Newsletter Janeiro 2010

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Janeirode2010 Para os dez anos da Mapa, 2009 não poderia ter corrido melhor. Tivemos projectos excelentes, aprendemos imenso, conhecemos pessoas novas com um gigantesco talento e uma enorme experiência (seres humanos fabulosos, inspiradores)… houve conferências, seminários em que participámos, como o Seminário de Museologia organizado na Faculdade de Letras do Porto ou a Conferência no EcoMuseu do Seixal e, em Agosto, na FCSH, uma escola de verão dedicada à sociologia da cultura sobre a égide da conferência anual da ESA. A par de blogues tão interessantes e transbordantes como o Museologia Porto, ou projectos mais antigos como O Mundo dos Museus. Este princípio de 2010 encerra a promessa de uma década estruturante na cultura, transbordando os limites naturais dos museus e dos monumentos, passando a fazer parte da vida das pessoas, como instituições como o CCB e Serralves nos ensinaram. Assombrada de contente Nesta edição: > Ano Novo, Vida Nova > As exposições mais pequenas do mundo: mais de 100 mil visitantes > Entrevista com Isabel Avillez, Expo Oeiras 250 anos > O jogo como ferramenta de mediação

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Para os dez anos da Mapa, 2009 não poderia ter corrido melhor.

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Janeirode2010

Para os dez anos da Mapa, 2009 não poderia ter corrido melhor. Tivemos projectos excelentes, aprendemos imenso, conhecemos pessoas novas com um gigantesco talento e uma enorme experiência (seres humanos fabulosos, inspiradores)… houve conferências, seminários em que participámos, como o Seminário de Museologia organizado na Faculdade de Letras do Porto ou a Conferência no EcoMuseu do Seixal e, em Agosto, na FCSH, uma escola de verão dedicada à sociologia da cultura sobre a égide da conferência anual da ESA. A par de blogues tão interessantes e transbordantes como o Museologia Porto, ou projectos mais antigos como O Mundo dos Museus. Este princípio de 2010 encerra a promessa de uma década estruturante na cultura, transbordando os limites naturais dos museus e dos monumentos, passando a fazer parte da vida das pessoas, como instituições como o CCB e Serralves nos ensinaram.

Assombrada de contente

Nesta edição:

> Ano Novo, Vida Nova

> As exposições mais pequenas do

mundo: mais de 100 mil visitantes

> Entrevista com Isabel Avillez, Expo Oeiras 250 anos

> O jogo como ferramenta de mediação

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Ano novo, vida nova. A mudança já se pressentia na movimentação dos blogues, nas notícias, nos manifestos e nas conferências em torno dos Museus e da Cultura. Ao longo da década de trabalho da Mapa das Ideias, sentimos os efeitos de cada vez mais pessoas pensarem com e sobre os Museus, criando uma massa crítica que se sente na qualidade dos serviços, nos media e, pela primeira vez, parece ter reflexos na política.

E, desta vez, a inauguração de um ciclo político parece trazer palavras novas com impactos reais e mudanças profundas.

Devido a critérios de selecção radicalmente diferentes, enformam-se processos de mudança que trazem novos exercícios semânticos… a palavra “gestor” entrou nos nossos museus. A palavra “estratégia” surge associada a direcções bicéfalas e orçamentos plurianuais. São usadas por pessoas que ainda estão movidas por utopias e megalomanias (no sentido positivo), acreditando que a burocracia não é um fim em si mesmo.

Como se, de repente, tivéssemos uma conjuntura tão feliz que poderá ser um novo modelo de gestão dos Museus e dos Monumentos que poderá reposicioná-los na vida dos seus visitantes, seus consumidores no sentido mais pleno. Um momento de take-off (ou não) para uma verdadeira revolução. Ou não.

Juntando tudo – orçamento plurianual, visão estratégica, tecnologia barata, profissionais bem preparados e críticos – existe um potencial enorme para uma estratégia de

mediação cultural que, utilizando os princípios de minds, hands, hearts on, consiga criar públicos e, mais do que isso, criar conhecimento, aproveitando a interactividade, o diálogo entre o especialista e o leigo, a própria disponibilidade que as pessoas têm em criar os seus próprios media. Ou pode ser que nada aconteça.

Neste momento é possível tornar uma instituição parte integrante do lazer e da cultura, abrindo canais para o conhecimento através das práticas sociais, da partilha dos afectos e das experiências. Poderá mesmo passar a ser uma das prioridades, porque é sinónimo tanto de receitas como de qualidade.

Por outro lado, nunca houve tantos meios com um tão grande potencial. A Web é um canal económico e massificado, em que a partilha de ferramentas de visita tão interessantes como audioguias, roteiros de exploração, filmes multimédia, é fácil, permitindo que a experiência do Museu seja total. Depois de uma década em que a tecnologia era dominante na hierarquia dos custos e na gestão de projecto, os conteúdos podem agora ser o fulcro de investimento. Ou não.

A Mapa das Ideias está a desenvolver um projecto pioneiro na criação de roteiros, conteúdos multimédia e audioguias a baixo custo. Caso queira saber mais informações, contacte-nos.

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ExpoOeiras 250 anos

CidadaniaCelebração da

Em 2009 a Câmara Municipal de Oeiras celebrou 250 anos da sua elevação a vila. O projecto de maior impacto, pela sua dimensão e durabilidade, foi a “Expo Celebrar Oeiras” com cerca de 4.000 m2, no qual a Mapa das Ideias criou e implementou o Serviço Educativo dedicado às escolas e às famílias.

De acordo com o próprio conceito da Câmara Municipal de Oeiras, “celebrar Oeiras”, o serviço educativo explorava as diferentes dimensões do Homem e Cidadão. O trabalho assentava em três pilares - Criatividade, Memória e Identidade – com três dimensões: cognitiva, afectiva e de acção.

A exposição encerrou no dia 20 de Dezembro, ficando aqui três questões feitas a Isabel Avillez, coordenadora da área de Serviços Educativos e Programação da Mapa das Ideias.

Darwin: A exposição mais pequena do Mundo com 100 mil visitantesAna conta:

Este projecto foi inspirado pela maior exposição do mundo sobre Darwin, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Num almoço de equipa (levamos a alimentação muito a sério!), Inês começou a fazer uns rabiscos distraídos num papel e lançou o repto: “e porque não a exposição mais pequena do mundo?!”.

Felizmente uma das nossas parceiras, a produtora Cassefaz, levou a ideia a sério, tendo conseguido o apoio da Yorn como patrocinadora global. E assim surgiu o projecto: Darwin na Escola.

A exposição consistiu num conjunto de 9 painéis que contam a vida de Darwin, assim como a sua obra. Também foi oferecido a cada uma das 300 escolas participantes, um vídeo multimédia de 8 minutos “Eu Penso – a história de uma ideia”, demonstrando o processo biográfico e intelectual que levou à formulação da teoria da selecção das espécies. Cada professor recebeu um roteiro pedagógico e cada aluno ficou com um desdobrável.

Sintetizando em números: 300 escolas, 105 mil alunos, avaliação do projecto como Bom e Muito Bom por 95% das escolas.

Em 2010, a parceria renovou-se: desta vez, foi a Yorn que lançou o tema: No Limite do corpo humano. Com a Cassefaz a organizar a logística, a Mapa das Ideias criou uma nova exposição, trabalhando com a Design Etc e a Subsolo novamente.

Este projecto reflecte a importância dos limites do corpo humano, realidade muito presente na vida dos jovens do 3º ciclo e do secundário, quer seja pelas transformações físicas aceleradas pela entrada na puberdade, ou mesmo por razões de ordem estética ligadas à moda ou à influência da televisão. No Limite contará com oito painéis temáticos, um roteiro pedagógico enviado por e-mail ao coordenador, um vídeo multimédia, e um desdobrável com quiz. O projecto deverá chegar a, pelo menos, 400 escolas de todo o país e versará (prioritariamente) as áreas científicas de Educação Física, Biologia e Educação Visual e Tecnológica.

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1) Qual a missão do Serviço Educativo (SE) no âmbito da Expo Celebrar Oeiras?A missão dos Serviços Educativos é sempre a de aproximar o público dos eventos histórico - artísticos. Neste caso, para dinamizar a “Expo Celebrar Oeiras”, o SE desenvolveu um programa de visitas guiadas de carácter geral e temática. Paralelamente, foram desenvolvidas diferentes oficinas educativas sobre a memória, o artesanato urbano, os sentidos e a música.

O objectivo fundamental era trabalhar a ideia de celebração e de partilha, criando uma programação que normalmente dava origem a objectos tangíveis, recordações da experiência.

2) Qual o impacto do SE junto da comunidade oeirense?O SE da “Expo Celebrar Oeiras” conseguiu criar uma relação estreita e fidelizar público, durante o seu período de funcionamento. Apesar desta exposição temporária estar patente num dos espaços interiores da Fundição e o seu principal canal de comunicação ser um blogue criado pela Mapa das Ideias para o efeito, houve adesão por parte do público, oeirenses na sua grande maioria.

3) Quais os maiores desafios do SE?Talvez um dos maiores desafios tenha sido a construção de um programa dinâmico, abrangente e apelativo, que fosse de encontro aos diferentes segmentos de público. As escolas foram objecto de um programa específico durante a semana, oferecendo sempre uma visita e um atelier. As famílias também tiveram acesso a um portefólio diversificado, privilegiando a dinâmica intergeracional.

Houve uma grande preocupação em trazer mediadores com valências muito especiais: oficinas de animação, de serigrafia, de banda desenhada. A música antiga e a exploração dos contextos históricos foram também um grande destaque no nosso trabalho.

“Recados para o Futuro” propunha uma viagem ao futuro através de mensagens escritas livremente pelos alunos. O produto destas oficinas foi entregue ao grupo de trabalho da Agenda XXI do município de Oeiras. Aqui ficam alguns exemplos (transcrição literal):

Rodrigo: “Gostava que eu próprio fosse vivo no Futuro.”

Mário: “Para o futuro quero naves, carros-voadores, grandes jogos on-line, menos poluição, menos drogados, mais dinheiro e que tenhamos bons governos.”

Açucena: “No futuro quero que haja mais paz, amor, escolas, casas, campos livres, mais centros cívicos, espaços jovem, etc. O que interessa é que todos tenham lugar para ficar, terem o seu ninho… também quero que haja mais piscinas que sejam grátis se não é a mesma coisa, quero que haja mais cursos de crianças de 12, 13, 14 e por aí fora. Assim todos vão ser felizes.”

O jogo Mistério em Oeiras foi um de vários criados exclusivamente para a Expo Oeiras 250 anos.

Mistério, memória, acção e desafio são as palavras de ordem que guiam estes jogos, através da descoberta partilhada entre os participantes.

Uma mala vermelha foi o fio condutor do atelier dinamizado pela artista plástica Carla Rebelo.

Com peças exclusivas para o Serviço Educativo da Expo 250 anos, os fatos de banho e os azulejos permitiam uma redescoberta única de Oeiras, entre o passado pombalino e o calor do veraneio.

Artes e Profissões no Centro Comercial Alegro de Alfragide

Uma equipa da Mapa das Ideias pode ser encontrada dois domingos por mês no Centro Comercial Alegro em Alfragide, durante 2010. Artes e Profissões serão as duas linhas temáticas de actividades exclusivas que passam por criar planetas e discutir com profissionais com capacete. A adesão do público tem sido óptima, tendo cerca de 25 crianças por actividade.

Isabel Avillez, licenciada em História de Arte. Colaborou nas áreas de educação e mediação cultural no Centro Nacional de Cultural, na Casa da Criança e na Câmara Municipal de Cascais, entre outras. Está a terminar a dissertação de Mestrado sobre a Criança e as Artes na ESEI Maria Ulrich. Foi coordenadora do Serviço Educativo da “Expo Celebrar Oeiras”.