Modelização Didática de Gêneros e a Formação Do Futuro Professor de Língua Inglesa Paula...
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Modelizao didtica de gneros ea formao do futuro professor delngua inglesa:implicaes no processo
de construo do conhecimentoPaula Tatianne Carrra Szundy
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Resumo: Com base na concepo de que a construo de modelos didticos de
gneros pode se tornar um instrumento signicativo na formao pr-servio do
professor ao engaj-lo na reexo sobre a trade didtica (sujeitos, objeto de en-
sino e ferramenta), tornando-o um pesquisador da prpria prtica (CRISTVO,
2002; SZUNDY; CRISTVO, 2008), este artigo discute a construo do conheci-
mento sobre a futura prtica pedaggica em um projeto de modelizao didtica
de gneros desenvolvido na disciplina Prtica de Ensino da Lngua Inglesa em uma
universidade pblica do norte do Brasil. Para reexo sobre o processo de ensi-
no-aprendizagem decorrente do projeto, a anlise realizada com base em duas
fontes de dados: uma SD elaborada por duas professoras em formao em torno
do gnero bloge excertos dos relatrios nais escritos pelas professoras aps a ex-
perincia de aplicao da SD com alunos do ensino mdio. A comparao entre os
dados destas duas fontes indica a relevncia da transposio didtica de gneros
no processo de formao pr-servio.
Palavras-chave: gneros, modelizao didtica, formao pr-servio
Abstract: Framed on the conception that the construction of didactic models of
genres can become a meaningful instrument in pre-service teacher education since
it engages the future teacher in the reection about the didactic triad (subjects,
teaching object and tool) and in research about his/her own practice (CRISTVO,
2002; SZUNDY; CRISTVO, 2008), this paper discusses the construction of
knowledge about the future pedagogical practice triggered by a didactic modeling
genre project developed during English Methodology classes in a university in the
North of Brazil. The reection about the teaching-learning process fostered by
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the project is based on two data sources: a didactic sequence (SD) about blogs
developed by two teachers during their pre-service education and excerpts from
the nal report written by them after the experience of applying the SD with
high school pupils. The comparison between these two data sources indicates the
relevance of genres didactic transposition in pre-service education processes.Keywords: genres, didactic modeling, pre-service education
INTRODUO
O lugar central que o debate sobre a utilizao de gneros como instru-
mento de ensino-aprendizagem tem ocupado nos diversos eventos na rea
de Educao, Letras, Lingustica e Lingustica Aplicada no Brasil1represen-
ta um indicativo importante da relevncia desse conceito no processo de
produo de conhecimento sobre o fenmeno educacional, advindo dessas
diferentes reas. Considervel parte desta relevncia, especicamente no
que diz respeito ao ensino-aprendizagem de lnguas, pode ser atribuda
ao lugar de destaque reservado concepo de gnero de discurso/texto
no bojo de documentos pregurativos como os Parmetros Curriculares
Nacionais (PCN) e as Orientaes Curriculares do Ensino Mdio (OCEM).
Ao estabelecer parmetros para orientar e pregurar as prticas em
sala de aula, estes documentos traduzem expectativas sociais (histri-
ca, poltica e ideologicamente delimitadas) em relao ao ensino de ln-
guas (materna e estrangeira), defendidas pela comunidade acadmica
responsvel pela produo destes documentos, sob a encomenda do Mi-
nistrio da Educao. Como esta mesma comunidade a principal encar-
regada da formao inicial e continuada de professores que atuaro ou
atuam no ensino bsico, parece-me fundamental reetir sobre o lugar que
a transposio didtica de gneros encontra na formao pr-servio e
1 Basta uma rpida anlise na programao de eventos como o Congresso Brasileiro de Lin-
gustica; Congresso Brasileiro de Lingustica Aplicada; Intercmbio de Pesquisa em Lingus-tica Aplicada; Encontro do Interacionismo Scio-Discursivo, entre outros, para se constatara signicativa quantidade de trabalhos voltados para discusso sobre gneros do discurso/
texto e ensino. Isso sem mencionar o Simpsio Internacional de Gneros Textuais (em sua
quinta edio em 2009) dedicado exclusivamente s discusses acerca de gneros e sua circu-lao nas mais variadas esferas da atividade social. Considerando-se o fato de que o IV SIGET,realizado em Tubaro, SC, em 2007, reuniu cerca de mil pesquisadores dos vrios cantos domundo e que considervel parte dos estudos apresentados ocupavam-se das inter-relaesgnero-ensino, conclui-se que a discusso sobre tais inter-relaes ecoam para muito alm
das esferas acadmicas brasileiras.
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sobre as apreciaes de valor (Volochinov, 1929) acerca da prtica cons-
trudas por futuros professores e alunos do ensino bsico durante a parti-
cipao em projetos de modelizao didtica de gneros.
Com base na concepo de que a construo de modelos didticos de
gneros pode se tornar um instrumento signicativo na formao pr-servio do professor ao engaj-lo na reexo sobre a trade didtica sujei-
tos (alunos e professores), objeto de ensino (lngua inglesa) e instrumento
(modelizao do objeto de ensino em SDs), tornando-o um pesquisador da
prpria prtica (SZUNDY; CRISTVO, 2008), o presente artigo pretende
discutir a construo do conhecimento sobre a futura prtica pedaggica
em um projeto de modelizao didtica de gneros, desenvolvido na dis-
ciplina Prtica de Ensino da Lngua Inglesa em uma universidade pblica
do norte do Brasil.
O projeto em foco envolveu a elaborao de sequncias didticas (SDs)
para construo da compreenso escrita em lngua inglesa por graduandos
do ltimo perodo do Curso de Letras e a posterior aplicao dessas SDs em
cursos de extenso para alunos do ensino bsico. As SDs so desenvolvi-
das a partir de concepes scio-histricas do processo de aprendizagem-
e-desenvolvimento (VYGOTSKY, 1930, 1934) e da linguagem (Volochinov,
1929; BAKHTIN, 1953), de parmetros estabelecidos por documentos pre-
gurativos (PCN e OCEM) e da noo de transposio e modelizao didtica
de gneros (SCHNEUWLY; DOLZ et al., 2004).
Aps breve contextualizao e discusso das concepes tericas que
orientaram tanto as aes quanto o processo de reexo sobre essas aes
no projeto, o artigo focar na anlise do processo de construo do conhe-
cimento decorrente da elaborao e aplicao de uma SD sobre o gnero
blog levando em considerao duas fontes de dados: a prpria SD e a ree-
xo das alunas-professoras em relatrios sobre a prtica vivenciada.
A inter-relao e o confronto de dados advindos da trade didtica
objeto de ensino, instrumento e sujeitos pretende dar conta da comple-
xidade das apreciaes de valor sobre a utilizao de gnero como ins-
trumento de ensino e aprendizagem, a m de contribuir para a discusso
mais ampla acerca de gneros e formao de educadores.
PROJETO DE MODELIZAO DIDTICA DEGNEROS: ESPAO P ARA (RE)CONSTRU ODO CONHECIMENTO SOBRE A PRTICA
Conforme j descrito em outras publicaes (SZUNDY, 2007, 2009b; SZUN-
DY; CRISTVO, 2008), o projeto de pesquisa intitulado Sequncias did-
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ticas para construo da compreenso escrita em lngua inglesa: elaborao e
aplicao por mim desenvolvido em uma universidade pblica no norte do
Brasil foi composto por duas etapas centrais:
elaborao de SDs com base em postulados da abordagem scio-his-
trica de Vygotsky e Bakhtin, em teorias sobre gneros e ensino eem parmetros estabelecidos por documentos pregurativos (PCN
e OCEM);
aplicao das SDs elaboradas em cursos de extenso para alunos do
ensino bsico; os cursos tiveram durao mdia de 30 horas e fo-
ram voltados fundamentalmente para construo da compreenso
escrita em lngua inglesa2.
O projeto teve como participantes a professora de Prtica de Ensino da
Lngua Inglesa, graduandos do 8 perodo do Curso de Letras, habilitao
nica em lngua inglesa, bolsistas de iniciao cientca, alunos do Mes -
trado em Letras, professores de lngua inglesa da rede pblica e alunos
do ensino bsico. Em trs semestres de execuo, gneros variados como
regras de jogos e de brincadeiras, fbula, notcia, biograa, tiras em qua-
drinhos, blog, artigo de divulgao cientca, anncio publicitrio, entre
outros foram modelizados didaticamente e aplicados em cursos de exten-
so para alunos da rede pblica de ensino do estado do Acre.
Com base no pressuposto de que as aulas de Prtica de Ensino no Curso
de Letras devem formar o professor-pesquisador engajado na compreen-
so, reexo crtica e transformao da sua prpria prtica e de prticas
pedaggicas vigentes (MOITA LOPES, 1996; LIBERALLI, 2002; MAGALHES,
2002), o projeto buscou criar zonas potenciais para a construo do conhe-
cimento sobre a futura prtica. Pressups-se que, no processo de aprendi-
zagem-e-desenvolvimento,3 a desestabilizao e o conito constituiriam
etapas fundamentais para transformao da atividade e, portanto, para
uma reexo de fato crtica que levasse reconstruo contnua da pr-
tica de ensino.
Ao possibilitar que o futuro professor confrontasse sua prpria expe-
rincia enquanto aprendiz com ideologias historicamente cristalizadas4,
2 Embora algumas das SDs j proponham atividades de produo escrita, o foco central do
processo de construo do conhecimento foi a leitura de textos em lngua inglesa.
3 O uso do hfen entre os termos aprendizagem e desenvolvimento baseia-se em Newmane Holzman (1993). Os autores propem que na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) a
aprendizagem conduz ao desenvolvimento e revoluciona a atividade, constituindo, portanto,uma zona de aprendizagem-e-desenvolvimento, em que os dois processos esto totalmenteimbricados, no podendo um existir sem o outro.
4 Com base na classicao proposta por Volochinov (1929) de ideologias em ideologias do co-
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que transpusesse essas ideologias para o planejamento e elaborao de
materiais para o ensino da compreenso escrita em lngua inglesa e que
analisassem de forma teoricamente informada a sua prtica em sesses
reexivas, dirios e relatrios, o projeto em foco visou fazer da modeliza-
o didtica de gneros um instrumento, no sentido vygotskiano do termo,capaz de transformar a atividade docente e tambm passvel de transfor-
maes no decorrer dessa atividade.
GNEROS COMO INSTRUMENTOS NAFORMAO DE PROFESSORES
Apesar dos considerveis embates no que diz respeito ao escopo de atu-
ao do linguista aplicado, possvel vislumbrar em meio a guas turbu-
lentas relativa estabilidade na comunidade acadmica em relao ao que
fazer Lingustica Aplicada (LA). Em discusses que remontam dcada de
noventa (CELANI, 1992, 1998; MOITA LOPES, 1996, 1998; KLEIMAN, 1998;
SIGNORINI, 1998 e outros) refuta-se a idia de que a LA ocupa-se da apli-
cao de teorias lingusticas em contextos diversos e defende-se que seu
objeto central constitui a compreenso, anlise e eventual transformao
dos usos socialmente situados que fazemos da linguagem. Dada a hetero-
geneidade dos usos sociais da linguagem, possvel tambm vislumbrar
como consenso o carter transdisciplinar da LA que, ao buscar em outras
reas do saber (psicologia, sociologia, antropologia, losoa, losoa da
linguagem, anlise do discurso, lingustica, entre outras) aportes tericos
para compreender e transformar usos situados da linguagem, acaba por
ressignicar e redenir os conceitos utilizados em funo da singularida-
de do objeto investigado.
Para alm do carter transdisciplinar da LA, vista como uma espcie
de interface que avana por zonas fronteirias (SIGNORINI, 1998, p. 99-100),
observa-se, no sculo XXI, uma tendncia entre os linguistas aplicados
de enfatizar o carter indisciplinar e implicado da LA (SILVA; RAJAGO-
PALAN et al., 2004; MOITA LOPES et al., 2006). Ao se assumir tal carter,
pressupe-se que, alm do cnone do conhecimento normativo, a LA deve
enderear demandas ticas e se engajar em questes relacionadas po-
ltica, desigualdades sociais e direitos humanos de forma a aliviar a dor
(PENNYCOOK, 2001).
tidiano e sistemas ideolgicos historicamente cristalizados, entende-se por ideologias historica-mente cristalizadas os sistemas ideolgicos que fundamentam e orientam as aes no projetoem foco: a abordagem scio-histrica de Vygotsky e Bakhtin; estudos sobre gneros discursivos/
textuais e ensino e parmetros postulados por documentos pregurativos (PCN, OCEM).
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Assumindo, portanto, o carter transdisciplinar, indisciplinar e im-
plicado da LA, e situando minha atuao como linguista aplicada na for-
mao inicial de professores de lngua inglesa, as questes centrais que
se colocam de que forma projetos de modelizao didtica de gneros
criam zonas potenciais para transformao da atividade de ensino e deformao pr-servio e como tais projetos contemplam as novas deman-
das em relao ao ensino de lnguas postuladas pela LA e por documentos
pregurativos (PCN e OCEM).
Rojo (2006, 2008) defende que as privaes lingusticas e culturais so-
fridas pela populao brasileira na escola e fora dela tem sido objeto de
estudo profcuo da LA e prope que os dilogos transdisciplinares com as
vertentes scio-histricas dos processos de ensino-aprendizagem e da lin-
guagem so caracterizados pela leveza de pensamento necessria para lidar
com estas privaes. Segundo a autora (ROJO, 2008), justamente para
lidar com as privaes sofridas e atender as novas demandas sociais no
ensino de lnguas que a educao brasileira parece ter convocado para si o
conceito de gneros do discurso/texto.
Aps a anlise da proposta curricular dos PCN-LM (Brasil/SEF/MEC,
1998) e de referenciais curriculares de outros pases como Estados Uni-
dos, Inglaterra, Sua Francfona e Canad, Rojo (2008) sublinha que as
relaes gneros do discurso/texto e ensino transcendem as fronteiras
nacionais e prope que o conceito parece ter encontrado sua poca.
Embora boa parte dessas propostas5ainda divida os componentes
da rea por capacidades, competncias ou habilidades em geral,
envolvidas em escrever, ler, falar e ouvir os gneros aparecem
sempre nelas referenciados quando no propostos explicitamente
como objetos de ensino, indicados no elenco de atividades possveis
de desenvolver tais capacidades ou habilidades. Os objetivos dos
currculos esto voltados s competncias e capacidades de leitura
e escrita e de fala/escuta, mas os gneros em lugar dos tipos de
texto (narrao, descrio, dissertao, argumentao), to presen-
tes nas dcadas anteriores aparecem como os objetos capazes de
desenvolv-las. Todos os referenciais enfocam a linguagem e a ln-
gua em uso, por meio deprticas situadas para a cidadania, o que por
si s j convoca as noes de texto, gnero e discurso (ROJO, 2008,
p. 76-77).
5 As propostas curriculares do Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Sua Francfona e Cana-
d analisadas pela autora.
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Embora os referenciais curriculares nacionais para ensino de lngua es-
trangeira (PCN-LE e OCEM-LE) no sejam objeto de anlise de Rojo (2008),
o enfoque na lngua em usopor meio de prticas situadas para cidadania tam-
bm esto, conforme ilustram os excertos abaixo, no cerne das propostas
defendidas por esses dois documentos.
Um procedimento pedaggico til para mostrar ao aluno que a lin-
guagem uma prtica social, ou seja, envolve escolhas da parte de
quem escreve ou fala para construir signicados em relao a ou -
tras pessoas em contextos culturais, histricos e institucionais
especcos submeter todo texto oral e escrito a sete perguntas:
quem escreveu/falou o que, sobre o que, para quem, quando, de que
forma, onde? (BRASIL, 1998a, p. 43).
Compare-se o texto sobre uma escova de dentecom outros que
problematizem as questes que se vivenciam no mundo social:
a tica na poltica, as diculdades cada vez maiores de se conseguir
emprego, a importncia de se utilizar prticas preventivas na vida
sexual, o respeito aos direitos de todos os cidados sem distino
de gnero, etnia ou opo sexual. O engajamento discursivoaqui
imediato, tendo em vista as temticas sugerirem a vida social
de forma explcita.
Continuando-se com o mesmo fenmeno do texto sobre a escova
de dente, pode-se dizer, contudo, que o uso em sala de aula de pro-
pagandas de diferentes tipos de escova de dentepode situar os
participantes discursivos fazendo algo no mundo social por
meio da linguagem(por exemplo, vendendo um produto utilizan-
do uma propaganda) se for tratado como tal (BRASIL, 1998a, p. 45).
(...)Nas propostas atuais, essa viso de cidadania como algo homog-
neo se modicou. Admite-se que o conceito muito amplo e hetero-
gneo, mas entende-se que ser cidado envolve a compreenso
sobre que posio/lugar uma pessoa (o aluno, o cidado) ocupa
na sociedade. Ou seja, de que lugar ele fala na sociedade? Por que
essa a sua posio? Como veio parar ali? Ele quer estar nela? Quer
mud-la? Quer sair dela? Essa posio o inclui ou o exclui de qu?
Nessa perspectiva, no que compete ao ensino de idiomas, a disci-
plina Lnguas Estrangeiras pode incluir o desenvolvimento da
cidadania(BRASIL, 2006, p. 91) .
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Da mesma maneira que diante dessa nova concepo de hetero-
geneidade da linguagem e da cultura passa a ser difcil susten-
tar um ensino em termos de quatro habilidades, tambm passa
a ser difcil sustentar o ensino isolado da gramtica. A razo
dessa diculdade que o conceito e a valorizao da gramtica es-to ligados concepo da linguagem como algo homogneo, xo
e abstrato, composto por regras abstratas tudo isso distante de
qualquer contexto sociocultural especco, de qualquer comu-
nidade de prticae qualquer conjunto especco de usurios
(BRASIL, 2006, p. 107).
Apesar de no serem explicitamente sugeridos como objeto de ensino
nas propostas curriculares nacionais para o ensino de lnguas estrangei-
ras, possvel propor, com base nas partes destacadas nos excertos acima,
que o conceito de gneros de discurso/texto est referendado nos PCN-
LE e nas OCEM-LE na medida em que contempla uma proposta de ensino
que toma a linguagem como prtica social, consciente da heterogeneidade da
linguagem e da cultura e capaz de problematizar as questes que se vivenciam
no mundo socialde forma a promover o engajamento discursivo do aprendiz
e levar a compreenso sobre que posio/lugar uma pessoa (o aluno, o cidado)
ocupa na sociedade.
A denio bakhtiniana (BAKHTIN, 1953) de gneros do discurso como
tipos relativamenteestveis de enunciados desenvolvidos por cada esfera
de utilizao da lngua e o reconhecimento da riqueza, diversidade e cons-
tante transformao dos gneros em funo da heterogeneidade e trans-
formao da atividade humana no mundo social d ao conceito de gnero
um foro privilegiado nos processos de ensino-aprendizagem e formao
de professores de lnguas.
Como, alm de tipicar a forma textual, os gneros tambm do forma
e orientam as atividades sociais (BAZERMAN, 2005), estes constituem, con-
forme Schneuwly e Dolz (2004, p. 28), instrumentos semiticos complexos
que permitem agir efcazmente numa classe bem defnida de situaes de comu-
nicaoe, ao serem transpostos para sala de aula, possibilitam o desenvol-
vimento das capacidades lingustico-discursivas necessrias para compre-
enso dos diferentes textos orais e escritos que circulam no mundo social,
podendo desencadear, conforme defendido pelos documentos pregura-
tivos, a reexo crtica sobre signicados socialmente situados veiculados
nos diferentes discursos e contra-discursos revozeados nos textos.
Por requerer do futuro professor a anlise do contexto de ensino, o
levantamento do conhecimento de expertssobre o gnero e a anlise lin-
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gustico-discursiva de um corpus de textos do gnero para a transposio
didtica por meio da elaborao de sequncias didticas (DOLZ; NOVER-
RAZ; SCHNEUWLY, 2004), a modelizao didtica de gneros engaja o futu-
ro professor na (re)construo de concepes sobre ensino-aprendizagem
e sobre os diversos usos da linguagem no mundo social. Iniciada a etapada aplicao, este futuro professor convocado a se tornar um analista da
prpria prtica e da prtica de outrem, o que demanda dele um distancia-
mento crtico para confrontar as aes planejadas na SD e aquelas de fato
realizadas em sala de aula, tornando-o um professor-pesquisador.
Considerando-se que nos processos de modelizao e transposio di-
dtica de gneros e de aplicao das SDs, as atividades do futuro-professor
so orientadas por um conjunto de gneros (BAZERMAN, 2005), as partes
subsequentes desse artigo propem-se a discutir como dois dos gneros
que integram esse conjunto a prpria SD e o relatrio nal escrito pelos
estagirios conguraram as apreciaes de valor acerca da utilizao de
gneros como mega-instrumentos para construo da compreenso escri-
ta em lngua inglesa durante a elaborao e aplicao de uma SD desenvol-
vida em torno do gnero blog.
MODELIZAO DIDTICA DO GNERO BLOG
A SD sobre blogsfoi elaborada por duas estagirias do 8 perodo do Curso
de Letras/Ingls Nae Va para a construo da compreenso escrita
em lngua inglesa em um curso, ministrado por elas, para alunos do 2 ano
do ensino mdio, durante o segundo semestre de 2007. Antes, porm, da
elaborao e aplicao da SD propriamente dita, Na e Va, juntamente com
o restante da turma (por meio de atividades de leitura, discusso, semin-
rios, apresentao de psteres, resumo, resenha, entre outras, nas quais
se engajaram na disciplina Metodologia e Prtica de Ensino da Lngua In-
glesa) tiveram contato com as ideologias historicamente cristalizadas que
embasam os documentos pregurativos para o ensino de LE e LM (PCN
e OCEM), concepes scio-histricas dos processos de aprendizagem-e-
desenvolvimento (VYGOTSKY, 1930) e da linguagem (BAKHTIN, 1953) e
concepes sobre gneros do discurso/texto e ensino (SCHNEUWLY, DOLZ
et al., 2004; ROJO, 2000; CRISTVO, 2002; SZUNDY, 2007, entre outros).
Antecedeu tambm o processo de aplicao da SD, a anlise do contexto
de ensino, a seleo de um corpus de textos do gnero e a descrio desse
corpus com base em conhecimentos de experts sobre blogs.
A inuncia de todas essas etapas que integraram o processo de mode-
lizao didtica do gnero pode ser observada nos objetivos da SD deline-
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ados por Nae Va:
Objetivos da SD:
desenvolver a procincia em leitura a partir do gnero Blog, so-
mando estratgias verbais e no verbais de leitura1
que auxiliemo processo de compreenso e interpretao crtica do texto2;
analisar as marcas lingusticas como fonte de expresso do au-
tor3, reconhecendo o vnculo existente entreBlog, seu processo
de interpretao e seu contexto scio-cultural4;
trabalhar o conhecimento textual e sistmico (Simple Present, Simple
Past, Present Perfect, Adjectives, Adverbs) de forma relacionada s
funes desempenhadas por essas estruturas no gneroBlog5;
desenvolver a percepo da LE como instrumento de acesso
tecnologia, alm do papel do Blog como ferramenta colabora-
tiva de mdia social6.
(Capa da SD sobre o gnero blog, desenvolvida pelas estagirias Nae Va)
Reconhece-se claramente nos objetivos enunciados na capa da SD, o
revozeamento de ideologias cristalizadas encontradas nas concepes
apontadas acima e nas propostas dos PCN-LE e das OCEM-LE, quais sejam:
o uso situado da linguagem para fazer coisas no mundo social (3, 4 e 6); o
reconhecimento da importncia de se levar em considerao os aspectos
no verbais para uma compreenso de fato crticado texto (1 e 2), inter-
relacionado ao pressuposto de que o gnero no acontece em um vcuo
social; o trabalho com os componentes sistmicos levando em considera-
o seu papel na construo e negociao de signicados, ou seja, o estudo
da gramtica relacionado s funes por ela desempenhada em blogs(5).
Termos como cidado e cidadania no aparecem explicitados nos obje-
tivos da SD. Entretanto, a preocupao enunciada com a construo de um
processo de compreenso e interpretao crtica do textoa partir da anlise de
marcas lingusticas, como fonte de expresso do autor, e o reconhecimento do
vnculo existente entre Blog, seu processo de interpretao e seu contexto scio-
culturalesto em consonncia com a viso do papel educacional da LE na
formao do cidado. Tal cidado engajado nas prticas sociais expres-
sas nos PCN-LE, atravs da preocupao com o trabalho no eixo atitudinal,
e nas OCEM, com a leitura/letramento crtico.
A progresso do conhecimento na SD, resumida no Quadro 1, retrata a
coerncia entre os objetivos propostos e a modelizao didtica realizada
para construo da compreenso escrita do gnero blog.
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Quadro 1: Progresso do conhecimento na SD
Atividade ComponentesConhecimentos
enfocados
Contextuali-
zao
perguntas sobre hbitos de leitura; acesso Internet e blogs
de mundo
Gnero Blog blog em LM e atividades de compreensode mundo, da or-ganizao textuale atitudinal
Caracteri-
zando Blogs
caracterizao dos elementos constitutivos dognero, sua funo social e registros lingusticos
anlise do blog em LM
da organizaotextual
Organizao
Textual do
Blog
apresentao dos tipos de blogs
identicao da tipologia de um blog em LM
da organizaotextual
Gnero Blog
blogs do tipo dirio pessoal e jornalstico em LI
atividade de compreenso, anlise e compara-o dos blogs
de mundo, da or-ganizao textuale atitudinal
Os Com-
ponentes
Lingusticos
no Blog
descrio das funes dosimple present, simplepast, present perfect, adjetivos e advrbios nosblogs
anlise da funo lingustica dos componentesgramaticais em excertos dos blogs e anlise deum blog misto em LI
sistmico, daorganizaotextual
Gnero Blogcomparao entre dois blogs em LI(texto 1 e texto 3)
da organizaotextual e atitu-dinal
Expandindo
os Olhares
pesquisa de blogs com temas de interesse dosalunos na Internet e anlise do contedo eorganizao textual
de mundo, da or-ganizao textuale atitudinal
Consolidan-
do o Conhe-
cimento
projeto nal de criao de um blog coletivo da
turma
de mundo, da or-ganizao textuale atitudinal
Em consonncia com os objetivos explicitados, o processo de compre-
enso escrita construdo ao longo das quinze pginas da SD revelam a preo-
cupao em se situar a linguagem utilizada nos blogs com o contexto hist-
rico, cultural e institucional de circulao do gnero. Observa-se tambm
a signicativa inuncia dos documentos pregurativos, especialmente
dos PCN-LE, nos conhecimentos enfocados ao longo da SD. Conforme pro-
posto pelos PCN-LE, a construo do conhecimento da compreenso escri-
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ta ocorre em trs nveis: conhecimento de mundo, da organizao textual
e sistmico. Nota-se tambm uma progresso do conhecimento de mundo,
demandado especialmente nas atividades de Contextualizao e de inter-
pretao do contedo e descrio das caractersticas de um blog em LP,
para o conhecimento da organizao textual, trabalhado prioritariamentenas partes intituladas Caracterizao do Blog e Organizao Textual do Blog,e,
nalmente, para o conhecimento sistmico enfocado apenas a partir da
pgina nove na parte Os Componentes Lingusticos nos Blogs.
A partir do Quadro 1, se verica tambm a tentativa das estagirias de
realizar uma progresso espiralada do conhecimento, caracterizada espe-
cialmente por retomadas. Nesse sentido, os conhecimentos de mundo, da
organizao textual e sistmico no so trabalhados de forma estanque,
mas inter-relacionados e retomados no decorrer das atividades medi-
da que nveis mais profundos e detalhados de compreenso escrita so
demandados. Para analisar as caractersticas do blog em lngua mater-
na, o aluno precisar mobilizar o seu conhecimento prvio sobre o con-
tedo e organizao textual do gnero levantado nas questes realizadas
nas atividades de Contextualizao que iniciam a SD. Esse conhecimento
prvio utilizado na anlise ser confrontado nas partes da SD dedicadas
descrio das caractersticas do gnero. Essa descrio, por sua vez, ser
requerida para compreenso e anlise dos blogs em lngua inglesa. Por m,
as atividades que compem as seesExpandindo os Olharese Consolidando
o Conhecimentoprocuram promover a mobilizao dos conhecimentos de
mundo, da organizao textual e sistmico, construdos ao longo da SD
para anlise de blogspesquisados pelos alunos e, nalmente, para elabora-
o de um blog coletivo da turma.
Essa progresso espiralada do conhecimento pode ser observada nas
atividades de compreenso que se iniciam na sexta pgina da SD elabora-
das a partir de um blogdo tipo jornalstico em lngua inglesa.
O blog jornalstico Defning the Enemy as an Islamic Nihilist o terceiro
texto utilizado na SD. As atividades de compreenso escrita sobre esse
blog sucedem as etapas de contextualizao do gnero, anlise de um blog
do tipo dirio pessoal em LM, caracterizao do gnero quanto ao seu con-
tedo e organizao textual e compreenso e anlise das caractersticas
de um blog tambm tipo dirio pessoal na LE. A preocupao das estagi-
rias em retomar o conhecimento trabalhado anteriormente no processo
de compreenso escrita desse terceiro blog visvel nas questes que en-
focam tanto o conhecimento de mundo quanto o da organizao textual
na medida em que a evoluo para um nvel mais complexo do espiral no
processo de construo desses conhecimentos demanda a recuperao do
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que j foi apresentado e discutido em atividades precedentes acerca do
contedo, pblico-alvo, tipologia, organizao textual e nvel de formali-
dade do gnero.
Quadro 2: Construo da compreenso escrita do gnero
Blog em lngua inglesa: defning the enemy as an islamic nihilist
Conhecimento enfocado
de mundo
Em sua opinio, de que trata o texto?Como voc chegou a essa concluso?Qual o tema do texto? Qual seu pblico-alvo e tipologia?
Da organizao
textual
O texto possui uma estrutura diferente dos dois textos ante-riores? Em que so diferentes?Qual seu pblico-alvo e tipologia?O texto formal ou informal? Retire do texto trs marcas
lingusticas que levam voc a esta concluso?
Atitudinal
O autor a favor ou contra o fato/tema abordado no blog?E voc, qual sua opinio acerca do tema?O tema atual? O que voc acha da guerra travada entreislmicos e norte-americanos em nome da religio?Voc conhece ou j ouviu falar de outros conitos religiosos
entre pases, ou no? Em caso armativo, quais?
A partir da discusso acima, como voc avalia o papel e a im-portncia do blog como ferramenta de formao de opinio?Voc considera o blog um veculo de informao eciente?
No que diz respeito ao papel educacional da LE compreendido nos do-
cumentos pregurativos como prticas de engajamento discursivas vol-
tadas para cidadania, nota-se a tentativa das estagirias de implementar
tais prticas nas questes de compreenso escrita elencadas no eixo do
conhecimento atitudinal. No entanto, o trabalho nesse eixo ocorre atravs
da tomada de posies de forma generalizante e pouco crtica, no levan-
do o aprendiz a relacionar o que est verbalmente materializado com o
contexto no verbal em que o gnero est histrica, cultural e institucio-
nalmente situado.
A breve anlise dos objetivos, da progresso do conhecimento e da
construo da compreenso escrita em um dos blogs retrata a capacidade
das estagirias de inter-relacionar teoria e prtica na construo de um
modelo didtico do gnero blog. Para nalizar o artigo, passo anlise de
excertos de um outro gnero o relatrio nal escrito pelas estagirias
integrante do conjunto de gneros (BAZERMAN, 2005) que orientaram as
aes dos participantes do projeto em foco.
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APRECIAES VALORATIVAS SOBRE O PROCESS ODE CONSTRUO DO CONHECIMENTO
Tomando como base a concepo postulada por Bazerman (2005, p. 32)
de conjunto de gneroscomo os tipos de texto que uma pessoa num determinadopapel tende a produzir, discuto a seguir como as apreciaes de valor deli-
neadas por Na e Vaem seus relatrios nais esto inter-relacionadas com
a modelizao didtica de blogs realizada pelas estagirias, que constituiu
objeto de anlise da seo anterior.
Da mesma forma que a modelizao didtica do gnero blog revelou a
capacidade das estagirias de transpor os pressupostos tericos que fun-
damentaram o projeto para a prtica de selecionar textos, estabelecer ob-
jetivos e elaborar atividades para construo da compreenso escrita em
lngua inglesa, os excertos de relatrios retratam a liao de Na e Va
a esses construtos tericos e a capacidade de utiliz-los para estabelecer
apreciaes de valor sobre o processo de construo do conhecimento.
Excerto 1: Relatrio de Na
Ademais, a centralizao em umdiscurso no qual o ensino se desenrolacontextualizadamente, ou seja,
inserido e tratado como veculo de
expresso de uma ideologia coletiva,
pertencente a determinado grupo, posta pela fundamentao terica destaprtica em Bakhtin, que concebe alinguagem um produto scio-histrico,concepo esta que mais tarde foitransposta para situaes de ensino, eVygotsky, que concebe o ensino scio-historicamente, arcabouos tericosque depois de analisados e reetidos se
relacionavam aos documentos nacionais
da educao bem como se mostravamum bom caminho a ser trilhado poratenderem ao movimento natural dosaspectos sociais, entre eles a educao,ou seja, respeitando e evidenciandoque as produes humanas soconstrudas e so reexo de ideologias,
prvias e atuais, no havendo razo
para um estudo segregado de sua
situao social de produo.
Excerto 2: Relatrio de Va
Enfatizo que sairemos dos bancos dauniversidade e nos depararemos com um
sistema educacional regido por documentosociaiselaborados com propostas deumapoltica docente preocupada coma alteridade, em busca da qualidade
de ensino. Se nossa prtica ocorrer como desconhecimento desses documentos etambm se no nos munirmos de alternativasde inovao estaremos contribuindocom idias retrgadas de excluso.Enquanto universitrios criticamos bastanteum sistema que exclui, que por baixar seusnveis de avaliao estimula a formao deignorantes, que no mostra avanos por
sempre reforar mtodos tradicionais deensino,pois quando nos proporcionadaa oportunidade desermos protagonistas que devemos acreditar ainda mais emdedicarmos a devida ateno a essa novaproposta para que o projeto tenha xito, poisa reforma do ensino deve levar reformado pensamento e a reforma do pensamento
deve levar a reforma do ensino(MORIN, 2000 apud BRASIL 2006, p. 87).
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Os excertos 1 e 2 sugerem que o engajamento de Nae Vaem um pro-
jeto de modelizao didtica de gneros, o qual as fez interagir com um
conjunto de gneros responsveis por orientar as aes durante o proje-
to: artigos cientcos e textos tericos diversos, documentos pregurati-
vos, roteiros para elaborao da SD, dirios reexivos e relatrios, entreoutros, possibilitou que as estagirias convocassem as concepes scio-
histricas dos processos de ensino-aprendizagem e da linguagem, espe-
cialmente em sua vertente vygotskiana e bakhtiniana, para a reexo
acerca da experincia docente vivenciada. Nota-se tambm que a reexo
delineada capaz de estabelecer inter-relaes entre estas concepes e
os parmetros postulados pelas OCEM-LE de forma a avaliar o ensino no
segregado de sua situao social de produocomo adequado para lidar com
as privaes sofridas pelo ensino de LE no Brasil.
Conforme sugerido em um outro texto em que os excertos acima so
analisados
percebe-se no enunciado das estagirias a viso transformadora
da educao que segundo Fogaa e Gimenez (2007) pode ser per-
cebida tanto nos PCN-LE quanto nas OCEM-LE. Segundo essa viso,
educao cabe formar cidados capazes de interagir com e agir
sobre o mundo em que vivem e, para tal, ao contrrio do que ocor-
re em uma concepo de ensino classicada como tradicional, as
aulas de LE devem levar em considerao o uso que o homem faz
da linguagem para interagir nas variadas esferas do meio social. Em
comparao com as prticas tradicionaisde ensino da lngua inglesa,
pautadas quase que exclusivamente no ensino descontextualizado
do conhecimento sistmico, o ensino no segregado de sua situao
social de produoadquire um carter redentor6na avaliao de Va
e Naque, como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem,
contribuem para incluirao invs de excluir,para formao de cida-
dos crticos e no de ignorantes. (SZUNDY, 2009b)
Alm da capacidade fundamental no processo de formao de professo-
res de fazer avaliaes informadas, ou seja, pautadas em sistemas ideol-
gicos historicamente cristalizados, sobre as aes envolvidas no processo
de ensino-aprendizagem, os excertos a seguir revelam tambm a capa-
cidade das estagirias de descrever problemas e conitos vivenciados e
propor reconstrues para prtica7.
6 Fogaa e Gimenez (2007) tambm identicam a viso de educao como redeno nos PCN-
LE e nas OCEM-LE.
7 Smyth (1992) prope a diviso do processo reexivo em quatro aes, cada uma ligada a
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Excerto 3: Relatrio de Na
Outra falha especca da
minha prtica foi a ausncia
do esclarecimento dos objetivos
esperados em cada atividade.Euexplicava o material lingustico,contextualizadamente, reforando suafuno no gnero, pormem momentoalgum, listei o que se almejava
com o exerccio especicamente.Considero que estes apontamentosprvios serviriam para melhor
situar os alunos no desenrolar das
atividadese, consequentemente, noaprimoramento da compreenso do
gnero ao estabelecer alvos a serematingidos
Excerto 4: Relatrio de Va
Os componentes lingusticos tambmcompuseram a SD, e estes foramensinados de forma contextualizada
com o gnero, sendo apontada a suafuno. Por sugesto dos prprios alunosreforamos essas aulas ilustrando comoutros exemplos (excertos extradosdos textos dos blogs presentes na SD). Mas ainda que ns os tenhamos
estimulado a ver os componentes no
contexto em que foram escritos, os
alunos alegaram que no foi dado o
enfoque correto lngua inglesa.
Como expresso nas OCEM, por herana
de certas culturas de ensino de lnguaestrangeira a gramtica tem sidoutilizada como algo que precede o usoprtico da linguagem.(p.107).Essamesma cultura faz com que projetos
como o que vivenciamos caiam na
descrena.
As apreciaes de valor de Na e Va sugerem que a construo do co-
nhecimento sistmico no processo de construo escrita do gnero blog
foi marcada por conitos e por certo desinteresse por parte dos alunos.
Embora nenhuma das estagirias atribua o problema a modelizao did-
tica do gnero na SD, visto que os componentes lingusticos foram traba-
lhados de forma contextualizada e situada, levando-se em conta as suas
funes no gnero blog, Na e Va avaliam o embate apontado de forma
diferente. Enquanto, para Na, uma possvel explicao para o problema
(que se esboa tambm como uma proposta de reconstruo para a pr-
tica) est na falta de esclarecimento dos objetivos de cada atividade para
os alunos, de forma a engaj-los no processo ensino-aprendizagem, Va
compreende que a no liao dos aprendizes ao ensino contextualizado
da gramtica deve-se inuncia de prticas historicamente cristalizadas
na escola, em que o ensino abstrato de regras gramaticais precede o uso
da linguagem em situaes concretas.
A partir do pressuposto de que confrontos e embates so fundamentais
uma srie de questes especcas: descrever o que eu fao?; informar o que isso signi-ca?; confrontar como eu me tornei assim? e reconstruir como eu posso fazer as coisas de
forma diferente?
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para desestabilizar e, portanto, revolucionar a atividade (SZUNDY, 2009a),
os quatro excertos acima sugerem que o projeto de modelizao didtica
de gneros constituiu um instrumento, na acepo vygotskiana do termo
(Vygotsky, 1930, 1934), capaz de transformar tanto a atividade de ensino-
aprendizagem quanto os participantes nela envolvidos.
CONSIDERAES FINAIS
Dado o propsito desse artigo de contribuir para discusso acerca da utili-
zao de gneros como instrumentos na formao de professores, gostaria
de nalizar a presente reexo endereando, a partir da anlise realizada,
trs questes:
De que forma projetos de modelizao didtica de gneros esto em
sintonia com uma perspectiva implicada e indisciplinar de atuao
da LA?
Que zonas potenciais projetos dessa natureza podem propiciar para
transformao da atividade docente?
Que reconstrues se fazem necessrias?
possvel vislumbrar no processo de modelizao didtica do gnero
blog uma construo do conhecimento da LE pautada por uma viso impli-
cada e indisciplinar da LA na medida em que a progresso das atividades
na SD procura contemplar: usos histrica, cultural e institucionalmente
situados de blogs de diferentes tipos; a compreenso de que elementos
verbais, no verbais e multimodais contribuem igualmente para constru-
o de signicados socialmente situados no corpus de blogs didatizados;
o reconhecimento do papel da compreenso escrita de blogs na constru-
o de uma educao lingustica que requer o engajamento discursivo do
aprendiz de forma a lev-lo a compreender o papel do blog como veculo
de formao de opinies e de que forma este gnero orienta as aes da co-
munidade de internautas que escreve, acessa e posta mensagens em blogs.
No que diz respeito s zonas potenciais propiciadas para transforma-
o da atividade docente, a anlise realizada sugere que projetos de mo-
delizao didtica de gneros podem se tornar instrumentos signicati-
vos no processo de construo de conhecimento sobre a futura prtica
pedaggica. Ao colocar o futuro professor em contato com um conjunto
de gneros que o levam a (re)pensar o processo de ensino-aprendizagem
da LE, a (re)construir um modelo didtico com base em ideologias histo-
ricamente cristalizadas que traduzem expectativas sociais em relao ao
papel educacional da LE no currculo do ensino bsico e a confrontar o que
foi planejado na SD com o que de foi de fato internalizado, construdo em
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sala de aula, projetos dessa natureza podem desencadear a compreenso e
transformao das prticas de ensino e de seus participantes.
Entretanto, para que as transformaes sejam mais profundas, fun-
damental que o trabalho no eixo do conhecimento atitudinal e, portanto,
da leitura crtica, no seja levado a cabo simplesmente por meio de to-madas de posio generalizantes que no demandam de fato uma inter-
relao entre elementos verbais e no verbais na construo de signica-
dos socialmente relevantes sobre o texto. Para uma leitura de fato crtica,
parece-me fundamental que as questes de compreenso propostas sejam
capazes de relacionar prticas de uso da linguagem em blogs (ou qualquer
outro gnero) com prticas de reexo sobre a linguagem que estabele-
am inter-relaes mais profundas entre os elementos verbais e no ver-
bais que caracterizam os textos e as ideologias por eles veiculadas. Isso
demanda, a meu ver, um processo de modelizao que transcenda a mera
descrio lingustica do gnero com base em conhecimentos de expertse
engaje o futuro professor em uma anlise de fato crtica sobre os signica-
dos veiculados no corpus de textos a ser modelizado, pois, como sublinha
Moita Lopes (2003, p. 31), no se pode transformar o que no se entende.
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Recebido em 31 mar. 2010 / Aprovado em 30 ago. 2010