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MODELO PARA AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE DE SERVICOS EM
RESTAURANTES
MARTA DUARTE DE BARROS (uenf)
O turismo é uma das atividades econômicas mais promissoras
atualmente, e o sucesso dessa atividade depende de vários setores de
serviços, entre eles o de restaurantes, em que a qualidade dos serviços
prestados pelos mesmos é fundamental. Oss restaurantes, assim como
outras organizações prestadoras de serviços, devem buscar estratégias
para obter vantagens competitivas. Em um ambiente dinâmico, onde as
organizações devem estar aptas a enfrentar as diversas transformações
que ocorrem, é essencial para as empresas prestadoras de serviços
aproximarem-se do cliente, para conhecer suas necessidades e
identificar os atributos mais importantes do serviço oferecido.
Observa-se que existe uma carência de trabalhos para avaliar a
qualidade de serviços em restaurantes que utilize as ações ambientais
como uma dimensão para a avaliação, bem como um modelo genérico
que permita avaliar todos os tipos de estabelecimentos. Objetivando
contribuir para a análise desta questão, este artigo propõe um modelo
para avaliação da qualidade dos serviços prestados por segmento em
restaurantes, à luz de dimensões e itens inerentes a este segmento,
segundo a percepção dos clientes. Espera-se que o modelo proposto
contribua para o aprimoramento das interações entre empresa e
clientes, preparando-a para atuar em um mercado cada vez mais
dinâmico.
Palavras-chaves: Qualidade, Serviços, Restaurantes
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1. Introdução
O turismo caracteriza-se como importante atividade de integração sociocultural, promovendo
intercâmbio de diferentes culturas e o estreitamento das relações entre as sociedades, com
relevantes contribuições para a geração de renda e emprego. Este setor gera um círculo
virtuoso e contribui para o desenvolvimento sustentável (IBGE, 2011).
O setor de turismo ocupa hoje papel relevante na economia mundial, sendo uma das
atividades com maior representatividade econômica, ao lado da indústria do petróleo
(BNDES, 2005, p. 113).
Essa importante atividade para economia continua em expansão. O setor de alimentação, fora
do lar, faturou R$ 181,1 bilhões em 2010, o que representa quase o dobro do montante
registrado em 2005. As explicações para o crescimento vão desde a melhora do cenário
econômico nacional ao aumento de renda da população e da oferta de empregos formais -
principalmente para mulheres (ANR, 2012).
Recentemente, diversos trabalhos procuraram avaliar a qualidade dos serviços em
restaurantes. Dentre os trabalhos mais recentes destacam-se: Moura e Alliprandini (2004),
Coutinho et al. (2005), Ryu e Jang (2007), Tinoco e Ribeiro (2008), Pinheiro et al. (2008),
Silva et al. (2009), Kim e Moon (2009), Souza e Fernandes (2011), e Shaharudin et al.
(2011). Considerando que o setor de restaurantes está inserido no setor terciário da economia
e que, nos últimos anos, tem representado mais de 60% do PIB (IBGE, 2012), o
desenvolvimento de estudos na área torna-se bastante pertinente.
Contudo, cada um deles apresenta dimensões e atributos diferenciados, com foco em
estabelecimentos específicos. Diante disso, para a avaliação que se pretende realizar neste
estudo, a utilização de um único modelo não é suficiente, pois a avaliação que se pretende
realizar necessita de um modelo que englobe os diversos segmentos de restaurantes, além de
levar em consideração a questão da variável ambiental, indispensável na avaliação da
qualidade (ALMEIDA et al., 2008).
Portanto, o problema de pesquisa apresentado neste trabalho pode ser resumido com o
seguinte questionamento: Como avaliar a qualidade de serviços prestados por restaurantes
segundo a percepção do cliente?
Diferente da abordagem dos trabalhos desenvolvidos, o modelo que se propõe é aplicável à
avaliação de qualquer tipo de restaurante, incorporando os aspectos (critérios) associados à
infraestrutura, à qualidade dos serviços prestados e às ações ambientais praticadas pelos
estabelecimentos, pois com os avanços tecnológicos e o ritmo de vida contemporâneo é
necessário acrescentar fatores não contemplados inicialmente nestas propostas.
De maneira sucinta, este artigo está organizado da seguinte forma: a seção 2 apresenta
conceitos relacionados à avaliação da qualidade de serviços; a seção 3 trata de assuntos
associados ao segmento de restaurantes, a seção 4 apresenta o modelo proposto e, finalmente
são apresentadas as conclusões finais e direcionamentos para trabalhos futuros.
2. Modelos para avaliação da qualidade de serviços
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Com a importância cada vez mais acentuada do setor de serviços, é perceptível a necessidade
de empreender esforços em relação à mensuração da qualidade dos serviços prestados.
Portanto, desde a década de 80, diversos pesquisadores têm se dedicado a esta área, buscando
desenvolver ou aprimorar os modelos conceituais para mensurar a qualidade de serviços,
considerando a percepção do cliente como foco principal desta avaliação.
Alguns modelos de avaliação da qualidade em serviços são mostrados na literatura nacional e
internacional, estes modelos geralmente apresentam uma abordagem genérica, sendo
essencialmente necessário adaptá-los à natureza do serviço a ser avaliado. Dentre os quais se
destacam: modelo de GRÖNROOS (1984), o modelo dos 5 Gaps (PARASURAMAN et al.,
1985), o modelo SERVQUAL (PARASURAMAN et al., 1988) e o modelo SERVPERF
(CRONIN & TAYLOR, 1992).
Grönroos (1984) pressupõe que a empresa, a fim de competir com sucesso deve conhecer o
seu cliente e suas percepções sobre a qualidade do serviço, e ainda, de que maneira este
consumidor é influenciado. A gestão da qualidade do serviço é a área responsável por fazer
com que a empresa corresponda ao serviço esperado pelo cliente. O autor identificou três
componentes da qualidade do serviço, a saber: qualidade técnica, qualidade funcional e de
imagem: a qualidade técnica é a qualidade que efetivamente recebe o consumidor, como
resultado de sua interação com a empresa prestadora de serviços; a qualidade funcional é a
forma como o consumidor recebe o resultado técnico; a imagem é muito importante para as
empresas prestadoras de serviços, e é composta pela qualidade técnica e funcional dos
serviços, incluindo a outros fatores (a tradição, a ideologia etc).
O Modelo dos 5 Gap’s ou lacunas foi desenvolvido por Parasuraman et al. (1985) para avaliar
a qualidade em serviços. Esse modelo, também conhecido como Gap’s da Qualidade, auxilia
os gestores a compreenderem as origens dos problemas da qualidade dos serviços e como
melhorá-los. O modelo, apresentado na Figura 1, é bastante utilizado na gestão de serviços.
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Fonte: Adaptado de Parasuraman et.al. (1985)
Figura 1 - Modelo dos 5 Gap’s da qualidade em serviços
Os Gap’s buscam mensurar as lacunas existentes (PARASURAMAN et al., 1985):
- GAP 1: Diferença entre as expectativas dos clientes e a percepção dos gerentes sobre
essas expectativas;
- GAP 2: Diferença entre a percepção dos gerentes em relação às expectativas dos clientes
e as especificações da qualidade do serviço;
- GAP 3: Diferença entre as especificações da qualidade do serviço e os serviços realmente
oferecidos;
- GAP 4: Diferença entre o serviço realmente prestado e o que é comunicado ao cliente a
respeito deste;
- GAP 5: Diferença entre a expectativa do cliente e a percepção que ele possui dos serviços
prestados.
Em especial, a mensuração do Gap 5 constitui-se na essência da utilização do modelo
SERVQUAL, desenvolvido por Parasuraman et al., (1988). Este modelo é constituído por 22
itens que compõem as cinco Dimensões ou Determinantes da Qualidade, que englobam as dez
Dimensões apresentadas por (Parasuraman et. al, 1985): confiabilidade, receptividade,
segurança (competência, cortesia, credibilidade e segurança), aspectos tangíveis e empatia
(acesso, comunicação e entendimento do cliente).
No modelo SERVQUAL as avaliações são realizadas por meio de dois questionários
contendo cada qual 22 itens que compõem as 5 dimensões. Utilizando uma escala do tipo
Likert de 7 pontos, cujos extremos são definidos com os conceitos “Discordo Totalmente” e
“Concordo Totalmente”, para cada item define-se a diferença existente entre as percepções do
desempenho e as expectativas registradas. Gap’s positivos indicam que o serviço prestado é
superior ao esperado, identificando a satisfação do cliente. Gap’s negativos indicam que as
percepções são menores que as expectativas, mostrando as falhas do serviço que deixam os
clientes insatisfeitos.
Cronin & Taylor (1992) pesquisaram o conceito da Qualidade de Serviço e seu
relacionamento com a satisfação do consumidor. Eles compararam a diferença entre
expectativas e percepções à luz dos 22 itens do modelo SERVQUAL, concluíram que a
qualidade de serviço é mais bem avaliada somente pelas percepções que os clientes têm a
respeito do desempenho do serviço. O modelo por eles proposto, foi denominado
SERVPERF, baseado apenas em medidas da percepção de desempenho do serviço à luz das
dimensões definidas pelo SERVQUAL.
3. Restaurantes
O segmento de Restaurante é caracterizado como uma atividade tipicamente de prestação de
serviço. Segundo Freitas (2005, p. 21), apesar de muito abordado em pesquisas científicas, o
tema “Qualidade em Serviços” ainda é objeto de muitas discussões entre pesquisadores,
gerentes e administradores. Em sua essência, este questionamento é decorrente do
envolvimento de dois objetos de entendimento não tão trivial: qualidade e serviços.
A fim de corroborar para a compreensão do significado de “serviços”, vários autores têm
identificado características relacionadas a este assunto, dentre as quais destacam-se
Parasuraman et al. (1988), apresentando as três características dos serviços:
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- simultaneidade: serviços são consumidos quase que simultaneamente ao momento em
que são produzidos, tornando difícil ou quase impossível detectar e corrigir as falhas antes
que elas ocorram e afetem o cliente. Por exemplo, num restaurante o cliente avalia os
serviços desde o momento em que chega ao estabelecimento até a saída;
- intangibilidade: os serviços representam um produto não físico, ou seja, não podem ser
transportados e/ou armazenados, tornando-se perecíveis. Assim, alimentos preparados em
geral não podem ser estocados para outra ocasião, sob pena de danos à saúde do cliente e;
- heterogeneidade: a grande variedade de serviços existentes e o forte relacionamento com
o fator humano dificultam a atividade de padronização e estimação de preços. Desta forma,
serviços alimentícios envolvem diversas formas de procedimentos cuja eficiência e custos
dependem do conhecimento do profissional envolvido no processo.
A mensuração da qualidade de serviços em restaurantes tem sido objeto de diversos estudos
nos últimos anos. O Quadro 1 sintetiza as principais contribuições de alguns destes estudos:
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Quadro 1 – Estudos direcionados à avaliação da qualidade de serviços em restaurantes.
Observa-se que na avaliação da qualidade em restaurantes os estudos supracitados
predominantemente consideram dimensões e atributos diferenciados, com foco em
estabelecimentos específicos. Ou seja, não é possível assegurar que restaurantes de diferentes
tipos possam ser adequadamente avaliados segundo os mesmos atributos. Desejando
contribuir para esta questão, a seção seguinte apresenta o modelo de avaliação proposto.
4. O modelo proposto
O presente modelo tem como objetivo a avaliação da qualidade dos serviços prestados por
restaurantes segundo a percepção dos clientes. Uma pesquisa exploratória de natureza
qualitativa será realizada, pois segundo Malhotra (2006) refere-se a um método de análise que
visa uma melhor compreensão da situação-problema para o pesquisador. Os elementos que
compõem a estruturação do presente modelo serão apresentados a seguir.
4.1. Identificação das dimensões e itens (critérios)
A primeira etapa da pesquisa consiste em identificar as dimensões dos modelos existentes,
para então avaliar a qualidade em serviços. Para determinação das dimensões relevantes para
o modelo proposto foi realizado um levantamento apurado na literatura, consultando os
principais estudos e autores. O Quadro 2 apresenta as dimensões para a avaliação junto aos
clientes.
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Quadro 2 – Dimensões para avaliação junto aos clientes.
Com base em uma revisão em diversas literaturas, oito dimensões foram identificadas como
sendo particularmente relevantes para a presente análise: Segurança, Confiabilidade, Empatia,
Aspectos Tangíveis, Receptividade, Apresentação, Servicescapes e Ações Ambientais.
A seguir, apresentam-se a contextualização de cada uma das dimensões consideradas no
modelo proposto. Encontram-se no Apêndice A deste projeto, os itens pertencentes a cada
uma das dimensões:
Segurança (D1): refere-se à dimensão da qualidade de Parasuraman et al. (1988) e
Cronin e Taylor (1994), adaptada para a avaliação de serviços em restaurantes. É uma
dimensão particularmente importante da qualidade do serviço em restaurante no que se
refere ao armazenamento e manuseio dos produtos alimentícios.
Confiabilidade (D2): a confiabilidade refere-se à dimensão da qualidade de
Parasuraman et al. (1988) e Cronin e Taylor (1994), adaptada para a avaliação de
serviços em restaurantes. No serviço de restaurante, confiabilidade se traduz na
habilidade para executar um serviço prestado e na capacidade para realizar o serviço
prometido sem erros.
Empatia (D3): a empatia refere-se à dimensão da qualidade de Parasuraman et al.
(1988) e Cronin e Taylor (1994). É atenção individualizada aos clientes que utilizam
serviço de restaurante. Inclui o esforço em atender as necessidades especificas dos
clientes.
Aspectos Tangíveis (D4): aspectos tangíveis refere-se à dimensão da qualidade de
Parasuraman et al. (1988) e Cronin e Taylor (1994). Esta dimensão faz referência a
qualquer aparência física do serviço de restaurante, isto é, aparência das instalações
físicas, equipamento, forma de vestir dos funcionários, ferramentas e instrumentos de
comunicação e facilidade no acesso às instalações.
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Receptividade (D5): receptividade refere-se à dimensão da qualidade de Parasuraman
et al. (1988) e Cronin e Taylor (1994). É a disposição para ajudar os clientes,
caracterizado por: atenção personalizada, rapidez no atendimento, eficácia em resolver
os problemas e a delicadeza dos colaboradores.
Apresentação (D6): esta dimensão refere-se à dimensão de qualidade proposta por
Shaharudin et al.(2011). Apresentação é associada em como a comida está sendo
preparada e apresentada aos consumidores. Quando a comida é bem preparada pode
atrair o sentimento para o consumo de alimento. Consequentemente, ajudará a criar
uma boa relação e vínculo emocional entre o cliente e quem serve a comida.
Servicescapes (D7): a influência do ambiente na qualidade dos serviços foi
originalmente investigada por Bitner (1992) e incluem os seguintes aspectos:
Condições de Ambiente: incluem características de fundo do ambiente como
temperatura, iluminação, ruído, cheiro, música. Por exemplo, estudos de
restaurantes têm sido demonstrado que o ritmo de música pode afetar a
permanência e quantidade de dinheiro gasto (MILLIMAN, 1982;
WAKEFIELD; BLODGETT, 1996; RYU; JANGKIM (2007); MOON, 2009).
Estética das instalações: refere-se ao projeto arquitetônico, juntamente com
design e decoração interiores, o que contribui para a atratividade do ambiente
(WAKEFIELD; BLODGETT, 1996). Outros aspectos de design interiores, tais
como móveis, imagens e/ou pinturas, plantas e/ou flores, ou enfeites de parede
também podem servir para melhorar a qualidade percebida nos ambientes de
jantar, criando emoções (prazer e excitação) em um cliente (KIM; MOON, 2009).
Layout: Em restaurantes, layout refere-se à maneira pela qual corredores e
passarelas, linhas de serviço de alimentação, banheiros, e entradas e saídas estão
dispostos de maneira correta e organizados (KIM; MOON, 2009).
Conforto de assento: estofamento, encostos e tecido / calor dos assentos
(LUCAS, 2003; KIM; MOON, 2009).
Service staff: esta dimensão inclui a aparência, o número e o sexo de funcionários.
As interações entre o service staff e os clientes não são considerados como
elementos do ambiente físico, uma vez que não são atributos de qualidade
tangível. (RYU E HAN, 2011). Um funcionário profissional pode transmitir a
imagem da organização mais próxima e pessoal do cliente. Para Baker et al.
(1992) sinais sociais (por exemplo, número e aparência dos funcionários)
influenciam as emoções dos clientes de forma positiva. Do mesmo modo,
Ryu e Jang (2007) apoiaram a forte influência que os funcionários
possuem na percepção do serviço prestado.
Table settings: Restaurantes de luxo devem ser projetados para entregar uma
imagem de prestígio para atrair clientes de classe alta. Por exemplo, talheres,
louças, copos e linhos de alta qualidade podem ser ferramentas eficazes para
influenciar a percepção dos clientes. A maneira pela qual a mesa é decorada (uma
vela atraente e flores sobre a mesa) também pode fazer os clientes sentirem-se que
estão num ambiente de prestígio. Segundo Ruy e Han (2011), esta dimensão tem
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sido largamente ignorada na literatura, porque é válida apenas para restaurantes de
luxo.
Ações ambientais (D8): esta dimensão refere-se a itens relacionados à gestão
ambiental.
4.2. Definição da Escala de Avaliação
A escala de julgamento de valor que será utilizada é escala contínua. O questionário usa
escala não comparativa contínua, cada objeto é escalonado independentemente dos outros
objetos, neste caso, avalia apenas um objeto de cada vez (MALHOTRA, 2006, p. 250).
Esta escala é apresentada através de uma reta cujos valores possíveis variam de zero a cem
pontos, em que o cliente marcará com um “X” um valor representativo da sua percepção
acerca do desempenho do restaurante em relação a cada item/critério do modelo.
Será adicionada uma categoria de resposta denominada “NA” (não avaliado) para itens à luz
dos quais não é possível a avaliação (inexistência de um item em determinado restaurante ou a
falta de contato do cliente com um determinado item).
Pretende-se com esta categoria assegurar que a avaliação dos respondentes satisfaça às
exigências da amostra, permitindo análises mais precisas. (A Figura 2 ilustra a escala de
julgamento sugerida).
Figura 2 – Escala de julgamento de valor
4.3. Construção do instrumento de coleta de dados
O questionário, definido como “uma técnica estruturada para a coleta de dados que consiste
em uma série de perguntas escritas ou orais que um entrevistado deve responder”
(MALHOTRA, 2006, p. 290), será encabeçado com a logomarca e nome da universidade para
enfatizar a natureza acadêmica e independente do estudo. O questionário será estruturado em
duas partes:
- A primeira parte deverá identificar o perfil de quem frequenta o estabelecimento de
restaurantes através do levantamento de suas características, tais como: gênero, faixa etária e
salarial e frequência da utilização dos serviços prestados pelos restaurantes.
- A segunda parte será constituída pelos itens a serem avaliados pelos respondentes e que
estarão distribuídos nas 8 dimensões apresentadas acima, utilizando a escala contínua para
que os respondentes avaliem os itens de acordo com sua percepção.
4.4. Coleta de dados
Após a confecção do questionário com base nas dimensões e critérios definidos na etapa 4.1,
será feita a validação deste instrumento de coleta de dados.
Aplicação do questionário será feita pela própria pesquisadora que selecionará períodos ideais
para entrevistar os clientes.
4.5. Análise dos dados
Após a coleta de dados, serão utilizadas técnicas estatísticas para a análise dos dados obtidos
através dos questionários. Com a análise, pretende-se identificar as dimensões, serviços ou
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setores que precisam ser priorizados num programa de melhoria da qualidade segundo a
percepção dos clientes.
4.6. Elaboração de relatórios e apresentação de sugestões
Um relatório com o resultado da pesquisa será elaborado para apresentação, após a análise
feita junto aos clientes. Sugestões serão apresentadas para a melhoria da qualidade, se
necessário.
5. Considerações finais
Num mercado altamente competitivo como o de restaurantes, gerenciar a qualidade com êxito
em todas as dimensões torna-se fator determinante para desenvolver um diferencial que
agregue valor ao serviço e fidelize o cliente.
Avaliar a percepção da qualidade, por parte dos clientes, requer o uso de uma metodologia
que consiga transformar dados empíricos em concretos. Muitos trabalhos são focados no
estudo desta percepção da qualidade sob a ótica dos clientes.
Entretanto, existe uma carência de trabalhos abordando um modelo genérico para avaliar a
qualidade dos serviços em restaurantes e o uso das dimensões ações ambientais seria algo
novo a ser avaliado, visto ser um assunto relevante que traz vantagem competitiva.
Para verificação da viabilidade do modelo proposto e também visando aprimoramentos,
estudos e aplicações do mesmo precisam ser realizados. Sob este aspecto, será avaliado neste
modelo um restaurante na região Norte ou Noroeste Fluminense segundo a percepção dos
clientes. O tipo de estabelecimento em que a pesquisa deverá ser aplicada será definido no
decorrer do trabalho.
O modelo proposto buscará, dentre outras ações:
Identificar o perfil de quem freqüenta o estabelecimento de restaurante através do
levantamento de suas características, como por exemplo: gênero, faixa etária e salarial,
freqüência da utilização dos serviços prestados por restaurantes;
Detectar as percepções dos clientes que possam vir a contribuir na melhoria dos
serviços prestados pelos empreendimentos avaliados;
Apontar as forças e fraquezas dos serviços de restaurantes;
Destacar os itens mais críticos que devem ser priorizados em prol da melhoria dos
serviços prestados.
Espera-se que a implementação do modelo proposto neste artigo ofereça para o segmento de
restaurantes informações que contribuam para o aprimoramento das interações entre empresa
e clientes e definição das estratégias da empresa, preparando-a para atuar em um mercado
cada vez mais competitivo.
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26.03.2012.
WAKEFIELD, K. L; BLODGETT, J. G. The effect of the servicescape on custormers` behavioral intentions
in leisure service settings. Journal of Services Marketing 10 (6), p. 45-61, 1996.
APÊNDICE A – O modelo proposto para avaliação da qualidade de restaurantes sob a
percepção dos clientes
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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