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Nl? 3 1981 Maio Comunidade a serviço A espiritualidade familiar 4 A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . • . . . 6 " Magnifica! " . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 A transformação da sociedade , tarefa dos cris- tãos .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · · · · · · · · · · Maria ....................... . . 13 Oração familiar e vocações . . . . . . . . . . . . . 15 Mensagem de D. David Picão . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Velhas basílicas acolhem jovens cristãos . . . . 18 Sem1na de orações pela unidade . . . . . . . . . . . . 20 À escuta do Senhor .. . . .. .. . .. 21 Poema da maternidade ..... Quando Ele convida Notícias dos Setores A exemplo de Maria 23 25 27 32

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Nl? 3 1981

Maio

Comunidade a serviço

A espiritualidade familiar 4

A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . • . . . 6

"Magnifica!" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

A transformação da sociedade, tarefa dos cris-tãos .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . · · · · · · · · · · ·

Maria ....................... . . 13

Oração familiar e vocações . . . . . . . . . . . . . 15

Mensagem de D. David Picão . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Velhas basílicas acolhem jovens cristãos . . . . 18

Sem1na de orações pela unidade . . . . . . . . . . . . 20

À escuta do Senhor .. . . .. .. . .. 21

Poema da maternidade .....

Quando Ele convida

Notícias dos Setores

A exemplo de Maria

23

25

27

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Atenção

CASAIS RESP ONSÁVEIS DE EQUIPE

para as datas dos

EACREs:

Dias

27 e 28 de junho

4 e 5 de julho

Locais

Curiltba

ltaicí

Rio de Janeiro

Osório

Criciuma

São Carlos

Taubaté

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EDITORIAL

COMUNIDADE A SERVIÇO

Há um ano, Aparecida. Um dos pontos altos, o painel dedicado à "E&'piritualidade conjugal como serviço específico para a Igreja e o mundo". Do qual extraimos a inspirada mensagem que segue.

Os cristãos têm que testemunhar Jesus Cristo no mundo. São chamados por Deus a formarem comunidades. A Equipe de Nos­sa Senhora é uma comun'dade. Isto é, se ela realmente, ver­dadeiramente, cumpre a sua missão na Igreja.

Jesus Cristo, para formar a Sua Igreja, chama as pessoas pelo nome. A Igreja é um povo de escolhidos por Deus, chama­dos pelo próprio nome. Deus convida, não obriga! Mas não po­demos esquecer-nos de que quem convida é Deus. Não somos "nós", deste ou daquele movimento, "os bons". Apenas estamos a serviço. Como o Cristo, como a Igreja.

As Equipes de Nossa Senhora são um movimento suscitado na Igreja pelo Espírito de Deus para cumprir uma missão espe­cífica. Que não é outra coisa senão a missão que Jesus Cristo deixou aos seus discípulos.

Uma comunidade cristã se identifica não pelas coisas que ela faz, não pelas coisas que ela diz, mas a partir do que ela é.

A equipe deve ser essencialmente uma comunidade de fé. Duas letras que se interpretam de várias maneiras. O cristia­nismo não surge de nosso esforço, de nossa capacidade, de nossa vontad~. Numa comunidade de fé, homens se reunem em nome de Jesus Cristo para escutar a Palavra, para partir o pão e para se tornarem outros Cristos, enchendo-se do Seu Espírito.

É sempre Deus que desce até os homens - não somos nós que vamos a Ele. Ele vem a nós através de sua Palavra, através

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dos acontecimentos. Palavra e acontecimentos que pedem uma resposta. O homem dá a resposta e desta resposta nasce a fé. O cristão é aquele que experimenta no seu dia-a-dia Jesus Cristo vivo, ressuscitado, no meio de nós. E quem não experimentou Jesus Cristo na sua vida não tem fé. O cristão é testemunha de Jesus Cristo. Como vai testemunhar alguém que não conhece?

Aqui está a beleza das Equipes de Nossa Senhora. Uma co­munidade de irmãos chamados por Deus para encontrar Jesus Cristo na vida... Através de três meios. Que não são os meios "das Equipes", mas o tesouro que a Igreja possui para os cristãos. Em primeiro lugar, a palavra de Deus. Segundo, a liturgia, que é a minha resposta - Nossa Senhora é o modelo perfeito: Deus convida, Ela responde com um hino da alegria! - ; nossa liturgia é sempre uma resposta a este Deus que nos chama nos aconte­cimentos de nossa vida. Terceiro, o nosso irmão - enxergar, encontrar a Jesus Cristo nos nossos irmãos. Porque Ele sempre age através dos outros. Deus empresta a boca dos nossos irmãos para nos falar.

Se a sua equipe é isto, uma comunidade que caminha para ter fé, para verdadeiramente se tornar uma presença de Jesus Cristo no mundo, então é uma comunidade cristã.

É um convite de Deus, e é .muito sério. Somos convidados a cumprir na Igreja uma missão bem específica. No Juízo Final, eu vejo equipes inteiras, muitos casais de Nossa Senhora... E Jesus vai perguntar: "O que vocês fizeram?" - "Muitas obras, muitos serviços, muitos retiros, ouvimos e falamos muitas coi­sas ... " E Jesus Cristo dirá: "Eu não os conheço ... ".

É uma grande graça de Deus ter sido chamado! Mas será que nós, equipistas, estamos respondendo, ficando à escuta da Palavra, dando a nossa resposta a Deus? Nós nos justificamos fazendo coisas, em vez de nos deixar transformar. É um luxo termos um Conselheiro Espiritual a nosso serviço - e muitas vezes somos seis, sete, oito casais que se reunem para discutir, para se justificar, para ficar de consciência tranquila, sentindo-se "os bons" ...

Trata-se de outra coisa! Uma Equipe de Nossa Senhora se torna uma comunidade para crescer na fé, para descobrir no seu próximo, nos seus filhos, a mão de Deus, que a coloca sempre numa realidade bem concreta, para que possa dar esta resposta de louvor, de agradecimento. Uma comunidade de pecadores que Deus colocou juntos para descobrir este amor que Ele exige de cada um. A comunidade cristã não existe para seus membros se amarem apenas entre si, para olharem para o próprio umbigo.

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É uma comunidade a serviço, a serviço do mundo. () casal cris .... tão que descobre verdadeiramente estas graças, que descobre o sacramento do matrimônio, vai tornar Jesus Cristo presente no mundo. Fazendo, falando - amando!

Jesus Cristo pediu: "Que sejam uni, como eu e meu Pai somos um". Por nossas forças, impossível. Neste part!cular, é impossível. Impossível viver isto se não for pela graça de Deus, pela força do Espírito.

Equipe de Nossa Senhora - uma comunidade à escuta da Palavra, que celebra e que partilha este amor de Deus para co­nosco.

Irmão Paulo André Conselhe.i.ro Espiritual da Equipe 5 de Jundiaí

Somos cristãos para servir. É uma obrigação que decorre do próprio ser cristão.

O serviço é implicação da fé. Deus é amor. E é serviço.

Pe. Walter Carrijo

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A PALAVRA DO PAPA

A ESPIRITUALIDADE FAMILIAR

(última parte da alocução aos re­presentantes de movimentos familiares.)

Um último pensamento leva-me a uma dimensão invisível, não traduzível em números, mas que é preciso considerar entre as mais importantes, se não a mais importante, da realidade fa­miliar. Refiro-me - já o adivinhastes - à espiritualidade fami­liar. Para este ponto de referência deveriam convergir sempre todas as considerações sobre a família cristã, como para a própria raiz e o próprio vértice. Com efeito, a família cristã nasce de um sacramento - o do matrimônio - que, como todos os sa­cramentos, é desconcertante iniciativa divina no coração de uma existência humana. Por outro lado, uma das finalidades deste sacramento é construir com células vivas o Corpo de Cristo que é a Igreja. A família compreende-se só no campo de atração destes dois pólos: chama de Deus a comprometer cada um dos cristãos que a compõem; e a resposta de cada um na grande co­munidade de fé e de salvação, peregrina a caminho de Deus.

Apesar disto, uma família cristã encarna e vive tudo isso no contexto dos elementos que são específicos precisamente da rea­lidade familiar: o amor humano entre os esposos e entre pais e filhos, a compreensão mútua, o perdão, a ajuda e o serviço re­cíprocos, a educação dos filhos, o trabalho, as alegrias e os sofri­mentos. . . Todos esses elementos, dentro do matrimônio cristão, estão envolvidos e como que impregnados pela graça e pela vir­tude do sacramento e convertem-se em caminho de vida evangé­lica, busca do rosto do Senhor e escola de caridade cristã.

Existe pois uma forma específica de viver o Evangelho no âmbito da vida familiar. Aprendê-la e praticá-la é viver plena­mente a espiritualidade matrimonial e familiar. A hora de pro­va e de esperança que está vivendo a família cristã exige que um número cada vez maior de famílias descubram e ponham em prática uma sólida espiritualidade familiar no meio da trama quotidiana da própria existência. O esforço levado a termo pelos Esposos cristãos - que, dentro ou fora dos Movimentos familia­res, procuram difundir, sob a direção de ilustrados Pastores, as

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lmhas fundamentais de uma verdadeira espiritualidade matrimo­nial e familiar - é como nunca necessária e providencial. A família cristã tem necessidade desta espiritualidade para encon­trar o equilíbrio, a plena realização, a serenidade, a abertura para os outros, a alegria e a felicidade.

As famílias cristãs têm necessidade de alguém que as ajude a viverem uma espiritualidade autêntica. Preocupar-se o atual Sínodo também com esta dimensão constitui a alegria de todos nós.

o

Estas são algumas considerações que tenho a peito de modo especial. Confio-va-las e convido-vos a que sigais aprofundando­-as mediante a reflexão pessoal e no colóquio comum com os vossos cônjuges. Convido-vos também a que tireis as correspon­dentes deduções tanto para vós mesmos como para a vossa vida matrimonial e familiar. Ficai cientes de que, como famílias cris­tãs, nunca estais sós ou abandonadas, nem nas vossas alegrias nem tampouco nas vossas angústias e dificuldades. Na grande comunidade dos crentes, muitas outras famílias caminham ao vos­so lado, os vossos párocos e Bispos estão convosco por mandato àe Cristo e também o Papa pensa em vós com infatigável preo­cupação pastoral e reza por vós no amor do Senhor ...

De Roma, do presente Sínodo dos Bispos e de tudo o que viveis durante estes dias tirais a convicção, a confiança e a cer­tPza de que é um direito-dever da Igreja cultivar e pôr em prática a sua doutrina na orientação pastoral sobre o matrimônio e a família.

Esta não pretende impor a ninguém esta doutrina e orienta­ção, mas está disposta a propô-las como coisa livre e a tutelá-las como ponto de referência irrenunciável para quem se preza do título de católico e quer pertencer à comunhão eclesial.

A Igreja julga bem por conseguinte proclamar as suas convic­ções sobre a família, certa de prestar serviço a todos os homens. Trairia o homem se calasse a sua mensagem sobre a família. Estai portanto seguro de semear o bem todas as vezes em que anun­ciais, com liberdade, humildade e amor, uma Boa Nova sobre a família.

Sejam fortes as nossas famílias com a fortaleza de Deus; guiem-nas a Lei Divina, a graça e o amor; nelas e por elas se renove a face da terra.

Renovo a todos a minha saudação e de coração a todos con­cedo a minha Bênção.

(12-10-80)

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t.

A ECIR CONVERSA COM VOCí:S

Caros amigos,

Todos sabemos que, na vida do casal equipista, o ponto alto é a reunião de equipe. Há, dentro de uma reunião de equi­pe, um complexo de realidades que, vividas à luz da fé, na mística do Cristo Comunitário, marcam profundamente a vida do casal e da família uo período seguinte.

Nesse contexto, assume um papel muito importante a esco­lha do casal responsável. É a esse casal que incumbe criar as condições necessárias para que cada casal prepare seriamente sua participação na reunião. Mais ainda,Xgraças à atuação do casal responsável, pode-se conseguir um clima adequado ao de­senrolar da reunião, onde reine a autêntica alegria cristã, que, por sua vez, faz brotar uma atmosfera de diálogo e de escuta do que o outro vem trazer, pedir ou cc-participar. E ele ainda compete zelar para que o amor de Cristo partilhado na reunião se traduza durante o mês em auxílio mútuo entre os equipistas e em atitudes concretas de serviço ao próximo.

Essas considerações nos ocorrem porque, neste mês de maio, as equipes elegerão ou reelegerão seus casais responsáveis. A esse propósito, alguns alertas parecem-nos oportunos. Em pri­meiro lugar, não se elege um casal porque está meio parado, ou mesmo pensando em deixar o Movimento, e talvez o exercício da responsabilidade lhe faça bem!

Tampouco se elege um casal só porque chegou a sua vez e ficaria mal se o pulássemos ...

Igualmente condenável é a atitude daqueles que, sentindo nc ar a possibilidade de serem os escolhido-s, promovem um tra­balho de bastidores visando chamar a atenção dos companheiros para as "inegáveis vantagens" de votar-se noutro casal.

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Devemos, em primeiro lugar, balizar o nosso comportamento segundo a realidade maior que carateriza uma Equipe de Nossa Senhora: é uma comunidade cristã de casais que se reune em virtude da fé. Não nos reunimos movidos por fatores humanos. O motivo de nos encontrarmos reunidos é um chamado de Deus.

Logo, é a Ele que deveremos ouvir em primeiro lugar. Atual­mente, encontramo-nos vivendo a terceira orientação do Movi­mento: "É o Espírito de vosso Pai que falará em vós". Eis aí uma excelente oportunidade de ouvir o Espírito Santo.

Em clima de abertura ao Espírito, pois, e lembrados de que a responsabil:dade maior do casal responsável é pelo crescimento da caridade no interior da equipe, uma pergunta se impõe:

"Qual é o casal que, no momento, preenche as condições ne­cessárias para assumir a responsabilidade da equipe?"

E quais estas condições? Que ame o Movimento, que seja um casal de oração e que tenha espírito de serviço. E, ainda, que se disponha a participar do EACRE. Por certo essas condições devem existir em todo casal equipista. Somos, porém, fracos e suscetíveis de flutuações; assim, trata-se de escolher aquele que, em face desses parâmetros, atravessa a melhor fase.

Portanto, caros amigos, vivamos esse momento importante de nossa equipe como Jesus antes das grandes decisões: na oração.

Finalmente, é bom lembrar: nas Equipes não há uma cate­goria de casais "responsáveis" e outra de "irresponsáveis". É preciso não perdermos de vista que todos somos co-responsáveis e, nesse sentido, devemos carregar os fardos uns dos outros.

Que o Espírito Santo nos ilumine.

A ECIR

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MAGNIFICAT

Porque Maria é Mãe, sua devoção nos ensina a ser filhos; a amar deveras, sem med ida; a ser simples, sem essas compli­cações que nascem do egoísmo de pensarmos só em nós; a es­tar alegres, sabendo que nada pode destruir a nossa esperança. O princípio do caminho que leva à "loucura" do amor de Deus é um amor confiado por Maria Santíssima ...

Se procurarmos Maria, encontraremos Jesus. E aprende­mos a entender um pouco do que há no coração de um Deus que se aniquila; que renuncia a manifestar o seu poder e a sua majestade para se apresentar sob a forma de escravo .. .

Deus interessa-se até pelas mais pequenas coisas de suas criaturas; e chama-nos, um a um, pelo nosso próprio nome. Es­sa certeza, que procede da fé, faz-nos olhar o que nos cerca sob um olhar de nova luz, e leva-nos a perceber que, permanecendo tudo como antes, tudo se torna diferente, porque tudo é expres­são do amor de Deus.

A nossa vida converte-se assim numa contínua oração, num bom humor e numa paz que nunca se acabam, num ato de ação de graças desfiado ao longo das horas. "Minha alma glorifica o Senhor" - cantou Maria .. . A nossa oração pode acompanhar e imitar essa oração de Maria.

Mons. Escrivã

("É Cristo que passa")

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A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE,

TAREFA DOS CRISTÃOS

Há dez anos, Paulo VI publicava, "por ocasião do 8()9 aniversário da Encíclica Rerum Novarum", a "Carta apostólica sobre as necessidades novas de um mundo em transformação", Octogesima. Adveniens, endereçando-a ao Cardeal Maurice Roy, Presidente da "Comissão Pontifícia Justiça e Paz" e do "Conselho dos Leigos".

Con...<:J.d<Jrando a atualidade do pensamento de Paulo VI, considerando também que a atuação concreta a serviço da transformação da sociedade é responsab11idade dos leigos, resolvemos transcrever alguns trechos desse do­cumento (1), chamando ao mesmo tempo a atenção para a necessidade de se procurar conhecer melhor a doutrina social da Igreja.

Essa doutrina que, na realidade, remonta aos Padres da Igreja e vem se enriquecendo ultimamente com os pronunciamentos de João Paulo II (ho­milias em Puebla, Saint-Den.ls, no Morumbi, em Salvador e Recife, por exemplo), está expressa nas grandes encíclicas sociais, publicadas sempre em maio de anos em "1": Rerum Novarum, de Leão XIII (15 de maio de 1891), Quadragesimo Anno, de Pio XI (15 de maio de 1931), Mater et Magistra, de João XXIII (15 de maio de 1961). A Octogesima Adveniens (14 de maio de 1971) não é uma encfclica, mas reveste-se da mesma importância, por conter aspectos que vêm completar a Populorum Progressio (sobre o desen­volvimento dos povos), que o próprio Paulo VI publicara na Páscoa de 1967. Importante contributo traz também o capitulo V da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concilio Vaticano II (dezembro de 1965).

"A Igreja caminha juntamente com a humanidade e compar­tilha a sua sorte no seio da História. (1) No meio das pertur­bações e das incertezas da hora atual, a Igreja tem uma mensa­gem específica a proclamar, um apoio a dar aos homens, nos seus esforços para tomar as rédeas do seu futuro e orientá-lo. (5)

(1) A Carta Mensal de Maio de 1975 publicou os n9s 10 a 12, sobre "OS cristãos na cidade".

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Nossa finalidade é chamar a atenção para algumas questões que, pela sua urgência, pela sua amplitude, pela sua complexi­dade, devem estar no centro das preocupações dos cristãos para os anos que vão seguir, a fim de que, juntamente com os outros homens, eles se apliquem a resolver as novas dificuldades que põem em sua causa o próprio futuro do homem. Importa saber equacionar os problemas socia' s postos pela economi'a moderna -condições humanas de produção, eqüidade nas permutas de bens e na repartição das riquezas, significado das aumentadas neces­sidades de consumo e compartilha das responsabilidades - num contexto mais amplo, de civilização nova. (7)

O egoísmo e a dominação são tentações permanentes entre os homens. Por isso, um discernimento cada vez mais apurado torna:-se necessário para captar, na sua origem, as situações nas­centes de injustiça e instaurar progressivamente uma justiça me­nos imperfeita. Na mutação industrial, que exige uma adapta­ção rápida e constante, aqueles que virão a encontrar-se lesados tornar-se-ão mais numerosos e mais desfavorecidos para fazerem ouvir a própria voz. A atenção da Igreja volta-se para estes "novos pobres" - impedidos (por toda espécie de "handicaps") e inadaptados, velhos e marginais de origem diversa - para os aceitar, para os ajudar e para defender o seu lugar e a sua dig­nidade numa sociedade endurecida pela competição e pela fasci­nação do êxito. (15)

A doutrina social da Igreja acompanha os homens na sua busca diligente. . . . Tal doutrina desenvolve-se também com a sensibilidade própria da mesma Igreja, marcada por uma vonta­de desinteressada de serviço e por uma especl.al atenção aos mais pobres ... (42)

Hoje em dia, os homens aspiram a libertar-se da necessidade e da dependência. Mas uma semelhante libertação começa pela liberdade interior que eles devem saber encontrar de frente aos seus bens e aos seus poderes; não chegarão todavia a isso senão mediante um amor transcendente para com o homem e uma dis­ponibilidade efetiva de serviço. ( 45)

Conclusão: um apelo à ação

48. No campo social, a Igreja sempre teve a preocupação de as­sumir um duplo papel: o de iluminar os espíritos, para os ajudar a descobrir a verdade e discernir o caminho a seguir no meio das diversas doutrinas que os solicitam; e o de entrar na ação e difundir, com uma real solicitude de serviço e de eficácia, as energias do Evangelho. . ..

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É a todos os cristãos que dirigimos de novo, ainda e de uma maneira insistente, um apelo à ação. Na nossa Encíclica Popu­lorum Progressio (sobre o desenvolvimento dos povos), insisti­tíamos já para que todos pusessem mãos à obra: "Os leigos devem assumir como sua tarefa própria a renovàção da ordem temporal; se o papel da Hierarquia consiste em ensinar e interpretar auten­ticamente os princípios morais que hão de ser seguidos neste cam­po, pertence aos leigos, pelas suas livres iniciativas e sem esperar passivamente ordens e diretrizes, imbuir de espírito cristão a mentalidade e os costumes, as leis e as estruturas da sua comu­nidade de vida." Seria bom que cada um procurasse examinar­-se, para ver o que é que já fez até agora e aquilo que deveria fazer. Não basta recordar os princípios, afirmar as intenções, fa­zer notar as injustiças gritantes e proferir denúncias proféticas; estas palavras ficarão sem efeito real se elas não forem acompa­nhadas, para cada um em particular, de uma tomada de consciên­cia mais viva de sua própria responsabilidade e de uma ação efe­tiva. É demasiadamente fácil alijar sobre os outros a responsa­bilidade das injustiças se não se dá conta ao mesmo tempo de como se tem parte nelas, e de como a conversão pessoal é neces­sária, mais do que qualquer outra coisa. . ..

49. Deste modo, na diversidade das situações, das funções e das organizações, cada um deve individuar a própria responsabilida­de e discernir em consciência as ações nas quais está chamado a participar. Misturadas com as diversas correntes e a par das aspirações legítimas, vogam também orientações ambíguas; por isso, o cristão deve operar uma seleção e evitar de se compro­meter em colaborações incondicionais e contrárias aos princípios de um verdadeiro humanismo, mesmo que tais colaborações se­jam solicitadas em nome de solidariedades efetivamente sentidas.

Se ele quiser, de fato, desempenhar um papel específico como cristão, em conformidade com sua fé - aquele papel que os pró­prios não-crentes dele esperam ele deve velar, no decurso do seu compromisso ativo, para que as suas motivações sejam sempre esclarecidas, para transcender os objetivos prosseguidos com uma visão mais compreensiva, a qual lhe servirá para evitar o escolho dos particularismos egoístas e dos totalitarismos opressores.

50. Nas diferentes situações concretas e tendo presentes as so­lidariedades vividas por cada um, é necessário reconhecer uma variedade legítima de opções possíveis. Uma mesma fé cristã pode levar a assumir compromissos diferentes. A Igreja convida todos os cristãos para uma dupla tarefa de animação e de inova­ção, a fim de fazerem evoluir as estruturas e as adaptarem às verdadeiras necessidades atuais. Aos cristãos que parecem à pri-

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meira vista opor-se entre si, em virtude de opções diferentes, ela pede um esforço de compreensão recíproca das pos:ções e das motivações uns dos outros; um exame leal dos seus comporta­mentos e da sua retidão sugerirá a cada qual uma atitude de caridade mais profunda, a qual, reconhecendo muito embora as diferenças, não acredita menos nas possibilidades de convergência e de unidade "Aquilo que une os fiéis é de fato mais forte do que aquilo que os separa".

É certo que muitos, inseridos nas estruturas e nos condicio­namentos modernos, são determinados pelos seus hábitos de pen­sar, pelas suas funções, quando não mesmo pela salvaguarda de interesses materiais. Outros vivem tão intensamente as solida­riedades, de classes e de culturas, que chegam a comungar sem reservas todos os modos de julgar e todas as opções de seu meio ambiente. Cada um deve ter muito a peito examinar-se a si mesmo e fazer brotar em si aquela liberdade verdadeira segundo Cristo, que abra para uma visão universal no meio mesmo dos condicionalismos mais particulares.

51. É neste ponto também que as organizações cristãs, sob as suas formas diversas, têm igualmente uma responsabilidade de ação coletiva. Sem se substituir às instituições da sociedade ci­vil, devem elas refletir, à sua maneira própria e transcendendo a sua mesma particularidade, as exigências concretas de fé cristã para uma transformação justa e, por conseqüência, necessária, da sociedade.

Hoje, mais do que nunca, a Palavra de Deus não poderá ser anunciada e ouvida senão na medida em que ela for acompanhada do testemunho do poder do Espírito Santo, a operar na mesma ação dos cristãos ao serviço dos seus irmãos, nos lugares onde está em jogo a sua existência e o seu futuro .

• Deve-se colocar particular cuidado na formação de uma consciência social em todos os níveis e em todos os setore!l. Quando aumentam as injustiças e cresce dolorosamente a distância entre pobres e ricos, a Doutrina Social, de uma forma criativa e aberta aos amplos campo&' de presença da Igreja,

deve ser precioso instrumento de formação e ação .

JOAO PAULO II

(Em Puebla, Discurso .t.nauguraD

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MARIA

Não sei se é oração, não sei se é poesia. Maria, sei que é para você. Eu a olho, Madona, no quadro do Renascimento. Mas você não fica lá: bela, estática, clara, translúcida, divina, Você sai de lá. Eu a vejo rindo. Não, sorrindo docemente, meigamente .. . Rindo com som, com tremor de todo o corpo, rindo com os olhos, com as mãos, com os cabelos, com a própria pele. É toda você que ri, de um riso borbulhante. Você é alegria. Vejo suas faces coradas, quase rubras, de quem andou ao sol. Vejo-a lidar com pressa, com vontade de acabar, com vontade de fazer, de ver o trabalho aparecer ... se dando toda ao serviço, se cansando por ele. Vejo-a criando e ficando feliz por criar. . . fazendo da rotina o seu dia a dia. Fatigada, sentando-se, e com um suspiro pro­fundo, gozando o prazer do descanso merecido. Você é gente. Vejo seu peito arfar, sua boca se abrir numa inspiração de corpo inteiro, num cansaço saudável de quem correu atrás de um me­nino irrequieto que sobe, que desce, que pula. Vejo-a correr com ele, atrás dele, rir com ele, rir dele, falar com ele, falar dele. Vejo-a sorrir para ele e aí seu corpo sorri. .. meigamente .. . docemente ... Vejo-a correr atrás dele, brincando, jogando, ra.lhando, dizendo não, d 'zendo sim. Ampará-lo antes que caia, levantá-lo depois que caiu. Tomá-lo nos braços, curar suas dores, limpar seus arranhões. Cobri-lo de beijos e, ao mesmo tempo, censurá-lo pela imprudência infantil. Suas mãos e seu olhar o acanc1am: nessas horas, suas mãos têm a leveza de plumas e a maciez aveludada do pêssego.

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Você é mãe. Vejo-a sofrer. Não pálida, inerte, fluida. Mas num sofrimento integral de mãos apertadas, de boca arcada, de olhos pesados, semi-cerrados, de faces descoradas, de gemidos, de pranto. Você é sofrimento. Vejo lágrimas. Não duas gotas de orvalho que apenas tocam faces de porcelana inexpressivas, geladas. É um choro amargo, que rola porque pesa, que cai sulcando a face, magoando, maltratando. É um choro de olhos vermelhos, inchados, doloridos. É um choro carregado de tristeza, de emoção, de dor. É como um rio caudaloso após a tempestade, levando pedaços de margem, engrossando sua transparência com o humus escuro. Você é pranto. Vejo-a receptiva, aberta, · disponível, como só você é capaz de ser. Fazer-se oca para que possa ser cheia de graça. Abrir-se para receber o filho de Deus em seu ventre, para receber Jesus, filho de sua carne, em sua vida. Receber, doando-se. Não guardando nada para si. Doação total. Receber, não porque nasceu para isto, mas porque vive para isto. Receber, como você, Maria, recebe o anjo que O anuncia, como você O recebe no Na tal, como você recebe Sua vida para o Pai, como você recebe Sua prisão, Sua paixão, Sua morte, Sua res­surreição. Receber, como você recebe João, quando Ele diz: "Mulher eis aí teu filho, filho, eis aí tua mãe." Você é a Mãe de Deus. Maria, cheia de graça, eu não a vejo, eu a sinto. Você é.

Neide Monteiro Peluso Equipe 24, Setor D, São Paulo

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ORAÇÃO FAMILIAR E VOCAÇOES

Trechos de alocuções do Santo Padre exortando as famílias à oração, e especificamente à -oração pelas vocações.

Como "Igreja em miniatura" sacramentalmente fundada, ou Igreja doméstica, matrimônio e família devem ser escola da fé e lugar da oração comum. Atr buo precisamente à oração na família grande significado. Dá força para se vencerem múlti­plos problemas e dificuldades. No matrimônio e na família de­vem crescer e chegar à maturidade as atitudes fundamentais humanas e cristãs, sem as quais a Igreja e a sociedade não podem subs:stir. Aqui está o primeiro lugar para o apostolado cristão dos leigos e o sacerdócio comum de todos os batizados. Tais matrimônios e famílias, impregnados de espírito cristão, são tam­bém os verdadeiros seminários, quer dizer, os viveiros para vo­cações esp:rituais ao estado sacerdotal e religioso.

(Na Alemanha)

Mediante a oração feita na comunidade familiar, convidamos a Cristo para que esteja no meio de nós: cônjuges, pais e filhos.

A oração é o primeiro testemunho da nossa vocação. Damos este testemunho a Cristo, uns diante dos outros. Com este tes­temunho, tornamo-nos reciprocamente testemunhas.

Mediante a oração, construímos a família, que é a igreja do­méstica.

Rezamos hoje por aquela unidade das nossas famílias que surge da oração.

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Rezamos para que as famílias cristãs orem, a fim de que rezem muito. É a primeira condição para cumprirem os deve­res que Cristo e a Igreja lhes impõem.

Durante uma das Sessões do Sínodo, Madre Teresa de Cal­cutá assim disse aos Bispos reunidos: dai-nos santos sacerdotes. Enviai-nos santos sacerdotes como servos de Cristo e adminis­tradores dos mistérios . de Deus.

E de onde devem sair estes sacerdotes, senão das famílias que vivem o espírito de Cristo? Foi portanto ind~ cado o sinal da união entre a vocação familiar e a vocação sacerdotal.

Que todas as famílias cristãs no mundo inteiro rezem pelos sacerdotes, rezem pelas vocações sacerdotais e religiosas, se tor­nem como a "Igreja doméstica", o primeiro seminário das vo­cações!

A messe é grande! (Em Roma, no Dia da Família)

As vossas casas sejam sempre casas de oração. Transmitir aos vossos filhos a fé que recebestes dos vossos pais é o vosso primeiro dever e o vosso maior privilégio. A casa deveria ser a primeira escola de relig" ão, como também a primeira escola de oração ... porque a evangelização começa em casa e é em casa que desabrocham e se desenvolvem as vocações.

(Na Irlanda)

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MENSAGEM DE DOM DAVID PICAO

por ocasião do Encontro de Responsáveis Regionais, de Setor e Coordenação, de 27 a 29 de março, em Itaici

DIOCESE DE SANTOS •n••• Dloc•••w• Da •.un·o• - o. o . o u •••·n1 /oo1-u

Av.nlda Con .. lhalro N6blu, '7D1

11.100 - SANTOS - SP

Aos Responsáveis de Setor das Equipes de Nossa Senhora

Itaicí - Indaiatuba

O querido casal VANIA E WALTER DENARI, responsáveis

pelo Setor de Santos, são portadores de nossa saudação .!!:

miga e melhores votos de êxitos espirituais e apostóli

cos nesse Encontro que ora realizam.

A carênci.a de sacerdlotes nesta Diocese traz como CO,!!

sequência uma sobrecarga em cada um dos engajados no mi -

nistério. Estamos, por isso, no momento, sem Diretor Es­

piritual no Setor. O Bispo, porém, exerce sua cissão es­

sencial de pastor, que inclue ser o que "vigia". Por is­

so, com alegria, não apenas assistimos a uma eq~ipe, mas

vamos apoiando também o Setor.

Faço votos que as Equipes sejam fiéis a seu carisma

e que busquem, na fidelidade à Igreja e seu Magistério,

ser verdadeiro fermento de santidade em meio aos ambieE

tes cristãos em que vivem.

Abraçando a todos. roso uma oração pelas vocagÕes

sacerdotais desta Diocese.

Santos, 24 de març o de 1981. ~

- ~ -~ ~'G,<-·

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VELHAS BASILICAS

ACOLHEM JOVENS CRISTÃOS

As velhas Basílicas Romanas eram pequenas demais para re­ceber os jovens procedentes de toda a Europa. Isso aconteceu no último Encontro Europeu dos Jovens, realizado em Roma, de 27 de dezembro a 1.0 de janeiro.

Vindos da Europa inteira, da Finlândia à península ibérica, da Polônia à Escócia, e também dos outros continentes, quase 30.000 moços e moças foram acolhidos nas famílias e comunida­des religiosas de Roma. O convite partira do Cardeal Poletti, vigário geral de Roma, e o Encontro foi preparado e animado pela Comunidade de Taizé. (1)

Mais de 150 igrejas receberam esses jovens para as reuniões de oração, com o intuito de favorecer o entrosamente com os fiés de várias paróquias. Os grandes encontros se deram, no fim das tardes, nas antigas basílicas romanas: São João de Latrão, mãe e cabeça de todas as igrejas; Santa Maria Maior, a mais impor­tante das igrejas dedicadas a Nossa Senhora; Santa Maria degli Angeli, o antigo "palácio de desportos" do imperador Diocleciano transformado em basílica. As três basílicas estavam lotadas. Re­flexões , leituras bíblicas em diversas línguas e cantos em latim constituiram a base desses encontros de oração.

(1) A Comunidade de Taizé, na França, comemorou em 1980 quarenta anos de existência. Fundado. por monges protestantes, tornou-se em 1960 uma comunidade ecumênica, ao acolher em seu seio monges católicos. Esse testemunho de unidade, aliado ao clima de recolhimento e oração que reina em Taizé, vem atra.l.ndo, independentemente de credo religioso, levas de pes­soas sedentas de Deus, principalmente jovens. Nas festas litúrgicas, as co­linas de Taizé cobrem-se de barracas armadas por jovens vindos de toda a Europa para orar e refletir, numa atmosfera de intensa participação, em torno do Irmão Roger Schutz, fundador da comunidade - e idealizador do "Concilio dos Jovens", que reuniu mais de 10.000 jovens. Ao lado de um total respeito pelo caminhar esp.iritual de cada um, um amor comprometido a fundo com a Justiça e a Paz tem feito de Talzé um dos grandes centros de espiritualidade do mundo.

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No dia 30, todos converg·ram para São Pedro. No imenso recinto, totalmente tomado, não cabia tanta gente: alguns mi­lhares tiveram que ficar na praça. Na presença do Papa, do Irmão Roger Schutz, da Comunidade de Taizé, de cinco cardeais e de alguns bispos, todos cantaram e escutaram a Palavra de Deus. Depois, João Paulo II, que havia cumprimentado pessoal­mente muitos jovens, proferiu um longo e rico discurso em sete línguas, versando sobre a unidade dos cristãos. A seguir, o San­to Padre se recolheu e rezou diante do altar da Confissão (túmu­lo de São Pedro), enquanto a multidão cantava, repetidas vezes, "Veni, Sancte Spiritus".

Terminou o Encontro Europeu no dia 1.0 de janeiro, Dia Mundial da Paz, com mais um "encontrão" em São João de Latrão. Enquanto moços e moças cantavam "Laudate Dominum, omnes gentes" (Louvai a Deus, todos os povos), sentado no chão com eles, eu pensava em tantos jovens mortos nas guer­ras de nosso século, enterrados nos cemitérios da Europa e da Asia, nos outros jovens que tombam nas guerrilhas, nos jovens vítimas dos vícios, da droga, do desespero, nos jovens terroristas presos em cárceres e cadeias. . . Será que a juventude de hoje não poderia construir uma civilização diferente?

Ao terminar, Frere Roger perguntou se era oportuno se reu­nirem de novo, no fim deste ano, em Roma, nesta Igreja "que preside à caridade" e deve, mais que as outras, promover a re­conciliação e a unidade. Animado pelos aplausos da assembléia, Frere Roger disse que, na próxima audiência que teria com João Paulo II, no fim de jane;ro, pedirá a licença para os jovens vol­tarem ao centro da Unidade.

Certamente, o Encontro Europeu lembrou à Igreja de Roma sua responsabilidade para com todos os cristãos, despertou nela o sentido do acolhimento e de comunhão universal. Através do Encontro, muitos jovens descobriram a velha Igreja de Roma, fundada sobre Pedro, Paulo e os primeiros mártires, e encontra­ram aquele que recebeu de Cristo o serviço da Unidade eclesial.

Para todos foi uma oportunidade de viver a graça da recon­ciliação e da unidade.

Pe. Alberto Boissinot

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SEMANA DE ORAÇõES PELA UNIDADE

A unidade é uma característica e uma ex1gencia da Igreja. As desavenças, as divergências e a divisão contrariam o plano de Deus. E no entanto as vicissitudes da história e o espírito do mal levaram os cristãos a dolorosas divisões. O Espírito do Se­nhor, porém, suscitou o movimento ecumênico, que nos últimos decênios tem decididamente encaminhado os cristãos para a plena unidade.

A oração encontra-se na origem deste movimento, ela acom­panha, anima e sustém a sua procura, na expectativa de que, re­solvidas finalmente todas as divergências, se possa ter a comum celebração da Eucaristia, ao termo deste lento mas progressivo caminho.

O tema da Semana de Orações deste ano é denso de conteúdo e muito sugestivo: "Um só Espí'T'ito, diversos dons e um mesmo corpo" (cf. 1 Cor. 12) . A variedade dos dons, dos ministérios e das tarefas no seio do povo de Deus provém do mesmo e único Espírito e está orientada para a comum utilidade e harmônica articulação de um só corpo, isto é, do Corpo místico de Cristo.

Cada um, portanto, é chamado a dar o próprio contributo de vida, de ação, de estudo e de orações. Convido-vos a isto com insistência e confiança.

Nós também agora rezamos à Mãe de Deus, a fim de que por sua intercessão o Senhor Jesus conceda aos cristãos a abundância dos dons do seu Espírito, de modo que eles possam alcançar a perfeita unidade e dar assim, no nosso tempo, o mais eficaz tes­temunho de fé e de vida segundo o Evangelho.

JOÃO PAULO II

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A ESCUTA DO SENHOR

A idéia embrionária da qual surgiu o Movimento das Equipes de Nossa Senhora nasceu no recolhimento de um retiro feito por quatro casais cristãos, desejosos de viver as riquezas do sacra­mento do matrimônio à luz da fé.

Esse Movimento não poderia deixar de propiciar aos seus membros - como ponto concreto de esforço - um retiro anual. Ponto concreto de esforço, "obrigação" de todo equipista. Obri­gação, não no sentido de um peso a ser desvencilhado, mas sig­nificando retribuição àquilo que o Movimento nos oferece. Cos­tumamos enviar flores para dizer obrigado a um amigo . .. Essas flores , além da sua beleza, levam consigo a mensagem da nossa gratidão. Também a nossa aclesão ao retiro deve significar o nosso "obrigado" às muitas oportunidades que o Movimento pro­porciona ao casal equipista.

Fazer um retiro signifJca deixar a casa, deixar tudo o que prende ao cotidiano, ingressar numa casa apropriada para retiro e, num recolhimento prolongado e dirigido, procurar examinar­-se, conhecer-se, refazer-se, aperfeiçoar-se. Isso se dá num clima de oração, meditação e escuta do que o Senhor tem para dizer a cada um em particular.

E por que a necessidade de fazer um retiro para escutar o Senhor?

É que as nossas ocupações ordinárias absorvem de tal modo o nosso tempo e nos lançam numa roda-viva tão envolvente que a nossa vida interior fica quase sempre irremediavelmente pre­judicada.

Certa vez, um médico dedicadíssimo, que tinha todo o seu tempo para seus doentes, seu hospital, seu trabalho, encontrou na sua agenda - numa única página ainda em branco - um recado com a letra da sua esposa: "dia dedicado à família, tão carente da sua presença, do seu amor".

Antes que a nossa agenda fique cheia de compromissos, mar­quemos ,o nosso retiro anual, tempo dedicado Aquele que está sempre a nossa espera, para um encontro profundo e restaura­dor da nossa vida espiritual.

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Como casal equipista, já fizemos oito retiros. To<ios eles fo­ram excelentes experiências para nós.

Mas, apesar de somente oito retiros no Movimento, temos constatado uma grande evolução espiritual do primeiro ao oitavo retiro.

Nos primeiros havia muitas palestras, debates... Havia a troca de idéias e de experiências vividas em cada equipe ...

Nesses três últimos anos, fomos conduzidos não mais a ex­teriorizar nossas experiências, mas a interiorizar as experiências evangélicas; não mais a participar de uma sessão religiosa, mas a viver uma experiência esp 'ritual; não mais a maravilhar-nos . com a loquacidade dos nossos pregadores, mas a mergulhar na sabedoria de Deus; não mais a formar grupos e debater o Evan­gelho, mas a isolar-nos e recolher-no-s para um encontro pessoal face a face com o Senhor.

E para que esse encontro se realize é necessário silêncio porque "quem o ouve, senão aquele que o escuta? Quem o es-· cuta senão· aquele que lhe dá ouvidos? Quem dá ouvidos senão aquele que se envolve em silêncio, por fora e por dentro?" (Mons. Gonom)

As Sagradas Escrituras ens;nam-nos que Deus se dá a co­nhecer no silêncio e no recolhimento. Leiamos I Reis 19, 11 e veremc·s que o Senhor se manifestou a Elias, não nos aconteci­mentos espetaculares, mas na chegada de uma brisa ligeira . ..

Maria Cecília e João Equipe 33, Setor B, São Paulo

RETIROS

Em Sã o Paulo - 15 a 17 de maio 5 a 7 de junho

Em . Bra&'illa - 22 a 24 de maio 12 a 14 de junho

Em Santos - 19-21 de junho

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POEMA DA MATERNIDADE

Pode lá ser! Não quero, não consinto! Tudo em mim se revolta; a carne, o instinto. A minha mocidade, o meu amor, A minha vida em flor!

É mentira! É mentira! Se o meu filho respira, Se o meu corpo consente, Covardemente, A minha alma não quer! Eu não quero ser mãe! Basta-me ~'er mulher. E o meu instinto diz: "Acabou-se! Acabou-se! Agora renuncia: Começa a tua noite: acabou-se o teu dia! Tens vinte anos? Embora! A tua mocidade Perdeu chama e calor, perdeu a própria ida.de. Resigna-te. És mulher! Foi Deus quem assim o quis . Já foste flllr; agora, és ~·ó raiz." Não pode ser! É injusta a minha sorte! Não quero dar a vida a quem me traz a morte! O meu destino há de ter outro brilho! Vida, quero viver! E morro, morro .. .

Filho! Pode lá ser, Jesus! Eu não mereço tanto! Filho da minha dor, eu já não choro, canto! Filho que Deus me deu! Por que, Senhor, Há uma só palavra: Amor, Amor, Amor! Dai-me outra voz que nunca tenha dito Coisas más, coisas vi~·. . . e que saiba a infinito ... Dai-me outro coração, mais puro, mais profundo, Que o meu já se quebrou de encontro ao mundo ... Dai-me outro olhar que nunca tenha olhado, Que não tenha presente nem passado ... Dai-me outras mãos, que as minhas já tocaram A vida e a morte. . . e o bem e o mal. . . e já pecaram.

Filho, por que seria? Ao vire!/ para mim Mudaste num jardim Os espinhos da minha carne triste . .• E camo conseguiste dar uma cor de sol às horas mais sombrias? Meu menino, dorme, dorme, E deixa-me cantar Para afastar A vida, um papão enorme . . . Meu menino, dorme, dorme .. . Vamos agora brincar . . . Que brinquedo, meu menino? O mar, o céu, e~·ta rua? Já te dei o meu destino, Posso bem dar-te a lua.

Toma um navio, um cavalo, Toma agora o mar sem fundo ... Ainda achas pouco Deixá-lo!

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Se quiseres dou-te o mundo! Mas por que não vens brincar? Por que preferes chorar? Jesus! Que tem meu filho? Que vida estranha no brilho Do seu olhar? Uma vida inquieta e obscura Ainda a queimar-lhe a frescura ... Ainda hoje, meu filho, não &'orriste E o teu olhar é triste ... Cheiras à noite, a luto, a azebre ...

Senhor, o meu filho tem febre! O seu hálito queima. O seu olhar escalda . .. Ele que tinha um olhar de estrela ou esmeralda E um perfume de flor, Agora tem na boca um amargo sabor E cheira à noite, a luto, a azebre . . .

Senhor! O meu filho tem febre! Tirai-me dos olhos toda a luz . Livrai-me da blasfêmia . . . Deus! Jesus! Pois se meu filho morre, * agoniza, Por que há flores no chã() onde ele não pisa? Se num coval o hei de pôr, de rastros, Por que estarão tão alto os astros? Senhor, eu sou culpada. .. Eu sei o que é o pecado . . . Mas ele, meu Jesus, ainda não tem pas&'ado .. . Para mim não há mal que não aceite, Mas ele anda tão perto do Teu céu! A sua vida era beber-me o leite .. . No olhar com que me olhava tinha um véu De neblinas, de névoas, de outras vidas .. . As vezes tinha as pálpebras descidas E punha-&'e a chorar no meu regaço Com saudades, talvez, do céu, do espaço .. . Meu filho tem febre! Por que andam a cantar pelos caminhos? Por que há berços e ninhos? Vida! O meu filho era belo, O meu filho era forte! Vida, que mãe és tu? Defende-me da morte! Vida! Vida! Vida!

Louvado seja Deus! A morte foi-se embora! Já não tens febre agora! Louvado seja Deus! O meu menino vive, Este menino, o meu, que só eu tive! E pude bla&"femar! E o meu menino chora, e eu posso já cantar! E o meu menino canta, e eu posso já chorar! O meu menino vive e toda a vida canta, Toda a terra é uma fresca e sonora garganta! Que toda a gente o saiba e toda a terra o veja! Louvado seja Deus! Louvado seja!

FERNANDA DE CASTRO

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TESTEMUNHO

QUANDO ELE CONVIDA

Desde menina, as interrogações sobre o sentido da vida, so­bre o mistér~o do "eu", do relacionamento do íntimo do ser com a Divindade me atraíam bastante. Por problemas de tempera­mento, porém, nunca me decidia a uma "entrega" ao Amor su­gerido por Cristo. Namora v a a doutrina cristã meio de longe, um tipo de amor platônico e a qualquer aproximação maior que Ele tentasse, logo me retraía. . . e fugia. Para isso não faltavam desculpas - nem preciso enumerá-las, pois todos as conhecem.

Só me dei conta de como reHgião era importante para mim quando pressenti que um namorado que tive não aceitava a Igre­ja. Minha própria reação me assustou. Pareceu-me que seria muito difícil enfrentar as dificuldades da v~da a seu lado; o fato é que ao primeiro pequeno obstáculo desisti de lutar por ele. Foi melhor. Ao conhecer o Luiz, que também fora um "fujão" de Cristo, como eu, minha alma como que ficou em compasso de espera. No fundo eu sabia muito bem que ele ans!ava, como eu, por algo grande. Tínhamos (ou eu tinha) medo de falar do assunto. íamos à nossa missinha semanal - pobre e grande sacrifício mínimo exigido por lei - mas não estávamos felizes. Nós dois, longe da família, sozinhos em Ribeirão. Como é bom para o casal ficar sozinho logo que se casa! A descoberta mútua é tão mais fácil e completa!

Era hora.

O convite "dEle" veio. Foram Mauro e Maria Marta os men­sageiros. Foram Nelson e Moema os arautos; e Dutra e Maria Helena, Ana Maria e Zé Carlos, Geraldão e Norma, Ana Vera e Gilberto, os exemplos a quem queríamos seguir.

Estou escrevendo e me comovendo à medida que me recor­do ... Faz tanto tempo- e foi ontem. É muito difícil para mim mergulhar em lembranças porque ainda dói muito. Mas foi a Equipe que me pediu - e dela eu recebi demais.

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Aí apareceram os outros casais. Deles e de alguns outros casais de outras equipes, eu fui filha, irmã, mãe e amiga - mais do que tudo fomos irmãos no Espírito, em Jesus Cristo, conviva sempre presente às reuniões, embora às vezes, à nossa revelia . ..

A Equipe 4 de Ribeirão Preto não "foi" alguma coisa para mim, ela "é" parte da minha vida - daquela vida que não é vista aos pedacinhos mas como um todo, com o olhar da eter­nidade.

Eliana Castilho Equipe 1 de Catanduva

Nota da Redação: O que Eliana não diz é que a resposta ao "convite" ve.l.o total e irrestrita: Eliana e Luiz foram Responsáveis de Setor em Ribeirão Preto... Depois, foi a partida do Luiz para o Pai, e Eliana, valente, continuando sozinha a dizer "sim" a Ele: mudando-~e para Catanduva, pilotou as três primeiras equipes de lá.

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NOTíCIAS DOS SETORES

RIO DE JANEIRO - Família em foco

Mary-Nize e Sérgio, Mar;a Teresa e Luiz Sérgio dividiram com um psicólogo a noite dedicada a um painel sobre a Famí­lia, durante a visita pastoral de D. Afonso Gregory, Bispo Au­xiliar do Rio de Janeiro, à segunda Região do Vicariato Sul.

Dentro do tema "As funções da Ig'l'eja doméstica", o primei­ro aspecto, "Família, educadora da personalidade", foi abordado pelo Dr. Antonio, que falou sobre a relação afetiva entre pais e filhos desde a gestação e a relação entre os elementos que a compõem e abrigam, como, por exemplo, o próprio espaço geográ­fico. Chamou a atenção dos presentes sobre o perigo das con­tradições no seio da família, como "a incoerência entre o pensar, o falar e o agir".

A seguir, Mary-Nize e Sérgio falaram sobre "Famíliw, pro­motora da fé", destacando o papel educador da família na trans­missão da primeira imagem de Deus que a criança recebe e lem­brando que a igreja doméstica é "sujeito e objeto de evangeli­zação".

"Família, promotora do bem social" era o assunto de Maria Teresa e Luiz Sérgio, que alertaram os ouvintes sobre a neces­sidade de se mudar a mentalidade que leva a cons'derar a famí­lia como um sistema fechado. "Duvidamos, afirmaram eles, que uma família possa viver a dimensão da solidariedade. . . sem que haja essa abertura para o mundo".

Esse painel foi seguido de uma noite de debates, quando os representantes das paróquias foram d"vididos em 15 grupos para discutir c.s temas abordados na véspera e apresentar sugestões para o desenvolvimento da pastoral de conjunto da Região. Foi td a motivação que a apresentação das conclusões dos grupos estendeu-se além da meia-noite. Entre outras coisas, foi suge­rida a criação de coordenações regionais para as pastorais da família, da juventude e da catequese, sendo que a coordenação

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da pastoral da família estará a cargo de um casal representante de cada paróquia.

Por ser do interesse de todos, acrescentamos que a família também esteve na ordem do dia durante a visita pastoral de D. Celso José Pinto, Bispo Auxiliar, à Quinta Região do Vicariato Suburbano, e transcrevemos do jornal da Arquid~ocese: "Ficou decidido que, devido ao pouco tempo disponível, o único tema a ser abordado seria a Pastoral da Família, já que esta é a prio­ridade do Vicariato. O programa da visita foi acertado entre o bis­po, os párocos e um casal representante de cada paróquia . . . To­mando por base a homilia do Santo Padre no Aterro do Flamen­go, a discussão tomou o rumo dos problemas que mais afligem a8 famílias da Região. D. Celso ressaltou que o enfoque deve­ria ser dirigido a todas as famílias da Região e não apenas àque­las que freqüentam as paróquias. A partir das idéias apresen­tadas pelos casais (para o desenvolvimento da pastc·ral de con­junto da Região), foram organizados questionários sobre reuniões de casais, curso de preparação de noivos mais longo do que os atualmente realizados e encontro-s de recém-casados."

No mesmo Vicariato, por ocasião de um encontro de co-nfra­ternização e reflexão sobre Pastoral da Juventude, em que esti­veram presentes 500 jovens, um dos temas principais foi "O jo­vem na família", quando foram abordados problemas como o re­lacionamento entre pais e filhos e valores e contra-valores que estimulam ou dificultam esse relacionamento.

Interessante pareceu-nos também o que lemos no mesmo Bo­letim a respeito de uma paróquia do Vicariato Sul: "A Pastoral está organizada em sete setores ... , todos convergindo para a prio­ridade Família, conforme o 5.0 Plano de Pastoral da Diocese ... . Tanto os jovens quanto os alunos de catequese seguem a priori­dade da família , reunindo-se freqüentemente com os pais. O Grupo Magno (Movimento Ação Gente Nova) ex'ste há onze anos, reunindo cerca de 60 jovens entre 15 e 18 anos, e o índice de perseverança tem aumentado em virtude do trabalho de cons­cientização, junto aos pais, da necessidade de uma catequese per­manente."

- Pe. Almeida em Roma

Dizíamos, na Carta de março de 1980, que a partida do Pe. Almeida para Belo Horizonte, se era uma lástima para o·s equi­pistas do Rio, representava uma grande sorte para os de Belo Horizonte. Pois agora nem esses podem aproveitar da orientação do querido sacerdote, que foi chamado a Roma para exercer o

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cargo de assessor do governo geral de sua Congregação, fundada por São Vicente de Paulo. Parabéns, Pe. Almeida, pela nomea­ção e seja feliz por lá.

JUIZ DE FORA - Dicas

Embora velhinhas, as notícias que seguem continuam atuais, pelo valor de exemplo que encerram, principalmente neste mês de eleição do casal responsável e nesta época em que se aproxi­ma o EACRE.

- A equipe 7 fez preceder a eleição de seu casal responsável de muita oração: um mês de adoração semanal, uma hora por semana, além de missas e comunhões; quanto à equipe 8, os ca­sais prepararam-se com um dever de sentar-se especial.

- Prevendo dificuldades financeiras para seus casais, em virtude de três Encontros sucessivos, na época (Sessão de for­mação, Encontro de pilotos e ligações e EACRE), essa mesma equipe resolveu trabalhar vendendo bebidas e salgados em bar­raquinhas e colocou a quantia arrecadada em caderneta de pou­pança! Escrevem: "Hoje, nossa equipe vai participar da Sessão de Formação com três casais e o nosso Responsável irá ao EACRE retirando apenas os juros, sem mexer no capital. Em nossa equi­pe, nenhum casal deixa de participar de algum encontro do Mo­vimento por falta de dinheiro." Nestes tempos de inflação, se alguém quiser aproveitar a dica ...

JUNDIAí - Equipinha

Composta de 13 adolescentes, na sua maioria filhos de equi­pistas - surgiu após a peregrinação a Aparecida - a "equipi­nha" vai de vento em popa. Tanto é que os "brotos" pediram para reunir-se semanalmente em vez de quinzenalmente. No fi­nal de março, fizeram seu primeiro retiro. Também partic;pa­ram da noite de oração do Setor. Detalhe interessante: essa noite foi muito concorrida - pois "carregaram" os próprios pais ...

Natal na Vila Hortolândia

Essa mesma onde os equipistas de Jund 'aí fizeram aquele bazar fabuloso alguns anos atrás. Os equipistas da 11 resolve­ram acudir às crianças da creche do Centro Comunitário, que precisavam de roupas. "Decidimos entregar para cada criança uma sacola contendo 1 par de calçado, 1 vestimenta (calça e ca-

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misa ou vestido), 1 brinquedo, além de balas e doces, que seriam distribuídas pelo Papai N oel." A princípio, "nos assustamos com a dimensão do trabalho a realizar e ao qual já nos havíamos. comprometido: éramos 5 casais e eram 65 crianças ... A medida que o tempo passava, mais nos empolgávamos com a campanha e pudemos perceber claramente que Cristo e Maria, os persorià~ gens centrais da festa a ser comemorada, estavam ao nosso lado na hora da arrecadação das sacolas. Tanto assim que consegui­mos as 65 sacolas para a Creche da Vila Hortolândia e ainda · so-' braram muitas, que entregamos ao Abrigo de Menores do BairrE> do Caxambu. A Equipe 12, tomando conhecimento do trabalho realizado, se propôs desde já a participar conosco este ano, de maneira que esperamos poder real;zar uma campanha ainda maior. A tarefa, que a princípio nos assustou, foi gratificante para todos nós, inclusive para as crianças da equipe, que ajuda~ ram o Papai Noel na entrega dos brindes. O tempo, que sem­pre se nos aprésenta como o maior obstáculo para a realização das obras do Pai, no momento em que nos dec"dimos, efetiva:. mente, a nos doarmos e a trabalharmos para o Reino de Deus, deixa de ser esse obstáculo intransponível: a partir daí, passa­mos a não mais temer os compromissos e um maior engajamento com o Movimento e com a Igreja."

SAO CARLOS - Na Novena, 150 famílias

Ao recebermos o boletim de janeiro-fevereiro (em março), constatamos que os apostolados iniciados no Natal de 1979 (cf. C.M. de dezembro de 1980), continuam, aperfeiçoados. A Equipe 6, por exemplo, além de ter abolido o "amigo secreto" para, com o mesmo dinheiro, comprar alimentos para famílias neces­sitadas, organizou uma campanha para angariar talco, sabonete, colônia e balas para os velhinhos do asilo, atendendo assim ao pedido feito por eles numa das visitas que a equipe lá fez.

Quanto à Equipe 10, que continuou ano adentro com o tra­balho de acompanhamento de famílias carentes, deu mais um passo adiante. Contam eles: "Continuando nosso apostolado junto aos moradores do Jardim Santa Felícia, lá realizamos o Na tal em Família. Convidamos 13 famílias, que coordenaram cada uma 10 outras famílias, realizando com elas a Novena do Na tal, atingindo assim cerca de 150 famílias.

No encerramento da No v ena, to-das as famílias e nós, da Equi-' pe 10, nos reunimos na celebração da Santa Missa, na Igreja de Santa Rita. Após a missa, houve distribuição de roscas de Natal a todas as famílias. Distribuímos ainda algumas caixas de man-

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timentos a famílias carentes." Para adquirir os livrinhos da No­vena e as roscas, os equipistas recorreram a familiares e amigos, envolvendo assim outras pessoas nesse trabalho de doação ao próximo.

Animados com esse apostolado, escrevem em fevereiro: "A semelhança do que ocorreu no Natal, nossa equipe vai organizar com as famílias do Jardim Santa Felícia todo o desenvolvimento da Campanha da Fraternidade-81, desde a abertura até o ensaio dos cantos, estudo do tema, via-sacra e outras atividades próprias da Campanha." Isso, gente, parabéns!

NOVAS EQUIPES

Brasília

Equipe 27 - Setor A - Casal Piloto: Vera e Paulo Roberto; Conselheiro Espiritual: Pe. Salvatore Sottile.

Equipe 28 - Setor B - Casal Piloto: Maria Tereza e Vi­cente; Conselheiro Espiritual: Pe. Mário Sampaio.

Curitiba

Equipe 34 - Setor A - Casal Piloto: Zilda e Bleggi; Con­selheiro Espiritual: Pe. Jacó J. Tomasella.

Manaus

Equipe 10 - Casal Piloto: Maria da Glória e Brígido; Con­selheiro Espiritual: Pe. Hilário Cervo.

Equipe 11 - Casal Piloto: Amazonilda e João Batista; Con­selheiro Espiritual: Pe. José Piveta.

Porto Alegre

Equipe 39 - Setor A - Casal Piloto: Dioneia e Hermes ; Conselheiro Espiritual: Pe. Bertilo Flach.

Rio de Janeiro

Equipe 37 - Setor A - Casal Piloto: Malvina e Edgard; Conselheiro Espiritual: Pe. Paulo Piotrowski.

Equipe 43 - Setor B - Casal Piloto: Zuleika e Campelo; Conselhe!ro Espiritual: Pe. Nivaldo Dantas de Andrade.

Equipe 64 - Setor E - Casal Piloto: Daisy e Elmano; Con­selheiro Espiritual: Frei Jamaria de Sortino.

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A EXEMPLO DE MARIA

TEXTO DE MEDITAÇAO - João Paulo II ao Congresso Mariano de Saragoça

Maria é a personificação do verdadeiro discípulo de Jesus, cuja identidade ma:s profunda está em servir à Igreja, em trans­mitir a todos os homens a mensagem da Salvação.

Maria, Mãe da Igreja, está sempre presente, com o exemplo da sua entrega ao plano de Deus e com a sua intercessão ma­ternal , nas tarefas evangelizadoras e na preocupação da Igreja pelas tarefas dos homens. "A característica deste amor materno, que a Mãe de Deus insere no mistério da Redenção e na vida da Igreja, encontra a sua expressão na singular proximidade em relação ao homem e a todas as suas vicissitudes." Nisto consiste o mistério da Mãe.

Uma Igreja fiel à ação do Espírito Santo, tal como Maria, tem que dar testemunho da união na fé e na caridade, em Cristo Jesus. O Espírito leva os membros do corpo eclesial à comunhão e exige deles, por sua vez, um comportamento coerente com a dignidade da vocação cristã, uma consciência clara de que há uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos.

Por conseguinte, todos os membros da comunidade cristã, impelidos pelo Espírito de Deus e seguindo a sua vocação eclesial, devem ser, no íntimo da sociedade, real;zadores da união dos homens entre si, promotores do diálogo, da reconciliação, da jus­tiça social e da paz. Através da presença dos cristãos e do seu testemunho, a Igreja realiza a sua vocação de "germe fecundís­simo de unidade, esperança e salvação para toda a humanidade".

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ORAÇÃO

6 Virgem Mãe, esperança e aurora da salvação para o mundo inteiro, volve benigna o teu olhar materno para nós todos aqui reunidos para celebrar e proclamar as tuas glórias.

6 Virgem fiel, que sempre estiveste pronta e solícita para acolher, conservar e meditar a Palavra de Deus, faz que também nós, no meio das dramáticas alternativas da história, saibamos manter sempre intacta a nossa fé cristã, tesouro que nos foi transmitido pelos antepassados.

6 Virgem poderosa, que esmagas com teu pé a cabeça da serpente tentadora, faz que, dia após dia , cumpramos as nossas promessas batismais, renunciando a Satanás, às suas obras e às suas seduções, e saibamos dar ao mundo alegre testemunho da esperança cristã.

6 Virgem clemente, que sempre abriste o teu coração maternal às invocações da humanidade, às vezes dividida pelo desamor e também, infelizmente, pelo ódio e pela guerra, faz que saibamos sempre crescer todos, segundo o ensinamento do teu Filho, na unidade e na paz, para sermos dignos filhos do único Pai celestial.

Amém.

João Paulo II

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Movimento de casais por uma esRiritualidade

conjugal e familiar 't

Revisão . P ubucação e D istribuição pela Se: retaria das

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ü1030 - Rua João Adolfo. 118 - 9° - conj. 001 -Te!.: 34-8833 SÃO PAULO. SP