Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem...

9
1 Um diamante chamado equipa Na atualidade, a equipa deve ser o elemento predominante das organizações. Até porque ninguém consegue grandes feitos sozinho e a equipa consegue tornar irrelevantes as incompetências individuais (os grupos não o fazem!). Como comprovam vários jogadores medianos e toscos que vemos jogar no seio de grandes equipas. A equipa é o seio da criatividade coletiva e um forte apoio para a superação individual. Mas, para tal, precisa que se crie no seu seio um elevado espírito de equipa, o que apenas conseguimos com uma forte cultura de apoio e entreajuda. Uma equipa é como uma família, todos se ajudam porque são diferentes e têm certos papéis. Todos querem viver e vencer em conjunto. Ninguém é deixado para trás. É devido a este código de conduta que a equipa cria a união que faz milagres, ultrapassa os momentos mais difíceis e as maiores contrariedades. Um equipa existe quando se cria coesão, confiança e esperança. Está viva quando, através da vontade de alcançar uma vitória conjunta, em que dependemos uns dos outros, fazemos um esforço, sofremos, divertimo-nos, rimos e choramos (emocionamo-nos) e obtemos um resultado com um elevado sentido de orgulho. Somos NÓS. Conseguimos! Para os vencedores mais bem sucedidos, a equipa existe para cumprir a Missão (conhecida e reconhecida por todos nós- prestação de cuidados de saúde personalizados à população inscrita da área geográfica, garantindo a acessibilidade, a globalidade, a qualidade e a continuidade dos mesmos). Depois de se ter criado este sentido bem claro, aparece a necessidade de cultivar o sentimento de NÓS, que se faz através dos treinos, dos jogos, das dificuldades e das brincadeiras. Só depois é que surge a necessidade de desenvolvimento de que cada um dos seus elementos, mostrando o seu talento ao serviço do NÓS (sem se armar em vedeta, demonstrando um forte sentimento de generosidade e solidariedade), para, juntos, cumprirem a missão, chegarem ao resultado ambicionado. Afinal, o resultado é o que alimenta a vontade de continuar a fazer esforços e a sofrer quando é o caso com a «malta ao lado». A equipa pode ser vista como um diamante multifacetado. Na sua base, cada face é um elemento da equipa, com os seus talentos próprios. Ligados entre si, de mãos dadas (lembra o nosso logotipo), ocupam um lugar com determinadas tarefas e responsabilidades. Mais acima, existem três níveis de ligação: as regras acetes por todos (regulamento interno), os objetivos e os processos de comunicação. Estes níveis estabelecem a ligação entre todos, a parte visível do diamante, onde brilha e sobressai o desempenho, a qualidade específica de cada elemento e, numa visão global, o resultado final do trabalho conjunto. Para que uma equipa possua uma força extraordinária, galvanizante e especial, precisamos de saber gerar mecanismos de negociação (vejam a nova escala da consulta pós laboral ou a evolução para enfermeiro de família já assumida em regulamento interno), compromissos e sincronizações que continuamente avaliamos para manter e desenvolver. Para que a sua energia se mantenha, necessita de desafios e, nos momentos difíceis, dá muito jeito que tenha um líder que a suporte e equilibre. Ano IV nº12/12 Janeiro 2012 Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos. Um diamante chamado equipa 1 Individuo e a sua arte 2 Respeitar o corpo 3 Fazendo a agenda 4 Liderança, a arte de gerir o tempo 5 Organizando,… Poupando tempo 6 O sentido da coisa 7 Somos nós. Há quanto tempo? 8 Crescendo com o tempo 9

Transcript of Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem...

Page 1: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

1

Um diamante chamado equipa Na atualidade, a equipa deve ser o elemento predominante das organizações. Até porque ninguém consegue

grandes feitos sozinho e a equipa consegue tornar irrelevantes as incompetências individuais (os grupos não o fazem!). Como comprovam vários jogadores medianos e toscos que vemos jogar no seio de grandes equipas. A equipa é o seio da criatividade coletiva e um forte apoio para a superação individual. Mas, para tal, precisa que se crie no seu seio um

elevado espírito de equipa, o que apenas conseguimos com uma forte cultura de apoio e entreajuda. Uma equipa é como uma família, todos se ajudam porque são diferentes e têm certos papéis. Todos querem viver e vencer em conjunto. Ninguém é deixado para trás. É devido a este código de conduta

que a equipa cria a união que faz milagres, ultrapassa os momentos mais difíceis e as maiores contrariedades. Um equipa existe quando se cria coesão, confiança e esperança. Está viva quando, através da vontade de alcançar uma vitória conjunta, em que dependemos uns dos outros, fazemos um esforço, sofremos, divertimo-nos, rimos e choramos (emocionamo-nos) e obtemos um resultado com um

elevado sentido de orgulho. Somos NÓS. Conseguimos! Para os vencedores mais bem sucedidos, a equipa existe para cumprir a Missão (conhecida e reconhecida por todos nós- prestação de cuidados de saúde personalizados à população inscrita da área geográfica, garantindo a acessibilidade, a

globalidade, a qualidade e a continuidade dos mesmos). Depois

de se ter criado este sentido bem claro, aparece a necessidade de cultivar o sentimento de NÓS, que se faz através dos treinos, dos jogos, das dificuldades e das brincadeiras. Só depois é que surge a necessidade de desenvolvimento de que cada um dos seus elementos, mostrando o seu talento ao serviço do NÓS (sem se

armar em vedeta, demonstrando um forte sentimento de generosidade e solidariedade), para, juntos, cumprirem a missão, chegarem ao resultado ambicionado. Afinal, o resultado é o que alimenta a vontade de continuar a fazer esforços e a sofrer – quando é o caso – com a «malta ao lado». A equipa pode ser vista como um diamante multifacetado.

Na sua base, cada face é um elemento da equipa, com os seus talentos próprios. Ligados entre si, de mãos dadas (lembra o nosso logotipo), ocupam um lugar com determinadas tarefas e responsabilidades. Mais acima, existem três níveis de ligação: as regras acetes por todos (regulamento interno), os objetivos e os processos de comunicação. Estes

níveis estabelecem a ligação entre todos, a parte visível do diamante, onde brilha e sobressai o desempenho, a qualidade específica de cada elemento e, numa visão global, o resultado final do trabalho conjunto. Para que uma equipa possua uma força extraordinária, galvanizante e especial, precisamos de saber gerar mecanismos de negociação (vejam a nova escala da consulta pós laboral ou a evolução para

enfermeiro de família já assumida em regulamento interno), compromissos e sincronizações que continuamente avaliamos para manter e desenvolver. Para que a sua energia se mantenha, necessita de desafios e, nos momentos difíceis, dá muito jeito que tenha um líder que a suporte e equilibre.

Ano IV – nº12/12 Janeiro 2012

Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos.

Um diamante chamado equipa

1

Individuo e a sua

arte 2

Respeitar o corpo 3

Fazendo a agenda 4

Liderança, a arte de gerir o tempo

5

Organizando,…

Poupando tempo 6

O sentido da coisa 7

Somos nós. Há quanto tempo?

8

Crescendo com o tempo

9

Page 2: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

2

Ano IV – nº12/12 Página 2

O ser humano é um paradoxo. Pode ser entendido como um Elefante (a sua vontade) sujeito a um cavaleiro de pequena dimensão (a razão) que precisa de um caminho (um plano ou mapa) e um

objetivo (sentido) para se movimentar pela floresta. Por um lado, o ser humano é notável e criativo, com elevadas capacidades de adaptação que lhe permite, em pequenino, aprender qualquer língua ou andar.

Por outro, é estupidamente previsível, portador de múltiplas inteligências que lhe permitem, treinando e aproveitando as suas características mais positivas, criar soluções em diferentes contextos e perante o mais variado tipo de desafios e barreiras.

Todavia, em contextos de insegurança, o indivíduo é capaz de ter desempenhos miseráveis, marcados pelo bloqueio que as emoções negativas podem provocar. É o que se verifica quando,

confrontado com uma situação que o apavora, sente uma «branca», não sabe o que fazer, foge ou disparata com agressões e impropérios. É fácil compreender um indivíduo, se formos capazes de perceber as suas emoções, sentimentos,

pensamentos as suas ambições e os seus medos. A emoção comanda a razão, principalmente nos

momentos de tensão.

Se a emoção pode prejudicar os desempenhos em contextos desfavoráveis, a energia que produz fortalece a pessoa para atos extraordinários e inesperados. A emoção, quando utilizada com criatividade, em contextos seguros, permite criar arte e ligações especiais, dando significados poéticos aos factos mais irrelevantes.

É esta emoção que faz com que Seth Godin defenda que, hoje, os artistas são indispensáveis. Perante uma situação nova, são capazes de contornar as barreiras e bloqueios, fugir à rotina, criando soluções com alto nível de satisfação para eles e para os «clientes», inventando novas

combinações com poucos e velhos recursos, criando emoções que ficam marcadas nas memórias

de quem as vive, para o resto da vida.

Normalmente, estas pessoas possuem uma atitude vencedora, em crescimento, como defende a psicóloga Carol Dweck. Estes seres, extraordinários, se carregados de uma mentalidade em crescimento e de uma perspetiva vencedora, num contexto seguro, mas desafiante, são capazes daquilo a que chamamos milagres.

Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de jogadores simplesmente normais como o avançado Derlei!

O seu espírito vencedor é baseado no seu auto-conhecimento, na motivação (e crença), na

concentração nos objetivos, no equilíbrio emocional que possui na maior parte das situações, na sua memória de experiências relevantes, na sua resiliência (capacidade de regressar a si depois

do insucesso), da sua elevada adaptabilidade. Normalmente, as pessoas vencedoras sabem cuidar do seu cérebro, das suas emoções e relações e procuram desenvolver competências, expondo-se aos erros e fracassos como forma de

aprender. Elas sabem que podem tentar, falhar, recuperar e continuar. Mas, se o contexto não nos desafiar, perdemos talentos!

O Individuo e a sua arte

Page 3: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

3

Ano IV – nº12/12 Página 3

Respeitar o corpo

O corpo é a nossa base de vida. Condiciona os desempenhos e os resultados que somos capazes de atingir. É condicionado pelo que lhe fazemos!

Se não lhe damos descanso, se o alimentamos mal, queixa-se. Se exigimos demais, sofremos as consequências. Devemos treiná-lo com regularidade. Talvez seja bom considerar a hipótese de ele guardar uma alma própria a que devemos dar atenção.

As pessoas que pretendem maximizar o tempo sofrem normalmente de stress.

Em níveis controlados, é um aliado dos desempenhos excecionais. Quando ultrapassa os limites, torna-se negativo, gera tensão, angústia e reações que prejudicam a qualidade de vida e podem, em

situações extremas, levar à morte. O nosso corpo tem necessidades, ritmos, ciclos energéticos (com altos e baixos), características,

predisposições que precisamos de saber reconhecer para definir o que devemos fazer ou não, ao longo do tempo. A nossa energia e capacidade de recuperação aos 20 é muito diferente da que temos aos 40 e aos sessenta anos. O ser possui variações de energia e de capacidades ao longo dos ciclos diários, semanais, mensais e

anuais que vão acontecendo, em articulação com a natureza e os outros seres próximos. Negá-los e forçar a sua resistência e resiliência é o pior caminho para conseguir fazer mais. É uma tendência que

se acentua, mas, ao mesmo tempo, um atentado à vida, que pagamos mais tarde ou mais cedo, com

maus resultados. Um dos grandes segredos da gestão do tempo é o de saber aproveitar tudo o que o corpo nos pode dar, sem o esmagar na pressão da agenda e das nossas ambições. Ouvi-lo, senti-lo, respeitá-lo e

produzir mais quando ele quer, deixando-o recuperar quando precisa. E, acima de tudo, alegrar e reforçar a sua energia e alma. Este trabalho começa por identificar e combater os inimigos ocultos do corpo e da vida. O nosso

sucesso passa por descobrir as convicções perigosas, os hábitos (alimentares, de trabalho, sociais)

que degradam o corpo, como, por exemplo, dormir menos do que ele pede. Nesta batalha, é também importante saber identificar os estímulos que fazem disparar os nossos batimentos cardíacos, a

pressão arterial e a tensão respiratória. São bons avisadores do nosso estado de saúde. A respiração controlada é um caminho para as boas ideias e relações. É uma preciosidade. Neste esforço de respeitar o corpo, devemos praticar atividades físicas regulares que nos permitam

recuperar e gerar energias, precisamos de aprender a fazer exercícios de respiração – eventualmente através do Yoga -, é bom que saibamos fazer programação neuro-linguística positiva, cultivando a atitude e a mentalidade positiva.

Mas, para além disso, torna-se essencial cultivar as amizades, a diversão, a alegria, o convívio, a comunhão e comemorar vitórias com os que nos acompanham.

Além do mais, não nos esqueçamos que o tempo é a vida. É nosso e não se recupera, apesar dos

desafios, dos compromissos, das obrigações, precisamos de «Guardar Tempo Para MIM», essencial para nos recompormos e seguir o caminho.

Page 4: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

4

Ano IV – nº12/12 Página 4

Uma das atividades mais comuns na gestão do tempo é a realização da agenda. Na geração atual de gestão do tempo, a agenda deverá estar preparada para respeitar os diferentes tipos de

pessoas que somos e os diversos modelos de agendamento que possuímos, sendo limitador ter agendas que apenas têm aquelas sequências semanais de horas diárias para marcar compromissos e contactos.

Devido às necessidades cruzadas de gerir as múltiplas dimensões da vida em que nos encontramos, pressionados pelas constantes alterações, inesperadas, e pelas relações que temos,

devemos usar uma agenda versátil que, mantendo aqueles planos diários de compromissos e tarefas, deverão também possuir páginas em branco onde podemos escrever ideias soltas, fazer

desenhos, esquemas, mapas, etc. Devemos possuir uma agenda com páginas que desafiam a escrever as Missões de Vida, a Visão,

os Valores e Princípios que seguimos, o nosso Código de Conduta ou Carta de Compromisso. No início de cada mês da agenda, ajuda ter uma página onde podemos registar os objetivos e prioridades mensais, expressos, de preferência, na forma de resultados concretos e mensuráveis que poderemos ver concretizados no final do mês.

No plano de agenda semanal devemos ter um registo de prioridades, objetivos e relações em que

devemos investir durante essa semana para concretizar as ambições.

Essa lista pode ser associada a compromissos, tarefas e contactos que colocamos no espaço do plano diário, em horas devidamente assinaladas. Deste modo, a agenda transforma-se num precioso auxiliar de apoio à vida!

Uma serva para nos ajudar e não nos deixar perder, em vez de ser um espaço de registo de compromissos que, muitas vezes, perdem o sentido. É assim que damos um passo essencial para deixar de ser escravo do tempo. Para dominar a nossa agenda e não deixar que ela nos domine!

Todavia, para aproveitar bem a agenda, torna-se essencial que limitemos a vontade de agendar compromissos e momentos de interação. Temos de estar convictos que a agenda também deve

registar os momentos de recato para pensar e definir as prioridades importantes. É nessa altura

que tomamos as decisões mais significativas. São os momentos fundamentais da ação. Não os devemos deixar para as «sobras». Como o tempo corre, com a Sociedade Hipertexto, uma das principais técnicas de gestão da

agenda é a de criar «momentos vazios», flexíveis, que, a qualquer momento podem ser usados para buscar informação relevante, avaliar, aprender, contactar, motivar, etc. Tempo livre, hoje, ao contrário de outras eras, é tempo garantidamente ocupado e produtivo, para fazer acertos,

correções, inovações e relações.

Se a agenda habitualmente está cheia, deve ser feita com uma semana de antecedência e numa perspetiva semanal que permita correções. A agenda diária já é demasiado pequena para as

nossas ambições e contactos.

Fazendo a agenda

Page 5: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

5

Liderança é a arte sábia de conjugar esforços para que algo aconteça. Combina pessoas: a sua experiência, a emoção e a razão. Junta líder, liderados, clientes, recursos

materiais, informação, através de processos relacionais e de comunicação, no âmbito de um contexto específico, num determinado prazo, para atingir um final feliz. É um sistema complexo e dinâmico de comportamentos e relações.

É como uma expedição dos filmes do Tarzan. Sabemos como começa e como queremos que acabe: o Postal de Destino. Reunimos recursos, seguimos um caminho desenhado num mapa tosco, cheio de incertezas. Já na selva, ao longo da jornada, o inesperado acompanha-nos,

enfrentamos inimigos, temos momentos poéticos e, outros, patéticos, mas, apesar das dificuldades e indecisões, prosseguimos, com um rumo, por vezes enérgicos, noutras vezes, exaustos e desesperados. E, no final, normalmente, atinge-se o que se pretende.

Um processo de liderança é uma «luta contínua» para levar pessoas a colocarem os seus melhores talentos ao serviço de um objetivo. É um sistema com normas, estruturas funcionais, agendas planeadas e corrigidas. Exige sincronização de tempos e de tarefas. Tem um código de honra, identifica claramente os resultados a atingir em três níveis distintos: estratégico, tático e

operacional. Seja com processos mais democráticos ou mais diretivos, a liderança deve estabelecer os tempos

e as formas de cooperação, facilitando a entreajuda, o apoio, a solidariedade e o sentido coletivo da ação. Desta forma, conseguem-se sinergias que «inventam» tempo, reduzem mal-entendidos e conflitos que o consomem.

É conveniente montar uma liderança ressonante e galvanizante que, ao valorizar os seres humanos e as suas competências, criando condições para assumirem riscos controlados, leva as pessoas a expressarem os seus talentos, gerando soluções combinadas e adaptativas sempre que

a situação o exige. Este sistema é motivador e faz aumentar a produtividade.

No âmbito de um projeto ou de uma organização, o segredo está em combinar de modo funcional e flexível a razão, a motivação (vontade) num sistema alinhado (com sentido e significado) que

garanta a autonomia, a segurança e a cumplicidade. Todavia, não podemos esquecer que existem inimigos de uma boa liderança. Apesar de facilmente tendermos para encontrar os «bandidos» externos, os guerrilheiros que nos

atacam, que fazem com que o sistema falhe, temos de reconhecer que os piores inimigos estão ocultos nas convicções, nos bloqueios e nos automatismos dos líderes, dos liderados e das suas relações. Temos dificuldade em visioná-los e combatê-los.

As circunstâncias, tal como as características pessoais, podem promover comportamentos (in)desejados. Felizmente, as equipas e a sua organização podem anular e corrigir os que não queremos, promovendo os que desejamos.

E, assim, não perdemos tempo, resultados e motivação!

Ano IV – nº12/12 Página 5

“Liderança, a arte de gerir o tempo coletivo

Page 6: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

6

Para fazer emergir o talento é preciso organização, estruturada e criativa. Para poupar tempo, também. Até porque, com desorganização, perdemos habitualmente mais tempo a corrigir erros e conflitos do que a perseguir os objetivos conjuntos (que muitas vezes desconhecemos ou não

queremos). A organização poupa tempo e chatices! Quando é demasiada, bloqueia a inteligência criativa, quando não existe, põe em causa o objetivo e a nossa vontade de trabalhar em conjunto!

Para garantir a eficácia (obtenção do objetivo desejado) e a eficiência (com o mínimos recursos), é fundamental conhecer o papel de cada pessoa e o que deve fazer naquele lugar para melhor trabalhar

em conjunto, corrigindo os erros, enfrentando de modo positivo os inesperados e prosseguindo com segurança até ao resultado pretendido. Torna-se essencial haver regras, normas de conduta, metodologias e instrumentos simples. Estes

permitem criar um sistema que reduz o inesperado. Cria expectativas estruturadoras dos nossos comportamentos, dá-nos uma base para trabalhar em segurança. Reduz as falhas e os conflitos interpessoais. Cria segurança, apazigua os medos, as angústias e incertezas.

A maior parte do tempo que desperdiçamos é a sentir os problemas emocionais que se nos impõem diariamente e que não permitem que tenhamos o cérebro limpo para buscar outras ideias e soluções. Quando estamos «chateados» com alguma coisa ou com alguém, perdemos horas, distraí-mo-nos

com facilidade! Se o sistema de trabalho estiver organizado, for previsível, até conseguimos obter os resultados que queremos! Outra fatia importante do tempo perdido tem origem nos nossos conflitos interpessoais, nas nossas

relações, na criação de mal-entendidos. A partir destes iniciamos processos de instabilidade emocional que nos afetam. Por causa dos conflitos relacionais, muitas vezes, deixamos de fazer o que deve ser feito, para fazer o que é possível. Perdemos tempo e oportunidades. Desperdiçamos boas

hipóteses de solução para certos desafios que encontramos.

Além disso, aprisionados nas redes de instabilidade emocional, insegurança e desorganização, cometemos mais erros (por vezes com elevada gravidade), precisamos de investir tempo na sua

correção, necessitamos de fazer esforços acrescidos de comunicação para gerar condições mínimas de colaboração, precisamos de apoiar aqueles que, à nossa volta, sentem insegurança emocional. Destruímos o tempo e a energia de que tanto precisamos para obter sucesso.

E, além, do mais, numa época onde se torna essencial estar sempre a inovar e a criar relações especiais, a organização reduz o risco de ocorrências desagradáveis, reduz a incerteza que assusta e cria as bases para a inovação sustentada. A organização cria estabilidade emocional para deixar

aparecer as ligações cerebrais que geram as novas soluções que fazem a diferença.

Ano IV – nº12/12 Página 6

Organizando,… poupando tempo

Page 7: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

7

O tempo e a agenda existem para concretizar as ambições. O meu tempo é a minha vida. Pertence-me como a ninguém. Quando registo o meu tempo na agenda, estou a atribuí-lo, a investi-lo num determinado objetivo. Deve ter um sentido para a concretização da minha vida, não só a dos outros.

O tempo é o meu bem mais precioso, enquadra-se no sentido que quero ter na minha vida, na relação positiva com os outros. A preocupação de dar sentido ao meu tempo (à minha vida) exige boa capacidade de observação,

análise da envolvente e auto-análise. Exige uma tomada de decisão consciente sobre o sistema em que vivemos e o jogo que queremos jogar. Obriga-nos a ter um pragmatismo que nos direciona para a definição realista dos desafios ou

problemas (depende sempre do nosso ponto de vista). Apesar de ser atraente preocupar-mo-nos e estarmos atentos a toda a informação que anda à nossa volta, devemos saber bem qual é a nossa esfera real de poder (no qual temos estatuto, recursos e

competências para fazer acontecer algo) e a nossa esfera de intervenção (baseada nas competências e na credibilidade que possuímos), agindo, depois, em acordo e direção aos nossos objetivos, dando significado à nossa vida, ao tempo que utilizamos para a concretizar.

Caso contrário, arrisca-mo-nos a assumir preocupações, obrigações e compromissos que, em vez de nos ajudarem a concretizar o que queremos, apenas nos baralham, nos distraem e desperdiçam energias, trazendo-nos novas aprendizagens, por vezes, improdutivas.

Contudo, não podemos perder de vista que a nossa vida só tem Valor. Acrescentado para os outros se for capaz de produzir «carinhas felizes», fundadas em trocas decentes, partilhas guiadas por uma perspetiva de ganhos mútuos e múltiplos, de uma perspetiva

interdependente de Win-Win-Win (eu ganho, tu ganhas e os outros também). Por muito que não queiramos assumir, a vida é muito mais rica em função das trocas que

estabelecemos – que têm significado – e o sucesso tem que ver muito com a forma e a qualidade do

que trocamos. No final das nossas vidas, que terminam garantidamente um dia, o que fica de nós é o legado que deixamos, o que fizemos e trocámos e, dentro desse «fardo», a história conta os seus diferentes significados, muito para além do que fizemos e deixámos. Podemos ser ricos e deixar um

legado pobre. O inverso também é verdadeiro. Os outros, que cá ficam, lhe darão o devido valor! Mas, de facto, gastámos o nosso tempo de vida, esperemos que tenha sido com algum significado para além das pequenas vitórias do dia-a-dia, do curto prazo.

É nesta perspetiva que nasce a necessidade de acolher e respeitar os outros, estabelecendo práticas decentes de gestão da informação (que podem mudar uma vida inteira) e das relações. Até porque o

que dizemos, o que fazemos e o que deixamos subentendido, tudo são marcas. Marcas que ficam,

algumas delas, para o resto da vida.

Para a nossa história comum.

Ano IV – nº12/12 Página 7

O Sentido da Coisa

Page 8: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

8

Somos Nós. Há quanto tempo?

Ano IV – nº12/12 Página 8

Page 9: Nesta edição: Tempo é o bem mais precioso que temos · Que o diga José Mourinho, que o tem provado em diversos relvados, através dos desempenhos de ... ao mesmo tempo, um atentado

9

Ano IV – nº12/12 Página 9

Crescendo com o tempo

A vida exige uma aprendizagem constante. Imaginar, experimentar, falhar, por vezes, cair, levantar-mo-nos depois, e prosseguir, é uma sequência essencial para ter novas competências e conseguir,

cada vez mais, melhores condições de sucesso. A vida é o ginásio onde nos treinamos. Cada evento pode ser um momento de treino. Alguns acreditam que são capazes de enfrentar desafios com sucesso e, ao longo do caminho, ir

desenvolvendo as competências para conseguir resolver os problemas com que se vão deparando.

Possuem a mentalidade aberta dos vencedores. Algo que se ganha com o tempo e a expectativa de que, em cada erro ou desaire se encontra o alimento do próximo sucesso. A mentalidade aberta treina-se. Reforça-se como se se tratasse de

um músculo. A sabedoria, também. Mas é preciso tempo. O tempo, para além de uma sequência de factos e rotinas, representa um conjunto inestimável de

oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. Cada acontecimento (que pode ou não estar programado na agenda) pode servir para controlar o espírito selvagem, as emoções negativas e os comportamentos destrutivos, transformando-os em

qualidades e competências temporárias para resolver problemas, ultrapassar limites e contrariar

bloqueios.

O tempo é um recurso valioso para desenvolver o talento pessoal ao lidar com certas situações, estímulos e desafios. Cada momento pode ser um laboratório de competências e de criação de soluções. Para tal, é preciso uma predisposição para aprender e treinar, treinar, treinar. Sem tempo, não há treino de competências.

Começar o dia com um momento de retiro, uma reflexão e a redefinição de conectivos diários – por exemplo, guiada pela seguinte pergunta: «o que posso fazer hoje que seja fundamental para melhorar as nossas vidas?» - pode ser uma boa forma de dar sentido ao tempo. Do mesmo modo,

terminar o dia com um balanço sobre o que de útil se produziu, o que se aprendeu, bem como o

que deverá ser feito no futuro, é um ótimo hábito a criar e a manter durante vários anos.

Também será pertinente ter a certeza, sentida, de que é fundamental – para produzir melhor – descansar, parar, desligar. Definir um limite de trabalho diário. Não ficar a pensar sobre os problemas. Parar, a partir de uma hora em que já não conseguimos pensar e, nessa altura, recarregar baterias. É importante ter a noção de que não é por estarmos preocupados que vamos

resolver um problema. Para agir, no dia seguinte com melhores ideias e energias para as concretizar, é preciso descansar,

ter um bom sono, confortável e reconfortante.

É bom saber que um dos melhores conselheiros para a tomada de decisão é o sono e os seus amigos sonhos. Não são os pesadelos de preocupações quando estamos acordados, pensando em

círculo. Por isso, nada como dormir descansado, respirar fundo e deixar para amanhã a preocupação que temos hoje. Normalmente, ao acordar, não sabemos bem por que razão, a resposta aparece. Estamos mais criativos.

Bons Sonhos!