MUDANÇAS EM ORDENAMENTOS ADMINISTRATIVOS E … · comparação e foram discutidas as mudanças...

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IBSN: 978-85-7282-778-2 Página 1 MUDANÇAS EM ORDENAMENTOS ADMINISTRATIVOS E ESTRUTURAIS DO PARQUE DO UTINGA Luiz Fernando de Souza Nogueira (a) , Adrielle Pena Lopes Carneiro (b) José Lucas Oliveira Andrade (c) , Luiz Carlos Margalho de Souza Junior (d) Leonardo Guimarães Baía (e) Faculdade de Geografia e Cartografia/ Universidade Federal do Pará - UFPA [email protected] (a) , [email protected] (b) , [email protected] (c) , [email protected] (d) , [email protected] (e). Eixo: Unidades de conservação: usos, riscos, gestão e adaptação às mudanças climáticas. Resumo/ Este trabalho teve como objetivo observar mudanças no Parque do Utinga através dos olhos e relatos de um ex-funcionário, devidamente identificado, no que diz respeito às estruturas administrativas e de uso do espaço então determinados pelos limites do atual parque, com gravações e visitações ao local que hoje compreende o novo parque. Fez-se uma breve comparação e foram discutidas as mudanças espaciais que este parque, sofreu diante das transformações e pressões sociais e naturais. Palavras chave: Utinga, Parque, Relato, Uso do Espaço, Pressão Social. O Parque Estadual do Utinga (PEUt), é uma área delimitada na porção sul dos municípios de Belém e Ananindeua (Figura 1). Possui funções de unidade de preservação ambiental, estimulo a pesquisas científicas, incentivo de educação ambiental, turismo ecológico e lazer (Ideflor-bio, 2018). Apresenta várias peculiaridades em relação as suas dinâmicas com a região Metropolitana de Belém, uma delas é por ser uma extensa zona de preservação ambiental inserida no meio da cidade, trazendo paisagens cênicas e turismo invejável na segunda maior região metropolitana da região Norte. E por se situar nessa metrópole, também apresenta situações de risco e ameaças à sua biodiversidade, enquanto a cidade sofre de intensa expansão urbana natural das cidades brasileiras (BRITO 2005). 1. Introdução:

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MUDANÇAS EM ORDENAMENTOS ADMINISTRATIVOS E

ESTRUTURAIS DO PARQUE DO UTINGA

Luiz Fernando de Souza Nogueira (a)

, Adrielle Pena Lopes Carneiro (b) José Lucas

Oliveira Andrade (c)

, Luiz Carlos Margalho de Souza Junior (d)

Leonardo Guimarães Baía (e)

Faculdade de Geografia e Cartografia/ Universidade Federal do Pará - UFPA

[email protected] (a), [email protected](b), [email protected](c)

,

[email protected](d), [email protected](e).

Eixo: Unidades de conservação: usos, riscos, gestão e adaptação às mudanças

climáticas.

Resumo/

Este trabalho teve como objetivo observar mudanças no Parque do Utinga através dos olhos e

relatos de um ex-funcionário, devidamente identificado, no que diz respeito às estruturas

administrativas e de uso do espaço então determinados pelos limites do atual parque, com

gravações e visitações ao local que hoje compreende o novo parque. Fez-se uma breve

comparação e foram discutidas as mudanças espaciais que este parque, sofreu diante das

transformações e pressões sociais e naturais. Palavras chave: Utinga, Parque, Relato, Uso do Espaço, Pressão Social.

O Parque Estadual do Utinga (PEUt), é uma área delimitada na porção sul dos municípios

de Belém e Ananindeua (Figura 1). Possui funções de unidade de preservação

ambiental, estimulo a pesquisas científicas, incentivo de educação ambiental,

turismo ecológico e lazer (Ideflor-bio, 2018). Apresenta várias peculiaridades

em relação as suas dinâmicas com a região Metropolitana de Belém, uma delas é

por ser uma extensa zona de preservação ambiental inserida no meio da cidade,

trazendo paisagens cênicas e turismo invejável na segunda maior região

metropolitana da região Norte. E por se situar nessa metrópole, também apresenta

situações de risco e ameaças à sua biodiversidade, enquanto a cidade sofre de intensa

expansão urbana natural das cidades brasileiras (BRITO 2005).

1. Introdução:

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Originalmente parte da APA de Belém (Área de Proteção Ambiental), passou a

ter limites reservados pra a função de preservação dos lagos Bolonha e Água Preta no

ano de 1993, através do Decreto Estadual nº. 1552/1993, criando o parque em si e

regulamentando suas funções e formas de operações (Ideflor-bio, 2018).

O Relato oral como técnica de difusão de informações se mostrou essencial para

a aplicação deste trabalho, pois permitiu que um ex-funcionário pudesse compartilhar

sua experiência no intervalo de tempo em que ela ocorreu e fazer comparações

entre a situação vivenciada e a atualidade a fim de produzir dados em texto para o

uso neste trabalho, trazendo resultados e produzindo conclusões.

Figura 1 – Mapa do Parque Estadual do Utinga (Fonte: IMAZON, 2013).

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A pesquisa se configurou com uma metodologia divida em etapas. Ao total foram 8

etapas: 1. Escolha da área de estudo, o Parque Estadual do Utinga (PEUt), pela sua

relevância como ponto turístico (Figura 5) e de fornecimento hídrico para a região

metropolitana de Belém. 2. (16.11.2018) Visitação ao local de estudo com

incursões e trilhas pré-programadas aos locais turísticos e catalogação de dados (Figura 3) 3. Obtenção de informações mais específicas do tema: histórico do

parque. 4. Análise bibliográfica a respeito de técnica do relato oral como forma

de anotações e catalogação de dados. 5. (28.11.2018) Novamente a visitação ao

local de estudo, dessa vez com a presença do Sr. Ivan de Castro Baía, onde foi feito

novamente o percurso da visitação anterior, fazendo comparações das estruturas e

formas de uso do local atual com o que era na época de trabalho do entrevistado (Figura 4 e 6). 6. Produção e transcrição de toda a entrevista para arquivo de texto, a

fim de ser utilizado neste trabalho. 7. Comparação e produção de resultados

discutíveis diante das mudanças observadas referentes as visitas de campo efetuadas. 8. Consistiu na produção textual deste artigo.

3.1 Relatos Operacionais e Administrativos:

Entrevistador: Em que ano o Senhor começou a trabalhar aqui? Como era a gestão antes?

Qual era a sua função? R: Eu comecei a trabalhar aqui em 1994, pelo BPA (Batalhão de

Polícia Ambiental) antigamente chamada de CIPOMA (Companhia Independente de Meio

Ambiente). Nosso Quartel ficava inserido dentro da APA, há 2 km da entrada do Parque

Ambiental do Utinga. A nossa atividade era justamente coibir a caça e a pesca predatória

ilegal na área porque existem muitas espécies nativas tanto de fauna quanto de flora.

3.2 Relatos de Pressão Ambiental e Fauna Presente:

Entrevistador: Mudanças ambientais? O Senhor notou algo que descaracterizou muito o

Parque ao longo desse tempo com essa nova reforma? R: Não. Não houve tantas mudanças

2. Materias e Métodos:

3. Resultados e Discussões: Aqui se apresenta de forma resumida o resultado da transcrição da entrevista oral

com Ex-sargento Ivan de Castro Baía, preparada por relevância e referente ao trajeto feito no

dia da segunda pesquisa em campo.

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porque só foi feito o que era necessário fazer, como por exemplo, o prolongamento da Avenida

João Paulo II, portanto, não houve aquela mudança de transformação que podia ter

comprometido, por exemplo, a vegetação do Parque. Entrevistador: Como era a situação dos

lagos Bolonha e Água Preta na época que o Senhor trabalhava aqui no Parque? R: Tudo

limpo, não tinha essa vegetação cobrindo o lago (Figura 2). Entrevistador: Sobre a

COSANPA (Companhia de Saneamento do Pará), ela foi inserida aqui no Parque, quando?

R: Bom, o ano exatamente eu não sei, mas a COSANPA já tá aqui há muito tempo, desde

antes da criação do Parque Ambiental e do próprio Batalhão Ambiental.

A partir do resumo relato observamos uma breve discussão que é feita na análise

desta entrevista, que se desdobrou a partir dos seguintes pontos:

- O parque sempre teve uma função turística, oficial ou não, sempre foi atrativo de visitação

dos habitantes da região, seja para caminhadas ou excursões nas diversas trilhas. O local tinha

“áreas militares” quando se referia à administração, predominantemente parte da APA de

Belém, era pressuposto a proteção da fauna e flora local, como observado na entrevista onde

se cita a questão da proibição da pesca e caça. Hoje essa visão do parque através da entrevista

e da própria visitação é de que tem função aparentemente turística, o que não necessariamente

se transcreve com a realidade, pois este parque também é fonte de pesquisas e ensino

ambiental para as localidades voltadas a estas funções.

- Tomando uma postura de análise física, nota-se pelo relato que os lagos não apresentavam

altos índices de vegetação aquática, que atualmente predomina em suas superfícies

(principalmente tratando-se do Lago Bolonha), e isso pode ser indicativo de água rica em

nutrientes provenientes de bactérias, indicando poluição dos mananciais.

- A Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) possui extensos trabalhos e operações

no parque desde antes a criação do Batalhão responsável pela área, como observado pelo

entrevistado, prática das suas operações são de extração e tratamento da água dos mananciais

e adequa os cursos naturais da água de acordo com suas necessidades operacionais.

- A pressão social externa, seja por obras estruturais do Estado ou pela ocupação espontânea

foi observada de maneira parcial, o entrevistado relata que ouve sim pressões, como a

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construção e prolongamento da Avenida João Paulo II e observamos invasões da

população na localidade, mas que apesar dessas situações, o parque no geral não

teve e nem apresenta atualmente situações críticas e severas de impactos ambientais

provenientes de invasões ou construções de estrada.

Figura 2 - Vegetação em excesso no Lago Bolonha observado na 1º Visitação ao Parque.

Figura 5 - Entrada do Parque Utinga ap·s a reforma.

Figura 6 - Dia da 2º Visitação: Equipe de Entrevistadores (Da esquerda para direita: Lucas Andrade, Luiz Nogueira, Adrielle Pena e Luiz Margalho.)

Figura 4 - Dia da 2º Visitação ao Parque para a Entrevista do Sr Ivan Baía. É possível observar as modificações no solo do Parque, no qual antes "terra batida" e após a reforma utilizado assoalhos permeáveis. (Da Esquerda para Direita: Luiz Magalho, Sr Ivan Baía, Lucas Andrade e Leonardo Baía.

Figura 3 - Trilha Realizada no 1º Dia de Visitação ao Parque do Utinga

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Fonte: Luiz Fernando, 2018Fonte: Luiz Fernando, 2018

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4.Conclusão:

Conclui-se então, que o relato oral se fez muito útil pra análise das dinâmicas históricas do Parque Estadual do Utinga, dos dias do ano de 1995 até atualmente. Partindo do ponto que o entrevistado tinha funções de trabalho importantes na antiga localidade, permitindo que este tivesse conhecimento elevado das caractéristicas do local, após extensa análise e filtro do senso comum repassado para o teor cíentifico que este artigo visa trazer, a conclusão geral é que o Parque sofreu mudanças significativas no que confere a administração, perdendo status de “àrea militar” e adotando hoje postura de lazer e ponto de referência em pesquisas da fauna e flora amazônica. Também houve alterações ambientais e físicas, referentes aos lagos e o solo. Os lagos apresentaram mudanças observáveis das plantas aquáticas crescentes devido poluição da água, em situação crítica no Lago Bolonha, também se observa mudanças estruturais do solo, ao se usarem assoalhos permeáveis para que a água escoa para o solo.

5. Referências Bibliográficas

Brito F. “Expansão Urbana nas Grandes Metrópoles”, Editora São Paulo em

Perspectiva, São Paulo, 2005.

Ideflor-bio, Governo Estadual do Pará, Parque Estadual do Utinga – PEUt. Disponível

em: <https://ideflorbio.pa.gov.br/unidades-de-conservacao/regiao-administrativa-de-

belem/parque-estadual-do-utinga/>. Acesso em: Janeiro, 2019

IMAZON Pará. Secretaria de Estado de Meio Ambiente, “Revisão do Plano de Manejo

do Parque Estadual do Utinga” / Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Belém:

SEMA; Belém: IMAZON, 2013.