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NARRATIVA HISTÓRICA: FORMAÇÃO E MEMÓRIA COLÉGIO ESTADUAL IVAN

FERREIRA DO AMARAL FILHO

Autor: Reginaldo Antônio Milani1

Orientador: Luiz Carlos Ribeiro2

Resumo

O objetivo deste trabalho foi buscar e divulgar na proposta de intervenção escolar a formação da história local. Atendendo a necessidade de uma atenção maior sobre a narrativa histórica do Colégio Estadual Ivan Ferreira da Amaral Filho. A investigação, análise de documentos e entrevistas, metodologicamente desempenhou papel significativo. Dessa forma proporcionou à comunidade escolar uma leitura contextualizada a partir de vivências e experiências, inseridas enquanto sujeitos da história que lhes pertence.

Palavras - chave: Narrativa histórica; Colégio Ivan; Memorial.

HISTORICAL NARRATIVE: AND MEMORY TRAINING STATE COLLEGE OF

IVAN AMARAL FERREIRA FILHO1 Professor formado em Filosofia com licenciatura em História pela UFPR. Especialização pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão.2 Orientador do PDE, Professor Dr. da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba – Pr.

Abstract

The objective of this study was to seek and disseminate the proposed school intervention training of local history. Given the need for greater attention on the historical narrative of the State College of Ivan Ferreira Amaral Filho, research, document analysis and interviews, methodically played a significant role. Thus provided the school community as a contextualized reading of experiences, included as subjects of history belongs to them.

Keywords: historical narrative; College Ivan; Memorial.

1 INTRODUÇÃO

A escola enquanto ambiente necessário de socialização e de conhecimentos,

possibilita um convívio múltiplo de inter-relações que constroem e caracterizam este

espaço vivenciado. A abordagem sobre narrativa histórica escolar é um tema que

promove a capacitação de conhecimentos históricos e valoriza a construção da

História local. A integração do aluno ao projeto promove e qualifica a História

quando constrói sua opinião e se compreende como sujeito histórico.

O presente trabalho desenvolvido sobre a formação histórica do Colégio Ivan

Ferreira do Amaral Filho, apresenta uma proposta de intervenção escolar através do

estudo sobre a história local, em que o Colégio está inserido. Fez-se necessário

desenvolver uma investigação e análise do arquivo documental da escola, bem

como, entrevistas com atores sociais da época, imagens e outros materiais

significativos para integrar a formação da memória da instituição.

O referencial adquirido com a coleta de dados elaborados durante o período

de intervenção, possibilitou a proposta de implementação no Colégio. A necessidade

de uma atenção maior sobre a compreensão da história local trouxe um

questionamento relacionado quanto a ciência dos documentos escolares enquanto

testemunhos da vida, da cultura e da memória da escola.

- A Escola enquanto instituição é um assunto que merece ser estudado e

aprofundado?

- Qual a intenção do uso de documentos ou fontes históricas sobre a instituição

como material de apoio pedagógico?

Com o compromisso de atender ao Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, a

implementação de estudos na escola fez-se através da elaboração de um material

didático, representado por um caderno pedagógico estruturado em cinco unidades:

Unidade 1- Sugestões de estudos Bibliográficos sobre Narrativa Histórica e

Memória. Orientação através de Referências Bibliográficas, como recurso ao estudo

sobre Narrativa Histórica e Memória. Unidade 2 - Orientação através de Referências

Bibliográficas, como recurso ao estudo sobre Narrativa Histórica Oral. Unidade 3 -

Organização e análise de dados, documentos, registros escritos e oral, adquiridos

através de entrevistas e de pesquisas realizadas. Unidade 4 - Construção de um

informativo apresentando o histórico do Colégio à comunidade. Com o uso de

documentos e informação coletada durante o desenvolvimento do Projeto. Unidade

5 - Organização e constituição de um Memorial na instituição.

Sendo assim, o presente trabalho está estruturado primeiramente numa

citação teórica refletindo sobre a importância da memória histórica, o método

documental e oral e a cautela com que os documentos devem ser abordados em

sala de aula. Uma caracterização da área de estudo, um breve histórico sobre a

formação do município de Campina Grande do Sul, na perspectiva educação e

resultados do processo de implementação. Seguindo das considerações finais e

complementações do trabalho.

2 Fundamentação Teórica

2.1 Sobre Narrativa Histórica

A descrição teórica sobre a Narrativa Histórica neste trabalho tem por

finalidade elucidar, qualificar e orientar os caminhos da pesquisa no contexto

escolar.

Citações de autores renomados sem reflexão, provavelmente não traz algo

novo, porém para que se constitua uma idéia geral sobre um tema, recorre-se a

conceitos já pensados e estruturados, neste sentido quando pensamos a história

local é o conceito e significado de memória que se protagoniza a narrativa histórica.

LE GOFF(1990), descreve ser no seio dos grupos étnicos ou das famílias que se

instala um dos primeiros sinais da constituição da memória coletiva, em função da

ausência de escrita, transportando-se aos mitos de origens. A memória coletiva

passa descrever uma relação mais complexa quando esta assume interesses

restritos ao contexto social, transformando a memória coletiva em instrumento e

objeto de poder.

Através da epigrafia estudos relacionados a paleografia como ciência

auxiliar da História, destaca-se que na antiguidade os reis já constituíam instituições-

memória, como: arquivos, bibliotecas e museus, eram compostas e gravadas em

pedras anais suas narrativas, seus feitos.

Com a passagem da oralidade à escrita a memória coletiva percorre

profundas transformações, na Grécia Arcaica, este processo do desenvolvimento da

escrita as “memórias vivas” transformam-se em arquivistas.

Na Idade Média a memória coletiva sofre outras transformações com a

difusão do cristianismo como religião e ideologia dominante, monopolizando alta

parcela no domínio intelectual. Para o cristianismo a memória estava marcada por

uma interpretação desenvolvida à memória dos mortos, principalmente dos santos, a

associação entre a morte e a memória adquiri difusão no cristianismo. Neste período

a escrita desenvolve-se paralelamente ao oral, entre os clérigos e os literatos existia

equilíbrio entre memória oral e memória escrita, intensificando-se o recurso escrito,

como suporte da memória.

A partir do renascimento com a expansão das cidades, constituiu-se os

arquivos urbanos, como exemplificação Gênova ainda conserva registros do século

XII. No inicio do século XVIII foi relevante as mudanças ocorridas pelo

desenvolvimento da memória pela imprensa, a memória jornalística, diplomática e o

dicionário ganham destaque. A Constituição Francesa de 1791destaca no final do I

Título: “serão estabelecidas festas nacionais para conservar a recordação da

Revolução Francesa” (p. 461-462).

Após a Revolução Francesa, Arquivos Nacionais são criados na França. O

decreto de 25 de junho de 1794 ordena a publicidade dos arquivos, disponibilizando

os documentos da memória nacional.

Pela descrição em LE GOFF, (1990), a memória coletiva traz um significado

próprio em mostrar o sentimento de pertencimento a um determinado grupo que

compartilha suas narrativas, é a memória coletiva que insere o sentimento de

identidade que o sujeito ocupa enquanto posição social e as relações estabelecidas

com o todo.

Toda fundamentação teórica tenta expressar sua qualificação. Na análise de

BURKE (1992), percebe-se um novo sentido da narrativa histórica, que não aquela

que puramente estruturada nos moldes da descrição dos fatos, mas na busca de

caminhos além das relações entre acontecimentos e estruturas (p.325-334).

Portanto a possibilidade de desenvolver trabalhos sobre narrativa histórica na

escola abre-se discussão no sentindo de ser uma oportunidade constante em

descrevê-la, indiferente das produções intelectuais concluídas, estas servem como

suporte e fontes de apoio. Comparando com SCHMIDT (2005, p. 111-124), a

narrativa escolar enquanto estudo da história regional deve contribuir para a

compreensão da história no sentido de descobrir outras vertentes históricas para o

local e reconhecer a sua micro-história, englobada em outras histórias.

Sobre fontes históricas SCHMIDT (2005, p.96-100), aborda os tipos de

fontes dos documentos. E os diferentes tipos de documentos: Fontes primárias: “são

testemunhas do passado que se caracterizam por ser de primeira mão ou

contemporâneas dos fatos históricos a que se referem”. Fontes secundárias: “são

registros que contém informações sobre os conteúdos históricos resultantes de uma

ou mais elaborações realizadas por diferentes pessoas. Essas fontes nos chegam

por pessoas que realizam reconstruções do passado, cujas referências são

diferentes testemunhos ou relatos. Ex.: explicações do professor de história em sala

de aula, livros didáticos, mapas históricos, gráficos, entre outros”.

A participação do aluno no estudo sobre a narrativa histórica leva-nos a

questionar metodologias de pesquisas fundamentadas na compreensão das fontes

históricas, que se deve levar ao aluno textos com abordagens sobre as fontes e os

tipos de documentos, que a partir destes possam compreender teorias relacionando-

as com a história local.

Visando o estudo sobre narrativa histórica GONÇALVES (2007, p.85),

destaca que a pesquisa qualitativa é um método de pesquisa (histórica,

antropológica, sociológica, etc.) que privilegia o uso de entrevistas com pessoas que

testemunharam acontecimentos, como forma de se aproximar do objeto de estudo.

Trata-se de estudar acontecimentos históricos, instituições, grupos sociais,

categorias profissionais, movimentos, etc., a partir do testemunho de pessoas em

depoimentos. A aproximação do objeto de estudo de pesquisa que se realiza através

da entrevista insere-se no contexto da história oral como método investigativo.

o método da história oral, em suas vertentes históricas de vida, narrativas, trajetórias de vida, requer o uso de fundamentos epistemológicos, isto é, o pesquisador deve orientar-se através de pressupostos que delimitam o entendimento sobre o uso dos procedimentos metodológicos em questão, que por sua vez definirão o caráter de investigação social. [...] a epistemologia possui uma função importante na pesquisa, pois estabelece as condições de objetividade dos conhecimentos científicos dos modos de observação e experimentação, GONÇALVES (2007, p.86).

Analisando sobre a História Oral percebe-se através de pesquisas realizada

a necessidade em buscar a memória institucional e o registro da contribuição da

instituição à história do lugar, tal importância e significado percebem-se quando DE

SORDI (2007), apresenta o Manual de Procedimentos do Programa de História Oral

(PHO), da Justiça Federal, que integra o Projeto Memória da Justiça Federal, onde

aborda os procedimentos para implantação do Programa, que tem por objetivo

“consolidar a memória institucional e o registro da contribuição da instituição à

história brasileira”. O PHO é um instrumento estratégico que abrange o acervo

documental e imagético. Consolida o arquivo da memória institucional, setor este,

fundamental para pesquisas futuras. Os depoimentos coletados pelo PHO podem

abordar temas e eventos novos não encontrados na documentação impressa ou

imagética; viabilizar produtos historiográficos, como: exposições históricas,

catálogos, coletâneas, artigos, entre outros, fundamentais para a continuidade do

Projeto da memória institucional; ajudam a identificar fatos e documentos que

marcaram a instituição (p.05-38).

Esta reflexão sobre memória escrita e oral converte-se no importante trabalho

com a história local no ensino de História porque facilita: levantamento de problemas

a serem resolvidos; a apreensão de várias histórias lidas, não institucionalizadas sob

a forma de conhecimento histórico, baseadas em distintos sujeitos da história, como

também aquelas que foram silenciadas; o resgate de experiências pessoais e

coletivas do aluno, como construção da realidade histórica ampla, cujas experiências

contribuirão para a sua consciência histórica.

No sentido de reforçar a reflexão sobre o trabalho da memória histórica

quanto aos documentos quando são caminhados na sala de aula para fins didáticos

deve-se à concepção distinta entre educandos e educadores que nas citações

seguintes os próprios textos serão conclusivos. Sendo assim BITTENCOURT

(2005), destaca que documentos nas aulas de História, podem ser importantes na

concepção de educadores por favorecer a introdução do aluno no pensamento

histórico, porém, não poderá confundir-se com os próprios métodos de trabalho do

historiador, na pretensão em transformar este aluno em um “pequeno historiador”,

quando o objetivo da análise de documentos em sala de aula é desenvolver uma

autonomia intelectual que propicie analises críticas da sociedade conforme recorte

temporal. Para os historiadores, os documentos são a fonte principal de seu ofício,

da qual escrevem a história. Partindo desse princípio, há a necessidade de se

destacar esta diferenciação entre a finalidade dos documentos para os historiadores,

com a situação de ensino de História. (p.328). Bittencourt (2005, cita Moniot,1993)3,

esclarece sobre as diferenças existentes sobre o uso das fontes históricas.

De maneira categórica, Henri Moniot adverte-nos de que o historiador, ao selecionar suas fontes de pesquisa, já possui um conhecimento histórico sobre o período e tem domínio de conceitos e categorias fundamentais para análise histórica. Ao usar um documento transformar em fonte de pesquisa o historiador parte, portanto, de referenciais e de objetivos muito diferentes aos de uma situação de sala de aula. As diferenças são marcantes, e disso decorrem os cuidados que o professor precisa ter para transformar “documentos” em materiais didáticos.” O professor traça objetivos que não visam à produção de um texto historiográfico inédito ou a uma interpretação renovada de antigos acontecimentos, com o uso de novas fontes. As fontes históricas em sala de aula são usadas diferentemente. Os jovens e as crianças estão “aprendendo História” e não dominam o contexto histórico em que o documento foi produzido, o que exige sempre a atenção ao momento propício de introduzi-lo como material didático e à escolha dos tipos adequados ao nível e às condições de escolarização dos alunos. (p.329)

.

As possibilidades de utilização dos próprios arquivos históricos escolares

servirem para o “Ensino da História” é fundamental para a memória histórica estar

também assegurada enquanto direito ao próprio patrimônio cultural escolar. A

proposta de documentos serem usados no ensino de História, não é novidade. Os

livros didáticos freqüentemente ilustravam e ilustram suas páginas, hoje leva-se em

consideração esse novo sentido, esse novo olhar a respeito da utilização desses

documentos no que eles representam numa discussão e significado maior

historiograficamente, a respeito da construção da História, do papel do historiador e

da concepção de documento.(Gonçalves, 2012, p.2).

O ensino da história local como estratégia pedagógica deve articular os temas

trabalhados em sala de aula com a história local, nacional e universal.

SCHMIDT(2005, p.111-124).

2.2 Campina Grande do Sul: Formação e Educação

3 MONIOT, Henri. L’usage du document face à sés rationalisations savantes, em histoire. In: AUDIGIER, F. (Org.). Documents: des moyens pour quelles fins? Actes du Colloque. Paris: INRP, 1993. P. 25-29.

O Colégio Estadual Ivan Ferreira do Amaral Filho está situado no Jardim

Paulista, bairro do Município de Campina Grande do Sul - Pr.

O município passou por uma evolução de nomenclaturas durante a formação

histórica do Estado do Paraná, passando por categorias como: povoado, freguesia,

Villa, Município, Distrito, e a partir de 1951, Município na sua reconstituição atual.

Conforme pesquisas bibliográficas a fundação de Campina Grande do Sul

estaria relacionada a um pequeno povoado com a denominação de Campina

Grande por volta de 1666, e que fazia parte do município do Arraial Queimado

(Bocaiúva do Sul), (SCHMIDT, 2003, p.12). Na obra “História de Campina Grande

do Sul”, FERRARINI (1985) destaca a dificuldade de documentação que atestem a

origem da sua povoação. Portanto o complemento de SCHMIDT, “presume-se que

tenha sido um dos primeiros povoados de mineradores do Paraná, serra acima.” É

possível perceber num contexto maior pela citação que:

Data de 1661 o estabelecimento de Baltazar Carrasco dos Reis nos campos de Curitiba. Antes dele, porém, muitos bandeirantes já se tinham estabelecidos nas regiões auríferas do planalto curitibano, onde fundaram arraiais mineradores, alguns estáveis e outros provisórios, nesta vasta zona servida pelos caminhos do Assungui, Arraial Queimado, Borda do Campo, Arraial Grande e no flanco ocidental da Serra do Mar. (FERRARINI, 1985, p.33)

Nas palavras de Romário Martins, citado por Ferrarini (1985), busca justificar

o surgimento do povoado de Campina Grande antes mesmo de Curitiba, na

transcrição consta: “já em 1666 surgia, na região do planalto de Curitiba, o povoado

de Campina Grande, como parte integrante do Arraial Queimado, cuja origem,

embora desconhecida, supõe-se tenha sido, também, um Arraial de Mineração”.

(p.33).

Tudo indica que a procura do ouro no planalto curitibano, tenha sido a causa

pelo surgimento do Povoado de Campina Grande, estaria localizada entre as rotas

de circulação do litoral ao planalto e de Borda do Campo ao Arraial Queimado, fator

este responsável pelo povoado.

Em 1873, pela lei 360 de 18 de abril, foi criada uma freguesia no local em que

se denomina Campina Grande. Passada uma década a freguesia de Campina

Grande é elevada a categoria de Villa pela lei 762 de 26 de novembro de 1883, na

condição de Villa, campina Grande fica desmembrada do Município de Arraial

Queimado, assumindo sede do governo Municipal. (SCHMIDT, p.13).

A Villa de Campina Grande a partir de 1890 passou a chamar-se Villa

Glycerio, em homenagem ao republicano paulista Francisco Glycerio de Oliveira

Leite. Os moradores de Campina Grande em 1891 mobilizaram-se para a retomada

da nomenclatura anterior, quando voltou a chamar-se Villa de Campina Grande. O

tenente José Eurípedes Gonçalves assume em 1892 como primeiro prefeito da Villa

de Campina Grande. (p.15)

O município de Campina Grande sofre novas alterações em 1939, passou a

ser compreendido como Distrito de Campina Grande, ficando sob a jurisdição em

parte a Bocaiúva do Sul e em parte a Piraquara.

Pelo Decreto-Lei nº 7573 de 20/10/1938, o Paraná passou a descrever uma

nova divisão territorial, Lei esta que vigorou entre 1º de janeiro de 1939 a 31 de

dezembro de 1943, responsável pela extinção do município de Campina Grande

para Distrito e que pela Lei nº 199 de 30 de dezembro de 1943 o Distrito de Campina

Grande passa a ser Timbu, inicialmente Distrito ligado a Jurisdição do município de

Piraquara.

Pouco mais de uma década no ano de 1951 novas estruturas administrativas

acompanham a história de Campina Grande do Sul, conforme se destaca pelos

historiadores o retorno à condição de município data-se pela Lei 790 de

14/11/1951que descreve sobre a divisão administrativa do Paraná criada o município

de Timbu, recuperando parte do território de Piraquara e parte do município de

Bocaiúva do Sul ao município de Timbu.

Publicada no diário oficial aos 7 de fevereiro de 1956 a Lei 2593, onde o

município de Timbu passa a denominar-se Campina Grande do Sul, mantendo-se as

divisas ao que correspondia ao anterior Timbu, com alterações em relação as

divisas entre o Distrito de Quatro Barras, quando elevado à município. (SCHMIDT,

p.21)

Atualmente Campina Grande do Sul descreve sua localização na porção

Leste do Estado do Paraná e da região Metropolitana com uma extensão territorial

de 540, 60 km² de área, onde cerca de 50,30 km² corresponde ao perímetro urbano.

Representa no total quase 0,3% da área do Estado (IBGE _ censo demográfico).

Localizada a uma distancia de 32,24 km da capital paranaense. Fazendo divisa com

os seguintes municípios: ao Norte com Bocaiúva do Sul, e Barra do Turvo – SP; ao

Sul Quatro Barras; ao Leste Morretes, Antonina e Guaraqueçaba; e a Oeste com

Colombo.

O relato que se tem sobre a Educação no município de Campina grande do

Sul está inserido no contexto sobre a Instrução primária do Paraná. A situação da

Instrução primária no Paraná no final do século XIX, já despertava preocupações.

Até 1876 a província possuía 96 estabelecimentos ativos de ensino primário com

3183 alunos matriculados e 2167 frequentes. (FERRARINI, 1985, p.220)

Medidas, portanto foram tomadas durante a presidência de Lamenha Lins,

proposta pela Inspetoria de Instruções Públicas da Província do Paraná quanto ao

ensino primário ser obrigatório, sendo o município o principal criador e mantenedor

da escola.

Seguindo a distribuição dos estabelecimentos de ensino pela província na

freguesia de São João Batista, padroeiro de Campina Grande, através da Lei 400,

de 11 de abril de 1874, cria uma escola com Artigo Único de instrução primária para

meninos e meninas no Quarteirão da Borda do Campo. Vários professores

passaram e descreveram histórias pela Villa de campina Grande, entre eles

Alexandre José Fernandes Roxinol, da cadeira de Borda do Campo nomeado por

ato, em 18 de março de 1875, como o primeiro professor nomeado no período

provincial. (p.221)

Outra situação pertinente em relação à história da educação da Villa de

Campina Grande foi sobre a dispensa concedida pelo Presidente da Província do

Paraná ao professor da Campina Grande, João Batista Pereira de Andrade, licença

com ordenado para freqüentar a Escola Normal, o atual Instituto de Educação do

Paraná.

As dificuldades encontradas no campo da educação estiveram presentes em

Campina Grande, já no período republicano, final da segunda metade do século XIX,

para resolver problemas financeiros pertinentes à educação a Câmara Municipal de

Campina Grande aos 05 de dezembro de 1892 aprova a proposta encaminhada pelo

Inspetor Distrital Sr. Pedro Alexandrino Teixeira de Barros, (FERRARINI, 1985),

destaca sobre a criação de um imposto no valor de 2$000 que deveria ser cobrado

entre janeiro e fevereiro anualmente de cada família do município. Este fundo seria

para edificar uma casa intitulada “Caixa Escolar”, equiparar as salas de aulas e

atendimento às crianças pobres. (p.224)

Conforme se descreve a história da educação do município de Campina,

percebe-se que será um campo em que não poderá ser ignorado, pois a educação

desde os primórdios indica também uma relação de poderes, a própria sociedade

pertencente à problemática da educação, faz parte das iniciativas políticas na esfera

da instrução básica àqueles já inclusos no processo escolar, como àqueles

excluídos do sistema.

Durante a legislatura do prefeito municipal Francisco Afonso Ennes, foi

aprovada a Lei intitulada “Propaganda Escolar” com intuito de solucionar o problema

da instrução pública em Campina Grande, fica criado o imposto de dez mil reis

anuais. Embora as pessoas reconhecidamente pobres ou indigentes ficassem

isentos do imposto, recai sob pena aos habitantes do município garantir a

manutenção da instrução básica pública. O produto dessa arrecadação seria

concedido pelos poderes públicos no auxilio de escolas particulares que se

fundassem nos povoados do município, assim como o de um Colégio na sede da

Vila, sob Prescrição do Regulamento da Instrução Pública do Estado. (P. 228)

A educação de um modo geral é um tema que sempre esteve na pauta das

discussões políticas ora tomada com mais seriedade e respeito, ora

superficialmente. Neste sentido é relevante citar que pela primeira vez em 1934 uma

Constituição brasileira, insere um capitulo minucioso sobre o sistema educacional. A

partir desta Constituição, as seguintes de 1937, 1946, 1967 e a Emenda

Constitucional de 1969 tomaram como modelo o capítulo de 1934. Em 1942, foi

aprovada a Lei Orgânica do Ensino Secundário. (JUREMA, 1972, p. 84-85)

Aprofundando, Ferrarini (1985), ao abordar o tema sobre educação no

município de Campina Grande do Sul, destaca que as escolas no inicio do período

republicano “a criação ou a autorização de funcionamento de escolas, era feito sem

qualquer ato oficial”. (p.232)

Pelas circunstâncias em que as escolas do município eram autorizadas e pela

fragilidade do arquivamento nas próprias instituições, compreende-se a

precariedade de certas fontes escritas sobre a formação da escola não serem

localizadas de imediato ou de fato inexistentes.

Na própria experiência de vida do Sr. Professor Sebastião Ferrarini, quando

em 1948, permutou da Escola Isolada da Colônia Maria José no município de

Piraquara para a Escola Isolada de Timbu Velho, “construiu, naquele local por conta

própria e sem ônus algum para o Estado, uma ampla e iluminada sala escolar [...].

(p.233).

Entre 1960 e 1970 novas áreas de expansão urbana ocorreram no município

de Campina Grande do Sul, entre elas o Jardim Paulista. Na época o novo

loteamento foi liberado sem qualquer infra-estrutura, apenas a demarcação das

quadras e dos lotes, as poucas famílias que residiam na região, caminhavam pelos

campos através dos “carreiros”. Com o passar de alguns anos sentiu-se a

necessidade de amparar as crianças do local, na alfabetização. Uma professora de

família tradicional de Campina Grande do Sul, Ângela C. Trevisan Collere, inicia sua

marcha para concretizar sua atuação enquanto professora no novo loteamento, o

Jardim Paulista.

Até o final da década de 1950, aproximando-se para 1960 o lugar de atuação

da professora extranumerária nomeada em 22 de agosto de 1955, era a região do

município conhecido como Cerne de Baixo que, após algumas passagens pelo

Cerne de Baixo e Palmitalzinho em 1961, foi transferida para o Alto da Serra, BRX

acampamento do DER, conforme projeto para a construção de uma sala de aula,

permanecendo durante um ano e meio. Em contato com a inspetora de ensino e o

Sr. Prefeito Municipal, ela pede a vaga para o novo loteamento no Jardim Paulista,

quando deveria aguardar o inicio das aulas (tempo necessário para providenciarem

uma escola) para assumir as aulas do Jardim Paulista. A professora adoeceu em

constrangimento ao local de trabalho proposto como sala de aula, entrou de licença

durante trinta dias, e na sequência novamente entra em licença por não haver uma

sala de aula adequada. Preocupada com a possibilidade de perder seu cargo de

professora, em contato com a inspetora de ensino e o vereador o Sr. Augusto

Staben, concordaram com a construção de uma sala de aula de iniciativa da

professora. O pai carpinteiro, o marido colaborador e a idealização da professora

adquiriram o material: tabuas, telhas, pregos, assim ergueram a Escola Isolada do

Jardim Paulista em 1964.

Em 1961, no governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra, foi aprovada a Lei

n. 4024, de 20 de dezembro de 1961(Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que

prescreve:

“Art. 5º - São assegurados aos estabelecimentos de ensino públicos e particulares legalmente autorizados, adequada representação nos Conselhos Estaduais de Educação, e o reconhecimento, para todos os fins, dos estudos neles realizados” (p.16).

“Art. 57 – A formação de professores, orientadores e supervisores para as escolas rurais primárias poderá ser feita em estabelecimentos que lhes prescrevem a integração no meio” (p. 28).

“Art. 59 – A formação para professores para o ensino médio, será feito nas faculdades de filosofia, ciências e letras e a de professores de disciplinas específicas de ensino médio técnico em cursos especiais de educação técnica” (p.28).

As características históricas de cada lugar são surpreendentes reveladas

pelos documentos e entrevistas, a Escola do Jardim Paulista passou por algumas

nomenclaturas durante o seu processo de formação até a atualidade.

Na medida em que os anos foram passando a pequena escola marca o papel

significativo na formação educacional da comunidade local. Com a demanda de

alunos crescendo surge novas problemáticas. As turmas multi-seriadas de 1ª a 4ª

séries necessitando de um espaço físico adequado e demanda de professores, a

professora Ângela C. Trevisan Collere, leva a situação para as autoridades do

município, é ouvida pela inspetoria da Educação e pelo prefeito que legislava entre

1969 a 1973, o Sr. Ary A. Bandeira, resolvendo remover a escola provisória

construída no terreno da família da professora Ângela C. Trevisan Collere, para uma

sala de madeira na quadra 11 do Jardim Paulista.

João Maria de Barros assumiu a prefeitura de Campina Grande do Sul

durante o período de 1937 a 1977. Durante sua legislatura, a partir de 1974 a Casa

Escolar do Jardim Paulista passa a ser garantida pela Lei nº 01/74 de 31 de maio de

1974, prescrevendo:

Art. 1 º ) – Fica o Senhor Prefeito Municipal autorizado pela presente Lei, doar à FUNDEPAR (Fundação Educacional do Estado do PR), um terreno urbano com área total de 2.280 m2, constituído dos lotes números 18, 20, 22 e 24 da quadra nº 11 da Planta Jardim Paulista, neste Município, imóvel pertencente a esta Prefeitura, destinado à construção de uma Casa Escolar de alvenaria, com quatro salas de aula.

No mesmo ano a Câmara Municipal de Campina Grande do Sul aprova e

sanciona a lei nº 02/74 de 12 de outubro de 1974, prescrevendo:

Art.1º) – Fica o Poder Executivo Municipal, autorizado a doar à Fundação Educacional do Estado do PR – FUNDEPAR, um terreno constituído dos lotes números 14 e 16, da quadra nº 11 da Planta Jardim Paulista, neste Município, em complemento à área anteriormente doada.

§ 1º) – O terreno doado destina-se exclusivamente à construção da escola ou ainda à formação de pátio recreativo para a referida escola, não podendo ser utilizado para outra finalidade.

Além das oficialidades sobre a doação dos terrenos pertencentes à Prefeitura

Municipal de Campina Grande do Sul para a entidade do Governo do Paraná –

FUNDEPAR, outras medidas emergentes sobre a Educação do Jardim Paulistas

foram tomadas, conforme percebe-se pela Lei 05/74 de 15 de outubro de 1974.

Autoriza o poder executivo municipal e firma convênio com FUNDEPAR. Em

continuidade ao processo legislativo da Casa Escolar do Jardim Paulista a Lei nº

05/74 de 15 de outubro de 1974 prescreve:

Art. 1º) – fica o poder Executivo Municipal, autorizado a firmar convênio com a FUNDEPAR, para a construção de uma Casa Escolar de alvenaria, localizada no Jardim Paulista, neste Município.

Durante o tempo entre a tramitação dos terrenos e construção da Casa

Escolar em alvenaria, as professoras desse período garantiram as pesadas jornadas

na escola, em uma sala de madeira precária, garantindo a continuidade de um

processo chamado Educação. (conforme se verifica pela entrevista do apêndice 1).

No dia 02 de agosto de 1976, no Governo de Jaime Canet Junior, e do

Prefeito Municipal Sr. João Maria de Barros, foram inauguradas com a presença da

comunidade, quatro salas de aula de alvenaria, um gabinete, uma cozinha e quatro

banheiros.

A vida do município contínua nas suas expectativas políticas, econômicas,

sociais e culturais. Novembro de 1976 é realizado novas eleições e que em Campina

Grande do Sul de acordo com a decisão do povo, assume para legislar a Prefeitura

de 1977 a 1983 o Sr. Elerian do Rocio Zanetti. Entre vários programas de

atualização promovidos pela prefeitura aos professores municipais, é com o prefeito

Elerian que a Casa Escolar do Jardim Paulista passará a ser denominada Casa

Escolar Ivan Ferreira do Amaral Filho, conforme Resolução 1090/78. Nos atos

oficiais Resolução de Denominação n. 1090 de 23 de junho de 1978 (D.O. de

05/07/78); define que: A Casa Escolar do Jardim Paulista, situada no Município de

Campina Grande do Sul, passa a denominar-se Casa Escolar Ivan Ferreira do

Amaral Filho, 1ª I. R. E – 1ª N. R. E. Endereço: Rua 7, Quadra 11, Bairro Jardim

Paulista (Arquivo Público de Curitiba, DIOE). (Apêndice 2, motivo pela nomeação da

Casa Escolar).

A Casa Escolar Ivan Ferreira do Amaral Filho, a partir do ano de 1980 passa a

assumir em efeito retroativo a 1º grau completo, passando para Escola Estadual Ivan

Ferreira do Amaral Filho, através da Resolução n. 561/80 de 31 de março de 1980,

foi designada para responder como Diretora a professora Myriam T. Bernardi,

ocupou o cargo enquanto primeira Diretora nomeada da Escola até 1985, quando

substituída pela professora Cleonice C. Souto.

O Bairro do Jardim Paulista está circulado por bairros e vilas bastante

povoados, é uma região que favorece conforto em relação ao suporte de infra-

estruturas como: comércio, transporte, bancos, faculdades, hospitais, entre outros

serviços. Chama atenção para expansão urbana e conseqüentemente demográfica.

Pela evolução e necessidade da demanda escolar, em 1991 a Escola

Estadual passou a ofertar o Ensino Médio, correspondendo hoje, portanto, ao

Colégio Estadual Ivan Ferreira do Amaral Filho. (Apêndice 3, dados biográfico).

3 Encaminhamento Metodológico

O método histórico documental possibilitou o trabalho ser mais dinâmico. As

dimensões metodológicas quanto ao levantamento bibliográfico e no processo da

pesquisa, como no levantamento de dados, as entrevistas com pessoas

relacionadas direta e indiretamente com a formação da memória local, contribuiu

para atingir objetivos.

Durante o primeiro período do Projeto de Intervenção (segundo semestre de

2010), foi realizado um levantamento histórico sobre formação e memória do Colégio

Estadual Ivan Ferreira do Amaral Filho. Através de pesquisas bibliográficas, visitas a

instituições públicas e entrevistas com pessoas da comunidade inseridas na história.

Nesta primeira etapa as ações realizadas foram comprometidas apenas pelo

professor PDE-2010, sem haver contribuição ou participação de alunos, objetivando

o levantamento de dados para a certificação do arsenal de informações necessárias

para a execução do Projeto.

No segundo período do Projeto destinou-se na elaboração do material

didático, com propósito de integrar teoria e prática ao conhecimento da história local.

A partir do desenvolvimento de atividades como leitura de textos, reflexão, debates,

pesquisas e entrevistas, com intuito de levar ao aluno proposta que ofereça o

entendimento de sujeito integrado à formação histórica.

Na continuidade, em 22 de julho de 2011, nas dependências do Colégio foi

realizada a apresentação do Projeto de Implementação Pedagógica, aos

professores e funcionários, abordando o tema e explicando o procedimento e

objetivo do Projeto sobre a Narrativa histórica: Formação e Memória do Colégio

Estadual Ivan Ferreira do Amaral Filho. Trouxe interesse de participação voluntária

ao Projeto. Fez-se necessário esclarecimento junto a Direção, buscando apoio e

colaboração perante o desenvolvimento pedagógico e quanto a necessidade de

apoio financeiro para ações pertinentes envolvidas no Projeto como: na confecção

do Jornal e na aquisição de materiais para a formação do Memorial. Obteve-se o

apoio da Direção quanto a liberação do espaço para implantação do Memorial,

consentimento na arrecadação financeira aos comerciantes locais, orientação

disponível junto a equipe pedagógica, a disponibilidade de recursos materiais tais

como: sala de informática, biblioteca, sala de aula disponível aos sábados, liberação

de documentos e arquivos internos para levantamento de pesquisas.

Os alunos envolvidos no Projeto foram sugeridos pela equipe pedagógica e

professores, que após indicação foram convidados a participarem no

desenvolvimento das ações da implementação. Envolvendo alunos do Ensino

Fundamental de 7ª e 8ª séries e Ensino Médio de 1º e 2º anos, sendo esta equipe

organizada a assumir responsabilidade com as ações do Projeto. algumas ações

foram realizadas aos sábados, por não haver possibilidade de salas no contra turno,

assim como a participação parcial dos alunos convidados, estes interessados a

colaborar, mas não sendo possível devido a compromissos pessoais aos sábados.

Foram realizadas ações como: estudo e análise de textos, aprofundando o

conhecimento referente a Narrativa histórica e preservação da memória histórica,

com apresentação de textos, provocando questionamentos e debates. Nesta

atividade foram levantadas questões como: Você sabe como a Escola começou sua

história local? Através de quais instrumentos você conhece esta narrativa? A história

contada por pessoas mais antigas, da nossa família ou da nossa comunidade, é

importante? Por quê? Tal levantamento trouxe resultados interessantes ao Projeto.

O fato de não conhecerem a história local, e a partir deste pressuposto surgiu o

interesse em buscar informações e novidades sobre o assunto proposto. Resultando

na participação em pesquisas e entrevistas com familiares.

Com objetivo de integrar a comunidade escolar ao Projeto, um informativo

foi elaborado, para que circule interna e externamente entre a comunidade escolar.

Os alunos contribuíram na elaboração, sendo necessário grande empenho da

equipe para o resultado positivo, desde o inicio do Projeto ficou estabelecida como

prática dentro das ações de implementação.

De imediato foram convidados alunos do grupo de apoio para se dedicarem

com exclusividade à organização do informativo. Formou-se uma equipe de

divulgação do Projeto na escola, a equipe pode contar com apoio de professores,

profissionais da informática, da biblioteca e da secretaria da escola.

A atividade do jornal permitiu aos alunos desenvolverem as seguintes ações:

mobilizaram a escola com visitas nas salas de aula, esclarecendo o Projeto de

Intervenção; motivaram a escola para participar de sugestões para o nome do

informativo; selecionaram e organizaram uma votação nas salas de aula com nomes

sugeridos para o informativo; divulgaram e socializaram a Narrativa histórica local no

jornal “Conexão Estudantil” (anexo).

Para elaboração dos artigos presentes no jornal teve participação de

pessoas integrantes na histórica local, estas foram convidadas a participarem de

entrevistas envolvendo os alunos e professor PDE-2010, contribuindo com fotos,

documentos e depoimentos, sendo estes descobertos a partir do levantamento

realizado no inicio do Projeto, bem como no desenvolvimento das ações realizadas

com os alunos.

A partir do desenvolvimento do Projeto, trouxe o conhecimento aos alunos

da história sobre a formação local da instituição e a biografia do atual homenageado,

bem como informações angariadas durante o período histórico analisado. Assim

como: personagens, ou seja, sujeito antes desconhecidos no processo, passagens

históricas revelando as dificuldades de formação de estruturas sócio-políticas e

econômicas. Possibilitando comparações em diferentes contextos históricos,

assimilação dos fatos e o enriquecimento do aprendizado; percepção em relação a

temporalidade histórica; reconhecimento individual como sujeito participativo e

integrado em ações as quais favorecem para o crescimento da auto-estima.

Dando ênfase ao Projeto, criou-se a iniciativa de implantação de um Memorial

fixado na biblioteca do Colégio, dispondo de fotos de ex-diretores, do homenageado

Ivan Ferreira do Amaral Filho, Primeira professora, foto da primeira escola e

Narrativa histórica, sendo estas anexadas entre vidros. O memorial representa a

possibilidade real de construção de uma idéia sobre Narrativa histórica local, onde

permanecerá em exposição os resultados colhidos pelo Projeto de Intervenção PDE-

2010, com o apoio da Direção, Prefeitura Municipal e comerciantes da localidade.

Esta ação foi desenvolvida com participação parcial dos alunos, através dos

estudos elaborados e desenvolvido possibilitou o conhecimento da Biografia, assim

como o porquê da homenagem a ele estabelecido, bem como os diretores

integrantes. O Memorial traz uma ação de incentivo a valorização cultural e

oportunizar o conhecimento da história local.

4 Considerações Finais

Os estudos e resultados alcançados neste trabalho servem de alerta para

uma atenção maior quanto à memória das instituições de ensino. Pela experiência

alcançada durante as fases do projeto notaram-se falhas na organização e

preservação do acervo documental do Colégio Estadual Ivan Ferreira do Amaral

Filho e demais órgãos visitados, arquivos do município e do Estado quando

questionados pelo pesquisador sobre referências documentais e biográficas ficam a

desejar. A execução desta pesquisa deixa clara a necessidade da parceria dos

projetos PDE, entre outros, com as próprias instituições educacionais para que a

memória local seja preservada e disponível para estudos e para a ciência.

Outro fator pertinente sobre a organização interna da escola e que se

estende a outras é a falta da supervisão de bibliotecário. Narrativas históricas:

memória, pertencimento, identidade, biografias, nem sempre estão estampadas na

capa de um volume, bem como a organização de documentos distintos: entrevistas

realizadas, leis, cartas, fórmulas, crônicas, ofícios, decretos, plantas arquitetônicas,

entre outras, trazendo prejuízo à pesquisa.

Os materiais que guardam a memória quando não preservados,

recuperados e organizados coloca-se em duvida a identidade e pertencimento da

comunidade escolar. Na citação de LE GOFF (2003 p. 530), “a história faz-se com

documentos escritos, sem duvida, quando estes existem. Mas pode fazer-se, deve

fazer-se sem documentos escritos, quando não existem [...]”

A realização deste trabalho nos mostrou a possibilidade real de desenvolver

oficinas de trabalho a partir da narrativa histórica envolvendo alunos, professores e

funcionários da escola. Vários problemas surgiram, nesta experiência especifica

foram de característica circunstancial, mesmo que temporariamente inibiram

conclusões de algumas atividades a serem realizadas durante os dias úteis da

semana em contra turnos. As atividades realizadas de aprofundamento teórico,

questionamentos, debates, entrevistas e o envolvimento com a publicação do

informativo da escola garantiu o incentivo aos alunos, apresentou-se também como

uma experiência local e contribuição didática.

Durante as fases da pesquisa ocorreram atividades que somaram

contribuições para um melhor entendimento e compreensão no desenvolvimento da

formação da história local do Colégio Estadual Ivan Ferreira do Amaral Filho. As

contribuições do professor orientador que em meio a discussões e análise sempre

fazendo repensar o projeto. A Educação a Distância (EAD), objetivando preparar os

professores para atuarem como tutores responsáveis no GTR – Grupo de Trabalho

em Rede – 2010, descreveu sua importância enquanto capacitação individual, e nas

discussões coletivas, questionamentos quanto à aplicabilidade do material didático,

fazendo repensar e analisar este produto.

O encaminhamento metodológico adotado no Projeto de Implementação

com conteúdos e atividades teóricas e práticas sobre a formação da memória local

despertou o interesse e expectativa dos alunos por estarem envolvidos com

atividades paralelas ao cotidiano da sala de aula e conhecimento de história.

Referências

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Usos didáticos de documentos. In: Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2005. P.327-350.

BURKE, Peter. A Escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1992. P.327-348.

DE SORDI, Neide Alves Dias. Manual de procedimentos do Programa de História Oral da Justiça Federal. Brasília: Conselho da Justiça Federal, 2007. 36p.

FERRARINI, Sebastião. Educação. História de Campina Grande do sul. Curitiba ; Sociedade Paranaense de Cultura, 1985 p.219-246.

GONÇALVES, Nádia Gaiofatto. Arquivos históricos escolares: contribuições para o ensino de história e a história local. Disponível em: < WWW.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mydownlosds_01/visit.php?cid=42&lid=6601>. Acesso em 06/2012. Versão atualizada em 26/03/2012.

GONÇALVES, Rita de Cássia, LISBOA, Teresa Kleba. Ensaio: Sobre o método da história oral em sua modalidade trajetórias de vida. Ver. Katál, Florianópolis, v.10, n.esp., p.83-92, 2007.

JUREMA, Aderbal. Pequena coletânea da legislação brasileira de educação: leis (4.024, 5.540 e 5.692). Recife : Editora Universitária da UFPE, 1972. 138 p. (Cadernos de educação, n.4).

LE GOFF, Jacques. Memória. p.423-483. In: História e memória. São Paulo: Unicamp, 1990. 553 p. Tradução do Capítulo: Bernardo leitão e Irene Ferreira.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora, CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2005. 159 p. (Pensamento e ação no magistério).

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; GARCIA, Tânia Maria F. Braga. Curitiba: UFPR/ Prefeitura Municipal de Campina Grande do Sul, 2002.

SILVEIRA, Eder da Silva. História oral e memória: a construção de um perfil de historiador-etnográfico. Ver. Ciência e Conhecimento: Revista eletrônica da Ulbra São Gerônimo, v.1, 2007, história, A-2, 6p. Disponível em WWW.ciênciaeconhecimento.com. Acesso em: 04/2011.

APÊNDICES

Apêndice 1

Entrevista com a Senhora Ieda Z. S., ex-aluna da Escola Isolada do Jardim Paulista

e atual funcionária do Colégio Ivan Ferreira do Amaral Filho.

Data: 25 de julho de 2011

Entrevistador: Prof. Reginaldo Antonio Milani

Entrevistador: Ieda! Quando você estudou na Escola Isolada do Jardim Paulista?

Senhora Ieda Z. S: Por volta de 1975.

Entrevistador: Neste ano que você estudou em 1975, você ouvia falar em Escola

ou Casa Escolar com o nome de Ivan Ferreira do Amaral Filho?

Senhora Ieda Z. S: Não, de maneira alguma!

Era uma casa de madeira que ficava na esquina ao lado da escola hoje, no local do

Posto de Saúde.

Era uma casa normal antiga de madeira, dividida em duas salas. Na parte da frente

funcionava a 3ª e 4ª séries, o quadro era dividido pela professora que lecionava para

as duas turmas, nesta era a professora Ângela, que lecionava para mim na 4ª série.

Na sala de traz a 1ª e 2ª séries e quem lecionava era a professora Clarisse.

Ficamos nesta casa de madeira até setembro e mudamos para a outra escola no

local em que estamos hoje.

Apêndice 2

Entrevista com o Ex-Prefeito Sr. Elerian do Rocio Zanetti, sobre a

homenagem À Ivan Ferreira do Amaral Filho,

Data: 01/06/2011

Entrevistador: Professor Reginaldo Antônio Milani

Entrevistador: Sr. Elerian: O Sr. conheceu pessoalmente o Ex- Deputado Sr. Ivan

Ferreira do Amaral Filho?

Sr. Elirian: Conheci pessoalmente. Era um jovem político, que naquela época no

regime da ditadura militar, poucos deputados depois de eleitos percorriam e

atendiam os municípios. E o Ivan era um político jovem disputando a reeleição, um

político preocupado com as causas do povo no geral, municipalista convicto.

Entrevistador: Segundo jornais de 10 de novembro de 1974 publicaram fotos do ex.

Deputado Federal no trágico acidente que tirou sua vida. Os pais do ex. Deputado

Federal Ivan Ferreira: O Sr. Ivan Ferreira do Amaral e Silva e D. Raquel Carneiro do

Amaral e Silva. O Sr. Confirmaria que estas fotos tiradas, divulgadas pelos jornais

seriam de Ivan Ferreira do Amaral Filho, do homenageado por indicação do Sr. à

Escola do Jardim Paulista em Campina Grande do Sul?

Sr. Elirian: As fotos são evidentemente do Ivan. Inclusive é com muita tristeza que

eu vejo, porque Ivan faleceu na madrugada do dia 09 de novembro de 1974, era o

meu aniversário e o Ivan passou na minha casa para me dar um abraço e depois ele

viajou. Quanto ao nome do pai ser Silva eu desconhecia, eu não sabia.

Entrevistador: O Sr. Sugeriu à Escola Isolada do Jardim Paulista ser deominada a

partir de 23 de junho de 1978 como Casa Escolar Ivan Ferreira do Amaral Filho.

Como ocorreu politicamente este processo de denominação à Casa Escolar Ivan

Ferreira do Amaral?

Sr. Elirian: Na época ninguém tinha lembrado de fazer uma homenagem para o

Ivan. Lembrei, até então depois da morte dele, sua mãe D. Raquel continuou

fazendo um trabalho de assistência social, naquela época nós não tínhamos hospital

aqui e ela encaminhava os doentes para o Hospital de Clínicas, ele fazia parte da

vida dela, eu então lembrei de homenagear o Ivan, foi uma maneira de homenagear

alguém que em tão pouco tempo conhecei diferente dos outros políticos, uma

pessoa boa que naturalmente Deus chamou,tirando do nosso convívio.

Entrevistador: O que levou o Sr. a homenagear Ivan Ferreira do Amaral Filho a

uma Escola do Município de Campina Grande do Sul?

Sr. Elirian: Porque o Ivan era um político diferenciado dos outros, como disse, na

época da ditadura. Ele ia na base, queria saber o que estava acontecendo, então é

por isso, o convívio dele, o interesse pelo municipalismo, por viver de perto os

problemas do município. Minha primeira eleição é de 1976, eu não tinha exercido

nenhum cargo eletivo na época e nem tinha sido candidato. O Ivan foi um dos bons

exemplos que eu conheci na política quando eu era jovem.

Entrevistador: O Sr. poderia fazer alguma consideração sobre algum aspecto

relevante da época?

Sr. Elirian: O Ivan teve na realidade uma carreira muito curta quando ele estava

chegando a uma segunda eleição, estava indo para a sua primeira reeleição a

deputado. Se formos em busca garanto que vamos encontrar.

Apêndice 3

BIOGRAFIA DE IVAN FERREIRA DO AMARAL FILHO

Ivan Ferreira do Amaral Filho nasceu no Paraná, no dia 09 de agosto de

1940, descendente de duas ilustres e tradicionais famílias paranaenses. Filho de

Ivan Ferreira do Amaral e Silva e Raquel Carneiro do Amaral e Silva.

Nível de formação:

Curso Primário no Grupo XIX de Dezembro em Curitiba (Gazeta do Povo,

1974)

Curso Ginasial no Colégio Estadual do Paraná (Gazeta do Povo, 1974).

Curso Secundário no Colégio Santo Inácio dos Padres Jesuítas, Rio de

Janeiro, GB, de 1961 a 1965.

Curso de Direito Agrário, Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro (PUCRJ)

do antigo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Curso da Fundação de Estudos Superiores do Mar (FEMAR). Altos Estudos

do Mar em 1969.

Associação dos Diplomados da Escola Superior da Guerra (Gazeta do Povo,

1974).

Curso de inglês de um ano nos Estados Unidos, St. Francis High, School

Kansas Missouri. Término de Curso na Cultura Inglesa e Instituto Brasil Estados

Unidos, em Curitiba.

Interamericano, Instituto Goeth (Gazeta do Povo, 1974).

No Instituto Aliança Francesa, em Curitiba, cursou cinco anos do idioma

Francês.

Tradutor do Instituto Brasileiro do Café (IBC) (Gazeta do Povo, 1974).

Profissão / Cargos de destaque:

Diretor de Empresa (Advogado).

Deputado Federal pelo Estado do Paraná.

Vice-Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Suplente da Comissão de Economia, Indústria e Comércio

(Curriculum Vitae, Arquivo Público de Curitiba).

Assistente da Secretaria Geral e Assessor Econômico do Instituto Brasileiro

do Café (IBC).

Membro do Conselho Nacional do Turismo.

Membro do Grupo Executivo de Movimentação de Safras.

Chefe de Gabinete da Presidência do Instituto Brasileiro do

Desenvolvimento Florestal.

Membro da Comissão de Economia.

Vice-Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Em 1973 foi considerado pela crítica jornalística, como o melhor Deputado

do respectivo ano.

Representou o Brasil nas Conferências Internacionais sobre População, em

Turim e Londres, a convite da Organização das Nações Unidas (ONU). O Jornal

Gazeta do Povo, (1974), destaca que na reunião sobre explosão demográfica, neste

evento, destacou-se pelas teses apresentadas em nome do Brasil.

Títulos honoríficos:

Medalha José Bonifácio.

Medalha D. Pedro I e Mérito Naval.

Era considerado amigo do Jardim Botânico do Rio de Janeiro por serviços

prestados e recebeu o título de Cidadão Honorário de Pitanga.

Pronunciou diversos discursos e publicou vários trabalhos em jornais e

revistas brasileiros.

Realizou trabalho importante sobre o café liofilizado e publicado pelo IBC,

recebendo elogios de crítica dos técnicos sobre o assunto.

Acidente automobilístico:

Faleceu na madrugada do dia 09 de novembro de 1974, às 2h45min, em

acidente automobilístico, no Km 175 da Rodovia do Café, nas proximidades de

Telêmaco Borba, numa violenta colisão entre seu veículo e um caminhão carregado

de café, quando viajava para Maringá, em campanha política para reeleição como

Deputado Federal.

Foi eleito Deputado Federal em 1970 com 21.666 votos. Estava cotado a ser

um dos Deputados Federais mais votados, caso fosse reeleito, com mais de 60 mil

votos, apesar de ter apenas 34 anos de idade.

Era casado desde o dia 05 de abril de 1974, com a filha do Embaixador da

Argentina no Brasil, Matilde Álvares de Toledo, de 22 anos, grávida do primeiro filho

do casal, residiam em Brasília.

O atendimento ao acidente foi realizado pelos policiais do Posto Fiscal de

Imbaú, e os corpos de Ivan Ferreira do Amaral Filho, seu motorista e o motorista do

caminhão, foram encaminhados e examinados pelo médico legista Dr. Carlos

Beltrami, do necrotério de Ponta Grossa, e transladado para Curitiba.

Seu corpo foi transportado para o Salão Nobre da Assembléia Legislativa, foi

velado de onde saiu o cortejo fúnebre. Foi sepultado no Cemitério São Francisco de

Paula, às 10 horas, no dia 10 de novembro de 1974.

Homenagens:

a) “Grupo Escolar Ivan Ferreira do Amaral e Silva Filho”, no Bairro Uberaba

de Cima, Curitiba – PR (Escola Municipal)

Através do Projeto de Lei n. 35/75 do Vereador Eugênio Bim, foi sancionada a

Lei n. 5.289, no dia 30 de dezembro de 1975 que autoriza o poder Executivo a dar a

denominação de “Grupo Escolar Ivan Ferreira do Amaral e Silva Filho”, ao

estabelecimento de ensino a ser construído pela Prefeitura Municipal de Curitiba.

b) Via Pública da Capital

Através do Projeto de Lei do Vereador Eugênio Bim, foi Sancionada a Lei n.

5.261, de 12/12/1975, que autoriza o Chefe do Poder Executivo a dar a

denominação de “Ivan Ferreira do Amaral Filho”, a uma das vias públicas de

Curitiba, ainda sem denominação.

c) Nominação da Escola Estadual Ivan Ferreira do Amaral Filho, Bairro

Jardim Paulista, Campina Grande do Sul

No dia 23 de junho 1978, o Prefeito Municipal Sr. Elerian do Rocio Zanetti,

solicitou mudar o nome da Escola para Casa Escolar Ivan Ferreira do Amaral Filho,

conforme resolução 1090/78.

ANEXOS

Jornal Conexão Estudantil – página1

Jornal Conexão Estudantil – página 2

Jornal Conexão Estudantil – página 3

Jornal Conexão Estudantil – página 4