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Impacto de soluções de Indústria 4.0 no Mercado de Trabalho em Portugal Alexandra Marisa Aparício da Silva Dissertação Mestrado em Economia Orientado por Joana Rita Pinho Resende 2018

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Impacto de soluções de Indústria 4.0 no Mercado de Trabalho em Portugal

Alexandra Marisa Aparício da Silva

Dissertação

Mestrado em Economia

Orientado por

Joana Rita Pinho Resende

2018

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Agradecimentos

O final desta dissertação data o final do meu percurso enquanto estudante e gostava

de agradecer a algumas pessoas.

Professora Joana Resende, obrigada por me ter orientado e acompanhado neste

desafio chamado dissertação, pela disponibilidade, conselhos e ajuda.

Professora Anabela Carneiro, obrigada pela disponibilidade e ajuda durante todo o

processo nos Quadros de Pessoal.

Mãe, Pai, obrigada por me ajudarem a tornar a pessoa que sou hoje, por me ouvirem

e aconselharem em todos os momentos, por me acompanharem sempre ao longo de todos

os anos, por todo o amor e carinho.

Duarte, obrigada por seres tu. Por todo o apoio e amor que nos une, por todos os

momentos bons e maus, por me acompanhares durante estes (quase) nove anos, sei que o

continuarás a fazer e não queria de outra forma. Obrigada por tudo o que me tens dado e

tudo o que temos vivido. Obrigada por nunca me deixares desistir e por me fazeres acreditar

no impossível.

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Resumo

Desde o século XVIII que a indústria não tem parado de evoluir e de se reinventar

em consequência dos avanços tecnológicos. No entanto, os dias de hoje apresentam um

ritmo de inovação nunca antes visto causando uma disrupção na indústria, nos negócios e

no mundo - a Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0 começou e trouxe com ela

enormes desafios sociais e económicos.

O objetivo desta dissertação passa por analisar os impactos sentidos no mercado de

trabalho com a implementação de soluções e processos digitais que caracterizam a Indústria

4.0. Para o efeito, será desenvolvido um estudo empírico: com recurso à base de dados

Quadros de Pessoal, procede-se à comparação da situação das empresas nos anos de 2007 e

2012 e procura-se avaliar em que medida a introdução de novas tecnologias poderá ter

resultado numa possível mudança na estrutura de emprego das empresas portuguesas a atuar

no setor das Indústrias Transformadoras. Será dada particular atenção ao fenómeno de

polarização do emprego associado às novas tecnologias digitais. Mais concretamente,

procede-se ao cálculo (ao nível da empresa) da variação do Routine Task Intensity Index (RTI)

nos anos de 2007 e 2012 e propõe-se um estudo econométrico onde se procuram identificar

quais as variáveis que afetam este índice.

Códigos JEL: D2, L86, M11, J21, J24

Palavras-chave: Indústria 4.0, Smart Factory, Digitalização, Emprego, Mercado de Trabalho,

Quadros de Pessoal

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Abstract

Since the XVIII century, the manufacturing sector has never stopped evolving and

reinventing itself as a result of the technological advances. However, the pace of innovation

nowadays as never been seen before causing a disruption in the industry sector, in business

models and in the whole economy at a global scale – the 4th Industrial Revolution or Industry

4.0 has started and it brought with her big social and economic challenges.

This dissertation aims at analyzing the impacts felt in the labor market with the

implementation of digital processes and solutions that lie on the basis of the concept of

Industry 4.0. To this end, an empirical study will be developed: using the Quadros de Pessoal

database. Focusing on 2007 and 2012, this dissertation will assess to what extent the

introduction of new technologies may have resulted in a possible change in the employment

structure of Portuguese companies operating in the Manufacturing Sector. The job

polarization in association with the new digital technologies will receive a particular attention.

More specifically, this work computes the variations (in 2007 and 2012) in the Routine Task

Intensity Index (RTI) evaluated at the firm level. Then, the thesis proposes an econometric

study to identify the main determinants affecting the behavior of this index.

JEL codes: D2, L86, M11, J21, J24

Key words: Industry 4.0, Smart Factory, Digitization, Job, Labor Market, Quadros de Pessoal

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Índice

Introdução .................................................................................................................... 1

Revisão de Literatura ................................................................................................... 4

II.1 Contexto Histórico ....................................................................................................... 4

II.2 Enquadramento ............................................................................................................ 5

II.3 Crescimento e Emprego na Era da Digitalização e Automação ............................ 9

Metodologia e Análise de dados ................................................................................ 15

III.1 Descrição da Base de Dados ................................................................................... 17

III.2 Definição e Caracterização da Amostra ................................................................. 18

III.3 Análise dos Dados .................................................................................................... 19

III.3.1 Educação .................................................................................................... 19

III.3.2 Emprego .................................................................................................... 22

III.4 Análise de Dados e Estudo Empírico .................................................................... 27

III.4.1 Polarização do Emprego ......................................................................... 27

III.5 Modelo Econométrico ............................................................................................. 37

III.5.1 Especificação do Modelo ........................................................................ 37

III.5.2 Descrição das variáveis ............................................................................ 39

III.5.3 Resultados .................................................................................................. 41

Conclusões ................................................................................................................. 48

Referências Bibliográficas ......................................................................................... 50

Anexos ........................................................................................................................ 53

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - % de cada setor ou grupo de setores para os anos 2007 e 2012 (tabela construída

pela autora com apoio nos QP) ..................................................................................................... 23

Tabela 2 - Dados sobre o setor das Indústrias Transformadoras para o ano 2007 e 2012

(tabela criada pela autora com apoio nos QP) ............................................................................. 25

Tabela 3 - RTI média e número de empresas para RTI negativa e positiva (tabela construída

pela autora com apoio nos Quadros de Pessoal) ........................................................................ 33

Tabela 4 - Dados relativos aos trabalhadores, mulheres, imigrantes e formados com ensino

superior com uma RTI positiva e negativa para 2007 e 2012 (tabela construída pela autora

com apoio nos Quadros de Pessoal) ............................................................................................. 34

Tabela 5 - Dados relativos aos trabalhadores por profissão (média de trabalhadores com essas

profissões por empresa) com uma RTI positiva e negativa para 2007 e 2012 (tabela construída

pela autora com apoio nos Quadros de Pessoal) ........................................................................ 35

Tabela 6 - Dados relativos aos trabalhadores por NUT II com uma RTI positiva e negativa

para 2007 e 2012 (tabela construída pela autora com apoio nos Quadros de Pessoal) ......... 36

Tabela 7 - Resultados da Estimação Probit da probabilidade de a empresa ter um índice

negativo de rotinização: a variável dependente RTIe = 1 (tabela construída pela autora e

regressão Probit calculada no programa econométrico STATA com dados dos QP) .......... 41

Tabela 8 - Efeitos Marginais Médios da estimação Probit da probabilidade de a empresa ter

um índice de intensidade de tarefas rotineiras negativo: a variável dependente RTIe = 1

(tabela construída pela autora e efeitos marginais calculados no programa econométrico

STATA com dados dos QP) .......................................................................................................... 44

Tabela 9 – Medidas implementadas pelo Portugal i4.0 (informação retirada de Deloitte

(2017)) ............................................................................................................................................... 55

Tabela 10 - Definição das variáveis geradas e utilizadas pela autora........................................ 57

Tabela 11 - Percentagem de trabalhadores para cada nível de escolaridade por área de

formação (tabela criada pela autora com apoio nos QP) ........................................................... 61

Tabela 12 – Nomenclatura organizada das CAE (tabela organizada pela autora) ................. 62

Tabela 13 – Atribuição das tarefas conforme ocupação dos trabalhadores (tabela criada pela

autora com apoio no artigo de Tiago Fonseca, Francisco Lima e Sónia C. Pereira (2018)) . 63

Tabela 14 – Definição das variáveis geradas e utilizadas pela autora para regressão Probit 66

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Índice de Figuras

Figura 1 - Tipo de tarefas desempenhadas pelos trabalhadores (figura criada pela autora com

apoio nos artigos citados anteriormente) ..................................................................................... 12

Figura 2 - Níveis de escolaridade dos trabalhadores em percentagem (gráfico criado pela

autora com informação retirada dos Quadros de Pessoal) ........................................................ 20

Figura 3 - Despesas em I&D (total e por setor) em euros entre 2005-2016 (quebra de série

em 2008 e 2013) (gráfico criado pela autora com informação retirada do PorData a 18 de

maio de 2018) ................................................................................................................................... 22

Figura 4 - Investigadores em I&D (total e por área científica) em milhares no período 2005-

2016 (quebra de série em 2008 e 2013) (gráfico criado pela autora com informação retirada

do PorData a 18 de maio de 2018) ............................................................................................... 23

Figura 5 - Total de Empresas (milhares) entre 2005-2016 (quebra de série em 2008) (gráfico

criado pela autora com informação retirada do PorData a 08 de Setembro de 2018) .......... 25

Figura 6 - Empresas do setor das Indústrias Transformadoras (milhares) entre 2005-2016

(quebra de série em 2008) (gráfico criado pela autora com informação retirada do PorData a

08 de Setembro de 2018) ................................................................................................................ 26

Figura 7 - % de Tarefas Totais Rotineiras, Manuais e Abstratas para os anos de 2007 e 2012

(gráfico criado pela autora com apoio dos Quadros de Pessoal) .............................................. 28

Figura 8 - % de Tarefas Rotineiras, Manuais e Abstratas consoante tamanho das empresas

em 2007 e 2012 (gráfico criado pela autora com apoio dos Quadros de Pessoal) ................. 29

Figura 9 – Taxa de investimentos das Indústrias Transformadoras no período de 2005 a 2016

(quebra de série em 2008) (gráfico criado pela autora com dados retirados do PorData a 11

de setembro de 2018) ...................................................................................................................... 30

Figura 10 – Taxa de investimentos de PME e GE no período de 2005 a 2016 (quebra de série

em 2008) (gráfico criado pela autora com dados retirados do PorData a 11 de setembro de

2018) .................................................................................................................................................. 30

Figura 11 - Densidade do RTI no ano 2007 (gráfico criado pela autora com apoio nos QP)

............................................................................................................................................................ 32

Figura 12 - Densidade do RTI no ano 2012 (gráfico criado pela autora com apoio nos QP)

............................................................................................................................................................ 32

Figura 13 - Entidades envolvidas no Portugal i4.0 (retirado de: https://www.industria4-

0.cotec.pt/ em 23 de novembro de 2017). ................................................................................... 53

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Figura 14 - Boletim Económico do Banco de Portugal: Projeções para Portugal em 2017-

2020 (retirado de: https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-

boletim/be_dez2017_p.pdf em 11 de janeiro de 2018). ............................................................ 54

Figura 15 - Taxa de desemprego (%) entre 2000-2017 (quebra de série em 2011) (gráfico

criado pela autora com informação retirada do Pordata a 06 de julho de 2018) ................... 54

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Capítulo I

Introdução

“Devemos ter uma visão abrangente e globalmente compartilhada de como a tecnologia está a mudar as

nossas vidas e as das gerações futuras, como é a remodelação do contexto económico, social, cultural e humano

em que vivemos. As mudanças são tão profundas que, na perspetiva da história humana, nunca houve um

tempo de tantas promessas ou potenciais perigos” (Schwab, 2016, p.8).

Desde o aparecimento da máquina a vapor no século XVIII, que a indústria tem vindo a

crescer e a evoluir de uma forma inquestionável até aos dias de hoje. Nos anos mais recentes,

tem-se registado uma evolução drástica, em resultado da introdução de tecnologias digitais

de nova geração (robótica, machine learning, Big Data, impressão 3D, entre outras) que têm

alterado de forma muito significativa a cadeia de valor e o ecossistema de negócios industrial.

A este respeito, Schwab (2016) refere que a Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0

está a adquirir uma proporção nunca antes vista.

Segundo Correia et al. (2016), a Indústria 4.0 centra-se na “total digitalização dos ativos físicos

e na sua integração em ecossistemas digitais com os vários parceiros da cadeira de valor”. Diferentes países

têm incentivado a esta mudança de paradigma no setor industrial, procurando motivar e

oferecer uma linha de orientação para as suas empresas se modernizarem e aumentarem a

sua competitividade. No caso Português1, a iniciativa “Portugal i4.0” da Estratégia Nacional

para Digitalização na Economia (Deloitte, 2017) ilustra este tipo de enquadramento

institucional, apresentando-se com um exemplo de política pública que procura estabelecer

um conjunto de orientações importantes para as empresas se tornarem mais eficientes,

reduzirem perdas, adaptarem procedimentos e inovação de processos, adaptarem modelos

de negócio e construírem bases para a transformação digital (CGI, 2017; Wee et al., 2015).

Apesar das muitas vantagens inerentes aos desenvolvimentos tecnológicos e económicos

potenciados pela Indústria 4.0, esta mudança de paradigma também tem sido associada a um

conjunto de desafios e dificuldades em temas como a requalificação de recursos humanos,

1 Esta dissertação foi orientada no âmbito do projeto NORTE-01-0145-FEDER-028540, cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Norte (NORTE 2020), através do Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

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cíber-segurança, investimentos, colaboração, normalização e modernização de novas

tecnologias de informação (CGI, 2017).

Assim, num contexto de mudança acelerada, as empresas industriais têm de se reestruturar

para conseguirem ser bem-sucedidas. Para uma melhor perceção do que está a acontecer nas

empresas que estão a adotar soluções associadas à Indústria 4.0 (soluções i4.0) é fundamental

perceber qual o impacto destas soluções na criação de valor das empresas e quais as

mudanças que realizam, como evidencia Karim (2009). Para o efeito, a dissertação centra-se

no estudo da seguinte questão de investigação: “Quais as mudanças esperadas no mercado

de trabalho decorrentes da implementação de soluções i4.0?”. A resposta a esta questão irá

basear-se no estudo do mercado de trabalho em Portugal, utilizando para o efeito dados dos

Quadros de Pessoal e considerando os anos 2007 e 2012, sendo 2012 o último ano para o qual

foram disponibilizados microdados necessários ao estudo. Ainda que os anos em estudo

contemplem um horizonte temporal anterior à introdução (e consolidação) do termo

“Indústria 4.0”, contemplam já a implementação de soluções tecnológicas de digitalização e

automação (em menor escala e com menores investimentos inerentes aos que estão

atualmente em curso).

Desta forma, ainda que o estudo não permita aferir a totalidade dos impactos das soluções

i4.0 no mercado de trabalho (até porque se trata de um processo ainda em curso), pretende-

se que este trabalho elucide sobre alguns dos possíveis impactos que este fenómeno trará,

tratando-se naturalmente de uma análise conservadora dos referidos impactos, dado que o

estudo se foca num fase embrionária do fenómeno Indústria 4.0.

As motivações para a escolha desta questão centram-se na atualidade económica do tema

à escala global, atendendo ao grande impacto esperado das soluções i4.0 num futuro

próximo. Mais do que atualizações dos serviços e alterações na eficiência nas empresas, a

Indústria 4.0 prepara as empresas para manterem uma vantagem competitiva na indústria do

futuro (McKinsey Digital, 2015).

Os objetivos desta dissertação passam por desenvolver uma revisão de literatura sobre a

revolução industrial e digital registada (à escala global) ao longo dos últimos anos até à

atualidade; explicar a emergência da Indústria 4.0 e os resultados que tem trazido. Pretende-

se ainda realizar uma análise crítica sobre o impacto do fenómeno no mercado de trabalho

em Portugal (em termos agregados) e o impacto microeconómico nas empresas em resultado

da implementação de um processo específico de digitalização (com base nas novas soluções

digitais que surgem no contexto da Indústria 4.0). Para o efeito, serão identificados potenciais

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ganhos e custos económicos, tendo por base os contributos recentes da literatura e, como

referido anteriormente será desenvolvido um estudo com base nos dados dos Quadros de

Pessoal.

Esta dissertação será dividida em quatro capítulos: este primeiro capítulo apresenta a

introdução do tema, no segundo capítulo apresenta-se a revisão da literatura subdividida em

três pontos – contexto histórico, enquadramento e o crescimento e emprego na era da

digitalização e automação – no terceiro capítulo apresenta-se a metodologia e análise dados,

dando especial destaque à educação e emprego, ao estudo da polarização de emprego (através

do cálculo do RTI individual por empresa) e à construção de um modelo econométrico Probit,

tendo em vista o apuramento dos determinantes do RTI por empresa para o período em

estudo. Por fim, no último capítulo serão apresentadas as conclusões finais.

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Capítulo II

Revisão de Literatura

II.1 Contexto Histórico

Desde o século XVIII que a indústria tem sofrido diversas alterações e desenvolvimentos

até chegar ao ponto que se encontra hoje, a chamada Indústria 4.0.

A primeira grande mudança no fabrico de bens e produtos ocorreu na Inglaterra com a

introdução da máquina a vapor e de novas técnicas de produção na Primeira Revolução

Industrial. Nesta altura, houve um aumento da produção de capital, rápido aumento da

produtividade e melhoria do nível de vida da população (Jensen, 1993). De seguida,

apareceram os sistemas ferroviários, navios a vapor, telégrafos e sistemas por cabo na

Segunda Revolução Industrial, a era de produção em massa, onde, com novas metodologias

aplicadas às novas formas tecnológicas, a produtividade continuava a aumentar e os custos e

os tempos de produção a diminuir, reduzindo os preços (Jensen, 1993). Na Terceira

Revolução Industrial iniciou-se uma disrupção na estrutura das empresas, foi introduzida a

internet e foram realizados avanços significativos na eletrónica, possibilitando a introdução

de sistemas robotizados e a introdução de sistemas de informação e provocando uma

diminuição nos preços de produção (Finkelstein e Newman, 1984).

Como continuação da era digital introduzida na Terceira Revolução, apareceu a Quarta

Revolução Industrial ou Indústria 4.0, conceito apresentado pela Alemanha, pensado em

2011 e adotado em 2013, com o nome Industrie 4.0. Esta nova era caracteriza-se pela utilização

de tecnologias digitais de nova geração na digitalização de processos industriais e na

interconetividade entre os produtos, cadeias de valor e modelos de negócio de forma a

impulsionar a produtividade no setor industrial e aumentar o grau de informação disponível

(European Commission, 2017). Juntamente a este conceito nasceu a Smart Factory, que não é

somente uma unidade de produção onde estão presentes alguns recursos digitais, mas antes

“A junção dos mundos virtuais e físicos através de sistemas cíber-físicos e a fusão resultante dos processos

técnicos com os processos de negócio a definir o rumo para a nova era industrial” (GTAI, 2014).

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II.2 Enquadramento

A Indústria 4.0 foi considerada uma medida estratégica do governo alemão para

consolidar a sua liderança tecnológica através da prática comum de investigação e de

desenvolvimento nas empresas e de forma a limitar o afastamento entre os setores da

indústria através de uma vasta rede de contactos (European Commission, 2017). Após a

Alemanha ter avançado com a implementação de um programa estratégico explicitamente

vocacionado para facilitar e/ou promover a Quarta Revolução Industrial (Indústria 4.0) e

implementar avanços tecnológicos esquecidos ou desaproveitados, outros países seguiram o

exemplo, como o caso dos Estados Unidos, China, Japão e União Europeia, nomeadamente,

Portugal.

Em Portugal foi implementada a iniciativa “Portugal i4.0” da Estratégia Nacional para

Digitalização na Economia que tem como objetivo orientar um plano de medidas iniciais de

valorização, promoção e investimento na digitalização da economia portuguesa e no tecido

empresarial português. Atualmente, estão mais de 100 empresários e instituições em Portugal

envolvidas nesta iniciativa (Deloitte, 2017) (ver Anexo 1).

O aparecimento de todas as iniciativas à volta da Indústria 4.0 vieram da necessidade de

inovar, complementar ou melhorar processos produtivos estagnados ou ultrapassados,

alguns dos quais introduzidos ou revistos nas anteriores revoluções industriais (McKinsey

Digital, 2015). Efetivamente, o conceito da Indústria 4.0 tem tido um grande impacto nos

países e empresas e tem levado ao investimento de recursos bastante significativos por parte

das mesmas em, principalmente, tecnologias digitais (sensores e dispositivos de

conetividade), software e aplicações (como Manufacturing Execution Systems (MES)), formação

dos colaboradores e mudanças culturais e organizacionais2 (Correia et al., 2016) .

As empresas sentem necessidade de estar em constante evolução e, por essa razão,

verifica-se que uma das grandes motivações das empresas para a implementação das

tecnologias de nova geração que sustentam a Indústria 4.0 é a obtenção de vantagens

competitivas em relação às concorrentes, obtendo lucros superiores às restantes empresas,

criando e distribuído valor económico. Contudo, a materialização das soluções i4.0 em lucros

superiores depende dos recursos e capacidades distintivas da empresa que adota essas

2 Portugal pretende investir 4,5 mil milhões de euros na Indústria 4.0 nos próximos quatro anos (Informação retirada de https://www.dinheirovivo.pt/empresas/galeria/portugal-injeta-45-mil-milhoes-para-4-a-revolucao-industrial/ em 22 de dezembro de 2017).

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soluções e apenas é sustentável quando, apesar dos esforços dos concorrentes para a alterar,

a vantagem permanece (Besanko et al.,2012).

As soluções i4.0 podem ser assentes em diversas tecnologias e inovações como Big Data3,

Robótica 4 , Sistemas cíber-físicos 5 , machine learning 6 , integração do sistema horizontal e

vertical7, Internet of Things8, Cloud9, impressão 3D10 e realidade aumentada11 de forma a irem

de encontro às necessidades de cada empresa (Lasi et al., 2014; Rüßmann et al., 2015).

Contudo, apesar de todas as vantagens que podem acompanhar a implementação destas

soluções, existem alguns desafios que ainda precisam de ser ultrapassados relativamente à

requalificação de recursos humanos, cíbersegurança, investimentos significativos em novas

tecnologias, colaboração entre trabalhadores (desde o chão de fábrica, serviços informáticos

até à gestão), normalização e modernização de novas tecnologias de informação (CGI, 2017).

Na fábrica do futuro, é desenvolvida uma nova integração com todos os componentes de

fabrico interconectados: máquina, logística e produto. A manutenção reativa e ou planeada

da máquina passará a preditiva, os processos de produção serão autónomos, controlados por

algoritmos, e será possível gerir os sistemas de fornecimento, produção e vendas de forma

autónoma e com a supervisão do ser humano - tornando-se uma fábrica inteligente (Smart

Factory) que produz produtos inteligentes (Keller et al., 2014).

A nível interno das empresas existem então alterações profundas, com impacto

significativo no modo como as entidades se posicionam no mercado e no modo como estão

organizadas internamente. Para não perderem competitividade e conseguirem reduzir custos,

têm de alterar a sua estratégia e o seu posicionamento, têm de redesenhar o modo como

operam, a gestão da cadeia de oferta, a organização das operações e a planificação do ciclo

3 Big Data é uma ferramenta que coleta, armazena e trata grandes volumes de dados (CGI, 2017); 4 Robótica é um conjunto de estruturas rígidas ou flexíveis com uma unidade de controlo programável (Rüßmann et al., 2015); 5 Sistemas cíber-físicos permitem monitorizar e controlar processos físicos com base em modelos digitais (CGI, 2017); 6 Machine Learning, campo da inteligência artificial (AI), permite aos sistemas informáticos aprender um sistema através de exemplos, erros e dados, utilizando algoritmos de aprendizagem automática (Domingos, 2017; Royal Society, 2017); 7 Integração do Sistema horizontal e vertical onde irá haver uma evolução das redes de integração de dados cruzados e uma cadeia de valor automatizada (Rüßmann et al., 2015); 8 Internet of Things permite conectar sistemas, dispositivos, sensores, ativos e pessoas através das diversas redes (CGI, 2017); 9 Cloud é um espaço de armazenamento disponível dentro de uma rede como a internet ou uma rede de empresa possibilitando trocas de informação com tempos de reação muito curtos (Rüßmann et al., 2015); 10 Impressão 3D é a construção de estruturas utilizando técnicas de adição da matéria-prima que podem ser-programáveis (Schwab, 2016); 11 Realidade aumentada consegue fornecer informações em tempo real aos trabalhadores levando à melhoria de tomada de decisões e procedimentos (Rüßmann et al., 2015).

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de vida do produto. Existem numerosos desafios nesse processo, nomeadamente, os que

advém (i) da necessidade de partilha de dados entre os vários stakeholders da empresa

(acionistas, fornecedores, consumidores, meios publicitários, …); (ii) da integração de

tecnologias de informação (IT) para conectar os processos e (iii) dos avultados investimentos

em IT necessários à implementação integrada e eficaz de soluções de indústria 4.0 alinhados

com as prioridades das empresas, de forma a maximizar o retorno sobre o investimento

(CGI, 2017).

Estas soluções i4.0 permitem às empresas, fábricas, fornecedores, logística, clientes, entre

outros intervenientes, comunicar e aceder em tempo real a informações sobre produtos e

produção. É ainda possível otimizar cada secção, conforme a sua procura e o seu estado,

diminuindo custos e maximizando o lucro (Keller et al., 2014; Qin et al., 2016; Tupa et al.,

2017). Estes ganhos económicos resultam da capacidade das soluções i4.0 para melhorar a

eficiência das operações e a qualidade dos produtos, aumentando a produtividade, fazer uma

gestão eficaz do inventário, das ordens de produção e da utilização de ativos, diminuindo o

tempo até comercialização, aumentando a segurança no local de trabalho e a sustentabilidade

ambiental (CGI, 2017).

Após a introdução da digitalização de processos, a necessidade encontrada de trabalhar

com dados obtidos na cadeia de valor para aumentar a produtividade é satisfeita, criando

desafios, tais como a necessidade de processamento de grande quantidade de dados de forma

a que as empresas se tornem verdadeiramente digitais – Big Data e Data Analytics (Qin et al.,

2016).

Efetivamente, na era da Indústria 4.0, começa a existir (e espera-se que venha a continuar)

uma conexão entre pessoas, objetos e sistemas que formam redes dinâmicas, otimizadas,

complexas, em tempo real e com objetivo final de criar valor nas empresas, podendo ter

impactos em todo o processo produtivo (Tupa et al., 2017).

Juntamente com as novas mudanças em contextos industriais, virão também novos riscos

e inseguranças para as empresas, nomeadamente, a nível de segurança de dados. Um

problema que preocupa as empresas é a possibilidade de hackers conseguirem chegar aos

dados de fabrico e documentos técnicos e específicos da empresa, visto estar tudo

digitalizado. Garantir sistemas de controlo industrial e cíbersegurança é essencial, pois se se

quiser todos os benefícios da transformação, inovação e digitalização, a segurança é um dos

principais pontos a ter em atenção (CGI, 2017; Tupa et al., 2017).

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8

Contudo, apesar de todo o impacto esperado através de soluções de Indústria 4.0,

fenómenos de digitalização e automação já existem há alguns anos e apenas “renasceram”

para as empresas que os estavam a desvalorizar. Nunca antes houve tamanha discussão sobre

estes tópicos e cada vez mais empresas querem estar a par do que está a acontecer no mundo

tecnológico. Mesmo com todo o investimento a ser realizado e os riscos que possam existir,

a Indústria 4.0 é uma tendência que começa a evidenciar-se cada vez mais e se as empresas

não avançarem com as tecnologias associadas a esta nova realidade, irão perder

competitividade (CGI, 2017).

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II.3 Crescimento e Emprego na Era da Digitalização e

Automação

Com a implementação de soluções i4.0, na economia global, serão essencialmente

esperados impactos no Produto Interno Bruto (PIB), crescimento, consumo, emprego,

investimento, comércio e inflação, contudo é no crescimento e no emprego que assentam as

maiores preocupações (Rüßmann et al., 2015; Schwab, 2016).

A primeira variável, o crescimento, provoca opiniões distintas nos economistas. Alguns

defendem que as contribuições mais críticas da revolução industrial já foram realizadas e que

o impacto na produtividade está praticamente terminado (Gordon, 2012) e, no sentido

contrário, alguns acreditam que a tecnologia e inovação provocaram e irão continuar a

provocar aumentos na produtividade e no crescimento económico (Schwab, 2016;

Weitzman, 1998).

Segundo o Boletim Económico do Banco de Portugal (2017), espera-se um aumento da

produtividade até 2020 em conjunto com uma melhoria no mercado de trabalho. E, tanto a

nível de Portugal, como a nível mundial, as expectativas são que a atividade económica

continue a crescer, embora a um ritmo progressivamente menor (ver Anexo 2).

O impacto das tecnologias digitais no emprego tem sido uma preocupação não de hoje,

mas desde os primeiros desenvolvimentos nas fábricas, tendo sido ao longo dos anos sujeito

a várias análises e as opiniões são díspares. A introdução de automação nas fábricas,

nomeadamente com robôs, e a digitalização de processos origina uma substituição nos

diferentes tipos de fatores produtivos. O avanço tecnológico origina processos de

reestruturação necessários, gerando-se, por exemplo, um problema sobre o que acontecerá

aos trabalhadores, que poderão defrontar-se com problemas de desemprego ou que poderão

ser obrigados a requalificar-se com estas novas medidas (Autor, 2015).

Aquando das principais inovações como a máquina a vapor, a eletricidade e a linha de

montagem nas revoluções industriais houve sempre perdas de emprego e queda de alguns

setores, mas, rapidamente, surgiram outras oportunidades em empregos e setores outrora

desconhecidos ou inexplorados, aparecendo áreas mais produtivas e rentáveis. O que

aconteceu com os avanços tecnológicos referidos anteriormente, continuará a acontecer em

todas as disrupções nos negócios provocados por novos métodos ou inovações tecnológicas:

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10

mudança de perspetivas de quais os trabalhos necessários, quem os deve realizar, onde e

como serão executados (Scarpetta, 2016).

Para Autor (2015) e Berg et al. (2016), os avanços na inteligência artificial e na robótica

irão permitir substituir trabalhos mais rotineiros e também complementar o ser humano ao

amplificar as competências de resolução de problemas, adaptabilidade e criatividade. Desta

forma, leva a um aumento de produção que pode resultar numa maior procura e ajustes da

oferta da mão-de-obra, tornando os trabalhadores mais produtivos até, eventualmente,

estimular a procura pelos seus serviços. Podem assim gerar-se situações de rendimentos

marginais crescentes, que podem conduzir a uma maior procura de mão-de-obra, não

obstante uma maior automação do processo produtivo. De facto, o que Acemoglu e Autor

(2010), Askt (2013), David H. Autor e Dorn (2013), Brynjolfsson e Mcafee (2014), Scarpetta

(2016), entre outros, defendem é que os processos de digitalização e automação estão a gerar

uma polarização do emprego, ou seja, existe uma maior procura por trabalhadores mais

qualificados 12 que conseguem capturar valor da tecnologia e por trabalhos menos

qualificados que estão encarregues de tarefas básicas que não podem ser substituídos por

tecnologia, já os trabalhadores afetos a atividades menos exigentes, mais rotineiras e mais

suscetíveis a automação, passam a ser menos procurados em resultado da evolução

tecnológica.

Além da polarização do emprego, o artigo de Autor e Dorn (2013) reflete também sobre

a polarização salarial, verificando a existência de maiores aumentos nos empregos e nos

salários para trabalhadores que realizam tarefas abstratas e para os que realizam tarefas

manuais, ou seja, para os trabalhadores que se encontram nos extremos dos tipos de

habilidades.

Para se conseguir interpretar os fenómenos de polarização, é necessário entender este

rápido crescimento dos empregos e salários nas ocupações na área dos serviços pois a

polarização é impulsionada pela interação entre duas forças – as preferências dos

consumidores (que preferem a variedade em vez da especialização) e o progresso tecnológico

não neutro (que diminui o custo de realizar tarefas rotineiras mas tem um impacto

comparativamente menor no custo de realizar tarefas manuais) ocorrendo uma deslocação

12 Nos diferentes setores de atividade, com a implementação de soluções i4.0, vai haver um aumento de procura por trabalhadores qualificados em tecnologias de informação (IT), recursos humanos e de gestão de clientes (ManpowerGroup, 2016).

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11

dos trabalhadores de tarefas rotineiros para tarefas manuais, nomeadamente, em áreas de

serviços (Autor e Dorn, 2013).

Neste fenómeno, é possível observar facilmente uma divisão entre o tipo de tarefas

realizadas pelos trabalhadores numa dada empresa. Esta divisão foi apresentada pela primeira

vez, em 2003, por Autor, Levy e Murnane, que além de distinguirem habilidades de tarefas,

classificaram estas últimas em rotineiras (distinguindo tarefas rotineiras cognitivas e rotineiras

manuais), manuais e abstratas (que podem ser analíticas e cargos de gestão).

Estes autores apresentaram as tarefas rotineiras como as tarefas mais suscetíveis a serem

substituídas por processos digitais ou tarefas suficientemente definidas para que qualquer

pessoa as consiga realizar com distinção. Podem-se subdividir por tarefas rotineiras

cognitivas, como contabilidade ou trabalho com dados, e rotineiras manuais, como processos

repetitivos e de monitorização numa linha de montagem. Contudo, esta subdivisão, acabou

por entrar em declínio na década de 80. Para um país como Portugal, com lenta acumulação

de capital, nomeadamente, de capital tecnológico e com pouco trabalhadores altamente

qualificados, Fonseca, Lima, e Pereira (2018) defendem que ainda faz sentido uma distinção

destas tarefas, pois tanto as tarefas rotineiras cognitivas como as tarefas rotineiras manuais

têm grande importância em setores de serviços e indústria.

As tarefas não-rotineiras são subdivididas em abstratas e manuais. As tarefas abstratas

exigem algo mais que as rotineiras, nomeadamente, capacidade de resolução de problemas,

intuição e criatividade. Uma máquina dificilmente consegue replicar processos abstratos e,

normalmente, as pessoas que trabalham nestas tarefas possuem um maior nível de

escolaridade, capacidade analítica e apenas usam os meios digitais como complemento ao seu

trabalho. As tarefas abstratas chegaram a subdividir-se em analíticas e cargos de gestão, mas

são geralmente consideradas na mesma categoria. Já as tarefas manuais exigem a adaptação

dos trabalhadores a cada situação, reconhecimento visual e interação pessoal. Tratam-se de

tarefas simples e muitas vezes inatas ao Homem, mas demasiado complexas para serem

replicadas por uma máquina (Autor et al., 2003) .

Na figura 1 pode-se ver os diferentes tipos de tarefas reconhecidas pelos autores.

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Figura 1 - Tipo de tarefas desempenhadas pelos trabalhadores (figura criada pela autora com apoio nos artigos citados anteriormente)

Com a distinção dos diferentes tipos de tarefas, no artigo de Autor e Dorn (2013) são

descritas fontes de dados e existe uma avaliação dos mercados de trabalho locais, das tarefas

dos trabalhos e, em particular, da intensidade das tarefas rotineiras, usando diferentes

fórmulas para cada ponto anterior. Nesse trabalho são ainda realizados testes empíricos para

previsões sobre a adoção de computadores, especialização de tarefas, polarização salarial e

mobilidade geográfica.

O trabalho de Autor e Dorn (2013) é particularmente relevante para esta dissertação.

Efetivamente, no capítulo seguinte, será tido como foco o índice que analisa a intensidade

das tarefas rotineiras, denominado Routine Task Intensity Index (RTI) que resulta dos trabalhos

de Autor et al. (2003), que propôs pela primeira vez uma hipótese de rotinização resultado

da introdução de tecnologia, combinados com os requisitos apresentados pelo Dicionário de

Títulos Ocupacionais (DOT) do Departamento de Trabalho dos EUA. Com o cálculo deste

índice consegue-se perceber o nível de rotinização das empresas onde, se o índice foi baixo,

significa que há uma maior presença de tarefas abstratas e/ ou manuais, mas se o índice for

alto, há uma maior presença de tarefas rotineiras. Este índice já foi utilizado por outros

autores como Goos, Manning e Salomons (2014), De la Rica e Gortazar (2015) e Mahutga,

Curran e Roberts (2018).

Tipo de Tarefas

Rotineiras

Rotineiras Congnitivas

Rotineiras Manuais

Não-Rotineiras

Não-Rotineiras Abstratas

Tarefas Analíticas

Tarefas de Gestão

Não-Rotineiras Manuais

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13

Contudo, aquando da avaliação dos efeitos da digitalização da indústria no mercado de

trabalho não se deve ter em conta apenas o que se perde com os avanços tecnológicos, mas

pensar no mecanismo económico central numa perspetiva mais geral, onde se tem em conta

a forma como a automação pode também afetar positivamente o mercado de trabalho,

acrescentando valor às novas tarefas realizadas. Além disso, o trabalho humano pode

também complementar as novas tecnologias em vez de ser substituído e, assim, os

trabalhadores não especializados e com tarefas substituíveis não têm de ser necessariamente

condenados pela automação ou digitalização se se investir em capital humano e em

estratégias de longo prazo para a produção de competências complementares em vez de

substitutas (Autor, 2015). Para Moretti (2010), por cada trabalho formulado pela indústria

de alta tecnologia, cerca de cinco empregos complementares podem e devem ser criados.

Assim, mesmo com custos de transação, pois alguns empregos acabam por desaparecer,

o efeito geral é positivo (Berg et al., 2016).

No entanto, há quem não tenha as mesmas perspetivas e argumente que a tecnologia tem

um impacto negativo ao nível do emprego e que muitas desigualdades nas economias

avançadas advêm da pressão tecnológica que tem existido ao longo dos anos, como

diminuição de salários e de investimentos em capital tradicional (Ford, 2015; Freeman, 2015).

Em suma, perante questões relacionadas com mercado de trabalho, são utilizados

argumentos que defendem um decréscimo na quantidade de trabalhos disponíveis em

resultado da introdução de novas tecnologias ou que o ritmo de substituição dos seres

humanos por máquinas está a aumentar a taxa de destruição de emprego e outros que

avançam no sentido inverso. Borland e Coelli (2017) realizaram um estudo para a Austrália,

Autor (2015) para os Estados Unidos, Gregory et al., (2016) para a Europa e chegaram a

conclusões semelhantes: não existem evidências de que a adoção de tecnologias tenha

diminuído a quantidade total de trabalho disponível e que exista um efeito acelerado da

mudança tecnológica no mercado de trabalho com a introdução de novas tecnologias.

Segundo Borland e Coelli (2017), com as mudanças no Mercado de Trabalho recorrentes

da adoção de novas tecnologias tem de se ter em conta algumas proposições frequentemente

encontradas (mas que ainda não estão rigorosamente demonstradas), como por exemplo:

▪ As novas tecnologias são mais transformadoras que as tecnologias anteriores;

▪ (Suposta) destruição de empregos devido às novas tecnologias;

▪ Novas tecnologias fazem com que os trabalhadores percam os empregos ou

sejam forçados a mudar de emprego com mais frequência do que antes;

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14

▪ As categorias dos trabalhadores terão de ser alteradas para acompanhar as

mudanças tecnológicas.

É assim muito importante desenvolver estudos rigorosos que permitam perceber quais

são os resultados reais da presença de novas tecnologias nos empregos – a possível destruição

de postos de trabalho, leva ou não à necessidade de criação ou adaptação de outros?; o

deslocamento de trabalhadores cujos trabalhos pareciam anteriormente seguros significa ou

não uma diminuição agregada dos empregos? Segundo Borland e Coelli (2017) estas são

ainda questões em aberto uma vez que as medidas que pretendem demonstrar os altos níveis

de rotatividade nos empregos falham e, muitas vezes, é esquecido que a destruição de

empregos devidos a avanços tecnológicos foi sempre uma das principais características do

desenvolvimento económico (Borland e Coelli, 2017).

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Capítulo III

Metodologia e Análise de dados

O objetivo desta dissertação passa por entender qual o impacto que a Indústria 4.0 e a

constante evolução da digitalização e automação têm tido no Mercado de Trabalho,

nomeadamente, em termos das características dos postos de trabalho (e.g. grau de rotina) e

das habilitações literárias dos trabalhadores.

Por forma a contribuir para analisar esta questão, nesta dissertação, será utilizada a base

de dados dos Quadros de Pessoal (QP) para os anos de 2007 e 2012. A utilização de dados o

mais recente possível era fundamental para perceber os resultados provocados pela

implementação da Indústria 4.0, que se trata de um fenómeno atual. No entanto, devido à

indisponibilidade de dados a partir de 2012, irá ser feita uma análise até esta data. Apesar de

a implementação oficial do conceito da Indústria 4.0 em Portugal apenas ter sido realizada

em 2013, a presença de novas tecnologias nas empresas já vem de antes e pretende-se com

este estudo tentar detetar algumas mudanças já visíveis em variáveis como a escolaridade e

empregabilidade, correlacionar com os fenómenos tecnológicos e prever quais os impactos

atuais resultantes da implementação de tecnologias digitais (que ainda que anteriores às

soluções i4.0, estão muitas vezes na base destas soluções).

A escolha do ano de 2007 como ponto de partida para a análise justifica-se por razões de

simplificação de tratamento de dados, visto que a partir deste ano, as nomenclaturas nos QP

alteraram. O ano de 2012 corresponde ao último ano para o qual havia dados disponíveis.

Assim, num primeiro momento (secção III.3.1 e III.3.2), serão analisadas, em termos

agregados, as mudanças na educação dos trabalhadores ocorridas no período em estudo para

acompanhar as novas tendências e as alterações nos empregos de cada setor com apoio nos

dados fornecidos pelos QP e dados retirados do site PorData.

Esta análise agregada será acompanhada com uma análise de microdados (secção III.4.1),

retirados dos QP, que serão utilizados para calcular o Índice de Intensidade de Tarefas

Rotineiras (RTI) para o setor das Indústrias Transformadoras, com uma ligeira modificação

comparativamente ao índice proposto por Autor e Dorn (2013). Mais concretamente, em

vez de se calcular este índice ao nível das ocupações, onde os autores as agrupam por grupos

de análise, o índice será aplicado a cada empresa por forma a identificar as características das

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empresas que estão mais expostas a uma evolução menos favorável deste indicador. Com

este índice será possível examinar parâmetros sobre as características dos trabalhadores em

cada empresa, assim como a intensidade de tarefas rotineiras consoante o tipo de empresa.

Após este estudo, será aplicada uma regressão linear através de um modelo econométrico

de escolha binária - Probit - onde serão analisadas as variáveis que influenciam este índice e

de que forma (secção III.5).

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III.1 Descrição da Base de Dados

A base de dados dos Quadros de Pessoal utilizada encontra-se disponível na Faculdade de

Economia da Universidade do Porto (FEP) em parceria com o Gabinete de Estratégia e

Estudos do Ministério da Economia (GEE). Esta base é elaborada através de um inquérito

anual e obrigatório fornecido a todas as empresas do setor privado português com, pelo

menos, um trabalhador por conta de outrem (TCO). Os trabalhadores de Administração

Pública, os trabalhadores por conta própria e os trabalhadores familiares não remunerados

não preenchem este inquérito.

Os QP fornecem dados do período de 1985 a 2012 e cobrem então todo o setor privado

em Portugal com, pelo menos, um TCO apresentando características das empresas,

estabelecimentos e respetivos trabalhadores.

Para os anos em estudo e, sem qualquer alteração na base de dados, em 2007 existem

inicialmente 3.224.098 trabalhadores e 354.925 empresas e em 2012 existem 2.617.333

trabalhadores e 274.388 empresas.

Nas características das empresas podem ser encontradas informações sobre o seu ano de

constituição, número de identificação (ID), natureza jurídica, capital social, localização, setor

de atividade (CAE), volume de negócios, número de estabelecimentos e número de

trabalhadores. Nos estabelecimentos é fornecida a informação sobre a que empresa

pertencem, localização, setor de atividade económica (CAE) e número de trabalhadores.

Relativamente aos trabalhadores é reportada a empresa ou estabelecimento onde trabalham,

o seu número de identificação (ID), dados demográficos (nacionalidade, género, data de

nascimento, idade), data de admissão, antiguidade na empresa, data da última promoção,

instrumento de regulamentação coletiva do trabalho (IRCT), habilitações literárias, nível de

qualificação, classificação portuguesa das profissões (CPP), situação na profissão, tipo de

contrato, remunerações auferidas, horas de trabalho semanais.

Como no registo de cada trabalhador, onde cada um tem um número de identificação,

existe também o número de identificação da empresa ou do estabelecimento onde trabalha,

é possível cruzar os dados dos trabalhadores com as respetivas empresas ou

estabelecimentos.

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III.2 Definição e Caracterização da Amostra

Durante a realização da dissertação, nem todos os dados serão analisados. Primeiramente

e, para minimização de erros e/ou enviesamentos dos resultados, foram eliminados dados

duplicados, ou seja, trabalhadores que apresentavam para todas as variáveis analisadas

características exatamente iguais. Foram também excluídos os trabalhadores com erros no

número de identificação e os valores extremos dos salários (outliers), isto é, foram eliminados

os trabalhadores com remunerações 1% mais altas e 1% mais baixas. Eliminaram-se também

as empresas que não possuíam trabalhadores em determinados anos, assim como as

empresas que tiveram vendas nulas e capital social nulo.

De seguida, para o estudo em específico, restringiram-se os indivíduos da amostra ao

intervalo de idades entre os 15 anos e os 64 anos, inclusive.

Foi também necessário gerar algumas variáveis ao nível dos trabalhadores relativas à

idade, género, imigração, nível de escolaridade (educação básica, secundária, pós-secundária

e superior), Classificação Portuguesa das Profissões (CPP) e tipo de tarefas desempenhadas

(tarefas abstratas, rotineiras e manuais já distinguidas na secção II.3 da Revisão de Literatura)

e ao nível das empresas relativas ao seu Código de Atividades Económicas (CAE), tamanho

(microempresas (ME), pequenas e médias empresas (PME) e grandes empresas (GE)) e

localização (regiões a nível NUT II).

Todas as variáveis geradas e utilizadas durante esta dissertação estão apresentadas no

Anexo 5, tabela 10 (variáveis presentes na secção III.3 e III.4) e no Anexo 9, tabela 14

(variáveis presentes na secção III.5).

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III.3 Análise dos Dados

III.3.1 Educação

Desde 2000 que o número de empregos em Portugal tem oscilado. Em 2008, ocorria o

maior pico da taxa de desemprego consequência da crise financeira global e da exposição da

economia Portuguesa à mesma. No entanto, com a ajuda de reformas no mercado de

trabalho, em 2013, a taxa de desemprego acabava por diminuir e o crescimento económico

tornava-se positivo (OCDE, 2015) (ver Anexo 3, figura 15). O emprego em Portugal tem

sido uma preocupação recorrente aos longo dos anos pois, segundo Parente et. al (2014), o

Mercado de Trabalho depende da vitalidade da economia, ou seja, da capacidade de se

preservar e criar empregos e de implementar políticas educativas bem sucedidas.

Relativamente a este último ponto, nestes últimos anos, Portugal atravessou diferentes

dinâmicas económicas, com momentos de expansão e recessão onde existiram diferentes

impulsos para uma maior escolaridade dos jovens. Em 2008 eram obrigatórios nove anos de

escolaridade, em 2009 houve um alargamento para doze anos e havia uma grande motivação

por parte de Portugal em aproximar-se da realidade europeia, de forma a conseguir melhores

resultados na economia e nas empresas (Capucha, 2009; Parente et al., 2014).

Em consequência destas mudanças, será de esperar uma evolução da população em idade

ativa com ensino secundário e ensino superior devido às mudanças ocorridas na regulação

laboral e com a mudança de perspetivas futuras de emprego, pois um maior nível de

escolaridade possivelmente levará a melhores empregos e a procura por parte das empresas

de trabalhadores mais qualificados tem vindo a aumentar (Lima, 2010).

No gráfico 4, está representada a estratificação dos trabalhadores portugueses, tendo em

conta o nível de escolaridade. Mais concretamente, na figura são representadas as

percentagens dos trabalhadores com os diferentes níveis de escolaridade:

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Figura 2 - Níveis de escolaridade dos trabalhadores em percentagem (gráfico criado pela autora com informação retirada dos Quadros de Pessoal)

Como observado na figura 2, cada vez há mais indivíduos a ter o ensino superior como

maior nível de escolaridade completo, tendo havido um decréscimo no Ensino Básico e

Ensino Secundário como máximos níveis de escolaridade. Cada vez mais, após o ensino

secundário, os jovens optam por ingressar no ensino superior com perspetivas de melhores

empregos futuros.

De facto, o investimento em educação em Portugal é altamente justificável para que se

consiga acompanhar a introdução de novas tecnologias e os restantes países mais avançados

(Fonseca et al., 2018).

Adicionalmente, vários autores defendem que no futuro as oportunidades irão surgir em

funções de gestão e para especialistas, o trabalho industrial e o nível de competências exigido

serão totalmente diferentes – empreendedorismo, liderança e engenharia serão das

características mais procuradas – logo os currículos terão de ser adaptados a esta nova

realidade, direcionando a uma formação superior mais vocacionada a estas habilidades

(Rüßmann et al., 2015; Siemens, 2017).

Assim, discriminaram-se os níveis de escolaridade por áreas de formação (ver anexo 6,

tabela 11) onde se pode observar que áreas diretamente relacionadas com os novos

fenómenos da Indústria 4.0 como “Ciência Sociais e do Comportamento”, “Ciências

0

10

20

30

40

50

60

70

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Ensino Básico Ensino Secundário Ensino Pós-Secundário Ensino Superior

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Empresariais”, “Informática” e “Engenharias e Técnicas afins” apresentam um aumento nos

ingressos ao Ensino Superior, principalmente, ao nível da Licenciatura. Como já referido,

apesar de até 2012 ainda não se conseguirem observar os impactos das soluções de i4.0, os

avanços tecnológicos nas empresas e indústrias já aconteciam (mas em menor escala), o que

já se materializou num aumento na escolaridade em, principalmente, áreas relacionadas com

as Ciências Empresarias e Engenharias.

É então de esperar que a procura por estas áreas continue a aumentar pois como defende

Autor (2015), com os novos avanços tecnológicos, nunca houve uma melhor altura para ser

um trabalhador com habilidades especiais ou com a educação correta de forma a usar a

tecnologia como forma de criar e adquirir valor. Pelo contrário, habilidades “comuns” são

facilmente substituídas por tecnologias digitais.

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III.3.2 Emprego

Depois de uma quebra acentuada dos níveis de emprego (e correspondente aumento nos

níveis de desemprego), a partir de 2013 registou-se uma inversão na situação de desemprego

em Portugal (ver Anexo 3, figura 15) e foram criados mais empregos nas Indústrias

Transformadoras, Atividades de Saúde e Apoio Social, Comércio e Atividades ligadas ao

Alojamento, Restauração e similares (turismo) (Mateus, 2017).

Paralelamente às alterações nos postos de trabalho e à introdução continua de novas

tecnologias nas indústrias, nomeadamente, as soluções i4.0, existe uma despesa crescente em

investigação e desenvolvimento (I&D), maioritariamente por parte das Empresas e do

Ensino Superior (figura 3), onde a área das Ciências de Engenharia e Tecnologia tem sido

alvo de maior dinamismo (figura 4). Muitos dos investimentos realizados em I&D têm

acontecido decorrentes de medidas implementadas pela Iniciativa Portugal i4.0 (Deloitte,

2017)13.

Figura 3 - Despesas em I&D (total e por setor) em euros entre 2005-2016 (quebra de série em 2008 e 2013) (gráfico criado pela autora com informação retirada do PorData a 18 de maio de 2018)

13 Para mais informações sobre as medidas implementadas pela Iniciativa Portugal i4.0 consultar o Anexo 4, tabela 9.

0,0

200 000,0

400 000,0

600 000,0

800 000,0

1 000 000,0

1 200 000,0

1 400 000,0

20

05

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

20

16

Empresas Estado Ensino Superior Instituições Privadas sem Fins Lucrativos

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23

Figura 4 - Investigadores em I&D (total e por área científica) em milhares no período 2005-2016 (quebra de série em 2008 e 2013) (gráfico criado pela autora com informação retirada do PorData a 18 de maio de 2018)

Com o apoio dos QP, analisaram-se as CAE – Código de Atividades Económicas a 1 letra

- para os anos 2007 e 2012 onde se agruparam as atividades por diferentes categorias AB, C,

DE, F, G, H, K, M, N e W (ver anexo 7, tabela 12). A última categoria W resultou da junção

de setores pouco relevantes para o assunto desta dissertação ou/e com valores pouco

significativos. A Tabela 1 apresenta as percentagens de empresas em cada setor ou grupo de

setores nos anos 2007 e 2012:

Tabela 1 - % de cada setor ou grupo de setores para os anos 2007 e 2012 (tabela construída pela autora com apoio nos QP)

2007 2012 Variação (pp)

AB 1,71 1,84 0,13

C 27,08 25,06 -2,02

DE 0,82 1,3 0,48

F 12,87 8,38 -4,49

G 20,97 20,43 -0,54

H 5,75 5,68 -0,07

K 2,68 3,16 0,48

M 3,38 4,18 0,8

N 9,24 9,61 0,37

W 15,49 20,37 4,88

0,0

2 000,0

4 000,0

6 000,0

8 000,0

10 000,0

12 000,0

14 000,0

16 000,0

2 0 0 5 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6

Ciências Exactas e Naturais Ciências Médicas e da Saúde

Ciências de Engenharia e Tecnologia Ciências Sociais e Humanidades

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24

Na tabela anterior é possível observar que o setor das indústrias transformadoras (C)

representa uma atividade de grande peso na economia privada, mas este setor juntamente

com o setor da construção (F), do comércio por grosso e retalho (G) e do transporte e

armazenamento (H) sofreram um decréscimo de 2007 para 2012, sendo que a variação destes

últimos dois setores é pouco significativa.

As Indústrias Transformadoras14 serão um setor fortemente atingido pelo fenómeno

Indústria 4.0, tal como esperado pela Estratégia de Fomento Industrial para o Crescimento

e o Emprego 2014-2020 do Governo de Portugal (2013), que prevê um aumento da

representatividade do setor em 2,6 pontos percentuais (p.p.) entre 2015 e 2020. Dado o

dinamismo económico que se espera que este setor venha a registar, para efeitos do estudo

empírico, optou-se por realizar uma análise específica a este setor.

Após filtrar os dados dos Quadros de Pessoal e restringir o estudo ao setor das Indústrias

Transformadoras, pode-se constatar os seguintes dados para os anos 2007 e 2012

representado na Tabela 2:

14 O setor das Indústrias Transformadoras é representado por indústrias alimentares, de bebidas, tabaco, vestuário, couro, madeira, cortiça (exceto mobiliário) e fabricação de obras de cestaria e espartaria, pasta, papel, cartão, impressão e reprodução de suportes gravados, coque, produtos petrolíferos refinados e de aglomerados de combustíveis, produtos químicos e fibras sintéticas ou artificiais (exceto produtos farmacêuticos), produtos farmacêuticos, artigos de borracha e matérias plásticas, outros produtos minerais não metálicos, indústrias metalúrgicas de base, fabricação de produtos metálicos (exceto máquinas e equipamentos), equipamentos informáticos, equipamentos para comunicações e produtos eletrónicos e óticos, equipamento elétrico, máquinas e equipamentos, veículos automóveis, reboques, semirreboques e componentes para veículos automóveis, outros equipamentos de transporte, fabricação de mobiliário e de colchões, outras.

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25

Tabela 2 - Dados sobre o setor das Indústrias Transformadoras para o ano 2007 e 2012 (tabela criada pela autora com apoio nos QP)

2007 2012

Número de Empresas com CAE1l = “C” 29.166 24.501

Número de Trabalhadores em Empresas

com CAE1l = “C”

655.418 531.190

Número médio de Trabalhadores por

Empresa

22,47 21,68

Número mínimo de Trabalhadores por

Empresa

1 1

Número máximo de Trabalhadores por

Empresa

3.375 3.970

Nos anos de 2007 e 2012, os dados fornecidos pelos QP são semelhantes, sendo apenas

observável um decréscimo no número de empresas e respetivos trabalhadores representados

nestes anos. A evolução negativa destes fatores pode ser justificada tendo em conta que os

anos em estudo correspondem aos anos de crise em Portugal. Analisando a figura 5, pode-

se observar um decréscimo acentuado do número total de empresas em Portugal,

nomeadamente, entre 2008 e 2012.

Figura 5 - Total de Empresas (milhares) entre 2005-2016 (quebra de série em 2008) (gráfico criado pela autora com informação retirada do PorData a 08 de Setembro de 2018)

950 000

1000 000

1050 000

1100 000

1150 000

1200 000

1250 000

1300 000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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26

Se se discriminar o número total de empresas por setor, no setor das Indústrias

Transformadoras, representado na figura 6, é também observável uma diminuição no

número de empresas no período em estudo, chegando-se às mesmas conclusões retiradas

dos QP.

Figura 6 - Empresas do setor das Indústrias Transformadoras (milhares) entre 2005-2016 (quebra de série em 2008) (gráfico criado pela autora com informação retirada do PorData a 08 de Setembro de 2018)

Com a crise, muitas empresas foram afetadas e tiveram como principais problemas, a

incapacidade de pagamento dos clientes e a queda da procura. Assim, foram inevitáveis

medidas de redução de trabalhadores através de, principalmente, congelamento de

contratações, não renovação de contratos a prazo e despedimentos individuais (Martins,

2016). Os resultados destas medidas são visíveis na tabela 2 com o decréscimo de

trabalhadores no setor das Indústrias Transformadoras e a média de trabalhadores por

empresa neste setor.

Apesar de o número máximo de trabalhadores por empresa aumentar de 3375 para 3970,

os impactos da crise foram maioritariamente sentidos por empresas mais pequenas, sendo

este aumento visualizado nas grandes empresas.

0

20 000

40 000

60 000

80 000

100 000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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27

III.4 Análise de Dados e Estudo Empírico

III.4.1 Polarização do Emprego

Como já referido anteriormente na Secção II.3, o fenómeno de Polarização do Emprego

tem vindo a ser referido como uma nova realidade pelos mais variados autores e é de esperar

que com a cada vez maior implementação das tecnologias digitais, mais este fenómeno se

venha a salientar. De uma forma geral, o aumento do uso de tecnologias de informação nos

Estados Unidos, na Europa e na Austrália tem efetivamente coincidido com este fenómeno

(Borland e Coelli, 2017).

Assim, neste capítulo, irá ser realizado um estudo sobre a Polarização do Emprego em

Portugal, onde primeiramente os trabalhadores presentes nos QP irão ser distinguidos por

cada tipo de tarefas – Rotineira (Rotineira Cognitiva e Rotineira Manual), Abstrata e Manual

- com apoio do artigo Fonseca et al., (2018). A discriminação realizada para esta dissertação

está representada no Anexo 8, tabela 13 e, como referido anteriormente, irá ser analisado

apenas o setor das Indústrias Transformadoras.

Após serem categorizadas as tarefas apresentadas nos QP como Tarefas Rotineiras,

Abstratas e Manuais em cada empresa, foi possível calcular as percentagens de trabalhadores

a desempenhar cada tipo de tarefas de uma forma global para toda a base de dados, em 2007

– 61,5% são tarefas rotineiras (das quais 79,92% são rotineiras manuais e 21,67% são

rotineiras cognitivas), 29,63% são tarefas manuais e 8,9% são tarefas abstratas - e em 2012 –

55,44% são tarefas rotineiras (das quais 84,4% são rotineiras manuais e 17,35% são rotineiras

cognitivas), 26,9% são tarefas manuais, 17,65% são tarefas abstratas (Figura 7).

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Figura 7 - % de Tarefas Totais Rotineiras, Manuais e Abstratas para os anos de 2007 e 2012 (gráfico criado pela autora com apoio dos Quadros de Pessoal)

Com estes valores é observável um decréscimo dos trabalhadores a desempenhar tarefas

rotineiras e um aumento de trabalhadores afetos a tarefas abstratas. Estes resultados já seriam

de esperar devido à possível substituição ou deslocação dos trabalhadores afetos a tarefas

rotineiras (como por exemplo, os trabalhadores numa linha de produção) em resultado da

introdução de novas tecnologias digitais de nova geração ou outras tecnologias diferentes das

utilizadas por uma dada empresa (por exemplo, digitalização dos processos de uma linha de

produção ou implementação de automação) e a procura por trabalhadores afetos a tarefas

abstratas, mais qualificados e mais formados nas áreas de IT ou de gestão para a introdução

destas mudanças nas empresas.

Para uma análise mais específica e, como existem empresas com dimensões diferentes,

efetuou-se uma divisão entre Microempresas (ME), Pequenas e Médias Empresas (PME) e

as Grandes Empresas (GE), ou seja, se o número de trabalhadores for inferior a 10, é uma

ME, se for igual ou superior a 10 mas inferior a 250 trabalhadores é uma PME, se for igual

ou superior a 250 é uma GE15. No gráfico seguinte consegue-se perceber a variação entre

tarefas no ano de 2007 e 2012 para os três tipos de empresa. De uma forma geral, as ME e

as PME já possuíam menos trabalhadores rotineiros e menos trabalhadores abstratos do que

as GE, no entanto, existem mais trabalhadores abstratos nas ME do que nas PME pois para

essas microempresas funcionarem, têm de ser viáveis economicamente e, se contam com

15 Informação retirada do artigo 100º do Código do Trabalho.

% Tarefas em 2007

Tarefas Rotineiras Tarefas Manuais

Tarefas Abstratas

% Tarefas em 2012

Tarefas Rotineiras Tarefas Manuais

Tarefas Abstratas

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29

poucos trabalhadores, devem desenvolver um conjunto amplo de atividades (incluindo

atividades abstratas) necessárias ao bom funcionamento dessa microempresa.

De 2007 para 2012, houve uma diminuição idêntica de trabalhadores rotineiros nos três

tipos de empresas e também um aumento semelhante dos trabalhadores abstratos, mas nas

GE houve um aumento ligeiramente superior de trabalhadores abstratos comparativamente,

principalmente, às ME. As GE contam com mais capital para investir em novas tecnologias

e em recursos humanos mais especializados ou formações para os trabalhadores atuais, no

entanto, a maior necessidade de crescimento das PME impulsiona ao investimento de novos

processos e a uma melhor resposta às mudanças nos mercados, possivelmente, mais

rapidamente que nas GE (OCDE, 2000). De facto, na figura 9 é observável uma taxa de

investimento16 significativa por parte das Indústrias Transformadoras nos intervalos de 2007

a 2008 e de 2010 a 2011 e, como mostra a figura 10 (que representa a taxa de investimentos

das PME e GE do total dos setores), apesar de ter havido um decréscimo entre 2008 e 2012,

existe investimento por parte das PME e das GE.

Relativamente aos trabalhadores afetos a tarefas manuais, esta variável registou uma maior

variação nas GE.

Figura 8 - % de Tarefas Rotineiras, Manuais e Abstratas consoante tamanho das empresas em 2007 e 2012 (gráfico construído pela autora com apoio dos Quadros de Pessoal)

16 A taxa de investimento é um indicador do esforço realizado por uma empresa para aumentar a sua capacidade de produção (por exemplo, aquisição de máquinas ou de outros equipamentos para a empresa) (informação complementar aos dados da figura 9 retirados do PorData a 11 de setembro de 2018).

0

10

20

30

40

50

60

70

ME PME GE ME PME GE

2007 2012

T. Rotineiras T. Manuais T. Abstratas

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30

Figura 9 – Taxa de investimentos das Indústrias Transformadoras no período de 2005 a 2016 (quebra de série em 2008) (gráfico criado pela autora com dados retirados do PorData a 11 de setembro de 2018)

Figura 10 – Taxa de investimentos de PME e GE no período de 2005 a 2016 (quebra de série em 2008) (gráfico criado pela autora com dados retirados do PorData a 11 de setembro de 2018)

Após a discriminação de todas as tarefas, é possível calcular o índice de intensidade das

tarefas rotineiras (RTI) referido no Capítulo anterior.

Este índice é calculado através da seguinte fórmula:

𝑹𝑻𝑰𝒌 = 𝐥𝐧(𝑻𝒌,𝒂𝑹 ) − 𝐥𝐧(𝑻𝒌,𝒂

𝑴 ) − 𝐥𝐧(𝑻𝒌,𝒂𝑨 ) (1),

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Indústriastransformadoras

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

PME

GE

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31

onde 𝑻𝒌,𝒂𝑹 , 𝑻𝒌,𝒂

𝑴 e 𝑻𝒌,𝒂𝑨 representam, respetivamente, as tarefas rotineiras, tarefas manuais e

tarefas abstratas para cada ocupação k no ano a.

Neste índice, são criados grupos de ocupações discriminados pelo tipo de tarefas

incluídas, ou seja, para cada grupo criado, são analisadas as tarefas rotineiras, manuais e

abstratas correspondentes de forma a se conseguir concluir sobre o impacto de cada uma

delas e chegar ao índice de intensidade de tarefas rotineiras. Quando o RTI apresenta valores

negativos, as ocupações apresentadas são maioritariamente inerentes a tarefas manuais e/ ou

abstratas mas, pelo contrário, quando indica valores positivos, as ocupações têm um número

superior de tarefas rotineiras (Autor e Dorn, 2013).

No entanto, nesta dissertação, o RTI irá ser adaptado para que a variação no grau de

rotina das tarefas seja avaliada ao nível da empresa (entre 2007 e 2012) – em vez de ser para

cada grupo de ocupações, ou seja, ficará:

𝑹𝑻𝑰𝒆 = 𝐥𝐧(𝑻𝒆,𝒂𝑹 ) − 𝐥𝐧(𝑻𝒆,𝒂

𝑴 ) − 𝐥𝐧(𝑻𝒆,𝒂𝑨 ) (2),

onde 𝑻𝒆,𝒂𝑹 , 𝑻𝒆,𝒂

𝑴 e 𝑻𝒆,𝒂𝑨 representam, respetivamente, as tarefas rotineiras, tarefas manuais e

tarefas abstratas para cada empresa e no ano a.

Uma razão para esta alteração no índice foi o facto de recentemente ter sido realizado um

estudo ao nível das ocupações para Portugal por Fonseca et al. (2018).

Para se chegar ao valor destas tarefas, primeiramente, definiram-se todas as ocupações

dos trabalhadores presentes nos dados por rotineiras, manuais ou abstratas (ver anexo 8,

tabela 13). Para tal foram criadas três variáveis dummy - abstrata, rotineira e manual – onde

cada trabalhador estava alocado a cada uma (por exemplo, um trabalhador afeto à ocupação

“diretor” estava definido como um trabalhador de tarefas abstratas e por aí em diante).

Posteriormente, para cada empresa, somaram-se todos os trabalhadores alocados à mesma

e, consequentemente, ficaram revelados o total de trabalhadores por empresa e o total de

trabalhadores por tarefa por empresa. Uma vez calculado o total de trabalhadores por tarefa

por empresa, tornou-se possível calcular o índice ao nível da empresa.

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Desta forma e, com os dados dos QP, foi possível calcular o RTI para cada empresa17

com as densidades para 2007 e 2012 representadas na figura 11 e 12, respetivamente e

obtiveram-se as informações representadas na Tabela 3:

Figura 11 - Densidade do RTI no ano 2007 (gráfico criado pela autora com apoio nos QP)

Figura 12 - Densidade do RTI no ano 2012 (gráfico criado pela autora com apoio nos QP)

Como observável nas figuras 11 e 12, de um ano para o outro o número de empresas com

RTI>0 diminuiu e o número de empresas com RTI≤0 tem vindo a aumentar, havendo uma

maior distribuição dos dois tipos de empresa. Ainda assim, a distribuição das empresas em

17 Para algumas empresas os dados eram escassos relativamente aos trabalhadores (por exemplo, empresas que só tinham um trabalhador associado) e acontecia não existirem dados para alguns tipos de tarefas. Tal situação levava a um log nulo que não permitia o cálculo do índice. Assim, somou-se a todas as tarefas o valor 0,01 de forma a não existirem valores nulos e não se perderem dados importantes para os resultados finais.

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função do seu RTI não é simétrica, registando-se um maior número de empresas com RTI

positivo do que negativo (sobretudo em 2007).

Tabela 3 - RTI média e número de empresas para RTI negativa e positiva (tabela construída pela autora com apoio nos Quadros de Pessoal)

2007 2012

RTI média 2,45 1,7

Número de Empresas com RTI≤0 10295 10927

Número de Empresas com RTI>0 18871 13574

Com esta tabela observa-se um decréscimo da RTI, como esperado, pois as empresas

começam a ter um índice de intensidade de tarefas rotineiras inferior com a introdução de

novas tecnologias, ou seja, com o decréscimo do número de trabalhadores afetos a tarefas

rotineiras. Relativamente ao número de empresas, com RTI nulo ou negativo, houve um

ligeiro aumento de 606 empresas representadas nos QP e, com RTI positivo, houve um

decréscimo bastante significativo em 5271 empresas representadas.

Segundo Fonseca et al. (2018), a polarização do emprego em Portugal tem sido

impulsionada pela tecnologia de uma forma subtil, no entanto, o estudo destes autores

remete ao período temporal de 1985 a 2007 e, com a introdução de novas tecnologias que

tem ocorrido nos últimos anos, com especial destaque a partir da introdução de soluções

i4.0, esse impulso já deve acontecer com uma maior relevância.

Para uma análise mais específica, dividiram-se as empresas da amostra em dois segmentos:

as que apresentam valores negativos ou nulos e as que apresentam valores positivos pois,

como referido anteriormente, com um RTI nulo ou negativo, as tarefas desempenhadas pelos

trabalhadores são maioritariamente abstratas e/ou manuais, mas se o RTI foi positivo, as

tarefas dos trabalhadores são maioritariamente rotineiras. Assim, torna-se importante esta

separação para se conseguir analisar as variáveis consoante uma maior presença de tarefas

rotineiras ou não que vão levar a concluir sobre uma possível Polarização do Emprego.

Na tabela 4 estão identificadas a média por empresa, do número de trabalhadores, de

mulheres, de imigrantes e de trabalhadores com ensino superior consoante o RTI seja

negativo/nulo ou positivo:

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Tabela 4 - Dados relativos aos trabalhadores, mulheres, imigrantes e formados com ensino superior com uma RTI positiva e negativa para 2007 e 2012 (tabela construída pela autora com apoio nos Quadros de Pessoal)

2007 2012

RTI≤0 RTI>0 RTI≤0 RTI>0

Média de Trabalhadores

por empresa

34,11 16,11 31,09 14,1

Média de Mulheres por

empresa 10,09 7,96 9,96 7,12

Média de imigrantes por

empresa 0,84 0,28 0,71 0,21

Média de Trabalhadores

com Ensino Superior por

empresa

2,5 0,47 3,12 0,47

Através da tabela 4 é possível observar, de 2007 para 2012, um decréscimo no número de

trabalhadores em geral, mulheres e imigrantes em empresas com o índice de intensidade de

tarefas rotineiras nulo ou negativo e em empresas com índice positivo. Como observado

anteriormente, houve um aumento no número de empresas com RTI nulo ou negativo de

um ano para outro, logo pode significar a saída de alguns trabalhadores das empresas em

questão derivado da implementação de novos processos digitais ou autónomos, levando ao

decréscimo observado das médias referente às três primeiras variáveis. Já o decréscimo

perante o RTI positivo pode ser justificado pelo decréscimo das empresas representadas. Na

média de trabalhadores com ensino superior, é possível observar um aumento de 2,5 para

3,12 em empresas com índice nulo ou negativo, o que já era de esperar, pois empresas com

menos tarefas rotineiras, necessitam de pessoal mais qualificado e especializado, havendo

uma maior procura por trabalhadores com ensino superior.

Na tabela 5 estão representados os trabalhadores por ocupação consoante o RTI seja

negativo ou positivo:

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Tabela 5 - Dados relativos aos trabalhadores por profissão (média de trabalhadores com essas profissões por empresa) com uma RTI positiva e negativa para 2007 e 2012 (tabela construída pela autora com apoio nos Quadros de Pessoal)

2007 2012

RTI≤0 RTI>0 RTI≤0 RTI>0

Diretores e Executivos 0,72 0,28 0,83 0,32

Especialistas 1,17 0,14 1,58 0,19

Técnicos 3,31 0,59 3,87 0,6

Trabalho Administrativo 2,99 1,23 2,68 1,02

Serviços Pessoais e

Segurança 0,39 0,21 0,31 0,12

Atividades de Agricultura 0,18 0,012 0,11 0,008

Atividades de Indústria,

Construção e Artificies 10,7 8,12 8,89 5,24

Operadores de

instalações, máquinas e

montagem

7,69 2,82 6,95 4,57

Trabalhadores Manuais

Qualificados 3,97 0,76 3,66 0,51

Relativamente às profissões que cada trabalhador exerce dentro deste setor, consegue-se

observar um aumento de “diretores e executivos”, “especialistas” e “profissionais” e uma

diminuição perante as restantes. Como apresentado no Anexo 8, tabela 12, estas três

profissões são classificadas como tarefas abstratas, ou seja, tarefas inerentes a maiores

qualificações e especializações logo mais procuradas pelas empresas atualmente mais

tecnológicas.

As restantes profissões são divididas por tarefas manuais ou rotineiras onde as primeiras

continuam a ser procuradas pela necessidade pois, como visto na secção II.3 da Revisão de

Literatura, estas tarefas não são simples de rotinização pois implicam fatores a que as

máquinas ou sistemas digitais não conseguem chegar. Já as tarefas rotineiras, como referido

nessa mesma secção, tendem a diminuir com os avanços tecnológicos.

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Por última, na tabela 6 estão apresentados as médias dos trabalhadores por região NUT

II (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve e ilhas) para os dois grupos de empresas em

confronto (isto é, empresas com RTI ≤0 e empresas com RTI>0):

Tabela 6 - Dados relativos aos trabalhadores por NUT II com uma RTI positiva e negativa para 2007 e 2012 (tabela construída pela autora com apoio nos Quadros de Pessoal)

2007 2012

RTI≤0 RTI>0 RTI≤0 RTI>0

Média de Trabalhadores

por empresa no Norte

13,45 8,99 12,9 8,74

Média de Trabalhadores

por empresa no Centro 8,89 3 8,73 2,3

Média de Trabalhadores

por empresa em Lisboa 6,34 1,3 5,47 0,93

Média de Trabalhadores

por empresa no Alentejo 1,59 0,51 1,45 0,45

Média de Trabalhadores

por empresa no Algarve 0,26 0,11 0,14 0,09

Média de Trabalhadores

por empresa nas Ilhas 0,6 0,25 0,18 0,07

Esta análise pretende avaliar a existência de uma possível correlação entre as empresas

com menores ou maiores níveis de rotinização e as regiões com universidades mais

procuradas pelos estudantes, com mais centros de investigação (nomeadamente a nível de

IT), incubadoras de startups ou com as maiores indústrias do país que são, maioritariamente,

o Norte, Centro e Lisboa.

A tabela revela uma diminuição de 2007 para 2012 de todas as variáveis por razões já

justificadas aquando a análise da tabela 4. Alheio a esse decréscimo, como se esperava, existe

uma maior presença na região Norte, seguida da região Centro e, por último, Lisboa. Essa

presença é refletida tanto para empresas com um RTI nulo/negativo, como com um RTI

positivo, no entanto, as primeiras têm uma maior frequência.

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37

III.5 Modelo Econométrico

III.5.1 Especificação do Modelo

Após o cálculo e análise do RTI nas empresas do setor das Indústrias Transformadoras e

de algumas variáveis consoante o efeito nulo/negativo ou positivo deste índice, falta analisar

alguns possíveis determinantes que influenciam o comportamento deste índice e assim

identificar possíveis fatores conducentes da Polarização do Emprego de 2007 para 2012 já

descoberta anteriormente. Tendo em vista este objetivo, vai ser aplicado um modelo

econométrico de escolha binária denominado Probit, no qual se procura identificar as

determinantes da probabilidade de as empresas apresentarem RTI nulo ou negativo.

Como já analisado anteriormente, o 𝑅𝑇𝐼𝑒 analisa o tipo de tarefas dentro de uma empresa

e, ao longo da dissertação, conclui-se que se o RTI for nulo ou negativo, significa que há uma

menor presença de tarefas rotineiras e uma maior presença de tarefas abstratas e/ou manuais,

mas se for positivo sucede-se o oposto. Se o número de tarefas rotineiras diminuir e as tarefas

abstratas e manuais se mantiverem ou aumentarem numa dada empresa estamos perante uma

situação de Polarização do Emprego.

Assim, assume-se que o 𝑅𝑇𝐼𝑒 depende das tarefas rotineiras de cada empresa e, que pode

ser expresso por:

𝑅𝑇𝐼𝑒∗ =𝑿𝒆𝜷 + 𝑢𝑒 (3)

onde 𝑿𝒆 é o vetor das variáveis explicativas, 𝜷 é o vetor dos coeficientes desconhecidos e o

𝑢𝑒é a perturbação aleatória.

Para o estudo desta dissertação o modelo especificado será o seguinte18:

𝑅𝑇𝐼𝑒∗ =𝛽1 + 𝛽2𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 + 𝛽3𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

2 + 𝛽4𝑝𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟 + 𝛽5𝑝𝑖𝑚𝑖𝑔 + 𝛽6𝑝𝑒𝑑𝑠𝑒𝑐 +

𝛽7𝑝𝑒𝑑𝑝𝑠𝑒𝑐 + 𝛽8𝑒𝑑𝑝𝑠𝑢𝑝 + 𝛽9𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓1 + 𝛽10𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓2 + 𝛽11𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓3 + 𝛽12𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓4 +

𝛽13𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓5 + 𝛽14𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓7 + 𝛽15𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓8 + 𝛽16𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓9 + 𝛽17𝑑𝑝𝑚𝑒 + 𝛽18𝑑𝑔𝑒 +

𝛽19𝑑𝑛𝑜𝑟𝑡𝑒 + 𝛽20𝑑𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 + 𝛽21𝑑𝑙𝑖𝑠𝑏𝑜𝑎 + 𝛽22𝑑𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒𝑗𝑜 + 𝛽23𝑑𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠 + 𝑢𝑒(3.1)

18 As variáveis presentes nesta regressão estão descritas em detalhe na próxima secção.

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38

Mais precisamente, para efeitos deste estudo, o modelo é estimado tendo como unidade

de análise a empresa. A variável dependente 𝑅𝑇𝐼𝑒∗ é uma variável latente que representa a

utilidade de uma empresa ter uma intensidade das tarefas rotineiras nula ou negativa. Assim,

define-se uma variável binária 𝑅𝑇𝐼𝑒 que assume o valor 1 se a 𝑅𝑇𝐼𝑒∗ da empresa é negativa e

assume o valor 0 se a 𝑅𝑇𝐼𝑒∗ é positiva:

𝑅𝑇𝐼𝑒 = {1, 𝑅𝑇𝐼𝑒

∗ ≤ 00, 𝑅𝑇𝐼𝑒

∗ > 0 (3.2)

Os modelos de escolha binária que vai ser utilizado, o Probit, é estimado pelos Método da

Máxima Verosimilhança (ML) que permite perceber como cada variável explicativa afeta a

probabilidade de um evento ocorrer. As estimativas do método ML são os valores dos

parâmetros que têm uma maior probabilidade de gerar uma amostra de dados observáveis se

as suposições do modelo forem verdadeiras (Long e Freese, 2001).

A probabilidade estimada de uma empresa ter um RTI≤ 0 é então dada por:

F(𝑿𝒆′𝜷) = Pr[𝑅𝑇𝐼𝑒 = 1|𝑋𝑒̂ ] = Pr[𝑿𝒆�̂� + 𝑢𝑒 > 0] = Pr[−𝑢𝑒 < 𝑿𝒆𝜷] = ɸ(𝑿𝒆

′𝜷) (4)

onde 𝑢𝑒 representa o termo de perturbação, que se assume seguir uma distribuição normal

reduzida, o que significa que ɸrepresenta uma função de distribuição normal definida como,

ɸ(𝑥) = ∫1

√2𝜋𝑒−

1

2𝑡2𝑑𝑡

𝑥

−∞ (4.1)

Um problema da aplicação do modelo Probit surge na interpretação das estimativas

obtidas. Após a aplicação deste modelo, só se pode avaliar as estimativas pelo sinal observado

(positivo ou negativo) e não pelos valores diretamente. Assim, após o cálculo do modelo

Probit no programa STATA, terão de ser calculados os seus efeitos marginais (Wooldridge,

2012). O efeito marginal de uma j-ésima variável explicativa é dado por:

𝑑𝑃[𝑅𝑇𝐼𝑒=1|𝑋𝑒]

𝑑𝑋𝑒,𝑗=

𝑑𝐹(𝑋𝑒′𝛽)

𝑑𝑋𝑒′𝛽

𝛽𝑗 (5)

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39

III.5.2 Descrição das variáveis

Tendo em consideração as análises de dados apresentada ao longo deste trabalho, no vetor

de regressões 𝑿𝒆 foram escolhidas as variáveis representadas no anexo 9, tabela 14 – idade

(𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒, 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒2), género (𝑝𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟), nacionalidade (𝑝𝑖𝑚𝑖𝑔), educação (𝑝𝑒𝑑𝑠𝑒𝑐, 𝑝𝑒𝑑𝑝𝑠𝑒𝑐,

𝑝𝑒𝑑𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟), profissão (𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓1 , 𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓2 , 𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓3 , 𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓4 , 𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓5 , 𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓7 , 𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓8 ,

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓9 ), tamanho da empresa (𝑑𝑝𝑚𝑒, 𝑑𝑔𝑒) e região da empresa (𝑑𝑛𝑜𝑟𝑡𝑒 , 𝑑𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 ,

𝑑𝑙𝑖𝑠𝑏𝑜𝑎, 𝑑𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒𝑗𝑜, 𝑑𝑖𝑙ℎ𝑎𝑠).

Como a regressão é aplicada ao nível da empresa, foi criada uma variável para idade média

dos trabalhadores de cada empresa, tendo-se incluindo também esta variável ao quadrado.

Para a idade média espera-se um efeito negativo, pois estas empresas irão procurar pessoal

mais jovem e qualificado e com o aumento da média de idades, a probabilidade de uma

empresa ter um RTI≤0 será cada vez menor, por isso o uso do 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒2.

Para as variáveis género, nacionalidade, educação e profissão, como eram variáveis das

características dos trabalhadores, foi necessário desenvolver um processo de agregação de

dados por forma a obter informação agregada ao nível das empresas onde esses trabalhadores

estão inseridos. Para o efeito, foram geradas umas novas variáveis que representam a

percentagem de mulheres, percentagem de imigrantes, percentagem de trabalhadores

consoante o seu nível de escolaridade e percentagem de trabalhadores consoante a sua

profissão, por empresa.

Nesta regressão, espera-se que tanto para as percentagens de mulheres como para as

percentagens de imigrantes um efeito negativo, uma vez que, como se viu anteriormente na

secção III.4.1, houve um decréscimo na média de mulheres e de imigrantes nas empresas

analisadas de 2007 e 2012 apesar que, no caso desta última variável, apenas se ter registado

um decréscimo pouco significativo.

Em relação à variável da educação, espera-se que a percentagem de trabalhados com

educação pós-secundária (𝑝𝑒𝑑𝑝𝑠𝑒𝑐) ou com educação secundária (𝑝𝑒𝑑𝑠𝑒𝑐) tenha um efeito

negativo e com educação superior (𝑝𝑒𝑑𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟) tenha um efeito positivo, uma vez que se

espera que as empresas com RTI≤0 tenham uma maior procura por indivíduos mais

qualificados e especializados, nomeadamente, indivíduos com uma formação superior numa

dada área, principalmente em áreas de gestão e engenharias, como previsto na secção III.3.1.

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40

A variável profissão tem um efeito esperado positivo nas áreas de gestão, mais especializas

e mais técnicas, definidas anteriormente como tarefas abstratas: “diretores e executivos”

(𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓1), “especialistas” (𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓2) e “técnicos” (𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓3), assim como nas áreas manuais

de “serviços pessoais e de segurança” (𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓5) e “atividades de indústria, construção e

artificies” ( 𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓7 ) definidas como tarefas manuais. Nas restantes (“trabalho

administrativo” (𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓4), “operadores de instalações, máquinas e montagens” (𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓8) e

“trabalhadores manuais qualificados” (𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓9)), espera-se um efeito negativo.

A variável da região é uma variável dummy e é esperado que para as regiões com maior

número de empresas e com maiores centros de investigação, como o Norte, Centro e Lisboa,

exista um efeito esperado positivo. Em relação às restantes variáveis, possivelmente, irão ter

um menor efeito no índice, mas como na secção III.4.1 a informação sobre estas regiões é

bastante limitada, é difícil prever.

Por último, a variável do tamanho das empresas também é uma variável dummy e seria de

esperar que estes tipos de empresas, PME e GE, tivessem um efeito positivo, no entanto, na

secção III.4.1, pode-se observar na figura 10, que os anos em estudo não foram dos melhores

anos de investimentos, excetuando dois picos no setor das Indústrias Transformadores entre

2007 e 2008 e 2011 e 2012 (figura 9), mas os tipos de empresas que realizaram esses

investimentos não são conhecidas.

Neste caso, para efeitos de avaliação dos coeficientes de uma forma eficiente, em todos

os conjuntos de variáveis será omitida uma categoria, nomeadamente, a educação pós-

secundária na escolaridade, as “atividades de agricultura” nas profissões, o Algarve nas

regiões e as microempresas (ME) no tamanho da empresa.

Os resultados do modelo econométrico serão apresentados na secção seguinte.

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41

III.5.3 Resultados

A regressão econométrica assente na especificação do modelo Probit anteriormente

apresentado foi estimada para cada um dos anos 2007 e 2008. Os resultados da estimação

estão apresentados na tabela seguinte:

19Tabela 7 - Resultados da Estimação Probit da probabilidade de a empresa ter um índice negativo de

rotinização: a variável dependente 𝑅𝑇𝐼𝑒 = 1 (tabela construída pela autora e regressão Probit calculada no programa econométrico STATA com dados dos QP)

Variável 2007 2008

Idade

𝐈𝐝𝐚𝐝𝐞𝟐

-0.0265***

(0.00504)

0.0004***

(0.00007)

-0.1169**

(0.00604)

0.0003***

(0.00008)

Género

Mulher

-2.8026***

(0.04377)

-2.2041***

(0.04535)

Nacionalidade

Imigrante

0.4245***

(0.10589)

0.5604***

(0.13262)

Escolaridade

Educação Secundária

Educação Pós-Secundária

Educação Superior

Categoria Omitida: Educação Básica

0.3867

(0.43042)

0.2593***

(0.06213)

0.8377***

(0.11640)

-0.1018

(0.10332)

-0.0520

(0.10333)

0.7431***

(0.12495)

19 (i) Os asteriscos *, ** e *** correspondem aos níveis de significância de 1%, 5% e 10%, respetivamente. As

variáveis com valores que não contém nenhum asterisco, não são estatisticamente significativas.

(ii) Os valores apresentados correspondem às estimativas dos coeficientes e respetivos desvios padrão entre

parenteses.

(iii) Para mais informações sobre as variáveis, consultar o Anexo 9, tabela 14.

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42

(continuação da tabela 7)

Profissão

Diretores e Executivos

Especialistas

Técnicos

Trabalho administrativo

Serviços pessoais e de segurança

Atividades de indústria, construção e

artificies

Operadores de instalações, máquinas

e montagens

Trabalhadores manuais qualificados

Categoria Omitida: Atividades de

Agricultura

2.7271***

(0.10927)

2.1274***

(0.20366)

0.7454***

(0.10942)

-3.0133***

(0.13642)

2.0050***

(0.10738)

-0.2659***

(0.08211)

-2.2647***

(0.10143)

2.2666***

(0.10461)

2.0131***

(0.11579)

3.1659***

(0.20862)

2.7326***

(0.1281)

-3.1324***

(0.14189)

1.7633***

(0.13604)

-0.2406**

(0.09533)

-2.1624***

(0.11058)

2.7745***

(0.11845)

Variáveis Dummy para NUT II

Norte

Centro

Lisboa

Alentejo

Ilhas

Categoria Omitida: Algarve

0.0134***

(0.00048)

0.0185***

(0.00062)

0.0185***

(0.00089)

0.0181***

(0.01272)

0.0118***

(0.00137)

0.0157***

(0.00059)

0.0216***

(0.00081)

0.0173***

(0.00109)

0.01645***

(0.00137)

0.0234***

(0.00517)

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(continuação da tabela 7)

Tamanho da Empresa

PME

GE

Categoria Omitida: ME

0.1246***

(0.02318)

-1.6015***

(0.18467)

0.0727***

(0.02509)

-2.6263***

(0.22757)

Constante 0.4547***

(0.06279)

0.14066***

(0.07128)

Número de Observações

Likelihood Ratio: LR 𝒒𝒖𝒊𝟐(24)

(Prob>𝒒𝒖𝒊𝟐)

Pseudo 𝑹𝟐

29166

12793.89

(0.0000)

0.3378

24501

12598.51

(0.0000)

0.3741

Para ambos os anos, 2007 e 2012, as estimativas são feitas sobre as amostras completas,

𝑁2007=29166 e 𝑁2012=24501. Estas estimações foram realizadas através do programa

econométrico STATA e ambas convergiram em seis iterações com um log likelihood de -

12539.709 e -10540.277 para 2007 e 2012, respetivamente. O log likelihood é sempre um valor

negativo porque a própria probabilidade apresentada na regressão é sempre entre 0 e 1 (Long

e Freese, 2001)

Nos resultados obtidos com o teste ML, os dois anos têm em comum a variável “educação

secundária” como uma variável não significativa, que se vai optar por ignorar. No ano de

2012, também a variável e “educação pós-secundária” é estatisticamente não significativa.

Aquando a estimação destas regressões, também são dadas algumas informações gerais

sobre o modelo apresentadas na última linha da tabela 7. O likelihood ratio (ou rácio de máxima

verosimilhança) é o valor do qui-quadrado da razão de verosimilhança (que testa a hipótese

nula de que todos os coeficientes associados às variáveis independentes são simultaneamente

iguais a zero (Long e Freese, 2001)) e, neste caso, a estatística do teste é 12793.89 e 12598.51

para o ano de 2007 e 2012, respetivamente.

Na linha abaixo é apresentado o p-value desse teste (0.0000) e como é inferior a qualquer

nível de significância (1%, 5% ou 10%) significa que o modelo é estatisticamente

significativo. Por fim, é apresentado o pseudo 𝑹𝟐 (também conhecido como 𝑹𝟐 de

McFadden) com valores 0.3378 (aproximadamente 34%) e 0.3741 (aproximadamente 37%)

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para os anos 2007 e 2012, respetivamente, contudo, contrariamente ao 𝑹𝟐 determinado em

regressões OLS, o pseudo 𝑹𝟐 não tem uma interpretação imediata.

Como já referido na secção III.5.1, em conjunto com a regressão realizada pelo modelo

econométrico Probit, serão também calculados os efeitos marginais médios (tabela 8) para

uma análise mais fina do impacto dos principais determinantes que afetam a probabilidade

de uma empresa apresentar um RTI≤0.

20Tabela 8 - Efeitos Marginais Médios da estimação Probit da probabilidade de a empresa ter um índice de

intensidade de tarefas rotineiras negativo: a variável dependente 𝑅𝑇𝐼𝑒 = 1 (tabela construída pela autora e efeitos marginais calculados no programa econométrico STATA com dados dos QP)

Variável 2007 2012

Idade

𝐈𝐝𝐚𝐝𝐞𝟐

-0.0064***

(0.00122)

0.0001***

(0.00003)

-0.0028***

(0.00147)

0.0007***

(0.00002)

Género

Mulher

-0.6813***

(0.00829)

-0.5365***

(0.00939)

Nacionalidade

Imigrante

0.1032***

(0.02572)

0.1364***

(0.03224)

Escolaridade

Educação Pós-Secundária

Educação Superior

0.0940***

(0.10464)

0.2036***

(0.02823)

-0.0247

(0.09042)

0.1809***

(0.03035)

20 (i) Os asteriscos *, ** e *** correspondem aos níveis de significância de 1%, 5% e 10%, respetivamente. As

variáveis com valores que não contém nenhum asterisco, não são estatisticamente significativas.

(ii) Os valores apresentados correspondem às estimativas dos efeitos marginais médios (dy/dx) e respetivos

desvios padrão entre parenteses.

(iii) Para mais informações sobre as variáveis, consultar o Anexo 9, tabela 14.

(iv) A variável estatisticamente não significativa “educação secundária” foi ignorada para esta tabela.

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(continuação da tabela 8)

Variáveis Dummy para Profissão

Diretores e Executivos

Especialistas

Técnicos

Trabalho administrativo

Serviços pessoais e de segurança

Atividades de indústria, construção e

artificies

Operadores de instalações, máquinas e

montagens

Trabalhadores manuais qualificados

0.6630***

(0.02578)

0.5172***

(0.04929)

0.1812***

(0.02654)

-0.7326***

(0.03228)

0.4874***

(0.02567)

-0.0646***

(0.01995)

-0.5506***

(0.02402)

0.5510**

(0.02483)

0.4900***

(0.02767)

0.7706***

(0.05014)

0.6652***

(0.03033)

-0.7625***

(0.03342)

0.4292***

(0.03277)

-0.0586***

(0.02319)

-0.0563***

(0.02628)

0.6753**

(0.02782)

Variáveis Dummy para NUT II

Norte

Centro

Lisboa

Alentejo

Ilhas

0.0033***

(0.00011)

0.0045***

(0.00015)

0.0045***

(0.00021)

0.0044***

(0.00031)

0.0028***

(0.00033)

0.0038***

(0.0001)

0.0053***

(0.0002)

0.0042***

(0.0003)

0.0040***

(0.0003)

0.0057***

(0.00126)

Tamanho da Empresa

PME

GE

0.0303***

(0.00562)

-0.3893***

(0.04474)

0.0177***

(0.0610)

-0.6393***

(0.05497)

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Após realizada a estimação Probit e calculados os respetivos efeitos marginais médios para

os anos 2007 e 2012, os resultados obtidos em ambos os anos são bastante semelhantes e a

maioria vai de encontro com o esperado na secção anterior.

A primeira variável “idade”, considerando as atuais condições em termos de idade média

e máxima de reforma, apresenta um efeito negativo como se esperava, pois existe uma maior

procura por trabalhadores mais jovens e, com o aumento da média de idades, a probabilidade

de uma empresa ter um RTI≤0 diminui.

A variável “mulher” também apresenta um efeito negativo para ambos os anos, como já

se esperava pela análise realizada na secção III.4.1, pois com o aumento de 1 p.p. na

percentagem de mulheres afetas a uma empresa, a probabilidade de uma empresa ter RTI≤0

decresce. No entanto, é importante notar que de 2007 para 2012, esse impacto negativo

diminuiu em 14,48 p.p.

Já a variável “imigrante” apresenta um efeito positivo, ou seja, se se aumentar a

percentagem de imigrantes numa dada empresa, a probabilidade dessa empresa ter RTI≤0

também aumenta. Adicionalmente, no período em análise, houve um aumento de 3,32 p.p.

nesse efeito positivo. Contudo, tal não corresponde aos efeitos esperados pois as variações

apresentadas na secção III.4.1 e a percentagem de imigrantes nas empresas estudadas tem

um valor bastante reduzido.

Nas variáveis relativas à educação, em 2012, apenas se pode analisar a “educação superior”

onde, em comum com o ano de 2007, apresenta um efeito positivo como se esperava. Com

o aumento de 1 p.p. na percentagem de trabalhadores com ensino superior, aumenta também

a probabilidade de uma empresa ter RTI≤0. Tal acontece porque uma maior educação e

especialização dada pelo ensino superior, levará a trabalhadores com conhecimentos mais

atuais que as empresas procuram para estarem a par dos progressos tecnológicos. Em 2007,

também se pode analisar a “educação pós-secundária” que apesar de pouco significativa, tem

um efeito também positivo.

Relativamente às profissões, as profissões “diretores e executivos”, “especialistas”,

“técnicos”, “serviços pessoais e de segurança”, “atividades de agricultura” e “trabalhadores

manuais qualificados” têm efeitos positivos, ou seja, se uma empresa aumentar a sua

percentagem de trabalhadores com estas profissões, a probabilidade de ser uma empresa com

RTI≤0 também aumenta. Tal justifica-se pelo facto de as três primeiras variáveis serem

associadas a tarefas abstratas e as três últimas a tarefas manuais, pois como se viu

anteriormente, empresas com RTI≤0 têm maioritariamente tarefas abstratas e/ou manuais e

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47

empresas com RTI>0 o oposto (por isso as restantes variáveis afetas a tarefas rotineiras têm

um efeito negativo).

Ao nível das dummies para regiões, todas têm um efeito positivo, ou seja, empresas

localizadas nestas regiões aumentam probabilidade de empresas terem RTI≤0

(comparativamente ao grupo omisso, correspondente às empresas na região do Algarve).

Esses efeitos não eram os esperados, contudo convém relembrar que, com a omissão de uma

das regiões (Algarve), esses efeitos positivos apenas indicam que a região de comparação base

tem uma probabilidade inferior às restantes, o que poderá fazer sentido atendendo à estrutura

de especialização da economia algarvia (fortemente alavancada no setor dos serviços, em

particular no turismo).

Por último, temos a variável dummy referente ao tamanho das empresas, onde as pequenas

e médias empresas (PME) têm um efeito positivo, logo uma empresa com esta característica

aumenta a probabilidade de ser uma empresa com RTI≤0. Já as grandes empresas (GE) têm

um efeito negativo que não era esperado. Contudo, como já referido anteriormente, apesar

de se se esperar grandes investimentos por parte deste tipo de empresas com a

implementação de soluções i4.0, nos anos em estudo a taxa de investimentos foi decrescente.

De uma forma geral, as variáveis relativas à imigração, educação pós-secundária, educação

superior, as profissões “diretores e executivos”, “especialistas”, “técnicos”, “serviços

pessoais e de segurança” e “trabalhadores manuais qualificados”, todas as regiões analisadas

e as PME apesar de a níveis diferentes, têm impactos positivos na probabilidade de uma

empresa ter um RTI≤0.

No entanto, algumas destas variáveis tiveram um decréscimo na sua probabilidade de

2007 para 2012, nomeadamente, “educação superior”, “diretores e executivos”, “serviços

pessoais e de segurança”, as regiões Lisboa e Alentejo e as PME. Porém, se se recuar ate às

secções II.2 e II.3 da Revisão da Literatura e secções III.3.1 e III.3.2 da análise de dados que

referem os resultados que começam a aparecer nas empresas efeito dos fenómenos inerentes

da Indústria 4.0, pode-se concluir que essas variáveis, provavelmente, irão sofrer um aumento

positivo nos seus impactos e na probabilidade de uma empresa ter RTI≤0.

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48

Capítulo IV

Conclusões

Após a realização desta dissertação, a primeira conclusão que se pode tirar é que a

Indústria está realmente a mudar a um ritmo cada vez mais acelerado e que,

consequentemente, o Mercado de Trabalho também está a ser afetado. Em Portugal, os

efeitos ainda não são relevantes como em outros países do mundo, mas com todos os

incentivos e iniciativas, como o “Portugal i4.0”, as empresas não irão tardar a mudar os seus

processos e organização.

Através das análises de dados estatísticos realizadas para a educação e o emprego em

Portugal, conseguiu-se observar o impacto que a escolaridade tem tido principalmente a nível

do ensino superior. Os jovens cada vez mais ingressam em cursos superiores especializados

e atuais de forma a ir de encontro ao que as empresas atuais procuram e perspetivar melhores

empregos futuros.

Em relação ao emprego, com a introdução de novos avanços tecnológicos inerentes da

implementação de soluções (como soluções i4.0), tem ocorrido uma crescente preocupação

e despesa em investigação e desenvolvimento por parte das diversas organizações (como

empresas e universidades) para conseguir analisar e implementar esses novos fenómenos.

Nesta dissertação, com o foco no setor das Indústrias Transformadoras (setor onde se

espera um grande aumento de representatividade com a Indústria 4.0), foi possível estudar

os fenómenos de rotinização nas empresas. Esse fenómeno que discrimina as várias tarefas

desempenhadas nas empresas por tarefas rotineiras, manuais e abstratas demonstrou uma

tendência que tem vindo a ser estudada em outros países – as tarefas rotineiras têm vindo a

diminuir e as tarefas abstratas e manuais a aumentar – e denomina-se por Polarização do

Emprego. Após a análise de dados dos Quadros de Pessoal foi possível concluir que em Portugal

isso também tem vindo a acontecer, com tendência a ter ainda mais alcance.

As empresas portuguesas têm vindo a investir em capital tecnológico e humano

especializado de forma a conseguirem acompanhar as suas concorrentes, pois com algumas

empresas a implementarem soluções i4.0 que podem diminuir custos e aumentar a

produtividade e ganhos, as outras terão de acompanhar ou perdem vantagem competitiva.

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49

Mas não só a discriminação das tarefas revela esses resultados, também o cálculo do

denominado Índice de Intensidade de Tarefas Rotineiras (RTI) aplicado a cada empresa

apresentou essas mesmas conclusões. Esse índice quando negativo ou nulo revela uma

menor presença de tarefas rotineiras, mas maior presença de tarefas abstratas e/ou manuais

e, para os anos em estudo (2007 e 2012), houve um decréscimo nesse índice.

Nesses anos e, para empresas com um índice nulo ou negativo, houve um aumento de

trabalhadores com ensino superior, um aumento de trabalhadores com profissões inerentes

a tarefas abstratas e manuais, uma diminuição dos trabalhadores com profissões inerentes a

tarefas rotineiras e, por último, uma maior presença dessas empresas no Norte, Centro e

Lisboa.

Contudo, apesar de as conclusões serem o que se esperava pelo desenvolvimento da

revisão de literatura e da análise de dados, era importante perceber que variáveis afetavam

esse índice. Assim, para finalizar esta dissertação, foi aplicado um modelo econométrico

Probit para perceber a influência de algumas variáveis analisadas anteriormente.

A regressão aplicada acabou por revelar situações que já se previam onde o ensino

superior e a maioria das profissões afetas a tarefas abstratas e/ ou manuais demonstraram ter

um impacto positivo na probabilidade de uma determinada empresa ter um RTI nulo ou

negativo.

Em conclusão, comprovou-se que as conclusões esperadas pela revisão de literatura sobre

a revolução industrial e digital registada à escala global também se reflete em Portugal e o

fenómeno de Polarização do Emprego existe. Com a introdução da Indústria 4.0, as

empresas têm se alterado e têm investido em avanços tecnológicos como processos digitais

ou autónomos e, com a reorganização inerente a essas atualizações nas empresas, estão a

haver mudanças na estrutura dos recursos humanos, tanto na introdução de indivíduos mais

qualificados e mais especializados nos temas atuais e de IT, como na realocação ou formação

aos trabalhadores já existentes de forma a conseguirem acompanhar as novas mudanças.

O tempo de crise por que Portugal passava no período em estudo não foi muito favorável

para perceber se estes fenómenos vão realmente eliminar empregos, mas como visto na

revisão de literatura, os trabalhadores podem não ser necessariamente substituídos, mas

podem complementar os novos processos e mudanças que estão a acontecer.

Para trabalho futuro, seria importante fazer esta análise para anos mais recentes e

aprofundar nas empresas as soluções e estratégias que têm implementado e qual o impacto

nos seus trabalhadores afetos a tarefas rotineiras.

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Anexos

Anexo 1 – Entidades envolvidas na iniciativa Portugal i4.0

Figura 13 - Entidades envolvidas no Portugal i4.0 (retirado de: https://www.industria4-0.cotec.pt/ em 23 de novembro de 2017).

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Anexo 2 – Projeções para Portugal em 2017-2020

Figura 14 - Boletim Económico do Banco de Portugal: Projeções para Portugal em 2017-2020 (retirado de: https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-boletim/be_dez2017_p.pdf em 11 de janeiro de 2018).

Anexo 3 – Taxa de Desemprego em Portugal (2000-2017)

Figura 15 - Taxa de desemprego (%) entre 2000-2017 (quebra de série em 2011) (gráfico criado pela autora com informação retirada do Pordata a 06 de julho de 2018)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

20

16

20

17

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Anexo 4 – Medidas implementadas pela Iniciativa Portugal i4.0

Tabela 9 – Medidas implementadas pelo Portugal i4.0 (informação retirada de Deloitte (2017))

Medidas implementadas pelo Portugal i4.0

Fo

rmaç

ão e

cap

acit

ação

de

Rec

urs

os

Hum

anos

- Valorização e expansão do projeto “Ciência na Escola”

- Garantia de competências digitais

- Literacia digital e competências digitais

- Movimento Código Portugal

- Reedição do projeto “Pense Indústria -Nova Geração”

- Cursos técnicos i4.0

- Criação de oferta formativa em i4.0 nos Institutos de Ensino Superior

(Politécnico)

- Programas de “Robôs Demonstradores” nos Institutos de Ensino Superior

(Politécnico)

- Criação de oferta formativa em i4.0 Instituições de Ensino Superior

(universitário)

- Criação de um Consórcio de Escolas de Engenharia de Língua Portuguesa

(CEELP)

- Política de vistos dirigida aos trabalhadores mais qualificados

- Criação de uma Cátedra i4.0

- Investigação em i4.0

- Academia Siemens 4.0

- Conversão de engenheiros para as áreas de Software e Engenharia de

Sistemas de Informação

- Requalificação e integração professional

- Promoção de Learning Factories

- Ações de formação para profissionais

-Atelier Digital

- Programa de Competências Digitais

- Programas Ação-Indústria

- Tourism Digital Academy

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56

(continuação da tabela 9)

Co

op

eraç

ão t

ecn

oló

gica

- Bosch Digital

- ADIRA Industry4.0

- Projeto Footure 4.0

- Criação de um programa de Open Daysi4.0

- Reedição do evento Hey! Hackathon

- Criação de uma matriz de avaliação de maturidade i4.0

- Ciência Aberta e Inovação Aberta

- Programa de inovação 5G

- Balcões do Conhecimento

- Born from Knowledge

- Promoção e valorização do papel das autarquias em iniciativas i4.0

- Promoção da partilha de experiências e conhecimento no âmbito da i4.0

- Criação de Rede de Digital Champions Nacional

- CTT E-commercein a box

- Roadshow Robótica

- Exposição 560

- Desenvolvimento de estudo sobre cibersegurança no contexto i4.0

- Prémios ACEPI Navegantes XXI

- Consórcio PSA Mangualde

- Balcão Único Digital de interação entre as empresas do setor do Turismo e

o Estado

- Plataforma integradora de dados de interesse para empresas de turismo

- Digital Tourism Fórum

- Huawei Portugal Innovation & Experience Center

IoT Smart Agriculture

Sta

rtup

i4.0

- Aceleradora, Incubadora e Centro de Prototipagem para a Indústria 4.0

“4AC-Industry 4.0”

- Promoção de estratégias de inovação no tecido empresarial nacional

- Centro de inovação e desenvolvimento turístico

- Digital Tourism Hackathon

Fin

anci

amen

to/ A

po

io a

o

Inves

tim

ento

- Avisos específicos i4.0

- Linha de crédito de apoio às exportações i4.0

- Reforço do papel dos Centros Tecnológicos

- Acelerador para concurso de incentivos à digitalização no turismo

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Anexo 5 - Definição das variáveis geradas e utilizadas na secção III.3 e III.4

Tabela 10 - Definição das variáveis geradas e utilizadas pela autora

Variável Código21

Variáveis Trabalhadores

Faixa etária: [15, 64] anos

idade

Género:

1 se Mulher, 0 se é Homem

mulher

Nacionalidade:

1 se Imigrante, 0 se é Português

imig

Variáveis Dummy para a Educação

Escolaridade:

Sem Educação = 1 se o indivíduo não tem nenhum grau de

educação, 0 se não

Educação Básica = 1 se o indivíduo tem educação básica completa,

0 se não

Educação Secundária = 1 o indivíduo tem educação secundária

completa, 0 se não

Educação Pós-Secundária = 1 o indivíduo tem educação pós-

secundária completa, 0 se não

Educação Superior = 1 o indivíduo tem educação superior

completa (pelo menos licenciatura), 0 se não

Bacharelato = 1 o indivíduo tem bacharelato, 0 se não

Licenciatura = 1 o indivíduo tem licenciatura, 0 se não

Mestrado = 1 o indivíduo tem mestrado, 0 se não

Doutoramento = 1 o indivíduo tem doutoramento, 0 se não

sem_educ

edbasic

edsec

edpsec

edsup

educ_bach

educ_lic

educ_mes

educ_dou

21 Os códigos apresentados na idade, na classificação portuguesa das profissões (CPP) e nos setores de atividade económica (CAE) são os códigos originais dos Quadros de Pessoal, os restantes, foram variáveis geradas e os códigos foram atribuídos pela autora.

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(continuação da tabela 10)

Escolaridade por área de formação

Ciências Sociais e do Comportamento = 1 se individuo tem

formação nesta área (pelo menos licenciatura), 0 se não

Ciências Empresarias = 1 se individuo tem formação nesta área

(pelo menos licenciatura), 0 se não

Informática = 1 se individuo tem formação nesta área (pelo menos

licenciatura), 0 se não

Engenharia e Técnicas afins = 1 se individuo tem formação nesta

área (pelo menos licenciatura), 0 se não

ed_csocias

ed_cemp

ed_inf

ed_eng

Variáveis Dummy para Profissão (CPP)

CPP:

Diretores e Executivos = 1 se indivíduos têm esta profissão, 0 se

não

Especialistas = 1 se indivíduos têm esta profissão, 0 se não

Técnicos = 1 se indivíduos têm esta profissão, 0 se não

Trabalho administrativo = 1 se indivíduos têm esta profissão, 0 se

não

Serviços pessoais e de segurança = 1 se indivíduos têm esta

profissão, 0 se não

Atividades de agricultura = 1 se indivíduos têm esta profissão, 0 se

não

Atividades de indústria, construção e artificies = 1 se indivíduos

têm esta profissão, 0 se não

Operadores de instalações, máquinas e montagens = 1 se

indivíduos têm esta profissão, 0 se não

Trabalhadores manuais qualificados = 1 se indivíduos têm esta

profissão, 0 se não

𝑝𝑟𝑜𝑓1

𝑝𝑟𝑜𝑓2

𝑝𝑟𝑜𝑓3

𝑝𝑟𝑜𝑓4

𝑝𝑟𝑜𝑓5

𝑝𝑟𝑜𝑓6

𝑝𝑟𝑜𝑓7

𝑝𝑟𝑜𝑓8

𝑝𝑟𝑜𝑓9

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(continuação da tabela 10)

Variáveis Dummy por tipo de tarefas desempenhadas

Tarefas:

Abstrata = 1 se indivíduo realiza este tipo de tarefas numa dada

empresa, 0 se não

Rotineira = 1 se indivíduo realiza este tipo de tarefas numa dada

empresa, 0 se não

Rotineira Manual = 1 se indivíduo realiza este tipo de tarefas

numa dada empresa, 0 se não

Rotineira Cognitiva = 1 se indivíduo realiza este tipo de tarefas

numa dada empresa, 0 se não

Manual = 1 se indivíduo realiza este tipo de tarefas numa dada

empresa, 0 se não

abstrata

rotineira

rot_manual

rot_cognitiva

manual

Variáveis Empresas

Variáveis Dummy por setor de atividade (CAE)

CAE a 2 dígitos (caemp2d)

Primário = 1 se empresa pertence a este setor, 0 se não

Indústrias Transformadoras = 1 se empresa pertence a este setor, 0

se não

Eletricidade, gás e água = 1 se empresa pertence a este setor, 0 se

não

Construção = 1 se empresa pertence a este setor, 0 se não

Comércio por grosso e retalho = 1 se empresa pertence a este

setor, 0 se não

Alojamento, restauração e similares = 1 se empresa pertence a este

setor, 0 se não

Transporte e comunicações = 1 se empresa pertence a este setor, 0

se não

Bancos = 1 se empresa pertence a este setor, 0 se não

Consultoria, científicas e técnicas afins = 1 se empresa pertence a

este setor, 0 se não

A, B

C

D, E

F

G

I

H, J

K

M

Atividades administrativas = 1 se empresa pertence a este setor, 0

se não

Outros = 1 se empresa pertence a outros setores, 0 se não

N

W

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(continuação da tabela 10)

Variáveis Dummy para regiões das empresas (NUT II)

Regiões NUT II:

Norte = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Centro = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Lisboa = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Alentejo = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Algarve = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Ilhas (Madeira e Açores) = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se

não

Estrangeiro = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

(categoria omitida)

norte

centro

lisboa

alentejo

algarve

ilhas

estrangeiro

Variáveis Dummy para tamanho da empresa

ME, PME e GE:

ME = 1 se empresa tem menos de 10 trabalhadores, 0 se não

PME = 1 se empresa tem 10 ou mais trabalhadores e menos de

250 trabalhadores, 0 se não

GE = 1 se empresa tem 250 ou mais trabalhadores, 0 se não

me

pme

ge

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Anexo 6 - % de trabalhadores por nível de escolaridade por área de formação

Tabela 11 - Percentagem de trabalhadores para cada nível de escolaridade por área de formação (tabela criada pela autora com apoio nos QP)

Ano Bacharelato Licenciatura Mestrado Doutoramento

Ciê

nci

as S

oci

ais

e d

o

Co

mp

ort

amen

to

2007 0,07% 0,85% 0,04% 0,01%

2008 0,06% 0,90% 0,05% 0,01%

2009 0,06% 0,97% 0,05% 0,01%

2010 0,06% 1,04% 0,06% 0,01%

2011 0,06% 1,05% 0,07% 0,01%

2012 0,06% 1,11% 0,08% 0,01%

Ciê

nci

as E

mp

resa

riai

s 2007 0,49% 1,79% 0,10% 0,01%

2008 0,46% 1,93% 0,11% 0,01%

2009 0,45% 2,10% 0,12% 0,01%

2010 0,43% 2,34% 0,13% 0,01%

2011 0,42% 2,44% 0,15% 0,01%

2012 0,42% 2,63% 0,19% 0,01%

Info

rmát

ica

2007 0,07% 0,36% 0,03% 0%

2008 0,07% 0,41% 0,03% 0%

2009 0,08% 0,44% 0,03% 0%

2010 0,08% 0,50% 0,04% 0%

2011 0,08% 0,53% 0,05% 0%

2012 0,08% 0,60% 0,06% 0%

En

gen

har

ias

e

Téc

nic

as a

fins

2007 0,52% 1,45% 0,08% 0,02%

2008 0,50% 1,64% 0,09% 0,02%

2009 0,48% 1,80% 0,12% 0,02%

2010 0,46% 1,97% 0,15% 0,02%

2011 0,43% 2,02% 0,20% 0,02%

2012 0,42% 2,10% 0,23% 0,02%

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62

Anexo 7 – Nomenclatura das CAE

Tabela 12 – Nomenclatura organizada das CAE (tabela organizada pela autora)

A+B Atividades Primárias

C Indústrias Transformadoras

D+E Eletricidade, gás, vapor e água

F Construção

G Comércio por grosso e retalho

H Transportes e armazenamento

K Atividades financeiras e de seguros

M Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares

N Atividades administrativas e de serviços de apoio

I+J+L+O+P+Q+R+S+T+U=W Outras atividades

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63

Anexo 8 – Tarefas por ocupação dos trabalhadores

Tabela 13 – Atribuição das tarefas conforme ocupação dos trabalhadores (tabela criada pela autora com apoio no artigo de Tiago Fonseca, Francisco Lima e Sónia C. Pereira (2018))

CNP Descrição Tarefa

Diretores e Executivos

11+12+13 Diretores e Gestores Executivos Abstrata

Especialistas e Técnicos

21 Especialistas em ciências físicas,

matemáticas, engenharias e técnicas afins

Abstrata

22 Profissionais de Saúde Abstrata

23 Professores Abstrata

24 Especialistas em Finanças, Contabilidade,

Organização, Administrativa, Relações Públicas

e Comerciais

Abstrata

25 Especialistas em Tecnologias de Informação

e Comunicação (TIC)

Abstrata

26 Especialistas em assuntos jurídicos, sociais,

artísticos e culturais

Abstrata

31 Técnicos e profissões das Ciências e

Engenharia, a nível intermédio

Abstrata

32 Técnicos e Profissionais, de nível intermédio

de saúde

Abstrata

33 Técnicos das áreas financeiras,

administrativa e dos negócios, a nível

intermédio

Abstrata

34 Técnicos de nível intermédio dos serviços

jurídicos, sociais, desportivos, culturais e

similares

Rotineira (Cognitiva)

35 Técnicos das tecnologias de informação e

comunicação

Abstrata

Trabalho Administrativo

41 Empregados de escritório, secretários em

geral e operadores de processamento de dados

Rotineira (Cognitiva)

42 Pessoal de apoio direto a clientes Rotineira (Cognitiva)

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64

(continuação da tabela 13)

43 Operadores de dados, de contabilidade,

estatística, de serviços financeiros e

relacionados com o

registo

Rotineira (Cognitiva)

44 Outro pessoal de apoio de tipo

administrativo

Rotineira (Cognitiva)

Serviços Pessoais e de Segurança

51 Trabalhadores dos serviços pessoais Manual

52 Vendedores Rotineira (Cognitiva)/

Rotineira (Manual)/ Manual22

53 Trabalhadores dos Cuidados Pessoais e

similares

Manual

54 Pessoal dos serviços de proteção e segurança Manual

Agricultura

61 Agricultores e trabalhadores qualificados da

agricultura e produção animal, orientados para

o mercado

Manual

62 Trabalhadores qualificados da floresta, pesca

e caça, orientados para o mercado

Manual

Indústria, Construção e Artífices

71 Trabalhadores qualificados da construção e

similares, exceto eletricista

Manual

72 Trabalhadores qualificados da metalurgia,

metalomecânica e similares

Manual

73 Trabalhadores qualificados da impressão, do

fabrico de instrumentos de precisão, joalheiros,

artesãos e similares

Rotineira (Manual)

74 Trabalhadores qualificados em eletricidade e

em eletrónica

Rotineira (Manual)

22 Segundo o artigo de Tiago Fonseca, Francisco Lima e Sónia C. Pereira (2018), a ocupação 52 pode representar três tipos de tarefas (rotineira cognitiva, rotineira manual e manual) consoante o tipo de vendedores (representantes de vendas, trabalhadores de caixa e outros, respetivamente). Para facilitar a atribuição de tarefas a cada tipo de ocupação, optou-se por omitir esta variável.

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65

(continuação da tabela 13)

75 Trabalhadores da transformação de

alimentos, da madeira, do vestuário e outras

indústrias e artesanato

Rotineira (Manual)

Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores de Montagem

81 Operadores de instalações fixas e máquinas Rotineira (Manual)

82 Trabalhadores da montagem Rotineira (Manual)

83 Condutores de veículos e operadores de

equipamentos móveis

Manual

Trabalhadores Manuais Qualificados

91 Trabalhadores de limpeza Manual

92 Trabalhadores não qualificados da

agricultura, produção animal, pesca e floresta

Manual

93 Trabalhadores não qualificados da indústria

extrativa, construção, indústria transformadora

e transportes

Manual

94 Assistentes na preparação de refeições Manual

95 Vendedores ambulantes (exceto de

alimentos) e prestadores de serviços na rua

Manual

96 Trabalhadores dos resíduos e de outros

serviços elementares

Manual

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66

Anexo 9 – Definição das variáveis geradas e utilizada na secção III.5

Tabela 14 – Definição das variáveis geradas e utilizadas pela autora para regressão Probit

Variável Código23

Variáveis para a Empresa

Idade – média de idades por empresa

idade

𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒2

Mulher – percentagem de mulheres por empresa

pmulher

Imigrantes – percentagem de imigrantes por empresa

pimig

Escolaridade:

Educação Básica – percentagem de trabalhadores com ensino

básico por empresa (variável omitida)

Educação Secundária – percentagem de trabalhadores com ensino

secundário por empresa

Educação Pós-Secundária – percentagem de trabalhadores com

ensino pós-secundário por empresa

Educação Superior – percentagem de trabalhadores com ensino

superior por empresa

pedbas

pedsec

pedpsec

pedsup

23 Códigos atribuídos pela autora.

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67

(continuação da tabela 14)

Profissão:

Diretores e Executivos – percentagem de indivíduos com esta

profissão por empresa

Especialistas – percentagem de indivíduos com esta profissão por

empresa

Técnicos – percentagem de indivíduos com esta profissão por

empresa

Trabalho administrativo – percentagem de indivíduos com esta

profissão por empresa

Serviços pessoais e de segurança – percentagem de indivíduos com

esta profissão por empresa

Atividades de agricultura – percentagem de indivíduos com esta

profissão por empresa (categoria omitida)

Atividades de indústria, construção e artificies – percentagem de

indivíduos com esta profissão por empresa

Operadores de instalações, máquinas e montagens – percentagem

de indivíduos com esta profissão por empresa

Trabalhadores manuais qualificados – percentagem de indivíduos

com esta profissão por empresa

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓1

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓2

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓3

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓4

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓5

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓6

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓7

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓8

𝑝𝑝𝑟𝑜𝑓9

Variáveis Dummy para regiões das empresas (NUT II)

Regiões NUT II:

Norte = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Centro = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Lisboa = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Alentejo = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não

Algarve = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se não (variável

omitida)

Ilhas (Madeira e Açores) = 1 se empresa se situa nesta região, 0 se

não

dnorte

dcentro

dlisboa

dalentejo

dalgarve

dilhas

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(continuação da tabela 14)

Variáveis Dummy por tamanho da empresa

ME, PME e GE:

ME = 1 se empresa tem menos de 10 trabalhadores, 0 se não

(variável omitida)

PME = 1 se empresa tem 10 ou mais trabalhadores e menos de

250 trabalhadores, 0 se não

GE = 1 se empresa tem 250 ou mais trabalhadores, 0 se não

dme

dpme

dge