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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica Monitorização terapêutica de antidepressivos no tratamento de pacientes com transtorno depressivo maior Caio Augusto Silva Nery Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientadora: Profa. Dra. Tania Marcourakis São Paulo 2017

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

Monitorização terapêutica de antidepressivos no tratamento de

pacientes com transtorno depressivo maior

Caio Augusto Silva Nery

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da Universidade

de São Paulo.

Orientadora:

Profa. Dra. Tania Marcourakis

São Paulo

2017

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RESUMO

NERY, C. A. S. Monitorização terapêutica de antidepressivos no tratamento de pacientes com transtorno depressivo maior. 2017. 25f. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-­Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Palavras-­chave: transtorno depressivo maior. monitorização terapêutica. concentração plasmática. relação concentração-­resposta. antidepressivos. Define-­se monitorização terapêutica de fármacos como a medida das concentrações de um fármaco em sangue total, plasma ou soro com o objetivo de otimizar e individualizar a farmacoterapia e reduzir o risco de eventos adversos e os custos do tratamento. Em psiquiatria, seu uso tem sido amplamente estudado para fármacos antidepressivos. O transtorno depressivo maior afeta cerca de 322 milhões de pessoas de todas as idades no mundo e a taxa de pacientes que não respondem ao tratamento antidepressivo de primeira linha chega a 50%. A ineficácia da farmacoterapia deve-­se, entre outros fatores, à grande variabilidade interindividual na farmacocinética dos antidepressivos, que afeta diretamente as concentrações plasmáticas destes fármacos e a resposta terapêutica. A monitorização terapêutica pode constituir uma ferramenta importante para a avaliação desta variabilidade e para se estabelecer uma correlação ótima entre concentração plasmática e efeitos clínicos dos antidepressivos. Os principais objetivos deste trabalho foram apresentar e discutir a utilização, as recomendações e as limitações da monitorização terapêutica durante o tratamento do transtorno depressivo maior com fármacos antidepressivos. A pesquisa bibliográfica foi realizada em bases de dados eletrônicas e os artigos foram selecionados de acordo com critérios de inclusão e exclusão pré-­determinados, totalizando ao final 83 artigos. Os trabalhos encontrados mostram que a expressão e a atividade de biotransformação de isoenzimas do citocromo P450 determinam o fenótipo farmacocinético dos pacientes, que exerce grande influência nas concentrações sanguíneas dos antidepressivos e na resposta clínica ao tratamento. Neste sentido, testes farmacogenéticos podem complementar os resultados da monitorização terapêutica sobre este fenótipo farmacocinético. A relação entre as concentrações plasmáticas ou séricas e a resposta clínica está bem estabelecida e é amplamente recomendada para os antidepressivos tricíclicos, principalmente no contexto da farmacovigilância. Entretanto, esta relação ainda não é um consenso para as demais classes de antidepressivos. A medida da concentração dos antidepressivos no sítio de ação por meio de técnicas de imagem pode ajudar a entender melhor esta relação. Apesar de apresentar benefícios clínicos e econômicos, a monitorização terapêutica ainda é subutilizada ou utilizada de forma inadequada na rotina clínica, e as abordagens farmacoterapêuticas na “tentativa e erro” ainda são frequentes em psiquiatria. Em associação com a observação clínica adequada dos efeitos clínicos, a monitorização terapêutica dos antidepressivos pode permitir o tratamento individualizado dos pacientes depressivos e proporcionar o seu retorno à qualidade de vida.

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD Antidepressivos

ADME Absorção, distribuição, metabolismo e eliminação

ADT Antidepressivos tricíclicos

AGNP Arbeitgemeinschaft für Neuropsychopharmakologie und

Pharmakopsychiatrie

BHE Barreira hematoencefálica

C-­11 Carbono 11

CYP450 Citocromo P450

DSM-­5 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição

IMAO Inibidores da monoaminoxidase

ISRS Inibidores seletivos da recaptação de serotonina

IRSN Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina

MI Metabolizadores intermediários

ML Metabolizadores lentos

MR Metabolizadores rápidos

MT Monitorização terapêutica de fármacos

MU Metabolizadores ultrarrápidos

OMS Organização Mundial da Saúde

P-­gp Glicoproteínas-­P (do inglês, P-­glycoprotein)

PET Tomografia de emissão de pósitrons (do inglês, positron emission

tomography)

SERT Transportador de serotonina (do inglês, serotonin transporter)

SNC Sistema nervoso central

t1/2 Tempo de meia-­vida plasmática

TDM Transtorno depressivo maior

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4 1.1 Monitorização terapêutica de fármacos ............................................................. 4 1.2 Transtorno depressivo maior .............................................................................. 6 1.3 Tratamento do transtorno depressivo maior ..................................................... 8

2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 10 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 10 3.1 Estratégias de pesquisa ...................................................................................... 10 3.2 Critérios de inclusão ............................................................................................ 11 3.3 Critérios de exclusão ........................................................................................... 11 3.4 Coleta e análise dos dados ................................................................................. 12

4 RESULTADOS .............................................................................................................. 13 4.1 Farmacocinética, monitorização terapêutica e farmacogenética: foco nos antidepressivos .......................................................................................................... 13 4.2 A relação entre a concentração sanguínea e os efeitos clínicos para os antidepressivos: evidências para a monitorização terapêutica ............................ 18 4.2.1 Antidepressivos tricíclicos ............................................................................... 19 4.2.2 Inibidores seletivos da recaptura de serotonina .............................................. 20 4.2.3 Inibidores da recaptura de serotonina e noradrenalina ................................... 22 4.2.4 Outras classes de antidepressivos .................................................................. 23

4.3 Concentração sanguínea dos antidepressivos e ocupação do sítio de ação: comprovando a relação concentração-­resposta ..................................................... 24 4.4 Indicações para a monitorização terapêutica de antidepressivos .................. 26 4.5 A relação custo-­efetividade da monitorização terapêutica para fármacos antidepressivos: vale a pena? .................................................................................. 29 4.6 Limitações ao uso da monitorização terapêutica de antidepressivos ............ 30

5 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 31 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 37

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Monitorização terapêutica de fármacos

A monitorização terapêutica de fármacos (MT) pode ser definida como a

medida laboratorial das concentrações de um fármaco em sangue total, plasma ou

soro que, em conjunto com a interpretação e aplicação corretas dos resultados e

com a avaliação dos efeitos clínicos do fármaco, visa individualizar e otimizar a

farmacoterapia do paciente (DIPIRO et al., 2010;; HALLWORTH;; WATSON, 2010).

Na prática clínica, os principais objetivos da MT consistem em avaliar e

assegurar a eficácia terapêutica, reduzir o risco de eventos adversos e diminuir os

custos do tratamento a longo prazo (TOUW et al., 2005).

A monitorização terapêutica baseia-­se no princípio da homogeneidade

cinética, que prevê uma correlação linear direta entre a concentração plasmática de

um fármaco e a sua concentração nos tecidos e, mais especificamente, no sítio de

ação farmacológica (SANTOS, 2014). Neste sentido, considera-­se que há uma

relação entre a concentração plasmática e os efeitos clínicos (efeito terapêutico e

reações adversas) do fármaco (HIEMKE et al., 2011).

A partir do conceito da homogeneidade cinética, considera-­se a existência de

uma faixa de concentração sanguínea, plasmática ou sérica do fármaco, no seu

estado de equilíbrio, na qual há maior probabilidade de se obter o efeito terapêutico

específico, a chamada faixa ou janela terapêutica (Figura 1). Abaixo desta faixa,

geralmente não é observado efeito terapêutico, enquanto que acima da janela

terapêutica, há o risco de toxicidade (DIPIRO et al., 2010;; HIEMKE et al., 2011).

As alterações da concentração sanguínea ou plasmática de um fármaco

indicam, com boa aproximação, as alterações da sua concentração nos tecidos ao

longo do tempo. Entretanto, estas concentrações não são numericamente iguais e

a previsão de uma correlação linear direta entre elas não é válida para todos os

fármacos disponíveis na terapêutica (DIPIRO et al., 2010;; SANTOS, 2014).

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Figura 1 – Concentração plasmática de um fármaco em função do tempo após administração oral em regime de doses múltiplas (Adaptado de LÜLLMANN et al., 2005).

A resposta farmacológica obtida após a administração de uma dada dose de

um fármaco apresenta uma importante variabilidade interindividual na população. O

perfil farmacocinético de um determinado fármaco é modificado por fatores

ambientais e genéticos, condições fisiológicas (como gênero, idade e gravidez),

comorbidades (como obesidade e insuficiências cardíaca, hepática e renal),

interações medicamentosas, consumo de álcool, tabagismo e hábitos alimentares.

Estes fatores afetam a expressão de enzimas que metabolizam fármacos e dos

alvos moleculares dos mesmos (WILKINSON, 2005;; JEFFERSON, 2011). A

variabilidade no perfil farmacodinâmico dos fármacos antidepressivos (AD) está

associada às diferenças individuais na expressão ou atividade dos transportadores

de recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina ou das enzimas que

metabolizam estes neurotransmissores, as monoaminoxidases (OSTAD HAJI;;

HIEMKE;; PFUHLMANN, 2012).

Um fármaco torna-­se candidato à MT quando apresenta uma ou mais das

seguintes propriedades farmacológicas: (1) boa correlação entre a concentração

plasmática ou sérica e o efeito farmacológico ou tóxico;; (2) ampla variabilidade

interindividual no perfil farmacocinético e farmacodinâmico após a mesma dose;; (3)

faixa terapêutica estreita e bem definida;; (4) mecanismo de ação atribuído ao

próprio fármaco e não a seus metabólitos (a não ser que estes possam ser

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determinados qualitativa e quantitativamente);; e (5) indisponibilidade de um

marcador simples para a avaliação do efeito farmacológico desejado (como, por

exemplo, a pressão sanguínea para os anti-­hipertensivos) (JOHANNESSEN, 2005).

Na farmacoterapia com antidepressivos, a MT é indicada para diversas

situações, tais como resposta clínica ausente ou insuficiente em doses terapêuticas;;

ocorrência de reações adversas;; suspeita de não-­adesão ao tratamento;; presença

de interações medicamentosas ou comorbidades;; alteração do regime de doses;; e

diferentes condições fisiológicas (HIEMKE et al., 2011). A relevância da MT,

entretanto, varia para os diferentes fármacos e depende das suas propriedades

farmacológicas, das características do paciente e do espectro de problemas que o

paciente apresenta (OSTAD HAJI;; HIEMKE;; PFUHLMANN, 2012).

1.2 Transtorno depressivo maior

O transtorno depressivo maior (TDM) é uma condição psiquiátrica de caráter

crônico, com recorrências frequentes, de prevalência e morbimortalidade elevadas

(Figura 2), que comumente leva ao comprometimento da saúde física e mental, à

incapacidade funcional dos pacientes e a elevados custos econômicos (SENA et

al., 2011;; KUPFER;; FRANK;; PHILLIPS, 2012).

De acordo com a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM-­5), o TDM é caraterizado por episódios depressivos

distintos que duram pelo menos duas semanas e que envolvem essencialmente

nítidas alterações afetivas, cognitivas e em funções neurovegetativas (como ciclo

sono-­vigília e apetite), e perda de interesse ou prazer na maioria das atividades

(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 322 milhões

de pessoas de todas as idades sofrem de depressão no mundo, com um aumento

de 18,4% na prevalência da doença entre 2005 e 2015 (WHO, 2017). Até 2020, a

depressão será a segunda maior causa de comprometimento funcional e morte

precoce em indivíduos adultos, atrás apenas de doenças coronarianas (WORLD

FEDERATION FOR MENTAL HEALTH, 2012).

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No Brasil, estima-­se que 5,8% da população sofre com esse problema de

saúde, o que corresponde a um total de aproximadamente 11,5 milhões de

brasileiros afetados (WHO, 2017). Dados epidemiológicos de um estudo realizado

na região metropolitana de São Paulo apontam que cerca de 9,4% dos residentes

desta região apresentaram pelo menos um episódio depressivo no período de 12

meses anterior à pesquisa. Desse total, 43,1% apresentaram pelo menos um

episódio depressivo grave (ANDRADE et al., 2012).

Figura 2 – Estimativa da prevalência de depressão no mundo (Adaptado de DEWEY, 2013).

O transtorno depressivo maior é uma condição heterogênea e de etiologia

multifatorial, associada a fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais

(BELMAKER;; AGAM, 2008). Atualmente, ainda não há mecanismos bem

estabelecidos que expliquem todos os aspectos da doença (OTTE et al., 2016).

Entretanto, hoje sabe-­se que o desenvolvimento e a progressão do TDM estão

associados à diminuição no volume de estruturas relacionadas à modulação do

humor, da cognição e do afeto (como regiões límbicas, gânglios da base e córtex

pré-­frontal) e a alterações na conectividade e ativação de neurônios nestas

estruturas. Além disso, alterações nos principais sistemas neurobiológicos

responsáveis pela resposta ao estresse, como o eixo hipotálamo-­pituitária-­adrenal,

no sistema nervoso autônomo e no sistema imunológico estão evidentes em

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pacientes que sofrem de TDM (KUPFER;; FRANK;; PHILLIPS, 2012;; ETKIN;;

BÜCHEL;; GROSS, 2015;; OTTE et al., 2016).

O risco de desenvolvimento do TDM também está associado a outras

condições psiquiátricas e médicas, como abuso de substâncias e doenças

neurológicas (por exemplo, doenças de Parkinson e de Alzheimer). Apesar dos

avanços na compreensão da fisiopatologia do transtorno depressivo maior, o

manejo e o tratamento otimizados dos pacientes ainda permanecem em estudo

constante (JEFFERSON, 2011).

1.3 Tratamento do transtorno depressivo maior

Os objetivos do tratamento do TDM consistem primariamente em resolver o

episódio agudo sem que permaneçam sintomas residuais, melhorar a qualidade de

vida do paciente e evitar possíveis recaídas e recorrências da doença (SENA et al.,

2011).

O tratamento atual do TDM baseia-­se essencialmente em intervenções

psicoterápicas, farmacológicas ou biológicas, em associação ou não, sendo que o

diagnóstico correto do episódio depressivo é imprescindível para a elaboração de

um plano farmacoterapêutico otimizado (RIZVI;; KENNEDY, 2011).

Kupfer (1991) propôs um modelo ainda utilizado atualmente no qual o

tratamento do TDM divide-­se em três fases principais: aguda, de continuação e de

manutenção (Figura 3). Para sua melhor compreensão, define-­se os seguintes

termos: resposta, remissão, recuperação, recaída e recorrência. Resposta é

entendida como a diminuição significativa na intensidade dos sintomas depressivos

(mas sem eliminação completa) no período de um mês após o início do tratamento.

Remissão é o curto período no qual o paciente se encontra virtualmente

assintomático;; ocorre por volta do segundo mês de tratamento. A recuperação pode

ser definida como o período de no mínimo dois meses no qual o paciente se

encontra em remissão completa. A recaída compreende a piora nos sintomas após

a resposta ou a remissão de um episódio depressivo ter sido obtida. A recorrência,

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por sua vez, consiste no aparecimento de um novo episódio depressivo (THASE,

2003;; SENA et al., 2011;; AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

A fase aguda visa alcançar a resposta ou a remissão parcial ou completa dos

sintomas depressivos, de modo que o paciente possa retornar ao funcionamento

psicossocial pré-­mórbido, e leva de 6 a 12 semanas. A fase de continuação inicia

apenas se a remissão completa for obtida e visa prevenir as recaídas;; dura, no

mínimo, de 4 a 9 meses. A fase de manutenção corresponde ao tratamento a longo

prazo do transtorno depressivo maior por, no mínimo, 12 meses após a recuperação

ter sido atingida. Nesta fase, o tratamento é mantido para evitar a recorrência de

novos episódios depressivos (HALFIN, 2007;; SENA et al., 2011).

Figura 3 – Fases do tratamento do transtorno depressivo maior (Adaptado de NUTT, 2010).

O tratamento com fármacos antidepressivos aliado à psicoterapia traz

benefícios para muitos pacientes com depressão. Entretanto, respostas parciais ou

a ausência de resposta ainda são comuns e a melhora e remissão dos sintomas

ainda estão longe do desejado (BAUMANN et al., 2005).

Apesar da introdução de novos AD na terapêutica, cerca de 50% dos

pacientes depressivos não respondem ao tratamento com fármacos antidepressivos

de primeira linha devido à alta variabilidade individual no perfil farmacocinético e

farmacodinâmico destes fármacos (SINYOR;; SCHAFFER;; LEVITT, 2010;;

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CONNOLLY;; THASE, 2011). A falha terapêutica leva a sintomas residuais que estão

associados ao maior risco de recorrência da doença, à maior frequência de

episódios depressivos crônicos e a um curto intervalo de tempo entre os mesmos,

além de piorar o comprometimento funcional do paciente (ANDERSON et al., 2008;;

TRIVEDI et al., 2009;; RIZVI;; KENNEDY, 2011).

Considerando-­se a prevalência e o impacto da depressão na população

mundial e a elevada taxa de falha terapêutica no tratamento deste transtorno, a

monitorização terapêutica de fármacos antidepressivos e o conhecimento das

propriedades farmacocinéticas desta classe de fármacos podem constituir uma

ferramenta importante para a avaliação das causas de variabilidade da resposta

farmacológica na população e para a otimização e individualização da

psicofarmacoterapia no curso do tratamento do transtorno depressivo maior.

2 OBJETIVOS

O presente trabalho teve por objetivos revisar os principais conceitos da

monitorização terapêutica de fármacos e a sua aplicação na prática clínica em

psiquiatria;; abordar as propriedades farmacocinéticas gerais de antidepressivos e

as razões para a ampla variabilidade interindividual observada na sua

farmacocinética;; e apresentar e discutir as recomendações, a utilização e as

limitações da monitorização terapêutica durante o tratamento do transtorno

depressivo maior com fármacos antidepressivos.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Estratégias de pesquisa

A pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de dados eletrônicas

PubMed®, SciELO (Scientific Electronic Library Online), SciFinder, Web of Science

e UpToDate®. As palavras-­chave utilizadas na busca foram “therapeutic drug

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monitoring”, “plasma concentration”, “serum concentration”, “major depressive

disorder”, “depression”, “antidepressants”, “antidepressive treatment” e “psychiatry”,

e seus correspondentes em língua portuguesa “monitorização terapêutica”,

“concentração plasmática”, “concentração sérica”, “transtorno depressivo maior”,

“depressão”, “antidepressivos”, “tratamento antidepressivo” e “psiquiatria”. Alguns

artigos citados nos trabalhos encontrados nesta busca também foram avaliados.

3.2 Critérios de inclusão

Os artigos indexados no período de janeiro de 2005 a junho de 2017 foram

pré-­selecionados inicialmente a partir do título;; em seguida, realizou-­se a leitura do

resumo (abstract), quando disponível, destes artigos. Foram incluídos trabalhos

publicados em língua inglesa, portuguesa ou espanhola no formato de estudos

farmacoepidemiológicos, estudos experimentais, protocolos e diretrizes de trabalho,

ensaios clínicos e revisões bibliográficas sistemáticas e de metanálise. Alguns

artigos citados nos trabalhos encontrados foram analisados e incluídos na presente

revisão seguindo estes mesmos critérios.

3.3 Critérios de exclusão

Foram excluídos os artigos cujos títulos não indicassem relação com o tema

proposto;; os artigos que não apresentaram resumo nas bases de dados

consultadas;; ou aqueles que não forneceram uma perspectiva adequada sobre o

tema desta revisão bibliográfica, tais como estudos relacionados ao

desenvolvimento de métodos analíticos para determinação de antidepressivos em

plasma ou soro humano, estudos envolvendo outros subtipos do transtorno

depressivo ou outros transtornos psiquiátricos associados ou não ao transtorno

depressivo maior (por exemplo, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-­

compulsivo e esquizofrenia) ou, ainda, estudos sobre o uso off-­label de

antidepressivos para o tratamento de outras condições.

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3.4 Coleta e análise dos dados

A pesquisa bibliográfica resultou em um total de 2312 artigos distintos

indexados em mais de uma base de dados científicos e publicados no período

especificado para esta busca. A base de dados SciELO não retornou ocorrências.

Do total de artigos encontrados, 112 artigos foram pré-­selecionados a partir do título,

dos quais 73 foram selecionados após a leitura do resumo disponível nas bases de

dados. Destes, 7 artigos foram excluídos por terem sido publicados em idiomas

diferentes do inglês, português ou espanhol (2 em alemão, 2 em francês, 1 em

holandês, 1 em japonês e 1 em polonês). 17 artigos citados nos trabalhos

selecionados foram incluídos. Portanto, foram utilizados, no total, 83 artigos para a

produção desta revisão bibliográfica.

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4 RESULTADOS

4.1 Farmacocinética, monitorização terapêutica e farmacogenética: foco nos antidepressivos

Os fármacos antidepressivos apresentam, em geral, farmacocinética linear

em doses clinicamente relevantes e características comuns nas etapas de

absorção, distribuição, metabolismo e eliminação (ADME), como apresentado na

Tabela 1 (BAUMANN et al., 2005). O metabolismo (ou biotransformação) exerce

especial influência na resposta terapêutica aos fármacos antidepressivos.

Tabela 1 – Propriedades farmacocinéticas gerais dos antidepressivos.

Adaptado de BAUMANN et al., 2005.

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O metabolismo dos AD ocorre majoritariamente na mucosa intestinal e no

fígado (BAUMANN et al., 2005). Entretanto, a taxa de eliminação dos diferentes

antidepressivos é quase exclusivamente dependente da biotransformação hepática

realizada por diferentes isoenzimas que compõem o citocromo P450 (CYP450), cuja

quantidade varia de indivíduo para indivíduo (OLIVEIRA et al., 2017).

O citocromo P450 é reconhecidamente uma fonte importante de variabilidade

na farmacocinética de fármacos (LYNCH;; PRICE, 2007). De todas as isoformas de

CYP, acredita-­se que as isoformas CYP2D6, CYP2C9/19, CYP3A4/5 e CYP1A2

sejam as mais relevantes para o metabolismo dos antidepressivos. A expressão de

cada uma é influenciada por fatores como idade, gênero, polimorfismo genético,

citocinas, hormônios, exposição a xenobióticos e alterações fisiológicas em estados

patológicos (SPINA;; SANTORO;; D’ARRIGO, 2008;; ZANGER et al., 2008).

O polimorfismo genético principalmente nas isoenzimas CYP2D6 e

CYP2C19 determina os fenótipos farmacocinéticos expressos por pacientes

psiquiátricos. Estes fenótipos são classificados em metabolizadores rápidos (MR;;

indivíduos normais), ultrarrápidos (MU), intermediários (MI) e lentos (ML). Em

relação à CYP2D6, determinou-­se que cerca de 1-­3% da população em geral são

metabolizadores lentos, enquanto que esta taxa varia de 5-­10% na população

caucasiana. Nesta mesma população, de 1-­10% são considerados MU;; nas

populações do norte da África e do Oriente Médio, esta taxa aumenta para 10-­29%.

Os metabolizadores ultrarrápidos compreendem cerca de 1-­2% da população em

geral (de LEON;; ARMSTRONG;; COZZA, 2006;; D’EMPAIRE;; GUICO-­PABIA;;

PRESKORN, 2011). Para os fenótipos determinados pela CYP2C19, observou-­se

que, na população caucasiana, a proporção de ML varia de 3-­5%, sendo que a

maioria dos indivíduos são normais na população em geral (de LEON;;

ARMSTRONG;; COZZA, 2006).

O fenótipo farmacocinético para os antidepressivos pode ser facilmente

previsto pela medida das concentrações plasmáticas ou séricas destes fármacos.

Concentrações superiores ao esperado no estado de equilíbrio farmacocinético são

indicativas de um fenótipo de metabolizador lento, enquanto baixas concentrações

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plasmáticas ou séricas do fármaco podem indicar um fenótipo de metabolizador

ultrarrápido (BAUMANN et al., 2005).

Ostad Haji, Hiemke e Pfuhlmann (2012) mostraram graficamente dados

obtidos pela monitorização terapêutica para a variabilidade nas concentrações

séricas de seis antidepressivos diferentes após a administração da mesma dose

diária por pelo menos uma semana de tratamento (Figura 4).

Figura 4 – Concentrações séricas no estado de equilíbrio de fármacos antidepressivos de diferentes classes. Os pacientes (amitriptilina, n=18;; escitalopram, n=69;; sertralina, n=45;; mirtazapina, n=100;; venlafaxina, n=131;; reboxetina, n=246) foram tratados por pelo menos uma semana. As concentrações séricas para a amitriptilina e a venlafaxina são a soma das concentrações destes fármacos com as concentrações dos seus respectivos produtos de biotransformação ativos, nortriptilina e O-­desmetilvenlafaxina. As barras verticais (em cinza claro) indicam a faixa de dose recomendada e as barras horizontais (em cinza escuro) mostram a janela terapêutica de referência dos fármacos acima (Adaptado de OSTAD HAJI;; HIEMKE;; PFUHLMANN, 2012).

Clinicamente, as consequências dos diferentes fenótipos farmacocinéticos se

refletem em uma ampla variabilidade na resposta a uma dada dose de um fármaco

antidepressivo substrato da enzima polimórfica. Metabolizadores lentos geralmente

apresentam maior risco de efeitos adversos, enquanto metabolizadores

ultrarrápidos podem apresentar concentrações plasmáticas subterapêuticas que

levam à resposta clínica insuficiente ou ausente (BAUMANN et al., 2005).

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Alguns antidepressivos são biotransformados em produtos de

biotransformação ativos conhecidos que contribuem para o efeito clínico do fármaco

principal. Por exemplo, norclomipramina, norfluoxetina e O-­desmetilvenlafaxina são

os produtos de biotransformação ativos da clomipramina, fluoxetina e venlafaxina,

respectivamente. A MT deve incluir a quantificação dos principais produtos de

biotransformação dos AD, sejam eles ativos ou inativos, pois a razão entre as

concentrações destas substâncias e o fármaco de origem pode fornecer

informações sobre a adesão do paciente ao tratamento, presença de variabilidade

genética ou ocorrência de interações medicamentosas (HIEMKE et al., 2011).

Preskorn (2010) avaliou a farmacocinética da venlafaxina em pacientes

depressivos adultos com fenótipos de metabolizadores rápidos e lentos em relação

à CYP2D6. Sabendo-­se que a venlafaxina é biotransformada majoritariamente pela

CYP2D6 em O-­desmetilvenlafaxina, o estudo observou que os ML tiveram

concentrações plasmáticas de venlafaxina significativamente maiores e níveis

menores de O-­desmetilvenlafaxina em relação aos MR.

Dados de quatro ensaios clínicos duplo-­cegos controlados por placebo com

pacientes com TDM em uso de venlafaxina mostraram que concentrações

plasmáticas maiores de O-­desmetilvenlafaxina foram observadas nos

metabolizadores rápidos. Estes pacientes apresentaram maiores taxas de resposta

e remissão da doença em relação aos pacientes considerados metabolizadores

lentos (LOBELLO et al., 2010). Um estudo populacional retrospectivo realizado por

Mulder et al. (2005) já havia observado que os pacientes depressivos hospitalizados

com fenótipo de ML tiveram uma probabilidade maior de alteração da dose ou

substituição do tratamento antidepressivo quando tratados com AD primariamente

metabolizados pela CYP2D6.

Rudberg et al. (2008) verificaram que pacientes depressivos com fenótipo de

metabolizadores ultrarrápidos para uma variante da CYP2C19 e em tratamento com

escitalopram, apresentaram concentrações séricas do antidepressivo 42% menores

em relação aos indivíduos com fenótipo normal. Esta observação foi associada ao

maior risco de falha do tratamento do TDM com escitalopram. Tsai et al. (2010)

também avaliaram a influência do polimorfismo genético das enzimas do CYP450

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no metabolismo do escitalopram e na resposta ao tratamento antidepressivo. Os

autores observaram que os pacientes com genótipo de MI para a CYP2D6 tiveram

maior taxa de remissão dos sintomas depressivos no período de 8 semanas de

tratamento em comparação aos pacientes com genótipo normal. Os

metabolizadores lentos para a CYP2C19 mostraram concentrações de escitalopram

significativamente mais elevadas do que os MR.

Breil et al. (2008) relataram o caso de um paciente masculino de 60 anos de

idade recém-­diagnosticado com episódio depressivo agudo que não obteve

resposta clínica aparente durante a monoterapia antidepressiva sucessiva com

doses crescentes de paroxetina, venlafaxina e clomipramina. A análise dos níveis

plasmáticos de clomipramina neste paciente revelaram que as concentrações de

vale do fármaco e de norclomipramina estavam abaixo do valor de referência

esperado para a dose administrada. O genótipo para a CYP2D6 foi determinado e

constatou-­se que o paciente era metabolizador ultrarrápido. Devido à falha no

tratamento farmacológico, a eletroconvulsoterapia foi indicada para este paciente,

a qual foi capaz de induzir a remissão do TDM.

Conforme mostrado na Tabela 1, as UDP-­glicuronosiltransferases, que

compreendem um grupo de enzimas ligadas à membrana celular e expressas em

diversos tecidos, inclusive o cérebro, contribuem para o metabolismo dos

antidepressivos (OUZZINE et al., 2014). Entretanto, não foram encontrados artigos

mostrando a relevância clínica do polimorfismo genético nestas enzimas.

A regulação da biodisponibilidade de alguns antidepressivos no sistema

nervoso central (SNC) pelas glicoproteínas-­P (P-­gp), proteínas de transporte de

efluxo localizadas na mucosa intestinal e na barreira hematoencefálica (BHE),

também tem relevância clínica importante no tratamento antidepressivo (BAUMANN

et al., 2005;; O’BRIEN et al., 2013). O efluxo de alguns AD mediado por P-­gp pode

impedir que as concentrações terapêuticas no SNC sejam atingidas, resultando em

falha do tratamento (LÖSCHER;; POTSCHKA, 2005).

Estudos recentes têm investigado a associação entre polimorfismos no gene

ABCB1, que codifica as glicoproteínas-­P em humanos, e a resposta ao tratamento

com certos antidepressivos. Um estudo prospectivo com pacientes com TDM em

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tratamento com paroxetina observou, por exemplo, que a melhora clínica ou a

resposta insuficiente estavam associadas a polimorfismos diferentes que levaram,

respectivamente, à menor ou à maior atividade das P-­gp (KATO et al., 2008).

Lin et al. (2011) demonstraram que um determinado polimorfismo no gene

ABCB1 estava associado à menor taxa de remissão dos sintomas depressivos em

pacientes tratados com escitalopram. Singh et al. (2012) verificaram, ainda, que os

pacientes depressivos com uma variante do gene ABCB1 que aumenta a eficiência

do transporte de efluxo necessitaram de doses maiores de escitalopram para obter

a mesma taxa de remissão observada no grupo controle.

Alguns estudos, entretanto, não encontraram tal associação para outros

antidepressivos. Laika, Leucht e Steimer (2006) e Perlis et al. (2010), por exemplo,

não encontraram uma associação estatisticamente significativa entre determinados

polimorfismos em ABCB1 e a resposta de pacientes com TDM ao tratamento com

amitriptilina e duloxetina, respectivamente.

4.2 A relação entre a concentração sanguínea e os efeitos clínicos para os antidepressivos: evidências para a monitorização terapêutica

Como mencionado anteriormente, a MT baseia-­se na hipótese de que existe

uma correlação entre a concentração plasmática ou sérica do fármaco e os seus

efeitos clínicos. Historicamente, esta relação foi investigada e demonstrada pela

primeira vez para o antidepressivo tricíclico nortriptilina no tratamento da depressão

(ÅSBERG et al., 1970, 1971).

Os autores encontraram uma correlação entre os efeitos adversos

apresentados pelos pacientes e as concentrações plasmáticas da nortriptilina

(ÅSBERG et al., 1970). Um ano depois, esses mesmos autores observaram que a

melhora clínica dos pacientes depressivos era dependente da concentração

plasmática do antidepressivo (ÅSBERG et al., 1971). Desde então, a monitorização

terapêutica vem sendo estudada para diferentes classes de fármacos

antidepressivos, como apresentado a seguir.

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4.2.1 Antidepressivos tricíclicos

Os antidepressivos tricíclicos (ADT) são rápida e quase completamente

absorvidos após administração oral e apresentam extensa metabolização hepática

pela atividade das enzimas CYP2D6, CYP1A2, CYP3A4 e CYP1C19. Muitos dos

produtos de biotransformação apresentam atividade antidepressiva. O tempo de

meia-­vida plasmática (t1/2) médio para os ADT é de cerca de 24 horas e as

concentrações plasmáticas necessárias para o efeito terapêutico variam, no geral,

de 50 a 300 ng/mL (HIRSCH;; BIRNBAUM, 2016). Em concentrações plasmáticas

superiores a 450 ng/mL, sintomas relacionados à toxicidade são frequentes;; acima

de 1.000 ng/mL, os efeitos tóxicos graves podem levar ao óbito (GILLMAN, 2007).

Sabe-­se que uma relação comprovada entre a concentração plasmática de

um fármaco e a resposta clínica é um pré-­requisito para a utilização da MT na

otimização da farmacoterapia de pacientes depressivos. No caso dos ADT, esta

associação foi bem demonstrada em estudos mais antigos e está bem estabelecida

para a amitriptilina, clomipramina, imipramina, desipramina e doxepina com o

mesmo nível de evidência tal qual à nortriptilina (GLASSMAN et al., 1985;; PERRY;;

ZEILMANN;; ARNDT, 1994;; BURKE;; PRESKORN, 1999). Poucos estudos mais

recentes sobre este tópico foram encontrados na literatura;; porém, todos eles

corroboram com as informações obtidas previamente.

Pfuhlmann et al. (2007), por exemplo, realizaram um estudo retrospectivo

considerando as análises de rotina por monitorização terapêutica dos

antidepressivos amitriptilina e clomipramina em um hospital universitário

psiquiátrico. Os autores observaram que os pacientes que responderam ao

tratamento com amitriptilina apresentaram níveis séricos mais elevados e um pouco

acima do limite superior da janela terapêutica de referência para a amitriptlina em

relação aos não-­responsivos. Nos pacientes em uso de clomipramina, observou-­se

que a resposta clínica estava associada a níveis séricos do antidepressivo dentro

da faixa terapêutica recomendada. Os efeitos adversos não foram associados a

concentrações séricas de amitriptilina e clomipramina acima do limite superior de

referência para ambos os fármacos, porém, os pacientes que apresentaram efeitos

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adversos tinham níveis séricos mais elevados em relação aos pacientes mais

tolerantes à farmacoterapia antidepressiva com estes ADT.

Todos os ADT têm janela terapêutica estreita e, por conta disto, o uso dos

ADT apresenta alto risco de reações adversas e intoxicações (GILLMAN, 2007). A

monitorização terapêutica durante o tratamento com antidepressivos desta classe é

amplamente recomendada por alguns autores no contexto da farmacovigilância

(SIROT et al., 2006;; WILLE et al., 2008;; HAEN, 2011;; HIEMKE et al., 2011).

4.2.2 Inibidores seletivos da recaptura de serotonina

De acordo com Jakubovski et al. (2016), a resposta terapêutica aos inibidores

seletivos da recaptura de serotonina (ISRS) no tratamento do TDM comumente

ocorre em doses dentro da faixa de dosagem estabelecida para cada fármaco e

quase não é observada uma eficácia maior quando do aumento da dose. Além

disso, a toxicidade dos ISRS é relativamente baixa quando comparada à toxicidade

de antidepressivos considerados de primeira geração, como os tricíclicos

(HAWTON et al., 2010;; BET et al., 2013;; QIN et al., 2014).

Uma diretriz publicada por um grupo de pesquisadores e especialistas em

monitorização terapêutica na área de psiquiatria, o Arbeitgemeinschaft für

Neuropsychopharmakologie und Pharmakopsychiatrie (AGNP), apresentou estudos

baseados em evidências para a definição da janela terapêutica de referência para

os ISRS (HIEMKE et al., 2011). Ainda assim, estudos publicados nos anos

anteriores e seguintes à diretriz não são conclusivos quanto à existência de uma

relação clara entre a concentração plasmática ou sérica e a resposta clínica para

os diferentes ISRS.

Em um estudo aberto e multicêntrico publicado pela German Competence

Network on Depression and Suicidality, foi observado que pacientes depressivos

em uso de citalopram, cuja concentração plasmática foi medida continuamente por

meio da MT e mantida acima de 50 ng/mL (e dentro da faixa terapêutica de

referência de 50-­130 ng/mL) a partir do sétimo dia de observação, apresentaram

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melhor resposta clínica em relação aos pacientes com concentrações plasmáticas

do antidepressivo abaixo de 50 ng/mL (OSTAD HAJI et al., 2011).

Unterecker et al. (2012) reportaram o caso de uma mulher de 46 anos de

idade com TDM que ingeriu 1400 mg de citalopram em uma tentativa de suicídio.

Durante a internação da paciente, as concentrações séricas de citalopram foram

determinadas e o monitoramento por eletrocardiograma foi realizado repetidamente.

O nível sérico de citalopram inicial foi de 1231 ng/mL e observou-­se um intervalo

QTc significativamente aumentado. Após 12 dias de acompanhamento, os níveis

séricos do antidepressivo caíram abaixo do limite superior de 130 ng/mL da faixa

terapêutica de referência estabelecida e o intervalo QTc voltou à normalidade,

mostrando uma relação estatisticamente significativa entre o efeito adverso

observado e a concentração sérica de citalopram.

Gex-­Fabry et al. (2007) haviam observado que concentrações plasmáticas

de paroxetina mais elevadas não aumentaram a probabilidade de se obter uma

melhora clínica, mas foram associadas a um menor tempo para se alcançar a

resposta ou remissão dos sintomas depressivos durante o tratamento. Um estudo

mais recente verificou uma relação inversa entre a concentração plasmática de

paroxetina e a resposta terapêutica em pacientes com TDM: a concentração

plasmática do antidepressivo nos indivíduos responsivos foi significativamente

menor em comparação aos não-­responsivos (YASUI-­FURUKORI et al., 2011).

Um estudo prospectivo investigou a relação entre a concentração plasmática

de fluvoxamina e a remissão dos sintomas depressivos em pacientes ambulatoriais

com transtorno depressivo maior leve a grave (SUZUKI et al., 2008). A análise dos

269 dados de concentração plasmática de fluvoxamina coletadas de 80 pacientes

em tratamento por 12 semanas não mostrou uma correlação entre a remissão e a

concentração plasmática do antidepressivo. Entretanto, ao se considerar apenas os

pacientes com TDM moderado e grave, foi possível obter a concentração mínima

de 61,4 ng/mL (faixa terapêutica de referência: 60-­230 ng/mL) a partir da qual a

remissão dos sintomas foi alcançada nestes pacientes.

O perfil terapêutico, a boa tolerabilidade e a segurança dos inibidores

seletivos da recaptura de serotonina, bem como a ausência de um consenso sobre

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a relação entre concentração plasmática e resposta clínica, fazem com que a

monitorização terapêutica dos ISRS não seja rotina na prática clínica. Porém, a

diretriz publicada pelo AGNP indica que a monitorização terapêutica dos ISRS é

benéfica para o paciente em situações como não-­adesão ao tratamento,

particularidades farmacogenéticas, interações medicamentosas e condições

fisiológicas especiais (HIEMKE et al., 2011).

4.2.3 Inibidores da recaptura de serotonina e noradrenalina

A relação entre a concentração plasmática e a resposta clínica para os

antidepressivos inibidores da recaptura de serotonina e noradrenalina (IRSN) é

mais evidente em comparação aos ISRS, mas a eficácia clínica de ambas as

classes no tratamento do TDM é semelhante (MACHADO;; EINARSON, 2010).

Waldschmitt et al. (2009) avaliaram a correlação entre a concentração sérica

e os efeitos terapêuticos em pacientes em monoterapia com duloxetina. Os

pacientes que tiveram uma melhora clínica apresentaram uma concentração sérica

mais elevada de duloxetina em relação aos pacientes com resposta média, baixa

ou ausente. A análise estatística dos dados obtidos revelou ainda que os níveis

séricos de duloxetina podem ser úteis para prever a resposta de um paciente ao

tratamento e que os efeitos terapêuticos são esperados a partir da concentração

mínima de 58 ng/mL (faixa terapêutica de referência para a duloxetina: 30 a 120

ng/mL, conforme a diretriz do AGNP).

Stamm et al. (2014) verificaram o potencial da monitorização terapêutica

aliada à avaliação clínica dos sintomas depressivos para prever a eficácia do

tratamento com venlafaxina (medida em termos de resposta e remissão dos

sintomas). Os pesquisadores observaram que níveis plasmáticos maiores de O-­

desmetilvenlafaxina foram encontrados nos pacientes que responderam melhor ao

tratamento. Aqueles que apresentaram uma resposta em concentrações séricas de

O-­desmetilvenlafaxina acima da média de 222 ng/mL obtida no estudo, tiveram

maior probabilidade de atingir a remissão do quadro de TDM após 6 semanas de

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tratamento. Esta concentração plasmática de O-­desmetilvenlafaxina está dentro da

janela terapêutica estabelecida de 100 a 400 ng/mL pela diretriz do AGNP.

Paulzen et al. (2015a) avaliaram as concentrações de venlafaxina e O-­

desmetilvenlafaxina no plasma e no fluido cerebrospinal como possíveis indicadores

da concentração destes compostos no cérebro. As informações foram obtidas por

monitorização terapêutica em pacientes depressivos internados. O estudo observou

uma correlação significativa entre as concentrações plasmáticas e no fluido

cerebrospinal de venlafaxina e do produto de biotransformação ativo, o que pode

indicar que estas substâncias penetram com facilidade no sistema nervoso central

e têm boa disponibilidade para atuar no cérebro. Os níveis de venlafaxina se

correlacionaram significativamente com a dose administrada, enquanto os níveis de

O-­desmetilvenlafaxina não. Os autores acreditam que as concentrações do

antidepressivo e do seu metabólito ativo no plasma sejam uma indicação melhor

dos níveis destes compostos no cérebro do que a dose do fármaco.

4.2.4 Outras classes de antidepressivos

Estudos recentes que avaliassem a relação entre concentração plasmática e

efeito terapêutico não foram encontrados para os antidepressivos inibidores da

enzima monoaminoxidase (IMAO) moclobemida e tranilcipromina.

Dois estudos com a mirtazapina, um antidepressivo tetracíclico atípico, não

encontraram uma correlação significativa entre os níveis plasmáticos e a resposta

clínica em pacientes depressivos em uso do fármaco, ainda que a mirtazapina

estivesse associada a uma melhora importante dos sintomas depressivos (SIROT

et al., 2012;; MYUNG et al., 2014). Um terceiro estudo, porém, verificou uma forte

relação entre a dose administrada e os níveis séricos de mirtazapina em pacientes

com TDM. O trabalho ainda evidenciou uma correlação estatisticamente

significativa entre a concentração sérica de mirtazapina e a sua concentração no

fluido cerebrospinal dos indivíduos tratados (PAULZEN et al., 2015b).

De acordo com a diretriz publicada pelo AGNP, a bupropiona, um

antidepressivo atípico inibidor da recaptura de noradrenalina e dopamina, é um

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fármaco candidato à monitorização terapêutica (HIEMKE et al., 2011). Laib et al.

(2014) investigaram as concentrações séricas do principal produto de

biotransformação ativo da bupropiona, a 4-­hidroxibupropiona, e sua relação com a

reposta clínica de pacientes com transtorno depressivo maior em tratamento com o

antidepressivo. Os autores observaram que os pacientes que responderam melhor

ao tratamento tinham níveis séricos de 4-­hidroxibupropiona mais elevados. A

análise estatística indicou que a concentração sérica do produto de

biotransformação fornece uma previsão da resposta que o paciente pode

apresentar, sendo que a concentração mínima necessária para observação da

melhora clínica foi de 858 ng/mL neste estudo (faixa terapêutica de referência para

a bupropiona mais a 4-­hidroxibupropiona: 225-­1500 ng/mL).

4.3 Concentração sanguínea dos antidepressivos e ocupação do sítio de ação: comprovando a relação concentração-­resposta

A associação comprovada entre a concentração plasmática ou sérica de um

antidepressivo e os seus efeitos clínicos indica que as concentrações sanguíneas

do fármaco se relacionam com as suas concentrações no sítio de ação (SANTOS,

2014). Estudos de imagem têm evidenciado a relação entre concentrações

sanguíneas, resposta clínica e ocupação dos sítios de ação/alvo para alguns

antidepressivos de segunda geração.

A análise da ocupação dos transportadores de serotonina (SERT, do inglês

serotonin transporter) in vivo pelos ISRS citalopram, fluoxetina, sertralina e

paroxetina e pelo IRNS venlafaxina utilizando-­se a técnica de tomografia de

emissão de pósitrons (PET, do inglês positron emission tomography) e um

radioligante marcado com carbono 11 (C-­11) específico para os sítios de recaptura

de serotonina, mostrou que doses clinicamente eficazes destes antidepressivos

estavam relacionadas à ocupação mínima de aproximadamente 80% dos SERT

localizados na região estriatal (MEYER et al., 2004). Este é considerado o trabalho

mais extensivo e completo a respeito da ligação dos ISRS aos SERT.

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As concentrações plasmáticas dos cinco antidepressivos mostraram uma

forte associação com a ocupação dos SERT, como exemplificado na Figura 5 para

o citalopram. Doses de 20-­40 mg/dia de citalopram corresponderam à concentração

plasmática de 60 ng/mL, que foi suficiente para ocupar 80% dos SERT e levar à

melhora clínica (MEYER et al., 2004). Esta concentração está dentro da faixa

terapêutica de referência estabelecida na diretriz do AGNP (50-­110 ng/mL).

Figura 5 – Relação entre a ocupação dos SERT no estriado e a dose (à esquerda) ou concentração plasmática (à direita) de citalopram em 18 indivíduos saudáveis e com transtorno depressivo maior (Adaptado de MEYER et al., 2004).

Ostad Haji et al. (2011) verificaram que as concentrações plasmáticas de

citalopram abaixo de 50 ng/mL no sétimo dia de observação fornecia uma previsão

da ausência de resposta observada na quinta semana de acompanhamento do

tratamento de pacientes depressivos. Dos dados previamente obtidos por PET,

concentrações plasmáticas de citalopram menores que 50 ng/mL levam a menos

de 80% de ocupação dos SERT (MEYER et al., 2004;; OSTAD HAJI et al., 2011).

Voineskos et al. (2007) avaliaram a ocupação dos SERT in vivo durante o

tratamento de pacientes depressivos com doses clinicamente elevadas dos ISRS

citalopram e sertralina e do IRNS venlafaxina utilizando a mesma técnica e

observaram uma ocupação de aproximadamente 85% dos SERT para cada

antidepressivo, o que é superior à porcentagem de ocupação obtida em doses

comumente prescritas dos antidepressivos segundo o estudo de Meyer et al. (2004).

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Um estudo recente reanalisou os dados de um ensaio clínico randomizado

com paroxetina que concluiu que não havia uma relação entre os níveis plasmáticos

do antidepressivo e a resposta ao tratamento (TASKER et al., 1989;; EGGART;;

HIEMKE;; ZERNIG, 2011). Com a reanálise dos resultados deste ensaio clínico,

Eggart, Hiemke e Zernig obtiveram uma correlação entre concentração plasmática

e efeito terapêutico, cuja curva era quase que inteiramente sobreposta à curva de

ocupação dos SERT demonstrada no estudo de Meyer et al. (2004).

4.4 Indicações para a monitorização terapêutica de antidepressivos

Na prática clínica, a relevância da MT varia de acordo com as propriedades

farmacológicas dos fármacos, com as características do paciente e com a sua

condição clínica. Neste contexto, a MT deve ser indicada preferencialmente quando

há comprovação de que os resultados serão importantes para a resolução de um

problema terapêutico existente (OSTAD HAJI;; HIEMKE;; PFUHLMANN, 2012).

Para os fármacos antidepressivos com faixa de concentração terapêutica

bem definida ou com janela terapêutica estreita, como apresentado para os

antidepressivos tricíclicos, a MT é indicada após o início da utilização do

antidepressivo ou após a mudança de dose. Além disso, a MT permite verificar se

os efeitos adversos observados em doses terapêuticas estão relacionados a

concentrações sanguíneas mais elevadas dos AD e se a dose deve ser diminuída,

mas sem perder o efeito terapêutico (HIEMKE et al., 2011).

Nos casos de suspeita de não-­adesão ao tratamento ou de ausência da

melhora clínica com doses recomendadas do antidepressivo, a monitorização

terapêutica é uma ferramenta válida. A taxa de não-­adesão ao tratamento

antidepressivo em pacientes com transtorno depressivo maior varia de 10 a 60%

(SAWADA et al., 2009;; ten DOESSCHATE;; BOCKTING;; SCHENE, 2009;; SERNA

et al., 2010;; CHONG;; ASLANI;; CHEN, 2013) e está associada a um risco maior de

recaída e recorrência dos episódios depressivos, ao aumento na frequência de

visitas à emergência e de hospitalizações e a problemas econômicos no sistema de

saúde (HO et al., 2016). Reis et al. (2010) avaliaram a adesão de pacientes ao

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tratamento antidepressivo com sertralina pela determinação repetida das

concentrações séricas do fármaco e de seu produto de biotransformação principal,

a norsertralina, durante 24 semanas. Os autores verificaram que os pacientes que

responderam parcialmente tinham concentrações de sertralina e norsetralina abaixo

do esperado, enquanto os pacientes que não responderam ao tratamento tiveram

níveis séricos indetectáveis destas substâncias.

Pacientes que fazem uso de um ou mais fármacos concomitantemente ao

tratamento antidepressivo apresentam risco potencial para interações

medicamentosas. As interações medicamentosas farmacocinéticas são de

particular interesse para o contexto da monitorização terapêutica, pois várias

substâncias podem inibir ou induzir enzimas que metabolizam os antidepressivos,

e vice-­versa. A dose do antidepressivo deve ser alterada de modo que a interação

não leve à perda de efeito farmacológico, a reações adversas ou intoxicações. A

medida das concentrações plasmáticas pode auxiliar neste caso (GILLMAN, 2007).

Um estudo com pacientes depressivos ambulatoriais em tratamento com

antidepressivos demonstrou que 56% deles apresentaram concentrações

plasmáticas cerca de 20% acima ou abaixo da janela terapêutica. Deste total, 50%

estavam relacionados principalmente a alterações no genótipo das isoenzimas

CYP2D6 e CYP2C19, a doses prescritas incorretamente e à não-­adesão ao

tratamento. Estes pacientes apresentaram frequência maior de hospitalizações em

relação aos demais pacientes. A partir dos dados da monitorização terapêutica e

dos testes farmacogenéticos, a alteração do regime farmacoterapêutico foi

recomendada para 64% dos pacientes com resposta inadequada ao tratamento

(KOOTSTRA-­ROS et al., 2006).

Para pacientes pertencentes a grupos especiais, como gestantes e lactantes,

crianças, adolescentes e idosos acima de 60 anos, a monitorização terapêutica é

altamente recomendada.

Durante o tratamento do transtorno depressivo maior em gestantes e

lactantes, a monitorização terapêutica ajuda a garantir que as concentrações

plasmáticas do antidepressivo permaneçam dentro da faixa terapêutica de

referência para diminuir o risco de recaída ou remissão da mãe, ao mesmo tempo

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em que o risco de exposição do feto ou do recém-­nascido seja o menor possível.

Estudos mostrando os benefícios da MT durante e logo após a gestação são raros

na literatura (DELIGIANNIDIS, 2010;; MATSUI, 2012).

À medida que as crianças e os adolescentes se desenvolvem, os parâmetros

farmacocinéticos e farmacodinâmicos desta população estão sempre mudando

(GERLACH;; GREENHILL;; WARNKE, 2014). Supõe-­se, então, que as faixas de

concentrações terapêuticas em crianças e adolescentes sejam diferentes daquelas

adotadas para indivíduos adultos, para as diversas classes de fármacos (GERLACH

et al., 2016).

Koelch et al. (2012) avaliou a correlação entre as concentrações séricas de

fluoxetina e do seu principal metabólito norfluoxetina e alguns parâmetros como

dose, idade e efeitos adversos em crianças e adolescentes com TDM. Os autores

não observaram uma relação entre as concentrações séricas do antidepressivo e a

resposta clínica;; porém, 15% dos pacientes apresentaram efeitos adversos

comumente associados ao uso de fluoxetina, como sonolência e ansiedade. Uma

ampla variabilidade interindividual foi encontrada para os níveis séricos de

fluoxetina e norfluoxetina. Ainda assim, a concentração média obtida (213 ± 118

ng/mL) está dentro da faixa de referência para indivíduos adultos (120-­300 ng/mL).

Taurines et al. (2013), por outro lado, ao avaliarem a relação entre dose,

concentrações séricas e a resposta clínica em crianças e adolescentes depressivos

em tratamento com sertralina, observaram uma relação linear entre dose e

concentração sérica, porém não foi encontrada uma correlação entre concentração

sérica e os efeitos clínicos neste grupo de pacientes. Da mesma forma, Chermá et

al. (2011) não encontraram uma relação estatisticamente significativa entre os

níveis de sertralina no soro e a resposta clínica de crianças e adolescentes com

TDM. Entretanto, efeitos adversos foram observados nos indivíduos com níveis

séricos significativamente maiores de sertralina (TAURINES et al., 2013). Devido à

alta variabilidade interindividual, estes dois estudos não estabeleceram uma faixa

de concentração terapêutica da sertralina nesta população. Os níveis séricos do

antidepressivo observados nestes estudos foram significativamente menores que

aqueles obtidos previamente por Reis et al. (2009) em pacientes adultos.

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Os idosos constituem um grupo de pacientes potencialmente sensível à

farmacoterapia. O avanço da idade, comorbidades e o uso de dois ou mais fármacos

concomitantes promovem alterações farmacocinéticas que podem influenciar a

resposta clínica ao tratamento antidepressivo (HERMANN;; WAADE;; MOLDEN,

2015). Waade et al. (2012) avaliaram as concentrações séricas obtidas por TDM de

14 antidepressivos de diferentes classes em pacientes adultos com idade até 40

anos, entre 40 e 65 anos e acima de 65 anos. Dos 14 fármacos incluídos na

pesquisa, observou-­se que para 12 deles a concentração sérica média foi cerca de

1,5-­2 vezes maior em pacientes com idade acima de 65 anos em relação aos

pacientes-­controle com até 40 anos, após administração da mesma dose.

Um segundo estudo de monitorização terapêutica de antidepressivos em

idosos avaliou e comparou as medidas de concentração sérica dos ISRS em

pacientes depressivos hospitalizados e ambulatoriais com idade até 60 anos e

acima de 60 anos (HERMANN;; WAADE;; MOLDEN, 2015). Os autores observaram

que os pacientes com idade superior a 60 anos apresentaram níveis séricos acima

da janela terapêutica de referência para os diferentes ISRS cerca de 2 vezes

maiores em comparação ao outro grupo.

4.5 A relação custo-­efetividade da monitorização terapêutica para fármacos antidepressivos: vale a pena?

Na área de saúde, a avaliação de custo-­efetividade permite determinar, de

forma combinada, comparativa e sistemática, os benefícios clínicos e os custos

associados a duas ou mais alternativas preventivas, diagnósticas ou terapêuticas,

além de fornecer dados objetivos e explícitos que auxiliam na tomada de decisão

(MORAZ et al., 2015). Em relação à monitorização terapêutica de antidepressivos,

estudos recentes de custo-­efetividade ainda são raros na literatura científica.

No estudo aberto e multicêntrico conduzido por Ostad Haji, Hiemke e

Pfuhlmann (2011) com pacientes internados com TDM em uso de citalopram com

acompanhamento por monitorização terapêutica, observou-­se que os indivíduos

com concentração plasmática de citalopram mantida acima de 50 ng/mL a partir do

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sétimo dia de observação permaneceram hospitalizados por menos tempo (49±20

dias versus 72±37 dias;; uma diferença de 23 dias) em relação àqueles com

concentrações plasmáticas do antidepressivo abaixo de 50 ng/mL.

Uma análise posterior deste estudo avaliou os custos com a hospitalização,

com o medicamento administrado e com os ensaios de monitorização terapêutica.

Considerando o tempo de hospitalização médio de cada grupo e o custo diário de

hospitalização para cada paciente, os autores determinaram uma diferença média

de € 5.750/paciente nos gastos de hospitalização entre os dois grupos para o

período a mais de 23 dias. Ainda que o grupo de pacientes com concentrações

acima de 50 ng/mL tenha recebido doses mais altas de citalopram e o custo diário

com o medicamento tenha sido maior (€ 3,00±0,80 versus € 2,42±0,70), este gasto

ainda foi muito menor do que os gastos por paciente gerados pelos 23 dias

adicionais de hospitalização para os pacientes com concentrações inferiores a 50

ng/mL. O menor tempo de hospitalização também proporcionou custos menores

com os ensaios de monitorização terapêutica realizados (OSTAD HAJI et al., 2013).

4.6 Limitações ao uso da monitorização terapêutica de antidepressivos

A monitorização terapêutica é um processo complexo, que tem início com a

decisão da equipe de saúde de solicitar a análise da concentração plasmática e

termina com a alteração ou não da farmacoterapia (HIEMKE, 2008). Os benefícios

do uso da MT para a otimização do plano farmacoterapêutico só são obtidos se o

método for integrado adequadamente ao tratamento clínico (HIEMKE et al., 2011).

Frequentemente, a monitorização terapêutica é utilizada inapropriadamente.

Mann et al. (2006) realizaram um estudo retrospectivo da utilização da MT de

antidepressivos em pacientes com transtorno depressivo maior em tratamento em

um hospital psiquiátrico. Os autores observaram que aproximadamente 30% das

amostras de sangue foram coletadas antes do estado de equilíbrio ter sido

alcançado após a alteração do regime de dose. O uso redundante dos ensaios de

monitorização foi observado neste estudo pelo grande número de testes realizados

sem que a dose tenha sido alterada previamente. Por outro lado, também foi

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identificada uma subutilização da MT nos casos em que mais tomadas de ensaio

teriam auxiliado no desfecho clínico. Além disso, as intervenções para alteração da

dose e posologia do antidepressivo só foi seguida pela equipe médica em apenas

30% dos casos.

Na rotina clínica em psiquiatria, a monitorização terapêutica é considerada

uma ferramenta subutilizada. Um estudo longitudinal sueco avaliou a prevalência

do uso da monitorização terapêutica para fármacos antidepressivos e antipsicóticos

na cidade de Estocolmo entre os anos de 2006 e 2013 (WALLERSTEDT;; LINDH,

2015). Os autores encontraram que a prevalência da MT para os antidepressivos

diminuiu de 0,48% em 2006 para 0,36% em 2013, enquanto que para os

antipsicóticos houve um aumento de 2,3% para 4,1%. Dentre os cinco fármacos

mais analisados rotineiramente pela MT, a nortriptilina era o único antidepressivo.

Em 2013, a prevalência da monitorização terapêutica foi maior para os fármacos

cuja MT é fortemente recomendada pela diretriz do AGNP, que incluem a

amitriptilina, a nortriptilina e a clomipramina.

Um estudo italiano analisou a prática da monitorização para psicofármacos

considerando os dados fornecidos por 44 centros de saúde mental localizados por

todo o país. Os autores observaram que a monitorização terapêutica de

antidepressivos não era realizada por estes centros e que poucos locais ofereciam

o serviço de MT para pacientes psiquiátricos (CONCA et al., 2011).

Na China, uma pesquisa em todo o país revelou que apenas 10,2% dos

laboratórios de MT avaliados fizeram recomendações de ajuste de dose para os

psicofármacos prescritos. O restante apenas forneceu os resultados de

concentração dos fármacos, sem recomendação alguma. Os antidepressivos

estavam entre os menos solicitados para os ensaios de MT (GUO et al., 2013).

5 DISCUSSÃO

Sabe-­se que prever empiricamente como será a resposta de um paciente

depressivo à farmacoterapia com antidepressivos é quase impossível. Por esse

motivo, as abordagens farmacológicas para o tratamento do TDM na rotina

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psiquiátrica ainda são baseadas, em grande parte, na “tentativa e erro” para se

encontrar o fármaco e a dose ideais para cada paciente (OSTAD HAJI;; HIEMKE;;

PFUHLMANN, 2012). Neste processo, fica claro que os pacientes estão expostos

ao maior risco de recaída ou recorrência dos episódios depressivos ou a eventos

adversos que dificultam a adesão ao tratamento e podem piorar o prognóstico da

doença.

Desde a introdução da MT por Åsberg et al. em 1971 para o antidepressivo

tricíclico nortriptilina, os diversos estudos investigando a relação entre as

concentrações plasmáticas ou séricas dos AD e os seus efeitos clínicos permitiram

que a MT fosse estendida para outros ADT (OSTAD HAJI;; HIEMKE;; PFUHLMANN,

2012). Entretanto, quase 50 anos depois, a utilização da MT para antidepressivos

ainda não é uma abordagem comum na prática clínica, principalmente para os

antidepressivos de segunda geração. Mesmo que hoje estes fármacos tenham

substituído os ADT como tratamento de primeira linha para o TDM, eles não são a

alternativa farmacoterapêutica ótima para todos os pacientes.

De acordo com os estudos apresentados neste trabalho, a biotransformação

dos antidepressivos por algumas isoenzimas do citocromo P450 exerce uma

influência muito importante e direta sobre as concentrações sanguíneas destes

fármacos e de seus produtos de biotransformação ativos. Como a expressão dessas

isoenzimas é modificada por fatores genéticos, ambientais e biológicos, isolados ou

em associação, tem-­se como consequência uma ampla variabilidade interindividual

nas concentrações plasmáticas dos AD na população em geral. Esta variabilidade

contribui para as diferenças observadas na resposta clínica à farmacoterapia

antidepressiva e no curso clínico do TDM de indivíduo para indivíduo, o que muitas

vezes dificulta prever como um paciente responderá à abordagem farmacológica

prescrita apenas baseando-­se no diagnóstico clínico.

É possível observar que os pacientes que não respondem ou respondem

parcialmente ao tratamento, tendem a necessitar da mudança do regime

farmacoterapêutico, seja por alteração da dose, substituição por outro

antidepressivo ou por associação com outros fármacos, ou precisam da substituição

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ou associação da farmacoterapia com abordagens alternativas, como a psicoterapia

e a eletroconvulsoterapia.

Diante deste cenário, a monitorização terapêutica durante o tratamento

antidepressivo pode representar uma abordagem significativamente relevante para

o manejo adequado dos pacientes depressivos. Dada a ampla variabilidade

interindividual na expressão e atividade das enzimas de biotransformação dos AD

e, como consequência, a ampla variabilidade na resposta farmacológica ao

tratamento antidepressivo, a MT torna-­se útil para a determinação do fenótipo

farmacocinético de biotransformação de cada paciente. A interpretação correta dos

resultados pode auxiliar em uma tomada de decisão clínica mais assertiva em

relação ao fármaco e à dose mais adequados para as características

farmacocinéticas individuais dos pacientes (SIROT et al., 2006).

É importante considerar, entretanto, que a biotransformação dos AD não é a

única etapa farmacocinética que afeta as concentrações sanguíneas destes

fármacos e os seus efeitos clínicos. Conforme mostrado, a regulação da

biodisponibilidade de antidepressivos no SNC pelas P-­gp também exerce papel

relevante nestes parâmetros. Porém, os estudos citados indicam que o efluxo

mediado por P-­gp pode não ser clinicamente relevante para todos os AD, pois a

associação entre polimorfismos genéticos no gene que codifica as glicoproteínas-­P

em humanos e a resposta ao tratamento foi encontrada apenas para alguns deles.

No contexto da relação entre polimorfismo genético e resposta clínica aos

AD, nota-­se que testes farmacogenéticos podem oferecer informações

complementares para confirmar o fenótipo determinado pela medida das

concentrações sanguíneas dos AD (SIROT et al., 2006), como observado nos

estudos de Rudberg et al. (2008) e Breil et al. (2008) citados, no qual a determinação

do genótipo auxiliou na interpretação dos dados de monitorização terapêutica.

Os resultados dos testes farmacogenéticos não são influenciados por fatores

ambientais, são válidos a longo prazo e a genotipagem está disponível para as

isoenzimas CYP2D6, CYP2C9/19, CYP3A4/5 e CYP1A2 (CRISAFULLI et al., 2011).

Porém, estes testes não são realizados por todos os laboratórios de monitorização

terapêutica, não estão disponíveis com facilidade no sistema de saúde da grande

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maioria dos países e a interpretação dos resultados deve ser realizada por

laboratórios especializados, condições estas que ainda limitam o uso da

farmacogenética na rotina psiquiátrica como ferramenta de suporte para a MT

(HIEMKE et al., 2011).

Apesar dos avanços no conhecimento das concentrações plasmáticas dos

AD e do desenvolvimento de novas tecnologias como os testes farmacogenéticos e

a PET, a relação concentração-­resposta ainda é controversa para alguns AD.

Com base no que foi descrito até então, a maioria dos ADT exibe relação

concentração-­resposta bem estabelecida. Os inúmeros estudos que surgiram após

o início da década de 1970 investigando as concentrações plasmáticas ou séricas

dos ADT e sua associação com a observação clínica foram essenciais para se

verificar que estes fármacos apresentam janela terapêutica estreita. Como

descobriu-­se que esta propriedade está associada a um risco elevado de toxicidade

durante o tratamento e sabendo-­se que as reações adversas são um dos principais

motivos para as altas taxas de não-­adesão à farmacoterapia antidepressiva,

justifica-­se que a MT desta classe de fármacos seja altamente recomendada na

rotina clínica, principalmente na prática da farmacovigilância.

Sabe-­se que hoje os ISRS e IRSN se tornaram os fármacos de primeira

escolha para o tratamento do TDM em substituição aos IMAO e aos ADT. Conforme

exposto, considerando-­se que os efeitos terapêuticos dos ISRS são obtidos em

doses comumente prescritas, que a sua toxicidade é relativamente menor à dos

ADT e que diversos estudos com um mesmo antidepressivo discordam entre si

quanto à correlação entre concentração plasmática e efeitos clínicos, a MT dos

ISRS acaba sendo limitada apenas a situações e grupos de pacientes especiais.

Esta observação pode indicar que a MT dos ISRS ainda seja uma ferramenta

subestimada como parte importante do tratamento de pacientes com TDM.

Entretanto, existem evidências que mostram que a monitorização terapêutica traz

benefícios clínicos e econômicos durante e após o tratamento com estes fármacos

de segunda geração (LUNDMARK et al., 2000;; OSTAD HAJI et al., 2013).

Pelos estudos descritos, a boa correlação entre as concentrações

plasmáticas e séricas dos IRSN, inclusive no SNC, com os seus efeitos clínicos

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pode facilitar a ampla aceitação e utilização da MT para esta classe de fármacos,

assim como ocorre para os ADT, mesmo que seu perfil de eficácia e segurança seja

semelhante aos ISRS. Para os AD mais novos, como os atípicos bupropiona e

mirtazapina, mais estudos são necessários para elucidar os fatores que permitem

ou não o estabelecimento de uma correlação concentração-­resposta.

De acordo com Eggart, Hiemke e Zernig (2011), ainda é muito frequente

encontrar trabalhos na literatura com um delineamento experimental questionável e

com conclusões e recomendações inconsistentes quanto à relação concentração-­

resposta para os AD. Muitos deles tentam correlacionar apenas a dose do

antidepressivo com os efeitos clínicos. Porém, considerando que as concentrações

plasmáticas dos AD podem variar cerca de 20 vezes na população em geral após

administração da mesma dose, é de se esperar que os resultados da relação dose-­

resposta não permitam conclusões significativas. Os dados de ocupação do sítio de

ação apresentados neste estudo, por exemplo, comprovam que a resposta clínica

tem correlação com a concentração plasmática, mas não com a dose.

Preskorn (2014) acredita que um vasto número de ensaios clínicos com

fármacos antidepressivos falha em não avaliar a correlação concentração-­resposta,

pois esta análise poderia fornecer informações fundamentais a respeito da

farmacocinética e farmacodinâmica dos AD. Hiemke et al. (2011) ainda afirmam

que, apesar dos avanços no conhecimento da relação entre concentração e efeitos

clínicos nas últimas décadas, estudos controlados e randomizados com diferentes

populações são necessários para melhorar a qualidade dos dados de faixa

terapêutica de referência disponíveis atualmente.

Hiemke et al. (2011) mostram que alguns estudos analisam unicamente as

concentrações plasmáticas ou séricas, sem considerar o paciente como um todo.

Por exemplo, a polifármacia é muito comum entre pacientes psiquiátricos,

principalmente entre os idosos, mas as recomendações para a utilização da MT são

baseadas essencialmente em ensaios nos quais os pacientes utilizam apenas um

fármaco. Para os pacientes depressivos especiais, como crianças, adolescentes,

gestantes e idosos, deve-­se considerar as diversas particularidades

farmacocinéticas e farmacodinâmicas e as demais condições que estes pacientes

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se apresentam. Fatores como idade, uso concomitante de medicamentos e

presença de outros problemas de saúde devem ser levados em conta nos ensaios

clínicos e nos estudos a respeito da relação concentração-­resposta, de modo que

se tenha dados desta relação cada vez mais próximos e aplicáveis à realidade da

população em geral.

Diante de todos os estudos descritos, tem-­se que o conhecimento das

propriedades farmacocinéticas dos AD, associado à medida das concentrações no

plasma ou no soro e no SNC e à determinação da ocupação dos sítios de ação/alvo

tornam a MT uma ferramenta potencial no tratamento do TDM. Sugere-­se que mais

estudos investigando a relação concentração-­resposta sejam realizados, pois

podem servir de base para a melhor implementação da MT na rotina clínica

psiquiátrica, o que pode representar um grande avanço na resposta de pacientes

depressivos ao tratamento com antidepressivos.

6 CONCLUSÃO

O transtorno depressivo maior é um problema sério de saúde pública, visto a

alta taxa de prevalência e morbimortalidade no mundo. As abordagens

farmacoterapêuticas baseadas na “tentativa e erro” ainda são muito frequentes e

pioram o prognóstico da doença, prolongando o sofrimento dos pacientes. A

monitorização terapêutica mostra um grande potencial para melhorar a eficácia e a

segurança do tratamento com fármacos antidepressivos, reduzir o risco de recaídas

e recorrências dos sintomas depressivos, e diminuir o tempo de hospitalização dos

pacientes internados e os custos com o tratamento e com a própria doença. Em

associação com a avaliação adequada dos efeitos clínicos e com testes

farmacogenéticos, a monitorização terapêutica dos antidepressivos pode favorecer

ainda mais a melhora dos pacientes depressivos e proporcionar o retorno à sua

qualidade de vida. Todavia, mais estudos bem delineados devem ser realizados

para complementar os dados de correlação concentração-­resposta disponíveis até

o presente momento e tornar ampla a utilização da monitorização terapêutica em

benefício dos pacientes com transtorno depressivo maior.

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Caio Augusto Silva Nery

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