de

fabricação comparado com torres de pratos; menor queda de pressão.

As desvantagens de usar este tipo de equipamento são: custo de operação alto para

grandes fluxos; obstrução nos recheios; maior dificuldade na limpeza por ter uma maior

quantidade de peças. (TREYBAL, 1988)

(a) Colunas de recheio (b) Recheios

Figura 3.2. Desenho de uma coluna de recheio. (PERRY e CHILTON, 2007)

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Torre de nebulização - Coluna de spray

As torres de lavagem, torres de spray ou scrubbers são equipamentos amplamente

utilizados na indústria química e petroquímica para processos de transferência de massa em que

é necessário o contato líquido–gás. Este tipo de equipamento pode ser utilizado para diferentes

processos: absorção e dessorção de gases, umidificação, limpeza e secagem. (KOHL e

RICHARD B. , 1997)

Numa torre de nebulização o líquido é dispensado na forma de gotas criando uma grande

área interfacial de transferência de massa e calor entre as diferentes fases. O gás que passa pela

torre pode interagir contracorrente ou concorrente com relação ao líquido que sai dos

pulverizadores. Esses equipamentos precisam de bicos para dispensar a solução que vai

interagir com o poluente. Dependendo do tipo de aplicação são utilizados diferentes bicos

pulverizadores; estes dispositivos oferecem diversas configurações de aspersão. Os bicos

utilizados na indústria podem ser de cone cheio, cone oco, jato leque ou jato sólido; em cada

uma de essas categorias existem diferentes tipos de pulverização para atingir uma maior

eficiência na cobertura do volume da zona de transferência de massa (SPRAYING SYSTEMS,

2015). Na Figura 3.3 é apresentado um desenho de uma torre de nebulização contracorrente

com bicos pulverizadores instalados em diferentes níveis da torre para manter a quantidade

líquido (e gotas) ao longo da torre em altas vazões de ar contaminado. Os bicos podem estar

instalados em diferentes zonas da torre dependendo do projeto da torre; na maioria dos casos

estão na parte superior da torre e em alguns outros estão instalados ao longo da torre. As colunas

verticais geralmente operam em contracorrente, no entanto as horizontais podem ser em

paralelo.

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Figura 3.3. Desenho de uma torre de nebulização à contracorrente. (SCHNELLE e

BROWN, 2002)

Segundo Bozorgi et al. (2006) as torres de nebulização são equipamentos simples e de

baixo custo de manutenção, além de apresentarem outras vantagens como a baixa queda de

pressão na injeção de solução e a alta capacidade de processamento. Mas o problema de manter

essas condições de funcionamento é o alto consumo de energia para atingir a pulverização

desejada (JAVED, MAHMUD e PURBA, 2006).

Existem diferentes variáveis cujos valores dependem da aplicação, tais como o padrão

de spray, tamanho de gota, o consumo de energia, uniformidade no spray, entre outras.

Geralmente na maioria das aplicações a variável mais importante é o diâmetro de gota que tem

um alto impacto nos processos de transferência de massa e calor (TREYBAL, 1988). As

vantagens de utilizar este tipo de equipamento são: Baixo custo; baixa queda de pressão;

geralmente não têm grandes problemas de obstrução; fácil limpeza. As desvantagens de usar

este tipo de equipamento são: Arraste de líquido pelo escoamento de gás; alto custo de bombeio;

a difícil gestão de resíduos e subprodutos do processo (TREYBAL, 1988).

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Seleção do solvente na absorção

Para a remoção de contaminantes de gases, existem diferentes possibilidades de escolher

o solvente; geralmente prefere-se empregar líquidos em que o soluto seja altamente solúvel pois

reduz a quantidade de solvente usada no processo. Usualmente a água é uma boa alternativa,

assim como solventes químicos básicos para gases como CO2, SO2 e H2S. Para a seleção

consideram-se os seguintes parâmetros:

Solubilidade do gás: A solubilidade deve ser alta para aumentar a taxa de absorção e

diminuir a quantidade de solvente requerida. Em geral, os solventes com natureza química

semelhante do soluto possuem uma solubilidade apropriada. Um exemplo desta operação é

a absorção do sulfeto de hidrogênio mediante soluções de etanolamina, devido a que o H2S

é absorvido facilmente a baixas temperaturas e ocorre a dessorção a altas temperaturas

(TREYBAL, 1988).

Corrosão: Os materiais de construção do equipamento deverão ser resistentes ao solvente,

ou deve-se selecionar um solvente que não gere corrosão no equipamento.

Custo: Deve-se escolher um solvente de baixo custo, com facilidades para ser obtido. As

perdas deverão ser minimizadas especialmente quando o custo seja alto.

Estabilidade química: O solvente deve ser estável quimicamente e deve-se avaliar a

toxicidade e a flamabilidade na escolha.

Viscosidade: Preferem-se baixas viscosidades devido às taxas de absorção, para garantir

menores quedas de pressão no bombeio e melhores características na transferência de massa

e calor.

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3.3. Transferência de massa

As operações de transferência de massa constituem um conjunto de técnicas e de

equipamentos destinados à separação de um ou mais componentes de uma mistura ou solução.

O conhecimento dessas operações está intimamente relacionado à concepção de um projeto de

processos. Neste, além das operações está incluído o dimensionamento do equipamento no qual

ocorrerá o fenômeno de separação (CREMASCO, 2002).

O processo de separação pode ser explicado como o fenômeno em que o soluto migra

de uma fase para outra. Existem diferentes técnicas de separação, por exemplo, a absorção é

um processo em que o soluto migra da fase gasosa para a fase líquida. Esse descreve como

ocorre o transporte do soluto que vai do seio da fase gasosa até a interface líquido-gás, e desta

ao seio da fase líquida. Na adsorção o soluto é removido de um líquido ou de um gás por contato

com um sólido adsorvente, cuja superfície apresenta afinidade com o soluto. O fenômeno

inverso à adsorção é denominado dessorção, no qual o soluto migra da fase sólida para a fluida.

Também ocorre quando o soluto migra do seio da fase líquida para a gasosa. Existe também a

extração líquido-líquido em que a solução é tratada por um solvente que solubiliza,

preferencialmente, um ou mais componentes da solução. Na extração de sólidos ou lixiviação

o material solúvel e dissolvido de uma mistura contendo sólidos inertes por um solvente líquido.

(CREMASCO, 2002)

Equilíbrio

Considerando a absorção, quando um gás (mistura ar-gás estudado) entra em contato

com um líquido no qual um dos componentes é solúvel, a composição do soluto no líquido vai

evoluir até atingir um valor de equilíbrio dinâmico.

Esse processo acontece quando parte das moléculas do soluto dissolvido no líquido

regressam à fase gasosa com uma rapidez igual à concentração do soluto no líquido. Em

determinado ponto da operação a rapidez com que o soluto entra no líquido será a mesma com

que o abandona, e ao mesmo tempo pelo mecanismo da difusão as concentrações em cada fase

tornam-se uniformes, atingindo o estado de equilíbrio dinâmico. Diz-se que neste ponto atingiu-

se o valor da solubilidade do soluto no líquido. Considerando que o gás estudado é a substância

A, e as concentrações no equilíbrio do gás e do líquido podem-se representar pelas frações

molares YA e XA, respectivamente, é possível criar um gráfico da distribuição no equilíbrio

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apresentado na Figura 3.4. Essa curva é independente das quantidades iniciais do líquido e gás,

e somente depende das condições de temperatura e pressão de operação do sistema (TREYBAL,

1988).

Figura 3.4. Curva de distribuição de equilíbrio de um soluto entre uma fase gasosa e uma

líquida com temperatura constate.

Deve-se observar que no equilíbrio as concentrações da substância A nas duas fases são

diferentes, mas seus potenciais químicos são iguais. Destaca-se que essa igualdade é a causa da

interrupção da transferência.

Transferência de massa entre fases

Quando um material é transferido de uma fase para outra através de uma interface, a

resistência à transferência de massa causa gradientes de concentração nas regiões próximas à

interface em cada fase. As concentrações do material difundido nas duas fases imediatamente

adjacente à interface normalmente são assumidas em equilíbrio considerando o potencial

químico em cada fase (PERRY e CHILTON, 2007).

A Figura 3.5 apresenta os perfis da concentração do soluto em filmes estagnados de

espessuras δy e δx nas duas fases (gasosa e líquida).

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Figura 3.5. Movimento do soluto através de duas fases.

As diferentes concentrações também podem ser apresentadas em forma gráfica como

apresentado na Figura 3.6. O ponto P representa as duas concentrações no seio das fases; o

ponto M as concentrações na interface. Para a transferência de massa no estado estacionário, a

taxa em que A atinge a interface pelo lado do gás deve ser igual à taxa com que se difunde no

líquido, de forma que não existe acúmulo ou escassez de A na interface. Portanto, o fluxo de A

pode ser escrito em função dos coeficientes de transferência de massa respectivamente em cada

fase e das variações de concentração para cada uma das fases.

Figura 3.6. Curva de equilíbrio ou de solubilidade.

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Desta forma, quando ky e kx são os coeficientes correspondentes ao fluxo de A, pode-se

escrever as Equações 3.1 e 3.2 para cada fase:

𝑁𝐴 = 𝑘𝑥 (𝑥𝐴,𝑖 − 𝑥𝐴,𝐿) ( 3.1 )

𝑁𝐴 = 𝑘𝑦 (𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴,𝑖) ( 3.2 )

As diferenças na fração molar das fases gasosa e líquida são consideradas as forças

motrizes para a transferência de massa. Nessas equações são tratadas as fases do sistema por

separado. Neste ponto pode ser percebido que as frações molares na interface 𝑦𝐴,𝑖 e 𝑥𝐴,𝑖 estão

interligadas por uma relação de equilíbrio termodinâmico, como é apresentado na Figura 3.4

em que dependendo das condições do sistema analisado essa figura pode ser uma reta. Essa

linha que descreve a fração molar para a fase leve é apresentada pela Equação 3.3

(CREMASCO, 2002).

𝑦𝐴,𝑖 = 𝑚 (𝑥𝐴,𝑖) ( 3.3 )

Em que a inclinação m = H/P, em que H é a constante da lei de Henry e P é a pressão

total do sistema. A reta é válida para soluções diluídas e operação isotérmica, sendo o valor de

m constante, levando a curva esquematizada na Figura 3.6 a ser uma reta cuja inclinação é a

constante m.

Para compreender a influência da constante da lei de Henry é necessário descrevê-la. A

maior parte dos gases é pouco solúvel em líquidos, por isso, para as soluções diluídas observa-

se que as frações da espécie A na fase gasosa e líquida são proporcionais entre elas; assim

define-se a Lei de Henry.

𝑝𝐴 = 𝐻𝐴𝑥𝐴 ( 3.4 )

Em que 𝑝𝐴 é a pressão parcial do componente A, 𝐻𝐴 é a constante de Henry e 𝑥𝐴 é a

fração molar do componente A na fase líquida. Neste caso a concentração de um gás dissolvido

num líquido é inversamente proporcional à constante de Henry, portanto quanto maior a

constante, menor é a concentração dos gases dissolvidos no líquido (ÇENGEL, 2012).

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Pode ser notado na Figura 3.5 que existem dois filmes estagnados que oferecem, cada

qual em separado, resistências ao transporte do soluto de uma fase em direção a outra. O soluto

deve vencer as resistências ao seu movimento em ambas as fases para que ocorra a separação.

A teoria das duas resistências, contudo, considera que a interface não oferece resistência ao

transporte do soluto. Ao considerar a existência do equilíbrio termodinâmico na interface e

supondo válida a teoria das duas resistências, pode se estabelecer a continuidade do fluxo de A

na fronteira entre as fases. Por conseguinte, as Equações 3.1 e 3.2 podem ser igualadas.

(CREMASCO, 2002)

𝑁𝐴 = 𝑘𝑥 (𝑥𝐴,𝑖 − 𝑥𝐴,𝐿) = 𝑘𝑦 (𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴,𝑖) ( 3.5 )

Reescrevendo a equação apresentada, pode-se calcular a inclinação da linha PM da

Figura 3.6 pela Equação 3.6:

𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴,𝑖

𝑥𝐴,𝐿 − 𝑥𝐴,𝑖= −

𝑘𝑥

𝑘𝑦 ( 3.6 )

Se os coeficientes de transferência de massa são conhecidos, podem-se determinar as

concentrações na interface graficamente e também o fluxo NA.

Coeficientes globais de transferência de massa.

Teoricamente a taxa da transferência de massa poderia ser calculada por amostragem e

posterior análise das concentrações de soluto na massa total dos fluidos. Porém, a amostragem

adequada dos fluidos na interface é, geralmente, impossível porque a maior parte das diferenças

de concentração acontecem em distâncias pequenas, como 𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴,𝑖. Um instrumento comum

para fazer a amostragem não tem a capacidade de aproximar-se à interface para fazer uma

medição com precisão.

Por esse motivo, a amostragem e análise permite calcular 𝑦𝐴,𝐺 𝑒 𝑥𝐴,𝐿 mas não 𝑦𝐴,𝑖 𝑒 𝑥𝐴,𝑖.

Neste cenário somente pode-se determinar um efeito global em função das concentrações na

massa principal. Considere-se a situação apresentada na Figura 3.7.

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Figura 3.7. Representação da relação entre as resistências globais junto à curva de equilíbrio

Como a curva de equilíbrio é única à temperatura e pressão determinadas, então yA* em

equilíbrio com 𝑥𝐴,𝐿 é uma medida de 𝑥𝐴,𝐿 tão precisa quanto 𝑥𝐴,𝐿, e está baseada no 𝑦𝐴,𝐺.

Consequentemente, o efeito completo da transferência de massa entre as duas fases pode ser

medido em função de um coeficiente global de transferência de massa 𝐾𝑦 como a Equação 3.7:

𝑁𝐴 = 𝐾𝑦 (𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴∗) ( 3.7 )

Partindo da Figura 3.7 pode se deduzir a equação a seguir:

𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴∗ = (𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴,𝑖) + (𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴

∗)

= (𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴,𝑖) + 𝑚′ (𝑥𝐴,𝑖 − 𝑥𝐴,𝐿) ( 3.8 )

Em que m' é a inclinação da linha CM na Figura 3.7. Substituindo as diferenças das

concentrações por seus equivalentes (fluxo/coeficiente) das Equações 3.1 e 3.7, obtém-se as

equações a seguir:

𝑁𝐴

𝐾𝑦=

𝑁𝐴

𝑘𝑦+

𝑚′𝑁𝐴

𝑘𝑥 ( 3.9 )

1

𝐾𝑦=

1

𝑘𝑦+

𝑚′

𝑘𝑥 ( 3.10 )

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As Equações anteriores apresentam a relação entre os coeficientes de transferência de

massa para cada fase separadamente. Assim o coeficiente global será apresentado analogamente

como um somatório de resistências elétricas. Do mesmo modo, 𝑥𝐴∗ é uma medida de 𝑦𝐴,𝐺 e

pode se utilizar para definir o coeficiente global 𝐾𝑥 como as Equações 3.11 e 3.12:

𝑁𝐴 = 𝐾𝑥 (𝑥𝐴∗ − 𝑥𝐴,𝐿) ( 3.11 )

1

𝐾𝑥=

1

𝑚′′𝑘𝑦+

1

𝑘𝑥 ( 3.12 )

Em que m'' é a inclinação da linha MD na Figura 3.7. As Equações 3.10 e 3.12 permitem

deduzir as seguintes relações entre as resistências da transferência de massa:

𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑔𝑎𝑠𝑜𝑠𝑎

𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑛𝑎𝑠 𝑑𝑢𝑎𝑠 𝑓𝑎𝑠𝑒𝑠=

1𝑘𝑦

1𝐾𝑦

⁄ ( 3.13 )

𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑛𝑎𝑠 𝑑𝑢𝑎𝑠 𝑓𝑎𝑠𝑒𝑠=

1𝑘𝑥

1𝐾𝑥

⁄ ( 3.14 )

Para gases altamente solúveis na fase líquida, m' é pequeno, assim no ponto de equilíbrio

somente uma pequena concentração de A no gás gera uma concentração grande no líquido.

Pode-se deduzir que o soluto A é muito solúvel no líquido, então o termo m'/kx na Equação 3.9

torna-se desprezível. Finalmente, a resistência principal representa-se como 1/ky e pode-se

concluir que a taxa da transferência de massa é controlada pela fase gasosa. Admitindo que m'

tende a zero, as Equações 3.8 e 3.10 podem ser escritas como as Equações 3.15 e 3.16 :

1

𝐾𝑦≈

1

𝑘𝑦 ( 3.15 )

(𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴∗) ≈ (𝑦𝐴,𝐺 − 𝑦𝐴,𝑖) ( 3.16 )

Neste cenário as mudanças grandes do 𝑘𝑥 não influenciam significativamente o 𝐾𝑦.

Assim, para aumentar a taxa da transferência de massa é necessário reduzir a resistência da fase

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gasosa. Para o caso deste trabalho o gás é altamente solúvel na fase líquida, então dize-se que

a resistência da fase gasosa controla o processo de transferência de massa (CREMASCO, 2002).

Correlações para transferência de massa

Por intermédio das teorias da camada limite, da penetração e das analogias, é possível

estabelecer algumas correlações para a estimativa do coeficiente convectivo de transferência de

massa (km) para diferentes configurações. A teoria da penetração possibilitou obter uma

expressão para o cálculo do km como é apresentado na Equação 3.17 (CREMASCO, 2002).

𝑘𝑚 = √4 𝑔 𝑥2 𝐷𝐴𝐵

2 𝜐 𝜋 𝐻 ( 3.17 )

Em que g é a gravidade, x é a espessura do filme líquido, DAB é o coeficiente de difusão

do soluto A no meio B, υ a viscosidade cinemática da mistura e H a constante de Henry.

Entretanto o uso desta expressão na prática é inviável, porque é necessário o conhecimento da

espessura do filme de líquido.

Nas torres de nebulização pode se considerar que a transferência de matéria ocorre em

nível molecular pelo mecanismo da difusão, e também em nível macroscópico pelas

perturbações do sistema. Tais perturbações ocasionam uma movimentação do meio de

transporte e o soluto será transferido tanto devido a seu gradiente de concentração quanto em

virtude do movimento do meio. Neste caso a torre de nebulização tem gotas de solvente que

passam na direção contrária do ar contendo o soluto, favorecendo o fenômeno da convecção

mássica forçada. Ao analisar este fenômeno é considerado que existe simultaneidade de

transferência de quantidade de movimento e de massa. Para estudar isso precisa-se de utilizar

números adimensionais que façam a correlação dos fenômenos em nível molecular e

macroscópico. Ao nível molecular existe a transferência estudada pelo coeficiente de difusão

DAB. Ao nível macroscópico está o parâmetro cinemático km, e nele estão contidas informações

fluidodinâmicas importantes para a convecção mássica. Este fenômeno é influenciado pela

geometria em que ocorre o escoamento do meio de grandeza L.

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Utilizando a definição do número adimensional primário aplicado à transferência de

massa (Equação 3.8), pode-se considerar que o numerador quantifica o fenômeno e o

denominador qualifica o fenômeno (CREMASCO, 2002).

𝑁 = 𝑘𝑚 𝐿

𝐷𝐴𝐵 ( 3.18 )

Em que N é a definição do número adimensional primário. Neste caso o número de

Sherwood, em linhas gerais, qualifica o fenômeno de transferência de massa.

𝑆ℎ = 𝑘𝑚 𝐿

𝐷𝐴𝐵 ( 3.19 )

Esse número descreve a coexistência entre os fenômenos de difusão e da convecção

mássica por intermédio da relação entre as resistências associadas aos dois fenômenos.

𝑆ℎ = 𝐿/𝐷𝐴𝐵

1/𝑘𝑚=

𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑑𝑖𝑓𝑢𝑠ã𝑜

𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒çã𝑜 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 ( 3.20 )

Os coeficientes de transferência de massa são apresentados usualmente como correlações

utilizando números adimensionais, tornando mais simples os cálculos e a coleta de dados

experimentais. No caso de estudo da torre de nebulização a transferência de massa pode ser

calculada utilizando uma analogia de um escoamento ao redor de corpos bojudos. As gotas

podem ser consideradas como esferas isoladas e os dados experimentais para transferência de

massa convectiva são determinados sujeitando sólidos a uma corrente de fluido, de modo que

ao correlacionar os resultados obtém-se a Equação 3.21, que é a equação geral para a

transferência de massa convectiva de uma esfera.

𝑆ℎ𝑝 = 𝑆ℎ0 + 𝑐 𝑅𝑒 1/2𝑆𝑐 1/3 ( 3.21 )

Em que Shp é o número de Sherwood da partícula, Sh0 é o valor obtido para o número

de Sherwood quando da evaporação de um líquido em um meio estagnado, c é uma constante,

Re é o número de Reynolds e Sc é o número de Schmidt.

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Assim os números adimensionais adicionais são definido pelas equações a seguir.

𝑆ℎ = 𝑑𝑝 𝑘𝑚

𝐷𝐴𝐵 ( 3.22 )

𝑅𝑒 = 𝑑𝑝 𝑢𝑝 𝜌𝑔á𝑠

𝜇𝑔á𝑠 ( 3.23 )

𝑆𝑐 =𝜇𝑔á𝑠

𝜌𝑔á𝑠 𝐷𝐴𝐵 ( 3.24 )

Sendo 𝑘𝑚 o coeficiente convectivo de transferência de massa, 𝑑𝑝 diâmetro da partícula,

𝐷𝐴𝐵 a difusividade de A em B, 𝑢𝑝 a velocidade relativa da partícula em relação ao gás, 𝜌𝑔á𝑠 a

massa específica do gás e 𝜇𝑔á𝑠 a viscosidade dinâmica do gás. O coeficiente de difusão 𝐷𝐴𝐵

pode ser calculado teoricamente pela cinética de gases, mas no caso deste trabalho este

parâmetro é tomado da literatura segundo a pesquisa de Massman (1998).

Processo de absorção com reação química

A absorção com reação química na fase líquida é frequentemente utilizada para atingir

uma separação mais eficiente de um soluto partindo de uma mistura de gases. Por exemplo,

pode-se utilizar uma solução ácida para retirar NH3 de correntes gasosas ou podem-se utilizar

soluções básicas para separar CO2 (MCCABE e SMITH, 1991).

A reação entre o soluto absorvido e um reagente produz um fato favorável na taxa de

absorção: a transformação do soluto num outro composto reduz a pressão parcial do soluto e

consequentemente aumenta a diferença entre a concentração do gás e a interface (CREMASCO,

2002). Nos processos de absorção, existem reações químicas que ocorrem instantaneamente e

são realizadas na interface entre o líquido e o gás. Para garantir a alta eficiência de absorção,

devem-se utilizar solventes que apresentem reações irreversíveis com o soluto de interesse

(TREYBAL, 1988).

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3.4. Técnicas de remoção de SO2

Diferentes processos de separação são utilizados para controle de poluentes gasosos e

de material particulado. Esses processos basicamente removem os poluentes gerando uma

corrente gasosa mais limpa. Assim, se depois do tratamento a concentração dos poluentes é

menor que o limite estabelecido pelas autoridades regulatórias, a corrente de ar pode ser

descarregada na atmosfera.

A queima de combustíveis que contêm enxofre gera óxidos de enxofre: SO2 e SO3.

Existem duas aproximações para o controle de emissões de SOx; a primeira é preventiva e

implica remoção de enxofre do combustível antes de que seja queimado. A segunda é a remoção

dos SOx dos gases de exaustão. Entre essas duas estratégias, existem centenas de métodos

teóricos que têm sido propostos e dezenas de métodos que têm sido demonstrados e aplicados,

sendo amplamente utilizados na indústria. (COOPER e ALLEY, 2011).

Segundo Baumbach (1996) o processo de dessulfurização de gases provenientes do

processo de combustão pode ser dividido em três categorias:

Processo seco: na dessulfurização seca a captura de SO2 e SO3 ocorre apenas fisicamente

(adsorção) em agentes de fixação. Em processos de adsorção seca, o agente de adsorção contata

o gás a ser dessulfurizado. Subsequentemente o agente é reativado no regenerador e então, é

reintroduzido no sistema de adsorção. Na absorção seca o agente de absorção é introduzido no

fluxo de gás na forma pulverizada, o que seca o agente rapidamente transformando-o em sólido.

Processo semi-seco: neste processo uma suspensão alcalina entra em contato com o

fluxo de gás para remoção de SO2. Um produto da reação seca é formado no fluxo de gás quente,

que é subsequentemente coletado em precipitadores de partículas.

Processo úmido: este processo é principalmente realizado em lavadores, onde agentes

alcalinos de absorção (soluções ou suspensões) são pulverizados no fluxo de gás, para que

através do contato entre eles o gás seja dessulfurizado. A utilização de água pura nos lavadores

é possível, mas isto implica em baixa eficiência de remoção.

Dentro das operações unitárias envolvendo processos secos, semi-secos e úmidos, a

EPA estabelece que existem 6 operações altamente eficientes utilizadas para remoção de

poluentes e tratamento de efluentes gasosos. Esses processos são apresentados na Tabela 3.1

em que são exibidas as vantagens e desvantagens de cada um (EPA , 2000).

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Tabela 3.1. Operações para limpeza de poluentes gasosos e material particulado numa

corrente gasosa. (SCHNELLE e BROWN, 2002)

Tipo de

Operação

Concentração

do poluente

na entrada

(ppmv)

Eficiência Vantagens Desvantagens

Absorção

(úmido)

250 90% Alta eficiência para

gases ácidos

inorgânicos.

Aplicação limitada. 1000 95%

5000 98%

Adsorção

(seco)

200 50% Baixo capital de

investimento. Boa

recuperação do

solvente.

Processo para um

número limitado de

condições. Dependente

de temperatura e

umidade.

1000 90%-95%

5000 98%

Condensação

(úmido)

500 50% Boa recuperação do

solvente.

Processo para um

número limitado de

condições. 10000 95%

Incineração

térmica

20 95% Alta eficiência de

destruição. Grande

número de aplicações.

Não há recuperação de

compostos orgânicos.

Alto custo. 100 99%

Incineração

catalítica

50 90%

Alta eficiência de

destruição. Custo menor

ao processo térmico.

Não há recuperação de

compostos orgânicos.

Limitações técnicas

que podem gerar

compostos tóxicos

100 >95%

Incineração

via chama

direta

>98% Alta eficiência.

Não há recuperação de

compostos orgânicos.

Só pode ser usado para

grandes concentrações

de poluentes.

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Os processos secos, semi-secos e úmidos podem ser igualmente considerados

procedimentos não regenerativos e regenerativos como é apresentado na Figura 3.8 dependendo

do reaproveitamento ou não dos reagentes utilizados no processo.

Figura 3.8. Categorização dos processos de remoção de SO2. (COOPER e ALLEY, 2011)

O processo não regenerativo é aquele em que o reagente é usado só uma vez e o

subproduto é descartado. O processo regenerativo utiliza um tipo de absorvente ou adsorvente

que captura o SO2 do fluxo de gás e utilizando um equipamento o absorvente ou adsorvente é

regenerado para obter um fluxo de SO2 ou H2SO4 relativamente puro (De nevers, 1995).

3.5. Absorção de SO2 utilizando metais alcalinos

Dentro dos processos de absorção em líquidos existem processos com metais alcalino-

terroso, compostos de amônia, compostos de alumina, ácidos aquosos, bases orgânicas, sais

fundidos e metais alcalinos. Na Figura 3.9 são apresentados os diferentes processos que podem

ser feitos com metais alcalinos como agente de remoção de SO2.

Exemplo de processo

TipoTécnica de Remoção

Processos de remoção de SO2

Processo não regenerativo

ÚmidoCal, Calcário ou

Álcali

SecoSpray seco de cal ou

injeção de cal

Processo regenerativo

ÚmidoAbsorção com água, carbonato aquoso,

MgO ou Citrato

SecoAdsorção com

carbono ativado ou com óxido de cobre

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Figura 3.9. Categorização dos processos de remoção de SO2, a linha ressaltada é o processo

utilizado neste trabalho. Adaptado de Kohl (1997).

Existem diferentes processos de remoção de SO2 baseados na absorção em soluções de

compostos de metais alcalinos. Compostos de sódio são preferidos sobre compostos de potássio

ou outros metais alcalinos somente pelo custo do material. Numa forma simplificada, este

processo consiste em realizar o contato entre um gás poluído e uma solução líquida de carbonato

de sódio ou hidróxido de sódio para formar sulfito de sódio. O produto formado pode ser

Produto FinalPassos

Intermediários

Agente de remoção de

SO2

CategoriaProcesso

Absorção em líquidos

Metais Alcalinos

Hidróxido / Carbonato /

Sulfito de Sódio

NenhumSulfito de

Sódio

OxidaçãoSulfato de

Sódio

Duplo ÁlcaliSulfito de

Cálcio

Regeneração Térmica

/cristalização

Dióxido de enxofre

Citrato / Fosfato /

Acetato de sódio

Duplo álcaliSulfito de

Cálcio

Redução Enxofre

Compostos de Amônia

Hidróxido / Sulfito de Amônio

Regeneração térmica

Dióxido de enxofre

OxidaçãoSulfato de

Amônio

Duplo ÁlcaliSulfito de

Cálcio

Auto -Oxidação

Sulfato/Sulfuro de Amônio

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regenerado, reutilizado como um subproduto para outro processo da planta, ou descartado. Para

aproveitar o subproduto deste processo pesquisadores têm desenvolvido processos

regenerativos complexos para criar um produto final que pode ser vendido. (KOHL e

RICHARD B. , 1997)

Os processos utilizando metais alcalinos são aproveitados em sistemas que trabalham

com pequenas concentrações de SO2. Essa configuração é utilizada quando prevalece um menor

custo de investimento no equipamento que o custo da operação ou os custos da eliminação dos

produtos associados. Esse processo também é utilizado quando os subprodutos são

comercializados. Por exemplo, no Japão 80% do sulfito de sódio é vendido para empresas

papeleiras e o remanescente oxidado para sulfato e utilizado na fabricação de vidro (KOHL e

RICHARD B. , 1997).

Os processos adicionais de regeneração para esses sistemas de dessulfurização são

precipitação de compostos insolúveis (duplo álcali e óxido de zinco) decomposição térmica

(Wellman-Lord), redução de sulfito a baixa temperatura (processo de citrato ou formato de

potássio), redução a alta temperatura e eletrólise. (COOPER e ALLEY, 2011)

Segundo Bandyopahayay e Biswas (2007), entre os vários métodos úmidos e secos

existentes, os métodos úmidos são considerados mais simples e mais econômicos com alta

eficiência de remoção. Os custos de operação do processo de dessulfurização úmida devem ser

mantidos o mais baixo possível. O custo do reagente, junto com a energia consumida se torna

a componente mais significativa no custo do sistema para controle de emissão de SO2.

No método de remoção de SO2 usando hidróxido de sódio (NaOH) não existe solução

com partículas sólidas ou resíduo sólido e pode ser obtida alta eficiência na remoção de SO2. A

desvantagem é o custo do reagente, mais alto que as outras opções de solvente, mas pode ser

tolerado para sistemas pequenos como já foi discutido. Um sistema deste tipo precisa de um

equipamento para contato do gás com o material absorvente, neste caso uma torre de

nebulização, um tanque para a solução de NaOH e um sistema de injeção de solvente e uma

bomba de recirculação. Todos estes equipamentos devem ser resistentes à corrosão.

Quando o SO2 é absorvido em uma solução de NaOH acontecem diversos mecanismos,

primeiro as moléculas de SO2 difundem-se começando no seio da fase até a interface do gás e

líquido. Na condição de baixa concentração de SO2, a qual é predominante neste sistema, a Lei

de Henry descreve a relação entre a concentração do líquido e a pressão parcial de equilíbrio na

fase gasosa. Os mecanismos podem ser explicados com a seguinte serie de reações

(SCHULTES, 1998):

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1. Solução física: o soluto começa-se difundir desde a superfície até o seio da fase

𝑆𝑂2 + 𝑎𝑟 ↔ 𝑆𝑂2 + 𝐻2𝑂

2. Dissociação: a água libera o íon hidrogênio e este junta-se com o SO2

𝑆𝑂2 + 𝐻2𝑂 ↔ 𝐻+ + 𝐻𝑆𝑂3−

3. Reação com o hidroxilo

𝑆𝑂2 + 𝑂𝐻− ↔ 𝐻𝑆𝑂3−

4. Reação consecutiva

𝐻𝑆𝑂3− + 𝑂𝐻− ↔ 𝐻2𝑂 + 𝑆𝑂3

2−

5. Dissociação da água

𝐻2𝑂 ↔ 𝐻+ + 𝑂𝐻−

6. Dissociação do hidróxido de sódio

𝑁𝑎𝑂𝐻 ↔ 𝑁𝑎+ + 𝑂𝐻−

7. Dissociação do sulfito de sódio

𝑁𝑎2𝑆𝑂3 ↔ 2𝑁𝑎+ + 𝑆𝑂32−

8. Dissociação do bissulfeto de sódio

𝑁𝑎𝐻𝑆𝑂3 ↔ 𝑁𝑎+ + 𝐻𝑆𝑂3−

A hidratação do SO2 considera-se instantânea pela rápida taxa de reação (LIU, WALL,

et al., 2015).

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3.6. Modelos de torres de absorção.

Para descrever o processo de remoção, tem-se realizado simulações com diferentes

considerações na transferência de massa. Isso acontece pois a modelagem de torres de

nebulização atualmente é empírica ou semi-empírica, portanto estão limitadas a regiões e

regimes em que sejam analisados os processos, além das condições especificas do projeto do

equipamento (Marocco, 2010).

Atualmente, os trabalhos procuram melhorar a eficiência destes equipamentos

analisando o problema por métodos em que simplificações foram feitas para conseguir simular

as condições de operação. Os modelos consideraram parâmetros como diâmetro de gota

constante, não coalescência das gotas, não formação do filme na parede da torre, não

evaporação das gotas no sistema, e outros que reduzem a precisão geral do modelo mas

permitem modelar os fenômenos com maior facilidade.

O primeiro estudo organizado sobre torres de nebulização foi feito por Pigford e Pyle

(1951). Os autores apresentaram um estudo experimental de lavagem de gases e analisaram

diferentes parâmetros como a distribuição das gotas nas torres de nebulização, a relação líquido

– gás (L/G), os tipos de bicos pulverizadores, a formação de filme nas paredes e vários

parâmetros de projeto e a sua influência na eficiência do equipamento. Este estudo apresentou

a absorção de amoníaco em água utilizando configurações de 3 e 6 bicos que formam ângulos

de 60 e 70°, o equipamento tinha dimensões de 0,51 m de altura, 1,27 de diâmetro e possuía

uma câmara interior de 0,8 m de diâmetro. Este estudo focou mais a análise experimental que

a parte teórica de modelagem do fenômeno.

Michalski (1997) demonstrou o comportamento dinâmico das gotas, mas na modelagem

realizada neste estudo foi considerado unicamente a variação unidimensional das gotas

desprezando a existência de um filme líquido formado nas paredes. O modelo foi desenvolvido

para o processo de absorção em geral com números de Reynolds entre 400 e 2500, alturas de

torre maiores que 1 m, diâmetros de gota maiores do que 0,4 mm, velocidades entre 0 e 12 m/s.

Para validar o modelo, os autores usaram dados experimentais de outros autores que estudavam

a remoção de SO2 num equipamento composto por dois scrubbers que operam um em

concorrente e o outro em contracorrente de diâmetros de 7,25 e 10,6 m respectivamente, com

bicos cônicos, onde o diâmetro das gotas foi calculado mediante o diâmetro médio de Sauter

(DMS).

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Brogren e Karlsson (1997) desenvolveram um modelo matemático baseado na teoria de

penetração para calcular a taxa de absorção de SO2 usando carbonato de cálcio numa torre de

nebulização, considerando a cinética das 4 principais reações. O tamanho das gotas foi de 1000

µm, pH de 5,75, 12 mol/m3 de concentração de sulfato e 7,5 g/ m3 de carbonato de cálcio. Este,

como os outros trabalhos consideraram o diâmetro médio de gota em vez da distribuição da

gota no volume do sistema. Uma das principais conclusões encontradas foi que a absorção

ocorre na primeira metade da torre, o que significa que a transferência é rápida e pode-se

otimizar a operação modificando a altura do equipamento.

Bozorgi et al. (2006), baseados na informação de outros autores, desenvolveram um

modelo considerando a importante influência da formação do filme na torre. O modelo

matemático apresentado simula uma torre de nebulização para absorção de nitrato de amônio

numa escala industrial. Esse modelo está baseado na aproximação Lagrange para o movimento

das gotas e no modelo PSI-CELL para calcular a distribuição da concentração das gotas ao

longo da torre. Desta forma foi calculado o tamanho de gota na torre e a sua variação. A

validação foi feita para uma torre de 15 m de altura e 3,18 m de diâmetro utilizando vários bicos

fixos afastados por 2,2 m um de outro, nas paredes pulverizando em direção horizontal. A

velocidade do fluido nos bicos foi de 15 m/s. Uma conclusão importante deste trabalho foi que

na medida que aumenta a altura da torre, o diâmetro médio de Sauter não tinha mudanças

significativas, devido que consideraram que as gotas de menor tamanho que colidem nas

paredes converteram-se em filme líquido. Para prever a formação deste filme, foi calculado um

cone geométrico considerando a vazão de líquido que sai do bico e a geometria teórica da

formação do bico.

Keshavarz et al. (2008) apresentaram um modelo para a distribuição das gotas e outro

para a absorção os quais foram validados com os dados obtidos por Pigford e Pyle (1951). Estes

autores demonstraram a importância de considerar a formação do filme neste tipo de

equipamentos dependendo da distribuição dos bicos nas torres de absorção e a solubilidade. O

filme foi analisado como a zona cônica formada pelas gotas que colidem com a parede. O

modelo confirmou que desconsiderar a formação de filme causa um erro maior especialmente

em sistemas de poluentes com baixa solubilidade.

Javed et al. (2006) apresentaram um estudo para pesquisar a influência da imposição de

uma corrente de gás em espiral no coeficiente de transferência de massa numa torre de

nebulização. Os autores desenvolveram correlações para o coeficiente de transferência de massa

na fase gasosa como uma função da vazão mássica e o valor inicial do diâmetro de gota,

calculado pelo diâmetro médio de Sauter (DMS). O método estava baseado na hipótese da

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formação de filme de líquido com espessura constante. O equipamento utilizado neste estudo

foi uma torre de nebulização de acrílico de 1,25 m de altura e 0,1m de diâmetro; o gás utilizado

foi amoníaco em ar introduzido em fluxo axial, com vazões entre 2 e 5 l/min e um ângulo de

30° no bico que alimenta o líquido. O resultado deste trabalho demonstrou que considerar a

velocidade terminal das gotas para a dinâmica da torre é uma hipótese equivocada,

especialmente nas gotas mais pequenas.

Bandyopahayay e Biswas (2007) apresentaram um modelo para prever a eficiência

baseado em parâmetros como velocidade das gotas, velocidade superficial do gás, fluxo do

líquido, altura da coluna de absorção em torre de nebulização. Em 2008 estes autores

apresentaram experimentalmente os fatores mais importantes que afetam a absorção de SO2 em

uma torre de nebulização, as condições utilizadas foram 3 L/m3 de relação líquido-gás, um pH

de 11,7, altura de 2,0 m e 0,1905 m de diâmetro, vazões entre 5,56 x 10-6 e 3.11 x 10-5 m3/s; a

eficiência neste caso foi de 100% para uma concentração de SO2 entre 500-1500 ppm. A

principal conclusão encontrada neste trabalho diz que a modelagem empírica ou semi-empirica

destes processos de absorção podem ser aplicáveis para outros processos gás-líquido.

Gao et al. (2008) desenvolveram um modelo CFD para absorção de SO2 em carbonato

de cálcio em uma torre de nebulização. As temperaturas do gás e líquido foram ajustadas a 298

K, não foi considerada a formação de filme de líquido nas paredes da torre e utilizaram a

distribuição de Rosin-Rammler para calcular a distribuição inicial das gotas. As principais

condições para a simulação foram uma concentração mássica de 0,2_kg/m3, pH de 5,8, ângulo

de spray de 70°, vazão inicial de gás de 3 m3/s e concentração inicial de 1200 x 10-6 mol/m3

Nesta modelagem consideraram-se as taxas das reações mais importantes. Esta modelagem foi

desenvolvida em função do pH e também determinou a absorção em relação as mudanças da

concentração de SO2 para fins de otimização da operação. As eficiências encontradas

apresentaram variações menores de 10 % comparado com os dados experimentais.

Marocco (2009) desenvolveu um modelo CFD para a previsão da eficiência na remoção

na área perto do bico pulverizador numa condição isotérmica para a remoção de SO2 utilizando

uma solução de CaCO3 e água numa torre de nebulização de 1,5 m de diâmetro, 6,3 m de altura,

com três níveis e quatro bicos por cada nível com um ângulo de 120 °. A vazão de entrada foi

de 4,427 kg/s, uma temperatura de 160 °C, 930 ppm de SO2 e os lodos de carbonato de cálcio

têm um pH de 5,6, com 15% de sólidos e 1103 kg/m3 de densidade. A modelagem avaliou além

da absorção, a taxa de evaporação das gotas dos lodos e a formação do filme na parede. As

eficiências encontradas variaram de 6 até 84 % dependendo das condições dos experimentos

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Zhu et al. (2015) pesquisaram a absorção de SO2 utilizando solução de gipsita e calcário.

Neste estudo foi calculada a altura da absorção numa torre de nebulização, tendo como

principais considerações o efeito da coalescência das gotas, efeito da parede e a atomização,

além do que a fase gasosa foi considerada como ideal, gotas como esferas rígidas, temperatura

constante, o diâmetro das gotas foi calculado utilizando uma correlação para o diâmetro médio

de Sauter e reações instantâneas. A modelagem realizada foi em três estágios: movimento das

gotas, distribuição das gotas e transferência de massa. Neste estudo encontrou-se que a altura

de absorção diminui com o aumento da relação líquido – gás e do Ph da solução. Do mesmo

modo, foi encontrado que esse parâmetro aumenta quando aumentam os valores de diâmetro de

gota, vazão de gás, temperatura e concentração de SO2 na entrada da torre.

Zhuang et al. (2015) desenvolveram um modelo CFD para absorção úmida de NO2

incluindo a absorção química pelo sulfito de sódio numa torre de nebulização. Consideraram o

gás ideal, esferas rígidas, sistema isotérmico, teoria de penetração das gotas; além disso, foram

desconsiderados o calor de reação, a quebra e coalescência das gotas, o efeito da parede e a

oxidação de Na2SO3. A vazão de gás foi de 40 L/min, a altura da torre foi de 700 mm e 60 mm

de diâmetro, a distância entre os bicos foi de 300 e 600 mm verticalmente, o ângulo que forma

o líquido passando pelos bicos foi de 60°, diâmetro de gota de 0,298mm e relação líquido-gás

entre 11 e 16. A principal conclusão foi que a eficiência aumenta significativamente com o

aumento da relação líquido-gás.

Darake et al. (2016) utilizaram o modelo de cálculo da formação de filme analisando a

geometria do cone gerado pelo bico pulverizador, tal como foi proposto por Bozorgi et al.

(2006) e a dinâmica das gotas proposta por Taniguchi et al. (1997); o modelo foi validado numa

torre de altura de 1850 mm e diâmetro de 160 mm para a remoção de SO2 com água do mar. Os

autores determinaram que a maior parte das gotas colidem com a parede e convertem-se em

filme líquido. A modelagem foi composta por dois estágios sendo o primeiro a hidrodinâmica

de gotas e o segundo o modelo de absorção de gases. No modelo hidrodinâmico desprezou-se

o efeito da redução da gota pela evaporação e a colisão das gotas. Assim como consideraram

que o sistema é isotérmico e existe um diâmetro médio entre todas as gotas. Para o modelo de

absorção consideraram regime permanente, processo adiabático, propriedades físicas

constantes e desconsideraram-se a evaporação e transferência de calor no líquido. O bico forma

um ângulo de 90° e entre 30 e 60 % converteu-se em filme. A principal conclusão deste trabalho

foi que a modelagem considerando a formação de filme adaptou-se melhor aos dados

experimentais comparado com o modelo sem filme.

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Neste trabalho foi feita uma aproximação teórica considerando uma torre de nebulização

para remoção de SO2 utilizando um sistema não regenerativo, sendo o NaOH o reagente

selecionado. O modelo proposto analisa o comportamento do equipamento com diferentes

quantidades de bicos pulverizadores cônicos. Foi analisado diferentes diâmetros de orifício dos

bicos e como a sua configuração, quantidade, posição e ângulo de saída geraram filme de

líquido nas paredes da torre de nebulização. Assim foi estudada a redução da vazão na torre que

ocorre devido à formação do filme líquido; deste modo é obtida a variação da quantidade de

gotas ao longo da altura da torre. Os modelos teóricos (Taniguchi et al. 1997; Javed et al. 2006;

Codolo, 2010 e Zhu et al. 2015) que não consideraram o filme nas paredes, afirmaram que a

nuvem de gotas pulverizada é igual ao longo da torre. A formação do filme de líquido foi

calculada admitindo a pulverização do líquido como um cone de geometria regular, onde parte

deste cone colide na parede interna da torre. O volume do cone truncado pelas paredes da torre

forma o volume efetivo de gotas que é onde acontece a transferência de massa; isso permite

calcular a vazão na forma de gotas no interior da torre e a quantidade de líquido que foi

transformado em filme. Desta forma, foi calculado o coeficiente volumétrico de transferência

de massa (kga), avaliando a transferência de massa nas gotas e no filme para quantificar a sua

influência no modelo. Foi avaliada a influência do diâmetro de gota no modelo utilizando

diferentes correlações para calcular o diâmetro médio de Sauter. As considerações feitas foram

validadas com uma gama de dados experimentais coletados por Codolo (2010).

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Modelagem e simulação

O modelo considerado é o de uma torre de nebulização contracorrente, onde o gás possui

movimento ascendente e o líquido movimento descendente na forma de gotas, que são geradas

por bicos pulverizadores de cone cheio. O modelo foi resolvido com o software MATLAB

R2014B. Foram estabelecidas as condições de operação de entrada com as características físicas

do equipamento onde foram coletados os dados experimentais: diâmetro de saída e número de

bicos pulverizadores; diâmetro da torre, altura da torre, vazão de líquido e de gás, densidade e

viscosidade de líquido e do gás, tensão superficial de líquido, pressão diferencial de injeção do

líquido, difusividade de SO2 no ar e, concentração de gás na entrada da torre.

Foram definidas seções de tamanho de 1 mm ao longo da torre de 1500 mm de altura. Em

cada uma das seções foi calculado o coeficiente de transferência de massa e a concentração de

SO2 no final da secção; sendo esta última a concentração inicial da próxima secção. Para

calcular o perfil de velocidade das gotas foi considerada uma gota como uma esfera rígida de

diâmetro fixo calculado pelo diâmetro médio de Sauter, utilizando uma correlação empírica.

Fazendo um balanço de forças na esfera foram calculadas as equações de movimento das gotas,

aceleração e velocidade. O cálculo da evolução da velocidade das gotas foi feito a partir da

saída dos bicos, sendo assim assumida a velocidade inicial das gotas como a velocidade média

de saída do bico pulverizador. Pelo padrão de pulverização dos bicos utilizados neste trabalho

(bico de cone cheio) foi considerado que a seção transversal do canal de saída do bico

pulverizador é a primeira seção de pulverização. Essa seção aumenta de diâmetro

progressivamente ao longo da torre para formar um cone. De tal modo, é calculada a quantidade

de gotas no interior da cada secção e desse modo foi calculado um perfil e velocidade completo;

finalizando com o cálculo da concentração do SO2 ao longo da torre.

O modelo matemático proposto considera a formação do filme de líquido nas paredes

internas do equipamento. Desse modo, é avaliado o volume de líquido na forma de gotas que

colidem com a parede interna da torre e se transformam em filme de líquido. O filme de líquido

foi calculado através da geometria do cone formado pelo bico pulverizador. Para este modelo

foram consideradas as seguintes hipóteses: regime permanente, sistema adiabático, as gotas são

consideradas como esferas rígidas de diâmetro constante que seguem uma trajetória retilínea

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vertical, o diâmetro das gotas é calculado pelo diâmetro médio de Sauter (SMD). A distribuição

das gotas é uniforme a cada seção dZ no interior da torre, com o diâmetro de cada gota foi

calculado o número de gotas a cada dZ dependendo da vazão. Não há colisão ou quebra de

gotas, a temperatura e velocidade do gás são constantes e a absorção de SO2 é uma reação

instantânea e irreversível.

4.2. Dados experimentais para validação do modelo matemático

Para validar o modelo matemático foram utilizados dados experimentais provenientes do

trabalho experimental realizado por Codolo (2010).

A bancada experimental analisada foi construída por Codolo (2010); era composta por uma

torre de nebulização, bicos pulverizadores, linha de gás com injeção de SO2 e um analisador de

gases. A torre foi construída em acrílico com uma altura útil de 1500 mm e diâmetro 290 mm,

como é apresentado na Figura 4.1. A torre operava em contracorrente e possuía duas entradas

de gás localizadas na parte inferior; nesse ponto havia uma câmara de distribuição para melhorar

a mistura do gás poluente com a corrente de ar antes de entrar na coluna.

Na parte superior da torre existem duas saídas por onde o gás seguia para a chaminé; assim

era dispersado o SO2 restante após a passagem pela torre. Os bicos pulverizadores foram

localizados na parte superior da torre e 180 mm abaixo do centro da saída do gás, garantindo a

altura efetiva da coluna e evitando que a pulverização fosse iniciada no mesmo ponto da saída

do gás. Os bicos de pulverização utilizados nos testes foram de tipo cone cheio com abertura

de jato de 15°. A vazão de SO2 era regulada por meio de válvulas de agulha e medidas por meio

de rotâmetros para manter a concentração aproximada de 900 ppm.

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Figura 4.1. Esquema da torre de nebulização de Codolo (2010). Dimensões em mm.

Para desenvolver o modelo, foram utilizados dados analisados por Codolo (2010). Assim,

foi estudada a eficiência de remoção de SO2 em diferentes condições. As condições do

experimento foram: diâmetros de bico 2,4 mm, 3,2 mm e 5,6 mm; vazão de líquido entre 0,8

m3/h e 2,0 m3/h; vazão de ar entre 95 m3/h e 428 m3/h; pressão da injeção da solução de 1,15

bar, 2,20 bar e 2,4 bar; concentração na entrada de SO2 em torno de 900 ppm e duas condições

de nebulização: conjunto de 5 bicos e apenas 1 bico. A torre utilizada neste trabalho possui os

pulverizadores distribuídos para cobrir a maior área transversal da torre. Os ângulos e a

distribuição dos bicos nesta torre são apresentados na Figura 4.2 e na Figura 4.3.

Figura 4.2. Distribuição de bicos pulverizadores torre de Codolo (2010). Dimensões em mm.

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Figura 4.3. Ângulos de pulverização torre de Codolo (2010). (CODOLO, 2010).

4.3. Diâmetro de gota

O diâmetro e a velocidade da gota são parâmetros importantes para a análise e modelagem

deste tipo de equipamento. A dispersão de líquido gerada pelo sistema de pulverização na parte

superior da torre depende da pressão de injeção do líquido dispensado pelos bicos

pulverizadores. Quando a pressão do líquido diminui ocasiona uma queda na dispersão do

líquido na parte inferior da torre. Esse efeito gera um aumento no diâmetro médio das gotas e

uma redução na área interfacial, o que resulta numa diminuição da eficiência do sistema de

lavagem de gás (Kallinikos et al. 2010). É por isso necessário analisar e calcular o diâmetro das

gotas ao longo do equipamento.

Uma das simplificações que são feitas nos modelos desses equipamentos é considerar o

diâmetro de gota como único ao longo da torre. Desse modo, para cada tipo de bico pulverizador

existem correlações que calculam o diâmetro médio de Sauter (Ashgriz 2011), dependendo da

aplicação e o fluido que vai ser pulverizado. O diâmetro médio de Sauter (DMS) é um diâmetro

que representa a razão entre o volume total das gotas geradas e a área de todas as gotas. Para

este modelo serão utilizadas diversas correlações para bicos de cone cheio a fim de verificar

qual se ajusta melhor ao modelo e ainda se verifica a influência do diâmetro de gota no

dimensionamento de torres de nebulização. Inicialmente o cálculo do modelo foi feito pela

Equação 4.1 proposta por Lefebvre (1998) para bicos de cone cheio.

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Para realizar o ajuste do modelo foram utilizadas as correlações propostas por Radcliffe

(1960), Equação 4.2; a Equação 4.3, proposta por Jasuga (1979), e a Equação 4.4 proposta por

Orzechowski (1976).

DMS = 2,25 σ0,25μL0,25 mL

0,25∆PL−0,5ρA

−0,25 (4.1)

DMS = 7,3 σ0,6νL0,2mL

0,25∆PL−0,4

(4.2)

DMS = 4,4 σ0,6υL0,16mL

0,22∆PL−0,43

(4.3)

DMS = 5,2 mL∆PL−0,397 vL

0,204 (4.4)

Em que σL é a tensão superficial do líquido em N/m, μL é a viscosidade dinâmica do líquido

em kg/m·s, vL é a viscosidade cinemática do líquido, mL é a vazão mássica do líquido em kg/s,

∆PL é a pressão diferencial de injeção do líquido em Pa e 𝜌𝐴 é a massa específica do gás em

kg/m3. Além das propriedades físicas do gás e do líquido utilizado na pulverização, a correlação

depende da vazão mássica e da pressão que são medidas experimentalmente e dependem das

características de cada bico de pressão.

Para calcular a velocidade de saída no bico foi considerado a vazão total dividida pela área

do orifício do bico, pois não foi possível medir a velocidade real da gota.

𝑈 =𝑄𝐿

𝐴𝑜 (4.5)

Em que U é a velocidade da gota na saída do bico pulverizador, QL é a vazão de líquido e

Ao é a área do orifício do bico.

4.4. Equações de transferência de massa para gotas e filme de líquido

Como já foi discutido na secção de Correlações para transferência de massa, os

coeficientes de transferência de massa são apresentados usualmente como correlações

utilizando números adimensionais. Para o caso das gotas que passam pela torre de nebulização

estudada foi utilizada uma analogia de uma esfera isolada, assim a Equação 3.21 foi ajustada

empiricamente por diferentes autores para calibrar o modelo. Para Frossling (1938) o valor de

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Sh0 na equação foi calculado como 2,0 pela difusão em um meio estagnado, a constante c tem

valor 0,552, o número de Reynolds é válido na faixa de 2 até 12000, e o número de Schmidt na

faixa de 0,6 até 2,7. Finalmente a correlação que é amplamente utilizada na literatura é

apresentada na Equação 4.6.

𝑆ℎ = 2,0 + 0,552 𝑅𝑒 1/2𝑆𝑐 1/3 (4.6)

Em que Sh é o número de Sherwood, Sc o número de Schmidt e Re o número de Reynolds.

Este último é calculado pela Equação 4.7.

𝑅𝑒 = 𝑑𝑔𝑜𝑡𝑎 (𝑢𝑔𝑜𝑡𝑎 + 𝑢𝑔á𝑠) 𝜌𝑔á𝑠

𝜇𝑔á𝑠 (4.7)

Sendo 𝑑𝑔𝑜𝑡𝑎 o diâmetro da gota, 𝑢𝑔𝑜𝑡𝑎 a velocidade da partícula, 𝑢𝑔á𝑠 a velocidade do gás,

𝜌𝑔á𝑠 a massa específica do gás e 𝜇𝑔á𝑠 a viscosidade dinâmica do gás. Pela sua definição, o

número de Sherwood é um parâmetro que permite calcular o valor do coeficiente de

transferência de massa no modelo desenvolvido, sendo apresentado na Equação 4.8.

𝑆ℎ = 𝑑𝑔𝑜𝑡𝑎 𝑘𝑔

𝐷𝐴𝐵 (4.8)

𝑆𝑐 =𝜇𝑔á𝑠

𝜌𝑔á𝑠 𝐷𝐴𝐵 (4.9)

Sendo 𝑘𝑔 o coeficiente convectivo de transferência de massa, 𝑑𝑔𝑜𝑡𝑎 o diâmetro da gota e

𝐷𝐴𝐵 a difusividade do soluto A em B.

Para sistemas em que a resistência da fase gasosa controla o processo de transferência de

massa e a reação entre o gás e líquido é instantânea e irreversível, o coeficiente de transferência

de massa volumétrico pode ser calculado pela Equação 4.10.

𝑘𝑔𝑎 = 𝐺

𝑃 ℎ 𝑙𝑛 (

𝑌𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎

𝑌𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎) (4.10)

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Em que G é a vazão molar do ar, P a pressão absoluta, h a altura da torre e Y as frações

molares de SO2 na entrada e saída da torre.

Neste modelo também foi considerada a transferência de massa que existe entre o filme

de líquido formado nas paredes da torre e o gás contracorrente, independente da nuvem de

gotas. Para analisar isso foi considerada a condição do filme como uma coluna de parede

molhada. Diferentes autores (Gilliland e Sherwood, 1934; Chilton e Colburn, 1934; Johnstone

e Pigford, 1942; Strumillo e Porter, 1965; Nielsen et al. 1998) realizaram estudos para obter

correlações e calcular a transferência de massa na fase gasosa pelo número de Sherwood em

equipamentos de parede molhada. Esses estudos estão limitados pelo número de Reynolds do

gás e do líquido; levando em conta isso foi selecionado o estudo realizado por Kafesjian et al.

(1961) que se ajusta às condições das torres utilizadas neste trabalho para validar os modelos.

Na Equação 4.11 é apresentada a correlação para transferência de massa em coluna de paredes

molhadas.

𝑆ℎ𝑔𝑎𝑠 = 0,0065 𝑅𝑒𝐺0,83 𝑅𝑒 𝐿 0,15 (4.11)

Em que Sh é o número de Sherwood para coluna de parede molhada, 𝑅𝑒𝐺 é o número

de Reynolds do gás e 𝑅𝑒𝐿 é o número de Reynolds do líquido. A Equação é válida para Reynolds

do gás entre 2000 e 20000 e Reynolds do líquido entre 25 e 1200. O primeiro é calculado pela

Equação 3.23 e o Reynolds do líquido é calculado pela correlação proposta por Vivian e

Peaceman (1956), como é mostrado na Equação 4.12.

𝑅𝑒 𝐿 = 4 𝛤

𝜇𝐿 =

4 𝜌 𝑄𝐿

𝜋 𝐷 𝜇𝐿 (4.12)

Em que Γ é a vazão mássica do líquido por unidade de coluna molhada, 𝜇𝐿 é a

viscosidade do líquido, 𝜌 é a densidade do líquido, Q é a vazão de líquido e D é o diâmetro

interno da coluna estudada.

4.5. Movimento das gotas

Em torres de nebulização contracorrente, as gotas e o gás possuem movimento descendente

e ascendente, respectivamente. As gotas, que são formadas através da pulverização são

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geralmente consideradas como esferas rígidas. Quando uma partícula movimenta-se através de

um fluido, o fluido viscoso produz uma força na partícula em direção oposta a sua velocidade.

A força de arrasto na partícula esférica é dada pela Equação 4.13:

𝐹𝐷 = 𝐶𝐷 𝜌𝑎𝑟

𝜋

4 𝑑𝑝

2 𝑢𝑝2

2 (4.13)

Em que o CD é o coeficiente de arrasto, que é função do número de Reynolds, 𝜌𝑎𝑟 é a massa

específica do ar, 𝑑𝑝 diâmetro da partícula e 𝑢𝑝 é a velocidade da partícula.

Para descrever o movimento de uma partícula esférica no ar é necessário fazer um balanço

de forças agindo na partícula, como apresentado na Equação 4.14.

𝐹𝑅 = 𝐹𝐺 − 𝐹𝐸 − 𝐹𝐷 (4.14)

Em que FR é a força resultante aplicada à partícula, FG é a força da gravidade, FE é o

empuxo e FD é a força de arrasto. A Figura 4.4 apresenta as forças agindo na partícula em queda

de um fluido.

Figura 4.4 Diagrama de forças agindo em uma partícula em queda em um fluido.

É possível fazer um balanço de forças para determinar o movimento da partícula esférica e

sua velocidade, de acordo as Equações 4.15 e 4.16.

𝜋

6 𝑑𝑝

3𝜌𝑝 𝑑 𝑢𝑝

𝑑𝑡=

𝜋

6 𝑑𝑝

3(𝜌𝑝 − 𝜌𝑎𝑟)𝑔 − 𝐶𝐷 𝜌𝑎𝑟 𝜋

4 𝑑𝑝

2 𝑢𝑝2

2 (4.15)

𝑑 𝑢𝑝

𝑑𝑡=

(𝜌𝑝 − 𝜌𝑎𝑟)𝑔

𝜌𝑝−

3 𝐶𝐷 𝜌𝑎𝑟 𝑢𝑝2

4𝜌𝑝 𝑑𝑝 (4.16)

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Em que 𝑢𝑝 é a velocidade da partícula, 𝜌𝑝 𝑒 𝜌𝑎𝑟 são a densidade da partícula e massa

específica do ar respectivamente, CD é o coeficiente de arrasto e dP é o diâmetro da partícula.

O coeficiente de arrasto é função do número de Reynolds e pode ser estimado através de

relações empíricas como é apresentado na Equação 4.17 e na Equação 4.18 por Sartor e Abbott

(1975).

𝐶𝐷 = 24

𝑅𝑒 ( 1 + 0,0916𝑅𝑒 ) para 0,1 < Re < 5 (4.17)

𝐶𝐷 = 24

𝑅𝑒 ( 1 + 0,158𝑅𝑒2/3 ) para 5 < Re < 1000 (4.18)

O cálculo das variáveis foi realizado para cada seção dZ, iniciando com o valor da

concentração do gás na parte inferior da torre e calculando a sua variação até a parte superior

onde o gás limpo sai pela chaminé.

Para o cálculo da velocidade da gota em cada seção dZ foi considerado o movimento

uniformemente variado, de acordo com as equações apresentadas a seguir:

𝑑𝑍 = 𝑢0𝑡 + 𝑎𝑔𝑜𝑡𝑎 𝑡2

2 (4.19)

𝑢𝑔𝑜𝑡𝑎 = 𝑢0 + 𝑎𝑔𝑜𝑡𝑎 𝑡 (4.20)

𝑢 𝑚𝑔𝑜𝑡𝑎 =𝑢𝑔𝑜𝑡𝑎 + 𝑢0

2 (4.21)

A velocidade média e o número de Reynolds são calculados para cada seção da altura útil

de pulverização na torre e esses dados são guardados em vetores para cada condição analisada.

Depois, essa informação é a base para calcular o coeficiente de transferência de massa e o tempo

de residência em cada seção ao longo da torre.

4.6. Modelagem e cálculo de transferência de massa no filme de líquido e nuvem de

gotas

A formação do filme de líquido nas paredes ocorre devido à colisão das gotas com a parede

interna da torre. Com isso há redução da vazão na forma de gotas e consequentemente menor

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número de gotas disponível para a transferência de massa. Modelos já discutidos neste trabalho

consideraram que a vazão não varia ao longo da torre.

Para fazer os cálculos da vazão de líquido foi necessário estabelecer uma divisão entre as

diferentes vazões no interior da torre. A vazão que sai dos bicos (vazão total) foi dividida: Uma

parte foi transformada em filme líquido nas paredes sendo a vazão na forma de filme. Outra

parte fica no interior da torre sendo a vazão na forma de gotas.

Devido à importância do filme de líquido foi realizada uma previsão da sua formação. Foi

considerado que os bicos pulverizadores (tipo cone cheio) geram um cone de altura 1500 mm

com um ângulo de saída de 15°, atingindo uma cobertura teórica total de líquido pulverizado

dentro do cone. Assim, com ajuda do software CAD Solid Works 2012 foi feita uma correlação

entre a altura da torre, volume do cone e volume efetivo no interior da torre obtendo uma

equação que descreve o volume real ao longo da torre. Neste software foi possível gerar os

dados de volume efetivo e volume dos cones para as duas configurações, 5 e 1 bico.

Na Figura 4.2 e na Figura 4.3 pode ser visto como é a distribuição dos bicos pulverizadores

na parte superior da torre, na configuração de 1 bico é utilizada a posição central e na

configuração de 5 bicos são utilizadas adicionalmente as posições periféricas; um desenho no

software pode ser observado na Figura 4.5.

Figura 4.5. Desenho do bico central e bicos periféricos para a torre construída por Codolo

(2010).

É necessário enfatizar que foi considerada a não coalescência das gotas, então a cada secção

definida dZ foi calculada uma quantidade teórica de gotas. Assim, foi analisada a variação da

vazão de líquido na forma de gotas ao longo da torre e foi calculada uma correlação de volume

real da pulverização que foi inserida no código dos cálculos.

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A pulverização feita pelos bicos gera um cone que neste trabalho foi admitido como uma

geometria ideal, mas esta geometria não é perfeita na prática. De fato, existe uma variação na

geometria teórica da pulverização gerada pelos bicos quando por exemplo os dispositivos estão

entupidos, desgastados ou quando a pressão de injeção é menor que a pressão ideal de operação

do bico. De acordo com as informações de engenharia do fabricante dos bicos (SPRAYING

SYSTEMS, 2015), com as pressões de líquido que foram utilizadas nos testes a variação da

geometria cônica é menor que 5%, garantindo que o modelo é próximo das condições de

trabalho reais. Um desenho da cobertura teórica de pulverização é apresentado na Figura 4.6.

Figura 4.6. Cobertura teórica de pulverização. (SPRAYING SYSTEMS, 2015)

Na Figura 4.7 (A) é apresentada a geometria e peças da torre de nebulização utilizada para

a coleta de dados; na parte superior está instalada a entrada da solução e na parte inferior a

entrada de ar numa câmara de distribuição. Neste caso é apresentada a configuração de 5 bicos,

exibindo o volume efetivo de um dos bicos periféricos. Na (B) são apresentados os volumes do

conjunto de 1 bico; assim é calculado o volume efetivo do bico posicionado no eixo central da

torre. Para o conjunto de 5 bicos foi calculado o volume efetivo para um cone na posição

extrema, bicos periféricos, como é apresentado na Figura 4.7 (C), e depois esse valor foi

multiplicados 4 vezes. Para complementar o cálculo para 5 bicos, foi adicionado o volume do

bico central (como foi calculado para a configuração de 1 bico), e assim foi obtida a correlação

do volume efetivo na torre para as duas configurações. Esse valor de volume efetivo depois foi

a base para calcular a vazão de líquido na forma de gotas onde ocorre a transferência de massa.

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Figura 4.7 (A) Desenho da torre estudada no software Solid Works. Desenho do volume do

cone e volume efetivo para (B) 1 bicos e (C) para 5 bicos.

Para finalizar a primeira parte dos cálculos, foi obtida a vazão de líquido na forma de gotas

dentro da torre para calcular os parâmetros de transferência de massa no equipamento. Nesta

secção vai ser explicado o processo de cálculo para modelar a transferência de massa na torre.

Agora, é calculado o perfil da velocidade e o número de Reynolds ao longo da torre para uma

partícula com as Equações 4.16 e 4.7, fazendo os cálculos associados de coeficiente de arrasto

( Equação 4.17 e 4.18), velocidade a cada seção dZ (Equação 4.19) e velocidade média à cada

secção (Equação 4.21). Finalmente foi necessário calcular o tempo de residência em cada

secção dZ com a velocidade média pela Equação 4.22.

𝑇𝑟 =𝑑𝑍

𝑈𝑔𝑜𝑡𝑎 (4.22)

A seguir, são calculadas a vazão na forma de gotas, obtida pela vazão de líquido na seção,

a área superficial de transferência de massa, e finalmente a variação da concentração do

poluente ao longo da torre.

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É importante enfatizar que o número de gotas é o parâmetro que liga a quantidade de líquido

disponível na nuvem de gotas com os cálculos da transferência de massa na torre. Este valor foi

calculado pela Equação 4.23.

𝑛𝑔𝑜𝑡𝑎 = 𝑇𝑟 𝜌 𝑄𝐿

𝑚𝑔𝑜𝑡𝑎 (4.23)

Em que Tr é o tempo de residência das gotas na secção dZ analisada, 𝜌 é a densidade do

líquido, 𝑄𝐿 é a vazão de líquido e 𝑚𝑔𝑜𝑡𝑎 é a massa de uma esfera com diâmetro da gota e

densidade de líquido. A seguir foi calculada a área efetiva das gotas, relacionando a área de

uma gota esférica com o número disponível de gotas na secção sendo apresentado na Equação

4.24.

𝐴𝑔𝑜𝑡𝑎 = 𝑛𝑔𝑜𝑡𝑎 4 𝜋 (𝑑𝑔𝑜𝑡𝑎

2⁄ )2 (4.24)

Finalmente foi calculada a taxa de transferência de massa do SO2 do gás para as gotas,

relacionando o coeficiente de transferência de massa, a concentração de SO2 no ar e a área

efetivas das gotas em cada seção. As concentrações à entrada e saída são calculados para cada

secção dZ. O coeficiente de transferência de massa pode ser calculado pela Equação 4.8. A taxa

de transferência de massa é apresentada na Equação 4.25.

𝐽𝑠𝑜2 = 𝑘𝑔 (𝐶𝐸(𝑆𝑂2) − 𝐶𝑖(𝑆𝑂2)) 𝐴𝑔𝑜𝑡𝑎 (4.25)

Segundo Astarita (1967), quando um processo de absorção ocorre com reação química

instantânea, a concentração da interface do componente de absorção cai para zero, a reação

ocorre na interface líquido-gás. Como é o caso de SO2 e hidróxido de sódio. Considerando a

concentração da interface zero, obtém-se a Equação 4.26.

𝐽𝑠𝑜2 = 𝑘𝑔 (𝐶𝐸(𝑆𝑂2)) 𝐴𝑔𝑜𝑡𝑎 (4.26)

Em que J𝑠𝑜2 é a taxa molar de transferência de SO2 do gás para as gotas (mol/s), kg é o

coeficiente individual de transferência de massa da fase gasosa das gotas, 𝐶𝐸(𝑆𝑂2) é a

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concentração de SO2 (mol/m3) no gás na entrada da seção dZ e 𝐴𝑔𝑜𝑡𝑎 é a área das gotas (m2). A

concentração de SO2 inicial é a primeira concentração de SO2 no gás na entrada da torre,

utilizadas nos teste de absorção. A concentração de SO2 no gás foi calculada através do balanço

de massa de SO2, que é a concentração de SO2 no gás na entrada da seção menos a parte de SO2

que foi absorvida pelas gotas. Considerando a entrada e saída de qualquer seção dZ, obtém-se

a Equação 4.27.

𝐶𝑆(𝑆𝑂2) = (𝐶𝐸(𝑆𝑂2) − 𝐶𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠(𝑆𝑂2)) = (𝐶𝐸(𝑆𝑂2) − 𝐽𝑠𝑜2

𝑄𝑔𝑎𝑠) (4.27)

Em que 𝐶𝑆(𝑆𝑂2) é a concentração de SO2 no gás na saída da seção dZ (ppm), equivalente à

concentração de entrada da próxima seção, 𝐶𝐸(𝑆𝑂2) é a concentração de SO2 no gás de entrada

da seção dZ (ppm), 𝐶𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠(𝑆𝑂2) é a concentração de SO2 que foi absorvida pelas gotas, J𝑠𝑜2 é a

taxa de transferência de massa de SO2 do gás para as gotas e 𝑄𝑔𝑎𝑠 é a vazão de gás na torre. Na

última seção dZ, a concentração de saída da seção é a concentração de saída na torre.

Finalmente é calculada a transferência de massa que existe na interação do filme de líquido

e o gás à contracorrente utilizando a Equação 4.11 e a Equação 4.8; este cálculo verificou o

aporte na transferência de massa total do equipamento. Também foi calculada a eficiência de

remoção proveniente do modelo matemático. As eficiências para cada configuração são

calculadas pela Equação 4.28.

𝐸𝑓 (%) = 𝐶𝑖𝑛− 𝐶𝑜𝑢𝑡

𝐶𝑖𝑛∗ 100 (4.28)

Assim é completada a informação necessária para proceder com a programação do modelo

proposto e calcular todos os parâmetros do fenômeno. Na Figura 4.8 é apresentado o

fluxograma que descreve os cálculos realizados neste modelo, e também a sequência do código

gerado no MATLAB.

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Figura 4.8. Fluxograma simplificado dos cálculos do modelo para este trabalho. Ver Apêndice B.

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5 RESULTADOS

O modelo proposto neste trabalho tem o objetivo de avaliar o comportamento de

diferentes parâmetros tais como: eficiência de remoção, coeficiente de transferência de massa

volumétrico, influência do filme de líquido gerado nas paredes da torre, o que altera a vazão na

forma de gotas e a altura efetiva do equipamento de forma geral.

O modelo deste trabalho foi validado com dados provenientes de resultados

experimentais obtidos por Codolo (2010), de uma torre de nebulização que possuía 1500 mm

de altura útil e 290 mm de diâmetro. A correlação utilizada para calcular o diâmetro de gota

nos primeiros resultados é a proposta por Lefebvre (1998).

Com a variação do volume ao longo da torre que foi obtida utilizando o software CAD

foram calculadas correlações para cada um dos conjuntos de bicos como é apresentado na

Figura 5.1. Assim foi possível calcular a redução da vazão de líquido na forma de gotas em

cada ponto da torre. Pela geometria já discutida, foi calculado o ponto onde o cone atingiria a

parede interna da torre formando o filme de líquido. Sendo para o caso de 5 bicos à 546 mm e

para o caso de 1 bico à 1101 mm a partir da saído do bico pulverizador. As equações encontradas

estão em função da altura da torre e são inseridas no código na seção onde é calculado a vazão

mássica da solução, mudando o valor final do número de gotas calculado pela Equação 4.23.

Figura 5.1. Correlação geométrica para calcular a formação do filme de líquido ao longo da

torre de nebulização. (A) Conjunto 5 bicos. (B) Conjunto 1 bico.

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A Figura 5.1 apresenta a correlação geométrica para calcular a variação da vazão de

líquido na forma de gotas; isso permite compreender como a formação do filme influência na

diminuição da vazão de líquido disponível no interior da torre de forma geral. Com essa

informação, foi calculada e comparada a variação da vazão mássica do líquido especificamente

para as configurações da torre analisada, (5 bicos e 1 bico). Com os dados de diferentes vazões

de líquido é calculada a quantidade que é transformada em filme ao longo da torre, sendo isso

apresentado na Figura 5.2. Nesta figura pode ser observado como teoricamente seria o início da

formação do filme de líquido e seu aumento ao longo da torre.

Figura 5.2. Formação da vazão de líquido na forma de filme em função da altura da torre de

nebulização (A) Configuração 1 Bico; (B) Configuração 5 bicos.

Na Figura 5.2 é possível notar que a partir do impacto do cone com a parede interna da

torre houve um aumento significativo na vazão de líquido na forma de filme. Desse modo, para

o conjunto de cinco bicos houve uma redução de 40,5% da vazão na forma de gotas no final da

torre e para um único bico existiu uma redução de 23,1%. Com a formação do filme de líquido

há redução da vazão na forma de gotas, o que reduz a área interfacial disponível para a

transferência de massa.

A partir das correlações propostas foi possível obter a vazão do filme de líquido ao longo

da torre, e portanto a redução da vazão de líquido na forma de gotas como é apresentado nas

Figura 5.3 e a Figura 5.4. Além disso, foi possível observar o impacto significativo que a

formação do filme de líquido pode apresentar em modelos para torre de nebulização.

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Figura 5.3. Vazão de líquido na forma de gotas no interior da torre, configuração de 5 bicos.

Figura 5.4. Vazão de líquido na forma de gotas no interior da torre, configuração de 1 bico.

A Figura 5.3 e Figura 5.4 apresentam a vazão de líquido na forma de gotas para o

equipamento estudado. Pode ser observado que na configuração de 5 bicos a pulverização

colide com a parede da torre numa altura maior do que a configuração de 1 bico. Isso é devido

à geometria e posicionamento dos bicos. No caso de 1 bico, só é utilizado o bico central o que

permite que o filme comece numa altura inferior.

Obtendo a informação da vazão de líquido na forma de gotas e na forma de filme, foi

calculada a transferência de massa e foi quantificado como a formação de filme nas paredes

influência o modelo.

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Para cada caso analisado foi calculado o número de Sherwood utilizando as Equações

4.6 e 4.11, para a vazão na forma de gotas e na forma de filme nas paredes. Depois foi calculado

o coeficiente de transferência de massa utilizando a Equação 4.8. Foram comparados os valores

obtidos e em todos os casos foi encontrando que o valor da transferência de massa no filme e

muito pequeno.

Por exemplo, para a condição de vazão de líquido 2,0 m3/h, diâmetro de bico 3,2 mm, 5

bicos e vazão de ar 428,0 m3/h o kg para as gotas tem valor de 5,63x10-2[kmol/atm s m2] e o

valor para o filme é 6,05x10-4 [kmol/atm s m2].

Com esses resultados pode ser concluído que o aporte da transferência de massa entre o

filme e o gás no interior da torre pode ser desprezada em todos os casos. Sendo muito mais

importante para o modelo a redução da vazão de líquido na forma de gotas por conta da

formação do filme nas paredes, que a transferência de massa que acontece (Figura 5.3 e Figura

5.4).

A fim de validar o modelo matemático desenvolvido, foram realizadas simulações

utilizando como base os dados experimentais coletados por Codolo (2010). Foi executado o

modelo para as diferentes condições dos experimentos realizados pela autora, e nos resultados

foi encontrado que o diâmetro da gota calculado pelo diâmetro médio de Sauter (DMS) foi um

parâmetro que influência a precisão e comportamento do modelo. Observando que pequenas

variações no diâmetro calculado geram grandes desvios nos resultados das eficiências, fato que

será discutido na seção a seguir.

Além das correlações já apresentadas, foram pesquisadas outras correlações que se

adaptaram ao tipo de bico e líquido que está sendo analisado, para comparar os valores de

diâmetro de gota calculados. Neste trabalho foram utilizados bicos de cone cheio.

Após de realizar a análise do comportamento do modelo com a variação do diâmetro de

gota, foi estudada a influência da seleção do dZ para conhecer a precisão do modelo.

Finalmente, foi analisado a predição da concentração do poluente ao longo da torre e foi

discutida a precisão do modelo comparado com outros já propostos.

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5.1. Análise da eficiência da remoção de contaminante para diferentes correlações de

diâmetro de gota

Foi calculado o diâmetro de gota utilizando as correlações para obter a faixa de

diâmetros e o comportamento de cada uma, procurando uma correlação que gere um diâmetro

menor do que a correlação do Lefebvre (1998). Na Tabela 5.1 são apresentados os diâmetros

de gota para a condição de vazão total de líquido de 2,0 m3/h, vazão de ar de 332,9 m3/h e

pressão de injeção de 1,35 bar.

Tabela 5.1. Correlações para cálculo de diâmetro de gota e valores para uma condição do

experimento. Condição estudada: vazão de líquido de 2,0 m3/h, vazão de ar de 332,9 m3/h e

pressão de injeção de 1,35 bar.

Autor Correlação

Diâmetro

obtido

(m)

Lefebvre (1998) DMS = 2,25 σ0,25μL0,25 mL

0,25∆PL−0,5ρA

−0,25 3,89E-04

Radcliffe (1960) DMS = 7,3 σ0,6vL0,2mL

0,25∆PL−0,4

6,90E-04

Jasuga (1978) DMS = 4,4 σ0,6vL0,16mL

0,22∆PL−0,43

5,21E-04

Orzechowski

(1979) DMS = 5,2 mL∆PL

−0,397 vL0,204 1,50E-03

Babu et al. (1982) DMS = 133 mL0,64291/(∆PL

0,547105 ρ𝐿0,642955) 1,67E-03

Park et al. (2004) DMS = 111,3 σ0,122vL0,331 ∆PL

−0,42 5,41E-03

Kennedy (1985) DMS = 10−3 σ ( 6,11 +

32000mL

∆PL0.5

− 6,973x10−3∆PL0,5 + 1,89x10−6 ∆PL)

3,70E-03

Com esses dados existem fortes argumentos para considerar que a melhor correlação

para o modelo apresentado é a correlação de Lefebvre (1998). Analisando os resultados das

simulações para o modelo, na medida que o diâmetro de gota diminui a eficiência se ajusta

melhor aos resultados experimentais. Assim, foi realizado o cálculo da eficiência da remoção

em função da velocidade do gás. Neste caso foi executado o modelo com as correlações das

Equações 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4 para comparar o comportamento de cada uma.

Foram analisados 9 casos diferentes. Em cada caso foi selecionado o diâmetro de bico,

a pressão de injeção e o número de bicos. Para cada combinação de condições foi modificado

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a vazão de gás na faixa de 95,1 m3/h até 428,0 m3/h. Na Tabela 5.2 são apresentadas as

combinações para cada caso.

Tabela 5.2. Lista detalhada, combinação de casos analisados.

Caso Diâmetro de

Bico (mm)

Vazão total de

Líquido (m3/h)

Pressão de

injeção (Bar) No. Bicos

1 4,4 0,8 1,35 1

2 4,4 1,0 2,30 1

3 5,6 1,0 0,90 1

4 5,6 1,5 2,20 1

5 2,4 0,8 0,65 5

6 2,4 1,0 1,10 5

7 2,4 1,5 2,40 5

8 3,2 1,5 1,15 5

9 3,2 2,0 1,35 5

A seguir vão ser apresentados os resultados das eficiências para cada correlação. A

Figura 5.5 e a Figura 5.6 corresponde à correlação de Lefebvre (1998). A Figura 5.7 e a Figura

5.8 corresponde à correlação de Radcliffe (1960). A Figura 5.9 e a Figura 5.10 corresponde à

correlação de Jasuga (1979). A Figura 5.11 e a Figura 5.12 corresponde à correlação de

Orzechowski (1976). Cada dupla de gráficas apresentam os 9 casos e a sua variação com a

velocidade do ar no interior da torre.

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Figura 5.5. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Calculado utilizando a correlação proposta

por Lefebvre (1998).

Figura 5.6. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 1 bico. Calculado utilizando a correlação proposta

por Lefebvre (1998).

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Figura 5.7. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Calculado utilizando a correlação proposta

por Radcliffe (1960).

Figura 5.8. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 1 bico. Calculado utilizando a correlação proposta

por Radcliffe (1960).

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Figura 5.9. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Calculado utilizando a correlação proposta

por Jasuga (1979).

Figura 5.10. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 1 bico. Calculado utilizando a correlação proposta

por Jasuga (1979).

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Figura 5.11. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Calculado utilizando a correlação proposta

por Orzechowski (1976).

Figura 5.12. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 1 bico. Calculado utilizando a correlação proposta

por Orzechowski (1976).

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Pode ser concluído através das Figuras 5.5, 5.6, 5.7, 5.8, 5.9, 5.10, 5.11 e 5.12 que a

correlação proposta por Lefebvre (1998) apresentou os melhores resultados, pois através desta

correlação o modelo apresentou resultados mais próximos aos dados experimentais. No entanto,

o uso da correlação proposta por Orzechowski (1976), apresentou o comportamento mais

afastado dos resultados experimentais. Analisando os valores de diâmetro de gota e os

resultados das eficiências, pode ser concluído que esse é um parâmetro que influencia

significativamente o modelo. Observou se que as correlações diferentes à correlação proposta

por Lefebvre (1998) calcularam um diâmetro de gota maior do que a correlação inicial,

afastando os resultados da simulação dos dados experimentais.

Analisando os resultados dos cálculos da correlação de Lefebvre (1998), na Figura 5.6

em que foi utilizado apenas um bico pulverizador, o modelo segue a tendência dos dados

experimentais; porém, existem diferencias maiores quando aumenta a velocidade do ar nos

casos com diâmetros maiores de saída do bico pulverizador. Na Figura 5.5, em que foram

utilizados cinco bicos pulverizadores, a diferença entre os dados experimentais e a simulação

foi menor. Os resultados experimentais mostraram que a eficiência de remoção sofreu menor

influência da velocidade do gás, no entanto os resultados teóricos mostraram forte influência

da velocidade do gás na eficiência de remoção. Isso deve-se a consideração feita no modelo, o

diâmetro de gota foi calculado desconsiderando sua distribuição ao longo da torre. Devido a

distribuição do diâmetro de gota, as gotas menores que são produzidas podem ficar em

suspensão, o que gera aumento no tempo de residência real dentro da torre e consequentemente

na área interfacial das gotas disponível para a transferência de massa, desse modo há aumento

da eficiência de remoção experimental.

Foi calculado o erro relativo como é apresentado na Equação 5.1 para cada um dos 9

casos analisados, como é apresentado na Tabela 5.3. Com essa informação foi analisada a

precisão do modelo e como este pode se adaptar melhor a certas condições de vazão total de

líquido e diâmetro de bico pulverizador (utilizando a correlação de Lefebvre).

𝐸 = |𝑥 − 𝑥𝑒𝑥𝑝|

𝑥𝑒𝑥𝑝 (5.1)

Em que E é o erro relativo da medição, x é o valor estimado e xexp é o valor experimental.

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Tabela 5.3. Valores de erro relativo do modelo e parâmetros que influenciam no modelo.

Caso Diâmetro de

Bico (mm)

Erro relativo

máximo

Velocidade inicial

(m/s)

Diâmetro de gota

(m)

1 4,4 47% 14,61 3,09E-04

2 4,4 38% 18,27 2,51E-04

3 5,6 25% 11,28 4,01E-04

4 5,6 13% 16,92 2,84E-04

5 2,4 45% 9,82 4,46E-04

6 2,4 23% 12,28 3,62E-04

7 2,4 3% 18,42 2,71E-04

8 3,2 29% 10,36 3,92E-04

9 3,2 17% 13,82 3,89E-04

Através da Tabela 5.3 é possível notar que para um mesmo bico o aumento da vazão

reduz o erro. Esta tendência ocorre em todos os casos analisados. Comparando os resultados de

esses casos pode se concluir que o diâmetro do bico pulverizador influência a precisão do

modelo de forma indireta. Quanto menor o diâmetro do bico, melhor é o ajuste do modelo aos

dados experimentais.

Analisando os casos 5, 6 e 7 (apresentados na Figura 5.5) é observado que o modelo

apresentou os melhores resultados para o bico com menor diâmetro de orifício. Além disso para

o mesmo bico o erro foi menor para o aumento de vazão. Isso mostra que a correlação para o

diâmetro de gota se ajusta melhor nessas condições, sendo o Caso 7 a melhor condição com um

erro relativo de 3%.

Observando a importância do diâmetro do bico e a vazão total do líquido é necessário

comentar que esses parâmetros são a base para o cálculo dos parâmetros de entrada do modelo.

A velocidade inicial das gotas é dependente do número de bicos e do diâmetro de bico. O

diâmetro médio Sauter é dependente da vazão mássica do equipamento e esse parâmetro é

dependente da vazão de líquido total na torre.

Finalmente, com esses dados é confirmado que o modelo proposto oferece uma melhor

predição do comportamento do equipamento utilizando altas vazões de líquido e bicos do menor

diâmetro possível.

Deste modo, as condições em que o modelo obteve resultados mais próximos dos dados

experimentais foram selecionados para verificar a influência da velocidade do gás no kga. As

Figuras 5.13, 5.14, 5.15, 5.16 e 5.17 apresentam a variação do coeficiente de transferência de

massa volumétrico teórico proveniente dos dados experimentais em função da velocidade do

gás.

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Figura 5.13. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 1 bico, (A) Do 4,4

mm -800 l/h; (B) Do 4,4 mm -1000 l/h.

Figura 5.14. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 1 bico, (A) Do 5,6

mm -1000 l/h; (B) Do 5,6 mm -1500 l/h.

Figura 5.15. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 5 bicos, (A) Do 2,4

mm - 800 l/h; (B) Do 2,4 mm - 1000 l/h.

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Figura 5.16. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 5 bicos, (A) Do

2,4mm - 1500 l/h; (B) Do 3,2 mm - 1500 l/h.

Figura 5.17. Influência da velocidade do gás no kga em configuração de 5 bicos Do 3,2mm -

2000 l/h.

A partir das Figuras 5.13, 5.14, 5.15, 5.16 e 5.17 foi possível notar que o coeficiente

volumétrico de transferência de massa teórico kga, calculado pelo modelo, diminui com o

aumento da velocidade do gás, pois teoricamente reduziria o tempo de residência, mas os

resultados experimentais mostram que o kga sofre aumento com o aumento da velocidade do

gás. Isto se deve novamente ao fato do modelo não considerar a distribuição do diâmetro de

gota, ignorando as gotas que poderiam ficar em suspensão com o aumento da velocidade do

gás. Também desprezou-se o efeito da redução da gota pela evaporação e a colisão das gotas.

Esse fato é mais pronunciado para o conjunto de 5 bicos, devido ao menor diâmetro de gota

gerado; o que faz com que em maior número de gotas fiquem em suspensão, aumenta o tempo

de residência.

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5.2. Análise do parâmetro dZ

Nos resultados preliminares a torre estudada foi dividida arbitrariamente em seções dZ

para analisar o fenômeno que ocorre no interior. Nesse caso o valor foi definido inicialmente

como 1 mm, o que significa que a torre foi dividida em 1500 partes. Foi analisada a variação

do dZ para valores maiores a 1 mm com a finalidade de identificar o comportamento do modelo.

Neste caso foram estabelecidos análises com tamanhos de passo a cada 10 mm.

Os cálculos foram realizados para encontrar o valor de dZ que permitisse obter um

tempo menor de execução do programa, sem uma alteração significativa nos resultados.

Utilizando a ferramenta de temporizador do software MATLAB foi calculado o tempo de

execução. Graficamente foi comparado o resultado da eficiência de remoção resultante com os

valores do dZ programado inicialmente (1 mm).

Com o valor de 1 mm a torre é dividida em 1500 partes e o tempo de execução é 16,61

minutos. Considerando como base esse valor, foi analisada a variação dos resultados da

eficiência com valores maiores de dZ.

Com valor de 10 mm são 150 partes e o tempo de execução foi 7,66 minutos; a variação

dos resultados está entre 0,19% e 3,57%. Com valor de 20 mm são 75 partes e o tempo de

execução foi 6,82 minutos; a variação dos resultados está entre 0,55% e 4,13%.

Para o caso de 30 mm o modelo começa a apresentar grandes desvios. Na Figura 5.18

e a Figura 5.19 são apresentados os resultados para o modelo com dZ de 30 mm; quando foram

comparados os valores obtidos através dos gráficos foram achadas diferencias entre 44,01% e

90,85%. Isso pode ser apreciado comparando a Figura 5.5 e a Figura 5.6 (modelo com dZ de 1

mm) com a Figura 5.18 e a Figura 5.19, claramente as curvas de eficiência se afastam dos

resultados experimentais devido ao tamanho de divisão maior.

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Figura 5.18. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 5 bicos. Utilizando a correlação de Lefebvre

(1998) e dZ 30mm.

Figura 5.19. Resultados teóricos e experimentais da eficiência de remoção de SO2 em função

da velocidade do gás para configuração de 1 bico. Utilizando a correlação de Lefebvre (1998)

e dZ 30mm.

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Com esses dados pode ser concluído que o modelo poderia ser executado com valores

de dZ maiores o que permitiria uma redução do tempo de cálculo de até 58% sem alterar

significativamente os resultados do modelo.

5.3. Análise concentração de SO2 ao longo da torre

Utilizando os dados calculados foi analisada a precisão da simulação comparado com

dados experimentais coletados na torre construída por Codolo (2010). Neste trabalho foram

apresentados dados para 3 casos, e em cada um foram coletados dados para uma vazão de ar.

Pela complexidade para coletar as amostras no interior da torre, foi projetada uma sonda

capaz de coletar amostra de gás sem arrastar com ela grande quantidade de umidade. Isso

poderia interferir nas medições e causar problemas ao analisador de gases. Os experimentos

para avaliar a concentração ao longo da torre foram realizados em apenas algumas condições

experimentais. A vazão de líquido escolhida foi de 1500 l/h e a vazão de gás de 237,8 m3/h.

Estas vazões foram utilizadas para o conjunto de 5 bicos de diâmetro de orifício do bico 2,4

mm e 3,2 mm; e para o conjunto de apenas 1 bico com o diâmetro de orifício do bico 5,6 mm.

A concentração do SO2 no gás na entrada da torre por volta de 900 ppm (Codolo, 2010).

Na Figura 5.20 é apresentada a simulação da concentração de poluente ao longo da torre,

comparando os resultados com dados experimentais. Na Figura 5.21 são apresentados os

resultados da simulação para o Caso 4 (Tabela 5.2) com diferentes vazões de gás.

Na Figura 5.22 é apresentada a simulação da concentração de poluente ao longo da torre,

comparando os resultados com dados experimentais. Na Figura 5.23 são apresentados os

resultados da simulação para o Caso 7 (Tabela 5.2) com diferentes vazões de gás.

Na Figura 5.24 é apresentada a simulação da concentração de poluente ao longo da torre,

comparando os resultados com dados experimentais. Na Figura 5.25 são apresentados os

resultados da simulação para o Caso 8 (Tabela 5.2) com diferentes vazões de gás.

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Figura 5.20. Simulação e dados experimentais para a concentração de poluente ao longo da

torre. Diâmetro de orifício de bico de 5,6 mm e 1 bico. Vazão total de líquido 1,5m3/h, de gás

237,8 m3/h.

Figura 5.21. Simulação concentração de poluente ao longo da torre. Diâmetro de orifício de

bico de 5,6 mm e 1 bico. Vazão total de líquido 1,5m3/h, diferentes vazões de ar. Caso 4

(Tabela 5.2).

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Figura 5.22. Simulação e dados experimentais para a concentração de poluente ao longo da

torre. Diâmetro de orifício de bico de 2,4 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h, de gás

237,8 m3/h.

Figura 5.23. Simulação concentração de poluente ao longo da torre. Diâmetro de orifício de

bico de 2,4 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h, diferentes vazões de ar. Caso 7

(Tabela 5.2).

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Figura 5.24. Simulação e dados experimentais para a concentração de poluente ao longo da

torre. Diâmetro de orifício de bico de 3,2 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h, de gás

237,8 m3/h.

Figura 5.25. Simulação concentração de poluente ao longo da torre. Diâmetro de orifício de

bico de 3,2 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h, diferentes vazões de ar. Caso 8

(Tabela 5.2).

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Para interpretar os gráficos é necessário anotar que o gás entra na parte inferior da torre,

o valor zero da altura nos gráficos analisados é a parte inferior do equipamento. Através dos

gráficos é possível notar que para a Figura 5.20 e a Figura 5.24 a simulação versus os dados

experimentais apresenta diferenças maiores que para a Figura 5.22. Esses resultados

confirmaram a tendência já analisada na seção 5.1 deste trabalho, onde com condições iguais

de vazões o caso em que é utilizado o bico com diâmetro menor reduz o erro do modelo. Na

Figura 5.22 são apresentados os dados para o Caso 7 (Tabela 5.2), esses resultados também

confirmam que nesta condição o modelo oferece os melhores resultados. Na Figura 5.21, Figura

5.23 e a Figura 5.25 são apresentados os resultados da simulação variando a vazão de gás no

interior da torre. Pela falta de dados experimentais não é possível concluir sobre a precisão da

simulação, porém são apresentados para observar a tendência geral do modelo.

De acordo com Codolo (2010) na hora da coleta de dados na parte inferior da torre,

especificamente na entrada do ar contaminado, existia uma zona de maior turbulência. Neste

ponto a sonda pode ter carregado umidade em direção ao analisador de gases e isso pode ter

causado maior influência nas medições experimentais.

Analisando essa situação pode ser explicada a diferença entre a simulação e os dados

experimentais na primeira parte da torre. Na Figura 5.20, Figura 5.22 e a Figura 5.24 pode ser

observado que a maior diferença ocorre nos primeiros 500 mm da torre. Os dados

experimentais aparentemente estão com valores de concentração numa escala menor que a

simulação, provavelmente pela difícil coleta de amostras já comentada.

Na segunda parte dos gráficos, após 500 mm, pode ser observado que a simulação

calcula dados mais ajustados ao medido na bancada experimental, sendo a melhor condição a

apresentada no caso da Figura 5.22.

A Figura 5.26 e a Figura 5.27 apresenta a velocidade da gota ao longo da torre simulada

através do modelo para apenas duas condições, são elas: 5 bicos, distintas vazões de gás com

diâmetro de orifício de bico de 2,4 mm e 3,2 mm. Vazão total de líquido 1,5 m3/h. A velocidade

das gotas ao longo da torre é dependente da vazão total de líquido e o diâmetro de saída do bico.

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Figura 5.26. Velocidade das gotas em função da altura da torre para distintas vazões de gás

com diâmetro de orifício de bico de 2,4 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h.

Figura 5.27. Velocidade das gotas em função da altura da torre para distintas vazões de gás

com diâmetro de orifício de bico de 3,2 mm e 5 bicos. Vazão total de líquido 1,5m3/h.

Fazendo a comparação entre os gráficos apresentados pode se concluir que tendo igual

vazão total de líquido o diâmetro de saída menor gera uma velocidade de gota maior, fazendo

que o tempo de residência para as condições da Figura 5.22 sejam maiores que para as condições

da Figura 5.23. Um maior tempo de residência faz que aumente a transferência de massa a cada

seção.

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83

Na Figura 5.28 é apresentado o valor do kga para o caso com melhor ajuste aos dados

experimentais.

Figura 5.28. Cálculo do kga para vazão na forma de gotas com: Vazão total de líquido 1,5

m3/h, vazão de gás 237,8 m3/h, diâmetro de bico 2,4 mm, pressão de injeção 2,4 bar, 5 bicos.

Como mostra a Figura 5.28 kga aumentou ao longo da torre; esse parâmetro é

dependente da área das gotas a cada seção dZ e do coeficiente de transferência de massa. Com

a redução da velocidade das gotas na parte final da torre (Figura 5.26 e Figura 5.27), devido à

desaceleração promovida pelo ar à contracorrente, o tempo de residência das gotas aumenta no

final da torre. Assim, comparando a Figura 5.26 e Figura 5.28 a pode ser concluído que com a

redução da velocidade das gotas, ocorre o aumento da área interfacial, devido ao aumento do

tempo de residência das gotas, porém há redução do coeficiente de transferência de massa.

Na pratica, no interior da torre existem gotas que ficam em suspensão acrescentando o

tempo de residência e a transferência de massa numa seção dZ qualquer. Pelas simplificações

feitas não foi possível simular esse fenômeno mas o modelo se ajusta aos dados experimentais

coletados por Codolo (2010).

Embora o modelo desenvolvido considere a formação do filme de líquido, foi possível

notar diferenças entre os resultados teóricos e experimentais. Essas diferenças devem ocorrer

pelo fato do diâmetro de gota ter sido calculado com uma correlação teórica e sua distribuição

não ter sido considerada. Além disso, o modelo não considera o efeito da evaporação do líquido

e também não considera a coalescência ou quebra das gotas ao longo da sua trajetória.

Outro importante fator que deve ser ressaltado, é o fato de não considerarmos a interação

entre os bicos ao longo da torre. De acordo com Warych et al. (2001) e Darake et al. (2016),

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para melhorar a previsão teórica é necessário ajustar o diâmetro de gota e que este absorva os

erros associados as simplificações e diferenças matemáticos. Assim, para garantir uma ótima

simulação a calibração do modelo deve ser feita considerando também o estado e

funcionamento real do equipamento na hora da coleta de dados. Através dos cálculos foi

possível notar, a grande dependência do modelo em relação a área interfacial de gotas geradas,

o que teoricamente é muito difícil de prever.

Os modelos simplificados para predição teórica da remoção de gases em torres de

nebulização apresentam valores de erro consideravelmente altos. Michalski (1997) calcula que

o máximo erro no modelo apresentado foi de ±11%. Segundo Zhu et al. (2015) o modelo

proposto apresentou uma variação ± 15% nos resultados. Segundo Darake et al. (2016) o

modelo proposto apresenta um erro médio de 23%, mas numa condição dos experimentos

apresentou um erro médio de 9%. Os autores só apresentaram um valor da média do erro

absoluto.

Modelos que calcularam a distribuição de gota obtiveram resultados melhores. Por

exemplo, o modelo mais complexo de Warych et al. (2001) apresenta um erro de 5%. Os autores

calcularam a distribuição do tamanho de gota pela distribuição Rosin-Rammler, o que aumenta

a precisão do modelo. O modelo de Gao et al. (2008), que também calcula a distribuição do

tamanho de gota com a distribuição mencionada, apresenta diferencias menores que 10%,

comparando com os dados experimentais.

Pode ser concluído que o modelo proposto neste trabalho calcula valores dentro da faixa

dos resultados que outros autores já reportaram para simulações onde a gota foi admitida como

uma partícula esférica rígida. O modelo oferece uma predição aceitável da remoção de

poluentes no equipamento e apresenta uma correlação aceitável nos casos onde o diâmetro de

saída do bico pulverizador é pequeno e a vazão total de líquido é alta.

No entanto, nos casos onde o diâmetro de saída do bico é grande e a vazão de líquido é

pequena o modelo perde precisão, o erro relativo pode atingir valores de até 48%.

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6 CONCLUSÕES

Com a formação do filme de líquido há redução da vazão na forma de gotas, o que reduz a

área interfacial disponível para a transferência de massa. No conjunto de cinco bicos houve

uma redução de 40,5% da vazão em forma de gotas no final da torre, no entanto para um

único bico existiu uma redução de 23,1%.

A correlação para calcular o diâmetro médio das gotas que teve melhor ajuste foi a de

Lefebvre (1998) devido a que calcula os menores valores e gera resultados mais adequados

no modelo que representa a absorção nos dados experimentais. A variável diâmetro médio

de Sauter (DMS) das gotas foi o parâmetro que mais influenciou na precisão e

comportamento dos modelos que representam a nebulização do SO2 em NaOH dos dados

experimentais de Codolo (2010).

As eficiências do modelo teórico proposto neste trabalho foram comparadas com as

eficiências experimentais obtidas por Codolo (2010). Os resultados experimentais

mostraram que a eficiência de remoção sofreu menor influência da velocidade do gás, no

entanto os resultados teóricos mostraram forte influência da velocidade do gás na eficiência

de remoção. Isso deve-se a consideração feita no modelo, na qual o diâmetro de gota foi

calculado desconsiderando sua distribuição ao longo da torre. Para terminar de ajuste o

modelo proposto é necessário adicionar uma medição da distribuição de gotas. Embora sua

importância o valor é calculado pelas correlações do DMS que não permitem modelar o

modelo ao longo da torre de forma real.

O modelo teve melhor ajuste em condições de menores diâmetros de bico e maiores vazões,

apresentando erros menores do que 3% para a condição de diâmetro 2,4 mm e vazão total

1500 l/h. Nesta condição, o diâmetro de gota calculado foi o menor dentre todas as

condições estudadas.

O maior erro apresentado no ajuste do modelo foi para a condição do caso 5 (Tabela 5.2).

Neste caso obtém se um diâmetro de gota maior do que os outros calculados e uma

velocidade de gota menor do que as outras calculadas (Tabela 5.3). Como já foi discutido

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86

em casos onde se analisa diâmetros de gota de valor alto e velocidade de gota baixa o

modelo não oferece uma correlação aceitável para este fenômeno.

Na simulação matemática foram escolhidos diferentes tamanhos do valor dZ. Um valor

maior de dZ diminui o tempo de processamento sem alterar os resultados do modelo. Porém,

valores de dZ maiores a 20mm diminuem a precisão do modelo. Sendo desta forma

requerido que para trabalhos futuros seja integrado ao programa um cálculo de otimização

do dZ, para garantir a maior precisão possível nos cálculos do fenômeno estudado.

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7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Realizar a modelagem com considerações como a coalescência das gotas para obter

melhores comportamentos fluidodinâmicos e minimizar os erros na simulação.

Estudar o diâmetro de gotas utilizando modelos de distribuição de tamanho que se adaptem

melhor as condições experimentais.

Realizar um estudo experimental a diferentes condições de vazão, número de bicos e

diâmetro de bicos para a validação do modelo teórico. Analisando a interação dos jatos

gerados pelos bicos pulverizadores e a sua disposição na torre de nebulização.

Para trabalhos futuros deve ser considerado que a seleção do valor de dZ deve responder a

um planejamento cuidadoso. Uma seleção de um valor alto pode levar a resultados menos

precisos; uma seleção de um valor pequeno pode aumentar significativamente o tempo de

processamento. Esse valor deve ser calculado para otimizar o modelo e deve ser programada

uma rotina para iterar o valor de dZ procurando a condição ótima, uma vez sejam

estabelecidas todas as informações do funcionamento real da torre.

Utilizar diferentes gases poluentes e diferentes soluções absorventes e adaptar o modelo

teórico para que seja aplicável a processos de absorção em geral.

Após realizar experimentos na bancada, deve-se estudar o produto formado e sua aplicação.

Estudo de absorção de SO2 com alteração da altura da torre, para avaliar como a formação

de filme em diferentes alturas modifica a transferência de massa, a vazão de líquido na

forma de gotas e a eficiência do modelo.

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APÊNDICE A – Dados experimentais Codolo (2010)

Dados experimentais coletados por Codolo (2010)

Resultados – 1 bico pulverizador

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 913 212,2 76,76

142,7 951 312,8 67,11

190,2 955 322,4 66,24

237,8 978 354,4 63,76

285,3 986 394,4 60

332,9 951 425,2 55,29

428 940 468,4 50,17

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 913 106,2 88,37

142,7 951 183,4 80,72

190,2 920 160,6 76,68

237,8 978 232,8 76,2

285,3 986 259,6 73,67

332,9 951 274,6 71,13

428 940 290,4 69,11

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 846 141 83,33

142,7 993 279,2 71,88

190,2 899 266,4 70,37

237,8 915 298,8 67,34

285,3 860 303 64,77

332,9 899 351,2 60,93

428 907 392,2 56,76

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 846 32,8 96,12

142,7 993 86,4 91,3

190,2 899 65,8 92,68

237,8 915 101 88,96

285,3 860 100,6 88,3

332,9 899 116,8 87,01

428 907 132,6 85,25

Líquido 1500 l/h - bico 1590

Liquido 800 l/h - bico 1550

Líquido1000 l/h - bico 1550

Liquido 1000 l/h - bico 1590

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Resultados - 5 bicos pulverizadores

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 935 179,4 80,81

142,7 974 271,4 72,14

190,2 893 268 69,99

237,8 961 305,2 68,24

285,3 942 326,4 65,35

332,9 948 377,6 60,17

428 938 403,4 56,99

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 984.00 74,6 92,42

142,7 956.00 106,4 88,87

190,2 920.00 120 86,96

237,8 941.00 132,2 85,95

285,3 960.00 151,8 84,19

332,9 943.00 156 83,46

428 947.00 175,4 81,48

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 984 13,4 98,64

142,7 956 13.20 98,62

190,2 920 14,4 98,43

237,8 941 16,2 98,28

285,3 960 21 97,81

332,9 943 25,8 97,26

428 947 31,6 96,66

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 816 153 81,25

142,7 977 211,2 78,38

190,2 910 269,8 70,35

237,8 976 318,6 67,36

285,3 952 315,8 66,83

332,9 914 346,6 62,08

428 909 379,4 58,26

Ar (m3/h) Entrada Saída Eficiência

95,11 932 89,6 90,39

142,7 951 125 86,86

190,2 973 132 86,43

237,8 962 136,2 85,84

285,3 961 165,8 82,75

332,9 982 172 82,48

428.00 942 166,6 82,31

Líquido 1500 l/h - bico 1530

Líquido 2000 l/h - bico 1530

Líquido 800 l/h - bico 1514

Líquido 1000 l/h - bico 1514

Líquido 1500 l/h - bico 1514

Page 95: MODELAGEM DA REMOÇÃO DE SO NUMA TORRE DE ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/321221/1/...na entrada da torre foi em torno de 900 ppm para todas as condições. A influência

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APÊNDICE B – Diagrama de Fluxo detalhado para cálculo.