Musica Religiosa Portugal

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A música religiosa Principais centros de actividade musical Objectivos: Reconhecer o processo de alargamento da prática musical polifónica do círculo privado das capelas reais e dos infantes às capelas das Sés. Tanto quanto se sabe, as obras dos mestres da Capela Real na primeira metade do século XVI não sobreviveram. Há contudo dois compositores do final do séc. XV e início do XVI cuja obra chegou até nós. São eles Vasco Pires, cantor e mestre de capela da Sé de Coimbra, e Fernão Gomes, autor de uma versão polifónica para o ofertório da Missa de Defuntos, e de uma notável Missa Orbis factor que faz uso sistemático da paráfrase de melodias gregorianas e que constitui a primeira versão polifónica conhecida do Ordinário da Missa escrita por um compositor português. Mas o nosso primeiro compositor de renome cuja obra conhecemos é Pedro do Porto, ou também chamado de Pedro Escobar, que foi cantor da capela da Rainha Isabel a Católica entre 1489 e 1499. As canções profanas de Escobar encontram-se no Cancioneiro de Palácio. É de crer que durante a permanência de D. Afonso em Évora, Pedro do Porto tenha estado envolvido na direcção da música litúrgica da Sé. O caso de Évora é paradigmático de um processo que se dá em Portugal durante o século XVI e que consiste no alargamento progressivo da prática musical polifónica das capelas privadas dos reis e dos infantes às capelas das Sés, as quais parecem Ter

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A música religiosa

Principais centros de actividade musicalObjectivos:Reconhecer o processo de alargamento da prática musical polifónica do círculo privadodas capelas reais e dos infantes às capelas das Sés.Tanto quanto se sabe, as obras dos mestres da Capela Real na primeira metade doséculo XVI não sobreviveram. Há contudo dois compositores do final do séc. XV einício do XVI cuja obra chegou até nós. São eles Vasco Pires, cantor e mestre de capelada Sé de Coimbra, e Fernão Gomes, autor de uma versão polifónica para o ofertório daMissa de Defuntos, e de uma notável Missa Orbis factor que faz uso sistemático daparáfrase de melodias gregorianas e que constitui a primeira versão polifónicaconhecida do Ordinário da Missa escrita por um compositor português.Mas o nosso primeiro compositor de renome cuja obra conhecemos é Pedro do Porto,ou também chamado de Pedro Escobar, que foi cantor da capela da Rainha Isabel aCatólica entre 1489 e 1499.As canções profanas de Escobar encontram-se no Cancioneiro de Palácio. É de crer quedurante a permanência de D. Afonso em Évora, Pedro do Porto tenha estado envolvidona direcção da música litúrgica da Sé.O caso de Évora é paradigmático de um processo que se dá em Portugal durante oséculo XVI e que consiste no alargamento progressivo da prática musical polifónica dascapelas privadas dos reis e dos infantes às capelas das Sés, as quais parecem Tercultivado predominantemente até essa altura o cantochão. Verificamos que, porexemplo, a Capela Real terá tido influência na organização e actividade da Capela daSé de Lisboa.Na sua descrição da cidade de Lisboa, Damião de Góis indica que nas principais festas

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do ano saíam da cidade mais de trinta grupos de cantores de canto de órgão a fim departiciparem nas celebrações litúrgicas das vilas e aldeias dos arredores.Pelo que se refere a capelas musicais pertencentes a membros da nobreza, refira-se,pela sua raridade e carácter excepcional, a dos Duques de Bragança em Vila Viçosa ,que tanta importância viria a adquirir no séc. XVII.