Agostinho Ornellas

No lugar da capa vermelha, gibão, chapéu e botas de couro,

tudo bem pesado e suarento.É assim, vestida dessa forma típica do interior do Nordeste brasileiro,

que Cícera irá enfrentar perigos como sol quente, plantas espinhentas e...

uma onça danada de fome!

Ch

apeuzin

ho de C

ouro

Agostin

ho O

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Num lugarejo de clima semiárido situado na RegiãoNordeste do Brasil, mora uma menina de uns 8 anos de idadechamada Cícera. Quem passa por lá sempre a vê sentada nochão, ao lado de uma cabritinha malhada, mergulhada em li-vros escritos pelos Irmãos Grimmaldos, os maiores contado-res de histórias da carochinha daquelas redondezas.

Quase todos os moradores desse lugarzinho no meio donada pensam que ela não tem nenhum dos dois pés na terra:“Que menina mais lesada é essa, que nos tempos de folga ficasó lendo e contando histórias para uma cabrita, em vez debrincar de roda com as outras crianças?”; “Ela deve ser tãocurta das ideias, que precisa estudar a toda hora!”

No entanto, todos estão redondamente enganados! Cí-cera é a melhor aluna da classe e leva tão a sério a leitura quea elegeu sua brincadeira preferida. Sonha sempre depois deler os contos da carochinha e tira deles várias lições… Suamãe, dona Severina, que é professora da escolinha onde amenina estuda, incentiva esse hábito, porém fica um tanti-nho preocupada. Para ela, não se vive só de sonhos, mas detrabalho duro também.

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A cabritinha, que sempre acompanha Cícera em suasleituras, é um animalzinho órfão que dona Severina haviacomprado para, no futuro, fornecer leite à família. Só que Cí-cera a adotou como bicho de estimação, e a cabritinha, bati-zada de Manchinha pela garota, passou a ser tratada a pãode ló por sua nova dona. Para onde Cícera vai, Manchinha vaiatrás. Seja para a missa, para a escola ou para a vendinha doseu Rachid, Cícera está sempre na companhia de Manchinhae de um bom livro para ler no caminho.

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Numa tarde de verão, daqueles de queimar o “quengo”e de não sobrar um pé de plantação, sobrevoava pelas redon-dezas um carcará, cansado de comer churrasco de cobras ecalangos queimados pelo sol da Caatinga. Ao passar por cimada vila, bateu os olhos em Manchinha e passou a persegui--la. No momento em que o “gavião do sertão” tentava dar umvoo rasante sobre Manchinha, Cícera a pegou no colo rapi-damente e correu para dentro de casa. Depois disso, Cíceraresolveu não sair mais de casa com a cabritinha.

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Agostinho Ornellas

No lugar da capa vermelha, gibão, chapéu e botas de couro,

tudo bem pesado e suarento.É assim, vestida dessa forma típica do interior do Nordeste brasileiro,

que Cícera irá enfrentar perigos como sol quente, plantas espinhentas e...

uma onça danada de fome!

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