Movilizacao social e educacao democratica

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VII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: transformações e subversões na atualidade • 2013 MOBILIZAÇÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO DEMOCRÁTICA, DUAS FACES DA MESMA MOEDA Carlos Riádigos Mosquera ALDEIA GLOBAL? Vivemos momentos pouco especiais e bastante normais em alguns aspectos concretos. Um deles é a confrontação ideológica entre formas de entender a vida em sociedade, tão habitual durante séculos. O que, como em outros momentos da história, se nos quer fazer ver como uma "crise" do dinheiro e do sistema financeiro (como se este tivesse vida própria para além das pessoas que o gerenciam), não é mais que a ofensiva da casta econômica e política desse 1% da população para se fazer com, ainda, mais poder social do que já têm. O capitalismo radicaliza-se aos poucos, e alcança um poder que não para de crescer graças a liberdade dos mercados financeiros e ao enfraquecimento dos estados em sua função de proteção social, fraqueza que não é tal se falamos de legislar para a desregulamentação da atividade mercantil ou bancária, por exemplo. Essa luta não é mais, portanto, que a luta de formas de entender a sociedade e como esta deveria ser organizada. Em nossos dias, boa parte dessa questão ideológica faz referência a chamada "sociedade da informação" na qual três quartos do planeta não desfruta dessa informação, e que também é chamada "aldeia global". Quando nos referimos a este termo constantemente esquecemos que essa aldeia tem vizinhas/os de todo tipo de procedência e condição, e que olhar pelo bem da aldeia é olhar pela cada um/a de suas vizinhas/os na que deveria ser uma família global, mundial. Barreto (2010, pág. 3) argumenta assim: simplificações fundadas em pressupostos nem sempre explicitados. O principal deles é o de que o mundo tenha mudado em função de uma “revolução científico- tecnológica”, em cujo centro estariam as TIC. Nesta perspectiva determinista ( Wood, 2003), as TIC podem ser pensadas fora das relações que constituem o contexto da sua produção... Em outras palavras, o determinismo tecnológico hipertrofia as mudanças introduzidas pelas TIC nas práticas sociais. O dito anteriormente está unido às reflexões de Louis Althusser (1967). Sua obra foi de grande importância para argumentar como a ideologia está diretamente relacionada à elaboração teórica, o qual é uma premissa válida para qualquer momento histórico como é o atual. Portanto, todas as sociedades elaboram seus conhecimentos em base a umas diretrizes ideológicas habitualmente afins aos grupos hegemônicos dentro delas. Miriam Limoeiro (1978) aborda em seu

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As lutas pela redistribuição, o reconhecimento e a participação estão mais vivas que nunca como consequência da chamada “crise” econômica. Diferentes movimentos sociais nascem e lutam por defender e melhorar direitos tanto das minorias econômicas e culturais como daquela maioria de 99% da população que padece o poder de 1%. Esta mobilização está abrindo novos conceitos, espaços e vias de entendimento comunitário à hora de entender o mundo e os relacionamentos humanos. A educação pode aproveitar este acordar democrático para aprender e ensinar, para tomar parte em um processo que pode melhorar nossas experiências cívicas. Internet e as redes sociais jogam um papel tão inovador como decisivo nestas mudanças sociais, e nossos sistemas educativos não deveriam obviar estes dois elementos dos que têm muito que aprender e aos que têm muito que contribuir. Juntos poderiam fazer um trabalho ilusionante para imaginar sociedades mais humanas, justas, ecológicas e participativas.

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MOBILIZAÇÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO

DEMOCRÁTICA, DUAS FACES DA MESMA MOEDA

Carlos Riádigos Mosquera

ALDEIA GLOBAL?

Vivemos momentos pouco especiais e bastante normais em alguns aspectos concretos. Um

deles é a confrontação ideológica entre formas de entender a vida em sociedade, tão habitual

durante séculos. O que, como em outros momentos da história, se nos quer fazer ver como uma

"crise" do dinheiro e do sistema financeiro (como se este tivesse vida própria para além das pessoas

que o gerenciam), não é mais que a ofensiva da casta econômica e política desse 1% da população

para se fazer com, ainda, mais poder social do que já têm. O capitalismo radicaliza-se aos poucos, e

alcança um poder que não para de crescer graças a liberdade dos mercados financeiros e ao

enfraquecimento dos estados em sua função de proteção social, fraqueza que não é tal se falamos de

legislar para a desregulamentação da atividade mercantil ou bancária, por exemplo. Essa luta não é

mais, portanto, que a luta de formas de entender a sociedade e como esta deveria ser organizada.

Em nossos dias, boa parte dessa questão ideológica faz referência a chamada "sociedade da

informação" na qual três quartos do planeta não desfruta dessa informação, e que também é

chamada "aldeia global". Quando nos referimos a este termo constantemente esquecemos que essa

aldeia tem vizinhas/os de todo tipo de procedência e condição, e que olhar pelo bem da aldeia é

olhar pela cada um/a de suas vizinhas/os na que deveria ser uma família global, mundial. Barreto

(2010, pág. 3) argumenta assim:

… simplificações fundadas em pressupostos nem sempre explicitados. O principal

deles é o de que o mundo tenha mudado em função de uma “revolução científico-

tecnológica”, em cujo centro estariam as TIC. Nesta perspectiva determinista (Wood,

2003), as TIC podem ser pensadas fora das relações que constituem o contexto da sua

produção... Em outras palavras, o determinismo tecnológico hipertrofia as mudanças

introduzidas pelas TIC nas práticas sociais.

O dito anteriormente está unido às reflexões de Louis Althusser (1967). Sua obra foi de

grande importância para argumentar como a ideologia está diretamente relacionada à elaboração

teórica, o qual é uma premissa válida para qualquer momento histórico como é o atual. Portanto,

todas as sociedades elaboram seus conhecimentos em base a umas diretrizes ideológicas

habitualmente afins aos grupos hegemônicos dentro delas. Miriam Limoeiro (1978) aborda em seu

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trabalho de investigação como se articularam a ideologia e o desenvolvimento do Brasil durante as

décadas dos 50 e 60. Sustenta que as ideologias estão por trás de tudo, inclusive da economia:

Para que se possa fazer comparações teoricamente válidas para o encaminhamento de

conclusões é necessário, portanto, dispor da estrutura global da sociedade nos períodos

considerados. Para atingi-la é preciso, ainda apenas ao nível meramente ideológico: 1)

conhecer as partes diferentes do campo ideológico em diferentes períodos; 2) conhecer

o campo ideológico, com as várias correntes que o formam em um período

determinado...

Não há dúvida de que a informação ganhou muita importância nas sociedades atuais como

elemento chave das mesmas; numerosos estudos comparam-na com o dinheiro em relação a sua

enorme influência sobre a sociedade (Castells, 2005). Defende-se neles que sua posse ou carência

determina como será a vida de milhões de pessoas no mundo, mas também é verdadeiro que há

aspectos deste argumento que são importantes, não o é menos o fato de que, no sistema capitalista,

quem realmente articula a sociedade é o capital. Parece quase impossível imaginar a seres humanos

em nosso planeta com muito dinheiro ocupando posições sociais baixas, no entanto sim é possível

imaginar a outros, com muitos conhecimentos, ocupando posições sociais desfavorecidas.

Nunca antes na história a informação teve tanta relevância como mercadoria como na

atualidade. O chamado "primeiro mundo" alimenta-se deste combustível a cada vez mais para

mover a máquina capitalista. Armand Mattelart (2005) aborda em seu trabalho o conceito de

"sociedade da informação", fazendo uma análise de como esse tipo de ideia capitalista de sociedade,

que entende a informação como outra mercadoria mais, se contrapõe a outra, a "sociedade do

conhecimento", que acha que a informação é conhecimento, isto é, que todos os seres humanos

devem ser beneficiados por ele em todos os âmbitos de sua vida, fugindo do determinismo

econômico. Defende que o conhecimento está controlado e que os grandes sonhos por conformar

grandes redes mundiais de saberes têm que enfrentar sombras que provêm de interesses privados e

do controle da população por parte de governos, corporações, etc. Por tanto, a ideia de que a

tecnologia é capaz por si sola de resolver muitos dos males de nosso mundo é criticada (pág. 4):

Mas a distância permanece enorme entre as capacidades virtuais da ferramenta técnica

e a exequibilidade geopolítico-econômica de sua mobilização, a serviço da luta contra

as desigualdades sociais. Os confrontos pelo controle das utilizações macro dos

dispositivos comunicacionais, a hegemonia sobre as normas e os sistemas são

recorrentes na genealogia dos modos de implantação social das tecnologias de

comunicação à distância.

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Essa forma de entender a informação como mercadoria e não como o elemento fundamental

para melhorar o conhecimento provoca injustiças, sendo a chamada "brecha digital" uma das mais

evidentes, a que se produz quando as pessoas mais desfavorecidas a nível social ficam "fora" de

todo aquilo que está unido a internet e as novas tecnologias, bem por carecer de recursos para ter os

meios, ou bem por falta de alfabetização digital. Barreto e Leher argumentam da seguinte forma

(2008, pág. 428):

A suposta revolução é funcional à articulação dos discursos da “sociedade da

informação” e da “globalização” em três sentidos: a) permite uma abordagem

“técnico-científica” das desigualdades econômicas entre os países, reduzindo-as a uma

lacuna ou divisor digital; b) legitima intervenções para “dar assistência aos países que

aspiram a superar a lacuna que os separa dos cientificamente avançados” (World

Bank, 2002, p. 25); e c) sustenta o rearranjo geoeconômico do planeta, já que “o

espelhamento do potencial de mutação informacional no modelo econômico da

globalização selvagem converte as separações em apartheid”.

Por outro lado, nessa "sociedade da informação", internet e as redes sociais estão-se

convertendo em meios de difusão de informação com finalidades que vão para além de seu uso

mercantil, com crescentes possibilidades de coordenação e dinamização social. Os movimentos

sociais que explodiram nos últimos anos, em especial em 2011, entre os que estão a Primavera

Árabe, o 15M-Indignados em Espanha, Occupy Wall Street nos Estados Unidos, ou o 132

mexicano, são algumas provas disto. Mas novamente essa "brecha digital" dificulta a inclusão de

muitos coletivos sociais desfavorecidos nestas mobilizações, mostrando as desigualdades sócio-

econômicas no planeta, que decidem quem tem ou não informação, quem pode conhecer. A

carência de inclusão digital global bem como de "alfabetização digital" são mais mostras da falta de

justiça informacional e social. Torres Santomé (2010, pág. 21) argumenta assim:

Uma sociedade justa e democrática deve garantir que todos os países e as pessoas que

os habitam disponham de recursos para aceder à informação verdadeiramente valiosa,

relevante e significativa; e, ao mesmo tempo, que assegurassem uns sistemas

educativos e redes institucionalizadas para a difusão e divulgação do conhecimento de

boa qualidade; uma educação que facilite que cada cidadã e cidadão possa aceder,

compreender, utilizar e avaliar criticamente qualquer informação.

Assim, as tecnologias podem ser médios, por exemplo, para homogeneizar e impor a

cosmovisão dos grupos hegemônicos e do sistema capitalista, com valores como a competitividade,

dependência ou o individualismo, ou pelo contrário podem também prestar serviço a finalidades

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contra-hegemônicas para a emancipação, a cooperação e participação direta imaginando outros

tipos de realidades para além das conhecidas.

TECENDO REDES

As mudanças ocasionadas em internet a começos do século XXI foram vertiginosas. A

chamada Web 2.0 melhorou as possibilidades digitais de aproveitamento do médio,

fundamentalmente no que se refere à participação das pessoas usuárias. Alguns aspectos relevantes

destas melhorias com respeito a sua antecessora, a 1.0, são as seguintes (O'Reilly, 2005):

a) A navegação realiza-se agora em páginas de formato heterogêneo, dinâmico e de conteúdos

abertos, face à navegação homogênea, fechada e estática da 1.0.

b) A publicação de conteúdos, e em especial de som, vídeo e fotografia é agora interativa e

baseada fundamentalmente nas contribuições das pessoas usuárias, e não dependem, como o

fazia antes, da publicação por parte de administradoras/es da página.

c) Igualmente, a baixada de conteúdos esta baseada na colaboração entre pares, "de igual a

igual" ou peer to peer (P2P), e não depende só de servidores que as proporcionem.

d) A organização dos sites está baseada agora no "etiquetado" ou gostos das pessoas usuárias,

enquanto na Web 1.0 dependia dos diretórios criados pela pessoa administradora.

e) A importância das redes sociais na nossa atual web é definitiva, e já não só a nível digital; as

redes incidem diretamente no social. Esta relevância era antes limitada.

Além dos problemas apontados na primeira parte em relação à concepção puramente

capitalista da informação, internet, as tecnologias e a informação, todas elas podem também jogar

papéis do mais interessante para tentar fazer deste mundo um lugar mais justo sempre que sua

utilização seja desde todas/os, para todas/os, e com todos os seres humanos, e não o capital, como

finalidades primordiais. Uma das lindas possibilidades que nos podem oferecer a nível democrático

é a de poder aceder a muito conhecimento alojado na rede e criado especificamente por

comunidades cuja finalidade é compartilhar diferentes saberes. A cidadania autoorganizada pode

exercer de quinto poder (Ramonet, 2003) para enfraquecer os excessos dos outros quatro, com uma

utilização destas ferramentas como se está fazendo nos últimos anos, protagonistas em diferentes

revoluções sociais.

A possibilidade de estar conectadas/os com uma quantidade importantísima de pessoas, a

maioria delas afastadas espacialmente (e inclusive temporariamente, através da comunicação

diferida) tem a potencialidade de multiplicar nossas possibilidades de aprender e interaccionar

fazendo um uso responsável das mesmas. Podem ajudar-nos significativamente no atual contexto

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sócio-tecnológico para facilitar o acesso a conhecimentos para pessoas que, por outras vias, não

poderiam ter. Áreas de conhecimento tradicionalmente "vetadas" para as pessoas “leigas” tais como

a física, química, tecnologia, informática ou medicina entre outras, são agora mais abertas graças às

comunidades em rede que compartilham os mesmos com a ajuda tecnológica de internet. Por

suposto, essas mesmas ferramentas podem ser utilizadas também para estratificar e hierarquizar

mais o conhecimento e às pessoas, mas um uso democrático das mesmas pode facilitar uma

aproximação entre pessoas "expertas" e "leigas", um passo interessante para a inclusão social de

conhecimentos e comunidades (Santos, 2010).

O rápido crescimento das redes sociais em pouco mais de 15 anos é um dos acontecimentos

mais destacados na história das novas tecnologias. Merece toda nossa atenção, entre outras coisas,

pela enorme capacidade de influir nos hábitos diários de milhões de seres humanos em períodos de

tempo curtos. Nasceram na década dos 90 com a intenção de ligar a pequenas comunidades de

pessoas com algo em comum. Assim é como surgiu a rede social que hoje em dia tem maior

número de usuárias/os, Facebook. Mas são muitas as ferramentas sociais na Web 2.0 apesar de que

o nome de "redes" atribua-se-lhes só a umas poucas. Assim, além de redes populares como

Facebook, Twitter ou MySpace, outras muitas também têm detrás a comunidades inteiras de

usuárias/os interagindo, como os foros de discussão ou os wikis, páginas editáveis nas que é

possível modificar seus conteúdos para elaborar, alargar ou melhorar o conhecimento, com

Wikipédia como a grande referência, tendo-se convertido na maior enciclopédia do mundo. Os

blogs são outra dessas ferramentas; conquanto não são tão interativos como outras, sim é verdade

que em conjunto formam uma rede de conhecimentos muito interessante, dando inclusive suporte a

uma nova forma de entender o jornalismo do séc. XXI.

Mas algumas dessas redes sociais têm problemas associados que são críticas habituais às

mesmas. Algumas delas têm o lucro capitalista como finalidade principal, o que como sempre,

costuma ir unido ao tamanho que atingem, e Facebook é o melhor exemplo disso. Sua saída a bolsa

e sua orientação fundamental para a consecução de capital mediante ferramentas como a

publicidade não explícita e indireta com utilização de informação privada mostram parte de sua

natureza. Isto contrasta com outra tendência já comentada como os wikis por exemplo, relacionadas

com o software livre, Copyleft e Creative Commons, com a busca do bem cultural e social acima do

capital, na linha da consecução de "conhecimento" e não só de "informação" (Matterlart, 2005). Por

outro lado a falta de privacidade e apropriação de dados pessoais; os problemas éticos e legais

sobre a informação alojada na rede é uma questão de enorme importância. Os crescentes alertas

pela facilidade com a que se compartilha em internet informação muito privada, se unem as práticas

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de algumas redes sociais, que podem estar sendo protagonistas de atuações de duvidosa legalidade.

Por exemplo, o Facebook mudou em 2009 sua política de privacidade anunciando que passava a ser

proprietária dos dados das pessoas usuárias, independentemente de que se descadastrassem no

serviço, o que viola leis de muitos países sobre a proteção de dados. Uma posterior sentença, além

dos protestos de milhares de usuárias, provocou a retificação da popular rede.

As conexões entre pessoas e grupos através de internet estão dando lugar a essas redes

sociais com uma presença cada vez maior e mais decisiva na sociedade. Essas pessoas que fazem

parte das mesmas atuam ao mesmo tempo como nodo e lançadores das próprias redes, em primeiro

lugar interligando, e em segundo expandindo a rede em busca a mais nodos. É por esta capacidade

de crescimento viral que são centro de atenção desde todo tipo de posições ideológicas e por

interesses do mais variado. É aqui onde os movimentos sociais se fundem e interaccionan com

internet e as redes que nele se criam. Assim, as redes virtuais acabam assimilando formas e

comportamentos tradicionais do social, e o social também acaba bebendo da forma de organização

digital. Escobar (2004) faz uma análise das características do que ele denomina "malhas", as formas

que adotam os novos movimentos sociais atuais. Assinala três elementos que distinguem a uma

malha como processo gerador de estruturas (pág. 645): - convergência de um conjunto de elementos

heterogêneos mas que se complementam (nas redes sociais há pessoas do mais variado mas que

interagem com finalidades diversas), - elementos catalisadores que facilitam as relações (interesses

comuns, amor, afinidades...), - um padrão estável de comportamento, gerado endogenamente mas

que é resultado das heterogeneidades (tais como normas de comportamento na rede ou sua própria

linguagem).

Esses frutos do trabalho conjunto e a coordenação social com a ajuda de internet podem ser

vistos em nossos dias. Nos protestos do ano 2008 na Islândia pôde ser comprovado o poder que a

população pode ter para buscar um futuro melhor. Os protestos contra o gerenciamento do governo

do momento em frente à crise financeira do país começaram nesse ano e culminaram em 2009, após

a mobilização social (com a ajuda fundamental da coordenação por internet) depois de numerosas

manifestações rodeando o parlamento, e a posterior queda do governo, seguida da instauração de

uma nova Constituição a fazer por 25 pessoas não "profissionais" da política, com ampla

participação cidadã através de referendos, foros e assembleias, sempre com a ajuda das redes. Este

tipo de relacionamentos entre o "sócio-virtual" e o "sócio-real" reproduziu-se nos anos seguintes

através de movimentos sociais já apontados, como a Primavera Árabe, o Movimento dos

Indignados (15M), Occupy Wall Street ou o 132 mexicano entre outros.

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Desde a perspectiva da complexidade, Escobar (2004) elabora uma série de caraterísticas

dos Movimentos Antiglobalização, muito unidos como foi apontado anteriormente às redes sociais

e com forte presença em nossas sociedades nos últimos (pág. 650): - Sua malha é não hierárquica, é

auto-organizada e maleável. - Têm um duplo desafio: defesa do local para sua expressão e contra a

deslocalização, e a reestruturação dos mundos locais pela cultura global. - O caráter político da

malha apoia boa parte de seu peso nas interseções das identidades diversas conformantes. - Os

resultados das práticas das malhas podem ser enquadrados como a criação de configurações

alternativas de cultura, economia, natureza e identidade, que não se subordinam aos princípios

organizativos neoliberais e modernos.

Os movimentos antiglobalização, de ocupação e os gerados nas acampadas do mundo, têm

pretensões inclusivas e apartidárias, isto é, que diferentes pessoas e pensamentos têm cabida neles

sempre que seja respeitado o espaço público sem pretensões privadas e dentro dos enquadramentos

puramente democráticos sobretudo na participação, ou seja, tentar conquistar a democracia por

múltiplas e variados caminhos sem impor o eleito de forma particular na vida da cada pessoa ou

grupo. Esse caminho comum é aquele no que o 99% das pessoas têm possibilidade de convergir, as

mesmas que se têm que conformar com o 60% dos recursos mundiais porque o 1% controla o 40%

restante (Stiglitz, 2011). Esse caminho comum tem muitas vias, entre as quais está a luta contra a

corrupção, contra a destruição da natureza, contra o abuso de poder e a concentração do mesmo em

mãos do capital, contra a distribuição injusta dos bens ou contra as discriminações que, governos,

corporações, banca e instituições financeiras reforçam dia a dia.

Uma das caraterísticas que mais definem a este tipo de movimentos é a forma na que se

organizam, que é também a que propõem para o conjunto da sociedade, baseada fundamentalmente

no método assembleário e na democracia direta. Fundamenta-se em reuniões abertas nas que todas

as pessoas interessadas ou afetadas por um assunto debatem, compartilham e trocam posturas e

opiniões, para se informar ou decidir sobre o mesmo de maneira direta e sem representação. É o

maior órgão de poder e as decisões são tomadas sempre que seja possível por consenso, conquanto

debates específicos podem ser levados a cabo previamente em grupos de trabalho ou comissões

especializadas em temas, os quais transladarão suas propostas à assembleia geral para que sejam

debatidas e/ou aprovadas. A representação fica relegada a um segundo plano, servindo só para levar

a voz da assembleia a contextos que precisem deste procedimento, mas tendo em conta que essa

representação estará sempre subordinada aos ditados da assembleia e por tanto de todas as pessoas.

Portanto, outro elemento definitório deste sistema é a radical horizontalidade do mesmo, pelo que

todas as pessoas são depositarias de todo o poder.

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Este tipo de movimentos e as práticas nas que se apoiam estão tendo na tecnologia um

aliado importante. Através dela se estão abrindo diferentes vias de participação cidadã; além de que

muitas pessoas associadas a movimentos sociais se auto-organizam através de suas próprias páginas

web, foros, grupos em Facebook, Twitter... para trocar e debater, são crescentes as reclamações para

exercitar a participação direta no político-social com propostas como a criação de um parlamento

virtual ou a participação através de referendos cidadãos com a rede como aliada. Vemos novamente

como internet também pode ser empregue como espaço para o aproveitamento de outras formas de

entender a vida, a sociedade e a política, através de propostas contra-hegemônicas e a participação

real da cidadania em todos os assuntos sociais. Esta forma de entender a sociedade exige que o

privado não possa influir naquilo que é de todas/os, o que é público. Com esta forma de

horizontalidade quer ser evitado, entre outras coisas, que a direção real da sociedade esteja por trás

das figuras políticas através do capital, e que as decisões mais cruciais as estão tomando pessoas

que ninguém elegeu em processos democráticos.

TRÊS CAMINHOS QUE PODEM LEVAR A MESMA META

A educação formal, tradicionalmente fiel ao longo da história no papel de preparar mão de

obra qualificada (Marí Sáez, 2002) através da assunção de sistemas industriais tais como o

fordismo, foi a principal depositária da responsabilidade da formação cultural fundamental de todas

as gerações até a data. A estrutura de funcionamento era (e em muitos casos ainda é) muito similar à

das fábricas fordistas, piramidal (direção, professorado e alunado), rígida e estruturada, afastada em

muitos casos dos próprios discursos que nela se manejam. O perigo de focar a educação para a

prestação das pessoas como força de trabalho futura, e não para a consecução de fins mais

holísticos, é um assunto que precisa ser trabalhado em um contexto que pretenda ser realmente

democrático. Mas estamos em um contexto no que novamente é o mercado, através do manejo da

informação como mercadoria estrela na atualidade, o que exige do sistema educativo

trabalhadoras/es com imaginação, competitivas/os e que saibam resolver situações cambiantes em

pouco tempo (Torres Santomé, 2001). Precisa desta mão de obra que seja dinâmica, e tenha certa

dose de independência e criatividade em seu trabalho para se adaptar às novas necessidades dos

sistemas de produção. Um bom exemplo disto é o modelo Toyotista, para o que as caraterísticas

pessoais antes mencionadas são chave para seu adequado funcionamento. O que não muda é a

primacia do capital sobre as pessoas, ou seja, que é o sistema educativo o que se tem que adaptar às

exigências produtivistas e não ao revés.

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Barreto (2010) argumenta em sua análise que a utilização que se está fazendo das TIC na

educação superior brasileira com sua orientação para o capital, e em concreto com o que aborda a

Educação a Distância, estão provocando algumas consequências como o gerencialismo, o

isolamento do professorado ou a educação por competências, em reformas focadas para o

debilitamento do público mediante medidas de "poupança". A palavra "competências" é um

exemplo do que está significando a linguagem como estratégia deste último giro neoliberal para a

educação e as TIC. Mas ao mesmo tempo, como ferramentas que são e tal e como se defende neste

trabalho, também podem ser possibilidades boníssimas para desenvolver no alunado caraterísticas

como a imaginação, a autonomia, a cooperação, a participação, a interactividade, a capacidade

criativa, crítica, etc.

Mas se há um aspecto na que a internet e as redes nos têm que ajudar em educação é em

suas possibilidades de criar comunidades novas e potenciar as já existentes no aula ou escola. Face

às ofensivas neoliberais de educar para a competição ou o individualismo, outro tipo de focagem

educativo tem que se fazer forte. Partindo de algumas ideias de Paulo Freire (1995) e de Torres

Santomé (2001), há uma série de elementos fortes à hora de entender a potência de educar em

comunidade e de trabalhar em rede, que são defendidas neste artigo. Segundo esta forma de

entender a educação:

Todas as pessoas que fazem parte do sistema educativo trabalham horizontalmente,

aprendendo e ensinando permanentemente e em função de suas possibilidades, com

independência de sua posição dentro da comunidade escolar.

As interações e a produção de conhecimentos mudam sua forma de funcionamento desde

uma perspetiva linear a outra com natureza de rede.

A educação é entendida de forma holística e não separada em grupos, categorias ou

sistemas, para uma melhor compressão do ser humano e para a busca da justiça

epistemológica.

Todos os agentes educativos, sem exclusões, são objeto e produtores da mudança educativa

e social.

A educação pertence à sociedade e está incluída nela, de forma que se influem mutuamente;

ademais, no termo sociedade devem estar recolhidos todos os grupos e instituições com

independência de sua posição na pirâmide de poder.

Para atingir esta forma de entender a comunidade educativa é necessário facilitar a

aprendizagem de habilidades fundamentais em um momento de muitíssima informação e de não

tanto conhecimento, tais como a análise crítica do discurso e da informação, a cooperação, a

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interactividade ou a comunicação. As novas tecnologias, de não ir acompanhadas de elementos

como esses, podem chegar a ser inclusive prejudiciais na luta pela democratização social e

educativa.

Carlos Castaño (2008), destaca várias ideias do que podem contribuir as redes sociais à

educação. Entre elas estão:

O aproveitamento do poder da comunidade (valores democráticos).

O aproveitamento da arquitetura de participação da Web 2.0 (facilidade e riqueza na

participação).

O uso de ferramentas singelas, sem necessidade de conhecimentos muito técnicos (potencial

inclusivo).

Existência de comunidades de aprendizagem em relação a um tema (cooperação temática).

O efeito em rede (cooperação entre iguais).

Na mesma linha, Toni Sellas (2008) também assinala vários pontos a ter em conta sobre a

possível contribuição das redes sociais à educação desde paradigmas democráticos:

Pode ser obtido informação sobre muitos e diversos campos.

Existe a possibilidade de aprender e ensinar a pessoas muito afastadas temporária ou

geograficamente.

Podem contribuir na construção de conhecimento aberto, livre e gratuito com a

democratização do mesmo como fim.

Oferecem facilidades didáticas através de tutoriais em rede e empregando diferentes meios

disponíveis (texto, áudio e vídeo).

Oferecem a possibilidade de construir o conhecimento de maneira comunitária; podem

facilitar o trabalho cooperativo, em grupos e de investigação.

Podemos resumir assim quatro aspectos nos que a concepção democrática das redes pode

ajudar em educação: - A nível didático: podem facilitar a aprendizagem para pessoas sem

experiência nos diferentes campos de conhecimento pelo apoio da comunidade, bem como dos

diferentes tutoriais alojados na mesma, empregando para isso os meios disponíveis (texto, áudio e

vídeo). - A nível ético: aposta-se pelo conhecimento livre e gratuito para ajudar na democratização

do acesso e uso da informação. - A nível interativo: constrói-se o conhecimento de forma

comunitária; potencial como ferramenta para o trabalho cooperativo, em grupos e de investigação. -

A nível organizacional: possibilidades espaçotemporais à hora de interagir com o conhecimento e

com mais pessoas.

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Fazer deste mundo um lugar mais justo e democrático deve ser uma pretensão básica da

educação entendida como um bem comunitário e para todas as pessoas. É aí onde educação e

movimentos sociais devem se dar a mão e caminhar juntos nesta difícil tarefa, com as novas

tecnologias e as redes sociais como ferramentas que podem ajudar neste cometido. Todos os

movimentos sociais contemporâneos abordam de uma forma ou outra o assunto da educação como

esse elemento imprescindível sem o qual a mudança social não poderá ser produzida. Esta deveria

ser para isso um espaço crítico e de resistência ante comportamentos reproduzidos na sociedade e

que vão na direção oposta da justiça social. Não há possibilidade de conhecer as injustiças sem

educação e informação. Não há possibilidade de se sensibilizar ante elas se não se conhecem. E por

último, a sensibilização ante elas será bem mais afetiva e profunda se conhecemos e

compartilhamos em comunidade. É aí onde os movimentos, através das redes sociais, exercem e

exercerão um peso decisivo à hora de tentar melhorar o mundo. Um exemplo claro disto é a

"economia verde"; se não possuímos uma educação e informação satisfatórias sobre os efeitos de

determinadas práticas sobre o planeta, de qual pode ser o papel da cidadania para seu defesa ou de

como funciona o mundo dos negócios nos níveis das corporações, é difícil ver o que se esconde por

trás de algumas práticas em aparência beneficiosas para todas as pessoas e o planeta. Os

movimentos sociais jogaram um papel importantísimo à hora de desvelar práticas como esta, e a

educação não pode ficar à margem de assuntos tão transcendentais.

As formas de interação política utilizadas nos movimentos sociais dos que falamos são,

além de formas de funcionamento interno, propostas para uma alternativa social aos atuais modelos

políticos que estão criando crescente insatisfação por todo mundo. Os numerosos protestos ante

fraudes eleitorais, promessas políticas incumpridas ou a baixa participação nas eleições são só

alguns exemplos deste desencanto. Assim, são crescentes as propostas políticas alternativas, e em

concreto em educação os modelos pedagógicos críticos estão adotando a cada vez mais estas outras

formas de organização pedagógico-política em suas práticas, nas quais o método assembleário ou a

participação direta vão cobrando maior importância. A capacidade de participação pode ser

reforçada e melhorada com a utilização das novas tecnologias, e em concreto das redes sociais.

Esses espaços virtuais podem ser aproveitados para que todas as pessoas tenham mais

possibilidades de se expressar, interagir e garantir sua participação e/ou opinião.

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VII Seminário Internacional – As Redes Educativas e as Tecnologias: transformações e subversões na atualidade • 2013

CONCLUINDO

Este trabalho defende que a postura que assume a possibilidade de melhorar a sociedade e a

educação colocando como ator principal às "máquinas" é equivocada. Seguimos sendo as pessoas,

mais que nunca, as encarregadas de nos ajudar delas para democratizar o conhecimento, embora é

verdade que temos aliados muito interessantes neste cometido, por exemplo as redes sociais. Junto

das novas tecnologias, podem servir à educação e à sociedade para tender pontes entre nodos de

saber, em um trabalho com um enorme potencial colaborativo. Novas formas de nos relacionar e

conhecer estão nascendo nas diferentes sociedades com o trabalho comunitário e a rede como eixos

básicos, em um processo de democratização real da informação.

O avanço produzido em internet e as novas tecnologias nas últimas duas décadas foi muito

veloz, e o aparecimento das redes sociais pode continuar e potenciar problemas sociais e educativos

já estabelecidos, ou pelo contrário podem contribuir na coordenação e o trabalho conjunto dos seres

humanos para os solucionar. Esta ambivalência deve ser uma questão a estudar e refletir em

educação, a qual é fundamental para saber como interpretaremos a evolução futura das mesmas e as

diferentes direções a tomar.

Fica ademais assinalado que a existência de ferramentas informáticas para a interactividade

e a experiência de aula não é sinônimo de bom uso das mesmas. Como nova linguagem que é, deve

ir acompanhado de ferramentas pedagógicas adequadas e de trabalho de qualidade para gerar altas

metas sócio-educativas relacionadas com a democracia e a justiça social.

Por último, os movimentos sociais estão trazendo novas formas de nos relacionar entre nós e

com o planeta, novos horizontes de justiça que devem ser aproveitados pela educação; para isso,

temos umas aliadas muito interessantes, as redes sociais.

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Atualizada em Outubro de 2003, acesso em 29 de Outubro de 2012. Disponível em: http://monde-

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http://www.vanityfair.com/society/features/2011/05/top-one-percent-201105 [Consulta: Julio de 2012].

RESUMO

As lutas pela redistribuição, o reconhecimento e a participação estão mais vivas que nunca como

consequência da chamada “crise” econômica. Diferentes movimentos sociais nascem e lutam por defender e

melhorar direitos tanto das minorias econômicas e culturais como daquela maioria de 99% da população que

padece o poder de 1%. Esta mobilização está abrindo novos conceitos, espaços e vias de entendimento

comunitário à hora de entender o mundo e os relacionamentos humanos. A educação pode aproveitar este

acordar democrático para aprender e ensinar, para tomar parte em um processo que pode melhorar nossas

experiências cívicas. Internet e as redes sociais jogam um papel tão inovador como decisivo nestas mudanças

sociais, e nossos sistemas educativos não deveriam obviar estes dois elementos dos que têm muito que

aprender e aos que têm muito que contribuir. Juntos poderiam fazer um trabalho ilusionante para imaginar

sociedades mais humanas, justas, ecológicas e participativas. Este trabalho pretende mostrar o potencial

transformador dos movimentos sociais, a educação e internet e as redes sociais à hora de trabalhar

conjuntamente. Através da análise teórica se refletirá sobre essa potencialidade, exemplificando através de

algumas práticas contemporâneas. A interação dos três, além de ser desejável, é uma consequência natural

que já se está produzindo em nossas sociedades com resultados esperançosos.

Palavras-chave: Movimentos Sociais. Educação. Democracia. Redes Sociais.