Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação...

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FACULDADE IDEAL FACI CURSO DE ADMINISTRAÇÃO AMARILDO FERREIRA JÚNIOR RELAÇÕES DE PODER EM UMA EMPRESA DE SERVIÇOS NA CIDADE DE BELÉM/PA Influências na formação político-social dos trabalhadores BELÉM PARÁ 2011

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Monografia apresentada à Faculdade Ideal – FACI, como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Administração.

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FACULDADE IDEAL – FACI

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

AMARILDO FERREIRA JÚNIOR

RELAÇÕES DE PODER EM UMA EMPRESA DE SERVIÇOS NA

CIDADE DE BELÉM/PA

Influências na formação político-social dos trabalhadores

BELÉM – PARÁ

2011

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AMARILDO FERREIRA JÚNIOR

RELAÇÕES DE PODER EM UMA EMPRESA DE SERVIÇOS NA

CIDADE DE BELÉM/PA

Influências na formação político-social dos trabalhadores

Monografia apresentada à Faculdade Ideal –

FACI, como requisito para a obtenção do

grau de bacharel em Administração.

Orientador: Prof. M. Sc. Josué A. Azevedo

Monteiro

BELÉM – PARÁ

2011

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F383r Ferreira Júnior, Amarildo

Relações de poder em uma empresa de serviços na cidade de

Belém/PA: influências na formação político-social dos trabalhadores/

Amarildo Ferreira Júnior. Belém: FACI, 2011.

105p.; il.

Orientador: Prof. M. Sc. Josué A. Azevedo Monteiro.

1. RELAÇÕES DE PODER. 2. FORMAÇÃO POLÍTICO-SOCIAL. 3.

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL. I. Título

CDD

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AMARILDO FERREIRA JÚNIOR

Monografia apresentada como trabalho de conclusão de curso de Administração

pela Faculdade Ideal – FACI, defendida e aprovada em _____/_____/_____ pela

banca examinadora constituída pelos professores:

Orientador: ________________________________

Prof. M. Sc. Josué Antonio Azevedo Monteiro

Membro: __________________________________

Prof. Esp. Cláudio da Silva Carvalho

Membro: __________________________________

Prof.ª M. Sc. Tereza Cristina Anaisse Cruz

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Ao Francisco “Chiquinho”, o filho que não

pude pegar no colo.

Aos meus pais, Amarildo Ferreira e Kátia

Celeste, pelo amor, pela confiança, pelas

orações e pela dedicação.

À Hermínia Freitas e Maria da Trindade

Ferreira, ambas in memoriam, por olharem

por mim.

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AGRADECIMENTOS

Difícil acreditar que cheguei ao fim dessa fase! Há quatro anos tinha medo do que ia

encontrar na academia e de como seria recebido. Agora, já não me assusto e posso

dizer que conquistei muito durante esses curto-longos quatro anos, e me reconheço

como homem resgatado, embora em fase de construção.

Por isso, e reconhecendo que em toda caminhada existem intervenções positivas e

negativas, humanas e espirituais, e que não se pode obter grandes conquistas sem

auxílio, apoio e incentivos de outras pessoas, pois nossas vitórias são sucedâneo de

nossa conduta e de nossos relacionamentos com os outros, aceito o desafio de

expressar meus agradecimentos com palavras que sei que não irão esgotar meus

sentimentos de gratidão a quem esteve comigo durante essa caminhada.

Assim, agradeço a Deus por todas as conquistas que me permitiu alcançar, por

nunca me deixar andar a esmo e por me dá força e harmonia a cada passo que dou

e em cada oportunidade que Ele me permite vislumbrar.

À minha Família, pela torcida e pelas orações.

À Lídia Reis, a namorada que sempre está ao meu lado pronta para ajudar e

perdoar minhas ausências.

À Família Reis, por me acolher de braços abertos.

À Jéssica Souza, por tudo que representou em minha Vida e por ter me ajudado a

construir uma nova forma de olhar o mundo.

Aos meus amigos, pelo companheirismo de toda hora: Davi Mesquita, Jorge

Giordano, Leandro Martins e Rodrigo Carneiro.

À Academia Pelé Club, pela cordialidade e atenção, além da oportunidade de

desenvolver esta pesquisa.

Ao corpo docente da Faculdade Ideal que esteve presente durante esses quatro

anos de desenvolvimento intelectual, em especial aos professores Carol Manfé,

Cláudio Carvalho, Dionísio Tadeu, Edvaldo, Rossicléa Nascimento, Shelley Macias,

Tereza Cruz e Oswaldo Jr., pelos conhecimentos repassados, por me ajudarem

nesse processo de amadurecimento, pela paciência e pela dedicação no exercício

da profissão que abraçaram.

Ao meu orientador, Prof. M. Sc. Josué A. Azevedo Monteiro, pelo ótimo

direcionamento dado, pela paciência e pelos ensinamentos muito mais que

acadêmicos que me proporcionou.

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À Faculdade Ideal, na figura de seus funcionários, em especial àqueles da

Coordenação do curso de Administração, da Diretoria e da Biblioteca, que sempre

me trataram com respeito, dignidade e consideração.

Aos colegas que, por algum motivo, não concluíram essa caminhada ao meu lado,

em especial Cássio Mariano, Dídimo Pereira, Douglas Marques, Humberto Júnior,

Jamil, José Netto, Lílian Barros e Sui-Ane Moraes: o tempo de convívio com vocês

foi o mais importante.

À Clívia Pinheiro, pelos bons momentos de conversa e pela companhia sempre

agradável e alegre.

À minha nova família, formada pelos amigos da graduação que me mostraram o

valor da humildade e me ensinaram a conviver com as diferenças.

Enfim, a todos que, de forma direta ou indireta, possibilitaram a conclusão desse

trabalho.

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Discreto, como a foragido convém, Caim não se aproximou para lhe desejar as melhoras da sua

saúde, afinal, este patrão e este empregado nem tinham chegado a conhecer-se, é o mau que tem a

divisão em classes, cada um no seu lugar, se possível onde nasceu, assim não haverá nenhuma

maneira de fazer amizades entre oriundos de diversos mundos.

José Saramago (1922-2010), Caim, p. 144, 2009

Cada vez que na área do político sois chamados de 'meus filhos', a esfera de vossos direitos políticos

desaparece.

Maurício Tragtenberg (1929-1998), Administração, Poder e Ideologia, p. 40, 2005

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RESUMO

As organizações representam subsistema da sociedade que apresentam relações sociais e políticas entre seus membros em que o poder está presente, influenciando os processos de produção econômica e política que ocorrem no ambiente organizacional, além de atuar sobre a forma pela qual quem o exerce e sobre quem é exercido percebem o mundo, modificando e construindo sua formação político-social. A pesquisa apresentada analisa as práticas administrativas adotadas por uma empresa do setor de serviços da cidade de Belém do Pará como forma de garantir a harmonia organizacional para alcance de resultados. Tal pesquisa teve o objetivo de descrever como as relações de poder influenciam na formação político-social dos trabalhadores da empresa em que foi realizado o estudo de caso abordado, descrevendo as influências das relações de poder no clima organizacional da empresa pesquisada. Para alcançar este objetivo foi aplicada pesquisa descritiva, bibliográfica e o método do estudo de caso, que foram abordados por meio de análise dialética e com o uso de procedimentos observacionais e estatísticos. Dessa forma, o estudo concluiu que as relações de poder influenciam diretamente a formação político-social dos trabalhadores e os resultados obtidos pela organização, pois definem e condicionam padrões de comportamento. Com isso, verificou-se que há necessidade de que as empresas identifiquem os elementos que compõem suas relações de poder e atuem sobre tais elementos, para permitir o alcance de harmonia e cooperação em seu contexto, o que aumenta as probabilidades de atingir seus objetivos. Por fim, também se concluiu que as empresas contemporâneas adotam técnicas mais sutis de exercício de poder sobre seus colaboradores e propôs-se a realização de novos estudos sobre o tema.

Palavras-chave: Relações de poder. Formação político-social. Comportamento organizacional.

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ABSTRACT

Organizations represent subsystem of society that have social and political relations between its members in that power is present, influencing economic and production processes that occur in the organizational environment policy, in addition to acting on the way in which whoever exercises and about whom it is exercised perceive the world, modifying and building their social and political training. The research presented analyzes administrative practices adopted by an enterprise of the service sector of the city of Belem do Para to ensure organizational harmony for achieving results. Such research had the goal of describing how power relations influence in shaping social-political workers of the undertaking in which it was held the case study discussed, describing the influences of power relations in the company's organizational climate searched. To achieve this goal was applied descriptive bibliographic search, and the case study method, which were addressed by means of dialectical analysis and with the use of observational and statistical procedures. This way, the study concluded that power relations influence directly the social-political training of workers and the results obtained by the Organization, because they define and influence behavior patterns. With this, it was found that there is a need for companies to identify the elements that comprise their power relations and act on these elements to allow the achievement of harmony and cooperation in its context, which increases the odds that support its objectives. Finally, also concluded that contemporary companies adopt more subtle techniques of exercise of power over their collaborators and proposed to carry out new studies on the topic.

Keywords: Power relations. Political-social formation. Organizational behavior.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 O homo socialis ........................................................................................... 30

Figura 2 Princípios da Teoria da Burocracia ............................................................. 32

Figura 3 Interesses organizacionais .......................................................................... 45

Figura 4 Organograma da Pelé Club Belém ............................................................. 51

Figura 5 Atuação do Poder na Definição do Comportamento na Organização ......... 73

Figura 6 Instâncias e Fluxo de Poder na Pelé Club Belém ....................................... 92

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Cargo de Chefia na Pelé Club ................................................................... 85

Gráfico 2 Interação e Identificação de Objetivos Semelhantes ................................. 86

Gráfico 3 Normas e Nível de Liberdade na Execução das Atividades ...................... 87

Gráfico 4 Sanções x Recompensas .......................................................................... 88

Gráfico 5 Tipos de Participação ................................................................................ 88

Gráfico 6 Satisfação com as Políticas de Pessoal .................................................... 89

Gráfico 7 Reconhecimento de Lideranças ................................................................ 90

Gráfico 8 Fontes de Influência sobre o Comportamento ........................................... 90

Gráfico 9 Ações em Situações de Conflito ................................................................ 90

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Problemas das operações fabris na Midvale Steel .................................... 25

Quadro 2 Os 14 princípios da administração de Fayol .............................................. 27

Quadro 3 Unidades Academia Pelé Club .................................................................. 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição da Amostra por Gênero .......................................................... 77

Tabela 2 Distribuição da Amostra por Grau de Escolaridade .................................... 77

Tabela 3 Distribuição da Amostra por Área de Atuação ............................................ 77

Tabela 4 Distribuição da Amostra por Cargo de Chefia ............................................ 78

Tabela 5 Distribuição da Amostra por Tempo de Chefia ........................................... 78

Tabela 6 Classificação do Grau de Interação na Empresa ....................................... 78

Tabela 7 Identificação de Objetivos e Interesses Comuns ........................................ 78

Tabela 8 Missão, Visão e Valores ............................................................................. 79

Tabela 9 Prática dos Valores e Princípios ................................................................. 79

Tabela 10 Influência da Cultura Organizacional na Execução das Atividades .......... 79

Tabela 11 Satisfação com as Políticas de Pessoal ................................................... 79

Tabela 12 Uso de Sanções ....................................................................................... 80

Tabela 13 Uso de Recompensas .............................................................................. 80

Tabela 14 Nível de Acesso a Informações ................................................................ 80

Tabela 15 Participação no Planejamento .................................................................. 80

Tabela 16 Coleta de Opiniões, Sugestões e Dúvidas ............................................... 81

Tabela 17 Liberdade na Execução das Atividades .................................................... 81

Tabela 18 Tipos de Participação ............................................................................... 81

Tabela 19 Normas e Regras ..................................................................................... 82

Tabela 20 Qualificação e Formação Profissional ...................................................... 82

Tabela 21 Segurança na Empresa ............................................................................ 82

Tabela 22 Regras e Normas e a Execução das Atividades ...................................... 82

Tabela 23 Exigência de Procedimentos Rígidos ....................................................... 83

Tabela 24 Identificação da Posição na Hierarquia .................................................... 83

Tabela 25 Satisfação com a Hierarquia .................................................................... 83

Tabela 26 Reconhecimento de Lideranças Informais ............................................... 83

Tabela 27 Reconhecimento das Lideranças Formais ............................................... 84

Tabela 28 Fontes de Influência na Empresa ............................................................. 84

Tabela 29 Ações em Situações de Conflito ............................................................... 84

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17

1.1. PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................... 17

1.2. OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 17

1.3. OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS ........................................................................ 17

1.4. RELEVÂNCIA DO ESTUDO ............................................................................... 18

2. O PODER ........................................................................................................... 19

2.1. CONCEITO DE PODER ..................................................................................... 19

2.2. FONTES E FORMAS DE PODER ...................................................................... 20

2.2.1. Fontes e Formas de Poder Formais ......................................................... 20

2.2.1.1. Poder Coercitivo ....................................................................................... 20

2.2.1.2. Poder de Recompensa ............................................................................. 21

2.2.1.3. Poder Legítimo .......................................................................................... 21

2.2.1.4. Poder de Informação ................................................................................ 21

2.2.2. Fontes e Formas de Poder Pessoais ........................................................ 22

2.2.2.1. Poder de Talento ...................................................................................... 22

2.2.2.2. Poder de Referência ................................................................................. 22

2.2.2.3. Poder Carismático .................................................................................... 22

2.3. PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS DO PODER ........................................ 23

3. O PODER E AS ESCOLAS ADMINISTRATIVAS .............................................. 24

3.1. ESCOLA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO ...................................................... 24

3.1.1. A Administração Científica ........................................................................ 25

3.1.2. A Teoria Clássica de Fayol ........................................................................ 27

3.2. ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS .............................................................. 28

3.3. TEORIA DA BUROCRACIA ................................................................................ 32

3.3.1. Dominação, Legitimação e Autoridade .................................................... 33

4. O PODER NAS ORGANIZAÇÕES .................................................................... 35

4.1. A CULTURA ORGANIZACIONAL E O PODER .................................................. 35

4.2. LIDERANÇA ....................................................................................................... 35

4.2.1. Teorias de Liderança ................................................................................. 37

4.2.2. Estilos de Liderança .................................................................................. 38

4.2.2.1. Estilo de Liderança Autocrático ................................................................. 38

4.2.2.2. Estilo de Liderança Democrático .............................................................. 38

4.2.2.3. Estilo de Liderança Liberal ou Laissez-faire.............................................. 38

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4.3. DISPUTAS PELO PODER .................................................................................. 39

4.4. FORMAS DE RESISTÊNCIA AO PODER .......................................................... 40

4.5. INSTRUMENTOS DE HARMONIZAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE CAPITAL E

TRABALHO ............................................................................................................... 41

4.5.1. Práticas Participacionistas ........................................................................ 41

4.5.2. Normas e Regulamentação ....................................................................... 42

4.5.3. Formação profissional na Empresa .......................................................... 42

4.5.4. Disciplina .................................................................................................... 43

4.6. INFLUÊNCIAS DO PODER NA FORMAÇÃO POLÍTICO-SOCIAL DO

TRABALHADOR ....................................................................................................... 44

5. METODOLOGIA ................................................................................................. 47

5.1. TIPO DE PESQUISA .......................................................................................... 47

5.1.1. Quanto aos fins .......................................................................................... 47

5.1.2. Quanto aos meios ...................................................................................... 47

5.2. MÉTODO DE ABORDAGEM .............................................................................. 47

5.3. MÉTODO DE PROCEDIMENTO ........................................................................ 48

5.4. UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................... 48

5.5. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ...................................................... 48

5.6. TRATAMENTO DE DADOS ............................................................................... 48

5.7. LIMITAÇÕES DO MÉTODO ............................................................................... 49

6. ESTUDO DE CASO............................................................................................ 50

6.1. A ACADEMIA PELÉ CLUB ................................................................................. 50

6.2. PROPOSTA DE NEGÓCIO E ESTRUTURA DA ACADEMIA PELÉ CLUB

BELÉM ...................................................................................................................... 51

6.3. MUDANÇA DE GESTÃO .................................................................................... 51

6.4. RESPOSTAS ÀS ENTREVISTAS ...................................................................... 52

6.4.1. Análise das Respostas às Entrevistas ..................................................... 69

6.4.1.1. Perfil Sócio-profissional do Entrevistado ................................................... 70

6.4.1.2. Cultura e Valores da Empresa .................................................................. 70

6.4.1.3. Práticas Empresariais ............................................................................... 71

6.4.1.4. Modelo de Gestão e Liderança ................................................................. 74

6.4.1.5. Estrutura Hierárquica ................................................................................ 76

6.5. RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO ................................................................... 77

6.5.1. Análise das Respostas ao Questionário .................................................. 85

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6.5.1.1. Perfil Sócio-profissional do Respondente ................................................. 85

6.5.1.2. Cultura e Valores Organizacionais ............................................................ 86

6.5.1.3. Práticas Empresariais ............................................................................... 87

6.5.1.4. Estrutura Hierárquica ................................................................................ 89

6.5.1.5. Modelo de Gestão e Liderança ................................................................. 89

7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 91

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 95

APÊNDICES ............................................................................................................. 97

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ............................................................................. 97

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA ........................................................ 103

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1. INTRODUÇÃO

Toda organização representa subsistema da sociedade que apresenta as

relações sociais e políticas entre seus membros. Dentre essas relações, o poder

está presente nos processos de produção econômica e política que ocorrem no

ambiente organizacional, com suas classes sociais bem definidas.

Percebe-se que as concepções de poder encontradas nas organizações

contemporâneas podem variar desde a negociação como elemento de mediação

entre o capital e o trabalho, até o uso da força como meio de manutenção do poder.

Outro ponto identificado é a disseminação do exercício do poder na organização

tanto por meio da escolha dos representantes dos proprietários, quanto por outras

formas de delegação do poder que ocorrem, não raramente, de forma espontânea e

informal estabelecida entre líderes e seguidores.

Além disso, o exercício do poder influencia a forma pela qual aqueles que o

exercem e aqueles sobre o qual é exercido percebem o mundo, modificando e

ajudando a construir sua formação político-social.

1.1. PROBLEMA DE PESQUISA

Logo, como o poder se manifesta nas organizações por meio da disputa por

sua detenção e pelo domínio de espaços físicos e sociais, ampliando tais disputas à

medida que é mais difuso, é necessário o entendimento de como as relações de

poder dentro da empresa influenciam na formação político-social de seus

trabalhadores e, consequentemente, nos resultados obtidos pela organização, sendo

importante, portanto, o alcance de resposta à seguinte pergunta direcionadora da

pesquisa: como as relações de poder influenciam na formação político-social dos

trabalhadores de uma empresa de serviços da cidade de Belém-PA?

1.2. OBJETIVO GERAL

Descrever como as relações de poder influenciam na formação político-social

dos trabalhadores de uma empresa de serviços da cidade de Belém/PA.

1.3. OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS

a) Analisar os elementos presentes nas relações de poder e suas influências na

percepção de mundo e de trabalho dos colaboradores da empresa

pesquisada;

Page 19: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

18

b) Descrever os mecanismos aplicados na harmonização das relações entre

capital e trabalho;

c) Identificar o vínculo da gestão das relações de poder com o processo de

emancipação e formação político-social nas organizações; e

d) Apresentar a influência das relações de poder nos resultados organizacionais.

1.4. RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O trabalho apresenta importante papel no desenvolvimento humano, e pode

influenciar a formação sócio-política, intelectual e econômica do trabalhador. É no

palco-empresa que se manifestam os relacionamentos entre dois grupos básicos de

atores sociais: o grupo dos sócios, proprietários e seus representantes; e a classe

trabalhadora.

Esse relacionamento entre o capital e o trabalho é permeado por interesses

de cada grupo presente na organização e se manifesta ideologicamente em relações

tanto explícitas como implícitas de poder e dominação, exercendo influência na

concepção de Sociedade e no pensamento político de seus envolvidos. Logo, há

necessidade da análise crítica das técnicas utilizadas pela Administração na

harmonização entre capital e trabalho, para verificar as consequências tanto para a

formação político-social dos trabalhadores – permitindo compreender

comportamentos sociais e individuais originários no trabalho e em suas relações –,

quanto para os resultados organizacionais, analisando as influências das relações

de poder no clima e nos resultados da organização.

Page 20: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

19

2. O PODER

2.1. CONCEITO DE PODER

Pagès et al. (2008, p. 11) definem que o poder pode ser analisado

segmentadamente de quatro formas: pela perspectiva marxista, poder é visto como

fenômeno de alienação econômica, com a funcionalidade de manter as relações de

produção e reproduzir a dominação de classe (FOUCAULT, 2008, p. 175; PAGÈS et

al., 2008, p. 12); no nível psicanalítico, concebe-se o poder como fenômeno

psicológico de alienação, dependência e formação de sistemas de defesa; a análise

como fenômeno político define poder como imposição e controle sobre as decisões

e sobre a organização do trabalho; e, por fim, no nível ideológico poder é fenômeno

de apropriação de significados e valores. Embora exista essa segmentação

tradicional na análise do poder, Pagès et al. (2008, p. 12) afirmam que essas linhas

de pesquisa não são incompatíveis, diferindo apenas em seus pontos de partida,

nas dimensões do fenômeno que analisam e nas linguagens teóricas que utilizam.

Segundo Foucault (2008, p. 160)

[...] se quisermos apreender os mecanismos de poder em sua complexidade e detalhe, não poderemos nos ater unicamente à análise dos aparelhos de Estado. Haveria um esquematismo a evitar [...] que consiste em localizar o poder no aparelho de Estado e em fazer do aparelho de Estado o instrumento privilegiado, capital, maior, quase único, do poder de uma classe sobre outra classe. De fato, o poder em seu exercício vai muito mais longe, passa por canais muito mais sutis, é muito mais ambíguo, porque cada um de nós é, no fundo, titular de um certo poder e, por isso, veicula o poder. O poder não tem por função única reproduzir as relações de produção. As redes da dominação e os circuitos da exploração se recobrem, se apóiam e interferem uns nos outros, mas não coincidem.

O autor pretende, com essa afirmação, demonstrar que o poder não pode ser

conceituado da forma como é pela teoria jurídica, que o define como direito

conquistado e alienável, ou pela concepção marxista de sua funcionalidade

econômica (FOUCAULT, 2008, p. 174). Assim, o poder não é alienável e não tem

como principal função a manutenção e reprodução das relações econômicas,

existindo enquanto ação e reação de força e se perpetuando em relações de

disputa, pois não possui titular, embora exista ciência de quem não o detém.

Logo, também não é correto conceituar poder como repressão, concepção

frequentemente aceita e originária da ótica jurídica, que associa o exercício do poder

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20

às leis que se baseiam na força da proibição. Caso o poder fosse exercido apenas

como repressão, não seria aceito e difundido capilarmente no corpo social, sobre o

qual exerce saber e pelo qual produz discursos e coisas, pois difere da percepção

comum de que o poder está dissociado do saber, devido à crença de que o alcance

do poder enlouquece os que governam (FOUCAULT, 2008, p. 8 e 141).

Assim, de acordo com Foucault (2008, p. 142), o poder cria perpetuamente

saber, e o saber produz efeitos de poder, o que pode ser exemplificado com a

constatação de que as pesquisas científicas estão associadas às exigências do

modo de produção capitalista, em que há o poder econômico. Então, de acordo com

essas afirmações, poder é, portanto, a prática social que permite direcionar as

pessoas a fazerem aquilo que se quer e que pode ser derivado tanto das relações

hierárquicas, da tradição, do carisma ou do conhecimento técnico que se tem sobre

determinado assunto.

2.2. FONTES E FORMAS DE PODER

Robbins (2005, p. 303) afirma que as fontes de poder dentro das

organizações estão divididas em dois grupos genéricos – formal e pessoal, que se

subdividem em categorias específicas que irão definir as principais formas de poder

encontrados nas empresas, apresentadas a seguir.

2.2.1. Fontes e Formas de Poder Formais

Baseadas na posição ocupada pelo indivíduo na organização, as fontes de

poder formais dividem-se em três categorias: a capacidade de coagir ou

recompensar, a autoridade formal e o controle das informações (ROBBINS, 2005, p.

303).

2.2.1.1. Poder Coercitivo

Com base no medo que as pessoas têm de consequências negativas geradas

por seus comportamentos, o poder coercitivo se manifesta pela aplicação ou

ameaça de aplicação de sanções. Tais sanções estão relacionadas, no ambiente

organizacional, ao poder que determinado indivíduo possui para demitir, suspender,

rebaixar ou imputar tarefas desagradáveis a outro, o que pode ocorrer por meio de

aspectos físicos, fisiológicos ou de segurança, como imposição de dor ou controle

de necessidades básicas, como o ato de beber água ou alimentar-se (ROBBINS,

2005, p. 303).

Page 22: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

21

2.2.1.2. Poder de Recompensa

Segundo Robbins (2005, p. 303), o poder de recompensa é considerado o

oposto do poder coercitivo e ocorre quando a pessoa sobre qual é exercido

submete-se à vontade e às ordens de outra por causa de algum benefício que essa

submissão lhe trará. Logo, o poder será exercido por aquele que tem a capacidade

de distribuir recompensas, que podem ser financeiras - como bônus e comissões,

por exemplo -, ou não financeiras - como reconhecimento pelo trabalho exercido ou

delegação de atividades mais interessantes.

Percebe-se que, por serem tão opostos, o poder coercitivo e o de

recompensa possuem a mesma natureza, que remete aos estudos de B. F. Skinner

sobre a Teoria do Condicionamento Operante na aquisição de padrões de

comportamento, também conhecida por Behaviorismo (ROBBINS, 2005, p. 38), que

afirma que

As pessoas aprendem um comportamento para obter algo que desejam ou para evitar algo que não querem. O comportamento operante refere-se a um comportamento voluntário ou aprendido, em contraste com o comportamento reflexivo ou não-aprendido. A tendência de repetição do comportamento é influenciada pelo reforço, ou pela falta de reforço, resultante das consequências de tal comportamento. O reforço, portanto, fortalece o comportamento e aumenta a probabilidade de sua repetição.

2.2.1.3. Poder Legítimo

Baseado na posição ocupada pela pessoa na estrutura hierárquica da

empresa, o poder legítimo permite a quem o detém utilizar e controlar recursos da

organização (ROBBINS, 2005, p. 303). Ainda segundo o autor, o poder legítimo,

além de englobar a aceitação da autoridade, inclui também as formas coercitiva e de

recompensa, sendo que a predominância de um ou de outro é determinada pelo

estilo de gestão adotado pelos líderes.

2.2.1.4. Poder de Informação

Robbins (2005, p. 304) destaca que este tipo de poder tem como fonte o

acesso e controle de informações. Logo, segundo o autor, indivíduos que detenham

informações necessárias a outros possuem a capacidade de fazê-los seus

dependentes. Essa dependência geralmente tem caráter fixo, mas em alguns casos

pode ser transitória, como quando a empresa está passando por um processo de

aquisição, por exemplo, e os funcionários do setor de Recursos Humanos têm

Page 23: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

22

acesso exclusivo às informações sobre a reestruturação do quadro de pessoal da

empresa.

2.2.2. Fontes e Formas de Poder Pessoais

De acordo com Robbins (2005, p. 304), as fontes que originam os poderes

pessoais não estão relacionadas às posições ocupadas na estrutura formal da

empresa, e estão relacionadas ao talento, respeito e admiração, e carisma que seus

detentores possuem. Logo, os poderes do tipo pessoal não estão definidos no

desenho da estrutura organizacional e são determinados por aspectos informais e

paralelos ao aparelho burocrático da empresa.

2.2.2.1. Poder de Talento

Robbins (2005, p. 304) define esse tipo de poder como originário da perícia,

habilidade específica ou conhecimento que se detém. Segundo o autor, o poder de

talento se tornou mais frequente a partir dos avanços tecnológicos que tornaram as

pessoas cada vez mais dependentes de especialistas e peritos em áreas específicas

como forma de alcançar seus objetivos.

2.2.2.2. Poder de Referência

O poder de referência tem como base a identificação de pessoas com

recursos ou características pessoais desejadas e admiradas, fazendo com que a

vontade de se parecer e agradar esses indivíduos gere influências sobre

comportamentos e atitudes, que passam a ser modelados a partir dos

comportamentos e atitudes do indivíduo admirado, fazendo com que aqueles sobre

quem esse tipo de poder é exercido imitem os padrões de comportamento daquele

que exerce o poder, dentre os quais a maneira de se relacionar com as pessoas

(ROBBINS, 2005, p. 305).

2.2.2.3. Poder Carismático

Considerado por Robbins (2005, p. 282 e 305) extensão do poder de

referência, o poder carismático tem como fonte a personalidade e estilo da pessoa

que o detém, que é vista por aqueles sobre os quais exerce influência como

detentora de capacidades heroicas e extraordinárias.

Page 24: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

23

2.3. PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS DO PODER

De acordo com Sobral & Peci (2008, p. 178-9), as perspectivas

contemporâneas de poder reconhecem que, nas organizações, são utilizados

diversos recursos de poder, por meio das estruturas formal e informal da empresa, e

da legitimidade ou ilegitimidade do poder.

Segundo os autores, as relações informais de poder permeiam, de forma

espontânea, a estrutura informal da organização, na qual o poder é definido como

capacidade real de influência. As estruturas informais são produto das relações

interpessoais (amizade, interesses comuns e conflitos) que influenciam as decisões

internas, mas não estão previstas no organograma.

Outra estrutura presente nas organizações e analisada pelas perspectivas

contemporâneas de poder, de acordo com Sobral & Peci (2008, p.179), é a estrutura

política, caracterizada por interesses divergentes e conflitantes entre os membros da

organização, que determinam a formação de coalizões políticas que concorrem

pelas decisões organizacionais, podendo subjugar os canais formais de poder. Além

disso, os autores afirmam que as configurações de poder nas organizações não

podem ser analisadas como neutras ou apolíticas, pois sofrem influências de

interesses de classes e de ideologias.

Os autores consideram que a definição da legitimidade do poder presume que

os gestores utilizam as fontes de poder para alcançar os objetivos da organização,

ou para evitar efeitos de abusos por pessoas irresponsáveis. Os jogos de interesses

presentes na empresa também devem ser considerados para determinar a

legitimidade do uso do poder.

Portanto, de acordo com Sobral & Peci (2008, p. 179)

As perspectivas contemporâneas de poder não o tratam apenas como um recurso conveniente, manipulável e fácil de definir, em uma estrutura formal ou informal de organização. Ao contrário, enfatizam que todos os atores organizacionais operam no âmbito de uma estrutura de dominação – uma rede de relações de poder – que amarra e limita as opções de ação tanto para dominados quanto para dominadores.

Page 25: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

24

3. O PODER E AS ESCOLAS ADMINISTRATIVAS

De acordo com Tragtenberg (2005, p. 54), as teorias administrativas evoluem

como forma de adaptação às mudanças contextuais da sociedade e como forma de

possibilitar a garantia da harmonia organizacional necessária para o alcance do

objetivo de maximização da riqueza do capitalista. Entretanto, o autor afirma que

essa inovação apenas organiza racionalmente mudanças socioeconômicas e

apresenta novos mecanismos de poder que trazem em sua concepção heranças

cumulativas de seus antecessores, apresentando-se, portanto, mais como

revoluções filológicas do que revoluções filosóficas. Por isso, é necessário

apresentar como o poder se manifesta nas diferentes escolas do pensamento

administrativo, com destaque para a Escola Clássica da Administração, a Escola das

Relações Humanas, e a Burocracia, apresentadas a seguir.

3.1. ESCOLA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO

Maximiano (2000, p. 160) demonstra que o aumento da escala de operações

gerado pela expansão da Revolução Industrial na América no início do século XX

criou nova realidade para as organizações, exigindo o desenvolvimento de novos

métodos de administração, que se tornaram os alicerces da Escola Clássica da

Administração. Segundo Motta & Vasconcelos (2006, p. 23), a Escola Clássica da

Administração, que teve como principais expoentes os pensamentos organizados

por Frederick Winslow Taylor (1856-1915) e por Henri Fayol (1841-1925), autores da

Administração Científica e Teoria Clássica, respectivamente, tinha como principal

foco o ambiente interno e a estrutura organizacional, detendo-se, portanto, no

aperfeiçoamento das regras e estruturas empresariais. Segundo os autores, a ideia

que se tinha era que todos os problemas organizacionais seriam resolvidos com

estruturas adequadas que aperfeiçoassem a produção, pautando-se na

racionalidade absoluta do ser humano.

Motta & Vasconcelos (2006, p. 25) afirmam que esse modelo da natureza

humana, definido como homo economicus, que idealizava o ser humano de forma

simplista, puramente racional, egoísta e previsível, possibilitou a construção das

bases para uma teoria da administração em que “incentivos financeiros adequados,

constante vigilância e treinamento eram ações consideradas suficientes para

garantir a boa produtividade”.

Page 26: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

25

Assim, na Escola Clássica da Administração a atuação do poder ocorria pela

organização e implantação da estrutura organizacional e das técnicas operacionais,

desconhecendo a influência do comportamento humano nos resultados, pois

considerava que somente a análise e o aperfeiçoamento estruturais e operacionais

eram necessários para a resolução dos problemas de produtividade (MOTTA;

VASCONCELOS, 2006, p. 26).

3.1.1. A Administração Científica

A Administração Científica foi criada pelo americano Frederick Winslow

Taylor, engenheiro que se dedicava a experiências voltadas para o aumento da

eficiência do trabalho na linha de produção e autor do livro The Principles of

Scientific Management (1911), sua obra de maior repercussão (MOTTA;

VASCONCELOS, 2006, p. 24). Taylor, após realizar observações dos problemas da

produção fabril da Midvale Steel (Quadro 1), usina siderúrgica em que trabalhou de

1883 a 1889 (MAXIMIANO, 2000, p. 161), defendia que a principal função do

administrador era determinar a única maneira certa de executar o trabalho (the one

best way) que, se adotada, maximizaria sua produtividade. A pretensão de Taylor

era determinar a produção-padrão, definindo, além da única melhor forma de

executar, os tipos de pessoas ideais para execução de cada atividade.

Quadro 1 Problemas das operações fabris na Midvale Steel FONTE: MAXIMIANO, 2000, p. 161-2

Por considerar que seu método substituiria o antigo sistema de administração

empírica que resultava em baixa produtividade e prejuízos divididos entre a

empresa, a sociedade e os trabalhadores (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 29),

Taylor destacou a necessidade de dividir a produção em planejamento e execução,

com os administradores assumindo a função de planejar a produção, enquanto que

aos operários caberia apenas a execução da forma como foi estabelecida nos

padrões de produção.

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26

Entretanto, era necessário à Administração Científica desenvolver

mecanismos que possibilitassem a aplicação dos padrões estabelecidos. Para que

isso ocorresse, era preciso seguir o esquematismo proposto, que consistia na

seleção, treinamento, controle e estabelecimento de incentivos (MOTTA;

VASCONCELOS, 2006, p. 30). Assim, a seleção deveria buscar o operário-padrão

para a realização de cada atividade, o qual deveria ser treinado com base nos

padrões estabelecidos. Em seguida, o operário deveria ser supervisionado durante

cada fase de seu trabalho, como forma de assegurar que a única melhor forma de

realizá-lo seria aplicada.

O maior exemplo de aplicação das prescrições desenvolvidas por Taylor foi o

sistema implantado por Henry Ford (1863-1947), no qual, de acordo com Motta &

Vasconcelos (2006, p. 32), eram utilizadas plataformas volantes na produção de

automóveis, que transportavam as peças até os operários, deixando-os fixos em

seus postos de trabalho. Ford adotou a fabricação de produtos não diferenciados em

grande quantidade, tornando as peças padronizadas e utilizando-se de mão-de-obra

especializada, o que resultou na redução do tempo de produção, dos custos dos

estoques e dos preços dos automóveis devido à economia de escala (MAXIMIANO,

2000, p.175-8).

Embora simplista na concepção da natureza humana, a Administração

Científica representou avanço nas relações de trabalho, pois, antes dos conceitos e

práticas idealizados por Taylor, os operários tinham dificuldades para se adaptarem

à disciplina das fábricas de uma indústria recém-criada e sem regulamentação do

trabalho (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 35). Até então, os operários podiam

ser punidos arbitrariamente por erros na produção ou por máquinas quebradas e,

com a divisão de competências proposta por Taylor, era suficiente ao trabalhador

executar a tarefa de acordo com os padrões estabelecidos que qualquer erro

eventual seria responsabilidade de quem formulou a atividade executada.

Entretanto, essa mesma proteção contra punições arbitrárias tinha a

potencialidade de alienar, bloquear o desenvolvimento, a autonomia e o aprendizado

do trabalhador, pois era baseada na premissa de que o operário não tinha

capacidade de pensar o processo produtivo e que deveria preocupar-se estritamente

no desenvolvimento das habilidades necessárias à melhor execução das atividades

que lhe foram designadas, sendo reduzido à ferramenta dentro desse processo ao

Page 28: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

27

perder o direito de opinar em sua elaboração (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p.

35 e 37-8).

Motta & Vasconcelos (2006, p. 36) também afirmam que outro efeito

resultante da Administração Científica foi a redução do clientelismo e protecionismo

característico do antigo sistema de produção semiartesanal, no qual o poder era

concentrado nos profissionais especializados e nos mestres-artesãos, que detinham

o controle do acesso ao emprego. Assim, a padronização das funções tornou o

acesso ao exercício do trabalho mais igualitário e houve aumento das possibilidades

de mobilidade social.

3.1.2. A Teoria Clássica de Fayol

O francês Henri Fayol, engenheiro por formação, desenvolveu suas pesquisas

no estabelecimento de princípios administrativos e à definição das atividades dos

níveis diretivos e gerenciais.

Segundo Maximiano (2000, p. 56), Fayol considerava a função administrativa

a mais importante dentre as funções essenciais da empresa, sendo constituída pelas

atividades de planejamento, organização, coordenação, comando e controle. Assim,

“[...] Fayol considerava a empresa como sistema racional de regras e de autoridade”

(MAXIMIANO, 2000, p. 56), no qual o gerente exerceria a coordenação e o controle

com base nos 14 princípios de administração (Quadro 2).

DIVISÃO DO TRABALHO

AUTORIDADE E RESPONSABILIDADE

DISCIPLINA

UNIDADE DE COMANDO

UNIDADE DE DIREÇÃO

INTERESSE GERAL

REMUNERAÇÃO DO PESSOAL

CENTRALIZAÇÃO

LINHA DE AUTORIDADE

ORDEM

EQUIDADE

ESTABILIDADE DO PESSOAL

INICIATIVA

ESPÍRITO DE EQUIPE Quadro 2 Os 14 princípios da administração de Fayol FONTE: MAXIMIANO, 2000, p. 58

Motta & Vasconcelos (2006, p. 31) afirmam que em seus estudos Fayol

defendia que a minuciosa divisão do trabalho tornaria a empresa mais eficiente e

que os departamentos deveriam obedecer a critérios de semelhanças de objetivos

Page 29: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

28

entre as funções. Outro ponto também defendido por Fayol era a definição precisa

da menor quantidade possível de subordinados a cada chefe, o que gerava pequena

amplitude de controle e deveria elevar o grau de centralização das decisões, que

deveriam ser impessoais. Assim, Fayol se concentrava na organização das tarefas

com objetivo de criar a estrutura empresarial ideal.

Embora estabelecesse a definição clara das regras administrativas, a Teoria

Clássica de Fayol acabou por vivenciar fenômenos de dissociação das normas e da

prática administrativa (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 39). Com essas

dissociações, os indivíduos acabavam por encontrar espaços de ajuste à regra,

estabelecendo a alguns procedimentos apenas a função social na organização, mas

sem aplicabilidade na prática. Estudos desenvolvidos por críticos da Escola Clássica

constataram a existência de práticas gerenciais denominadas overlooking, em que

os chefes desconsideravam as regras ou fingiam não perceber seu descumprimento

para evitar conflitos, desde que seus subordinados mantivessem nível mínimo de

compromisso com os resultados e com a produtividade.

3.2. ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS

Os estudos que se seguiram à Escola Clássica constataram que outros

fatores ligados à motivação e à afetividade do ser humano tinham influência direta

nos resultados organizacionais (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 43). Com essas

constatações surgem os conceitos da Escola das Relações Humanas, também

conhecidas como Relações Trabalhistas ou Industriais, como resultados das

experiências com os níveis de iluminação realizadas entre 1924 e 1936 na fábrica da

Western Eletric em Hawthorne, Chicago, coordenadas pelo psicólogo industrial

George Elton Mayo (TRAGTENBERG, 2005, p. 29). Com essas experiências, Mayo

constatou a existência de dois grupos dentro da mesma organização – aquele

definido pelas condições de organização técnica da empresa (formal), e o resultante

das relações sociais presentes na organização (informal) –, concluindo que o fator

informal possui influência direta na organização burocrática e na produtividade

empresarial.

Essas experiências desenvolvidas baseavam-se nos pressupostos definidos

por Taylor e os demais autores da Escola Clássica da Administração, e foram

realizadas com o objetivo de verificar a influência de fatores como os movimentos

dispendiosos e ineficientes durante a execução do trabalho, a fadiga e a deficiência

Page 30: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

29

do ambiente físico na eficiência fabril (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 44).

Assim, em três distintas fases foram realizadas observações de grupos selecionados

de trabalhadores que eram colocados em condições específicas de iluminação para

verificar a influência dessa variável ambiental na produtividade. Entretanto, os

resultados obtidos demonstraram que as variações na intensidade da iluminação

não tinham influência direta e efetiva na produtividade, que foi influenciada por

outras variáveis dentre as quais os padrões e comportamentos informais

estabelecidos pelo grupo de trabalho e o próprio contato com os pesquisadores

(MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 44-5).

Com essa constatação, percebeu-se a necessidade de maior controle sobre o

nível informal de relação empresarial, preocupando-se com a dominação de conflitos

por meio da instituição de relações sociais sólidas e cooperações espontâneas, pois

Mayo, influenciado pelas ideias de Emile Durkheim, concluiu que as relações de

trabalho não são as causas dos conflitos, que são causados pela eliminação da

solidariedade orgânica promovida pelo desenvolvimento tecnológico

(TRAGTENBERG, 2005, p. 30-1). Ao se apropriarem de conhecimentos sociológicos

e psicológicos, os estudiosos de Hawthorne evidenciaram que é no grupo primário

ou informal que se efetiva a educação do indivíduo, que adquire, nessa instância

social, seus hábitos e atitudes, e, portanto, é nesse grupo que a atuação deve ser

exercida para alcançar o equilíbrio entre os padrões informais e as regras oficiais

(MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 46-7).

Segundo Motta & Vasconcelos (2006, p. 47), a pesquisadora Mary Parker

Follet teve grande importância para estabelecer o sistema de equilíbrio entre

empregados e empregadores adotado pela Escola das Relações Humanas,

definindo a existência de três métodos de solução de litígios industriais em estudos

anteriores às experiências na fábrica de Chicago. De acordo com os autores, esses

métodos consistiam no

método da força, como o próprio nome já diz, está ligado à coerção e à utilização de ameaças e violência para obter-se o resultado desejado. Envolve riscos, desgastes e pode custar caro. O método da barganha abrange a negociação política entre as partes, que tentam chegar a um acordo mútuo. O método da integração envolve o uso de outras ferramentas administrativas que levem os indivíduos a se dedicar mais à organização e envolver-se com ela.

Com esses estudos, Follet, apud Tragtenberg (2005, p. 32) antecipou as

proposições de liderança e participação em que culminaria a Escola das Relações

Page 31: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

30

Humanas, que passou a adotar técnicas de controle que utilizam a diplomacia em

detrimento ao autoritarismo nas relações entre capital e trabalho, surgindo, na

década de 1950, termos como “humanização do trabalho”, na França; “humanização

na empresa”, na Itália; e técnicas de cogestão, na Alemanha.

A Escola das Relações Humanas traz, portanto, o conceito de homo socialis

(Figura 1), que se contrapõe ao conceito de homo economicus demonstrado por

Taylor, além da substituição da ênfase nos aumentos salariais ou na diminuição da

jornada de trabalho pela ênfase nas relações, com forte controle da informação e da

comunicação, como forma de assegurar o controle da situação e o aumento da

lucratividade ao diminuir os custos dos conflitos internos da empresa (MOTTA;

VASCONCELOS, 2006, p. 47). Logo, como Tragtenberg (2005, p. 32) demonstra,

surgem técnicas, como a dinâmica de grupo, por exemplo, baseadas nas conclusões

de que as forças coletivas agem sobre cada membro do grupo, que a discussão

intergrupal modifica muito mais a conduta individual e que a contribuição da

participação dos operários na discussão de problemas da produção melhora a

produtividade.

Figura 1 O homo socialis FONTE: MOTTA & VASCONCELOS, 2006, p. 54

As Relações Humanas também introduzem no ambiente organizacional a

transformação das relações sociais em pessoais, pois na empresa as pessoas

passam a ser organizadas em funções que se tornam determinantes na definição de

classes de funcionários, considerando os conflitos como exteriorizações de tensões

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31

internas que necessitam da ação empresarial sobre indivíduos e grupos para

provocar atitudes que lhe convêm (TRAGTENBERG, 2005, p. 27 e 34). E essa

atuação ideológica da empresa, denominada como psicomanipulação, extrai do

trabalhador, com finalidade de aumentar a lucratividade empresarial, não apenas a

produção excedente de seu trabalho, pois ao ser

manipulado, angustiado, inculpado, o indivíduo hoje se caracteriza por grande apatia política, [...] porque o poder social de um indivíduo é igual ao do outro. Ou toda preocupação do poder é fragmentar as classes sociais em indivíduos. [...] O indivíduo só pode recuperar seu poder social, apreender a dimensão do político e influenciar a

sociedade no interior de sua classe social. (TRAGTENBERG, 2005, p. 38).

Entretanto, a concepção desses novos recursos que se baseiam no diálogo,

na participação e na maior habilidade de persuasão para obter maior produtividade

do trabalhador (TRAGTENBERG, 2005, p. 34 e 36) culmina na mudança da

percepção do que significam relações humanas de acordo com cada classe social:

os operários se veem satisfeitos com a parcela de participação que receberam,

mesmo esta sendo mais um recurso para aumento da produtividade, enquanto os

gerentes a veem como forma de prestígio na organização.

Segundo Motta & Vasconcelos (2006, p. 53 e 56), a Escola das Relações

Humanas identificou, por meio de estudos desenvolvidos por Chester Barnard, que

as organizações são sistemas cooperativos que surgem com a associação de

indivíduos que buscam a realização de objetivos próprios que, entretanto, não

podem ser alcançados sozinhos. Logo, as organizações são definidas como meios

de satisfação de objetivos pessoais e, por isso, o desenvolvimento de sistemas de

treinamento e seleção, vigilância e recompensas não são suficientes para garantir a

obediência às regras e padrões pelo fato do comportamento humano ser incerto e

haver iminência das pessoas se recusarem a cooperar, pois a estrutura informal da

empresa apresenta caráter espontâneo e aspectos afetivos e culturais que se

consubstanciam em jogos de poder que influenciam na estrutura formal da

organização. Dessa forma, o controle e integração necessários à empresa seriam

alcançados com o desenvolvimento de valores comuns que gerassem

comprometimento dos indivíduos com a organização.

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32

3.3. TEORIA DA BUROCRACIA

Max Weber foi o primeiro autor a analisar as organizações modernas,

revelando-se como principal expoente da Teoria da Burocracia, na qual analisa a

racionalidade instrumental como tentativa de formalizar e coordenar a conduta

humana pelo exercício da autoridade racional-legal para permitir o alcance dos

objetivos organizacionais (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 129-0).

Os autores definem que a Burocracia é o sistema que tem como objetivo

organizar a cooperação dos membros da organização pela definição de funções

especializadas, separando a esfera pessoal, privada e familiar da esfera do trabalho,

o que torna as relações impessoais. E, para alcançar seu objetivo, a Burocracia

desdobra as tarefas administrativas quantitativa e qualitativamente (WEBER, 1999,

p.198), baseando-se em princípios definidos racionalmente (Figura 2), que são

aplicados a todos da organização, regulam o exercício e os limites da autoridade,

estabelecem a equidade no tratamento das pessoas e exclui da empresa a tomada

de decisão com base em favoritismo ou relações pessoais.

Figura 2 Princípios da Teoria da Burocracia FONTE: Adaptado de MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 131

Segundo Sobral & Peci (2008, p. 44), a estrutura burocrática é o modelo ideal

descritivo capaz de atingir alto grau de eficiência e, portanto, constituinte do mais

racional meio de exercer dominação sobre as pessoas, gerando as vantagens de

estabelecer a predominância da lógica científica sobre a intuitiva; de consolidar as

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33

metodologias de análise racional, que permitiriam o aprimoramento dos processos

de produção; de formalizar as competências técnicas; e de reduzir os favoritismos

por meio da equidade estabelecida pelas normas e regras, encerrando em seu

escopo de ideias os conceitos de poder, dominação e autoridade.

Entretanto, Weber (1999, p. 233) afirma que a estrutura burocrática é produto

tardio do desenvolvimento. O autor afirma que

A burocracia é de caráter “racional”: regra, finalidade, meios, impessoalidade “objetiva” dominam suas atitudes. Por isso, seu surgimento e sua divulgação tiveram por toda parte efeito “revolucionário” naquele mesmo sentido especial, [...] que caracteriza o avanço do racionalismo, em geral, em todas as áreas.

Assim, a estrutura de dominação burocrática reduziu a presença na realidade

histórica de outras formas de dominação que não apresentam caráter e bases

racionais (WEBER, 1999, p. 233) – como a carismática e a tradicional, apresentadas

a seguir.

3.3.1. Dominação, Legitimação e Autoridade

Segundo Morgan (1996, p. 181-2), o principal interesse de Weber em seus

estudos era entender as diferentes formas de dominação social que caracterizavam

as diferentes sociedades e épocas, destacando o papel das organizações

burocráticas na manutenção e criação de estruturas de dominação. Weber (1999, p.

187) considerava a dominação caso especial do poder e um dos elementos mais

importantes da ação social.

Weber (1999, p. 191) considera que dominação é

[...] uma situação de fato, em que uma vontade manifesta (“mandado”) do “dominador” ou dos “dominadores” quer influenciar as ações de outras pessoas (do “dominado” ou dos “dominados”), e de fato as influencia de tal modo que estas ações, num grau socialmente relevante, se realizam como se os dominados tivessem feito do próprio conteúdo do mandado a máxima de suas ações (“obediência”).

De acordo com o autor, a dominação ocorre, portanto, quando indivíduos ou

grupos impõem suas vontades sobre os outros, podendo acontecer quando uma ou

mais pessoas coagem outras pelo uso direto da ameaça ou da força, ou por meio de

mecanismos mais sutis. Weber (1999, p. 193) também afirma que a dominação

manifesta-se e funciona como administração, pois esta necessita que determinados

poderes de mando estejam nas mãos de alguém.

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34

A forma de dominação será definida pelos processos utilizados para torná-la

legítima e considerá-la relação de poder socialmente aceitável. Assim, quando

possui fator que a torne legítima, a dominação se define como autoridade e se

consubstancia em tipos definidos de organização administrativa, transmitindo a

quem a exerce o direito de exercê-la (MORGAN, 1996, p. 282). Com isso, Weber

(1999, p. 197) afirma que, para que mantenha sua subsistência, a dominação

necessita se autojustificar apelando aos princípios que a legitimam.

Desse modo, têm-se três tipos puros de estrutura de dominação (carismático,

tradicional e racional-legal), dos quais resultam as formas de dominação

encontradas na realidade histórica (WEBER, 1999, p. 198). A dominação carismática

ocorre quando há entrega ao extraordinário, ou seja, à crença no carisma (graça ou

revelação) concedido a determinada pessoa (WEBER, 1999, p. 198), e, de acordo

com Morgan (1996, p. 283), predomina em organizações de pequeno porte, flexível,

desestruturada e instável, pois está restrita aos discípulos e intermediários do líder

e, geralmente, a dominação cessa quando é suprimida a figura do líder.

A dominação tradicional será exercida quando o poder de mando baseia-se

em autoridade pessoal fundamentada na tradição e no costume, com o poder sendo

exercido como resultado do status adquirido (WEBER, 1999, p. 198). Por outro lado,

Weber (1999, p. 197) afirma que o tipo de dominação racional-legal, na qual se

baseia a Burocracia, legitima o poder pelas regras, regulamentos e procedimentos

racionais pactuados ou impostos e que agem como normas universalmente

compromissórias obedecidas quando há exigência de tal pelas pessoas autorizadas

por essas normas.

Na dominação racional-legal, o direito de exercer autoridade pertence,

portanto, ao cargo e não à pessoa que o ocupa. Logo, a Burocracia constitui

instrumento de poder com íntima ligação com o conhecimento e uso das regras

(MORGAN, 1996, p. 148 e 282-3), representando ameaça à liberdade do espírito

humano e aos valores democráticos por permitir a subordinação dos interesses e

bem-estar das massas aos interesses daqueles que definem e executam as normas.

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35

4. O PODER NAS ORGANIZAÇÕES

4.1. A CULTURA ORGANIZACIONAL E O PODER

Morgan (1996, p. 115) afirma que cultura é “[...] o padrão de desenvolvimento

refletido nos sistemas sociais de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais [...]”.

A afirmação do autor é confirmada por Robbins (2005, p. 375), que define que a

cultura, no ambiente organizacional, representa sistema de valores compartilhados

por seus membros e que diferencia as diversas organizações.

A cultura organizacional desempenha papel importante na construção de

ambientes mais favoráveis à cooperação, pois, de acordo com Motta & Vasconcelos

(2006, p. 360),

[...] esta passa a ser vista como uma construção política, um instrumento que os atores sociais criam e tornam a recriar para regular as suas interações de forma a obter um mínimo de cooperação necessária à concretização de objetivos do grupo organizacional. Enquanto hábitos, valores, formas de interação e conduta estiverem funcionando para regular as interações entre os indivíduos para a concretização dos objetivos da organização, essas formas de interação, valores e hábitos serão mantidos.

A empresa também cultiva signos (vestuário, móveis, linguagem, por

exemplo) de forma litúrgica (TRAGTENBERG, 2005, p. 26) que aumentam a

consistência, a previsibilidade e a ordem do comportamento (ROBBINS, 2005, p.

377). Assim, a cultura organizacional, de acordo com Robbins (2005, p. 378),

permite a estabilidade do sistema social, deixando-o mais coeso e definindo os

mecanismos de controle e direcionamento das atitudes e comportamentos dos

colaboradores da empresa, sendo, portanto, meio de manifestação do poder no

ambiente organizacional e definidora das fronteiras entre organizações distintas,

proporcionando senso de identidade e socialização, e facilitando o comprometimento

dos membros da organização.

4.2. LIDERANÇA

Robbins (2005, p. 302-3) explica a relação entre os conceitos de poder e

liderança ao afirmar que os líderes utilizam o poder como meio de alcançar os

objetivos dos grupos que lideram. Entretanto, o autor argumenta que existem

diferenças entre os conceitos de poder e liderança, demonstrando que o poder não

requer compatibilidade de objetivos, bastando-lhe somente a relação de

Page 37: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

36

dependência, enquanto a liderança necessita de compatibilidade de objetivos entre

líder e liderados. O autor também destaca que a liderança é estudada com ênfase

no estilo adotado, enquanto o estudo do poder busca conhecer os mecanismos de

conquista da submissão.

Sobral & Peci (2008, p. 216) afirmam que

No contexto da administração, a liderança pode ser definida como o processo social de dirigir e influenciar o comportamento dos membros da organização, levando-os à realização de determinados objetivos.

Segundo os autores, essa definição de liderança envolve três elementos

básicos: pessoas, poder e influência. Assim, o reconhecimento da liderança na

empresa implica em que as pessoas aceitem a relação de subordinação que

possuem com o líder e que tenham disposição para seguir suas orientações,

legitimando seu papel na organização. O líder, por sua vez, é detentor de poder, o

que lhe permite influenciar o comportamento de seus seguidores. Por outro lado, o

poder é distribuído de forma desigual na organização, estando geralmente

concentrado em poucas pessoas (SOBRAL; PECI, 2008, p. 216).

Assim, para entender os mecanismos de harmonização dos conflitos

organizacionais é necessário entender o papel da chefia dentro da organização e os

modelos de gestão que são encontrados nas diversas empresas. Tragtenberg (2005,

p. 25-6) afirma que nas organizações ocorre transmissão de autoridade hierárquica

ao chefe, a qual depois se transfigura em autoridade psicológica, alcançando, nesse

estágio, relação ambivalente entre subordinado e superiores, pois não há

neutralidade afetiva: ora presencia-se agressividade, ora sedução.

Esse fenômeno definido como ética das relações hierárquicas ocorre porque

as concepções tradicionais de autoridade e comando são oriundas de

representações sociais de origem cultural, geralmente de forma inconsciente. Assim,

o comportamento perante a autoridade é fortemente marcado pela percepção de

que os líderes seriam pessoas escolhidas por certa vocação superior, predestinadas

a comandar, cujo caráter é percebido como sagrado, enquanto as demais precisam

ser dirigidas (TRAGTENBERG, 2005, p. 47).

Essa relação entre chefe e subordinado se apresenta de acordo com o

modelo de gestão predominante na empresa, que, segundo França (2009, p. 17),

pode se desenvolver por dois modelos básicos de administração: o modelo diretivo

Page 38: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

37

(ou diretivo-autoritário) e o modelo participativo (ou consultivo-participativo).

Segundo a autora, o modelo diretivo, adotado por organizações denominadas de

mecanicistas, apresenta predominância da autoridade formal e de mecanismos

burocráticos para obtenção de obediência, e possui estrutura administrativa

centralizada, com uso de instrumentos coercitivos para reforçar o papel da chefia,

ocorrendo redução da autonomia das pessoas. Por outro lado, o modelo participativo

é composto pela interação entre liderança, disciplina e autonomia, o que faz com

que as pessoas sejam percebidas como responsáveis pelos seus comportamentos e

desempenhos.

Essa diferença entre organizações diretivas e participativas reflete em

diversos fatores, dentre os quais o estilo de liderança, que é definido de acordo com

o grau de predominância dos modelos de gestão apresentados, e as formas de

exercício do poder e do controle. É possível, então, dizer que organizações

predominantemente diretivas apresentam, além de maior divisão hierárquica,

mecanismos de controle mais explícitos do que organizações com predominância do

modelo participativo.

4.2.1. Teorias de Liderança

As primeiras teorias de liderança tinham como enfoque apenas aspectos

internos e características individuais dos líderes, tese defendida pela perspectiva de

liderança baseada nos traços, segundo a qual os líderes possuem características

inatas, que os diferenciam de outras pessoas, concluindo que não podem ser

formados ou treinados (SOBRAL; PECI, 2008, p. 216-7). Porém, experiências

comparativas entre líderes e não-líderes concluíram que não havia nenhum conjunto

de características específicos que determinassem se a pessoa era ou não um líder.

Com isso, a perspectiva da liderança se voltou para a análise comportamental

(SOBRAL; PECI, 2008, p. 217), verificando as atitudes dos líderes e aceitando a

ideia de que líderes poderiam ser formados, uma vez que padrões de

comportamento podem ser aprendidos. Nessa perspectiva, os líderes eram definidos

mediante sua capacidade de desempenhar com eficácia a função técnica, ligada à

tarefa e solução de problemas, e a função social, voltada para a mediação de

conflitos, promoção da comunicação e motivação do grupo. Entretanto, verificou-se

que a maioria dos líderes prioriza uma dessas funções, em detrimento da outra, o

que implica no estilo de liderança que adota.

Page 39: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

38

Por fim, surge a perspectiva da liderança contingencial, que, segundo Sobral

& Peci (2008, p. 220) afirma que não há traços e comportamentos que determinam a

eficácia da liderança, que será definida pela adequação do estilo de liderança

adotado à situação vivenciada.

4.2.2. Estilos de Liderança

Os estilos de liderança apresentados a seguir foram identificados por Kurt

Lewin e sua equipe durante pesquisas realizadas na Universidade de Iowa para

identificar as atividades empreendidas pelo líder para tornar o desempenho do grupo

que lidera mais eficaz (SOBRAL; PECI, 2008, p. 217-8). São eles: estilo autocrático,

democrático e liberal ou laissez-faire.

4.2.2.1. Estilo de Liderança Autocrático

Segundo Sobral & Peci (2008, p. 218), esse estilo é caracterizado pela

centralização da autoridade e do processo de tomada de decisão, definindo de

forma autoritária e com baixa ou nenhuma participação dos funcionários os métodos

e técnicas de trabalho, sendo, portanto, predominante em organizações que adotam

o modelo diretivo de gestão.

4.2.2.2. Estilo de Liderança Democrático

O estilo de liderança democrático permite a participação dos subordinados no

processo de tomada de decisão, por meio da delegação de autoridade e da

definição conjunta dos métodos e técnicas de trabalho entre o líder e seus liderados

(SOBRAL; PECI, 2008, p. 218). Segundo os autores, este estilo de liderança

apresenta duas variáveis: o democrata-consultivo, no qual o líder recebe opiniões de

seus subordinados, mas toma a decisão sozinho; e o democrata-participativo, que

permite aos liderados a participação na tomada de decisão.

4.2.2.3. Estilo de Liderança Liberal ou Laissez-faire

Sobral & Peci (2008, p. 218) afirmam que o líder que adota o estilo de

liderança liberal promove total liberdade para decisão e execução do trabalho aos

seus subordinados, comprometendo-se apenas a solucionar dúvidas e disponibilizar

os recursos necessários à produção.

Page 40: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

39

4.3. DISPUTAS PELO PODER

As organizações possuem papel econômico e político, apresentando

autonomia perante o Estado, com a disputa por parcelas de poder entre seus

membros ocorrendo de forma cotidiana, e com os administradores desempenhando

funções de harmonização dos interesses presentes na empresa (TRAGTENBERG,

2005, p. 9). A organização moderna substitui a liberdade pela unidade de comando e

os conflitos de interesse transformam-se em negociações intraorganizacionais que

devem ser realizadas para garantir a harmonia empresarial, a continuidade da

organização ou seu crescimento, possibilitando, de acordo com Tragtenberg (2005,

p. 13), a maximização do lucro e, na visão que considera a função social da

empresa, o atendimento dos interesses da sociedade e do Estado.

Tais relações de poder ocorrem como fenômenos complexos, pois quando o

poder produz seus efeitos sobre determinado corpo, emergem como consequência

reivindicações contrárias, originando disputas entre o poder e o corpo sobre o qual o

poder se exerce. Essa constatação, que apoia a perspectiva de poder como

fenômeno organizacional político, permite perceber que as organizações constituem

arenas complexas em que há busca dos interesses individuais com uso da estrutura

e das regras burocráticas (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 352).

Além de observar que a longa expectativa de vida da empresa torna o

capitalista supérfluo, Peter Drucker, apud Tragtenberg (2005, p. 21) também verifica

a existência da luta de poder entre trabalho e gerência, que, inicialmente, se

desenvolve sob a reivindicação salarial, – pois, para o trabalhador, o salário é

percebido como renda ao final do período de trabalho, enquanto o gestor o percebe

por sua relação com a produtividade, medida em tempo e materiais.

Motta & Vasconcelos (2006, p. 354) definem que pelo fato dos membros da

organização possuírem interesses específicos, há tendência de embate entre suas

decisões. Como no ambiente organizacional há um conjunto de recursos materiais,

tecnológicos ou relacionados a determinadas competências, os atores sociais

participam de jogos de poder em que a decisão a ser tomada é relacionada à

colaboração, e tais jogos se desenvolvem por causa da busca de melhor inserção no

sistema organizacional e de maior controle dos recursos, principalmente daqueles

de maior importância para o desempenho organizacional, pois propiciam aos seus

controladores maiores parcelas de poder.

Page 41: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

40

Assim, nas relações de poder no ambiente organizacional existem algumas

divergências entre os objetivos individuais e os objetivos organizacionais, tornando

necessária a criação de regras de controle da conduta dos indivíduos e dos

resultados de seu trabalho (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 355). Consequência

desse conflito de interesses é o problema de agência, que ocorre quando o indivíduo

coloca seus interesses pessoais como prioridade em relação aos interesses da

organização, obtendo vantagens por meio de informações e recursos que a empresa

lhe proporciona. Para evitar a ocorrência desse fenômeno, as organizações

aumentam a rigidez de seus controles burocráticos, embora exista a possibilidade de

estabelecimento de espaços informais de negociação.

A divergência de interesses e a disputa pelo poder são comuns e inevitáveis

nas organizações, mas quando esse quadro de busca por interesses individuais se

torna prejudicial para a empresa, são necessárias algumas medidas para

proporcionar eficiência mínima para o alcance dos resultados organizacionais,

utilizando-se de mecanismos de harmonização dos conflitos e de desenvolvimento

de ambientes de cooperação.

4.4. FORMAS DE RESISTÊNCIA AO PODER

De acordo com Motta & Vasconcelos (2006, p. 353 e 364-5), o poder

manifesta-se nas organizações gerando formas de resistência originárias da

interação entre as capacidades de ação estratégica individual e de ação estratégica

coletiva. Segundo os autores, esses tipos de ação estratégica representam a

capacidade dos indivíduos perceberem, no nível individual ou coletivo,

oportunidades de ação, prever consequências e riscos de cada alternativa e assumir

os riscos da decisão tomada, sendo definidos, na organização, pelo grau de

autonomia e controle dos indivíduos sobre suas tarefas e pela reação que

apresentam perante a liderança, o que influencia a atitude em grupo e a forma de

reação ao fenômeno do poder. Os autores afirmam que existem quatro formas

básicas de luta nas organizações: a apatia, a ação errática, a ação estratégica e a

posição conservadora.

A apatia é caracterizada pela passividade do grupo de trabalhadores, que não

se manifestam por revoltas e não possuem líder ou o líder tem fraca influência. Na

ação errática, Motta & Vasconcelos (2006, p. 364-5) afirmam que há presença do

líder, que é autoritário e de quem o grupo possui forte dependência, ocorrendo

Page 42: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

41

muitas revoltas, embora irregulares, e com capacidade de mobilização que,

entretanto, é desproporcional à clara definição do objetivo a ser perseguido. O grupo

errático se origina em estruturas organizacionais em que os indivíduos exercem

tarefas idênticas e, portanto, apresentam mais possibilidades de desenvolverem

discussões.

Na ação estratégica, os grupos são mais homogêneos, possuem maior

autonomia e controle sobre seu trabalho e há elevado compromisso sindical, com

pressão contínua e planejada do grupo para o alcance de seus objetivos, gerando

maior capacidade de negociação e sem forte dependência do líder. A posição

conservadora é composta de grupos com altos salários e prestígio na organização e

se desenvolve por meio de grupos fechados e coesos para garantir a defesa de

interesses particulares que não estão relacionados à ação sindical.

4.5. INSTRUMENTOS DE HARMONIZAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE CAPITAL

E TRABALHO

Tragtenberg (2005, p. 22) afirma que a empresa é cada vez mais antissocial e

privatista na medida em que sua direção for mais capitalista, pois há a preocupação

de como evitar que as funções gerenciais legitimadas sejam usurpadas pelos

trabalhadores. Segundo o autor, a empresa é caracterizada por sua estrutura

hierárquica, que é impessoal e burocrática no sentido de utilizar conceitos e meios

mecanicistas para assegurar a continuidade empresarial e garantir a harmonização

das relações, evitando colapsos causados pelo embate entre trabalho e capital.

4.5.1. Práticas Participacionistas

Dentre as formas de harmonização dos embates entre o capital e o trabalho,

surgem no século XIX na Europa, principalmente na Alemanha, Bélgica e França, as

práticas participacionistas, relativas à participação nos lucros, que distribui parte do

resultado da organização entre seus membros; ou ao melhor compartilhamento das

informações, que contribui para melhoria do desempenho organizacional

(TRAGTENBERG, 2005, p. 26 e 55). Também surge a cogestão, que, segundo

Tragtenberg (2005, p. 56 e 86), representa o equilíbrio de poderes que garantirá o

bom funcionamento e a definição do lugar do trabalhador na empresa, e é resultado

da percepção de que a relação de trabalho é uma relação coletiva com laços entre

as pessoas e a empresa e “[...] fundada no reconhecimento recíproco dos princípios

de dever, lealdade e assistência” (TRAGTENBERG, 2005, p. 58).

Page 43: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

42

A cogestão pode apresentar-se como unidade técnica de produção ou

mecanismo de gestão financeira, conforme ocorra na empresa ou no Estado,

respectivamente. Seus princípios estão embasados na codecisão, que consiste na

concordância de partes com o mesmo direito sobre a realização de determinada

ação, embora Tragtenberg (2005, p. 86) argumente que a cogestão paritária, que

oferece as mesmas vantagens a trabalhadores e representantes do capital

empresarial, implica em constante contestação do poder gerencial, o que leva ao

bloqueio das decisões e pode suscitar mais conflitos do que pacificá-los, resultando

na adoção de formas de “cogestão” que não são desenvolvidas com tal paridade.

4.5.2. Normas e Regulamentação

Outro instrumento de que o poder se utiliza para possibilitar o controle é a

regulamentação, definindo os comportamentos que são considerados normais e

tornando a organização mais homogênea, o que permite tanto a classificação quanto

a hierarquização organizacional. França (2009, p. 204-5), argumenta que as grandes

transformações ocorridas no cenário econômico, com a maior centralização do

capital, impulsionaram a busca pelo alargamento dos instrumentos de controle,

culminando com o pluralismo de normas e sistemas para homogeneização das

relações de trabalho. E essa homogeneização também ocorre pela formação

profissional desenvolvida pela empresa, evitando desvios por meio de

desconformidades (TRAGTENBERG, 2005, p. 43).

4.5.3. Formação profissional na Empresa

O objetivo do processo de formação nas empresas, que tem suas bases no

modelo de separação entre trabalho manual e intelectual proposto por Taylor, é

preparar o trabalhador para assumir outras posições na estrutura empresarial. Com

isso, ao ascender na estrutura empresarial, inicia-se o conflito entre a militância

política e a posição ocupada pelo trabalhador no quadro empresarial. O sistema de

formação profissional é hierarquizado, reproduzindo o esquema escolar tradicional

no qual o estudante desempenha papel passivo na produção do conhecimento

(TRAGTENBERG, 2005, p. 44). Além disso, por não contar com a participação de

representantes dos trabalhadores, a política de formação contínua permite

reprodução do poder político preocupado com a garantia da manutenção do status

quo pela elite empresarial.

Page 44: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

43

4.5.4. Disciplina

Foucault (2008, p. 80) afirma que o controle sobre os indivíduos, que também

ocorre pela consciência e pela ideologia, iniciou-se no capitalismo em

desenvolvimento no final do século XVIII e limiar do século XIX, exercendo-se sobre

o corpo como força de produção e como realidade biopolítica. Durante essa época, a

disciplina, principal tecnologia de exercício do poder, foi elaborada de forma mais

parecida com a qual se conhece atualmente, embora existisse nos mosteiros e na

Legião Romana da Antiguidade e Idade Média. Entretanto, nessa época os

princípios fundamentais da disciplina estavam em estado de elaboração, e tiveram

que ser aperfeiçoados para a gestão das pessoas, permitindo o controle das

multiplicidades pessoais para maximizar o efeito da força de trabalho na atividade

exercida (FOUCAULT, 2008, p. 105).

Duas instituições tornaram-se muito importantes para o delineamento da

disciplina como forma de controle e poder: o exército e a escola. Por meio do

exército, pôde-se definir a distribuição espacial dos indivíduos como forma de

controle a partir do momento que foi adotado o uso do fuzil, obrigando a substituição

da organização baseada na densidade da massa de soldados amontoados pela

melhor distribuição das pessoas, objetivando a eficácia máxima do uso desse novo

armamento (FOUCAULT, 2008, p. 105), e a escola, por outro lado, exerceu

influência ao descobrir que o ensino coletivo necessitava de distribuição espacial

dos alunos.

Assim, a disciplina se utiliza da análise espacial e da individualização dos

sujeitos sobre os quais será exercida por meio da classificação em categorias e da

combinação de indivíduos que pertençam às mesmas categorias, exercendo

controle sobre o desenvolvimento da ação, e não sobre seu resultado. Tal controle é

exercido por meio da observação dos gestos executados, identificando aqueles mais

eficazes, rápidos e ajustados à atividade exercida. Além disso, a disciplina necessita

de vigilância durante o tempo de execução de determinada atividade, exercida por

meio de níveis hierárquicos e sistemas de inspeção. E a pirâmide disciplinar também

é permeada pela transferência de informações de forma ascendente, possibilitando,

com o uso do registro contínuo, que nenhum acontecimento disciplinar deixe de ser

comunicado ao topo da pirâmide (FOUCAULT, 2008, p. 106).

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44

Logo, disciplina pode ser definida como o conjunto de técnicas que exercem

poder sobre o indivíduo de forma particular, utilizando a vigilância permanente e

classificatória, a distribuição, o julgamento, a medição, a localização e utilização dos

indivíduos para submetê-los ao exercício do poder.

4.6. INFLUÊNCIAS DO PODER NA FORMAÇÃO POLÍTICO-SOCIAL DO

TRABALHADOR

A autoridade, o poder e as relações superior-subordinado constituem

aspectos políticos presentes no ambiente organizacional, tornando a empresa um

sistema de governo que aplica princípios políticos previamente definidos. Embora

estejam conscientes da existência de arranjos políticos no ambiente organizacional,

originários da busca por interesses individuais, as pessoas evitam a discussão da

organização como sistema político em que ocorrem embates entre interesses

individuais e grupais ao adotarem a ideia simplista de que a empresa é somente

conjunto de indivíduos organizados racionalmente para alcance de objetivos comuns

(MORGAN, 1996, p. 146).

O autor define que a política é a capacidade da sociedade permitir aos

indivíduos ou classes de indivíduos, a adoção de mecanismos de consulta e

negociação para solução de divergências de interesses, criando “ordem na

diversidade”, e, portanto, não deve ser vista como disfunção quando ocorre no

âmbito organizacional.

Com relação às classes sociais, Tragtenberg (2005, p. 40 e 42) afirma que a

relação de classe é uma relação de igualdade, pois, na sua classe em relação a

outras, o indivíduo recupera seu ser social, fragmentado pela divisão do trabalho,

que estereotipa as condutas dos que detêm autoridade e daqueles que sofrem seu

impacto, naturalizando os comportamentos submissos e punindo os agressivos,

mesmo sem presença policial, pois o superego passa a cumprir o papel de policial

interior.

Porém, com a evolução das relações sociais, sobretudo com a determinação

da igualdade pelas cartas constitucionais inspiradas nos preceitos da Revolução

Francesa, ocorrida no fim do século XVIII, a distância social transfigura-se em

especialização, funções e competências exercidas pelos trabalhadores, migrando,

portanto, para a valorização da representatividade social das funções

desempenhadas o que antes era valorização da representatividade do grau

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45

hierárquico ocupado. Assim, cria-se com a expansão corporativa, condições para a

descentralização da autoridade, a delegação, o trabalho em equipe e as decisões

colegiadas (TRAGTENBERG, 2005, p. 48).

Morgan (1996, p. 150-1), ao estudar as formas de governo político presentes

nas organizações, afirma que alguns estudiosos e membros do movimento

trabalhador defendem que o envolvimento direto do empregado no processo

administrativo reduz seu poder de discordância, pois o trabalhador passa a ser parte

do processo de tomada de decisão. Assim, tais pensadores sugerem a defesa dos

interesses do empregado por meio de associações, como os sindicatos, que

possibilitem influenciar nas políticas organizacionais sem necessidade de ligação

direta com a empresa.

Ademais, o fluxo da ação política e social do trabalhador é influenciado por

seu posicionamento pessoal, que é originário da intersecção entre os interesses da

tarefa que executa, os interesses de sua carreira e os interesses que são exteriores

à organização (Figura 3), com o poder permeando essas três esferas (MORGAN,

1996, p. 153-4).

Figura 3 Interesses organizacionais FONTE: MORGAN, 1996, p. 154

No modelo acima, a esfera dos interesses da tarefa está relacionada ao

trabalho que o ator social deve executar, como, por exemplo, o alcance da meta de

vendas no caso de um vendedor. Por outro lado, a esfera de interesses da carreira

está relacionada às aspirações que o trabalhador tem quanto ao seu futuro e, por

fim, a esfera extraorganizacional engloba a personalidade, as atitudes, os valores,

as preferências e as crenças próprias do indivíduo (MORGAN, 1996, p. 153).

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46

Segundo o autor, o trabalhador age de forma política e social em busca do equilíbrio

do modelo apresentado que, por ser inconstante, gera tensões políticas na

intersecção das esferas.

E, de acordo com Morgan (1996, p. 155 e 158), ao reconhecer a existência de

outros atores sociais que dividem o espaço organizacional e possuem interesses

diferentes, o indivíduo tende a formar coalizões com outros membros da

organização que possuam interesses e valores semelhantes aos seus, surgindo,

portanto, uma organização que engloba grupos com múltiplos objetivos.

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47

5. METODOLOGIA

5.1. TIPO DE PESQUISA

Lakatos & Marconi (2010, p. 65) afirmam que “não há ciência sem emprego

de métodos científicos”. Por esse fato, foi importante ao desenvolvimento dessa

pesquisa a definição da forma metodológica adotada, descrita abaixo.

5.1.1. Quanto aos fins

Quanto aos fins desejados, a pesquisa aplicada foi definida como descritiva,

pois, de acordo com Gil (2002, p. 42), este tipo de pesquisa permite descrever as

características encontradas em determinada população ou fenômeno, o que auxiliou

o pesquisador no estudo dos tipos e níveis de relações de poder verificados na

empresa pesquisada.

5.1.2. Quanto aos meios

Quanto aos meios empregados para alcance dos resultados desejados, foi

utilizado o método de pesquisa de estudo de caso que, de acordo com Yin (2010, p.

24 e 29-30), é utilizado quando se pretende entender fenômenos sociais

contemporâneos e complexos, que buscam responder questões explanatórias, e que

não exijam controle dos eventos comportamentais.

Anteriormente ao estudo de caso, foi utilizada a pesquisa bibliográfica,

permitindo a elaboração de questões que possibilitaram ao pesquisador entender

por que ou como acontecem os eventos pesquisados (YIN, 2010, p. 58-9).

5.2. MÉTODO DE ABORDAGEM

Segundo Gil (1995, p.28), a definição do método de abordagem garante ao

pesquisador objetividade no tratamento dos fatos sociais pesquisados. Assim, dentre

os métodos de abordagem citados pelo autor, foi aplicado o dialético, que se

caracteriza como método de investigação da realidade pela aplicação da lógica à

compreensão do processo histórico das mudanças e dos conflitos sociais, tendo

como princípios a aceitação da presença nos fenômenos sociais de aspectos

contraditórios organicamente unidos e em estado de luta constante entre si, e da

repetição nos estágios superiores desses fenômenos de traços encontrados nos

estágios inferiores (GIL, 1995, p. 31-2).

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48

5.3. MÉTODO DE PROCEDIMENTO

Os métodos de procedimento ou específicos (GIL, 1995, p. 34-6)

proporcionam meios técnicos de garantia da objetividade e precisão dos fatos

estudados. Seguindo a classificação taxionômica do autor, o pesquisador aplicou

nesse trabalho o método observacional, em que observou fenômenos em ocorrência

ou que já haviam acontecido, em conjunto com o método estatístico, que lhe

possibilitou desenvolver e reforçar conclusões com o uso da fundamentação no

tratamento dos dados com base na aplicação da teoria estatística, em que foi

considerada a probabilidade de ocorrência dos fenômenos observados e a margem

de erro para cada valor obtido.

5.4. UNIVERSO E AMOSTRA

O universo considerado nesse trabalho foi composto pelos funcionários da

Academia Pelé Club Belém, que atua no setor de serviços na cidade de Belém/PA.

A amostra foi determinada de forma probabilística estratificada proporcional ao

selecionar amostra de cada subgrupo da população considerada, obedecendo à

proporção que representa dentro do universo de pesquisa (GIL, 1995, p. 95). O

critério de estratificação adotado foi o nível organizacional ocupado pelos membros

da empresa, dividido em operacional, tático e estratégico, o que permitiu assegurar a

representatividade de cada nível nos resultados do estudo.

5.5. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Gil (2002, p. 140) afirma que o estudo de caso deve aplicar mais de um

procedimento de coleta de dados para garantir a qualidade dos resultados da

pesquisa pela convergência ou divergência dos dados coletados pelas diferentes

técnicas. Assim, os dados necessários ao desenvolvimento dessa pesquisa foram

coletados por meio da aplicação de questionário estruturado (Apêndice A) composto

por questões fechadas e entrevista orientada por roteiro específico (Apêndice B)

com o gestor financeiro, a gerência geral e a coordenadoria de Recursos Humanos e

Qualidade da organização.

5.6. TRATAMENTO DE DADOS

A análise e o tratamento dos dados foram realizados mediante o agrupamento

dos dados coletados em categorias previamente definidas.

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49

Seguindo as definições de Gil (1995, p. 175-7), a análise estatística dos

dados foi desenvolvida com a análise da frequência e das medidas de dispersão dos

dados obtidos, utilizando-se de tabelas para melhor visualização da caracterização

dos fenômenos típicos ao grupo pesquisado.

5.7. LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Dentre as limitações presentes no método de estudo de caso, Yin (2010, p.36

e 46) afirma que existe a falsa percepção de que o estudo de caso fornece pouca

base para generalização científica, o que não é verdade, pois esse tipo de pesquisa

é aplicado como generalização dos resultados às proposições teóricas, utilizando-

se, portanto, da generalização analítica.

Também há limitações relacionadas aos instrumentos utilizados na coleta dos

dados. O questionário, de acordo com Gil (1995, p. 126), possui como limitação a

falta de conhecimento das circunstâncias em que foi respondido e não fornece

garantia de retorno pela maioria das pessoas selecionadas na amostra, o que pode

reduzir sua representatividade. Outra limitação que esteve presente no

desenvolvimento dessa pesquisa foi a falta de experiência do pesquisador, que

gerou dificuldades na delimitação do referencial teórico abordado e na definição dos

dados coletados mais relevantes ao estudo proposto.

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50

6. ESTUDO DE CASO

6.1. A ACADEMIA PELÉ CLUB

A Academia Pelé Club Belém faz parte de uma franquia fundada no ano de

2005 pelo Grupo Figer e que atualmente possui 4 unidades implantadas e 2

unidades em construção, como apresenta o Quadro 3.

Quadro 3 Unidades Academia Pelé Club FONTE: Dados da Pesquisa

Segundo dados da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (2011),

a área mínima exigida para implantação de uma unidade da Pelé Club é de 1.000 m2

e a população da região escolhida deve ser de, no mínimo, 200.000 habitantes. No

caso da unidade de Belém, terceira capital brasileira a receber a academia, que foi

inaugurada no dia 7 de junho de 2010, a área possui mais de 7.000 m2 de área

construída no bairro de Nazaré, capacidade de atender 3.500 alunos, e conta com

área para musculação, duas salas de ginástica, uma de bike, duas quadras de

squash, duas piscinas, salas de fisioterapia e pilates, cabeleireiro, loja de materiais

esportivos e lanchonete.

Tendo como público-alvo a classe A, a Academia Pelé Club Belém possui 110

funcionários e cerca de 2.200 clientes, sendo a maior unidade da franquia, e utiliza

aparelhos das marcas Life Fitness e Technogym, considerados os mais modernos

do mundo para a prática de exercícios físicos.

Pertencente ao grupo MB Capital, holding de negócios que atua nos

segmentos de incorporação imobiliária, infraestrutura, hotelaria, turismo, lazer e

tecnologia, a unidade teve investimento inicial de R$ 4 milhões para poder oferecer

ao mercado mais de 12 mil programas de treinamento gerados a partir de 750

códigos diferentes gerenciados por software e que apresentam a avaliação de

características, potenciais e objetivos do aluno.

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51

6.2. PROPOSTA DE NEGÓCIO E ESTRUTURA DA ACADEMIA PELÉ CLUB

BELÉM

A proposta de negócio que a Academia Pelé Club Belém apresenta ao

mercado é dar atendimento personalizado, acompanhamento frequente, pró-

atividade e alta tecnologia, ajudando o aluno a conciliar atividade física bem

orientada, saúde, nutrição equilibrada e bem-estar, de forma que seus clientes

frequentem a academia por prazer, ao invés de por obrigação.

Para isso, a Pelé Club está estruturada conforme a Figura 4 a seguir.

Figura 4 Organograma da Pelé Club Belém FONTE: PELÉ CLUB BELÉM (2011)

6.3. MUDANÇA DE GESTÃO

Embora possua pouco mais de um ano de atuação no mercado paraense, a

Academia Pelé Club já passou por processo de mudança de gestão. Inicialmente, a

unidade era gerida pela Solare, empresa que atua no ramo hoteleiro nas cidades de

São Luís (MA) e Belém (PA). Entretanto, devido a diferença do ramo de atuação

dessa empresa e o foco do negócio da Pelé Club, foi necessário que a academia

passasse a assumir sua gestão, o que ocorreu por meio da contratação, em julho de

2011, de um Gerente Geral com experiência no ramo de fitness.

Durante o processo de mudança de gestão, embora algumas pessoas tenham

sido demitidas devido ao conflito gerado com a alteração, foram mantidos os

colaboradores considerados como a base do negócio e que conheciam a unidade e

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a cultura da franqueadora, para dar continuidade aos procedimentos que geravam

resultados positivos para a empresa e para que a mudança de gestão ocorresse de

forma positiva e sem prejuízos aos clientes e aos resultados organizacionais.

6.4. RESPOSTAS ÀS ENTREVISTAS

Durante o desenvolvimento da pesquisa, foram entrevistados três gestores da

empresa: o gestor financeiro, o gerente geral e a coordenadora de Recursos

Humanos e Qualidade. As respostas às perguntas foram gravadas e,

posteriormente, transcritas e estão apresentadas abaixo, com a identificação dos

entrevistados pelas letras A, B e C.

Questão 1 – Sexo

A – Masculino

B – Feminino

C – Feminino

Questão 2 – Escolaridade

A – Especialização

B – Graduação

C – Graduação

Questão 3 - Qual a missão, visão e valores da empresa? Em sua opinião,

essas crenças são colocadas em prática? Cite exemplos.

A – Existe missão e valores, mas entendemos que não era adequado para a

empresa, porque foi instituída pela direção da franquia e, em pesquisa realizada,

verificamos que nossos colaboradores não conhecem esses conceitos, que

deveriam conhecer para poder praticar. Logo, em reunião, verificamos, em conjunto

com o departamento de Recursos Humanos (RH), que devemos reelaborar esses

conceitos com o envolvimento de todos os colaboradores, para conhecermos

exatamente as necessidades da empresa.

Portanto, atualmente não está claro para empresa sua missão e valores, que

estão sendo realinhados e desenvolvidos para todas as unidades, a partir do nível

corporativo. Para isso, temos o RH corporativo, que irá às unidades franqueadas

enumerar, com participação dos colaboradores, os valores mais importantes que

estão sendo praticados, para chegarmos a um núcleo comum e, a partir daí,

trabalhar no seu desenvolvimento.

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53

Porém, embora os valores não estejam formalizados, a empresa já os possui,

pois nasce com esse grupo de pessoas que os pratica. Logo, identificamos, no dia a

dia da unidade, que os valores presentes são o trabalho em equipe, a pró-atividade,

e o respeito. Poderia, também, ser citada a liderança e a flexibilidade, que também

estão presentes, mas temos que identificar melhor se estão entre os principais

valores praticados.

B – Na realidade, ainda não temos esses conceitos estruturados. Somos uma

franquia e por isso não temos como fazer isso isoladamente na academia de Belém

sem ter estabelecido nas outras unidades da rede. Logo, o que a Pelé Club prega e

está em busca é do fitness não apenas pelo fitness, mas pela saúde e pelo bem-

estar; fazer com que a academia seja um local que as pessoas sintam prazer em

estar, em que possam cuidar da sua saúde e fazer muito mais que só exercício e

cuidar do corpo, mas também cuidar da mente.

Assim, valorizamos muito a sociabilidade dentro da academia, o que é

tendência nesse tipo de negócio, chamada de wellness, que é o bem-estar, e não

apenas o culto ao corpo. E, aliado a isso, procuramos ter como diferencial o

atendimento mais personalizado e associado à tecnologia. Temos, por exemplo, o

professor de carteira que, desde que o aluno realiza a matrícula, faz o

acompanhamento dos clientes. Portanto, existe o professor que é responsável pelo

aluno e o consultor de vendas, que foi quem vendeu o plano para o aluno e é seu

responsável.

Dessa forma, quando o aluno não vem à academia durante sete dias, por

exemplo, esses responsáveis entram em contato para saber o que aconteceu, e o

professor de carteira faz semanalmente a revisão de todos seus alunos, verificando

as opiniões sobre o treino e realizando a avaliação física para verificar suas

condições de saúde. Além disso, também estamos desenvolvendo programas para

cuidar mais adequadamente de pessoas que possuem problemas ou condições

especiais de saúde, como crianças autistas, pessoas que estão fazendo reabilitação

ou hipertensos, por exemplo. Mas, atualmente, apesar de não ter o programa

instalado, já temos acompanhamento diferenciado para essas pessoas.

Então, embora as crenças não estejam formalizadas e a cultura ainda não

está totalmente disseminada, realizamos essa disseminação moderadamente.

Temos pessoas que já internalizaram esses conceitos e outras que ainda não, o que

faz disso um trabalho constante, mas que já melhorou muito desde a abertura da

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academia. Apesar de termos pouco mais de um ano, já percebemos que houve a

melhor internalização de alguns fatores, embora não seja algo que tenha alcance

completo, pois, infelizmente, ainda não podemos afirmar que temos uma cultura

implantada que apenas não está formalizada.

C – Estes conceitos ainda não estão estruturados, porque somos uma

franquia e temos a visão, os valores e a missão da franqueadora, mas cada local

possui diferenças devido à cultura do estado, as pessoas e o nível de renda, dentre

outros fatores. Assim, a visão dessa unidade nunca vai ser igual à visão da franquia

de São Paulo ou de Minas Gerais, por exemplo.

Entretanto, a visão e missão que serão adotadas pela Pelé Club Belém não

deverão se distanciar da visão e da missão da franqueadora, apenas deverá colocar

um pouco da identidade dessa unidade, que possui algumas diferenças, como a

valorização do Círio, por exemplo, e outros aspectos culturais que devem ser

envolvidos na elaboração da visão empresarial.

Basicamente, a Pelé Club quer ser vista como lugar aonde a pessoa procura

o seu bem-estar, e não somente músculos ou fins estéticos. Portanto, estamos aqui

para proporcionar bem-estar para nossos alunos e a nossa missão será

proporcionar esse bem-estar. O nível estratégico da Pelé Club está consciente do

direcionamento que a empresa possui, e alguns colaboradores têm esses conceitos

claros, enquanto outros não. Por isso, o nível estratégico está atuando para

disseminar esses valores e, por não termos visão e missão definidas, não podemos

exigir de nosso colaborador que os conheça enquanto não forem formalizados.

Questão 4 - Qual a sua avaliação sobre a relação entre Cultura

Organizacional (tradições, práticas e costumes adotados pelos colaboradores,

mas que não estão previstos em qualquer regra) e o nível de desempenho das

atividades da Pelé Club?

A – A cultura organizacional possui total influência sobre o desempenho da

academia. Atualmente, estamos formando e identificando a cultura da Pelé Club

Belém, o que necessita de certo tempo, porque, embora possamos tentar estimular

esse processo a acontecer com mais rapidez, não conseguimos determinar essa

velocidade e a cultura não possui prazo para formação. Entretanto, temos que definir

o tempo para identificar essa cultura e ter noção do que deve ser trabalhado nesse

período.

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55

Esperamos em seis meses ter grande parte da cultura da empresa

reconhecida, pois, a partir desse momento, nosso desempenho vai ser

potencializado, porque os colaboradores, ao reconhecerem crenças e valores

similares, irão conseguir trabalhar melhor juntos, criando sinergia e melhorando os

resultados.

B – Com a nova administração, implantamos um método bem definido para

determinar metas, que, atualmente, são mais desafiadoras. Revimos, por exemplo,

os preços praticados, porque os valores aplicados eram promocionais e defasados,

o que não iria proporcionar retorno necessário para o negócio. Assim, nosso

investimento era sempre muito alto e o retorno não o justificava e, por isso, tivemos

que reformular essa prática.

Para isso, realizamos treinamento com os funcionários para conscientizá-los

da importância da qualidade no atendimento e para que pudessem entender nosso

diferencial. Com isso, conseguimos aumentar o nível de retenção de alunos e

alcançamos mais de 2.000 clientes, número expressivo para uma empresa nova e

que já praticou dois aumentos de preço.

Os funcionários reclamavam muito de que não havia treinamento e

manifestavam que a empresa apenas pagava o salário e não oferecia nenhum

retorno de conhecimento. E, com os poucos treinamentos que já realizamos,

pudemos ter retorno positivo, pois há maior envolvimento e satisfação com a

empresa, e estamos desenvolvendo a cultura da qualidade nas pessoas.

C – Como a visão e a missão são oriundas da franqueadora, a cultura

também segue esse preceito. Porém, ocorre um choque cultural natural, porque a

academia de São Paulo tem nível de cultura diferente da unidade de Belém, e um

exemplo muito claro é o valor que é dado ao Círio, que tem a Corrida do Círio como

evento muito importante para a Pelé Club Belém. Mas, pelo fato da empresa ser

muito nova, a cultura da Pelé Club ainda está em fase de formação.

Questão 5 - Como você considera o nível de satisfação dos funcionários

com as políticas de pessoal empregadas pela Pelé Club? Justifique.

A – Começamos a realizar esse acompanhamento há cerca de quatro meses

e temos uma pesquisa de clima organizacional agendada para o primeiro semestre

de 2012 com o objetivo de verificar se nossa percepção retrata a satisfação dos

clientes internos.

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Atualmente, nossos colaboradores possuem uma série de benefícios, mas,

em alguns momentos, precisamos deixar claro o que tem sido feito, pois muito não é

percebido, talvez porque a empresa não tivesse uma política tão clara. Oferecemos

aos colaboradores, por exemplo, alimentação, plano de saúde, interação dentro das

unidades da rede, trabalho de qualidade de vida, e incentivo à melhoria técnica,

além de outros benefícios menores, como crédito em redes de farmácias, por

exemplo.

Estes benefícios estão bem alinhados à proposta da empresa, mas não eram

bem divulgados aos funcionários. Dessa forma, estamos melhorando a divulgação e

o endomarketing que não são bem realizados pela empresa. Porém, outras políticas,

como plano de cargos e salários, ainda não estão instituídas.

Na realidade, temos plano de cargos e salários apenas na área técnica, que

consideramos o coração da empresa, mas ainda não alinhamos às outras áreas,

pois precisamos de melhorias para poder expandir essa prática, com expectativa de

que até o final do primeiro semestre de 2012 tenhamos o plano de cargos e salários

bem desenhado e instituído.

B – Como temos pouco tempo de mercado e não tínhamos uma

administração com visão da importância de cuidar melhor de seus colaboradores e

verificar o nível de satisfação deles, começamos a implantar essa prática

recentemente e temos agendado para o primeiro semestre de 2012 a nossa primeira

pesquisa de clima organizacional.

Entretanto, disponibilizamos na recepção formulários de satisfação em que os

funcionários podem se expressar sem necessidade de identificar-se, apenas

informando a situação que será analisada. O colaborador também tem liberdade

para conversar, geralmente comigo ou com o gestor de área, e tentamos conhecer

melhor sua satisfação por meio de reuniões.

C – As políticas têm sido adotadas recentemente, mas notamos que estão em

desenvolvimento rápido, porém ainda não chegamos ao nosso ápice e falta muito

para que isso ocorra. Não afirmo que temos uma política de RH definida, mas a

estamos desenvolvendo por meio da elaboração de relatórios de procedimentos,

dentre outros mecanismos, para que antes de satisfazer nosso cliente externo,

possamos atender o cliente interno.

Temos, por exemplo, adotado linhas de treinamento em que são ministradas

várias palestras e oficinas voltadas para o bem-estar, para a qualidade e para a ética

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e cidadania. Aos sábados, por exemplo, temos, pela manhã e pela tarde, uma

conversa de bom humor para despertar no colaborador o comportamento voltado

para atender bem o cliente externo, buscando satisfazê-lo para que volte e indique a

academia para outras pessoas.

Questão 6 - Como você classifica o seu nível de acesso a informações

sobre a empresa?

A – Utilizamos alguns mecanismos para disseminar informações na empresa,

como murais; extranet1; e-mail (em que são enviadas as metas de cada

colaborador); e reuniões mensais e eventualmente semanais com os gestores. Com

relação às metas, comunicamos os resultados obtidos geralmente de forma mensal

ou quinzenal, embora as metas sejam, normalmente, definidas com prazos

semestrais. O acompanhamento é realizado dessa forma para que tenhamos

controle e possamos intervir com maior rapidez se algo não estiver funcionando

corretamente.

Mensalmente, recebemos relatórios com gráficos de tendência das metas e

dos fatores monitorados. Com isso, é realizada avaliação do que foi apresentado no

relatório e, caso existam não-conformidades, o gestor irá dialogar com os

funcionários responsáveis pelos fatores que não alcançaram os padrões

estabelecidos, buscando entender em quais pontos estão ocorrendo falhas e, a

partir disso, elaborar, em conjunto com o colaborador, o plano de ação para

melhoraria do gap encontrado. Assim, o plano de ação irá determinar os prazos e

compromissos para o alcance das metas, que serão compartilhados entre gestor e

funcionário.

Portanto, os colaboradores recebem informações mensalmente por meio de

relatórios e, também, nas reuniões departamentais, que são mensais, ou nas

reuniões individuais, que podem ser semanais ou quinzenais.

B – Por termos vários horários, não conseguimos atingir todos os

colaboradores pessoalmente. Por isso, colocamos um quadro de avisos ao lado do

registro de ponto, que é um local por onde todos passam, e utilizamos e-mail para

manter nossos colaboradores informados. Porém, quando o comunicado tem maior

1 O que a empresa define como extranet, que deveria ser o acesso remoto à rede interna da empresa

(intranet), é o acesso à rede da franqueadora com o uso de login e senha no portal da franquia, pois a

Pelé Club Belém não possui intranet (Nota do Autor).

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importância e necessita de maior envolvimento das pessoas, empregamos, além

dessas duas ferramentas, os gestores de área para comunicarem pessoalmente

cada colaborador. Também fazemos, semanalmente, reunião com os gestores em

que verificamos as pendências e necessidades, e elaboramos os planos de ação,

deixando a reunião registrada em ata e informando os colaboradores sobre as

decisões tomadas.

C – Atualmente, o acesso a informações da Pelé Club está melhor, embora

exista necessidade de melhoria. Quando é contratado alguém, por exemplo, todos

recebem e-mail com a foto do novo colaborador, a informação da área e da função

em que vai trabalhar, para que possam identificar que aquela pessoa é funcionário

da Pelé Club.

Questão 7 - Quais são os meios que você utiliza para conhecer as

opiniões, sugestões ou dúvidas de seus colaboradores?

A – Atualmente, utilizamos caixa de sugestões, que é uma forma bem simples

de fazer isso. Qualquer manifestação pode ser colocada dentro dessa caixa e temos

prazo de 72 horas para darmos resposta para cada colocação, porém sem garantia

de que será atendida uma reivindicação, por exemplo, pois analisamos cada caso e,

quando a situação não é viável, justificamos sua não adoção ou, quando é algo que

possamos realizar, informamos quais procedimentos deveremos adotar e qual o

prazo precisaremos para implantar a ação.

Outro meio utilizado para conhecer opiniões, sugestões e dúvidas, são as

reuniões de departamento, em que os colaboradores têm a oportunidade de

realizarem qualquer manifestação pertinente à empresa. Estamos também

desenvolvendo encontros que poderão ser utilizados para esse fim e serão

realizados trimestralmente com todos os gestores e colaboradores convidados que

são destaques em suas áreas e são indicados por seus gestores.

B – Atualmente utilizamos apenas caixa de sugestões para coletar opiniões,

sugestões e dúvidas. Além disso, os colaboradores podem se dirigir aos gerentes

para pedir alguma informação ou expressar opiniões.

C – Dúvidas, opiniões e reclamações são direcionadas para o gestor da área,

pois ainda não temos um protocolo com essa finalidade. Mas, caso os funcionários

tenham dúvidas relacionadas a procedimentos de Departamento de Pessoal, por

exemplo, deve se dirigir ao seu gestor, que irá verificar esses fatores com o

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departamento de RH, e, se mesmo assim ainda houver dúvida, o colaborador tem

autonomia para ir ao financeiro obter as respostas que procura.

Questão 8 - Como você realiza a disseminação para seus colaboradores

do conjunto de normas e regras adotado pela empresa?

A – Temos códigos de conduta que funcionam como acordos em que as

pessoas se comprometem em assumir as melhores condutas para cada ofício e

cada setor, e que são entregues a cada colaborador no momento em que iniciam

suas atividades. Outro meio utilizado é a realização de treinamentos periódicos

sobre questões de conduta e ética, e o alinhamento de condutas inesperadas, que é

realizado em nossos contatos e reuniões.

B – Em casos de mudança de processo do trabalho, fazemos uma reunião

antes de implantá-la. Se, por exemplo, tivermos que implantar algum documento

para poder melhorar a produtividade, formulamos esse instrumento com os gestores

de área e, depois de concluído, realizamos reunião e treinamento para esclarecer os

motivos de estarmos implantado essa nova ferramenta, para que os funcionários

possam internalizar e entender como esse documento vai ajudá-los no

desenvolvimento do trabalho. Após o comunicado e o treinamento do que for

implantado, o gestor monitora pelo período mínimo de um mês o funcionamento do

procedimento e realizamos as correções dos erros e dúvidas que surgem

naturalmente.

Estamos desenvolvendo todos os manuais de processos com base no

conceito de qualidade, que afirma que todos os processos precisam ser descritos,

mas algumas áreas já possuem seus procedimentos documentados e, no caso de

profissionais recém-contratados, realizamos entrevista e testes para identificar a

personalidade e o perfil da pessoa, e repassamos para o funcionário as instruções

de trabalho da função que será exercida para que seja estudada e, no final da

primeira semana, o colaborador realiza teste escrito sobre aquela instrução, além de

receber treinamento. Outro procedimento que realizamos com novos funcionários, é

levá-lo para conhecer todos os setores da academia para poder entender como

funciona a empresa.

Além de desenvolver as instruções de trabalho, também estamos realizando a

descrição dos cargos, desenvolvendo os procedimentos da qualidade e formulários

para realização de registros que permitirão a realização de tabulações para

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identificar os maiores gaps da empresa e que, portanto, deverão ser gerenciados

para diminuir a frequência de não-conformidades.

C – Ainda não temos padrões, pois não temos cartilhas de normas e

procedimentos, que ainda estamos organizando, mas temos padrões de

comportamento na área técnica que são definidos pela franqueadora. Porém, não

temos normas de comportamentos relacionadas a questões pessoais como, por

exemplo, definição da forma de se vestir.

Questão 9 - A empresa oferece oportunidades de qualificação e

formação profissional para os colaboradores? Cite exemplos.

A – Aplicamos treinamentos de acordo com as necessidades que são

identificadas. Todo o planejamento dos treinamentos que serão desenvolvidos é

realizado pela Pelé Club e, quando não temos competência para aplicá-lo,

terceirizamos a execução. Como esses treinamentos estão posicionados no nosso

planejamento, são definidas, com base em critérios específicos, as prioridades e

registrados os motivos do treinamento ser desenvolvido.

B – Oferecemos ações pontuais de treinamento, porém, no programa de RH

que estamos formulando, iremos implantar algo mais direcionado com relação à

qualificação. A franqueadora, por exemplo, disponibiliza na extranet a Universidade

Pelé Club, que oferece cursos on-line de aprimoramento, reciclagem e extensão em

fitness.

Atualmente, estamos aproveitando que temos em nosso quadro de

funcionários muitas pessoas bem qualificadas para desenvolver os treinamentos, e,

por isso, ainda não contratamos nenhum profissional externo. Entretanto, mesmo

com esse elevado nível de formação que temos em média, alguns funcionários,

remanescentes da gestão anterior, não possuem o nível médio concluído, mas, a

partir do momento que assumimos a administração da academia, não selecionamos

ninguém que não tenha pelo menos o nível médio completo.

Isso acontece porque, inicialmente, a administração não analisava o perfil dos

colaboradores que contratava e creio que a empresa não tinha uma proposta

elaborada. Com a mudança de gestão, houve melhora nessa análise, mas também

ocorreu resistência, principalmente a mim, que trabalhava na administradora

anterior. Com essa mudança, tivemos que buscar entender como funcionava o

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negócio e, como o Gerente Geral é muito conhecido na área de fitness,

conseguimos diminuir a resistência para, então, obter melhor retorno do funcionário.

Assim, após os treinamentos que aplicamos, são realizadas avaliações de

reação para verificar o grau de aprendizagem do funcionário e a opinião sobre o

conteúdo, o instrutor e o local, e, dessa forma, conseguimos saber se estamos

seguindo um bom direcionamento.

C – O incentivo à qualificação é tácito na Pelé Club. Realizamos palestras na

unidade e alguns treinamentos são realizados pela franqueadora em São Paulo ou a

franqueadora envia gestores técnicos para ministrar treinamento na unidade com o

objetivo de padronizar o nível de serviço prestado pelas unidades da Pelé Club.

Na área técnica, por exemplo, temos vários níveis que podem ser alcançados

pelo professor, indo do nível júnior até o sênior, e, para que isso ocorra, o

profissional deve ter certo nível de escolaridade e experiência. Portanto, há

associação do nível de conhecimento e de formação com a experiência do

colaborador, que é acompanhado pelo gestor técnico que julga se o profissional é

hábil para evoluir nessa escala de níveis.

Questão 10 - Como você avalia o nível de exigência do cumprimento de

procedimentos para execução das atividades da Pelé Club?

A – O nível de exigência é alto devido ao público que a Pelé Club se propôs a

atender (classe A), que são pessoas que buscam serviços com alto padrão de

qualidade. Praticamos o maior preço de Belém e se não conseguirmos agregar

valor, o cliente vai ter a percepção de que o serviço é caro, mas preço é diferente de

valor. Por isso, é importante que possamos mostrar para os clientes por meio da

consistência dos serviços que há retorno em pagar esse preço para ser aluno da

Pelé Club.

Temos uma boa estrutura física, mas, com o investimento adequado, outra

empresa pode desenvolver estrutura igual, e, por isso, nosso diferencial tem que ser

o comportamento e a ação de nossos colaboradores. Nosso foco está no processo e

no rigor do compromisso com o público que atendemos e, para que isso ocorra,

temos que deixar de vender plano de ginástica e passar a vender resultados,

benefícios e qualidade. Agindo assim, iremos deixar de falar da máquina e passar a

falar do bem que é gerado em ser cliente da Pelé Club, que oferece bons

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equipamentos e bons profissionais, estes possuindo maior valor do que as

máquinas.

B – Quando a franqueadora faz a implantação da unidade também é

realizado treinamento para cada gestor de área. Os gestores de área da

franqueadora fazem, por exemplo, reuniões com o nosso gestor e com os

colaboradores de cada área tanto para implantar algum procedimento novo, quanto

para reforçar procedimento já existente e que não está sendo feito nos padrões

estabelecidos.

Trimestralmente, o gestor de área da unidade elabora um relatório de não-

conformidades e repassa para o gestor da franqueadora para monitorar o

desempenho por meio de indicadores. Entretanto, não sabemos exatamente qual o

destino que a franqueadora dá para essas informações, porque não temos retorno

adequado. Acredito que o objetivo principal desses documentos é analisar o

desempenho do setor e direcionar os gestores para elaborarem planos de ação para

melhoria dos processos.

C – Considero satisfatório esse nível de exigência, pois consigo realizar

minhas tarefas para gerar retorno para a empresa. Estamos buscando ferramentas

administrativas e financeiras para melhorar o desempenho da academia, mas o fluxo

de trabalho está bom.

Estamos elaborando os manuais de procedimentos, inclusive da área

financeira, para que cada funcionário conheça seu papel na empresa e não ocorra

que um recém-contratado, por exemplo, não conheça as responsabilidades do cargo

que ocupa e, principalmente, a importância para o crescimento da empresa.

Questão 11 - Quais práticas você utiliza para direcionar as pessoas a se

comportarem da maneira mais adequada aos objetivos da empresa?

A – A empresa possui algumas metas que considera crucialmente importante,

por exemplo, o número de alunos e o nível de retenção. A Pelé Club possui outras

metas departamentais, mas, se essas duas metas citadas acima não forem

alcançadas, as outras não serão significativas. Portanto, mesmo estabelecendo

essas duas metas como principais, a gestão de metas acontece em todas as áreas,

pois cada setor tem objetivos e cada colaborador possui metas individuais, em que a

gestão vai atuar para transformá-las em ações e comportamentos específicos para

que sejam atingidas.

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A Pelé Club estabeleceu como meta, por exemplo, atingir 2.500 alunos até

março de 2012, e, atualmente, temos cerca de 2.200 clientes. Então, o gestor deve

verificar como é que vai conseguir envolver todos para o alcance da meta definida.

Para isso, realizamos reuniões gerais para apresentar as metas da empresa e

depois comunicamos e desmembramo-las para cada setor. Demonstramos, por

exemplo, como o setor de Serviços Gerais deve se comportar e qual sua influência

para que a meta de 2.500 alunos seja alcançada. Agindo assim, conseguimos

demonstrar que cada setor é fundamental para o alcance da meta e está incluído

nesse processo, não deixando ser desenvolvido o pensamento de exclusão no

processo de alcance dos resultados ou exclusividade de apenas setores específicos

no desempenho organizacional.

Agimos desse modo porque o produto oferecido pela academia possui valor

que, para ser alcançado, reconhecido e vendido, necessita que toda a cadeia

funcione e esteja envolvida. Portanto, em cada área se age dessa forma: definindo

metas departamentais e metas individuais. As metas individuais dos professores, por

exemplo, são gerenciadas pelo departamento ao qual o professor está inserido. Com

isso, conseguimos que as pessoas conheçam suas metas e consigam trabalhá-las

em cada área.

B – O que está sendo desenvolvido na empresa é muito recente, devido à

mudança de gestão que a academia passou. Elaboramos, por exemplo, cronograma

de treinamento que foi adotado no segundo semestre para extinguir alguns gaps na

área técnica e de atendimento.

Além disso, está sendo estruturado o nosso programa de RH, que ainda não

existe na empresa e que irá definir como deveremos agir em certos momentos,

como, por exemplo, na seleção, admissão e demissão, e no treinamento e

desenvolvimento, mas sempre tendo que remeter à franqueadora qualquer decisão

relacionada às políticas adotadas.

Apesar de não termos alguns índices tabulados, como nível de absenteísmo,

por exemplo, utilizamos radiogramas dos funcionários que nos permite identificar o

perfil socioeconômico dos colaboradores. E quando o programa de RH estiver

implantado, poderemos, por exemplo, acompanhar melhor os treinamentos

realizados, identificando os resultados obtidos e a opinião dos funcionários.

C – Cada gestor de área elabora, mensalmente, relatório de

acompanhamento do alcance das metas e, com base nesse relatório, premia ou

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direciona o colaborador para trabalhar de melhor forma nos pontos em que não foi

satisfatório o desempenho no mês avaliado. A forma como esse direcionamento

será feito é definida de acordo com as particularidades de cada setor e do perfil de

cada gestor, mas, no caso de premiações, não há incentivos financeiros, deixando-

as mais relacionadas ao desenvolvimento do bem-estar do colaborador. Entretanto,

estamos elaborando projeto para que sejam adotadas recompensas financeiras, pois

já tivemos esse tipo de incentivo em determinados momentos da empresa.

Questão 12 - Ao planejar as atividades e metas, você aplica alguma

forma de gestão participativa? Cite exemplos.

A – Não aplicamos um modelo especificamente definido. O que fazemos é a

reunião geral, em que expomos as metas principais da empresa e demonstramos

como a empresa está, para depois, de forma segmentada, discutir e entender quais

ações serão tomadas por cada departamento para auxiliar o alcance da meta.

Essas metas são estipuladas pela direção local da franqueada, que recebe

suporte da franqueadora com relatórios e outras ferramentas que nos dão

entendimento do negócio. Assim, a direção da academia reúne com a direção da

holding para definir o que é possível e desejável para a empresa, pois a meta deve

ser desafiadora mas possível, para que estimule os colaboradores a alcançá-la.

Depois de definidas, submetemos as metas à avaliação da franqueadora, e,

dificilmente, não são aprovadas, pois enviamos proposições bem consistentes e

embasadas por números que transmitam a realidade do mercado de Belém, que

conhecemos melhor do que a franqueadora, que possui apenas essa unidade no

norte do Brasil.

Por termos outra dinâmica de mercado, com peculiaridades na sazonalidade,

por exemplo, em relação às outras unidades da Pelé Club, a franqueadora possui

menos presença na definição de nossas metas do que nas outras unidades, como,

por exemplo, em São Paulo, onde o escritório da franqueadora é dentro da unidade,

ou Belo Horizonte, que está bem mais próxima e possui dinâmica de mercado bem

parecida. Além disso, a unidade de Belém é bem mais afastada do que as outras, o

que nos permite maior autonomia, porém sempre buscamos manter interação com a

franqueadora, devido o suporte e conhecimento de negócio que nos disponibiliza

para a tomada de decisões.

Page 66: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

65

B – O único setor em que temos metas é o setor de Vendas, que são

definidas pela diretoria em conjunto com a gerência geral e o gestor do setor.

Portanto, são metas expostas para os funcionários depois de feito estudo para

identificar os períodos de melhor venda com base nos dados de períodos anteriores.

Assim, não há participação dos colaboradores na definição de metas gerais,

mas, no caso de metas departamentais, o gestor realiza reunião para estabelecê-

las, sendo, portanto, mais participativa.

C – Não consigo identificar modelo de gestão participativa aplicado na Pelé

Club.

Questão 13 - Quando surgem situações de conflito ou divergência, quais

são as medidas que você geralmente toma?

A – Essa atuação vai depender do tipo de conflito. O consenso é que jamais

seja negligenciada qualquer situação e, por isso, abordamos e procuramos entender

o que está acontecendo para poder ajudar resolver os conflitos que eventualmente

surgem. Atualmente, estamos atuando mais no reconhecimento dos acertos

elaborando rankings em que são divulgados os três primeiros colocados em alguns

aspectos, como participação em treinamentos, por exemplo, e que recebem alguns

benefícios. Assim, quem não adota bom desempenho e conduta não recebe

nenhuma repreensão direta, porque fazemos com que a pessoa entenda que se

deixar de se qualificar, por exemplo, estará desperdiçando oportunidade de se

posicionar melhor no mercado e na empresa. Desse modo, temos valorizado mais

as pessoas que estão agindo da melhor forma nos processos e deixando claro que

estão se destacando para que os que não estão nessa posição percebam isso, o

que os fazem, muitas vezes, procurar a direção da empresa para receber orientação

de como melhorar sua atuação

Esse processo é mais difícil e demorado, mas possui potencial maior quando

aplicado de forma correta. Porém, em algumas situações extremas, atuamos de

forma mais enfática, às vezes tendo que redirecionar ou punir o funcionário, mas a

conduta frequente é valorizar o que está certo, dando um reforço positivo para o

colaborador.

E estamos aplicando essa atuação por meio do reforço positivo também nos

nossos alunos, orientando os professores a elogiá-los quando executarem de forma

correta os movimentos. Na verdade, achamos que essa postura deve ser instituída

Page 67: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

66

em todas as relações e passamos isso para os colaboradores, pedindo que

repliquem esse comportamento nas relações que mantêm com o aluno e com sua

família, porque quando se utiliza essa prática na vida, significa que foi gerado um

hábito consistente e que diminui riscos de falha.

B – Geralmente situações desse tipo são analisadas primeiramente pelo

gestor da área, que, caso não consiga resolver o problema, entra em contato com

RH para intermediar diálogo com os funcionários envolvidos e esclarecer os fatos,

tentando fazê-los se colocarem na posição do outro e adotarem outra percepção

sobre a situação e adotando postura que não favoreça opiniões unilaterais. Porém,

em casos extremos de desrespeito, por exemplo, é aplicada advertência ou

suspensão e, nos casos mais graves, demissão.

C - Quando o conflito ocorre dentro de determinada área, quem deve resolvê-

lo é o gestor da área em que ocorreu, para que o Gerente Geral não seja

sobrecarregado e porque o gestor de área tem maior conhecimento sobre sua

equipe. Mas, se o conflito ultrapassar as delimitações de área, deve ser direcionado

imediatamente para que a gerência geral resolva, como quando ocorrem, por

exemplo, conflitos entre áreas diferentes.

Nesses momentos, o líder deve assumir seu papel, que é gerenciar tanto

pessoas, quanto processos. Em outros casos, devem ser aplicadas algumas

punições, como advertências e suspensões, mas não aplicamos punições pautadas

no fator financeiro, por exemplo.

Questão 14 - Como você vê a estrutura hierárquica da empresa? Há

muitos níveis? O poder de comando é centralizado ou gerentes setoriais têm

autonomia para decidir?

A – Atualmente a estrutura hierárquica da Pelé Club não é tão vertical e o

organograma foi elaborado recentemente. Temos as diretorias, que são compostas

pelos investidores, e a quem está ligada a Gerência Geral. À Gerência Geral, está

ligado o Gerente Técnico, que é responsável por alinhar a área técnica, composta

por vários segmentos que possuem gestores próprios. Também temos uma gestora

de RH e da Qualidade, que também fica ligada à Gerência Geral, em conjunto com o

Setor Financeiro, que é o setor que, devido à necessidade de receber maior

controle, está mais próximo da Gerência Geral. A partir desse núcleo básico, temos

Page 68: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

67

alguns desdobramentos como, por exemplo, o Setor de Manutenção, que está

alinhado aos Serviços Gerais e de Segurança, e o Setor Jurídico.

Com relação à autonomia na tomada de decisão, considero que temos um

nível muito grande, mas não total. Cada gestor tem sua área como seu negócio e

consegue ter grande autonomia na tomada de decisão. Entretanto, esses gestores

recebem orientação financeira com relação ao que podem ter e fazer com os

recursos que recebem.

Realizamos a Reunião Semanal Administrativa (RESA), feita com todos os

gestores e para apresentação do desempenho e das necessidades de cada

departamento, para que todos os gestores colaborem e possam discutir. Logo, essa

divisão por áreas é realizada apenas como forma de organização, pois na gestão da

empresa as decisões são todas compartilhadas. Por exemplo, em decisões da área

de musculação, o gestor da manutenção também pode expressar sua opinião,

porque, pelo fato de não estar inserido naquela área, esse gestor pode ter, em

alguns momentos, respostas melhores para o caso que precisa ser solucionado.

B – Não possuímos, na Pelé Club, cultura de dificuldade de acesso a

determinadas pessoas ou setores, pois todos possuem livre acesso ao Gerente

Geral e aos gestores de área, por exemplo. Entretanto, orientamos os colaboradores

para que respeitem a hierarquia e, caso tenham algo para ser resolvido, solicitem

primeiramente que o gestor interceda na solução do problema. Porém, em alguns

momentos, não é possível agir assim e pode ocorrer de que o funcionário tenha que

buscar a solução, devido seu gestor de área não está, por exemplo, e a situação

requerer solução rápida.

Nas decisões, desde que não envolvam questões financeiras, os gestores de

área possuem autonomia, por estarem munidos de ferramentas que lhe permitem

avaliar as ações a serem desenvolvidas. Além disso, sempre que alguma decisão

precisa ser tomada na área técnica, como um treinamento que precisa ser feito

devido deficiência em algum setor ou alguma nova modalidade para implantar, a

administração está sempre aberta para receber opiniões e novas ideias.

Mas, em alguns casos específicos das áreas, como, por exemplo, demissões,

os gestores não podem tomar as decisões sem fundamentação adequada. No caso

de demissões, mais especificamente, o gestor deve apresentar as avaliações do

funcionário e demonstrar em que o colaborador não está tendo produtividade

satisfatória ou problemas comportamentais. A partir disso, conversamos com o

Page 69: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

68

funcionário para ouvir sua versão e verificar a realidade da situação. A postura

adotada, portanto, é conversar para que a pessoa possa entender sob outra

perspectiva o que está ocorrendo, o que nem sempre é possível e, em alguns casos,

é necessário realizar o desligamento daquele funcionário.

Logo, há boa autonomia para agir, desde que as decisões não causem

impacto financeiro. Caso exista impacto financeiro, deve ser feito estudo de

viabilidade, devem ser verificadas as possibilidades de ação e, se a decisão estiver

acima das nossas possibilidades, deve ser pedida autorização para holding

responsável pela empresa.

C – A estrutura hierárquica da Pelé Club não dificulta o acesso a informações,

porque quase todos têm acesso ao seu gerente de área. Temos três gestores

técnicos, o gerente técnico, o Gerente Geral e cinco supervisores, ou seja, muita

liderança para que o colaborador sempre tenha um líder por perto e, caso o líder

esteja ausente, o funcionário poderá se dirigir ao Gerente Geral.

Mas, caso a informação que o colaborador passou para seu gestor não fez o

percurso esperado, o próprio colaborador pode se manifestar para que isso ocorra,

porque o Gerente Geral deixa claro nas reuniões que recebe quem queira informar

algo que venha ocorrendo ou apresentar alguma ideia.

Com relação à autonomia, a antiga administradora da academia tinha padrão

mais rígido e exercia maior controle, mas, atualmente, com a nova direção, há maior

autonomia, inclusive de horário.

Questão 15 - Como você avalia a relação entre as gerências e diretorias

da empresa?

A – Essa unidade da Pelé foi implantada com uma gestão que da

franqueadora e, com o tempo, se entendeu que essa não era a melhor opção.

Então, foi contratada uma empresa que geria a academia até quatro meses atrás,

mas que não tinha relação tão próxima com os colaboradores e com os gestores

técnicos, por exemplo, porque atuava no ramo de hotéis e, apesar de ter grande

conhecimento em gestão, não conhecia bem as características do mercado de

academia.

Assim, houve outra troca de gestão e, a partir disso, começamos a delinear

novo modelo de gestão, além de estabelecer e reconhecer a cultura da Pelé Club,

que, embora seja nova no mercado de Belém, já vivenciou muitas situações.

Page 70: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

69

Portanto, nesses últimos quatro meses passamos pela fase de diagnosticar e

entender o que acontece na empresa e, após isso, implantamos essa relação mais

próxima entre as áreas, diferenciando-se da gestão anterior, em que os gestores

não se encontravam para conversar e cada um geria sua área de isoladamente.

B - A relação entre as gerências é muito boa, mas não temos autonomia em

alguns aspectos, porque a gestão financeira é realizada pela MB Capital. A nossa

assistente financeira faz a provisão de pagamentos, organiza e verifica o que tem

que ser pago, mas a liberação dos pagamentos é feita pela holding.

Logo, mesmo com essa boa relação entre as gerências, para que possamos

conseguir algo junto às diretorias, temos que fundamentar bem nossos argumentos

para obter retorno. Por exemplo, tivemos recentemente o caso de um fornecedor

terceirizado de certo tipo de serviço prestado diretamente para os alunos que não

estava nos atendendo satisfatoriamente e, por isso, decidimos encerrar a parceria.

Porém, não podemos encerrar o contrato de imediato, porque era acordo entre a MB

Capital e o fornecedor e, foi necessário reunir informações e evidências de que

aquela parceria não estava sendo positiva para a Pelé Club para podermos encerrar

a parceria e assumir a responsabilidade de prestar o serviço.

C – A Pelé Club está inserida dentro de um grupo econômico em que a

gestão financeira e o marketing, por exemplo, são assumidos por sua diretoria,

fazendo com que muitas decisões sejam apenas repassadas para a academia.

Assim, não posso afirmar que temos autonomia, pois, frequentemente, devemos

apenas acatar decisões que são tomadas em contexto que não envolve somente a

Pelé Club.

Mas, internamente, a relação é boa, porque o Gerente Geral consegue

intermediar esse aspecto, sabendo lidar bem tanto com a área técnica, quanto com

a área administrativa.

6.4.1. Análise das Respostas às Entrevistas

As entrevistas apresentadas foram realizadas com três gestores da Pelé Club

Belém: o Gerente Geral, a Coordenadora de Recursos Humanos e Qualidade e a

responsável pelo setor Financeiro da empresa. O direcionamento das entrevistas

para gestores da empresa foi realizado devido à necessidade de entender como os

gestores da Pelé Club Belém concebem e percebem a gestão desenvolvida na

organização e, com a análise paralela dos questionários, que foram aplicados aos

Page 71: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

70

colaboradores da empresa nos três níveis organizacionais (estratégico, tático e

operacional), apresentar as conclusões pertinentes.

Durante a análise das respostas, foi realizada classificação das perguntas em

cinco classes (Perfil Sócio-profissional do Entrevistado; Cultura e Valores

Organizacionais; Práticas Empresariais; Modelo de Gestão e Liderança; e Estrutura

Hierárquica) que apresentam a síntese da entrevista e conclusões sobre como o

poder é exercido, influenciado ou influencia cada categoria apresentada.

6.4.1.1. Perfil Sócio-profissional do Entrevistado

Constatou-se que 67% dos entrevistados são do sexo feminino e possuem

nível de formação de graduação.

6.4.1.2. Cultura e Valores da Empresa

As respostas às questões 3 e 4 demonstram que a empresa, devido ao pouco

tempo de mercado e, principalmente, ao processo de mudança de gestão que sofreu

nesse curto período, ainda não possui perfeitamente identificados os principais

valores e crenças que a caracterizam, o que se manifesta pela ausência de missão e

visão claramente definidas. Dessa forma, e considerando que, de acordo com Motta

& Vasconcelos (2006, p. 360), a cultura organizacional atua como regulador das

interações entre os colaboradores da empresa, a organização está mais exposta ao

desenvolvimento de ambientes menos favoráveis à cooperação, devido não ter bem

identificadas similaridades de valores entre seus membros, que podem gerar maior

coesão social na busca dos objetivos organizacionais e agir como fator atenuante de

conflitos entre a gestão e os colaboradores e dos colaboradores entre si ao atuarem

como símbolos que possibilitem o aumento da previsibilidade do comportamento.

Entretanto, a gestão da empresa possui conhecimento da importância de

identificar e formalizar essa construção política como forma de exercer controle

comportamental e, também, de agir sobre tais conceitos para direcioná-los aos

objetivos e necessidades organizacionais. Para tanto, está realizando esse processo

com utilização da participação de seus membros, para que possa identificar da

melhor forma os aspectos culturais que a caracterizam, posto que é formada por

essas pessoas, e gerar maior comprometimento dos funcionários com aquilo que

ajudaram a identificar na empresa.

Também se nota que a empresa está ciente de que a missão, visão e valores

a serem definidos devem estar alinhados à proposta da franqueadora, mas sem

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71

ignorar as peculiaridades da localidade em que está instalada, tanto para que possa

gerar maior influência sobre seus funcionários, que compartilham essa identidade

local, quanto por permitir maior identificação do mercado à imagem transmitida pela

empresa.

6.4.1.3. Práticas Empresariais

A análise das questões 5 a 10 mostra que a empresa ainda está

desenvolvendo a maioria de suas políticas e práticas empresariais com objetivo de

tornar homogêneo o comportamento de seus colaboradores nas relações de

trabalho e de mercado que ocorrem dentro de seu espaço.

Dentre as práticas que estão sendo elaboradas, o plano de cargos e salários,

já adotado na área técnica da empresa, é uma dentre as que permitem maior

definição dos padrões de comportamento, pois sua instituição gerará monitoramento

das competências, habilidades e atitudes dos colaboradores e, ao criar expectativa

nos funcionários de receberem maiores ganhos financeiros e não-financeiros ao se

inserirem de melhor forma no sistema organizacional, permite que os

comportamentos sigam padrões delineados pela empresa. Além disso, o plano de

cargos e salários potencializa o papel da formação profissional na empresa, voltado,

na Pelé Club, para a minimização de gaps e determinação do comportamento

profissional (nesse segundo caso, incluem-se as oficinas e palestras de padrões

éticos e de cidadania), ao ser utilizado como critério e preparação para o alcance de

outras posições na estrutura empresarial.

Portanto, ao planejar os treinamentos que deverão ser aplicados e incentivar

a utilização da Universidade Pelé Club como forma de qualificação, ponto que é

pouco explorado pela unidade pesquisada, a empresa poderá assegurar que seus

colaboradores irão agir de acordo com os objetivos organizacionais. E, por utilizar

como instrutores de alguns de seus treinamentos funcionários de seu quadro, a

organização desenvolve ambiente favorável à maior motivação de seus

colaboradores, mas, em contrapartida, também propício ao surgimento de líderes

informais baseados no conhecimento que detêm que, caso não sejam identificados e

bem direcionados em sua atuação, podem gerar conflitos com o que está

formalizado na empresa ao assumirem papel de formadores de opinião e

comportamento.

Page 73: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

72

Além disso, a Pelé Club disponibiliza benefícios e iniciou controle do nível de

satisfação de seus funcionários, passando a ter maiores possibilidades de assegurar

o nível de serviço prestado e de fazer com que seu colaborador fique mais envolvido

com seus objetivos, ao perceber que a empresa valoriza e se interessa pela sua

opinião, influenciando suas atitudes e sua aceitação das decisões empresariais,

mesmo quando estas possam afetá-lo negativamente em alguns sentidos.

Tal prática cria duas manifestações do poder sobre o funcionário: a primeira é

a confiança no que a organização representa para o colaborador, gerando a

percepção de que a organização só adotou determinada postura, quando negativa,

porque realmente não lhe havia outra opção; e a segunda é a percepção de maior

custo de mudança, ou seja, de que o funcionário poderia ter grandes perdas em não

seguir os padrões de comportamento estabelecidos ou em abandonar certos

benefícios e mudar de emprego, por exemplo.

Baseadas no conceito de mediação apresentado por Pagès et al (2008, p.

27), em que a empresa utiliza os benefícios que dispõe para seus funcionários como

forma de ocultar a contradição entre os objetivos da empresa, os objetivos do modo

de produção capitalista e os objetivos dos trabalhadores, essas duas consequências

apresentadas agem sobre o trabalhador de forma a limitar sua ação político-social

na empresa, por lhe deixar ligado à empresa pelo amor e confiança que lhe tem,

mas também pelo medo das incógnitas que o mercado lhe apresenta, ocorrendo

regressão maternal, pois o trabalhador percebe a organização como representação

da mãe (PAGÈS et al, 2008, p. 156), que cuida do filho em tudo que lhe é possível,

transmitindo simbolicamente a ideia de oferta de amor, mas pode desprezá-lo, por

meio da retirada do amor, se não se adequar aos padrões de conduta desejados.

Com isso, a Pelé Club também assegura que o nível de exigência no

cumprimento de procedimentos e alcance de metas, que foi definido como alto pelos

gestores entrevistados devido ao público-alvo da empresa e ao fato de ser uma

franquia que, portanto, deve seguir padrões de qualidade de serviço previamente

definidos por elaboradores que vivenciam um mercado com dinâmica e nível de

qualidade diferentes do paraense, seja mais bem tolerado por seus colaboradores,

minimizando sofrimentos psicofisiológicos que pode causar.

Na empresa pesquisada, o poder também se manifesta pela forma como as

informações são compartilhadas. Com o uso de mural, e-mail, extranet e reuniões

periódicas, a academia garante que seus funcionários terão os dados necessários

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73

para execução de suas atividades e de que as metas estarão bem comunicadas, o

que gera compromisso dos funcionários para atuarem em favor de seu alcance e

arrogarem a responsabilidade em caso de não-conformidades.

E, com a adoção de normas e regulamentos que definem a conduta para

cada função da empresa, que são apresentados ao funcionário logo após sua

contratação e são reforçados durante o tempo em que permanece na empresa, seja

pela implantação de novos códigos, alteração ou extinção daqueles existentes, ou

pela formação profissional que recebem na empresa, cria-se mecanismo de

exercício do poder que atua em três vertentes, pois a fiscalização das condutas

passa a ser exercida pelos gestores da empresa, pelos outros membros do corpo

social e pelo próprio trabalhador que atua sobre sua conduta com base nos

preceitos que lhe foram transmitidos do que é aceitável e do que não é tolerado

naquele ambiente social em que está inserido (Figura 5).

Figura 5 Atuação do Poder na Definição do Comportamento na Organização FONTE: Figura elaborada pelo pesquisador

Nota-se que, enquanto os benefícios e o monitoramento dos níveis de

satisfação remetem à figura materna, que está associada ao ego, a adoção de

normas e regulamentos associa a empresa à figura paterna, ligada ao superego, e

que, portanto, gera no trabalhador a expectativa de receber recompensas em casos

de comportamento adequados às exigências da organização, ou de ser punido por

possíveis desvios (PAGÈS et al, 2008, p. 156).

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74

Além disso, a Pelé Club analisa previamente o perfil das pessoas que

contratará e, assim, garante que o profissional será bem posicionado em sua

estrutura de cargos, assegurando o nível esperado de produtividade, assim como o

futuro colaborador é o mais indicado para o modelo de gestão que adota.

Entretanto, quando indagados sobre a disseminação das normas e regras da

empresa (Questão 8), percebeu-se que os três gestores entrevistados apresentaram

contradições em seus depoimentos, ocorrendo três pontos diferentes nas respostas:

de que a empresa possui códigos de conduta definidos; de que a empresa ainda

está desenvolvendo esses manuais; e que não existem padrões e normas

instituídos. Tal fato pode ser justificado como consequência do processo de

mudança de gestão pelo qual a empresa passou recentemente, o que gera

desconformidades no alinhamento entre áreas quanto ao conhecimento de aspectos

adotados e desenvolvidos pela empresa, justamente por ainda estarem em processo

de desenvolvimento, consolidação e institucionalização.

6.4.1.4. Modelo de Gestão e Liderança

As questões 11 a 13 foram classificadas como relacionadas ao modelo de

gestão e liderança presente na Pelé Club. Assim, a empresa adota modelo de

gestão que prioriza a sociabilidade, demonstrando o papel de cada setor e indivíduo

no alcance das metas, o que o aproxima mais do modelo consultivo-participativo

descrito por França (2009, p. 17). Esse modelo é adotado devido à empresa atuar

no setor de serviços, caracterizado pela maior exigência de personalização, o que

torna necessária a melhor utilização das características individuais de forma

conjunta, pois a divisão do trabalho não é tão clara como na manufatura, e por

necessitar que sua cadeia de valor esteja bem envolvida em operações destinadas a

atender público que precisa ter clara a percepção de valor presente no serviço

adquirido.

Entretanto, a empresa não apresenta modelo de gestão participativa definido.

O que se identifica é que as metas estratégicas são definidas pela direção da

empresa em conjunto com a direção do grupo ao qual pertence, sendo,

posteriormente, aprovadas pela franqueadora. Nota-se que duas forças distintas

agem sobre a Pelé Club: a MB Capital, holding a qual a unidade Belém pertence, e a

franqueadora, cada qual com seu nível de influência que exerce sobre a Pelé Club

Belém e que recebe da academia. E somente após a definição das metas

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75

estratégicas é que surge, dentro da Pelé Club, participação no processo de tomada

de decisões, que ocorre quando tais metas são desmembradas em metas

departamentais e individuais.

Com relação ao papel da liderança na resolução de litígios no contexto da

Pelé Club Belém, constatou-se que há predominância da utilização do método da

barganha (FOLLET apud MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p. 47), pois, de acordo

com o apresentado nas entrevistas, as soluções geralmente surgem por meio do

incentivo do diálogo como intermediação das partes envolvidas no conflito, atuando

na promoção comportamentos empáticos e que não priorizem a unilateralidade.

Entretanto, também foi constatado que a ação na resolução dos conflitos

segue a mesma lógica da hierarquia estabelecida na empresa. Isso ocorre como

forma de assegurar e justificar o papel dos líderes formais, demonstrando a

aplicação na atualidade do conceito de linha de autoridade apresentado por Fayol,

apud Maximiano (2000, p. 58) e neutralizando qualquer início de manifestações de

constatação de autoridade, e para evitar que os níveis mais elevados sejam

sobrecarregados com situações desse tipo.

Além disso, a Pelé Club adota como prática o desenvolvimento da

sociabilidade no ambiente organizacional por meio de reuniões que estimulam a

conversa e o bom humor, e utiliza esse meio para direcionar os trabalhos à proposta

que apresenta ao mercado, que promete atender com cortesania e de forma

personalizada o cliente para que obtenha o bem-estar que procura na academia.

Outra característica identificada no modelo de gestão e liderança

predominante na Pelé Club Belém foi o uso do poder de recompensa (ROBBINS,

2005, p. 303) como condicionante do comportamento de seus colaboradores. De

acordo com essa constatação, a academia realiza maior valorização dos

funcionários que apresentam melhores desempenhos, embora não transubstancie

esse reconhecimento em recompensas financeiras, mas em ações que priorizem o

bem-estar o status de quem as recebe.

Com essa forma mais sutil e quase imperceptível de manifestar poder sobre

seus colaboradores, a empresa incentiva comportamentos alinhados aos seus

objetivos. Em contrapartida, não aplica sanções, exceto em casos mais graves, em

que atribui advertência ou suspensão ao infrator ou, nos casos mais complexos, o

demite. Assim, atuando sobre seus colaboradores com uso do reforço positivo, a

organização institucionaliza comportamentos que considera como benéficos e, ao

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deixar ausente o reforço e a punição nos demais casos, age sobre o conceito de

socialização que instituiu em seus domínios, pois, ao deixar de aparecer no quadro

dos profissionais destacados, o trabalhador perde laços que o une aos seus iguais e

é obrigado, portanto, a alinhar sua conduta à do grupo ao qual pertence ou

desvencilhar-se do quadro social em que está inserido, mas que o excluiu.

E o incentivo do uso do reforço positivo como disciplinador é orientado pela

empresa a ser aplicado também em outras relações do colaborador, como com os

alunos, elogiando-os quando executarem de forma correta exercícios, e com a

família, influenciando, portanto, os diversos relacionamentos de seus funcionários

sob a pretensão de tornar tal prática hábito e de educá-los a serviço da maior

produtividade.

6.4.1.5. Estrutura Hierárquica

Por fim, as questões 14 e 15 foram relacionadas à estrutura hierárquica da

Pelé Club Belém e têm o objetivo de apresentar como o poder aí se manifesta.

Segundo a análise realizada, a estrutura hierárquica da organização pesquisada

favorece a autonomia na tomada de decisão com relação à execução das

atividades, mas é reduzida quase totalmente quando envolve aspectos financeiros,

que possuem maior controle tanto da Gerência Geral, quando das diretorias da MB

Capital, o que caracteriza a primazia do financeiro na organização.

Porém, algumas decisões, para serem tomadas, devem possuir

fundamentação bem assentada como forma de assegurar controle sobre o que será

feito e de que nada seja realizado ao bel-prazer do gestor. E, quando a decisão

causa impacto financeiro, é realizado estudo de viabilidade e das possibilidades de

ação e, caso não possa ser tomada no contexto da Pelé Club, é submetida, junto

com os dados necessários, para análise da holding responsável pela empresa.

Portanto, verifica-se, no aspecto financeiro, ação dual do poder: em primeira

instância, da Gerência Geral, a quem o setor Financeiro está vinculado, sobre as

demais áreas; e, em segunda instância, da MB Capital sobre a Pelé Club.

A estrutura adotada também poderá favorecer a comunicação entre as áreas,

pois existem poucos níveis hierárquicos e a distância entre cada nível não é grande,

sendo feita a ligação à Gerência Geral por meio da Gerência Técnica. Além disso, a

empresa adota o que define por Reunião Semanal Administrativa (RESA), símbolo

litúrgico presente na academia e que é parte do conjunto de elementos que

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permitem adesão dos colaboradores ao sistema de valores e à filosofia da empresa

(PAGÈS et al, 2008, p. 75; TRAGTENBERG, 2005, p. 26), representando a

importância dada à comunicação entre as áreas para verificação do desempenho e

proposição de soluções para o atendimento de necessidades organizacionais.

6.5. RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO

O questionário (Apêndice A) foi distribuído para 10 funcionários da empresa e

as respostas foram analisadas e estão apresentadas nas tabelas a seguir.

Questão 1- Sexo

Tabela 1 Distribuição da Amostra por Gênero

FONTE: Dados da pesquisa

Questão 2 - Escolaridade

Tabela 2 Distribuição da Amostra por Grau de Escolaridade

FONTE: Dados da pesquisa

Questão 3 - Cargo Atual

Tabela 3 Distribuição da Amostra por Área de Atuação

FONTE: Dados da Pesquisa

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Questão 4 - Durante o tempo em que você está na organização, já exerceu

atividade de chefia?

Tabela 4 Distribuição da Amostra por Cargo de Chefia

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 5 - Caso exerça ou tenha exercido cargo de chefia, por quanto

tempo o exerceu?

Tabela 5 Distribuição da Amostra por Tempo de Chefia

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 6 - Como você classifica o grau de interação que possui com seus

colegas de trabalho?

Tabela 6 Classificação do Grau de Interação na Empresa

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 7- Você consegue identificar colegas de trabalho que possuem

objetivos e interesses semelhantes aos seus de que forma?

Tabela 7 Identificação de Objetivos e Interesses Comuns

FONTE: Dados da Pesquisa

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Questão 8 - Você conhece a missão, visão e valores da empresa?

Tabela 8 Missão, Visão e Valores

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 9 - Você acredita que os valores e princípios defendidos pela

empresa são colocados em prática?

Tabela 9 Prática dos Valores e Princípios

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 10 - A Cultura Organizacional (tradições, práticas e costumes

adotados na empresa que não estão previstos em qualquer regra) adotada na

empresa favorecem a execução das suas atividades?

Tabela 10 Influência da Cultura Organizacional na Execução das Atividades

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 11 - Em relação às políticas de pessoal da empresa, você se sente

Tabela 11 Satisfação com as Políticas de Pessoal

FONTE: Dados da Pesquisa

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80

Questão 12 - Com que frequência ocorre o uso de sanções para determinar o

comportamento das pessoas na empresa?

Tabela 12 Uso de Sanções

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 13 - Com que frequência são utilizadas recompensas financeiras ou

não-financeiras para incentivar atitudes e comportamentos?

Tabela 13 Uso de Recompensas

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 14 - Você considera seu nível de acesso a informações sobre a

empresa

Tabela 14 Nível de Acesso a Informações

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 15 - Há participação dos colaboradores no planejamento das

operações a serem executadas?

Tabela 15 Participação no Planejamento

FONTE: Dados da Pesquisa

Page 82: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

81

Questão 16 - A empresa possui algum canal para coleta de opiniões,

sugestões ou resposta de dúvidas de seus colaboradores?

Tabela 16 Coleta de Opiniões, Sugestões e Dúvidas

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 17 - Como você classifica o nível de liberdade que tem sobre as

atividades que desempenha?

Tabela 17 Liberdade na Execução das Atividades

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 18 - Assinale os tipos de participação que a empresa oferece aos

seus trabalhadores (permite assinalar mais de uma opção).

Tabela 18 Tipos de Participação

FONTE: Dados da Pesquisa

Page 83: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

82

Questão 19 - Existe, na empresa, conjunto de normas e regras que definem

os padrões de comportamento de seus colaboradores?

Tabela 19 Normas e Regras

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 20 - A Pelé Club possui iniciativas de qualificação e formação

profissional?

Tabela 20 Qualificação e Formação Profissional

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 21 - Você sente segurança na empresa, ou seja, sente que não há

risco de ser demitido sem motivo?

Tabela 21 Segurança na Empresa

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 22 - Você considera que as regras e normas da empresa favorecem

a execução das suas atividades?

Tabela 22 Regras e Normas e a Execução das Atividades

FONTE: Dados da Pesquisa

Page 84: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

83

Questão 23 - A empresa exige um procedimento rígido para execução das

atividades pertinentes às suas funções?

Tabela 23 Exigência de Procedimentos Rígidos

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 24 - Com relação à sua posição na estrutura hierárquica da

empresa, você consegue identificar seus superiores e subordinados

Tabela 24 Identificação da Posição na Hierarquia

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 25 - Você está satisfeito com a estrutura hierárquica (chefes e

subordinados) a qual está vinculado?

Tabela 25 Satisfação com a Hierarquia

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 26 - Você considera que na empresa existem pessoas que não

ocupam cargos de chefia, mas deveriam ocupá-los devido os conhecimentos e

habilidades que possuem?

Tabela 26 Reconhecimento de Lideranças Informais

FONTE: Dados da Pesquisa

Page 85: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

84

Questão 27 - Com relação à chefia, você considera que as pessoas que a

exercem possuem características adequadas para o cargo?

Tabela 27 Reconhecimento das Lideranças Formais

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 28 - Dentre as pessoas que exercem maior influência sobre o seu

comportamento na empresa, você considera que essa influência provém

Tabela 28 Fontes de Influência na Empresa

FONTE: Dados da Pesquisa

Questão 29 - Quando surgem situações de conflito ou divergência, a solução

encontrada pela gerência é

Tabela 29 Ações em Situações de Conflito

FONTE: Dados da Pesquisa

Page 86: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

85

6.5.1. Análise das Respostas ao Questionário

O questionário foi aplicado a 10 funcionários da Pelé Club Belém e todos

foram devolvidos preenchidos. Com objetivo de possibilitar a contraposição das

conclusões das respostas ao questionário com as entrevistas, foi mantida a mesma

lógica de agrupamento de questões, ou seja, em cinco classes: Perfil Sócio-

profissional do Respondente; Cultura e Valores Organizacionais; Práticas

Empresariais; Estrutura Hierárquica; e Modelo de Gestão e Liderança.

6.5.1.1. Perfil Sócio-profissional do Respondente

As respostas às questões 1 a 7, são relativas ao perfil sócio-profissional dos

respondentes. Identificou-se que 60% dos funcionários que compunham a amostra

eram do sexo masculino (Grupo 1) e 40% eram mulheres (Grupo 2). Para realizar

melhor a análise, os perfis foram divididos em dois grupos, de acordo com o gênero

do respondente.

Constatou-se que tanto o Grupo 1 quanto o Grupo 2 apresentam maior

presença na área de produção/atendimento, com destaque para o Grupo 1, que

possui maior qualificação nessa área.

Também se constatou que apenas 20% dos respondentes exerceram ou

exercem cargo de chefia na empresa, dos quais somente 10% está ou esteve no

cargo entre 6 meses e 1 ano no cargo, como apresenta o Gráfico 1.

10%

10%

80%

Exerceu/exerce cargo de chefia por menos de 1 mês

Exerceu/exerce cargo de chefia de 6 meses a 1 ano

Não exerceu/exerce cargo de chefia

Gráfico 1 Cargo de Chefia na Pelé Club FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

Por fim, constatou-se que 30% dos funcionários consideram que possuem

excelente interação com seus colegas de trabalho e conseguem identificar com

facilidade aqueles que possuem objetivos semelhantes aos seus (Gráfico 2).

Page 87: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

86

30%

20%30%

10%

10%

Excelente interação e facilidade em identificar objetivos semelhantes

Excelente interação, mas dificuldade em identificar objetivos semelhantes

Boa interação e facilidade em identificar objetivos semelhantes

Boa interação, mas dificuldade em identificar objetivos semelhantes

Interação regular e dificuldade em identificar objetivo semelhantes

Gráfico 2 Interação e Identificação de Objetivos Semelhantes FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

Com isso, conclui-se que o quadro de funcionários da Pelé Club Belém não

possui muita variação entre a quantidade de homens e mulheres e é caracterizado

por elevado nível de formação. Além disso, também possui elevado nível de

interação entre os colaboradores e de facilidade de identificar objetivos comuns, o

que reforça a interação existente na empresa e gera maior coesão social, tornando o

cenário propicio ao estabelecimento de cooperação mútua. O contexto encontrado

pode ser causador de, basicamente, dois fenômenos na organização: a cooperação

em favor do alcance dos objetivos organizacionais, ou direcionada a priorizar o uso

da empresa como meio de alcance dos objetivos individuais e grupais, em

detrimento da organização.

6.5.1.2. Cultura e Valores Organizacionais

As questões 8 a 10 referem-se à cultura e valores organizacionais. Verifica-se

que 50% dos funcionários desconhecem a missão, visão e valores da empresa e

que 60% consideram que os valores são aplicados momentaneamente. Essa

constatação ratifica o fato expresso nas entrevistas de que a empresa não possui

perfeitamente identificados os principais valores e crenças que a caracterizam. Além

disso, 50% dos colaboradores responderam que os fatores da cultura organizacional

sempre favorecem a execução das atividades, enquanto os outros 50%

responderam que somente às vezes possuem influência.

Com isso, e de acordo com as respostas referentes ao perfil sócio-profissional

dos colaboradores, a empresa necessita estabelecer de forma objetiva sua missão e

visão e formalizar os principais valores que detém para poder esclarecer seus

Page 88: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

87

funcionários quanto aos seus objetivos e minimizar os riscos de, por não se

reconhecer na empresa, o funcionário minimizar sua atuação em busca do alcance

das metas organizacionais.

6.5.1.3. Práticas Empresariais

As questões 11 a 23 tratam sobre as práticas aplicadas pela Pelé Club. O

Gráfico 3 mostra que 90% dos colaboradores consideram que possuem nível de

liberdade para execução de suas tarefas entre bom e excelente, porém 40% afirma

que não conhecem bem as normas e regras da empresa, as quais não favorecem a

execução de suas atividades.

10%

10%

20%

10%

10%

10%

10%

10%

Nível de liberdade excelente, normas bem conhecidas e sempre favorecem a execução das atividades

Nível de liberdade excelente, normas bem conhecidas e às vezes favorecem a execução das atividades

Nível de liberdade excelente, normas não são bem conhecidas e sempre favorecem a execução das atividades

Nível de liberdade excelente, normas não são bem conhecidas e às vezes favorecem a execução das atividades

Nível de liberdade bom, normas bem conhecidas e sempre favorecem a execução das atividades

Nível de liberdade bom, normas bem conhecidas e às vezes favorecem a execução das atividades

Nível de liberdade bom, normas não são bem conhecidas e às vezes favorecem a execução das atividades

Nível de liberdade regular, normas bem conhecidas e sempre favorecem a execução das atividades

Gráfico 3 Normas e Nível de Liberdade na Execução das Atividades FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

Ao verificar a percepção dos colaboradores em relação ao uso de sanções e

recompensas no incentivo de atitudes e comportamentos, constata-se que 60% dos

funcionários consideram que às vezes a empresa aplica sanções e nunca utiliza

recompensas (Gráfico 4), o que contradiz o que foi verificado nas entrevistas, que

afirmavam predominância do uso do reforço positivo. Demonstra-se, assim, que os

trabalhadores percebem mais a atuação da empresa sobre seus comportamentos

quando há aplicação de sanções. Isso ocorre porque, de acordo com a gestão da

empresa, há predominância de recompensas não-financeiras, que são mais difíceis

de serem percebidas e mensuradas pelos trabalhadores, e devido ao fato da

empresa não possuir ações de endomarketing bem desenvolvidas.

Page 89: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

88

30%

60%

10%

Sempre aplica sanções e às vezes utiliza recompensas

Às vezes aplica sanções e nunca utiliza recompensas

Às vezes aplica sanções e sempre utiliza recompensas

Gráfico 4 Sanções x Recompensas FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

Também foi constatado que todos os colaboradores consideram que a

empresa promove sempre (50%) ou às vezes (50%) a participação no planejamento

as atividades, e que 60% dos trabalhadores afirmam que o compartilhamento das

informações é o tipo de participação dominante, seguida da participação no

processo de tomada de decisão, com 40% (Gráfico 5).

10%

30%

10%

30%

10%

10%

Participação nos lucros

Compartilhamento de informações

Participação no processo de tomada de decisão

Compartilhamento de informações e participação do proceso de tomada de decisão

Comissão

nenhuma das alternativas anteriores

Gráfico 5 Tipos de Participação FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

E, o fato do compartilhamento de informações ter sido apresentado como

predominante entre os tipos de participação, justifica 90% dos respondentes terem

afirmado que possuem nível de acesso à informação sobre a empresa excelente ou

bom, e 60% identificarem que a Pelé Club apresenta canal formalizado para coleta

de opiniões, sugestões e dúvidas e, os 40% que não conseguiram identificar esse

canal, afirmarem que seu gerente estimula sua expressão.

Além disso, 80% dos funcionários reconhecem que a empresa disponibiliza

iniciativas de qualificação e formação para todos os níveis hierárquicos, o que

corrobora a constatação de que a organização utiliza esse recurso para evitar

desvios por meio de desconformidades.

Page 90: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

89

Desse modo, por incentivar a qualificação de seus funcionários, por lhe

permitir liberdade na execução das tarefas, e, principalmente, por permitir o acesso

às informações da empresa, o que deixa o colaborador mais identificado com a

organização, a Pelé Club Belém possui alto nível de satisfação com as políticas que

pratica, embora o uso de sanções seja mais percebido do que as recompensas e o

rigor no cumprimento dos procedimentos seja alto (50% dos colaboradores

consideram que a empresa sempre exige o cumprimento rígido dos procedimentos

na execução das atividades), como demonstra o Gráfico 6 a seguir.

10%

80%

10%

0% 0%

Muito satisfeito

Satisfeito

Indiferente

Insatisfeito

Muito insatisfeito

Gráfico 6 Satisfação com as Políticas de Pessoal FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

6.5.1.4. Estrutura Hierárquica

As respostas às questões 24 e 25, sobre a estrutura hierárquica, mostram que

todos os colaboradores identificam com facilidade sua posição na estrutura

hierárquica da empresa e estão satisfeitos com o organograma adotado, devido

favorecer a autonomia na tomada de decisão com relação à execução das

atividades que não envolvem aspectos financeiros e a comunicação entre as áreas,

como foi constatado na análise das entrevistas.

6.5.1.5. Modelo de Gestão e Liderança

Por fim, as questões 26 a 29 estão relacionadas ao modelo de gestão e

liderança adotado pela Pelé Club Belém. O Gráfico 7 demonstra que 70% dos

colaboradores reconhecem que existem pessoas com características pessoais que

lhe permitiriam ocupar cargos de chefia, mas que não ocupam essa posição, o que,

associado com o fato de que 70% também considera que as pessoas que

influenciam seu comportamento exercem essa influência devido sua personalidade e

características pessoais (Gráfico 8), deixa claro que o ambiente organizacional da

Pelé Club está propicio a ascensão de lideranças informais carismáticas.

Page 91: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

90

50%

20%

30%

Existe pessoas com características de chefia mas não a ocupam e alguns chefes possuem características

adequadas

Existe pessoas com características de chefia mas não a ocupam e todos da chefia possuem características

adequadas

Não existe pessoas com características de chefia mas não a ocupam e todos da chefia possuem características

adequadas

Gráfico 7 Reconhecimento de Lideranças FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

10%

70%

20%

Do cargo que a pessoa ocupa na empresa

Da personalidade e características da pessoa

Das informações que a pessoa detém

Gráfico 8 Fontes de Influência sobre o Comportamento FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

Com relação ao estilo de liderança predominante na empresa, o Gráfico 9 a

seguir apresenta que, conforme foi constatado nas entrevistas, os colaboradores o

percebem como mediador de conflitos, utilizando o diálogo para solucioná-los.

0%

70%

30%

0%Aplicação ou ameaça de aplicação de sanção

Negociação entre as partes envolvidas

Recorrer à interpretação das regras, regulamentos e normas da empresa

A gerência não intervém nesses casos

Gráfico 9 Ações em Situações de Conflito FONTE: Gráfico elaborado pelo pesquisador

Page 92: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

91

7. CONCLUSÃO

Com base no que foi apresentado neste estudo, entendeu-se que a análise de

como o poder se manifesta nas organizações contemporâneas e influencia no

desenvolvimento do indivíduo, da organização (com sua busca por geração de

riqueza que garanta sua continuidade), e da sociedade, embora seja de delicada

abordagem, é extremamente necessária, pois o poder transpassa e penetra o corpo

social em plenitude, agindo como disciplinador; produtor de saber; mantenedor e

reprodutor das relações econômicas e sociais; e, também, como transformador do

meio social e econômico, pois age sobre os corpos, mas também recebe ação

contrária do mesmo corpo sobre o qual atua.

Assim, o poder, ao se manifestar nas organizações por meio da disputa por

sua detenção e pelo domínio de espaços físicos e sociais, influencia diretamente a

formação político-social dos trabalhadores e os resultados obtidos pela organização,

ao definir e condicionar padrões de comportamento e, principalmente, ao agir sobre

os conflitos presentes na empresa, com destaque para os que envolvem a classe

trabalhadora e os detentores dos meios de produção e seus representantes.

Com a pesquisa realizada na Pelé Club Belém, verificou-se que há

necessidade das empresas identificarem o imaginário cultural que as caracterizam,

pois a cultura organizacional constitui mecanismo pelo o qual o poder se manifesta

gerando ambientes mais cooperativos ao definir valores e crenças compartilhados

por um conjunto de indivíduos, que desenvolvem, portanto, senso de identidade e

socialização.

E, aliado à cultura organizacional, a empresa adota conjunto de práticas,

normas e regras que formalizam padrões de comportamento, associado ao processo

de formação profissional, que tem objetivo de desenvolver em seus colaboradores

habilidades e atitudes que melhor se adaptem aos seus interesses.

Outro mecanismo utilizado pelas organizações e pelo qual o poder se exerce

é a disponibilização de benefícios, que dificulta ao funcionário manter posturas

contrárias às práticas organizacionais pelo temor de perder a subsistência e o amor

que a empresa, figurada como mãe em seu imaginário, lhe proporciona.

A conclusão que decorre dessas constatações é de que a empresa

contemporânea possui mecanismos cada vez mais sutis de exercício de poder e

que, por simbolizar psicologicamente tanto a figura pai (superego – normas e

Page 93: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

92

regulamentos), como a da mãe (ego – benefícios e monitoramento da satisfação),

apresenta-se como sistema híbrido de dominação do trabalhador.

Especificamente na Pelé Club Belém, percebeu-se outro fenômeno,

esquematizado na Figura 6.

Figura 6 Instâncias e Fluxo de Poder na Pelé Club Belém FONTE: Figura elaborada pelo pesquisador

O modelo apresentado acima demonstra as instâncias e fluxos de poder

presenciados na Pelé Club Belém. De acordo com o modelo, a empresa sofre ações

de poder da MB Capital, holding a qual está ligada e que detém o controle de áreas

importantes ao desenvolvimento do negócio, como a Financeira, por exemplo, e

participa do processo de tomada das decisões estratégicas da Pelé Club como

forma de garantir alinhamento com as diretrizes do grupo e de que a academia não

adquira autonomia suficiente para tornar-se negócio independente do grupo.

Em contrapartida, a Pelé Club, por ser parte do grupo MB Capital, exerce

influência sobre a holding, pois seu desempenho influencia diretamente os

resultados do grupo, mas a intensidade desse poder é menor e somente é exercida

sob proposições embasadas. Por outro lado, a Pelé Club Belém também sofre fluxo

de poder no sentindo franqueadora-franqueada, devido à direção da franquia definir

padrões de procedimentos e de nível de serviço a serem seguidos, e também

Page 94: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

93

participar do processo de tomada de decisões ao avaliar as ações definidas como

forma de garantir alinhamento ao conceito que transmitiu e vende para o mercado.

A contrapartida nessa relação franqueadora-franqueada, é que, por ser a

única unidade da franquia estabelecida no norte do Brasil e por conhecer melhor do

que a franqueadora as características e a dinâmica do mercado local, além de estar

geograficamente mais distante da direção da franquia, a Pelé Club Belém consegue,

por meio dos conhecimentos e dados que possui, influenciar a seu favor a avaliação

das decisões e também obtém maior autonomia do que as outras unidades da

franquia, que estão mais próximas da direção da franqueadora.

Por fim, esse modelo também apresenta o fluxo de poder entre a Pelé Club e

seus funcionários, em que a organização influencia o comportamento de seus

colaboradores como forma de garantir o alcance de seus resultados, mas,

dialeticamente, os funcionários exercem poder sobre a empresa, pois são

responsáveis diretos pelo desempenho organizacional.

E, por entender que os funcionários possuem poder sobre a empresa ao

definirem o ritmo de trabalho e o nível de qualidade do serviço prestado, dentre

outras influências, é que se conclui que a empresa moderna cria novos mecanismos

de poder para atuar sobre o trabalhador de forma mais sutil, dando-lhe prerrogativas

que o tornam apático politicamente e com dificuldade de estabelecer sua identidade

de classe social, submetendo-o a controle panóptico, ao monitorá-lo por meio de

gestores, pelos outros componentes da organização e por seu superego, que atua

sobre sua conduta de forma a evitar comportamentos não tolerados ao ambiente

social ao qual pertence.

À Pelé Club Belém sugere-se, portanto, a continuidade de processo de

identificação dos valores e crenças que compõem sua cultura de forma a lhe permitir

a criação e ambiente interno favorável ao alcance dos resultados que almeja, que

precisam estar explícitos e bem concisos na missão e visão que a empresa deve

elaborar e disseminar.

Também se sugere à empresa pesquisada o desenvolvimento de modelo de

participação consolidado que realmente permita aos colaboradores inserção no

processo de tomada de decisões e, dessa forma, se desenvolva melhor a cidadania

no ambiente organizacional ao promover a atuação e debates políticos no interior da

empresa que gerem medidas em favor tanto do alcance de resultados, como de

melhores condições de trabalho. Outra prática que também pode ser adotada na

Page 95: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

94

Pelé Club Belém é a consolidação do Plano de Carreira, Cargos e Salários, fazendo

com que crescimento profissional dos colaboradores acompanhe o crescimento

organizacional.

Além dessas conclusões apresentadas, também é necessário identificar

novas proposições para futuros estudos sobre a atuação do poder nas

organizações. Ponto importante no desenvolvimento de novas pesquisas sobre o

tema seria a análise em profundidade das instâncias de poder que ocorrem em

franquias ou em casos de aquisição de empresas por grupos empresariais, dois

fenômenos que apresentam crescimento nos últimos anos, ampliando-se o modelo

apresentado na Figura 6, que poderá, por exemplo, ser acrescido das instâncias e

fluxos de poder presentes na sociedade, no mercado e no governo.

Page 96: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

95

REFERÊNCIAS

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GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

________________. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da Escola Científica à Competitividade na Economia Globalizada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MORGAN, Gareth. Imagens da Organização. 1. ed. 8. tiragem. Tradução Cecília Whitaker Bergamini, Roberto Coda. São Paulo: Atlas, 1996.

MOTTA, Fernando C. Prestes; VASCONCELOS, Isabella Gouveia de. Teoria Geral da Administração. 3. ed. rev. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.

PAGÈS, Max et al. O Poder das Organizações - A Dominação das Multinacionais sobre os Indivíduos. 1. ed. 11. reimpr. Tradução Maria Cecília Pereira Tavares, Sonia Simas Favatti; revisão técnica Pedro Anibal Grago. São Paulo: Atlas, 2008.

PELÉ CLUB BELÉM. Organograma da organização. Belém, 2011.

PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS. Pelé Club quer abrir cinco franquias em 2011. Disponível em <http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI230387-17183,00-PELE+CLUB+QUER+ABRIR+CINCO+FRANQUIAS+EM.html>. Acesso: 17 Nov. 2011

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96

ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 11. ed. Tradução técnica Reynaldo Marcondes. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

TRAGTENBERG, Maurício. Administração, poder e Ideologia. 3. ed. rev. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Tradução Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa; revisão técnica Gabriel Cohn. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed.Tradução Ana Thorell; revisão técnica Cláudio Damacena. Porto Alegre: Bookman, 2010.

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97

APÊNDICES

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO

Instruções para preenchimento

Prezado (a) Senhor (a),

Este questionário integra um estudo sobre as influências das relações de

poder na formação político-social dos trabalhadores da Academia Pelé Club. Suas

respostas contribuirão para o entendimento de como ocorre esse processo, que é

tema da pesquisa que estou desenvolvendo como requisito para obtenção do grau

de bacharel em administração pela Faculdade Ideal (FACI), permitindo entender os

elementos presentes nas relações de poder da Academia Pelé Club.

A participação na pesquisa é voluntária, contudo, sua participação é

importante para a qualidade dos resultados, e será assegurado o sigilo da identidade

dos respondentes e das informações obtidas, que somente poderão ser divulgadas

em caráter estritamente acadêmico. Seja franco em suas respostas, registrando

aquelas que melhor expressem sua percepção e marcando apenas um item, exceto

nas perguntas que permitam mais de um registro e que serão destacadas.

Agradeço sua disposição em responder e devolver o questionário, e coloco-

me à disposição para esclarecer eventuais dúvidas.

Atenciosamente,

Amarildo Ferreira Júnior

Contatos:

Celular: 9914-1706/8017-2500

E-mail: [email protected]

Page 99: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

98

Questionário

1. Sexo

( ) masculino ( ) feminino

2. Escolaridade

( ) ensino médio ( ) superior incompleto ( ) superior completo

( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado

3. Cargo Atual

( ) produção/atendimento ( ) área administrativa ( ) chefia

4. Durante o tempo em que você está na organização, já exerceu atividade de

chefia?

( ) sim ( ) não

5. Caso exerça ou tenha exercido cargo de chefia, por quanto tempo o exerceu?

( ) não exerci ou exerço cargo de chefia

( ) menos de 1 mês

( ) de 1 a 3 meses

( ) de 3 a 6 meses

( ) de 6 meses a 1 ano

( ) mais de 1 ano

6. Como você classifica o grau de interação que possui com seus colegas de

trabalho?

( ) excelente ( ) bom ( ) regular ( ) ruim

7. Você consegue identificar colegas de trabalho que possuem objetivos e

interesses semelhantes aos seus de que forma?

( ) identifico com facilidade ( ) identifico, mas com dificuldade

( ) não consigo identificar

8. Você conhece a missão, visão e valores da empresa?

( ) sim ( ) não

Page 100: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

99

9. Você acredita que os valores e princípios defendidos pela empresa são

colocados em prática?

( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca

10. A Cultura Organizacional (tradições, práticas e costumes adotados na

empresa que não estão previstos em qualquer regra) adotada na empresa

favorecem a execução das suas atividades?

( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca

11. Em relação às políticas de pessoal da empresa, você se sente

( ) muito satisfeito ( ) satisfeito ( ) indiferente ( ) insatisfeito

( ) muito insatisfeito

12. Com que frequência ocorre o uso de sanções para determinar o

comportamento das pessoas na empresa?

( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca

13. Com que frequência são utilizadas recompensas financeiras ou não-

financeiras para incentivar atitudes e comportamentos?

( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca

14. Você considera seu nível de acesso a informações sobre a empresa

( ) excelente ( ) bom ( ) regular ( ) ruim

15. Há participação dos colaboradores no planejamento das operações a serem

executadas?

( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca

16. A empresa possui algum canal para coleta de opiniões, sugestões ou

resposta de dúvidas de seus colaboradores?

( ) sim, a empresa apresenta um canal formalizado para recebimento de opiniões,

sugestões e dúvidas

Page 101: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

100

( ) não, mas o meu gerente estimula a manifestação de minhas opiniões, sugestões

e dúvidas

( ) não, não existe nenhum canal de coleta de opiniões, sugestões e dúvidas

17. Como você classifica o nível de liberdade que tem sobre as atividades que

desempenha?

( ) excelente ( ) bom ( ) regular ( ) ruim

18. Assinale os tipos de participação que a empresa oferece aos seus

trabalhadores (permite assinalar mais de uma opção).

( ) participação nos lucros

( ) compartilhamento de informações

( ) participação no processo de tomada de decisão

( ) outros (especifique) ___________________________________________

( ) nenhuma das alternativas anteriores

19. Existe, na empresa, conjunto de normas e regras que definem os padrões de

comportamento de seus colaboradores?

( ) existe e é bem conhecido pelos trabalhadores

( ) existe, porém não é bem conhecido pelos trabalhadores

( ) desconheço a existência de qualquer conjunto de normas e regras na empresa

20. A Pelé Club possui iniciativas de qualificação e formação profissional?

( ) sim, a empresa apresenta tais iniciativas para todos os níveis hierárquicos ou

cargos

( ) sim, mas essas iniciativas são voltadas apenas para alguns níveis hierárquicos

ou cargos

( ) não, a empresa não possui nenhuma iniciativa de qualificação e formação

profissional

21. Você sente segurança na empresa, ou seja, sente que não há risco de ser

demitido sem motivo?

( ) sim ( ) não

Page 102: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

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22. Você considera que as regras e normas da empresa favorecem a execução

das suas atividades?

( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca

23. A empresa exige um procedimento rígido para execução das atividades

pertinentes às suas funções?

( ) sempre ( ) às vezes ( ) nunca

24. Com relação à sua posição na estrutura hierárquica da empresa, você

consegue identificar seus superiores e subordinados

( ) com facilidade ( ) com dificuldade ( ) não consigo identificar

25. Você está satisfeito com a estrutura hierárquica (chefes e subordinados) a

qual está vinculado?

( ) sim ( ) não

26. Você considera que na empresa existem pessoas que não ocupam cargos de

chefia, mas deveriam ocupá-los devido os conhecimentos e habilidades que

possuem?

( ) sim ( ) não

27. Com relação à chefia, você considera que as pessoas que a exercem

possuem características adequadas para o cargo?

( ) sim, todos da chefia possuem características adequadas

( ) sim, algumas pessoas da chefia possuem características adequadas

( ) não, ninguém da chefia possui características adequadas

28. Dentre as pessoas que exercem maior influência sobre o seu comportamento

na empresa, você considera que essa influência provém

( ) do cargo que a pessoa ocupa na empresa

( ) da personalidade e características pessoais da pessoa

( ) das informações que essa pessoa detém

Page 103: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

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29. Quando surgem situações de conflito ou divergência, a solução encontrada

pela gerência é

( ) aplicação ou ameaça de aplicação de sanções

( ) negociação entre as partes envolvidas

( ) recorrer à interpretação das regras, regulamentos e normas da empresa

( ) a gerência não intervém nesses casos

Page 104: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

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APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA

Informações ao entrevistado

Prezado(a) Senhor(a),

Este formulário integra um estudo sobre as influências das relações de poder

na formação político-social dos trabalhadores da Academia Pelé Club. Suas

respostas contribuirão para o entendimento de como ocorre esse processo, que é

tema da pesquisa que estou desenvolvendo como requisito para obtenção do grau

de bacharel em administração pela Faculdade Ideal (FACI), permitindo entender os

elementos presentes nas relações de poder da Academia Pelé Club.

A participação na pesquisa é voluntária, contudo, sua participação é

importante para a qualidade dos resultados, e será, por se tratar de pesquisa

acadêmica, assegurado o sigilo das informações obtidas e da identidade dos

respondentes, que somente poderão ser divulgadas em caráter estritamente

acadêmico. Seja franco em suas respostas, expressando a percepção que possui a

cerca dos temas abordados.

Atenciosamente,

Amarildo Ferreira Júnior

Page 105: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

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Roteiro de Entrevista

Departamento: _______________________ Cargo: _______________________

1. Sexo

( ) masculino ( ) feminino

2. Escolaridade

( ) ensino médio ( ) superior incompleto ( ) superior completo

( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado

3. Qual a missão, visão e valores da empresa? Em sua opinião, essas crenças

são colocadas em prática? Cite exemplos.

4. Qual a sua avaliação sobre a relação entre Cultura Organizacional (tradições,

práticas e costumes adotados pelos colaboradores, mas que não estão previstos em

qualquer regra) e o nível de desempenho das atividades da Pelé Club?

5. Como você considera o nível de satisfação dos funcionários com as políticas

de pessoal empregadas pela Pelé Club? Justifique.

6. Como você classifica o seu nível de acesso a informações sobre a empresa?

7. Quais são os meios que você utiliza para conhecer as opiniões, sugestões ou

dúvidas de seus colaboradores?

8. Como você realiza a disseminação para seus colaboradores do conjunto de

normas e regras adotado pela empresa?

9. A empresa oferece oportunidades de qualificação e formação profissional

para os colaboradores? Cite exemplos.

Page 106: Monografia "Relações de poder em uma empresa de serviços - Influências na formação político-social dos trabalhadores"

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10. Como você avalia o nível de exigência do cumprimento de procedimentos

para execução das atividades da Pelé Club?

11. Quais práticas você utiliza para direcionar as pessoas a se comportarem da

maneira mais adequada aos objetivos da empresa?

12. Ao planejar as atividades e metas, você aplica alguma forma de gestão

participativa? Cite exemplos.

13. Quando surgem situações de conflito ou divergência, quais são as medidas

que você geralmente toma?

14. Como você vê a estrutura hierárquica da empresa? Há muitos níveis? O

poder de comando é centralizado ou gerentes setoriais têm autonomia para decidir?

15. Como você avalia a relação entre as gerências e diretorias da empresa?