fatores de risco para mucosite bucal em pacientes com leucemia ...
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MucositeDavid Queiroz Borges MunizR3 Cancerologia ClínicaMarço 2012
Definições
Lesões inflamatórias e/ou ulceradas da cavidade oral e/ou trato gastrointestinal
Doenças infecciosas, imunodeficiência e medicões são fatores causais
Uma das principais causas de mucosite é a terapia em alta dose para o câncer
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Garfunkel AA. Oral mucositis – The search for a solution. The New England Journal of Medicine 351: 2649-51, 2004
Fisiopatologia
As células em rápida divisão celular do trato gastrointestinal são particularmente vulneráveis a agentes citotóxicos
Toxicidade pela radiação resulta em disfunção crônica: má absorção e dismotilidade
Alterações histológicas incluem atrofia de mucosa, fibrose da parede intestinal e esclerose vascular.
Complicações como obstrução intestinal, perfuração de alça e formação de fístula podem ocorrer
Rubenstein EB et al. Clinical practice guidelines for the prevention and treatment of cancer therapy-induced oral and gastrointestinal mucositis. Cancer 100: 2026-2046, 2004
Fisiopatologia
Garden AS, Chambers MS. Head and neck radiation and mucositis. Current Opinion in supportive and palliative care 1:30-34, 2007
ClassificaçãoNCI Common Terminology Criteria for Adverse Events
Grau 1 Assintomático ou sintomas leves
Grau 2 Dor moderada, não interferindo com ingestão oral; modificação dietética indicada
Grau 3 Dor intensa; interferindo com ingestão oral
Grau 4 Ameaça à vida
Grau 5 morte
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Classificação
Classificação da OMS para mucosite oral
Grau 0 Ausência de mucosite oral
Grau 1 Eritema e dor: tolera sólidos
Grau 2 Úlceras: tolera sólidos
Grau 3 Úlceras: dieta líquida
Grau 4 Úlceras: não tolera dieta
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Epidemiologia
A incidência varia de acordo com esquema de quimioterapia e modalidade de tratamento
Dor e morbidade aumentam custos de cuidados suportivos, hospitalização, infecção, atraso e redução de doses do tratamento .
Exluindo esquemas de alto risco (TMO e radioterapia) a incidência de mucosite é de 10-15%
Esquemas com 5-FU (com ou sem leucovorin) estão associadas com mucosite oral em até 40% dos pacientes (grau 3 ou 4 em 10-15%)
Esquemas com Irinotecano estão associados com mucosite do TGI grave em até 20% dos pacientes
No TMO 75-85% dos pacientes apresentam mucosite, que é o efeito colareal mais comum e debilitante
Esquemas com melfalan apresentam alto risco Rubenstein EB et al. Clinical practice guidelines for the prevention and treatment of cancer therapy-induced oral and gastrointestinal mucositis. Cancer 100: 2026-2046, 2004
Epidemiologia
O risco de mucosite induzida por radiação varia de acordo com o local a ser irradiado e a dose e fracionamento da radiação
Cabeça e pescoço, pelve e abdome estão associadas com incidência aumentada de mucosite graus 3 e 4 em mais de 50% dos pacientes
Em pacientes submetidos a irradiação de cabeça e pescoço, dor e disfunção oral podem persistir por longo período após o término do tratamento
Fracionação acelerada aumenta o risco para 70%
Mucosite oral é particularmente profunda e prolongada em pacientes submetidos a irradiação corporal total em receptores de TMO
Rubenstein EB et al. Clinical practice guidelines for the prevention and treatment of cancer therapy-induced oral and gastrointestinal mucositis. Cancer 100: 2026-2046, 2004
Epidemiologia
Risco de mucosite graus 3 e 4 de acordo com esquema quimioterápico
Número de estudos
Número de pacientes
Mucosite graus 3 ou 4 (%)
Mama (ACT/FAC) 21 2766 4,08
Pulmão sem RDT(platina+taxane)
49 4750 0,79
Cólon(FOLFOX/FOLFIRI/IROX)
10 898 1,67
Keefe DM et al. Updated Practice Guidelines for the prevention and treatment of mucositis. Cancer 109:820-31, 2007
Epidemiologia
Lesões semelhantes a mucosite foram documentadas em pacientes que recebream terapias-alvo (inibidores de m-TOR e inibidores de tirosina quinase)
66% dos pacientes que receberam deferolimus apresentaram lesões orais
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Recomendações
Mucosite oral Bochechos com salina 4-6 vezes ao dia [III, B] Deve-se evitar uso de soluções alcóolicas Escova de dente macia a ser substituída a intervalos
regulares PCA com morfina é o tratamento de escolha para dor
em pacientes submetidos a TMO [I, A] Avaliação regular da intensidade da dor com
instrumentos validados Rastreamento para risco nutricional e nutriçao enteral
precoce em casos de disfagia Anestésicos tópicos podem proporcionar alívio da dor
a curto prazoPeterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Recomendações
Prevenção de mucosite oral relacionada a radioterapia Uso de barreiras na linha média e radioterapia
tridimensional [II, B] Bochecho com benzidamina em pacientes com
tumores de cabeça e pescoço que receberão dose moderada [I, A]
Clorexidina não é recomendada para prevenção [II, B]
Lozenges com antimicrobiano não são recomendados para prevenção [II, B]
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Recomendações Prevenção de mucosite oral relacionada a quimioterapia em dose
convencional Crioterapia oral é recomendada para prevenção em pacientes
recebendo bolus de 5-FU [II, A] Crioterapia oral diminui incidência em pacientes tratados com bolus
de edatrexate [IV, B] Inclusão de fator estimulador de crescimento de colônia de
granulócitos em esquema TAC(docetaxel+ doxorrubicina+ciclofosfamida) para câncer de mama reduz toxicidade, incluindo mucosite
Aciclovir e seus análogos não são recomendados para [II, B] Antivirais podem ser indicados para tratar uma infecção viral oral,
nova ou recorrente, que pode coexistir com mucosite Palifermina (fator de crescimento de queratinócitos-1) foi estudada
em coortes de tumores sólidos, mas estudos adicionais são necessários
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Recomendações
Quimioterapia em alta dose com ou sem irradiação corporal total Palifermina está recomendada na dose de
60mcg/kg/dia por 3 dias antes do tratamento de condicionamento e 3 dias após o transplante [I, A]
Crioterapia oral é recomendada para pacientes recebendo malfalan em alta dose [II, A]
Pentoxifilina tópica não está recomendada [II, B] Bochechos com Granulocyte–macrophage colony-
stimulating factor (GM- CSF) não são recomendados para prevenção [II, C]
Low-level laser therapy (LLLT) reduz a incidência de mucosite oral e dor associada [II, B]
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Recomendações
Tratamento de mucosite oral relacionada a radioterapia Sucralfato oral não está recomendado Bochecho com clorexidina oral não está
recomendado para tratar mucosite oral estabelecida [II, A]
Clorexidina oral pode ser uma opção como antimicrobiano tópico para o tratamento de uma infecção oral
Alguns agentes tópicos como Gelclair, Caphasol and Biotene podem ser usados, mas as evidências são limitadas [II, A]
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Recomendações
Mucosite gastrointestinal Hidratação adequada Atenção a intolerância temporária a lactose e presença de patógenos
bacterianos
Prevenção de mucosite de TGI associada a radioterapia Uso de sulfassalazina PO 500 mg BID reduz a incidência e a gravidade da
enteropatia induzida por radiação em pacientes submetidos a radioterapia externa de pelve [II, B]
Amifostina intrarretal em dose de 340mg/m2 está recomendada para prevenção de proctitie actínica em pacientes submetidos a radioterapia em dosde padrão para câncer retal [III, B]
Sucralfato oral não está recomendado. Não previne diarreia aguda e está associado com aumento de efeitos colaterais (sangramento retal) em pacientes com neoplasias pélvicas submetidos a radioterapia externa [I,A]
Ácido 5-aminossalicílco, mesalazina e olsolazina não estão recomendados [I, A]
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Recomendações
Prevenção de mucosite de TGI Quimioterapia em dose padrão e alta dose
Ranitidina ou omeprazol oral são recomendados para prevenção de dor epigástrica após tratamento com ciclofosfamida em dose padrão, metotrexate e 5-FU (com ou sem leucovorin) [II, A]
Glutamina sistêmica não está recomendada [II, C] Quimioterapia e radioterapia combinadas
Amifostine EV reduz esofagite induzida por quimioterapia e radioterapia concomitantes em pacientes com neoplasia de pequenas células de pulmão [III, C]
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Recomendações
Tratamento de mucosite TGI associada a radioterapia Enemas de sucralfato ajudam no manejo da
proctite crônica em pacientes com sangramento retal[III, B]
Quimioterapia em dose padrão e alta dose: Octreotide está recomendado na dose de pelo
menos 100mcg SC BID quando loperamida falha no controle da diarreia induzida por quimioterapia em dose padrão ou alta dose [II, A]
Peterson DE. Management of oral and gastrointestinal mucositis: ESMO Clinical Practice Guidelines. Annals of Oncology 22(Supplement 6):vi78-vi84, 2011
Low Level Laser
Objetivos: avaliar eficácia da terapia com LLL na prevenção de mucosite oral e interrupções na RT
Ensaio clínico duplo cego randomizado de fase 3
Pacientes receberam terapia com LLL de gálio-alumínio-arsênio ou placebo antes de cada sessão de RT
Paricipantes: 75 pacientes com diagnóstico de carcinoma de células escamosas ou indiferenciado da cavidade oral, faringe, laringe ou metástases para o pescoço de sítio primário desconhecido. Foram tratados com QRT com 60-70Gy (1,8-2,0 Gy/d) e cisplatina concomitante. 37 receberam LLL
Desfechos primários: gravidade da mucosite oral nas semanas 2, 4 e 6 e o número de interrupções da radioterapia devido a mucosite
Desfecho secundário: escore de dor informado pelos pacientes
A dose média de radioação foi maior nos pacientes tratados com LLL (69.4 vs. 67.9 Gy, p = .03).
Durante QRT, o número de pacientes diagnosticados com mucosite oral graus 3 ou 4 tratados com LLL vs. placebo foi de 4 vs. 5 (semana 2, p = 1.0), 4 vs. 12 (semana 4, p = .08), e 8 vs. 9 (semana 6, p = 1.0), respectivamente.
Mais pacientes tratados com placebo tiveram interrupções nas sessões de RT devido a mucosite (6 vs. 0, p = .02).
Nenhuma diferença foi detectada entre os braços de tratamento na incidêcia de dor intensa
Conclusões: terapia com LLL não foi efetiva na redução de mucosite oral grave, mas um benefício marginal não pode ser excluído
Houve redução na interrupção da RT, o que poderia se traduzir em maior eficácia da QRT
Palifermina
Le QT et al. Palifermin Reduces Severe Mucositis in Definitive Chemoradiotherapy of Locally Advanced Head and Neck Cancer: A Randomized, Placebo-Controlled Study. J of Clin Oncol 29:2808-2814, 2011
Ensaio clínico controlado duplo-cego randomizado
Avaliar eficácia e segurança da palifermina para reduzir MO associada a QRT para neoplasia de cabeça e pescoço localmente avançada
Pacientes receberam RT (70Gy - 2Gy/d) e cisplatina (100mg/m2 nos dias 1, 22 e 43) e palifermina (n=94) (180mcg/Kg ) ou placebo(n=94) antes de iniciar a QRT e semanalmente por 7 semanas
Desfecho primário: incidência de MO (graus 3 ou 4)
Resultados: a incidência de MO grave foi significativamente menor em pacientes que receberam palifermina vs placebo (54% vs 69%; P: .041). No braço da palifermina, a mediana de tempo até MO grave foi maior (47 vs 35 dias), a mediana de duração de MO grave foi menor (5 vs 26 dias), e a incidência de xerostomia grau 2 foi menor (67% vs 80%)
As diferenças não foram significantivas após ajuste de multiplicidade
As diferenças em uso de opioide, scores de dor e aderência ao tratamento não foram estatisticamente significativas
Eventos adversos foramm similares entre os 2 braços do estudo (98%, palifermina; 93%, placebo)
Os efeitos adversos mais comuns relacionados a droga foram rash, flushing e disgeusia
Após uma mediana de acompanhamento de 25.8 meses, a sobrevida global e sobrevida livre de progressão de doença foram similares
Conclusão
Apesar de palifermina ter reduzido a gravidade da MO, seu papel no manejo de tumores de cabeça e pescoço localmente avançados ainda precisa ser elucidado
Obrigado