Monografia PUC: Em busca do prazer de pesquisar - Reflexões psicopedagógicas a partir de uma...

São Paulo, 25 de Outubro de 2010 Lia Karina Muschellack

Em busca do prazer de pesquisar:Reflexões psicopedagógicas a partir de uma experiência pedagógica

Monografia apresentada como exigência parcial para a obtençãodo Certificado de Especialização em Psicopedagogia

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” da PUC-SP–Cogeae

Orientadora: Profa Dra. Maria Lúcia de Almeida Melo


Ponto de Partida

Aprendizagem: uma forma de interação ativa de um sujeito

com o meio que o cerca; que por sua vez resulta em transformações no próprio sujeito


Questões

Como a construção do conhecimento envolve e é promovida pela constituição da subjetividade?

De que maneira estes processos construtivos se relacionam à constituição do sujeito como integrante de um grupo social?

Se o prazer de aprender tem papel essencial em toda esta construção-constituição, o que nutre este prazer? Onde ele é gerado?

Quais são as ferramentas utilizadas pelo sujeito para conhecer o mundo ?


Experiência pedagógica

Projeto:

uma possibilidade de vivência em que a pergunta fosse o motor da aprendizagem

Iniciação à Pesquisa


Organização dos grupos

2o ano

3o ano

Grupo I

4o ano

5o ano

Grupo II


Etapas

2008: Primeiros passos:

como elaborar uma pergunta. Marcelo, marmelo, martelo Matheus Alexandre dos Santos Paiva

Continuação: construção das perguntas seleção projetos

2009-2010


O aprender ocorre no seio do vínculo humano.

A aprendizagem é, ao mesmo tempo, processo e função, na medida em que viabiliza a constituição do sujeito como humano, ou seja, sua inserção na cultura.

Desde estas primeiras aprendizagens, portanto, colocam-se em jogo: o organismo individual herdado do bebê; seu corpo, construído especularmente; a inteligência, autoconstruída nas interações; e a arquitetura do desejo

Referencial teórico: Alicia Fernández


É a relação particular entre organismo, corpo, inteligência e desejo, transversalizados pela situação vincular/social da criança, que lhe possibilitam aprender.

As estruturas cognitiva (inteligência) e simbólica (desejo) de um indivíduo iniciam-se indiferenciadas, no bebê; e vão se diferenciando no sentido de uma melhor articulação.Aprender é incorporar o conhecimento a partir de uma elaboração objetivante e subjetivante.




Quem ensina transmite sinais do conhecimento àquele que aprende; este os transforma e reconstrói o conhecimento.

Os movimentos ensinante e aprendente podem ser simultâneos e estão presentes em todo vínculo. Somente quem se posiciona como ensinante pode aprender; e apenas quem se posiciona como aprendente pode ensinar.



O sujeito da psicopedagogia é este sujeito-ensinante-aprendente, o sujeito da autoria de pensamento. Em seu entendimento, conta com:● o sujeito epistêmico● o sujeito desejante● os sujeitos da antropologia, da linguística, da história, ...

O aprender é condição humana que permite a originalidade, a diferença, o posicionamento como autor da própria história – o que se dá a partir da mobilidade entre os posicionamentos ensinantes e aprendentes de cada sujeito.



Mais importante do que o conteúdo ensinado, é o molde relacional, a modalidade de aprendizagem que vai se imprimindo na subjetividade do aprendente.

Na situação de aprendizagem, constrói-se, entre o ensinante e o aprendente, um campo de diferenças, que nutre o prazer de aprender.

O conhecimento guardado-mostrado pelo ensinante propõe um desafio ao aprendente, que o impele a tomá-lo e reconstruí-lo em aprendizagem, a partir de seu próprio saber e de seu contato com a ignorância. O trabalho da inteligência, a atividade de pensar, nutre-se do desejo de conhecer, da insatisfação. Nesse sentido é que se diz que o aprender é possibilitador de autonomia.Ao mesmo tempo em que se aprende, se constrói o próprio sujeito.


Reflexão psicopedagógica

Iniciação à Pesquisa identificar o próprio

não-saber buscar o saber (re)encontrar-

(re)descobrir o prazer de aprender

É a distância entre o que se supõe conhecer e o conhecimento em si, que abre a possibilidade de simbolizar, dando espaço à atitude investigadora.


O processo

identificar as questões suportar o vazio momentâneo da

ausência de respostas levantar hipóteses

assimilar as informações disponíveis avaliar as possibilidades de acomodação

realizar os testes analisar os resultados

assimilar as novas informações disponíveis avaliar as possibilidades de acomodação


O processo

compreender o conteúdo refletir e discutir com o outro confrontar seu pensamento com o do outro

construir explicações, sem cair na aparente facilidade de respostas rápidas

constituir o conhecimento


Os resultados

O mais importante não é o conteúdo do conhecimento, mas a transformação desenvolve os

movimentos aprendente e ensinante do sujeito

potencializa-o como sujeito-autor.


Os resultados

pensar → autorização para a criatividade e para a ética → autoria e responsabilidade → reconhecimento da própria originalidade


Os resultados

reconhecer-se como autor

desfrutar o que tem para dar

descobrir o que pensa

sentir a alegria de aprender

não há nada mais enriquecedor e agradável para o aluno do que descobrir que tem algo a ensinar aos outros


Habilidades e competências

formular boas indagações análise interpretação comparação levantamento de hipóteses

selecionar as informações necessárias apropriação organização construção de relações senso crítico argumentação


Habilidades e competências

metodologias de pesquisa

organização de materiais desenvolvimento de atitudes sistematização de processos disciplina foco em relação à atividade proposta


Transformações

organismo / corpo / inteligência / desejo : desenvolveram-se; diferenciaram-se; articularam-se.

aprender um novo modo de aprender; aprender um novo modo de ser


Considerações finais

promover experiências prazerosas, que favoreçam a pergunta, as escolhas, a diferença – a autoria e a autonomia

pensar → entendimento mútuo→ desejo de diferenciação do

outro→ desejo de aceitação, pelo

outro, como semelhante

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