MORANDO SOZINHO NA TERCEIRA IDADE - EVIDÊNCIAS … · 2018-04-11 · Tabela 6 - Participação dos...
Transcript of MORANDO SOZINHO NA TERCEIRA IDADE - EVIDÊNCIAS … · 2018-04-11 · Tabela 6 - Participação dos...
Faculdade Boa Viagem | DeVry Brasil
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE
Simone Maria Gueiros Leite
MORANDO SOZINHO NA TERCEIRA IDADE - EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS
SOBRE DOMICILIOS UNIPESSOAIS DE IDOSOS DE ALTA RENDA NO RECIFE
Recife, Dezembro de 2017
Faculdade Boa Viagem | DeVry Brasil
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE
Dissertação apresentada como requisito complementar
para obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial
da Faculdade Boa Viagem/ DeVry Brasil, sob a orientação
da Prof.ª Dra. Amanda Aires.
Recife, Dezembro de 2017
Catalogação na fonte -
Biblioteca da Faculdade Boa Viagem | DeVry, Recife/PE
L533m Leite, Simone Maria Gueiros. Morando sozinho na terceira idade – evidências empíricas
sobre domicílios unipessoais de idosos de alta renda no Recife /
Simone Maria Gueiros Leite. – Recife : DeVry | UniFBV,
2017.
88 f. : il.
Orientador(a): Amanda Aires Vieira.
Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade
Boa Viagem - DeVry.
1. Idoso. 2. Terceira idade. 3. Morar só. 4. Domicílio
unipessoal. I. Título. DISS
658[17.2]
Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.
AGRADECIMENTOS
Sempre achei meio clichê iniciar agradecendo a DEUS por alguma conquista.
Hoje aos 50 anos, faltando menos de 10 anos para ser alvo de minha pesquisa, só consigo
pensar em agradecer a DEUS por tudo.
Obrigada meu DEUS por estar aqui realizando esse sonho de escrever sobre um assunto que
tanto me encanta.
Obrigada meu DEUS por eu estar viva e com saúde, após tantas superações.
Obrigada meu DEUS pelo gratificante convívio com minha avó Nenzinha, que viveu 100
anos e me mostrou a força da fé. A ela dedico esse trabalho e a minha paixão pelos idosos.
Obrigada meu DEUS pelo maravilhoso companheiro, que tanto me apoiou nesse processo e
me mostrou o que é um amor verdadeiro.
Obrigada meu DEUS por meu filho, tão desejado, e que só me enche de alegria e orgulho e
pelo filho, que já chegou aos 10 anos em minha vida, mas só veio para me ensinar que nunca
falta espaço para mais amor.
Obrigada meu DEUS por toda a minha família e amigos. Dai-me paciência e resignação para
que o convívio seja sempre harmônico e que as trocas afetivas só nos fortaleçam.
Obrigada meu DEUS pela orientação objetiva da Profª Amanda, pelos conselhos sempre
pertinentes dos Profº Diogo e por ter em Rosana e Priscilla consultoras generosas.
“A velhice é também a idade dos balanços. E os balanços são sempre
meio melancólicos, compreendida a melancolia como a consciência
do que ficou incompleto, imperfeito, da desproporção entre os bons
propósitos e as ações realizadas. Chegamos ao fim da vida e temos a
sensação, no que concerne ao conhecimento do bem e do mal, de
continuar no ponto de partida. Todas as grandes interrogações
ficaram sem resposta. Depois de buscar um sentido para a vida,
percebemos que não faz sentido levantar a questão do sentido, e que
a vida deve ser aceita e vivida no que tem de imediato, como faz a
grande maioria dos homens. Mas quanto esforço foi necessário para
chegar a essa conclusão!”
Noberto Bobbio
Filósofo Italiano
RESUMO
Este estudo tem como objetivo investigar as razões que levam os idosos recifenses de alta
renda a morarem sozinhos. Também se propõe a identificar: i) As características
socioeconômicas dos idosos de alta renda que moram sozinhos em Recife; ii) A principal
motivação da formação do domicílio unipessoal em Recife e iii) Os hábitos de consumo da
população idosa em Recife. Para isso, foram realizadas 402 entrevistas, em abril de 2017, com
idosos no parque da Jaqueira e no calçadão da Avenida Boa Viagem, bairros nobres da cidade
do Recife. O questionário aplicado continha 25 perguntas que exploravam os seguintes
aspectos: a) Características socioeconômicas; b) Motivação da formação do domicílio
unipessoal e c) Hábitos de consumo da população idosa. Os resultados encontrados mostraram
um perfil de idosos autônomos, tanto financeiramente como do ponto de vista da saúde, com
acesso a lazer, elevado grau de instrução e que já moravam sozinhos em média há 17 anos. O
estudo conclui que os idosos são levados a residirem sozinhos principalmente devido ao fato
dos filhos saírem de casa para trabalhar ou casar.
Palavras-chave: idoso, terceira idade, morar só, domicilio unipessoal.
ABSTRACT
This study aims to investigate the reasons that lead the high-income elderly people, from
Recife, to live alone. It also proposes to identify: i) The elderly´s socioeconomic
characteristics living alone in the city; ii) The main reason for living in a one-person
holsehold iii) The consumption habits of the elderly population in Recife. For this purpose,
402 interviews were conducted in April 2017 among the elderly population around the areas
of Jaqueira Park and in the Boa Viagem Avenue pedestrian street, two high income
neighborhoods in the city of Recife. The questionnaire applied contained 25 questions that
explored the following aspects: a) Socioeconomic characteristics; b) Reason for the person to
live alone c) The public´s consumption habits. The results showed a profile of financially and
healthily autonomous elderly people, having access to leisure activities, high educational level
and who had lived alone for 17 years on average. The study concludes that this public is led to
live alone especially because their children leave home to work or to get married.
Keywords: elderly, seniors, living alone, one-person household.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Quantitativo total de livros, teses, dissertações e artigos acadêmicos publicados .. 19
Tabela 2 - Evolução domicílios unipessoais de idosos ............................................................ 20
Tabela 3 - Declínio da fecundidade total .................................................................................. 22
Tabela 4 - Declínio da mortalidade total .................................................................................. 23
Tabela 5 - Evolução expectativa de vida ao nascer .................................................................. 23
Tabela 6 - Participação dos idosos na população total ............................................................. 29
Tabela 7 - População idosa em Pernambuco, por sexo ............................................................ 30
Tabela 8 - Grau de instrução da população idosa em Pernambuco, por sexo .......................... 31
Tabela 9 - Idosos economicamente ativos em Pernambuco, por sexo ..................................... 31
Tabela 10 - Composição das famílias de idosos em Pernambuco ............................................ 31
Tabela 11 - População idosa do Recife, por sexo ..................................................................... 32
Tabela 12 - Grau de instrução da população idosa do Recife, por sexo ................................... 32
Tabela 13 - Idosos economicamente ativos do Recife, por sexo .............................................. 33
Tabela 14 - Composição das famílias de idosos do Recife ...................................................... 33
Tabela 15 - Evolução dos domicílios unipessoais de idosos brasileiros, por sexo ................... 37
Tabela 16 - Margem de erro e nível de confiança em amostragem .......................................... 45
Tabela 17 - Cortes do Critério Brasil........................................................................................ 46
Tabela 18 - Classes Sociais, segundo o IBGE .......................................................................... 46
Tabela 19 - Rendimento médio mensal de trabalhadores em Recife/PE .................................. 47
Tabela 20 - Relação entre idade e gênero dos entrevistados .................................................... 51
Tabela 21 - Estado civil dos respondentes, por gênero ............................................................ 52
Tabela 22 - Faixa de renda ....................................................................................................... 53
Tabela 23 - Características para morar só X faixa etária .......................................................... 58
Tabela 24 - Relação entre fonte de renda e faixa etária dos entrevistados ............................... 60
Tabela 25 - Pessoas com quem residia anteriormente .............................................................. 61
Tabela 26 - Motivação da formação do domicílio unipessoal por gênero................................ 63
Tabela 27 - Motivação da formação do domicílio unipessoal por faixa etária ......................... 63
Tabela 28 - Motivação da formação do domicílio unipessoal por grau de instrução ............... 64
Tabela 29 - Atividades que os idosos costumam fazer com mais frequência .......................... 65
Tabela 30 - Relação opção de moradia X faixa etária .............................................................. 69
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Motivação para a formação de domicílios unipessoais de idosos ............................ 39
Figura 2 - Cohousing no Estado de Nevada - EUA .................................................................. 41
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Proporção de idosos na população total entre 1950 e 2100 ................................... 25
Gráfico 2 - Evolução da população brasileira por faixa etária (em %) .................................... 26
Gráfico 3 - Pirâmide Etária do Brasil, por sexo, no ano 2000 (em %) .................................... 26
Gráfico 4 - Previsão da Pirâmide Etária do Brasil, por sexo, no ano 2030 (em %) ................ 27
Gráfico 5 - Evolução da população pernambucana por faixa etária (em %) ............................ 28
Gráfico 6 - Evolução da população recifense por faixa etária (em %) ..................................... 29
Gráfico 7 - Composição arranjos familiares de idosos nos países desenvolvidos.................... 34
Gráfico 8 - Composição arranjos familiares de idosos na América Latina e Caribe................ 35
Gráfico 9 - Participação das mulheres na População Economicamente Ativa ........................ 36
Gráfico 10 - Evolução dos domicílios unipessoais de idosos (em %) ...................................... 36
Gráfico 11 - Proporção da população idosa morando sozinha (em %) .................................... 37
Gráfico 12 - Faixa etária dos entrevistados ............................................................................. 50
Gráfico 13 - Gênero dos entrevistados ..................................................................................... 51
Gráfico 14 - Grau de instrução ................................................................................................. 52
Gráfico 15 - Quantidade de pessoas na residência .................................................................. 54
Gráfico 16 - Idade do companheiro(a) .................................................................................... 55
Gráfico 17 - Nº de anos morando em Recife ............................................................................ 55
Gráfico 18 - Quantidade de filhos vivos ................................................................................... 56
Gráfico 19 - Percentual de filhos que moram em Recife ......................................................... 56
Gráfico 20 - Nº de anos morando sozinho(a) ou só com o companheiro(a) ............................ 57
Gráfico 21 - Principais características para se morar sozinho ................................................. 58
Gráfico 22 - Condição de saúde ............................................................................................... 59
Gráfico 23 - Fontes de renda .................................................................................................... 60
Gráfico 24 - Percentual da renda utilizada para ajudar parentes .............................................. 61
Gráfico 25 - Principais razões para morar sozinho.................................................................. 62
Gráfico 26 - Plano de saúde ..................................................................................................... 66
Gráfico 27 - Casa própria ......................................................................................................... 66
Gráfico 28 - Poupança .............................................................................................................. 67
Gráfico 29 - Pessoa que ajuda nas tarefas diárias ..................................................................... 67
Gráfico 30 - Local de compras de alimentos, roupas e remédios ............................................. 68
Gráfico 31 - Frequência de saída de casa para fazer ou resolver alguma coisa ....................... 68
Gráfico 32 - Opções de moradia quando não for mais possível morar sozinho ....................... 69
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
1.2 Objetivo geral .................................................................................................................. 19
1.2.1 Objetivos específicos ................................................................................................ 19
1.3 Justificativas .................................................................................................................... 19
1.3.1 Teórica ...................................................................................................................... 19
1.3.2 Prática ....................................................................................................................... 20
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 22
2.1 O envelhecimento da população mundial ....................................................................... 22
2.2 Evolução da População Idosa no Mundo, nos Países desenvolvidos, no Brasil, em
Pernambuco e na cidade do Recife ....................................................................................... 24
2.3 Características da população idosa pernambucana e recifense ....................................... 30
2.3.1 Dados de Pernambuco .............................................................................................. 30
2.3.2 Dados do Recife ....................................................................................................... 32
2.4 Arranjos familiares com idosos ...................................................................................... 33
2.5 Domicílios unipessoais ................................................................................................... 35
2.6 Opções de moradia para idosos de alta renda em Recife ................................................ 39
2.6.1 Asilos - Instituições de longa permanência .............................................................. 39
2.6.2 Residenciais de alto luxo .......................................................................................... 40
2.6.3 Moradia Compartilhada - Cohousing ....................................................................... 41
2.6.4 Empreendimentos adaptados .................................................................................... 42
2.7 Sugestão de outros negócios relacionados a idosos ........................................................ 43
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 45
3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................................. 45
3.2 População e amostra ....................................................................................................... 45
3.3 Definição da classe social pesquisada............................................................................. 45
3.4 Lócus da pesquisa ........................................................................................................... 47
3.5 Instrumento de coleta dos dados ..................................................................................... 47
3.6 Coleta de dados ............................................................................................................... 48
3.7 Processamento dos dados ................................................................................................ 48
3.8 Técnica de análise dos dados .......................................................................................... 49
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 50
4.1 Características socioeconômicas dos idosos de alta renda que moram sozinhos em
Recife ................................................................................................................................... 50
4.2 Principal motivação da formação do domicílio unipessoal em Recife ........................... 53
4.3 Hábitos consumo e lazer da população idosa de alta renda em Recife ........................... 64
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 71
ANEXO A - Evolução população idosa no Mundo, nos países desenvolvidos e no Brasil .... 78
ANEXO B - Crescimento populacional no Brasil ................................................................... 79
ANEXO C - Crescimento populacional em Pernambuco ........................................................ 80
ANEXO D - Crescimento populacional no Recife .................................................................. 81
ANEXO E - Indicadores de Renda .......................................................................................... 82
ANEXO F - Dados socioeconômicos ...................................................................................... 83
ANEXO G - Dados relativos à formação de domicilio unipessoal ......................................... 84
ANEXO H - Dados de consumo e lazer .................................................................................. 86
APÊNDICE A - Questionário aplicado ................................................................................... 87
15
1 INTRODUÇÃO
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010) define expectativa de vida ou a
esperança de vida ao nascer como o número médio de anos de vida esperados para um recém-
nascido, mantido o padrão de mortalidade existente na população residente, em determinado
espaço geográfico, no ano considerado.
De acordo com a UNITED NATIONS (2017), no inicio da Era Cristã vivia-se em torno de 25
anos. Dezenove séculos depois, a expectativa de vida global chegava a 45 anos em média e
cresceu para 71 anos entre os anos de 2010-2015, com previsão de chegar a 78 anos entre
2050-2055. A expectativa de vida sofre influência de vários fatores, como: serviços de
saneamento ambiental, alimentação, índice de violência, poluição, serviços de saúde,
educação, entre outros. Portanto, o aumento da expectativa de vida da população em um país
está diretamente associado à melhoria das condições de vida de seu povo.
No Brasil, o IBGE (2010) relata que, em 1940, ano em que se iniciam as anotações formais do
Instituto, a expectativa de vida no país era de 45,5 anos. Cresceu para 57,6 anos em 1970,
69,8 anos em 2000 e 73,9 anos em 2010. Em 2015, o IBGE divulgou em sua Tábua de
Mortalidade (2015) uma expectativa de vida ao nascer de 75,5 anos para a população total,
sendo de 71,9 anos para os homens e de 79,1 para as mulheres. Esse resultado médio
comprova um crescimento de 65,93% na esperança de vida ao nascer, entre os anos de 1940 e
2015. Ainda assim, de acordo com a UNITED NATIONS (2017), o Brasil apresenta
expectativa de vida inferior aos países desenvolvidos, que em 2015, registravam 78 anos com
previsão de chegar a 85 anos entre 2050-2055.
O aumento da expectativa de vida associado à redução da taxa de fecundidade constituem o
fenômeno denominado transição demográfica, caracterizado pelo envelhecimento progressivo
da população mundial, também observado entre os brasileiros (KALACHE, et al, 1987).
Segundo CARVALHO (2003), a taxa de fecundidade começou a cair à medida que as
mulheres foram inseridas no mercado de trabalho e tornaram-se ativas e independentes,
passando a planejar o número de filhos. No Reino Unido, esse declínio da fecundidade teve
início ainda no século XIX com uma queda lenta, mas gradual. Em 1870, nasciam 5,3 filhos
por mulher e, em 1970, o número já era de 2,01 filhos por mulher (queda de 62,08% em 100
16
anos). Esse padrão, de acordo com a UNITED NATIONS (2017), praticamente se mantém no
Reino Unido e em 2015 a Taxa de Fecundidade Total - TFT foi de 1,88 filhos por mulher.
Segundo a UNITED NATIONS (2017), o declínio da fecundidade no Brasil começou a ser
sentido mais fortemente a partir de 1970, como consequência do controle da natalidade. A
TFT era de 6,10 filhos por mulher entre 1950-1955, passou para 4,68 entre 1970-1975,
chegando a 1,78 filhos por mulher entre 2010-2015. Em 65 anos, o país reduziu em 70,82% a
TFT. Aliado ao declínio da fecundidade, a queda da mortalidade é também fator decisivo para
o processo de envelhecimento populacional (CARVALHO, 2003). A esse respeito, disseram
CAMARANO; KANSO; LEITÃO E MELLO (2004):
O crescimento da população idosa é consequência de dois processos: a alta
fecundidade no passado, observada nos anos 1950 e 1960, comparada à fecundidade
de hoje, e a redução da mortalidade da população idosa. Por um lado, a queda da
fecundidade modificou a distribuição etária da população brasileira, fazendo com
que a população idosa passasse a ser um componente cada vez mais expressivo
dentro da população total, resultando no envelhecimento pela base. Por outro, a
redução da mortalidade trouxe como consequência o aumento no tempo vivido pelos
idosos, isto é, alargou o topo da pirâmide, provocando o seu envelhecimento (pg 26).
Mas afinal, quem é o idoso? A Organização Mundial de Saúde - OMS (UNITED NATIONS,
2002) define o idoso conforme o nível socioeconômico de cada nação. É considerado idoso o
individuo com 60 anos ou mais quando reside em países em desenvolvimento e 65 anos ou
mais quando residem em países desenvolvidos. No Brasil, considera-se idoso segundo a
Política Nacional do Idoso (Lei 8.842, de 4 de janeiro de 1994) e também pelo Estatuto do
Idoso (Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003), o indivíduo que tem 60 anos ou mais (BRASIL,
2013).
O departamento de economia das Nações Unidas divulgou relatório reportando que em 2015
havia em torno de 906 milhões de idosos no mundo (12,27% da população), sendo 24,4
milhões no Brasil (11,86% da população) (UNITED NATIONS, 2017). Segundo o IBGE
(2010), a parcela de idosos no Brasil é a que mais cresce e ganha participação na população.
Em 1940, representava 4% da população brasileira; em 2010, já era uma parcela de 10,79%
com previsão de alcançar 18,62% em 2030. Entre os anos 2000 e 2030 a estimativa é que os
idosos cresçam 185,82% (saindo de 14,5 milhões para 41,5 milhões). Nesse mesmo período a
população brasileira deverá crescer 31,41% e os de faixa etária entre 0 e 19 anos deverão
decrescer 21,03% (saindo de 68,2 milhões para 53,9 milhões).
17
O crescimento rápido e acentuado da população idosa, que é uma tendência mundial, gera um
sem número de discussões sobre os cuidados e custos que essa população trará às suas
famílias (cuidadores naturais) e aos seus países (com o consumo de recursos públicos, como
previdência e saúde) e acentua as diferentes visões sobre a questão do envelhecimento
(CAMARANO; PASINATO, 2004). Para WALKER (1990)1, o idoso é dependente e
vulnerável, tanto do ponto de vista econômico, como na saúde e autonomia, sem papel social.
Segundo o autor, o idoso só vivencia perdas. Essa visão foi importante para garantir direitos
sociais aos idosos, como a universalização da aposentadoria. Compartilha também dessa visão
BOBBIO (1997) que afirma: “Quem louva a velhice nunca a teve diante dos olhos (pg 45)”.
Já LASLETT (1991) descreve o envelhecimento de forma positiva, como a idade do
preenchimento e da reorganização da vida. Ele acredita que os idosos podem contribuir com a
sociedade através da transmissão dos conhecimentos adquiridos ao longo da vida e que por
isso devem ser valorizados e respeitados.
Cada indivíduo lidará com o envelhecimento de forma diferente, a depender de sua genética
(doenças pré-existentes) e de fatores ambientais (renda, família) e comportamentais (psique).
Alguns rapidamente se acharão dependentes e vulneráveis e entenderão a terceira idade como
uma desvalorização social. Outros lidarão com essa fase em pleno vigor físico, trabalhando,
sendo o chefe da família e apoiando os filhos. Comprovadamente, esses idosos são os que
aprenderam ao longo de suas vidas a lidar com perdas e adaptar-se às novas situações
(CAMARANO; PASINATO, 2004).
Para o indivíduo na terceira idade, segundo RAMOS (2013), há diversos arranjos familiares:
Ele poderá morar sozinho (domicilio unipessoal), com o cônjuge somente, com a família na
condição de chefe da mesma (família de idoso – existe autonomia), com a família como
dependente (família com idoso – existe vulnerabilidade), com acompanhante profissional ou
em asilo/condomínio especial.
Na literatura, segundo CAMARGOS (2008), existem também famílias unipessoais de idosos,
onde mais de uma família pode conviver no mesmo domicílio. É relevante destacar que,
PALLONI (2001) considera no viver sozinho2 também o idoso que habita com o cônjuge.
1 Apud CAMARANO; PASINATO (2004). 2 PALLONI (2001): Unless otherwise noted, when the elderly live with a spouse but no other kin or are
unmarried and living with no other kin, the term “living alone” is used.
18
De acordo com o IBGE (2010), em 1991 havia 6,4 milhões de domicílios de idosos no Brasil
sendo 15,40% de domicílios unipessoais. Em 2010 esse número havia dobrado: já eram 12,6
milhões domicílios com 21,45% de residências unipessoais. Em Pernambuco, registrou-se
585.790 domicílios de idosos, sendo 18,93% domicílios unipessoais. Para COUTO (2013)
esse patamar reflete um crescente número de pessoas idosas morando sozinhas, por escolha
ou por circunstâncias fora do seu controle.
O presente estudo procura investigar os fatores associados à decisão de morar sozinho e
também entender o comportamento e hábitos de consumo dos idosos recifenses de alta renda.
Como não se identifica nenhum estudo nesse sentido atualizado para a cidade de Recife,
espera-se que os resultados obtidos contribuam para o entendimento das características e
demandas específicas dessa população.
19
1.2 Objetivo geral
Analisar as razões que levam o idoso recifense, de alta renda, a morar sozinho.
1.2.1 Objetivos específicos
Identificar as características socioeconômicas dos idosos de alta renda que moram
sozinhos em Recife.
Identificar a principal motivação da formação do domicílio unipessoal em Recife.
Identificar os hábitos de consumo da população idosa em Recife.
1.3 Justificativas
1.3.1 Teórica
Pesquisas envolvendo idosos são extremamente atuais e importantes para todos os países
como forma de planejar ações que minimizem os efeitos do rápido e crescente
envelhecimento de suas populações. Por isso, este assunto gera anualmente milhares de
periódicos e artigos. Consultando apenas a plataforma EBSCO com o assunto aged (idoso)
verifica-se que existem 3.513.920 resultados a partir do ano 2000. A maioria do escritos tem
foco nas questões de saúde e nutrição dos idosos.
Em função dessa quantidade de material sobre o tema, optou-se por buscas nas plataformas
CAPES, EBSCO, SCIELO e SPELL restritas a estudos realizados no Brasil, a partir do ano
2000, para assim obter resultados mais próximos do objetivo deste trabalho. Os dados
encontrados são apontados na tabela 1 abaixo:
Tabela 1 - Quantitativo total de livros, teses, dissertações e artigos acadêmicos publicados
Palavra Chave CAPES EBSCO SCIELO SPELL
Idosos 17.112 1.622 12.692 24
Transição demográfica 750 4 23 1
Hábitos de consumo Idosos 184 8 0 0
Domicilio unipessoal 43 1 0 0
Motivação idoso - morar sozinho 14 0 0 0
Fonte: Elaboração própria.
20
Nas consultas realizadas, todos os estudos encontrados sobre idosos que moram sozinhos,
estavam na região Sudeste e Centro-Oeste, principalmente em Minas Gerais e Brasília onde
existem núcleos de pesquisa sobre o tema. Diante disto, acredita-se que trazer dados
atualizados para a região Nordeste, especificamente para a cidade do Recife, será uma
contribuição relevante ao tema.
1.3.2 Prática
Nesse estudo pretende-se apresentar opções de moradia para idosos de alta renda que desejem
morar sozinhos.
No passado os idosos moravam sempre com as suas respectivas famílias, mas em função da
queda da fecundidade, da rápida urbanização, do aumento do trabalho feminino e do crescimento
do número de separações conjugais houve uma transformação da dinâmica das famílias e os
idosos passaram a morar mais frequentemente sozinhos. Segundo o Censo de 2010 do IBGE,
18,93% dos domicílios de idosos no estado de Pernambuco são unipessoais. Na tabela 2
abaixo são apontados dados dos censos de 1970, 1991, 2000 e 2010 que mostram a evolução
desse tipo de moradia no Brasil e em Pernambuco.
Tabela 2 - Evolução domicílios unipessoais de idosos
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1970, 1991, 2000 e 2010.
Entendendo essa transformação nas famílias, foi surgindo diversos empreendimentos
imobiliários voltados para esse crescente mercado e que oferecem mais conforto e dignidade
que os conhecidos asilos para idosos. Apesar das instituições de longa permanência hoje
serem bastante fiscalizadas (existe constante monitoramento do CIAPPI - Centro integrado de
atenção e prevenção à violência contra a pessoa idosa) ainda acontecem abusos como o
ocorrido recentemente no Lar Jesus de Nazaré em Igarassu/PE, que resultou no fechamento da
instituição e desalojamento dos idosos.
BRASIL 1970 % 1991 % 2000 % 2010 %
Totais Domicílios 2.077.787 100,00 6.396.502 100,00 8.964.850 100,00 12.566.094 100,00
Totais Domicílios Unipessoais 304.978 14,68 985.061 15,40 1.604.708 17,90 2.695.112 21,45
PERNAMBUCO 1970 % 1991 % 2000 % 2010 %
Totais Domicílios 166.780 100,00 349.629 100,00 448.459 100,00 585.790 100,00
Totais Domicílios Unipessoais 22.414 13,44 51.745 14,80 70.857 15,80 110.867 18,93
21
Desde 1975, já existe na cidade de São José do Rio Preto, estado de São Paulo, o condomínio
residencial AGERIP - Associação Geronto Geriátrica de São José do Rio Preto totalmente
adequado à terceira idade. Não é um lar geriátrico, mas flats construídos visando indivíduos,
que tem renda própria e saúde, e que desejam envelhecer com dignidade, tranquilidade e
conforto em um espaço que proporciona toda a segurança e convivência com pessoas com a
mesma idade e objetivos.
Na região Nordeste, foi inaugurado em 2014 na cidade de João Pessoa, o programa Cidade
Madura que é uma iniciativa do governo da Paraíba destinada aos idosos de baixa renda. Há
também unidades em Campina Grande e em Cajazeiras e cada uma conta com 40 casas
adaptadas de 54 m².
Porém, para o idoso de alta renda, ainda há poucas opções disponíveis em Recife e entende-se
que o nosso estudo poderá fornecer elementos que motivem empresas de construção civil a
investir neste mercado promissor. Pretende-se apresentar um modelo de moradia chamado de
senior cohousing, que já existe na Dinamarca há décadas e é uma espécie de vilarejo privado,
onde cada idoso ou casal de idosos possui sua casa individual, mas privilegia os espaços
comuns para convívio, refeições, lazer e o compartilhamento de prestadores de serviços a um
menor custo.
22
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O envelhecimento da população mundial
Segundo KALACHE, et al. (1987): “O envelhecimento populacional é hoje um fenômeno
universal, característico tanto dos países desenvolvidos como, de modo crescente, no Terceiro
Mundo.” Os autores acreditam que para que uma população envelheça é necessário primeiro
que nasçam muitas crianças, segundo que as mesmas sobrevivam até idades avançadas e que,
simultaneamente, o número de nascimentos diminua. Com isso a entrada de jovens na
população decresce, e a proporção daqueles que sobreviverão até idades mais avançadas
passará a crescer. Também CAMARANO; KANSO; LEITÃO E MELLO (2004, pg 77),
atribuem o acentuado envelhecimento populacional à queda das taxas de mortalidade e
fecundidade.
Na tabela 3 abaixo se aponta dados da UNITED NATIONS (2017) sobre a fecundidade total
no mundo, nos países desenvolvidos e no Brasil. Quando se compara os números da
fecundidade total no mundo entre anos de 1950-1955 (4,96 filhos por mulher) com os anos de
2010-2015 (2,52 filhos por mulher) se verifica que o número de nascidos vivos por mulher
diminuiu 49,19% nesse período. Nos países desenvolvidos essa redução foi de 40,78% e no
Brasil de 70,82%.
Tabela 3 - Declínio da fecundidade total
Fecundidade Total (Número de nascidos vivos por mulher)
Previsão
1950-1955 1970-1975 1990-1995 2010-2015 ¹ 2030-2035 2050-2055
Mundo 4,96 4,46 3,02 2,52 49,19 2,35 2,21
Países Desenvolvidos ² 2,82 2,16 1,67 1,67 40,78 1,77 1,82
Brasil 6,10 4,68 2,72 1,78 70,82 1,61 1,65
Fonte: UNITED NATIONS, World Population Prospects 2017.
¹ Variação percentual entre os anos de 1950 e 2015.
² Os países desenvolvidos compreendem a Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
Associado a essa redução da fecundidade, observa-se também em todo o mundo o declínio do
percentual da mortalidade total. Na tabela 4 a seguir se aponta dados da UNITED NATIONS
(2017) sobre a mortalidade total no mundo, nos países desenvolvidos e no Brasil.
23
Em 1950-1955 morriam no mundo 142 crianças por 1.000 nascidas vivas. Em 2010-2015 esse
número foi reduzido para 35 crianças por 1.000 nascidas vivas, ou seja, redução de 75,35%
em 65 anos. Nos países desenvolvidos, a redução foi de 91,53% e no Brasil de 88,24%. Para
2050-2055 espera-se que no Brasil haja apenas 6 mortes por 1.000 crianças nascidas vivas.
Tabela 4 - Declínio da mortalidade total
Mortalidade Total (Número de crianças mortas por 1.000 nascidas)
Previsão
1950-1955 1970-1975 1990-1995 2010-2015 ¹ 2030-2035 2050-2055
Mundo 142 95 63 35 75,35 22 15
Países Desenvolvidos ² 59 21 11 5 91,53 3 2
Brasil 136 92 43 16 88,24 9 6
Fonte: UNITED NATIONS, World Population Prospects 2017.
¹ Variação percentual entre os anos de 1950 e 2015.
² Os países desenvolvidos compreendem a Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
O reflexo da este envelhecimento é percebido no aumento da expectativa de vida da
população mundial. Na tabela 5 abaixo se aponta dados da UNITED NATIONS (2017) sobre a
expectativa de vida ao nascer no mundo, nos países desenvolvidos e no Brasil.
Tabela 5 - Evolução expectativa de vida ao nascer
Expectativa de Vida ao Nascer (em anos)
Previsão
1950-1955 1970-1975 1990-1995 2010-2015 ¹ 2030-2035 2050-2055
Mundo 47 58 65 71 51,06 75 78
Países Desenvolvidos ² 65 71 74 78 20,00 82 85
Brasil 51 60 66 75 47,06 79 83
Fonte: UNITED NATIONS, World Population Prospects 2017.
¹ Variação percentual entre os anos de 1950 e 2015.
² Os países desenvolvidos compreendem a Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
Em 1950-1955 a população mundial vivia 47 anos em média e já em 2010-2015 a expectativa
de vida era de 71 anos (aumento de 51,06%). Nos países desenvolvidos espera-se que 2050-
2055 os cidadãos vivam, em média, 85 anos.
24
2.2 Evolução da População Idosa no Mundo, nos Países desenvolvidos, no Brasil, em
Pernambuco e na cidade do Recife
Segundo a UNITED NATIONS (2017) em 2015, havia 7,4 bilhões de pessoas no planeta e
12,27% ou 906 milhões eram idosos. A estimativa é que em 2100 haja 11,2 bilhões de pessoas
no planeta sendo 3,1 bilhões de idosos (28,08% da população).
O anexo A apresenta tabela com os dados obtidos na UNITED NATIONS (2017) que mostra a
evolução da população idosa no mundo, nos países desenvolvidos e no Brasil, entre os anos
de 1950 e 2015 e as projeções de crescimento até o ano de 2100. Desses dados, destacam-se:
o Idosos cresceram, entre os anos de 1950 e 2015, 347,77% no mundo, 217,63% nos
países desenvolvidos e 829,73% no Brasil.
o No mesmo período, a população total cresceu 191,10% no mundo, 53,79% nos países
desenvolvidos e 281,59% no Brasil.
o Em 2015, os idosos representavam 23,81% da população nos países desenvolvidos e
11,86% no Brasil.
o A estimativa para 2100 é que os idosos passem a representar 35,29% da população dos
países desenvolvidos e 39,42% do Brasil.
o É estimado também que entre 2020 e 2100, a população total cresça 1,24% nos países
desenvolvidos e decresça 10,96% no Brasil. Os idosos, no entanto, deverão crescer
38,54% nos países desenvolvidos e 151,48% no Brasil entre 2020 e 2100.
Conforme se verifica no gráfico 1, a seguir, a proporção da população idosa brasileira, em
2020, já será maior que a participação mundial (Brasil 13,96% e Mundo 13,48%). Em 2060,
segundo as estimativas, o Brasil terá 34,08% de sua população idosa, superior ao indicador
para o conjunto dos países desenvolvidos.
25
Gráfico 1 - Proporção de idosos na população total entre 1950 e 2100
Fonte: UNITED NATIONS, World Population Prospects 2017.
¹ A partir de 2020 os dados são projetados (variante média).
² Os países desenvolvidos compreendem a Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e
Japão.
No Anexo B, verifica-se a projeção de crescimento da população brasileira entre os anos de
2000 e 2030, através dos dados fornecidos pelo IBGE (2010). Destacam-se os seguintes
dados:
o Em 2000, 44,95% da população idosa era formada por homens e 55,05% por
mulheres. Em 2030, estima-se que os homens serão 44,63% e as mulheres 55,37%.
o A proporção de pessoas de 60 anos ou mais na população brasileira vem crescendo
muito acima de qualquer outra faixa etária da população. Essa faixa representava
8,56% em 2000 e em 2010 o Brasil tinha 21milhões de idosos (10,79% da população)
e estima-se que em 2030 eles serão 42 milhões ou 18,62% da população brasileira.
No gráfico 2 a seguir observa-se um crescimento de 185,84% nos idosos entre os anos de
2000 e 2030. Já a população entre 0 e 19 anos, deverá decrescer 21,03% no mesmo período. A
faixa considerada como a população jovem do país, que era de 68 milhões ou 40,17% da
população em 2000 decresceu para 32,99% em 2010. Estima-se nova queda em 2020,
passando a representar 28,85% da população brasileira e chegando em 2030 com uma
participação de apenas 24,14%.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2015 2020 2030 2040 2050 2060 2070 2080 2090 2100
Mundo Países Desenvolvidos Brasil
Previsão de que em 2060 o
Brasil tenha um percentual
de idosos superior ao dos
países desenvolvidos
Previsão 2020: Mundo
13,48% e Brasil 13,96%
26
Gráfico 2 - Evolução da população brasileira por faixa etária (em %)
Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000, 2010 e Projeção da População do Brasil e das Unidades da Federação.
As projeções demográficas indicam uma profunda transformação na estrutura etária da
população brasileira. Há uma inversão da pirâmide etária tradicional com a diminuição da
população jovem e o aumento da população madura e dos idosos.
No gráfico 3, a seguir, se vê a composição da população brasileira no ano 2000. A base da
pirâmide (40,19%) é composta por jovens de até 19 anos e entre 20 e 59 anos tinha-se 51,26%
da população. Os idosos representavam 8,55% da população.
Gráfico 3 - Pirâmide Etária do Brasil, por sexo, no ano 2000 (em %)
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000.
40,17
32,99 28,85
24,14
51,27 56,22 57,34 57,24
8,56 10,79 13,81
18,62
0
10
20
30
40
50
60
70
2000 2010 2020 2030
0 a 19 anos 20 a 59 anos acima de 60 anos
19
20
18
15
12
8
5
3
1
0
20
21
18
15
11
7
5
2
1
0
Entre 0 - 9
Entre 10 - 19
Entre 20 - 29
Entre 30 - 39
Entre 40 - 49
Entre 50 - 59
Entre 60 - 69
Entre 70 - 79
Entre 80 - 89
90 anos ou mais
Homens Mulheres
Previsão de
decréscimo de
21,03% entre
2000 e 2030
Previsão de
crescimento de
185,24% entre
2000 e 2030
27
A transformação da pirâmide etária é visível ao analisar-se o gráfico 4 abaixo. Em 2030 o
IBGE prevê que no Brasil teremos 24,16% da população de jovens até 19 anos (39,89% de
redução nessa faixa etária entre os anos 2000 e 2030). Já a população entre 20 e 59 anos
subirá de 51,26% para 57,25% da população e os idosos terão uma participação de 18,59% na
pirâmide etária (crescimento de 117,43%).
Gráfico 4 - Previsão da Pirâmide Etária do Brasil, por sexo, no ano 2030 (em %)
Fonte: IBGE. Projeção da População do Brasil e das Unidades da Federação.
Segundo FERREIRA; CAPASSI (2012), o fato do segmento jovem se reduzir e os idosos
ainda não terem atingido volume expressivo da população trará uma situação singular para o
Brasil no processo de transição demográfica, que ele denomina “janela demográfica de
oportunidades” ou “bônus demográfico”. A população economicamente ativa, somando-se aí
parte dos idosos que se mantêm trabalhando, proporcionará ao restante da população mais
fôlego para investimentos.
No Anexo C, os dados também são do IBGE (2010) e referem-se ao crescimento da
população pernambucana entre os anos de 2000 e 2030. Assim como nos dados nacionais,
Pernambuco também apresenta:
o Predominância do sexo feminino entre os idosos. Em 2000, 43,69% da população
idosa era formada por homens e 56,31% por mulheres. Em 2030 estima-se que os
homens serão 42,76% e as mulheres 57,24.
o A população pernambucana deverá crescer 27,71% entre 2000 e 2030. Sairá de 8
milhões de habitantes para 10,1 milhões.
12
13
15
15
15
12
9
5
2
0
11
12
14
15
15
13
10
7
3
1
Entre 0 - 9
Entre 10 - 19
Entre 20 - 29
Entre 30 - 39
Entre 40 - 49
Entre 50 - 59
Entre 60 - 69
Entre 70 - 79
Entre 80 - 89
90 anos ou mais
Homens Mulheres
28
o Já a faixa de idosos crescerá 139,88% saindo de 705 mil habitantes em 2000 para 1,7
milhões em 2030. Os idosos representarão 16,72% da população pernambucana em
2030.
No gráfico 5 abaixo se aponta, além do acentuado crescimento dos idosos, o decréscimo de
22,11% na população entre 0 e 19 anos entre os anos de 2000 e 2030.
Gráfico 5 - Evolução da população pernambucana por faixa etária (em %)
Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000, 2010 e Projeção da População do Brasil e das Unidades da Federação.
Finalmente, o Anexo D mostra os dados do IBGE da cidade do Recife relativo aos censos de
2000 e 2010. Destacam-se os seguintes fatos:
o A presença de idosas é ainda mais significativa em Recife. Elas representavam
62,95% em 2000 e em 2010 eram 63,31% deste grupo populacional. Segundo
CAMARANO; PASINATO (2002) existe a “feminização da velhice”.
o O comportamento de envelhecimento acentuado da população também se verifica em
Recife. A faixa de 0 a 19 anos decresceu 13,57% entre os anos de 2000 e 2010 e os
idosos cresceram 36,09% no mesmo período.
No gráfico 6, a seguir, observa-se que os idosos representavam 9,38% da população recifense
no ano 2000 e em 2010 já tinham uma participação de 11,82%.
42,22
34,9031,04
25,75
48,8854,43 56,59 57,53
8,90 10,6612,37
16,72
0
10
20
30
40
50
60
70
2000 2010 2020 2030
0 a 19 anos 20 a 59 anos acima de 60 anos
Previsão de
crescimento de
139,88% entre
2000 e 2030
Previsão de
decréscimo de
22,11% entre
2000 e 2030
29
Gráfico 6 - Evolução da população recifense por faixa etária (em %)
Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010.
Na tabela 6 a seguir são comparados os dados de participação dos idosos na população total,
entre os anos de 2000 e 2030, no mundo, países desenvolvidos, Brasil, Pernambuco e Recife.
Tabela 6 - Participação dos idosos na população total
Participação dos idosos na população total (em %)
Previsão
2000 2010 2020 2030 ¹
Mundo ¹ 9,96 11,06 13,48 16,44 65,06
Países Desenvolvidos ¹ 19,44 21,84 25,78 29,14 49,90
Brasil ² 8,56 10,79 13,81 18,62 117,52
Pernambuco ² 8,9 10,66 12,37 16,72 87,87
Recife ² 9,38 11,82 N/D N/D -
Fontes:
¹ Os dados do mundo e dos países desenvolvidos são da UNITED NATIONS, World Population Prospects 2017.
São considerados como países desenvolvidos a Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
² Os dados do Brasil, Pernambuco e Recife são do IBGE - Censos Demográficos 2000 e 2010.
³ Variação percentual entre os anos de 2000 e 2030.
Em todas as populações pesquisadas, há uma evolução significativa no número de idosos.
Analisando o Brasil, verifica-se o maior crescimento da população idosa (117,43% entre os
anos de 2000 e 2030) e, segundo a previsão, já em 2020 teremos 13,81% da população nessa
faixa etária, o que praticamente se iguala ao percentual mundial (13,48%). Em Pernambuco
chegaremos em 2030 a um percentual de idosos na população similar ao mundial (16,72% em
Pernambuco e 16,44% no Mundo).
36,39
29,10
54,2359,08
9,3811,82
0
10
20
30
40
50
60
70
2000 2010
0 a 19 anos 20 a 59 anos acima de 60 anos
Crescimento
de 36,09%
Decréscimo
de 13,57%
30
2.3 Características da população idosa pernambucana e recifense
Os dados foram obtidos através da PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios dos
anos de 2007 e 2015. As análises serão separadas entre Pernambuco e Recife para melhor
observação das características dos idosos nas localidades.
2.3.1 Dados de Pernambuco
Em 2007, conforme tabela 7 abaixo, verifica-se que em Pernambuco havia 372mil idosos do
sexo masculino (43,66%) e 480mil idosos do sexo feminino (56,34%) passando em 2015 para
580mil idosos do sexo masculino (41,91%) e 804mil idosos do sexo feminino (58,09%). No
período verifica-se crescimento de 62,44% no número de idosos, sendo que as idosas
aumentaram 67,50% e os idosos 55,91%. A participação dos idosos na população total subiu
de 9,83% em 2007 para 14,79% em 2015.
Tabela 7 - População idosa em Pernambuco, por sexo
POPULAÇÃO IDOSA (em milhares)
Ano 2007 Ano 2015
Homens % Mulheres % Total Homens % Mulheres % Total
Entre 60 – 69 208 24,41 254 29,81 462 306 22,11 437 31,58 743
70 anos ou mais 164 19,25 226 26,53 390 274 19,80 367 26,52 641
Total Idosos 372 43,66 480 56,34 852 580 41,91 804 58,09 1.384
Total População 4.190 - 4.477 - 8.667 4.475 - 4.884 - 9.359
% Idosos na população - 4,29 - 5,54 9,83 - 6,20 - 8,59 14,79
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNADs anos de 2007 e 2015.
Com relação à faixa etária, há uma maior concentração de idosos entre 60 e 70 anos. Em 2015
22,11% dos idosos do sexo masculino estavam nessa faixa etária e 31,58% dos idosos do sexo
feminino enquanto que na faixa etária de 70 anos ou mais eram 19,80% de idosos e 26,52%
de idosas.
Os idosos de Pernambuco são em sua maioria alfabetizados, conforme tabela 8 a seguir. Em
2007, 54,81% dos idosos eram alfabetizados e em 2015 esse percentual subiu para 61,78%.
Nota-se que, em 2015, os idosos, de ambos os sexos, apresentam praticamente o mesmo grau
de instrução (idosos 61,90% e idosas 61,69%).
31
Tabela 8 - Grau de instrução da população idosa em Pernambuco, por sexo
GRAU DE INSTRUÇÃO - IDOSOS ALFABETIZADOS (em milhares)
Ano 2007 Ano 2015
Homens % Mulheres % Total Homens % Mulheres % Total
60 anos ou mais 198 42,40 269 57,60 467 359 41,99 496 58,01 855
Total Idosos 372 - 480 - 852 580 - 804 - 1.384
% Idosos alfabetizados - 53,23 - 56,04 54,81 - 61,90 - 61,69 61,78
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNADs anos de 2007 e 2015.
Com relação ao mercado de trabalho, vide tabela 9 abaixo, em 2007, 29,46% dos idosos se
mantinham economicamente ativos. Destes 63,75% eram do sexo masculino e 36,25% do
sexo feminino. Em 2015 o índice caiu para 22,18% dos idosos no mercado de trabalho, sendo
66,78% do sexo masculino e 33,22% do sexo feminino.
Tabela 9 - Idosos economicamente ativos em Pernambuco, por sexo
IDOSOS ECONOMICAMENTE ATIVOS (em milhares)
Ano 2007 Ano 2015
Homens % Mulheres % Total Homens % Mulheres % Total
60 anos ou mais 160 63,75 91 36,25 251 205 66,78 102 33,22 307
Total Idosos 372 - 480 - 852 580 - 804 - 1.384
% Idosos ativos - 18,78 - 10,68 29,46 - 14,81 - 7,37 22,18
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNADs anos de 2007 e 2015.
Em 2007, havia 565mil idosos como chefes de famílias em Pernambuco e em 2015 eram
879mil, vide na tabela 10 a seguir. Esses idosos moravam com seus cônjuges, filhos, outros
parentes e pessoas sem parentesco. Verifica-se que os lares de idosos cresceram em proporção
bem maior que na população total (crescimento famílias de idosos = 55,58% e crescimento
população total = 19,19%) e que há mais aumento no número de outros parentes (33,59%) que
de filhos (9,8%) o que indica uma tendência de coabitação entre avôs e netos, muito comum
nas famílias de baixa renda de Pernambuco.
Tabela 10 - Composição das famílias de idosos em Pernambuco
COMPOSIÇÃO DAS FAMÍLIAS DE IDOSOS (em milhares)
Pessoa de
referência Cônjuges Filhos
Outros
Parentes Sem
parentesco Total
Anos 2007 2015 2007 2015 2007 2015 2007 2015 2007 2015 2007 2015
60 anos ou mais 565 879 271 420 510 560 256 342 16 16 1.618 2.217
Total 2.591 3.109 1.654 1.959 3.706 3.415 661 817 34 41 8.646 9.341
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNADs anos de 2007 e 2015.
32
2.3.2 Dados do Recife
Na tabela 11 apresenta-se a população idosa da cidade do Recife em 2007 e 2015, segundo
dados das respectivas PNADs. A participação dos idosos na população total era de 9,84% em
2007 e cresceu para 15,87% em 2015 (aumento de 61,28%). Destes 15,87% eram idosos do
sexo masculino 5,99% e do sexo feminino 9,88%.
Com relação à faixa etária, assim como nos dados de Pernambuco, há uma maior
concentração de idosos entre 60 e 70 anos. Em 2015, 22,39% dos idosos do sexo masculino
estavam nessa faixa etária e 35,44% dos idosos do sexo feminino enquanto que na faixa etária
de 70 anos ou mais eram 15,35% de idosos e 26,82% de idosas.
Tabela 11 - População idosa do Recife, por sexo
POPULAÇÃO IDOSA (em milhares)
Ano 2007 Ano 2015
Homens % Mulheres % Total Homens % Mulheres % Total
Entre 60 - 69 80 21,98 121 33,24 201 139 22,39 221 35,44 360
70 anos ou mais 60 16,48 103 28,30 163 96 15,35 167 26,82 262
Total Idosos 140 38,46 224 61,54 364 235 37,74 387 62,26 622
Total População 1.729 - 1.970 - 3.699 1.805 - 2.115 - 3.920
% Idosos na população - 3,78 - 6,06 9,84 - 5,99 - 9,88 15,87
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNADs anos de 2007 e 2015.
.
Na tabela 12 a seguir, verifica-se que em Recife 75,82% dos idosos eram alfabetizados em
2007 e o índice cresceu para 78,62% em 2015. Nas 2 PNADs consultadas os idosos do sexo
masculino apresentaram maior nível de escolaridade, sendo em 2015 a maior diferença entre
os sexos (81,70% dos idosos e 76,74% nas idosas).
Tabela 12 - Grau de instrução da população idosa do Recife, por sexo
GRAU DE INSTRUÇÃO - IDOSOS ALFABETIZADOS (em milhares)
Ano 2007 Ano 2015
Homens % Mulheres % Total Homens % Mulheres % Total
60 anos ou mais 110 39,86 166 60,14 276 192 39,26 297 60,74 489
Total Idosos 140 - 224 - 364 235 - 387 - 622
% Idosos alfabetizados - 78,57 - 74,11 75,82 - 81,70 - 76,74 78,62
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNADs anos de 2007 e 2015.
33
A tabela 13 abaixo se aponta a participação dos idosos no mercado de trabalho do Recife. Em
2015, 21,06% se mantinham economicamente ativos (em 2007 eram 20,05%), sendo 60,31%
do sexo masculino e 39,69% do sexo feminino.
Tabela 13 - Idosos economicamente ativos do Recife, por sexo
IDOSOS ECONOMICAMENTE ATIVOS (em milhares)
Ano 2007 Ano 2015
Homens % Mulheres % Total Homens % Mulheres % Total
60 anos ou mais 45 61,64 28 38,36 73 79 60,31 52 39,69 131
Total Idosos 140 - 224 - 364 235 - 387 - 622
% Idosos ativos - 32,14 - 12,50 20,05 - 12,70 - 8,36 21,06
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNADs anos de 2007 e 2015.
A composição das famílias de idosos em Recife está apontada na tabela 14, a seguir. Em
2007, havia 242mil idosos como chefes de famílias em Recife e em 2015 eram 393mil
(aumento de 62,40% nas famílias de idosos e 14,37% nas demais famílias). As famílias de
idosos com filhos cresceram 21,90% neste período já as com cônjuges cresceram 74,75% e as
com outros parentes aumentaram 38,84%. Como não há informação sobre domicílios
unipessoais de idosos nas PNADs analisadas, essa informação só é disponibilizada nos
Censos, só podemos presumir que houve aumento dos idosos que moravam sozinhos ou só
com os cônjuges no período analisado.
Tabela 14 - Composição das famílias de idosos do Recife
COMPOSIÇÃO DAS FAMÍLIAS DE IDOSOS (em milhares)
Pessoa de
referência Cônjuges Filhos
Outros
Parentes Sem
parentesco Total
Anos 2007 2015 2007 2015 2007 2015 2007 2015 2007 2015 2007 2015
60 anos ou mais 242 393 99 173 210 256 121 168 5 10 677 1.000
Total 1.176 1.345 697 792 1.473 1.369 328 382 14 23 3.688 3.911
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNADs anos de 2007 e 2015.
2.4 Arranjos familiares com idosos
A renda é fator preponderante na decisão de morar só. Segundo KRAMAROW (1995) apud
CAMARGOS; et al (2000): “as transformações culturais, o aumento da renda e a queda da
fecundidade são os responsáveis pelo crescimento do número de idosos morando sozinhos nos
Estados Unidos, de 1910 a 1990.” Também WILMOTH (1998) apud RAMOS (2013)
considerava que: “a renda, a saúde, a raça e a estrutura da família são determinantes nos
34
arranjos familiares dos idosos. Nos EUA, os tipos de arranjos familiares mais comuns entre os
idosos são: morar sozinho ou apenas com o cônjuge.” A UNITED NATIONS (2005) registra
que em 2005, 43% dos idosos nos países desenvolvidos moravam com os cônjuges e 25%
moravam sozinhos, conforme gráfico 7 abaixo.
Gráfico 7 - Composição arranjos familiares de idosos nos países desenvolvidos¹
Ano 2005 (em %)
Fonte: UNITED NATIONS, Development in an Ageing World 2005.
¹ São considerados como países desenvolvidos a Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
Esse resultado é atestado por CAMARGOS; et al (2007) que diz que: “entre os idosos com
elevados níveis de renda e educação, as chances de viverem sozinhos são maiores (pg 47)”.
Também PAULO et al (2013) acredita que a renda familiar é fator significativamente
associado para o idoso residir sozinho.
Em países onde há elevada renda per capita há também maior índice de desenvolvimento
humano (IDH) e consequentemente os cidadãos apresentam um envelhecimento com maior
qualidade de vida e autonomia. Segundo a organização Global AgeWatch, em 2017, a
Noruega foi eleito como o melhor país para se viver na terceira idade, seguido da Suíça. No
Anexo E têm-se indicadores de renda onde a Noruega aparece em 1º lugar com o maior IDH
mundial (0,949) e em 2º lugar em renda per capita (US$ 89.818,32 por ano).
Na América Latina e Caribe, por sua vez, a predominância é dos idosos que moram com
filhos e netos (62% dos arranjos familiares), tendo apenas 16% dos idosos morando só com o
cônjuge e 7% morando sozinho (UNITED NATIONS, 2005). Esse alto índice de coresidência
25
43
27
5
Morando Sozinho Só com o conjuge
Com Filhos e Netos Com outras pessoas
35
se explica, segundo CAMARGOS; et al (2007) pelo fato dos idosos nos estratos mais pobres
contribuírem com sua renda para o sustento da família.
No gráfico 8 abaixo se verifica a composição dos arranjos familiares de idosos na América
latina e Caribe, no ano de 2005.
Gráfico 8 - Composição arranjos familiares de idosos na América Latina e Caribe
Ano 2005 (em %)
Fonte: UNITED NATIONS, Development in an Ageing World 2005.
De acordo com FRANCO; WAJNMAN (2010) a maior participação dos idosos na população
total brasileira e a sua inserção cada vez maior em programas de transferências de renda
geram consequências tais como o aumento percentual e absoluto no número de domicílios
caracterizados pela presença de pelo menos um idoso, e a redução da pobreza e da extrema
pobreza não só dos beneficiários diretos desses programas, mas também daqueles que com os
idosos coabitam e compartilham de sua renda.
2.5 Domicílios unipessoais
Segundo CAMARGOS; RODRIGUES (2008), diante da tendência recente de redução do
número de filhos, aumento do número de divórcios, mudança de estilo de vida, melhora nas
condições de saúde da população idosa e aumento da longevidade, com destaque à maior
sobrevivência feminina, é de se esperar que, ao longo dos anos, haja um crescimento do
número de idosos vivendo sozinhos.
É relevante destacar que o crescimento dos domicílios unipessoais de idosos também é fruto
da maior inserção da mulher no mercado de trabalho (vide gráfico 9 a seguir), visto que foi
716
62
14
Morando Sozinho Só com o conjuge
Com Filhos e Netos Com outras pessoas
36
reduzida a tradicional rede de suporte do idoso, que usualmente tinha na mulher a função de
cuidadora da família (CAMARGOS; et al, 2011).
Gráfico 9 - Participação das mulheres na População Economicamente Ativa - PEA¹
(em %)
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1950 à 2010
¹ População Economicamente Ativa - PEA é composta pelas pessoas de 10 a 65 anos de idade que foram
classificadas como ocupadas ou desocupadas na semana de referência da pesquisa do IBGE.
No Brasil, e também em Pernambuco, é observado o crescimento dos domicílios unipessoais
de idosos. No gráfico 10 a seguir, vê-se a evolução percentual dos domicílios unipessoais de
idosos no Brasil e em Pernambuco entre os anos de 1970 e 2010.
Gráfico 10 - Evolução dos domicílios unipessoais de idosos (em %)
Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1970, 1991, 2000, 2010.
13,60
16,50
18,50
26,60
32,90 44,10
49,90
-
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
14,6815,40
17,90
21,45
13,44 14,8015,80
18,93
0
5
10
15
20
25
1970 1991 2000 2010
Brasil Pernambuco
37
Em 1970, 14,68% dos idosos brasileiros e 13,44% dos idosos pernambucanos moravam
sozinhos. Esse percentual cresceu em 2010 para 21,45% no caso do Brasil (aumento de
46,12% entre 1970 e 2010) e 18,93% no caso de Pernambuco (aumento de 40,85% no mesmo
período).
Segundo a PNAD 2009, dos idosos que moravam sozinhos 66,76% eram mulheres e 33,24%
eram homens, conforme tabela 15 abaixo.
Tabela 15 - Evolução dos domicílios unipessoais de idosos brasileiros, por sexo
BRASIL 2001 2009 ¹
Homens % Mulheres % Homens % Mulheres %
Por sexo
610.670
32,67
1.258.520
67,33
983.437
33,24
1.975.364
66,76
Total
1.869.190
2.958.801
Fonte: IBGE, PNADs 2001 e 2009.
¹ No Censo 2010 foi registrado 2.695.112 domicílios unipessoais de idosos - número inferior ao
apresentado na PNAD 2009.
No mundo, segundo a UNITED NATIONS (2005) viviam sozinhos, no ano de 2005, 8% dos
homens idosos e 19% das mulheres idosas, conforme gráfico 11 a seguir.
Gráfico 11 - Proporção da população idosa morando sozinha
Ano 2005 (em %)
Fonte: UNITED NATIONS, Development in an Ageing World 2005.
As motivações para esse crescente arranjo domiciliar de idosos que moram sem companhia
são variadas e sinalizadas em diferentes estudos como consequência de rupturas como
8
36
8
1416
19
9 10 9
3437
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Mundo Asia Africa América
Latina e
Caribe
América do
Norte
Europa
Homens
Mulheres
38
separação ou divórcio, viuvez, saída ou morte de filho, celibato; ou, simplesmente, a uma
forma inovadora e bem sucedida de envelhecimento, evidenciando que nem toda pessoa idosa
necessita, ou quer, viver com sua família (CAMARANO, 2002).
Segundo CAMPOS (1998) apud CAMARGOS; et al (2011):
Ao se focalizar a população de 15 anos e mais, algumas hipóteses para explicar a
tendência à formação de domicílios unipessoais podem ser mencionadas, entre as
quais se destacam: aumento da renda real do indivíduo, permitindo arcar com os
custos envolvidos na decisão de morar sozinho; inexistência de uma rede de
parentesco, dificultando a divisão do domicílio com parentes; mudança nos gostos e
preferência por privacidade; redução da privacidade em domicílios mais populosos;
diminuição dos serviços domiciliares, com queda na qualidade e na quantidade das
atividades domésticas; e redução da dependência do indivíduo em relação aos outros
para auferir economias de escala no consumo de determinados bens e para obter
companhia e entretenimento, devido à modernização tecnológica e ao avanço da
urbanização (pg 218).
Já SANTOS; CÂNDIDO (2017) acreditam que os idosos que moram sozinhos tem diferentes
motivações para fazê-lo. De acordo com os autores, elas seriam de ordem:
i) Pessoal - Escolha de viver só, busca de individualidade, busca de autonomia,
oportunidade de recomeço e celibato;
ii) Familiar - Viuvez, separação, abandono ou descaso e morte de pessoas com quem
vivia;
iii) Econômicas - Poder aquisitivo suficiente.
De acordo com ALENCAR; SILVA (2013) há uma lacuna de informações sobre o tema:
“Apesar do sistemático crescimento de idosos morando sós no Brasil, são raros os estudos
sobre as múltiplas situações em que esse morar ocorre, quem são (se solteiros, divorciados,
viúvos, com ou sem filhos), como vivem e as circunstâncias que os levaram à decisão de viver
desacompanhados (pg 109)”.
A literatura considera várias razões e motivações para um indivíduo morar só quando idoso,
porém entendeu-se que as mais relevantes são as descritas a seguir na figura 1:
39
Figura 1- Motivação para a formação de domicílios unipessoais de idosos
Fonte: Elaboração própria adaptado de CAMARGOS; et al (2011).
Essas mesmas motivações para que os idosos morem sozinhos na terceira idade, foram
validadas por PAULA (2012) em estudo qualitativo no município de Toledo, Paraná, no ano
de 2012. Foram entrevistados 11 idosos que moravam sozinhos e a saída dos filhos de casa foi
apontada como a principal razão para que o idoso morasse sozinho, seguido pela morte ou
separação do cônjuge.
2.6 Opções de moradia para idosos de alta renda em Recife
De acordo com AFFELDT (2013), a família não é mais o único lócus que pode oferecer
amparo e proteção aos idosos na vida contemporânea. Há diversas soluções de moradia na
terceira idade.
2.6.1 Asilos - Instituições de longa permanência
Para alguns idosos, a ideia de morar só gera ansiedade e depressão e por isto muitos optam
por viver em asilos ou instituições de longa permanência. Para eles, o asilo é o lugar de
companhia e da velhice assistida, sem dar trabalho aos filhos.
Na região metropolitana de Recife há asilos como a Pousada Geriátrica João de Deus
(https://pgjd.com.br/) em Aldeia, em funcionamento desde 1980, atendendo cerca de 40
idosos. O conceito na época era que o idoso gostava de silêncio e distanciamento e por isto as
instituições de longa permanência se localizavam em lugares verdes e espaçosos e distantes
das grandes cidades.
40
Hoje as novas instituições de longa permanência estão sendo inauguradas em bairros como
Boa Viagem, perto dos shoppings centers, dos hospitais e da vida da família do idoso. O
Conviver Geriátrico (http://convivergeriatrico.com.br/), por exemplo, foi inaugurado em 1996
e só atende o sexo feminino (são 49 idosas) e está localizado ao lado do supermercado
Carrefour da Domingos Ferreira e pertinho da praia e de diversas opções de lazer. Também
em Boa Viagem foi inaugurado em 2015 o Lar D´Avis (http://llardavis.com.br/) que já oferece
programa de Day Use para os idosos que querem fazer atividades ao longo do dia e retornar
para os seus lares à noite.
2.6.2 Residenciais de alto luxo
Muitos idosos, porém, não se adaptam em asilos, pois consideram como local de exclusão,
onde vivem pessoas dependentes, doentes e abandonadas pelos parentes. Há a ideia de que
eles não terão autonomia e passarão a ter tempo de acordar, tempo de comer, tempo de
dormir. Enfim, viverão o ritmo de atividades diárias imposta pela instituição.
Surgiram então os residenciais de alto luxo para a terceira idade. A grande diferença para um asilo
é que nos residenciais os idosos escolhem a sua rotina diária em meio a uma ampla
programação, que inclui desde terapia ocupacional, sessões de cinema, jogos de videogame e
exercícios físicos diversos. Eles só interagem com os demais idosos se quiserem, pois o
conceito é de flat/hotel com todas as refeições inclusas e os serviços de dia a dia. São
empreendimentos super bem localizados, com toda segurança e atenção médica. Há inúmeras
opções de residenciais de alto luxo em São Paulo e os preços variam de R$ 5.000,00 à R$
15.600,00 por mês.
O Cora Residencial Sênior (http://coraresidencial.com.br/), que pertence à Brasil Senior
Living (BSL) do fundo Pátria Investimentos, se instalou em 2015 com edifícios que têm
capacidade para atender até 200 moradores e mensalidades que começam em R$ 5.000,00
mensais. Está no bairro de Ipiranga e em mais 6 bairros da capital paulista.
O Residencial Santa Catarina (http://residencialsantacatarina.com.br/residencial.html)
funciona desde o ano 2000, custa a partir de R$ 13.000,00 mensais e fica localizado a uma
quadra da Av. Paulista, 10 minutos a pé de lojas, museus e hospitais importantes da cidade de
São Paulo.
41
Esse conceito não existe em Recife e entende-se que há público com renda adequada para esse
padrão. Em Fortaleza, já existem alguns hotéis que estão adaptando parte de suas instalações
para atender a idosos, por já entender a oportunidade financeira de negócios.
2.6.3 Moradia Compartilhada - Cohousing
Por entender que o ambiente comunitário melhora a qualidade de vida das pessoas, foi
concebido na Dinamarca na década de 70 a moradia compartilhada ou cohousing que é um
conceito de morar em grupo. A ideia é ter um conjunto de casas no mesmo entorno, com áreas
comuns que aproximam os moradores, conforme figura 2 abaixo. A terceira idade (senior
cohousing) significa um recomeço para indivíduos ativos, com a possibilidade de continuar
morando em sua própria casa com a vantagem de criar laços afetivos com os vizinhos, por
conta da proximidade. O cohousing ainda reduz os custos para os idosos, pois eles podem
dividir os serviços de manutenção de suas casas (jardineiro, empregada doméstica) e também
os serviços pessoais (motorista, fisioterapeuta).
Figura 2 - Cohousing no Estado de Nevada (EUA)
Foto: McCamant & Durrett Architects/Divulgação
Fonte: Jornal Estado de São Paulo. Publicado em 05/11/ 2017.
São várias comunidades já constituídas na Europa, EUA e Canadá e organizadas por
associações como pode ser visto no link: http://www.cohousing.org/aging. Em Cuenca, na
42
Espanha, por exemplo, existe a República da terceira idade com 87 idosos, em uma área de 7
mil m², para aqueles que querem passar a última fase de suas vidas rodeados por amigos.3
Essa é outra vantagem do compartilhamento: os agrupamentos geralmente são constituídos
por grupos de interesse. Um bom exemplo está no site portal do envelhecimento4 que mostra
que no norte de Londres formou-se o grupo OWCH - Older Womens Cohousing (Moradia
Compartilhada de Velhas Senhoras) e elas estão morando juntas desde dezembro de 2016. As
idosas começaram a conceber o projeto em 1998 e chegaram ao consenso que os seguintes
objetivos e valores regeriam a convivência:
Aceitação e respeito pela diversidade
Cuidado e suporte um para o outro
Fornecer equilíbrio entre privacidade e comunidade
Combater estereótipos antigos
Cooperação e partilha de responsabilidades
Manter uma estrutura sem hierarquia
Cuidar do meio ambiente
Fazer parte da comunidade em geral
No Brasil, também já existe um grupo de sênior cohousing chamado Vila ConViver5 que
nasceu da união dos professores aposentados da Unicamp, no interior de São Paulo. Porém
em Recife não há nenhuma iniciativa nesse sentido.
2.6.4 Empreendimentos adaptados
Por fim, há também os empreendimentos imobiliários adaptados para a terceira idade. Em São
Paulo, há cerca de 10 anos, a construtora Tecnisa (https://www.tecnisa.com.br/sp/sao-paulo/)
iniciou alterações em seus projetos arquitetônicos focando o bem estar dos idosos. Após
consultas a equipe de gerontólogos, eles decidiram levantar a altura das tomadas, mudar o tipo
de piso e colocar cores diferentes entre parede, chão e portas. Tudo isto para que seus clientes
da terceira idade tivessem mais segurança em seus lares. A empresa pretende lançar no
primeiro semestre de 2018 um empreendimento pensado exclusivamente para idosos. Em
3 (http://observador.pt/2016/11/02/idosos-trocam-lares-para-viver-em-residencias-com-os-amigos/). 4 (http://www.portaldoenvelhecimento.com.br/moradia-compartilhada-de-velhas-senhoras/) 5 http://longevidadeadunicamp.org.br/?p=2080
43
Recife as construtoras só fazem as adaptações exigidas na lei da acessibilidade das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Não existe nenhum empreendimento
voltado aos idosos, com serviços específicos e adequações necessárias a esse publico.
2.7 Sugestão de outros negócios relacionados a idosos
Além dos negócios no ramo imobiliário, entende-se que atender usuários na terceira idade traz
inúmeras oportunidades de empreender. Algumas sugestões de negócios que se identificou ao
longo desse estudo foram:
o Criação de cartões de benefícios e desconto para idosos - Nos EUA existem vários
exemplos desse negócio, como: www.aarp.org; www.seniordiscounts.com e
www.nationalseniors.com. São como clubes de idosos que pagam anuidade (em torno
de US$ 12,95 por ano) para serem associados e recebem informações e descontos em
diversos estabelecimentos comerciais. Eles têm cadastrado mais de 150mil parceiros e
o negócio é regionalizado.
o Franquia de cuidadores - Em São Paulo já existe a Right at Home assistência pessoal e
cuidados em domicilio que é uma empresa que terceiriza os cuidadores para o idoso. O
cliente só precisa pagar o serviço no final do mês sem a preocupação de contratação e
gerenciamento da mão de obra. Aqui em Recife existe algo similar que é a Maria
Brasileira, empresa de terceirização de domésticas e também de cuidadores, mas sem a
especialização da franquia americana.
o Empresa de pesquisa e planejamento voltada para o público maduro - Em São Paulo
existe a GAGARIN que atua somente neste público que têm sido deixadas à margem
das estratégias das empresas.
o Táxis adaptados para portadores de necessidades especiais - Com ou sem
acompanhante, não só para ir a médicos mais para passear e fazer turismo nas cidades.
o Academias de ginástica só para esse público - Em São Paulo já existe a B-Active
(http://www.bactive.com.br/home.html) com 80% acima dos alunos com mais de 60
anos. Os professores são fisioterapeutas e há serviços de massagens e acupuntura.
o Empresas de engenharia/reformas especializada em acessibilidade e adaptações - Os
idosos que moram precisam adaptar suas casas com portas e corredores largos, que
permitam o giro de uma cadeira de rodas, banheiros maiores e com barras de apoio,
rampas no lugar de degraus, pisos antiderrapantes, entre outras coisas.
o Empresas de design de móveis/acessórios/marceneiros - Criar camas mais baixas que
44
permitam o idoso encostar os pés no chão. Também cadeiras e vasos sanitários mais
baixos e as pontas dos móveis arredondadas. Tapetes antiderrapantes e sinalização
para o trajeto entre quarto e banheiro à noite.
o Agências de turismo religioso e turismo em geral com guias idosos.
o Organização de festas, jantares e reuniões de amigos.
o Entre inúmeros outros.
45
3 METODOLOGIA
Busca-se, nesse estudo, identificar as razões que levam os idosos recifenses, de alta renda, a
morarem sozinhos. Pretende-se entender por que eles optam por domicílios unipessoais, quais
as características socioeconômicas desse grupo de idosos e também quais são os seus hábitos
de consumo. Para tal, faz-se, além de levantamento primário através de questionário, análises
de dados secundários provenientes dos Censos e PNADs do IBGE e da UNITED NATIONS.
3.1 Tipo de pesquisa
Pesquisa realizada com levantamento de dados (survey), quantitativa e com amostra
estatisticamente significante.
3.2 População e amostra
Segundo o Censo do IBGE, no ano de 2010, na cidade do Recife havia 181.724 idosos.
Buscando alcançar margem de erro de 5 pontos percentuais e considerando um intervalo de
confiança de 95% (vide tabela 16 a seguir), entrevistou-se 402 idosos. Foram abordadas 643
pessoas, sendo que 241 foram descartadas ou porque não tiveram interesse em participar da
pesquisa ou por não se enquadrarem no perfil atribuído no questionário. O enquadramento do
perfil desejado se dava logo no 1º filtro que identifica se o respondente era de fato idoso
(pergunta 1: idade). Depois no 2º filtro se determinava a existência de coresidência ou não
(pergunta 2: quantas pessoas vivem na casa).
Tabela 16 - Margem de erro e nível de confiança em amostragem
População Margem de erro Nível de confiança
10% 5% 1% 90% 95% 99%
100 50 80 99 74 80 88
500 81 218 476 176 218 286
1.000 88 278 906 215 278 400
10.000 96 370 4.900 264 370 623
100.000 96 383 8.763 270 383 660
1.000.000 + 97 384 9.513 271 384 664
Fonte: SurveyMonkey (2017)
3.3 Definição da classe social pesquisada
Dado que o foco da pesquisa são os idosos de alta renda da cidade do Recife, torna-se
46
importante definir o critério de classe social que será utilizado no estudo. No Brasil, há vários
critérios que podem definir a classe social, sendo os mais utilizados o da ABEP - Associação
Brasileira das Empresas de Pesquisa e o do IBGE.
A ABEP aplica o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) que usa características
domiciliares, como a presença e quantidade de itens que geram conforto e também o grau de
escolaridade do chefe de família para diferenciar a população. O critério atribui pontos e gera
uma classificação econômica nos estratos A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E (ABEP, 2017),
conforme tabela 17 abaixo.
Tabela 17 - Cortes do Critério Brasil
Classes Pontos
A 45 - 100
B1 38 - 44
B2 29 -37
C1 23 -28
C2 17 - 22
D-E 0 -16
Fonte: http://www.abep.org/criterio-brasil
Por sua vez, o IBGE tem como base para distinguir as classes sociais, apenas o salário atual
da pessoa e assim ignora eventuais conquistas de patrimônio alcançado ao longo da vida. A
tabela 18 a seguir, retrata as classes sociais segundo classificação do IBGE.
Tabela 18 - Classes Sociais, segundo o IBGE
Classes Nº Salários
Mínimos Renda Familiar em 2017
A Acima de 20 R$ 18.740,01 ou mais
B de 10 a 20 R$ 9.370,01 a R$ 18.740,00
C de 4 a 10 R$ 3.748,01 a R$ 9.370,00
D de 2 a 4 R$ 1.874,01 a R$ 3.748,00
E Até 2 Até R$ 1.874,00
Fonte: IBGE, 2010.
Segundo a PNAD Contínua (IBGE, 2017) a renda média mensal de um trabalhador na Região
Metropolitana de Recife foi de R$ 2.128,00 no trimestre abril-mai-jun de 2017. Sendo assim
entendeu-se que recebimentos dos idosos acima do valor de R$ 4.685,00 (mais de 5 salários
mínimos) seria considerado como padrão de alta renda, já que o valor é 120% maior que o
47
salário médio da população ativa.
Na tabela 19 a seguir, verifica-se o rendimento médio mensal de trabalhadores de Recife no
ano de 2016 e 1º e 2º trimestre de 2017.
Tabela 19 - Rendimento médio mensal de trabalhadores em Recife/PE
Ano
Trimestre de
coleta e de
referência
Estimativa real
(em R$)
Média anual real
(em R$)
2016
jan-fev-mar 2.155 -
abr-mai-jun 2.029 -
jul-ago-set 2.079 -
out-nov-dez 2.041 2.076
2017 jan-fev-mar 2.120 -
abr-mai-jun 2.128 2.124
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, PNAD 2017.
Optou-se por classificar o idoso de alta renda na cidade do Recife, como aquele que tem
rendimento individual acima de 5 salários mínimos. Isto por que não é possível utilizar o
critério Brasil da ABEP e por entender que a segmentação de renda do IBGE não se aplica no
perfil de idosos da cidade do Recife, dado que a renda média de um trabalhador na Região
Metropolitana de Recife foi de R$ 2.128,00 no trimestre abril-mai-jun de 2017.
3.4 Lócus da pesquisa
Buscando, então, enquadrar esse público de alta renda, as entrevistas aconteceram em 2
bairros de elite da cidade do Recife: Jaqueira (zona norte) e Boa Viagem (zona sul). Na
Jaqueira, a equipe de entrevistadores ficou dentro da Praça da Jaqueira e em Boa Viagem eles
transitaram entre o calçadão da Avenida Boa Viagem e o supermercado Extra da Avenida
Conselheiro Aguiar (na altura do nº 4483). A seleção dos locais também levou em
consideração a probabilidade de encontrar idosos ativos e saudáveis e, por isto, com
condições físicas e psicológicas de morar sozinho.
3.5 Instrumento de coleta dos dados
O questionário utilizado está disponível no Apêndice A. Ele foi concebido com 25 perguntas
que estão divididas em 4 grupos de questões:
48
i) Perguntas para identificação do perfil – Inicialmente, havia 2 perguntas para
confirmar se o entrevistado estava no perfil de idade (apenas acima de 60 anos) e
na condição de morar só ou morar só com o cônjuge.
ii) Caracterização da forma de moradia - Foram elaboradas 10 perguntas dentro do
objetivo de conhecer os idosos que moram sós e quais as características das
pessoas que o fazem.
Optou-se por iniciar as entrevistas com perguntas relacionados a forma de moradia para
que o idoso criasse confiança no entrevistador antes de responder a questões de cunho
financeiro.
iii) Perfil socioeconômico - Foram 8 perguntas que visavam conhecer a faixa de renda
desse idoso e se ele teria condições financeiras para possuir um empreendimento
voltado à terceira idade.
iv) Condições de saúde, hábitos e preferências - Para finalizar, foram feitas 5 questões
objetivando, principalmente, conhecer a saúde do idoso entrevistado. Segundo
PAULO et al (2013): “A saúde do idoso e a sua idade têm grande importância na
determinação da composição domiciliar do idoso (pg S40).”
3.6 Coleta de dados
A aplicação do questionário ficou a cargo da empresa Método Pesquisa e Consultoria e a
coleta de dados ocorreu entre os dias 17 e 20 de abril de 2017.
Foram utilizados 10 pesquisadores, sendo 8 aplicadores e 2 supervisores de campo divididos
entre as zonas norte e sul (4 aplicadores e 1 supervisor de campo em cada ponto). Eles
trabalharam na parte da manhã e no final da tarde. Chegavam às 6h30 e, finalizavam às 9h e
retornavam às 17h, encerrando às 19h.
3.7 Processamento dos dados
Após a coleta, os dados foram digitados e processados no IBM SPSS Statistics onde foram
49
gerados todas as tabelas e cruzamentos necessários para a análise dos resultados da pesquisa.
3.8 Técnica de análise dos dados
Será realizada análise estatística descritiva que permitirá conhecer as características da
distribuição dos dados. Tanto os dados do questionário aplicado (levantamento primário)
como os coletados no IBGE e na UNITED NATIONS (dados secundários) serão apresentados
em tabelas e gráficos que proporcionarão uma melhor observação dos resultados. Os dados
serão relacionados com a literatura existente visando a conferir confiabilidade. Serão
utilizadas medidas de tendência central na análise dos dados.
3.9 Limites e limitações
A amostra representa apenas idosos de alta renda. Em função da escolha do nível de renda,
esses idosos pesquisados não refletem o universo de idosos da cidade do Recife. Também
ressaltamos que, em função do lócus definido (locais de caminhada/prática de exercícios), só
foram entrevistados idosos com bom nível de saúde e autonomia. Desta forma entende-se que
idosos de alta renda que moram sozinhos, porém não gozam de boa saúde não foram captados
nessa pesquisa.
50
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Esse capítulo busca analisar as razões que levam o idoso recifense de alta renda a morar
sozinho. O objetivo é compreender oportunidades de negócios, principalmente os
imobiliários, voltados para esse público. Por essa razão o questionário foi aplicado em 2
bairros nobres da cidade do Recife. Como é possível observar alguns resultados aferidos são
bem diferentes dos dados disponibilizados pelo IBGE como consequência do lócus da
pesquisa e público entrevistado. A análise dos resultados foi dividida em 3 tópicos, de acordo
com os objetivos específicos, visando dar mais clareza e direcionamento nas informações
obtidas.
4.1 Características socioeconômicas dos idosos de alta renda que moram sozinhos em Recife
Conforme apontado no gráfico 12, abaixo, dos 402 respondentes, 67,91% (273 idosos) tinham
entre 60 e 70 anos e 28,36% mais de 70 e até 80 anos. Na chamada 4ª idade (acima de 80
anos) apenas 3,73% dos respondentes. A média da idade dos entrevistados foi de 69 anos,
mediana de 68 anos e moda de 70 anos.
Gráfico 12 - Faixa etária dos entrevistados
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Como não há dados atualizados em 2017 da população de Recife, os resultados obtidos na
aplicação do questionário foram comparados com os da PNAD 2015 (tabela 11) apenas para
efeito ilustrativo. Na PNAD 2015, em Recife, havia 57,83% de idosos entre 60 e 69 anos e
42,17% acima de 70 anos.
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
60 a 70 anos mais de 70 a 80 anos Mais de 80 anos
67,91%
28,36%
3,73%
51
Com relação ao gênero, obteve-se uma amostra bem homogênea com 50,50% dos idosos do
sexo masculino e os 49,50% restantes do sexo feminino, conforme gráfico 13 abaixo.
Gráfico 13 - Gênero dos entrevistados
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Deve-se notar que a amostra não reflete a realidade dos idosos na cidade do Recife, pois no
Censo 2010 (vide ANEXO D) havia 36,69% de idosos do sexo masculino e 63,31% de idosos
do sexo feminino. Também na PNAD 2015 (tabela 11) constata-se a “feminização” da velhice
em Recife com 37,74% dos idosos do sexo masculino e 62,26% dos idosos do sexo feminino.
Segundo o IBGE (2010), os homens, em quase todos os grupos de idade, apresentam maior
número de mortes que as mulheres devido a causas externas como homicídios e acidentes de
trânsito e por essa razão há uma maioria feminina entre os idosos. No caso dessa amostra,
atribuem-se os resultados encontrados ao lócus da pesquisa. Correlacionando-se os dados de
idade e sexo dos entrevistados, obteve-se que há uma maioria feminina apenas nas faixas
etárias de mais de 65 a 70 anos e nas idosas com mais de 80 anos, conforme tabela 20 abaixo.
Tabela 20 - Relação entre idade e gênero dos entrevistados
Idade X gênero dos entrevistados (em %)
Faixa etária Gênero
Entrevistados Feminino Masculino
60 a 65 anos 140 48,57 51,43
mais de 65 a 70 anos 133 51,88 48,12
mais de 70 a 75 anos 65 49,23 50,77
mais de 75 a 80 anos 49 42,86 57,14
Mais de 80 anos 15 60,00 40,00
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Feminino
49,50%
Masculino
50,50%
52
Para a pergunta sobre o estado civil, obtivemos 70,65% dos respondentes como casados ou
vivendo união estável, 14,93% entre solteiros e divorciados/separados e 14,43% como viúvos,
conforme tabela 21 abaixo. Nos respondentes viúvos, 6,40% eram do sexo masculino e
22,61% do sexo feminino.
Tabela 21 - Estado civil dos respondentes, por gênero
Estado Civil Total
Gênero
Masculino Feminino
Solteiro(a) 4,98% 4,93% 5,03%
Casado(a)/União estável 70,65% 77,83% 63,32%
Divorciado(a)/Separado(a) 9,95% 10,84% 9,05%
Viúvo(a) 14,43% 6,40% 22,61%
Total 402 203 199
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Novamente, os dados e a literatura disponível entram em choque com os resultados obtidos
em função do perfil e lócus dos entrevistados. Não há dados atualizados do IBGE disponíveis
para o Recife com relação a estado civil, porém, segundo CAMARANO (2002) 45,00% das
mulheres idosas brasileiras, no ano de 1995, eram viúvas.
Segundo a PNAD 2015 (tabela 12), 78,62% dos idosos recifenses eram alfabetizados e
21,38% eram analfabetos naquele ano. Já os entrevistados eram 100,00% alfabetizados e os
com curso superior representavam 51,49% da amostra, conforme gráfico 14 abaixo.
Gráfico 14 - Grau de instrução
Fonte: Elaboração própria, 2017.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Curso
superior
Ensino
Médio
Pós grad/
Mestrado/
Doutorado
Ensino
Fundamental
Curso
técnico
51,49%
23,38%
14,93%
5,22% 4,98%
53
De acordo com CAMARGOS; et al (2011), quanto mais elevado o nível de escolaridade,
maior a quantidade de idosos em domicílios com menor número de pessoas, ou com poucas
crianças e filhos adultos, e maior a probabilidade de o idoso morar sozinho. Essa relação entre
alta escolaridade e morar sozinho se reflete na pesquisa realizada.
No que tange a renda dos respondentes, foi apontado que 86,56% da amostra tinha renda acima de
R$ 4.685,00 ou 5 salários mínimos, sendo eles considerados de alta renda para fins deste
estudo, conforme demonstrado na tabela 22 abaixo. A média da renda foi de R$ 6.266,68 e a
mediana de R$ 5.673,24.
Tabela 22 - Faixa de renda
Faixa de Renda % Entrevistados
Menos de 5 SM (Menos de R$ 4.685,00) 13,43% 54
Mais de 5 SM a 8 SM (Menos de R$ 4.686,00 a R$ 7.496) 39,30% 158
Mais de 8 SM a 11 SM (Menos de R$ 7.497,00 a R$ 10.307) 31,59% 127
Mais de 11 SM (Mais de R$ 10.307) 15,67% 63
Total 100,0% 402
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Como já explicado no capítulo da Metodologia, consideraremos valores de renda acima de 5
salários mínimos como padrão de alta renda para a cidade do Recife. Essa classificação é
baseada na renda média mensal de um trabalhador na Região Metropolitana de Recife que foi
de R$ 2.128,00 no trimestre abril-mai-jun de 2017, segundo a PNAD Contínua (IBGE, 2017).
O perfil médio/características socioeconômicas dos idosos entrevistados seria: Individuo com
média de idade de 69 anos, igualmente do sexo masculino e feminino, casado, com formação
superior ou acima e renda média de R$ 6.266,68 por mês.
4.2 Principal motivação da formação do domicílio unipessoal em Recife
Traçado o perfil socioeconômico dos entrevistados, o questionário foi buscar respostas para as
razões que levam os idosos a morarem sozinhos ou apenas com os seus cônjuges. Quando
perguntados se moravam sozinhos, 70,65% responderam que moravam sozinhos com o
cônjuge e 29,35% morava sozinho, vide gráfico 15 a seguir. Importante registrar que a
pesquisa só foi aplicada com idosos que viviam nessas 2 situações, não foram entrevistados os
54
idosos que viviam com demais parentes em coabitação.
Gráfico 15 - Quantidade de pessoas na residência
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Esse resultado reflete o que é encontrado nos países desenvolvidos, pois segundo PALLONI
(2001) o Censo americano do ano de 1990 apontava que 75,00% dos idosos brancos viviam
sozinhos ou sozinhos com o cônjuge 6.
Perguntados sobre a idade do cônjuge, conforme gráfico 16 a seguir, apenas 18,40% da
amostra possui companheiro que tem menos de 60 anos. Ou seja, 81,60% são casais idosos
que convivem juntos, com média de idade de 66 anos e moda de 68 anos para o
companheiro(a).
6 PALLONI (2001) Census information for the United States of America in 1990 shows that about 75 per cent of
white males and females older than 65 lived alone or with a spouse. Segundo PALLONI (2001), idosos não-
brancos nos EUA têm significativamente mais possibilidade de morar com outros (frequentemente como chefe
da família), do que idosos brancos.
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%
Mora só
Mora só com
o(a)
companheiro(a)
29,35%
70,65%
55
Gráfico 16 - Idade do companheiro(a)
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Conforme gráfico 17 abaixo, perguntados sobre há quanto tempo moravam em Recife,
59,45% da amostra disse que há mais de 50 anos. Na média os respondentes moram há 53
anos em Recife. Essa pergunta queria certificar que os respondentes representavam idosos
legitimamente viventes da cidade do Recife.
Gráfico 17 - Nº de anos morando em Recife
Fonte: Elaboração própria, 2017.
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
Menos de
60 anos
60 a 65
anos
mais de 65
a 70 anos
mais de 70
a 75 anos
mais de 75
a 80 anos
Mais de 80
anos
NS/NR
18,40%
28,47% 28,13%
13,54%
7,29%
3,47%0,69%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
Até 30 anos Mais de 30 a 50
anos
Mais de 50 a 70
anos
Mais de 70 anos
14,43%
26,12%
47,76%
11,69%
56
Para entender se os idosos teriam a opção de morar com os filhos, perguntou-se quantos filhos
vivos eles tinham. Conforme gráfico 18 abaixo, apenas 8,21% dos respondentes não tinham
filhos vivos. A média de filhos vivos foi de 2,23 filhos, sendo a moda de 2 filhos por idoso.
Gráfico 18 - Quantidade de filhos vivos
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Novamente buscando entender por que não havia coabitação entre os idosos e os filhos,
questionou-se se havia filhos morando em Recife. Conforme gráfico 19 abaixo, a ampla
maioria, 87,53% dos respondentes disse que os filhos moravam em Recife.
Gráfico 19 - Se filhos moram em Recife
Fonte: Elaboração própria, 2017.
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
1 2 3 4 5 filhos ou
mais
Nenhum
19,65%
31,09%
27,36%
8,96%
4,73%
8,21%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Não
Sim
12,47%
87,53%
57
Observa-se no gráfico 20 abaixo, o número de anos que os idosos moram sós ou sós com os
cônjuges. Os resultados foram bem variados: 28,11% da amostra responderam que mais de 5
a 10 anos, 10,95% mais de 10 a 15 anos, 13,68% mais de 15 a 20 anos e 26,87% mais de 20
anos, Na média os idosos moram sozinhos há 17 anos, com mediana de 12 anos e moda de 10
anos.
Gráfico 20 - Nº de anos morando sozinho(a) ou só com o companheiro(a)
Fonte: Elaboração própria, 2017.
De modo geral, como citado por CAMARGOS (2008), os estudos indicam que pessoas com
melhores condições de saúde e renda têm maior chance de viverem sozinhas:
Na verdade, os idosos entrevistados foram praticamente uníssonos em avaliar que
renda e saúde favoráveis são importantes condicionantes da decisão de morar
sozinho, mas há outros atributos individuais imprescindíveis, como coragem e até
mesmo confiança em Deus (pg 99).
Na pesquisa de campo aplicada pela autora em 2008, foram entrevistados 40 idosos de Belo
Horizonte, com renda média de 2,5 salários mínimos e os resultados encontrados estão em
conformidade com o encontrado no questionário aplicado em Recife. Além de boas condições
de saúde e financeiras foi citado ainda pela autora que é necessária coragem, vontade,
aceitação, responsabilidade, caráter, bom gênio e confiança em Deus para conseguir morar
sozinho na terceira idade.
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
Até 5 anos Mais de 5 a
10 anos
Mais de 10
a 15 anos
Mais de 15
a 20 anos
Mais de 20
anos
NS/NR
18,16%
28,11%
10,95%
13,68%
26,87%
2,24%
58
Perguntados sobre quais as características mais importantes para que um idoso possa morar
sozinho, 44,28% dos respondentes disseram que seria ter boa condição de saúde, 23,38% acha
que é preciso ter independência financeira e 16,17% acredita que é necessário ter confiança
em Deus e fé, conforme gráfico 21 abaixo.
Gráfico 21 - Principais características para se morar sozinho
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Conforme tabela 23, abaixo, essas respostas são distintas a depender da faixa etária do idoso.
Tabela 23 - Características para morar só X faixa etária
Características para morar só X faixa etária
Características
Faixa etária
60 a 65
anos
Mais de
70 a 75
anos
Mais de
80 anos
Boa condição de saúde 40,00% 49,20% 53,30%
Independência financeira 31,40% 15,40% 13,30%
Confiança em Deus/Fé 12,90% 10,80% 20,00%
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Os idosos na faixa dos 60 a 65 anos atribuem uma maior importância a independência
financeira do que os idosos acima de 80 anos que mostram bem mais confiança em Deus/fé.
Há pouca distinção na literatura entre idosos por faixa etária, eles são tratados como iguais,
porém observa-se nos respondentes demandas e características diferentes a depender da idade
,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00%
NS/NR
Caráter
Bom gênio
Aceitação
Alegria/Disposição
Vontade
Coragem
Responsabilidade
Confiança em Deus/Fé
Independência financeira
Boa condição de saúde
,25%,50%,50%
1,74%2,99%3,23%3,48%3,48%
16,17%23,38%
44,28%
59
que possuem. Na revisão de 2017 do Estatuto do Idoso, no artigo 3º parágrafo 2º, essa
diferença entre as fases dos idosos foi prevista quando passou-se a assegurar prioridade
especial para os maiores de 80 anos.
Foi perguntado como o idoso avaliaria a sua saúde e o resultado é apresentado no gráfico 22,
abaixo.
Gráfico 22 - Condição de saúde
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Neste quesito 79,60% dos entrevistados consideraram a sua saúde como boa ou ótima e
18,41% a achava regular. Para os idosos da faixa entre 60 a 65 anos, 48,57% consideraram a
saúde ótima e 35,71% como boa. Já os idosos com mais de 80 anos acreditam que possuem
uma ótima saúde 33,33% e 46,67% a consideraram como boa.
Como já foi dito 86,56% da amostra tinha renda acima de R$ 4.685,00 ou 5 salários mínimos,
o que os classificava como respondentes de alta renda na cidade do Recife. O que se constatou
na amostra é que 72,39% vivem de aposentadoria, o que traz segurança quanto ao
recebimento dos proventos mensais. Ainda assim, 26,87% vivem do seu trabalho, 21,64% de
aluguéis e investimentos e 17,66% recebem pensão ou são ajudados pelo cônjuge. São idosos
independentes financeiramente e apenas 2,24% recebem ajuda dos filhos. Ressalta-se que essa
pergunta permitia múltiplas respostas e por essa razão vê-se percentual maior que 100% nas
respostas no gráfico 23 a seguir.
,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00%
Péssima
Ruim
Regular
Ótima
Boa
,25%
1,74%
18,41%
34,08%
45,52%
60
Gráfico 23 - Fontes de renda
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Como demonstrado na tabela 24 abaixo, a fonte de renda varia em função da idade dos
entrevistados. Para os idosos na faixa de 60 a 65 apenas 46,43% vivem de sua aposentadoria,
50,00% ainda trabalham e 20,71% possuem aluguéis/investimentos. Na faixa etária de mais
de 70 anos até 75 anos, 93,85% já estão aposentados e apenas 10,77% ainda trabalham. Já na
faixa de mais de 80 anos verifica-se que 40,00% vivem de pensão do cônjuge e 86,67% são
aposentados.
Tabela 24 - Relação entre fonte de renda e faixa etária dos entrevistados
Fonte de renda X Faixa etária
Fonte de renda
Faixa etária
60 a 65 anos mais de 65 a
70 anos
mais de 70 a
75 anos
mais de 75 a
80 anos
Mais de 80
anos
Da sua aposentadoria 46,43% 79,70% 93,85% 93,88% 86,67%
Do seu trabalho 50,00% 21,05% 10,77% 6,12% -
De aluguéis/ investimentos 20,71% 20,30% 26,15% 22,45% 20,00%
Da pensão/ajuda do(a)
seu(sua) esposo(a) 11,43% 21,80% 20,00% 14,29% 40,00%
De outras fontes 4,29% 3,76% 4,62% 6,12% 6,67%
Da ajuda dos filhos 4,29% - 1,54% 4,08% -
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Essa independência financeira dos entrevistados é também notada quando se perguntou se
eles ajudavam os parentes com parte de suas rendas, conforme gráfico 24 abaixo.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Da sua
aposentadoria
Do seu
trabalho
De aluguéis,
investimentos
Da
pensão/ajuda
do(a) seu(sua)
esposo(a)
De outras
fontes
Da ajuda dos
filhos
72,39%
26,87%21,64% 17,66%
4,48% 2,24%
61
Foi apurado que 53,98% da amostra não dava nenhuma ajuda financeira a parentes e 13,68%
ajudava os parentes esporadicamente. Ou seja, 67,66% dos idosos não tinham
responsabilidade financeira junto a filhos, netos ou demais parentes.
Gráfico 24 - Renda utilizada para ajudar parentes
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Esse resultado é distinto do cenário dos idosos de baixa renda que, em sua maioria,
permanecem morando com a família, pois a coabitação é uma forma de compartilhamento de
recursos (PAULO, et al., 2013).
Na tabela 25 abaixo, estão respostas para o questionamento sobre quem morava com o idoso
antes de ele viver sozinho. 49,25% dos respondentes viviam com os filhos, enteados ou netos
e 24,38% viviam com os cônjuges (73,63% entre filhos e cônjuges). Obteve-se ainda 12,44%
que viveram com os pais até formarem um domicilio unipessoal e 13,18% em outras situações
como, por exemplo, sempre moraram sozinhos.
Tabela 25 - Pessoas com quem residia anteriormente
Com quem vivia antes de morar só?
Filho(a)/enteados/netos 49,25%
Cônjuges 24,38%
Outra situação 13,18%
Pais 12,44%
Amigos 0,75%
Total 100,0%
Fonte: Elaboração própria, 2017.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Não Sim - até 25% da
sua renda
Ajuda
esporadicamente
Sim - mais de 25%
a 50% da sua renda
53,98%
25,12%
13,68%7,21%
62
O gráfico 25 a seguir responde a principal pergunta desse estudo. A ampla maioria (67,41%)
mora só ou só com o cônjuge em razão dos filhos terem saído de casa para casar ou trabalhar.
Outros 21,89% disseram que formaram domicílios unipessoais em função da morte ou
separação/divórcio do cônjuge. Ou seja, 89,30% dos entrevistados moram sós ou sós com o
cônjuge como decorrência de situações fora do controle e não por decisão própria. Como a
pergunta permitia múltiplas respostas, obtivemos 402 respondentes com 427 respostas para
esta questão.
Gráfico 25 - Principais razões para morar sozinho
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Esses resultados estão em conformidade com o que se observa no Brasil, como foi
evidenciado por CAMARGOS (2008):
A literatura destaca que a formação de arranjos domiciliares de idosos em domicílios
unipessoais está quase sempre associada a episódios de ruptura, como a separação
ou divórcio, morte do cônjuge e saída ou morte de filho. Poucos são os casos em que
a opção por morar sozinho está ancorada em decisão individual da pessoa, na
ausência de perda ou separação de parentes ou amigos com os quais conviviam,
especialmente em se tratando do segmento populacional composto por pessoas
idosas (pg 98).
Já nos países desenvolvidos a decisão de morar só, ou só com o cônjuge, está mais associada a
ter autonomia e privacidade. PALLONI (2001) atribui à industrialização a mudança na
composição das famílias, que os tirou do campo e encerrou o convívio intergeracional,
aumentando a individualização dos idosos.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Filho (os) saiu
(saíram) de casa para
casar ou trabalhar
Morte ou
separação/divórcio
do cônjuge
Sempre residiu
sozinho (s)(as)
Gosta de liberdade,
privacidade e
autonomia
Para evitar conflitos
ou incomodar
familiares
67,41%
21,89%
10,70%3,98% 2,24%
63
A tabela 26 abaixo apresenta a motivação da formação de domicilio unipessoal por gênero.
Responderam que moram só ou moram só com o cônjuge devido a saída dos filhos 142 idosos
do sexo masculino (69,95%) e 129 idosos do sexo feminino (64,82%). Já devido a
morte/separação do cônjuge foram 39 idosos do sexo masculino (18,72%) e 50 idosos do sexo
feminino (25,13%). Ainda 24 idosas (12,06%) sempre moraram sozinhas e permaneceram
assim.
Tabela 26 - Motivação da formação do domicílio unipessoal por gênero
Motivação da formação do domicílio unipessoal Gênero
Masculino Feminino
Filho (os) saiu (saíram) de casa para casar ou trabalhar 69,95% 64,82%
Morte ou separação/divórcio do cônjuge 18,72% 25,13%
Sempre residiu sozinho (s)(as) 9,36% 12,06%
Gosta de liberdade, privacidade e autonomia 4,93% 3,02%
Para evitar conflitos ou incomodar familiares 1,48% 3,02%
Total Respondentes 203 199
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Na tabela 27 é apontada a motivação da formação de domicilio unipessoal por faixa etária.
Vê-se que na faixa entre 60 e 70 anos, 177 idosos (65,20%) atribuíram à saída dos filhos de
casa à razão deles estarem morando sozinhos ou com o cônjuge. Quando a faixa etária sobe
para mais de 70 a 80 anos, o percentual cresce para 71,93% ou 82 idosos com essa mesma
motivação para formação de domicilio unipessoal.
Tabela 27 - Motivação da formação do domicílio unipessoal por faixa etária
Motivação da formação do domicílio unipessoal
FAIXA ETÁRIA
60 a 70
anos
Mais de 70
a 80 anos
Mais de
80 anos
Filho (os) saiu (saíram) de casa para casar ou trabalhar 65,20% 71,93% 73,33%
Morte ou separação/divórcio do cônjuge 22,71% 19,30% 26,67%
Sempre residiu sozinho (s)(as) 11,72% 8,77% 7,00%
Gosta de liberdade, privacidade e autonomia 5,49% 0,88% -
Para evitar conflitos ou incomodar familiares 2,20% 2,63% -
Total Respondentes 273 114 15
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Segundo WILMOTH (2002), em geral, idosos com altos níveis de educação são mais passíveis
de viverem sós devido ao melhor estado de saúde e menor número de filhos.
Na tabela 28 abaixo, vê-se que dos 207 respondentes com curso superior 143 idosos (68,60%)
atribuíram o fato de morarem sozinhos a saída dos filhos de casa. Na realidade, essa foi a
64
motivação principal para todas as faixas de grau de instrução (média de 66% dos
entrevistados), seguida da morte ou separação do cônjuge com uma média de 22% da
amostra.
Tabela 28 - Motivação da formação do domicílio unipessoal por grau de instrução
Motivação da formação do domicílio unipessoal
GRAU DE INSTRUÇÃO
Ensino
Fundamental
Ensino
Médio
Curso
Técnico
Curso
Superior
Pós Grad/
Mestrado
/Doutorado
Filhos saíram de casa para casar ou trabalhar 71,43% 68,09% 60,00% 68,60% 63,33%
Morte ou separação/divórcio do cônjuge 23,81% 22,34% 20,00% 21,26% 23,33%
Sempre residiu sozinho (s)(as) 4,76% 9,57% 15,00% 12,56% 6,67%
Gosta de liberdade, privacidade e autonomia - 2,13% 10,00% 4,35% 5,00%
Para evitar conflitos ou incomodar familiares - 3,19% - 2,42% 1,67%
Total Respondentes 21 94 20 207 60
Fonte: Elaboração própria, 2017.
A amostra refletiu que 70,65% dos entrevistados moram sós com os cônjuges, que tem média
de idade de 66 anos. São pessoas que em média moram no Recife há 53 anos, tem 2 filhos
vivos que em 87,53% dos casos também moram na cidade do Recife. Eles estão morando
sozinhos ou com os cônjuges em média há 17 anos e antes de morarem sozinhos, 49,25%
morava com os filhos e 24,38% com os cônjuges.
Esses idosos acreditam que para conseguir morar só é necessário, principalmente, ter saúde
(opinião de 44,28% dos entrevistados) e independência financeira (opinião de 23,38% dos
entrevistados). Os entrevistados, portanto, se enquadram nesses quesitos visto que 79,60% dos
respondentes acham que gozam de uma saúde ótima ou boa e 72,39% vivem de aposentadoria
e 53,98% não ajudam parentes financeiramente.
Dos 402 idosos entrevistados 269 indivíduos, ou 67,41% da amostra, responderam que moram
sozinhos ou sozinhos com seu cônjuge devido ao fato de os filhos terem saído de casa para
viverem suas próprias vidas.
4.3 Hábitos consumo e lazer da população idosa de alta renda em Recife
O SEBRAE PE divulgou em 2015 material sobre negócios na terceira idade que traz estudo
da consultoria paulista de geomarketing Escopo (http://www.escopo.com/solucoes-
consumo.htm) que diz que o consumo dos idosos brasileiros em 2013 foi de quase 1 trilhão de
65
reais, sendo R$ 135bilhões gastos em alimentos e bebidas, R$ 64 bilhões em carros, R$ 49
bilhões em artigos de vestuário e R$ 24 bilhões em produtos de higiene e beleza. A fatia de
idosos foi responsável por 34% do consumo total da população brasileira e a estimativa é que
esse percentual chegue a 44% em 2018.
Entretanto, o tema hábitos de consumo e lazer para os idosos no Brasil ainda é muito pouco
estudado, conforme acredita PINTO; PEREIRA (2015):
Investigar os significados do consumo dos segmentos de terceira idade pode ser um
caminho revelador para os profissionais de diversos campos (consumo, lazer,
idosos), todos eles tendo como interseção a pretensão de compreender melhor esse
grupo. Ademais, a ampliação desse debate do consumidor idoso pode significar mais
espaço para a percepção por parte dos empresários brasileiros de novas
oportunidades de negócios e atendimento das necessidades ainda pouco
investigadas, dessa parcela já significativa da população brasileira (pg 17).
Esses pesquisadores aplicaram uma pesquisa em 2015, com 16 idosos de Belo Horizonte, para
conhecer as principais atividades de lazer dessa população. As principais citações foram: fazer
os afazeres domésticos, participar de atividades religiosas, jogar sinuca e baralho, leitura,
aulas de dança, ioga e, especialmente, viagens que se configura como uma importante forma
de lazer para os idosos. Também frequentar shopping centers seria uma forma de lazer e
consumo importante neste grupo.
Para conhecer a realidade de lazer do idoso recifense de alta renda, perguntou-se no
questionário aplicado quais as atividades que eles costumavam fazer com mais frequência,
conforme tabela 29 abaixo.
Tabela 29 - Atividades que os idosos costumam fazer com mais frequência
Atividades % de
respostas
Caminhar na praia/parque 76,12%
Assistir televisão 36,32%
Viajar 31,34%
Ir na academia 18,16%
Acessar internet 17,91%
Frequentar restaurantes e bares 16,17%
Dançar ou ir a festas 15,42%
Ir ao supermercado 15,42%
Passear no shopping 14,18%
Ir ao cinema ou teatro 13,68%
Jogar baralho 3,98%
Fonte: Elaboração própria, 2017.
66
Obteve-se que caminhar na praia/parque seria a principal atividade de lazer dos idosos
entrevistados, seguido por assistir televisão. Ressalta-se que essa pergunta permitia múltiplas
respostas e por essa razão vê-se percentual maior que 100% nas respostas. Também se destaca
que o lócus da pesquisa foi o Parque da Jaqueira e o calçadão da Avenida Boa Viagem e por
isto o viés de idosos que tem como atividade preferida de lazer fazer exercícios físicos.
Com relação aos hábitos de consumo, se questionou os idosos se eles possuíam plano de
saúde e 92,29% da amostra disse que sim, conforme gráfico 26 abaixo.
Gráfico 26 - Plano de saúde
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Também se questionou se os respondentes possuíam casa própria e 95,77% disse que sim,
conforme gráfico 27 abaixo.
Gráfico 27 - Casa própria
Fonte: Elaboração própria, 2017.
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Não
Sim
7,71%
92,29%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Não
Sim
4,23%
95,77%
67
Ainda visando investigar patrimônio e hábitos de consumo, perguntou-se se eles possuíam
poupança e 66,42% respondeu que sim e 31,84% da amostra disse que não, conforme
gráfico 28 abaixo.
Gráfico 28 - Poupança
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Segmentando por faixa etária, foi percebido que a medida que se envelhece maior o
percentual de poupadores. Com mais de 65 anos a 70 anos, 60,90% da amostra disse
possuir reservas financeiras. Nos idosos com mais de 70 a 75 anos o percentual subiu para
67,69% e chegou a 73,33% para os maiores de 80 anos.
Para investigar hábitos do dia a dia, perguntou-se quem era a pessoa que mais ajudava os
idosos nas tarefas diárias e 50,75% disseram que possuíam funcionário(a) que auxiliava nas tarefas
domésticas e 23,63% contavam com a ajuda do cônjuge, conforme gráfico 29 a seguir.
Gráfico 29 - Pessoa que ajuda nas tarefas diárias
Fonte: Elaboração própria, 2017.
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%
NS/NR
Não
Sim
1,74%
31,84%
66,42%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Funcionário(a) Cônjuge Ninguém Filho/enteado(a) Neto(a)
50,75%
23,63%20,15%
4,48%1,00%
68
Questionou-se sobre onde eles costumavam fazer suas compras e 337 idosos ou 83,83%
da amostra respondeu que costuma comprar alimentos, roupas e remédios no bairro onde
mora ou nos arredores, conforme gráfico 30 abaixo.
Gráfico 30 - Local de compras de alimentos, roupas e remédios
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Sobre a frequência que os idosos saem de casa para fazer ou resolver alguma coisa,
47,51% dos entrevistados disseram que saiam todos os dias de casa para fazer ou resolver
alguma coisa. Com saídas 3 vezes por semana foram apontados 26,87% e 1 vez por
semana 15,92% da amostra, conforme gráfico 31 abaixo.
Gráfico 31 - Frequência de saída de casa para fazer ou resolver alguma coisa
Fonte: Elaboração própria, 2017.
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Compra no bairro
onde mora ou nos
arredores
Compra em
outras localidades
Outras pessoas
fazem as compras
Pelo telefone -
delivery
83,83%
12,94%
2,99% 0,25%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
Todos os dias 3 vezes por
semana
1 vez por
semana
Quinzenalmente Mensalmente
47,51%
26,87%
15,92%
8,21%
1,49%
69
Concluindo o questionário, no gráfico 32 abaixo, testou-se qual a opção de moradia os idosos
escolheriam se, por algum motivo, seja de saúde ou financeiro, eles não pudessem mais morar
sozinho.
Gráfico 32 - Opções de moradia quando não for mais possível morar sozinho
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Como resultado se obteve que 41,79% dos idosos preferiam ficar nas suas casas com um
cuidador/funcionário. Outros 32,59% prefeririam morar com filhos ou netos ou enteados e
apenas 24,88% gostariam de ir para uma casa de repouso/asilo. Esse resultado é diferente
quando analisado por faixa etária, conforme tabela 30 abaixo.
Tabela 30 - Relação opção de moradia X faixa etária
Opções de moradia X Faixa etária
Opções de moradia
Faixa etária
60 a 65
anos
mais de
70 a 75
anos
Mais de
80 anos
Em sua casa com um cuidador/funcionário 41,43% 33,85% 20,00%
Na casa de um filho/enteado/neto 32,86% 30,77% 53,33%
Em asilo ou casa de repouso 25,71% 33,85% 20,00%
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Nota-se que os idosos nas faixas de idade mais alta prefeririam morar com filhos/netos e que
os de menor idade consideram a opção de continuar em suas casas com cuidador/funcionário
como a opção mais adequada.
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
Em sua casa
com um cuidador/
funcionário
Na casa de
um filho/
enteado/neto
Em asilo
ou casa
de repouso
NS/NR
41,79%
32,59%
24,88%
0,75%
70
O questionário aplicado atingiu respondentes com alto padrão financeiro. Eles têm casa
própria (95,77%), plano de saúde (92,29%), reservas financeiras (66,42%), moram em bairros
de elite e perto de centros de compras e contam com empregada doméstica para auxiliá-los
nas tarefas diárias (50,75%). Esses idosos tem acesso a lazer e preferem caminhar na
praia/parque (76,12%), assistir televisão (36,32%) e viajar (31,34%).
71
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O envelhecimento populacional brasileiro é uma realidade em escala crescente. O Brasil terá,
em 2030, segundo previsão do IBGE, 42 milhões de idosos o que representará 18,62% da
população. No ano de 2000, os idosos brasileiros representavam apenas 8,56% do total da
população (IBGE 2000). Não é diferente o cenário em Pernambuco e nem na cidade do
Recife. Em Pernambuco, os idosos somavam 705 mil habitantes em 2000 (IBGE) e a previsão
do IBGE é que eles serão 1,7 milhão em 2030, representando 16,72% da população. Em
Recife havia 11,82% da população idosa no ano 2000 e em 2015 o percentual de participação
já era de 15,87%, segundo a PNAD 2015 do IBGE.
Esse fenômeno de envelhecimento populacional é uma realidade mundial e vem mudando a
tradicional visão de que a velhice é cercada de decrepitude e dependência. O envelhecer vem
adquirindo novo significado e pensadores como LASLETT (1991) disseminam o olhar de que
a terceira idade é um momento de satisfação e realizações pessoais, um coroamento da vida.
Segundo ele, na idade adulta, ou segunda idade, estaríamos absolvidos pela formação da
família e realização profissional e não haveria espaço para o lazer e a concretização de
sonhos. Na terceira idade, o individuo estaria pleno e apenas a partir da quarta idade (80 anos
ou mais) é que ele passaria a ter algum tipo de dependência e sensação de proximidade da
morte.
Esse “novo idoso” é longevo, independente financeiramente, ativo, goza de boa saúde e cada
vez mais opta por morar sozinho ou sozinho com o cônjuge. Segundo o Censo do IBGE, em
1970 havia em Pernambuco 13,44% de domicílios unipessoais de idosos e em 2010 o
percentual já era de 18,93%.
Nesse estudo buscou-se analisar as razões que levam o idoso recifense, de alta renda, a morar
sozinho. Para responder a essa pergunta, aplicou-se questionário com 402 idosos e se chegou
a conclusão que a principal razão para que os idosos morem sozinhos ou sozinhos com os
cônjuges é o fato dos filhos saírem de casa para trabalhar ou casar (67,4% dos respondentes).
A outra motivação importante seria a morte ou separação do cônjuge com 21,9% dos
respondentes. Esse resultado é coerente com a literatura existente que atesta que a decisão de
morar só, na maioria das vezes, é consequência da ruptura das relações, sejam com os filhos
ou cônjuges.
72
A amostra revelou o seguinte perfil dos idosos: média de idade de 69 anos, equidade entre
ambos os sexos (50,50% de homens e 49,50% de mulheres), predominância em idosos
casados e com alto nível de instrução. A faixa de renda média foi de R$ 6.266,68, a qual
considera-se alta renda para fins deste estudo, proveniente de aposentadorias, trabalho,
aluguéis e investimentos. A maioria dos idosos (70,65%) mora só com seu cônjuge, tem plano
de saúde, casa própria, poupança e empregada doméstica e não divide sua renda com outros
parentes. Os entrevistados consideram a sua entre ótima e boa saúde (79,6%) e tem tempo
para o lazer, principalmente para as caminhadas na praia ou no parque. Trata-se pois de idoso
autônomo sobre vários aspectos: vive em sua casa independente financeiramente dos filhos, o
que é uma condição oposta a realidade do idoso brasileiro de classe média baixa que vive
geralmente em coabitação intergeracional; tem renda própria, bens e poupança e goza de boa
saúde.
Importante registrar que só foram entrevistados os idosos que moravam sós ou só com os
cônjuges, não foram entrevistados idosos que coabitavam com outros parentes. Também
registra-se que foi definido que o lócus da pesquisa seria local de prática de esportes e em
bairros de alto padrão financeiro, visto que se procuravam entrevistados de alta renda e que
gozassem de boa saúde. Esse viés foi escolhido em função da literatura existente definir que
são esses idosos que têm maior probabilidade de morarem sozinhos. Em função dessas
escolhas entende-se que os resultados obtidos apresentam limitações por não espelharem o
comportamento dos demais idosos de alta renda que não são ativos e praticantes de exercícios
físicos.
73
REFERÊNCIAS
ABEP, Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas. Disponível em:
<http://www.abep.org/criterio-brasil >. Acesso em: 01 set. 2017.
AFFELDT, Marco Aurélio Feltrin. O asilo enquanto espaço e lugar: a institucionalização da
velhice em Santa Maria – RS. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Maria,
Centro de Ciências Naturais e Exatas, Programa de Pós-Graduação em Geografia e
Geociências, RS, 2013.
ALENCAR, Fernanda Silva; SILVA, Priscilla Sousa. Envelhecendo... Para Viver Só?
Memorialidades. n. 19, p. 101-117, jan./jun. 2013.
BOBBIO, Norberto. Tempo de memória: de Senectute e outros escritos autobiográficos. Rio
de Janeiro: Editora Campus, 1997.
BRASIL, Estatuto do Idoso 2013. Legislação sobre o idoso: Lei nº 10.741, de 1º de outubro
de 2003 do idoso) e legislação correlata [recurso eletrônico]. 3. ed. – Brasília : Câmara dos
Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2013. 124 p. – (Série legislação ; n. 104).
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm >. Acesso em
23 jun.2016.
CAMARANO, Ana Amélia. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição
demográfica. In: BRASIL, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto de
Pesquisa Econômica aplicada. Texto para discussão nº 858. Rio de Janeiro: IPEA, 2002.
CAMARANO, Ana Amélia e PASINATO, Maria Tereza. Envelhecimento, condições de
vida e política previdenciária. Como ficam as mulheres? Rio de Janeiro: IPEA, 2002.
___________. “Como Vive o Idoso Brasileiro?” In Camarano, A.A. (org.) Os Novos Idosos
Brasileiros Muito Além dos 60? Rio de Janeiro: IPEA, 2004. Introdução.
74
CAMARANO, Ana Amélia; KANSO, Solange e LEITÃO E MELLO, Juliana. “Como Vive o
Idoso Brasileiro?” In Camarano, A.A. (org.) Os Novos Idosos Brasileiros Muito Além dos
60? Rio de Janeiro: IPEA, 2004. Cap. 1 e Cap. 2.
CAMARGOS, Mirela Castro Santos. Enfim só: um olhar sobre o universo de pessoas idosas
que moram sozinhas no município de Belo Horizonte (MG), 2007. Tese Doutorado em
Demografia – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
CAMARGOS, Mirela Castro Santos; RODRIGUES, Roberto Nascimento. Idosos que vivem
sozinhos: como eles enfrentam dificuldades de saúde. In: Anais do XVI Encontro Nacional
de Estudos Populacionais. Caxambú CO 13 – Saúde 2. 2008. Disponível em:
<http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2008/docsPDF/ABEP2008_1605.pdf> Acesso
em: 15 nov. 2017.
CAMARGOS, Mirela Castro Santos; RODRIGUES, Roberto Nascimento; MACHADO,
Carla Jorge. A relação entre renda e morar sozinho para idosos paulistanos - 2000. R.
bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 1, p. 37-51, jan./jun. 2007.
___________. Idoso, família e domicilio: uma revisão narrativa sobre a decisão de morar
sozinho. R. bras. Est. Pop. Rio de Janeiro, v. 28, n. 1, p. 217-230, jan./jun. 2011.
CARVALHO, José Alberto; GARCIA, Ricardo Alexandrino. O envelhecimento da
população brasileira: um enfoque demográfico. Minas Gerais: Cedeplar – Universidade
Federal de Minas Gerais, 2003.
COUTO, Raquel. Independência e autonomia de velhos que moram sozinhos.
Memorialidades. Ilhéus, n. 19, p. 119-126, jan./jun. 2013.
FERREIRA, Carlos Eugenio de Carvalho; CAPASSI, Rosana. A inversão da pirâmide
etária paulista. Fundação SEADE - 64ª Reunião Anual da SBPC. São Luís, MA, 2013.
75
FRANCO, Luiza Teixeira de Melo; WAJNMAN, Simone. O papel dos idosos na
redistribuição da renda domiciliar per capita no Brasil. Trabalho apresentado no XVII
Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú, MG, 2010.
GONÇALVES, Marlene. A reinvenção da velhice: socialização e reprivatização do
envelhecimento. Pro-Posições – vol. 13, N. 2 (38) – maio/ago. 2002.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censos demográficos 1970, 1991, 2000
e 2010: características gerais da população, resultados da amostra. Rio de Janeiro. Disponível
em: <http://www.ibge.gov.br/home>. Acesso em 25 jun.2016.
___________. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Julho de 2017 -
PNAD Contínua. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.spe.fazenda.gov.br/conjuntura-
economica/emprego-e-renda/arquivos/ie-2017-08-31-pnad-continua-m.pdf/view>. Acesso em
05 set.2017.
___________. Síntese de Indicadores Sociais 2016 - Uma análise das condições de vida da
população brasileira. Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao>. Acesso em 21 jul.2017.
___________. Tábua completa de mortalidade para o Brasil 2015 - Breve análise da
evolução da mortalidade no Brasil. Rio de Janeiro. Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Tabuas_Completas_de_Mortalidade/Tabuas_Completas_de_Mortalidad
e_2015/tabua_de_mortalidade_analise.pdf>. Acesso em 02 ago.2017.
KALACHE, Alexandre; VERAS, Renato; RAMOS, Luiz Roberto. O envelhecimento da
população mundial: um desafio novo. Rev Saúde Pública. São Paulo, 21:200-10, 1987.
LASLETT, Peter. A fresh map of life: the emergence of third age. Cambridge, MA: Harvard
University Press, 1991.
MOREIRA, Fagner Luciano; SANTOS, Jeangelis Silva; BARBOSA, Renan Pereira;
BROCCO, Victor Fassina. Metodologia como parte de teses e dissertações: uma
abordagem além dos materiais e métodos. Universidade Federal do Espírito Santo. Jerônimo
Monteiro/ES, 2013.
76
PALLONI, Alberto. Population Bulletin of the United Nations: Living arrangements of
older persons. Special Issue. United Nations publication 2001. Disponível em: <
http://www.un.org/esa/population/publications/bulletin42_43/palloni.pdf>. Acesso em 10
ago.2017.
PAULA, Karen Munhoz Villar de. Um olhar sobre os idosos que moram sozinhos. Centro
de Enfermagem PUC Paraná. Janeiro 2012.
PAULO, Maira; WAJNMAN, Simone; OLIVEIRA, Ana Maria Camilo. A relação entre
renda e composição domiciliar dos idosos no Brasil: um estudo sobre o impacto do
recebimento do Benefício de Prestação Continuada. R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 30,
Sup., p. S25-S43, 2013.
PINTO, Marcelo de Rezende; PEREIRA, Danielle Ramos de Miranda. Investigando o
consumo de lazer por idosos. PODIUM Sport, Leisure and Tourism Review Vol. 4, N. 1.
Janeiro/Abril. 2015
RAMOS, P. Marilia. Arranjos e relações familiares na velhice: um estudo sobre famílias
com idosos no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Vol. 5
Nº 9, julho 2013.
SANTOS, Yara N.; CÂNDIDO, Aldrina da S. C. Relação entre os Sinais de Fragilidade e a
Capacidade do Idoso Viver Só. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, Maio de
2017, vol.11, n.35, p. 463-478. ISSN: 1981-1179.
UNITED NATIONS. Active Ageing – A Police Framework. A Contribution of the World
Health Organization to the second United Nations World Assembly on Aging. Madrid, Spain,
April, 2002.
___________. Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2017).
World Population Prospects: The 2017 Revision. Disponível em:
<https://esa.un.org/unpd/wpp/Download/Standard/Population/>. Acesso em 10 ago.2017.
77
___________. Human Development Report 2016. Published for the United Nations
Development Programme (UNDP). Disponível em:
<file:///C:/Users/Simone%20Gueiros/Downloads/UNDP-HDR16-Report-EN%20(1).pdf. >
Acesso em 13 nov.2017.
___________. World Economic and Social Survey 2007. Development in an Ageing World
2005. Disponível em: < http://www.un.org/en/development/desa/policy/wess/wess_archive
/2007wess.pdf>. Acesso em 11 set.2017.
WILMOTH, Janet. Arranjos de vida de idosos nos Estados Unidos. Sociologias, Porto
Alegre, ano 4, nº 7, jan/jun 2002, p. 136-155.
78
ANEXO A - Evolução população idosa no Mundo, nos países desenvolvidos e no Brasil
Mundo Países Desenvolvidos ² Brasil
Anos Total Idosos ¹ % Total Idosos ¹ % Total Idosos %
1950 2.536.275 202.335 7,98 814.865 93.931 11,53 53.975 2.627 4,87
1960 3.033.213 236.686 7,80 917.068 115.288 12,57 72.208 3.752 5,20
1970 3.700.578 304.449 8,23 1.009.082 147.259 14,59 95.327 5.220 5,48
1980 4.458.412 382.496 8,58 1.084.244 168.778 15,57 121.160 7.049 5,82
1990 5.330.943 488.248 9,16 1.146.999 202.690 17,67 149.352 9.590 6,42
2000 6.145.007 612.235 9,96 1.190.505 231.487 19,44 175.288 13.547 7,73
2010 6.958.169 769.413 11,06 1.235.143 269.791 21,84 196.796 19.744 10,03
2015 7.383.009 906.002 12,27% 1.253.207 298.354 23,81% 205.962 24.424 11,86%
³ 191,10 347,77 - 53,79 217,63 - 281,59 829,73 -
2020 7.795.482 1.050.923 13,48 1.269.277 327.257 25,78 213.863 29.849 13,96
2030 8.551.199 1.406.105 16,44 1.289.937 375.916 29,14 225.472 42.455 18,83
2040 9.210.337 1.732.962 18,82 1.297.496 406.468 31,33 231.602 55.483 23,96
2050 9.771.823 2.080.459 21,29 1.298.069 427.238 32,91 232.688 68.871 29,60
2060 10.222.598 2.333.568 22,83 1.293.887 429.668 33,21 229.293 78.145 34,08
2070 10.575.847 2.548.745 24,10 1.288.199 430.136 33,39 221.895 81.675 36,81
2080 10.848.708 2.773.478 25,57 1.285.254 436.773 33,98 211.763 81.328 38,41
2090 11.050.055 2.962.963 26,81 1.285.091 444.831 34,61 200.775 78.552 39,12
2100 11.184.368 3.140.788 28,08 1.284.957 453.398 35,29 190.423 75.064 39,42
⁴ 43,47 198,86 - 1,24 38,54 - -10,96 151,48 -
Fonte: UNITED NATIONS, World Population Prospects 2017.
¹ Nessa tabela foi considerado idosos todas as pessoas acima de 60 anos.
² Os países desenvolvidos compreendem a Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
³ Variação percentual entre os anos de 1950 e 2015.
⁴ Previsão de variação percentual entre os anos de 2020 e 2100.
79
ANEXO B - Crescimento populacional no Brasil
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Entre 0 - 9 16.729.279 16.188.776 32.918.055 14.641.131 14.124.402 28.765.533
Entre 10 - 19 17.796.769 17.491.113 35.287.882 17.284.281 16.873.352 34.157.633
Entre 20 - 29 14.862.546 15.128.634 29.991.180 17.091.224 17.258.382 34.349.606
Entre 30 - 39 12.319.858 12.970.615 25.290.473 14.484.322 15.148.769 29.633.091
Entre 40 - 49 9.332.857 9.935.378 19.268.235 12.012.582 12.830.134 24.842.716
Entre 50 - 59 6.000.922 6.506.394 12.507.316 8.737.339 9.679.284 18.416.623
Entre 60 - 69 3.792.534 4.389.501 8.182.035 5.265.100 6.084.830 11.349.930
Entre 70 - 79 2.009.900 2.511.989 4.521.889 2.757.889 3.547.194 6.305.083
Entre 80 - 89 636.589 934.316 1.570.905 979.382 1.507.073 2.486.455
90 anos ou mais 94.761 166.439 261.200 153.740 295.389 449.129
Total 83.576.015 86.223.155 169.799.170 93.406.990 97.348.809 190.755.799
Total % Total %
68.205.937 40,17 62.923.166 32,99
87.057.204 51,27 107.242.036 56,22
14.536.029 8,56 20.590.597 10,79
Estimativas
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Entre 0 - 9 14.612.131 13.954.691 28.566.822 13.008.299 12.428.169 25.436.469
Entre 10 - 19 16.626.866 15.990.634 32.617.500 14.525.562 13.900.807 28.426.369
Entre 20 - 29 17.157.060 16.838.944 33.996.003 16.377.516 15.908.949 32.286.465
Entre 30 - 39 17.220.683 17.284.306 34.504.989 16.801.457 16.712.206 33.513.663
Entre 40 - 49 14.477.448 14.852.853 29.330.301 16.718.245 17.107.796 33.826.041
Entre 50 - 59 11.473.386 12.300.488 23.773.874 13.655.367 14.436.312 28.091.679
Entre 60 - 69 7.698.409 8.843.627 16.542.035 10.152.275 11.468.724 21.620.998
Entre 70 - 79 3.753.770 4.877.780 8.631.549 5.912.863 7.474.752 13.387.615
Entre 80 - 89 1.293.672 2.078.358 3.372.030 2.075.080 3.190.715 5.265.795
90 anos ou mais 233.285 508.986 742.271 401.628 870.195 1.271.823
Total 104.546.709 107.530.666 212.077.375 109.628.293 113.498.624 223.126.917
Total % Total %
61.184.323 28,85 53.862.838 24,14
121.605.167 57,34 127.717.847 57,24
29.287.885 13,81 41.546.232 18,62
2000
(% )
2010
(% )
2020
(% )
2030
(% )44,95 44,47 44,32 44,63
55,05 55,53 55,68 55,37
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 2000 e 2010 e Projeção da População do Brasil e das Unidades da Federação.
Entre 0 e 19 anos - Crianças e adolescentes
Entre 20 e 59 anos - Adultos
A partir de 60 anos - Idosos
Participação por faixa etária
Participação por faixa etária
Homens
Mulheres
Ano 2000 Ano 2010
Ano 2020 Ano 2030
Ano 2030
População
Entre 20 e 59 anos - Adultos
A partir de 60 anos - Idosos
Ano 2000 Ano 2010
População
Entre 0 e 19 anos - Crianças e adolescentes
Faixa etáriaPopulação
Ano 2020
Participação idosos por sexo (em % )
Faixa etáriaPopulação
80
ANEXO C - Crescimento populacional em Pernambuco
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Entre 0 - 9 809.347 789.490 1.598.837 722.590 698.648 1.421.238
Entre 10 - 19 876.652 867.852 1.744.504 831.066 818.063 1.649.129
Entre 20 - 29 690.187 722.778 1.412.965 781.836 815.387 1.597.223
Entre 30 - 39 520.415 581.965 1.102.380 646.250 706.005 1.352.255
Entre 40 - 49 367.566 426.784 794.350 505.035 574.209 1.079.244
Entre 50 - 59 254.555 305.867 560.422 343.743 415.673 759.416
Entre 60 - 69 166.981 214.395 381.376 224.157 284.142 508.299
Entre 70 - 79 99.558 124.525 224.083 119.707 167.020 286.727
Entre 80 - 89 36.301 48.886 85.187 47.580 70.814 118.394
90 anos ou mais 5.095 9.145 14.240 8.717 15.806 24.523
Total 3.826.657 4.091.687 7.918.344 4.230.681 4.565.767 8.796.448
Total % Total %
3.343.341 42,22 3.070.367 34,90
3.870.117 48,88 4.788.138 54,43
704.886 8,90 937.943 10,66
Estimativas
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Entre 0 - 9 711.249 675.542 1.386.791 630.027 600.700 1.230.727
Entre 10 - 19 816.441 792.315 1.608.756 699.805 673.512 1.373.318
Entre 20 - 29 766.258 778.804 1.545.062 761.493 765.539 1.527.032
Entre 30 - 39 769.153 806.791 1.575.944 729.133 764.527 1.493.660
Entre 40 - 49 638.870 691.948 1.330.818 736.603 793.463 1.530.066
Entre 50 - 59 467.306 542.146 1.009.452 598.677 668.456 1.267.133
Entre 60 - 69 292.414 366.723 659.137 413.613 499.572 913.185
Entre 70 - 79 146.690 213.278 359.968 219.448 303.384 522.832
Entre 80 - 89 50.183 89.751 139.934 76.857 133.489 210.346
90 anos ou mais 7.720 27.022 34.742 13.147 31.350 44.496
Total 4.666.284 4.984.320 9.650.604 4.878.804 5.233.991 10.112.795
Total % Total %
2.995.547 31,04 2.604.045 25,75
5.461.276 56,59 5.817.891 57,53
1.193.781 12,37 1.690.859 16,72
2000
(% )
2010
(% )
2020
(% )
2030
(% )43,69 42,66 41,63 42,76
56,31 57,34 58,37 57,24
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 2000 e 2010 e Projeção da População do Brasil e das Unidades da Federação.
Participação por faixa etária
Entre 0 e 19 anos - Crianças e adolescentes
Entre 20 e 59 anos - Adultos
A partir de 60 anos - Idosos
Participação idosos por sexo (em % )
Homens
Mulheres
Ano 2020 Ano 2030
Faixa etáriaPopulação População
Ano 2020 Ano 2030
Ano 2000 Ano 2010
Entre 0 e 19 anos - Crianças e adolescentes
Entre 20 e 59 anos - Adultos
A partir de 60 anos - Idosos
Participação por faixa etária
Ano 2000 Ano 2010
Faixa etáriaPopulação População
81
ANEXO D - Crescimento populacional no Recife
* O IBGE não disponibiliza previsão de crescimento populacional para o Recife nos anos de 2020 e 2030.
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Entre 0 - 9 122.000 117.461 239.461 102.699 99.124 201.823
Entre 10 - 19 138.387 139.921 278.308 123.502 122.171 245.673
Entre 20 - 29 126.149 139.131 265.280 134.497 146.549 281.046
Entre 30 - 39 103.395 121.940 225.335 115.372 134.615 249.987
Entre 40 - 49 75.861 95.218 171.079 97.822 118.785 216.607
Entre 50 - 59 46.421 63.489 109.910 69.247 91.597 160.844
Entre 60 - 69 28.159 44.439 72.598 38.715 58.785 97.500
Entre 70 - 79 15.892 27.576 43.468 19.354 35.917 55.271
Entre 80 - 89 4.751 9.965 14.716 7.521 16.894 24.415
90 anos ou mais 675 2.075 2.750 1.090 3.448 4.538
Total 661.690 761.215 1.422.905 709.819 827.885 1.537.704
Total % Total %
517.769 36,39 447.496 29,10
771.604 54,23 908.484 59,08
133.532 9,38 181.724 11,82
2000
(% )
2010
(% )37,05 36,69
62,95 63,31
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 2000 e 2010.
Participação idosos por sexo (em % )
Homens
Mulheres
A partir de 60 anos - Idosos
Ano 2000 Ano 2010
Participação por faixa etária
Entre 0 e 19 anos - Crianças e adolescentes
Entre 20 e 59 anos - Adultos
Ano 2000 Ano 2010
Faixa etáriaPopulação População
82
ANEXO E - Indicadores de Renda
Países com maior Índice de Desenvolvimento Humano - IDH ¹ Ano 2016
Ranking Países IDH
1º Noruega 0,949
2º Austrália 0,939
2º Suíça 0,939
4º Alemanha 0,926
5º Dinamarca 0,925
5º Singapura 0,925
7º Holanda 0,924
8º Irlanda 0,923
9º Islândia 0,921
10º Canadá 0,920
10º Estados Unidos 0,920
79º Brasil 0,754
Fonte: UNITED NATIONS, Human Development Report 2016.
¹ O índice varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a um (desenvolvimento humano total).
Países com maior Renda per capita Ano 2016
Ranking Países Renda Per Capita
anual em US$
1º Luxemburgo 111.000,96
2º Noruega 89.818,32
3º Ilha do Homem 80.211,80
4º Suíça 75.725,65
5º Irlanda 66.787,14
6º Catar 66.415,30
7º Dinamarca 60.268,23
8º Suécia 56.319,05
9º Austrália 55.670,90
10º Cingapura 52.600,60
11º Estados Unidos 52.194,90
67º Brasil 10.826,30
Fonte: UNITED NATIONS, Human Development Report 2016.
83
ANEXO F - Dados socioeconômicos
Resultados questionário aplicado
Indicador Percentual
Faixa etária
60 a 70 anos 67,91%
mais de 70 a 80 anos 28,36%
mais de 80 anos 3,73%
Gênero
Masculino 50,50%
Feminino 49,50%
Estado civil
Casado/união estável 70,65%
Viúvo 14,43%
Divorciado/separado 9,95%
Solteiro 4,98%
Grau de instrução
Curso superior 51,49%
Ensino médio 23,38%
Pós Graduação/Mestrado/Doutorado 14,93%
Ensino fundamental 5,22%
Curso técnico 4,98%
Faixa de renda
Menos de R$ 4.686,00 a R$ 7.496 39,30%
Menos de R$ 7.497,00 a R$ 10.307 31,59%
Mais de R$ 10.307 15,67%
Menos de R$ 4.685,00 13,43%
Fonte: Elaboração própria, 2017.
84
ANEXO G - Dados relativos à formação de domicilio unipessoal
Resultados questionário aplicado (continua)
Indicador Percentual
Quantidade de pessoas na residência
Mora só com o(a) companheiro(a) 70,65%
Mora só 29,35%
Idade do companheiro(a)
60 a 65 anos 28,47%
mais de 65 a 70 anos 28,13%
menos de 60 anos 18,40%
mais de 70 a 75 anos 13,54%
mais de 75 a 80 anos 7,29%
mais de 80 anos 3,47%
NS/NR 0,69%
Nº de anos morando em Recife
mais de 50 a 70 anos 47,76%
mais de 30 a 50 anos 26,12%
até 30 anos 14,43%
mais de 70 anos 11,69%
Quantidade de filhos vivos
dois 31,09%
três 27,36%
um 19,65%
quatro 8,96%
Nenhum 8,21%
cinco filhos ou mais 4,73%
Se filhos moram em Recife
Sim 87,35%
Não 12,47%
Nº de anos morando sozinho(a) ou só com o companheiro(a)
Mais de 5 a 10 anos 28,11%
Mais de 20 anos 26,87%
Até 5 anos 18,16%
Mais de 15 a 20 anos 13,68%
Mais de 10 a 15 anos 10,95%
NS/NR 2,24%
Principais características para se morar sozinho
Boa condição de saúde 44,28%
Independência financeira 23,38%
Confiança em Deus/Fé 16,17%
Coragem 3,48%
Responsabilidade 3,48%
Vontade 3,23%
Alegria/Disposição 2,99%
Aceitação 1,74%
85
Resultados questionário aplicado (continuação)
Indicador Percentual
Caráter 0,50%
Bom gênio 0,50%
NS/NR 0,25%
Condição de saúde
Boa 45,52%
Ótima 34,08%
Regular 18,41%
Ruim 1,74%
Péssima 0,25%
Fontes de renda
Da sua aposentadoria 72,39%
Do seu trabalho 26,87%
De aluguéis, investimentos 21,64%
Da pensão/ajuda do(a) seu(sua) esposo(a) 17,66%
Da ajuda dos filhos 4,48%
De outras fontes 2,24%
Renda utilizada para ajudar parentes
Não 53,98%
Sim - até 25% da sua renda 25,12%
Ajuda esporadicamente 13,68%
Sim - mais de 25% a 50% da sua renda 7,21%
Pessoas com quem residia anteriormente
Filho (a)/enteados/netos 49,25%
Cônjuges 24,38%
Outra situação 13,18%
Pais 12,44%
Amigos 0,75%
Principais razões para morar sozinho
Filho(os) saiu (saíram) de casa 67,41%
Morte ou separação/divórcio do cônjuge 21,89%
Sempre residiu sozinho(s)(as) 10,70%
Gosta liberdade, privacidade e autonomia 3,98%
Para evitar conflitos incomodar familiares 2,24%
Fonte: Elaboração própria, 2017.
86
ANEXO H - Dados de consumo e lazer
Indicador Percentual
Atividades que idosos costumam fazer com mais frequência
Caminhar na praia/parque 76,12%
Assistir televisão 36,32%
Viajar 31,34%
Ir na academia 18,16%
Acessar internet 17,91%
Frequentar restaurantes e bares 16,17%
Dançar ou ir a festas 15,42%
Ir ao supermercado 15,42%
Passear no shopping 14,18%
Ir ao cinema ou teatro 13,68%
Jogar baralho 3,98%
Plano de saúde
Sim 92,29%
Não 7,71%
Casa própria
Sim 95,77%
Não 4,23%
Poupança
Sim 66,42%
Não 31,84%
NS/NR 1,74%
Pessoa que ajuda nas tarefas diárias
Funcionário(a) 50,75%
Cônjuge 23,63%
Ninguém 20,15%
Filho/enteado(a)/neto(a) 5,58%
Local de compras de alimentos, roupas e remédios
Compra bairro onde mora/arredores 83,83%
Compra em outras localidades 12,94%
Outras pessoas fazem as compras 2,99%
Pelo telefone - delivery 0,25%
Frequência saída de casa para fazer ou resolver alguma coisa
Todos os dias 47,51%
3 vezes por semana 26,87%
1 vez por semana 15,92%
Quinzenalmente 8,21%
Mensalmente 1,49%
Opções moradia quando não for mais possível morar sozinho
Em casa com funcionário 41,79%
Na casa de filho/enteado/neto 32,59%
Em asilo/casa repouso 24,88%
NS/NR 0,75%
Fonte: Elaboração própria, 2017.
87
APÊNDICE A - Questionário aplicado
88