Nesta Edição - Entre Irmãos · Trata-se de um trabalho altruístico, cujo principal interesse é...

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Nesta EdiçãoCapaCapa – Matemática e Maçonaria...............................................CapaEditorialEditorial..........................................................................................2 PalestrasPalestras - Filosofia e Matemática.....................................................................3 - Vesica Piscis e as Catedrais.....................................................5 - Regra Áurea e a Sequência de Fibonacci..................................8

- Geometria Sagrada no Corpo Humano e no Templo Maçônico....10 - Pentagrama Pitagórico – O Que Ele, Ainda, Tem a Nos Ensinar?.15 - Números Sagrados – 1, 3, 7, 9, 10, 12, 33 e 81........................21 - A Matemárica e a Música – A Harmonia das Esferas..........25AgradecimentosAgradecimentos -........................................................................26Ficha Técnica -Ficha Técnica - ….........................................................................26

Editorial“A Escada da Sabedoria tem seus degraus feitos de Números!”“A Escada da Sabedoria tem seus degraus feitos de Números!”

(Helena Petrovna Blavatsky)(Helena Petrovna Blavatsky)

Revista Arte Real muito se orgulha de prestar o Apoio Cultural a mais uma edição do Encontro Maçônico do Sul de Minas. Evento que, ainda, em

suas primeiras edições, já conquistou um espaço considerável no cenário da cultura maçônica nacional.

AAO Encontro destaca-se pela preocupação de seus

valorosos organizadores, em promover um singular espaço, envolvendo a participação de toda a Família Maçônica, além de seu principal papel de exaltar a cultura, estimular o estudo e semear o interesse pela pesquisa. Trata-se de um trabalho altruístico, cujo principal interesse é de se fazer uma Maçonaria de Verdade, proporcionando aos participantes a oportunidade da busca do autoconhecimento.

A escolha do temário, “Matemática e Maçonaria”, não poderia ser melhor. Tema que, com certeza, fará com que o ávido observador mergulhe em um universo de informações, mistérios e conceitos, que o libertará dos grilhões dos véus da ignorância, que, até então, cobria-lhe seus olhos nos mais diversos assuntos.

Mais uma vez, a organização pautou em escolher renomados Irmãos, que prometem dissecar assuntos como, “Filosofia e Matemática”; A Geometria Sagrada no Corpo Humano e no Templo Maçônico”; “Proporções Áureas e a

Sequência de Fibonacci”; Vesica Piscis; “O Pentagrama Pitagórico”; “Números Sagrados”; Harmonia e Maçonaria”.

Esta Edição Especial publica a sinopse dessas palestras, permitindo aos nossos 24 mil leitores espalhados por todo o Brasil e no exterior, em sua enorme maioria, por questões geográficas, impedidos de participarem presencialmente desse importante evento, possam sorver os ensinamentos proferidos.

Aproveitamos o ensejo para informar que, a Revista Arte Real realizou um Convênio com a Grande Loja Maçônica do Estado do Mato Grosso, no sentido de atender antigas e inúmeras reivindicações de diversos leitores, com a produção de uma versão impressa de nossa Revista, o que, através desse Convênio, acontecerá a partir do 2º semestre de 2012.

A Revista Arte Real continuará sob nossa direção e responsabilidade editorial, seguindo a mesma linha editorial, que a consagrou como

uma das mais importantes Revistas Maçônicas da atualidade. Para a

versão impressa, caberá à GLEMT a responsabilidade da produção gráfica,

distribuição e comercialização de publicidade e de assinaturas. Ficou acordado que a versão impressa terá periodicidade bimestral e a aquisição de sua assinatura anual (6 edições), custará aos nossos leitores, apenas, R$ 60,00, já incluso as despesas de postagem.

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Os valores arrecadados com publicidade e assinatura, após cobrir todos os gastos de sua produção, serão destinados à filantropia. O percentual destinado à GLMET será repassado às Lojas daquela Potência, que se encontrem em dificuldades para a construção de seus Templos ou reformas, assim como, o percentual destinado à Revista Arte Real, também, terá como destino a filantropia, no caso, para ajuda de uma instituição daquele estado. Portanto, manteremos o mesmo enfoque cultural, sem fins lucrativos, como nos propomos desde sua criação.

Os Irmãos que se interessarem em assinar a versão impressa, desde já, agradecemos por se tornarem nossos Parceiros Culturais e por, consequentemente, ajudarem-nos em nossas Campanhas Filantrópicas. Os interessados deverão entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (35) 3331-1288 e 8806-7175, a fim de obterem maiores informações. Será uma grande alegria poder contar com adesão de todos!

Aproveitem esta Edição Especial, e obrigado por prestigiarem esse nobre trabalho em prol da Cultura Maçônica! ?

PalestrasF ILOSOFIA E MATEMÁTICA

Sérgio Quirino Guimarães – MI – 33 - MMMºVenerável Mestre da ARLS Presidente Roosevelt - GLMMG

Oriente de Belo Horizonte – MG

Editor Responsável do PROMAÇOM

Palestrante e Acadêmico

“O principal objetivo de todas as investigações do mundo exterior deve ser o de descobrir a ordem“O principal objetivo de todas as investigações do mundo exterior deve ser o de descobrir a ordem racional e harmônica, que tem sido imposta por Deus e que Ele nos revelou na linguagem da Matemática”racional e harmônica, que tem sido imposta por Deus e que Ele nos revelou na linguagem da Matemática”

(Johannes Kepler – 1571/1630) (Johannes Kepler – 1571/1630)

ndubitavelmente, são duas áreas do conhecimento humano, que causam o sentimento ambíguo de “vontade de conhecer” e “medo de não entender”. Filosofia e Matemática são, em verdade, conhecimentos que

podem e devem ser aplicados em todos os momentos de nossa vida. Filosofar não é um exercício de oratória e matemática, não é, apenas, aritmética. O mundo que nos cercar é a combinação perfeita da filosofia matemática.

IIVamos tentar? Filosoficamente, filosofia é “amor à sabedoria”, porém

é um estudo maior, fundamentado na existência (1), na necessidade do conhecimento (+), a procura da verdade (7 => 4 matéria e 3 espírito), encontrado (=) na mente e na linguagem (“a+b”) os valores morais e éticos (avental) => 1 + 7 = “a+b” ⌂.

Matematicamente, filosofia é a resultante da unidade (indivíduo), somado as suas experiências (vivências), resultando no indivíduo pontencializado, (“melhorado” ou “com mais grau”). Somar é agregar.

Filosoficamente, matemática “é o alfabeto que Deus usou para escrever o Universo” (Galileo Galilei). Matematicamente, a Matemática estuda quantidades, medidas, espaços, estruturas e variações. Um trabalho matemático consiste em usar padrões, formular conjecturas e, por meio de

deduções rigorosas a partir de axiomas e definições, estabelecer novos resultados.

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as palavras em destaque: estuda quantidades, medidas, espaços, estruturas e variações. Um “trabalho matemático consiste usar padrões, formular conjecturas e”, por meio de deduções rigorosas a partir de axiomas e definições, “estabelecer novos resultados”. O Interessante é que o “trabalho maçônico consiste em usar ritos, formular especulações e estabelecer novos Templos à Virtude”.

No Conceito Puro, na Essência e Origem: Filosofia (philos e sophia) - amizade, amor fraterno e “respeito entre os iguais”; sabedoria ou, simplesmente, saber. Filósofo - “Aquele que ama e busca a sabedoria”. Matemática (máthema) – Ciência; Conhecimento; “Aprendizado”. Matemático (mathematikós) - “Apreciador do conhecimento”. Sabedoria é o dom que nos permite discernir qual o melhor caminho a seguir, a melhor atitude a adotar nos diferentes contextos que a vida nos apresenta.

Conhecimento é a relação que se estabelece entre o sujeito, que conhece ou deseja conhecer, e o objeto a ser conhecido, ou que se dá a conhecer.

É preciso, então, compreender que o conhecimento matematico, agregado a uma base filosofica, resulta em sabedoria e conhecimento. Nos estudos de nossa Sublime Ordem essa relação é marcante nos Graus Simbólicos. É a força da Filosofia Maçônica que deve consolidar o novo Aprendiz na Coluna do Norte, compreendendo que cabe a

ele, como buscador da Sabedoria, a tarefa inquiridora, antidogmáica de levantar novas perguntas.

As questões apresentadas pelos Aprendizes necessitam de respostas sob diferentes perspectivas e introdução aos problemas sociais, éticos, morais e filosóficas, principalmente, nas questões Gnoseológicas, Cosmológicos, Existenciais, Antropológicas, Ontológicas e Metafísicas. Por sua vez, é a beleza da matemática que exemplifica ao Companheiro a sua função de somar, de compartilhar, de agregar valor aos trabalhos da Coluna do Sul.

Lógico que neste trabalho, que será acessado por Aprendizes, não há como ser mais explito, mas observem que a bateria do Grau de Companheiro não é um número simples, é sim a resultante da somatória de dois números diferentes, como na equação: “C” + “B” = “E”. Quanto ao Grau de Mestre, somente revisando, constantemente, o “Aprendizado” e o “Companheirismo” é que se pode tornar um servidor maior da Oficina. Cabe ao Mestre saber ensinar o que conhece.

A Matemática e a Filosofia estão tão integradas aos labores maçônicos, que não há como progredir sem conhecer os fundamentos da geometria e desenvolver o raciocínio matemático, por sua vez, a filosofia maçônica é baseada na tríade da Beleza, da Justiça e da Verdade. O legítimo Maçom, não é um simples apreciador, ele, sabiamente, ama e busca o conhecimento! ?

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PalestrasVESICA P ISCIS E AS CATEDRAIS – O MAÇOM OPERATIVO

Edison Barsanti – MI – 33ºGrande Benemérito da Ordem

Secretário Geral Adjunto de Educação e Cultura do GOB-DFEx Grão-Mestre Assistente da Marca – GOB-DF

Membro do Superior Conselho de Orientação e Cultura – Rito Brasileiro - RJPalestrante – Acadêmico

homem, ciente da sua supremacia sobre todos os seres viventes, que conhece credor na máxima hermética: “o que está embaixo é tal qual como

está em cima, o que está em cima é tal qual como está embaixo”, sente-se compelido a criar as mesmas obras que seu criador, o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus. Em busca da beleza desejada nas suas criações, observa que, independente da raça, dos costumes, da cultura, existem padrões de beleza admirada por todos, indistintamente. Cada povo tem padrões específicos para a determinação do belo e do feio, mas as paisagens naturais, com o brilho do alvorecer ou o luscofusco sanguíneo do poente, com o mar e os lagos, com as montanhas cobertas de neve ou verdejantes, associados ao colorido das flores e dos frutos, formam composições visuais belas a todos, sem exceção. É nesse contexto que o homem vai se inspirar nas realizações das suas obras.

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Um simples pingo d’água é belo no seu reflexo, forma uma imagem linda ao cair e respingar (fig.1). Dois pingos, caindo ao mesmo tempo, formam uma figura geométrica extremamente harmônica (fig.2). Percebendo que essas composições são consideradas, não as mais bonitas ou as mais feias, por todas as imagens de rara beleza. Mas para copiá-la, o homem precisa de ferramentas. Tem a sua disposição, o maço, o cinzel e a corda (fig.3).

Escolhido o local, com o maço, finca-se o cinzel determinando um ponto. Amarra-se a corda no cinzel e gira-

se em torno dele, desenhando uma circunferência. Temos um círculo com o ponto central (fig.4). Determina-se um ponto na circunferência e sobre esse ponto repete-se a operação. Temos dois círculos com o mesmo raio e área comum. A figura formada chama-se “Vesica Piscis” (fig.5). Este é um dos grandes segredos da maçonaria. Um segredo de concepção. Esta figura vai revolucionar as obras humanas. Possibilitará a construção das coisas belas.

A partir dela, geram-se todas as figuras geométricas regulares (fig.6). Determina-se o ângulo reto. Esse segredo maçônico não está na coluna da Sabedoria e nem da Força, está na coluna da Beleza, da Harmonia. Só é belo o que é

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harmônico, o caos é feio. Só o que é harmônico é eterno. A obra humana, assim criada, tem a desejada semelhança com as criações divinas, a beleza e a eternidade. A Maçonaria, como depositária de todo o conhecimento da humanidade, preserva os segredos em seus painéis e rituais (fig.7).

A partir dela, geram-se todas as figuras geométricas regulares. Determina-se o ângulo reto. Esse segredo maçônico não está na coluna da Sabedoria e nem da Força, está na coluna da Beleza, da Harmonia. Só é belo o que é harmônico, o caos é feio. Só o que é harmônico é eterno. A obra humana, assim criada, tem a desejada semelhança com as criações divinas, a beleza e a eternidade. A Maçonaria, como depositária de todo o conhecimento da humanidade, preserva os segredos em seus painéis e rituais.

A Ordem Maçônica caracteriza-se pela admissão de seus membros de forma voluntária, uma das poucas associações que tem sua unidade nos contrários. Oferece seus ensinamentos, que são, exclusivamente, individuais, de forma paulatina e repetitiva, mostra o caminho, mas não obriga o caminhar. Os ensinamentos maçônicos eram transmitidos de acordo com o grau de conhecimento do interlocutor. Utilizando a figura da “Vesica Piscis”, entre obreiros oriundos das religiões judaicas e cristãs, ensinava-se o cristianismo, considerando o círculo superior a Divindade; o inferior, o Homem; a área comum, Jesus, o Deus encarnado (fig.6). A figura de um peixe formada (fig.7) inspirou o símbolo cristão da Antiguidade.

A construção dos polígonos (fig.8) permitiu a cópia de outros elementos belos da natureza, a exemplo, do cristal da neve (fig.9), que inspirou os vitrais (fig.10). O conhecimento da "Vesica Piscis” permitiu o desenho das mais belas catedrais. Com a utilização do conceito da “Vesica Piscis”, detalhes ficaram, cada vez mais, belos. Era conhecido pela civilização pré-islâmica. A geometria utilizada era a pitagórica e a euclidiana (séc.IV a.C.)

Quando esse segredo está presente nas obras dos artistas, como na obra “Descida da Cruz”, de Rogier Van Der Weyden (fig.11 e fig. 12), elas são admiradas por todos e, seus autores, tornam-se imortais. Os mais conhecidos símbolos antigos foram desenhados a partir da Vesica Piscis (fig. 13). Os atuais homens de comunicação conheciam esse segredo tanto quanto os antigos (figs. 14 e 15).

A palavra “mistier”, de origem gaulesa, significava ofício, atividade. No português, surgiu o francesismo: “metiê”, que significa, ocupação, atividade. O plural de “mistier” é “misteres”, que, em inglês, pela semelhança do som, passou para “mistery”, cujo significado é “mistério”, ou seja, “enigma só conhecido pelos iniciados”. Os ensinamentos maçônicos são esotéricos e seus segredos são suas formas de identificação pessoal, conhecidos por “Cobridor” de cada Grau. Somente a maçonaria operativa possuía segredos de ocupação, que eram juramentados. Eram seus segredos do ofício.

Para a execução do planejado sob a inspiração da “Vesica Piscis” os maçons operativos tiveram que resolver vários problemas. Entre eles, de como construir o arco e de como distribuir a carga que deveria suportar.

A solução estava na “pedra angular”, outro segredo maçônico, porém esse era um segredo de execução. Como depositária do conhecimento humano, a Maçonaria dedica um grau específico para esse segredo da Maçonaria Operativa: o Grau Mestre Maçom da Marca.

Os romanos usavam o sistema com perfeição, como na Espanha, em Segóvia, o aqueduto construído por Trajano, há dois mil anos, que continua levando água à cidade, percorrendo uma distância aproximada a 16 quilometros. As grandes catedrais com suas imensas naves exigiram uma nova técnica para suportar o peso dos arcos conjugados: os Arcos Rampantes. Os Arcos Rampantes eram “segredos de execução” da Maçonaria Operativa. São arcos auxiliares aos arcos muitos

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arcos muitos altos, que tenham que suportar carga muito pesada (fig. 16). O sistema foi utilizado na maioria das grandes catedrais, como a de Notre Dame, em Paris, na França, cuja construção foi iniciada em 1163.

A associação de vários arcos, reforçados pelos Arcos Rampantes, possibilitou a construção de grandes espaços livres comuns: as Cúpulas. As Cúpulas, também, eram Segredos de Execução da Maçonaria Operativa. A Mesquita Domo da Rocha de Jerusalém; a Basílica di Santa Maria del Fiore, Itália, Florença, iniciada em 1296, e sua estrutura concluída em 1436; a Mesquita Azul, em Istambul, Turquia, foram construídas com grandes cúpulas. Também, foram construídas grandes cúpulas no Capitólio, em Washington, USA (fig. 17); na catedral de São Paulo; no Santuário de Aparecida, SP.

Vejamos, agora, outro grande segredo da Maçonaria Operativa. Ainda, não satisfeito, o homem volta a observar a natureza para buscar maior perfeição em suas criações. Observa o Cosmo e nota que suas formas seguem padrões determinados. Ao observar a natureza, agora, em seus detalhes, nota que entre as diversas formas existem relações, que determinam a sua beleza. As plantas são arranjadas de forma espiral ao longo do galho, não impedindo que a luz do sol se projete em nenhuma das folhas. A soma dos dois primeiros passos da espiral, começando do topo, é igual ao tamanho do próximo passo, e assim, sucessivamente. A distribuição dos galhos apresenta a mesma proporção (fig.18).

Essa relação, também, está presente no homem (fig.19), inclusive na estrutura de seu DNA. Fibonacci, matemático italiano do século XIII (*Pisa 1170/+Pisa ?1250), concluiu que há, sempre, nessa relação, uma sequência de números, cujo próximo número é, sempre, a soma dos dois anteriores, ou seja: 1 , 2 , 3 , 5 , 8 , 13 , 21 , 34 ... A Sequência de Fibonacci, geometricamente, forma o Triângulo Áureo (fig.20) e o Retângulo Áureo. Do quadrado para o Retângulo Áureo: Onde: Se y = 1, - Então x = 0,618 > phi1 - Se x = 1, - Então y = 1, 61 > phi2 1,618=>Razão Áurea.

A Divina Proporção é o outro dos grandes segredos da Maçonaria. É um Segredo se Concepção. Tudo que conter essa proporção será admirado por todos. As distorções dessas proporções é que determinarão os graus de beleza ou feiúra. A “Vesica Piscis” e a “Divina Proporção” são verdadeiros Segredos da Maçonaria. São os segredos da criação divina. A beleza e a harmonia são os fundamentos essenciais da eternidade.

É comum ouvir do Maçom a expressão: “Estou trabalhando a minha “pedra bruta”, quando se refere aos seus estudos e práticas maçônicas. Dito dessa forma, poderá dar margem ao entendimento de tratar-se de dois personagens distintos: o Aprendiz e a “pedra bruta”. Esse entendimento é divergente do ensinamento maçônico, pois o Aprendiz é a “pedra bruta”. O Aprendiz é o objeto a ser desbastado. A direção que se deve dar ao cinzel é a si mesmo. Em nenhum momento, nos rituais maçônicos, há indicação de que o cinzel deva ser voltado aos outros. Em si, as pancadas no cinzel são dadas de acordo com a sua sensibilidade, se nos outros, o agente não colocará no maço o mesmo peso que colocaria quando desbastando a si mesmo, certamente, seria mais pesado. Não é uma atitude maçônica direcionar o cinzel para corrigir imperfeições alheias.

Há diferença entre o aprendiz de pedreiro (maçom) operativo (que trabalhava nas atividades de construção) e o Aprendiz Maçom. Este não tem, necessariamente, atividade nas construções. A representação do aprendiz de pedreiro operativo é um jovem trabalhando para desbastar uma pedra bruta. Já, as esculturas e os desenhos clássicos, representando um Aprendiz das Escolas de Mistérios, sempre, mostram a figura de um homem esculpindo a si mesmo. O Aprendiz Maçom, para esculpir a escultura do homem, que deseja ser, terá que utilizar a matéria prima, que recebeu por desígnio da Providência, potencializar os recursos disponíveis na Natureza e trabalhar com a Vontade, representada pelo “maço e o cinzel”, utilizados para aparar a arestas, que esconde no interior de seu ser, o homem perfeito ali contido. ?

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PalestrasREGRA ÁUREA E A SEQUÊNCIA DE F IBONACCIA Natureza Como Mestra dos Mestres

Marcelo Rezende Libânio – MI - 4º

Venerável Mestre da ARLS

Fraternidade Cleuton Cândido Landre nº 298

GLMMG – Oriente de Alfenas – MG

a antiguidade, nos tempos de Euclides da Alexandria, matemáticos gregos postularam que haveria uma forma mais harmônica de dividir um

dado segmento de reta. Essa forma mais harmônica se alcançaria dividindo esse segmento no que eles chamaram de média e extrema razão, que se obtém quando se divide um segmento em dois outros, de tal forma, que, a proporção entre o segmento maior e o menor seja a mesma que entre o segmento todo e o segmento maior. Essa proporção ficou conhecida como Proporção ou Razão Aurea e o segmento maior como segmento de ouro.

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Matematicamente, essa proporção tem um valor numérico, que se chamou de PHI, representado, graficamente, pela letra grega φ, em homenagem a Fídias (Phideas) famoso arquiteto grego, que usava, frequentemente, a proporção de ouro em seus trabalhos, como na construção do Parthenon, na Grécia. Esse número, também, é chamado de número de ouro.

Por análise matemática, conclui-se que φ tem o valor do número irracional 1,618303...

Do segmento de ouro, surgiram formas geométricas

como, por exemplo, o retângulo de ouro, quem tem como seu lado menor o segmento de ouro do lado maior; o triangulo de ouro, que tem dois ângulos de 72º e um ângulo de 36º, no qual a base é o segmento áureo dos lados e a espiral de ouro, construída a partir do retângulo de ouro.

Diversos testes mostram que as figuras que apresentam as proporções de ouro são mais agradáveis a vista, e isto justifica o fato delas aparecerem com frequência em nosso cotidiano, tal como no formato de livros, cartões de crédito, papel A4, fotos reveladas e em diversas obras arquitetônicas.

No passado esta proporção apareceu, muito frequentemente, em várias obras de arte, em especial dos artistas renascentistas como Giotto e Leonardo Da Vinci. Em sua obra, “A Mona Lisa”, Leonardo Da Vinci utilizou diversas vezes a proporção de ouro. Em diversas esculturas ela, também, aparece.

Misteriosamente, as proporções de ouro, também, aparecem nas pirâmides de Gizé, construídas muito antes dos gregos postularem sua existência.

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Em 1202, o matemático italiano Leonardo de Pisa, conhecido por Fibonacci (contração de filho de Bonacci), em sua obra “Fiber Abaci”, coloca um problema que tenta elucidar: quantos casais de coelho podem se originar de um casal de coelhos em um ano, sabendo-se que, um casal de coelhos atinge sua maturidade reprodutiva em dois meses e, a partir daí, produzem um par de coelhos por mês. O número casais de coelhos que existiriam em cada mês constitui a seguinte sequência numérica: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89,...

Essa sequência numérica conhecida como Sequência

de Fibonacci, apresenta como fato notável a característica de que cada número representa a soma dos dois números anteriores. Outra característica dessa sequência é que a divisão de cada número por seu anterior tende ao número de ouro.

Curiosamente, a sequência de Fibonacci, o número de ouro, as proporções e formas áureas aparecem, frequentemente, nas obras humanas e, também, na natureza e no próprio homem.

Na natureza, um grande número de flores apresenta no número de pétalas, no número de estames ou arranjo das folhas, os números de Fibonacci. As espirais da pinha, do girassol, da casca do abacaxi são números de Fibonacci. Também, encontramos esse número na concha do caramujo Náutilos e nas colmeias. No corpo humano as falanges estão na sequência de Fibonacci e diversos segmentos respeitam as proporções áureas, como foi representado na obra “O Homem Vitruviano”, de Leonardo Da Vinci. Baseado nessa proporção, Le Corbusier, arquiteto franco-suíço, criou seu sistema modular, ainda, hoje, muito usado na arquitetura e na indústria moveleira.

Certas plantas mostram os números de Fibonacci no crescimento de seus galhos, como a Achillea ptarmica. No girassol, assim como nas pinhas, as sementes formam dois conjuntos de espirais logarítmicas com sentidos diferentes. O número de

sementes de cada conjunto é diferente, mas são dois números consecutivos de Fibonacci. A concha do Náutilos (Molusco que bombeia gás para dentro de sua concha, repleta de câmaras pra poder regular a profundidade de sua flutuação) é uma espiral de ouro e a razão de cada diâmetro desta espiral para a seguinte também é PHI.

Também, encontraremos o número de ouro na Bíblia, na literatura e na música.

Na Maçonaria, fala-se que o templo maçônico deve ter a forma de um quadrilongo, mas não se especifica qual a sua proporção. Alguns advogam que deveria ser de 2 para 1, porém a corrente majoritária advoga que ele deva ter a forma de um retângulo de ouro.

O pentagrama, importante símbolo maçônico apresenta em sua composição uma coleção de proporções de ouro.

No pentagrama, cada diagonal do pentágono no qual ele está inscrito e que o forma corta a outra diagonal na proporção áurea. Cada lado desse pentágono é o segmento áureo de sua diagonal. Os triângulos formados na ponta do pentagrama são triângulos de ouro.

A enorme frequência com que a proporção de ouro aparece na natureza torna pouco provável que ela constitua mera coincidência, parecendo indicar, antes disso, um padrão, uma regra na construção do universo, sendo, por isso, considerada a impressão digital de Deus, e, por isso, também, chamada de Divina Proporção. Independente do que se acredite, ela fascina, inspira e ensina.

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PalestrasGEOMETRIA SAGRADA NO CORPO HUMANO E NO TEMPLO MAÇÔNICO

José Airton de Carvalho – MI – 33ºVenerável Mestre da Loja de Pesquisas Quatuor Coronati

“Pedro Campos de Miranda”Editoralista do Jornal Maçônico Fiat Lux

Membro do Conselho Editorial da Revista Maçônica “Triângulo”Acadêmico e Palestrante

...se o Aprendiz quiser, realmente, estar em condições de passar a Companheiro, “deve estudar, cuidadosamente”,as propriedades dos números, seja nas obras dos pitagóricos, na Cabala Numérica ou, ainda, nas

obras de arquitetura e arqueologia iniciáticas de Vitrúvio, Ramée e outras... (Simbologia dos Números - Instruções do Grau 1 - GLMMG)

itrúvio (Marcus Vitruvius Pollio) arquiteto e engenheiro romano, que trabalhou no primeiro século a.C. Foi autor de um tratado teórico e técnico

detalhado, que sobrevive como a mais antiga e a mais influente de todas as obras sobre a Arquitetura.

VVVitrúvio deu ênfase a Eurritmia (beleza e

harmonia das formas), ordem, simetria, propriedade e economia dentro da arte arquitetônica. Essa harmonia simétrica alcança sua mais alta expressão na natureza, através do Corpo Humano, demonstrada por ele.

O Homem Vitruviano, ou homem de Vitrúvio, é um conceito apresentado na obra “Os Dez Livros de Arquitetura”, escrita pelo arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio, do qual o conceito herda o nome. Tal conceito é considerado um “cânone das proporções do corpo humano”, segundo um determinado raciocínio matemático e baseando-se, em parte, na Diviana Proporção. Dessa forma, o homem descrito por Vitrúvio apresenta-se como um modelo ideal para o ser humano, cujas proporções são perfeitas, segundo o ideal clássico de beleza.

Originalmente, Vitrúvio apresentou o cânone tanto de forma textual, descrevendo cada proporção e suas relações, quanto através de desenhos. Porém, à medida que os documentos originais perdiam-se e a obra passava a ser

copiada durante a Idade Média, a descrição gráfica se perdeu. Dessa forma, com a redescoberta dos textos clássicos durante o Renascimento, uma série de artistas, arquitetos e tratadistas se dispuseram a interpretar os textos vitruvianos, a fim de produzir novas representações gráficas.

Apesar do trabalho de Vitruvius versar sobre arquitetura e tratar de questão tão fundamental ao

antropocentrismo, o clássico latino nunca apresentou um único esboço prático da

imagem, que demonstrasse como as medidas humanas estariam inscritas

dentro de uma ordem matemática superior, que se ligaria, proporcionalmente, a todas as demais formas de vida no universo, por meio do número de ouro 1,618 Phi. A

questão foi deixada em aberto como um exercício para as gerações seguintes.

Foi, então, que 1500 anos depois, durante o início da Renascença, Fra Giovanni

Giocondo, o arquiteto responsável pela construção da famosa basílica de São Pedro, no Vaticano, publicou a primeira edição ilustrada chamada “De Architectura”, apresentando um esboço do que havia assimilado da ideia concebida por Vitruvius.

Cesare Cesarino, Francesco Giorgi, Mariano di Jacopo Tacolla e Francesco di Giorgio Martini, todos brilhantes engenheiros, arquitetos e matemáticos do período renascentista, seguiram a Fra Giovanni, cada qual com uma representação distinta do problema.

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Nenhum dos esboços apresentados, entretanto, conseguiu o feito de combinar de forma harmoniosa e matemática as razões do corpo humano e a solução da quadratura do círculo, através de Phi, conforme proposto por Vitruvius. Então, em 1490, Leonardo da Vinci nos revelou a solução definitiva para a questão num dos seus diários de anotações.

Confrontado com o problema, Da Vinci, profundo conhecedor da anatomia humana, sabia que a aplicação das proporções oferecidas por Vitruvius não era, apenas, correta como, também, oferecia a chave para o uso da razão áurea.

Ele nos descreve uma figura masculina desnuda, separada e simultaneamente, em duas posições sobrepostas, com os braços inscritos num círculo e num quadrado, as figuras-chave do problema e, por extensão, de toda a natureza.

A posição com os braços e as pernas em cruz está inscrita no quadrado. Já a posição com os braços e as pernas em estrela fica inscrita no círculo. Isso ilustra o princípio de que, na mudança entre as duas posições, o centro aparente da figura se mover, mas, de fato, o umbigo da figura, que é o verdadeiro centro de gravidade, permanece imóvel.

Aplicando a razão áurea na escala do desenho do corpo humano, o movimento em cruz determina os lados do quadrado, enquanto aquele em estrela delimita o círculo. A área total do circulo é igual à área total do quadrado, e estão dispostos de tal forma que suas proporções podem ser utilizadas como base do algoritmo matemático, que calcula o número de ouro Phi. E, então, como que por mágica, o problema da Quadratura do Círculo fora resolvido por um simples movimento do corpo humano! A quadratura do círculo consiste em, dado um círculo “A”, desenhar um quadrado “B” de mesma área que “A”.

A genialidade de Da Vinci permitiu uma solução, extremamente, elegante. Ele acreditava na perfeição da figura humana, e considerava as medidas e o funcionamento do corpo humano como uma analogia das medidas e funcionamento do universo, todas conectadas pela proporção do número de ouro - 1,618 - Phi.

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O desenho é considerado um símbolo perfeito e acabado, da simetria do corpo humano e um marco do antropocentrismo. Um símbolo da interconexão do homem com o universo. O estudo ficou celebrizado como o “Homem Vitruviano”, sendo aceito como símbolo universal da humanidade. Essa ilustração do Leonardo Da Vinci é usada como referência estética de simetria e proporção no mundo todo. O desenho e o texto são considerados o “Cânone das Proporções”.

É a resposta gráfica para um desafio matemático formulado por Vitruvius. Segundo ele, “a construção de um templo deveria se basear nas proporções do homem, consideradas divinas”.

A possibilidade de usar as medidas proporcionais do corpo humano, como valor de escala para a solução do problema geométrico da “quadratura do círculo”, seduziu matemáticos ao longo de toda a história. A razão maior dessa sedução foi a possibilidade de se utilizar um número, considerado por muitos, um número mágico, senão, até mesmo divino, para a solução do problema. Trate-se do uso de Phi. Phi (lê-se “fi”), em homenagem ao escultor e arquiteto grego Phídias, responsável pela construção do Parthenon e que fez largo uso do número nos cálculos de proporção das construções gregas. Trata-se de um número irracional, dos mais misteriosos e enigmáticos da história, pois surge numa infinidade de exemplos encontrados na natureza, sob a forma de uma razão.

Nos Elementos de Euclídes, uma das mais importantes e influentes obras da história da matemática, surge o seguinte segmento de reta, dividido em duas partes:

Leonardo da Vinci, em seus estudos de Anatomia, trabalhou com um modelo padrão (O canon) para a forma de um ser humano, utilizando Vitrúvio como modelo. Entre 1942 e 1948, Le Corbusier (o arquiteto francês Charles-Edouard Jeanneret-Gris), desenvolveu um sistema de medição que ficou conhecido por “Modulor”.

Baseado na razão de ouro e nos números de Fibonacci, usando, também, as dimensões médias humanas, dentro das quais considerou 183 cm como altura standard, o Modulor, uma sequência de medidas, que Le Corbusier usou baseadas na divisibilidade do corpo humano em proporção harmônica.

Quando estudamos sob o microscópio, as células vivas revelam um sistema, altamente, ordenado de formas e padrões, a partir da forma do DNA, seguindo por todo o corpo os mesmos padrões previsíveis. A molécula de DNA baseia-se na Secção Dourada. Mede 34 angstroms de comprimento por 21 angstroms de largura para cada ciclo completo da sua dupla hélice espiral. 34 e 21 são números na série de Fibonacci e sua proporção, 1,6190476 aproxima Phi, 1,6180339.

Que relação poderá ter as Pirâmides do Egito com a Catedral de Notre-Dame de Paris; o Partenon da Grécia com o Templo de Luxor, ou os Templos pagãos do Sol, as mesquitas islâmicas e os tabernáculos de Jeová?”.

O que ao vulgo parece uma questão de difícil resposta, para o iniciado é simples: “A Geometria Sagrada”. Segundo Virtúvio, “a construção de um templo deveria se basear nas proporções do homem, consideradas divinas”. Construir templos implica saber medir as dimensões do espaço e do tempo. Os primitivos construtores livres, ou francos maçons, elaboraram bases operativas das quais a moderna Maçonaria Especulativa conserva, hoje, a memória e o uso simbólico.

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Segundo Fulcanell, “o Templo construído segundo a Geometria Sagrada é um ser vivo, algo que respira, que tem pulsação. Está envolto por uma energia e eletricidade peculiar. É um organismo organizado, no qual todas as suas partes se interrelacionam e se integram, naturalmente, com seus habitantes. A Egrégora é fortalecida, a energia circundante beneficia e é sentida por todos.”

Um Templo transcende o caráter realista do mundo e penetra na estrutura íntima e na matemática do Universo, em aparente contradição com seu arquétipo, o templo interior do ser humano. Se quisermos um Templo Maçônico, como uma representação do Universo, para que ele se torne uma caixa de ressonância deste, devemos seguir certas regras ocultas e leis esotéricas aplicadas desde tempos imemoriais pelos detentores dos poderes da Geometria Sagrada.

Sua finalidade primordial não é, apenas, abrigar Irmãos, mas a de criar, para estes, um ambiente propício à penetração nesses mistérios, através de um jogo sutil de influências, que integre o Templo físico e o Templo interior do homem na comunhão com o Grande Arquiteto do Universo e a Natureza.

Vitruvio afirmava que “se a Natureza compôs o corpo do homem de modo que cada membro tenha uma proporção com o todo, não foi sem razão que os Antigos quiseram que, em suas obras, a mesma relação das partes com o todo estivesse observada”.

Os Maçons, em especial, seja por ignorância, falta de estudo ou indisposição de voltar às suas origens, redescobrindo as raízes de sua Doutrina e Ritual, infelizmente, renegam a cultura de seus longínquos predecessores e constroem seus templos sem qualquer afinidade com os conhecimentos da Geometria Sagrada.

Por outro lado, nossos Rituais não priorizam as orientações e recomendações para construção de Templos, fundamentados na Geometria Sagrada. Constam, apenas, simbolicamente, a forma, a orientação, comprimento, largura, altura e profundidade. Devemos, pois, resgatar os conhecimentos herméticos de nossos Irmãos do passado e construir nossos Templos segundo a sabedoria antiga.

Certas características e raízes da Maçonaria são esquecidas de seus Obreiros, para não dizer desprezadas. A Geometria e a Astronomia possuem relação íntima com toda a sua doutrina, mas que têm ficado cada vez mais distante dos estudos dos Maçons. Normalmente, abrimos e fechamos nossas reuniões percorrendo as palavras do Ritual, mecanicamente, sem o estudarmos e observarmos quantos ensinamentos contém. Com isso, adquirimos conhecimentos superficiais. O exemplo está na maneira de como são ministradas as Instruções, que se torna impossível de ser entendida com uma leitura apenas.”

Tanto na Abertura quanto no Encerramento há profundos conhecimentos astronômicos ignorados pela maioria dos Irmãos: a que horas inicia o Maçom, simbolicamente, os seus Trabalhos? Por que o Venerável Mestre senta-se no Oriente? E o 1º Vigilante no Ocidente? Por que o 2º Vigilante senta-se ao Sul, observando o Sol no Meridiano?

Com relação à orientação dos templos, os antigos construtores valiam-se da astronomia, da reverência do povo egípcio pelo Sol e a influência deste e de outros planetas, na vida da Terra e da humanidade.

Os sábios da Antiguidade conheciam os ritmos zodiacais, que disciplinam os elétrons em suas órbitas no seio do átomo, e assim, aplicavam a ciência astrológica, visando um maior aproveitamento energético das formas geométricas.

A faixa do Zodíaco é, puramente, simbólica, mostrando as constelações que o Sol atravessa em sua eclíptica, ou seja, em sua órbita aparente. Ao contrário das constelações celestes, cada signo zodiacal ocupa um segmento fixo de 30 graus do círculo completo (que corresponde a 360º).

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Os signos, no misticismo maçônico, representam todo o caminho percorrido pelo iniciado, desde sua iniciação até ao cume de sua trajetória no Grau de Mestre Maçom.

Vindo do círculo do mundo profano, o Aprendiz voltará para ali mais tarde, no estado de Mestre, após haver adquirido a Iniciação. Assim, é figurado o Caduceu Hermético, que dá a Chave Real dos Graus simbólicos. Ressalvando as diferenças existentes entre os templos de diversos ritos, essa representação é mostrada, fisicamente, com os símbolos alusivos presentes na Loja.

Para o Iniciado (Geômetra), o Círculo representa o espírito-espaço, puro e não manifesto, enquanto o Quadrado representa o mundo material e compreensível. Filosoficamente, quando se atinge uma igualdade quase completa entre o Círculo e o Quadrado, o infinito é capaz de expressar suas dimensões ou qualidade através do finito. Isso é, atingimos um estado de consciência plena. É quando, maçonicamente, alcançamos o ápice da Pirâmide.

O Círculo entre Paralelas Tangenciais é, também, um importante símbolo maçônico e, devido essas paralelas representarem os trópicos de Câncer e de Capricórnio, a figura mostra que o Sol não transpõe os trópicos e recorda, ao maçom, que as concepções metafísicas e a consciência religiosa de cada obreiro são de foro íntimo e, portanto, invioláveis.

O Círculo com Ponto do Meio, também é, como ensinamento maçônico, importantíssimo, pois o ponto no centro do círculo representa um local estático: quando uma roda (círculo) gira, todas as suas partes movem-se, com exceção do ponto central, que fica estático. Ele é, assim, o local de menor turbulência, de menor agitação (alguns o assimilam, inclusive, à Câmara do Meio). É o centro, onde a inteligência é iluminada pela Luz da Verdade e onde se encontram os verdadeiros Mestres, que, depois do estudo e da profunda meditação, podem melhor compreender os mistérios da Natureza. Sendo o ponto de nula turbulência, onde, simbolicamente, não reinam as paixões humanas, é o ponto em que o Mestre tem a lucidez necessária para evitar os erros e as falhas humanas.

O verdadeiro sentido da Estrela Flamejante é Hominal, eis que o símbolo designa o homem espiritual, o indivíduo dotado de alma, ou de fator de movimento e trabalho. Ou seja, o indivíduo como espírito ou fagulha interna, que lhe concedeu o G.·.A.·.D.·.U.·. . A ponta superior da Estrela é a cabeça humana, a mente. As demais pontas são os braços e as pernas.

Na Maçonaria, essa ideia serve para lembrar ao Maçom que o homem deve criar e trabalhar, isto é, inventar, planejar, executar e realizar, com sabedoria e conhecimento.

Os dois triângulos entrelaçados representam a união das forças ativa e passiva na natureza, os pólos femininos e masculinos, yoni e linga (representações dos genitais no hinduísmo). O triângulo voltado para baixo é o símbolo do princípio feminino e o triângulo voltado para cima, o princípio masculino. Portanto, nessa interpretação, o hexagrama possui um simbolismo sexual.

O hexagrama na Maçonaria do Arco Real representa o equilíbrio e a harmonia. Há, também, uma interpretação na qual o triângulo voltado para baixo representa o céu e o segundo triângulo simboliza a terra, de forma que um interfira no outro. Supõe-se, também, que as seis pontas representam o domínio celeste sobre os quatro ventos, sobre o que está em cima e o que está em baixo na terra, segundo Hermes, o Trismegisto.

Embora, sejam a Estrela de David e o Hexagrama, iguais por definição morfológica, na verdade apresentam diferenças substanciais. Na Estrela de David os triângulos são sobrepostos enquanto que no hexagrama os mesmos são entrelaçados. Esta diferença leva os estudiosos a terem interpretações místicas e esotéricas das mais variadas possíveis.

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Ao nosso estudo importa compreendermos que a Estrela Flamejante corresponde ao Microcosmo humano, isto é, ao homem considerado como um mundo em miniatura, ao passo que os dois triângulos entrelaçados designam a Estrela no Macrocosmo, isto é, do mundo em toda a sua extensão infinita.

Merkaba é o nome dado à Luz Divina, veículo usado pela Maçonaria para atingir realidades superiores. Mer = Luz; ka = Espírito; Ba = Corpo. A representação gráfica do Merkaba é o desenho de Leonardo Da Vinci dentro de uma Estrela de David tridimensional. A Merkaba, teoricamente, funciona como espirais energéticas em torno do corpo, que poderia transportar o espírito para outra dimensão.

O interior do Templo Maçônico, através de seu simbolismo e do saber oculto de sua forma geométrica, interagindo com seu cerimonial mágico, propiciará transmitir uma influência espiritual saudável e realização metafísica pretendida. Portanto, o Maçom deve ter consciência de que toda vez que transpuser a porta de seu templo estará penetrando em seu Espaço Sagrado e, por isso, deve fazê-lo com solenidade, contrito, com seriedade e, principalmente, cobrindo seu próprio templo interior”.

PalestrasPENTAGRAMA P ITAGÓRICO – O QUE ELE, A INDA, TEM A NOS ENSINAR?

Francisco Feitosa da Fonseca – MI – 33º

Grande Inspetor Litúrgico da 14ª MG – REAA

Editor Responsável do Informativo Maçônico Virtual Astréa News

Editor Responsável da Revista Maçônica Virtual Arte Real

Acadêmico e Palestrante

ão existe forma mais segura de transmissão de ensinamentos do que através de símbolos. Método, sabiamente, adotado por diversas

Escolas de Mistérios da antiguidade, preservando os ensinamentos em sua prístina pureza até os dias atuais. É bom citar que, o conceito simbólico, nada tem a ver com um aspecto pejorativo, sem valor. Tal referência está ligada ao símbolo expressado, onde o estudante deve, gradativamente, ao ascender cada degrau em sua escada evolucional, defrontar, novamente, com o símbolo na tentativa de encontrar seu verdadeiro arquétipo.

NN

Portanto, ao longo da história da humanidade, baseados em ensinamentos de diversas escolas iniciáticas, inúmeros símbolos foram criados, cada um com significado próprio e para determinada finalidade. É fato, que não fosse essa forma, através de símbolos, de se perpetuar os ensinamentos, jamais, esses chegariam até nós, quando não, totalmente, deturpados.

Algumas escolas iniciáticas da atualidade, ainda, mantém a forma de transmissão de seus ensinamentos baseada em símbolos. A exemplo da Maçonaria, cujo seu Templo poderíamos chamá-lo de um verdadeiro “Livro de Pedra”, dada a riqueza de sua ornamentação simbólica, reunindo diversas ciências como a Alquimia, o Hermetismo, a Cabala, a Astrologia, a Geometria Sagrada, o Rosacrucionismo, etc.

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O objetivo deste breve preâmbulo outro não é, senão o de chamar atenção para a riqueza de informação contida no símbolo que, ousaremos abordar, o qual intitula nossa palestra: “O Pentagrama Pitagórico – O que Ele, ainda, tem a nos ensinar?”

Trata-se de um símbolo, altamente, rico em conhecimento e significado, que, ao longo da história recebeu a contribuição de diversas culturas. As influências de diversos segmentos filosóficos, escolas esotéricas e de ocultismo enriqueceu essa figura geométrica de significados, sendo utilizado para os mais diversos fins, destacando-se como proteção e utilizado em quase todos os trabalhos de magia. Em sua trajetória, o Pentagrama Pentagórico transformou-se no Pentagrama Esotérico, como é conhecido na atualidade. Estudá-lo, obriga-nos a mergulhar em diversos segmentos dos Mistérios Iniciáticos, a fim de dissecarmos seu simbolismo e de melhor compreendermos o que Ele, de fato, quer nos dizer, através de seu arquétipo.

Não poderíamos nos furtar em falar naquele que melhor decifrou seus significados, o Mestre Pitágoras, que nasceu em Samos, em 571 a.C., e morreu em Metaponto, em 497 a.C.. Percorreu por 30 anos a Babilônia, Síria, Fenícia, a Índia, a Pérsia, além de passar por longos 22 anos em iniciações no Egito, onde acumulou ecléticos conhecimentos: astronomia, matemática, ciência, filosofia, misticismo e religião. Ele foi contemporâneo de Tales de Mileto, Buda, Confúcio e Lao-Tsé.

Pitágoras foi o primeiro matemático puro. Entretanto, é difícil separar o histórico do lendário, uma vez que deve ser considerado como uma figura imprecisa, historicamente, já que tudo o que dele sabemos deve-se à tradição oral. Nada deixou escrito, e os primeiros trabalhos sobre o mesmo deve-se a Filolau, quase 100 anos após a morte de Pitágoras. Mas não é fácil negar aos pitagóricos - assevera Carl Boyer - "o papel primordial para o estabelecimento da Matemática como disciplina racional". A despeito de algum exagero, há séculos, cunhou-se uma frase: "Se não houvesse o Teorema de Pitágoras, não existiria a Geometria".

Pitágoras, filósofo e matemático grego, grande místico e moralista, iniciado nos grandes mistérios, percorreu o mundo nas suas viagens e, em decorrência, encontram-se possíveis explicações para a presença do pentagrama, no Egito, na Caldeia e nas terras ao redor da Índia. Quando retornou a Samos, indispôs-se com o tirano Polícrates e emigrou para o Sul da Itália, na ilha de Crotona, de dominação grega. Lá, fundou a Escola

Pitagórica, a quem se concede a glória de ser a "primeira Universidade do mundo".

A Escola Pitagórica e as atividades se viram, desde então, envoltas por um véu de lendas. A confraria pitagórica foi uma seita secreta, de caráter religioso, que reuniu cerca de 300 jovens homens, que se dedicavam ao estudo da Matemática e da Filosofia. Eles participavam ativamente da política local, apesar de não se misturarem com os outros cidadãos, e usavam essas duas disciplinas para a formação moral dos participantes, que viviam juntos no Centro em Crotona.

A Escola Pitagórica ensejou forte influência na poderosa verba de Euclides, Arquimedes e Platão, na antiga Era cristã, na Idade Média, na Renascença e até em nossos dias com o Neopitagorismo.

O símbolo da confraria pitagórica era uma estrela de cinco pontas (ou vértices) dentro de um pentágono. A divisão exata dos segmentos da estrela mostra que eles já sabiam como fazer a divisão de segmentos de retas e já conheciam os números racionais.

A geometria do pentagrama e suas associações metafísicas foram exploradas pelos pitagóricos, que o consideravam um emblema de perfeição. A geometria do pentagrama ficou conhecida como "A Proporção Dourada", que ao longo da arte pós-helênica, pôde ser observada nos projetos de alguns templos, pois é rica em razões áureas. A divisão áurea é conhecida desde os pitagóricos de cinco séculos a.C. Ao que tudo indica, essa divisão foi descoberta no pentágono regular, que exibe uma surpreendente profusão de segmentos na razão áurea. O pentagrama é rico em razões áureas.

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Um pentagrama é obtido traçando-se as diagonais de um pentágono regular; pelas intersecções dos segmentos desta diagonal, é obtido um novo pentágono regular, que é proporcional ao original exatamente pela razão áurea. Se unirmos uma ponta da estrela com as duas opostas forma um triângulo isósceles.

Esse triângulo tem dois ângulos de 72º e um terceiro de 36º, portanto, metade de cada um dos maiores. A um polígono destes chama-se triângulo dourado. Curiosamente, se bissectarmos um dos ângulos maiores dividindo o triângulo original em dois, o triângulo menor resultante será semelhante ao original, ou seja, é de novo um triângulo dourado.

Dividindo este triângulo pelo mesmo processo, pode construir-se uma sucessão infinita de triângulos dourados encaixados. Outra sucessão geométrica curiosa pode ser construída notando que as pontas do pentagrama desenham um pentágono regular que envolve a estrela. É considerado o símbolo da perfeição. Olhando o seu interior, voltamos a descobrir um pentágono regular. O pentagrama possui razões áureas e por esse motivo é conhecido por laço infinito, pois é possível fazer outro pentagrama menor dentro do pentágono regular do pentagrama maior, e assim sucessivamente. Isso significa que se pode construir uma sucessão infinita de pentágonos e pentagramas encaixados.

Para os pitagóricos, o pentagrama era o símbolo da saúde, portanto ligado à Higia, irmã de Iaso e Panaceia, filhas de Asclépio (filho de Apolo e deus da Medicina), as três deusas da saúde, sendo Higia a mais importante e adorada tanto quanto Apolo. Havia, inclusive, um Templo a Higia, no grande santuário dedicado a Asclépio, em Epidauro, aonde as pessoas iam para adorar o deus e ser curadas de suas doenças pelos sacerdotes.

O Pentagrama Pitagórico ficou conhecido na Europa por Pentagrama Gnóstico ou Esotérico. Além de ser um símbolo de conhecimento, era de conjurar e adquirir poder. Figuras de pentagramas eram e são utilizadas por magos para exercerem seu poder nas mais diversas

formas. Era considerada pelos antigos como um símbolo da ideia da perfeição.

Sob a forma de estrela é chamado na tradição maçônica de estrela Flamejante. Significa o emblema do Gênio que eleva a alma a grandes coisas. Segundo Jean Marie Ragon, era, entre os egípcios, a imagem do filho de Ísis e do Sol, autor das estações e emblema do movimento. O próprio Hórus, símbolo da matéria primeira, fonte inesgotável de vida, fagulha do Fogo Sagrado, semente universal de todos os seres.

O Pentagrama sempre foi objeto de vivo interesse. Já utilizado pelos egípcios, ele foi, também, altamente, considerado pelos druidas sob a forma de uma estrela regular de cinco pontas chamada “pé dos druidas”. Para Pitágoras, o Pentagrama era o símbolo do himeneu celeste: a fusão da alma com o Espírito.

Dava ao número 5 o nome de “número do homem no microcosmo”. O Pentagrama era tão apreciado entre os pitagóricos, que, para eles participarem das reuniões secretas era necessário portar um Pentagrama em sua mão direita. Os pitagóricos traçavam o pentagrama em suas cartas, como forma de saudação, significando: “passe bem!”

Entre os primeiros cristãos, o pentagrama representava o Cristo, outra designação do Alfa e Ômega, do começo e do fim, além de o relacionarem às Cinco Chagas do Cristo (imagem das 5 Chagas do Cristo). Os alquimistas medievais recorriam à estrela de 5 pontas como sinal da Quinta Essência, o quinto elemento, o éter-fogo ou, ainda, o Espírito Santo. É o sinal do Verbum Dimissum (da Palavra Perdida).

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Encontramos uma citação a este símbolo na Bíblia hebraica, referindo-se a ele como a Estrela da Amanhã. "... Ao vencedor, e aos que guardarem até o fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações. E com cetro de ferro as regerá, e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; Assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei, ainda, a Estrela da Manhã" – Apocalipse de São João.

O Pentagrama é encontrado no Arcano 5 do Tarot, esse Arcano (carta do Taroh) é o Pentagrama Flamejante, a Estrela Flamígera, o signo da onipotência divina, o símbolo inefável do Verbo feito carne, a estrela brilhante e terrível dos magos. Existe um procedimento, bastante, conhecido pelos gnósticos, que é utilizar este símbolo junto à porta de entrada de um recinto, colocado de certa forma mágica, impedindo a entrada de entidades maléficas ao aposento que queremos proteger.

A Estrela Flamejante “é o emblema do gênio que eleva as grandes causas. É a imagem do Fogo Sagrado, que abrasa a alma de todo homem que, resolutamente, sem vaidade, sem baixa ambição, vota a sua vida à glória e à felicidade da Humanidade”!

Seu simbolismo iniciático se refere ao homem evoluído, possuidor de poderes psíquicos, coroado de brilhante inteligência e cujos trabalhos estão voltados para a especulação de campos superiores.

O Pentagrama Pitagórico, ao longo do tempo e à luz de outras culturas, foi tomando uma caracterização mais profunda em seu simbolismo. Coube o mérito a Pitágoras de ser o primeiro a decifrar os aspectos geométricos desta figura, porém, o Pentagrama Esotérico, como o conhecemos hoje, na verdade, é fruto de várias modificações ao longo dos tempos, recebendo várias denominações como Pentagrama Pitagórico, de Goethe, de Fausto, de Ezequiel, Gnóstico, Esotérico, Pé dos Druídas, etc.

O símbolo do Pentagrama, como os estudantes gnósticos se utilizam em suas práticas de Magia Cerimonial, é, mundialmente, conhecido em toda a tradição ocultista, especialmente, por causa da publicação do famoso livro de Eliphas Levi, Dogma e Ritual de Alta Magia. Ao contrário de que muitos pensam, não foi o Mestre Levi quem o criou. Por muitos anos o Pentagrama Esotérico foi conhecido como o “Pentagrama de Goethe”, pois fora mencionado em sua obra, Fausto. Esse emblema chegou a nossos dias graças aos três principais discípulos do Abade Trithemo, o verdadeiro criador do Pentagrama Esotérico. Esses discípulos foram: Paracelso, Cornélio Agrippa e o lendário Doutor Fausto de Praga.

Posteriormente, o fundador do Movimento Gnóstico Cristão Universal e a Igreja Gnóstica Cristã Universal, Samael

Aun Weor, pseudônimo do escritor colombiano Victor Manuel Gómez Rodríguez, chegou a realizar 3 correções deste símbolo. Ele agregou a estrela de 6 pontas, o hexagrama (pois o hexagrama é um dos símbolos do Deus Parvati, o Regente do Elemento Ar, assim como o Cálice representa a Água, o Cajado a Terra e a Espada o Fogo); alterou a palavra hebraica “Eva” e a substituiu por “Jeová”; finalmente, acertou o cálice, que, originalmente, estava inclinado, pondo-o em sua posição mais correta, em pé. Dizia o Mestre Samael que o Pentagrama ficaria assim completo em suas representações cosmogônicas e elementais.

O pentagrama, embora, ligado ao número cinco, oculta um simbolismo sétuplo. A estrela de cinco pontas representa o homem, microcosmo, que ao despertar sua Quintassência (ponta superior da estrela – triângulo superior - que é Uno e Trino), dominou o quaternário da matéria. Daí o mistério do nº 7 no Pentagrama.

No Pentagrama Esotérico encontramos símbolos sagrados, astrológicos,

astronômicos, cabalísticos e numerológicos de alta transcendência,

os quais representam as diversas forças e poderes que o Mago deve manipular para sua proteção, autoconhecimento e auto-realização.

Na parte superior do Pentagrama, os números “ 1 e 2”, expressam a Divindade como

“Adam Heve”; já os “1, 2 e 3”, sua manifestação Trina como “Pai,

Filho e Espírto Santo”. A palavra “Tetragramaton” é o nome

impronunciável de Deus (Iod, He, Vau e He). A ponta superior da Estrela é a

manifestação da Quitessência dominando o quaternário da matéria, ligado aos quatro elementos (água, fogo, terra e ar), nas demais pontas da estrela. Ainda, em cada ponta da estrela símbolos planetários. Na superior, Jupiter, o Pai; nas duas do meio, Marte, ligado ao Filho; nas inferiores, Saturno, o Avó do universo, o Deus Cronus. Vemos, também, à esquerda o Sol, e à esuqerda, a Lua.

Na ponta superior vemos o “Alfa”, no ângulo central inferior o “Ômega”, como início e final de um ciclo. A ponta superior da estrela, também, está ilustrada pela Onipresença de Deus. Observa-se as inscrições em hebraico, do lado esquerdo, com o nome de Deus, expresso em Tetragrama (Iod, He, Vau e He), abaixo, a palavra Kaphir, nome de poder; à direita, o Adam Kadmon, como a manifestação ideoplática do “Homem Cósmico” – Jeovah. Mais abaixo, a palavra “Pachad”, todas essas palavras tidas como palavras de evocação e poder.

O Caduceu de Mercúrio encontra-se na parte central inferior, representando a “coluna vertebral” e todos seus mistérios relativos ao despertar do Fogo Serpentino de Kundalini, o romper dos Sete Selos do Livro Sagrado, citado em Apocalipse, como o despertar da Quintessência.

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Vemos ao redor do Pentagrama, o Hexágono rodeado pelo o “Oroboros” (a Cobra que morde o próprio rabo – símbolo do Infinito), simbolizando o Macrocosmo. A Espada simboliza, pelo seu posicionamento, a energia do Chacra Básico, Kundalini, a ser despertada. Vemos, também, o Cajado do Adepto, dividido em 7 partes, os Sete Degraus Evolucionais, Sete Estado de Consciência a ser alcançado. A Taça, como a “Taça do Santo Graal”, que colhe o “Santo Sangue” dos Avataras.

Em especial, destacamos, no centro do Pentagrama, os símbolos planetários de “Mercúrio’ e “Vênus”, como os deuses gregos Hermes e Afrodite (Hermafroditismo), mas no sentido do futuro evolucional, o “Androgisnismo”. Atualmente, temos 4 Reinos: Mineral, Vegetal, Animal e Humano, o quinto Reino será o “Andrógino”, com a sublimação do sexo, no Reino Humano.

Os Pitagóricos acreditavam que os números eram iguais à matéria. Assim, o número “um” era um ponto; o número “dois” era uma reta; o “três” era uma superfície; e o “quatro” era um sólido (geométrico). A soma de cada elemento gerava outro. Por exemplo, pontos somados geravam retas; a soma das retas gerava superfícies que, somadas, geravam os sólidos. Desta maneira, “um”, “dois”, “três” e “quatro” construíam ou geravam tudo! Estes números somados são iguais a “10”, motivo pelo qual o número “dez” era especial para os pitagóricos. Eles o representavam como um triângulo, que era chamado de “o triângulo perfeito”, denominado Tetraktys, que significa conjunto de quatro elementos. Este número significava tanto para os pitagóricos que eles o viam como a base para tudo e acreditavam que o próprio Criador do Universo havia confiado ao tetraktys a alma dos seres, a fonte e a origem da Natureza. Com esse pensamento, eles revolucionaram o sistema numérico, criando o sistema decimal de numeração, usado por todos os povos ocidentais até os dias presentes.

O pentagrama é formado por uma estrela de cinco pontas (cada ângulo com 72º). A soma desses dois algarismos, sendo nove, já apresenta o nº do Adepto, do Arcano 9, o Hermitão, ou seja, Hermes + Tao. É o Édipo vencendo a Esfinge, decifrando-lhe seu Mistério: “quem de manhã caminha com 4 pés, à tarde com 2 e à noite com 3, pergunta-lhe a Esfinge. Édipo, como Iniciado, respondendo-lhe: o homem, pois quando criança engatinha, na sua maturidade apóia-se em nas duas colunas do seu templo, as penas, e na velhice anda com o apoio do cajado do Iniciado, do Adepto”.

É o Arcano 9, a figura de um velho caminhante, portando em sua mão esquerda o cajado de 7 nós e na mão direita uma lanterna, que projeta sua luz de dentro da manga de suas vestes, mostrando que essa Luz vem do seu interior, a Luz que guiará seus caminhos, e devagar e cautelosamente avança passo a passo, tateando seu caminho com o seu cajado de 7 nós, que representa a sua própria coluna vertebral, ou o nadi sushumna, pôr onde ascenderá o fogo serpentino de kundalini, acendendo a cada

candelabro místico (apocalipse), ou chacra, elevando paulatinamente o seu estado de consciência, até a sua Iluminação.

Numericamente, temos muito que aprender com essa figura, a exemplo da “Páscoa Cristã”, que é uma passagem iniciática do Mestre Jesus, que precisou de 3 dias, portanto 72 horas, para transcender a morte e chegar aos “Céus”. A Páscoa Cristã refere-se à ressurreição. O que tem tudo a ver com o “renascimento” no Grau de Mestre Maçom, através dos 5 pp∴ de pp∴ (Qual é o símbolo que é tido como o da Perfeição, tendo Cinco Pontas?). Goethe, expressa, veladamente, tal significado em determinada cena de sua Obra, “Fausto”.

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Iod = 10Iod + He = 15Iod + He + Vau = 21Iod + He + Vau + He = 26 72

Ainda, sobre o ângulo de 72º do Pentagrama, temos os 72 Anjos Cabalísticos, divididos em 9 hierarquias. Seus nomes, formados por 5 letras do alfabeto hebraico (potência, seu agrupamento cria um centro de poder energético), derivam do desdobramento da palavra Jehovah, através de três versículos misteriosos do capítulo 14, do livro de Exodus, mais o acréscimo dos nomes divinos Iah, El, Ael e Iel.

Cada Anjo tem influência em cinco datas do ano de nosso calendário, portanto 72 x 5 = 360, os demais 5 dias são regidos pelos 5 Gênios da Humanidade - Epagômenos, também chamado de Pantaedro Sagrado e, na Índia, de Maharajas.

O Tetragrama Iod, He, Vau e He está ligado a Divindade imanifestada. Quando evoca-se o Tetragramaton manifesta-se a Divindade na face da Terra, como Iod, He, Shin, Vau, He – o Pentagramaton, Jeoshua, a Estrela do Amanhã citada em Apocalipse, a manifestação do Avatara.

O Pentagrama é a manifestação da Estrela Flamejante, o Homem Perfeito, aquele que encontrou, dentro de si mesmo, seu Mestre, com o despertar de sua Quitessência. A

exemplo da passagem iniciática do Mestre Jesus, passando um período de 3 dias, portanto 72 horas (a circunferência dividida pelas 5 pontas do Pentagrama – 5 x 72º), o Mestre Maçom, somente, renasce para uma Nova Vida, após ser levantado pelos 5 pp∴pp∴, representando a conquista da Quintessência.

O homem é o Templo Vivo, a Obra mais perfeita já criada pelo Grande Geômetra. Proposital e sabiamente, construído inacabado, proporcionando ao próprio homem a oportunidade de terminá-la, através da Iniciação. Os Graus Símbólicos expressa com clareza esse processo. No Grau de Aprendiz ele está sob a égide do nível (horizontal), quando no Grau de Companheiro está sob os influxos do prumo (vertical), formando uma Cruz. Do centro da Cruz brota o Mestre, à guisa do mesmo sagrado simbolismo do Cristo na Cruz, da rosa no centro da Cruz.

Portanto, o Pentagrama é o símbolo da Perfeição, do Homem Perfeito, do Adepto da Lei Justa e Perfeita. Para Paracelso, a interpretação completa do Pentagrama é a chave dos dois mundos, proclamando-o como o maior e o mais poderoso de todos os símbolos.

Não ousaríamos tentar esgotar seus significados. Primeiro por nos faltar qualidades para tanto, segundo, por se tratar de um símbolo riquíssimo em ensinamentos. Tratando-se de um símbolo altamente abstrato, defrontar com seu arquétipo torna-se, quase, uma utopia, pois a Perfeição não pertence ao homem. Essa, quando alcançada, o homem já teria se fundido ao esse símbolo, tornando o próprio Pentragrama, propósito final da evolução humana!

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PalestrasNÚMEROS SAGRADOS 1, 3, 7, 9, 10, 12, 33 E 81

Ítalo Barroso Aslan – MI - 14º Ex Grão-Mestre Adjunto do GOIRJ

Editor da Revista “O Pesquisador Maçônico”Membro da Academia Niteroiense Maçônica de Letras, História, Ciências e Artes

Membro da Academia Maçônica de Ciências, Letras e ArtesPalestrante

ma grande variedade de culturas da Antiguidade fez chegar até os nossos dias inúmeras e diversificadas interpretações dos números. A

filosofia astrológica da Alexandria helenística, o sistema de Cabala dos hebreus, a Babilônia, a Grécia com Pitágoras e seus seguidores, o Cristianismo místico antigo, os Vedas Indianos e outros mais, todos contribuíram com riquíssimas e variadas explicações, acerca do simbolismo dos números. Essa numerologia, entendida como “estudo do significado oculto dos números e a influência que eles exercem no caráter e destino dos homens”, foi alvo de preocupações desses povos antigos, chegando os seus seguidores até os nossos dias.

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Pitágoras afirmava que, “tudo está arranjado de acordo com os números”. Afirmou, ainda: “A evolução é a lei da vida; o número é a lei do universo; a unidade é a lei de Deus”. Insistindo um pouco mais com o Mestre Pitágoras: “Os números representam qualidades; os algarismos representam quantidades. Os números operam no plano espiritual, enquanto os algarismos servem para medir as coisas no plano material”. Era considerado, por alguns, como “Pai da Numerologia”, a “numerologia pitagórica”, baseada nos fundamentos matemáticos de seu fundador, tendo estabelecido uma conotação metafísica do número como símbolo essencial da vida. Através da analogia que Pitágoras fez entre números e letras, foi possível atribuir-lhes significados e interpretações, da maneira como os numerólogos o fazem atualmente.

Para Santo Agostinho “os números são a linguagem universal, ofertada por Deus aos humanos, como confirmação da Verdade”. Após o Concílio de Niceia (325 dC), a numerologia, a astrologia e outras formas de magia e ocultismo foram rejeitadas pelas autoridades cristãs da época. Os estudiosos dessa parte do ocultismo classificam-na em dois ramos predominantes: numerologia pitagórica e numerologia cabalística.

Foi na Cabala que a numerologia buscou a maior parte de seus fundamentos. Na numerologia cabalística, os números e as letras hebraicas foram vinculados, criando-se, dessa maneira, as relações que permitiram especulações sobre

o caráter, a personalidade, o futuro e a sorte de uma pessoa. Apoiando-se no Antigo Testamento, mais especificamente na Gematria, procurou-se explicar sua origem, a importância dos números e a relação deles com os nomes. A Gematria é um método hermenêutico de análise de palavras, que atribui um valor numérico a cada letra do alfabeto hebraico, operando, em seguida, a soma dos valores das letras de uma determinada palavra.

Antes de entrarmos no estudo dos números sagrados, propriamente ditos, vejamos algumas observações: “Número”, matematicamente, “é a relação entre qualquer quantidade e uma outra tomada como termo de comparação” (Dic. Brás. Da Língua Portuguesa – Mirador Internacional). A palavra vem do latim “Numerus”, que, por sua vez, vem do grego “Nomos”, lei, forma. Número corresponde, no grego, a “Arithmós”, que deriva de “Rithmós”, da palavra “Rhein” (fluir). Essa sequência nos aponta uma relação entre Número e Ritmo. Repetindo as palavras de Mário Ferreira dos Santos, em seu Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais, “o ritmo está para o tempo, assim como, a simetria está para o espaço”. Ainda, M. F. dos Santos: “A harmonia espacial é simétrica; a harmonia temporal é o ritmo”.

Para finalizar esta longa introdução, concluamos com Pitágoras: “o arithmós é a série móvel que jorra (que flui) da mônada”.

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O Número UMPara Pitágoras, o “Um” é a fonte de onde tudo emana. O “Um” produz os “Arithmoi Archai”, que significa Supremo. “Archai” é o plural de “Arché”, princípio, antigo. De “Arithmoi Archai” surge a organização do “Kosmos”, palavra, também,

grega com o sentido de Ordem Universal, Beleza, Harmonia, designando o Universo em seu conjunto. O “Um” é ato puro e é da mesma essência, da mesma substância do Um Supremo, ao qual está unido, ligado pelo Amor, que une o “Um” ao “Um”. É o centro de tudo. É o fundamento de cada ser e de todas as unidades particulares, pois são radiações de Deus.

O “Um” é simbolizado em todas as religiões de todos os povos. O símbolo mais comum é a circunferência com um ponto central. Entre os hebreus, foi simbolizado na letra Aleph, a primeira letra de seu alfabeto. O número “Um” designava a harmonia, a ordem e o bom princípio (Deus é Um e Único, expresso, em latim por “Solus”, de onde derivou Sol, símbolo desse Deus).

O Oroboros, símbolo antiquíssimo, significando, literalmente, “que morde a própria cauda”, remete-nos à ideia do retorno do indivíduo à unidade, da qual o círculo é a imagem. Esse símbolo representa o desenvolvimento de “Um” no Todo e a volta do Todo no “Um”. É o símbolo da evolução, que renasce de sua própria destruição, em movimento sem fim.

O “Um”, elevado a qualquer potência, mesmo ao infinito (∞), é, sempre, “Um”, isso é, idêntico a si mesmo. Dá a ideia da Mônada-Potência, que multiplicada por si mesma, é, sempre, a mesma. Suprimindo o “Um” dele mesmo, resulta o Nada. Conclui-se que nada existe sem ele, o “Um”, ou sem Ele, Deus.

Imagine-se que no espaço, no Nada, haja um ponto, o “Um”. Esse ponto, ao se deslocar, faz surgir uma Linha, característica do “Dois”, e que desta, origine-se uma superfície, representativa do ““Três””: a conclusão estará no sólido, uma expansão no espaço.

O Número TRÊSDiziam os pitagóricos que todas as coisas podem ser

vistas como “Um”, na sua unidade; como “Dois”, nos opostos; como ““Três””, nas relações que formam entre si os opostos. Da união da Unidade com a Dualidade, nasce o “Três”, o Ternário, que é neutro. O ““Três”” é a Trindade Divina: Vita, Verbum, Lux. O Pai é a Vida, isto é, o poder e a

força. O Filho é o Verbo, palavra que sintetiza a Forma. O Espírito é a Luz, que não é substância nem inteligência, mas o resultado da inteligência com a substância. O “Três” é o símbolo da clareza, da inteligência e da compreensão. É o número da Luz. O “Três” está representado nas Tríades Divinas, em vários povos e religiões: sumérios: Shamash, Sin e Ichtar; egípcios: Osíris, Isis e Hórus; hindus: Brahma, Vishnu e Tao; taoístas: Yang, Yin e Tao; cristãos: Pai, Filho e Espírito Santo. Na Maçonaria está, bastante, presente, mas destaca-se, principalmente, na tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Os “Três” pontos colocados após a assinatura do Maçom indicam ao Iniciado que ele deve se colocar acima das vãs discussões e que tem o dever de observar as coisas de forma a achar a solução de um debate contraditório. O “Três” é o número da forma. Não pode existir corpo sem as três

dimensões: comprimento, largura e profundidade. Não é possível ação alguma sem haver três condições: o sujeito

que age, o objeto que recebe a ação e o agir. Segundo Mackey, o Ternário é o mais sagrado dos números

místicos. Todos os Ritos têm por base os “Três” graus simbólicos.

“Três”, também, são os Principais Oficiais, as Luzes Maiores, as Luzes Menores,

as Joias Fixas, as Joias Móveis, os Princípios Capitais, as Principais Ordens de

Arquitetura, os Capitais Sentidos Humanos, os Antigos Grão-Mestres, os Princípios Herméticos ou Alquímicos,

etc. O Delta Sagrado é o símbolo da Divindade.

O Número SETEEsse número é composto do Ternário e do Quaternário.

Representa o poder mágico em toda a sua forma. É o Espírito sobrepujando a Matéria. O “Sete” é o desenvolvimento do “Três” (princípio neutro) dominando os Quatro elementos. O número “Sete” está presente em todas as religiões.

Augusto Comte preferia o Setenal ao Decenal como sistema de numeração. Santo Agostinho via no “Sete” o símbolo da perfeição da Plenitude e, Santo Ambrósio, o da Virgindade. Entre os egípcios, o “Sete” representava a Vida. Para J. M. Ragon, a letra Z, dos gregos, não passa de um desdobramento do 7 e é a inicial do verbo “Zaô” (eu vivo), e de Zeus (Júpiter), pai da vida.

Esse número é simbolizado pela Estrela de Sete Pontas, o Setenário Sagrado, presente no Painel de Aprendiz, dentro de um círculo, no final da Escada de Jacó.

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O Iniciado a atinge subindo da Terra ao Céu e se apossando da Fé, da Esperança e da Caridade (Virtudes Teologais), e da Temperança, da Fortaleza, da Prudência e da Justiça (Virtudes Cardeais), que encontra em seu trajeto místico.

“Sete” são os degraus para se chegar ao Trono de Salomão: quatro para ter acesso ao Oriente, representando a Força, o Trabalho, a Ciência e a Virtude, e mais três simbolizando a Pureza, a Luz e a Verdade.

“Sete” eram as ditas “Artes ou Ciências Liberais”, divididas por Platão, cinco séculos antes de Cristo, em dois conjuntos: o “Trivium” (Gramática, Retórica, Lógica ou Dialética) e o “Quadrivium” (Aritmética, Geometria, Música e Astronomia). O número de planetas conhecidos na Antiguidade, chamados de Planetas Sagrados, também, eram “Sete”: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e a Lua, como, também, eram “Sete” os respectivos metais: Chumbo, Estanho, Ferro, Ouro, Cobre, Mercúrio e Prata. Nas Escrituras Sagradas, o “Sete” está sempre presente. “Sete” são os Pecados Capitais e “Sete” são as Virtudes a eles opostas. “Sete” são os Chacras ou centros vitais.

O Número “Nove” “Nove” é o último dos números simples. Representa a

materialização perfeita da unidade. É o quadrado da Tríade. É a imagem mais completa dos três mundos. Em quase todos os povos, só há “Nove” números simples.

Segundo Parmênides, “o “Nove” é concernente às coisas divinas”. O “Nove” é o número dos Reflexos Divinos, manifestando a ideia da Divindade. Já Eliphas Levi afirmou que o “Nove é o número dos Iniciados e dos Profetas”.

Em Maçonaria, “Nove” é o símbolo eterno da imortalidade humana. Foram “Nove” os Mestres eleitos por Salomão para irem em busca dos assassinos do Mestre Hiram e que encontraram o seu túmulo. Esse número é a homogeneização no Todo da heterogeneidade de Tudo.

A Estrela de Nove Pontas é o símbolo da espiritualidade. Como número místico, ele é o símbolo da consumação e da perfeição final de toda empresa. Na Antiguidade, “Nove” era visto como o número perfeito. Era considerado o número dos céus e consagrado às esferas e às musas. Hermes fez dele o número da Iniciação. “Nove” é a esfera do Universo, é o Macrocosmo. É o signo de toda circunferência 360° = 9). Os antigos evitavam todos os números onde aparecia o “Nove” e, principalmente, o “Oitenta e Um” (81).

A Enéade (reunião de nove coisas ou nove pessoas) é o primeiro quadrado dos números ímpares. Para os maias, o “Nove” era

considerado propício e, particularmente, importante na magia e na medicina. Para os astecas, no entanto, o “Nove” era um número temido, pois era ligado às divindades da noite, do inferno e da morte, bem como das coisas terrestres e noturnas. Os egípcios denominavam o “Nove” de a “Montanha do Sol”. O grande “Nove” era formado pelos “Três” mundos, o Divino, o Natural e o Intelectual, pelo arquétipo trinitário, Osíris, Ísis e Hórus, que representavam, respectivamente, a Essência, a Substância e a Vida.

A grafia do número “Nove” (9) representa uma germinação para baixo (material). O número “Seis” (6)

representa a germinação para o alto (espiritual).O Número DEZ

Década ou DENÁRIOA “Década” compõe-se da

unidade e do zero. A Unidade representa o Ser e o zero representa o Não-Ser. A “Década” encerra o conceito de Deus/Criação, Espírito/Matéria. Os pitagóricos consideravam o “Dez” como a Unidade Universal, um número

sagrado, a Tetractys (grego), o “agregado de quatro”. Ela resume todos os

ensinamentos relativos ao mundo criado: 1 – Espírito Criador; 2 – Matéria; 3 – União do

Espírito e da Matéria; 4 – Forma Criada.A Tétrade Pitagórica deve ser compreendida de dois

modos: 1 - A Tetractys Suprema refere-se à Tríade Divina e à Criação (o Todo e o Tudo); 2 – A Tétrade Inferior refere-se ao quaternário. O Tetragramaton Hebraico (Iod, He, Vav, He) constitui-se de quatro letras hebraicas escritas com dez letras latinas.

O número “Dez” foi, sempre, um sinal de concórdia, amor e paz. A “Década” é, também, simbolizada por um triângulo equilátero contendo nove” triângulos equiláteros, mais um que os contém, formando dez.

Cada lado é dividido em três partes iguais. No ápice, com seu único ponto, simboliza o Um, ou o Divino, princípio de todas as coisas, Ser, ainda, não manifestado. Os dois pontos, logo abaixo, assinalam a origem da manifestação, a primeira aparição do casal ou díade: masculino e feminino;

Adão e Eva; falo e ovo; luz e trevas; céu e terra; Yin e YangOs três pontos horizontais seguintes representam

os três níveis da vida humana: físico; psíquico; espiritual. A base da pirâmide, com os seus quatro

pontos, simbolizam: multiplicidade do mundo material; os quatro elementos; os quatro pontos

cardeais; as quatro estações do ano.“Dez” é o número do Universo

considerado como um Todo. É, também, o número de Deus, visto como meta final e

não como fonte criadora. É o número do ciclo perfeito. É representado por

uma circunferência com um ponto no centro, símbolo da eternidade.

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O ponto simboliza Deus, a unidade infinita, o Princípio de todas as coisas. A circunferência é o símbolo do Universo. O emblema do número “Dez” é uma serpente subindo por um poste, significando: movimento e imobilidade; ideia e matéria. O “Um” é o ato puro, que antecede todas as coisas. O “Dez” é a unidade cósmica do Criador e da Criatura.

O Número DOZECorresponde à divisão mais antiga e mais natural do

círculo: os dois diâmetros que se cortam em ângulos retos e por quatro arcos, do mesmo raio que o da circunferência, traçados tomando-se como centro os extremos da cruz formada pelos dois diâmetros.

O número “Doze” é de grande riqueza na simbologia cristã. “Doze” são os filhos de Jacó (Israel), ancestrais, que emprestaram os nomes às “Doze Tribos” do povo judeu; os Sacerdotes tinham doze jóias; Jerusalém tinha doze portas assinaladas com os nomes das “Doze Tribos de Israel” e junto às portas “Doze Anjos”.

Em Apocalipse, 144.000 eram o fieis, 12.000 de cada uma das “Doze Tribos”. “Doze mil é um número simbólico no qual o “Doze” (número de Israel) é multiplicado por 1.000 (símbolo da multidão). A Muralha de Jerusalém tinha doze carreiras horizontais de pedra em nome dos Doze Apóstolos. “Doze” são os Apóstolos de Jesus Cristo; doze, os meses do ano; doze, os signos do zodíaco que, agrupados em quatro grupos de três, correspondiam a cada um dos quatro elementos, considerados formadores do Universo: Fogo (Áries, Leão, Sagitário); Terra (Touro, Virgem, Capricórnio); Ar (Libra, Gêmeos, Aquário); Água (Câncer, Escorpião, Peixes).

A Estrela de Doze Pontas, alude aos Discípulos, ao Conselho da Sabedoria Divina, à Reunião dos Profetas. Doze é a imagem do Zodíaco e, por conseguinte, a do Sol, que dele é o chefe (segundo J. M. Ragon).

O NÚMERO TRINTA E TRÊSNa época de Pitágoras, a tradição dos números tinha o

“Trinta e Três” como o mais elevado de todos os Números Mestres. Era considerado o mais sagrado, o que simbolizava

a Verdade Divina. Eis alguns fatos e curiosidades que colocam em relevo a importância desse numeral: Jesus Cristo foi crucificado aos “trinta e três” anos; José, pai de Jesus, tinha “trinta e três” anos ao se casar com Maria; Jesus Cristo operou “trinta e três” milagres; O nome de Deus foi mencionado “trinta e três” vezes no Gênesis; No Islamismo, todos os habitantes do paraíso têm “trinta e três” anos; A coluna vertebral (acima do sacro, “osso sagrado”) contém “trinta e três” vértebras; também, era a idade de Krishna; é considerada a idade da libertação final; é o grau máximo do R∴E∴A∴A∴ - “Soberano Grande Inspetor Geral”. A Águia Bicéfala, emblema desse Grau, apresenta o número trinta e três na parte superior, dentro de um triângulo equilátero. Esse grau é o símbolo do Equilíbrio e da Perfeição.

Face à perfeita igualdade dos dois algarismos que compõem o número “Trinta e Três”, cada um dos quais, por si só, é perfeito por ser o símbolo do ternário, o que dá uma ideia exata do Equilíbrio e da Perfeição. A soma dos dois algarismos, que compõem o número “Trinta e Três”, dá o valor “Seis”, símbolo do Equilíbrio, representado por Salomão. O seu produto dá o valor “Nove”, que expressa a Bondade e a Sabedoria.

O Número OITENTA E UMOs pitagóricos consideravam o número “Nove” como

sendo fatal e de mau presságio. Evitavam, assim, todos os números em que aparecia. Temiam, principalmente, o número “Oitenta e Um”, quadrado de “Nove”, cuja soma dá “Nove” (8+1= 9). “Oitenta e Um” era considerado um número misterioso e sagrado por ser o quadrado de “Nove” (9²) e este, o “Nove”, ser o quadrado de “Três” (3²).

Nos altos graus maçônicos, o número “Oitenta e Um” é considerado um número perfeito, sendo, em um de seus graus, tido como misterioso e adorado pelos anjos. Segundo uma lenda dos Altos Graus do R∴E∴A∴A∴, Salomão formou um corpo de “Oitenta e Um” Mestres, depois da morte de Hiram, para dar prosseguimento às obras do Templo, dividindo-o em três grupos de vinte e sete, colocando como chefes três Mestres de sua predileção.

Esse número e seus múltiplos constantemente são mencionados nas lendas e na liturgia dos Altos Graus.

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Nos estudos da Cabala, desde a mais remota Antiguidade, a vida humana é dividida em três períodos de vinte e sete anos cada um. Essa divisão está fundamentada no que os egípcios chamavam de Medida Sagrada, baseada nos três elementos geométricos, simbolizados na Grande Pirâmide: o Triângulo, representado pelo número “Três” (3); o Quadrilátero, representado pelo número “Nove” (3²); o Cubo, representado pelo número vinte e “Sete” (3³).

A existência do homem era dividida em três divinos tempos de labor, da seguinte forma: do nascimento até 27 anos, relacionado ao Plano Físico (predominando os benefícios do corpo); dos 27 aos 54 anos, relacionado ao Plano Mental (predominando os benefícios da mente); dos 54 aos 81 anos, relacionado com o Plano Espiritual (predominando os benefícios do espírito).

Enfim, eis aí o que nos dizem os números. Os dados aqui apresentados remontam aos primórdios da humanidade, desde que o homem se deu conta da necessidade de explicar a sua origem, o que o rodeava e que futuro o aguardava. “De onde vinha, quem era e para onde ia”.

Para justificar, povoou sua trajetória com deuses,

deuses e números. E os números, como os deuses, eram adorados ou temidos. A razão e a intuição seguiam “pari passu”. Procuraram explicar a perfeição do Universo, que observavam através dos sentidos de que dispunham. A razão não vinha do racional científico, mas sim do mistério, do oculto, da intuição.

O valor quantitativo a que estamos acostumados e que atribuímos hoje aos números, era de pouco valor, quase nenhum. Sua abrangência era muito maior. Tudo era número e este explicava tudo.

Pitágoras foi buscar em outras fontes mais antigas a Sabedoria Esotérica desse tempo. Os membros da Escola Pitagórica se impunham a uma disciplina de silêncio contemplativo, que durava cerca de cinco anos. Não consumiam alimentos de origem animal, acreditavam na metempsicose e nada deixaram escrito, por proibido que era. Havia uma profunda ligação fraternal entre eles. Por conta desses ensinamentos, chegados até nós e difundidos por essa Escola, temos a oportunidade de apreciar e estudar esse emaranhado misterioso e, como misterioso que é, nem sempre é muito claro. Há que se continuar a usar a Intuição!

PalestrasHARMONIA E MAÇONARIA

Luiz Alberto Bertozzi – MM

Membro da ARLS Estrela Caldense nº 45

GLMMG – Oriente de Poços de Caldas - MG

ssa é a única Coluna de uma Loja Maçônica, onde o único Irmão, ou seja, o Mestre de Harmonia, tem autonomia para administrá-la da melhor

maneira possível. Se bem que, como músico popular que sou, essa “autonomia” é muito relativa, estando, diretamente, ligada ao” bom gosto musical” desse Irmão, que terá que ter a sensibilidade e o bom senso suficientes, para não cometer algum “disparate musical” incompatível com determinados momentos ritualísticos.

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Antigamente, essa Coluna era composta por Irmãos músicos, que contribuíam para o bom andamento dos rituais e momentos especiais dentro de festejos e comemorações maçônicas.

Hoje, o que prevalece, é a tecnologia aplicada e nossos queridos Irmãos músicos, que faziam, literalmente, Música ao Vivo, foram substituídos por sons mais puros e com alta fidelidade.

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Amplamente, comentando, Harmonia e Música tratam-se de ciências de agregamento de sons, que formam os acordes musicais, tratando-se de “Arte Nobre”, onde, somente, algumas pessoas têm o privilégio de nascer com esse dom, o que, popularmente, dizemos: “tirar a música de ouvido”.

Na antiguidade, os grandes mestres como, por exemplo, Pitágoras, já usavam a música para estreitar e fortalecer laços entre os seus irmãos e discípulos.

Meu professor Antônio Ferruccio Viviane, que me ensinou os primeiros acordes musicais utilizando o bom e velho método “Bona”, dizia-me muito pessoalmente ao pé do ouvido, que: “da música devemos tirar o máximo de proveito e, sempre, aprender alguma coisa com ela”.

Portanto, devemos da melhor forma, ouvir “boas músicas”, buscando em seu conteúdo, aprender e aplicar esse resultado ao nosso cotidiano, independentemente do gosto musical de cada um.

Agradecimentossta Edição Especial foi criada, especificamente, para a publicação das palestras proferidas no IV Encontro Maçônico do Sul de Minas, evento que, a cada edição, vem ganhando

enorme expressão nacional no cenário maçônico-cultural. Nossa Revista muito se orgulha em fazer parte dessa história de sucesso, prestando seu Apoio Cultural e difundindo ensinamentos.

EEAproveitamos o ensejo para parabenizar a equipe organizadora,

formada por valorosos Irmãos pertencentes à ARLS Fraternidade Cleuton Cândido Landre nº 298, do Oriente de Alfenas, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, que não mediram esforços para a excelência do evento. Agradecemos aos Irmãos palestrantes pela nobreza em dividir seus conhecimentos com os participantes do IV Encontro, os quais temos a honra de espargir, através de nossa Revista, àqueles que, por motivos diversos, não puderam gozar do mesmo privilégio de estar presente em tão singular ocasião.

Cabe um agradecimento especial, de parte da organização do evento, aos Irmãos patrocinadores, assim como à UNIFAL - Universidade Federal de Alfenas, sem os quais a altruística tarefa desses nobres Irmãos da Loja Maçônica Fraternidade Cleuton Cândido Landre, embora, ainda assim, continuasse a ser prazerosa, seria bem mais difícil de ser levada a efeito!

rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, gratuitamente, via Internet, hoje, para 24.000 e-mails de

Irmãos de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “Quarto de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho!

AAEditor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º

Contatos: MSN - [email protected] / E-mail – [email protected] / Skype – francisco.feitosa.da.fonseca / (35) 3331-1288 / 8806-7175

Suas críticas, sugestões e considerações são muito bem-vindas. Temos um encontro marcado na próxima edição!

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