Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DAPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS FRANCILENE DE SOUZA SILVA APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA, CAMPO FORMOSO-BA Senhor do Bonfim 2011

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Ciências Contábeis 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DAPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

FRANCILENE DE SOUZA SILVA

APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA, CAMPO

FORMOSO-BA

Senhor do Bonfim 2011

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FRANCILENE DE SOUZA SILVA

APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA,

CAMPO FORMOSO-BA

Monografia apresentada a Universidade do Estado da Bahia, Campus VII, Senhor do Bonfim-BA, Colegiado de Ciências Contábeis, como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Franklin Rami C. O. Regis

Senhor do Bonfim 2011

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FRANCILENE DE SOUZA SILVA

APURAÇÃO E CONTROLE DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SISAL: UM ESTUDO NO POVOADO DE TIQUARA,

CAMPO FORMOSO-BA

Monografia apresentada a Universidade do Estado da Bahia, Campus VII, Senhor do Bonfim-BA, Colegiado de Ciências Contábeis, como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.

Aprovada em 29 de setembro de 2011.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________ Prof. Franklin Rami C. Oliveira Regis

Orientador Universidade do Estado da Bahia - UNEB

_________________________________ Prof. Francisco Arapiraca

Universidade do Estado da Bahia - UNEB

_________________________________ Profª. Maria de Fátima Araújo Frazão

Universidade do Estado da Bahia - UNEB

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Aos meus pais, Francisco e Madalena, por mesmo não terem tido a oportunidade de saborear do mundo acadêmico, se sacrificaram para oportunizar-me a fazer parte desse mundo.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela graça da vida, pelas tristezas superadas, os sonhos realizados e objetivos alcançados.

Aos meus pais, meus maiores incentivadores, “meus heróis, meus amigos”.

A meu esposo por cuidar da nossa filha, para que eu pudesse desenvolver esse trabalho.

As minhas irmãs, na ajuda constante ao longo dessa batalha.

Ao meu orientador, Prof. Franklin Rami C. O. Regis, que muito contribuiu no êxito desse trabalho final.

A minha amiga Diana e colaboradora desde os primeiros rabiscos em 2009 até agora, na reta final.

Aos amigos e colegas do curso.

A todos os meus professores por me ajudarem a crescer em sabedoria.

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Não há ruptura sem dor. A única coisa digna a se fazer é atravessar. [...] A contradição também tem sua beleza. Sobretudo não reclame, o nhennhenhem faz a gente andar em círculos em torno daquilo de que se abriu mão. Se não está resolvido, volte, peça perdão, curve-se, e siga ali até ter certeza de que a coisa não serve mais",[...] Feito isso, largue, deixe em paz, vire a cabeça e perceba que o horizonte está cheio de possibilidades.

Maitê Proença, 2011

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RESUMO

Considerando a importância da cultura do sisal para o semi-árido baiano, no entanto tão pouca rentável para os produtores dessa cultura, esta pesquisa monográfica tem como objetivo evidenciar como a Contabilidade de Custo e Rural podem contribuir para otimizar a produção do sisal na região de Tiquara, Campo Formoso - Ba, maior prudutor do estado. No primeiro momento faz-se um breve relato acerca da Contabilidade, evidenciando sua evolução como Ciência, suas principais características, a Contabilidade Rural e o processo de produção da cultura do sisal. Em seguida apresenta-se uma a análise contábil dos custos e a gestão contábil na área agrícola com foco na apuração e controle dos custos na cultura do sisal. A metodologia desenvolvida teve um caráter qualitativo e quantitativo e foi realizada com pesquisa bibliográfica através de livros, revistas, artigos, pesquisas na internet e pesquisa de campo com aplicação de questionários a seis produtores de sisal do Povoado pesquisado, com a finalidade de analisar a situação atual; e observação participante com uma proposta de intervenção. A pesquisa revela que os produtores de sisal pesquisados não fazem uso de mecanismos contábeis, não realizam manejo adequado e que se trata de uma cultura que não oferece rentabilidade.

Palavras-Chave: Produtor rural. Produtividade. Controle. Custo de produção. Rentabilidade.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Plantio da lavoura do sisal enfileirada................................ 29

Figura 2 Corte das folhas.................................................................. 30

Figura 3 Transporte das folhas por um asinino................................. 31

Figura 4 Máquina Paraibana para o desfibramento das folhas........ 31

Figura 5 Transporte das folhas por um asisino................................. 33

Figura 6 Secagem da fibra do sisal................................................... 33

Figura 7 Batedeira de sisal................................................................ 34

Figura 8 Fluxograma esquemático do Custeio Por Absorção e Custeio Variável................................................................... 41

Figura 9 Produção de sisal/kg Faz. Boa Vista................................... 57

Figura 10 Produção de sisal/kg Faz. Mandacaru................................ 57

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LISTA DE QUADROS

Tabela 1 Classificação das atividades rurais......................................... 22

Tabela 2 Indicadores PIB/agropecuária.................................................. 24

Tabela 3 Exploração Agrícola................................................................. 52

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Percentual de idade das culturas de Sisal existentes no

povoado de Tiquara................................................................ 52

Gráfico 2 Perdas na produção decorrente da Podridão vermelha......... 53

Gráfico 3 Percentual de produtores relacionados ao período de corte

do sisal. ................................................................................... 54

Gráfico 4 Percentual de custos de produção..........................................

60

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APAEB - Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidario da Região sisaleira

CAR - Companhia de Desenvolvimento e Ação regional

Conab - Companhia Nacional de Abastecimento

Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FAO - Food Agriculture Oganization Fundacentro

Fundacentro - Fundação Joge Duprat Figueredo de Medicina e Segurança do Trabalho

ha - hectare

IBGE -

MDA -

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Ministerio do Desenvolvimento Agrário

PIB - Produto Interno Bruto

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 12

1 CONTABILIDADE E A PRODUÇÃO DO SISAL ............................................................................ 16

1.1 A CONTABILIDADE E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS .............................................................. 16 1.1.1 Conceito ......................................................................................................................... 16 1.1.2 Objeto e objetivo da Contabilidade ............................................................................. 17 1.1.3 Importância e finalidade ............................................................................................... 18 1.1.4 Evolução Contábil ......................................................................................................... 19

1.2 A CONTABILIDADE RURAL E SUAS ESPECIFICIDADES ...................................................................... 20 1.2.1 Campo de atuação ......................................................................................................... 21 1.2.2 Ramificações .................................................................................................................. 22

1.3 O SISAL E SEU PROCESSO DE PRODUÇÃO ..................................................................................... 24 1.3.1 O sisal e sua importância na agricultura baiana ........................................................ 25 1.3.2 Etapas do processo produtivo ..................................................................................... 27

1.3.2.1 Escolha do terreno e preparo do solo .................................................................................. 28 1.3.2.2 Plantio .................................................................................................................................. 28 1.3.2.3 Colheita ................................................................................................................................ 29 1.3.2.4 Desfibramento ...................................................................................................................... 31 1.3.2.5 Beneficiamento da Fibra ...................................................................................................... 33 1.3.2.6 Mutilações no beneficiamento do sisal ................................................................................. 34

2 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE CONTROLE DOS CUSTOS NA CULTURA E

PRODUÇÃO DO SISAL .................................................................................................................. 36

2.1 A ANÁLISE CONTÁBIL DOS CUSTOS ............................................................................................... 36 2.1.1 Conceito ......................................................................................................................... 37 2.1.2 Objeto e objetivos da Contabilidade de Custos ......................................................... 38 2.1.3 Classificação dos custos .............................................................................................. 39 2.1.4 Sistemas de Custeio...................................................................................................... 40

2.2 A GESTÃO CONTÁBIL NA ÁREA AGRÍCOLA ...................................................................................... 43 2.2.1 O controle de custos nas atividades agrícolas .......................................................... 43 2.2.2 As peculiaridades da agricultura ................................................................................. 45 2.2.3 O gerenciamento dos custos na produção agrícola .................................................. 46 2.2.4 Dos custos na cultura do sisal ..................................................................................... 47

3 O APRIMORAMENTO DA RENTABILIDADE E CONTROLE DA PRODUÇÃO E

COMERCIALIZAÇÃO DO SISAL ......................................................................................................... 49

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................................ 49 3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ..................................... 51

3.2.1 Exploração Agrícola ...................................................................................................... 51 3.2.2 Sistemas de Produção – Cultura do Sisal .................................................................. 53 3.2.3 Comercialização do Sisal ............................................................................................. 55 3.2.4 Rentabilidade da Cultura do Sisal ............................................................................... 56

CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 63

APÊNDICES .......................................................................................................................................... 66

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INTRODUÇÃO

O sisal, uma fibra do grupo cultura hortícula, vem demonstrando crescimento

e ocupando lugar de importância na economia. No Brasil, o cultivo do sisal ocupa

uma extensa área de solos pobres na região semi-ardida dos Estados da Bahia,

Paraíba e Rio Grande do Norte, em áreas com escassa ou nenhuma alternativa para

exploração de outras culturas.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (2006), destaca

que a importância do sisal para a economia do setor agrícola nordestino pode ser

analisada sob diversos aspectos, merecendo destaque a geração de renda e

emprego para um contingente de aproximadamente 800 mil pessoas,

proporcionando divisas para os Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A produção dessa fibra tem apresentado um relevante crescimento nos

últimos anos, como aponta dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE em pesquisa realizada em 2007. Segundo a mesma, houve um aumento de

mais de 60 mil toneladas de sisal em um ano, das quais a Bahia representa 90% da

produção.

Tendo em vista a representatividade do sisal na economia baiana este

trabalho aborda o tema de contabilidade rural voltadada para área de custos no

setor sisaleiro. Campo Formoso é um dos maiores produtores dessa cultura,

inclusive Carvalho (2007) aponta que em 2007, o município teve participação de

mais de 50% da produção do Estado. A maior concentação dessa podução está na

região de Tiquara, que fica a 28 km da sede do município.

Nesse sentido, a pesquisa foi realizada considerando a prática agrícola dos

produtores de Tiquara, tendo como título Apuração e Controle de Custos na

Produção de Sisal: Um Estudo no Povoado de Tiquara, Campo Formoso – Ba.

Mesmo tendo um grande destaque nesse ramo, os pequenos produtores

reclamam dos custos altos e que o lucro não é compensatório. Daí surgiu a

indagação: Como a Contabilidade de Custo e Rural podem contribuir para

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otimizar a produção do sisal na região de Tiquara, Bahia?

As hipóteses indicam possíveis soluções para o problema, assim sendo

levantou-se o que se segue: os maus resultados na agropecuária podem estar

associados à falta de mecanismos contábeis atualizados; logo defende-se que para

alcançar melhores resultados e utilizar sua capacidade máxima de produção, a

agropecuária exige novos mecanismos contábeis de controle de gastos em função

dos avanços no melhoramento das culturas através de insumos e equipamentos; e o

não aproveitamento dos resíduos do desfibramento, doenças e o manejo deficitário

da fertilidade dos solos dificultam o processo de produção do sisal e encarecem o

produto final, comprometendo o lucro dos pequenos produtores.

Este estudo teve como objetivo compreender como a contabilidade pode

contribuir para otimizar a produção de sisal. E para tanto foi estabelecido o seguinte

objetivo geral: investigar a forma de apuração e controle dos custos na produção de

sisal de produtores do povoado de Tiquara-Ba e sua relação com o volume e

qualidade da produção. Para isso se procurou, especificamente, investigar a

importância da Contabilidade no processo de produção da cultura do sisal, averiguar

como a contabilidade pode auxiliar na apuração e controle dos custos na cultura do

sisal; e propor um método de acompanhamento e controle dos custos visando o

aprimoramento do lucro na produção e comercialização do sisal.

Segundo dados da Embrapa (2006), a Bahia é o maior produtor de sisal do

país e representa mais de 95% da produção da fibra nacional. O cultivo do sisal se

estende por 75 municípios, atingindo uma área de 190 mil ha em propriedades de

pequeno porte, menores que 15 ha, nas quais predominam a mão-de-obra familiar,

perfazendo uma população de aproximadamente 700 mil pessoas que vivem, direta

ou indiretamente, em estreita relação com essa fibrosa.

Diante da importância dessa fibra na economia do país e, sobretudo, no

município de Campo Formoso, é que se evidencia a relevância social desta

pesquisa, que adveio da observação a cerca das dificuldades demonstradas por

pequenos produtores de sisal da região de Campo Formoso – BA, especificamente

no Povoado de Tiquara.

Daí surgiu a necessidade de um estudo investigativo, em torno das causas

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que tornam difícil a produção do sisal desse Povoado, bem como uma proposta de

método de apuração e controle dos custos. Essa proposta visa ao melhoramento e

aumento da produção, visto que se faz necessário ao produtor, além de conhecer os

custos referentes à cultura do sisal, o estabelecimento de mecanismos de apuração

e controle, para alcançar melhores resultados.

Por está pesquisadora fazer parte da comunidade de Tiquara há mais de vinte

anos, e conhecendo de perto as dificuldades desses produtores, surgiu o interesse

em pesquisar, com uma visão Contábil, a cultura do sisal. Esse interesse também se

respalda no fato de o sisal ter relevante valor para a economia do estado da Bahia e,

principalmente, para o povoado supracitado, por ser a maior fonte de renda da

população.

Nesta pesquisa optou-se por desenvolver um estudo de caráter qualitativo e

quantitativo. Qualitativo por envolver a obtenção de dados descritivos, obtidos

no contato direto do pesquisador com a situação estudada. E segundo

Fiorentini (2009) “[...] o pesquisador se introduz no ambiente a ser estudado

não só para observá-lo e compreendê-lo, mas, sobretudo para mudá-lo [...]”.

E quantitativo por mensurar e permitir o teste de hipóteses e resultados mais

concretos e, consequentemente, menos passíveis de erros de interpretação.

(NEVES, 1996).

A pesquisa teve como proposta metodológica a coleta de dados através de

pesquisa bibliográfica e pesquisa em campo. Primeiramente foi feito a pesquisa

bibliográfica, a qual buscou-se conhecer e analisar as principais contribuições

teóricas existentes sobre o tema pesquisado, através de livros, revistas, artigos,

monografias, e uma variedade de produções e periódicos disponíveis na Internet.

Em seguida realizou-se uma pesquisa de campo e para tanto se usou como

instrumento de coletas de dados o questionário em sistema de entrevista e a

observação participante como proposta de intervenção, aplicado a alguns produtores

de sisal do povoado de Tiquara, Campo Formoso – BA.

Este trabalho teve como objeto de estudo a análise da contabilidade de

custos aplicada à produção de sisal, sendo o mesmo apresentado em três capítulos.

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No primeiro capítulo fez-se um breve relato a sobre Contabilidade,

evidenciando sua evolução como Ciência, suas principais características, a

Contabilidade Rural e o processo de produção da cultura do sisal. No segundo

capitulo, a análise contábil dos custos e a gestão contábil na área agrícola com foco

na apuração e controle dos custos na cultura do sisal.

O terceiro capítulo demonstra todo processo metodológico no decurso da

pesquisa em campo, desde os dados coletados, atividade de intervenção e análise

dos dados.

E por fim na conclusão apresenta-se algumas considerações referentes á

elaboração da presente pesquisa.

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1 CONTABILIDADE E A PRODUÇÃO DO SISAL

Sabe-se que através dos tempos, a área contábil vem criando novas

especialidades e, por conta disto, tem ampliado seu campo de atuação, o que a

tornou cada vez mais uma ciência indispensável a toda e qualquer atividade

humana. Esse avanço diz respeito tanto às atividades com finalidades lucrativas

bem como às sem fins lucrativos de pessoa jurídica ou física.

Todas as movimentações passíveis de mensuração monetária são

registradas pela contabilidade que se utiliza de relatórios para resumir os dados

levantados. Essa ferramenta é a base norteadora de todo e qualquer

empreendimento, inclusive, no setor agrícola, campo de pesquisa deste trabalho

científico que trata da cultura do sisal.

1.1 A CONTABILIDADE E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Importa saber que a Contabilidade já há muito tempo deixou de ser apenas

uma “registradora” de débitos e créditos, para ao final de um ano levantar um

balanço patrimonial. Hoje, ela deve estar a serviço dos administradores, como um

suporte capaz de levar a entidade rumo ao sucesso.

Deve-se, portanto, não somente produzir relatórios físicos, mas fazê-los em

linguagem acessível aos seus mais diversos usuários.

A seguir apresentam-se conceito; objeto e objetivo; finalidade e importância

da Contabilidade.

1.1.1 Conceito

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17

Em se tratando de conceito de Contabilidade, muitos autores têm se

manifestado de forma peculiar nas suas proposições. Neves e Viceconti (2003)

afirmam que a Contabilidade é uma Ciência com metodologia própria, e tem como

propósito controlar o patrimônio das azienda1, prestar informações às pessoas que

tenham interesse na avaliação da situação patrimonial e do desempenho dessas

entidades.

Marion (1998 p.6) apresenta um conceito mais sintético, porém preciso,

definindo-a como “[...] um instrumento que fornece o máximo de informações úteis

para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”.

Rios (2009, p. 10), por sua vez, define a Contabilidade de maneira sutil e

genérica.

A contabilidade pode ser definida como um sistema de informação e avaliação a serviço dos seus usuários; como a arte de registrar as transações das empresas que possam ser expressas em termos monetários ou como a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos econômicos – financeiros ocorridos numa entidade contábil.

Diante desses conceitos, fica claro que a Contabilidade é uma ciência social,

por ter objeto de estudo e estar a disposição da sociedade. Ela se apresenta como

uma “bússola” orientadora a serviço tanto para um indivíduo – pessoa física, quanto

para uma empresa com ou sem fins lucrativos – pessoa jurídica.

Por fim, pode-se finalizar afirmando que a Contabilidade é um sistema muito

bem idealizado, accessível e indispensável para bem gerir todo e qualquer

empreendimento. Essa sistemática é feita mediante o registro e controle de todos os

atos e fatos econômico-financeiro, decorrente da gestão da riqueza patrimonial e

seus reflexos causados pelas suas variações.

1.1.2 Objeto e objetivo da Contabilidade

1 Complexo de obrigações, bens materiais e direitos que constituem um patrimônio, representados

em valores ou que podem ser objeto de apreciação econômica, considerado juntamente com a pessoa natural ou jurídica que tem sobre ele poderes de administração e disponibilidade; fazenda.

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Um dos requisitos primordiais para reconhecer uma área do conhecimento

como Ciência é possuir um objeto de estudo. Portanto, a Contabilidade, como

Ciência que é, tem como seu objeto o estudo do patrimônio das entidades

econômico-administrativas em sua total amplitude.

Neste contexto, afirma-se que patrimônio é tudo aquilo que se possui, tanto

materiais como imateriais. Porém podendo estar consigo ou em mãos de terceiros,

desde que possa ser avaliado em moeda.

Ribeiro (2005), ao abordar o tema, aplicando-se especificamente as entidades

econômico-administrativas, classifica-o em bens materiais ou imateriais; direitos,

valores a receber de terceiros e obrigações, valores a pagar a terceiros.

Vale ressaltar que toda e qualquer entidade, para se manter em perfeito

equilíbrio, necessita de um fidedigno acompanhamento do seu patrimônio. Partindo

desse pressuposto, a Contabilidade tem o objetivo de fazer esse acompanhamento.

Portanto, o controle de todos os fatos decorrentes da gestão patrimonial, é

indispensável a toda entidade. Tendo em vista que com um acompanhamento

controlado a empresa estará amparada e poderá melhor gerir seus negócios.

1.1.3 Importância e finalidade

Desde o passado remoto, na Hera primitiva, que havia uma necessidade de o

homem registrar seus pertences. Ou seja, uma necessidade em conhecê-los,

controlá-los e inventariá-los, para melhor gestão e organização da comunidade.

Dessa necessidade de o homem controlar e gerenciar seu patrimônio surgiu,

gradativamente mecanismos de registros. Os registros se iniciaram com talhos em

pedaços de paus, até se chegar aos dias atuais com sofisticados sistemas contábeis

e gerenciais.

Portanto o registro, seja por que meio for, é uma necessidade indispensável,

principalmente para uma organização a serviço da sociedade. Não importa o seu

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19

porte, ele precisa conhecer aquilo que possui e obter o maximo de informações a

respeito do empreendimento, para assim, obter resultados positivos.

Para Neves e Viceconti (2003, p.20) “[...] prestar informações é de

fundamental importância, porque elas são necessárias ao processo de tomada de

decisões pelos administradores de uma entidade, bem como pelos demais usuários

da contabilidade”.

Isso se dá através do fornecimento de informações de ordem econômica e

financeira sobre o patrimônio. As informações de ordem econômica dizem respeito à

movimentação de compra, venda despesas, receita e lucros ou os prejuízos; já as

informações de ordem financeira se referem ao fluxo de caixa, entradas e saídas de

dinheiro. (RIBEIRO, 2005)

1.1.4 Evolução Contábil

A contabilidade integra hoje um setor muito importante do conhecimento e

constitui parte do que se convencionou chamar de “ciência da informação”. Ela não

esgota, em si, todas as informações necessárias à tomada de decisões, mas dispõe

de recursos que lhe permite registrar dados, levantar posições e apresentar

demonstrações dos resultados da gestão das organizações.

De acordo Iudícibus “e outros” (2006, p.1),

A contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer este, seja este pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo.

O estudo da contabilidade vem passando por uma transformação acentuada,

com o objetivo de transformá-la num instrumento eficiente de administração,

sofrendo os seus conceitos básicos uma evolução condizente com as atuais

condições econômicas do mundo. No entanto no século passado, a contabilidade foi

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20

usada como instrumento de controle nos países que tinham regime político e

econômico controlado pelo governo de forma centralizada. (IUDÍCIBUS “e outros”,

2006).

Dentro desse contexto a ciência contábil, hoje utilizada por qualquer pessoa

que objetiva a lucratividade, passou por evoluções ao longo dos anos

acompanhando o desenvolvimento econômico da sociedade.

[...] o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente associado ao surgimento do capitalismo, como forma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma exploração comercial ou industrial. (IUDÍCIBUS “e outros”, 2006, p.1).

Esse processo de modernização da contabilidade apóia-se preferencialmente

na experiência fornecida e vivida pelas empresas. Com isso, ao longo dos tempos,

tem alcançado grandes avanços, tanto quantitativos como qualitativos,

principalmente com o advindo do capitalismo.

Portanto, a Contabilidade fornece aos administradores um fluxo contínuo de

informações sobre os mais variados aspectos das gestões financeiras e econômicas

das empresas.

Segundo Iudícibus “e outros” (2006), a ciência contábil é dividida em dois

campos de atuação: a Contabilidade Financeira, que tem maior utilidade ou visaria

os agentes econômicos externo da empresa, e é apresentada através de

demonstrativos financeiros que são o Balanço Patrimonial, a Demonstração de

Resultados, a Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos e os Fluxos de

Caixa.

O outro campo é a Contabilidade Gerencial, que visaria primeiramente à

administração da empresa, e nela esta incluída também a Contabilidade de Custos,

a qual muito será abordada neste trabalho.

1.2 A CONTABILIDADE RURAL E SUAS ESPECIFICIDADES

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A atividade rural vem crescendo significativamente ao longo dos anos, e em

virtude desse crescimento a sua importância econômica perante a sociedade é cada

vez maior. Assim sendo a Contabilidade uma ciência que estuda o patrimônio,

dentro do ramo de atividades de qualquer setor da economia, é correto afirmar que o

setor rural é assistido pela Contabilidade Rural.

1.2.1 Campo de atuação

A contabilidade rural é usada por empresas rurais ou pessoas físicas, que são

os pequenos e médios produtores, de acordo com as atividades desenvolvidas.

As peculiaridades de cada empresa rural determinarão o tipo de organização contábil a ser adotado, devendo esta adaptar-se ás características especiais de gestão e organização da empresa. Para isto, torna-se necessário o perfeito conhecimento dos elementos materiais e humanos, a natureza das culturas e das criações o sistema de gestão econômica, a orientação e os desejos da administração para a escolha das contas, dos registros e dos formulários (meios formais) a serem utilizados. (CALLADO; CALLADO, 1994, p.4).

Uma boa administração, e um melhoramento nos resultados das atividades

rurais, requer uma atenção e conhecimento da área de produção. E para tanto, as

técnicas contábeis são indispensáveis, independente do porte, se pessoa física ou

jurídica, para uma boa gestão tanto no que diz respeito aos recursos materiais como

aos recursos humanos.

Na definição de Crepaldi (1998, p. 23), a “Empresa Rural é a unidade de

produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas,

criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

Os campos de atuação da Contabilidade Rural são as atividades de

exploração da terra, como define Crepaldi (2006). O mesmo explica que essas

atividades podem ser: “[...] cultivo de lavouras ou a criação de animais, com vistas à

obtenção de produtos que venham a satisfazer às necessidades humanas”.

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22

1.2.2 Ramificações

Essa Contabilidade pode ser ramificada com diversas especificações, por

conta da sua diversidade de produção. A variação dessas especificações é

apresentada por Crepaldi (1998), da seguinte forma: atividades em agricultura,

pecuária, extração e exploração vegetal e animal, além de transformação de

produtos agrícolas ou pecuários.

Em relação às transformações dos produtos rurais, afirma que estas não

devem alterar a composição e as características do produto in natura, pois se assim

ocorresse, seria puramente industrialização. Essa observação tem relação com o

aspecto tributário das atividades rurais, que será tratada adiante.

Já Marion (2007), classifica de acordo com cada ramo de atividades

desenvolvidas relacionadas à produção vegetal que são as atividades agrícolas: à

produção animal, as atividades zootécnicas e indústrias rurais, as atividades

agroindústrias. Para ele essas atividades comportam determinados cultivares

exposto no quadro a seguir.

Quadro 1 – Classificação das atividades rurais

ATIVIDADE AGRÍCOLA ATIVIDADE ZOOTÉCNICA

ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL

Culturas hortícolas e forrageira:

Apicultura (criação de abelhas);

Avicultura (criação de aves);

Cunicultura (criação de coelhos);

Pecuária (criação de gado);

Piscicultura (criação de peixes);

Ranicultura (criação de rãs);

Sericicultura (criação do bicho-da-seda);

Beneficiamento do produto agrícola (arroz, café, milho);

Transformação de produtos zootécnicos (mel, laticínios, casulos de seda);

Transformação de produtos agrícolas (cana-de-açúcar em álcool e aguardente; soja em óleo; uvas em vinho e vinagre; moagem de trigo e milho).

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23

Outros pequenos animais.

Cereais (feijão, soja, arroz, milho, trigo, aveia...);

Hortaliças (verduras, tomate, pimentão...);

Tubérculos (batata, mandioca, cenoura...);

Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta...);

Especiarias (cravo, canela...);

Fibras (algodão, pinho...);

Floricultura, forragens, plantas industriais...

Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta...);

Especiarias (cravo, canela...);

Fibras (algodão, pinho...);

Floricultura, forragens, plantas industriais...

Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta...);

Especiarias (cravo, canela...);

Arboricultura:

Florestamento (eucalipto, pinho...);

Pomares (manga, laranja, maçã...);

Vinhedos, olivais, seringais etc.

Fonte: Marion (2005, p.24-25).

A lista (quadro 1) não é exaustiva, pois muitas outras culturas poderiam ser

elencadas, tais como o sisal que esta alocada ao grupo das culturas hortícolas,

especificamente o das fibras.

Page 25: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

24

1.3 O SISAL E SEU PROCESSO DE PRODUÇÃO

A agropecuária é um setor crescente na economia brasileira, de 2002 até

2009 somaram uma aumento de quase 50% do produto interno bruto – PIB como

mostra valores no quadro 2.

Quadro 2 – Indicadores PIB/agropecuária

PRODUTO INTERNO BRUTO

ANO AGROPECUÁRIA

2002 R$ 84.251.000,00

2003 R$ 108.619.000,00

2004 R$ 115.194.000,00

2005 R$ 105.163.000,00

2006 R$ 111.229.000,00

2007 R$ 127.267.000,00

2008 R$ 152.273.000,00

2009 R$ 166.705.000,00

Fonte: Conab (2010)

Dentre as diversas atividades desse ramo está a produção de sisal, uma fibra

do grupo cultura hortícola, que só em 2007 exportou US$ 100 milhões (SISAL

NEWS, 2007). Essa fibra é utilizada na fabricação de cabos, cordoalhas, artigos de

artesanato, além de se utilizar a polpa para produção de ração para os animais,

adubos, álcool, cera etc. São dois os tipos de sisal: sisalana (sisal comum) e Híbrido.

O primeiro é amplamente cultivado na região nordeste, enquanto o segundo é

menos cultivado e, segundo Souza Sobrinhos (1985 apud EMBRAPA, 2006), esta

espécie foi desenvolvida na região oeste da África.

O sisal dá origem à principal fibra dura produzida no mundo, contribuindo com

aproximadamente 70% da produção comercial de todas as fibras desse tipo. (Food

Agriculture Oganization - FAO, 2003).

No Nordeste do Brasil, a exploração do sisal se concentra no interior dos

Estados da Bahia e Paraíba, que representam 78% e 20%, respectivamente, da

produção nacional (CONAB, 1996), em áreas onde, geralmente, as condições de

clima e solo são poucos favoráveis ou de escassas alternativas para a exploração de

outras culturas que ofereçam resultados econômicos satisfatórios.

Page 26: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

25

A fibra do sisal, na forma bruta, beneficiada ou industrializada, representa

fonte de divisas e riqueza para estes Estados, pois se trata de um produto de

exportação que gera da ordem de 80 milhões de dólares.

É também, pela capacidade de geração de emprego, por meio de sua cadeia

de serviço, com as atividades de manutenção das lavouras, desde a colheita,

desfibramento, beneficiamento da fibra, até a industrialização e confecção de

artesanato (SILVA; BELTRÃO, 1999).

A exploração do sisal concentra-se, geralmente, em áreas de pequenos

produtores, com predomínio do trabalho familiar sendo, portanto, importante agente

de fixação do homem à região semi-árida nordestina.

Além de servir como atividade de apoio à pecuária em nível das fazendas,

pelo uso direto da planta na alimentação dos bovinos ou através da pastagem nativa

nas áreas exploradas com a cultura.

Levando-se em consideração o número de pessoas envolvidas direta ou

indiretamente no processo produtivo, que é cerca de 850 mil pessoas (Companhia

de Desenvolvimento e Ação regional – CAR (1994 apud APROSICS, 1997), é de

fundamental importância a busca de alternativas que viabilizem a competição da

fibra com os fios sintéticos. Visto que eles se constituem também num dos principais

fatores responsáveis pelo baixo preço da fibra do sisal.

Neste particular, a redução dos custos de produção, o aproveitamento dos

subprodutos do desfibramento e a maior eficiência no processo de descortiçamento,

são pontos que devem ser atacados em primeiro plano, para tornar a cultura atrativa.

Assim, a Embrapa vem desenvolvendo pesquisas em diferentes áreas de

conhecimento, com o objetivo de definir um novo sistema de produção, de viabilizar

a mucilagem para alimentação animal e de apresentar alternativas de uso da fibra.

1.3.1 O sisal e sua importância na agricultura baiana

Page 27: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

26

A cultura do sisal é de fundamental importância na agricultura por ser fonte de

renda para milhares de brasileiros, especificamente na região nordeste.

A cultura do sisal gera mais de meio milhão de empregos em áreas marginais com vistas à prática da agricultura; sua ampla adaptação ao semi-árido da região Nordeste também constitui outra vantagem deste cultivo. Região Sisaleira no estado baiano apóia-se espacialmente nas regiões econômicas do Nordeste (15 municípios), da Piemonte da Diamantina (12 municípios) e do Paraguaçu (10 municípios). (CARVALHO, 2007, p.25)

Com clima propício para a produção do sisal, as populações baianas vêem na

atividade sisaleira uma forma de promoção e inclusão social das comunidades que

subsistem desta cultura.

Segundo pesquisa realizada sobre a produção de sisal na Bahia o Centro

Norte produziu 105 mil toneladas, o Nordeste 87 mil toneladas e o Centro Sul 1.431

toneladas, sendo que o ranking com o município de Campo Formoso com a

produção de 58.055 toneladas (CARVALHO, 2007).

Por ser o maior produtor mundial, a Bahia deverá sempre apresentar uma

oferta crescente deste produto no mercado, e nesse sentido Silva (2004) defende

que para assumir o compromisso de abastecer a indústria sisaleira, deverá ser feito

na região um incremento no consumo, da ordem de 33.000 ton/ano a mais do que o

consumo atual.

Neste contexto, Carvalho (2007) afirma que “[...] o desenvolvimento de novos

sistemas de produção que viabilizem a competição da fibra com os fios sintéticos, a

redução de custos de produção, o aproveitamento dos subprodutos [...]” são

extremamente necessários.

Apesar da grande importância sócio econômica que o sisal apresenta para os

27 municípios produtores do Estado da Bahia, e dos 20 da Paraíba (CAR, 1994

apud APROSICS, 1997), é fácil compreender o grau de importância que o produto

(fibra e Barbante) sofre em relação às condições impostas pelo mercado

internacional.

Contudo, o advento da globalização da economia tem agravado muito a

situação da cultura do sisal. A baixa rentabilidade inviabiliza a prática dos tratos

culturais, levando esta ao abandono ou cedendo espaço para pastagens e outras

Page 28: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

27

culturas, muitas vezes de alto risco, diante das condições locais de solo e clima.

Outro agravante é a perda ocasionada por doença, pois segundo dados

publicados pelo brazilianfibres (2010), “[...] nos últimos 10 anos, a produção de sisal

no sertão da Bahia vem declinando acentuadamente devido à ocorrência da

podridão vermelha, uma doença que ataca o pseudo caule matando a planta.” A

Podridão Vermelha do sisal, também chamada de Podridão do tronco do sisal, é

uma doença fungíca, cujo agente causal é o Aspergillus niger um ascomiceto, que

pode ser veiculado pelo solo, água, vento, ferramentas infectadas e a doença é

caracterizada pelo escurecimento interno dos tecidos do tronco. (SUINAGA “e

outros”, 2005).

Os mesmos autores afirmam que não existe tratamento curativo para a

doença, entretanto destaca algumas medidas preventivas:

[...] arrancar e queimar plantas com seus sintomas; plantar filhotes (rebentos) provenientes de campos sadios para implantação de novos campos; utilizar o resíduo do desfibramento como adubação orgânica para melhorar a fertilidade do solo, evitando-se estresses nutricionais á planta e manter por maior tempo a umidade do solo e o plantio consorciado com outras culturas. (SUINAGA “e outros”, p. 37, 2005).

1.3.2 Etapas do processo produtivo

A produção do sisal na região do Nordeste é muito promissora, por apresentar

clima quente e semi-árido adequado ao seu bom desenvolvimento. “O sisal prefere

também dias completamente ensolarados; pois, caso contrário, as folhas se tornam

flácidas, diminuindo o vigor e enfraquecendo as fibras”. (BANDEIRA “e outros”,

1999, p. 13).

Os tratos no processo produtivo com a cultura do sisal, tecnicamente falando

são bastante simples, visto que suas etapas se desenvolvem com mínima

tecnologia. Geralmente é realizado por grupos familiar, basicamente manualmente.

Page 29: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

28

1.3.2.1 Escolha do terreno e preparo do solo

A área escolhida deve ser de elevações suaves e, de preferência, com

exposição leste-oeste, correspondente à maior luminosidade, fator preponderante no

desenvolvimento do sisal.(SILVA; BELTRÃO, 1999).

De acordo com Castro (2006), os melhores solos para o cultivo do sisal são

os rasos e pedregosos, arenosos e argilosos. Solos muito comuns no semi-arido

nordestino, têm contribuído para a implantação da cultura nessa região.

O mesmo autor diz que no preparo do solo, a necessária limpeza do terreno

pode realizada através de diversas operações:

• desmatamento – em áreas extensas recomenda-se o uso de correntão;

para áreas menores, deve-se usar a tração mecânica ou efetuá-lo

manualmente;

• queima – deve ser efetuada de forma criteriosa;

• encoivaramento – consiste no ajuntamento dos restos de vegetais de

maior porte.

• ou ainda: repasse, aração, gradagem

1.3.2.2 Plantio

Após o preparo do terreno (Bandeira, 1999) diz que:

[...] procede-se à marcação da área para o plantio das mudas que deve ser sempre cortando as águas sem, no entanto, acompanhar rigorosamente as curvas de nível.

Em terrenos planos, recomenda-se que as linhas de plantio sigam o sentido perpendicular ao caminhamento do sol, para se evitar o sombreamento entre as plantas; é aconselhável, também, que os talhões apresentem dimensão de aproximadamente 2ha, com o objetivo de facilitar a operação de colheita e o transporte da produção. (p.14)

Page 30: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

29

Silva e Beltrão (1999) acrescentam que a não-observação das

recomendações para plantio poderá implicar na formação de sisalais desuniformes

quanto ao tamanho das plantas, à época de corte, à produção e à maturidade das

fibras produzidas.

Quando do plantio definitivo, os mesmos autores orientam que o produtor

deve proceder à abertura de sulcos, com sulcador tratorizado, em solos que

permitam o tráfego de máquinas, ou covas, com enxada ou enxadão, em terrenos

com topografia acidentada e em perfeito alinhamento enfileiradas. (Figura 1.)

Figura 1. Plantio da lavoura do sisal enfileirada Foto: Odilon R. R. F. da Silva.

Os tratos culturais recomendados por Silva e Beltrão (1999), após o plantio

são de duas a três capinas no primeiro ano, dependendo da incidência das

invasoras e, para o segundo ano, uma ou duas capinas, podendo ser uma logo após

o início do inverno e outra no final.

1.3.2.3 Colheita

A primeira etapa do processo de colheita do sisal consiste no corte periódico

de determinado número de folhas da planta, feito manualmente, com uma pequena

foice ou faca, rente ao tronco. (Figura 2)

Page 31: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

30

Em geral, na região Nordeste, a planta de sisal é submetida a um corte por

ano, mas este intervalo (12 meses) nem sempre é observado, pois, dependendo da

conjuntura de preços do mercado, o produtor pode protelar, ou então antecipar o

corte e, quando o antecipa, geralmente procede a um corte drástico, incluindo folhas

prematuras, o que afeta a qualidade da fibra.

Em condições normais de colheita, a prática viável é realizar o primeiro corte,

aproximadamente, aos 36 meses após o plantio, (figura 2: plantio) podendo ser

colhidas entre 50 e 70 folhas, deixando-se entre 7 a 12 folhas. ( BANDEIRA, 1999).

Por ser um vegetal monocárpico, isto é, floresce uma só vez durante o ciclo de

crescimento e desenvolvimento que é de, em média, 8 a 10 anos; decaindo a

produção e posteriormente, a planta morre. (SALES, 2004)

Figura 2. Corte das folhas Foto: Odilon R. R. F. da Silva.

Para o custo de produção da cultura do sisal, o transporte das folhas cortadas

para o local do desfibramento é um componente importante.

Assim, deve-se buscar, sempre, a menor distância a percorrer, de forma que

as folhas cheguem com regularidade, em abundância e no menor tempo possível.

No Nordeste, o transporte é feito por asininos (jumentos) utilizando-se cangalhas

com cambitos (gancho tipo V de madeira) em seu dorso, onde são colocadas as

Page 32: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

31

folhas. (Figura 3.) Esses animais podem “[...] transportar, aproximadamente, 200

folhas por viagem, que pesam em torno de 100 a 130 kg”. (BANDEIRA, 1999, p. 34).

Figura 3. Transporte das folhas por um asinino. Foto: Odilon R. R. F. da Silva.

1.3.2.4 Desfibramento

Após a colheita é feito o desfibramento, que consiste na eliminação da polpa

das fibras mediante raspagem mecânica. A principal desfibradora dos campos de

sisal é máquina, denominada „motor de agave‟ ou „máquina Paraibana‟. (Figura 4)

Por sua simplicidade, a máquina Paraibana apresenta baixa capacidade operacional

(de 150 a 200 kg de fibra seca, em um turno de 10 horas/dia), produz grande

desperdício de fibra (em média 20% a 30% das fibras contidas na folha) e,

sobretudo, envolve um número elevado de pessoas para a sua operacionalização,

aumentando assim os custos de produção. (SILVA; BELTRÃO, 1999).

Page 33: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

32

Figura 4. Máquina Paraibana para o desfibramento das folhas. Foto: Odilon R. R. F. da Silva.

Segundo Bandeira “e Outros” (1999, p. 37), “[...] em operação normal

desfibram-se, em média, 20 a 30 folhas por minuto, ou 1.200 a 1.800 folhas por hora

ou, ainda, 550 a 820 kg de folhas/hora”.

Castro (2006, p. 12) descrimina os trabalhadores envolvidos no desfibramento

da seguinte forma:

Cortador: colhe as folhas das plantas, cortando-as com um instrumento

apropriado denominado foice; o numero de pessoas envolvidas nesta

atividade pode variar de uma a três;

Enfeixador: amarra as folhas em forma de feixes que serão transportados

até a máquina de desfibramento;

Cambiteiro: recolhe os feixes e os transporta até a máquina, no dorso dos

animais;

Puxador: é o responsável pela operacionalização da máquina; esta

atividade envolve uma ou duas pessoas, dependendo a região produtora;

Fibreiro: responsável pelo abastecimento da maquina com as folhas e

pela recepção das fibras, que são pesadas com umidade; esta atividade

poderá ser realizada por uma ou duas pessoas;

Bagaceiro: retira da máquina os resíduos do desfibramento.

Page 34: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

33

Após o processo do desfibramento, a fibra obtida é transportada, no dorso de

animais (Figura 5), para a secagem, por exposição ao sol, durante 8 a 10 horas em

uma área onde as fibras não absorvam impurezas, “como em varais ou estaleiros do

tipo triângulo ou estrado, ambos feitos com fios de arame galvanizado. (Figura 6.)

Recomenda-se, para melhor secagem, a reviragem da fibra, uma ou duas vezes, até que atinja a umidade média de 13,5% e, a seguir, que as fibras sejam arrumadas em pequenos feixes, amarradas pela parte mais espessa e conduzidas ao depósito para serem armazenadas sem serem dobradas. (SILVA; BELTRÃO, 1999, p. 82).

Figura 5. Transporte das folhas por um asisino. Foto: Odilon R. R. F. da Silva.

Figura 6. Secagem da fibra do sisal Foto: Odilon R. R. F. da Silva.

1.3.2.5 Beneficiamento da Fibra

Page 35: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

34

Após o processo de secagem da fibra em campo, é feito o transporte para

galpões fechados, em geral localizados na zona urbana dos municípios, onde estão

localizadas as máquinas denominadas de batedeiras. Nas batedeiras ocorre a etapa

de batimento das fibras, para remoção do pó que as envolve. (Figura 7.)

No Nordeste, grande parte dos produtores de sisal comercializa seu produto na forma bruta, sem realizar qualquer processo de melhoria da fibra, como o batimento ou o penteamento, operação que remove o pó e o tecido parenquimatoso aderente aos feixes fibrosos, além da retirada das fibras de pequeno comprimento, resultando em um produto limpo, brilhoso, macio e valorizado. (BANDEIRA “e outros”, 1999, p. 45).

Cada batedeira ocupa dois homens e a produtividade é de 15

toneladas/homem/semana. Atualmente, existem cerca de 50 batedeiras, somente no

estado da Bahia. (ALVES; SANTIAGO; LIMA, 2005)

Figura 7. Batedeira de sisal Foto: Odilon R. R. F. da Silva.

Importante observar a tecnologia adotada no batimento da fibra, bastante

arcaica, não tendo passado por inovações desde que se implantou a cultura sisaleira

no Nordeste.

Portanto, há bastante espaço para ganhos em termos de produtividade no

batimento da fibra, desde que se avance na tecnologia adotada no processo.

1.3.2.6 Mutilações no beneficiamento do sisal

Page 36: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

35

Ainda que o Brasil seja o maior produtor mundial de sisal, ocupando posição

privilegiada no ranking, infelizmente essa realidade não condiz com as condições de

saúde e segurança de quem trabalha na colheita, beneficiamento e industrialização

da planta, a qual é convertida em artigos, como fios, cordas, tapetes, entre outros,

exportados para diversos países.

O processo de desfibramento feito com o “motor Paraibano” tem provocado

acidentes que resultam em graves mutilações de dedos, mãos e até mesmo parte do

braço. “Isso porque o trabalho nessa máquina, que gira em alta velocidade, obriga

que o operador aproxime as mãos das engrenagens para introduzir as folhas do

sisal e para puxar as fibras já beneficiadas.” (CARVALHO, 2007)

A pesquisadora Yamashita (2007), coordenadora do Projeto Sisal da

Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do

Trabalho), entidade ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego, também alerta

sobre os riscos da atividade sisaleira, responsável por 3.000 (três mil) trabalhadores

mutilados, vítimas do processo de produção do sisal. Ela ressalta ainda a

necessidade do desenvolvimento de uma nova máquina de desfibramento do sisal

para substituir a chamada “Máquina Paraibana”.

Uma parceria entre a Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação da Bahia, o

Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Associação de Desenvolvimento

Sustentável e Solidário da Região Sisaleira viabilizou a produção e distribuição de

140 unidades de uma máquina desfibradora de sisal que acaba com o risco de

mutilação de agricultores. (Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário

da Região Sisaleira - APAEB, 2010)

Inventada por José Faustino Santos, a desfibradora “Faustino V” tem como

principal diferença em relação às tradicionais paraibanas, o fato de evitar totalmente

o risco de mutilação, além da nova forma de processamento da folha que evita

esforços físicos por parte dos produtores. (Ministério do Desenvolvimento Agrário -

MDA, 2010)

Segundo o Ministro do MDE, Guilherme Cassel com a distribuição das 200

(duzentas) máquinas, o próximo passo é ampliar os investimentos e criar uma linha

de financiamento para suprir todo o mercado. (APAEB, 2010).

Page 37: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

36

2 A CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE CONTROLE DOS CUSTOS NA CULTURA E PRODUÇÃO DO SISAL

As atividades agrícolas muito têm a se beneficiar das novas especializações

da contabilidade principalmente no que diz respeito à contabilidade de custos, visto

que tem um papel primordial de auxílio no controle e administração das culturas

agrícolas.

Uma vez que a cultura do sisal, como qualquer outro empreendimento, utiliza-

se da Contabilidade de Custos, é imprescindível conhecer suas principais

características. E desde então quais os processos nela envolvidos, tais como a

análise contábil dos custos

No entanto essa analise não esta dissociada de uma gestão contábil na área

agrícola. Daí surge à necessidade da utilização dos mecanismos da Contabilidade

Rural que é definida por Nepomuceno (2004, p.10) como sendo “[...] um instrumento

útil ao conhecimento dos resultados por atividade no setor rural, tanto quanto o é na

indústria, porém ao alcance de seus usuários”.

Nesse sentido, tem-se observado que a cultura do sisal, como qualquer

atividade comercial, requer um rigoroso acompanhamento dos seus custos para

obtenção de melhores resultados financeiros.

Alguns teóricos, como Rios, Marion, Crepaldi, Borilli, entre outros, tratam da

aplicação da contabilidade na área rural. Embasados nesses teóricos e partindo dos

pressupostos acima mencionados, busca-se averiguar como a contabilidade pode

auxiliar na apuração e controle dos custos na cultura do sisal.

2.1 A ANÁLISE CONTÁBIL DOS CUSTOS

Estudar a contabilidade de uma entidade requer vasto conhecimento a cerca

de todo o aparato empresarial. Entretanto, a Contabilidade não se basta no estudo,

Page 38: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

37

mas sim em interagir diretamente no processo de gestão. Para tanto, a

Contabilidade de Custos surge para bem atender as diversas necessidades

gerenciais da entidade.

Talvez se possa pensar que o uso da Contabilidade de Custo esteja

relacionado ao porte empresarial, no que se alude a grandes estruturas físicas,

administrativa e operacional.

Porém, a aplicabilidade da Contabilidade de Custos se faz necessário em

todo empreendimento, desde que ele almeje um sistema de gestão eficiente conexo

a um controle de qualidade e, consequentemente, o alcance de melhores resultados.

Nesse mesmo sentido, Leone (2008, p.8) em seu livro direcionado a área de

Custos, faz menção ao vasto campo de atuação dessa área Contábil, estando-a “[...]

aplicada a vários segmentos da economia: indústrias, comércio e serviços, incluindo

o segmento empresarial, cujas empresas têm finalidades de lucros, como também

instituições de fins ideais [...]. Assim sendo, é a evidente amplitude da Contabilidade

de Custos, e mais, da sua importância em todos os setores da economia,

independente do porte da organização.

2.1.1 Conceito

A Contabilidade, como muitos outros campos do saber, costuma atribuir

adjetivos a seus ramos de especialização. Dessa forma, tem-se a Contabilidade de

Custos, uma ramificação Contábil, fonte norteadora de estudo desta Pesquisa

Científica.

Leone (2008) afirma, numa visão gerencial, que a Contabilidade de Custos

refere-se ás atividades de coleta, e fornecimento de informações, necessárias ao

auxílio na tomada de decisão. O mesmo autor conclui que essas atividades “se

assemelham a um centro processador de informações, que recebe (ou obtém)

dados, acumula-os de forma organizada, analisa-os e interpreta-os, produzindo

informações de custos para os diversos níveis gerenciais”. (LEONE, 2008, p.10)

Page 39: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

38

Martins (2008) acrescenta ainda que além do auxílio á tomada de decisões,

tem importante função de controle. E nessa função a Contabilidade de Custos, ainda

na visão de Martins (2008), designará dados para o “[...] estabelecimento de

padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente

seguinte, acompanhar efetivamente o acontecido para comparação com valores

anteriormente definidos”.

Percebe-se, a partir da análise exposta acima, que a Contabilidade de Custos

é, na verdade, um conjunto de sistemas integrados e bem qualificado. Está para

tanto, estruturado de forma a atender eficientemente as necessidades de controle e

suporte gerencial a todo e qualquer setor da economia.

2.1.2 Objeto e objetivos da Contabilidade de Custos

Apurar os custos de uma empresa representa todo o trabalho da

Contabilidade de Custos. Por isso, a empresa, juntamente com toda a sua estrutura

operacional, administrativa, seus serviços e produtos, constitui seu objeto de estudo.

Segundo Leone (2008), a Contabilidade de Custos deve estudar cada

segmento da empresa para, posteriormente, ser capaz de produzir informações

acerca de custos imprescindíveis à organização e controle empresarial. Importa

salientar que diferentes informações são produzidas para atender as diversas

necessidades gerencias, dos diferentes seguimentos.

A Contabilidade de Custos produz informações gerenciais a depender das

necessidades empresariais com os seguintes objetivos:

deliberar acerca dos rendimentos;

avaliar a situação patrimonial;

controlar as operações, bem como os custos a elas incorridas;

auxiliar estrategicamente no planejamento e tomada de decisões.

Page 40: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

39

2.1.3 Classificação dos custos

São diversas as formas de classificar os custos, a depender das atividades

desenvolvidas e a que fim se deseja. Contudo, a qualificação de cada custo dar-se-á

mediante a necessidade ou não da administração.

Na diversidade dos tipos de custos, necessário se faz apresentar os tipos de

custo de maior relevância, e por que não dizer, mais usual. Tem-se porquanto os

custos relacionados aos produtos, classificados em diretos e indiretos; os

relacionados ao comportamento das atividades podendo ser fixos e/ou variáveis.

Vários autores se propõem a conceituar os diversos tipos de custos. Porém,

vale aqui apresentar as idéias de Leone (2008, p.58), acerca dos Custos Diretos e

indiretos, por tratar de uma forma tão perspicaz, identificando esses custos a

depender do elemento a que se deseje custear:

Todo item de custo que é identificado naturalmente ao objeto do custeio é denominado de custo direto.[...] todo item de custo que precisa de um parâmetro para ser identificado e debitado ao produto ou objeto de custeio é considerado um custo indireto. (LEONE, 2008, p.58)

Já versando a respeito dos custos Fixos e Variáveis, o mesmo autor

relaciona-os às mudanças nas atividades. Explica que o Custo variável aumenta

proporcionalmente ao nível da atividade, aparecendo somente quando a atividade

ou produção é realizada. E quanto aos Custos Fixos são constantes no total, na

faixa de volume relevante da atividade esperada.

Martins (2008, p. 52.) acrescenta ainda que Custos “Fixos são os que num

período têm seu montante fixado, não em função de oscilações na atividade e,

Variáveis os que têm seu valor determinado em função dessa oscilação”.

Importa saber que as exibições referentes aos Custos Fixos e Variáveis não

levam em consideração os produtos feitos ou serviços prestados, como acontecem

com os Custos Diretos e Indiretos. Levam sim em consideração o valor total do

custo em um determinado período combinado ao volume de produção.

Page 41: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

40

2.1.4 Sistemas de Custeio

É condição preponderante, para o funcionamento satisfatório de qualquer

empresa, uma estrutura bem organizada. No entanto, isso só será possível,

mediante planejamento interligando todos os setores empresariais e, sem duvida, de

uma boa Contabilidade de Custos.

Contudo, constitui necessidade fundamental para uma boa Contabilidade de

Custos, a existência de uma forma de quantificação de volumes físicos consumidos

e fabricados. Daí os sistemas de custo assumem parte integrante nesse processo de

quantificar, utilizando mecanismos sistematizados capazes de registrare organizar

os volumes monetários e não monetários.

Para desempenhar essa tarefa, a Contabilidade atua por meio de dois

sistemas básicos de custeamento: o sistema de custeamento por ordem de

produção e o sistema de custeamento por processo. A escolha de um desses

sistemas dependerá de como ocorre o processo de produção.

O sistema de custeamento por Ordem de produção é apropriado para

empresas que trabalham com a produção por encomenda, e serão, portanto,

produtos diferenciados. Já o sistema de custeamento por processo, é recomendado

às empresas de produção em massa, que produz continuamente para atender as

demandas do mercado consumidor.

No entanto, Martins (2008) salienta que, é muito comum uma mesma

empresa fazer o uso de ambos os sistemas de custeio. Em um determinado setor da

empresa, poderá produzir uma parte do produto por ordem. No outro setor produzir

outra parte de forma continua.

Todavia, importa saber que os dois sistemas, atuando juntos ou não em uma

empresa, operam com um único objetivo: a determinação do custo de produção.

Os sistemas de Custeio são norteados, por dois principais critérios de

acumulação de custos, ou métodos de custeio. O custeamento por absorção, muito

complexo, porém o único aceito pela legislação fiscal brasileira; e custeamento

Page 42: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

41

variável mais simples e de grande relevância para o planejamento e tomada de

decisão.

O custeio por absorção, como o próprio nome diz, absorve a parcela dos

custos diretos ou indiretos, fixos ou relacionados à fabricação. Enquanto que o

custeio variável admitirá ao custo do produto, somente os custos diretos e variáveis.

A cerca do exposto acima, Dutra (2003), acrescenta que o método por

absorção consiste em associar aos produtos e serviços, os custos que ocorrem na

execução das atividades de bens e serviços, considerando todos os custos

aplicados. Enquanto que o custeio variável envolve somente os custos variáveis,

quer sejam diretos ou indiretos, necessários a obtenção do produto ou serviço.

O diagrama apresentado (Figura 7.) representará bem a estrutura do Custeio

por Absorção e do Custeio Variável.

Figura 8. Fluxograma esquemático do Custeio por Absorção e Custeio Variável. Fonte: Nossa autoria

.

Outro método ser comentado é o Custeio Baseado em Atividade (ABC –

abreviatura do inglês “Activity Based Costing”), face que não se limita ao custeio de

produtos, mas antes de tudo, é uma importante ferramenta de gestão contábil.

depreciação

manutenção

variáveis fixos

Custos

matéria-prima

materiais indiretos

energia

mão-de-obra

PRODUTO

PRODUTO

C. ABSORÇÃO

C. VARIÁVEL

Page 43: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

42

Diferentemente do custeio absorção e variável, o custeio ABC envolve tanto

os custo quando despesa1, desde que estejam no grupo gastos indiretos.

Comportando assim uma capacidade preponderante para identificar o custo das

atividades, permitindo uma visão mais acentuada da relação custo/beneficio.

Na concepção de Eliseu (2008, p. 295) o custeio ABC:

Permite o levantamento do quanto se gasta em determinadas atividades, tarefas e processos onde não se agrega valor ao produto (manufaturado, na forma de serviços etc.), mesmo que com a devida cautela em função da sempre permanente presença de algum nível de erro.

Dessa forma, o autor trata de uma peculiaridade desse método. Outro autor

que também se posiciona a respeito, é Dutra (2003), destacando que todos os

recursos são despendidos nas atividades, as quais são consumidas pelo produto

custeado.

O mesmo afirma que esse feitio “[...] possibilita a analise de cada objeto de

custo após a mensuração dos gastos de todas as atividades, sejam elas referentes á

produção ou á administração”. (DUTRA, 2003, p. 235)

O ABC, por ser também uma ferramenta de gestão de custos, pode ser

implantado com maior ou menor grau de detalhamento, dependendo das

necessidades de informações gerenciais para o gestor, o que está intimamente

ligado ao ramo de atividade e porte da empresa.

Portanto, a implementação dessa forma de custeio requer uma cuidadosa

análise do sistema de custo, visto que sem este procedimento, que contemple

funções bem definidas e fluxo de todos os processos, pode tornar-se inviável a sua

aplicação de forma eficiente e eficaz.

Restam aos detentores da gestão analisar qual a real necessidade da

empresa e qual a sua condição em implantar determinado tipo de método custeio em

detrimento de outro.

1 As Despesas são gastos todos que não relacionados com o processo de transformação ou

produção dos bens e produtos de uma empresa.

Page 44: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

43

2.2 A GESTÃO CONTÁBIL NA ÁREA AGRÍCOLA

Por base em todas as movimentações financeiras, dentro de um

empreendimento, tem-se como fator chave, a atuação da Contabilidade. Sendo esta

indispensável para gestão da empresa agrícola, bem como as que atuam com outros

ramos de atividades.

Todo entidade de sucesso necessita de um bom Controle Patrimonial,

sucedida por uma Gestão Contábil eficiente. No entanto contabilidade, por si só, vai

muito além de simples controle dos números e comparações de resultados. Ela,

associada a um bom Sistema de Contabilidade de Custo, “[...] é hoje uma realidade

fundamental para alcançar resultados de produtividade que garantam o sucesso do

empreendimento”. (ULRICH, 2009)

Pedrosa (2006) por sua vez, ratifica dizendo que há adequados sistemas de

contabilidade e custos, a empresa terá condições de controlar sua atividade,

economizando nos custos e aumentando sua lucratividade mais do que o custo dos

sistemas necessários, com uma excelente relação custo x benefício.

O autor acrescenta que a Contabilidade é um ótimo instrumento de gestão.

Ela está, portanto a dispor da administração para dar todo o suporte necessário para

melhor gerir suas atividades.

2.2.1 O controle de custos nas atividades agrícolas

A Contabilidade rural juntamente com a Economia Rural é responsável pelo

estudo do patrimônio agrícola, bem como dos fatores que influenciam na

produtividade da cultura agrícola.

Segundo Marion (2009), esses fatores são distribuídos em duas categorias,

físicos e econômicos. Os fatores físicos influenciam na produtividade e estão

relacionados com o clima, a natureza geológica e química da terra, etc.; já os fatores

Page 45: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

44

econômicos estão relacionados com o capital, com as facilidades de venda dos

produtos, com os insumos, com os transportes, com a mão-de-obra, etc.

D‟Amore, (1973 apud, CALLADO; CALLADO, 1994) explica que exploração

industrial da terra demanda dois fatores importantes:

a) O preço de custo, sobre o qual o agricultor faz sentir sua influência pela

intervenção pessoal de sua atividade e economia;

b) O preço de venda, fixado em relação ao preço de custo, de tal maneiro

que o agricultor possa ser remunerado de seus labores e dos valores imobilizados

em prédios rústicos e equipamentos agrícolas.

De maneira geral, as empresas têm receitas e despesas durante todos os

meses do ano, porém na atividade agroindustrial a receita concentra-se durante ou

logo após a colheita em alguns casos. O ano agrícola é o período em que se planta,

colhe, processa e comercializa a safra agrícola.

A esse respeito Marion (1986), afirma que a apuração de resultados, quando

realizada logo após a colheita e a comercialização, contribui de forma mais

adequada para avaliação de desempenho da safra agrícola.

Tendo em vista que nas atividades agrícolas, o custo da produção

compreende o conjunto de todas as despesas que devem ser suportadas para a

obtenção dos produtos. Tudo o que se faz necessário para a obtenção do produto

cultivado, se enquadra como custo de produção. (RAUBER ; outros”, 2005).

Crepaldi (2006, p.35) destaca a importância de uma administração eficiente

para o sucesso de qualquer empreendimento. Porém o autor ressalta que “É

justamente nesse aspecto que a Empresa Rural Brasileira apresenta uma de suas

mais visíveis carências, prejudicando todo o processo de modernização da

agropecuária”.

As deficiências, no que diz respeito ao controle eficiente de seus negócios,

ficam mais agravadas quando se trata de pequenos e médios produtores, ou seja,

pessoas físicas. Isso se explica pela falta de uma estrutura contábil eficiente, com

mecanismos aptos de atender as necessidades operacionais e administrativas.

Page 46: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

45

A contabilidade de custo rural possui um papel muito importante como

instrumento capaz de encaminhar os processos agrícolas mais eficientes para uma

produção mais útil e barata, bem como os processos de produção que se encontram

próximos da maior eficiência econômica. (CALLADO; CALLADO, 1994)

2.2.2 As peculiaridades da agricultura

O Brasil, como país da diversidade, tem um desafio constante, oferecer

produtos para o desenvolvimento da agricultura diante de climas tão diferentes em

seu território.

Em cada região do país há uma particularidade relacionada principalmente às

condições ambientais e econômicas. Cada cultura agrícola tem suas

particularidades, entre elas a época certa de plantio e colheita, o clima e as

características do solo mais apropriadas

A área agrícola não está direcionada somente à produção de poucos e

rentáveis produtos de larga procura no mercado mundial, mas ao mesmo tempo, ela

pretende considera as mais variadas necessidades humanas.

Nesse contexto, Crepaldi (1998, p. 21) afirma que a agricultura deve

desempenhar os seguintes papéis no processo de desenvolvimento:

1. Produzir alimentos baratos e de boa qualidade;

2. Produzir matéria-prima para a indústria;

3. Pela exportação, trazer dinheiro para o país;

4. Dar condições dignas de vida para o trabalhador rural.

A agricultura é vista pelo autor, como um negócio que apresenta uma

ressalva, quanto ao fato do produtor rural dedicar-se a apenas a uma atividade –

especialização. Pois, “[...] dependendo sua renda de poucos ou de apenas um

produto, uma queda no preço desse produto ou uma frustração de safra, leva o

agricultor a sérios prejuízos”. (CREPALDI, 1998).

Page 47: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

46

Já Rios (2008) por este prisma, vê “[...] a possibilidade de se ofertar, ao

administrador rural, as ferramentas de planejamento estratégico, dando à produção

agrícola um direcionamento ao quê, quanto e como produzir [...]”. O que muitas

vezes não acontece, principalmente quando se fala de pequeno produtor.

2.2.3 O gerenciamento dos custos na produção agrícola

Frente à expansão da globalização, alavancado pelas grandes potências, um

dos setores que mais cresce é agricultura. Esse setor vem cada vez mais assumindo

parte significativa na vida de indivíduos, que de suas grandes, médias ou pequenas

propriedades rurais tiram o sustento.

Dessa forma, o produtor rural deve sempre buscar o aprimoramento naquilo

que faz e no que gerencia, pois o mercado esta cada vez mais exigindo produtos da

melhor qualidade.

O processo de controle e gestão se dá mediante identificação, mensuração e

análise das informações sobre eventos econômicos das empresas. Tais informações

são necessárias para controle, acompanhamento e planejamento da empresa como

um todo, e utilizadas pela alta administração.

Contudo, Borilli “e outros” (2005) elucidam que a “[...] tarefa de gerar

informações gerenciais que permitam a tomada de decisão é uma dificuldade para

os produtores rurais” [...]. Segundo a autora essa dificuldade está atrelada à falta de

dados consistentes e reais, acerca das atividades desenvolvidas na empresa rural.

Já Bida e Lozeckyi (2008), atribui essas dificuldades, também, à falta de

organização e planejamento: “Os dados da situação econômico- financeira da

empresa devem ser organizados e classificados diariamente. Esses dados indicarão

o volume de movimento financeiro da propriedade, por atividade, os níveis de

investimento e as quantias desembolsadas”.

Segundo Crepaldi (2005), para obter os dados referentes ao movimento

Page 48: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

47

econômico-financeiro diário da propriedade. É preciso que o administrador da

propriedade saiba como estão a rentabilidade da sua atividade produtiva, quais os

resultados e como podem ser otimizados por meio da avaliação dos resultados,

necessários para definir a situação de seu negócio e tomada de decisões.

Bida e Lozeckyi (2008), ainda esclarecem que o conhecimento dos

elementos que geram o custo é fundamental na tomada de decisões. Tendo em vista

que controlando bem todos os custos alcançar-se-á a gestão uniformemente cadeia

produtiva.

2.2.4 Dos custos na cultura do sisal

Algumas especificidades da produção agrícola a diferenciam da produção de

outros bens manufaturados, dificultado assim sua ascensão produtiva. Tais

especificidades referem-se à sazonalidade da produção; influência de fatores

biológicos; doenças e pragas e perecibilidade rápida.

A situação de determinadas atividades agrícolas, em especial a cultura do

Sisal, se depara ainda com as freqüentes quebras de safras ocasionadas por fatores

climáticos, também, pela variação cambial, proveniente da cotação do dólar que

impõe os preços e equipamentos agrícolas rudimentares.

Todas essas especificidades tendem a encarecer o custo da produção do

sisal e conseqüentemente redução no lucro. Cabendo nessa situação melhor

gerenciamento das atividades, possibilitando gerar informações precisas e oportunas

sobre a situação real da produção e do resultado

Diante do exposto, Ulrich (2009) aponta que “[...] o empresário rural deve

buscar meios para diminuir o custo da produção, evitar desperdícios e melhorar o

planejamento e controle de suas atividades [...]”. Apõe ainda a Contabilidade de

Custos como ferramenta gerencial, que possivelmente, traria maior controle da

produção e uma melhor oportunidade de planejamento para a obtenção de melhores

resultados.

Page 49: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

48

Nesse sentido Rios (2008) destaca que: “[...] a contabilidade de custos é uma

ferramenta indispensável no controle eficiente no cultivo do sisal, pois os produtores

de sisal a maior eficiência no processo de descortiçamento, são fundamentais para

elevar a sustentabilidade da atividade sisaleira”.

Partindo desse pressuposto percebe-se como qualquer atividade comercial,

produção do sisal requer um rigoroso acompanhamento e controle dos seus custos

para obtenção de melhores resultados financeiros. Contudo Silva (1999) aponta que

se tem aproveitado pouco do potencial da planta, sendo que apenas de 3% a 4% do

total colhido da planta é aproveitado, devido a pouca utilização tecnológica e

acrescenta que:

A grande maioria das lavouras de sisal é conduzida com baixa aplicação tecnológica, situação que poderia ser alterada com medidas de incentivo aos produtores, como preços melhores para produtos de qualidade superior, financiamento bancários para a recuperação das lavouras e implementação do consórcio com pecuária e culturas alimentares em bases técnicas. ( SILVA 1999, p. 14)

É importante destacar que não houve avanço tecnológico no sistema de

produção da cultura do sisal no Brasil nós últimos 40 anos. O processo de e

descortiçamento do sisal é realizado através do motor paraibano, desde a

implantação da cultura no Brasil, há mais de 4 décadas. (ALVES; SANTIAGO ;

LIMA, 2005).

Page 50: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

49

3 O APRIMORAMENTO DA RENTABILIDADE E CONTROLE DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO SISAL

Para atender aos objetivos pretendidos, com apoio da revisão de literatura,

definiu-se uma série de parâmetros a serem levantados em campo que, para efeito

de análise, foram agrupados em quatro secções: Exploração Agrícola; Sistema de

Produção – Cultura do Sisal; Comercialização do sisal; Rentabilidade da Cultura do

Sisal;

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A Pesquisa ocorreu no período de 28 de julho e 21 de agosto de 2011. Como

instrumento metodológico de investigação, foram utilizados dois instrumentos de

pesquisa. Inicialmente, foi utilizado o questionário, composto de 04 (quatro) tópicos

(apêndice A), aplicado a 06 (seis) produtores no sistema de entrevista assistida.

Os questionários estão entre os mais tradicionais instrumentos de coleta de

dados e as perguntas podem ser abertas, fechadas ou mistas. (FIORENTINI;

LORENZATO, 2009), Nesta pesquisa, foram usadas questões mistas para obter

dados, as quais, além das alternativas, havia um espaço para complementar a

informação.

Em seguida, a observação participante quando foi proposta uma atividade de

intervenção (apêndice B) em relação ao controle de uma produção. Essa proposta

surgiu, tendo em vista que nenhum dos produtores utiliza dessa técnica.

Marconi (1996) define a observação participante como sendo a participação

real do pesquisador com o meio em que estão inseridos os sujeitos participantes da

investigação.

Como o questionário, aplicado ao produtores no sistema de entrevista

assistida procurou analisar o seguinte:

Page 51: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

50

a) Exploração Agrícola

A exploração agrícola foi analisada através da avaliação dos parâmetros

descritos a seguir:

Composição do uso do solo;

Expansão da cultura do sisal;

Doenças;

b) Sistema de Produção – Cultura do Sisal;

O sistema de produção foi avaliado através da análise das principais práticas

agrícolas realizadas.

Plantio;

Densidade do plantio;

Plantio consorciado;

Tratos culturais;

Ciclo vegetativo;

c) Comercialização do sisal;

A comercialização foi analisada mediante investigação de toda a sistemática

comercial do sisal, tendo em vista os seguintes questionamentos:

Produtos comercializados;

Sistema de Comercialização;

Preço de venda;

d) Renta.bilidade da Cultura do Sisal;

Page 52: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

51

Para verificar a rentabilidade da cultura do sisal, questionou-se os

rendimentos financeiros obtidos com a produção do sisal, evidenciando os seguintes

aspectos:

Despesas/Custos;

Receitas;

Lucro/Prejuízo;

Métodos de Controle;

3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Os resultados obtidos na pesquisa de campo, apresentados a seguir,

obedeceram aos parâmetros definidos na metodologia:

a) Exploração Agrícola – Este tópico teve como finalidade analisar a lavouras

permanentes, evidenciando a relação dos produtores com a cultura do sisal

e as incidências de doenças.

b) Sistema de produção – A pretensão com este grupo foi observar a forma

de trabalho destes produtores, bem como a aplicabilidade das técnicas

recomendadas para o cultivo da cultura do sisal.

c) Comercialização do sisal – com este grupo buscou-se verificar de que

forma é feita a venda e a negociação do preço.

d) Rentabilidade da cultura do sisal – com este grupo de variáveis, pretendeu-

se analisar como se dá as relações dos produtores com os rendimentos

financeiros obtidos e os gastos despendidos na produção do sisal.

3.2.1 Exploração Agrícola

Page 53: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

52

Os dados levantados a cerca da exploração na região sisaleira do Povoado

de Tiquara, municípios de Campo Formoso - Ba, mostram o seguinte:

Na primeira secção os produtores foram questionados a respeito da

exploração agrícola tendo como foco as lavouras permanentes. 83% dos

pesquisados têm com principal exploração agrícola o sisal.

Quadro 3 – Exploração Agrícola

AIVIDADES AGRÍCOLAS

PRODUTOR Produção Sisal Outras Atividades

A = 67 ha 44% 56%

B = 14 ha 59% 41%

C = 35 há 65% 45%

D = 37 ha 75% 25%

E = 09 ha 87% 13%

F = 14 ha 88% 12%

Fonte: Nossa autoria

O quadro acima demonstra claramente a grande representatividade dessa

cultura para a economia local, tendo em vista que mais de 40% das propriedades

dos pesquisados é ocupada pelo plantio de sisal.

Em relação ao tempo das lavouras de sisal, considerando a resposta de todos

os produtores, concluiu-se que apenas 2% da lavoura estão com idade até 2 anos;

4%, com idade de 2-3; 19% com idade de 3-8 anos e; 46% , com idade acima de 8

anos.

Gráfico 1. Percentual de idade das culturas de Sisal existentes no povoado de Tiquara Fonte: Nossa autoria

2% 4%

19%

46%

29%

Até 2 anos 2 - 3 anos 3 - 8 anos Acima de 8 anos Outros

Page 54: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

53

O gráfico acima demonstra lavouras de sisal muito antigas, isso influencia

significativamente para uma produtividade decrescente. De acordo com Sales (2004)

o sisal é um vegetal de ciclo de crescimento e desenvolvimento de em média, 8 a 10

anos. Assim sendo, os dados levantados apontam para uma realidade que

necessita da renovação de quase 50% dessas lavouras de sisal.

No quesito doenças, 80% dos produtores disseram que, somente este ano,

tiveram perdas da plantação causadas pela podridão vermelha uma doença fúngica

que ataca o pseudo caule matando a planta. (SUINAGA “e outros”, 2005). (Gráfico

2)

Gráfico 2. Perdas na produção decorrente da Podridão vermelha Fonte: Nossa autória

Os índices demonstrados no gráfico 2 apontam prejuízo para os pequenos

produtores. Esse prejuízo, em alguns casos, representa 30% da produção. O

controle das doenças, segundo os produtores, é feito por um único meio, queimadas

das plantas infectadas. No entanto Suinaga “e outros”, (2005) apontam outros

medidas preventivas, como plantar filhotes (rebentos) sadios, utilizar o resíduo do

desfibramento como adubação, e o plantio consorciado.

3.2.2 Sistemas de Produção – Cultura do Sisal

Na segunda secção, observou-se que apenas um dos produtores

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

Produtor 1

Produtor 2

Produtor 3

Produtor 4

Produtor 5

Produtor 6

Percentual de perdas

Page 55: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

54

16%

67%

17%

24º Mês

36º Mês

48º Mês

pesquisados não utiliza o sistema de plantio em fileiras simples, com espaçamento

variando entre 2mx3m, 1,5mx2, 5m, 1,5mx1,5m, 4mx1,5m.

Nesse sentido Silva e Beltrão (1999), resaltam que a não-observação das

recomendações, para plantio, poderá implicar na formação de sisalais desuniformes

quanto ao tamanho das plantas, à época de corte, à produção e à maturidade das

fibras produzidas.

No quesito referente a prática do plantio consorciado, de acordo como os

dados fornecidos pelos produtores, constatou-se que é uma prática comum a todos,

sendo-a realizada com a agricultura e pecuária.

Quanto ao quesito referente aos tratos culturais aplicados a lavoura do sisal

após o plantio, constatou-se que apenas um produtor realiza roçagem manual no

primeiro ano. Quanto aos demais, somente a partir do segundo ano com uma

roçagem. Todos alegaram não terem condições de realizarem mais tratos culturais.

Entretanto percebe-se que esses produtores não aplicam as técnicas indicadas,

tendo em vista que os tratos culturais recomendados após o plantio são de duas a

três capinas no primeiro ano, dependendo da incidência das invasoras e, para o

segundo ano, uma ou duas capinas. (SILVA ; BELTRÃO, 1999)

Foi possível observar ainda, no decurso da pesquisa a falta de assistência

técnica e capacitação dos produtores. Isso com o fim de instruí-los de que não

utilização dos tratos culturais recomendados visando redução dos custos refletira na

baixa produtividade, e na qualidade da fibra produzida.

No quesito referente à realização do primeiro corte na época da colheita do

sisal, a maioria dos produtores pesquisados afirmaram procederem com o primeiro

corte por volta dos 36 meses, como demonstra o gráfico a seguir.

Gráfico 3. - Percentual de produtores relacionados ao período de corte do sisal. Fonte: Criação Nossa

Page 56: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

55

Em condições normais de colheita do sisal, a prática viável é realizar o

primeiro corte, aproximadamente, aos 36 meses após o plantio. (BANDEIRA ;org,

1999).

3.2.3 Comercialização do Sisal

Na terceira secção questionou-se acerca da comercialização, onde se

constatou que produtores de sisal, do povoado pesquisado não fazem nenhum

beneficiamento, comercializam seu produto na forma bruta, ou seja, a fibra seca,

sem realizar qualquer processo de beneficiamento.

Referente à forma de comercialização da produção, os produtores

pesquisados relataram que:

a) O produtor de sisal arrenda a 20% a cada quilo produzido, para famílias

detentoras do motor fazem a colheita (corte), e o desfibramento, ficando

a cargo do dono do motor transportar até os compradores para efetuar a

venda semanalmente.

b) O dono do motor (vendedor) negocia diretamente com os intermediários

(comprador), pessoas físicas da própria comunidade, que oferecem

preços tabelados.

Com relação ao preço de venda do sisal, todos os produtores informaram

que o sisal estava sendo vendido a R$ 1,10 (um real e dez centavos) o quilo da fibra

seca.

Os produtores relataram ainda que o processo de comercialização do sisal é

formado por uma cadeia de intermediários, (chamados de atravessadores),

característica de uma cultura que se desenvolve com baixo índice tecnológico e

apresenta grande deficiência na infra-estrutura básica para o beneficiamento.

O intermediário é o agente de compra que comercializa com a fibra bruta ou

Page 57: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

56

aquele que faz o beneficiamento em sua batedeira para depois entregá-la à indústria

ou ao exportador. (SALES, 2004)

Foi possível observar como base nas repostas dos produtores que os

mesmos não têm acesso às indústrias de transformação e que à Conab, órgão

garantidor do preço mínimo, para efetivar suas vendas, há algum tempo não faz a

compra do sisal na comunidade.

3.2.4 Rentabilidade da Cultura do Sisal

Na quarta secção, referente ao controle de despesas, o levantamento

efetuado revelou que os produtores de sisal, não fazem nenhum tipo de registro

formal das despesas ao logo do cultivo da lavoura.

Logo, com a falta desse controle formal, não se pôde como programado, obter

com precisão o custo para produção de 1 ha de sisal. Assim sendo, alguns

produtores fizeram mentalmente uma média das despesas para uma primeira

colheita e relataram informalmente:

Implantação da cultura (preparo do solo e plantio) .... R$ 900 (47%)

Manutenção: (11%)

Tratos culturais no 2º ano ............................ R$ 100

Tratos culturais no 3º ano ............................ R$ 100

Colheita/Desfibramento .......................................... R$ 800 (42%)

Despesas Totais ..................................................... R$ 1.900

Quanto controle dos rendimentos financeiros, verificou-se que apenas 30%

dos produtores fazem controle da produção anual em cadernos. (Figura 09 - 10).

Page 58: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

57

Figura 09. Produção de sisa/kg Faz. Boa Vista Fonte: Anotações dos pesquisados

Figura 10. Produção de sisa/kg Faz. Mandacaru Fonte: Anotações dos pesquisados

Segundo os produtores, a colheita do sisal é negociada com o proprietário da

máquina desfibradora Paraibana. O rendimento é negociado previamente a 20%

sobre o valor da venda da fibra de sisal seca. Vale observar que o produtor é

responsável, apenas, pelo cultivo da planta.

Page 59: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

58

Assim sendo, as anotações das figuras 09 e 10 referem-se a toda produção,

não somente a percentagem do produtor do sisal.

Quando questionados a cerca da rentabilidade, no que diz respeito ao

lucro/prejuízo na produção de um hectare de sisal, os produtores não souberam

informar ao certo, já que não faziam o controle da produção.

Partindo desse ponto, surgiu a proposta de intervenção com o objetivo de

averiguar a rentabilidade da produção de sisal em hectare e principalmente fazer o

controle da produção.

Apenas um produtor aderiu à proposta. Propôs-se que a área em produção

fosse separada em módulos – Módulo1, 2 e 3. Esses módulos deveriam levar em

consideração a idade do plantio, a área cultivada, o preço de venda unitário/kg e o

valor total. E, assim, prosseguir as anotações de toda a produção referente a cada

módulo, regularmente, na planilha (Apêndice B).

Módulo 1 – Nesse módulo, que consideraria a idade de até 3 anos, não foi

possível desenvolver a atividade proposta, isso porque, ao fim da pesquisa, a

plantação ainda não havia atingido a idade de colheita.

Módulo 2 – Inicialmente foi feita a medição da área objeto da pesquisa,

medindo 1,3 ha e em seguida foi realizada a colheita e desfibramento que

contabilizou 1.220 kg de fibra seca. O preço de venda/kg de foi de R$ 1,10 ( um real

e 10 centavos), totalizando uma receita total de R$ 1353,00 ( um mil trezentos e

cinquenta e três reais).

A análise dos dados permite concluir que em cada hectare foi produzido 938

kg de sisal rendendo uma receita de R$ 1032,31/ha (um mil e quarenta reais e

sessenta centavos).

Por se tratar de uma cultura de longo prazo, não foi possível obter dados reais

em relação ao lucro ou prejuízo dessa produção. Diante disso, para que se

chegasse a dados aproximados, foram utilizadas as informações oferecidas pelos

produtores na aplicação do questionário quanto às despesas relacionadas à

produção de sisal em um hectare.

Page 60: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

59

Como visto na secção 3, o custo da produção da primeira colheita é de R$

1900,00 (um mil e novecentos reais), que consiste em implantação, manutenção e

colheita/desfibramento.

Considerando que a área plantada de sisal permitirá 07 (sete) colheitas. Para

as próximas colheitas terá despesa com manutenção da cultura de R$ 100,00 (cem

reais) e com a colheita/desfibramento, totalizando um custo anual por hectare de R$

900,00 (novecentos reais).

Partindo do pressuposto, que ao longo de todas as colheitas a produção seja

fixa, ao final terá-se uma produção de 6.566kg de fibra seca por hectare, e uma

receita total de R$ 7226,17/ha (sete mil, duzentos e vinte e seis reais e dezessete

centavos.

Diante dessas informações foi possível averiguar a rentabilidade da cultura do

sisal quanto ao lucro fazendo a seguinte projeção:

Receita total (7 colheita x R$1032,31)-------------------------------------R$ 7226,17

(-) Despesas ------------------------------------------------------------------ ( R$ 7300,00)

Implantação ---------------------------------------------------------------------- (R$ 900,00)

Manutenção 1ª colheita -------------------_------------- (2x R$ 100,00 = R$ 200,00)

Manutenção próximas colheitas -------------------- (6 x R$100,00 = R$ 600,00)

Colheita/desfibramento ---------------------- (7 colheitas x R$ 800,00 = 5600,00)

(=) prejuízo - -------------------------------------------------------------------- (R$ 73,83)

Os dados apresentados revelam que o custo de colheita/desfibramento de um

hectare de sisal, torna a produção muito onerosa. (Gráfico 4).E para remunerar,

somente, o capital investido, um quilo de fibra seca deveria ser vendido por R$1,11;

contudo, o produtor recebe, em média, R$1,10. (Gráfico 4).

Custo total: R$ 900,00 + 800,00 + 5600,00 / 6622 kg fibra seca/ha donde:

R$1,11/kg de fibra seca.

Page 61: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

60

13%

10%

77%

Colheita / Desf.

Manutenção

Implantação

Gráfico 4. Percentual de custos de produção Fonte: Nossa autoria

O Módulo 3 levaria em conta a idade da plantação acima de 9 anos. Nesse

módulo, assim como no módulo 1, não foi possível adotar a proposta, pois o produtor

arrendou a área para outro, que não teve condições de concluir a colheita.

Page 62: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

61

CONCLUSÃO

A realização deste trabalho possibilitou um estudo aprofundado de um setor

agrícola muito carente de pesquisas e mal remunerado, o setor sisaleiro e assim

sendo, pode-se estudá-lo dentro de uma perspectiva Contábil. Buscou-se investigar

ainda situação real de pequenos produtores que conduzem suas atividades

agrícolas na informalidade, sem um registro formal.

Como abordado no decurso da pesquisa, o acompanhamento dos fatos

administrativos e contábeis, seja por que meio for, é uma necessidade

indispensável, principalmente para uma organização a serviço da sociedade e que

vise o lucro. Vale ressaltar que isso independe do seu porte do empreendimento.

Esta pesquisa procurou compreender como a contabilidade pode contribuir

para otimizar a produção de sisal, levando em consideração o senso comum e a

simplicidade do pequeno agricultor. Sabe-se que a Contabilidade se apresenta

como ciência da informação a serviço de uma boa administração, onde a

Contabilidade de Custos e Rural propicia as atividades agrícolas, gerenciamento e

controle dos custos visando aprimoramento e melhora nos resultados.

De posse dos recursos Contábeis e mediante investigação em campo por

meio de questionário e atividade de intervenção, foi possível registrar dados,

levantar posições e apresentar demonstrações dos resultados da cultura do sisal.

O problema abordado nessa pesquisa apresentou a insatisfação de pequenos

produtores quanto aos altos custos e ao lucro não compensatório com produção de

sisal. E procurou evidênciar como a Contabilidade de Custo e Rural podem contribuir

para otimizar a produção do sisal na região de Tiquara – Ba.

Acerca do problema levantado ficou constado nos dados levantados que na

verdade, os produtores dessa região não têm lucro algum, pois as receitas obitidas

se quer cobrem o investimento realizado com a implantação do sisal.

Essa situação está, sim, associada as hipoteses levantas inicialmente, tanto

no que se refere a primeira que afirma que os maus resultados na agropecuária

podem estar associados à falta de mecanismos contábeis atualizados; uma vez que

Page 63: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

62

há a necessidade de novos mecanismos contábeis de controle de gastos em função

dos avanços no melhoramento das culturas através de insumos e equipamentos que

venham possibilitar a capacidade máxima de produção.

Tanto quanto a segunda hipótese levantada a qual aponta que o não

aproveitamento dos resíduos do desfibramento, doenças e o manejo deficitário da

fertilidade dos solos dificultam o processo de produção do sisal e encarecem o

produto final comprometendo o lucro dos pequenos produtores.

Nesse sentido, pode-se concluir que os produtores de sisal pesquisados não

fazem uso de mecanismos contábeis, até mesmo por desconhecê-los, e, portanto

não têm noção da real situação financeira, que estão inseridos; como também não

aproveitam os resíduos do desfibramento e nem realizam manejo adequado os quais

poderiam agregar valor a cultura.

Contudo, vale acrescentar, que outro fator tem contribuído para a pouca

rentabilidade e até mesmo, a falta de lucro para os produtores de sisal, ou seja, o

baixíssimo preço que é ofertado ao produto. Acredita-se que isso se deve a falta de

uma política de mercado, voltado à valorização do sisal e elevação preço de venda.

Embora este trabalho seja considerado bastante produtivo e que tenha uma

colaboração significativa para a cultura do sisal acredita-se que ainda há muito que

ser pesquisado e realizado. Desta Forma, fica a sugestão para pesquisas futuras,

um estudo sobre as políticas voltadas a valorização do sisal produzido pelos

pequenos produtores do semi-árido Brasileiro.

Page 64: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

63

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Page 67: Monografia Francilene Ciências Contábeis 2011

66

APÊNDICES

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO PARA CONSOLIDAÇÃO DE TRABALHO DE

CONCLUSÃO DE CURSO – MONOGRAFIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS ACADÊMICO: FRANCILENE DE SOUZA SILVA

QUESTIONÁRIO PARA CONSOLIDAÇÃO DE TRABALHO DE CONLUSÃO DE CURSO – MONOGRAFIA

ACADÊMICO: FRANCILENE DE SOUZA SILVA

1- EXPLRORAÇÃO AGRÍCOLA 1.1 Lavouras Permanentes: sisal..................ha outras...................ha 1.1.1 Sisal: até 2 anos........ha 2 a 3 anos.......ha 3 a 8 anos........ha mais de 9 anos......ha 1.2 Houve perda de lavoura por incidência de doenças? ( )sim ( )não

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2- SISTEMA DE PRODUÇÃO – CULTURA DO SISAL

2.1 Plantio é realizado em forma de enfileiramento: ( ) sim ( )não 2.2. Espaçamento entre plantas:

( ) 2m x 1m ( ) 2.5m x 0,8m ( ) 3m x 1,8m

( ) 3m x 1m x 1m ( ) 4m x 1m x 1m ( ) outros

2.3. Plantio consorciado: ( ) sim ( )não ( ) pecuária ( ) agricultura ( ) outros _________

2.4 Tratos culturais:

1º ano ( )2 capinas ( )3 capinas ( ) nenhuma 2º ano ( )2 capinas ( )3 capinas ( ) nenhuma Após 3º ano ( )roçagem manual ( )roçagem com trator ( ) nenhum 2.5. Idade do primeiro corte: ( ) 36 meses ( )48 meses () outras _______ 3. COMERCIALIZAÇÃO DO SISAL 3.1 A comercialização do sisal ocorre: () forma bruta () com beneficiamento () através de artesanatos () outras ______________

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3.2 Com é feita a negociação da produção do sisal? 3.3 Quem são os compradores da produção do sisal? 3.4 Qual o preço de venda do sisal? 4. RENTABILIDADE DA CULTURA DO SISAL 4.1 De que forma é feito o controle dos gastos na produção de sisal: () não costuma fazer controle formal () anotações em cadernos/papeis quando lembra () anotações diárias em caderno de controle () anotações mensais em caderno () outras____________________ 4.2 Quais as despesas/custo para produção de um hectare de sisal: ___ preparo do solo ___ plantio ___ tratos culturais ___ colheita ___ beneficiamento 3.3 De que forma é feito o controle das receitas na produção de sisal: () não costuma fazer controle formal () anotações em cadernos/papeis quando lembra () anotações diárias em caderno de controle () anotações mensais em caderno () outras____________________

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3.4 Qual a rentabilidade na produção de um hectare de sisal com: _____ sisal bruto _____sisal beneficiado _____ produtos artesanais _____subprodutos do sisal

3.5 Qual o lucro/prejuizo na produção de um hectare de sisal?

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APÊNDICE B - PLANILHA PARA CONSOLIDAÇÃO DE TRABALHO DE

CONLUSÃO DE CURSO – MONOGRAFIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ACADÊMICO: FRANCILENE DE SOUZA SILVA

PLANILHA PARA CONSOLIDAÇÃO DE TRABALHO DE

CONLUSÃO DE CURSO – MONOGRAFIA ACADÊMICO: FRANCILENE DE SOUZA SILVA

NOME DO PRODUTOR: NOME DA PRORIEDADE: EXTENSÃO DA PROPRIEDADE:

ANO - 2011

PV: preço de venda

SISAL LAVOURA/HA PRODUÇÃO/KG PV/KG PV/ TOTAL

MÓDULO 1 (até 3 anos)

MÓDULO 2 (4 a 8 anos)

MÓDULO 3 (acima de 9

anos)