Aula 4. Bases para a experimentação Biotecnologia Módulo 3 Prof.ª Chayane C. de Souza.
Módulo 1 - Aula 4
Transcript of Módulo 1 - Aula 4
DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO: PARADIGMAS
CONTEMPORÂNEOS
Profa. Dra. Célia Pereira Caldas
Teorias Psicológicas - o envelhecimento como
desenvolvimento.
- Algumas teorias psicológicas do envelhecimento visam características amplas como a personalidade, enquanto outras exploram facetas particulares da percepção ou memória.
- Em qualquer caso, o propósito da psicologia de desenvolvimento adulto e do envelhecimento é explicar como o comportamento se organiza no adulto e em que circunstâncias se torna ótimo ou desorganizado.
Teorias em psicologia do envelhecimento
1- Paradigma da mudança ordenadaFases do desenvolvimento psicológico - Bühler (1935)Teoria Junguiana do desenvolvimento - Jung (1930)As oito idades do Homem- Erikson (1950)
2- Paradigma ContextualistaTeoria do Relógio Social - Neugarten (1969); Tarefas evolutivas da vida adulta e da velhice - Havighurst (1951)
3- O paradigma do desenvolvimento ao longo de toda vida (Life-Span Development)
1- Paradigma da mudança ordenada ou Perspectiva de ciclo de vida
Fases do desenvolvimento psicológico - Bühler (1935)0-15 criança dependente/ 15-25 expansão/ 25-45 culminância/ 45-65 conflito/ + 65 contração
Teoria Junguiana do desenvolvimento - Jung (1930)Anima e Animus - o velho sábio e a grande mãe
As oito idades do Homem- Erikson (1950)
Perspectiva de Ciclo de Vida(1950)
Erikson (1950) consagrou o termo quando o utilizou em sua teoria de desenvolvimento – as oito idades do homem.
As idades representam ciclos; também a vida humana, uma vez completa, representa um ciclo.
O autor exerceu influência sobre os teóricos dos modelos de curso de vida e Life-span
IDADE CONFLITO DO EGO VALOR
EMERGENTE
Fase bebê Confiança X desconfiança Esperança
Infância inicial Autonomia X vergonha e
dúvida
Domínio
Idade do brinquedo Iniciativa X culpa Propósito
Idade escolar Trabalho X inferioridade Competência
Adolescência Identidade X confusão de
papéis
Fidelidade
Idade adulta Intimidade X isolamento Amor
Maturidade Geratividade X estagnação Cuidado
Velhice Integridade X desespero Sabedoria
2- Paradigma Contextualista
Teoria do Relógio Social - Neugarten (1969);
Tarefas evolutivas da vida adulta e da velhice - Havighurst (1951)
3- O paradigma do desenvolvimento ao longo de toda vida (Life-Span Development)
Perspectiva de Ciclo de vida (psicologia)
Perspectiva de Curso de vida (sociologia)
Desenvolvimento ao longo de toda a vida -Life-span development (Gerontologia)
Bases teóricas do paradigma do desenvolvimento ao longo de toda a
vida
Perspectiva de Ciclo de Vida (1950)– Psicologia. Adota o critério de estágios como princípio organizador do desenvolvimento. (Paradigma da Mudança Ordenada)
Perspectiva de Curso de vida (a partir de 1970)– Sociologia. A sociedade constrói cursos de vida na medida em que prescreve expectativas e normas de comportamento apropriado para as diferentes faixas etárias. (Teorias Sociológicas de terceira Geração)
Paradigma de Desenvolvimento ao Longo de Toda a Vida (Life-Span) de orientação dialética (1987)- Psicologia
Contextualizando...
Teorias sociológicas da terceira geração(década de 90)
Teoria do construcionismo social (processos influenciados por definições sociais e pela estrutura social)
Teoria Crítica (conceitos de poder, ação social e significados sociais)
Perspectiva do curso de vida (moldado por fatores coorte)
A Perspectiva de Curso de Vida
Começa a firmar-se nos anos 70 no campo da sociologia e da psicologia.
Vem sendo usada para análise de questões como: a natureza dinâmica e processual do envelhecimento; como o envelhecimento é moldado pelo contexto, pela estrutura social e pelos significados culturais; e como o tempo, o período histórico e a coorte moldam o processo de envelhecimento, tanto para indivíduos como para grupos sociais.
A Perspectiva de Curso de Vida
Critérios de classe social etnia, profissão e educação se entrelaçam com a idade para determinar a posição dos indivíduos e dos grupos na sociedade.
Em sociologia pode ser identificado a partir da teoria da estratificação por idade (Segunda geração), mas se firma como uma perspectiva de terceira geração;
É influenciada pelas teorias psicológicas do relógio social e das tarefas evolutivas (paradigma contextualista em psicologia).
Elementos da perspectiva de Curso da Vida
1- O envelhecimento acontece desde o nascimento até a morte (não há um foco exclusivo na velhice);2- O envelhecimento envolve processos sociais, psicológicos e biológicos;3- A experiência de envelhecer é marcada por fatores históricos de coorte.
Paradigma de Desenvolvimento ao Longo
de Toda a Vida (Life-Span) de orientação dialética
(Gerontologia)
LIFE-SPAN Em Biologia - Extensão de vida da espécie -
potencial máximo de duração da vida. Em Demografia - Extensão média de vida =
expectativa de vida de uma população - duração média de vida esperada a partir do nascimento.
Em Psicologia - extensão ou abrangência, quer da vida em toda a sua duração quer de algum período em particular.
O primeiro teórico a propor este paradigma foi Klaus Riegel - no âmbito da psicologia do desenvolvimento.
A perspectiva dialética da cognição (Riegel, 1973)
Esta teoria refere-se à capacidade de viver em meio a contradições e a uma habilidade que o ser humano tem se sintetizar o conhecimento como resultado de uma longa experiência de vida.
Neste ponto de vista, os idosos podem não ser vem sucedidos em operações formais em testes cognitivos, mas são bem sucedidos em avaliações dialéticas.Operações formais não representam a medida da inteligência na maturidade. O pensar em qualquer idade é essencialmente dialético e não orientado pela
busca do equilíbrio.
A perspectiva dos Eventos
da Vida (Riegel, 1975, 1976)
Nesta perspectiva considera-se que a pessoa vai se transformando à medida que a estrutura social se transforma. Assim, a situação pessoa-ambiente é totalmente passível de intervenção através de medidas física, psicológicas e sociais.
Processos que influenciam a progressão do
desenvolvimento:1- processo biológico interno de maturação
e declínio sensorial na idade avançada;2- processo extra-físico de maturação que
envolve eventos traumáticos;3- Processos de maturação psicológica;4- Processos de maturação sociológica.Os dois últimos processos envolvem a
capacidade de interagir em sociedade.
Ingredientes-chave da posição dialética:
Foco na mudança; Interação dinâmica; Causalidade recíproca; Ausência de completa determinação; Preocupação com processos de
mudança determinados pela atuação conjunta de processos individuais e históricos
Paradigma life-span de orientação dialética no âmbito da Gerontologia (Baltes, 1987)
Baltes sintetiza as idéias de Riegel, a perspectiva contextualista (Teoria do Relógio Social e teoria das Tarefas evolutivas da vida adulta e da velhice) e a teoria da aprendizagem social; Integra com o paradigma da mudança ordenada (Bühler e Erikson);Resultando na seguinte proposição: existem três classes de influência sobre o desenvolvimento - 1)normativas, graduadas por idade; 2)normativas, graduadas por história; e 3) não normativas.
1) Variáveis normativas
graduadas por idade
São influências biológicas e socioculturais claramente associadas à passagem do tempo. Ex: maturação física; casamento, etc.
2) Variáveis normativas ligadas à história
Eventos de alcance genérico, que são vividos por indivíduos de uma dada unidade cultural e que guardam relações com mudanças biossociais que afetam todo o grupo etário. Ex; guerra, crises econômicas, etc.
3) Variáveis não normativas
Podem ser de caráter biológico ou ambiental e não atingem a todos os indivíduos de um grupo etário ao mesmo tempo. Ex: desemprego, divórcio, adoecer repentinamente, etc.
A multideterminação do desenvolvimentopermite a formação de perfis vitaisdiferenciados que fazem com que aspessoas sejam diferentes entre si.
Além disso, o desenvolvimento não setraduz em mudanças unidirecionais eacumulativas, mas sim multilineares edescontínuas.
O declínio é moderado por experiênciassociais que produzem capacidadessocializadas estáveis ou até crescentes.
A descrição do envelhecimento cognitivo como um duplo processo que prevê o aperfeiçoamento da inteligência cristalizada e ao mesmo tempo, o declínio da inteligência fluida exemplifica essa questão.O paradigma de desenvolvimento ao longo de toda a vida (life-span) adota uma perspectiva de "declínio com compensação". De fato, há prejuízos nas capacidades biológicas e comportamentais, no entanto o declínio é moderado por experiências sociais que produzem capacidades socializadas estáveis ou até crescentes.
Resumindo... (Baltes, 1987, 1997)
A idade cronológica não causa o desenvolvimento nem o envelhecimento, mas é um importante indicador;
O desenvolvimento se estende por toda a vida;
O desenvolvimento e o envelhecimento envolvem uma seqüência de mudanças: a) graduadas pela idade; b) graduadas pela história; c) não normativas;
Resumindo... (Baltes, 1987, 1997)
O desenvolvimento é um processo finito, limitado por influências genético-biológicas que determinam que, na velhice, o indivíduo seja cada vez mais dependente dos recursos da cultura e, ao mesmo tempo, cada vez menos responsivo às suas influências;
Com o envelhecimento diminui a plasticidade comportamental, definida como a possibilidade de mudar para adaptar-se ao meio;
Resumindo... (Baltes, 1987, 1997)
Fica resguardado o potencial de desenvolvimento, dentro dos limites da plasticidade individual, a qual depende das condições histórico-culturais;
Cada idade tem sua própria dinâmica de desenvolvimento;
O envelhecimento é uma experiência heterogênea;
Resumindo... (Baltes, 1987, 1997)
Envelhecimento normal, ótimo e patológico podem funcionar como categorias orientadoras para a pesquisa e intervenção;
O estudo do desenvolvimento e do envelhecimento exige a contribuição de várias disciplinas.
REFERÊNCIAS Neri, A L. Paradigmas contemporâneos sobre o
desenvolvimento humano em psicologia e em sociologia. In: Neri, A L. (org). Desenvolvimento e envelhecimento. Campinas, SP: Papirus, 2001.
Neri, A L. Teorias Psicológicas do Envelhecimento. IN: Freitas, E V. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002
Siqueira, M E C. Teorias Sociológicas do Envelhecimento. IN: Freitas, E V. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002