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Um percurso pelas Muralhas de Guimarães Miguel Bastos, Novembro de 2013 1 um percurso pelas MURALHAS DE GUIMARÃES Por Miguel Bastos, Novembro MMXIII Ilustração: Alexandre Reis

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Um percurso pelas Muralhas de Guimarães – Miguel Bastos, Novembro de 2013 1

um percurso pelas

MURALHAS DE GUIMARÃES

Por Miguel Bastos, Novembro MMXIII

Ilustração: Alexandre Reis

Um percurso pelas Muralhas de Guimarães – Miguel Bastos, Novembro de 2013 2

PERCURSO PROPOSTO

1.Estátua de D. Afonso Henriques

(Torrilhão da Garrida e porta de Sta. Bárbara)

2.Paço dos Duques - Alçado nascente

(Torrilhão de Sta. Cruz e porta da freiria)

3.Av. Alberto Sampaio

(Torre dos Cães)

4.Sra. da Guia

(Torre da Sra. da Guia e porta do postigo)

5.Alameda de S. Dâmaso / Rua Nova

(Troço de muralha entre as casas)

6.Escadinhas

(Torre Velha e porta da torre Velha)

7.Largo Condessa do Juncal

(Troço de muralha inserido na edificação)

8.Rua do Anjo

(Torre da Alfândega - interior)

9.Toural

(Postigo de S. Paio e Torre da Alfândega - exterior)

10.Toural

(Torre da Sra. da Piedade - porta S. Domingos ou da vila)

11. Rua de Sto. António

(Torre de S. Bento ou da Sra. da Graça – porta de Sta. Luzia)

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Planta de Guimarães (c.1569)

Note-se a inserção da muralha e das suas torres

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A muralha de Guimarães – imagens virtuais (Miguel Bastos / Raimundo Gomes)

MB/RG

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Fotografia aérea de Guimarães (c.2012) – obtida na internet – autor desconhecido (D. R.)

Note-se o perímetro da muralha perfeitamente perceptível, num movimento de abraço ao povoado desde o Castelo.

Interior da muralha (logradouro do Museu Alberto Sampaio) – (foto c.1970)

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Sobreposição da Planta c.1569 com Fotografia aérea de Guimarães (GoogleEarth) – Miguel Bastos

Note-se a “exactidão” do levantamento do sec. XVI

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Nota Histórico-Artistica (INGESPAR) A primeira linha de amuralhamento da cidade de Guimarães aparece-nos muito tarde na História: apenas na viragem para a segunda metade do século XIII, quando, no castelo, se dava corpo a uma terceira reforma da estrutura militar. A razão para este atraso não é ainda inteiramente conhecida, mas é provável que, até ao século XIV, constituindo Guimarães duas vilas independentes, se tenha optado por, nos dois primeiros séculos da nacionalidade, guarnecer mais fortemente o burgo alto - o núcleo do castelo – em detrimento da vila baixa, organizada em redor da Colegiada. Foi, então, no século XIII que se dotou os dois burgos de uma única estrutura defensiva, concentrada no castelo, mas alargada à comunidade e às principais instituições religiosas. A extensão desta empreitada encontra-se bem testemunhada pela grande duração das obras, começadas no reinado de Afonso III (por volta de 1265) e terminadas já no século XIV (em 1318). Por outro lado, o programa então definido obrigou à demolição dos dois conventos mendicantes recentemente construídos na cidade (de São Domingos e de São Francisco), facto que prova, também, o estatuto verdadeiramente importante do amuralhamento do núcleo. Esta grande campanha estaria, então, concluída na viragem para a terceira década do século XIV. Nos anos seguintes, a dupla muralha de Guimarães resistiu a três cercos: em 1322, quando o Infante D. Afonso guerreava seu pai, D. Dinis; em 1369, quando as tropas de Castela, comandadas por Henrique II, invadiram o Entre-Douro-e-Minho; e em 1385, quando D. João I, montou cerco aos resistentes vimaranenses. Este monarca, de resto, revelou grande afecto em relação a esta localidade. A sua marca ficou patente na renovação da Colegiada de Santa Maria, de cuja imagem românica era especial devoto, na promoção de novas construções religiosas (como as arrastadas empreitadas dos conventos mendicantes da cidade), mas também na demolição da muralha interior, que separava os dois burgos. Com este acto, Guimarães passou a estar fisicamente unificada e a natureza algo rival das duas comunidades era, finalmente, suprimida. As fases de destruição das muralhas de Guimarães estão bastante bem documentadas. No século XIX, à semelhança do que aconteceu com o castelo e com o Paço dos Duques, também as muralhas foram utilizadas como pedreiras para diversos edifícios públicos e privados. Tal facto determinou a destruição de praticamente todas as torres e portas, ilusão de progresso que continuou nos meados do século XX, altura em que novas destruições foram efectuadas em benefício do traçado de mais largas vias rodoviárias. Oito portas, seis torres e dois torrilhões (cubelos), definiam um circuito militar relativamente extenso, que hoje se desenvolve ao longo de três freguesias. Grande parte do perímetro foi sacrificado, nos séculos XIX e XX ,mas conservam-se ainda alguns troços bastante importantes. Um deles, o mais extenso, corre ao longo da actual Avenida Alberto Sampaio, e desenvolve-se praticamente desde o castelo, constituindo, desta forma, uma massa pétrea de inegável impacto urbanístico na Guimarães contemporânea. O segundo está associado à Torre da Alfândega, a principal referência do sector meridional das muralhas, e o elemento militar que mais afastado estava do castelo, facto ainda claramente demonstrado pela sua parcial conservação, em planta e em altura. Outros vestígios existem ainda que testemunham o traçado das muralhas de Guimarães, como os dois arranques que se ligam ao castelo e que representavam o início e o fim da estrutura. Mas onde o perímetro está manifestamente comprovado é na organização das vias, na disposição dos edifícios do centro histórico e nos espaços públicos, rasgados nos séculos XIX e XX, que rodeiam o núcleo principal de Guimarães. Uma breve análise a uma das recentes vistas aéreas da cidade demonstra cabalmente esta situação: ainda que grande parte das muralhas tenham desaparecido, o seu perímetro é uma evidência. Cronologia Séc. XII, finais / séc. XIII, inícios (reinado de D. Sancho I) - o rei circuitou a cavalo a parte alta da vila, a fim de lhe assinalar um termo, sendo provável que se tivesse amuralhado a partir desta altura; séc. XIII, meados - é iniciada a construção do traçado definitivo da cerca de Guimarães por iniciativa o rei D. Afonso III, unificando as partes alta e baixa da vila; 1322, antes - durante o reinado de D. Dinis prosseguiram as obras de construção da cerca, tendo aquele rei sido o grande responsável pela sua conclusão em data anterior a 1322; 1322 - cerco da vila pelo infante D. Afonso, em luta com seu pai o rei D. Dinis; 1369 - cerco da vila por D. Henrique II de Castela; 1385 - cerco da vila pelas forças do rei D. João I; 1389 - D. João I unifica jurisdicionalmente as comunidades das partes altas (Castelo) e baixa (Burgo) da vila, ordenando que fossem ambos um só povo, mediante a incorporação da vila alta num só concelho, doravante Guimarães; 1420, antes - demolição do muro transversal que separava a parte alta da vila da baixa; séc. XVII - a cantaria da Torre da Sra. da Guia foi utilizada em obras na Igreja da Oliveira; séc. XIX, meados - demolição da Torre de S. Bento; 1943 - ao longo da actual Av. General Humberto Delgado, foram demolidos vários troços de muralha numa extensão total de mais de 150 m.

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Muralhas de Guimarães Torre-tipo (Sra. da Guia / S. Domingos / S. Bento

RECRIAÇÃO ESQUEMÁTICA Miguel Bastos 2011

MURALHAS DE GUIMARÃES E SUAS TORRES Miguel Bastos, Outubro de 2012 A cerca nova da muralha vimaranense tinha cerca de 9m de altura. O troço que ainda resiste e que começa na capela da Senhora da Guia tem cerca de 7m de altura aparente, mas a sua base está “enterrada”, já que antiga estrada de Fafe resulta de um aterro. A largura da muralha era de cerca de 2,8m, estreitando para cerca de 30cm na guarda do adarve (caminho das sentinelas), com cerca de 1,5m de altura e que incluía os merlões. As faces exterior e interior eram compostas por cantaria de aparelho regular sendo o espaço entre elas preenchido por pedra irregular. O perímetro da cerca velha, com cerca de 500m, era pontuado a norte pelo castelo e a sul por dois torrilhões, “cubelos” maciços, com a mesma altura da muralha: - Torrilhão da Garrida - Torrilhão da Freiria (ou Sta. Cruz) O perímetro da cerca nova, com cerca de 1.400m, era pontuado por 6 torres mais altas que a muralha e de 2 tipos: as que não incluíam porta e as que as incluíam. Primeiro tipo: - Torre dos Cães - Torre Velha (guardava a pouca distância a Porta da Torre Velha) - Torre da Alfândega (guardava a pouca distância o Postigo de São Paio) Segundo tipo: - Torre da Senhora da Guia (com capela interior a ela dedicada) - Porta do Postigo; - Torre de São Domingos (ou da Senhora da Piedade – com capela interior a ela dedicada) – Porta da Vila - Torre de São Bento (ou da Senhora da Graça – com capela interior a ela dedicada) – Porta de santa Luzia.

“As portas da vila eram guardadas por soldados subordinados á autoridade militar. Em tempo de guerra ou de grande turbulência social, defendiam-nas e nelas exerciam o controle das entradas e saídas de transeuntes e viaturas, exigindo documentos de identificação e salvo-condutos” As Torres “com porta” referidas atrás, encostavam ao lado de fora da muralha, não eram cobertas e tinham uma planta em “U” que não fechava completamente no lado da muralha. Tinham uma planta rectangular com cerca de 14x14m (pode ser confirmada pela análise da planta de 1569) e uma altura que ultrapassaria os 15m, chegando, talvez, aos 18m. As suas paredes tinham uma largura de cerca de 2,5m. Uma porta abria-se na empena lateral direita (ponto de vista de quem olha do exterior da cerca) e outra porta se abria no interior, inserida no próprio pano da muralha. Sobre a porta lateral existia um mata-cães, um balcão através da qual se podia observar e atacar os inimigos que tentassem penetrar numa fortificação que se pretendia inexpugnável, agredindo-os com pedras ou outros objectos. No interior existia uma construção sobradada, de pedra e madeira, esta sim coberta, servindo, no piso térreo, de botica e no piso superior de capela. Veja-se o desenho esquemático.

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A inserção das torres na muralha vimaranense foi feita numa segunda fase e muitas questões subsistem: - A Torre Velha, a julgar pelo próprio nome, seria uma torre defensiva existente antes da construção da muralha? - Como se “explicam” torres que não continham portas (sejam a Torre dos Cães, a Torre Velha E a Torre da Alfândega)? A topografia do terreno implicou um desnível entre o interior da vila e o exterior da muralha, como se observa ainda hoje na Rua Egas Moniz (antiga Rua Nova do Muro), Largo Condessa do Juncal (Feira do Pão, antigo Largo dos Açougues) e Rua do Anj0 em relação à Alameda de São Dâmaso e, ainda, na Rua da Arrochela em relação ao Toural. Vejam-se as “escadinhas” que vencem uma diferença cota de cerca de 2,80m. A Torre da Alfândega só passou a “guardar” uma porta próxima numa fase tardia após a abertura do postigo de São Paio, não se sabe ao certo quando, mas existente já em 1569. Sendo assim e partindo do princípio que a Torre Velha era uma “pré-existência”, a inserção da Torre dos Cães poderá explicar-se por constituir posto de vigilância entre a cerca velha/Torrilhão da Freiria e Torre da Sra. da Guia, já que distam cerca de 420m e que conviria intercalar um ponto de defesa. A localização da Torre da Alfândega explicar-se-á, talvez, pela sua implantação num ângulo, em planta, da cerca nova. TORRE DA ALFÂNDEGA O que conhecemos em concreto da Torre da Alfândega? O seu nome advém das construções que lhe estavam anexas a partir do sec. XVII, não se sabe que nome teria antes. Chegou a ser, também apodada de Torre das Biscaias, por estarem as moradias ditas das Biscaias junto ao seu perímetro. Pela planta manuscrita de 1569 sabemos que tinha uma planta aproximadamente quadrangular as suas dimensões eram 12m (face que se conserva) x 13m, com paredes com cerca de 2,5m de espessura. O espaço interior “livre” da torre seria, aproximadamente, de 7m x 8m. A sua altura é difícil de conhecer com exatidão. A empena que ainda existe foi demolida parcialmente a partir do topo e foi “reconstruída” em 1934 aproximadamente ao que se julga ter sido a sua altura original, digamos cerca de 15m – hoje existirão pelo menos 2m de aterro junto à base da torre, conforme escavações recentes o comprovaram. Continuando a analisar a aludida planta manuscrita de 1569 notam-se aberturas/vãos nas empenas nordeste, sudoeste (onde está aposto “AQUI NASCEU PORTUGAL”) e sudeste. Dado que o pano original que e conservou até hoje (descontando o acrescento de 1934) é “cego”, presume-se que o vão desta empena estivesse localizado acima dos 12m. Quanto aos outros vão não sabemos se albergavam “mata-cães” a exemplo das outras torres que “continham” portas ou se seriam apenas postos de observação. Veja-se uma fotomontagem feita a partir de fotografias de cerca de 1930, que mostram uma porta e uma janela a cima e deslocada para a esquerda que estariam, na minha opinião, colocados na empena nordeste (aquela que actualmente confronta como o Café Milenário) A torre não era, muito provavelmente, coberta e albergava uma estrutura de madeira interior que permitia o acesso aos ditos vãos. A Torre da Alfândega é, hoje em dia, propriedade privada. Se os poderes públicos quisessem podiam devolvê-la à população, instalando no seu interior um centro interpretativo da muralha e permitindo o uso da sua cobertura como miradouro da cidade. Haverá vontade política?

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Torrilhão da Garrida e porta de Sta. Bárbara

O cubelo da Garrida (foto c.1940)

O cubelo da Garrida e empena da muralha (foto c.1940) Inserção da cerca velha (?) - empena poente

(foto sec. XXI)

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Torrilhão da Freiria ou Sta. Cruz e porta da freiria

Cerca velha - empena nascente

(fotos c.1940)

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Torre dos Cães

Torre dos Cães e troço da muralha

(desenho - início sec. XIX)

Ex-voto com Torre dos Cães (início sec. XIX)

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Torre da Sra. da Guia e porta do postigo

Torre da Sra. da Guia vista pelo exterior - Recriação - Ilustração de José Morim (2013)

Torre da Sra. da Guia vista pelo interior - Recriação - Ilustração de José Morim (2013)

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Torre da Sra. da Guia e porta do postigo

Troço de muralha (entre a Rua Nova de Trás-do-muro e a Alameda)

Fundações da Torre da Sra. da Guia (fotos c. 2000)

Traseiras da Casa Pastor – Foto de Fernando Ribeiro, 2013

Notem-se o “rechio” (espaço entre a muralha e construção a sul), o

paramento da muralha e os merlões, alguns “deslocados” para aberturas

das janelas - cf. esquema da pag.21

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Torre Velha e porta da torre Velha

A Torre Velha (à esquerda) e a Torre da Sra. da Piedade - porta da Vila (à direita)

(montagem de 2 gravuras de 1757, com vista tomada do telhado do actual Tribunal da relação)

Foto área troço de muralha entre a Torre da Alfândega e a Torre Velha (às “escadinhas”)

Note-se o pormenor do troço existente que conserva os merlões.

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Torre da Alfândega

A Torre da Alfândega (à esquerda, ocultada por uma casa da rua Trás-os-Oleiros) e troço de muralha atrás da

desaparecida Igreja de S. Sebastião (foto de c.1863)

A Torre da Alfândega vista interior da empena noroeste

foto-montagem de Amaro das Neves / Miguel Bastos a partir

de fotos c.1930

A Torre da Alfândega vista anterior

Note-se a empena da muralha à esquerda encostada à

inserção da empena sudeste da torre

foto-montagem de Miguel Bastos 2011

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Torre da Sra. da Piedade - Porta de S. Domingos ou Porta da Vila

O Toural em fins do sec. XVII – Ilustração de Alexandre Reis (2011)

Note-se, à esquerda, a Torre da Sra. da Piedade-porta da Vila e, à direita, a Torre da Alfândega

Entre as duas o Postigo de São Paio aberto posteriormente à construção da muralha

Torre da Sra. da Piedade –ou de S. Domingos – Porta da Vila – Ilustração de Alexandre Reis (2011)

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Torre de S. Bento ou da Sra. da Graça – porta de Sta. Luzia

A Torre de São Bento

Desenho de Carlos Van Zeller

(c. 1835)

A Torre de São Bento e troço da muralha ainda existente.

Note-se a envergadura comparada com a torre da Igreja da oliveira à esquerda

Pormenor da Aguada de Auguste Roquemont ( c. 1830/35)

Vista a partir do local da actual estação do teleférico (Hortas)

Restos da Torre de São Bento à Rua de Sto. António (foto c. 1950)

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Torre de S. Bento ou da Sra. da Graça – porta de Sta. Luzia

Demolição da muralha – troço a norte junto à Torre de São Bento - aos “Palheiros”(foto c. 1943)

Demolição da muralha – troço entre a Torre de São Bento e Torrilhão da Garrida - inflexão

- aos “Palheiros”(foto c. 1943)

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Esquema do “apropriamento” da muralha pelas construções confinantes ao longo do tempo

Exemplo “Rua Nova /Alameda” junto à Torre Velha

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Descrição das muralhas vimaranenses

Em que se dá notícia de quando esta

villa foi mudada, e da grandeza dos

seus muros

“Memórias resuscitadas da antiga

Guimarães” (extracto)

Pe. Torquato Peixoto d’ Azevedo, 1691

(publicado apenas em 1845)

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Extracto da “Corografia Portugueza”, Pe. António Carvalho da Costa, 1706

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A EVOLUÇÃO DA FORMA URBANA DE GUIMARÃES E A CRIAÇÃO DO SEU PATRIMÓNIO EDIFICADO Bernardo Ferrão (Com José Ferrão Afonso) - (extracto)

1 - A BIPOLARIZAÇÃO DA CIDADE ( Sécs. X e XII) A Condessa Mumadona doa ao mosteiro, em 968, o castelo que entre 950 e 957 mandara edificar no Monte Largo, para sua protecção e do burgo nascente que entretanto o ia envolvendo. Tratar-se-ia, nessa época de um castelo "roqueiro" bastante fruste, constituído por uma estrutura, possivelmente de pedra solta e madeira, que preenchia as falhas da coroa rochosa que pontuava aquela eminência. O castelo monástico inicial, transformar-se-á posteriormente, face as alterações sociopolíticas entretanto ocorridas, em fortificação condal e depois real, assumindo, progressivamente, uma relevância interregional. No contexto das perturbações do "ano mil", onde a luta contra os sarracenos constituía preocupação e terror dominantes, o novo cenário urbano vimaranense, agora definido pelo mosteiro, burgo envolvente e castelo roqueiro apresentarão um quadro característico do urbanismo contemporâneo da cristandade ocidental: na planície um núcleo eclesial e na colina, uma fortificação. Entretanto, na época condal, as características ainda roqueiras do castelo e o facto da residência senhorial se situar provavelmente no burgo baixo, indiciam não estarem ainda criadas condições para a urbanização envolvente da fortificação, que só se verificará mais tarde, pelo que é de pressupor que, à época, aquele se encontrasse, ainda, em arrogante isolamento. É com D. Henrique e D. Teresa que o primitivo castelo roqueiro terá sido reordenado ou reformulado, através da criação de um pano amuralhado envolvente, com implantação próxima da actualmente existente. Será então e após D. Sancho [que reinou de 1185 a 1211] demarcar o termo da Vila Alta, circuitando-a a cavalo, como se depreende das Inquirições de 1258, que parece ter-se executado a característica cerca baixa envolvente do castelo românico, no quadro de procedimento genérico similar ocorrido contemporaneamente em inúmeras vilas sem tradição de sede episcopal, como Ponte de Lima, no Norte, ou Santarém, no Sul, face ao clima de razias e guerra permanentes. Com a reformulação do primitivo castelo roqueiro, e a construção da cerca baixa envolvente, que poderia enquadrar já alguma urbanização pré-existente, criar-se-á, na transição do séc. XII para o séc. XIII, um segundo e significativo plo de fixação humana, visto que a existência daquele e desta não só pressupunham, agora, a permanência de guarnições militares compatíveis com uma relevância interregional, como também, e por serem residência de senhores, não dispensavam a presença de mão de obra "corveável", assumida pelo povo, à época a única classe com o dever e o direito ao trabalho, como ainda, por uma e outra razões servirem de lugar de reunião e permuta populares. Inicialmente urbanizada em torno do mosteiro e posteriormente em torno deste e no interior da cerca envolvente do castelo, a urbe vimaranense assumirá então um perfil urbano comum às cidades europeias e portuguesas contemporâneas, à época definidas pela existência de dois pólos urbanos iniciais, a "Vila Alta" e a "Vila Baixa". No período temporal que vimos tratando, sécs. IX/XIII, a bipolarização urbana que, quer do ponto de vista do desenvolvimento urbano, quer do da estruturação paroquial, constatamos existir, também se verifica de uma perspectiva administrativa, face à existência de dois concelhos autónomos com autonomia jurisdicional plena, correspondentes aos burgos baixo e alto. Essa situação só se alterará com D. João I, que os incorporará num só município, doravante Guimarães, atribuindo a supremacia jurisdicional ao burgo canónico. 2 - A UNIFICAÇÃO GÓTICA DA CIDADE (Sécs. XIV e XV) Com a construção, no reinado de D. Dinis, da segunda cintura de muralhas englobando as Vilas Alta e Baixa, mais tarde completada por D. João I que a guarneceu com torres e ameias, a autonomia jurisdicional da primeira, bem como a cerca que a defendia deixaram de fazer sentido. Assim, nos finais do século XIV, D. João I ordenou a destruição da cerca velha, e a construção de uns primeiros Paços Municipais na Vila Baixa, doravante cabeça única do concelho de Guimarães. Desconhece-se qual o seu aspecto, mas provavelmente seriam uma torre ameada, nos vários sobrados da qual funcionavam as diferentes dependências do Concelho. A edificação da nova cerca em Guimarães respeita no seu traçado as principais vias que para a vila confluiam e que permaneceram do período anterior, dando-lhes passagem através das diversas portas guarnecidas com fortes estruturas defensivas. Excepções são a Porta da Garrida a noroeste e da Freiria a nordeste, nos pontos de encontro da muralha dionisina com a cerca velha, que existiam concerteza para serventia das populações da zona alta da povoação, para além de permitirem contornar a Vila do Castelo, pelo exterior, em direcção ao norte. A primeira dava acesso ao Campo de S. Salvador, onde se erguia a capela do mesmo nome, «arrabalde» da vila, e a ela conduzia a rua da Infesta, troço superior da de Santa Maria. A segunda, onde chegava a rua do

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Sabugal que partia da rua da Infesta, para além de permitir o vai-vém diário das populações que trabalhavam nas zonas agrícolas do exterior e interior da muralha, também facilitava a ligação à zona dos Canos a norte do Castelo. A estrada de Braga, antiga via romana, atravessa a povoação no sentido NO - SE, dando origem no primeiro caso à Porta de Santa Luzia ou de S. Bento, no segundo à Porta do Postigo, a partir do século XV denominada Senhora da Guia, início da estrada para Amarante, onde, segundo a lenda, S. Gonçalo teria construído a ponte do mesmo nome por volta de 1250. Outra via de grande importância era defendida pela Porta da Piedade ou de S. Domingos. Esta era a porta nobre da vila, por onde os reis e outras dignidades faziam as suas entradas solenes em Guimarães. A via, na continuidade do eixo formado intramuros pelas ruas Sapateira e dos Mercadores, foi consolidada no seu exterior e na rua de Gatos pelo início da construção em 1323 do convento gótico de S. Domingos, na sua nóvel implantação, depois de deslocado para oriente por ordem de D. Dinis, com a justificação de se encontrar muito próximo da cerca. Fazia a ligação a Vila do Conde. Contígua à Porta da Piedade e a sul dela, a Porta de S. Paio ou Nova, que no interior da muralha tinha contíguo o largo do mesmo nome, permitia a passagem da estrada que, através de Santo Tirso, onde se erguia o importante cenóbio beneditino do mesmo nome, Burgães e Negrelos, seguia até ao Porto. À Póvoa de Lanhoso conduzia a via que partindo de Guimarães, a NO da muralha, para aí prosseguia depois de ultrapassar o Ave na ponte de Donim. Também construída nos finais da Idade Média, a sua edificação confirma a permanência de um traçado muito antigo. Para além destas vias medievais, cuja importância ultrapassava o simples âmbito regional, outras existiam, de mais curto alcance, mas também importantes na organização da muralha e da urbanização da sua zona circundante. Sobretudo três vale a pena mencionar: a que a partir das Portas da Garrida e da Freiria a ocidente e a oriente e de Santa Bárbara a norte seguia pelos Canos até S. Torcato, importante centro de peregrinação, cujo templo conserva ainda vestígios que denotam a sua origem moçárabe; a que, saindo da Porta da Senhora da Guia, conduzia até à Costa e ao convento do mesmo nome que, depois da sua fundação no século X, sofreu importantes obras de remodelação no século XII; finalmente, mais a sul, o trajecto que, saindo pela Porta da Torre Velha, passava junto a S. Francisco e aos Pelames, continuando até S. Martinho do Campo, onde ainda hoje existe uma ponte romana, e Negrelos. Esta última reunia-se, depois, à atrás mencionada que ligava ao Porto por Santo Tirso. Verifica-se assim, que em relação à situação do período anterior, permanece e é consolidada a rede viária que cruza Guimarães. Essa permanência, conjuntamente com a edificação da muralha que a respeitou, vai trazer desenvolvimentos no que respeita à estruturação do tecido urbano, tanto no exterior como no interior da cerca. Esse processo desenrola-se, nos seus traços gerais, em continuidade com o da fase precedente, e nele se podem distinguir dois níveis. Um primeiro origina na zona intramuros o preenchimento pela malha urbana de grande parte do espaço disponível, consequência da unificação das duas entidades distintas que constituíam as Vilas Alta e Baixa. Um outro nível não respeita a barreira da muralha, avançando para o seu exterior ao longo das principais vias que ultrapassam as portas. Importante é, porém, referir que nos dois casos, o antigo traçado viário formou a base em torno da qual se estruturou toda a envolvente urbana.

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CRONOLOGIA DAS DEMOLIÇÕES DAS TORRES 1569 – ao planta exibe, junto do torrilhão da Garrida, a indicação “ Muro caydo” 1609 – o cortejo que acompanhava o padecente (condenado à morte) ao patíbulo, “chegando a porta da villa de sam domingos no altar q esta dentro da torre se dirá missa pera q o padecentes se emcomende a nosso snnor” 1612 - Tombo do bens do concelho “havia um coberto na Torre da porta da Vila do Campo da feira, para a banda do sul, posto em pilares, vão por baixo, e em cima tem sobrado, e no meio deste uma imagem de Nossa Senhora, em que se diz missa” 1612 - Tombo do bens do concelho “titello de duas boticas que estaõ dentro da Torre de Saõ Domingos de baixo da Capella que ora possuem Antonio Gonçallves e sua molher” que dentro desssa torrre existia, no primeiro andar, uma capela de Invocação de Noss Senhora da Piedade e, debaixo dela, duas boticas 13.VI.1657 – a vereação mandou fazer as portas da vila com nova ferragem e pregaria 31.I.1666 – A Câmara exige que os frades Capuchos comprovem a autorização real para utilizar a pedra da muralha; 17.XII.1735 – A Câmara delibera mandar consertar as portas da vila situadas no Toural “por uma estar caída e outra a cair” 1754 (5?)- A Torre de São Domingos (porta da vila) é afectada por um terramoto 27.II.1765 - A Câmara decide mandar “retirar as portas da vila pois estavam descalças e se lhes roubava ferragem, e visto não serem precisas, fosse vendida a madeira e ferragens” 31.X.1789 – A Câmara manda botar pregão das pedras da “torrinha da porta da frieyra” e as de um muro caído nos Palheiros – pedido feito pela Irmandade dos Santos Passos; 01.VI.1793 – Parecer favorável para aproveitamento das pedras de pedras das muralhas da rua de Santo António dos Palheiros a João Machado de Melo. 05.II.1805 – A pedra da Torre da Freiria foi vendida ao Padre Francisco Joaquim Ribeiro Guimarães; 18.II.1778 – O Cabido da Colegiada requer a pedra da Torre da Sra.da Guia então já em ruína 09.II.1787 - O Cabido da Colegiada contrata mestres pedreiros para fazerem nova sala capitular e demolirem a Torre da Sra. da Guia 29.IV.1790 – Autorização régia para demolição total 11.VI.1794 – celebração da escritura da obra da pedraria da capela da Senhora Guia (em construção) que indicia que, por necessitar da apedra, a Torre da Sra. da Guia não estaria totalmente apeada. (05.XII.1817) - ex-voto representa a Torre dos Cães o que indica que a sua demolição é posterior 22.II.1810 – a Câmara oficia o Cabido para apresentar o título que o capacita como senhor das torres da vila 17.V.1814 – retirados, para as obras de saúde pública em Vizela, 250 a 300 carros “da pedra da Torre Velha que se estava a demolir” 24.IX.1814 – vendidas pedras da muralha e nave da Torre Velha, incluindo o próprio terreno a José Leite Duarte “que se anda demolindo para empregar a sua pedra nas calçadas” 07.I.1815 – aforamento de outra parte do terreno da Torre velha que então “estava quase demolida” 23/25.IX.1813 – A Câmara vende pedra da Torre da Alfândega e muros anexos 29.I.1816 – Maria Luísa arremata por 58$240 rs. pedra da Torre da Alfândega 04.XII.1819 – a Câmara “mandou por em pregão a pedra da Torre da Alfândega em que estão as cazas de Jacinto Gomes de Oliveira, chamadas das Biscaias” 17.III.1821 – Jacinto Gomes de Oliveira arremata um troço de 36 palmos de comprimento por 11 de largura da Torre da Alfândega 1934 – Reconstrução de um pano com cerca de 3m da Torre e respectivas ameias (vereação de A. L. de Carvalho) 22.X.1793 – O provedor da comarca informa o senado “tendo S. Majestade ordenado por sua real resolução de 4 de Junho deste ano que eu fizesse demolir aquela parte do muro que está entre a Torre da Senhora da Piedade e o postigo de S. Paio, para poderem os moradores que têm casas do ocidental da rua da Arrochela puxarem atá à frente do mesmo muro debaixo das condições declaradas…“não se pode o dito muro acabar de se demolir sem o iminente risco de arruinar a mencionada torre, porque além de estar já fendida numa das suas esquinas, cuja lçesão lhe aconteceu, segundo me informaram, por causa do terramoto de cinquenta e quatro (sic), acha-se enlaçada com o dito muro que lhe está servindo de apoio” 29.X.1793 – A Câmara afirma “Actualmente a villa [tem] uma disforme entrada e perigosa não só à passagem dos carros e carruagens, mas ainda à contínua servidão de habitantes, principalmente de noite, por ser um cómodo sítio para roubos, assassinatos e devassidões. Que sobre o plano da sua edificação, se pode construir uma nova e muito mais elegante passagem para a villa”

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16.V.1795 – A coroa concorda com a demolição da Torre de São Domingos, doando a pedra ao cabido para a construção da casa capitular 11.IV.1840 - a Câmara decide demolir a Torre de São Bento: “Attendendo a que a Torre de sam Banto se acha construída e colocada de forma que impede o transito publico, dando das ruas de Santa Luzia, Fonte Nova, Santo Antonio huma passagem tortuosa e escusa para a Rua de Sam Bento, contendo assim hum lugar que serve para occasionar roubos, espancamentos, ou torpezas contra a moral publica, de que a Camara tem tido repetidas queixas, e que há urgente necessidade de pedra para as calçadas e mais obras do concelhos; e achando-se a camara authorizada a fazer demolir as Torres da Villa em beneficio das obras publicas: acordou que em cumprimento das ordens superiores se proceda imediatamente À demolição da sobre dita Torre, empregando-se a sua pedra nas obras daquela utilidade” 12.II.1844 – Depois do Cabido reagir e leva a questão a tribunal, por se achar no direiro de clmar as pedras pelo aviso régio de 16 de Maio de 1796, há um acordo. 05.XI.1844 - É feita a escritura: A câmara fica com a pedra contra o pagamento de 540 mil réis ao Cabido. 13.I.1862 – A demolição da Torre de São Bento ainda não estava concluída. 12.V.1870 – vizinhos queixam-se de danos causados pela demolição do arco da Torre de São Bento

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AMARO DAS NEVES, blog: Memórias de Araduca - http://araduca.blogspot.com/