Museu dO FAdO às Voltas por Vielas e guitarras - · PDF fileo universo do fado, como a...

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76 4 a minha vida PASSEIOS COM HISTóRIA MONTEPIO OUTONO 2012 4 COM VISTA PARA A IGREJA DE SANTO ESTêVãO, NO CORAçãO DO BAIRRO DE ALFAMA, O MUSEU DO FADO CONDUZ O VISITANTE NUMA VIAGEM QUE O LEVA PELAS CASAS DE MAU PORTE DO SéCULO XIX ATé AOS SALõES DA ARISTOCRACIA, SEM ESQUECER AS CASAS DE FADO, A GUITARRA E OS PINTORES QUE RETRATARAM O FADO. SEMPRE AO SOM DOS MAIS DE 100 TEMAS QUE ACOMPANHAM A VISITA, EM AUDIOGUIA POR SUSANA TORRÃO FOTOGRAFIA ARTUR MUSEU DO FADO ÀS VOLTAS POR VIELAS E GUITARRAS SAIBA MAIS MUSEU DO FADO Largo do Chafariz de Dentro, nº 1 1100-139 Lisboa Tel. 218 823 470 Fax. 218 823 478 www.museudofado.pt [email protected]

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Com vista para a igreja de santo estêvão, no Coração do bairro de alfama, o museu do fado Conduz o visitante numa viagem que o leva pelas Casas de mau porte do séCulo xix até aos salões da aristoCraCia, sem esqueCer as Casas de fado, a guitarra e os pintores que retrataram o fado. sempre ao som dos mais de 100 temas que aCompanham a visita, em audioguia

por susana torrãofotografia artur

Museu dO FAdO

às Voltas por Vielas e guitarras

SAiBA mAiS Museu dO FAdOLargo do chafariz de dentro, nº 11100-139 Lisboatel. 218 823 470Fax. 218 823 478www.museudofado.pt [email protected]

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À entrada do edifício que foi a antiga estação eleva-tória de águas, três painéis com uma montagem foto-gráfica traçam uma pri-meira imagem da história do fado. Lado a lado estão compositores, intérpretes, poetas e guitarristas, re-tratados em várias fases da carreira. O vão do edifí-cio deixa ver o conjunto dos painéis, que vão do primei-ro piso à cave. Em cima es-tão os mais antigos, no piso térreo as vozes que marca-ram o século xx e, na cave, junto à escola, as vozes do presente e do futuro.

É no piso térreo que co-meça a visita, acompanha-da por um audioguia que permite ao visitante orga-nizar o percurso a seu bel--prazer. A interatividade, com diversos ecrãs para consulta, é uma constante. No piso térreo, além do pai-nél fotográfico são aborda-das as origens do fado, nas-cido nos bairros de Alfama, Mouraria e Madragoa.

os primórdiosÀ chegada ao piso superior a vista escancara-se sobre Alfama e a Igreja de San-to Estêvão. Aqui é possível consultar os três ecrãs in-terativos com um mapa de Lisboa e a localização das ca-sas de fado, com informação sobre cada uma delas. Um pouco mais à frente, Amân-dio e Adelaide da Facada dão as boas-vindas ao visi-tante a partir da tela de Ma-lhoa O Fado. O casal, ele fa-dista e pequeno delinquente, ela “mulher da vida”, existiu mesmo e Malhoa esteve na casa de Adelaide, na Rua do Capelão, durante 35 dias pa-ra pintar o quadro. A obra, onde são visíveis alguns ele-mentos que remetem para o universo do fado, como a guitarra, o xaile, as bandari-lhas ou a estampa com o tou-reiro, foi recusada pela inte-lectualidade da época. Está-

vamos em 1910 e o fado não era “digno” de figurar num quadro de um pintor con-sagrado. Se os intelectuais o recusaram – só foi expos- to sete anos mais tarde – a gente do fado deu-lhe de imediato o seu aval: duran-te 15 dias Malhoa abriu o seu ateliê e convidou os protago-nistas do quadro, vizinhos e amigos a irem até lá e darem a sua opinião.

Ali perto, um piano de sala e algumas partituras lembram que, em pouco tempo, o fado passou dos bairros mal-afamados para os palácios da aristocracia.

Com a guitarra mais an-tiga do espólio do museu, feita em 1890 por Manuel Pereira dos Santos, e uma maquete construída por Al-fredo Marceneiro que retra-ta “A Casa da Mariquinhas”, um bordel de Lisboa, ficam dados os primeiros acordes para a história do fado.

Arte e censuraDaqui para a frente se-guem-se as abordagens que o fado teve nas dife-rentes artes. Mais uma vez na pintura, com o tríptico de Constantino Fernandes O Marinheiro, na revista, na televisão e no cinema, com a possibilidade de ver

I naugurado em 1998, o Museu do

Fado reúne desde então espólio de todos aqueles que ajudaram a construir a história do fado. de músicos a intérpretes, passando por compositores, estudiosos ou construtores de instrumentos, todos deixaram parte do legado que ajuda a

traçar o percurso da canção lisboeta. Além do acervo e das exposições temporárias e permanente, o museu conta ainda com uma escola onde são ministrados cursos de guitarra portuguesa, seminários para letristas de fado, aulas de voz para profissionais e onde está ainda

disponível uma sala de ensaio. em 2009, depois do alargamento e renovação da área expositiva, foi distinguido com dois prémios: Menção Honrosa – Melhor Museu Português, pela Associação Portuguesa de Museologia, e Prémio ensaio e divulgação, pela Fundação Amália Rodrigues.

Da rua para o museuA hiStóRiA Do fADo

f^ viAgem muSiCAl Ao espólio físico do museu juntam-se vários ecrãs interativos através dos quais o visitante tem acesso a informação pormenorizada sobre os diversos temas

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a minha vidaPASSeioS Com hiStóRiAmuseu do Fado

cenas dos filmes A Última Pega, de Constantino Este-ves, ou Fado – História de Uma Cantadeira, de Perdi-gão Queiroga.

Ao avançar pelo espaço, avança-se até à década de 30, marcada pela censura. Datada de 1927, a lei da cen-sura obrigou a que os artis-tas passassem a ter cartei-ra profissional – controlan-do o Estado quem podia ou não atuar – e a que o fado deixasse de ser cantado na rua. Nasceram assim as ca-sas de fado. Os temas tam-bém passaram a ser censu-rados – é possível ver folhas A4 riscadas pelos censores. Mas a censura teve um be-nefício: o registo do reper-tório de fado que, até então, era transmitido oralmente.

Ao longo da visita é pos-sível descobrir os intérpre-tes que marcaram a inter-nacionalização do fado, co-mo Berta Cardoso. Depois, coube a Amália, com as viagens a África e ao Bra-sil e, sobretudo, depois do filme Les Amants du Tage, de Henri Verneuil, a divul-gação do fado a nível mun-dial. Ao mesmo tempo, é lembrado o seu caráter re-volucionário ao trazer para o fado compositores como Frederico Valério e poetas como Fernando Pessoa.

Presente e futuroA história do fado não fica-ria completa sem a guitar-ra portuguesa a que o mu-seu dedica uma sala. Além das origens – a guitarra in-glesa que chegou a Portu-gal no século xvii com as reais feitorias – são tam-bém divulgados o seu fabri-co e principais intérpretes.

Na última sala reúnem--se nomes como Carlos do Carmo, responsável pela nova imagem do fado de-pois do 25 de Abril, Pau-lo Bragança ou Mísia, que marcam a continuidade do legado. Uma tela de Júlio Pomar, Carlos Paredes, hon-ra a memória daquele que foi um dos principais mes-tres da guitarra portuguesa.

todos os sábados e domingos, a partir de setembro, às 16h30. A visita guiada, mais curta que

o habitual, termina com música ao vivo com nomes como Ana sofia Varela ou Filipe duarte.

atividades para associados montepio outubro/novembro/dezembrooutubro f AtiviDADeS De AR livRe• Passeio pedestre “Rechã d'Arcos”Parque natural da Arrábida Pinheirinhosdia 14, dom, 9h30, 7€

• Passeio PedestreLevada “Fajã da Ama”S. vicente – madeiradia 27, sáb, 10h, 21€

• Passeio Pedestre“Trilho dos Carvalhos”Serra de montemuro dia 28, dom, 10h, 6€

f PASSeioS Com hiStóRiA• museu RTP e Estúdios RTP e RDP lisboadia 20, sáb, 10h, gratuito

• museu Bordalo Pinheirolisboadia 21, dom, 10h, gratuito

• Azulejaria do PortoPoRtodia 27, sáb, 10h, 8€

f CuRSoS• iniciação à internet senioresCoimbra dias 17 e 18, qua e qui, 9h, gratuito

f WoRKShoPS• iniciação à Fotografia i Fotógrafo Alexandre OliveiraPortodias 19 e 20, sex - 18h30, sáb - 9hAss.: 50€: n. ass: 70€

• Diários Gráficos ilustrador Richard Câmara, “Bem - vindo a Belém”lisboadias 27 e 28, sáb. e dom, 10hAss.: 35€; n. ass: 40€

f viSitAS oRientADAS• Farol da Ponta do Pargoilha da madeiradia 13, sáb, 10h, gratuito

novembrof AtiviDADeS De AR livRe• BTT – “Aldeias da Arrábida”Parque natural da Arrábida - Pedreirasdia 3, sáb, 9h30, c/Btt própria: 7€; s/ Btt própria (organização): 16€

• Passeio PedestreLevada “Vale do Paraíso”Camacha – madeiradia 10, sáb, 10h, 21€

• Passeio PedestreParque natural da Ria FormosaCentro de educ. Ambiental de Castro marim/ quelfes/olhãodia 11, dom, 10h, 5€

f PASSeioS Com hiStóRiA• Palácio da Pena – Parque e Chalêt Condessa D’ Edla Sintradia 3, sáb, 9h30, 21,50€ (<18 e >65 anos: 19€)

• Zona histórica e museu municipal de Arqueologia Albufeiradia 10, sáb, 9h30, 5€

• museu Grão VascoviSeudia 11, dom, 10h, gratuito

• Teatro Romanolisboadia 18, dom, 10h, gratuito

f CuRSoS• iniciação à internet senioresévoradias 21 e 22, qua e qui, 9h, gratuito

f WoRKShoPS• iniciação à Fotografia iFotógrafo Alexandre Oliveiralisboadias 23 e 24, sex: 18h30/sáb: 9h Ass: 50€; n. ass: 70€

f viSitAS oRientADAS• Farol do Cabo Espichel

Cabo espichel Sesimbradia 4, dom, 10h, gratuito

• Casa da Ínsua Penalva do Castelo dia 10, sáb, 10h, 4€ 19€ (visita + prova gastronómica)

• museu do Fadolisboadia 17, sáb, 10h, 3€

• Barragem do Alto Lindoso lindosodia 17, sáb, 11h, gratuito

• Palácio da Brejoeiramonçãodia 18, dom, 10hVisita completa: 5€com prova vinhos: 7,5€

dezembrof AtiviDADeS De AR livRe• Passeio Pedestre“Rota da Baleeira”Parq. n. da Arrábida Serra da Achada dia 9, dom, 9h30, 7€

• Passeio Pedestre, Levada “Baía de Abra”Ponta de S. lourençodia 15, sáb, 10h, 21€

f PASSeioS Com hiStóRiA• museu Antonianolisboadia 9, dom, 10h, gratuito

f CuRSoS• iniciação à internet senioreslisboadias 5 e 6, qua e qui, 9h, gratuito

f WoRKShoPS• Diários Gráficos ilustrador Richard Câmara“Lisboa a metro”lisboadias 1 e 2, sáb e dom, 10h, Ass: 35€ n. ass: 40€f viSitAS oRientADAS• Aliança underground museumAnadia - Sangalhosdia 15, sáb, 10h30, gratuito

saiBa mais | www.montepio.pt | informações e inscrições f gabinete de dinamização Associativa/[email protected]/ t. 213 249 230/1

Visita Montepio ^ 17 De novemBRo10h00, 3 euros

A não perder^ viSitAS CAntADAS