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.;>•'.n ':;,-' ' ^'.-"•"'.-^'i*» W ANNO XIII RIO DE JANKIRO, 7 DK MAIO DE 1910 f*P, NUM. 1.232 «^ &nafe db 3/íüther REMÉDIO EFFICAZ Periódico luiiMoriNllr» S? c(;OciliMtrndo. bl-semamil S,PÍ'§-^— '• *.'0 *s "^^ Redai-.«jAo k i:-c:iiii-T0i!ii. iX3—Roa da alfândega-i*55 para llores brancas e !¦< moiTliaííias uiomias. obesidade o artliritismo. .A cti-^a o utero na oooasião cio parto. ENTRE GYMNASTAS —¦--—. L,¦ Q .-—r-7-—-.--.^^!-^^!?;rr'^¦¦¦¦¦ ¦^i.illP'' F~fpP:-:'PPP\ ^PPP^^\ írPP wmkmÊmmmÈ^m* I ípp \Jm ¦¦¦• 1 '-¦wí'"' \wppfp ^m,—,-i^ '!^,wpf&JPíir W^" ?' ^vl/W ¦ H/ J .1 ÇLoMt.'.?.." »i .'1* .*AT",".^"^"~~TTj*y Js*fe *Tfc, ^-».**J 1 9_y^B3fc^^k.^fc_' ¦aW vti\ Wf h ¦ /.>*"£j£** -Lá om cima eu nSo posso, mas aqui em baixo agüentai dois alteres. -Ora ! O primo Alberto faz' mais : aguenta tres sem tirar os pes do trapezio. ELIXIR DE NOGUEIRA do piiAiiMAfiEUTino e ciiimicio JOÀO DA SILVA SILVEIRA Grande Depurativo do Sangue Único que cura a Syphihs Vende-se em todas as Pharmacias e Drogaria» GZH> Fabrica - PELOTAS - Rio Grande do Sul

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ANNO XIII RIO DE JANKIRO, 7 DK MAIO DE 1910 f*P, NUM. 1.232

«^ &nafe db 3/íütherREMÉDIO EFFICAZ

Periódico luiiMoriNllr»S? c(;OciliMtrndo. bl-semamilS,PÍ'§- ^— '•

*.'0 *s "^^ Redai-.«jAo k i:-c:iiii-T0i!ii.

iX3—Roa da alfândega-i*55

para llores brancas e !¦< moiTliaííias uiomias.obesidade o artliritismo.

.A cti-^a o utero na oooasiãocio parto.

ENTRE GYMNASTAS—¦--—. L, ¦ .-—r-7-—-.--.^^!-^^!?;rr'^¦¦¦¦¦ ¦^i.illP'' F~ fpP:-:'PPP\ ^PPP^^\ írPP

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-Lá om cima eu nSo posso, mas aqui em baixo já agüentai dois alteres.-Ora ! O primo Alberto faz' mais : aguenta tres sem tirar os pes do trapezio.

ELIXIR DE NOGUEIRA do piiAiiMAfiEUTino e ciiimicio JOÀO DA SILVA SILVEIRA

Grande Depurativo do Sangue — Único que cura a Syphihs

Vende-se em todas as Pharmacias e Drogaria» GZH> Fabrica - PELOTAS - Rio Grande do Sul

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.rítwS"

O RIO NU—7 DE MAIO DE 1910

EXPEDIENTEASSIGNÀll/RAS

Am UtOOO 1 | Semestre... 7(00*Exterior, «nno 10/000

Numer* avulso, 100 réisNos Estados e no Interior, SOO réis

Os Agentes do Correio ou qualquer pessoa que nosenviar 3 assignaturas com pagamento adeantado, podemdescontar lfi°/o de coimnlss&o»

Toda a correspondência, seja dc que espécie fâr, deveser dirigida ao gerente desta folha.

SernanafograpfyoNflo houve em todo o mundo

Um outro par assim, tao descararado !Chamava-se um BaymuudoE o outro era o Machado;

Dois mtdandrOes turunas p'ra mentiraE, cada qual melhor nas invençõesDe qualquer cousa que a maldade inspira.

Por isso, os maganOesAndando sempre juntos,Enchiam-se de brios

Para ver qual pregava maior peta,E forgicando idéias nos bestuutosAndavam quasi sempre aos desafios

E a pendenga era preta !Em qualquer parte em que estivessem ambosAquillo eram «potócata» que te parta !Os circumstautes acabavam bambos,Pois, cada qual uma mentira encarta

Com tal desfaçatez,Que o mísero freguezFicava apalermadoMas ia acreditando.

Ora, uma vez, o paudego MachadoTratou de ir empurrando,,.

( Salvo seja ! ) uma grossa e grande historiaA qual, ( elle o dizia)

Succedera com certa raparigaCujo nome nao tinha de memóriaE que, surgira lá num bello diaCom certos crescimentos na barriga

Sein nunca ter casado...Nem com homem algum ter-se mettido...Mas que, afinal, no prazo demarcado,Após os uove mezes, ê sabido,

Em vez de uma criançaDera & luz um «cachorro»...

O pae da rapariga, sem tardança,Quasi a pedir ?occorro,

Buscando enlflo saber como era aquillo..,Ordena ú rapariga que confessePromettendo guardar todo o sigillo.

A pequena obedeceE usando de franqueza

Declara que um cachorro lhe terviraPara a satisfazer...

Porque, sentindo o corpo sempre a arder,Obedecera áa leis da Natureza..,E assim, o «cachorrinho», em absoluto

D*aquillo era o produeto 1..,

Depois de ouvir-lhe a historia, o tal Raymundo,Nflo querendo tambem ficar atraz,E p'ra mostrar que era tambem fecundoPara inventar, Jhe diz:

— n Tu, meu rapaz,Pregaste multo bem a tua historia

Com algum geito e arte;Porem, quero provar-te

Como nflo teus, como eu, lanta memória:— Ora imagina Já, que eu inda estava

No ventre da mflezinha;Eis que, meu pae, que ha muito jejuava,,.Em certo dia, pela manhãzinha,Começou a nutrir certoa desejosE... fazendo ã mama muitos carinhos

Cobriu-a de mil beijos...Mus, no melhor da festa,,.

Lfl senti qualquer cousa pela testa...E então, para evitar aquella espiga,Metti-me num cantinho da barriga.Nflo podes calcular qual o trabalhoQue tive, p?ra livrar-me do «espantalho» 1

— «Foi só isso ? — pergunta-lhe o Machado,Pois olha, meu amigo,

Já me vi muito mais atrapalhadoE garanto que 6 facto o que te digo: JCalcula que eu ainda me encontrava

Em projecto na... idéia do meu pae...Quando, uma tarde em que mamflo nflo 'atava,Uma pretinha fl nossa casa vao

Para dar um recado.Meu pae, que era atirado...

Tratou da vida e,.. zaz ! a tal pretinhaViu-a bonita, ali, na mesma hora 1.,,Calcula tu, agora,Que situaçflo a minha I

Cheirou-me o tal negocio a desaforoE. ntto querendo eu vir ao mundo «preto»...Para manter as normas do decoro

De prompto me arremettoE para nflo nascer filho da luetaTive logo uma idéia resoluta:

Saltei como um macacoDe um p'ra outro sacco!... *

Fimi BlMBAS.

m% K§/„

CommentariosYijYís jornaes noticiaram como grande cousa ajxSl/ chegada de um jumento reproduetor queV^/n foi entregue solemnemente a uma fazenda

i^^srCçj de criação.Palavra d'honra, invejo a sorte d'esse jumento

que veiu da Europa até aqui para oecupar cargotflo invejável.

Sim, porque vocês bem sabem qual é o serviçode que se encarrega um reproduetor. Aos que naosabem, nflo posso explicar aqui em que consiste oBeu trabalho, por causa do Circulo Catholico.

Mas sempre lhes direi que ê um servioinho quereúne o útil... ao agradável.

#* ¥t

E eu sem emprego do governo!Parece impossivel. Para que é que o ministério

da Agricultura mandou buscar esse jumento naEuropa ? Para augmentar o gado no Brazil ?...

Pois nflo ha tambem uma repartição que tratade augmentar a população humana? Que faz essarepartição ? Porque nao imita o exemplo do minis-tro da Agricultura ? O meio mais pratico deaugmentar o numero de entes vivos é facilitar areproducçao.

Pois o governo devia installar a repartição doPovoamento do Solo em uma fazenda de... criaçfloe nomear uns tantos rapazes escorreitos para asfuncçOes de reproduetores.

Eu cá estou fls ordens.

Isso seria muito melhor do que promover opovoamento por meio da immigraçflo.

Pois nós, que protegemos tanto a industrianacional, precisamos mandar buscar gente, já feita,no estrangeiro ?

Seria mais digno fazel-a aqui nós mesmos.Que diabo ! Ha muito rapaz.por ahi disposto a

prestar esse serviço A pátria e nflo faltam mulheresque se prestem a ajudal-os.** *

E a alta do Cambio ?Vivíamos a lamentar a baixa, a cantar as bel-

Jezas do cambio a 27, no tempo de sua magestàdeo imperador. Agora que o Cambio quer levantar,estflo protestando que isso vae dar prejuízo.

Tem graça. Eu cá acho que o facto de umacousa se levantar por si é bom signal.

Mas a questão grave nesse caso é a da variaçflodo valor da moeda. Dizem que a libra esterlina,valendo hoje 165000, p «sara a valer sO 15$000.

Eu nflo entendo muito de taxa do Cambio —cousa que só interessa a quem tem dinheiro. Masnflo me admiro d'essa variante no valor das moedasde ouro.

Pois se até as moedas de cobre mudam devalor, de um momento para outro.

Ha quem dâ âa vezes por tres moedas de cobremuitos coutos de réis. Mas logo que uma pessoa seapodera das tres moedas, ellas perdem o valor.

ZÉ FrDKI.13.

Fornada Seccatlva de São Ua.-za.ro — A única que cura toda e qualquer feridasem prejudicar o sangue ; alli via qualquer dor comoa erysípela e o rheumatismo. Conhecida era todo ouniverso. Bua dos Àndradas 95.

flSTUCIfl PE,. PflPRE

padre Simplicio era o vigário da terra'e"h ÍíF-I' PflS9avu Por ser l,m sautarrao. Os maridosr5i líS/o ciumentos podiam dosconüar de todo o

mundo, mas do bom padre, isso ô que nfloTFoi talvez por esse motivo que o Cazuza, tendo

de viajar para o sertão, em busca de gado que pre-tendia inventar para exportar em seguida, disse íímulher:

Oia, Maricota, uocO aqui sozinha non ficabem. Nóis haverá de tâ um fio, mais Deus non(juiz e entouces uocô fica lfl c'o cumpade vigaroSimpllço imeonto ieu vô e vorto.

D. Maricota achou razoável a proposta do ma-rido, porque o padre tinha por ella cuidados exce-pcionaes e nao a deixaria passar a menor falta.

Partiu o Cazuza e d. Maricota, embora saudosado seu companheiro, recolheu-se & casa do padreSimplicio.

Foi um desastre a viagem do Cazuza, porqueos rigores do inverno obrlgaratn-u'0 a demorar seismezes mais de que pretendia. A viagem fora cal-culada em quatro mezes apenas, e só ao fim de dezo Cazuza estava de volta, com uma boiada pequenae magra.

Logo que chegou á freguezia, o boiadeiro diri-giu-se para casa do compadre vigário, que nflo lheappareceu. D. Muricota, um tanto espantada, seaflocheia de terror, apresentou-se ao marido...

Huél Uocô tó dando de mammá?E'... eu...

Falia, muié 1Eu achei essa minina um dia de minha,

dento de uma caxiuha de papelflo, fiquei cum penae botei ella p'ra dento de casa.

E oumo foi que uocô arraujò leite?Seu cumpade vigaro fÉis uma reza pramode

vim leite p'ra mim dá a minina, e o leite pareceu...Esse cumpade é um santo, muié I leu uontava te dizendo ? E oia que a minina intó sahiuparecida co'elle.,.

D*ahi a pouco o Cazuza fui dar umas voltas e opadre Simplicio sabiu do escouderijo.

Maricota, tu nos salvasle a ambos I — excla-mou elle, beijaudo-a.

Huai! Que é que ieu haverá de fazô ?O Cazuza nflo fez mais viagens; se fizesse outra,

era bem provável que outra menina apparecesse flporta do padre, numa caixinha de papelflo.

Pancho Tokeko.

LICOR TIBAINAO melhor purificador do sangue

GRANADO & C— R«? 1- de Março, iA

MÁ SORTEDevoras creio no fatal destinoDa tua Incerta e sedentária vida:Hontem, na tua voz cantava um hymnoE eras de todos a mulher querida !Agora teus a cotação perdidaE os teus olhos de um brilho pequeninoAbysrnam-se na orgia appetecida...E vaes de desatino em desatino.As illusóes, os sonhos mais formosos,Valor, orgulhos, altivez, trocautePor uns amores torpes, duvidosos..,No lodaçal aprôa mergulhasteE nessa febre de luxuria e gozosDe porqueira, hoje a porca, tu passasts !...

Dom Pbrnaito.

Peitoral de Angico PelotenseRemédio infallivel para a cura da tysica,

bronchítes rebeldes, anginas do peito e para exter-minar por completo a tosse, por mais tenaz queella seja — tàes sao as prodigiosas virtudes destepreparado quê todos os doentes devem experi-meutar.

Depositários: Eduardo C. Sb£>ubira, Pelotas— Drogaria P^ohbco, Rio de Janeiro — Bardei.& C, Sao Paulo e Drogaria Colombo, Santos.

Castellões, os mais afamados cigarros deS. Paulo, estflo á veuda no Rio na Confeitaria Cas-telloes, Charutaria Paris, Tabaoaria de Londres eCharutaria do Bar da Brahma.

GONOL t INFALUVEL MA CURA RAPinAoAsCONOR-RHEAS-AGUDAS E CHRONICAS AS MAIS RE1B E4-D &&> uSofenttcna a *cn/MtfiuT/i Çímpí /CAÇihfS.

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I-ífe.'''•¦-:'¦

...' ?'

O RIO NU—7 DE MAIO DE 1910

Çambiarrasj5*35\ onsta que os rapazes da charunga áo «D.TJ fegj Carlos, vfto oluciur ao emprezario bacharelGyV^/o Cílfstríno, agradecendo-lhe a maneira gentil(^Jfe-b porque foram recebidos, por oceasiao darecita dedicada a guiirniçao daquellc cruzador.

Queroua ver que o gajo o* capaz de dispensartambém os agradecimentos I.,.

Com que eutao, a Zulmira Ramos súfuina agoramarca Veado, hein 1,..

Tero pretençOes a ser condessa?

Ao ter a certeza que a sra. Maria Fulcao ca naovinha este anno, a Cremilda fez uma boquinha, decontentamento.

Ja nao ha que temer concurrencia...

Disse-nos o Raphael Marques que suppunha virencontrar u cidade lis escuras; tanto assim que veiumunido de luz...

2EO1 Azevedo, nao nos diras o qne 6 feito da

discípula do C. B. ?as

Veiu visitar-nos o actor João Silva. Afinal,percebemos que b mico apenas viera fazer scientede que também fazia parle da companhia do D.Amélia.

Seria por ordem do general Aquino que ascorist.us da grrrande companhia procuravam «entrarcom o pé* direito.) pura o Carlos Gomes?

asPara provar que suba imitar em tudo as suas

collegas, a menina Olyuipia vae também imital-asa tomar a A Saúde da Mulher,

Deram-nos o prazer dne suas visitas os nossosvelhos camaradas. Henrique Alves e Antoniu Bar-mento, bem como o sr. Lopo Pimentel, estimadosartistas da companhia do D. Amélia.

Muito gratos pela gentileza e... cí estamos.

Que diabo de viuva iria procurar o Cascada, auma casa da rua do Lavradio, para de lâ sahir taoenjoado e a cuspiubar ?...

Se o Danilo descobre a maroteira...¦ãlla-

Tao incommodada floou a Auzepda com oassassinato do pobre Vendedor de Paasaros, que naopoude trabalhar ua noite seguinte.

S6 o Galhardo uao tem destes remorsos 1as

Agora que esta próximo ao Largo do Rocio,diz o Grijõ que Be sente mais a vontade...

Reminicencias... reminicencias...- a£Scenas de JJlcova 20

(HISTORIA DE UMA CASA DE "RENDEZ-VOUS"

Romance realista — par D. VILLAFLOR

Foi multo felicitada a menina Lola, por tsr CartãS dã F^OÇãcompletado mais um natallclo.Quantos fez nao se sabe, mas 6 de suppôr que

esteja prestos a fazer 69, DE PORTO NOVO

3§:Pelo que diz a Bertha, dentro em breve a Pie-

dade também terá de fazer liso do Elixir de No-gtieira, do cbimlco Silveira.

Como é perversa a menina !...3tsr

Nao haveríí por ahí um coração desocoupado,que se disponha a uniar a menina Dina ?

Coitadinha I E ella que deseja tanto seramada 1,,.

Até fl ultima hora o Amaraute ainda nao haviafeito nenhuma nova pega de cara, ua caixa dotheatro,

Tem estado mais preoecupado a «engraxar asbotas».

Mala de respostas

Galhardo — Qual I ahi o sr. chuchu mesmo nodedo.

Auzenda — Então, foi t&o grande o seu remorso?Maesl.o Gomes — Realmente 1 Quando pre-

tende tomar juízo?Gri/â — Ja fui pura a «pedreira» passar a sua

recita?Olympia — Nfto seja as&im tao indiscreta. Olhe

que, «quem tem telhados de vidro»...O FUKA.

Au Bijou de Ia Mode— ^ofcíiça.dos, por atacado c *. varejo. Calçado nacional e ca-traugeiro para homens, senhoras e crianças. Preçosb-iratissimoâ, rua da Carioca n. 80.

ALFREDO SANTOSTivemos o prazer inmieuso de abraçar este

nosso velho e dis ti neto amigo, muito digno secre-tario du empreza do theatro D. Amélia, de Lisboa.

O Alfredo (permituwios elle u liberdade) veiumesmo bem disposto e até mais forte, o quo noscausou grande sati-fuçao.

Saudamul-o d'aqui novamente, augurando-lheuma estadia feliz cá pelo Brazil.

O Rio Nu declara, para todos os effeitos, que,apezur da circular absurda do director dos Correios,continua a mandar entregar S repartição postal osexemplares destinados aos seus agentes e assignan-tes nos Estudos, protestando, como protestará emjuízo, contra um perdas e damnos que lhe causar aimperiinencia do santíssimo sr. Tosta.

LICOR TIBAINAO melhor purificador do saii«ue

GRANADO & C, — Rua 1" de W«rço. 14

-.,'..-. Descobertas e surpreza»¦ Entrou e reouou, cambaleando dB espanto. Es-

tavarn naquelle quarto o velhote e a mocinha. Ellereoostado no divau, em mangas de camisa, com amocinha sentada sobre nm joelho e ella puxando-lhe os bigodes e dando-lhe palmadas na calva,numa posição tao indiscreta, que as saias arrepa-nhadas descobriram uma perua atê o joelho.

Antônio parou iuterdloto, julgando que fizerarhal em entrar. Mas o velho disse-lhe oom calma:

— POe a bandeja ahi.Elle obedeceu pallido, tremulo. A mocinha,

pulando dos joelhos do velho, começou a desabotoaro corpete, perguutando-lhe:_ Você tem phosphoros ?

Antônio tinha, mas perturbou-se a procurar acaixa em todas as algibeiras; encontrou-a afinal.A mocinha acceudeu um fogareiro de gaz qneque estava a um canto, com uma chaleira em cima.

Cumpade Fagundo:

A gento adespois que a istrada cumeçô do fuzêestrepolia, iulé já tem medo de imbarcá nelln. Hojeo trem demorou um tlquluho mais i o povo ja tavadizendo que ern descm-rluineuto. Seu agente foi,mando assocegil o povo, dizendo quo ninguém nonse assustasse, que u trem tava descarregundo genteque tinha ido ve o Mina Gerais. O povo era tauto,que em cada estaçon o trem fioa meia hora despe-jaudo o pessoa que vortnva do Rio.

Sua cumade na vôis do descarriameuto pricipiôde ri que nem doida.

Pramode que uocô tâ rindo, muie ?Do descarriameuto;.. Uoce nunca descarriô,

ja? Ieu nfto 1Pois õiu, descarna e bom quo dóe... Ieu j&

tenho descarnado mais de uni cento do vôis.Cummigo, nao !

Do celto, huai I Uocô e um bobo...Condo nois istuva nessa disputa, seu Araújo

pareceu esfregando as mao.Seje bem apparecido, home, dixe eu p'ra elle.

Elle fez caiiuha de tamanco baraco i arres-pondeu:Descurpa gento; mais uocôs sabe que afreguezla tá sempre in riba de mim, os caxôro nonsabe os preço, que ieu mm quero, i entonces ieuquaji nem saio de casa.

Muis que é que uocê que cum nós, se uocônon tem tempo de nada ? proguutô sua cumade.

E' isso. A minha lavadora ta cobrando doismí reis pro méis de lava i iugommá minha rôpa, ieu inda dô a ella um pito de sabão todo meid. ToOvindo dize que as lavadera p'ra hi tora tao co-brando mil e oitocentos pro meís, sem sabão, ieunon tõ arresorvido a paga muis que os ôto. Cumouoceis sao gente muito viajada ieu mandei chama*uoeêis pra preguntit so leu pagando mil i uoveceutopro meís, sem sabão, non pago bem. ,

Nessa hora entraro no hocô seu Júlio Gama,seu Tônico Esteve Rinèro, aeu corone" Chico Ma-chado i seu doto Heniiqua Fonseca, que fizôro seuAraújo fioá lonto. Alvro Antune, que tinha ovidotudo, ia do cunto, rnunto ugachadíuho, sahiu datoca, trepo numa cadera i feia que nem seu Ruycondo teve in Sao Paio:

—« Cavaieros i cavaiera I Esse home que uoceistoparo falando co' seu Zeca â um marvado ! Essehome mando chama teu Zeca i a muié delle, uonteve oorage de paga armoço prós doía, non foi es-perâ" elles na estacou, í agora condo seu Zeca tavapensando que era coisa de importanca, seu Aruujodiz que foi pramode sabe «sé mil e novecentos pormeís non paga bem a Ia vage da rôpa delle,»

— Oh 1 Oh ! Oh I fizera elles oiaudu p'ra seuAraújo.

JÜahi a pouco seu Aruujo, damnado co' a vaiaque levO, chego ua ponte i... catrapilis ! Se ati-rõ-se no rio i se afogô-se. O povo todo aqui ficoispantado co1 a sovinice de sou Araújo, i por issoninguém non que" hi no enterro deli»;.

Seu cumpade í amigo,Zeca Gome.

Depois íestituiu-lhe os phosphoros e continuou adesprender oh colchetes da roupa, dizendo:

— Obrigado. Pode ir.O criado sahiu áttonito. O velho acompanhou-o

atê a porta, que fechou com a chave. Antônio en-costou-se â parede, no corredor, e ficou absorto.Comprehendia agora. Aquella casa era das taes daque elle ouvira fallar; aquellas moças eram dastaes que a gente pagava para...

Mas elle ouvira dizer que as mulheres quefazem isso ficam o dia inteiro na janella e chamamos homens que passam. Aquellas estavam dentrode casa.

Comtudo, nSo podia haver durida. Nao erapossível que aquelle velho fosse casado com aquellamocinha. E ainda que fosse, então elles entravamem casa cada um por seu lado e iam se deitar flsduas horas da tarde?!

Nao teve, porém, tempo do refiectir muito,porque ouviu chamal-o a copa. Correu pnra lâ.Queriam Boda e cognac.

Antônio íoi a sala de jantar e viu que tambémtinham desãpparecido dJalü o rapaz moreno e amulata gorda, Em compensação tinham chegadouma moça estrangeira multo clara e mais doiasenhores de meia idade.

D. Marianna andava de. um lado para outro,azafamada, uttendeudo a todos. Duas das mulheres,sentadas em torno da mesa, tinham tirado costurasde um embrulho e pouteavam conversando. Outra,

recostada no sofá, lia um jornal, fumando umcigarro de papel.

D. Marianna interpellou a estrangeira quechegara.O1 Cia risse, você nao veiu hontem ! Naoimagina que ferro me metteu Vieram quatro pro-curar-te.

Clarisse riu e fallou com voz rouca.Pois sim, mas eu hontem estive muito '

oocupada... o senador... nao me deixou...Ah ! — exclamou d. Marianna, em tom

cheio de respeito.Nesse momento entrou um homem pallido e

de aspecto nervoso. Entrou sem rumor, subtilmeiite;mas ao vel-o d. Marianna"auimou-se.

Oh, doutor! O senhor hoje foi mais feliz. íCá está ella, chegou agora mesmo.

E. apontava a estrangeira, que logo se levantoucom movimentos estabanados e, passando o braçopelo pescoço do homem pallido, sem mesmo tiraro chapéo, foi o arra»taudo pelo corredor: D. Ma-rianna seguiu-os, levando uma chave numerada.

O criado voltou á copa} convencido..Era aquillomesmo, nfto havia duvida... E deixou-se ficar &porta da copa, resolvido a nfto perder uma palavra,um incidente. . . T".

Voltando á. sala de jantar, d. Marianna foiabordada por.um dos cavalheiros presentes, que atrouxe até junto a copa, para fallar-lhe em tomconfidencial. (Continua.)

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O RIO NU - j DE MAIO DE içto

AMOR CCM AMOR SE PAGA MAL ENTENDIDO

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Ella—Vocô nlo achaepio eu estou engordando muito? Estou Soandocom carne demais.

Elle—Ora qual 1 Quod abundai non nocet.Ella—Hein 1 Moda dc graças 1 Eu nfto gosto d'essns estravagimoios.

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chuva.

NOITE DE NUPCIAS I i , '1

O VOIVO—Ah, Alzira ! Agora posso afinal abrir meu coração 1A casta NOi\'A~Pddea sim. Mamãe me disse que eu hojo podia dei-

xar você abrir tudo quanto quizesse.

Agua Jii|!..!.|./.a — Não lmjutra que toruo a pelle mais i.ir.ckDá ao cabello a côr que se desojíi.iS' tônico-, faz crescer o cabello eextirpa a caspa.—Rua dos Amira-das a. 95.

,1M ,—Estás vendo ? Ha tres mezes que eu nílo podia abotoar este collete. Agora elle está largo d'esfca maneira '

— Pudera! E' a tosse que está, minando teu orismism"Tu precisas tomar o Peiíorell eie Angico PcloUnse.

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Elle—Fica sabendo que um homem afinal sempreinfunde respeite Seja elle. quem fOr. Desde que veste cal-i,at é obedecido '. '-'^.

Ella—Só porgüe'-íveste calças? Ora adeus j A mulherquando aa despe fcajnbém obtém tudo quanto quer.

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4•via- O RIO NU - 7 DE MAIO DE 1910

A CAMISA RECORDAÇÕES

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E voei vai com unia camisa assim, de panno tão espesso?Ora ' Que me adiautn ir com uma camisa transparente. Tanto

Elle 6-tão rnyope.

"-Estas In as cartas do Alfredo. Coitado ' Amava-me muito, mas nao tinha grandes recursos,

que prometteu dar-me todas as cousas que eu lho pedisse o afinal so me deu üuas.

íilixir - ale Tnrnbi 0<»ni|a«i>ito— — « Por indicaçãomedica, principiei a tomar o Elixir de Turubi Composto, formulado sr. pharmaceutico Benjamim doa Reis (Depositário EduardoC. Sequeira, Pelotas) Tendo obtido logo melhoras, resolvi continum* a fazer uso deste remédio depurativo, com o qual. depois dealgum tempo, tive a satisfação de ficar radicalmente curado. Sao Cpnfísadoa dois annos que obtive este resultado e até esta data /anda mais senti, nem mesmo dores rheumaticus om qualquer parte 1uo corpo, achando-roe forte e gozando de melhor saúde.—Rio \Grande. 1 do Outubro de 1900.—Joaquim Baptista de Oliveira. f

Encontra-se ií venda cm todas as pharmncias o drogarias, jDeposito"- em í,eiot.is--Kdaardo C. Sequeira. Rio—Drogaria Pa- )checo, ,íí.un dos

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jij Leu aniance nilo i;e aborrece quando mandas fáaeivestidos assim escandalosos "

jSTão. Elle deixa que eu me vista como entendo, contanto quê ou pormitta.quo elle me dispa quando quer.

Não posso ! O muldioto l-hounu:tismo tomou-me toda a perna.

—Rhemnatismo ? Mas tu soffresd'issq por gosto. Se tomasses oElixir lie Nogueira ftcarias curadoem pouco tempo.

— O Alipiò nSo veiu.. K eu para me consolar catouafogando a saudade com Ohampagne.

O paioré que "este

vinno i cwitante. Do o beber estouficando com modo dc estar sóainha. Vou chamar ao monoso guarda nocturno- /

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O RIO NU—7 DE MAIO DE 1910

\Oi em casa do Gonçalves quo eu conheciessa aventura preciosa e rara:—receber, íínoite, em meu quarto, a visita anonyma deuma mulher moça o esculptural, que fugiuantes dc romper o dia e nao se deixou

conhecer.No dia seguinte, ao despertar, ainda fatigado

dos doces exercidos a que me obrigara a ir.y_.te-riosa visitante, uao tive duvidus,

Eu estava hospedado na casa do Gonçalves,meu velho amigo, meu antigo collega de preparato-rios; a casa era isolada e em cidade pequena doEstado do Rio. Nessa casa só havia duas mulheres:Martha, a esposa do Gonçalves e sua irmã Luiza,ambas moças, bonitas e muito alegres.

Só podia ser uma d'ellas e preferi acreditarque era Luiza, por duas razoes: em primeiro logar,Martha parecia gostar do marido ; Gonçalves eraum rapaz forte, também apaixonado ; em segundo,nao era provável que ella pude-se deixar o marido,á noite, para vir a meu quarto.

De mais, eu fizera a corte as duas, assim comar de brincadeira ;¦ mas Luiza, como solteira, da-va-me mais corda, Alé ja tivera commigo umasphrases brejeiras e penuiltim-me umas tantas i 11 ti-midades... um beijo no hombro, outro uo braço.,.

Era ella, nflo podia haver duvida.Aaairn pensava eu, ao sahir de meu quarto,

pela manha, e logo tratei de fallar com Luiza, a umcanto.

Ah! que bello sonho tivo esta noite! —murmurei, com voz enternecida.

Deveras ? — perguntou-me ella sem se ai-terar.— E que sonho foi ?

Com meias palavras e auxili-indo-as com com-paraçOes mythologicas, expliquei-lhe vagamente,,,

Luiza liu-sc, mas com um ar de nao acreditar ;parecia sUppor que eu inventara a historia d'aquellesonho, para seduzil-a... E disse-me:

Isso deve ser do papel da parede. Dizem queoa quartos forrados de azul fazem ter sonhos assim.

Fiquei estupefacto. Seria ella capaz de se fazerdesentendida, com aquella calma.,, com aquelleolhar tranquillo ?,,, É paru que negar "... Diantede outros, seria razoável... d.as estando alli, a sóscommigo... Be ella tivesse ido a meu quarto,porque razão havia de procurar oceultar esse factoa mim mesmo?...

Calei-me, receioso. Mao I Nao era ella a mu-lher que tinha ido fazer-me passar uma hora deli-ciosa, alta noite... Que tolice eu ia fazer, fallau-do-lhe mais claramente !...

Nflo era ella. Portanto, era Martha. Coitado doGonçalves... Mas, ora adeus ! elia gostava de mim,ia fazer-me surpreza no escuro... Peior para ella emelhor para mim. Isso é da Tida.

Afastei-me de Luiza e comecei a manobrarpara fallar a sós com JUartha. Quaudo o consegui,disse-lhe:

Eu já ouvira contar que a côr azul faziasonhar, mas nunca pensei que nos desse sonhos taolindos.,. Venho lho agradecer todo o bem quelhe devo,

A mim?Ella me olhava com tal expressfto de espanto,

que fiquei attouito. Para disfaiçar, disse:Sim... nflo foi a senhora que,., que me

ofíereceu aquelle quarto?Ah, sim... Mas que foi que sonhou?Foi uma cousa deliciosa... com todo gozo

e o encanto de uma verdade... physica.Ora essa ! — disse ella, com um fulgor decuriosidade brejeira.—Explique-se mais claramente,Nao 6 uma cousa que se possa contar decente-mente ?

Fiquei de novo inquieto. Martha, do mesmomodo que Luiza, mostrava tal innocencia nos olhoacalmos, que fiquei com receio de dizer mais.

Sim — disse eu — e cousa que se pode contate"mas somente aquella que figurou em meu sonho ;o melhor é nao dizer cousa alguma. A felicidadeainda ê mais saborosa quando se revela em mys-terio. Só me resta esperar que o sonho se reproduzaesta noite.

Assim desejo, já que tan to lhe agradou — rea-pondeu Martha, com voz calma.

Estas palavras poderiam Ber tomadas comouma promessa; porém ella parecia tao trauquilla..,apenas um pouco admirada de minha attitude.

E' verdade que um ligeiro rubor se espalhousobre suas faces; mas isso poderia ler por causa ainconveniência de minhas palavras.

Tanto mais quanto ella mudou logo de con-yersa, sem affectaçao e deixou-me perplexo.

Passei o resto do dia, preoccupado, absorto,como uma alma penada, a espera du noito,

Nao falhou o que eu esperava,Fiquei acordado, ti espera, por muito tempo.

Ja o relógio tinha balido meia noite, quando ouvium ligeiro rumor,

A porta de meu quarto abriu-se do vagar. Es-tava tudo tao escuro, quo nao consegui ver o vultoque bo approximava... apenas senti a mao ml-mosa pousar Bobre meu peito.

Segurei-a, puxei-a a mim. O braço estava nú, ocollo também.,, somente unia camisa muito leve ecurta cobria-lhe o corpo modelado primorosamente.

Eu nflo podia vel-a, mas examinei o seu corpoattentameute, para couhecel-a tanto quanto erapossivel pelo tacio.

Queria ver se distinguia qual das duas eraaquella... Martha e Luiza tinham a mesma esta-tura, mais ou menos o mesmo talhe... E nao con-segui descobrir nenhum indicio particular. Nemmesmo no momento em que ella deürou, balbu-ciando palavras incoberentes, suspirando e ge-m en do com ternura, nem mesmo nesse momentoconsegui distinguir-lhe a voz... Aíiual, a voz detodas us mulheres se parece nesses instantes, emque se torna rouca e arquejaute.

As mãos estavam sem aiuieis, nas orelhas naohavia brincos... O perfume dos cabellos era o mes-mo usado igualmente por Martha e Luiaa; pelos

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Luiza despida devia ter o corpo astim.

dentes, pelas unhas, pela delicadeza das mãos naoapresentava siguaes especiaes.

No dia seguinte, Martha o Luiza apresentaram-me o rosto igualmente tranquillo, o mesmo olharclaro e límpido, o mesmo sorriso calmo, sem que oinstincto me indicasse a qual das duas eu devia afelicidade que euchera de ventura toda a minhanoite e que ainda me fazia ter aa pernas tremulas,

Olhava para uma e outra, sem me atrever aadivinhar, Seria Martha? Seria Luiza?

E o que mais me irritava era nüo sentir emminha carne nenhum effluvio attrahindo-me parauma ou para outra... Bra estúpida, era irritanteaquella situação indecisa, aquella impossibilidadede saber qual das mulheres me havia pertencidodurante a noite, na escuridão.

Por mais que as examinasse durante o dia, eunao conseguia distinguir nitidamente quai d'ellaseu tivera entre meus braços.

Seguiram-se outras noites semelhantes e diassemelhantes se passaram.

Exasperado por aquelle mysterio invencível,eu jâ fazia planos de violar a promessa de mim exi-gida na primeira noite e fazer surgir, de súbito, noquarto, uma luz que me permittisse ver emfim...mas isso seria infame. Eu nao podia faltar com apalavra dada a uma mulher que em troca me davatodas as delicias possíveis.

Mae tive outra idéia. Lembrei-me de marcal-a,

deixar-lhe um signal, dar-lhe no pescoço ura beijoviolento, cujo signal, ou polo menos a gola altaindispensável para cobrir o signal indicaria qualera a minha visitante íiocturna.

Foi dito e feito. Na mesma noite em que tomeiessa resolução, puz om pratica meu traiçoeiroplano.

A amanlo roysteriosa veiu o eu, aproveitandoum momento em que ella, lambem fatigada, repou-sara em abandono sobre o travessoiro, heijei-a nopescoço com um beijo longo e sugaute, d'esses quedeixam signal por muitos dias.

Segurei-a nesse momento, porque coutava quoella tentasse fugir e resistisse a essa espécie docarimbo traiçoeiro. Porém a mulher nfto reaistiu.Deixou e mostrou que percebia o meu instiucto,mas riu-se com um riso zombeteiro.

No dia seguinte, esperei anciosamente, na salade almoço, a eutrada de Martha e Luiza ; mas, aovel-as, fiquei gelado de espanto. Viuharn ambascom casacos leves, sem gola e apresentavam opescoço liso e puro, sem a menor marca.

Entretanto, eu tinha a certeza do que marcara.Porque olha assim para mim?—perguntou

Martha, passando a mao pelo pescoço e visível-meute hicommodada por meu olhar.

Nada— respondi, baixando os olhos.Que extranho problema! Eu começava a perder

a cabeça. Seria aquillo tudo um sonho? Que fazer?Contar-lhes francamente o caso? Interrogal-as,descobrir talver. uma aventura ridícula com umacriada? Entretanto, olhando o talhe de Luiza,parecia-me que... Rim, Luiza deapida devia ter ocorpo como" o da outra, que eu examinara pelotacto.

Mas, incapaz "de obter certeza e irritado vaga-mente, Inquieto, resolvi fugir d'alli; annunoiei aoGouçrÍvcs que precisava voltar ao Rio de Janeiro.

Om que pena í — exclamou meu amigo,—Se fiessses mais uns dias, eu poderia te apresentara minha prima Julia.

Julia? —perguntei eu.—Nao 6 aquella pa-renta tua que perdeu o marido ha poucos dias.

Essa mesmo. Enviuvou ha justamentequinze dias.

E tu a esperas aqui ?Ora — disse Gonçalves.— Queres quo te

falle com franqueza? Ella jíl está aqui hospedadadesde que o marido morreu. Mas ficou tao abatida,tao triste oom a morte do marido, que nfto tem que-rido sahir do quarto e, embora eu lhe dissesse quetu és meu amigo intimo, pediu que ocoukasaemossua presença aqui. Nfto quer ver pessoa alguma.

Eu abri muito os olhos, começando a compre-hender,

Ah! Ah !...Eritas extruuhaudo tfto grande desgosto ? —

perguntou Gonçalves, interpretando de outro modomeu espanto. — Olha, eu desconfio que o graudedesgosto do Julia uao tetn por causa só a viuvez.O marido era muito rico e ella nao pode herdarsua fortuna, por falta de uin filho. Ora, vocô com-preheude, perder, de uma só vea, marido e fortuna,é duro I

Mus parece que Julia nao perde a fortu na,— observou Martha,

Ora se perde —replicou o Gonçalves.— Ellescasaram com separação de bens e a lei ê clara:dssda que nao ha um filbo do casal os p»B3 do ma-rido 0 que herdara toda a fortuna.

Pois sim — disse Martha — mas a lei diztambém que o filho nascido até nove mezes e meiodepois da morte do marido é filho legitimo e dãdireito a herança.

Mas Julia nao ficou grávida — exclamouGonçalves,

Ella nao sabia se estava — respondeu Mar-tha—nfto sabia, mas ainda esta mauha declarouque tem razoes aérias para suppor qua está.

Eu levantei-me furioso.Então a mulher rnysteriosa era utha desconhe-

cida ! Nflo vinha a meu quarto por amor. Vinhapor calculo, pura arranjar meio de receber a herançado defunto marido...

Parti para o Rio de Janeiro, no mesmo dia.Depois souba que Julia dera a luz dois gêmeos jus-tamente nove mezes depois de minha partida.Mas nao lhe guardo raiva. Pensando bem, aouforçado a reconhecer que ella, naquellas noitesdocemente mysteriosus, tave gestos e gemidos queabsolutamente nao eram calculados—eram expio-aOes de volúpia sincera e ardente.

D. vnaíws.

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O RIO NU—7 DE MAIO DE 1910

JYas zonas...íaloho ouvido por alguém, no «Hig-Ltfe»,

entre a Luiza Lyrio Negro e um criado da/o_l-_f casa:X__5(íO — O* seu Fulano, veja se o meu carro•esta ahi por perto...

O criado voltando momentos depois:Perto uao esta ; ficou um pouco distante.Então mande encostar,..

Sim seuhor I E nós que nao sabíamos quo o"NhOsíuho também f-e transformava de «pássaro»om carro !... Que metamorphoae !

Atinai, a Jacintha da zona Riachuelo 040,conseguiu vencer a Marina Barril sem Tampa,com o «ebó» ua encruzilhada.

E digam lít que o Alabá nao e* turuna nessascousas!

Está num «azeitei, roxo com a Dulce Pel-]ada, o desengraçado Murta.

Que ódio nflo sentirá a Titã com as falsidadesda sua amiga intima !

Porque será que a Sinhá Pereréca apanhouuma paixonito aguda pelo «fichelro» dos «Rclara-pagos» a ponto de nao poder passar uma noite, semvel-o ?

E' muito linguarudo o Percevejo 1...Só para ter o goato de imitar a Cuvallo de

Páo, a Maioral Tres Gostos também deu agora paraImpingir mulambos Ss inquilinas.

A Eugenia Meio Ktlo, para nao servir de«belchior», fui dando o fora !

Diz a Maioral do Augustal Collegio que,depois que as suas ulumnas se metteram no jogo,nunca mais foram pontuaes no pagamento.

A carapuça serve muito bem a Maria AméliaOlhos Mortos, porém, nao serí o jogo, mas sim a«roça»»... que fará a Augusta estourar a bnnca !

Ainda acaba se suicidando o GuilhermeTanajuru, com o pouco caso da Maricota FalaEspelho.

Quem mandou você ser tao ranziuza, seu«fuinha»?,..

Mudou do offieio de costureira para Uotteuiea Ltllzinba Gagá, da zona Presidencial.

Também, o que se poderia esperar da suacamaradagem com a Noemia Botucuda !...

Emquanto a cabocla da zona Bio Branco sediverte com o Álvaro Percevejo, a Chica Boi vaearmando ae suas falsidades com o Gtipidlnbo.

Isso até parece cousa do Massada !...Disse-nos o Abel Figaro, que, quando se

resolver a deixar a Sylvia com uma carona grandeha de ser de passagem para a Orôpa...

Ora, seu Abel, porque ê que você nSo toma oElixir de Noguetra f,..

Parece que a Dulce Figura Risonha estaestudando hypuoüsmo. Tanto assim que convenceuutti namorenudo» moço a levar um «civil»'ao baileda «Caverna»,

Se ella convence o camarada para outros nego-cios !...

Diz a Dalila do «Chopp» da zona Maran-guape, que ha de usar o retrato do J. Cinemato-grapbo, em vista das outras «camareras» quereremarrancar o dito do peito delia.

Será possível que o J. fosse a terra do vatapá enao tivesse tomado juizo ? I

, — Após um cultivo de arromba oom a ManoelaEataaaua, a Rosa Frango d'Água amarrou «umasenhora gata» que foi preciso a Judith ir buscal-a.O melhor, porém, foi a gaja obrigar a C... Frio,em caminho para a Puma dos Bocados, a irtambém no passo do «ora toma Mariquinhas».

Desta maneira a gaja nao apanha os «arames»do mano da donzella !

Por pouco que as funccionarias Lyrio Negroe Dois de Prata viravam em frege o «TerraçoModerno», zona Joaquim Silva 039, por causa donosso furo (salvo seja!) sobre a «estrella de bri-lhanteB».

Foi tal a «pega» que pare.ciam dois «totós»brincando de bonde electrico !...

Pediu-nos a Tiô-Bangue para dizermos aoJuquinha quo, quando Ia fôr, va com escalas pelalavadeira, para mudar de roupa primeiro.

Com essa ê que o Mechanico sobe a serra IO Batata mandou pedir ao Sao Doval

Sandwioh para acabar com o alarme de LauraEspeto de Carne Assada.' E1 queixar-se ao J. Cinematographo, que foiquem a baptisou.

Bella fita exhibiu a Odette Bemgallinha no«Chopp» da «Gatinha Preta», fingindo ciúmes peloCláudio Brocha...do, emquanto o gajo marchavanas despezas.

O que ella estava era com o olho no arame !Foi simplesmente pavoroso o pilóque tomado

domingo ultimo pela Juannita Lalaue e o maestroNeira.

____: <^MiM <=£ ffi¦SJ$_L___'á I

Quantos casamentos felizes ha por ahi, cujo motor foi osmartismo com quo a veuturosa consorte viu pela primeira vez omoço que mais tarde seria sou esposo... Ninguém negará quomuito influo, aos olhos de uma bolla, um rapaz bem vestido,como também ninguém negará que para chegar a este resultado,uao ha como a Alfaiataria Guanabara quo possue omais chic sortimento em casemiras e fazendas para ternos. -

MARCA REGISTRADA

Euviam-so instrucçoes e acoitum-se pedidos do interior,dando-se agencia.

A cousa terminou em certo «Chopp» da zonaSenador Pompeu, onde o impagável par de ga-lhetas completou a «mona» com cerveja barbante!

E' engraçado ver a Ottilia Macaca Chim-pan/,6, quando canta a nua cançoneta predilecta, emque diz:— «Bem banana macaco se arrauja.» etc.

E, como é que vosmineê se arranja, sua Macaca?—- Nflo estando pelos autos do tratar do bello

par de mu...ares arranjado pelo Argentino La-fayette, a Amélia Cabocla foi despachando o cama-rada.

E que latao barulhento, safa !Garantiu-noa o Bororó, que a Annette escS

precisando fazer usí da A Saúde da Mulher, paraconcertar o utero.

Se a rapariga o apanha, vae-lhe ás ventas oomtoda a certeza!

Porque será que a Ceceran Cantora foi pro-curar a Armiuda em certo «Chopp», disposta a«quebrar-lhe a cara», caso a encontrasse a cantar?

Nflo nos dirtto mesmo, porqne?...Di^se-nos alguém, que actualtnente se bancapor todos os t-ystemas em casa da Jaeintha, zonaRiachuelo, e por preço fixo.

Ao que dizem, ate* passagens para a Ovôba sRoali fornecidas por prt-ços mínimos!'-íngua dh Prata.

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Pedidas a A. VELLOSO — Alfândega!

O RIO NXJ declara, para todosos effeítos, que, apezar da circularatosur-da dlo director. dos Correios,continua a mandar entresar árepartição postal os exemplaresdestinados aos seus agentes e as-sig-nantes nos Estados, protes-tando, como protestará em juizo,contra as perdas e damnos quelixe causar a impertinencia dosantíssimo sr. Xosta.

MISTURADA DE QRELOS...

( Com molho de rimas)

A cochilar sob a sétimaPalmeira murcha do Mangue,Estava—jfl quasi exangueE quasi... quasi... a expirar—Um sábio morto... o mui celebreAppellidado Confuncio.O hierophaute seu MuuioSurge, e... o faz resuscitar!,..

Depoia chegou gravo e tetricoO doutor Lopes TrovãoArmado de um «pjstolao»Medindo quasi cem pulmos !...Seu Mucio pallido e íívidoAnte edsa extrauha figuraDe avuutujada estaturaPoz-se a rezar credos psalmos.,.Correndo a p£sso de kagadoEis que surge o «doutor Chefe».,.E arruma um grande tabefeNas/«jT_j do hierophaute.O presidente do CirculoDa Xatoliee chegando,No bucho vae-lhe empurrando...Cerveja mami aBarbante».

Envolto em manto de purpuraE armiuho vem doutor NiloMuito afoubado e tranqnillo...Gritando como um daumado:— As circundancias olynipicaaDe um vaso espherico extranhoRegulam... iiuasi o tamanhoDe um tostasinha... barbado !...

PrBI Nabica.

Em um botequim:Que é que vamos tomar depois do café ?Eu tomo vinho do Porto, para jogar uma

partida com a Sarah...Eu tomo cognac, porque me sinto um pouco

conatipado. 'Pois eu fumo um cigarrinho Fonte Limpa

que € uma delicia depois de um paulista.

Tooico Japonez — Para perfumar ocabello e destruir os parasitas, evitando com o semuso diário todas as enfermidades da cabeça, n&o hacomo o Touieo Japonez — "lua dos Andradas n. 95.

Querem saber de uma cousa TOlhem bem p*ra sua mao,..Que entre os dedos, com cuidado,Um bom palpite verSo.

_k 4E_08—508 54—554 72—872

J8ft____*_f!S45—145 62—761 83—583

Caioo Ficha.

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O RIO NU - 7 ÜE MAIO DE 1910

PILHÉRIA DE ARTISTA

_.- Qual é a diflerença que ha entre uma estatua de barro e um homem de carne e osso ?—Não sai.—E' que o barro, quando se trabalha com elle, está sempre molle ; depois, com o tempo, vai. ficando cada vez mais du

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Acha-se a venda este empolgante romance em que são relatadas com asmais vivas cores, as aventuras de um conquistador.mV Leitura sugrgesíivu e cheia dc mrípe.-i.vs «morosasPreço i$ooo, peio Correio ijísoü