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UPF Jornal é uma publicação da Universidade de Passo Fundo e tem distribuição gratuita.

Reitor: Rui Getúlio Soares Vice-Reitora de Graduação: Eliane Lucia Colussi Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Hugo Tourinho FilhoVice-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários: Adil de Oliveira PachecoVice-Reitor Administrativo: Nelson Germano Beck

Textos e edição: Cristiane Sossella (MTb/RS 9594), Maria Joana Chaise (MTb/RS 11315) e Jaques Hickmann (MTb/RS 13172) Colaboração: Alessandra Pasinato e Fabiano HoffmannRevisão de textos: Maria Emilse LucatelliCapa e Diagramação: Charles PimentelTiragem: 5 000 exemplares

Assessoria de Comunicação SocialCampus I - Bairro São JoséCEP 99001-970 - Passo Fundo - RSFone (54) 316-8142 / 316-8110Home page www.upf.brE-mail [email protected]

Rui Getúlio Soares

Palavra do reitor

trutura, turismo, restaurantes, hotéis e outros aspectos para sediar tal evento. Somos um país de referência mundial nesta modalidade, no entanto muitos problemas se escondem atrás desta fachada. Hoje nosso futebol, que tem pouco mais de 100 anos, vive um momento de reflexão sobre alguns pontos, entre eles as filas para compra de ingressos, as torcidas ou agressores organizados, calendários competi-tivos se sobrepondo e, ainda, a formação de atletas ou caça-talentos.

Em nossos dias, ambientes voltados para formação de futu-ros atletas são denominados centros ou células de alguns clubes, que atraem e mantêm garotos, e em alguns raros locais garotas, treinando com a finalidade de formar. Mas na maioria das vezes os peneirões apontam os futuros craques, pessoas selecionados no meio de milhares, que ficam vinculadas a um empresário e ou a um clube. Assim, são tratados como uma mercadoria, matéria prima do futebol. São pessoas de baixa instrução que são proibidos de dar entrevistas e, quando falam, revelam uma fragilidade e uma ignorância enorme, soterrada pelo seu talento esportivo.

Outro fato lamentável é que poucas pesquisas e estudos são reali-zados e publicados, tendo como amostra atletas de ponta ou tendo o interior dos grandes clubes como ambiente de realização. As formas de trabalho e metodologias usadas são guardadas na particularidade profissional de cada membro das comissões técnicas e não são divul-gadas. Isso retarda o desenvolvimento profissional nesta área.

A bibliografia hoje existente, e que serve de sustentação para a formação de novos profissionais na área, restringem-se a estudos espanhóis, portugueses e alemães, onde pesquisas são feitas e publi-cadas para o conhecimento de todos.

Para nós da área de educação física, um evento desta grandiosi-dade ao alcance de todos é maravilhoso. Torcemos para que o mesmo

possa relevar os interesses aquém das barreiras políticas, de mostrar um país que, de uma hora para outra, levantará bilhões do nada para

mostrar que pode, sim, sediar um evento desta envergadura. Torce-mos para que as melhorias não sejam apenas em infraestrutura, mas,

sim, no ambiente educacional, seja em forma de projetos socioedu-cativos, de congressos expositivos e de reflexão sobre o mercado de

atletas, ou pela fomentação de novos estudos e linhas de pesquisa para o aprimoramento do futebol, dentro ou fora das fora das quatro

linhas.

(*) Professor, especialista em Ciências Técnicas dos Desportos Coletivos: Futebol de Salão, Voleibol e Futebol de Campo

Uma das magias populares é o futebol, modalidade que há mais de dois mil anos antes de Cristo já se praticava com moldes muito próximos às regras atuais. O futebol moderno surgiu em 1863, na Inglaterra, e de lá para cá cresceu de forma assoberbada. Norteado pela FIFA, é hoje disputado, debatido, discutido e praticado em todo o mundo, seja de forma competitiva, seja

simplesmente para reunir turmas e jogar uma boa “pelada”. No entanto, por ser a modalidade que atrai maior número de adeptos e conhecedores, é brindada a cada quatro anos com um evento mundial que reúne as melhores seleções do planeta, a famosa Copa do Mundo.

Participar de uma copa é prazer de poucos atletas. Vencê-la é uma raridade. Para nós mortais e admiradores desta prática, assistir aos jogos via televisão já é maravilhoso, ao passo que a satisfação de ver os jogos sentado em um arquibancada é um privilégio de poucos.

Nós brasileiros teremos, em 2014, a possibilidade de sentir o coração pulsar em nosso país. Se quando este evento ocorre em outro local, já tem o poder de mudar a hora da missa, fechar o comércio, deixar ruas e avenidas de grandes centros em horário de

pico completamente desertas, o que irá acontecer aqui no Brasil?

Acredito que só ser o país do futebol não basta. Teremos, sim, que fazer muito mais do que o

“feijão-com-arroz” de nossos cam-peonatos. “O país que produziu os

melhores jogadores do planeta, que tem cinco títulos mundiais,

terá o direito, mas também a responsabilidade de sediar a

Copa seja em 2014”, disse Joseph Blatter, presidente da Fifa. Uma

afirmação forte e que retrata muito em suas entrelinhas.

Poucas pessoas sabem que não se trata apenas de infraes-

Muitos desafios até a Copa de 2014

manentes da UPF. Uma das novidades que apresentamos à comunidade acadêmica neste segundo semestre é a aqui-

sição de 660 novos computadores. Em nossa gestão, desde 2002, chegamos a 3.270 computadores adquiridos, numa preocupação constante com o avanço da tecnologia.

Outro investimento, o Centro de Convivência, apresenta-se como um espaço que integra comércio e serviços disponíveis tanto ao público interno quanto ao externo. A viabilização do local foi possível em razão de uma parceria com o Banrisul, responsável pelo aporte de recursos de R$ 3,7 milhões para a construção.

Destaco, igualmente, que no âmbito das relações internacionais a UPF passa a oferecer mais três possibi-lidades de intercâmbio para seus alunos e professores. Com os convênios assinados em julho – com a Universi-dade de Viña Del Mar e a Universidade Tarapacá de Arica, ambas do Chile, e a Universidade Nacional do Nordeste, de Corrientes, na Argentina – contabilizamos atualmen-te 39 parcerias mantidas pela UPF e que abrangem 12 diferentes países. Até hoje, a instituição proporcionou a 82 de seus alunos passarem uma temporada de estudos no exterior e recebeu outros 40 intercambistas estrangeiros para estudarem aqui.

Mais um semestre se inicia. Com satisfação acolhemos novamente alunos, professores, funcionários e, especialmente, os novos acadêmicos, que escolheram a UPF para dar conti-nuidade aos seus estudos. Reafirmamos nosso compromisso e dedicação ao máximo para garantir condições de excelência à formação de profissionais-cidadãos, éticos e preocupados com a realidade onde estão inseridos.

A qualificação da infraestrutura e dos processos de ensino-aprendizagem faz parte dos investimentos per-

Ben-Hur Soares (*)

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Talita escolheu o CST em Estética e Cosmética por

acreditar que facilita o acesso ao mercado de

trabalho

O CST em Design de Moda está entre os novos cursos oferecidos pela UPF

Aposta em nova modalidade de formação

IInstituição oferece 17 cursos tecnológicos para atender à demanda de mercado e qualificação profissional com ensino superior

Cursos focados em aplicações tecnológicas para a solução de problemas, para o oferecimento de produtos e serviços à comunidade, mais curtos e economicamente viáveis, mas que não descuidam da qualidade acadêmica. Assim são as gra-duações tecnológicas, modalidade de graduação que é tendência nacional e à qual a UPF tem dado mais atenção nos últimos semestres.

As graduações tecnológicas são consideradas uma nova modalidade de graduação, juntamente com as licenciaturas, destinadas à formação de professores e os bacharelados, cursos mais amplos e generalistas. Os critérios de avaliação destes cursos tecnológicos, tanto do Ministério da Educação quan-to das instituições de ensino, são os mesmos adota-dos para as demais graduações e o encaminhamento para a pós-graduação também é uma possibilidade, assim como nas demais modalidades.

E é por agregar esses fatores que as graduações tecnológicas estão atraindo cada vez mais candida-tos que desejam formação profissional de qualida-de e em menor tempo. Buscando atender a esta demanda, a UPF está investindo nos chamados CSTs, os cursos superiores de tecnologia. A primeira expe-riência nessa área data de 1994, quando foi criado o Curso de Produção do Vestuário, tendo sequência em 2000 com o CST em Sistemas de Informação. Mas foi em 2008 que a modalidade teve impulso na instituição, com a oferta de novos cursos.

Diferentes possibilidades de formação

Para organizar a oferta, execução e, mesmo, avaliar o segmento de cursos tecnológicos, a UPF investiu na criação do Centro de Educação em Tecnologia. Ao centro já estão vinculadas 17 gradua-ções tecnológicas, e novas propostas podem surgir em breve. “Nos próximos anos, pretende-se realizar o lançamento de novos cursos superiores de tecno-logia, contribuindo com a formação de profissionais para atuarem nas áreas de produção, inovação

científico-tecnológica e gestão de processos de pro-dução de bens e serviços”, explica o coordenador do centro, professor João Paulo Agostini.

O CET também ganhou vida física na UPF. O prédio B3, antigo Instituto de Filosofia e Ciências

Humanas, agora abriga os cursos superiores de tecnologia em Estética e Cosmética, Produção

de Vestuário, Design de Moda, e Design Gráfico. Também estão instalados no local uma Sala de

Desenho e laboratórios específicos dos cursos que ali funcionam.

Para além dos cursos em funcionamento no CET, outros seis CSTs estão formando profissionais atualmente na UPF: Agronegócio, Fabricação Mecânica, Gestão de Recursos Humanos, Pro-dução Cênica e Sistemas para Internet.

Primar pela qualidade

A vice-reitora de Gradu-ação, Eliane Lucia Colussi, pretende que a UPF consoli-de a experiência relacionada aos CSTs. “Queremos, a cada vestibular, implantar um peque-no número de cursos, fazendo um bom acompanhamento e primando sempre pela qualidade”, observa.

A vice-reitora lembra que, quando a instituição constituiu a equipe de trabalho dos CSTs, a busca foi ampliar a política de criação desses cursos. “A nossa intenção é atender as ne-cessidades do mercado regional com a formação de profissio-nais de perfil específico e especializado e inserir a UPF numa fatia importante de formação superior”, avalia.

“As oportunidades de trabalho são grandes”

Por compreender que estaria se preparando para atender a uma demanda crescente no mercado de trabalho a estudante Talita Bisolo optou pelo curso superior de tecnologia em Estética e Cosmética. “A preocupação com a bele-za, a saúde e o bem-estar cada vez é maior”, avalia a aluna, que ingressou na graduação no início de 2009.

Para ela, o mercado de trabalho exige profissionais cada vez mais qualificados e com conhecimentos diversificados. “Esses cursos tecnológicos preparam os alunos para desenvolver o seu trabalho num período de graduação menor que os demais e as aulas técnicas e práticas são abordadas logo no início do curso, porque é voltado para o mercado de trabalho”, acredita.

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O CST em Designe Gráfico tem amplo mercado de trabalho disponível

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Preparar um profissional diferente

A disciplina de Educação em Saúde tem o objetivo de orientar os futuros farmacêu-ticos na promoção de práticas educativas voltadas ao sistema de saúde, bem como ao desenvolvimento pessoal e das comunidades, contribuindo para a qualidade de vida da população. Além disso, possibilita aos acadê-micos vivenciarem diferentes estratégias e técnicas pedagógicas para os instrumentalizar nas ações de promoção de saúde e prevenção de doenças.

A estudante Bruna Lopes, do nono semes-tre do curso, considera a iniciativa diferencia-da. “Com este trabalho temos a oportunidade de estar levando um pouco do nosso conheci-mento até a comunidade”, pontua.

A professora destaca que, por ser op-tativa, a disciplina conta com acadêmicos de diversos níveis do curso. “Em semestres anteriores, peças de teatro, gibis e outros trabalhos, envolvendo inclusive agentes comunitárias de saúde, motivaram alunos e comunidade”, explica Cristiane, argumentan-do que na faculdade muitas vezes as informa-ções são técnicas, dificultando ao profissional quando se forma traduzir tudo o que apren-deu de forma aplicada, numa linguagem clara e compreensível e com resultados à saúde da comunidade. “É por isso que estimulamos os estudantes com ações neste sentido”, finaliza.

O ingresso no curso de Farmácia da UPF é oferecido nos processos seletivos de vestibu-lar. Outras informações pelo e-mail [email protected] ou telefone 954) 3316 8499.

Para as crianças, a lição de que medica-mentos não são balas e pastilhas

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Informação para a comunidade: saúde preservada

PProjeto do curso de Farmácia da UPF leva orientações a diferentes públicos

Quase todos os holofotes da comunidade científica e autori-dades mundiais estão atualmente voltados a um assunto específico na área da saúde: a pandemia de gripe provocada pelo vírus Influenza A (H1N1) e a busca pelos métodos que evitem a sua disseminação. Entretanto, temas como automedicação, aleitamento materno e gravidez na adolescência permanecem como desafios emergentes em todo o Brasil. Estraté-gias de promoção da saúde são cada vez mais necessárias diante das demandas da população, que muitas vezes não tem informações suficientes sobre determinadas doenças ou enfrenta problemas de acesso ao atendimento especializado.

Entretanto, iniciativas de alguns municípios, entidades e instituições destacam-se neste cenário. Um projeto desenvolvido por alunos e professores do curso de Farmácia da UPF tem chamado atenção e proporcionado informações

sobre saúde coletiva às comunidades dos bairros e vilas da cidade e do interior de Passo Fundo. É por meio da disciplina de Educação em Saúde

que são preparadas e realizadas as oficinas. “Envolvendo academia e população, nossas ações partem do princípio de que a educação

não transforma diretamente, mas busca, pelo compartilhamento de conhecimento, percepções

e conceitos éticos, criar as condições para que os sujeitos produzam as transformações que os

permitam viver melhor”, afirma a professora-coordenadora da disciplina Cristiane Barelli.

Os temas abordados pelos acadêmicos são definidos de acordo com o público a ser bene-

ficiado. Neste semestre, por exemplo, foram quatro oficinas: na primeira, com a terceira idade do Bairro Planaltina, o assunto em pauta foi o uso correto de medicamentos, como

armazená-los e as diferenças entre genéri-cos, similares e manipulados; já os alunos de ensino fundamental de uma escola pública puderam tirar suas dúvidas acerca dos efeitos da automedicação, ingestão de bebidas alcoó-licas concomitantemente com medicamentos e gravidez na adolescência; para as crianças de uma creche, uso correto de medicamentos e campanha nacional de vacinação. Por fim, jun-to a gestantes da cidade e do interior, o tema abordado foi uso correto de medicamentos na gestação e no aleitamento materno.

Grandes e pequenos aprovaram a inicia-tiva. O aluno da Escola Estadual Monteiro Lobato Lucas de Souza Lima, 16 anos, afirma que a oficina foi um importante espaço para questionamentos e informações sobre medi-camentos e bebidas alcoólicas. “O importante é aprender e poder passar para a frente o conhecimento”, salienta. A opinião é compar-tilhada pela colega Rafaela Pereira da Silva, 14 anos. “A gente aprendeu coisas que não sabia sobre as consequências do álcool e ainda teve informações sobre os anticoncepcionais”, relata. A professora de Português da escola, Marilene Zeni, é enfática ao lembrar que a iniciativa é importante para o esclarecimento de dúvidas dos alunos.

As atividades lúdicas marcam os encontros com as crianças. O aluno Rian Henrique da

Rocha, 5 anos, aprendeu a lição. “Devemos ter cuidado porque alguns remédios são muito

parecidos com alguns doces que comemos”, lembrou. A orientadora

da turma, Vanessa da Silva Machado, salien-

tou o valor das informa-ções recebidas. “Estas

oficinas são muito importantes e deveria

ter mais iniciativas deste tipo para que,

desde cedo, as crianças fossem adquirindo

consciência do uso correto de medicamen-

tos”, considera.

Diferentes dinâmicas são utilizadas para conscientização sobre os perigos da associação álcool e medica-mentos

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O jornalismo na era das câmeras de vigilância

“Se antes a dominação social se dava por meio do trabalho, hoje é feita principalmente pelos instrumentos de controle midiático”

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E como são tratadas as questões éticas desses conteúdos gerados?

Se, antes, quando o processo jorna-lístico se dava na interação do jornalista com as fontes, de um lado, e a empresa em interação com o receptor, de outro, garantir a ética no jornalismo já era complicado, com o acréscimo de novos sujeitos, tecnologias e topologias, fica ainda mais difícil garantir um jornalismo ético. Temos agora um aumento da invisibilidade dos operadores. Além da “mão invisível” do mercado comunicacional, temos agora a mão invisível que opera a câmera de vigilância.

Quem assume a responsabilidade pela forma e o conteúdo da informação?

Um jornalismo feito por um grupo de profissionais bem preparados, articulados em suas organizações profissionais e vigiados por um código de ética profissional, tem maiores garantias de eticidade do que aquele feito a partir da “mão invisível” do mercado comunicacional utilizando-se de câmeras de vigilância, cujos proprietários e opera-dores permanecem invisíveis e têm outros interesses.

A partir dessa realidade, o que se pode esperar para o futuro do jornalismo, na sua opinião?

Acredito que o bom jornalismo continua-rá sendo feito por jornalistas. Quanto mais preparados nas técnicas jornalísticas e nas humanidades forem os profissionais, melhor

para os que buscam este tipo de informação. Porém, como existe grande variedade de canais e possibilidades de inserir informa-

ções na web e nas emissoras de televisão por parte de qualquer um, o que passa a estar

comprometido é a credibilidade desse produ-to, que não pode ser chamado de jornalismo.

Com a ausência de regulamentação da profis-são do jornalismo de qualidade, quem perde

é a sociedade e quem ganha são as empresas midiáticas que buscam o lucro às custas de

pessoas não qualificadas e de amadores que estão em busca de um momento de fama.

Qual é o uso que o jornalismo faz de câmeras de vigilância ao transformá-las em câmeras para captar, produzir e transmitir informações?

Para responder a essa questão é neces-sário, primeiro, distinguir os processos de operação da câmera utilizada para a coleta de material na perspectiva da informação, dos processos de operação de uma câmera de vigilância. Na câmera de informação o controle está por conta do operador cine-grafista e de todo dispositivo de produção do jornalismo, o que a sociedade se acostumou a aceitar e valorizar por causa da confian-ça que os veículos de mídia conseguiram com o seu público. Quando se trata de uma câmera de vigilância, entra em cena outro sujeito controlador da informação, em outra topologia, ou seja, o proprietário da câmera ou quem a controla, a partir de um olhar “panóptico” não informativo, mas, sim, de vigilância. Em sua condição, ele tem toda a liberdade de ligar e desligar, gravar ou não gravar, sumir com a fita ou revelar o conteúdo de seu interesse para a sociedade, ou não.

Neste novo cenário de fabricação e consumo de informações, qual é o papel do profissional jornalista?

Já é de longa data que o papel do jornalista operador de equipamentos vem sendo diminuído nos processos informativos. Prova disso é a dispensa da necessidade do diploma de curso superior para o exercício da profissão; são as formas automatizadas

para captar, produzir e difundir informações ocupando lugar do jornalista; a influência

crescente do jornalismo publicitário que muitas empresas de comunicação utilizam

para aumentar seu faturamento. Desde o momento em que a informação se tornou

uma mercadoria à venda, o jornalista deixou de ser protagonista nos veículos de comu-

nicação. Eu vejo que os jornalistas com formação têm ainda um lugar e um papel

importante na formação e informação da população, qual seja, o de pensar e fazer os

receptores pensarem os fatos, os aconteci-mentos e os temas objetos da midiatização.

É a partir desse processo que a sociedade pode tomar rumos diversos daqueles que

interessam aos grandes grupos midiáticos, que, antes de serem empresas jornalísticas,

são poderosos conglomerados econômicos.

Que jornais e emissoras de televisão aproveitam eventuais flagrantes realizados por amado-res, todos sabemos que é um feito antigo. Contudo, uma mudança impulsionada pela tec-nologia está criando novos hábitos de produção e consumo de informações.

O progresso tecnológico e a proliferação das câmeras de vigilância, por exemplo, deram aos artefatos da comunicação o centro da cena, ao mesmo tempo em que determinaram que a vida em sociedade nunca mais seria a mesma. O desvelar de um crime agora é acompanhado pelo público como uma história em quadrinhos, com todos os passos de criminosos e vítimas sendo transmitidos por emissoras de televisão e sites jornalísticos, em detalhes.

Da mesma forma, de pequenos registros a grandes catástrofes, nada escapa ao olhar atento dos leitores e telespectadores, estes mesmos que agora se sentem parte integrante do processo de produção jornalístico e preten-dem produzir seus próprios conteúdos.

Para analisar este novo formato de apropriação desses conteúdos pela imprensa, convidamos o professor da Faculdade de Artes e Comunicação da UPF Dr. Otávio José Klein.

Que implicações esses processos de interação que reconfiguram o ato de ler e participar geram para o fazer jornalístico?

Até pouco tempo atrás, boa parte das aná-lises sociais buscava explicar o funcionamento da sociedade segundo o “modo de produção”. Hoje, com os novos mecanismos para captar, transformar e enviar mensagens, Mark Poster propôs analisar a sociedade a partir do “modo de informação”. Segundo ele, nos encontra-

mos numa era midiática em que os produtos comunicacionais dependem não somente do

trabalho para serem construídos. Se antes o trabalho era elemento fundamental para explicações sociais, agora é preciso conhecer

os mecanismos midiáticos e da linguagem para compreendê-la. As suas conclusões apontam

também para uma explicação a respeito da dominação social. Se, antes, dava-se por meio

do trabalho, hoje ela é feita principalmen-te pela linguagem e pelos instrumentos de

controle midiático, ou seja, câmeras para todo lado, bancos de dados, imagens e símbolos

que circulam comandando o agir social. Ao mesmo tempo em que são importantes para o funcionamento social, servem para controle e dominação social.

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Entrevista: Otávio José Klein - Doutor em Comunicação

todos os passos do processo. “A co-munidade tem a possibilidade de ter seus direitos respeitados em razão da busca da solução de seus problemas sociais pelo acesso à justiça”, pontua o coordenador.

Principais casosO caso da jovem de 20 anos é re-

ferente ao direito contratual, um dos mais atendidos no Sajur, juntamente com ações de separação, divórcio, pensão alimentícia, reintegração de posse, direito do consumidor e direito do trabalho. São cerca de 200 atendimentos mensais realizados por 40 acadêmicos do curso de Direito, supervisionados por professores da graduação, nos turnos da tarde e noi-te, no Campus III da UPF, localizado na Avenida Brasil, no Centro da cidade. O estágio acadêmico de no mínimo 60 horas no Sajur é obrigatório para to-dos os alunos do curso e faz parte de uma disciplina da própria graduação. Mesmo assim, os estudantes interes-sados podem participar da atividade para garantir certificado de horas complementares, outra exigência do curso de Direito.

Para a acadêmica do décimo nível Lisiane Natália Corrêa, é fundamental estagiar no serviço antes de se formar. “Temos a aproximação e a verdadeira noção do trabalho de um advogado no dia-a-dia, além da variação do tipo dos casos e como é complexo e difícil o atendimento jurídico”, assegura Lisiane. Conforme o coordenador do

Serviço jurídico gratuito para quem precisa

PPara ser beneficiado pelo Sajur da UPF é preciso comprovar carência por meio de uma triagem socioeconômica

É na hora do aper-to que muitas pessoas procuram um advogado para ajudá-las a resolver problemas que sozinhas, dificilmente conseguiriam. Mas a falta de recursos financeiros e até de informação deixam uma situ-ação difícil ainda mais complicada. É em casos como estes que o Serviço de Atendimento Jurídico (Sajur) da Faculdade de Direito da UPF desem-penha um papel fundamental na comunidade local.

Em funcionamento há quase uma década, o Sajur oferece serviço gratuito à população carente de Passo Fundo, proporcionando o acesso ao Judiciário sem onerar os clientes. Para ser beneficiado é necessário compro-var carência por meio de uma triagem socioeconômica. Após a confirmação dos dados, a pessoa é encaminhada para uma consulta jurídica em que é analisado o seu caso. Neste momento é checada a necessidade e se vale a pena ingressar com uma ação judicial na Justiça ou no Juizado Especial Cível. “Esclarecemos as possibilidades de alcance da finalidade buscada pelo cliente junto ao Judiciário e quais as consequências de uma ação judi-cial”, explica o coordenador do Sajur, professor Ms. Rafael Machado Soares, salientando que em diversas oportu-nidades as pessoas apenas buscam informações.

Um desses casos é de uma jovem de 20 anos que buscou o auxílio no Sajur. Preocupada em não ser lesada financeiramente após 13 anos de aluguel de um imóvel, ela recebeu a indicação no Procon para conhecer o serviço da Faculdade de Direito da UPF. “Estão me cobrando algo que não sei se devo pagar, por isso o aten-dimento aqui no Sajur é de extrema importância”, declarou a jovem. Segundo Soares, se for ajuizada uma

ação, o cliente tem atendimento em

Alunos e o coordenador do Sajur em atendimento na sede do serviço no Campus III, no centro de Passo Fundo

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Sajur, o estágio é a oportunidade de o acadêmico ter um contato direto com os problemas sociais, contribuindo para a sua formação social. “Com os problemas jurídicos trazidos pela sociedade, os alunos desenvolvem atividades jurídicas necessárias para serem operadores do direito”, esclarece Rafael Soares.

O quê? Serviço de Atendi-mento Jurídico gratuito

Quando? De segunda a sexta das 13h30 às 17h e das 19h30 às 22h

Onde? Campus III da UPF, na Avenida Brasil, no Centro, em frente à antiga Prefeitura

Telefone: 3316-8578

Atendimento

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Muitas pessoas buscam o Sajur

todos os dias

Acadêmicos aprendem praticando

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Um afago na vida silvestre

comida do papagaio é o girassol. Isso é um problema grave porque ele pode morrer devido à gordura encontrada nesta oleagi-nosa”, lamenta o biólogo, que trata todos os mais de 100 macacos e aves pelos seus respectivos nomes. Segundo ele, alguns animais chegam tão machucados e des-nutridos que, mesmo com um tratamento intensivo e atendimento especializado, é impossível salvá-los.

Garra para viver!O bugio ruivo Nito está desde a criação

do centro e é um ícone da entidade. Ata-cado provavelmente por cães, ele perdeu parte do lábio superior, além de sofrer outros ferimentos graves. Depois de muito cuidado e, especialmente, de carinho e afago, o macaco conseguiu superar o trau-ma e voltar a viver com alegria. A prova disso é que Nito procriou no Primaves e montou seu grupo familiar.

De acordo com ele, são muitos os filho-tes que chegam até o criadouro. “A mãe é morta e o filhote fica órfão, sendo recolhido e encaminhado ao Ibama”, frisa. Dessa for-ma, segundo o biólogo, os animais perdem a referência de como viver na natureza e precisam de cuidados, o que também acon-tece com os ma-cacos e aves retirados de cativeiros privados, pois eles não sabem mais conviver em grupo. “O homem só pensa em ter o bicho e não no quanto pode prejudicar o animal. Por ficarem em gaiolas, a muscula-tura é atrofiada. Isso é um egoísmo de quem não pensa no bem-estar do bicho”, observa o responsável técnico. O cuidado é tanto no refúgio que uma parceria com o Ministério Público Estadual e uma empresa de Passo Fundo garante placas de aquecimento em todas as casas de aves e macacos que sejam necessárias. Isso fez com que os casos de problemas respiratórios pratica-mente sumissem. “O trabalho no Primaves é de grande valia, pois temos a certeza de que os animais estarão em um local adequado”, observa o analista ambiental do

Ibama e Dalzir Navarini, enquanto recolhe passarinhos acolhidos tempora-riamente pelo conservatório.

Segundo um dos diretores da Convidas e idealizadores do criadouro, Nestore

Codenotti, em novembro o Primaves deve de abrir suas portas para visitação.

“Estamos nos estruturando para mostrar à sociedade a importância deste lugar”,

afirma Codenotti. Conforme ele, ainda é preciso mais parceiros para a manuten-

ção do refúgio.

Espécies de primatas:

Espécies de aves:

Entre em contato com o ConvidasTelefone (54) 3313-6936e-mail: [email protected]

Sagui do pincel pretoSagui de tufo branco

2 de pombas1 de tucano1 passeriforme

Bugio-ruivoBugio-pretoMacaco-prego

2 de araras6 de papagaios7 de periquitos

Um casal de ararajuba, ave símbolo do Brasil pelas cores amarelo-ouro e verde-bandeira, vive sadio e tran-quilo no Primaves, no distrito de Bela Vista, interior de Passo Fundo. Mas elas não estão no local porque revolveram sair da Amazônia, atravessar o país e se instalar em um dos espaços do refúgio. Apreendidas pela polícia com um caminhoneiro que ganhava dinheiro com o tráfico de animais silvestres, o casal de aves foi encaminhado pelo Ibama para o criadouro conservacionista registrado junto ao órgão federal. “O lugar desses animais é a natureza, mas muitos deles não têm mais condições de voltar para seu habitat natural porque não conseguiriam sobreviver”, explica o responsável técnico do Primaves, Luizandro Ferrari, lembrando que outro casal da mesma espécie chegou junto, mas não re-sistiu e morreu. Até o início de julho o abrigo hospedava 93 primatas e 85 aves.

A paixão pelos animais fez com que um projeto iniciado na UPF fosse transformado há cinco anos no Centro de Acolhimento de Primatas e Aves, o criadouro conservacionista Primaves. A ideia da professora Thaïs Leiroz Codenotti foi impulsionada pelo seu aluno na época, o biólogo Luizandro Ferrari. A família dele concedeu por um determinado período uma área de quase dois hectares na parte central de Bela Vista para a instalação do refúgio. Para manter o projeto foi criada a ONG Associação para Conservação da Vida Silvestre - Convidas, que recebe apoio de pessoas e empresas para sustentar a iniciati-va. Uma das principais parceiras do Primaves é a UPF. A instituição, por meio do Hospital Veterinário, realiza todos os procedimentos, exames e atendimentos necessários aos animais. Além disso, nove acadêmicos de diversos cursos realizam estágio no centro de acolhimento e ganham bolsas de 50% em suas graduações. “A ajuda da universidade foi fundamental para a criação do Primaves e é indispensável para a sua manutenção. Sem essa colaboração ficaria muito difícil continuar o trabalho”, garante Ferrari.

Violência é tanta que alguns não resistem

A necessidade de atendimento veteri-nário é constante e indispensável. A maioria dos animais chega em condições alarmantes devido aos maus-tratos. Apreendidos pela

polícia em operações de combate ao tráfico de animais ou em cativeiro doméstico, as aves e os macacos sofrem pela ação do ho-

mem. O comércio ilegal submete os bichos a condições de afronta à vida. Já os encon-trados em cativeiros irregulares são trata-dos de forma inadequada: amarrados em correntes como se fossem cães, alimenta-dos erroneamente e até violentados por animais domésticos. “Muitas pessoas acham, por exemplo, que a

Refúgio para aves e primatas é a salvação para animais que foram arrancados da natureza e sofreram maus-tratos

RIvan quer ajudar do seu jeito

O acadêmico do quarto nível do curso de Medicina Veterinária Ivan Parreira da Rosa é

um dos nove alunos da UPF que trabalham no local. “É uma satisfação poder estar aqui não só pela bolsa, mas por todo o aprendiza-

do que me é proporcionado no manejo dos animais. Quero montar um detalhamento das medicações feitas em cada animal para con-

trole”, afirma Rosa. Segundo ele, além de tudo isso, os bolsistas ainda aprendem sobre reciclagem de lixo e resíduos na proprie-dade.

Casal de ara-rajuba veio da Amazônia

Aluno é um dos bolsistas da UPF

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O retornoPela primeira vez desde a retomada da partici-

pação da instituição no Projeto Rondon, houve operação retorno aos municípios onde a UPF atuou no projeto no mês de janeiro de 2009, Alvorada do Norte (Goiás) e Manaquiri (Amazonas). A possibili-dade de retorno acontece median-te a solicitação do município ao Ministério da Defesa.

A operação em Alvorada do Norte, realizada na primeira quinzena de julho, teve a coor-denação do professor Eduardo Appel, também coordenador do projeto Rondon na UPF. O muni-cípio, no nordeste de Goiás, tem grande potencial na área do turismo de aventura e ecoturismo, destacando-se a presença de cavernas, cachoeiras, cânions, trilhas e parques nacionais. “Na se-gunda operação, desenvolvemos um trabalho de qualificação do município na área do turismo, com ações como o registro cartográfico dessas riquezas naturais, qualificação de recursos humanos, como guias turísticos e servidores do ramo hoteleiro e de alimentos, criação de logomarca, website e folder de divulgação”, enumera Appel. Conforme ele, o Rondon é a oportunidade para

que instituições como a UPF possam cumprir com seus objetivos sociais, levando o conhecimento a comunidades

menos assistidas do país. “Além disso, é um diferencial para os alunos estarem inseridos em projeto dessa

envergadura, onde a extensão é vivenciada em sua plenitude”, garante.

Com muitas experiências na bagagem, o professor Rodrigo Schuster participou de duas operações e conta que os trabalhos reali-zados, tanto em Cachoeira do Arari (Pará) quanto em Manaquiri, foram focados nas áreas de educação, saúde e assistência social. Destacaram-se cursos de forma-ção, palestras e oficinas para profes-

sores, agentes comunitários de saúde, idosos, gestantes, crianças e agentes

indígenas de saúde. “Ao mesmo tempo em que estamos nos disponibilizando a

ser voluntários nos períodos de férias e

Fazer a diferençaDiego Carrão Winckler, acadêmico do 5º

ano do curso de Medicina, participou da Operação Centro-Norte, no município de Manaquiri, Amazonas, no primeiro semestre deste ano. Do primeiro dia de ações, em que o destaque foi um treinamento de sobrevi-vência na selva, até o embarque de volta para Passo Fundo, foram muitas as descobertas. O trabalho contemplou oficinas de arbitragem esportiva, cursos de formação para agentes municipais da saúde e para professores e tarefas com idosos e crianças relacionadas à qualidade de vida e cuidados com a saúde. “No município onde trabalhamos, a primei-ra impressão foi a de que as dificuldades eram proporcionais à nossa vontade de ajudar. A Amazônia é um lugar castigado, sofrido e abandonado, mas de uma imensa diversidade cultural e de uma população extremamente receptiva e cordial. Isso faz do Projeto Rondon uma experiência excepcional”, relembra Win-ckler. O futuro médico destaca a chance de le-var o conhecimento obtido na faculdade a uma outra realidade, mas acredita que o Projeto Rondon vai além. “Saber que você, em algum momento, fez a diferença por onde passou é extremamente mais gratificante”, garante.

Um dos requisitos para integrar as opera-ções do projeto é que os acadêmicos sejam de diferentes áreas. Do curso de Engenharia Ambiental, o estudante Heberton Júnior dos Santos foi um dos participantes da Operação Norte de Minas, realizada no município de Berilo, no segundo semestre de 2008. O local, de clima semiárido, tem como principal fonte econômica o cultivo do abacaxi e a produção de mel e recebeu atividades relacionadas ao cooperativismo, associativismo, gerenciamento de propriedades rurais, meio ambiente e uso adequado da água, habitação e saneamento urbano. “O projeto é uma lição de Brasil, a extensão universitária na sua essência. É a

oportunidade de nos prepararmos e nos cons-cientizarmos sobre a questão social do país”,

pontua, enfatizando a cultura e os valores do povo mineiro.

Um longo e diferente trajeto. De Passo Fundo até Cachoeira do Arari, no Pará, foram quatro ho-ras de van a Porto Alegre, duas horas e meia de avião comercial até Brasília, seis

horas num Hércules da Força Aérea Brasileira até Belém, mais algumas horas de ônibus pelas estradas paraenses e quatro ho-ras de ferry boat, uma balsa com três andares, à Ilha de Marajó. Até chegar ao destino final, porém, teve ainda muita estrada de chão e a travessia de um rio feita por uma balsa. A paisagem nunca mais será esque-cida: a vegetação da floresta, o encontro do rio Amazonas com o oceano Atlântico, os búfalos, os botos nadando ao lado do ferry boat, os ambu-lantes vendendo murici, bacuri e cupuaçu, frutas típicas da região Norte. Dois dias após a saída, o aprendizado e as novas experiências já contavam pontos para a equipe de rondonistas, professores e acadêmicos da UPF. Cachoeira do Arari é um dos 12 municípios em que a Universidade esteve presente nas operações do Projeto Rondon nos últimos dois anos. Num país continental, a ideia de integração nacional que nasceu com o projeto em 1966 ainda pode ser colocada em prática, agregando muitas outras lições de vida e de cidadania!

De norte a sul, diferentes lugares, distintas carências e muito trabalho por fazer. Em sua nova fase, que iniciou em 2005, o Projeto Ron-don é coordenado pelo Ministério da Defesa e contabiliza 27 operações, contando com diversos aliados: governo federal e instituições de ensino superior, estudantes universitários e comunida-des. O enfoque agora é desenvolver ações que estimulem a cidadania, o bem-estar, o desen-volvimento local sustentável e a qualificação da gestão pública. A UPF faz parte desse esforço.

Da proposta à viagemPor ser uma iniciativa diferenciada, que

agrega conhecimentos e cultura aos participan-tes, são muitas as instituições interessadas em integrar uma operação do Projeto Rondon. Aqui está o primeiro obstáculo a ser superado: ter aprovada uma proposta de trabalho. Decidida

a propiciar essa experiência à sua comunidade acadêmica, a UPF não mede esforços. Nos últi-

mos dois anos, foram aprovadas propostas para seis operações, que contaram com a presença de 72 acadêmicos de diversos cursos de graduação

e de 24 professores. Entre os requisitos para a aceitação estão a excelência e a qualidade

acadêmica da instituição e a pertinência das atividades propostas.

Após a seleção, é feita a designação das equipes por município, e a viagem precursora

é o próximo passo. Nesta viagem, o professor coordenador da operação vai antecipadamente

ao local da operação para conhecer a realidade e fazer os ajustes na proposta inicial. Depois é a

hora de selecionar os alunos que devem partici-par e treiná-los para a execução das tarefas. Só

aí é que a operação é efetivada.

Lição de vida e de cidadania

Porto

Alegre (RS)

Pa

sso Fundo (RS)

Projeto Rondon auxilia comunidades de um Brasil quase esquecido e proporciona experiência a universitários. UPF participou de seis operações em 12 municípios

Projeto Rondon auxilia comunidades de um Brasil quase esquecido e proporciona experiência a universitários. UPF participou de seis operações em 12 municípios

Ações desenvolvidas

estimulam a cidadania, o bem-estar e o desenvolvimento sustentável

pág9agosto/2009

Em Alvorada do Norte, o coturnicultor (criador de codornas) Antônio Carlos Rodrigues Gonçalves considera que a chegada do Projeto Rondon contribuiu muito para fortalecer a Associação Progressista de Alvorada do Norte (APAN). “Com as palestras e oficinas de atua-lização do nosso estatuto, de associativismo e cooperativismo, estamos preparados para receber recursos que possam gerar emprego e renda aos nossos associados, por meio de convênios com o poder público”, opina, lem-brando que a assembleia da categoria decidiu diversificar investimentos e partir para a área de confecções agora.

Na opinião da professora Heliana Aparecida de Almeida, coordenadora e interlocutora do Projeto Rondon em Alvorada do Norte, as duas operações realizadas na cidade transformaram a

mente de muitas pessoas que até então estavam adormecidas e que passaram a acreditar que,

quando se quer crescer, basta ir atrás e lutar. “Agra-

decemos a oportunidade que tivemos de conhecer

estas pessoas maravilhosas e de convivermos nestes

períodos e, juntos, lutarmos pela conscientização e

consolidação do sentido do conhecimento coletivo,

em prol da cidadania e do desenvolvimento do nosso

povo e do nosso município”, reitera, agradecendo aos

rondonistas.

Precisamos nos unirTomar iniciativa

Seguir o mesmo rumoCriando cooperativa

Débora, Marília e NatáliaForam os nomes que gravei

Estou cheio de entusiasmoPorque eu participei

Participe você tambémQue o Projeto é muito bom

Nossos agradecimentosÀ turma do Projeto Rondon

(Andrezinho, Berilo 07/07/2008)

Lição de vida e de cidadania

Cach

oeira do Arari (PA)

Brasília (DF)

Belém (PA)

Ilha d

e Marajó (PA)

Participação da UPF no Projeto Rondon

Operação Centenário – 2007/2• Santo Antônio do Leveger – no Mato

Grosso • Tartarugalzinho – Amapá • Maruim – Sergipe

Operação Grão-Pará – 2008/1• Cachoeira do Arari –ará

Operações Norte de Minas e Vale do Ribeira – 2008/2• Berilo – Minas Gerais • Bocaiúva do Sul - Paraná

Operação Centro-Norte – 2009/1• Alvorada do Norte – Goiás• Manaquiri – Amazonas

Operação Nordeste-Sul – 2009/2• São Sepé – Rio Grande do Sul• São Pedro do Sul – Rio Grande do Sul

Operação Retorno – 2009/2• Alvorada do Norte – Goiás• Manaquiri – Amazonas

As origensA ideia de levar a juventude universitária para

conhecer e contribuir com a realidade do país sur-giu em 1966 na Escola de Comando e Estado-Maior

do Exército. No ano seguinte, 30 estudantes e dois professores partiram do Rio de Janeiro para Ron-

dônia. Era a chamada Operação Zero, a primeira viagem do Projeto Rondon, que propiciou o conta-

to dos alunos com o interior da Amazônia e durou 28 dias. Na época, os participantes sugeriram um

slogan, “Integrar para não entregar”, e um nome para a iniciativa - Projeto Rondon -, inspirados no

trabalho do militar e humanista marechal Cândido Rondon.

*72 acadêmicos de diversos cursos de graduação

* 24 professores

* 06 operações em 12 municípios

Municípios visitados

À turma do Projeto RondonBerilo do Rio AraçuaíPovo humilde e céu azulHonrado com as visitasLá do Rio Grande do Sul

Trouxeram expectativasNo comércio e agriculturaBem do jeito brasileiroValorizar nossa cultura

Ouvir o canto dos passarinhosBem-te-vis, rouxinóis e pardaisVer o mato de folhas secas

Do norte de Minas Gerais

Ver o pequeno produtorCorajoso e persistente

Tudo perde com a secaMas sempre tenta novamente

Pele queimada pelo solNunca pensa em desistir

Mesmo que falte irrigaçãoPara o povo produzir

Na UPF, o projeto Randon é vinculado à Vice-Rei-toria de Extensão e Assuntos Comunitários. Informa-

ções pelo telefone (54) 3316-8371.

Fotos: D

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Acadêmicos de di-ferentes cursos integram as operações

estarmos conhecendo um pouco mais da dura realidade de muitas pessoas, estamos levando informação a fim de tentar dar subsídios para que possam melhorar a sua qualidade de vida”, diz, referindo-se ao lema do projeto “Lição de vida e de cidadania”.

Do Oiapoque ao ChuíA coordenadora do Centro de Saúde Coleti-

va da UPF, Maria Lúcia Dal Magro, participou de duas operações, em Santo Antônio do Leve-ger, Mato Grosso, e em Cachoeira do Arari, Pará. Ela reforça a ideia da contribuição do projeto com as comunidades e ressalta a quantidade de

ações realizadas e de pessoas atendidas em ambos os municípios, nas áreas de cultura, educação, meio ambiente, saúde, formação de

leitores, dependência química e planejamento familiar. “Considero de grande importância essa inte-gração universidade e comunidade, seja pelo Projeto Rondon, seja por outros projetos que visam a esta vivência. É assim que tanto o aluno como o profes-sor têm uma proximidade maior com a realidade”, esclarece. Para Maria Lúcia, outro ponto de destaque do Rondon é a possibilidade de integração com outra universidade, já que todas as operações são feitas em conjunto entre duas instituições diferentes.

Em São Sepé, Rio Grande do Sul, por exemplo, a operação de julho deste ano contou com uma equipe

da UPF, coordenada pela professora Ana Maria Migott, e outra equipe da Universidade de São

Paulo. “Além de compartilhar experiências com a outra universidade, podemos levar

parte do conhecimento produzido pela UPF em seus mais de 40 anos até a comunidade”, entende.

Colhendo os frutos

O envolvimento direto da comunidade é um dos requisitos

para o Projeto Rondon alcançar os seus objetivos. Em Berilo, Minas

Gerais, o trabalho rendeu bons frutos, como descreve um morador

local em sua poesia:

Além das técnicas de engenharia, grupo precisa colocar em prática muita criativi-dade para desenvolver o projeto

O transformer leitor ganha vida

Fotos: Jaques HiCkmann

Além das técnicas de engenharia, grupo pre-cisa colocar em prática muita criatividade para desenvolver o projeto

LLivro-robô é desenvolvido em duraluminum por alunos e professores dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica da UPF

Trabalho duro no laboratório de criação do robô

former se mexer são específicos para regula-gem de bancos de caminhão. Já para controlar o robô se adquiriu um controle-remoto sem fio utilizado em aeromodelismo, que está sendo adaptado. “Diferentemente de outros projetos, o livro-robô não terá inteligência artificial. Ele será controlado por um operador. Isso, pelo menos, por enquanto. A ideia é que ele conti-nue sendo utilizado pelos novos alunos dos cur-sos, sendo um referencial de robótica na UPF”, pontua o acadêmico de Engenharia Elétrica Rômulo Manica. Essa intenção de continuar o melhoramento gradual também motiva os estudantes. “No futuro queremos que ele ande sozinho, reconheça pessoas pela voz e imagem. Esse é o nosso sonho”, declara Busato.

Fazendo históriaPara o professor coordenador do projeto

Edson Acco, o ser humano é movido por desa-fios. E a proposta de desenvolvimento do livro-robô representa um excelente desafio para os cursos de Engenharia Elétrica e Mecânica. “Venho acompanhando as atividades desenvol-vidas e o alto nível de preocupação e envolvi-mento dos professores, alunos e funcionários, e vejo que este projeto está pondo à prova as habilidades e competências técnicas de cada um, a importância do trabalho em grupo, a exposição e confronto de ideias e opiniões, e a interdependência entre as tarefas que cada um está executando”, destaca Acco. Segun-do ele, talvez um dos maiores méritos para formar a equipe de trabalho tenha sido o fato de se deixar livre a participação de alunos de todos os níveis dos cursos, não estabelecendo previamente o nível de conhecimento que seria exigido de cada um. “Trata-se, acredito, de um verdadeiro exercício de engenharia que irá marcar significativamente a formação des-ses futuros engenheiros e, em última análise, a história dos cursos”, finaliza o coordenador.

acadêmicos puderam ajustar e imaginar o trabalho que teriam no transformer do tamanho de um adulto. “Estudamos os

nossos próprios passos, como a gente caminha e o que precisa

fazer para se locomover e, ao mesmo tempo, se equilibrar. Tudo isso o robô

também terá que fazer para poder interagir”, garante Busato.

Passo a passoNos quadros do laboratório onde o robô

ganha vida há números, fórmulas e cálculos. “É tudo do transformer”, comenta Tiago Rosado, aluno da Engenharia Elétrica. E para sair dos números escritos com pincel atômico para a forma finalizada, o projeto também foi desen-volvido em um software específico, em que foram criados os cálculos e cada uma das peças do protótipo. O aluno da Engenharia Mecânica Eduardo Tende projetou todas as especifica-ções dos itens e componentes do modelo. No total serão 32 motores que precisam funcionar sincronizados, dando movimento às peças que foram fabricadas em duraluminum, um tipo de alumínio mais resistente e também leve, no Núcleo de Tecnologia Mecânica.

A criatividade é um dos diferenciais na elaboração do livro-robô símbolo da 13ª Jor-nada Nacional de Literatura. Como não tinham referencial na instituição sobre a criação

deste tipo, cada um dos envolvidos na iniciativa buscou seus próprios conhecimentos para auxiliar no desenvolvimento do projeto. Os motores que farão o trans-

O símbolo da 13ª Jornada Nacional de Literatura represen-ta bem o slogan da edição 2009 da já tradicional movimentação cultural em Passo Fundo: “Arte e tecnologia: novas interfaces”. O livro-robô criado pelo artista porto-alegrense Abnel Lima Filho remete às novas tendências de leitura que surgem a cada dia e modificam a forma como as pessoas também estão buscan-do informações no cotidiano.

Mas para fazer esse transformer sair do papel e do vídeo, a coor-denadora das Jornadas, Tania Rosing, propôs um desafio aos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica da UPF: criar um livro-robô que se locomovesse e interagisse durante a Jornada Literária. O cinema, por meio dos filmes da série Transformers, contribuiu para o imaginário dos acadêmicos envolvidos no projeto inédito na institui-ção. E para a ficção ganhar vida nos laborató-rios foi preciso colocar em prática as técnicas de engenharia, além de muita criatividade e coragem.

Nunca, até o momento, havia se criado um robô nestes moldes na UPF. “Temos uma res-ponsabilidade muito grande num projeto que não temos referência. Discutimos muito sobre qual a melhor maneira de colocar em prática essa ideia”, afirma o estudante de Engenharia Elétrica e funcionário do Núcleo de Eletrônica Rodrigo Busato. Os alunos explicam que a cria-ção de um robô deste tipo não é fácil. “Uma indústria japonesa desenvolve há mais de 20 anos o seu robô inspirado nos movimentos hu-manos, investiu mais de US$ 20 milhões e ele ainda tem falha”, comenta Busato, frisando que é possível ver no Youtube a performance do Asimo e destacando as devidas proporções entre cada projeto.

Apesar do grande desafio, o projeto começou em tamanho reduzido. O estudo da mobilidade do robô desenvolveu-se em escala menor, como se fosse um brinquedo. Analisan-do os movimentos do pequeno protótipo, os

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Lendo o presente para formar o leitor do futuro

Jornada cede aos apelos da modernidade e amplia foco de debates para educação, cultura e tecnologia

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Cinco dias intensosAtrações também estão previstas para a

5ª Jornadinha Nacional de Literatura; para o 8º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural; o 3º Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras, que trará na programação deste ano os imortais Cícero Sandroni, Moacyr Scliar, Murilo Mello Filho, Luiz Paulo Horta, Nélida Piñon, Evanildo Bechara e Arnaldo Niskier; e o 2º Encontro Estadual de Escritores - a criação literária gaúcha em debate, que contará com Tabajara Ruas, Lourenço Cazarré, Jorge Furtado, Vítor Ramil, Ernani Ssó, e Luiz Augusto Fischer.

As novidades desta edição ficam por conta de dois eventos internacionais: o Seminário Internacional de Contadores de Histórias, que tem como proposta refletir sobre o texto escri-to na narração oral, enfatizando a questão do estilo e da autoria, e o Encontro Internacional da Red de Universidades Lectoras. Além disso, a programação dos cinco dias de movimenta-ção inclui cursos, oficinas, espetáculos, shows musicais e teatrais e exposições.

Valorização dos escritores

O escritor Pedro Bandeira de Luna Filho será o homenageado desta edição da Jornada. Dedicado exclusivamente à literatura infanto-juvenil, já conquistou vários prêmios, como o prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, e o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasilei-ra do Livro.

Outro ponto marcante da Jornada acontece durante a sessão solene de abertura, no dia 26 de outubro, oportunidade em que serão anunciados os vencedores do 11º Concurso Na-cional de Contos Josué Guimarães. No mesmo dia será entregue o prêmio de R$ 100 mil ao vencedor do 6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura. O anúncio do vencedor desta premiação acontece no dia 03 de setem-bro, às 9 horas, em solenidade no Restaurante Dado Bier, junto ao Shopping Bourbon Country, em Porto Alegre. Dos autores e obras inscri-tos, continuam na disputa: A chave de casa, de Tatiana Salem Levy; A viagem do elefante, de José Saramago; Acenos e afagos, de João Gilberto Noll; Galiléia, de Ronaldo Correia de Brito; Heranças, de Silviano Santiago; Leite derramado, de Chico Buarque; O filho eterno, de Cristovão Tezza; O livro das impossibilida-des, de Luiz Ruffato; O livro dos nomes, de Maria Esther Maciel e O vento assobiando nas gruas, de Lídia Jorge. As premiações assegu-ram outro aspecto importante da Jornada, o incentivo aos escritores, tanto aos jovens e promissores quanto aos já consagrados.

Toda a programação e informações sobre os convidados estão disponíveis no site www.jornadadeliteratura.upf.br.

Público presente na 12ª Jornada Nacional de Literatura

pectos de nossas vidas, dos relacionamentos interpessoais até a forma como consumimos informação ou produtos culturais.

E para oferecer um debate provocador sobre como formar leitores que estejam integrados ao mundo virtual e preparados para os desafios que impõe, a Jornada Nacional de Literatura chega à sua 13ª edição ampliando seu binômio sustentador das ações – educação e cultura - e passando a constituir um trinômio que agora abran-ge a tecnologia. Por este motivo, o tema norteador dos debates será “Arte e tecno-logia: novas interfaces”. Para apresentá-lo e interagir com o público, uma série de autores estará presente, entre os quais Lucia Santaella, Fernando Molica, Clarah Averbu-ck, Dorota Maslowska, Fernando Bonassi e Diana Domingues.

Preparação antecipada é diferencial

A preparação do público para o encontro com os escritores é um dos diferenciais das Jornadas Literárias. Para os dias da movi-mentação cultural, o público leu, antecipa-damente, obras dos autores presentes e as discutiu em grupos durante a Pré-Jornada. “A Jornada pretende colocar frente a frente leitores e escritores, que, tendo sido já preparados antecipadamente por meio da leitura de obras indicadas pelos escritores participantes, proporcionam debates de maior qualidade e uma interação maior”, garante a coordenadora geral e idealizadora do evento, professora Tania Rösing. Para esta edição, a professora está confiante na temática: “Queremos debater sobre arte e tecnologia e mostrar a sintonia entre o livro, as intermídias e vice-versa”, sintetiza.

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“Olhamos telenovelasZapeamos telejornaisSomos fãs de animêsDe quadrinhos e mangásNavegamos na internetFalamos ao celularE enviamos muitos torpedosEsperando o amor chegarCai na real, a nossa vida é virtual!”

O trecho acima é parte da música “Vidas virtuais”, composta pelo professor Paulo Becker especialmente para formar o coro que animará os cinco dias de programação da 13ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, de 26 a 30 de outubro próximo. De forma criativa, expressa os desafios e facilidades que a tecnologia nos impõe atualmente.

Por todos os lados os anúncios de interati-vidade atraem a atenção de jovens e adultos e oferecem possibilidades que até há pouco tempo pareciam improváveis: crie um site ou um blog e expresse suas ideias; compartilhe com seus amigos os momentos registrados por sua câmera digital numa conta do Flickr; siga pessoas pelo Twiter e saiba o que elas estão fazendo ou pensando; por e-mail e MSN, comunique-se e, se estiver na rua, use seu celular para enviar fotos e torpedos; encontre antigos conhecidos ou faça novos amigos pelo Orkut e, antes de ir ao cinema para ver o últi-mo lançamento, assista ao trailler no Youtube; colabore com os webjornais e emissoras de televisão enviando suas próprias matérias ou fotos; e, entremeio a tudo isso, comente sobre o que as outras pessoas estão postando.

Essa mesma tecnologia que nos proporcio-na adquirir informações de forma rápida, interagir e expressar nossas ideias e ingres-sar no mundo online influencia todos os as-

cultivada de cevada cervejeira no Planalto Médio.

De acordo com ela, também há necessida-de de se conhecer de que maneira o armaze-namento afeta o vigor dos grãos. “Por essa ra-zão, avaliamos todos os cultivares disponíveis de cevada para ver as diferenças em relação ao vigor na colheita e à variação do mesmo durante o armazenamento”, destaca.

A produção brasileira de cevada para fins cervejeiros está concentrada em regiões espa-lhadas pelos três estados do sul. Segundo da-dos do IBGE, em 2007 foram cultivados 50.199 hectares, dos quais 47% no Paraná, 2% em Santa Catarina e 50% no Rio Grande do Sul. Neste mesmo ano, foram produzidas 107.901 toneladas, com uma média de 2.149 quilos por hectare. “Considerando as condições de clima da região e os altos padrões de exigên-cia qualitativa, há um desafio permanente no desenvolvimento de novos cultivares, que, além de maiores potenciais de rendimento, também apresentem melhor qualidade indus-trial”, finaliza Michele

O que é o malte?O malte é produzido a partir de um

processo biológico, demorado, que consiste na modificação do endosperma da semente, através da germinação sob condições e fabri-cação de cervejas. A germinação é fundamen-tal para este processo industrial, realizado em ambiente controlado. As mudanças que ocorrem acontecem no interior do grão, pela ativação das enzimas hidrolíticas, desenca-deando modificações químicas dos principais componentes do grão (amido, proteínas, entre outros.), que, após secagem, deixa o produto (malte) pronto para fermentação cervejeira. A viabilidade e vigor da cevada selecionada para malte são de importância crucial.

pág12 agosto/2009

de exigência, os grãos destinados à malteação devem ter um poder germi-nativo mínimo de 95%”, explica Michele.

Devido a essa porcentagem de exigên-cia, diversos produtores rurais não conseguem entregar a sua safra para a indústria cervejei-ra, pois o cereal necessita de muito cuidado e investimento desde a sua semeadura. Com o estudo, a acadêmica quer apresentar que as variedades conseguem ter um poder maior de germinação. “A colheita é realizada apenas uma ver por ano, mas a malteação é feita sempre. É preciso saber, inclusive, qual culti-var tem maior potencial de germinação após um ano colhida”, enfatiza Michele.

Cevada vale a pena?De acordo com a estudante, vale a pena

plantar a cevada cervejeira porque ela tem mercado próprio – as industriais de cerveja (maltarias). Inclusive, uma delas deve estar se instalando em Passo Fundo. Dessa forma, segundo Michele, haverá um aumento no fomento de cevada cervejeira. “Em contra partida, tem-se a cevada forrageira que, além de possuir os mesmos custos de manejo que a cervejeira, não possui mercado e é inadequa-da para forragem, comparando-se com uma cultura de aveia ou azevém”, afirma, lembra que o produtor rural leva vantagem culti-vando, por exemplo, aveia para alimentação animal, que apresenta maior quantidade de matéria seca, o que não é característico da cultura de cevada.

Incremento na produçãoA pesquisa, iniciada no ano passado, com

a colheita das 27 cultivares plantadas nos campos experimentais da UPF, está sendo finalizada com o planilhamento dos dados, após dois tipos de testes específicos para se descobrir detalhes sobre cada uma das ceva-das cervejeiras. “Devido às questões climáti-cas instáveis que caracterizam a região, um dos principais fatores limitantes é a produção de grãos com qualidade industrial. A principal característica qualitativa afetada pelas condi-ções climáticas adversas durante a formação do grão e a colheita é o poder germinativo abaixo de 95%”, explica a aluna, lembrando que com a instalação de uma maltaria em Pas-so Fundo deverá haver um incremento da área

O produtor rural Romeu Garcia deixou de plantar cevada cervejeira porque há cinco anos teve uma decepção. Quando foi entregar a colheita esperando ter um ganho diferenciado pelo plantio da variedade desti-nada à produção de cerveja, descobriu que a sua cevada não oferecia as condições mínimas exigidas pela indústria. Dessa forma, toda a colheita serviu apenas para forragem. Passa-dos cinco anos, Garcia voltou a semear cevada cervejeira nos campos da sua propriedade localizada em Ernestina. Uma área pequena, apenas 4,5 hectares, recebeu sementes no final de junho. “Vou experimentar novamente. Hoje existe mais tecnologia e vou cuidar bem do manejo na área. Dessa vez quero entregar a cevada em condições para cerveja”, garante o agricultor.

Além de esperar um ganho maior com essa cultivar e não ficar dependendo somente da colheita da soja, por exemplo, Garcia também tem outro motivo que o fez voltar a semear cevada. Sua neta, a acadêmica do curso de Ciências Biológicas da UPF Michele Garcia Dal Paz, elaborou um projeto sobre a capacidade das 27 cultivares de cevada cervejeira mais plantadas no Rio Grande do Sul. A pesquisa apontará qual delas tem mais qualidade, em diversos aspectos, para atender à indústria. Segundo a aluna, o caso do seu avô acontece com muitos outros agricultores, já que a ce-vada produzida na região é toda destinada à malteação com padrões rígidos de qualidade. “A germinação é um dos requisitos exigidos pela indústria malteira. Segundo os padrões

Cevada cervejeira em qualificação

Acadêmica pesquisa quais são as melhores cevadas destinadas à produção de cerveja para serem plantadas no Rio Grande do Sul

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Para Michele Dal Paz haverá um fomento de cevada cervejeira na região

Equipe se reúne e debate antecipadamen-te o caso de atendimento

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Quando o usuário de drogas está dentro de casa, a família precisa se envolver no tratamento. Essa é a premissa de projeto da UPF

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Dados ratificados pela realidade

O simples fato de pensar em ter um filho no mundo das drogas causa arrepios a muitos pais. Não é diferente com a cabeleireira Maria (nome fictício), 37 anos, mãe de um adolescente de 13 anos. “Já me ofereceram drogas”, afirma o adolescente, encaminha-do ao serviço da UPF pelo Conselho Tutelar. “Meu filho tem tido problemas no colégio, é agressivo, nervoso e tem dificuldade de se expressar. Mesmo assim, conversamos muito com ele sobre as drogas. É preciso prevenir que os jovens entrem nesse mundo”, pontua a mãe, ressaltando a importância de toda a família participar do processo. “Estamos na terceira sessão de terapia e todos participam, irmão, pai e até o padrasto”, descreve Maria. O adolescente aprova o apoio. “É bom ter a família ao lado”, diz ele.

A família de Maria é uma das oito que estão sendo atendidas atualmente pelo pro-jeto, que é gratuito. “Nosso requisito é que a terapia seja de família, pois acreditamos que é nela (família) que estão as respostas. Se o usuário conseguisse traduzir em palavras o seu sofrimento, não precisava usar drogas”, argumenta a professora Silvana Baumkarten. Segundo ela, questões relacionadas ao não-conhecimento da paternidade, ao pai que não tem tempo para os filhos ou à mãe depressiva porque perdeu o emprego angustiam os jovens e aparecem como grandes causas da procura pela droga.

Não tem idade, não tem classe social

Desde o início do projeto já foram aten-didas quase 60 famílias. O perfil? Adolescen-tes de todas as classes sociais. “Atendemos pessoas de 11, 12 anos e de 38 anos, todos adolescentes do ponto de vista psicológico”, assegura Silvana. A droga? O crack. “É epidê-mico. Antes, quando era só maconha e cocaí-

Questão de saúde pública, as drogas desafiam cada vez mais governos e sociedade. Uma cadeia que esconde muita violência, vidas perdidas, problemas em famílias, autoridades amedrontadas. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2008 mostram que mais de 200 milhões de pessoas usam drogas ilícitas em todo o mundo pelo menos uma vez ao ano, o que representa 4,8% da população entre 15 e 64 anos. A ONU aponta ainda que o Brasil é o maior mercado de cocaína da Améri-ca do Sul. Mas o que tem literalmente “tirado o sono” de muita gente é o avanço do crack. Só no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde estima que sejam mais de 55 mil dependentes da droga. Medidas de enfrenta-mento se fazem urgentes.

No norte gaúcho, uma iniciativa inédita quer contribuir para alteração dessa realida-de. Alunos e professores do curso de Psicologia da UPF desenvolvem, desde 2005, o projeto de extensão “Tratamento e prevenção da drogadição na infância e adolescência”. A perspectiva norteadora das ações parte de dois princípios: as causas associadas ao uso de drogas e a família como recurso terapêutico. “Encaramos a drogadição neste projeto com um sinal, uma mensagem do usuário de que alguma coisa tem que mudar”, enfatiza uma das coordenadoras, professora Dirce Tatsch.

Ela explica que o trabalho acontece na perspectiva de rede. “A gente vê nos exemplos de atendimento o quanto a família é recurso terapêutico. Ainda que venha chate-ada, angustiada, com vergonha ou raiva, ela é recurso, porque quando as coisas se resolvem na família, a droga sai de cena”, afirma. Conforme a professora, é possível estabelecer outro olhar sobre a problemática e recuperar um viciado sem necessariamente excluí-lo do convívio familiar. “A gente respeita quando a família decide pela internação, mas acredita que somente isso não vai resolver o problema. Tem que ter uma estrutura de apoio quando o jovem volta para casa”, reitera.

na, os usuários demoravam anos para procurar ajuda. Agora, em poucos meses a família vem atrás, porque o crack desmorona o indivíduo e suas relações”, admite. O tempo de recuperação? Varia de acordo com o tempo de uso da droga. “Quando a família logo percebe, normalmente é mais rápido, mas tem casos de anos de uso que necessitam de muito tempo de terapia”, declara a professora, lembrando que, quando acontece a liberação da terapia, além de cessar o uso das drogas, percebem-se melhorias no relacionamento familiar.

A proposta do projeto de extensão con-templa a participação de acadêmicos de Psi-cologia, que articulam e participam ativamen-te do processo. Bruno Novello, do 3º nível, afirma nunca ter pensado em poder trabalhar um assunto em equipe. “Sempre achei que a práxis do ser psicólogo seria o atendimento in-dividualizado, hoje percebo que dá pra fazer diferente”, justifica.

A possibilidade de ver o profissional (as professoras) atuando chamou a atenção de Suelen Bertuzzi, do 6º nível. Na prática, o atendimento acontece num espaço interliga-do por um espelho na parede, compreenden-do duas salas. Através do espelho, estudantes assistem ao atendimento feito na outra sala, com a permissão do paciente. O sistema de som permite também ouvir a terapia. Quando acaba a sessão com a família, é a vez de a equipe de psicologia se reunir e avaliar o atendimento. A família pode assistir à avaliação. “É uma família ajudando a outra”, considera Caroline Rigodanzo, 5º nível.

O projeto de extensão é desenvolvido no Centro de Psicologia Aplicada, Campus III da UPF. O telefone para contato é (54) 33168515.

Terapia em família com a participação de acadêmicos orientados por professores

Drogas: a família em cena

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Uma feira já consolidada.

Em sua tercei-ra edição, a

Agrotecno Leite 2009 se apresen-

ta como um evento completo, contando

com demonstrações reais sobre tecnolo-

gia e buscando suprir necessidades detecta-das pelos produtores rurais em seu ambiente de trabalho. De 30 de setembro a 02 de outubro, o Centro de Eventos e os campos de pesquisa da UPF estarão preparados para receber 10 mil visitantes entre produtores, empresá-rios, profissionais e estudantes, que buscam o fortalecimento de parcerias e a qualifica-ção da cadeia produtiva do leite.

A Agrotecno Leite, que promete ser a maior do segmento na região Sul do país, tem como destaque da programação deste ano a visitação às parcelas experimentais e demonstrativas no campo; o Caminho técnico do leite - Via Láctea; a dinâmica de máquinas e equipamentos e o espaço para os

Pesquisa, inovação e tecnologia

A Mostra de Iniciação Científica (MIC/UPF) chega a sua décima nona edição neste ano, trazendo como tema “Pesquisa, Inovação e Tecnologia”. Bolsistas e voluntários de iniciação científica, acadêmicos de graduação, pesquisadores, professores e comu-nidade poderão conhecer e socializar os novos conhecimentos gerados pela pesquisa universitária entre os dias 1º e 03 de dezembro. A MIC tem como locais o Centro de Eventos e unidades acadêmicas da UPF.

As inscrições tanto para a apresen-tação de trabalhos quanto para ouvin-tes já estão abertas e devem ser feitas até 09 de setembro no site da MIC. Os trabalhos inscritos poderão concorrer ao “Prêmio Aluno Pesquisador UPF” nas áreas de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; Ciências Agrárias; Ciências Biológicas e da Saúde; Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Letras e Artes. Já o Destaque Melhor Pôster vai premiar as seguintes mo-dalidades: Destaque Júri Popular para Área das Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; Destaque Júri Popular para Área das Ciências Agrárias; Des-taque Júri Popular para Área das Ciên-cias Biológicas e da Saúde; Destaque

Júri Popular para Área das Ciências Humanas e

Sociais, Letras e Artes e Destaque

Impacto Social. Detalhes da

programação, inscrições e ou-tras informações sobre a MIC 2009

podem ser obtidos no site www.upf.br/mic,

pelo e-mail [email protected] ou telefo-ne (54) 3316-8370.

expositores externos, destinado a mais de 50 empresas da área. Haverá palestras e eventos paralelos e uma Praça de Alimentação no local. Estão sendo organizadas dezenas de excursões de todas as regiões do estado.

A Agrotecno Leite 2009 é uma promoção da UPF, Sicredi, Cotrijal, Emater, Embrapa Trigo, RBS/TV, Prefeitura Municipal de Passo Fundo e do Programa Juntos Para Competir (SEBRAE/Senar/Farsul). Mais informações no site www.agrotecnoleite.com.br.

A escravidão é em si mesma a mais terrível instituição cria-da na história da humanidade e amenizá-la significa desconsiderar esta condição fundamental trágica, a pior à qual se pode reduzir o ser humano. Estas palavras ex-pressam o propósito do conjunto dos textos que compõem o livro Grilhão Negro: ensaios sobre a escravidão colonial no Brasil. A obra, produzida pela UPF Editora e organizada por Mário Maestri e Helen Ortiz, foi lançada no início de julho em Passo Fundo e reafirma com ênfase a trágica história de milhões de homens e mulheres sub-metidos à escravidão no Brasil.

Grilhão Negro: ensaios sobre a escravidão colonial no Brasil e outras obras da UPF Editora podem ser adquiridas pelo site www.upf.br/editora ou pelo telefone (54) 3316-8374.

Ao comemorar 52 anos de prestação de serviços educa-cionais à comunidade regional, a Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (Feac) recebe um importante diferencial: a certificação do Sistema de Gestão da Qualidade nos padrões normativos ISO 9001:2000.

As capacitações para assegurar a qualidade nos serviços prestados na FEAC tiveram início há dois anos. Servidores passaram por um processo de aperfeiçoamento de práticas de trabalho basea-das em procedimentos para atingir um sistema de gestão da qualidade efetivo. A certificação é padronizada no mundo todo para qualquer tipo de empresa ou instituição e busca a melhoria contínua. Além de o processo de certificação ser bastante rigoroso, a manutenção deste diferencial também é complexa. A cada seis meses, a faculdade passará por uma auditoria, que analisará constantemente os serviços prestados.

O certificado do Sistema de Gestão da Qualidade nos padrões normativos ISO 9001:2000 foi entregue pela empresa BSI, uma multinacional com sede no Reino Unido (Inglaterra), que atua como provedora de serviços técnicos desde 1901.

Qualidade certificada

Obra foi lançada pela UPF Editora

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pág14 agosto/2009

CComunidade acadêmica apresenta novos conhecimentos gerados pelas pesquisas na UPF

Cadeia produtiva do leite se

encontra na UPF Mais de 10 mil pessoas devem

visitar a feira neste ano

Grilhão Negro: ensaios sobre a escravidão colonial no Brasil

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Os 660 novos computadores foram instalados na estrutura multicampi

O Centro de Referência de Literatura e Multimeios - Mun-do da Leitura da UPF apresenta neste ano uma novidade em sua programação voltada à comunidade. É o pro-jeto Arte & Literatura no Sábado, iniciativa que acontece no último sábado de cada mês e tem o objetivo de aproximar cada vez mais o público do universo das múltiplas leituras. Contação de histórias, exibição de filmes e oficinas fazem parte das atividades, propiciando o contato do público com a arte e a literatura em múltiplas linguagens.

A iniciativa é gratuita e aberta à participação da comunidade, que pode desfrutar ainda do acervo literário, de filmes e CDs. O Mundo da Leitura atende de segunda a sexta nos três turnos, das 8h às 12h, das 13h30min às 17h30min e das 18h30min às 22h20min, e no sábado, so-mente manhã e tarde, no mesmo horário do resto da semana.

O Conselho Diretor da Fundação UPF está com nova diretoria. O presidente Jocarly Patrocínio de Souza e os vice-presidentes Adriano Canabarro Teixeira e Marco Antonio Ruas Schilling, 1º e 2º, respectivamente, foram eleitos no dia 13 de julho para um mandato de dois anos.

Os novos integrantes do Conselho, Juliano Giongo, Antonio Carlos de Lima, Jocarly Patrocínio de Souza e Ed-son Campanhola Bortoluzzi, com seus respectivos suplentes Rosani Sgari Szilagyi, Marco Antônio Sandini Trentin, Nelci Terezinha Zorzi e Graciela René Ormezzano, também foram diplomados no dia 13. Eles integram a equipe do Conselho Diretor por quatro anos. O presidente eleito nomeou o conselheiro Juliano Giongo como secretário do Conselho.

O Conselho Diretor é o órgão máximo da Fundação, constituído por dez membros efetivos e seus respectivos suplentes.

Conselho Diretor tem nova diretoria

UPF apresenta proposta do Parque Científico e Tecnológico

Proporcionar estrutura física de qualidade para que alunos e colaboradores possam desenvolver suas ativida-des adequadamente. Este foi o objetivo que motivou a Reitoria da UPF a renovar 22 laboratórios de informática, além de outros espaços adminis-trativos. Ao todo, 660 novos computadores foram adquiridos.

Somente em 2009, os in-vestimentos realizados para a aquisição de novos equipamentos ou substituição dos antigos chega a mais de R$ 1,2 milhão. A polí-tica de renovação visa atender, prioritariamente, os alunos. Por este motivo os laboratórios de informática são os primeiros a se-rem renovados, tanto de unidades acadêmicas do Campus I quanto de todos os campi da UPF.

Acompanhando a evolução da tecnologia, desde 2002 a UPF já adquiriu 3.270 computadores

novos e 315 projetores multimídia.

Legisladores e comunidade passo-fundense já conhecem a proposta estratégica da UPF para viabilizar o Parque Científico e Tecnológico do Planalto Médio. Com foco na inovação e no desenvolvimento tecnológico, basea-dos numa matriz acadêmica e em recursos técnico-científicos regionais, o Parque foi apresentado na Câmara de Vereadores, no início de junho. O projeto prevê a atuação nas áreas de tecnologia da infor-mação, alimentos, metal-mecânica, biotecnologia, energia, saúde e outros de acordo com demandas que venham a surgir no mercado.

A ênfase está na promoção do desenvolvimento econômico e da competitividade da região por meio da criação de oportunidades de negócios e agregação de valor às empresas; promoção de mecanismos de inclusão social e de empreendedorismo e incubação de novas empresas de inovação; geração de empregos baseados em conhecimento; construção de espaços atrativos para profissionais emergentes; melhoria da sinergia entre empresas, universidades, centros de ensino superior, fa-culdades isoladas, centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

A apresentação da proposta de criação do Parque aconteceu em

Sessão Plenária da Câmara de Vereadores de Passo Fundo. Mais informações sobre o Parque Científico e Tecnológico do Planalto Médio e de como tornar-se um parceiro podem ser obtidas pelo telefone (54) 3316-8283.

E Em razão da construção de uma Matriz Produtiva Regional diferenciada, Parque busca a promoção do desenvolvimento econômico-social e a competitividade da região

Projeto arquitetônico (fachada) do Parque Científico e Tecnológico do Planalto Médio

Proposta foi apresentada na Câmara de Vereadores

de Passo Fundo

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Novo projeto movimenta Mundo da Leitura

Laboratórios de informática renovados

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Público é convi-dado ao contato com a arte e a literatura

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Maquetes da história passo-fundense

Preocupação com a conservação dos prédios antigos é um dos objetivos da elaboração do trabalho acadêmicoP

Estilos arquitetônicos

Baseados nesta obra, os estudantes iniciaram o estudo das construções. Eles entram em contato com os objetos de análise por meio de visitas aos locais e fotografias para a produção dos modelos tridimensionais das edificações que retratam o processo de desenvolvimento da arquitetura em Passo Fundo. Segundo a professora Lorena, as obras da cidade, num primeiro momento, são em-basadas na arquitetura colonial e vernacular, tendo, logo após, forte influência clássica, como o neobarroco, neogótico e o ecletismo. “O terceiro momento se refere aos estilos ar-quitetônicos pré-modernos, como a Arquitetu-ra do Ferro, o Art Nouveau e o Art Deco, como o Edifício Lângaro. A arquitetura racionalista introduzida no Brasil em 1925 e na década de 1940 já alcançava uma posição privilegiada no contexto internacional, por sua qualidade e originalidade”, explica a professora.

A exposição Arquitetura Urbana de Passo Fundo em Maquetes foi conhecida pelo públi-co quando esteve em apresentação no Museu Histórico Regional e, logo após, no Bella Città Shopping Center. “O objetivo da exposição é

O que seria de Paris sem a Torre Eiffel? E Londres sem o relógio Big Ben? Já imaginou a China sem a Grande Muralha? Pois é, nas devidas proporções, Passo Fundo também tem construções históricas que representam como esta cidade encravada no Norte gaúcho surgiu e cresceu com o passar dos mais de 150 anos de sua criação. Mas, apesar disso, muitas pessoas caminham pelas ruas da cidade sem se dar conta de que, na atualidade, há muito da história da cidade a olhos vistos, ou nem tanto assim.

Para não deixar essas marcas sumirem com o passar do tempo, alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UPF desenvolve-ram maquetes de 12 edificações encontradas em Passo Fundo e que contribuem para contar parte do século e meio do município, surgido devido aos tropeiros que aqui transitavam num passado longínquo.

Catedral Nossa Senhora Aparecida, Hotel Avenida, Edifício Moron, Residência Nothen, Instituto Educacional, Escola Estadual Protá-sio Alves, Quartel do Exército, Casa Barão, Residência Morsch, Edifício Lângaro, Edifício de Refrigeração da Brahma e Intendência Municipal. Todas essas construções possuem significados especiais para o município, seja em valor arquitetônico, seja como fato histó-rico, e estão presentes no livro que inspirou os acadêmicos na elaboração das maquetes “Arquitetura Urbana de Passo Fundo”, das professoras Lorena Postal Waihri-ch e Mara Kramer. A publicação contém o levantamento de 32 edificações e foi especialmente produzida para o sesquicentená-rio da cidade, em 2007.

divulgar os resultados das ações de ensino, pesquisa e extensão promovidas pelo curso, bus-cando ampliar o contato com a comunidade em geral pelas expo-sições itinerantes de maquetes e banners, propiciando conhecimen-to sobre a preservação do patrimônio histórico de Passo Fundo”, ressalta Lorena.

Trabalho árduoOs alunos Diego Abido e

Eduardo Rossatto criaram a maquete do Edifício Moron. “É um prédio diferenciado por dentro, mas que poucas pessoas conseguem observar por fora. Para retratá-lo precisamos das plantas originais, que contribuíram muito no nosso trabalho”, afirma Rossatto.

A criação da maquete da Residên-cia Nothen ficou a cargo do estudante Tobias Karlinski. Ele critica a poluição visual na obra e também em outros prédios antigos da cidade. “Estão degradando as edificações, em vez de agregar o antigo ao moderno, como fez uma rede de lojas de materiais de construção em Porto Alegre, ganhando destaque por essa atitude”, garante Karlinski.

Uma das principais edificações de Passo Fundo também foi retratada em maquete: a Catedral Nossa Senhora Aparecida. André Spickler e Alex Dias tiveram a árdua tarefa de estudar em detalhes a obra. “Foi bastante complicado pelo grande detalhamento que o prédio tem, além de as laterais quase não serem vistas. Por isso, foi fundamental a cola-boração e o material fotográfico”, frisa Dias. Os acadêmicos tiveram que varar a madrugada para entregar a maquete dentro do prazo. “Finalizamos às 3h30min, mas conseguimos realizar um trabalho que nos satisfaz pelo retorno das pessoas”, destaca Spickler.

Já o Hotel Avenida serviu de inspiração para Lucas de Mello Teixeira e Andréas Mo-celin. “É um dos primeiros hotéis da cidade, servindo, inclusive, como aprendizado sobre urbanismo ao município“, informa Teixeira. Mocelin ressalta que o trabalho serviu para que ele próprio observasse com mais cuidado o centro da cidade e seus prédios. “Foi uma for-ma de conscientização para nós, porque agora também estamos mais atentos e aprendemos a importância dessas obras para a história de Passo Fundo”, considera Mocelin.

De acordo com o técnico em maquetaria Manoel de Mattos, os alunos se superaram e surpreenderam com o trabalho. “No começo foi difícil, muitos não tinham as plantas e precisaram fazer uma forte pesquisa de campo. Mas com o desenvolvimento das tarefas eles empolgaram toda a comunidade”, comemora Mattos.

Alunos demonstraram comprometimento com as tarefas

Esforço valeu a pena pelo resultado final e retorno da comunidade

Maquetes chamam atenção pela qualidade